Para os psicoterapeutas, o problema maior sempre foi o alívio dos
desconfortos do cliente. Especialmente com Freud, esses desconfortos eram vistos como resultantes de um jogo de equilíbrio dinâmico de forças psíquicas (motivacionais), e o próprio psicoterapeuta era o instrumento de medida dessas forças. Não se colocava como importante o problema de diferenças individuais, pois o modo de definir o objetivo de seu trabalho levava à preocupação primordial com o caso individual. Buscava-se a melhor caracterização possível para essas forças hipotetizadas, desenvolvendo um sistema motivacional que pudesse ser aplicado ao entendimento das aflições de diferentes indivíduos. Para a psicanálise que traz como alicerce as ideias associativas à filosofia, mitologia e a própria experiencia vital, a motivação é a energia psíquica que Freud denominou como “Libido”, que é uma energia originada nas pulsões e que direciona nosso comportamento. Segundo ele, as pulsões nos movimentam, e são divididas em pulsão de vida e de morte. A primeira corresponde às emoções e aos sentimentos que nos motivam a viver, enquanto a segunda estaria relacionada às energias opositoras, aquelas que determinam padrões de autossabotagem e desgaste emocional. Ou seja, a libido é originada numa pulsão de vida e funciona como uma força propulsora que não se restringe aos aspectos fisiológicos, estendendo-se ao campo psíquico e emocional. Tal força estaria presente em todo o aparato mental do sujeito, passando pelo Id, o Ego e o Superego. Motivação e Defesa patológica Nosso modo de vida traz à tona questões existenciais profundas, que muitas vezes são depositadas e entulhadas em nosso inconsciente. São coisas como fobias, ansiedades e depressão. Elas são causadas por defesas ativadas desmedidamente, isto é, hybris tornam-se patológicas. A defesa patológica é o mecanismo de defesa não eficaz. O que determina se os conflitos serão patológicos ou não, é a forma de manipulação dos mesmos. Sendo assim, para uma vida de qualidade pressupõe uma aprendizagem lúcida desse nosso arsenal bélico psíquico. Dessa forma, iniciamos uma caminhada consciente para a maturidade. A teoria da sexualidade e o desenvolvimento libidinal Segundo a psicanálise, a libido faz parte da constituição do ser humano desde o nascimento e se manifesta de forma diferente em cada período da vida. Para facilitar o entendimento, Freud definiu os cinco estágios do desenvolvimento psicossexual;
• fase oral (de 0 a 18 meses): a energia libidinal concentra-se na boca e
atividades como comer e chupar são fontes de prazer; • fase anal (dos 18 meses aos 3 anos): a atenção é voltada ao esfíncter e ao controle da defecação; o desfralde e a autonomia para ir ao banheiro são os eventos principais dessa etapa; • fase fálica (dos 3 aos 5 anos): a libido está nos órgãos genitais, revelada na curiosidade e diferenciação entre masculino e feminino; • fase de latência (dos 6 anos até a pré-adolescência): as energias libidinais cedem espaço ao pudor e à contenção em relação à sexualidade; • fase genital (adolescência e idade adulta): tem início a maturidade sexual, o interesse por pessoas do sexo oposto e a busca por relacionamentos satisfatórios.
A importância da libido na constituição do psiquismo
Para a psicanálise, os primeiros anos de vida são cruciais para o desenvolvimento saudável do sujeito, já que é nesse período que ele entra em contato com o mundo e, a partir das experiências sensoriais, constrói sua identidade. As vivências da infância são determinantes para a formação do psiquismo, da personalidade e dos padrões de comportamento de cada pessoa. A libido está presente em todas as experiências sensoriais da infância, resultando em sensações de prazer e desprazer. Ou seja, segundo essa linha psicanalítica, a sexualidade atua como um instrumento de contato entre o indivíduo e o mundo. Todos os eventos vividos e, principalmente, os sentimentos produzidos nos primeiros anos de vida são internalizados e transformados em elementos do psiquismo. Conclusão sobre o desenvolvimento psicossexual Segundo Freud, nossa personalidade se desenvolve durante a infância e é moldada pelas cinco fases, que ele chamou de teoria do desenvolvimento psicossexual. Durante cada fase, uma criança é confrontada com um conflito entre impulsos biológicos e expectativas sociais. Se ela passar de forma bem- sucedida por esses conflitos internos, acabará tendo domínio de cada estágio de desenvolvimento e, finalmente, obterá uma personalidade totalmente madura. Na época, as ideias de Freud foram recebidas com críticas. E hoje não é diferente. Isso em parte é por causa de seu foco na sexualidade como o principal motor do desenvolvimento da personalidade humana.