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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA VARA

CRIMINAL DE UBERABA-MG

Marcolino, solteiro, portador do CPF xxx.xxx.xxx-xx e RG


nº xxxxxxx, residente e domiciliado na Rua X, Qd X, Lt X, Setor X, nesta
capital, vêm respeitosamente à presença de Vossa Excelência – por intermédio
de seu advogado que esta subscreve (procuração em anexo) – propor
PEDIDO DE RELAXAMENTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE C/C
CONCESSÃO DE LIBERDADE PROVISÓRIA
Pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos:

1- DOS FATOS:

Na data 1 de janeiro de 2021, Marcolino juntamente com


Paulo, adentraram em um local e furtaram vários objetos. Seu vizinho estava
saindo de sua residência quando presenciou o delito, sendo assim ele acionou
a polícia que fez várias diligências, mas não conseguiu capturá-los.

Na data de 16 de janeiro de 2021, após uma ronda policial


na cidade de Uberaba-MG, onde foi cometido o delito, a polícia avistou um
indivíduo com atitude suspeita andando na rua. Sendo assim fizeram as buscas
e encontro o suspeito com uma mochila, onde trazia consigo um notebook e
um relógio da mesma marca e característica, relatadas pela vítima do furto.
Levado à delegacia a vítima reconheceu os objetos, bem
como apresentou a nota fiscal dos mesmos. Diante disso, o delegado autuou
Marcolino em flagrante delito e recolheu-o à prisão.

Insta ressaltar que Marcolino se encontra recluso há 5


dias, e até o presente momento ainda não houve audiência de custódia.

2- DO DIREITO:
A prisão do requerente fora feita fora do flagrante delito:

Conforme consta no auto de prisão em flagrante, o


requerente foi preso 5 dias atrás, com uma mochila, onde trazia consigo um
notebook e um relógio da mesma marca e características das furtadas, e que
posteriormente foram reconhecidas pela vítima.

Porém, a prisão em flagrante está discordância com o


artigo 302 que dispõe:
Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem:
I - está cometendo a infração penal;
II - acaba de cometê-la;
III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo
ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça
presumir ser autor da infração;
IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas,
objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da
infração.

Deste modo, pode-se alegar que Marcolino não se


encontrava mais em flagrante no momento do fato, visto que só foi pego 5 dias
após o ilícito, o que contraria o termo “logo após” do inciso IV do artigo
supramencionado.

Sendo assim, tem-se que a prisão de Marcolino é tida


como ilegal, e deveria ter sido relaxada durante a prisão de custódia – se
houvesse ocorrido.
Audiência de custódia não foi realizada:

Conforme dispõe o art 5, LXVI, da constituição Federal de


1988 que: Ninguém sera levado a prisão ou nela mantido, quando a lei admitir
a liberdade provisória, com ou sem fiança.

Desta forma, podemos notar no caso acima, que a


audiência de custódia constitui um Direito constitucional do acusado que lhe
permite conservar sua liberdade até sentença condenatória irrecorrível.

Nos termos da resolução do CNJ (n. 213 de 2015)


determina verificar na audiência de custódia se há cabimento de liberdade
provisória. O desrespeito a este procedimento torna a manutenção da prisão
em flagrante totalmente ilegal e desproporcional, cabendo determinar-se a
melhor decisão com base no princípio da dignidade da pessoa humana

Ademais, a prisão em flagrante possui requisitos que,


quando não observados, podem caracterizá-la como ilegal. De acordo com o
Art. 310. Ao receber o auto de prisão em flagrante, o juiz deverá
fundamentadamente:

I - relaxar a prisão ilegal; o


II - converter a prisão em flagrante em preventiva, quando
presentes os requisitos constantes do art. 312 deste
Código, e se revelarem inadequadas ou insuficientes as
medidas cautelares diversas da prisão; ou
III - conceder liberdade provisória, com ou sem fiança.

A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF)


assentou o entendimento de que a não realização de audiência de
custódia implica ilegalidade que não pode ser afastada pela posterior
realização da audiência de instrução e julgamento e eventual prolação de
sentença condenatória. A decisão decorreu da apreciação dos agravos
regimentais em Habeas Corpus (HCs) 202579 e 202700, dos quais o ministro
Nunes Marques era relator.
Conforme foi narrado, podemos ver que não ficou
configurado nenhuma das hipóteses autorizadoras do flagrante inseridas no
artigo 302 do Código de Processo Penal. Sendo assim, como o Marcolino não
foi preso em flagrante há a necessidade de revogação da prisão.
3- DO PEDIDO:

Ante o exposto, requer o relaxamento da prisão flagrante,


nos termos do artigo 310, I do Código de Processo Penal, com a consequente
expedição de alvará de soltura.

Caso Vossa Excelência não entenda como de direito,


requer, nos termos do artigo 316 do Código de Processo Penal, a concessão
da Liberdade Provisória sem fiança, para que o indiciado possa reintegrar-se
ao convívio social, posto que não está presente nenhum requisito que
fundamente o mantimento da prisão – levando em consideração que o crime
ilícito foi cometido sem violência e grave ameaça, e Marcolino tem emprego
lícito e residência fixa.

Nesses termos,
Pede deferimento.

Uberaba-MG, 1 de junho de 2022.

Anna Gabryella Ribeiro Borges (OAB/GO 20191000103003)


Mariana Gomes Nascimento (OAB/GO 20191000103542)
Sara Velasco Freitas (OAB/GO 20191000108625)

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