Você está na página 1de 7

Adequação Ambiental de Propriedades Rurais, com ênfase na Restauração de

Matas Ciliares.
Ricardo Ribeiro Rodrigues, Sérgius Gandolfi & André G. Nave (LERF/LCB/ESALQ/USP)
Conteúdo disponível no site: www.lerf.esalq.up.br

Os últimos dez nos têm marcado importantes mudanças no perfil das pesquisas
sobre a restauração florestal de matas ciliares. Entre as principais mudanças de
perspectiva estão o gradual substituição de uma visão de restauração baseados numa
concepção agronômico-silvicultural, por uma abordagem conceitual baseada na dinâmica
de florestas tropicais e subtropicais nativas. Essa mudança de orientação conceitual não
rejeita a experimentação de viés agronômico-silvicultural, ao contrário, busca colocá-la a
serviço da construção de florestas que se estabeleçam, desenvolvam e efetivamente
auto-perpetuem, por incorporarem em seus modelos todos os processos fundamentais
relacionados a sucessão secundária e a dinâmica de comunidades florestais.
Assim, questões como adubação, poda, fuste, espaçamento, etc., perderam
espaço para aspectos como manejo da regeneração natural, indução do banco de
sementes, otimização da dispersão, retornando-se a questões como adubação e
espaçamento, não mais vistas como questões prioritárias que determinam ou não a
formação de florestas ciliares, mas sim como estratégias importantes para a otimização
de certos métodos de restauração.
Essa transição pode ser vista como uma mudança entre aplicação de métodos
padronizados e o manejo de situações objetivas.
Nesse contexto privilegia-se a busca em se compreender os processos
fundamentais que fazem uma floresta se estabelecer e evoluir, os fatores impeditivos que
localmente podem bloquear, retardar ou impedir a sucessão secundária e a construção de
métodos que levem a atender as necessidades fundamentais e a superara os bloqueios.
Esse caminho leva a construção de um modelo conceitual que serve de ferramenta para a
análise de questões reais e a busca de soluções localizadas.
Transita-se assim, da busca de regras fixas de ação para a busca de múltiplas
opções de ação, que possam ser adequadas a casos reais.
Nesse contexto tem ganhado espaço aspectos como a caracterização do fator de
degradação e suas conseqüência na área degradada, a caracterização dos conjunto de
distúrbios naturais e antrópicos que a área a que a área degradada está ou estará sendo
submetida no correr do tempo, avaliação do potencial de regeneração da área
degradadas, avaliação do potencial de áreas do entorno a área degradada em favorecer a
regeneração da área degradadas, e avaliação da capacidade do substrato em permitir o
desenvolvimento de espécies arbustivo-arbóreas.
Também as mudanças de paradigmas ocorridas na ecologia nas últimas décadas
tiveram uma importante conseqüência na restauração ecológica de áreas degradadas,
sobretudo na medida em que os ecossistemas são agora vistos como entidades abertas,
sujeitas a forte influência da paisagem que os circunda, cuja dinâmica não é totalmente
previsível e fortemente influenciada pelo histórico de distúrbios naturais e antrópicos a
que se encontram submetidos. Em especial, a percepção de que a trajetória sucessional a
que uma comunidade está sujeita é o resultado de uma história específica moldada por
um conjunto muito complexo de forças que atuam, no tempo, de maneira parcialmente
aleatória, fez com que mudasse o enfoque dos trabalhos de restauração.
Constatada a impossibilidade prática de se pré-estabelecer uma composição e
estrutura da floresta madura que se quer produzir na área degradada, passou-se a
privilegiar os métodos que garantam a existência local de uma sucessão secundária e a
organização funcional da comunidade florestal que ira se formar.
Assim, hoje as pesquisas sobre restauração ecológica de áreas degradadas
privilegiam o desenvolvimento e o refinamento de novas ações que possam levar a
formação de uma floresta nativa e que possam combinadas a outras ações servir para a
solução de casos reais.
Assim, a pesquisa sobre o transplante de mudas colhidas de florestas nativas, que
serão legalmente cortadas, ou do sub-bosque de talhões de eucalipto e seu uso na
restauração de matas ciliares, a pesquisa sobre a semeadura direta ou a
hidrossemeadura de espécies arbustivo-arbóreas, a pesquisa sobre a transferência do
banco de sementes de florestas nativas, que serão cortadas para áreas degradadas, a
pesquisa sobre a utilização de poleiros naturais ou artificiais, são algumas exemplos de
leque de opções que se pretende criar para que possam ser prescritas de acordo com as
situações ecológicas, econômicas e sociais encontradas em cada situação real.
Muitos aspectos teóricos e metodológicos da restauração de matas ciliares estão
sendo exaustivamente discutidos e testados na academia. Nessa discussão, um dos
pontos de quase total consenso é que o sucesso dessas propostas está baseado no
efetivo restabelecimento dos processos ecológicos responsáveis pela reconstrução
gradual da floresta e que esse restabelecimento depende da presença de elevada
diversidade de espécies regionais, envolvendo não só as árvores, mas também as demais
formas de vida vegetal, os diferentes grupos da fauna e suas interações com a flora. Essa
diversidade pode ser implantada diretamente nas ações de restauração e/ou garantida ao
longo do tempo, pela própria restauração dos processos da dinâmica florestal.
As pesquisas e métodos de recuperação de áreas degradadas empregados em
projetos de restauração de matas ciliares (Tabela 1) pelo Laboratório de Ecologia e
Restauração Florestal (LERF/ESALQ/USP), se fundamentam em três preocupações
principais: 1- a primeira de estabelecer as ações de recuperação, sempre
atentando para o potencial de auto-recuperação ainda existente nas próprias
áreas degradadas, ou que possam ser fornecidas pelos ecossistemas do entorno,
aspectos definidos pelo histórico de degradação da área degradada e pelas
características do seu entorno. Assim em áreas onde exista um potencial
relevante de auto-recuperação, não se faz necessário o plantio inicial de mudas de
espécies nativas, mas sim ações que induzam a expressão desse potencial de
regeneração. Essas ações envolvem a proteção, indução e condução da
regeneração natural, e são avaliadas e monitoradas ao longo do tempo, de
maneira a sustentar a decisões posteriores que podem implicar na necessidade ou
não de se fazerem ações de preenchimento (nos trechos que por algum motivo
não se regeneram naturalmente) e enriquecimento (introdução de novas espécies
visando o aumento da diversidade florística e genética) da área em processo de
restauração, usando mudas ou mesmo sementes (Tabela 2); 2- a segunda
preocupação é a de que as iniciativas de restauração resultem na reconstrução
de uma floresta com elevada diversidade, garantindo assim a perpetuação dessas
iniciativas e, portanto, a restauração da diversidade regional. Para isso, são
usadas outras estratégias de restauração que não apenas o plantio de mudas,
ações como a transplante de plântulas alóctone (oriundo de outras áreas),
inclusive usando áreas de florestas comerciais (fora de APPs e RL) como fonte de
propágulos (plântulas e sementes) para restauração, o uso de serapilheira e
banco de sementes alóctone, o uso de espécies atrativas da fauna (poleiros
naturais), poleiros artificiais, a semeadura direta (plantio da semente em vez da
muda) para ocupação e enriquecimento de áreas e outras, que pela
imprevisibilidade das espécies envolvidas, garantam o resgate não só de espécies
arbóreas, mas também de outras formas de vida (Tabela 2); e 3- que todas as
ações sejam planejadas de forma a se constituir num programa ambiental da
respectiva propriedade agrícola, incorporando o componente ambiental na
estrutura de decisão dessas propriedades, inibindo assim que outras as ações de
degradação venham a surgir, garantindo a efetivação das ações de restauração,
além é claro da racionalização do uso dos recursos, como estratégia de
estabelecimento de uma política pública de conservação e restauração florestal.
Dentro dessa preocupação, atentamos para a possibilidade de possível
aproveitamento econômico dessas áreas restauradas em APPs, com o: a) plantio
de espécies agrícolas nas entrelinhas do plantio de nativas, nos dois anos iniciais
da restauração, como estratégia de manutenção dessas áreas restauradas e b) o
favorecimento de espécies nativas de possível aproveitamento futuro nas linhas
de plantio, como espécies frutíferas, medicinais e melíferas, em sistemas
agroflorestais, este último restrito às pequenas propriedades familiares (Tabela 2).
Essas preocupações colaboram com a redução de custos, a garantia do sucesso
das ações de restauração e conseqüentemente a perpetuação das áreas ciliares
restauradas.
Vale destacar que, apesar do grande desenvolvimento recente das metodologias
de recuperação da mata ciliar, muitos avanços devem ainda ocorrer com o acúmulo do
conhecimento científico, referente principalmente à biologia e ecologia das espécies
ocorrentes em cada situação ciliar e com estabelecimento de indicadores de
monitoramento dessas áreas, que possibilitem a construção de modelos de restauração,
que considerem as particularidades de cada unidade da paisagem e permitam a
restauração de processos ecológicos mantenedores da biodiversidade e da dinâmica
dessas formações ciliares, garantindo a perpetuação dessas áreas.

TABELA 1. Propriedades e municípios envolvidos no programa de adequação ambiental do


Laboratório de Ecologia e Restauração Florestal (LERF)/ USP. AR = área de preservação
permanente restaurada até maio de 2006, NP = número de fazendas da propriedade, NC =
número de pessoas capacitadas, sendo 15 técnicos de nível básico, 5 técnicos de nível
médio e 3 técnicos de nível superior por grande empresa ou município.

PROPRIEDADE/ LOCALIDADE NP Área total da AR N


propriedade C
(ha)
1.Fazenda Figueira (Londrina – PR) 1 T = 3670 30ha 8
2.Usina Mandu 50 T = 20.000 80ha 23
3.Fazenda Da Terra (Patrocínio, Coromandel – MG) 2 T = 6.583 130ha 15
4.Empresa Simens (São Paulo e Itapecerica da Serra – 1 T = 20 20ha 10
SP)
5.Usina Branco Peres Álcool (Adamantina – SP) 34 T = 6.944,0 30ha 10
6.Usina Moema Açúcar e Álcool Ltda. (Orindiúva, Icém, 45 T = 11.209,73 450ha 23
Paulo de Faria-SP)
7.ESALQ 1 T = 874,33 60ha 28
8.Prolongamento da Rodovia Bandeirantes (SP 348) 1 - 145ha 15
9.Cia. Açucareira Vale do Rosário (Orlândia, Morro 255 T = 89.654,1 450ha 23
Agudo, São J.M. da Barra, Ipuã, Miguelópolis,
Nuporanga, Guara, Sales Oliveira, Ituverava, São J. da
B. Vista, Salto – SP)
10.Usina Santa Elisa (Sertãozinho, Pontal, Pitangueiras – 43 T = 23.800 180ha 23
SP)
11.Empresa Bayer S.A.(Sorocaba – SP) 1 T = 650 45ha 5
12.Vale do Ribeirão Tatu – (Limeira – SP) 1 T = 1.063.503 30ha 10
13.Fundação Sinhá Junqueira (Igarapava – SP) 7 T = 16870,04 100ha 23
14.Estações Experimentais do Instituto Florestal – 5 T = 414.944,95 240ha 15
CTEEP (Assis, Itapetininga, Mogi Guaçu, Buri, Batatais)
15.Horto Florestal Barba Negra (Barra do Ribeiro – RS) 1 T = 10.153,72 150ha 23
16.Usina de Açúcar e Álcool Jardest S.A. 79 T = 16.500 100ha 4
17.Usina Batatais 330 T = 33.000 100ha 23
18.Usina Cerradinho de Açúcar e Álcool (Catanduva-SP) 1 T = 23.000 2000h 23
a
19.Fazenda Alta Mogiana S.A. – Açúcar e Álcool (São 75 T = 1.277,80 120ha 23
Joaquim da Barra, Guará, Ipuã, Ituverava, São José da
Bela Vista-SP)
20.CCRG –Fazenda Intermontes (Ribeirão Grande, SP) 1 T = 337,52 250ha 10
TOTAL (até maio de 2006): 2830h
a

Uma propriedade rural, em função da legislação ambiental brasileira, está


constituída hoje das seguintes situações: a) a Áreas de Preservação Permanente (APPs),
que se refere à faixa ciliar, nas margens de cursos d’água e entorno de nascentes, de
largura variável, dependendo da largura do rio, na maioria de 30 metros de cada margem
em rios de até 10m de largura e 50m de raio ao redor de nascentes; b) a Reserva Legal
(RL), que corresponde a uma porcentagem da propriedade rural, que varia, dependendo
do estado, de 20% (vários estados brasileiros) até 80% (estados do Norte) da
propriedade, porcentagem que não inclui as APPs, que pode ser explorada
economicamente, desde que com menor impacto ambiental, tendo a exigência de ser
ocupada com espécies florestais nativas e não sendo permitido o corte raso e c) as áreas
agrícolas destinadas para produção, que devem ser ocupadas com a melhor tecnologia
possível. As duas primeiras situações são inteiramente reguladas pela legislação
ambiental e a terceira apesar de ser regulada pela legislação agrícola, inclusive
considerando a legislação referente aos aspectos de conservação de solo, está também
relacionada à legislação ambiental, por ser a principal fonte de perturbação das duas
primeiras.
Atualmente, a restauração florestal em propriedades rurais tem se concentrado
principalmente no ambiente ciliar (APPs), pois nas microbacias hidrográficas as matas
ciliares desempenham importante papel ambiental ao proteger o sistema hídrico. Elas
mantém as nascentes e a rede natural de drenagem, atuam como filtros evitando que
sedimentos e elementos químicos provenientes das áreas agrícolas alcancem e
degradem os cursos d’ água e em função da grande heterogeneidade do ambiente ciliar,
preservam elevada biodiversidade, agindo ainda como corredores ecológicos que
interligam os fragmentos de vegetação natural ainda existentes na paisagem, etc.
Essa atenção especial às APPs também se deve à forte atuação dos órgãos
licenciadores, fiscalizadores e mesmo certificadores, que procuram equacionar esse
passivo ambiental nas propriedades rurais.
Já para Reserva Legal (RL), em função da falta de padronização dos
procedimentos de regularização da Reserva Legal entre estados e municípios, da
inexperiência com restauração e manejo dessas áreas passíveis de aproveitamento
econômico e da resistência dos proprietários na demarcação dessas áreas previstas pela
legislação ambiental, as ações sobre RL tem se restringido, nesse momento que as APPs
estão sendo priorizadas, principalmente na proteção dos fragmentos florestais
remanescentes fora das APPs, que podem ser contabilizados como RL. A integralização
da RL em cada propriedade tem se restringido apenas no isolamento de áreas agrícolas
destinadas para complementação da RL na propriedade, mas sem ações efetivas de
restauração, que quando acontecem são geralmente experimentais. Isso tem ocorrido
principalmente pela possibilidade existente na legislação ambiental, de compensação
desse déficit de RL de uma dada propriedade fora daquela respectiva propriedade, mas
dentro da mesma bacia hidrográfica, o que pode ter suas vantagens econômicas e
mesmo ambientais, pelo fato desse complemento poder incorporar áreas de menor
aptidão agrícola e principalmente áreas ocupadas com florestas naturais (fragmentos
florestais remanescentes da região), ambientalmente mais apropriadas que áreas
agrícolas abandonadas e isoladas e ainda sem o ônus da restauração.
Sendo assim, as cobranças legais e de certificação para conservação e
restauração das matas ciliares passaram a ser cada vez mais freqüentes e exigentes na
qualidade das ações propostas. No entanto, muitas vezes o cumprimento dessas
exigências não resultou na efetiva reconstrução ou perpetuação de uma floresta com
espécies nativas no ambiente degradado. Esse insucesso de muitas iniciativas de
restauração se devia, em geral, à escolha de ações de restauração que não estavam
adequadamente fundamentadas no conhecimento científico já disponível. A busca do
desenvolvimento de métodos mais adequados e de menor custo estimulou nos últimos 20
anos o incremento de pesquisas sobre as matas ciliares e sua recuperação.
No "Programa de Adequação Ambiental de Propriedades Agrícolas do LERF-
LCB/ESALQ/USP" essas questões estão sendo consideradas e todas as regularidades e
irregularidades legais e ambientais são identificadas no zoneamento das propriedades
agrícolas, usando imagens aéreas e checagem de campo. Nele cada situação da
propriedade é particularizada quanto à ocupação atual, uso pretérito e características do
entorno, visando a definição da melhor metodologia de restauração, que aproveite as
particularidades de cada unidade do zoneamento, que possam favorecer a restauração. É
em função disso que os mapas construídos no programa de adequação ambiental, se
diferenciam muito do mapa de uso e ocupação do solo, comumente elaborados para
outros fins.
Esse programa envolve ainda a caracterização florística da vegetação
remanescente, identificando cada tipo vegetacional presente na propriedade, onde são
marcadas matrizes para coleta de sementes das espécies que serão usadas na produção
de mudas local ou regional. Áreas naturais remanescentes das propriedades,
identificadas como de interesse ambiental e/ou de grande beleza cênica são ainda objetos
da implantação de trilhas educativas, com conseqüente elaboração de material didático
para uso em atividades de Educação Ambiental.
O relatório gerado nesse Programa de Adequação Ambiental aponta as
regularidades e irregularidades de cada propriedade, a metodologia mais adequada de
restauração de cada uma das situações de degradação, aproveitando o potencial de auto-
recuperação dessas áreas, as espécies ocorrentes na região, as matrizes marcadas para
coleta de sementes e orienta ainda a implantação de um viveiro de mudas local ou
regional. Ele apresenta ainda um cronograma de restauração dessas áreas, elaborado
com bases técnicas, de forma a garantir a adoção dessas ações de restauração num
tempo adequado e que não comprometa a viabilidade econômica da propriedade. Esse
relatório é submetido aos órgãos licenciadores para análise e aprovação, garantindo a
efetivação das ações de restauração de acordo com o cronograma acordado. Esse
relatório se constitui na base dos processos de certificação ambiental dessas
propriedades, como as certificações florestais (FSC, Cerflor etc.) e da família ISO 14000.
Até março de 2006 o Programa de Adequação Ambiental do LERF, já elaborou e
protocolou nos órgãos fiscalizadores relatórios referentes à aproximadamente
1.200.000ha de áreas produtivas de diferentes atividades, em vários estados brasileiros,
tendo sido já restaurados aproximadamente 3.000ha de florestas ciliares nessas
propriedades, e gerado um compromisso anual de restauração de 950ha/ano de mata
ciliar, nos próximos 10 anos.
Acreditamos que com programas desse tipo e outros similares, desenvolvidos por
órgãos públicos ou privados, seja possível agir de forma organizada e cientificamente
fundamentada, atuando assim na definição de políticas públicas, colaborando na gradual
recuperação as mata ciliares degradadas, um imenso passivo ambiental acumulado nos
últimos séculos. Apontando assim para uma perspectiva de integração entre as áreas de
produção e as áreas destinadas à preservação ambiental nas propriedades rurais.

Tabela 2 – Exemplos de ações de restauração definidas no Programa de Adequação


Ambiental do Laboratório de Ecologia e Restauração Florestal
(LERF/LCB/ESALQ/USP).
A – Proteção da área 1. Isolamento e retirada dos fatores de degradação
(Fogo, gado, eucalipto, etc.) - Pré requisito de
qualquer ação de restauração
B – Indução e condução da 2. Indução do banco autóctone com revolvimento
regeneração natural superficial do solo
3. Eliminação seletiva ou controle de competidores
(gramíneas, espécies invasoras, lianas e outras)
4. Adubação dos indivíduos regenerantes
C. Conversão da floresta 5. Retirada de baixo impacto (total ou gradual)
exótica (Eucalyptus, Pinus) em 6. Morte em pé (anelamento ou químico) total ou
floresta nativa gradual
D. Resgate da biodiversidade 7. Introdução de poleiros naturais (espécies atrativas
(enriquecimento de espécies e da fauna) ou artificiais
de forma de vida) 8. Resgate de plântulas ou indivíduos regenerantes
jovens alóctones (de áreas agrícolas com indivíduos
regenerantes nativos).
9. Enriquecimento com mudas ou sementes
(semeadura direta) de spp nativas
E. Plantio em áreas não- 10. Plantio de Preenchimento com espécies nativas
regeneradas ou sem potencial de rápido crescimento e boa cobertura e/ou atrativas
de regeneração da fauna (poleiros naturais), dos espaços não
regenerados naturalmente, com mudas ou sementes
(semeadura direta).
11. Plantio total (todos os grupos ecológicos) em
linhas de Preenchimento e linhas de Diversidade, nas
áreas sem potencial de recuperação natural, com
mudas ou sementes (semeadura direta)
F. Possível aproveitamento 12. Plantio de espécies agrícolas na entrelinha, como
econômico de áreas estratégia de manutenção da área restaurada.
restauradas 13. Favorecimento de espécies melíferas, frutíferas, e
medicinais nativas no plantio de restauração, em
SAFs, apenas em pequenas propriedades familiares.

Você também pode gostar