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- Do que se trata esse transtorno? Você já conhecia? Qual a sua percepção a respeito?
Tais propostas não revelam o potencial dos estudantes e não possibilitam que eles tenham
protagonismo diante de suas dificuldades e limitações, desconsiderando também a idade
cronológica e o conteúdo curricular da série do educando. Outra questão é a falta de
articulação efetiva da equipe escolar da classe comum com professores do Atendimento
Educacional Especializado (AEE) e familiares de estudantes.
Para desmistificar esses conceitos, apresento um relato de minha experiência, após atuar por
quase 27 anos como professora de Educação Física no estado de São Paulo e ser especializada
em alunos com TEA. Atualmente atuo como professora do AEE em duas escolas públicas pela
Secretaria do Estado de Educação de São Paulo (SEESP).
A experiência de José
Vou abordar o caso do aluno José*, matriculado em 2018 no 9º ano do ensino fundamental,
em uma classe comum da Escola Estadual Maestro Antonio Mármora Filho, do município de
Mogi das Cruzes, estado de São Paulo, e que possui atendimento na sala de itinerância do AEE.
José tinha 14 anos e estava há 2 anos nessa escola. Ele tem a vivência da sala comum sem o
acompanhamento do profissional de apoio durante seu período de aula regular.
O aluno não tinha, na ocasião de ingresso na escola, um laudo médico clínico específico sobre
sua deficiência, entretanto estava inserido no AEE para alunos com TEA.
Diante das informações coletadas e observadas, foi possível traçar um plano pedagógico para
minimizar as barreiras que geravam dificuldades de aprendizagem e traçar ações para
melhorar seu potencial, considerando e reconhecendo suas limitações.
Levando em conta o currículo do estado de São Paulo, procurei também articular o conteúdo
curricular de sua série com diferentes estratégias, como jogos lúdicos e atividades concretas
elaboradas com materiais pedagógicos acessíveis Site externo, construídos com auxílio do
próprio aluno. Recursos tecnológicos e digitais, como videoaulas, jogos, animações,
simuladores, infográficos, fichas temáticas, entre outras, também foram utilizados.
Adotamos como material escolar do aluno na classe comum um caderno com folhas
quadriculadas. Percebemos a necessidade de incluir esse recurso para que José desenvolvesse
sua escrita e para facilitar sua observação em relação às proporções da letra, a noção de
distância, retas e compreensão de tamanho, bem como a noção de unidade, dezena, centena,
assim como para prepará-lo para o uso da pauta.
Também propusemos a customização da capa do caderno, para que tivesse seu sentido e
significado ampliado e servisse de ferramenta de expressão do aluno, no qual ele poderia
manifestar seus gostos e sentimentos por meio de palavras e imagens.
Além dessas propostas, o trabalho do AEE também serviu para incentivar e apoiar as
participações do estudante nos projetos da escola, potencializando a articulação com os
professores das disciplinas curriculares na sala comum.
Diante do exposto, realizando uma análise comparativa das situações de “antes e depois” da
intervenção pedagógica, verifiquei que a aprendizagem e o desenvolvimento do José
apresentaram melhorias, com o aperfeiçoamento da sua comunicação escrita e oral. Ele está
mais falante e conta histórias, relatando fatos e apresentando criticidade sobre determinados
assuntos que são abordados na sala de aula.
Sua interação com a comunidade escolar foi ampliada: ele está participando de eventos sociais
sem a presença de seus familiares, como aniversário de amigos da sala de aula e excursões da
escola. Demonstra também maior iniciativa e interesse em realizar as tarefas, levantando a
cabeça e fixando o olhar.
A mãe relatou que em casa ele conta tudo o que acontece na escola, fala sobre seus amigos,
dos professores e das atividades que desenvolve. Ela também percebeu que o interesse do
filho pela atividade escolar aumentou e que ele ficou muito feliz ao ser considerado aluno
destaque da sala.
Quais foram as minhas conclusões? Tendo em vista todo o seu desenvolvimento, percebemos a
importância da realização do trabalho colaborativo entre o AEE e os professores da classe
comum, para buscar possibilidades de ações metodológicas, como avaliação diagnóstica;
sondagem; entrevistas; criação de materiais pedagógicos acessíveis; e uso de tecnologias.
Todas essas ações devem visar o fortalecimento das potencialidades de estudantes público-
alvo da educação especial para que eles sejam protagonistas de suas ações.”
3 – Quais dúvidas você ainda tem acerca do tema “inclusão na escola”? Levante ao menos
uma questão.