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FACULDADE GIANNA BERETTA

PÓS-GRADUAÇÃO EM URGÊNCIA E EMERGÊNCIA


MÓDULO ASPECTOS ÉTICOS EM SAÚDE/ÉTICA, BIOÉTICA E EXERCÍCIO PROFISSIONAL
DA ENFERMAGEM
PROFº. ROSÁRIO MARQUES
ALUNA: YALLÊM MELO SOEIRO ARAÚJO

Inicialmente, cogita-se com muita frequência que o mundo vive, hoje, um


momento da sua história marcado por grandes transformações: nas relações políticas,
da vida social; e na construção cultural. As características das novas configurações
sociais e seus efeitos circulantes longe de produzir sentimentos humanizantes e
mensagens igualitárias e emancipatórias, estão agregadas ao que há de mais
negativos sobre a humanidade: As diferenças sociais extremadas, na qual a
indigência, a miséria, a escassez, e a pobreza extrema, dar forma a estrutura social
das massas; a intolerância por religião, raça, etnia, gênero, condição social e
econômica, orientação sexual, deficiência, e outras categorias, exclui os/as
“diferentes” que estigmatizados são transformados em incapazes e imprevidentes. 
“Todo ser humano tem deveres para com a comunidade, na qual o livre e pleno
desenvolvimento de sua personalidade é possível”
E o que se entende por direitos humanos? Todos os seres humanos nascem
livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem
agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade. Todo ser humano tem
capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta Declaração,
sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião
política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou
qualquer outra condição. 

“Todo ser humano tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal”

Segundo a autora¸ a Educação em Direitos Humanos parte de três pontos:


primeiro, é uma educação permanente, continuada e global. Segundo, está voltada
para a mudança cultural. Terceiro, é educação em valores, para atingir corações e
mentes e não apenas instrução, ou seja, não se trata de mera transmissão de
conhecimentos. Logo, a questão dos direitos humanos constitui um dos eixos
fundamentais das questões globais às da vida cotidiana, os direitos humanos
atravessam nossas preocupações, buscas, projetos e sonhos. Afirmados ou negados,
exaltados ou violados, eles fazem parte da nossa vida individual, comunitária e
coletiva.
“Todo ser humano tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; esse
direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar
essa religião ou crença pelo ensino, pela prática, pelo culto em público ou em
particular”
O artigo aponta, ainda, que a Educação em Direitos Humanos é
essencialmente a formação de uma cultura de respeito à dignidade humana através da
promoção e da vivência dos valores da liberdade, da justiça, da igualdade, da
solidariedade, da cooperação, da tolerância e da paz. Além disso, busca traçar
reflexões correlatas a educação e a promoção e garantia dos Direitos Humanos em
uma sociedade, por vezes, intolerante.
No entanto, esta realidade convive com violações sistemáticas, e em muitos
casos dramáticas, destes direitos. Na sociedade brasileira, a impunidade, as múltiplas
formas de violência, a desigualdade social, a corrupção, as discriminações e a
fragilidade da efetivação dos direitos juridicamente afirmados constituem uma
realidade cotidiana. Ao mesmo tempo, também é possível detectar neste cenário a
progressiva afirmação de uma nova sensibilidade social, ética, política e cultural em
relação aos direitos humanos, ainda que devagar.

“Todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e expressão; esse direito inclui a
liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir
informações e ideias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras”

Conforme a autora, “a educação para a tolerância se impõe como um valor


ativo vinculado à solidariedade e não apenas como tolerância passiva da mera
aceitação do outro, com o qual pode-se não estar solidário”. Buscar uma reflexão
acerca do educar-se em e para os Direitos Humanos é de suma importância.

Ao conhecer o Direito, o indivíduo se empodera. Ele torna-se cidadão, ciente


de seus direitos e deveres, bem como do próximo. Deste modo, importante trazer à luz
os Direitos Humanos posto que entrelaçados à moral e a dignidade da pessoa humana
e suas relações sociais.

E qual a importância desse processo educativo? A autora cita com veemência


pontos cruciais para o entendimento acerca dessa pergunta, conforme transcrevo na
íntegra:

“Em primeiro lugar, o aprendizado deve estar ligado à vivência do valor


da igualdade em dignidade e direitos para todos e deve propiciar o
desenvolvimento de sentimentos e atitudes de cooperação e
solidariedade. Ao mesmo tempo, a educação para a tolerância se impõe
como um valor ativo vinculado à solidariedade e não apenas como
tolerância passiva da mera aceitação do outro, com o qual pode-se não
estar solidário. Em seguida, o aprendizado deve levar ao
desenvolvimento da capacidade de se perceber as conseqüências
pessoais e sociais de cada escolha. Ou seja, deve levar ao senso de
responsabilidade. Esse processo educativo deve, ainda, visar à formação
do cidadão participante, crítico, responsável e 6 comprometido com a
mudança daquelas práticas e condições da sociedade que violam ou
negam os direitos humanos. Mais ainda, deve visar à formação de
personalidades autônomas, intelectual e afetivamente, sujeitos de
deveres e de direitos, capazes de julgar, escolher, tomar decisões, serem
responsáveis e prontos para exigir que não apenas seus direitos, mas
também os direitos dos outros sejam respeitados e cumpridos”.

Logo, a educação em Direitos Humanos nos diferentes anos do ensino é um


dos grandes desafios na produção de conhecimento. Vale mencionar, que durante
pesquisas notei que é um tema que não faz parte do currículo escolar. Todavia, é
essencial que os estudantes tomem consciência do processo de mudanças na qual
estão inseridos, e também o seu papel enquanto cidadão com poder para construir
uma sociedade mais justa.

No Brasil, esses direitos estão expressos e garantidos na Constituição Federal


e em diversos outros tratados e legislações nacionais e internacionais ratificados. Em
2003, o Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos foi lançado, para fortalecer
o respeito aos direitos humanos e às liberdades fundamentais e promover o pleno
desenvolvimento da dignidade humana, construindo uma cultura de paz.
Quando se trata de Direitos Humanos, são muitos os documentos e as
informações encontradas, como por exemplo o artigo em questão que relata
perfeitamente a realidade. Trago, ainda, mais uma informação importante, que ao
pesquisar e associar ao artigo, vejo que precisamos pesquisar cada vez mais sobre o
assunto.
O documento trabalha a Educação em Direitos Humanos em cinco eixos:
Educação Básica, Educação Superior, Educação não-formal, Educação dos
profissionais dos sistemas de Justiça e Segurança e Educação e Mídia.
“Infelizmente, nos últimos anos – principalmente neste governo -, os
setores responsáveis pela área de Educação e Direitos Humanos nas
diferentes esferas federais que trabalham pela implementação do Plano
foram extintos ou totalmente desarticulados. É o caso da Secretaria de
Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi), no
Ministério da Educação, e do Comitê Nacional de Educação em Direitos
Humanos, no Ministério dos Direitos Humanos”, lamenta Fernanda Lapa,
coordenadora executiva do Instituto de Desenvolvimento em Direitos
Humanos (IDDH).
Mesmo sem políticas públicas para a implementação dessa agenda, a
educação em direitos humanos tem acontecido por meio da iniciativa de diversos (as)
professores (as) e escolas em todo o país – e é essencial que continue acontecendo.
“O que constatamos em nossas formações é que, na prática, muitos
educadores já trabalham a educação em direitos humanos, mas não a
nomeiam dessa forma. Isso é muito importante, porque ela é o tipo de
educação que vai garantir um desenvolvimento humano de respeito e de
empatia nas crianças, e que busca realmente menos violência e menos
desigualdade no sistema educativo – que, claro, reflete também na
própria sociedade” - Fernanda Lapa, coordenadora executiva do Instituto de
Desenvolvimento em Direitos Humanos (IDDH)

O Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos (PNEDH), de 2006,


afirma que a educação em direitos humanos é compreendida como um processo
sistemático e multidimensional que orienta a formação do sujeito de direitos,
articulando as seguintes dimensões:

a) apreensão de conhecimentos historicamente construídos sobre direitos


humanos e a sua relação com os contextos internacional, nacional e local;

b) afirmação de valores, atitudes e práticas sociais que expressem a cultura


dos direitos humanos em todos os espaços da sociedade;

c) formação de uma consciência cidadã capaz de se fazer presente nos níveis


cognitivo, social, ético e político;

d) desenvolvimento de processos metodológicos participativos e de construção


coletiva, utilizando linguagens e materiais didáticos contextualizados;

e) fortalecimento de práticas individuais e sociais que gerem ações e


instrumentos em favor da promoção, da proteção e da defesa dos direitos
humanos, bem como da reparação das violações. Sendo a educação um meio
privilegiado na promoção dos direitos humanos, cabe priorizar a formação de
agentes públicos e sociais para atuar no campo formal e não formal,
abrangendo os sistemas de educação, saúde, comunicação e informação,
justiça e segurança, mídia, entre outros. (Brasil, 2006)

O documento assinala que, desse modo, a educação é compreendida como


um direito em si mesmo e um meio indispensável para o acesso a outros direitos. A
educação ganha, portanto, mais importância quando direcionada ao pleno
desenvolvimento humano e às suas potencialidades, valorizando o respeito aos
grupos socialmente excluídos. Essa concepção de educação busca efetivar a
cidadania plena para a construção de conhecimentos, o desenvolvimento de valores,
atitudes e comportamentos, além da defesa socioambiental e da justiça social.

Portanto, em momentos de crise de valores, sejam públicos ou privados e da


sociedade como um todo, torna-se essencial que a temática da igualdade e da
dignidade humana não faça parte apenas de textos legais, mas que, igualmente, seja
internalizada por todos que atuam tanto na educação formal como na não formal. E
aqui podemos propor não só revisão curricular, mas a formação docente para que
inclua em seu programa os direitos humanos, que são para todos e cuja proposta
aconteça de fato e de direito. Seria maravilhoso que esses eixos preconizados pelo
PNEDH fossem de fato, colocados em prática.
Segundo a Autora, “Trata-se de uma educação permanente e global, complexa
e difícil, mas não impossível”, e não, óbvio que terá complicações, mas ela é essencial
no processo de crescimento. No amadurecimento do entendimento das novas
gerações, sabendo que “eu posso ser o que eu quiser”, “eu posso pensar”, “eu posso
ou não ser religioso”, “eu mereço respeito e devo respeitar o próximo”. E
principalmente, saber o que assegura seus direitos, bem como as leis. As ações
escolares precisam ser voltadas, desde seu início, para formação do sujeito
emancipado, capaz de reconhecer seus diretos, pautando-se na atribuição de sentido
significativo das interações sociais e na capacidade de reconhecer o direito do outro
com base no respeito mútuo.
O processo de formação de um sujeito consciente de seus direitos deve
valorizar os conteúdos acadêmicos, porém devem também ir além deles. É necessário
incluir, tanto na formação dos educandos, como na formação continuada de docentes,
ações reflexivas, leitura de textos e promoção de discussões sobre a realidade,
próxima ou distante da comunidade escolar, que permitam a construção da autonomia
do indivíduo no reconhecimento da importância do respeito a si e ao outro. A escola
não é apenas garantidora de direitos legais defendidos por lei, mas vai além: é um
espaço que deve propiciar o incentivo necessário a construção de uma consciência de
que todos são responsáveis pelo respeito à dignidade uns dos outros, de tal modo que
a degradação de um indivíduo degrada a condição humana dos demais.

“Todo ser humano, como membro da sociedade, tem direito à segurança social, à
realização pelo esforço nacional, pela cooperação internacional e de acordo com a
organização e recursos de cada Estado, dos direitos econômicos, sociais e culturais
indispensáveis à sua dignidade e ao livre desenvolvimento da sua personalidade – Art.
22”
“Toda a pessoa tem direito à educação. A educação deve ser gratuita, pelo menos
a correspondente ao ensino elementar fundamental – Art. 26”
“O artigo 19º da DUDH diz que “todo o indivíduo tem direito à liberdade de opinião e
de expressão, o que implica o direito de não ser inquietado pelas suas opiniões e o
de procurar, receber e difundir, sem consideração de fronteiras, informações e ideias
por qualquer meio de expressão”.

Destaquei em vermelho pontos importantes, que eu enquanto cidadã senti


necessidade de conhecer e, principalmente, levar para a vida. O artigo deveria ser
lido por muitas outras pessoas, pois somos alheios a essa situação que está
presente entre nós, mas que pouco tomamos conhecimento. Aprendi muito acerca
dos Direitos Humanos, entendendo que a vida do próximo, bem como suas
escolhas, deve ser respeitada. E que o repassar desse conhecimento, deve
prosseguir, para que tenhamos novas gerações conscientes.
Obrigada, Professora! Você abordou assuntos e nos trouxe vivências que pelo
menos a mim enquanto humana, aluna e enfermeira, fez pensar e refletir sobre a
vida, direitos humanos e ética.
Me peguei pensando várias vezes que mesmo sem querer ou por não entender,
tomei decisões que se tivesse o conhecimento depois de sua aula, com certeza não
o faria.

Obrigada!

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