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SEMINÁRIO DOM VICENTE J.

ZICO
CURSO DE FILOSOFIA
DISCIPLINA: ÉTICA II
DOCENTE: PE. GLAUDEMIR SIMPLICIO DE LIMA
DISCENTE: WELLINTON MONTEIRO LIMA
CASTANHAL, 03 DE DEZEMBRO DE 2021
DE QUE FORMA A ÉTICA PODE COLABORAR PARA MUDAR ESTE
CONTEXTO DA SERVIDÃO MODERNA?
A pergunta que norteia a nossa reflexão é a seguinte: será se tudo o que vivemos
hoje é culpa da modernidade? A ética, como sabemos nasce da necessidade humana de
criar valores e hábitos para assim possamos viver pacificamente em sociedade. E é por isso
que todas as culturas se preocuparam com a preservação de seus valores e tradições, uma
vez que o homem decide viver em sociedade, isto é, o ser humano carece cada vez mais
aprender a conviver em grupos. Contudo, a falta de valores consistentes e éticos deixa
exatamente uma grande lacuna no proceder humano e desta forma o homem como sujeito
de sua própria história vê-se caminhando por um caminho individualista e ao mesmo
tempo manipulável pelos “sujeitos modeladores da sociedade”, paradoxal.
A sociedade vive um momento paradoxal, ou seja, aceita uma espécie de escravidão
velada e escolhe de certo modo pagar por suas próprias “prisões”. Isto é, o ser humano
alimenta a alienação de si mesmo. Este luta por manter o trabalho que o escraviza e que
querendo ou não é parte do sistema, onde todos os dias drena a sua energia produtiva.
Logo, o “escravo moderno”, é um escravo por vontade. Em outras palavras, escravo
moderno é todo aquele que está inserido no sistema capitalista sem notar que está incluso
em uma engrenagem complexa que enriquece com a vitalidade de seu corpo e do seu
intelecto e que acaba por incentivá-lo a manter em funcionamento a lógica de consumo que
sustenta este mesmo sistema que o aprisiona.
Neste sentido, a servidão moderna é este constante processo alienante que aliena
para que o homem trabalhe e consuma cada vez mais. Com isso o homem não precisará
resistir ao sistema que o domina e o entrelaça em uma cadeia que ao invés de liga-lo a
liberdade de seu agir o deixa preso neste universo de escravidão.
Aristóteles (2007, p. 95), diz: “Em todas as ciências e em todas as artes o alvo é o
bem; e o maior dos bens acha-se principalmente naquela dentre todas as ciências que é a
mais elevada: ora, essa ciência é a Política, é a justiça, isto é a utilidade geral”. Se ao invés
do ser humano ficar preso em suas necessidades que cria dizendo que são vitais à
população e começar a pensar com a razão da consciência e, nisto começar a agir,
certamente, a ilusão que trás estes prazeres imediatos que buscam desenfreadamente àquilo
que é fruto de suas necessidades, verdadeiramente conseguirá caminhar para um equilíbrio
em suas ações. Posteriormente, mudará um pouco mais no que se refere ao seu proceder e
ao modo a qual vive em todas as dimensões possíveis de sua vida.
A política para Aristóteles seria o regulador/mediador dessas normativas que irá
definir o certo ou errado, o justo e o injusto, o moral do imoral. Dentro da premissa
Aristotélica a éthos, ou seja, os costumes e hábitos de um povo, são reguladas através das
leis e mediada pela política. Em outras palavras, embora o crescimento econômico nunca
deva parar, ele não deve fazer da realidade do sujeito uma realidade pautada no
consumismo que o torne escravo de suas próprias fantasias de necessidades que acabam
sendo absurdas e que acaba transformando o ser humano em um escravo em tempo
integral.
Portanto, a servidão moderna não pode continuar fazendo do homem um escravo
que consente voluntariamente ser uma coisa na “mão” do sistema. O ser humano não pode
continuar comprando e comprando aquilo que o escraviza cada vez mais. Pelo contrário,
por meio de sua justa medida, denominada de equilíbrio, precisa tornar a sua conduta em
reguladora de suas ações para que viva de maneira ajustada no equilíbrio de si mesma a
qual reflita em suas ações um bom proceder para si e a partir de si para outros, possa bem
viver sem ser um total escravo da servidão moderna.

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