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Telecomunicações II Engenharia informática Ispoca 2020/2021

Capítulo 1: Introdução às redes de telecomunicações


1.1. Telecomunicações (Definição)
O prefixo tele é derivado do grego e significa “à distância”. Poder-se-á, assim, dizer que
as telecomunicações compreendem o conjunto de meios técnicos necessários
para transportar tão fielmente quanto possível a informação à distância. Pode-se
acrestar:
 Os principais meios técnicos são de natureza electromagnética;
 A informação a transmitir pode tomar diversas formas, nomeadamente, voz, música,
imagens fixas, vídeo, texto, dados, etc.;
 É necessário garantir um elevado grau de fidelidade de modo que a informação seja
transmitida sem perdas nem alterações;
 A fiabilidade é outra exigência primordial de modo que o serviço seja permanente e
sem falhas;
 A transmissão (ou transporte) da informação à distância é um ramo importante das
telecomunicações;
 Outro ramo importante é a comutação, que tem como objectivo o encaminhamento
da informação;
 A gestão e controlo das redes de telecomunicações é uma tarefa de grande
importância e claramente individualizada dos ramos anteriores. A sinalização
constitui o conjunto dos meios pelos quais a gestão da rede actua sobre esta.

1.2. Evolução das telecomunicações


A rede de telecomunicações que nos dias de hoje cobre o globo terrestre é sem dúvida a
mais complexa, extensiva e cara de todas as criações tecnológicas, e porventura a mais
útil de todas, na medida em que constitui o sistema nervoso essencial para o
desenvolvimento social e económico da civilização.
As telecomunicações são uma ciência exacta cujo desenvolvimento dependeu
fortemente das descobertas científicas e dos avanços na matemática ocorridos desde os
primórdios até, principalmente, o século XIX. Dstacam-se:

A invenção do telégrafo por Morse em 1844, nos Estados Unidos, um sistema de


transmissão digital (pulsos de corrente: um estreito, ponto, e outro mais longo, traço). De
notar que o telégrafo foi patenteado no Reino Unido por Cooke e Wheatstone, em 1837,
mas não era prático a sua implementação.

A primeira transmissão electrónica de voz (invenção do telefone) por Alexander Graham


Bell em 1876: “Mr. Watson, come here, I want to see you”.

A primeira central telefónica de comutação automática, por Strowger em 1891, para


resolver o problema da privacidade nas ligações telefónicas com o aumento das linhas e
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a impraticabilidade das centrais manuais: um braço se movia passo-a-passo num arco


semicircular com dez contactos para ligar uma linha através dos pulsos de corrente
enviados pelo assinante. Funcionaram até os anos 70.

A demonstração por Marconi em 1894 da telegrafia/telefonia sem fios (através de ondas


rádio) complementada com a invenção em 1907 por De Forest da válvula termoiónica,
tornou-se possível a geração e modulação de portadoras eléctricas e a radiotelefonia
começou a dar os primeiros passos: 1914 serviço transatlântico de telegrafia sem fios;
1926 ligação telefónica entre os Estados Unidos e a Inglaterra.

Outra contribuição é a invenção do PCM (Pulse Code Modulation) por Alec Reeves em
França em 1936. Como, porém, a transmissão de um sinal de voz digitalizado requeria
uma largura de banda mínima de 32 kHz, muito superior aos 3 kHz requeridos pelo
correspondente sinal analógico, a implementação dos primeiros sistemas experimentais
teve de esperar até que nos anos sessenta a tecnologia do estado sólido a permitisse
concretizar.

1.3. Normalização em Telecomunicações


Devido ao carácter internacional das telecomunicações é fundamental a normalização,
sobretudo, em certos aspectos mais relevantes tais como:

Plano internacional
 Aspectos técnicos: Qualidade de serviço, Tipos de interfaces (transmissão de sinais,
sinalização, etc.);
 Planificação geral da rede: Estrutura da rede, plano de transmissão, distribuição dos
números telefónicos, etc.)
 Exploração e gestão: Definição de preços das chamadas, análise do tráfego, etc.;

Plano nacional
 Garantir a compatibilidade dos sistemas provenientes de fabricantes diferentes;
 Assegurar a mesma qualidade de serviço mínima a todos os utilizadores;
 Respeitar as convenções internacionais.

O principal organismo de normalização na área das telecomunicações é a International


Telecommunication Union (ITU). Este organismo é uma agência da ONU e actua
fundamentalmente através dos seguintes orgãos:
 ITU-T (ITU Telecommunication Sector, antigo: “Comité Consultatif International
Télégraphique et Téléphonique”: CCITT”): Questões de operação de sistemas e
tarifas das comunicações telefónicas e de dados);

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 ITU-R (ITU Radiocommunications Sector, antigo “Comité Consultatif International des


Radiocommunications”: CCIR): Questões da radiocomunicações (gestão de
frequências)

Tanto a ITU-T como a ITU-R são compostos de delegados dos governos, operadores de
telecomunicações e organizações industriais cujos trabalhos (recomendações) são
ratificadas por assembleias plenárias realizadas de quatro em quatro anos e publicados
em volumes para cumprimento dos membros.

Além da ITU, existem um conjunto de outros organismos também com actividade na


área das telecomunicações: ISO (International Standards Organization: organização
para a padronização, por exemplo o modelo OSI); ANSI (American National Standards
Institute: organização para a padronização americana, por exemplo o ASCII: American
Standard Code for Information Interchange); ETSI (European Telecommunication
Standards Institute: Organização para a padronização europeia, por exemplo GSM:
Global Systems for Mobile Communications); IEEE (Institute of Electrical and Electronic
Engineers, uma ordem engenheiros, por exemplo a Ethernet IEEE 802.3); Consórcios de
fabricantes e operadores (Fórum DSL, Fórum ATM)

1.4. Conceitos fundamentais e topologias


Numa rede de telecomunicações podem-se identificar dois tipos básicos de
equipamentos: vias ou canais de transmissão e nós (dispositivos de rede).

As vias de transmissão asseguram a transmissão da informação entre os nós e podem


ser simples pares simétricos de condutores de cobre (linha telefónica), cabo coaxial
(televisão), radio (sistema celular), via satélite ou fibras ópticas.

Os nós englobam nomeadamente o equipamento de comutação para encaminhamento


da informação (centrais telefónicas, routers), o equipamento terminal para processar a
informação da rede para o utilizador (do telefone, Computador pessoal ao PPCA: Posto
Particular de Comutação Automática), os servidores para armazenarem informação
(servidores de Internet, de TV) e os sistemas de sinalização e de gestão para interacção,
detecção de falhas, configuração da rede, autorização de acesso, etc.

Uma rede de telecomunicações pode ser representada por um grafo, isto é, um conjunto
de pontos ou vertices (V) interligados por um conjunto de linhas (E): G=(V,E) (Figura 1).
A estratégia de interligação entre os nós designa-se por topologia física da rede e a
forma como a informação circula na rede constitui a topologia lógica (Figuras 2 e 3, o nó
1 funciona como distribuidor na topologia lógica).

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Figura 1: Exemplo de um grafo Figura 2: Ex. de rede e seu Figura 3: comparação


grafo equivalente entre topologias

Nas de redes de telecomunicações encontra-se uma grande variedade de topologias e a


sua escolha adequada é uma etapa importante no processo de planeamento da rede.
Destacam-se as topologias:
 Barramento (Bus): A mais simples, a via de transmissão é partilhada por todos os
elementos de rede com base num protocolo de comunicação CSMA/CD (Carrier
Sense Multiple Access with Collision Detection) que evita as colisões entre os sinais
enviados simultaneamente pelos diferentes nós, muito usada nas redes Ethernet;
 Anel: cada nó só está interligado aos nós vizinhos que envia a informação até o
destino de forma uni ou bidireccional (num sentido ou nos dois sentidos). Foi usada
nas redes token ring e FDDI (Fiber Distribuited Data Interface, mas agora em SDH
(Sinchronous Digital Hierarchy) ou redes RPR (Resilient Packet Ring), por ser
ecómica, fiável;
 Malha: Conexão total directa entre todos os pares de nós. Não é prático, por razões
económicas, pois exige muitas linhas de transmissão. Por exemplo, para N=10 4 nós
(número típico de uma rede telefónica) são necessários N(N-1)/2=50 milhões de
linhas telefónicas (pode ser viável para N<10, menos de 100 linhas). É usada para
interligar os nós principais das redes de telecomunicações;
 Estrela: Processo é centralizado através de um nó que controla as comunicações
entre todos os outros. É a solução usada para interligar um elevado número de nós
nas redes telefónicas (rede de acesso);
 Árvore: O sinal é distribuido a todos os nós, a partir do nó que o gerou. Solução
associada a serviços distributivos de televisão por cabo. Com a introdução de um
canal ascendente (garantindo a bidireccionalidade) é usada na telefonia e acesso à
Internet. O meio de transmissão também é partilhado por todos os utilizadores,
empregando algoritmos para evitar colisões.

Figura 4: Topologias de redes

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1.5. Arquitectura (estrutura) de rede


a) Planos de rede
Em geral, se pode identificar numa rede de Figura 5: Planos de rede
telecomunicações três entidades com funções
distintas denominadas planos de rede,
nomeadamente o plano de utilizador, o plano
de controlo e o plano de gestão (Figura 5).

 Plano do utilizador: Assegura o suporte físico das ligações solicitadas pelos


utilizadores, transferindo a informação do utilizador através da rede. Usa o
equipamento terminal, os dispositivos de rede e das vias de transmissão.
 Plano de controlo: Sistema de controlo da rede (sinalização, supervisão,
actualização dos routers)
 Plano de gestão: Garante a fiabilidade (gestão de falhas: diagnóstico e correcção),
flexibilidade (gestão de con/reconfiguração da rede), monitorização (gestão de
desempenho) e identificação, validação e autorização de acesso à rede (gestão de
segurança).

b) Estratificação em camadas
Devido a grande complexidade e heterogeneidade das redes de telecomunicações, para
simplificar a sua concepção, desenvolvimento e operação, são divididas em camadas
(layers), cada uma com uma função específica e todas fazem uma rede completa. Com
este modelo é possível também uma evolução gradual individual e de toda rede. É o
caso do modelo OSI (Open Systems Interconnection) define sete camadas que regula as
comunicações entre computadores

Nas redes que fazem uso de tecnologias de rede, tal como o IP (Internet Protocol), o
ATM (Asynchronous Transfer Mode), SDH (Synchronous Digital Hierarchy) e WDM
(Wavelength Division Multiplexing) as camadas sucessivas estabelecem entre si uma
relação tipo cliente-servidor e, por isso, uma rede de telecomunicações divide-se em
camada de rede de serviço e camada de rede de transporte.

 Camada de rede de serviço: Consiste em Figura 6a: Estratificação da rede em


camadas
diferentes redes de serviços (comutação de
circuitos telefónicos, comutação de pacotes,
linhas alugadas, etc.), Figura 6a. Recolhe, agrega
e introduz a informação (voz, dados, multimédia,
etc.) na rede de transporte

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 Camada de rede de transporte: Plataforma tecnológica que transfere a informação à


distância (transmissão, multiplexagem, encaminhamento, protecção, supervisão e
aprovisionamento de capacidade). Interage com o plano de gestão. Proporciona
caminhos aos seus clientes (rede telefónica comutada, rede RDIS, rede IP, rede ATM,
etc).

A Figura 6b exemplifica o conceito da Figura 6b: Exemplificação do papel


da camada de transporte
estratificação de uma rede de telecomunicações:
Rede de transporte (plano inferior) de cinco
multiplexadores de inserção/extracção ou ADMs
(add/drop multiplexer) ligados por fibras ópticas
em topologia física em anel. A rede de serviço é
uma rede telefónica comutada onde as suas
centrais de comutação (CC) são ligadas pelos
caminhos criados pelos ADMs.

As tecnologias usadas na implementação da rede de transporte são completamente


independentes das usadas em redes de serviço. São baseadas fundamentalmente na
SDH (estabelece caminho no domínio eléctrico) e na WDM (estabelece caminho no
domínio óptico).

c) Hierarquização da rede
As redes de telecomunicações são Figura 7: Principais segmentos
hierárquicos de uma rede
normalmente segmentadas numa estrutura
hierárquica com três níveis: núcleo (core ou
backbone), metro e acesso.

 Rede de núcleo: Abarca grandes distâncias


(centenas a milhares de quilómetros). É
Usa
usadaacesso
para via cabo coaxial,
transportar óptica ou rádio através de canais PDH 1 (em fase de
fibra agregados
grandes
descontinuidade) e canais
de tráfego e oferecer variáveisàsSDH
conectividade redes (pode multiplexar frames baseados em
2

transmissão
regionais ou de pacotes, como Ethernet e PPP 3). Usa mecanismos cujos protocolos
metropolitanas.
garantem a qualidade de serviço, tal como MPLS 4 (gere o tráfego transportado por
Gbit Ethernet) e ATM5 (gere o tráfego transportado por SDH).
Figura 8: Estruturas das tramas SDH e PDH

1
Plesiochronous Digital Hierarchy: Canais hierárquicos agrupados em níveis fixos E1,2,3,E4 (Figura 37)
2
Synchronous Digital Hierarchy: Canais hierárquicos varáiveis agrupados em níveis STM1,4,16,64
3
Point to Point Protocol: Protocolo de transmissão ponto a ponto (Conexão de PC na Internet)
4
Multi-Protocol Label Switching: Protocolos múltiplos de comutação de pacotes e de circuitos virtuais.
5
Assynchronous Transfer Mode: Modo assíncrono de transferência de pacotes
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 Redes de acesso: Oferecem directamente conectividade a uma grande variedade de


utilizadores. Usam várias tecnologias e protocolos de comunicação que dependem
dos serviços proporcionados ao utilizador. Por exemplo, voz (para de cobre), vídeo e
internete (cabo coaxial, ou mesmo acesso em fibra óptica).

 Redes metropolitanas ou regionais: Têm uma extensão média (10-100 km) e


interligam o acesso e o núcleo.

A topologia típica de uma rede de núcleo é a malha, enquanto da rede metropolitana é


normalmente baseada numa topologia em anel. Já no acesso encontra-se uma maior
variedade de topologias, com excepção da malha, Figura 7.

A estrutura hierárquica definida é transversal às redes de transporte e de serviços. Por


exemplo, na rede de serviço usada para o transporte de dados (rede de dados) a
componente do acesso tem a designação de LAN (Local Area Network), a componente
metro designa-se por MAN (Metropolitan Area Network) e a componente do núcleo por
WAN (Wide Area Network).

Note-se que na rede de núcleo e metropolitana a topologia física da rede é imposta pela
camada de transporte que proporciona a conectividade necessária para garantir às
camadas de serviço as topologias lógicas requeridas. No que diz respeito ao acesso as
camadas de serviço têm um papel importante na definição da topologia física. Por
exemplo no acesso telefónica a topologia típica é a estrela, no cabo é a árvore e nas
LANs é o barramento ou estrela.
Figura 8: Estrutura global de uma rede de telecomunicações (Camadas e hierarquias)

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1.6. Tipos de redes de serviço


1.6.1. Rede telefónica pública
A rede telefônica evoluiu a aprtir da rede telefínica básica para uma oferta variada de
serviços, tornando-se numa rede complexa e alta capilaridade. Ela é composta por redes
de longa distância (centrais internacionais e interurbanas), redes locais (centrais
urbanas) e o enlace do assinante (terminais e linhas de assinantes).

Os elementos essenciais de uma rede telefónica são o equipamento terminal (telefone),


o equipamento de transmissão (repetidores, cabos de pares simétricos, cabo coaxial,
fibra óptica, ondas hertzianas, etc.), o equipamento de comutação (comutação por
circuitos: recursos ocupados durante a conexão, mais usada; ou por pacotes: recursos
ocupados por uma fracção de tempo, mais em computadores).

a) Estrutura
A rede telefónica é uma rede com conexão total (Figura 9). Para n telefones são
necessários n-1 linhas, sendo o número total de ligações descrito pela equação:
1
N= n(n−1)
2
Quando n é pequeno e o comprimento das linhas é reduzido pode ter uma topologia
física em malha. Quando cresce (N~n 2) e o comprimento das linhas aumenta, por razões
práticas (custo proibitivo: para 10.000 assinantes é necessário 50.10 6 linhas, sem contar
com mais um computador para cada assinante) usa-se a topologia estrela, que
concentra toda a comutação numa central (central de comutação telefônica) que liga
cada assinante por meio de uma linha, requerendo unicamente N=n, ou seja, 10 000
linhas para o caso do exemplo anterior. (Figura 10).

Quando a área coberta pela central de comutação (rede em estrela) e o número de


assinantes cresce, o preço da linha telefónica aumenta. Então, torna-se mais económico
dividir essa rede em várias redes de pequenas dimensões, cada uma delas servida pela
sua própria central de comutação telefônica, diminuindo o comprimento médio da linha
de assinante e o custo total, mas, em contrapartida o custo associado à comutação
aumenta (Figura 11).
Figura 9: Rede telefónica Figura 10: Rede em estrela Figura 11: Custo da rede com
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(conexão total) com comutação centralizada o número de centrais
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Havendo várias redes estrelas (várias centrais locais) é necessário estabelecer ligações
ou junções, formando assim uma rede com conexão total ou em malha. Estas junções
podem ser directas, quando se tem um grande fluxo de tráfego ou as distâncias são
curtas, ou indirectas, através de uma central tandem (centro de comutação central),
quando o tráfego é reduzido e as distâncias são grandes, Figura 12.

Havendo várias junções de redes em outras partes do país é necessária uma rede de
longa-distância ou rede de troncas que são interligados através de centros de trânsito
(não entre si, por razões económicas), fazendo com que uma rede nacional telefónica
apresente uma topologia em árvore não pura, já que, quando se sobe na hierarquia
aumenta o número de ligações entre centrais do mesmo nível hierárquico (Figura 13).

Figura 12: Área servida por Figura 13:Rede telefónica nacional


várias centrais de comutação

Os centros trânsito podem ser de várias camadas (primários, secundudários, etc.),


dependendo da dimensão do País. Na figura 13 temos um centro de trânsito de duas
camadas, estando a segunda (a mais elevada) em malha com o centro de comutação
telefónica internacional do país. O centro primário liga a rede de junção e a rede de
troncas. Cada central local está ligada a um centro primário, seja directamente, seja
através de uma central de junção tandem.

Em síntese, uma rede telefónica nacional é baseada numa estrutura hierárquica


constituída pela interligação das seguintes redes:
1) Rede privada de assinante: Rede dentro das instalações do assinante (Telefone e a
central de comutação privada ou PABX: Private Automatic Branch Exchange).
2) Rede local ou de acesso: Liga os telefones ou PABX dos assinantes à central local.
3) Rede de junção: Interterliga as centrais locais aos centros de trânsito primários.
4) Rede de troncas ou rede dorsal: Interliga os centros primários através do país.

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Nota: Segundo a terminologia do ITU-T a rede local é constituída pelo conjunto da rede
de acesso e rede de junção. Na generalidade dos casos, usa-se no âmbito desta
disciplina a definição de rede local dada em 2.

b) Critérios de qualidade e plano de transmissão


O caminho completo de uma ligação telefónica inclui o percurso do sinal da boca ao
microfone e do altifalante até ao ouvido, para além do seu percurso eléctrico através de
todo o sistema de comunicação. A atenuação total deste caminho constitui o
equivalente de referência (ER), um parâmetro usado no dimensionamento de redes
analógicas e que determina a sua qualidade. Por exemplo, para voz normal:
 0 dB: Uma pessoa falando a 4 cm do ouvido de quem escuta;
 25 dB: Dois interlocutores conversando a uma distância de 70 cm;
 36 dB: Dois interlocutores conversando a uma distância de 3 m.

Figura 16: Exemplo de um plano de transmissão


O antigo CCITT (actual ITU-T) recomendava
de uma rede de telecomunicações
um plano de transmissão com um ER
máximo de 36 dB entre assinantes de dois
países de tamanho médio, devendo-se
definir ainda os valores máximos e mínimos
dos principais factores condicionantes da
transmissão (atenuação, ruído, ecos,
diafonia, etc.) para as diferentes partes da
rede, distribuído do seguinte modo (Fig. 16):
 20.8 dB para a rede nacional do lado do emissor;
 12.2 dB para a rede nacional do lado do receptor;
 3 dB para a rede internacional (6 ligações a 4 fios em cadeia: 6×0.5 dB).

A amplificação do sinal nas redes analógicas é feita por amplificadores e o nível do sinal
não é uniforme, tal como o ER e o desempenho da rede. Para uniformizar, designou-se
o nível de transmissão como sendo a relação entre o sinal de teste medido nas troncas
(ponto de nível de transmissão, PNT) e outro de referência medido nos centros de
trânsito (ponto de nível zero de transmissão, PNT0) expresso em dBr.

Nas redes digitais, caso das redes digitais integradas ou com integração de serviços
usadas nos dias de hoje, este problema não se coloca, pois o desempenho é
praticamente uniforme devido a regeneração dos sinais pelos repetidores, ao contrário
da simples amplificação nas redes analógicas.

c) Rede digital integrada (RDI) Figura 17: Definição de uma RDI com a delimitação das
fronteiras (pontilhado)
Uma RDI é definida como sendo
uma rede na qual todas as centrais
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de comutação são digitais e o 10
tráfego nas junções e nas troncas é
transportado em sistemas de
transmissão digital. Quando se leva
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quatro fios e a qualidade de transmissão apresenta os seguintes atributos:

 As perdas de transmissão são independentes do número de troços e centrais


presentes numa ligação (são constantes, garantindo uniformidade no desempenho);
 As ligações apresentam um nível mais baixo de ruído do que as analógicas
correspondentes (um valor típico para essas perdas é, por exemplo, 6 dB);
 As ligações são mais estáveis, ao contrários das redes analógicas a dois fios.

O primeiro atributo é particularmente importante para um operador de telecomunicações,


pois garante que as perdas de transmissão nas fronteiras da RDI se mantêm constantes
para todos os tipos de ligações, garantindo a uniformidade no desempenho.

1.6.2. Rede Digital com Integração de Serviços


A Rede Digital com Integração de Serviços (RDIS) 6 surge para integrar todas as redes
públicas (telefone, dados, etc.) numa única rede digital, com a introdução de modems,
fazendo com que o utilizador através de uma única linha de assinante tivesse acesso a
uma grande diversidade de serviços, como voz, dados, imagem, texto, etc.

Uma rede RDIS pode oferecer dois tipos de acessos: acesso básico (dois canais de voz
a 64 kb/s e outro de dados a 16 kb/s: 144 kb/s) e acesso primário (30 canais de voz a 64
kb/s cada e outro de dados a 64 kb/s: ~2 Mb/s). Houve uma tentativa da ITU-T de se
criar uma RDIS de banda larga (várias dezenas de Mb/s) para incluir serviços de vídeo e
de dados a alta velocidade usando um novo paradigma de transferência de informação,
o ATM (Asynchronous Transfer Mode), tal que um só comutador fosse usado para todos
os serviços da rede, mas a ideia não avançou devido aos elevados. Contudo, a
tecnologia ATM foi adoptada pela indústria de telecomunicações como uma boa solução
para a comutação de dados a muito alta velocidade.

1.6.3. Rede pública de dados

6
Em notação anglo-saxónica ISDN (Integrated Services Digital Network)
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Uma rede de dados é uma rede que permite a troca de informação digital entre
computadores e outros dispositivos processadores de informação, usando diferentes
ligações e nós. Pode ser segmentada em três grupos: LAN (rede localizada numa área
geográfica limitada); MAN (rede cujos pontos de acesso se localizam numa área
metropolitana) e WAN (se estende por várias cidades e mesmo países).

Uma rede de dados usa a Figura 18: Princípio de operação de uma rede de
comutação de pacotes
tecnologia de comutação de
pacotes que não precisa
estabelecer-se uma ligação
prévia entre os utilizadores
(connectionless), como na rede

telefónica (Figura 18). Na fonte, cada mensagem a ser transmitida na rede é dividida em
pequenas unidades (pacotes ou datagramas) contendo cada um cabeçalho com a
informação do endereço do destinatário, da fonte, o número do próprio datagrama e
outra informação de controlo, além da informação propriamente dita. Estes datagramas
são enviados de forma independente, podendo seguir percursos diferentes até ao seu
destino, onde são agregados de modo a originar a mensagem inicial. Cada nó, ao ler o
cabeçalho, está em condições de definir o trajecto a seguir.
Uma rede de dados garante um nível de segurança bastante elevado, na medida em
que qualquer intruso na rede somente consegue obter fragmentos da mensagem
transmitida. Além disso, não existe um ponto de falha único, porque se um nó, ou uma
ligação falham, ou são sabotados, existem sempre ligações e nós alternativos. Também,
o seu controlo é feito por nós, não havendo uma estrutura hierárquica como nas redes
telefónicas. Estas vantagens fizeram surgir o ARPANET7 e mais tarde a Internet.

Apesar disso, a comutação de pacotes não garante uma qualidade de serviço em termos
de atraso, erros ou débito, sendo chamados de serviços ao melhor esforço (best-
effort). Por isso, a rede pública de dados é baseada em circuitos virtuais
(estabelecimento de uma ligação lógica com o destinatário através do primeiro pacote e
todos os pacotes da mensagem seguem por essa ligação).

Existe uma diferença fundamental em relação à comutação de circuitos nas redes


telefónicas: a ligação não é dedicada (é partilhada por outros circuitos virtuais). Para
isso, usa-se um processo de armazenamento/expedição do pacote em cada nó (o
cabeçalho do pacote deve conter a identificação do circuito virtual). Este processo
permite às redes com circuitos virtuais escoar tráfego com débitos mais elevados e com
maior rapidez do que as redes com datagramas. Perde-se, no entanto, a segurança,
flexibilidade e fiabilidade associadas à tecnologia dos datagramas.
7
Advanced Research Projects Agency NETwork (1967, USA, Projectos avançados em redes de dados)
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Em síntese, pode dizer-se que a comutação baseada em circuitos virtuais é mais


adequada para transmissões a longas e com débitos elevados, enquanto a comutação
com datagramas é preferível para transmissão de dados de curta duração.

O paradigma de comutação ATM é baseado em circuitos virtuais com pacotes de valor


fixo e dimensão muito inferior (células) em relação à comutação de pacotes onde os
pacotes têm dimensões variáveis. Uma célula é constituída por 53 octetos, sendo 5
usados para cabeçalho e os restantes para informação.

Com a massificação da Internet e a necessidade de se garantir qualidades de serviço


nas redes IP surgiu o protocolo MPLS8 cuja base consiste em associar uma identificação
(etiqueta ou label) todos os pacotes com o mesmo destino e canalizá-los através de uma
espécie de túnel virtual. Isso permitiu aumentar significativamente a rapidez de
comutação e consequentemente reduzir o atraso do pacote na rede.
1.6.4. Redes híbridas fibra-coaxial
São caracterizadas por usarem uma Figura 19: Estrutura de uma rede híbrida fibra coaxial.
infraestrutura em fibra óptica para servir
núcleos e daí sair uma rede em cabo
coaxial até às instalações do utilizador.
No princípio eram usadas para a
distribuição de televisão por cabo ou
CATV (CAble TV), mas actualmente é
uma solução para serviços distributivos
digitais e serviços interactivos como é o
caso do acesso à Internet.

Na Figura 19 a ligação entre a cabeça de rede e o nó de acesso é realizada por uma


fibra óptica pela rede da camada de transporte (numa rede real é mais complexa e pode
conter vários níveis hierárquicos). A rede coaxial inicia-se no nó de acesso óptico onde
tem lugar a conversão do sinal óptico em eléctrico e no caso das redes com capacidade
para suportar serviços interactivos (bidireccionais) também do eléctrico para o óptico.

A rede coaxial tem uma topologia física em árvore. A repartição dos sinais de
radiofrequência pode ser feita através dos amplificadores de tronca ou a partir de
repartidores passivos. Para além desse amplificadores tem-se ainda os amplificadores
de linha que são usados para compensar a atenuação do cabo coaxial e dos
repartidores passivos. Será de notar que ambos os tipos de amplificadores terão de ser

8
Multiprotocol Label Switching: protocolo de comutação de pacotes rotulados (agrupados)
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bidireccionais, para assegurar serviços interactivos nessas redes (para mais detalhes
consultar referência [Jo99]).

3.1. Redes celulares


Figura 18: Estrutura de uma rede celular
O princípio básico da comunicação
celular consiste em dividir as regiões em
várias regiões de pequena dimensão e
potência, designadas por células. Cada
célula tem uma estação de base que a
cobre via rádio e que está ligada a uma
central de comutação de móveis, designada por MSC (Mobile Switching Centre), Figura
18. Assim, os componentes básicos da rede são os telefones móveis, as estações de
base e as MSC. Cada MSC controla todas as chamadas entre as células de uma
determinada área e a central local. Cada célula tem disponíveis vários radiocanais para
tráfego de voz e um ou mais para sinalização de controlo com largura de banda entre os
25 e os 30 kHz.

Operação
O telefone móvel ao ligar-se faz a auto-localização dos diferentes canais de controlo de
MSC e sintoniza o que tem o nível mais elevado, estabelecendo um lacete com a
estação de base. Este processo continua periodicamente para estabelecer lacetes com
outras estações base, caso se deslocar para outras células. Outra operação é o registo
de presença no início da ligação e em intervalos regulares envia informação da sua
presença para a MSC mais próxima que a armazena e terá uma ideia aproximada da
sua localização.

Quando o móvel pretende realizar uma chamada, transmite o número do destinatário


para a estação base, usando o canal de controlo. A estação base envia então essa
informação para a MSC, juntamente com seu número de identificação que localiza o
destinatário. Imediatamente, a MSC atribui um radiocanal de voz bidireccional para o
estabelecimento da ligação entre o telefone móvel e a estação base. Depois de receber
esta informação, o telefone móvel ajusta para emitir e receber nas frequências
atribuídas. Logo que o MSC detecta a presença da portadora da unidade móvel no canal
desejado, a chamada ou é processada pela própria MSC, ou é enviada para a central
local para aí ser processada.

Quando a estação base de uma determinada célula detecta que a potência do sinal
emitido por uma determinada unidade móvel desce abaixo de um determinado nível,
sugere à MSC para atribuir o comando dessa unidade a outra estação base. A MSC,
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para localizar o móvel, pede às células vizinhas informação sobre a potência do sinal por
ele emitido, sendo atribuído o comando do móvel à estação base que reportar um nível
de sinal mais elevado. Um novo canal de voz é atribuído a essa unidade móvel pelo
MSC, sendo a chamada transferida automaticamente para esse novo canal. Este
processo designa-se por handover e dura cerca de 200 ms, o que não é suficiente
para afectar uma comunicação de voz.

3.2. Redes do Século XXI


Não é possível definir com rigor como vão ser as redes de telecomunicações que vão
ser construídas no futuro. Há contudo uma certeza: estas redes vão ser concebidas num
ambiente e num tempo em que as características dominantes são o tráfego de dados e
não o de voz, que foi a base de concepção das redes telefónicas públicas comutadas.

Esse novo cenário impõe novas exigências: banda larga (débitos superiores a 2 Mbit/s)
e convergência. Os serviços de banda larga irão reflectir-se na tecnologia de
transmissão usada no acesso, tal que os pares simétricos (cobre) e o cabo coaxial irão
perdendo progressivamente importância e o seu lugar será ocupado pela fibra óptica.

A convergência irá reflectir-se em termos da rede de serviços, unindo as redes


telefónica pública e à de dados e, mais tarde à de distribuição de televisão por cabo; e
em termos da rede de transporte, reduzindo o número de tecnologias usadas,
simplificar a operação das redes e por conseguinte reduzir o seu custo de exploração.

Um bom exemplo é o caso do programa Figura 20: Visão esquemática da rede BT 21st
“BT 21st Century Network”, baseada na Century Network.

tecnologia IP/MPLS para convergir quatro


redes: PSTN, DPCN, ATM e IP. A rede de
transporte é baseada na tecnologia OTN
(convergência das tecnologias PDH, SDH e
WDM). A plataforma de acesso multiserviço actua como interface entre o mundo
IP/MPLS e os diferentes serviços (central local para o serviço telefónico, comutador
Ethernet para serviço Ethernet, DSLAM no caso do ADSL, etc.).

Fica ainda uma outra certeza: essas mudanças requerem investimentos colossais que
colocarão grandes desafios e ao mesmo tempo oportunidades na engenharia das
telecomunicações.

Problemas
1. Qual é a principal limitação das topologias em barramento e em árvore? Como é que
essa limitação pode ser ultrapassada?
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R: Barramento: Partilha do meio. Existência de um protocolo de comunicação


(CSMA/CD) que evita colisões entre os sinais enviadas simultaneamente pelos
diferentes nós.
Árvore: Partilha do meio. Introdução de um canal ascendente (garantiu a
bidireccionalidade) e a existência de algoritmos de contenção para evitar as colisões
entre os utlizadores e regular o processo de comunicação.

2. Explique se o plano de controlo intervém no processo de estabelecimento de uma


chamada telefónica.
R: Sim. Dinamiza o plano do utilizador: Sinalização (toque ou linha ocupada),
supervisão e terminação das ligações (actua no comutadores telefónicos); actua
também nos routers (actualização das tabelas de encaminhamento). Ex. SS7.
3. Indique quais são as diferenças essencias entre uma rede de transporte e uma rede
de serviços. Dê exemplos de redes de serviço.
R: A rede de serviço funciona como cliente da rede de transporte. Introduz informação
na rede de transporte que a transporta a longa distância. Ex. De Rede de serviços:
rede telefónica, rede de dados, rede celular, rede de cabos, circuitos alugados. (Nota
comparativa: Rede de serviço são os carros; Rede de transorte: Auto-estradas)

4. Refaça a Figura 6b de modo que a camada de transporte conduza a uma topologia


lógica em estrela dupla. Qual é a vantagem desta topologia à estrela simples.
R: A em estrela dupla ou estrela redundante dispõe de duas rotas independentes para
a comunicação simultânea. Escolher uma CC para o tráfego redundante dos outros
CC. Vantagem: evita falhas através de comunicação e detecta falhas (quando o
receptor não descarta um dos sinais)

5. Faça uma representação esquemática de uma rede híbrida fibra-coaxial (camadas de


serviço e transporte) com uma topologia física em anel com quatro nós.

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6. Na sua perspectiva, quais foram as principais modificações que foi necessário fazer
nas redes híbridas, para que estas pudessem evoluir de redes com capacidades
meramente distributivas (televisão) para redes capazes de proporcionar serviços
interactivos, como é o caso do acesso à Internet.
R: O servidor (na cabeça da rede) distribui os canais de TV usando multiplexagem por
divisão na frequência (AM, PSK ou QAM). Para os serviços interactivos foi preciso
reservar-se canais descendentes (550 a 1000 MHz) e ascendente (5 a 65 MHz) entre
a cabeça da rede e o utilizador dentro do Espectro de radiofrequência típico de uma
rede híbrida (5 a 1000 MHz).

7. a) Exprima as potências a seguir em dBm e dBW: 50 μW, 1 mW e 100 mW; b) Calcule


em dBV e dBμV as tensões que essas potências produzem numa resistência de 600
Ω e 50 Ω.
R: (Nota: P(dB)=10.log10(P(W)/1W e P(dB)=20.log10(V(V)/1V), P=V2/R, V=(P.R)1/2
Potência 50μW 1mW 100 mW
-3
dBm 10.log10(50.10 mW)/1mW)=-13,01 dBm 0 20
dBW 10.log10(50.10-6 W)/1W)=-43,01 dBm - 30 -10

Dados 50μW 1mW 100 mW


600 Ω 50 Ω 600 Ω 50 Ω 600 Ω 50 Ω
Tensão (V) 0,173 0,05 0,77 0,22 7,75 2,24
dBV -15,23 - 26,02 -2,22 -13,01 17,78 6,99
dBμV 104,76 93,98 117,73 106,85 137,79 127,00
Ex. Para 600 Ω e 50 μW: V (dBV)=20.log10((P.R)1/2V/1V)=0,17 V/1 V)=-15,2 dBV

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0,173 V =173.000 μV → V(dBμV)=20log10(173.000 μV/1μV)=104,76 dBμV

8. Com base na figura representada abaixo determine:


a) A potência do sinal medida no ponto B, admitindo
que no ponto de nível zero de transmissão se injecta
uma potência de 1 mW; b) O valor do ganho (perdas)
que o sinal sofre quando se propaga de A a C; c) O
valor da potência de ruído medida no ponto de nível zero e em C, admitindo que o
nível absoluto da potência em B é de – 60 dBmp.

1. Aspectos da infra-estrutura da rede fixa de acesso


A Rede de Acesso é o segmento de rede que faz a interligação entre as centrais locais
(CO: Central Office) e os equipamentos do cliente (CPE: Customer Premisses
Equipment). São usadas as tecnologias xDSL (Digital Subscriber Line), HFC (Hybrid
Fiber-Coaxial) e FTTx (Fiber To The x) que permitem a existência simultânea de vários
tipos de tráfego (Figura 38).

Existem fundamentalmente quatro tipos principais de meios físicos de transmissão nas


redes de acesso:

 Par entrançado de cobre: Para redes telefónicas (POTS: Plain Old Telephony
Service) e redes xDSL (Digital Subscriber Line);
 Cabo coaxial: Rede TV, mas actualmente, dados e voz;
 Wireless: Tecnologias rádio (redes telefónicas móveis); Difusão em espaço livre
(rádio e TV);
 Fibra óptica: Rede core, mas actuamente também em rede de acesso (NGA).

Figura 7.38: Diferentes meios de transmissão na Rede de Acesso

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Rede de acesso utilizando par trançado


O par entrançado é constituído por dois fios de cobre isolados entrelançados entre si. É
o meio de transmissão mais barato e mais comum nas redes de telecomunicações
apesar das suas limitações de largura de banda.

Rede telefónica fixa: Criada para permitir comunicação por voz usando pares
entrançados de cobre, centrais de comutação automática, pontos de flexibilidade para
ligar a central e o cliente, nomeadamente, o RP (Rrepartidor Principal ou MDF: Main
Distribution Frame), o SR (Sub-Repartidor) e o PD (ponto de distribuição), conforme a
figura 7.39.

Figura 7.39: Rede de acesso da rede telefónica

Redes xDSL: Aproveitam a infra-estrutura de cobre da rede telefónica existente para


transmitir débitos superiores até aos então existentes, através das técnicas de
modulação e compressão espectral (Figura 7.40). Com a remoção dos filtros foi
possível transmitir frequências de voz e outras mais elevadas (dados) que são
separadas nas residências dos utilizadores e nas centrais de comutação, através dos
equipamentos DSL e PSTN (Figuras 7.41 e 42). A letra x na sigla DSL refere-se às
taxas de transmissão, tipos de conexões, alcance e aplicação (Tabela 7.7). As redes
xDSL são vantajosas, pois utilizam parte da infra-estrutura de cobre já existente,
permitem uma redução nos custos de implementação e fornecem uma largura de
banda que já permite utilizar serviços e aplicações tais como o VoIP e IPTV.

Figura 7.40: Rede tlefónica fixa e a sua Figura 7.42: Rede ADSL
evolução para rede xDSL

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Figura 7.41: Espectro de frequências ADSL

Tabela 7.7: Comparação das diferentes tecnologias xDSL


DSL – digital Subscriber Tipo de
Taxa de transmissão Alcance Aplicações
Line conexão
HDSL (High bit rate DSL) 1.5 Mbit/s a 2 Mbit/s Sim. 4-5km T1/E1 LAN/WAN

SDSL (Single DSL) 2 Mbit/s Sim. 3-4km POTS, T1/E1 LAN/WAN


down:1.5 Mbit/s a 9
VoD, video, LAN,
ADSL (Asymmetric DSL) Mbit/s; up: 16 Kbit/s Assim. 3km
multimédia interactiva.
a 640 Kbit/s
down: até 24 Mbit/s VoD, video, LAN,
ADSL 2+ (variante ADSL) Assim. 1.5km
up: até 3.5 Mbit/s multimédia interactiva.
down:13Mbit/s a 52 VoD, vídeo, LAN,
VDSL (Very High bit rate 0.3-
Mbit/s; up: 1.6Mbit/s Assim. multimédia interactiva,
DSL) 1.5km
a 2.3 Mbit/s HDTV.
VoD, vídeo, LAN,
0.3-
VDSL 2 (variante VDSL) até 100 Mbit/s Assim. multimédia interactiva,
1.5km
HDTV.

Redes de acesso por cabo coaxial (HFC – Hibrid Fiber-Coaxial)


As Redes HFC evoluíram das redes CATV (Community Antenna Television), fornecendo
actualmente uma grande variedade de serviços, rádio FM, Internet, telefonia, etc. A sua
arquitectura basea-se em cabos mistos, isto é, fibra óptica na rede principal e cabos
coaxiais na rede secundária (ou rede de distribuição) e na rede de acesso (Figuras
7.43).

De acordo com a recomendação ITU-T J.222.1, que a define, assume as seguintes


características:

 Transmissão simétrica (no sentido ascendente e descendente);

 A distância máxima óptica/eléctrica entre o Sistema de Terminação de Cable Modem


(CMTS) e o Modem de Cabo (MC) mais distante é de 160km em cada sentido,
embora a máxima separação típica seja de 15-24km.

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Para adaptar as redes HFC aos serviços interactivos e normalizar a oferta, o ITU-T
adoptou Data Over Cable Service Interface Specification (DOCSIS) que permite o
acesso a dados, onde o sinal é injectado na fibra a partir centro primário (head-end),
passa pelo centro de distribuição, onde é convertido em eléctrico, e chega ao cliente
onde o CM o Modula/demodula para entrar no equipamento de cliente. (Figuras 7.44).

Figuras 7.43: Rede HFC

Figuras 7.44: Estrutura de uma rede HFC Figuras 7.45: Sistema DOCSIS

Rede de acesso utilizando tecnologias wireless


As redes de acesso sem fio vão utilizar o espectro electromagnético como meio de
transmissão, pelo que é imperativa a implementação de tecnologias de transmissão
robustas e com mecanismos de detecção de erros eficazes.

A utilização de comunicações sem fios não é utilizada em todos os troços da rede de


telecomunicações. As antenas utilizadas nas comunicações móveis estão, em muitos
casos, interligadas por meios físicos como a fibra óptica ou pares de cobre.

1. Difusão em espaço livre: Caracterizadas por dois tipos de difusão:


 Difusão não endereçada: dirigida a todos os utilizadores finais sem distinção, caso
dos serviços de rádio e televisão.

 Difusão endereçada: dirigida a um grupo restrito de utilizadores.

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2. Redes celulares: Permitem que um utilizador possa efectuar uma operação em


movimento.
 GSM (Global Systems for Mobile communications): Mais usada na Europa,
transmite voz, dados, mensagens e serviços suplementares (SMS):

 GPRS (General Packet Radio Service): Evolução do sistema GSM, que introduziu
a transmissão de dados com comutação de pacotes.

 UMTS (Universal Mobile Telecommunications System): Tecnologias de terceira


geração (3G), continuação do GPRS, permitindo fornecer serviços multimédia de
alta velocidade.

 HSPA (High Speed Packet Access): Evolução de UMTS com taxas de


transmissão mais elevadas e permitindo a comunicação de vários pela mesma
célula.

 LTE (Long-Term Evolution): Evolução de HSPA, permitindo aplicações como


jogos Online, Mobile Tv e Web 2.0, voz sobre IP (VoIP: Voice Over IP), permitindo
assim uma melhor integração com outros serviços multimédia.

 WiMAX (Worldwide Interoperability for Microwave Access): Definida segundo a


norma IEEE 802.16, pretende ser uma alternativa ao DSL e ao cabo, como forma
de acesso à Fibra Óptica na Rede de Acesso. Tem um alcance muito superior ao
Wi-Fi (IEEE 802.11) o que permite a utilização de potências de transmissão mais
elevadas, velocidades até 40Mbit/s a distâncias até 10km.

Rede de acesso usando fibra óptica

Desde a década de 90 que se tem colocado uma grande expectativa em soluções de


rede baseadas em fibra óptica na rede de acesso, como sendo capazes de resolver
definitivamente o problema de fazer chegar a casa de cada cliente um acesso de banda
larga, que permita aceder aos serviços de voz, vídeo e dados com um nível de QoS
adequado.

FTTx (Fiber to the x) é uma expressão genérica para designar arquitecturas de redes de
telecomunicações que utilizem fibra óptica. Dependendo do ponto de terminação da fibra
óptica, estas arquitecturas têm várias designações e serão detalhadas na secção
seguinte.

Figura 21 – Redes de acesso usando fibra óptica (recorte da Figura 9)

 Arquitecturas FTTx: Fibra até à caixa/armário exterior à casa do assinante (entra


através de cobre ou cabo coaxial). Tem diversas designações: FTTN (Fiber To The
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Node), FTTCab (Fiber To The Cabinet), FTTC (Fiber To The Curb), FTTP (Fiber To
The Premises), FTTB (Fiber To The Building) e FTTH (Fiber To The Home).

Figura 22 – Arquitecturas FTTx [4]

 Fiber to the home (FTTH): Fibra até à casa do assinante

3.4.2 Redes Ópticas Passivas

As redes ópticas passivas ou redes PON (Passive Optical Network) na rede de acesso
foram concebidas com base numa topologia de rede de ponto-a-multiponto, onde o meio
é comum a múltiplos utilizadores que partilham a mesma largura de banda.

Estas redes estão equipadas com elementos passivos e são então designadas de redes
passivas pois, com a excepção dos equipamentos terminais (Central Office e do
equipamento terminal do utilizador), não há necessidade de recurso a energia eléctrica
na rede de transporte. Este facto simplifica o planeamento da rede e reduz os custos de
operação e manutenção.

3.4.3 Redes Ópticas Activas

As redes ópticas activas ou redes AON (Active Optical Network) apresentam uma
grande diferença em relação às soluções PON: necessitam de equipamentos activos
(switches, routers ou multiplexers) que requerem alimentação eléctrica para distribuir o
sinal óptico.

As topologias adoptadas por estas redes de acesso podem ser topologias ponto-a-
ponto, uma fibra dedicada a um utilizador final, ou topologias ponto-a-multiponto, que
necessitam de equipamentos activos implementados na rede de transporte. Fibra Óptica
na Rede de Acesso:

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2. Redes de Transporte
Objectivo: Discutir a arquitetura actual das redes de transporte e apresentar as principais
propostas de evolução para acomodar novas exigências deste negócio.

5.1. Conceitos básicos


A função de uma rede de transporte é transmitir ponta a ponta os serviços (informação)
entre os dispositivos (terminais telefónicos, routers, PC, gateways, etc.). As redes de
telecomunicações actuais baseiam-se numa combinação de tecnologias de transmissão
e comutação de pacote orientada ou não à conexão, tendo planos de controlo de
funções, vários esquemas de resiliência, vários serviços, entre outras.

As redes digitais podem transferir informações entre os nós por meio da utilização de
dois paradigmas fundamentais: comutação de circuito ou comutação de pacote.

Nas redes comutadas por circuito, os dados são organizados em fluxos de bit contínuos
e ininterruptos. Numa conexão, antes de iniciar a transferência de dados, os nós da rede
são configurados para prover o link físico exclusivo até ao fim da conexão. Esta tarefa é
feita pelo sistema de controlo da rede. Usa uma tecnologia É o caso da rede telefónica
pública. Exemplo típico de tecnologia de comutação de circuito: SDH (Synchronous
Digital Hierarchy)

Nas redes comutadas por pacote, os dados são organizados em pacotes de tamanho
finito que são processados um a um nos nós da rede e encaminhados com base na
informação de cabeçalho do pacote. Cada pacote dura o seu tempo e todos partilham os
links, havendo mais eficiência dos recursos (links). Exemplo típico de tecnologia de
comutação de pacote: Ethernet.

As redes comutadas por pacote podem, por sua vez, trabalhar nos modos: não orientado
à conexão e orientado à conexão.

Modo não orientado à conexão: Os pacotes são encaminhados da origem ao destino de


acordo apenas com a informação contida no cabeçalho do pacote. É o caso do IP
(Internet Protocol). Usa algoritmos de encaminhamento

Modo orientado à conexão: Os pacotes são encaminhados da origem ao destino através


de reserva de recursos entre os nós da rede, isto é, existe uma configuração de conexão
antes da conexão. É o caso do ATM (Asynchronous Transfer Mode).

5.2. Necessidade de evolução

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As redes do futuro irão exigir uma evolução nas redes comutads por circuito e uma
optimização da rede de transporte de pacotes visando reduzir os gastos com
investimento e operação. Actualmente as tecnologias electrónica e de fibra óptica têm
permitido o transporte de serviços com base em IP, resultando em:

Introdução de novos serviços: Em função da demanda ou de novas

 Crescimento do tráfego: Em função de novos serviço


 Disponibilidade de novas tecnologias
 Grau de padronização e interoperabilidade de novos equipamentos de rede: Através
de protocolos (integração dos elementos de rede diferentes).
 Leis e regulamentações: Criar limitações.
 Potencial de mercado e quantidade de investimentos. chave para o desenvolvimento
das redes.

Para o transporte de serviços múltiplos, a rede de transporte convencional está a dar


lugar à Rede de Transporte de Pacotes (PTN – Packet Transport Network) baseada em
novas arquitecturas de convergência funcionais:

Routeadores conectados em malha por fibra usando o protocolo IP/MPLS como


alternativa aos protocolos e tecnologias tradicionais SDH, ATM ou Ethernet para IP, com
problemas de escalabilidade (falta de capacidade com o tempo) e roteadores caros que
não transportam tráfego de alta largura de banda.

Qualidade de serviço e redes com larguras de bandas dinâmicas: Disponibilidade e


transporte fim a fim e para suportar serviços emergentes (vídeo em tempo real) na
arquitetura actual “tudo baseado em IP”.

Escalabilidade da rede para suportar tráfego actual e futuro sem grandes custos (são
necessários recursos e configurações manuais adicionais para escalar o anel SDH).

Habilidade de reconfiguração da rede (mudar os parâmetros, por exemplo largura de


banda, ou o modo de roteamento de serviços )

Redes sobre tecnologias modulares baratas que mantenham um nível funcional


mínimo e uma boa relação custo-benefício, devido a competição no mercado e pressão
dos clientes sobre os operadores de redes para reduzir o custo do transporte de tráfego.

Soluções padronizadas: garante a interoperabilidade entre equipamentos de diferentes


fornecedores (fabricantes), reduz custos (vários fornecedores para a mesma tecnologia),

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rede com componentes de diferentes fornecedores (não há dependência de um único


fabricante)

Diferenciação de qualidade de serviço (QoS): diferentes recursos para diferentes


aplicações (largura de banda, segurança, atraso, jitter ou variação de atraso, perda de
pacotes, taxa de erro, prioridade e buffer).

Mecanismos de resiliência: disponibilidade permanente ou parcial do serviço (backup


para recuperar as conexões afetadas pela falha) e níveis protecção (completa, ao
melhor esforço).

Operação, Administração e Manutenção (OAM): Controlo simplificado e


semiautomático da infraestrutura da rede (monitoramento, gestão de alarmes, de
configurações, de serviços e de clientes). Deve ser independente para cada camada da
rede.

Suporte a tráfego multicast: garantir a comunicação entre um único transmissor e


todos os receptores através da entrega do mesmo fluxo. Importante para IPTV e
aplicações similares.

Multiplicidade de sinais de clientes: transporte que possa carregar tráfego gerado


tanto por acesso móvel quanto fixo (dados, voz, streaming de vídeo, videoconferência,
VoIP, aplicações de telemedicina, serviços corporativos de VPN: Virtual Private
Network), etc.).

Bibliografias

1) Manual aberto de rede de telecomunicações: Adriano Afonso Andre Moreira Pedro


Jesus Tiago Carrondo; Versão 2.1.1 | 06-09-2014 | 2 a Edição.

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