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ADMINISTRATIVO

RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO

Considera-se fortuito externo a queda de passageiro em via férrea de


metrô, por decorrência de mal súbito, não ensejando o dever de
reparação do dano por parte da concessionária de serviço público, mesmo
considerando que não houve adoção, por parte do transportador, de
tecnologia moderna para impedir o trágico evento. REsp 1.936.743-SP,
Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, por maioria, julgado em
14/06/2022.

PODERES ADMNISTRATIVOS

A Lei não pode estipular um prazo para que o chefe do Poder Executivo
faça a sua regulamentação. STF. Plenário. ADI 4728/DF, Rel. Min. Rosa
Weber, julgado em 12/11/2021 (Info 1037).

PODER DE POLÍCIA

O Decreto Presidencial e a Portaria do Ministério das Comunicações


estabeleceram que: a) a área de execução da rádio comunitária deveria
ficar limitada ao raio de 1.000 (mil) metros da antena transmissora; e que
b) os dirigentes da rádio comunitária deveriam residir dentro dessa
mesma área. O STJ concluiu que essas exigências são ilegais porque não
encontram amparo na Lei nº 9.612/98, que rege as rádios comunitárias.
STJ. 2ª Turma. REsp 1.955.888-SP, Rel. Min. Mauro Campbell Marques,
julgado em 15/03/2022 (Info 729).

SERVIDORES

Se o indivíduo, apesar de ser titular de serventia não estatizada, receber


remuneração dos cofres públicos, ele estará sujeito à aposentadoria
compulsória.

 O STF, ao julgar o RE 647827/PR (Tema 571) fixou a seguinte tese:


 Não se aplica a aposentadoria compulsória prevista no art. 40, § 1º,
II, da CF aos titulares de serventias judiciais não estatizadas, desde
que não sejam ocupantes de cargo público efetivo e não recebam
remuneração proveniente dos cofres públicos.
 No caso concreto, o STJ reconheceu que o impetrante estava sujeito
à aposentadoria compulsória porque ele se enquadrava na parte
final da tese acima exposta. Apesar de o indivíduo ser titular de
serventia não estatizada, ele receBia remuneração dos cofres
públicos. Desse modo, estava sujeito à aposentadoria compulsória
aos 75 anos. STJ. 2ª Turma. RMS 57.258-GO, Rel. Min. Herman
Benjamin, julgado em 16/11/2021 (Info 718).

Servidor público que havia sido demitido e que foi reintegrado, terá
direito ao recebimento retroativo dos vencimentos, férias indenizadas e
auxílio-alimentação. Por outro lado, não terá direito ao retroativo de
auxílio-transporte e adicional de insalubridade. STJ. 1ª Turma. REsp
1.941.987-PR, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 07/12/2021 (Info 722).

O § 2º do art. 84 da Lei nº 8.112/90 afirma que, se o servidor


público federal for transferido para local diverso de onde ele morava, o
seu cônjuge/companheiro – que também for servidor público – ficará de
licença de seu órgão de origem e poderá exercer provisoriamente
atividade compatível com seu cargo em órgão ou entidade da
Administração Federal no local para onde se mudou. Trata-se do chamado
exercício provisório.
O art. 69 da Lei nº 11.440/2006 proibiu, nas unidades
administrativas do Ministério das Relações Exteriores no exterior, o
exercício provisório. Assim, o servidor público cônjuge de diplomata,
oficial ou assistente de chancelaria não poderia ter direito à licença
remunerada do § 2º do art. 84 da Lei nº 8.112/90.
O STF decidiu que essa vedação do art. 69 da Lei nº 11.440/2006 é
inconstitucional porque:
• confere tratamento anti-isonômico injustificável;
• viola a especial proteção constitucional da família;
• a possibilidade de exercício provisório também gera benefícios
para a Administração Pública.

A EC 41/2003 alterou o inciso XI do art. 37 e permitiu que os Estados, DF e


Municípios instituíssem subtetos diferentes da União; essa previsão não
viola o princípio da isonomia. STF. Plenário. ADI 3855/DF eADI 3872/DF,
Rel. Min. Gilmar Mendes, julgados em 26/11/2021 (Info 1039).

Importante!!! ODS 16 Contraria o disposto na Súmula Vinculante 37 a


extensão, pelo Poder Judiciário e com fundamento no princípio da
isonomia, do percentual máximo previsto para o Adicional de
Compensação por Disponibilidade Militar, previsto na Lei 13.954/2019, a
todos os integrantes das Forças Armadas. STF. Plenário. ARE 1341061/SC,
Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 15/10/2021 (Repercussão Geral - Tema
1175) (Info 1043)

CONCURSOS PÚBLICOS

A norma de edital que impede a participação de candidato em processo


seletivo simplificado em razão de anterior rescisão de contrato por
conveniência administrativa fere o princípio da razoabilidade. STJ. 2ª
Turma. RMS 67.040-ES, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em
23/11/2021 (Info 719).

A reclassificação do candidato para dentro do número de vagas oferecidas


no edital de abertura de concurso público, operada em razão de ato
praticado pela Administração Pública, confere-lhe o direito público
subjetivo ao provimento no cargo público, ainda que durante a vigência
do ato não tenha sido providenciada a sua nomeação e que, em seguida, o
ato de que derivada a reclassificação tenha sido posteriormente anulado.
RMS 62.093-TO, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, por
unanimidade, julgado em 24/05/2022.

SERVIÇOS PÚBLICOS

Afronta o princípio da separação dos Poderes a anulação judicial de


cláusula de contrato de concessão firmado por Agência Reguladora e
prestadora de serviço de telefonia que, em observância aos marcos
regulatórios estabelecidos pelo Legislador, autoriza a incidência de
reajuste de alguns itens tarifários em percentual superior ao do índice
inflacionário fixado, quando este não é superado pela média ponderada
de todos os itens. STF. Plenário. RE 1059819/PE, Rel. Min. Marco Aurélio,
redator do acórdão Min. Alexandre de Moraes, julgado em 18/2/2022
(Repercussão Geral – Tema 991) (Info 1044).

CONCESSIONÁRIAS DE SERVIÇOS PÚBLICOS

Importante!!! ODS 16 As concessionárias de serviço público podem


efetuar a cobrança pela utilização de faixas de domínio de rodovia, mesmo
em face de outra concessionária, desde que haja previsão editalícia e
contratual. STJ. 1ª Turma. REsp 1.677.414-SP, Rel. Min. Regina Helena
Costa, julgado em 14/12/2021 (Info 722).
É possível cobrar um valor da concessionária de serviço público pelo
fato de ela estar utilizando faixas de domínio de uma rodovia?
 Se essa cobrança é feita diretamente pelo ente público: NÃO. STF.
Plenário. RE 581947, Rel. Min. Eros Grau, julgado em 27/05/2010
(Repercussão Geral – Tema 261).
 Se essa cobrança é feita por outra concessionária de serviço
público: SIM, desde que haja previsão no edital e no contrato de
concessão. STJ. 1ª Seção. EREsp 985695-RJ, Rel. Min. Humberto
Martins, julgado em 26/11/2014 (Info 554).
 Por outro lado, não pode cobrar de outro ente público:
a) É indevida a cobrança promovida por concessionária de rodovia,
em face de autarquia prestadora de serviços de saneamento
básico, pelo uso da faixa de domínio da via pública concedida.
REsp 1.817.302-SP, Rel. Min. Regina Helena Costa, Primeira
Seção, por unanimidade, julgado em 08/06/2022. (Tema IAC 8).

Os processos administrativos sancionadores instaurados por agências


reguladoras contra concessionárias de serviço público devem obedecer ao
princípio da publicidade durante toda a sua tramitação, ressalvados
eventuais atos que se enquadrem nas hipóteses de sigilo previstas em lei e
na Constituição. STF. Plenário. ADI 5371/DF, Rel. Min. Roberto Barroso,
julgado em 25/2/2022 (Info 1045).

É constitucional a transferência da concessão e do controle societário das


concessionárias de serviços públicos, mediante anuência do poder
concedente prevista no art. 27 da Lei 8.987/95. STF. Plenário. ADI
2946/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 8/3/2022 (Info 1046).

PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR

É necessária condenação anterior na ficha funcional do servidor ou, no


mínimo, anotação de fato que o desabone, para que seus antecedentes
sejam valorados como negativos na dosimetria da sanção disciplinar. STJ.
1ª Seção. MS 22.606-DF, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 10/11/2021
(Info 718).
 Caso concreto: na decisão do processo administrativo instaurado
contra o servidor, a administração pública aplicou contra ele a pena
de suspensão pelo prazo máximo (90 dias) sob o argumento de que
os seus “antecedentes funcionais” deveriam ser qualificados como
negativos já que se trata de “servidor veterano, com larga
experiência” e, portanto, deveria ter conduzido com mais zelo e
cuidado a tarefa que estava sob sua responsabilidade.
 e isso não pode ser considerado como “antecedentes funcionais”
negativos.
 a Lei nº 8.112/90 só admite considerar, na “dosimetria” da sanção
disciplinar, os antecedentes funcionais, que ostentam concepção
técnica própria. Nesse passo, para que os antecedentes funcionais
do servidor fossem considerados negativos, deveria constar na ficha
funcional do impetrante alguma condenação anterior, ou, no
mínimo, alguma anotação de fato que desabonasse seu histórico
funcional, o que não era o caso.
 Logo, não basta a “larga experiência”.

PROCESSO ADMNITRATIVO

Interposto recurso contra a decisão de primeiro grau administrativo


que confirma a pena de multa imposta pela Agência Nacional do Petróleo,
Gás Natural e Biocombustíveis - ANP, os juros e a multa moratórios fluirão
a partir do fim do prazo de trinta dias para o pagamento do débito,
contados da decisão administrativa definitiva, nos termos da Lei n.
9.847/1999. REsp 1.830.327-SC, Rel. Min. Regina Helena Costa, Primeira
Seção, por unanimidade, julgado em 08/06/2022. (Tema IAC 11)

DIREITO ADMINISTRATIVO SANCIONADOR

O Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional (CRSFN)


constitui órgão colegiado que julga em última instância recursos contra
decisões da CVM.
Quando a decisão administrativa sancionadora é submetida a
recurso administrativo e substituída por acórdão do CRSFN, o órgão que
aplicou originariamente a sanção (ex: CVM, BACEN etc.) não detém
legitimidade para figurar no polo passivo de ação judicial anulatória. Em
outras palavras, diante desse efeito substitutivo ocorrido no processo
administrativo no âmbito da União (órgão da Administração Direta), a
CVM (autarquia, órgão da Administração Indireta) não possui legitimidade
para figurar no polo passivo da ação que visa questionar a sanção
administrativa.
A Comissão de Valores Mobiliários não possui legitimidade para
figurar no polo passivo de ação que visa questionar sanção imposta pelo
cometimento de crime de uso indevido de informação privilegiada (insider
trading). STJ. 2ª Turma. AREsp 1614577-SP, Rel. Min. Francisco Falcão,
julgado em 07/12/2021 (Info 721).

DESAPROPRIAÇÃO

Na hipótese de desistência da ação de desapropriação por utilidade


pública, face a inexistência de condenação e de proveito econômico, os
honorários advocatícios sucumbenciais observam o valor atualizado da
causa, assim como os limites da Lei das Desapropriações. REsp 1.834.024-
MG, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, por
unanimidade, julgado em 10/05/2022.

Não pode discuritr em ação de desapropriação de área diferente da


verdadeiramente expropriada, ainda que vizinha. REsp 1.577.047-MG, Rel.
Min. Gurgel de Faria, Primeira Turma, por unanimidade, julgado em
10/05/2022, DJe 25/05/2022.

IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

Diante disso, é possível afirmar que a competência cível da Justiça


Federal deve ser definida em razão da presença das pessoas jurídicas de
direito público previstas no art. 109, I, da CF/88 na relação processual, seja
como autora, ré, assistente ou oponente e não em razão da natureza da
verba federal sujeita à fiscalização do TCU.
Assim, em regra, compete à Justiça Estadual processar e julgar
agente público acusado de desvio de verba recebida em razão de
convênio firmado com o ente federal, salvo se houver a presença das
pessoas jurídicas de direito público previstas no art. 109, I, da CF/88 na
relação processual. STJ. 1ª Seção. CC 174.764-MA, Rel. Min. Mauro
Campbell Marques, julgado em 09/02/2022 (Info 724).

A contratação de servidores públicos temporários sem concurso


público, mas baseada em legislação local, por si só, não configura a
improbidade administrativa prevista no art. 11 da Lei n. 8.429/1992, por
estar ausente o elemento subjetivo (dolo) necessário para a configuração
do ato de improbidade violador dos princípios da administração pública.
REsp 1.913.638-MA, Rel. Min. Gurgel de Faria, Primeira Seção, por
unanimidade, julgado em 11/05/2022. (Tema 1108)

OUTROS

FGTS

Inexiste direito adquirido à diferença de correção monetária dos saldos


das contas vinculadas ao FGTS referente ao Plano Collor II (fevereiro de
1991), conforme entendimento firmado no RE 226.855, o qual não foi
superado pelo julgamento do RE 611.503 (Tema 360). STF. Plenário. ARE
1288550/PR, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 13/12/2021
(Repercussão Geral – Tema 1112) (Info 1041).

MILITAR

O militar de carreira ou temporário - este último antes da alteração


promovida pela Lei n. 13.954/2019 -, diagnosticado como portador do
vírus HIV, tem direito à reforma ex officio por incapacidade definitiva para
o serviço ativo das Forças Armadas, independentemente do grau de
desenvolvimento da Síndrome de Imunodeficiência Adquirida - SIDA/AIDS,
porém, sem a remuneração calculada com base no soldo correspondente
ao grau hierárquico imediatamente superior ao que possuía na ativa, se
não estiver impossibilitado total e permanentemente para qualquer
trabalho, na forma do art. 110, § 1º, da Lei n. 6.880/1980. REsp 1.872.008-
RS, Rel. Min. Assusete Magalhães, Primeira Seção, por unanimidade,
julgado em 11/05/2022. (Tema 1088)

AMBIENTAL

PRINCÍPIOS

Tese A) O direito de acesso à informação no Direito Ambiental


brasileiro compreende:
i) o dever de publicação, na internet, dos documentos
ambientais detidos pela Administração não sujeitos a sigilo
(transparência ativa);
ii) ii) o direito de qualquer pessoa e entidade de requerer
acesso a informações ambientais específicas não publicadas
(transparência passiva); e
iii) iii) direito a requerer a produção de informação ambiental
não disponível para a Administração (transparência reativa);

Tese B) Presume-se a obrigação do Estado em favor da


transparência ambiental, sendo ônus da Administração justificar seu
descumprimento, sempre sujeita a controle judicial, nos seguintes termos:
i) na transparência ativa, demonstrando razões administrativas
adequadas para a opção de não publicar;
ii) ii) na transparência passiva, de enquadramento da
informação nas razões legais e taxativas de sigilo; e
iii) iii) na transparência ambiental reativa, da irrazoabilidade da
pretensão de produção da informação inexistente;

Tese C) O regime registral brasileiro admite a averbação de


informações facultativas sobre o imóvel, de interesse público, inclusive as
ambientais;

Tese D) O Ministério Público pode requisitar diretamente ao oficial


de registro competente a averbação de informações alusivas a suas
funções institucionais.

O acesso a informações públicas é um direito simultaneamente autônomo


e funcional. Além de a prestação de contas e controle do governo pela
sociedade ser princípio básico das democracias, o direito de acesso
viabiliza a participação adequada da população na tomada de decisões
coletivas e participação na coisa pública.
No âmbito ambiental, o direito de acesso à informação encontra-se
reconhecido no direito internacional, em diversas normas que visam dar
cumprimento ao Princípio 10 da Declaração do Rio. Na América Latina e
Caribe, o Acordo de Escazú dispõe sobre a matéria. Embora não
internalizado, pendente de ratificação, o direito nacional reflete princípios
semelhantes por todo o ordenamento, desde o nível constitucional, que
se espalham em variadas leis federais.
O direito de acesso à informação configura-se em dupla vertente: direito
do particular de ter acesso a informações públicas requeridas
(transparência passiva) e dever estatal de dar publicidade às informações
públicas que detém (transparência ativa).
No regime de transparência brasileiro, vige o Princípio da Máxima
Divulgação
Eis a ordem natural das coisas, em matéria de transparência em uma
democracia: i) a Administração atende o dever de publicidade e veicula de
forma geral e ativa as informações públicas, na internet; ii) desatendido o
dever de transparência ativa, mediante provocação de qualquer pessoa, a
Administração presta a informação requerida, preferencialmente via
internet; iii) descumprido o dever de transparência passiva, aciona-se, em
último caso, a Justiça. Não é a existência dos passos subsequentes,
porém, que apaga os deveres antecedentes. Ou seja: não é porque se
pode requerer acesso à informação que a Administração está
desobrigada, desde o início, de publicá-la, ativamente e
independentemente de requerimento anterior.
Em matéria de transparência, no Brasil, a autointerpretação
administrativa em favor de si mesma, a pretexto de discricionariedade, é
vedada, devendo a negativa ser sempre fundamentada em decisão
pública, sujeita a revisão administrativa e a controle judicial. Conforme o
princípio favor informare, a discricionariedade administrativa diante do
sigilo e da opacidade não se presume e dificilmente se sustenta. Compete
ao Estado demonstrar a incidência de razões concretas e específicas para
restrição do direito de acesso a informações públicas, sendo presumida a
incidência das obrigações de transparência.
Impõe-se ao Estado, em regra, a publicação (especialmente na internet)
de informações públicas, não se tratando de ato discricionário. Para não
publicar a informação pública na internet, o Administrador deve
demonstrar motivações concretas, de caráter público e republicano, aptas
a afastar a regra da transparência ativa. Descumprida a regra, viabiliza-se
ao cidadão o requerimento de acesso. Para negar-se a atender a
transparência passiva, os motivos do Administrador devem ser ainda mais
graves, conforme normas de sigilo taxativamente previstas na Lei de
Acesso à Informação (LAI).

RESPONSABILIDADE

Súmula 652-STJ: A responsabilidade civil da Administração Pública por


danos ao meio ambiente, decorrente de sua omissão no dever de
fiscalização, é de caráter solidário, mas de execução subsidiária. STJ. 1ª
Seção. Aprovada em 02/12/2021, DJe 06/12/2021.
 Tanto a empresa como o ente público serão condenados
solidariamente na hipótese de dano ambiental. Ambos constarão no
título executivo. No entanto, no momento da execução,
primeiramente deve-se tentar fazer com que a empresa pague a
indenização.

ESPAÇOS ESPECIALMENTE PROTEGIDOS

É inconstitucional a revogação de Resolução do Conama que protegia o


meio ambiente sem que ela seja substituída ou atualizada por outra que
também garanta proteção. STF. Plenário. ADPF 747/DF e STF. Plenário.
ADPF 749/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 13/12/2021 (Info 1041)

 A revogação de normas operacionais fixadoras de parâmetros


mensuráveis necessários ao cumprimento da legislação ambiental,
sem sua substituição ou atualização, compromete a observância da
Constituição Federal, da legislação vigente e de compromissos
internacionais.

CÓDIGO FLORESTAL

Os arts. 2º, III; 3º, II, “c”; e 17, da Lei nº 20.922/2013, do Estado de
Minas Gerais, ampliaram os casos de ocupação antrópica em áreas de
preservação permanente previstos na norma federal vigente à época (no
caso, a Lei nº 11.977/2009, revogada pela Lei nº 13.465/2017).
Com isso, essa lei estadual, além de estar em descompasso com o
conjunto normativo elaborado pela União, flexibilizou a proteção ao meio
ambiente local, tornando-o mais propenso a sofrer danos.
A legislação mineira, ao flexibilizar os casos de ocupação antrópica
em áreas de Preservação Permanente, invadiu a competência da União,
que já havia editado norma que tratava da regularização e ocupação
fundiária em APPs. STF. Plenário. ADI 5675/MG, Rel. Min. Ricardo
Lewandowski, julgado em 17/12/2021 (Info 1042).

INTERNACIONAL

Os atos ilícitos praticados por Estados estrangeiros em violação a direitos


humanos não gozam de imunidade de jurisdição. RO 109-RJ, Rel. Min. Luis
Felipe Salomão, Quarta Turma, por unanimidade, julgado em 07/06/2022.
CIVIL

PESSOA JURÍDICA

DIREITO DE ASSOCIAÇÃO

A Cooperativa de Trabalho Médico pode limitar, justificada e


objetivamente, o ingresso de médicos em seus quadros.

DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA

Ainda que intimada após a vigência do CPC/2015, é possível o decreto de


desconsideração da personalidade jurídica, sem o prévio contraditório,
quando a decisão foi publicada na vigência do CPC/1973.

 O juiz julgou o pedido procedente, condenando a empresa a pagar a


indenização. Houve o trânsito em julgado em 2014.
 No cumprimento de sentença, sem ainda receber o pagamento e
ter tentado de todas as formas alcançar o patrimônio da executada
(Arnon Ltda – “Arnon 1”), a seguradora apresentou pedido de
desconsideração inversa da personalidade jurídica, para alcançar o
patrimônio de outra pessoa jurídica pertencente ao mesmo grupo
econômico que detinha o mesmo sócio, a Arnon Participações Ltda.
(“Arnon 2”).
 Em 2014, ou seja, antes da entrada em vigor do CPC/2015, o Juiz,
em decisão interlocutória inaudita altera pars (sem que fosse
ouvida a outra parte), acolheu o pedido e desconsiderou a
personalidade jurídica da executada Arnon 1, para alcançar o
patrimônio da Arnon 2.
 Essa decisão foi publicada em 2014, isto é, ainda na vigência do
CPC/1973. A Arnon 2, contudo, não fazia parte do processo
anteriormente. Logo, a publicação da decisão não servia como
forma de comunicação para ela da decisão judicial.
 A Arnon 2 somente foi intimada da decisão acima em 2019, ou seja,
depois que já estava em vigor o CPC/2015.
 A Arnon 2 recorreu alegando nulidade da decisão que decretou a
desconsideração porque não houve contraditório prévio.
A caracterização da sucessão empresarial fraudulenta não exige a
comprovação formal da transferência de bens, direitos e obrigações à
nova sociedade, admitindo-se sua presunção quando os elementos
indiquem que houve o prosseguimento na exploração da mesma atividade
econômica, no mesmo endereço e com o mesmo objeto social. AgInt no REsp
1.837.435-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, por unanimidade,
julgado em 10/05/2022.

PESSOA NATURAL

DIREITO DA PERSONALIDADE

Não é cabível, sem motivação idônea, a alteração do nome de menor


para exclusão do agnome “filho” e inclusão do sobrenome materno
Importante!!!. STJ. 4ª Turma. REsp 1.731.091-SC, Rel. Min. Luis Felipe
Salomão, julgado em 14/12/2021 (Info 723).

 Carlos Barbosa e Helena Garcia tiveram um filho e deram-lhe o


nome de Carlos Barbosa Filho. Vamos analisar cada uma das partes
que compõem o nome desta criança.
 Carlos e Helena se divorciaram. Helena ingressou com ação judicial
pedindo para que fosse incluído seu sobrenome (Garcia) no nome
do filho e que, como consequência, fosse excluído o agnome
“Filho”. Em outras palavras, Helena pediu que o nome de seu filho
passasse a ser Carlos Garcia Barbosa.
 Disse o STJ que não pode.
 Teorias que explicam a natureza jurídica do nome:
Teoria da propriedade: segundo esta concepção, o nome integra o
patrimônio da pessoa. Essa teoria é aplicada no caso dos nomes
empresariais. No que tange à pessoa natural, o nome é mais do que
o mero aspecto patrimonial, consistindo, na verdade, em direito da
personalidade.
b) Teoria negativista: afirma que o nome não é um direito, mas
apenas uma forma de designação das pessoas. A doutrina relata
que era a posição adotada por Clóvis Beviláqua.
c) Teoria do estado: sustenta que o nome é um elemento do estado
da pessoa natural.
d) Teoria do direito da personalidade: o nome é um direito da
personalidade. É a teoria adotada pelo CC (art. 16): “toda pessoa
tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o
sobrenome”.

A discrepância entre a assinatura artística e o nome registral não


consubstancia situação excepcional e motivo justificado à alteração da
grafia do apelido de família Importante!!!. STJ. 4ª Turma. REsp 1.729.402-
SP, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 14/12/2021 (Info 723).

 Caso concreto: o sobrenome do artista plástico Romero Britto,


mundialmente conhecido, é grafado com apenas uma letra “t”
(Brito). Sua assinatura artística, contudo, é feita com duas letras “t”
(Britto). O artista ajuizou, então, uma ação pedindo a alteração do
seu patronímico (de Brito para Britto). O pedido não foi acolhido.

ATOS PROCESSUAIS

PRESCRIÇÃO

Prescreve em 1 ano a pretensão relativa a contrato de transporte terrestre


de cargas. STJ. 3ª Turma. REsp 1.448.785-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas
Cueva, julgado em 26/10/2021 (Info 717).

O art. 200 do CC/2002 assegura que o prazo prescricional não comece a


fluir antes do trânsito em julgado da sentença penal, independentemente
do resultado da ação na esfera criminal. REsp 1.987.108-MG, Rel. Min. Nancy
Andrighi, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em 29/03/2022, DJe
01/04/2022.

São critérios que indicam a tendência de adoção excepcional do viés


subjetivo da teoria da actio nata: a) a submissão da pretensão a prazo
prescricional curto; b) a constatação, na hipótese concreta, de que o
credor tinha ou deveria ter ciência do nascimento da pretensão, o que
deve ser apurado a partir da boa-fé objetiva e de standards de atuação do
homem médio; c) o fato de se estar diante de responsabilidade civil por
ato ilícito absoluto; e d) a expressa previsão legal a impor a aplicação do
sistema subjetivo.
 A determinação do termo inicial dos prazos prescricionais demanda,
inicialmente, a distinção entre os conceitos de direito subjetivo e de
pretensão.
 Cinge-se a controvérsia sobre o dies a quo do prazo prescricional da
pretensão compensatória dos danos morais.
 Trata-se de indagação da mais alta relevância, pois, como menciona
a doutrina, "o início do prazo da prescrição é um fator estruturante
do próprio instituto: dele depende, depois, todo o desenvolvimento
subsequente".
 A determinação do termo inicial dos prazos prescricionais demanda,
inicialmente, a distinção entre os conceitos de direito subjetivo e de
pretensão.
 Nesse contexto, importa consignar que a pretensão é o poder de
exigir um comportamento positivo ou negativo da outra parte da
relação jurídica. Trata-se, a rigor, do chamado grau de exigibilidade
do direito, nascendo, portanto, tão logo este se torne exigível.
 Desse modo, pode-se observar que, antes do advento da
pretensão, já existe direito e dever, mas em situação estática.
Especificamente no âmbito das relações jurídicas obrigacionais, por
exemplo, antes mesmo do nascimento da pretensão, já há crédito
(direito) e débito (dever) e, portanto, credor e devedor.
 A dinamicidade surge, tão somente, com o nascimento da
pretensão, que pode ser ou não concomitante ao surgimento do
próprio direito subjetivo. Somente a partir desse momento, o
titular do direito poderá exigir do devedor que cumpra aquilo a que
está obrigado.
 Nota-se que "a pretensão seria algo a mais do que o direito
subjetivo, que é categoria eficacial de cunho estático. Quem tem em
mãos um direito subjetivo é titular de uma situação jurídica ativa
que é estática por estar destituída, ainda que em princípio, de um
poder de exigibilidade, de uma possibilidade de atuação sobre a
esfera jurídica alheia para se exigir um cumprimento".
 Exemplificativamente, pode-se mencionar os direitos sob condição
suspensiva ou sob termo, que se encontram desprovidos de
pretensão até o implemento dessa mesma condição ou o advento
do referido termo.
 Assim, visando o encobrimento da eficácia da pretensão, a
prescrição, como consequência lógica, possui como termo inicial do
transcurso de seu prazo o nascimento dessa posição jurídica (a
pretensão).
 Em síntese, "o prazo começa a correr assim que o direito possa ser
exercido e independentemente do conhecimento que, disso, tenha
o possa ter o respectivo credor".
 A propósito, a doutrina bem assevera que a ideia-chave é mesmo a
de exigibilidade, acentuando que não se pode falar em "inércia"
quando o direito subjetivo ainda não pode se fazer valer, de modo
que o prazo prescricional só tem início no dia em que o direito
poderia ter sido exercitado: "É óbvio que se a vítima não pode
exigir (por razões de direito ou de fato), não há inércia punível com
o encobrimento da pretensão, pela prescrição. E, sem essa ausência
de uma atividade que poderia ter sido levada a efeito, mas não o
foi, não há prescrição, como reiteradamente afirma a jurisprudência
e já observava, ainda na vigência do Código de 1916, Miguel Reale".
 Daí a tão propalada teoria da actio nata - haurida dos trabalhos
de Friedrich Carl Freiherr von Savigny - segundo a qual os prazos
prescricionais se iniciariam no exato momento do surgimento da
pretensão. Trata-se de reminiscência do brocardo romano "actioni
nondum natae non praescribitur".
 De fato, somente a partir do instante em que o titular do direito
pode exigir a sua satisfação é que se revela lógico imputar-lhe
eventual inércia em ver satisfeito o seu interesse.
 Nesse contexto, eventuais injustiças produzidas pela adoção da
vertente objetiva (prevista na lei) são mitigadas ou temperadas
pelas regras atinentes à suspensão, à interrupção e ao impedimento
dos prazos prescricionais.
 Do ponto de vista do direito positivo, a concepção perfilhada pelo
atual Código Civil, ao dispor, no art. 189 foi que "violado o direito,
nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue, pela
prescrição".
 No âmbito jurisprudencial, o STJ passou a admitir que, em
determinadas hipóteses, o início dos prazos prescricionais deveria
ocorrer a partir da ciência do nascimento da pretensão por seu
titular, no que ficou conhecido como o viés subjetivo da teoria
da actio nata.
 Com efeito, pelo sistema subjetivo, o início do prazo prescricional
"só se dá quando o credor tenha conhecimento dos elementos
essenciais relativos ao seu direito".
 Conforme já consignado pela Terceira Turma do STJ, no entanto, "a
aplicação da teoria da actio nata em sua vertente subjetiva é
excepcional" (REsp 1.736.091/PE, Terceira Turma, julgado em
14/05/2019, DJe 16/05/2019).
 É a hipótese, por exemplo, da prescrição relativa à indenização em
virtude de incapacidade permanente, em que a jurisprudência do
STJ fixou-se no sentido de que o prazo prescricional começa a fluir
apenas a partir do momento em que a vítima toma ciência
inequívoca de sua invalidez e da extensão da incapacidade de que
restou acometida. A propósito: REsp 673.576/RJ, Primeira Turma,
julgado em 02/12/2004, DJ 21/03/2005.
 Nesse sentido, foi editada a Súmula 278/STJ, segundo a qual o
termo inicial do prazo prescricional, na ação de indenização, é a
data em que o segurado teve ciência inequívoca da incapacidade
laboral.
 Nesse contexto, do exame das vertentes objetiva e subjetiva,
infere-se que a primeira prestigia o valor segurança, ao passo que a
segunda, o valor justiça, ambos igualmente caros ao Direito, motivo
pelo qual é imperioso delinear critérios para se determinar em quais
hipóteses a regra excepcional (viés subjetivo da teoria da actio nata)
merece ser aplicada.
 A adoção do sistema subjetivo pode revelar-se adequada na
medida em que o estabelecimento do termo inicial do prazo
prescricional na data do nascimento da pretensão (= sistema
objetivo) possui o inconveniente de impor ao credor o pesado ônus
de identificar, em curto espaço de tempo, quem é o devedor e a
extensão de sua pretensão, o que nem sempre se revela fácil ou
possível.
 Os inconvenientes da vertente objetiva também se revelam
naquelas hipóteses em que a experiência comum aponta notória
dificuldade para o titular do direito tomar conhecimento do
nascimento da sua pretensão, como ocorre nas hipóteses em que
há alguma distância física entre o titular do direito e o objeto
tutelado pelo sistema jurídico (p. ex. propriedades rurais
longínquas) ou naquelas outras em que existe algum lapso temporal
entre o ato ilícito (dano-evento) e a lesão (dano-prejuízo), como
ocorre, por exemplo, nos casos de problemas de saúde cujos
sintomas demoram a surgir.
 Nesse cenário, a doutrina aponta que a vertente objetiva da teoria
da actio nata se coaduna com prazos prescricionais mais longos, sob
pena de, em muitas hipóteses, conduzir a flagrantes injustiças. Por
outro lado, o viés subjetivo da teoria da actio nata amolda-se
melhor a prazos prescricionais curtos, na medida em que a
exiguidade dos prazos é, em certa medida, compensada pela
flexibilização permitida pela adoção de critérios subjetivos para a
aferição do termo inicial.
 Não por outro motivo, a doutrina clássica já destacava essa
característica, asseverando que a "doutrina da contagem do prazo
da prescrição da data da ciência da violação deve ser limitada às
prescrições de curto prazo".
 A título de exemplo, a doutrina, debruçando-se sobre o prazo
prescricional trienal, aponta que "a solução objetiva pode se revelar
injusta quando, no intervalo de três anos, a parte lesada não pode
descobrir a existência do dano, a sua extensão e o responsável. A
situação é particularmente delicada quando não há causas de
interrupção ou de suspensão aplicáveis".
 Desse modo, é seguro afirmar que prazos prescricionais curtos
tendem a atrair com maior intensidade a adoção do viés subjetivo
da teoria da actio nata, equilibrando, assim, a exiguidade do tempo
com a flexibilidade do termo inicial.
 Além disso, partindo-se de uma interpretação teleológica, deve-se
consignar que não é condizente com a finalidade do instituto
imputar eventual inércia ao titular de um direito sem que este saiba
ou deva razoavelmente saber que é titular de uma pretensão
exercitável.
 Em outras palavras, deve-se observar que, a rigor, a impossibilidade
de conhecer, desde logo, o nascimento da pretensão é fator que faz
protrair o dies a quo do prazo prescricional.
 Nessa esteira de intelecção, a doutrina leciona que "se assim não
ocorresse, seria punido quem não ficou 'inerte', pois nem sempre a
não-ação tem como causa a inércia. Esta é a ausência de atividade
quando esta (atividade) teria sido possível e, portanto, exigível".
 Nesse sentido, a Terceira Turma do STJ já teve a oportunidade de
ressaltar que, em determinadas hipóteses deve-se, de fato, adotar o
viés subjetivo da teoria da actio nata, "sob pena de reputar iniciado
o prazo prescricional quando o lesado nem sequer detinha a
possibilidade de exercer sua pretensão, em claro descompasso com
a finalidade do instituto da prescrição e com a boa-fé objetiva,
princípio vetor do Código Civil" (AgInt no AREsp 876.731/DF, Rel.
Ministro Marco Aurélio Bellizze, Terceira Turma, julgado em
15/09/2016, DJe 30/09/2016).
 Desse modo, pode-se afirmar que outro critério a ser adotado para
se perquirir a possibilidade de aplicação excepcional da vertente
subjetiva da teoria da actio nata consiste em verificar, em cada
hipótese concreta, se, a partir do postulado normativo da
razoabilidade, o credor tinha ou devia ter conhecimento do
nascimento da pretensão, o que deve ser apurado de acordo com a
boa-fé objetiva e com standards objetivos de atuação do homem
médio, devendo-se afastar, desde logo, hipóteses de culpa grave
que atente, de modo extraordinariamente elevado, contra o
cuidado exigível no tráfego.
 A par destas considerações, deve-se adicionar à análise a clássica
distinção entre responsabilidade civil por ato ilícito relativo e por
ato ilícito absoluto.
 Como cediço, a partir do exame do conteúdo eficacial das relações
jurídicas é possível subdividi-las em relações jurídicas de direito
relativo e relações jurídicas de direito absoluto.
 As relações jurídicas de direito relativo são aquelas que possuem
sujeito passivo determinado ou determinável, de tal modo que as
posições jurídicas do sujeito ativo são direcionadas,
exclusivamente, ao sujeito passivo, ao qual são impostas as
correlatas posições jurídicas passivas. São exemplos dessa espécie
de relação as relações jurídicas obrigacionais.
 Nesse diapasão, eventual violação das referidas posições jurídicas
ensejará a denominada responsabilidade civil por ato ilícito
relativo, comumente chamada de responsabilidade civil contratual.
A título de exemplo pode-se mencionar as hipóteses de
inadimplemento, mora, adimplemento ruim, etc.
 Por outro lado, as relações jurídicas de direito absoluto são aquelas
que possuem sujeito passivo indeterminado - o chamado sujeito
passivo total ou universal. São exemplos as relações jurídicas de
direito real (p. ex. a relação jurídica de propriedade) e a relação
jurídica de direitos da personalidade.
 Com efeito, nas relações jurídicas de direito absoluto, as posições
jurídicas titularizadas pelo sujeito ativo são oponíveis erga omnis, isto
é, não contra um sujeito determinado, mas sim contra o sujeito
passivo total ou universal, a quem é imposto um dever geral de
abstenção.
 A título de exemplo, pode-se mencionar que o titular de
determinado direito da personalidade ou direito real, por exemplo,
é titular de uma pretensão consubstanciada no poder de exigir que
todos os demais indivíduos se abstenham de violar esse seu direito.
 A violação de posição jurídica ativa conteúdo de relação jurídica de
direito absoluto dá ensejo à responsabilidade por ato ilícito
absoluto, que representa, a rigor, desrespeito ao mencionado
dever geral de abstenção e que, via de regra, recebe o epíteto de
responsabilidade civil extracontratual.
 É a hipótese, por exemplo, da prática do ato ilícito previsto nos arts.
186 e 927, do CC/2002.
 Diante destas considerações, importa consignar que o viés
subjetivo da teoria da actio nata encontra maior campo de
aplicação na hipótese de responsabilidade civil por ato ilícito
absoluto (= responsabilidade civil extracontratual), pois da própria
natureza jurídica desta espécie de responsabilidade e, sobretudo,
da presença do sujeito passivo universal, decorre uma maior
dificuldade para o credor determinar o causador e a extensão do
dano sofrido.
 Tratando-se de sujeito passivo total ou universal e, portanto, de
violação de um dever geral de abstenção a todos imposto, é lógico e
razoável concluir que o credor terá maior dificuldade para tomar
conhecimento da lesão, da sua extensão e do agente que praticou o
ato ilícito.
 Em âmbito jurisprudencial, a Terceira Turma do STJ, no julgamento
do REsp 1.711.581/PR, ressaltou que, muito embora se admita a
aplicação do viés subjetivo da teoria da actio nata em determinadas
situações, esta "tem sido aplicada por esta Corte em casos de ilícitos
extracontratuais nos quais a vítima não tem como conhecer a lesão
a sua esfera jurídica no momento em que ocorrida", prestigiando o
acesso à justiça.
 No mesmo sentido, também a Quarta Turma, no julgamento do
REsp 1.354.348/RS, fixou o entendimento de que "na
responsabilidade contratual, em regra, o termo inicial da contagem
dos prazos de prescrição encontra-se na lesão ao direito, da qual
decorre o nascimento da pretensão, que traz em seu bojo a
possibilidade de exigência do direito subjetivo violado, nos termos
do disposto no art. 189 do Código Civil, consagrando a tese da actio
nata no ordenamento jurídico pátrio. Contudo, na responsabilidade
extracontratual, a aludida regra assume viés mais humanizado e
voltado aos interesses sociais, admitindo-se como marco inicial não
mais o momento da ocorrência da violação do direito, mas a data
do conhecimento do ato ou fato do qual decorre o direito de agir,
sob pena de se punir a vítima por uma negligência que não houve,
olvidando-se o fato de que a aparente inércia pode ter decorrido da
absoluta falta de conhecimento do dano" (REsp 1.354.348/RS,
Quarta Turma, julgado em 26/08/2014, DJe 16/09/2014).
 Assim, pode-se afirmar que, em regra, o viés subjetivo da teoria
da actio nata possui maior afinidade com as hipóteses de
responsabilidade civil por ato ilícito absoluto, estabelecendo-se
como termo a quo do prazo prescricional a data do conhecimento,
pelo titular, do nascimento da pretensão.
 Por fim, deve-se apontar como critério serviente a guiar o
intérprete na determinação do dies a quo dos prazos prescricionais
a própria escolha levada a efeito pelo direito positivo.
 De fato, em algumas hipóteses o próprio legislador, de maneira
expressa, impõe a adoção da vertente subjetiva da teoria da actio
nata.
 É o que se verifica, por exemplo, no art. 27 do Código de Defesa do
Consumidor - ao estatuir que o prazo prescricional se inicia a partir
do conhecimento do dano e de sua autoria pelo consumidor - e no
art. 206, § 1º, II, "b", do Código Civil, ao estabelecer que, nos
contratos de seguro em geral, o termo a quo do prazo prescricional é
a "ciência do fato gerador da pretensão".
 Destarte, é seguro afirmar que o sistema subjetivo de determinação
do dies a quo deve prevalecer sempre que, por razões de política
legislativa, a legislação expressamente o adotar.
 Assim, ainda que de modo não exaustivo e não cumulativo, pode-se
concluir que são critérios que indicam a tendência de adoção do
viés subjetivo da teoria da actio nata: a) a submissão da pretensão a
prazo prescricional curto; b) a constatação, na hipótese concreta, de
que o credor tinha ou deveria ter ciência do nascimento da
pretensão, o que deve ser apurado a partir da boa-fé objetiva e de
standards de atuação do homem médio; c) o fato de se estar diante
de responsabilidade civil por ato ilícito absoluto; e d) a expressa
previsão legal a impor a aplicação do sistema subjetivo.
 No caso, importa consignar que se está diante de pretensões
indenizatórias e compensatórias, ambas submetidas ao prazo
prescricional trienal previsto no art. 206, § 3º, V, do CC/2002. Cuida-
se, portanto, de pretensões submetidas a prazo prescricional curto.
 Além disso, tratando-se, na origem, de ação de reparação por danos
materiais e morais em virtude da indevida utilização do nome do
autor para figurar como falso ocupante de cargo em comissão,
infere-se que a causa de pedir da presente demanda é, exata e
precisamente, a configuração de responsabilidade civil por ato
ilícito absoluto (responsabilidade civil extracontratual).
 Some-se a isso o fato de que, na espécie, a adoção do viés objetivo
da teoria da actio nata, estabelecendo-se como termo inicial do prazo
prescricional a data em que o autor foi exonerado, conduziria à
flagrante injustiça em prejuízo do jurisdicionado que foi prejudicado
por conduta de ex-deputado estadual que o nomeou como
funcionário fantasma sem o seu conhecimento.
 Com efeito, não se revela condizente com o postulado da
razoabilidade supor - tomando como critério de atuação a boa-fé
objetiva e o comportamento esperado do homem médio - que o
autor soubesse ou devesse saber que havia sido nomeado, sem o
seu consentimento e clandestinamente, como "funcionário
fantasma" na Assembleia Legislativa do Estado por meio da indevida
utilização de seus dados pessoais.
 Tampouco se extrai do arcabouço fático qualquer indício de
negligência grosseira ou atuação com culpa grave por parte do
autor capaz de afastar a presunção de boa-fé que milita a seu favor
quando alega o desconhecimento da existência do ato ilícito de que
foi vítima.
 Ressalte-se que o simples fato de o sítio eletrônico do Google e de
outros motores de buscas na internet estarem operando
normalmente desde o alegado evento danoso, não significa, por si
só, que seja razoável supor que todo cidadão deva, diariamente,
efetuar esta espécie de pesquisa.
 Essa situação revela-se ainda mais grave quando se imagina, ao
menos em tese, a possibilidade de utilização do nome e dos dados
pessoais de cidadãos vulneráveis que não possuem qualquer acesso
à rede mundial de computadores ou que residem em locais remotos
e que, portanto, não teriam condições de evitar a consumação da
prescrição em seu desfavor.
 Tais pessoas, nesse contexto, poderiam ser facilmente utilizadas
para esquemas deste jaez e seriam prejudicadas pela prescrição,
caso se adotasse o viés objetivo da teoria da actio nata.

A pretensão de repetição de indébito por cobrança indevida de valores


referentes a serviços de TV por assinatura não previstos no contrato
sujeita-se à norma geral do lapso prescricional de dez anos. REsp 1.951.988-
RS, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, Quarta Turma, por unanimidade,
julgado em 10/05/2022, DJe 16/05/2022.

O prazo máximo da renovação compulsória do contrato de locação


comercial será de cinco anos, ainda que a vigência da avença locatícia
supere esse período. REsp 1.990.552-RS, Rel. Min. Raul Araújo, Quarta Turma,
por unanimidade, julgado em 17/05/2022.

OBRIGAÇÕES

INADIMPLEMENTO

JUROS

O termo inicial dos juros de mora incidentes sobre as diferenças entre os


valores do aluguel estabelecido no contrato e aquele fixado na ação
renovatória será a data para pagamento fixada na própria sentença
transitada em julgado (mora ex re) ou a data da intimação do devedor para
pagamento na fase de cumprimento de sentença (mora ex persona).

CLÁUSULA PENAL

A cláusula penal possui natureza mista, ou híbrida, agregando, a


um só tempo, as funções de estimular o devedor ao cumprimento do
contrato e de liquidar antecipadamente o dano.
A jurisprudência do STJ tem admitido o controle judicial do valor da
multa compensatória pactuada, sobretudo quando esta se mostrar
abusiva, para evitar o enriquecimento sem causa de uma das partes,
sendo impositiva a sua redução quando houver adimplemento parcial da
obrigação.
Não é necessário que a redução da multa, na hipótese de
adimplemento parcial da obrigação, guarde correspondência matemática
exata com a proporção da obrigação cumprida, sobretudo quando o
resultado final ensejar o desvirtuamento da função coercitiva da cláusula
penal.
Quando na estipulação da cláusula penal prepondera a finalidade
coercitiva, a diferença entre o valor do prejuízo efetivo e o montante da
pena não pode ser novamente considerada para fins de redução da multa
convencional com fundamento na segunda parte do art. 413 do Código
Civil.
A preponderância da função coercitiva da cláusula penal justifica a
fixação de uma pena elevada para a hipótese de rescisão antecipada,
especialmente para o contrato de patrocínio, em que o tempo de
exposição da marca do patrocinador e o prestígio a ela atribuído
acompanham o grau de desempenho da equipe patrocinada.
Em tese, não se mostra excessiva a fixação da multa convencional
no patamar de 20% sobre o valor total do contrato de patrocínio, de modo
a evitar que, em situações que lhe pareçam menos favoráveis, o
patrocinador opte por rescindir antecipadamente o contrato.

CONTRATOS

A situação decorrente da pandemia pela Covid-19 não constitui fato


superveniente apto a viabilizar a revisão judicial de contrato de prestação
de serviços educacionais com a redução proporcional do valor das
mensalidades. REsp 1.998.206-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Quarta
Turma, por unanimidade, julgado em 14/06/2022.

PROMESSA DE COMPRA E VENDA

Na rescisão de contrato de compra e venda de imóvel residencial não


edificado, o adquirente não pode ser condenado ao pagamento de taxa
de ocupação. STJ. 3ª Turma. REsp 1.936.470-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi,
julgado em 26/10/2021 (Info 718)

SEGURO

A lesão ou ameaça de lesão a direito aptas a ensejar a necessidade de


manifestação judiciária do Estado se caracterizam em demandas de
cobrança do seguro DPVAT, salvo exceções particulares, após o prévio
requerimento administrativo, consoante aplicação analógica do
entendimento firmado pelo STF no RE 631.240, julgado em repercussão
geral. REsp 1.987.853-PB, Rel. Min. Marco Buzzi, Quarta Turma, por
unanimidade, julgado em 14/06/2022, DJe 20/06/2022.

No entanto, apesar do estabelecimento de condições para o exercício do


direito de ação ser compatível com o princípio do livre acesso ao Poder
Judiciário, previsto no art. 5º, XXXV da Constituição Federal, tal como
deliberado pelo STF no julgamento do RE 631.240/MG, a ameaça ou lesão
a direito aptas a ensejar a necessidade de manifestação judiciária do
Estado acerca de determinado conflito não podem ficar adstritas, sempre
e apenas se realizado o prévio requerimento administrativo, notadamente
quando a situação efetivamente vivenciada denota, por si só, existir
inegável motivação para o ingresso em juízo dado o caráter controvertido
do pleito formulado.

Nos contratos de seguro, o valor de indenização a ser recebido na


hipótese de ocorrência do evento segurado é estabelecido previamente
no contrato e, por isso, não há a "guarda" dos prêmios. REsp 1.738.657-DF,
Rel. Min. Moura Ribeiro, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em
14/06/2022.

Ainda que o sinistro tenha ocasionado a perda total do bem, a


indenização securitária deve ser calculada com base no prejuízo real
suportado pelo segurado, sendo o valor previsto na apólice, salvo
expressa disposição em contrário, mero teto indenizatório.
A indenização a ser recebida pelo segurado no caso de sinistro deve
corresponder ao real prejuízo do interesse segurado, normalmente
apurado por perícia técnica.
O limite máximo é o da garantia fixada na apólice. Se os prejuízos
forem menores do que o limite máximo fixado na apólice, o segurador só
está obrigado a pagar por aquilo que realmente aconteceu. Desse modo,
podemos afirmar que, na hipótese de perda total do bem segurado, o
valor da indenização só corresponderá ao montante integral da apólice se
o valor segurado, no momento do sinistro, não for menor. STJ. 3ª Turma.
REsp 1.943.335-RS, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 14/12/2021 (Info
722).

É ânuo o prazo prescricional para exercício de qualquer pretensão do


segurado em face do segurador - e vice-versa - baseada em suposto
inadimplemento de deveres (principais, secundários ou anexos) derivados
do contrato de seguro, ex vi do disposto no artigo 206, § 1º, II, "b", do
Código Civil de 2002 (artigo 178, § 6º, II, do Código Civil de 1916). STJ. 2ª
Seção. REsp 1.303.374-ES, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em
30/11/2021 (Tema IAC 2) (Info 723).

O prazo prescricional ânuo para a seguradora cobrar do segurado prêmios


inadimplidos nos seguros de responsabilidade civil do transportador
rodoviário de carga (RCTR-C e RCF-DC) conta-se a partir do vencimento de
cada título, ficha de compensação ou boleto, sendo, para os prêmios
calculados com base no valor dos bens ou mercadorias averbados (apólice
aberta), o vencimento de cada fatura ou conta mensal. STJ. 3ª Turma.REsp
1.947.702-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 07/12/2021
(Info 723)

A contagem do prazo prescricional de 1 ano que o segurado possui para


exigir a indenização da seguradora somente se inicia na data em que o
segurado toma ciência de que a seguradora se recusou a pagar. STJ. 3ª
Turma. REsp 1.970.111-MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado 15/03/2022
(Info 729).

A cláusula de eleição de foro firmada entre a autora do dano e o segurado


não é oponível à seguradora sub-rogada em ação regressiva na qual
pleiteia o ressarcimento do valor pago ao segurado. STJ. 3ª Turma. REsp
1.962.113-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 22/03/2022 (Info 730).

A doutrina e a jurisprudência afirmam que é proibido que a


concubina seja a beneficiária do seguro de vida. Essa conclusão é
baseada em uma interpretação teleológica dos arts. 550 e 793 do Código
Civil.
Para o STJ, esse entendimento se harmoniza com o recente
julgamento pelo STF do RE 1.045.273/SE, com repercussão geral
reconhecida, no qual foi estabelecida a seguinte tese: “A preexistência de
casamento ou de união estável de um dos conviventes, ressalvada a
exceção do artigo 1.723, § 1º, do Código Civil, impede o reconhecimento
de novo vínculo referente ao mesmo período, inclusive para fins
previdenciários, em virtude da consagração do dever de fidelidade e da
monogamia pelo ordenamento jurídico-constitucional brasileiro.” STJ. 4ª
Turma. REsp 1.391.954 - RJ, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em
22/03/2022 (Info 731).

ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA

É necessária a juntada do original do título de crédito na ação de busca e


apreensão ajuizada em virtude do inadimplemento de contrato de
financiamento garantido por alienação fiduciária. STJ. 3ª Turma. REsp
1.946.423-MA, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 09/11/2021 (Info
717).
O atraso, por parte de instituição financeira, na baixa de gravame de
alienação fiduciária no registro de veículo não caracteriza, por si só, dano
moral in re ipsa. STJ. 2ª Seção. REsp 1881453-RS, Rel. Min. Marco Aurélio
Bellizze, julgado em 30/11/2021 (Recurso Repetitivo – Tema 1078) (Info
721).

RESPONSABILIDADE CIVIL

Condomínio responde pelos danos causados por funcionário do


condomínio que, em seu período de folga, mas em razão do seu trabalho,
pegou o carro do condomínio e causou danos. STJ. 3ª Turma. REsp
1.787.026-RJ, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em
26/10/2021 (Info 717).

O excesso no exercício do direito de informar é capaz de gerar dano moral


ao denunciado quando o membro do Ministério Público comete abusos
ao divulgar, na mídia, o oferecimento da denúncia criminal. STJ. 4ª Turma.
REsp 1.842.613-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 22/03/2022
(Info 730)

 O relator do recurso especial Min. Luis Felipe Salomão explicou


inicialmente que, quando o agente público pratica ato com
potencial para se tornar um ilícito civil, sua condição de agente de
Estado perde relevância, ainda que a conduta tenha se dado com o
uso da condição pública. Nesse caso, segundo o relator, responde à
ação não o ente público, mas o próprio servidor.
 É configurado abuso de direito quando o agente, atuando dentro
das prerrogativas que o ordenamento jurídico lhe confere, não
observa a função social do direito subjetivo e, ao exercitá-lo, causa
prejuízo a outra pessoa.
 o relator entendeu que Dallagnol incorreu em abuso de direito ao
caracterizar Lula, durante as falas na entrevista coletiva, como
“comandante máximo do esquema de corrupção” e “maestro da
organização criminosa”, bem como ao anunciar fatos que não
faziam parte do objeto da denúncia.

Montadora convidou jornalista para lançamento de seu novo veículo,


tendo se comprometido a pagar a passagem aérea, o transporte terrestre
e a hospedagem; no trajeto para o evento, houve um acidente e o
jornalista faleceu; a montadora tem responsabilidade objetiva. STJ. 3ª
Turma. REsp 1.717.114-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em
29/03/2022 (Info 731).

 A responsabilidade objetiva é baseada na teoria do risco prevista no


parágrafo único do art. 927 do Código Civil: Art. 927 (...) Parágrafo
único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de
culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade
normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua
natureza, risco para os direitos de outrem.

O hospital que deixa de fornecer o mínimo serviço de segurança,


contribuindo de forma determinante e específica para homicídio praticado
em suas dependências, responde objetivamente pela conduta omissiva.
REsp 1.708.325-RS, Rel. Min. Og Fernandes, Segunda Turma, por unanimidade,
julgado em 24/05/2022.

RESPONSABILIDADE CIVIL NO ÂMBITO DA INTERNET.

Não é possível impor a provedores de aplicações de pesquisa na internet


o ônus de instalar filtros ou criar mecanismos para eliminar de seu sistema
a exibição de resultados de links contendo o documento supostamente
ofensivo. STJ. 3ª Turma. REsp 1.593.249-RJ, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas
Cueva, julgado em 23/11/2021 (Info 719).

 É muito importante, por isso, notar que há diferença ontológica


entre desindexação de resultados de busca e remoção/exclusão de
conteúdo específico constante de páginas precisamente indicadas
pelos URLs.
 parte do pedido inicial formulado deve ser interpretado como
desindexação de resultados de busca, pois postula-se que seja
determinado fazer cessar a localização do link específico. Em última
análise, referido pleito caracteriza-se como exclusão de resultados
de buscas a partir da combinação de termos de pesquisa ou
palavras-chaves - procedimento repudiado pela orientação
jurisprudencial do STJ -, e que não se confunde com a simples
remoção de conteúdo pela indicação específica de URLs.

Provedor de e-mail não é obrigado a guardar e-mails que foram


deletados.
 duas categorias de provedores: (i) os provedores de conexão; e (ii)
os provedores de aplicação.
 Os provedores de conexão são aqueles que oferecem "a habilitação
de um terminal para envio e recebimento de pacotes de dados pela
internet, mediante a atribuição ou autenticação de um endereço
IP".
 No Marco Civil da Internet, há apenas duas categorias de dados que
devem ser obrigatoriamente armazenados: os registros de conexão
(art. 13) e os registros de acesso à aplicação (art. 15). Os primeiros
devem ser armazenados pelo prazo de 01 (um) ano, enquanto os
últimos devem ser mantidos por 06 (seis) meses.
 A restrição dos dados a serem armazenados pelos provedores de
conexão e de aplicação visa a garantir a privacidade e a proteção da
vida privada dos cidadãos usuários da Internet.

Provedor de e-mail não pode ser responsabilizado pelo fato de um hacker,


ao conseguir acessar a conta de e-mail do usuário, ter subtraído as
criptomoedas que ele possuía. Não há responsabilidade, inexiste nexo de
causalidade entre o provedor do e-mail e a conta hacker.

Os provedores de conexão à internet devem guardar para eventualmente


fornecer, mediante ordem judicial, os dados cadastrais dos usuários.

 Os provedores de conexão à internet devem fornecer os dados


cadastrais (nome, endereço, RG e CPF) dos usuários responsáveis
por publicação de vídeos no Youtube com ofensas à memória de
pessoa falecida.
 Os provedores são obrigados a guardar os DADOS PESSOAIS do
usuário?
• Provedores de CONEXÃO à internet: SIM (devem guardar os dados
pessoais). Ex: CaboTelecom, Vivo.
• Provedores de APLICAÇÕES de internet: NÃO (basta armazenarem
o IP). Ex: Facebook, Twitter.

Se o provedor de aplicações (exs: Facebook, Instagram, Youtube)


disponibilizar conteúdo gerado por terceiros e a postagem feita causar
prejuízos a alguém (ex: ofensa à honra), o que deve ser feito para a
remoção do material? Exige-se autorização judicial para a remoção do
conteúdo?
• Regra geral: SIM (exige-se ordem judicial). É a regra do art. 19 do
MCI.
• Exceção: se houver divulgação de imagens, vídeos ou outros
materiais contendo cenas de nudez ou de atos sexuais de caráter privado
(exposição pornográfica não consentida). Neste caso, basta que o
provedor seja notificado extrajudicialmente. É o que prevê o art. 21.
Exceção da exceção: modelo que posa nua para revista masculina.

É possível, com fundamento no art. 22 do MCI, a requisição de


fornecimento dos nomes ou domínios das empresas que patrocinam links
na ferramenta “Google Ads” relacionados à determinada expressão? Sim.
O provedor de internet deve manter armazenados os registros
relativos a patrocínio de links em serviços de busca pelo período de 6
(seis) meses contados do fim do patrocínio e não da data da contratação.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.961.480-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em
07/12/2021 (Info 721)

Provedor de aplicação deve remover conteúdo ofensivo a menor na


internet, mesmo sem ordem judicial. STJ. 4ª Turma. REsp 1.783.269-MG,
Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em 14/12/2021 (Info 723)

 O ECA possui caráter “especialíssimo” e prevalece como sistema


protetivo, em detrimento da lei que rege o serviço de informação
prestado pelo provedor de internet.
 Dessa forma, no caso julgado, não pode haver aplicação isolada do
art. 19 do Marco Civil da Internet, que condiciona a
responsabilização civil do provedor ao prévio descumprimento de
ordem judicial.

DIREITOS REAIS

Não é cabível a adjudicação compulsória de imóvel pelos promitentes


compradores de unidades autônomas adquiridas de incorporadora não
titular do domínio do terreno e sem o devido registro do memorial de
incorporação no Cartório de Registro de Imóveis.
REsp 1.770.095-DF, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, Terceira Turma, por
unanimidade, julgado em 10/05/2022.
Dissolvida a sociedade conjugal, o bem imóvel comum do casal rege-se
pelas regras relativas ao condomínio, ainda que não realizada a partilha
de bens, possuindo legitimidade para usucapir em nome próprio o
condômino que exerça a posse por si mesmo, sem nenhuma oposição dos
demais coproprietários. REsp 1.840.561-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze,
Terceira Turma, por unanimidade, julgado em 03/05/2022, DJe
17/05/2022.

É válida a penhora do bem de família de fiador apontado em contrato de


locação de imóvel, seja residencial, seja comercial, nos termos do inciso
VII, do art. 3º da Lei n. 8.009/1990. REsp 1.822.040-PR, Rel. Min. Luis
Felipe Salomão, Segunda Seção, por unanimidade, julgado em
08/06/2022. (Tema 1091)

CONDOMÍNIO

O condomínio que possui destinação exclusivamente residencial pode


proibir a locação de unidade autônoma por curto período de tempo. STJ.
3ª Turma. REsp 1.884.483-PR, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado
em 23/11/2021 (Info 720).

 A exploração econômica de unidades autônomas mediante locação


por curto ou curtíssimo prazo, caracterizada pela eventualidade e
pela transitoriedade, não se compatibiliza com a destinação
exclusivamente residencial atribuída ao condomínio.

Os promissários compradores têm legitimidade para participar das


assembleias, ordinária ou extraordinária, desde que tenha havido a
imissão na posse da unidade imobiliária e a cientificação do condomínio
acerca da transação. STJ. 3ª Turma. REsp 1.918.949-RJ, Rel. Min. Ricardo
Villas Bôas Cueva, julgado em 07/12/2021 (Info 722).

Em regra, a utilização ou a fruição da coisa comum indivisa com


exclusividade por um dos coproprietários, impedindo o exercício de
quaisquer dos atributos da propriedade pelos demais consortes, enseja o
pagamento de indenização àqueles que foram privados do regular
domínio sobre o bem, tal como o percebimento de aluguéis.
É o que prevê o art. 1.319 do Código Civil. Contudo, impor à vítima
de violência doméstica e familiar obrigação pecuniária consistente em
locativo pelo uso exclusivo e integral do bem comum constituiria proteção
insuficiente aos direitos constitucionais da dignidade humana e da
igualdade, além de ir contra um dos objetivos fundamentais do Estado
brasileiro de promoção do bem de todos sem preconceito de sexo,
sobretudo porque serviria de desestímulo a que a mulher buscasse o
amparo do Estado para rechaçar a violência contra ela praticada, como
assegura a Constituição Federal em seu art. 226, § 8º, a revelar a
desproporcionalidade da pretensão indenizatória em tais casos.
A imposição judicial de uma medida protetiva de urgência - que
procure cessar a prática de violência doméstica e familiar contra a mulher
e implique o afastamento do agressor do seu lar - constitui motivo
legítimo a que se limite o domínio deste sobre o imóvel utilizado como
moradia conjuntamente com a vítima, não se evidenciando, assim,
eventual enriquecimento sem causa, que legitime o arbitramento de
aluguel como forma de indenização pela privação do direito de
propriedade do agressor. STJ. 3ª Turma. REsp 1.966.556-SP, Rel. Min.
Marco Aurélio Bellizze, julgado em 08/02/2022 (Info 724).

O adquirente de imóvel deve pagar as taxas condominiais desde o


recebimento das chaves ou, em caso de recusa ilegítima, a partir do
momento no qual as chaves estavam à sua disposição. STJ. 3ª Turma.REsp
1.847.734-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 29/03/2022
(Info 731).

BEM DE FAMÍLIA

O benefício da impenhorabilidade do bem de família deve ser concedido


ainda que o imóvel tenha sido adquirido no curso da demanda executiva,
salvo na hipótese do art. 4º da Lei 8.009/90.

 Art. 4º Não se beneficiará do disposto nesta lei aquele que,


sabendo-se insolvente, adquire de máfé imóvel mais valioso para
transferir a residência familiar, desfazendo-se ou não da moradia
antiga.

É impenhorável o bem de família oferecido como caução em contrato de


locação comercial. Isto é, pode colocar o imóvel como caução (garantia)
de uma dívida.

 "a caução é a cautela, precaução e, juridicamente, a


submissão de um bem ou uma pessoa a uma
obrigação ou dívida pré-constituída. Portanto, a
caução é gênero, do qual são espécies a hipoteca, o
penhor, a anticrese, o aval, a fiança etc
 "o legislador optou, expressamente, pela espécie
(fiança), e não pelo gênero (caução), não deixando,
por conseguinte, margem para dúvidas [...]. Caso o
legislador desejasse afastar da regra da
impenhorabilidade o imóvel residencial oferecido em
caução o teria feito, assim como o fez no caso do
imóvel dado em garantia hipotecária (art. 3º, V, da Lei
n. 8.009/1990)"

É constitucional a penhora de bem de família pertencente a fiador de


contrato de locação, seja residencial, seja comercial. STF. Plenário. RE
1.307.334/SP, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 8/3/2022
(Repercussão Geral – Tema 1127) (Info 1046)

SFH

Não é possível usucapião de imóvel vinculado ao Sistema Financeiro de


Habitação, ainda que em situação de abandono. STJ. 3ª Turma. REsp
1.874.632-AL, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 25/11/2021 (Info 720).

A cessão, pelo arrendatário do imóvel, de posição contratual ou de


direitos decorrentes de contrato de arrendamento residencial no âmbito
do PAR, somente será válida se forem cumpridos os seguintes requisitos:
I) atendimento, pelo novo arrendatário, dos critérios para ingresso no
PAR; II) respeito de eventual fila para ingresso no PAR; e III)
consentimento prévio pela Caixa Econômica Federal, na condição de
agente operadora do Programa. STJ. 3ª Turma. REsp 1.950.000-SP, Rel.
Min. Nancy Andrighi, julgado em 22/03/2022 (Info 731).

CONSTITUCIONAL

DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS

DIREITOS SOCIAIS

O STF determinou que:


1) o Estado do Rio de Janeiro elabore e encaminhe ao STF, no prazo
máximo de 90 dias, um plano para redução da letalidade policial e
controle das violações aos direitos humanos pelas forças de
segurança, que apresente medidas objetivas, cronogramas
específicos e previsão dos recursos necessários para a sua
implementação.

2) 2) o emprego e a fiscalização da legalidade do uso da força sejam


feitos à luz dos Princípios Básicos sobre a Utilização da Força e de
Armas de Fogo pelos Funcionários Responsáveis pela Aplicação da
Lei. ONU.

3) 3) seja criado um grupo de trabalho sobre Polícia Cidadã no


Observatório de Direitos Humanos localizado no Conselho Nacional
de Justiça;

4) 4) nos termos dos Princípios Básicos sobre a Utilização da Força e de


Armas de Fogo pelos Funcionários Responsáveis pela Aplicação da
Lei, só se justifica o uso da força letal por agentes de Estado
quando, ressalvada a ineficácia da elevação gradativa do nível da
força empregada para neutralizar a situação de risco ou de
violência, exauridos os demais meios, inclusive os de armas não-
letais, e necessário para proteger a vida ou prevenir um dano sério,
decorrente de uma ameaça concreta e iminente.

5) 5) as investigações de incidentes que tenham como vítimas crianças


ou adolescentes terão a prioridade absoluta;

6) 6) No caso de buscas domiciliares por parte das forças de segurança


do Estado do Rio de Janeiro, devem ser observadas as seguintes
diretrizes constitucionais, sob pena de responsabilidade:

(i) a diligência, no caso específico de cumprimento de mandado


judicial, deve ser realizada somente durante o dia, vedando-
se, assim, o ingresso forçado a domicílios à noite;
(ii) (ii) a diligência, quando feita sem mandado judicial, pode ter
por base denúncia anônima;
(iii) (iii) a diligência deve ser justificada e detalhada por meio da
elaboração de auto circunstanciado, que deverá instruir
eventual auto de prisão em flagrante ou de apreensão de
adolescente por ato infracional e ser remetido ao juízo da
audiência de custódia para viabilizar o controle judicial
posterior; e (iv) a diligência deve ser realizada nos estritos
limites dos fins excepcionais a que se destina.
(iv) (iv) a diligência deve ser realizada nos estritos limites dos fins
excepcionais a que se destina

7) 7) seja obrigatória a disponibilização de ambulâncias em operações


policiais previamente planejadas em que haja a possibilidade de
confrontos armados, sem prejuízo da atuação dos agentes públicos
e das operações;
8) 8) o Estado do Rio de Janeiro, no prazo máximo de 180 dias, instale
equipamentos de GPS e sistemas de gravação de áudio e vídeo nas
viaturas policiais e nas fardas dos agentes de segurança, com o
posterior armazenamento digital dos respectivos arquivos.

 Protocolo de Minnesota O Protocolo de Minnesota sobre


Investigação de Mortes Potencialmente Ilícitas consiste em um
conjunto de regras de orientação sobre como proceder a
investigação de mortes que possam ser tidas como ilícitos.
 Caso Juan Humberto Sánchez vs. Honduras (Corte IDH)

A fixação do piso salarial em múltiplos do salário mínimo mostra-se


compatível com o texto constitucional, desde que não ocorra vinculação a
reajustes futuros. STF. Plenário. ADPF 53 Ref-MC/PI, ADPF 149 Ref-MC/DF
e ADPF 171 Ref-MC/MA, Rel. Min. Rosa Weber, julgados em 18/2/2022
(Info 1044).

SAÚDE

Covid-19 É vedada a utilização, ainda que em caráter excepcional, de


recursos vinculados ao Fundeb para ações de combate à pandemia do
novo coronavírus (Covid-19). STF. Plenário. ADI 6490/PI, Rel. Min. Cármen
Lúcia, julgado em 18/2/2022 (Info 1044).

É possível obrigar o Estado a fornecer medicamento off label?

• Em regra, não é possível que o paciente exija do poder público o


fornecimento de medicamento para uso off label.
• Excepcionalmente, será possível que o paciente exija o medicamento
caso esse determinado uso fora da bula (off label) tenha sido autorizado
pela ANVISA.

O Estado não é obrigado a fornecer medicamento para utilização off label,


salvo autorização da ANVISA. STJ. 1ª Seção. PUIL 2.101-MG, Rel. Min.
Sérgio Kukina, julgado em 10/11/2021 (Info 717).

A operadora do plano de saúde deve custear medicamento importado, o


qual, apesar de não registrado pela ANVISA, possui autorização para
importação em caráter excepcional. STJ. 3ª Turma. REsp 1.943.628-DF,
Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 26/10/2021 (Info 717).

 Como regra geral: as operadoras de plano de saúde não estão


obrigadas a fornecer medicamento não registrado pela ANVISA(STJ.
2ª Seção. REsp 1.712.163-SP, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em
08/11/2018. Recurso Repetitivo – Tema 990).
 No entanto, seo medicamento prescritopelo médico, embora se
trate de fármaco importado ainda não registrado pela ANVISA, teve
a sua importação excepcionalmente autorizada pela referida
Agência Nacional, neste caso, ele será considerado como de
cobertura obrigatória pela operadora de plano de saúde. Trata-se,
portanto, de uma exceção ao que o STJ decidiu no Tema 990 acima
exposto.

O caráter extraordinário dos valores de complementação do


FUNDEB pagos pela União aos estados e aos municípios, por força de
condenação judicial, justifica o afastamento da subvinculação prevista
nos arts. 60, XII, do ADCT e 22 da Lei nº 11.949/2007.
É inconstitucional o pagamento de honorários advocatícios
contratuais com recursos destinados ao FUNDEB, o que representaria
indevido desvio de verbas constitucionalmente vinculadas à educação.
STF. Plenário. ADPF 528/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em
18/3/2022 (Info 1047

1 - O rol de Procedimentos e Eventos em Saúde Suplementar é, em regra,


taxativo;
2 - A operadora de plano ou seguro de saúde não é obrigada a arcar com
tratamento não constante do rol da ANS se existe, para a cura do
paciente, outro procedimento eficaz, efetivo e seguro já incorporado ao
rol;
3 - É possível a contratação de cobertura ampliada ou a negociação de
aditivo contratual para a cobertura de procedimento extra rol;
4 - Não havendo substituto terapêutico ou esgotados os procedimentos
do rol da ANS, pode haver, a título excepcional, a cobertura do
tratamento indicado pelo médico ou odontólogo assistente, desde que (i)
não tenha sido indeferido expressamente, pela ANS, a incorporação do
procedimento ao rol da Saúde Suplementar; (ii) haja comprovação da
eficácia do tratamento à luz da medicina baseada em evidências; (iii) haja
recomendações de órgãos técnicos de renome nacionais (como CONITEC e
NATJUS) e estrangeiros; e (iv) seja realizado, quando possível, o diálogo
interinstitucional do magistrado com entes ou pessoas com expertise
técnica na área da saúde, incluída a Comissão de Atualização do rol de
Procedimentos e Eventos em Saúde Suplementar, sem deslocamento da
competência do julgamento do feito para a Justiça Federal, ante a
ilegitimidade passiva ad causam da ANS. EREsp 1.886.929-SP, Rel. Min. Luis
Felipe Salomão, Segunda Seção, por maioria, julgado em 08/06/2022.

EDUCAÇÃO

Tese fixada pelo STF: É inconstitucional decisão judicial que, sem


considerar as circunstâncias fáticas efetivamente demonstradas, deixa de
sopesar os reais efeitos da pandemia em ambas as partes contratuais, e
determina a concessão de descontos lineares em mensalidades de cursos
prestados por instituições de ensino superior. STF. Plenário. ADPF 706/DF
e ADPF 713/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgados em 17 e 18/11/2021 (Info
1038).

TRABALHO

Não viola a Constituição Federal a exclusão dos aprendizes do rol de


beneficiados por piso salarial regional. ADI

COMPETÊNCIAS LEGISLATIVAS

É constitucional lei estadual que concede aos professores das redes


públicas estadual e municipais de ensino o benefício da meia-entrada nos
estabelecimentos de lazer e entretenimento. STF. Plenário. ADI 3753/SP,
Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 8/4/2022 (Info 1050).

Compete aos estados-membros a definição do prazo de validade de


bilhetes de transporte rodoviário intermunicipal de passageirosSTF.
Plenário. ADI 4289/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 8/4/2022 (Info
1050).

É válida lei estadual que obrigue empresas prestadoras de serviços de


televisão por assinatura e estabelecimentos comerciais de vendas no
varejo e no atacado — que já possuam Serviço de Atendimento ao
Consumidor (SAC) — a fornecerem atendimento telefônico gratuito a seus
clientes. STF. Plenário. ADI 4118/RJ, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em
25/2/2022 (Info 1045).

É inconstitucional lei estadual que veda o corte do fornecimento de água


e luz, em determinados dias, pelas empresas concessionárias (pode
cortar), por falta de pagamento. ADI.

 Compete à União definir regras de suspensão e interrupção do


fornecimento dos serviços de energia elétrica.
 Em razão disso, é inconstitucional lei estadual que proíbe que as
empresas concessionárias ou permissionárias façam o corte do
fornecimento de água, energia elétrica e dos serviços de telefonia,
por falta de pagamento, em determinados dias (ex: sextas-feiras,
vésperas de feriados etc.).

É constitucional norma estadual que determine que as prestadoras de


serviço telefônico são obrigadas a fornecer, sob pena de multa, os dados
pessoais dos usuários de terminais utilizados para passar trotes aos
serviços de emergência. STF. Plenário. ADI 4924/DF, Rel. Min. Gilmar
Mendes, julgado em 4/11/2021 (Info 1036).

É inconstitucional lei estadual que preveja que os serviços privados de


educação são obrigados a conceder, a seus clientes preexistentes, os
mesmos benefícios de promoções posteriormente realizadas. STF.
Plenário. ADI 6614/RJ, Rel. Min. Rosa Weber, redator do acórdão Min.
Roberto Barroso, julgado em 12/11/2021 (Info 1037).
É inconstitucional lei estadual que imponha obrigações às empresas
seguradoras, sendo também inconstitucional lei estadual, de iniciativa
parlamentar, que imponha obrigações ao DETRAN. STF. Plenário. ADI
6132/GO, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 26/11/2021 (Info 1039).

É inconstitucional lei estadual que vede a inscrição em cadastro de


proteção ao crédito de usuário inadimplente dos serviços de
abastecimento de água e esgotamento sanitário. STF. Plenário. ADI
6668/MG, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 11/2/2022 (Info 1043).

INTERVENÇÃO FEDERAL

A excepcionalidade e a gravidade que circundam a intervenção federal,


bem como a complexidade que emana do cumprimento da ordem de
desocupação, sobrepõem-se ao interesse particular dos proprietários do
imóvel.

TRIBUNAL DE CONTAS

MPTC não possui iniciativa legislativa, sua organização não é tratada por
lei complementar e a CF/88 não autoriza que seus vencimentos e
vantagens sejam equiparados aos do MP comum. STF. Plenário. ADI
3804/AL, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 3/12/2021 (Info 1040)

ORGANIZAÇÃO DOS PODERES

PODER LEGISLATIVO

ESTATUTO DOS CONGRESSISTAS

É indispensável a existência de prévia autorização judicial para a


instauração de inquérito ou outro procedimento investigatório em face de
autoridade com foro por prerrogativa de função em Tribunal de Justiça.
STF. 2ª Turma. HC 201965/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em
30/11/2021 (Info 1040).

Norma estadual ou municipal não pode conferir a parlamentar,


individualmente, o poder de requisitar informações ao Poder Executivo
Compare com o Info 899-STF. STF. Plenário. ADI 4700/DF, Rel. Min. Gilmar
Mendes, julgado em 13/12/2021 (Info 1041).
 Por outro lado, o parlamentar, na condição de cidadão, pode
exercer plenamente seu direito fundamental de acesso a
informações de interesse pessoal ou coletivo, nos termos do art. 5º,
inciso XXXIII, da Constituição Federal e das normas de regência
desse direito. STF. Plenário. RE 865401/MG, Rel. Min. Dias Toffoli,
julgado em 25/4/2018 (repercussão geral) (Info 899).

COMISSÕES

O conselheiro de TCE não está sujeito a notificação ou intimação para


comparecimento como testemunha perante comissão parlamentar de
investigação, podendo apenas ser convidado.

PROCESSO LEGISLATIVO

Dispositivo legal, de iniciativa parlamentar, que foi considerado


constitucional: “ao servidor público do Distrito Federal é proibido
substituir, sob qualquer pretexto, trabalhadores de empresas privadas em
greve”.
A proibição de que o trabalhador privado em greve seja substituído
por servidor público não inibe a iniciativa do Governador do Distrito
Federal para propor leis sobre organização administrativa, servidores
públicos e regime jurídico destes. STF. Plenário. ADI 1164/DF, Rel. Min.
Nunes Marques, julgado em 1º/4/2022 (Info 1049).

 Em setembro/2019, Ricardo, Deputado Federal, recebeu vantagem


indevida em razão de sua condição de parlamentar. Como Ricardo
era Deputado Federal, em novembro/2021 foi iniciado processo
penal, no STF, para apurar o crime de corrupção passiva (art. 317 do
Código Penal). Vamos supor que Ricardo, nas eleições de 2022,
concorreu ao cargo de Senador e foi eleito para um mandato de
2023 a 2026. O STF continuará competente para julgar o delito?
SIM.

É constitucional a previsão regimental de rito de urgência para


proposições que tramitam na Câmara dos Deputados e no Senado
Federal, descabendo ao Poder Judiciário examinar concretamente as
razões que justificam sua adoção. STF. Plenário. ADI 6968/DF, Rel. Min.
Edson Fachin, julgado em 20/4/2022 (Info 1051).
PODER JUDICIÁRIO

É inconstitucional norma de constituição estadual que, ao dispor a


respeito da remoção de magistrados, cria distinção indevida entre juízes
titulares e substitutos. STF. Plenário. ADI 3358/PE, Rel. Min. Rosa Weber,
julgado em 22/10/2021 (Info 1035)

 Ao dispor sobre matéria própria do Estatuto da Magistratura, o


dispositivo da constituição estadual violou, formalmente, a reserva
de lei complementar nacional, de iniciativa do Supremo Tribunal
Federal, prevista no art. 93, caput, da Constituição Federal.
 Enquanto não editada a referida lei complementar, a uniformização
do regime jurídico da magistratura permanece sob a regência da LC
35/79, a Lei Orgânica da Magistratura Nacional (LOMAN), de modo
que não é possível ao legislador estadual inovar sobre esse âmbito.
 Ademais, o dispositivo impugnado ofendeu, materialmente, o
princípio constitucional da isonomia ao estabelecer tratamento
diferenciado entre juízes titulares e substitutos.

O magistrado em gozo de licença para capacitação no exterior não faz jus


ao pagamento das vantagens de Retribuição por Direção de Fórum e
Gratificação pelo Exercício Cumulado de Jurisdição ou Acumulação de
Acervo Processual. STJ. 1ª Turma. RMS 67.416-SE, Rel. Min. Sérgio Kukina,
julgado em 29/03/2022 (Info 731)

FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA

MP

É inconstitucional, por configurar ofensa à liberdade de locomoção, a


exigência de prévia comunicação ou autorização para que os membros do
Ministério Público possam se ausentar da comarca ou do estado onde
exercem suas atribuições. STF. Plenário. ADI 6845/AC, Rel. Min. Carmen
Lúcia, julgado em 22/10/2021 (Info 1035).

DEFENSORIA

É inconstitucional a exigência de inscrição do Defensor Público nos


quadros da Ordem dos Advogados do Brasil. STF. Plenário. RE 1240999/SP,
Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 3/11/2021 (Repercussão Geral
– Tema 1074) (Info 1036).

A Defensoria Pública detém a prerrogativa de requisitar, de quaisquer


autoridades públicas e de seus agentes, certidões, exames, perícias,
vistorias, diligências, processos, documentos, informações,
esclarecimentos e demais providências necessárias à sua atuação. STF.
Plenário. ADI 6852/DF e ADI 6862/PR, Rel. Min. Edson Fachin, julgados em
18/2/2022 (Info 1045). STF. Plenário. ADI 6865/PB, ADI 6867/ES, ADI
6870/DF, ADI 6871/CE, ADI 6872/AP, ADI 6873/AM e ADI 6875/RN, Rel.
Min. Alexandre de Moraes, julgados em 18/2/2022 (Info 1045).

A Defensoria Pública pode prestar assistência jurídica às pessoas jurídicas


que preencham os requisitos constitucionais. STF. Plenário. ADI 4636/DF,
Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 3/11/2021 (Info 1036).

A prestação desse serviço público para auxílio da população


economicamente vulnerável não tem por objetivo substituir a atividade
prestada pela Defensoria Pública. O serviço municipal atua de forma
simultânea. Trata-se de mais um espaço para garantia de acesso à
jurisdição (art. 5º, LXXIV, da CF/88). STF. Plenário. ADPF 279/SP, Rel. Min.
Cármen Lúcia, julgado em 3/11/2021 (Info 1036).

ADVOCACIA PÚBLICA

A concessão de porte de arma a procuradores estaduais, por lei estadual,


é incompatível com a Constituição Federal. STF. Plenário. ADI 6985/AL,
Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 25/2/2022 (Info 1045).

SEGURANÇA PÚBLICA

É inconstitucional norma estadual que assegure a independência


funcional a delegados de polícia, bem como que atribua à polícia civil o
caráter de função essencial ao exercício da jurisdição e à defesa da ordem
jurídica. STF. Plenário. ADI 5522/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em
18/2/2022 (Info 1044).

ÍNDIOS
É necessário que a União e a FUNAI executem e implementem atividade
de proteção territorial nas terras indígenas, independentemente de sua
homologação. STF. Plenário. ADPF 709-MC-segunda-Ref/DF, Rel. Min.
Roberto Barroso, julgado em 25/2/2022 (Info 1045)

A comunidade indígena cuja posse fundiária é questionada em ação de


nulidade de demarcação tem o direito subjetivo de ser ouvida no
processo, na qualidade de litisconsorte passivo necessário. AgInt na Pet
no REsp 1.586.943-SC, Rel. Min. Herman Benjamin, Segunda Turma, por
unanimidade, julgado em 17.05.2022.

EMPRESARIAL

RECUPERAÇÃO E FALÊNCIA

O prazo de 10 (dez) dias, previsto no art. 8º da Lei n. 11.101/2005, para


apresentar impugnação à habilitação de crédito, deve ser contado em dias corridos.
AgInt no REsp 1.830.738-RS, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, Quarta Turma, por
unanimidade, julgado em 24/05/2022.

A habilitação do crédito e a posterior homologação do plano de recuperação judicial


não impede a rediscussão do seu valor em ação revisional de contrato relativa à
mesma dívida. REsp 1.700.606-PR, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, Terceira
Turma, por unanimidade, julgado em 07/06/2022, DJe 13/06/2022.

Associações civis sem fins lucrativos com finalidade e atividades econômicas detêm
legitimidade para requerer recuperação judicial. STJ. 4ª Turma. AgInt no TP 3.654-RS, Rel. Min.
Raul Araújo, Rel. Acd. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 15/03/2022 (Info 729).

É possível a Fazenda Pública habilitar em processo de falência crédito tributário objeto de


execução fiscal em curso, mesmo antes da vigência da Lei nº 14.112/2020, e desde que não
haja pedido de constrição de bens no feito executivo. STJ. 1ª Seção. REsp 1.872.759-SP, Rel.
Min. Gurgel de Faria, julgado em 18/11/2021 (Recurso Repetitivo - Tema 1092) (Info 718).

A cessão fiduciária de título de crédito não se submete à recuperação judicial,


independentemente de registro em cartório. STJ. 2ª Seção. REsp 1.629.470-MS, Rel. Min.
Maria Isabel Gallotti, julgado em 30/11/2021 (Info 721).

É possível a submissão de cooperativa de crédito ao processo de falência. STJ. 3ª Turma. REsp


1.878.653-RS, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 14/12/2021 (Info 722).

 O art. 2º, II, da Lei nº 11.101/2005, afirma que esta Lei não se aplica a cooperativa de
crédito. Existe, porém, regra específica na Lei nº 6.024/74 prevendo que as instituições
financeiras e equiparadas (como as cooperativas de crédito) podem ir à falência após
liquidação extrajudicial pelo Banco Central. Essa possibilidade foi reafirmada pela Lei
nº 13.506/2017, que alterou a Lei nº 6.024/74
 Desse modo, a doutrina, ao interpretar o art. 2º, II, da Lei nº 11.101/2005 afirma que
as instituições financeiras e cooperativas de crédito apenas não ingressam, de
imediato, no processo judicial de execução coletiva empresarial, passando antes por
intervenção e liquidação extrajudicial

Em se tratando de crédito trabalhista por equiparação (honorários advocatícios de alta monta),


é possível a aplicação do limite previsto no art. 83, I, da Lei nº 11.101/2005 por deliberação da
Assembleia Geral de Credores, desde que devido e expressamente previsto no plano de
recuperação judicial. Art. 83. A classificação dos créditos na falência obedece à seguinte
ordem: I - os créditos derivados da legislação trabalhista, limitados a 150 (cento e cinquenta)
salários-mínimos por credor, e aqueles decorrentes de acidentes de trabalho;

O credor não indicado na relação inicial de que trata o art. 51, III e IX – relação de
credores e devedores –, da Lei n. 11.101/2005 não está obrigado a se habilitar,
mas não terá o direito de receber seu crédito pelo valor integral, devendo se
submeter às condições estabelecidas no plano de recuperação judicial aprovado.
REsp 1.655.705-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, Segunda Seção, por
unanimidade, julgado em 27/04/2022, DJe 25/05/2022.

A caracterização de conflito de competência perante o STJ pressupõe a materialização da


oposição concreta do Juízo da execução fiscal à efetiva deliberação do Juízo da recuperação
judicial a respeito do ato constritivo. STJ. 2ª Seção. CC 181.190-AC, Rel. Min. Marco Aurélio
Bellizze, julgado em 30/11/2021 (Info 722).

 A Lei nº 14.112/2020 alterou a Lei nº 11.101/2005 e deixou expressamente consignado


que:
- a execução fiscal não se suspende pelo deferimento da recuperação judicial); e que
- o juízo da execução fiscal possui competência para determinar os atos de constrição
judicial sobre os bens da empresa recuperanda.
 Além disso, a Lei nº 14.112/2020 afirmou que o Juízo da recuperação judicial possui
competência para substituir os atos de constrição decretados pelo Juízo da execução
fiscal caso eles tenham recaído sobre bens de capital essenciais à manutenção da
atividade empresarial.
 A partir da Lei nº 14.112/2020 não se pode mais falar que exista conflito de
competência pelo simples fato de o juízo da execução fiscal ter determinado a
constrição de um bem e o juízo da recuperação judicial ainda não ter decidido se irá,
ou não, substituir essa constrição.

É possível a desconsideração da personalidade jurídica incidentalmente no processo


falimentar, independentemente de ação própria, verificada a fraude e a confusão patrimonial
entre a falida e outras empresas. STJ. 3ª Turma.REsp 1.686.123-SC, Rel. Min. Ricardo Villas
Bôas Cueva, julgado em 22/03/2022 (Info 730).

As sociedades de propósito específico que atuam na atividade de incorporação


imobiliária e que não administram patrimônio de afetação podem se valer dos
benefícios da recuperação judicial, desde que não utilizem a consolidação
substancial como forma de soerguimento e a incorporadora não tenha sido
destituída pelos adquirentes na forma do art. 43, VI, da Lei n. 4.591/1964.

TÍTULOS DE CRÉDITO

O protesto de título de crédito realizado enquanto ainda existe a possibilidade de cobrança


relativa ao crédito referente ao negócio jurídico subjacente não gera danos morais ao devedor
 Situação hipotética:João emitiu um cheque em 27/9/2005 em favor de Pedro. Pedro
protestou o cheque em 09/10/2009. Esse protesto foi regular? Não. Isso porque o
cheque já estava prescrito.
 Diante disso, João ajuizou ação de indenização por danos morais contra Pedro
alegando que o réu lhe causou abalo extrapatrimonial porque fez um protesto
indevido.
 Pedro contestou a demanda afirmando que, realmente, o cheque está prescrito, no
entanto, mesmo assim, ele ainda poderá cobrar o valor da cártula por outros meios,
como a ação monitória (Súmula 503 do STJ).
 Logo, não deveria haver condenação em danos morais. O que o STJ decidiu? Cabe
condenação em danos morais neste caso? Não.

CONSUMIDOR

A promessa, reiterada periodicamente, acerca do valor da prestação previdenciária privada


deve ser honrada perante o consumidor que não foi comprovada e oportunamente avisado do
alegado erro de cálculo. REsp 1.966.034-MG, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Rel. Acd. Min. Raul
Araújo, Quarta Turma, por maioria, julgado em 24/05/2022.

Na hipótese em que o consumidor/autor impugnar a autenticidade da assinatura constante


em contrato bancário juntado ao processo pela instituição financeira, caberá a esta o ônus de
provar a autenticidade (arts. 6º, 369 e 429, II, do CPC). STJ. 2ª Seção. REsp 1.846.649-MA, Rel.
Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 24/11/2021 (Recurso Repetitivo - Tema 1061) (Info
720).

A pessoa jurídica que firma contrato de seguro visando à proteção de seu próprio patrimônio
é considerada destinatária final dos serviços securitários, incidindo, assim, as normas do
Código de Defesa do Consumidor. STJ. 3ª Turma. REsp 1.943.335-RS, Rel. Min. Moura Ribeiro,
julgado em 14/12/2021 (Info 722). STJ. 4ª Turma. AgInt no AREsp 1.392.636/SP, Rel. Min. Raul
Araújo, DJe 29/4/2019.

Os agentes financeiros (“bancos de varejo”) que financiam a compra e venda de


automóvel não respondem pelos vícios do produto, subsistindo o contrato de financiamento
mesmo após a resolução do contrato de compra e venda, exceto no caso dos bancos
integrantes do grupo econômico da montadora (“bancos da montadora”).
Em caso de vício no veículo comprado, o banco no qual foi realizado o financiamento
terá responsabilidade civil e o contrato de arrendamento mercantil poderá ser rescindido?
• Se foi feito com um “banco de varejo”: NÃO.
• Se foi feito com um “banco de montadora”: SIM. STJ. 3ª Turma. REsp 1.946.388-SP,
Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 07/12/2021 (Info 722)

Não tem legitimidade ativa para propor ação indenizatória por danos morais a mãe de pessoa
impossibilitada de usar cartão de crédito em viagem internacional.

 Caso adaptado: Priscila e sua mãe Regina fizeram uma viagem internacional. Priscila
tentou utilizar o cartão de crédito que foi indevidamente bloqueado por uma falha da
operadora do cartão. Regina ajuizou ação contra a operadora do cartão alegando que
a sua filha é quem iria pagar todas as despesas durante a viagem. Logo, como o cartão
de crédito de Priscila não funcionou, ela (Regina) passou por constrangimentos e pela
angústia de não saber se conseguiria pagar as despesas.
FATO DO PRODUO

A inexistência de responsabilidade solidária por fato do produto entre os fornecedores da


cadeia de consumo impede a extensão do acordo feito por um réu em benefício do outro. STJ.
3ª Turma. REsp 1.968.143-RJ, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 08/02/2022 (Info
724)

 Exemplo: Marina adquiriu um suco de caixinha industrializado no supermercado e,


depois de tomar o primeiro gole, percebeu que o produto estava contaminado com
um corpo estranho.
 A consumidora ajuizou ação de indenização por danos morais contra a fabricante do
suco e o supermercado. O comerciante (supermercado) resolveu fazer um acordo com
a consumidora e pagou R$ 4 mil à autora.
 A fabricante, por sua vez, não participou da transação.
 O juiz, ao homologar a transação, irá extinguir o processo apenas no que tange ao
supermercado, prosseguindo o feito com relação à fabricante.
 Sendo a responsabilidade do supermercado subsidiária, o acordo por ele firmado não
se estende necessariamente à fabricante porque não se aplica o § 3º do art. 844 do CC
(este dispositivo afirma que se a transação foi feita entre um dos devedores solidários
e seu credor, ela extingue a dívida em relação aos codevedores).

1) Lei estadual não pode exigir que o consumidor, antes de ser inserido no cadastro restritivo,
seja comunicado por meio de AR A adoção de sistema de comunicação prévia a consumidor
inadimplente por carta registrada com aviso de recebimento configura desrespeito à
Constituição Federal.
2) Lei estadual não pode exigir que seja dado ao consumidor um prazo de tolerância antes da
sua inserção no cadastro restritivo É inconstitucional a previsão, por lei estadual, de “prazo de
tolerância” a impedir que o nome do consumidor inadimplente seja imediatamente inscrito
em cadastro ou banco de dados.
3) As empresas administradoras de bancos de dados e cadastros de consumidores não se
qualificam como entidades certificadoras da certeza, liquidez e exigibilidade dos títulos de
dívidas A supressão da verificação prévia quanto à existência do crédito, exigibilidade do título
e inadimplência do devedor não caracteriza violação do princípio da vedação ao retrocesso.
STF. Plenário. ADI 5224/SP, ADI 5252/SP, ADI 5273/SP e ADI 5978/SP, Rel. Min. Rosa Weber,
julgados em 8/3/2022 (Info 1046).

A previsão de solidariedade prevista no art. 25, §1º, do CDC deve ser interpretada
restritivamente.
REsp 1.647.238-RJ, Rel. Min. Gurgel de Faria, Primeira Turma, por unanimidade, julgado em
17/05/2022.

 Havendo condenação de mais de um réu, e sendo omissa a sentença em relação à


parcela de responsabilidade de cada demandado, a solução para essa omissão, na
execução, deve partir da premissa de que "a solidariedade não se presume; resulta da
lei ou da vontade das partes" (art. 265 do CC).
 A norma do art. 25, §1º, do CDC, rege a responsabilidade solidária daqueles que
provocam dano ao consumidor por vício do produto ou do serviço, não sendo esta a
relação jurídica estabelecida entre as partes, decorrente de revisão de contrato de
mútuo, de modo que, por se tratar de exceção à regra geral do art. 265 do CC, a
previsão de solidariedade contida no supracitado dispositivo deve ser interpretada
restritivamente.
PENAL

A Lei nº 14.132/2021 acrescentou o art. 147-A ao Código Penal, para


prever o crime de perseguição, também conhecido como stalking:

Art. 147-A. Perseguir alguém, reiteradamente e por qualquer meio,


ameaçando-lhe a integridade física ou psicológica, restringindo-lhe a
capacidade de locomoção ou, de qualquer forma, invadindo ou
perturbando sua esfera de liberdade ou privacidade. Pena – reclusão, de 6
(seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

Antes da Lei nº 14.132/2021, a conduta acima explicada era fato


atípico?
NÃO. Antes da criação do crime do art. 147-A, a conduta era punida
como contravenção penal pelo art. 65 do Decreto-lei 3.688/41, que tinha
a seguinte redação:
]Art. 65. Molestar alguém ou perturbar-lhe a tranquilidade, por
acinte ou por motivo reprovável: Pena – prisão simples, de quinze dias a
dois meses, ou multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis.
Houve continuidade normativo típica.

A ausência de regulamentação do órgão competente acerca do


procedimento de avaliação técnica quanto ao preenchimento dos
requisitos da autorização do cultivo e colheita de cannabis sativa para fins
medicinais não pode ser suprida pelo Poder Judiciário. AgRg no RHC 155.610-
CE, Rel. Min. João Otávio de Noronha, Quinta Turma, por unanimidade,
julgado em 10/05/2022, DJe 13/05/2022.

DOSIMETRIA

O réu fará jus à atenuante do art. 65, III, 'd' (confissão), do CP


quando houver admitido a autoria do crime perante a autoridade,
independentemente de a confissão ser utilizada pelo juiz como um dos
fundamentos da sentença condenatória, e mesmo que seja ela parcial,
qualificada, extrajudicial ou retratada. REsp 1.972.098-SC, Rel. Min. Ribeiro
Dantas, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 14/06/2022, DJe
20/06/2022.
A mera afirmação de que o denunciado ocupa o cargo de
desembargador é insuficiente para a incidência da causa de aumento de
pena prevista no art. 327, § 2º, do Código Penal. AgRg na APn 970-DF, Rel.
Min. Maria Isabel Gallotti, Corte Especial, por unanimidade, julgado em
04/05/2022.

1. Em razão da novatio legis in mellius engendrada pela Lei n.


13.654/2018, o emprego de arma branca, embora não configure mais
causa de aumento do crime de roubo, poderá ser utilizado como
fundamento para a majoração da pena-base, quando as circunstâncias do
caso concreto assim justificarem.
2. O julgador deve fundamentar o novo apenamento ou justificar a não
realização do incremento na basilar, nos termos do que dispõe o art. 387,
II e III, do CPP.
3. Não cabe a esta Corte Superior a transposição valorativa da
circunstância para a primeira fase da dosimetria ou mesmo compelir que o
Tribunal de origem assim o faça, em razão da discricionariedade do
julgador ao aplicar a novatio legis in mellius. REsp 1.921.190-MG, Rel. Min.
Joel Ilan Paciornik, Terceira Seção, por unanimidade, julgado em
25/05/2022, DJe 26/05/2022. (Tema 1110)

EFEITOS DA CONDENAÇÃO

O reconhecimento de que o réu, condenado pelo crime de corrupção de


testemunha, praticou ato incompatível com o cargo de policial militar, é
fundamento válido para a decretação da perda do cargo público. STJ. 6ª
Turma. HC 710.966-SE, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em
15/03/2022 (Info 731).

EXTINÇÃO DE PUNIBILIDADE

O inadimplemento da pena de multa impede a extinção da


punibilidade mesmo que já tenha sido cumprida a pena privativa de
liberdade ou a pena restritiva de direitos?
• Regra: SIM Se o indivíduo for condenado a pena privativa de
liberdade e multa, o inadimplemento da sanção pecuniária obsta (impede)
o reconhecimento da extinção da punibilidade. Em outras palavras,
somente haverá a extinção da punibilidade se, além do cumprimento da
pena privativa de liberdade, houver o pagamento da multa.
• Exceção: se o condenado comprovar que não tem como pagar a
multa.
Na hipótese de condenação concomitante a pena privativa de
liberdade e multa, o inadimplemento da sanção pecuniária, pelo
condenado que comprovar impossibilidade de fazê-lo, não obsta o
reconhecimento da extinção da punibilidade. STJ. 3ª Seção. REsp
1.785.383-SP e REsp 1.785.861/SP, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz,
julgados em 24/11/2021 (Recurso Repetitivo - Tema 931) (Info 720).

O indulto é instituto da execução penal, não se estendendo os


benefícios da norma instituidora aos presos cautelarmente com direito à
detração penal.
AgRg no AREsp 1.887.116-GO, Rel. Min. Olindo Menezes (Desembargador
convocado do TRF 1ª Região), Sexta Turma, por unanimidade, julgado em
03/05/2022, DJe 06/05/2022.

CRIMES CONTRA A HONRA

O crime de injúria racial, espécie do gênero racismo, é imprescritível. (STJ


+ STF).

O crime de injúria praticado pela internet por mensagens privadas, as


quais somente o autor e o destinatário têm acesso ao seu conteúdo,
consuma-se no local em que a vítima tomou conhecimento do conteúdo
ofensivo. STJ. 3ª Seção. CC 184.269-PB, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em
09/02/2022 (Info 724)

 Caso concreto: um indivíduo, residente em Município do interior da


Paraíba, enviou mensagem de áudio com palavras injuriosas contra
uma Senadora da República. Esta mensagem de áudio foi enviada
por meio do Instagram direct. A parlamentar tomou conhecimento
da ofensa em Brasília (DF). A competência para julgar a injúria será
da Justiça Federal do DF ou da Paraíba? Do Distrito Federal.

CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

A causa de aumento prevista no § 1° do art. 155 do Código Penal (prática


do crime de furto no período noturno) não incide no crime de furto na sua
forma qualificada (§ 4°).REsp 1.890.981-SP, Rel. Min. João Otávio de
Noronha, Terceira Seção, por unanimidade, julgado em 25/05/2022 (Tema
1087)

CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL

Presente o dolo específico de satisfazer à lascívia, própria ou de terceiro, a


prática de ato libidinoso com menor de 14 anos configura o crime de
estupro de vulnerável (art. 217-A do CP), independentemente da ligeireza
ou da superficialidade da conduta, não sendo possível a desclassificação
para o delito de importunação sexual (art. 215-A do CP). REsp 1.959.697-
SC, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Terceira Seção, por unanimidade, julgado em
08/06/2022. (Tema 1121)

CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.

Para a configuração do crime previsto no art. 89 da Lei 8.666/93, agora


disposto no art. 337-E – contratação ilegal – do CP, é indispensável a
comprovação do dolo específico de causar danos ao erário e o efetivo
prejuízo aos cofres públicos. STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 669.347-SP, Rel.
Min. Jesuíno Rissato (Desembargador Convocado do TJDFT), Rel. Acd. Min.
João Otávio de Noronha, julgado em 13/12/2021 (Info 723).

CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA

A desobediência à ordem legal de parada, emanada por agentes públicos


em contexto de policiamento ostensivo, para a prevenção e repressão de
crimes, constitui conduta penalmente típica, prevista no art. 330 do
Código Penal Brasileiro. REsp 1.859.933-SC, Rel. Min. Antonio Saldanha
Palheiro, Terceira Seção, por maioria, julgado em 09/03/2022, DJe
01/04/2022. (Tema 1060)

 'típica é a conduta de atribuir-se falsa identidade perante


autoridade policial, ainda que em situação de alegada autodefesa'"
(HC 369.082/SC, Rel. Min. Felix Fischer, Quinta Turma, julgado em
27/6/2017, DJe 1º/8/2017).

LEGISLAÇÃO ESPECIAL

MARIA DA PENHA
A Lei n. 11.340/2006 (Maria da Penha) é aplicável às mulheres trans em
situação de violência doméstica. Processo sob segredo judicial, Rel. Min.
Rogerio Schietti Cruz, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em
05/04/2022.

CRIMES CONTRA À ORDEM TRIBUTÁRIA

Para a configuração do delito previsto no art. 2º, II, da Lei nº 8.137/90,


deve ser comprovado o dolo específico. Entendimento que segue a
posição do STF que exige dolo de apropriação: O contribuinte que deixa
de recolher, de forma contumaz e com dolo de apropriação, o ICMS
cobrado do adquirente da mercadoria ou serviço incide no tipo penal do
art. 2º, II, da Lei nº 8.137/90 (STF. Plenário. RHC 163334, Rel. Roberto
Barroso, julgado em 18/12/2019). STJ. 6ª Turma. HC 675.289-SC, Rel. Min.
Olindo Menezes (Desembargador Convocado do TRF 1ª Região), julgado
em 16/11/2021 (Info 718).

CRIMES DO ECA

Mesmo que a genitália da criança ou adolescente não esteja desnuda, é


possível enquadrar a imagem como ‘cena de sexo explícito ou
pornográfica’ para os fins do art. 241-E do ECA Importante!!

CRIMES CONTRA À ORDEM ECONÔMICA.

O momento consumativo do crime de formação de cartel deve ser


analisado conforme o caso concreto, sendo errônea a sua classificação
como eventualmente permanente.

CRIMES LEI DOS COMBUSTÍVEIS

É hipótese de crime permanente, a conduta tipificada no art. 2º da Lei n.


8.176/1991, na modalidade de usurpação por exploração de matérias-
primas pertencentes à União, enquanto verificada a prática de múltiplas
condutas visando a extração do bem mineral, sem evidência de que o
agente ativo intencionalmente cessou a atividade extrativa. REsp 1.998.631-
BA, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Sexta Turma, por unanimidade, julgado
em 07/06/2022.
ESTATUTO DO DESARMAMENTO

O crime de porte de arma de fogo, seja de uso permitido ou restrito, na


modalidade transportar, admite participação. STJ. 6ª Turma. REsp
1.887.992-PR, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 07/12/2021 (Info 721)

TRÁFICO DE DROGAS.

Configura constrangimento ilegal o afastamento do tráfico privilegiado e


da redução da fração de diminuição de pena por presunção de que o
agente se dedica a atividades criminosas, derivada unicamente da análise
da natureza ou da quantidade de drogas apreendidas Importante!!!. STJ.
5ª Turma. REsp 1.985.297-SP, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado
em 29/03/2022 (Info 731)

A semi-imputabilidade, por si só, não afasta o tráfico de drogas e o seu


caráter hediondo, tal como a forma privilegiada. AgRg no HC 716.210-DF, Rel.
Min. Sebastião Reis Júnior, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em
10/05/2022, DJe 13/05/2022.

No delito de tráfico de drogas praticado nas proximidades ou nas


imediações de estabelecimento de ensino, pode-se, excepcionalmente,
em razão das peculiaridades do caso concreto, afastar a incidência da
majorante prevista no art. 40, inciso III, da Lei n. 11.343/2006. no caso, o
tráfico foi cometido 28/04/2020, momento em que as escolas de ensino
do DF estavam fechadas por conta das medidas restritivas de combate à
COVID-19. AgRg no HC 728.750-DF, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, Sexta
Turma, por unanimidade, Julgado em 17/05/2022, DJe de 19/05/2022.

Para a incidência da majorante prevista no art. 40, inciso III, da Lei n.


11.343/2006 é desnecessária a efetiva comprovação de mercancia nos
referidos locais, sendo suficiente que a prática ilícita tenha ocorrido em
locais próximos, ou seja, nas imediações de tais estabelecimentos, diante
da exposição de pessoas ao risco inerente à atividade criminosa da
narcotraficância. [...]" (HC 407.487/SP, Rel. Ministra Maria Thereza de
Assis Moura, 6ª T., DJe 15/12/2017).

Contudo, no caso, verifica-se a presença de uma particularidade que, à luz


da mens legis da referida majorante, justifica sua não incidência em desfavor
do acusado. A razão de ser dessa causa especial de aumento de pena é a
de punir, com maior rigor, aquele que, nas imediações ou nas
dependências dos locais especificados no inciso III do art. 40 da Lei n.
11.343/2006, dada a maior aglomeração de pessoas, tem como mais ágil e
facilitada a prática do tráfico de drogas (aqui incluídos quaisquer dos
núcleos previstos no art. 33 da citada lei), justamente porque, em
localidades como tais, é mais fácil ao traficante passar despercebido à
fiscalização policial, além de ser maior o grau de vulnerabilidade das
pessoas reunidas em determinados lugares.

SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO

Após o advento da Lei n. 9.876/1999, e para fins de cálculo do benefício


de aposentadoria, no caso do exercício de atividades concomitantes pelo
segurado, o salário-de-contribuição deverá ser composto da soma de
todas as contribuições previdenciárias por ele vertidas ao sistema,
respeitado o teto previdenciário. REsp 1.870.793-RS, Rel. Min. Sérgio
Kukina, Primeira Seção, por unanimidade, julgado em 11/05/2022. (Tema
1070)

 a substancial ampliação do período básico de cálculo - PBC, como


promovida pela Lei n. 9.876/1999, possibilitou a compreensão de
que, respeitado o teto previdenciário, as contribuições vertidas no
exercício de atividades concomitantes podem, sim, ser somadas
para se estabelecer o efetivo e correto salário-de-benefício, não
mais existindo espaço para aplicação dos incisos do art. 32 da Lei n.
8.213/1991, garantindo-se, com isso, o pagamento de benefício que
melhor retrate o histórico contributivo do segurado.

PREVIDENCIÁRIO

APOSENTADORIA ESPECIAL

O reconhecimento do exercício de atividade sob condições especiais pela


exposição ao agente nocivo ruído, quando constatados diferentes níveis
de efeitos sonoros, deve ser aferido através do Nível de Exposição
Normalizado (NEN). Ausente tal informação, deverá ser adotado como
critério o nível máximo de ruído (pico de ruído), desde que perícia técnica
judicial comprove a habitualidade e a permanência da exposição ao
agente nocivo na produção do bem ou na prestação do serviço. STJ. 1ª
Seção. REsp 1.886.795-RS, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em
18/11/2021 (Recurso Repetitivo - Tema 1083) (Info 719).

APOSENTADORIA POR IDADE

APOSENTADORIA POR IDADE RURAL

Ficha de cadastro de trabalhadores emitida em nome de trabalhador rural


em data anterior ao ajuizamento de demanda com pedido de
aposentadoria rural configura documento novo apto a demonstrar o início
de prova material. AR 6.081-PR, Rel. Min. Regina Helena Costa, Primeira
Seção, por unanimidade, julgado em 25/05/2021, DJe 30/05/2022.

AUXÍLIO ACIDENTE

Somente é possível a acumulação do auxílio-acidente com aposentadoria


quando a eclosão da doença incapacitante e a concessão da
aposentadoria forem anteriores à alteração do art. 86, §§ 2º e 3º, da Lei
8.213/91, promovida pela MP 1.596-14/97.

 Súmula 507-STJ: A acumulação de auxílio-acidente com


aposentadoria pressupõe que a lesão incapacitante e a
aposentadoria sejam anteriores a 11/11/1997, observado o critério
do artigo 23 da Lei 8.213/91 para definição do momento da lesão
nos casos de doença profissional ou do trabalho.

RPPS

O termo inicial do prazo prescricional para ajuizamento da ação de


indenização contra o Estado em razão da demora na concessão da
aposentadoria de servidor público conta-se a partir do seu deferimento.
STJ. 1ª Turma. REsp 1.840.570-RS, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado
em 16/11/2021 (Info 720).

A promoção por acesso de servidor a classe distinta na carreira não


representa ascensão a cargo diverso daquele em que já estava efetivado,
de modo que, para fins de aposentadoria, o prazo mínimo de cinco anos
no cargo efetivo, exigido pelo artigo 40, § 1º, inciso III, da Constituição
Federal, na redação da Emenda Constitucional 20/1998, e pelos artigos 6º
da Emenda Constitucional 41/2003 e 3º da Emenda Constitucional
47/2005, não recomeça a contar pela alteração de classe. STF. Plenário. RE
1322195/SP, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 1º/4/2022 (Repercussão Geral
– Tema 1207) (Info 1049).

PROCESSO JUDICIAL PREVIDENCIÁRIO

A reforma da decisão que tutela provisória obriga o autor da ação a


devolver os valores dos benefícios previdenciários ou assistenciais
recebidos, o que pode ser feito por meio de desconto em valor que não
exceda 30% (trinta por cento) da importância de eventual benefício que
ainda lhe estiver sendo pago. Pet 12.482-DF, Rel. Min. Og Fernandes,
Primeira Seção, por unanimidade, julgado em 11/05/2022. ( Tema 692)

Não é possível inviabilizar o pedido de concessão do benefício


previdenciário ou de seu restabelecimento em razão do transcurso de
quaisquer lapsos temporais - seja decadencial ou prescricional.
AgInt no REsp 1.805.428-PB , Rel. Min. Manoel Erhardt (Desembargador
convocado do TRF5), Primeira Turma, por unanimidade, julgado em
17/05/2022.

 ampliar as hipóteses sujeitas ao prazo decadencial, quais sejam:


revisão do ato de concessão; indeferimento, cancelamento ou
cessação do benefício previdenciário; e do ato de deferimento,
indeferimento ou não concessão de revisão de benefício
previdenciário.
 O Supremo Tribunal Federal, por apertada maioria, na ADI
6.096/DF, da relatoria do eminente Ministro Edison Fachin, na
assentada de 13/10/2020, julgou parcialmente procedente o
pedido, declarando a inconstitucionalidade do art. 24 da Lei n.
13.846/2019 na parte que deu nova redação ao art. 103 da Lei n.
8.213/1991, isso porque a decisão administrativa que indefere o
pedido de concessão ou que cancela ou cessa o benefício antes
concedido nega o benefício em si considerado, de forma que,
inviabilizada a rediscussão da negativa pela parte beneficiária ou
segurada, repercute também sobre o direito material à concessão
do benefício a decadência ampliada pelo dispositivo.
 nas causas em que se pretende a concessão inicial de benefício de
caráter previdenciário, inexistindo negativa expressa e formal da
Administração, não há falar em prescrição do fundo de direito, nos
termos do art. 1º do Decreto-Lei n. 20.910/1932, porquanto a
obrigação é de trato sucessivo,

O segurado tem direito de opção pelo benefício mais vantajoso concedido


administrativamente, no curso de ação judicial em que se reconheceu
benefício menos vantajoso. Em cumprimento de sentença, o segurado
possui o direito à manutenção do benefício previdenciário concedido
administrativamente no curso da ação judicial e, concomitantemente, à
execução das parcelas do benefício reconhecido na via judicial, limitadas à
data de implantação daquele conferido na via administrativa. REsp 1.767.789-
PR, Rel. Min. Herman Benjamin, Primeira Seção, por unanimidade, julgado
em 08/06/2022. (Tema 1018)

 A boa-fé do segurado e o erro administrativo na análise concessória


permitem-lhe a opção por um dos benefícios, o que não seria
possível em situação corriqueira de pedido de nova aposentadoria.

CUSTEIO

As contribuições previdenciárias não recolhidas no momento oportuno


sofrerão o acréscimo de multa e de juros apenas quando o período a ser
indenizado for posterior à edição da Medida Provisória n. 1.523/1996
(convertida na Lei n. 9.528/1997).
REsp 1.914.019-SC, Rel. Min. Og Fernandes, Primeira Seção, por unanimidade,
julgado em 11/05/2022. (Tema 1103)

apenas a partir de 11/10/1996, quando foi editada a Medida Provisória n.


1.523/1996 (posteriormente convertida na Lei n. 9.528/1997), é que foi
acrescentado o § 4º ao artigo 45 da Lei n. 8.212/1991, determinando
expressamente a incidência de juros moratórios de 1% ao mês e multa de
10% sobre os valores apurados.

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR

Nos contratos de mútuo celebrados pelas entidades fechadas de


previdência complementar com seus beneficiários, é ilegítima a cobrança
de juros remuneratórios acima do limite legal, autorizada a capitalização
de juros somente na periodicidade anual, desde que pactuada, após a
entrada em vigor do Código Civil de 2002. REsp 1.854.818-DF, Rel. Min. Maria
Isabel Gallotti, Rel. Acd. Min. Marco Buzzi, Quarta Turma, por maioria,
julgado em 07/06/2022.

PROCESSUAL PENAL

INQUÉRITO

Lei estadual pode autorizar que policiais militares e bombeiros militares


lavrem TCO.

AÇÃO PENAL

O ajuizamento de duas ações penais referentes aos mesmos fatos, uma na


duas justiças (comum estadual e eleitoral, por ex), viola a garantia contra
a dupla incriminação. STJ. 5ª Turma. REsp 1.847.488-SP, Rel. Min. Ribeiro
Dantas, julgado em 20/04/2021 (Info 719).

A possibilidade de oferecimento do acordo de não persecução penal é


conferida exclusivamente ao Ministério Público, não cabendo ao Poder
Judiciário determinar ao Parquet que o oferte. RHC 161.251-PR, Rel. Min.
Ribeiro Dantas, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 10/05/2022,
DJe 16/05/2022.

MEDIDAS CAUTELARES E INCIDENTAIS

A teor do art. 4º do Decreto-Lei n. 3.240/1941, o qual foi recepcionado


pela CF/1988, a medida de sequestro para garantir o ressarcimento do
prejuízo causado, bem como o pagamento de eventuais multas e das
custas processuais, pode recair sobre quaisquer bens e não apenas sobre
aqueles que sejam produtos ou proveito do crime, bastando, para tal,
indícios de prática criminosa.

 Desnecessidade que sejam produtos ou proveito do crime.


Desnecessidade de demonstração de periculum in mora (STJ).
 DECRETO-LEI Nº 3.240, DE 8 DE MAIO DE 1941. Sujeita a
sequestro os bens de pessoas indiciadas por crimes de que 
resulta prejuizo para a fazenda pública, e outros
PROVAS

Não configura cerceamento de defesa o fato de não se permitir que o réu


que está preso preventivamente tenha acesso a um notebook na unidade
prisional a fim de examinar as provas que estão nos autos.

 A garantia constitucional à ampla defesa, prevista no art. 5º, LV, da


CF/88, envolve a defesa em sentido técnico (defesa técnica),
realizada pelo advogado, e a defesa em sentido material
(autodefesa), por meio de qualquer atividade defensiva
desenvolvida pelo próprio acusado, em especial durante seu
interrogatório. Contudo, no caso, a restrição ao ingresso de
notebook na unidade prisional justificava-se pelo risco de ofensa à
segregação prisional.

As irregularidades constantes da cadeia de custódia devem ser sopesadas


pelo magistrado com todos os elementos produzidos na instrução, a fim
de aferir se a prova é confiável. STJ. 6ª Turma. HC 653.515-RJ, Rel. Min.
Laurita Vaz, Rel. Acd. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 23/11/2021
(Info 720).

 (break on the chain of custody) ou do descumprimento formal de


uma das exigências feitas pelo legislador.
 Em caso afirmativo, deve a defesa comprovar efetivo prejuízo, para
que a nulidade seja reconhecida (à luz da máxima pas de nulitté
sans grief)? Ou deve o juiz aferir se a prova é confiável de acordo
com todos os elementos existentes nos autos, a fim de identificar se
eles são capazes de demonstrar a sua autenticidade e a sua
integridade?
 Debe analisar de acordo com o contexto dos autos.

O MP pode requerer diretamente que a Apple, Google etc guardem os


registros de acesso a aplicações de internet ou registros de conexão de
pessoas investigadas enquanto se aguarda pedido de quebra de sigilo de
dados Importante!!! STJ. 6ª Turma. HC 626.983-PR, Rel. Min. Olindo
Menezes (Desembargador Convocado do TRF da 1ª Região), julgado em
08/02/2022 (Info 724).
A desconformidade ao regime procedimental determinado no art. 226 do
CPP deve acarretar a nulidade do ato e sua desconsideração para fins
decisórios, justificando-se eventual condenação somente se houver
elementos independentes para superar a presunção de inocência. STF. 2ª
Turma. RHC 206846/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 22/2/2022
(Info 1045).

É inválido o reconhecimento pessoal realizado em desacordo com o


modelo do art. 226 do CPP, o que implica a impossibilidade de seu uso
para lastrear juízo de certeza da autoria do crime, mesmo que de forma
suplementar. STJ. 6ª Turma. HC 712.781-RJ, Rel. Min. Rogerio Schietti
Cruz, julgado em 15/03/2022 (Info 730)

A violação de domicílio com base no comportamento suspeito do


acusado, que empreendeu fuga ao ver a viatura policial, não autoriza a
dispensa de investigações prévias ou do mandado judicial para a entrada
dos agentes públicos na residência. STJ. 6ª Turma. HC 695.980-GO, Rel.
Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado em 22/03/2022 (Info 730).

Não é possível a quebra de sigilo de dados informáticos estáticos


(registros de geolocalização) nos casos em que haja a possibilidade de
violação da intimidade e vida privada de pessoas não diretamente
relacionadas à investigação criminal. STJ. 5ª Turma. RMS 68.119-RJ, Rel.
Min. Jesuíno Rissato (Desembargador convocado do TJDFT), julgado em
15/03/2022 (Info 730).

Admitir a entrada na residência especificamente para efetuar uma prisão


não significa conceder um salvo-conduto para que todo o seu interior seja
vasculhado indistintamente, em verdadeira pescaria probatória (fishing
expedition), sob pena de nulidade das provas colhidas por desvio de
finalidade. STJ. 6ª Turma. HC 663.055-MT, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz,
julgado em 22/03/2022 (Info 731).

Pode configurar crime previsto na lei de abuso de autoridade (art. 22)


É ilegal o encerramento do interrogatório do paciente que se nega a
responder aos questionamentos do juiz instrutor antes de oportunizar as
indagações pela defesa. HC 703.978-SC, Rel. Min. Olindo Menezes
(Desembargador convocado do TRF 1ª Região), Sexta Turma, por
unanimidade, julgado em 05/04/2022, DJe 07/04/2022.

No caso em que o reconhecimento fotográfico na fase inquisitorial não


tenha observado o procedimento legal, mas a vítima relata o delito de
forma que não denota riscos de um reconhecimento falho, dá-se ensejo
a distinguishing quanto ao acórdão do HC 598.886/SC, que invalida qualquer
reconhecimento formal - pessoal ou fotográfico - que não siga
estritamente o que determina o art. 226 do CPP. REsp 1.969.032-RS, Rel. Min.
Olindo Menezes (Desembargador convocado do TRF da 1ª Região), Sexta
Turma, por unanimidade, julgado em 17/05/2022, DJe 20/05/2022.

SIGILO BANCÁRIO

Não houve violação ilícita do sigilo de dados bancários. Isso porque


não eram informações bancárias sigilosas relativas à pessoa do
investigado, mas sim movimentações financeiras da própria instituição.
Além disso, após o recebimento da notícia-crime, o Ministério
Público requereu ao juízo de primeiro grau a quebra do sigilo bancário e o
compartilhamento pelo Banco de todos os documentos relativos à
apuração, o que foi deferido, havendo, portanto, autorização judicial.
Desse modo, as alegadas informações sigilosas não são os dados
bancários do investigado, e sim as informações e registros relacionados à
sua atividade laboral como funcionário do Banco. STJ. 6ª Turma. RHC
147.307-PE, Rel. Min. Olindo Menezes (Desembargador convocado do TRF
1ª Região), julgado em 29/03/2022 (Info 731).

É ilegal a requisição, sem autorização judicial, de dados fiscais pelo


Ministério Público Importante!!! STJ. 3ª Seção. RHC 83.233-MG, Rel. Min.
Sebastião Reis Júnior, julgado em 09/02/2022 (Info 724).

 Ao julgar o Tema 990, o STF afirmou que é legítimo que a Receita


Federal compartilhe o procedimento fiscalizatório que ela realizou
para apuração do débito tributário com os órgãos de persecução
penal para fins criminais (Polícia Federal, Ministério Público etc.),
não sendo necessário, para isso, prévia autorização judicial (STF.
Plenário. RE 1.055.941/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em
4/12/2019).
 Por outro lado, neste julgado, o STF não autorizou que o Ministério
Público faça a requisição direta (sem autorização judicial) de dados
fiscais, para fins criminais. Ex: requisição da declaração de imposto
de renda. A requisição ou o requerimento, de forma direta, pelo
órgão da acusação à Receita Federal, com o fim de coletar indícios
para subsidiar investigação ou instrução criminal, além de não ter
sido satisfatoriamente enfrentada no julgamento do RE
1.055.941/SP, não se encontra abarcada pela tese firmada no
âmbito da repercussão geral em questão.

INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA.

Admite-se o uso da motivação per relationem para justificar a quebra do


sigilo das comunicações telefônicas.
No entanto, as decisões que deferem a interceptação telefônica e
respectiva prorrogação devem prever, expressamente, os fundamentos da
representação que deram suporte à decisão - o que constituiria meio apto
a promover a formal incorporação, ao ato decisório, da motivação
reportada como razão de decidir - sob pena de ausência de fundamento
idôneo para deferir a medida cautelar. STJ. 6ª Turma. HC 654.131-RS, Rel.
Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 16/11/2021 (Info 723).

 Caso concreto: o juízo disponibilizou acesso integral aos arquivos


digitais com os áudios das interceptações telefônicas. Ocorre que a
defesa pediu para ter acesso aos arquivos do sistema Vigia,
software utilizado pelas companhias de telefonia para viabilizar os
procedimentos de interceptação telefônica autorizados pela Justiça
no curso de investigações criminais.
 O pedido se fundou em alegada quebra de cadeia de custódia da
prova, cuja comprovação, segundo a defesa, depende de acesso aos
dados armazenados pelas operadoras de telefonia no mencionado
sistema. A Lei nº 9.296/96 exige apenas que se confira às partes
acesso aos diálogos interceptados. No caso concreto, os elementos
de prova estão disponíveis para a defesa, de maneira que não se
pode falar em vício por ser um formato de arquivo preferível a
outro.
 A disponibilização dos arquivos com os diálogos interceptados supre
a demanda da defesa quanto ao acesso do conteúdo das
interceptações, em observância às garantias constitucionais no
âmbito do processo penal democrático, não sendo viável a
imposição de ônus ao Estado quanto à conversão dos arquivos
digitais contendo os elementos de prova para o formato mais
conveniente para a defesa.

O reconhecimento do vício depende de demonstração concreta do


prejuízo suportado pela parte, o que não ocorreu no caso sob exame. A
alegação de quebra de cadeia de custódia é feita de forma genérica e,
portanto, não traz elementos que permitam vislumbrar qualquer
ocorrência que comprometa a idoneidade das provas. STJ. 5ª Turma. AgRg
no RHC 155.813-PE, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em
15/02/2022 (Info 731).

A interceptação telefônica pode ser renovada sucessivamente se a


decisão judicial inicial e as prorrogações forem fundamentadas, com
justificativa legítima, mesmo que sucinta, a embasar a continuidade das
investigações. STF. Plenário. RE 625263/PR, Rel. Min. Gilmar Mendes,
redator do acórdão Min. Alexandre de Moraes, julgado em 11/5/2021
(Repercussão Geral – Tema 661) (Info 1047).

A gravação ambiental em que advogados participam do ato, na presença


do inquirido e dos representantes do Ministério Público, inclusive se
manifestando oralmente durante a sua realização, ainda que clandestina
ou inadvertida, realizada por um dos interlocutores, não configura crime,
escuta ambiental, muito menos interceptação telefônica.
HC 662.690-RJ, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, Quinta Turma, por unanimidade,
julgado em 17/05/2022.

SUJEITOS PROCESSUAIS

A hipótese excepcional do art. 256 do CPP somente pode ser reconhecida


se o magistrado ou o Tribunal, atendendo a elevado ônus argumentativo,
demonstrar de maneira inequívoca que o excipiente provocou
dolosamente a suspeição. AREsp 2.026.528-MG, Rel. Min. Ribeiro Dantas,
Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 07/06/2022.

Exceção de suspeição. Inimizade entre juiz e advogado reconhecida pelo


próprio excepto e pelo tribunal de origem em determinados processos,
porém rejeitada em outros. Incoerência que ofende o art. 926 do CPC.
Inaplicabilidade do art. 256 do CPP. Simples habilitação de advogado rival
do magistrado como defensor de um dos réus. Prerrogativa conferida ao
causídico pelo art. 7º, I, da Lei n. 8.906/1994. Cabimento da
representação apud acta. Incidência do art. 266 do CPP. Exceção de
suspeição caracterizada.

MEDIDAS CAUTELARES DIVERSAS DA PRISÃO

Não há disposição legal que restrinja o prazo das medidas cautelares


diversas da prisão, as quais podem perdurar enquanto presentes os
requisitos do art. 282 do Código de Processo Penal, devidamente
observadas as peculiaridades do caso e do agente AgRg no HC 737.657-PE, Rel.
Min. Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma, por unanimidade,
julgado em 14/06/2022.

PRISÕES CAUTELARES

AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA

A superveniência da realização da audiência de instrução e julgamento


não torna superada a alegação de ausência de audiência de custódia? Não

Imagine que o indivíduo foi preso em flagrante e não foi realizada a


audiência de custódia. A defesa impetrou sucessivos habeas corpus, mas
os Tribunais não concederam a liberdade ao custodiado. Quando a
questão chegou até o STF, esse indivíduo já tinha sido denunciado e foi
realizado, inclusive, a audiência de instrução. Isso significa que o pedido
de realização da audiência de custódia fica prejudicado?

Diante do empate, a 2ª Turma concedeu parcialmente a ordem de habeas


corpus e determinou ao juiz que realizasse a audiência de custódia, no
prazo de 24 horas, a contar da comunicação do julgamento.

PRISÃO TEMPORÁRIA

A decretação de prisão temporária somente é cabível quando:


(i) for imprescindível para as investigações do inquérito policial;
(ii) (ii) houver fundadas razões de autoria ou participação do
indiciado;
(iii) (iii) for justificada em fatos novos ou contemporâneos;
(iv) (iv) for adequada à gravidade concreta do crime, às
circunstâncias do fato e às condições pessoais do indiciado; e
(v) (v) não for suficiente a imposição de medidas cautelares
diversas. STF. Plenário. ADI 3360/DF e ADI 4109/DF, Rel. Min.
Carmen Lúcia, redator para o acórdão Min. Edson Fachin,
julgados em 11/2/2022 (Info 1043).

PRISÃO PREVENTIVA

Não existe o dever de revisão previsto art. 316, parágrafo único, do CPP,
caso o acusado esteja foragido Importante!!! STJ. 5ª Turma. RHC 153.528-
SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 29/03/2022 (Info 731).

Em conclusão, o art. 316, parágrafo único, do CPP aplica-se: a) até o final


dos processos de conhecimento, onde há o encerramento da cognição
plena pelo Tribunal de segundo grau; b) nos processos onde houver
previsão de prerrogativa de foro. Por outro lado, o art. 316, parágrafo
único, do CPP não se aplica para as prisões cautelares decorrentes de
sentença condenatória de segunda instância ainda não transitada em
julgado. STF. Plenário. ADI 6581/DF e ADI 6582/DF, Rel. Min. Edson Fachin,
redator do acórdão Min. Alexandre de Moraes, julgados em 8/3/2022
(Info 1046).

SENTENÇA E NULIDADES

É nulo o processo em que não houve a intimação e a intervenção do MP


em primeiro grau de jurisdição, apesar da presença de parte com
enfermidade psíquica grave e cujos legitimados para pedir a interdição
possuem conflitos de interesses. STJ. 3ª Turma. REsp 1.969.217-SP, Rel.
Min. Nancy Andrighi, julgado em 08/03/2022 (Info 729).

O art. 178, II, do CPC, ao prever a necessidade de intervenção no processo


que envolva interesse de incapaz, não se refere apenas ao juridicamente
incapaz (legal ou judicialmente declarado como tal). Essa regra abrange,
igualmente, o faticamente incapaz. Assim, ainda que a autora não
estivesse declarada formalmente como incapaz, como isso já era alegado
na petição inicial, era indispensável a intimação do MP.
2) A ausência de intimação do MP em 1º grau de jurisdição causou
prejuízo concreto porque o Parquet poderá ter promovido pedido para a
interdição da autora.
3) Em regra, se houve a intervenção do Ministério Público em 2º grau,
essa participação já supre a falta de intimação do Parquet no 1º grau de
jurisdição. No entanto, caso concreto, a intervenção desde o início se fazia
necessária não apenas para a efetiva participação do Parquet na fase
instrutória (por exemplo, requerendo diligências para melhor elucidar a
situação econômica dos filhos e a suposta impossibilidade de prestar
auxílio à mãe), mas também para, se necessário, propor a ação de
interdição apta a, em tese, influenciar decisivamente o desfecho desta
ação.

Inexiste nulidade na desconsideração do rol de testemunhas quando


apresentado fora da fase estabelecida no art. 396-A do Código de
Processo Penal. AgRg no RHC 161.330-RS, Rel. Min. Reynaldo Soares da
Fonseca, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 05/04/2022, DJe
08/04/2022.

AÇÕES AUTÔNOMAS DE IMPUGNAÇÃO

HC

A superveniência de sentença condenatória não tem o condão de


prejudicar habeas corpus que analisa tese defensiva de que teria havido
quebra da cadeia de custódia da prova, ocorrida ainda na fase inquisitorial
e empregada como justa causa para a própria ação penal. STJ. 6ª Turma.
HC 653.515-RJ, Rel. Min. Laurita Vaz, Rel. Acd. Min. Rogerio Schietti Cruz,
julgado em 23/11/2021 (Info 720).

EXECUÇÃO PENAL

Não há como se reconhecer excesso de prazo no julgamento do


Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas 0008770-
65.2021.8.17.9000 instaurado pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco,
quando não extrapolado o prazo estipulado no art. 980 do CPC, assim
como não há ilegalidade na suspensão dos recursos que versam sobre o
cômputo em dobro de pena dos presos no Complexo do Curado até a
resolução do Incidente.
A instauração de Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas
pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco, assim como a suspensão dos
recursos que versam sobre o cômputo em dobro de pena dos presos no
Complexo do Curado até a resolução do Incidente, não consubstanciam
recalcitrância em cumprir a Resolução de 28/11/2018 da Corte
Interamericana de Direitos Humanos, nem tampouco desafiam o
entendimento exarado pelo STJ no HC 136.961/RJ.
Existindo divergência entre as Varas de Execuções Penais de
Pernambuco sobre a aplicação da medida provisória emanada da Corte
Interamericana de Direitos Humanos - CIDH em relação a temas
relacionados a aspectos práticos da forma cômputo do prazo em dobro, a
futura deliberação a ser exarada no IRDR garantirá tratamento isonômico
aos presos no Complexo do Curado, assim como segurança jurídica que
deflui da prolação de decisões harmônicas sobre o tema. STJ. 5ª Turma.
AgRg no HC 708.653-PE, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em
15/03/2022 (Info 731).

Sobrevindo condenação por pena privativa de liberdade no curso da


execução de pena restritiva de direitos, as penas serão objeto de
unificação, com a reconversão da pena alternativa em privativa de
liberdade, ressalvada a possibilidade de cumprimento simultâneo aos
apenados em regime aberto e vedada a unificação automática nos casos
em que a condenação substituída por pena alternativa é superveniente.
REsp 1.918.287-MG, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Rel. Acd. Min. Laurita Vaz,
Terceira Seção, por maioria, julgado em 27/04/2022. (Tema 1106)

PROCESSUAL CIVIL

JURISDIÇÃO

Não é aceitável que a parte provoque a manifestação do juízo arbitral e,


depois de obter o pronunciamento acerca da matéria, venha a pleitear a
nulidade da decisão ao argumento de que não poderia ter enfrentado o
tema.

COMPETÊNCIA

É ilegal e inaplicável Resolução do Tribunal de Justiça que atribui


competência exclusiva para as ações propostas contra a Fazenda Pública
em desconformidade com as regras processuais previstas na legislação
federal. Teses fixadas
 Tese 1: Prevalecem sobre quaisquer outras normas locais, primárias
ou secundárias, legislativas ou administrativas, as seguintes
competências de foro:
a) i) em regra, do local do dano, para ação civil pública (art. 2º da
Lei nº 7.347/85);
b) ii) ressalvada a competência da Justiça Federal, em ações
coletivas, do local onde ocorreu ou deva ocorrer o dano de
impacto restrito, ou da capital do estado, se os danos forem
regionais ou nacionais, submetendo-se ainda os casos à regra
geral do CPC, em havendo competência concorrente (art. 93, I e
II, do CDC).
 Tese 2: São absolutas as competências:
a) i) da Vara da Infância e da Juventude do local onde ocorreu ou
deva ocorrer a ação ou a omissão, para as causas individuais ou
coletivas arroladas no ECA, inclusive sobre educação e saúde,
ressalvadas a competência da Justiça Federal e a competência
originária dos tribunais superiores (arts. 148, IV, e 209 da Lei nº
8.069/90 e Tese nº 1.058/STJ);
b) ii) do local de domicílio do idoso nas causas individuais ou
coletivas versando sobre serviços de saúde, assistência social ou
atendimento especializado ao idoso portador de deficiência,
limitação incapacitante ou doença infectocontagiosa,
ressalvadas a competência da Justiça Federal e a competência
originária dos tribunais superiores (arts. 79 e 80 da Lei nº
10.741/2003 e 53, III, e, do CPC/2015);
c) iii) do Juizado Especial da Fazenda Pública, nos foros em que
tenha sido instalado, para as causas da sua alçada e matéria (art.
2º, § 4º, da Lei nº 12.153/2009);
d) iv) nas hipóteses do item (iii), faculta-se ao autor optar
livremente pelo manejo de seu pleito contra o estado no foro de
seu domicílio, no do fato ou ato ensejador da demanda, no de
situação da coisa litigiosa ou, ainda, na capital do estado,
observada a competência absoluta do Juizado, se existente no
local de opção (art. 52, parágrafo único, do CPC/2015, c/c o art.
2º, § 4º, da Lei nº 12.153/2009).
 Tese C) A instalação de vara especializada não altera a competência
prevista em lei ou na Constituição Federal. nos termos da Súmula n.
206/STJ (“A existência de vara privativa, instituída por lei estadual,
não altera a competência territorial resultante das leis de
processo.”).
a)

Existindo interesse jurídico da União no feito, na condição de assistente


simples, a competência afigura-se da Justiça Federal, conforme prevê o
art. 109, I, da Constituição da República, motivo pelo qual compete ao
Tribunal Regional Federal o julgamento de embargos de declaração
opostos contra acórdão proferido pela Justiça Estadual. STJ. Corte
Especial. EREsp 1.265.625-SP, Rel. Min. Francisco Falcão, julgado em
30/03/2022 (Info 731).

 Havendo assistência simples da União em qualquer momento do


processo, os autos irão da JE para a JF.

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

Nos casos em que o acolhimento da pretensão não tenha correlação com


o valor da causa ou não permita estimar eventual proveito econômico, os
honorários de sucumbência devem ser arbitrados, por apreciação
equitativa (§ 8º do art. 85) porque a situação não se enquadra nas
hipóteses do § 2º do art. 85 do CPC. STJ. 3ª Turma. REsp 1.885.691-RS,
Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, jugado em 26/10/2021 (Info 717).

É cabível a pactuação da verba honorária contratual no bojo do próprio


instrumento de mandato. STJ. 1ª Turma. REsp 1.818.107-RJ, Rel. Min.
Sérgio Kukina, julgado em 07/12/2021 (Info 721).

Nas sentenças que reconheçam o direito à cobertura de tratamento


médico e ao recebimento de indenização por danos morais, os honorários
advocatícios sucumbenciais incidem sobre as condenações ao pagamento
de quantia certa e à obrigação de fazer. EAREsp 198.124-RS, Rel. Min.
Ricardo Villas Bôas Cueva, Segunda Seção, por unanimidade, julgado em
27/04/2022, DJe 11/05/2022.

Verificada a existência de sucumbência recíproca, os honorários e ônus


decorrentes devem ser distribuídos adequada e proporcionalmente,
levando-se em consideração o grau de êxito de cada um dos envolvidos,
bem como os parâmetros dispostos no art. 85, § 2º, do CPC/2015. EDcl no
AgInt nos EDcl no AREsp 1.553.027-RJ, Rel. Min. Marco Buzzi, Quarta
Turma, por unanimidade, julgado em 03/05/2022, DJe 06/05/2022.
A jurisprudência do STJ, à luz da previsão contida no art.
85, § 2º, do CPC/2015, dispõe que a fixação dos honorários
advocatícios deve seguir a seguinte ordem de preferência:
(I) quando houver condenação, devem ser fixados
entre 10% e 20% sobre o montante desta (art. 85,
§ 2º);
(II) (II) não havendo condenação, serão também
fixados entre 10% e 20%, das seguintes bases de
cálculo:
(II.a) sobre o proveito econômico obtido pelo
vencedor (art. 85, § 2º); ou
(II.b) não sendo possível mensurar o proveito
econômico obtido, sobre o valor atualizado da causa
(art. 85, § 2º); por fim,
(III) (III) havendo ou não condenação, nas causas em
que for inestimável ou irrisório o proveito
econômico ou em que o valor da causa for muito
baixo, deverão, só então, ser fixados por apreciação
equitativa (art. 85, § 8º).

Nas hipóteses de julgamento parcial, como ocorre na decisão que exclui


um dos litisconsortes passivos sem por fim a demanda, os honorários
devem observar proporcionalmente a matéria efetivamente apreciada.
REsp 1.760.538-RS, Rel. Min. Moura Ribeiro, Terceira Turma, por
unanimidade, julgado em 24/05/2022, DJe 26/05/2022.

 Enunciado n. 5 da I Jornada de Direito Processual Civil, realizada


pelo CJF entre 24 e 25 de agosto de 2017, estabeleceu: Ao proferir
decisão parcial de mérito ou decisão parcial fundada no art. 485 do
CPC, condenar-se-á proporcionalmente o vencido a pagar
honorários ao advogado do vencedor, nos termos do art. 85 do CPC.
 os honorários advocatícios sucumbenciais, nos casos de decisões
parciais de mérito, devem observar a parcela da pretensão decidida
antecipadamente.
  se a cada decisão de extinção parcial sem julgamento de mérito, os
honorários fossem fixados no mínimo em 10% sobre o valor da
causa, ao final do processo, a verba honorária total seria
equivalente a no mínimo 30% sobre o valor da causa, o que
claramente violaria o art. 85, § 2º, do CPC.
Mesmo que o valor da condenação, o valor da causa ou o valor do
proveito econômico sejam elevados, os honorários advocatícios devem
ser fixados segundo os percentuais dos §§ 2º e 3º do art. 85 do CPC, não
sendo caso de fixação por equidade. STJ. Corte Especial. REsp 1.850.512-
SP, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 16/03/2022 (Recurso Repetitivo –
Tema 1076) (Info 730).

I) A fixação dos honorários por apreciação equitativa não é


permitida quando os valores da condenação, da causa ou o
proveito econômico da demanda forem elevados. É obrigatória
nesses casos a observância dos percentuais previstos nos §§ 2º
ou 3º do art. 85 do CPC - a depender da presença da Fazenda
Pública na lide -, os quais serão subsequentemente calculados
sobre o valor:
a) da condenação; ou
b) do proveito econômico obtido; ou
c) do valor atualizado da causa.
II) Apenas se admite arbitramento de honorários por equidade
quando, havendo ou não condenação:
a) o proveito econômico obtido pelo vencedor for inestimável ou
irrisório; ou
b) o valor da causa for muito baixo.

O termo inicial dos juros de mora incidentes sobre os honorários


sucumbenciais dá-se no dia seguinte ao transcurso do prazo recursal,
ainda que interposto recurso manifestamente intempestivo. STJ. 3ª
Turma. REsp 1.984.292-DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em
29/03/2022 (Info 731).

ATOS PROCESSUAIS

A prerrogativa de prazo em dobro para as manifestações processuais


também se aplica aos escritórios de prática jurídica de instituições
privadas de ensino superior. REsp 1.986.064-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi,
Corte Especial, por unanimidade, julgado em 01/06/2022, DJe
08/06/2022.

TUTELA PROVISÓRIA
Qual é o termo inicial para a contagem do prazo de 30 dias previsto no
art. 308 do CPC para formulação do pedido principal na hipótese em que a
tutela cautelar é cumprida de forma parcial?

 A contagem do prazo de 30 (trinta) dias previsto no art. 308 do


CPC/2015 para formulação do pedido principal se inicia na data em
que for totalmente efetivada a tutela cautelar.

AÇÕES AUTÔNOMAS DE IMPUGNAÇÃO

RECLAMAÇÃO

A Reclamação com base na alegação de descumprimento de decisão


proferida pelo STJ em caso concreto independe, para sua admissibilidade,
da publicação do acórdão impugnado ou do juízo de retratação previsto
no art. 1.030, II, do CPC. STJ. 1ª Seção. Rcl 41.894-SP, Rel. Min. Herman
Benjamin, julgado em 24/11/2021 (Info 720).

 Situação adaptada: o STJ, ao julgar o recurso especial interposto


pela autora em um caso concreto, reconheceu o nexo causal entre a
conduta da ré e dano e determinou que o processo retornasse ao TJ
para julgar a ação de indenização com base nessa premissa. OTJ,
contudo, voltou a dizer que não havia nexo de causalidade. Cabe
reclamação contra essa decisão, sem que seja necessário interpor
outro recurso especial, sem necessidade de garantir a possibilidade
de juízo de retratação por parte do TJ e mesmo antes do acórdão do
TJ ser publicado

É cabível condenação em honorários advocatícios no julgamento de


reclamação indeferida liminarmente na qual a parte comparece
espontaneamente para apresentar defesa. STJ. 2ª Seção. Rcl 41.569-DF,
Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 09/02/2022 (Info 724).

 Importante!!! ODS 16 A parte ingressou com reclamação e o relator


indeferiu liminarmente a petição inicial. Neste caso, não caberia
honorários advocatícios considerando que não houve angularização.
 Ocorre que o reclamante decidiu recorrer contra a decisão. Foi aí
que o reclamado (beneficiário) compareceu espontaneamente nos
autos apresentando contrarrazões. Sendo a decisão de
indeferimento mantida, o reclamante deverá ser condenado a pagar
honorários?
 Assim, na hipótese de indeferimento inicial da reclamação, é firme a
jurisprudência do STJ no sentido de que a relação processual não se
aperfeiçoou, não sendo cabível a condenação em honorários.
 É preciso diferenciar, porém, o simples indeferimento da inicial
daquelas situações em que o reclamante ingressa com recurso
contra a decisão que indefere a petição inicial ou contra a que julga
o pedido improcedente liminarmente.
 Uma vez interposto recurso contra decisão que liminarmente
indeferiu a petição inicial, não sendo o caso de reconsideração, o
beneficiário que comparecer aos autos, apresentando
contrarrazões, faz jus ao recebimento de honorários advocatícios.

PROCESSO NOS TRIBUNAIS

IRDR

O recurso especial, no âmbito do julgamento do IRDR, sob a ótica do


conceito constitucional de "causas decididas" previsto no art. 105, III, da
Constituição Federal, pode ser interposto contra o acórdão que fixa a tese
jurídica (ou naquele que revisa a tese jurídica fixada) em abstrato ou
contra o acórdão que aplica a tese fixada e julga o caso concreto?

Não cabe recurso especial contra acórdão proferido pelo Tribunal de


origem que fixa tese jurídica em abstrato em julgamento do IRDR, por
ausência do requisito constitucional de cabimento de "causa decidida",
mas apenas naquele que aplique a tese fixada, que resolve a lide, desde
que observados os demais requisitos constitucionais do art. 105, III, da
Constituição Federal e dos dispositivos do Código de Processo Civil que
regem o tema. REsp 1.798.374-DF, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, Corte
Especial, por unanimidade, julgado em 18/05/2022.

 embora o artigo 987 do CPC estabeleça que do


"julgamento do mérito do incidente caberá recurso
extraordinário ou especial, conforme o caso", as
hipóteses de cabimento dos recursos excepcionais
estão previstas, exclusivamente, no âmbito da
Constituição Federal. Portanto, o simples fato de
existir acórdão de mérito proferido em IRDR não
significa dizer que cabe recurso especial sem a
necessidade de observância dos requisitos
constitucionais, ou seja, não podem ser mitigados pela
legislação infraconstitucional (Código de Processo
Civil), sob pena de eventual interpretação
inconstitucional do referido dispositivo.
 O ponto é relevante a partir do momento que se torna
necessário compreender a natureza jurídica do IRDR e
a forma como que é julgado pelo Tribunal de origem.
Deveras, respeitando as opiniões contrárias, ainda que
o instituto seja relativamente recente em nosso
ordenamento civil, parece ser razoável afirmar que o
IRDR não é um recurso, mas um incidente no processo
que adota técnica de julgamento aplicada no âmbito
do Tribunal de origem, que visa estabelecer
racionalidade, isonomia e segurança jurídica no
julgamento para determinada tese jurídica para
aplicação em processos idênticos repetitivos.
 Entretanto, a tese jurídica fixada em tese ou abstrato
no julgamento do IRDR, ainda que no âmbito da
interpretação de norma infraconstitucional federal, não
pode ser considerada como causa decidida, o que
somente ocorreria com a aplicação da referida tese
jurídica ao caso selecionado para o julgamento ou na
aplicação nas causas em andamento/sobrestadas
(caso concreto) que versem sobre o tema repetitivo
julgado no referido incidente.

 No âmbito do julgamento do IRDR pelo Tribunal de


origem, nos termos do parágrafo único do art. 978
do CPC, o órgão julgador que julgar o IRDR será
competente para, além de fixar a tese jurídica em
abstrato, julgar o caso concreto contido no recurso,
na remessa necessária ou no processo de
competência originária que originou o referido
incidente.
 A partir dessa premissa é possível estabelecer alguns
desdobramentos: 1) o órgão julgador fixa a tese
jurídica em abstrato e julga o caso concreto contido
no processo selecionado; 2) na hipótese de
desistência no processo que deu origem ao IRDR
(art. 987, § 1º, do CPC), o julgamento terá
prosseguimento no órgão julgador responsável, no
qual será apenas fixada a tese jurídica do IRDR em
abstrato (a tese jurídica será aplicada aos demais
processos sobrestados que envolvam matéria
idêntica, mas não mais no processo selecionado); 3)
no pedido de revisão da tese jurídica fixada no IRDR,
o qual equivaleria ao pedido de instauração do
incidente (art. 986 do CPC), o Órgão Julgador
apenas analisa a manutenção das teses jurídicas
fixadas em abstrato, sem qualquer vinculação a
qualquer caso concreto (ao menos no exemplo ora
analisado).
 Na primeira hipótese (1), o Órgão Julgador
competente, após fixar a tese jurídica, julga o caso
concreto selecionado para funcionar como causa-
piloto e decide o processo ao aplicar ao caso
concreto as premissas fixadas no IRDR. Em tal
exemplo, é razoável admitir o cabimento do recurso
especial da parte do acórdão que aplica a tese
jurídica fixada no caso concreto que serviu como
causa-piloto, bem como nos casos sobrestados que
aguardavam o julgamento do IRDR. Evidente que,
para evitar o imenso volume de recursos especiais
dirigidos ao STJ, nada impede que o Tribunal local
selecione processos e envie para o julgamento sob o
rito dos recursos repetitivos, na sistemática prevista
nos arts. 1.036/1.041 do CPC, sendo perfeitamente
possível a determinação de sobrestamento dos
demais processos idênticos até a fixação da tese
pela referida Corte Superior.
 Nas duas últimas hipóteses (itens 2 e 3), não há
julgamento de causa em concreto, mas apenas
acórdão da fixação da tese em abstrato (hipóteses
de desistência ou revisão da tese em IRDR), o que
afasta o cabimento do recurso especial em razão da
inexistência do requisito constitucional de "causas
decididas".
 Outrossim, é importante observar uma das principais
diferenças no julgamento do IRDR e do recurso
especial repetitivo. No recurso especial repetitivo não
há cisão cognitiva, pois, em regra, o STJ julga o (s)
processo (s) selecionado (s), diante dos fatos e provas
delimitados no acórdão recorrido, das teses
prequestionadas pelo Tribunal de origem contidas no
recurso especial e fixa tese jurídica extraída do caso
concreto, ou seja, não há julgamento em abstrato da
interpretação da lei federal.

 Aliás, o debate sobre eventual cabimento de


objetivação no âmbito do recurso especial repetitivo
já ocorreu em diversas hipóteses e diferentes
julgamentos no âmbito das Seções e da Corte
Especial do STJ, sempre prevalecendo a orientação
de que não cabe julgamento em abstrato no âmbito
do recurso especial repetitivo, mas apenas o
julgamento da lide, de um caso concreto.
 A admissão de ideia em sentido contrário, da
possibilidade de julgamento em tese de temas
infraconstitucionais, embora seja absolutamente
interessante do ponto de vista teórico ou acadêmico,
significaria estabelecer uma quebra absoluta do
modelo de julgamento de recursos especiais
repetitivos no STJ e, salvo melhor juízo, seria de
duvidosa constitucionalidade.
 C

RECURSOS

APELAÇÃO

A ausência de assinatura na petição de ratificação do recurso de apelação


interposto prematuramente não o torna inexistente, mas revela
irregularidade formal que pode ser sanada pela parte peticionante, nos
termos do art. 13 do CPC/1973. STJ. 1ª Turma. REsp 1.712.851-PA, Rel.
Min. Gurgel de Faria, julgado em 14/12/2021 (Info 723).

EXECUÇÃO

O ajuizamento de execução da obrigação de fazer não interrompe o prazo


para a execução da obrigação de pagar.
EXECUÇÃO INDIRETA

ASTRIENTES

CPC/2015: Art. 537 (...) § 3º A decisão que fixa a multa é passível de


cumprimento provisório, devendo ser depositada em juízo, permitido o
levantamento do valor após o trânsito em julgado da sentença favorável à
parte. Desse modo, à luz do CPC/2015, não se aplica a tese firmada no
julgamento do REsp 1.200.856/RS, considerando que o novo CPC inovou
na matéria, permitindo a execução provisória da multa cominatória
mesmo antes da prolação de sentença de mérito. STJ. 3ª Turma. REsp
1.958.679-GO, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 23/11/2021 (Info
719).

Se o débito está garantido apenas parcialmente, não há óbice à


determinação judicial de inclusão do nome do executado em cadastro de
inadimplentes, nos termos do art. 782, § 3º, do CPC. STJ. 3ª Turma. REsp
1953667-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 07/12/2021 (Info 721).

CUMPRIMENTO DE SENTENÇA

Juiz pode, mesmo no cumprimento de sentença de dívidas de natureza


cível, deferir consulta ao CCS-Bacen com o objetivo de apurar a existência
de patrimônio do devedor. STJ. 3ª Turma. REsp 1.938.665-SP, Rel. Min.
Nancy Andrighi, julgado em 26/10/2021 (Info 717).

 O Cadastro de Clientes do Sistema Financeiro Nacional (CSS) é um


sistema informatizado, mantido pelo Banco Central, que mostra
onde os clientes das instituições financeiras possuem contas
correntes, poupanças, depósitos e outros bens, direitos e valores.
 O CSS está previsto no art. 10-A da Lei de Lavagem de Dinheiro

EXECUÇÃO DE PAGAR QUANTIA CERTA

PENHORA

A) É presumido, em regra, o rateio em partes iguais do numerário


mantido em conta corrente conjunta solidária quando inexistente
previsão legal ou contratual de responsabilidade solidária dos correntistas
pelo pagamento de dívida imputada a um deles.

B) Não será possível a penhora da integralidade do saldo existente em


conta conjunta solidária no âmbito de execução movida por pessoa (física
ou jurídica) distinta da instituição financeira mantenedora, sendo
franqueada aos cotitulares e ao exequente a oportunidade de demonstrar
os valores que integram o patrimônio de cada um, a fim de afastar a
presunção relativa de rateio. REsp 1.610.844-BA, Rel. Min. Luis Felipe
Salomão, Corte Especial, por unanimidade, julgado em 15/06/2022. (Tema
IAC 12)

EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA

Para a cessão de crédito em precatório, em regra, não há obrigatoriedade


que se realize por escritura pública. STJ. 1ª Turma. RMS 67.005-DF, Rel.
Min. Sérgio Kukina, julgado em 16/11/2021 (Info 720).

São inconstitucionais os pronunciamentos judiciais que determinam


bloqueios e outros atos de constrição sobre bens e valores da Companhia
de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb) para o pagamento
de verbas trabalhistas. STF. Plenário. ADPF 890 MC-Ref/DF, Rel. Min. Dias
Toffoli, julgado em 26/11/2021 (Info 1039).

PROCESSO COLETIVO

Quando a associação ajuíza ação coletiva, ela precisa juntar aos


autos autorização expressa dos associados para a propositura dessa ação
e uma lista com os nomes de todas as pessoas que estão associadas
naquele momento?
1) em caso de ação coletiva de rito ordinário proposta pela
associação na defesa dos interesses de seus associados: SIM.
A associação, quando ajuíza ação na defesa dos interesses de seus
associados, atua como REPRESENTANTE PROCESSUAL e, por isso, é
obrigatória a autorização individual ou assemblear dos associados.
2) em caso de ação civil pública (ação coletiva proposta na defesa de
direitos difusos, coletivos ou individuais homogêneos): NÃO.
A associação, quando ajuíza ação na defesa de direitos difusos,
coletivos ou individuais homogêneos, atua como SUBSTITUTA
PROCESSUAL e não precisa dessa autorização.

O precedente do STF firmado no RE 573232/SC (Tema 82)


direcionou-se exclusivamente às demandas coletivas em que as
Associações autoras atuam por representação processual, não tendo
aplicação aos casos em que agem em substituição. STJ. 2ª Seção. REsp
1.325.857-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 30/11/2021 (Info
720).

O MP não possui legitimidade para promover a execução coletiva prevista


no art. 98 do CDC (Direitos puramente individuais). STJ. 4ª Turma. REsp
869.583-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 05/06/2012. STJ. 3ª
Turma. REsp 1.801.518-RJ, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado
em 14/12/2021 (Info 722).

Para que a associação tenha legitimidade para promover a execução de


sentença coletiva envolvendo direitos individuais homogêneos é
necessário que esteja presente a situação descrita no art. 100 do CDC, isto
é: passado um ano do trânsito em julgado, a não haver habilitação por
parte dos beneficiários ou haver em número desproporcional. STJ. 3ª
Turma. REsp 1.955.899-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado 15/03/2022
(Info 729).

Em ação coletiva proposta por associação, é imprescindível a autorização


expressa dos associados e a juntada da lista de representados à inicial,
mostrando-se razoável permitir que a parte autora regularize sua
representação processual no caso de ajuizamento de ação coletiva em
momento anterior ao julgamento do RE 573.232/SC, em 14/05/2014. STJ.
1ª Turma. REsp 1.977.830-MT, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em
22/03/2022 (Info 730).

 no RE 573.232/SC, julgado em 14/05/2014, que o STF firmou a tese


de que a associação precisa juntar aos autos autorização expressa
dos associados e a lista com os respectivos nomes. Antes disso,
havia polêmica, mas prevalecia que bastava que o estatuto da
associação contivesse uma autorização. Assim, não se exigia
autorização específica para cada ação proposta.
A parte que foi vencida em ação civil pública não tem o dever de
pagar honorários advocatícios em favor do autor da ação. A justificativa
para isso está no princípio da simetria. Isso porque se o autor da ACP
perder a demanda, ele não irá pagar honorários advocatícios, salvo se
estiver de má-fé (art. 18 da Lei nº 7.347/85). Logo, pelo princípio da
simetria, se o autor vencer a ação, também não deve ter direito de
receber a verba.
Desse modo, em razão da simetria, descabe a condenação em
honorários advocatícios da parte requerida em ação civil pública, quando
inexistente má-fé, de igual sorte como ocorre com a parte autora. Foi o
que restou decidido pela Corte Especial do STJ no EAREsp 962250/SP, Rel.
Min. Og Fernandes, julgado em 15/08/2018.

EXCEÇÃO: se a ação tiver sido proposta associações e fundações


privadas e a demanda tiver sido julgada procedente, neste caso, o
demandado terá sim que pagar honorários advocatícios.
O entendimento do STJ manifestado no EAREsp 962.250/SP não se
deve aplicar a demandas propostas por associações e fundações privadas,
pois, do contrário, barrado de fato estaria um dos objetivos mais nobres
da Lei 7.347/85, qual seja, o viabilizar e ampliar o acesso à justiça para a
sociedade civil organizada. STJ. 3ª Turma. REsp 1.974.436-RJ, Rel. Min.
Nancy Andrighi, julgado em 22/03/2022 (Info 730).

O MP não tem legitimidade ativa para ajuizar ACP objetivando a


restituição de valores indevidamente recolhidos a título de empréstimo
compulsório sobre aquisição de automóveis de passeio e utilitários. STJ. 1ª
Turma. REsp 1.709.093-ES, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em
29/03/2022 (Info 731).

 O Ministério Público não possui legitimidade ativa ad causam para,


em ação civil pública, deduzir em juízo pretensão de natureza
tributária em defesa dos contribuintes, que vise questionar a
constitucionalidade/legalidade de tributo (ARE 694294 RG, Rel. Min.
Luiz Fux, julgado em 25/04/2013. Repercussão Geral – Tema 645).

A legitimidade ativa na ação civil pública das pessoas jurídicas da


administração pública indireta depende da pertinência temática entre
suas finalidades institucionais e o interesse tutelado. STJ. 4ª Turma. REsp
1.978.138-SP, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em 22/03/2022
(Info 731).
O estacionamento de veículo em vaga reservada à pessoa com deficiência
não configura dano moral coletivo. AREsp 1.927.324-SP, Rel. Min. Francisco
Falcão, Segunda Turma, por unanimidade, julgado em 05/04/2022, DJe
07/04/2022.

O Ministério Público possui legitimidade ativa para impetrar Mandado de


Segurança a fim de promover a defesa dos interesses transindividuais e do
patrimônio público material ou imaterial. RMS 67.108-MA, Rel. Min. Herman
Benjamin, Segunda Turma, por unanimidade, julgado em 05/04/2022.

O início da execução de sentença proferida em ação coletiva referente à


obrigação de fazer, em regra, não influi no prazo prescricional da
execução da obrigação de pagar, salvo se reconhecida a dependência na
decisão transitada em julgado ou no juízo da execução. REsp 1.687.306-PB,
Rel. Min. Benedito Gonçalves, Rel. Acd. Min. Gurgel de Faria, Primeira
Turma, por maioria, julgado em 08/03/2022, DJe 07/04/2022.

 a propositura da execução de obrigação de fazer não interrompe a


fluência do prazo prescricional para a propositura da ação executiva
da obrigação de pagar

O juízo de verificação da pertinência temática para a proposição de ações


civis públicas há de ser responsavelmente flexível e amplo, em
contemplação ao princípio constitucional do acesso à justiça, mormente a
considerar-se a máxima efetividade dos direitos fundamentais. AgInt nos EDcl
no REsp 1.788.290-MS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, por
maioria, julgado em 24/05/2022.

 A controvérsia consiste em saber se associações civis


possuem legitimidade para ação civil pública,
objetivando seja a parte ré obrigada a veicular, em
etiquetas, rótulos, bulas e materiais de divulgação de
seus produtos alimentícios a informação "contém
glúten" ou "não contém glúten", sobretudo a partir da
verificação do preenchimento de dois dos requisitos
exigidos para essa espécie: constituição há pelo
menos um ano da data de ajuizamento da demanda
(requisito temporal) e pertinência temática (requisito
material)
 5. A pertinência temática exigida pela legislação, para
a configuração da legitimidade em ações coletivas,
consiste no nexo material entre os fins institucionais
do demandante e a tutela pretendida naquela ação. É
o vínculo de afinidade temática entre o legitimado e o
objeto litigioso, a harmonização entre as finalidades
institucionais dos legitimados e o objeto a ser tutelado
na ação civil pública. 6. Entretanto, não é preciso que
uma associação civil seja constituída para defender em
juízo especificamente aquele exato interesse
controvertido na hipótese concreta. 7. O juízo de
verificação da pertinência temática há de ser
responsavelmente flexível e amplo, em contemplação
ao princípio constitucional do acesso à justiça,
mormente a considerar-se a máxima efetividade dos
direitos fundamentais". (REsp 1357618/DF, Rel.
Ministro Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, julgado
em 26/09/2017, DJe 24/11/2017)

TRIBUTÁRIO

CONSTITUIÇÃO

É constitucional a exclusão dos bens de informática dos incentivos fiscais


previstos para a Zona Franca de Manaus, promovida pela Lei nº 8.387/91.
STF. Plenário. ADI 2399/AM, Rel. Min. Marco Aurélio, redator do acórdão
Min. Dias Toffoli, julgado em 11/2/2022 (Info 1043).

IMUNIDADES

É imune ao pagamento de taxas para registro da regularização migratória


o estrangeiro que demonstre sua condição de hipossuficiente, nos termos
da legislação de regência. Fundamento: art. 5º, LXXVI e LXXVII, da CF/88.
STF. Plenário. RE 1018911/RR, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 10/11/2021
(Repercussão Geral – Tema 988) (Info 1037).
 Tese fixada pelo STF: É imune ao pagamento de taxas para registro
da regularização migratória o estrangeiro que demonstre sua
condição de hipossuficiente, nos termos da legislação de regência.

As entidades religiosas podem se caracterizar como instituições de


assistência social a fim de se beneficiarem da imunidade tributária
prevista no art. 150, VI, ‘c’, da Constituição, que abrangerá não só os
impostos sobre o seu patrimônio, renda e serviços, mas também os
impostos sobre a importação de bens a serem utilizados na consecução de
seus objetivos estatutários. STF. Plenário. RE 630790/SP, Rel. Min. Roberto
Barroso, julgado em 18/3/2022 (Repercussão Geral – Tema 336) (Info
1047).

Sociedade de economia mista estadual prestadora exclusiva do serviço


público de abastecimento de água potável e coleta e tratamento de
esgotos sanitários faz jus à imunidade tributária recíproca. Requisitos: a) a
prestação de um serviço público; b) a ausência do intuito de lucro e c) a
atuação em regime de exclusividade, ou seja, sem concorrência. STF.
Plenário. ACO 3410/SE, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 20/4/2022
(Info 1051).

IMPOSTOS FEDERAIS

IR

Independentemente de a pessoa diagnosticada como soropositiva para


HIV ostentar sintomas da Síndrome de Imunodeficiência Adquirida -
SIDA/AIDS, deve o contribuinte ser abrangido pela isenção do Imposto
sobre a Renda da Pessoa Física - IRPF. REsp 1.808.546-DF, Rel. Min. Francisco
Falcão, Segunda Turma, por unanimidade, julgado em 17/05/2022, DJe
20/05/2022.

Segundo a doutrina, para a compreensão dessa


distinção comparativa, são aferidos os seguintes
elementos estruturais na aplicação concreta do princípio
da isonomia tributária: os sujeitos; a medida de
comparação; o elemento indicativo da medida de
comparação; e a finalidade da comparação.
No caso, os sujeitos são os contribuintes do
Imposto sobre a Renda da Pessoa Física - IRPF
decorrente de aposentadoria, reforma ou pensão. A
medida de comparação seria a moléstia grave prevista
em lei. O elemento indicativo de comparação seria a
manifestação ou não dos sintomas da doença
SIDA/AIDS. A finalidade da comparação seria verificar
se há discrimen razoável, no caso, entre a pessoas que
possuem a SIDA/AIDS e aquelas soropositivas para HIV
que não manifestam os sintomas da SIDA/AIDS.

A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça


assentou o entendimento de que a isenção do Imposto
sobre a Renda da Pessoa Física - IRPF incidente sobre
os proventos de aposentadoria percebidos por
portadores de moléstias graves, nos termos art. 6º,
XIV, da Lei n. 7.713/1988, independe da
contemporaneidade dos sintomas.

Cumpre observar que a isenção de imposto de


renda sobre proventos de aposentadoria/reforma em
razão de moléstia grave tem por objetivo desonerar
quem se encontra em desvantagem face ao aumento de
despesas com o tratamento da doença. No que diz
respeito à contaminação pelo HIV, a literatura médica
evidencia que o tempo de tratamento é vitalício (até
surgimento de cura futura e incerta), com uso contínuo
de antirretrovirais e/ou medicações profiláticas de
acordo com a situação virológica (carga viral do HIV) e
imunológica do paciente.

Aplicando o entendimento acima ao caso


concreto, e buscando conferir integridade ao Direito,
verifica-se que não deve haver diferença de tratamento
jurídico entre a pessoas que possuem a SIDA/AIDS e
aquelas soropositivas para HIV que não manifestam os
sintomas da SIDA/AIDS.

IOF
Do mesmo modo que a CPMF, o IOF incide nas movimentações
decorrentes das operações de “conferência internacional de ações” de
sociedade estrangeira no aumento do capital social de empresa brasileira.
STJ. 2ª Turma. REsp 1.671.357-SP, Rel. Min. Mauro Campbell Marques,
julgado em 09/11/2021 (Info 717).

IMPOSTOS ESTADUAIS

ITCMD

O seguro de vida VGBL não integra a base de cálculo do ITCMD.

Não incide ICMS-Comunicação sobre o serviço de prestação de


capacidade de satélite. STJ. 1ª Turma. REsp 1.473.550-RJ, Rel. Min.
Benedito Gonçalves, julgado em 14/12/2021 (Info 723).

 As operadoras de satélites prestam serviços para as empresas de


televisão, telefonia, internet etc. As operadoras cedem parte dessa
capacidade de satélite. As operadoras permitem que tais empresas
se utilizem dos satélites para que as TVs façam suas transmissões ao
vivo, para que as concessionárias de telefonia viabilizem as ligações
e para que as empresas de internet forneçam a conexão aos seus
usuários. Isso é denominado de serviço de prestação de capacidade
de satélite.
 O provimento de capacidade de satélite se insere no conceito de
atividades-meio e serviços suplementares, escapando do âmbito de
incidência normativa do ICMS-Comunicação.

ICMS

É constitucional a lei estadual ou distrital que, com amparo em convênio


do CONFAZ, conceda remissão de créditos de ICMS oriundos de benefícios
fiscais anteriormente julgados inconstitucionais. STF. Plenário. RE
851421/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 17/12/2021
(Repercussão Geral – Tema 817) (Info 1042)

IMPOSTOS MUNICIPAIS

IPTU
O credor fiduciário somente responde pelo IPTU incidente sobre o imóvel
se consolidar a propriedade para si, tornando-se o possuidor direto do
bem. STJ. 1ª Turma. AREsp 1.796.224-SP, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado
em 16/11/2021 (Info 720).

ISS

É legítima a incidência do ISSQN nas prestações de serviços de reparos


navais em embarcações de bandeira estrangeira em águas marítimas no
território nacional. STJ. 1ª Turma. REsp 1.805.226-SP, Rel. Min. Sérgio
Kukina, julgado em 09/11/2021 (Info 719)

O recolhimento do tributo a município diverso daquele a quem seria


efetivamente devido não afasta a aplicação da regra da decadência
prevista no art. 173, I do CTN. STJ. 1ª Turma. AREsp 1.904.780-SP, Rel.
Min. Gurgel de Faria, julgado em 14/12/2021 (Info 723).

É constitucional a incidência do ISS no licenciamento ou na cessão de


direito de uso de programas de computação desenvolvidos para clientes
de forma personalizada, nos termos do subitem 1.05 da lista anexa à LC
116/2003. STF. Plenário. RE 688223/PR, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em
3/12/2021 (Repercussão Geral – Tema 590) (Info 1040).

A inserção de textos, desenhos e outros materiais de propaganda e


publicidade é passível de tributação por ISS (e não ICMS). STF. Plenário.
ADI 6034/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 8/3/2022 (Info 1046).

ITBI

a) a base de cálculo do ITBI é o valor do imóvel transmitido em


condições normais de mercado, não estando vinculada à base de cálculo
do IPTU, que nem sequer pode ser utilizada como piso de tributação;
b) o valor da transação declarado pelo contribuinte goza da
presunção de que é condizente com o valor de mercado, que somente
pode ser afastada pelo fisco mediante a regular instauração de processo
administrativo próprio (art. 148 do CTN);
c) o Município não pode arbitrar previamente a base de cálculo do
ITBI com respaldo em valor de referência por ele estabelecido
unilateralmente. STJ. 1ª Seção. REsp 1.937.821-SP, Rel. Min. Gurgel de
Faria, julgado em 24/02/2022 (Recurso Repetitivo – Tema 1113) (Info
730).

CONTRIBUIÇÕES.

No regime não cumulativo da Contribuição ao PIS e da COFINS, o


contribuinte somente poderá descontar os créditos expressamente
consignados na lei, de modo que se apresenta incabível a pretensão de
aproveitamento dos créditos decorrentes de aquisição de insumos
sujeitos à alíquota zero, quando ocorrerem saídas tributadas, tendo em
vista o disposto nos arts. 3º, § 2º, II, das Leis nº 10.637/2002 e
10.833/2003:

 Art. 3º (...) § 2º Não dará direito a crédito o valor: II - da aquisição


de bens ou serviços não sujeitos ao pagamento da contribuição,
inclusive no caso de isenção, esse último quando revendidos ou
utilizados como insumo em produtos ou serviços sujeitos à alíquota
0 (zero), isentos ou não alcançados pela contribuição. STJ. 1ª Turma.
REsp 1.423.000-PR, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em
09/11/2021 (Info 718)

É constitucional a inclusão do valor do IPI incidente nas operações de


venda feitas por fabricantes ou importadores de veículos na base de
cálculo presumida fixada para propiciar, em regime de substituição
tributária, a cobrança e o recolhimento antecipados, na forma do art. 43
da Medida Provisória nº 2.158-35/2001, de contribuições para o PIS e da
Cofins devidas pelos comerciantes varejistas. STF. Plenário. RE 605506/RS,
Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 10/11/2021 (Repercussão Geral – Tema
303) (Info 1037).

É constitucional a delegação prevista no art. 10 da Lei nº 10.666/2003


para que norma infralegal fixe a alíquota individual de forma variável da
contribuição previdenciária destinada ao custeio do Seguro de Acidente
do Trabalho (SAT). STF. Plenário. ADI 4397/DF, Rel. Min. Dias Toffoli,
julgado em 10/11/2021 (Info 1037).

O Fator Acidentário de Prevenção (FAP), previsto no art. 10 da Lei nº


10.666/2003, nos moldes do regulamento promovido pelo Decreto
3.048/99 (RPS), atende ao princípio da legalidade tributária (art. 150, I,
CF/88). STF. Plenário. RE 677725/RS, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em
10/11/2021 (Repercussão Geral – Tema 554) (Info 1037).

 O art. 22, II, da Lei nº 8.212/91, prevê que as empresas devem


pagar um adicional conhecido como SAT (seguro de acidente do
trabalho), que tem como objetivo arrecadar recursos para custear
as aposentadorias especiais e os benefícios decorrentes de
incapacidade laborativa:
 O art. 10 da Lei nº 10.666/2003, complementando a regra do art.
22, II, da Lei nº 8.212/91, delegou para que o regulamento (norma
infralegal) aumente ou diminua a alíquota individual da
contribuição previdenciária destinada ao custeio do Seguro de
Acidente do Trabalho (SAT)
 Art. 10. A alíquota de contribuição de um, dois ou três por cento,
destinada ao financiamento do benefício de aposentadoria especial
ou daqueles concedidos em razão do grau de incidência de
incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do
trabalho, poderá ser reduzida, em até cinqüenta por cento, ou
aumentada, em até cem por cento, conforme dispuser o
regulamento, em razão do desempenho da empresa em relação à
respectiva atividade econômica, apurado em conformidade com os
resultados obtidos a partir dos índices de freqüência, gravidade e
custo, calculados segundo metodologia aprovada pelo Conselho
Nacional de Previdência Social.

A contribuição prevista no artigo 1º da Lei Complementar 110/2001 foi


recepcionada pela Emenda Constitucional 33/2001. STF. Plenário. RE
1317786/PE, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 4/2/2022 (Repercussão Geral –
Tema 1193) (Info 1042). Observação importante: No fim de 2019, foi
editada a Lei nº 13.932/2019, que acabou com a contribuição do art. 1º da
LC 110/2001. Veja o que disse o art. 12 da Lei nº 13.932/2019: Art. 12. A
partir de 1º de janeiro de 2020, fica extinta a contribuição social instituída
por meio do art. 1º da Lei Complementar nº 110, de 29 de junho de 2001.

 A Lei Complementar 110/2001 criou a seguinte contribuição social


em seu art. 1º: Art. 1º Fica instituída contribuição social devida
pelos empregadores em caso de despedida de empregado sem
justa causa, à alíquota de dez por cento sobre o montante de todos
os depósitos devidos, referentes ao Fundo de Garantia do Tempo de
Serviço – FGTS, durante a vigência do contrato de trabalho,
acrescido das remunerações aplicáveis às contas vinculadas.

É constitucional a inclusão dos valores retidos pelas administradoras de


cartões na base de cálculo das contribuições ao PIS e da COFINS devidas
por empresa que recebe pagamentos por meio de cartões de crédito e
débito. STF. Plenário. RE 1049811/SE, Rel. Min. Marco Aurélio, redator do
acórdão Min. Alexandre de Moraes, julgado em 18/3/2022 (Repercussão
Geral – Tema 1021) (Info 1047).

Os valores descontados a título de contribuição previdenciária e de


imposto de renda retido na fonte compõem a base de cálculo da
contribuição previdenciária patronal e das contribuições destinadas a
terceiros e ao RAT. AgInt no REsp 1.951.995-RS, Rel. Min. Manoel Erhardt
(Desembargador convocado do TRF da 5ª Região), Primeira Turma, por
unanimidade, julgado em 17/05/2022, DJe 26/05/2022.

CTN

OBRIGAÇÃOA TRIBUTÁRIA

A previsão contida no parágrafo único do art. 116 do CTN não viola o


texto constitucional. STF. Plenário. ADI 2446/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia,
julgado em 8/4/2022 (Info 1050)

 Em verdade, ele confere máxima efetividade a esses preceitos,


objetivando, primordialmente, combater a evasão fiscal, sem que
isso represente permissão para a autoridade fiscal de cobrar tributo
por analogia ou fora das hipóteses descritas em lei, mediante
interpretação econômica.
 O dispositivo apenas viabiliza que a autoridade tributária aplique
base de cálculo e alíquota a uma hipótese de incidência
estabelecida em lei e que tenha efetivamente se realizado.
 Não há ofensa ao princípio da separação de poderes

RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA

Suspenso o regime de substituição tributária por determinação judicial


deferida em favor da empresa substituída, não se mostra possível exigir
da substituta o pagamento do ICMS/ST que deixou de ser recolhido
enquanto vigente essa decisão. AREsp 1.423.187-SP, Rel. Min. Gurgel de Faria,
Primeira Turma, por unanimidade, julgado em 10/05/2022, DJe
25/05/2022.

SUSPENSÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO

O parcelamento tributário requerido por um dos devedores solidários não


importa em renúncia à solidariedade em relação aos demais coobrigados.
REsp 1.978.780-SP, Rel. Min. Assusete Magalhães, Segunda Turma, por
unanimidade, julgado em 05/04/2022.

 CONSEQUÊNCIa: se o promitente comprador pede parcelamento, a


suspensão do crédito tributário não aproveita o proprietário na HIT
do IPTU.

O bloqueio de ativos financeiros do executado via sistema BACENJUD, em


caso de concessão de parcelamento fiscal, seguirá a seguinte orientação:

(i) será levantado o bloqueio se a concessão é anterior à constrição;


e
(ii) (ii) fica mantido o bloqueio se a concessão ocorre em momento
posterior à constrição, ressalvada, nessa hipótese, a
possibilidade excepcional de substituição da penhora online por
fiança bancária ou seguro garantia, diante das peculiaridades do
caso concreto, mediante comprovação irrefutável, a cargo do
executado, da necessidade de aplicação do princípio da menor
onerosidade.

EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO

PRESCRIÇÃO

Súmula 653-STJ: O pedido de parcelamento fiscal, ainda que indeferido,


interrompe o prazo prescricional, pois caracteriza confissão extrajudicial
do débito. STJ. 1ª Seção. Aprovada em 02/12/2021, DJe 06/12/2021.

PROCESSO JUDICIAL TRIBUTÁRIO

EXECUÇÃO FISCAL
É cabível o pedido de habilitação de crédito da Fazenda Pública na falência
desde que suspensa a execução fiscal. STJ. 4ª Turma. REsp 1.872.153-SP,
Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 09/11/2021 (Info 719).

O redirecionamento da execução fiscal, quando fundado na dissolução


irregular da pessoa jurídica executada ou na presunção de sua ocorrência,
não pode ser autorizado contra o sócio ou o terceiro não sócio que,
embora exercessem poderes de gerência ao tempo do fato gerador, sem
incorrer em prática de atos com excesso de poderes ou infração à lei, ao
contrato social ou aos estatutos, dela regularmente se retirou e não deu
causa à sua posterior dissolução irregular, conforme art. 135, III do CTN.
STJ. 1ª Seção. REsp 1.377.019-SP, Rel. Min. Assusete Magalhães, julgado
em 24/11/2021 (Recurso Repetitivo - Tema 962) (Info 719).

"a simples falta de pagamento do tributo não configura, por


si só, nem em tese, circunstância que acarreta a
responsabilidade subsidiária do sócio, prevista no art. 135
do CTN. É indispensável, para tanto, que tenha agido com
excesso de poderes ou infração à lei, ao contrato social ou
ao estatuto da empresa" (Tema 97 do STJ). No mesmo
sentido dispõe a Súmula 430/STJ ("O inadimplemento da
obrigação tributária pela sociedade não gera, por si só, a
responsabilidade solidária do sócio-gerente").
luz do art. 135, III, do CTN, não se admite o
redirecionamento da execução fiscal, quando fundado na
dissolução irregular da pessoa jurídica executada, contra o
sócio e o terceiro não sócio que, embora exercessem
poderes de gerência ao tempo do fato gerador, sem a
prática de ato com excesso de poderes ou infração à lei, ao
contrato social ou aos estatutos, dela regularmente se
retiraram e não deram causa à sua posterior dissolução
irregular.

O redirecionamento da execução fiscal, quando fundado na


dissolução irregular da pessoa jurídica executada ou na
presunção de sua ocorrência, pode ser autorizado contra o
sócio ou o terceiro não sócio, com poderes de
administração na data em que configurada ou presumida a
dissolução irregular, ainda que não tenha exercido poderes
de gerência quando ocorrido o fato gerador do tributo não
adimplido, conforme art. 135, III, do CTN. REsp 1.645.333-
SP, Rel. Min. Assusete Magalhães, Primeira Seção, por
maioria, julgado em 25/05/2022. (Tema 981)

 na medida em que a hipótese que desencadeia a


responsabilidade tributária é a infração à lei,
evidenciada pela dissolução irregular da pessoa
jurídica executada, revela-se indiferente o fato de o
sócio-gerente responsável pela dissolução irregular
não estar na administração da pessoa jurídica à época
do fato gerador do tributo inadimplido.
 responsabilidade dos sócios com poderes de gerente,
pelos débitos empresariais, pode decorrer tanto da
prática de atos ilícitos que resultem no nascimento da
obrigação tributária como da prática de atos ilícitos
ulteriores à ocorrência do fato gerador que
impossibilitem a recuperação do crédito tributário
contra o seu devedor original".

A apólice de seguro-garantia com prazo de vigência


determinado é inidônea para fins de garantia da execução
fiscal. AgInt no REsp 1.924.099-MG, Rel. Min. Benedito
Gonçalves, Primeira Turma, por unanimidade, julgado em
24/05/2022

MANDADO DE SEGURANÇA

MANDADO DE SEGURANÇA E COMPENSAÇÃO TRIBUTÁRIA.

Contribuinte pode impetrar mandado de segurança pedindo que se


reconheça o direito à compensação de tributos indevidamente pagos nos
5 anos anteriores ao ajuizamento, sem que isso implique ofensa à Súmula
271 do STF. STJ. 1ª Seção. EREsp 1.770.495-RS, Rel. Min. Gurgel de Faria,
julgado em 10/11/2021 (Info 717).

 Súmula 213 do STJ, expressamente declarou o direito à


compensação de indébitos anteriores à impetração, desde que
ainda não atingidos pela prescrição.
 o provimento alcançado em mandado de segurança, que visa
exclusivamente a declaração do direito à compensação tributária,
nos termos da Súmula 213 do STJ ("O mandado de segurança
constitui ação adequada para a declaração do direito à
compensação tributária"), tem efeitos exclusivamente prospectivos,
os quais somente serão sentidos posteriormente ao trânsito em
julgado (art. 170-A do CTN), quando da realização do efetivo
encontro de contas, o qual está sujeito à fiscalização pela
Administração Tributária.
 Frise-se que da tese explicitada no julgamento do Recurso Especial
Repetitivo REsp 1.365.095/SP é possível depreender que o pedido
de declaração do direito à compensação tributária está
normalmente atrelado ao "reconhecimento da ilegalidade ou da
inconstitucionalidade da anterior exigência da exação", ou seja, aos
tributos indevidamente cobrados antes da impetração, não
havendo razão jurídica para que, respeitada a prescrição, esses
créditos não constem do provimento declaratório.
 Aliás, como cediço, a decisão de natureza declaratória não constitui,
mas apenas reconhece um direito pré-existente.
 orienta que a impetração de mandado de segurança interrompe o
prazo prescricional para o ajuizamento da ação de repetição de
indébito, entendimento esse que, pela mesma ratio decidendi,
permite concluir que tal interrupção também se opera para fins do
exercício do direito à compensação declarado a ser exercido na
esfera administrativa, de sorte que, quando do encontro de contas,
o contribuinte poderá aproveitar o valor referente a indébitos
recolhidos nos cinco anos anteriores à data da impetração.

FINANCEIRO

STF suspendeu a execução do “orçamento paralelo” (“orçamento


secreto”), tendo posteriormente liberado a execução da execução das
emendas do relator (identificadas pela sigla RP9) relativas ao orçamento
de 2021.

O art. 113 do ADCT é aplicável a todos os entes da Federação e a opção do


Constituinte de disciplinar a temática nesse sentido explicita a prudência
na gestão fiscal, sobretudo na concessão de benefícios tributários que
ensejam renúncia de receita. Tese fixada pelo STF:“É inconstitucional lei
estadual que concede benefício fiscal sem a prévia estimativa de impacto
orçamentário e financeiro exigida pelo art. 113 do ADCT”. STF. Plenário.
ADI 6303/RR, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 11/3/2022 (Info
1046).
Não podem ser realizadas junto a instituições financeiras estatais
operações financeiras com a finalidade de obtenção de crédito para
pagamento de pessoal ativo, inativo e pensionista, dos estados, do Distrito
Federal e dos municípios. STF. Plenário. ADI 5683/RJ, Rel. Min. Roberto
Barroso, julgado em 20/4/2022 (Info 1051)

 o art. 167, X, da CF/88 não proíbe a concessão de empréstimos para


pagamento de pessoal. O dispositivo veda, contudo, que os
empréstimos realizados junto a instituições financeiras dos
governos federal e estaduais sejam utilizados para aquele fim.
Impede-se, portanto, a alocação das receitas obtidas com
instituições financeiras estatais para o custeio de pessoal ativo e
inativo.

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