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A Música de pífanos e percussão do Nordeste brasileiro

Heráclito Dornelles

Pifercussão ®

A MÚSICA DE PÍFANOS E PERCUSSÃO


DO NORDESTE BRASILEIRO.

2ª edição

João Pessoa-PB

Edição do Autor

2011
A Música de pífanos e percussão do Nordeste brasileiro

Capa

Sergio Lucena

Fotos

Heráclito Dornelles

Revisão

Lindsay Gois

Impressão

Gráfica Moura Ramos

CD anexo: pesquisas de campo e gravações em


estúdio

Heráclito Dornelles
Alunos do Projeto Pifercussão (Músicas das páginas 23 e 24)

Confecção do Pífano que acompanha o material

Alunos do Projeto Pifercussão.


1ª edição 2010

2ª edição 2011

Pifercussão – A Música de Pífanos e Percussão do Nordeste Brasileiro,


Heráclito Dornelles, João Pessoa-PB: Ed: do autor, 2011. 100p.

ISBN: 978-85-910753-1-7
A Música de pífanos e percussão do Nordeste brasileiro

Prefácio da 2ª edição
" O Brasil é um pais dotado de grandes talentos para a musica. Tive a
oportunidade de assistir um Workshop do Dornelles no Rio de Janeiro e fiquei
maravilhado com seu conhecimento da musica nordestina. E ele adapta o
modernismo dos dias atuais com a linda tradição de ritmos do Nordeste do
Brasil”. Parabéns!

Pascoal Meirelles, Baterista e compositor graduado


pela Berklee College of Music (Boston, USA).

“Trabalho primoroso esse do Heráclito”! Como integrante do "Pife


Muderno" tenho viajado por aí e percebo interesse crescente de jovens de
todas as regiões pelo som das bandas de pífaros. Este livro, da forma como foi
feito, com certeza é um marco importantíssimo para a educação e divulgação
desta cultura. Eu mesmo estou usando e aprendendo muito. Congratulações,
meu 'véio'.

Oscar Bolão, Baterista integrante do grupo Pife Muderno.

“A escola brasileira de música é carente de olhares acadêmicos, pode


ter no Projeto Pifercussão uma opção para a inclusão da oralidade como base
de uma metodologia de estudo, fortalecendo a iniciação músical se utilizando
de instrumentos brasileiros como o pífano e percussão das bandas cabaçais."

E Eder "O" Rocha, baterista da banda Mestre

Ambrósio e coordenador da Escola Prego Batido.


A Música de pífanos e percussão do Nordeste brasileiro

Fiz mais um diário de bordo do que um livro


é o tema da 2ª edição.
Quero compartilhar um pouco do que vi, vivi e senti antes, durante e
depois de ter escrito o material. Só pra ter uma noção das vivências, (estas
ocorridas no nordeste do Brasil e nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e
Paraná), vivências em educação e pesquisa etnomusicologica com alguns
grupos da cultura dos pífanos do nordeste brasileiro, o material é uma síntese
de horas de anotações, gravações e experiências neste universo musical, no seu
conteúdo, material educativo para aprendizes do pífano e da percussão,
informações e procedimentos educacionais para educadores musicais,
experiências e olhares do autor como etnomusicólogo e transcrições de ritmos
e levadas para percussionistas e bateristas.
Após a tour de lançamento nos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, São
Paulo e Paraná realizando eventos de lançamento e workshops para públicos
diversos na área profissional da música como educadores musicais, bateristas,
percussionistas, pesquisadores, e pessoas do campo da arte, cultura e educação.
Fiz muitos amigos, muitas vivências dentro e fora do meu estado, falando do
processo de composição do livro organizei o material baseado em vivências
pessoais em educação, pesquisas de campo (etnomusicológicas) e na vida
musical diária, tudo isso fez parte de uma construção pessoal e profissional que
alicerça este livro, muitas outras informações ficaram de fora, porém me esforcei
o máximo para sintetizar aqui olhares de dentro e fora da ótica musical que,
diga-se de passagem, precisaria ser publicado outro livro só pra relatar os
tormentos, prazeres, medos, incertezas e felicidades que vivi”.

“Com esta reedição espero atualizar novamente o material de


informações pré e pós, como sei que nunca terá fim este processo, entrego em
suas mãos leitor a função de descobrir você mesmo as suas impressões sobre o
universo musical aqui proposto, seja na educação musical, na pesquisa cultural
no estudo das músicas e ritmos ou na vida musical. Na sequencia as
experiências de lançamento do livro que vivi na primeira edição”.
A Música de pífanos e percussão do Nordeste brasileiro

No Conservatório Brasileiro de
Música – Rio de Janeiro-RJ
Presença ilustre do baterista
Oscar Bolão ao centro.

No Rio de Janeiro -RJ, Após o workshop de lançamento do livro para baterista na


escola de bateristas Jorge Casagrande. Presenças dos bateristas Pascoal Meirelles,
Jorge Casagrande e Daniel Batera.

Em Belo Horizonte-MG, após workshop na UFMG (faculdade de música).


A Música de pífanos e percussão do Nordeste brasileiro
Em São Paulo –SP, após o
workshop na escola Prego
Batido do Eder O’ Rocha (do
meu lado esquedo da foto a
presença do baterista João
Parahyba no evento).

Aos Leitores
Ao adentrarmos na natureza da cultura popular brasileira, nos damos
conta da vasta diversidade de manifestações que um povo cria em atividades e
feitos de seu grupo social ou comunidade, e ainda, para perpetuar e resguardar
atos, laços ancestrais de tradições advindas de muito tempo. Se falarmos no
campo da música, observamos a imensa variedade de manifestações culturais
regionais, como o Maracatu, Reisado, Coco de Roda, Cirandas, e Bandas de
Pífano. Baseado nesse panorama o Projeto Pifercussão nasceu como uma
iniciativa que visa oferecer aulas de música baseadas na cultura popular
brasileira, em específico as de bandas de pífano, também chamadas de terno de
zabumba, banda cabaçal ou banda de pife.

A proposta Pifercussão nasceu de uma necessidade como músico


de conhecer a cultura nordestina mais a fundo e o tema escolhido foi a música
de bandas de pífano, o qual não existia nenhuma publicação com o perfil
educativo com metodologias que ensinassem ou mesmo que descrevesse tal
manifestação assim como ela é, ou seja com o olhar de quem a faz, a partir
dessa necessidade foi criado também o projeto social Pifercussão como forma
de perpetuar esta cultura, realizado na cidade de João Pessoa-PB e Bayeux-PB,
com crianças e adolescentes de bairros carentes. As aulas tiveram a finalidade
de preparar o público interessado para encontros presenciais com os
mestres, assim as informações necessitaram de uma fundamentação não
baseada na bibliografia ou em discografias para o ensino das crianças, foram
necessários meios informativos mais dinâmicos sobre esta cultura, tendo maior
êxito as histórias contadas a partir do olhar êmico dos mestres coletadas em
pesquisas de campo, devidamente liberadas para este uso. A aplicação destas
informações se deu com auxilio dos vídeos, fotos e áudios das conversas com
os mestres, algumas informações que estão neste livro especialmente o
processo educativo das crianças foram escritos a partir da vivência com os
mestres e da bi-musicalidade do autor, adequando algumas informações das
A Música de pífanos e percussão do Nordeste brasileiro
pesquisas de campo para um processo educativo em uma “tradução intra
lingual”¹, respeitando a oralidade e os processos educativos que passou e que
é comum em culturas de tradição oral, esta escolha, fora fundamentada na linha
de pensamento do campo da etnomusicologia (área de estudo da musicologia).

¹ ___________

No sentido de Jakobson, em uma tradução intralingual, ou seja, a literalidade não é obedecida,


mas a exatidão do sentido é mantida (Jakobson, 1977 64-5).

Além disso, outro ponto que precisa ser esclarecido diz respeito à
escolha da metodologia. Foram adotados os procedimentos esclarecidos por
Pedro Demo em sua obra (metodologia do conhecimento científico), ao aplicar
a pesquisa teórica e empírica, quanto a este último, Demo relata:

Pesquisa empírica a que é dedicada a tratar a face empírica e factual da


realidade, de preferência mensurável; produz e analisa dados,
procedendo sempre pela via do controle empírico e factual, cujo
extremo já se torna empirista; entretanto, é sempre adequado pretender
abordarmos a realidade pelo prisma empírico, desde que não a
reduzamos às expressões empíricas; nem sempre, ou – diriam alguns –
raramente o empírico coincide com o relevante, já que a realidade
costuma esconder-se; a própria idéia de análise supõe que é mister ir
além do que aparece a primeira vista; disso não segue que pesquisas
empíricas devam ser superficiais, até porque podem atingir sofisticações
metodológicas notáveis, sobretudo em seus testes estatísticos;(...)
DEMO,2000,pag. 2).

Desta maneira, este estudo empírico oferece um conhecimento sobre a


cultura e a música das bandas de pífanos do nordeste brasileiro e o lugar desta
com relação a fatores identitários, musicais, sociais e etnográficos de uma
minoria social e que resiste, apesar de estar inserida na realidade pluricultural
dos dias atuais.

Desejo a todos boas descobertas!

O autor.
A Música de pífanos e percussão do Nordeste brasileiro

Agradecimentos
A Deus, minha família que me dá suporte em tudo, aos mestres pifeiros pelas
visitas e pela liberação das gravações que visaram a divulgação de sua cultura, e
futuros eventos que realizaremos. Aos meus alunos que me motivam e me
encorajam na guerrilha ideológica e cultural, aos amigos e participantes do
Pifercussão em todos os estágios e momentos e a todos que se sintam
envolvidos de alguma forma. DEDICO!

Sobre o Autor
Natural de João Pessoa-PB, Heráclito Dornelles é Baterista e Bacharel em Música
formado pela UFPB (Universidade Federal da Paraíba), atua como músico e
pesquisador. Em sua trajetória, obteve participações em importantes festivais
como 5º Festival de Música Instrumental do BNB (Fortaleza, Sousa e Cariri) ,33º
Festival FEMUCIC em Maringá-PR além de festivais específicos de bateristas e
percussionistas como o 4º Encontro Nordestino de Percussão que reuniu
artistas nacionais e internacionais, e os Festivais da Revista Batera e Percussão
(Caruaru-PE) e o Festival Odery- Modern Drummer Brasil. Em 2007 lançou uma
vídeo aula em formato de DVD, direcionado para o estudo do instrumento
(Bateria), atualmente divide sua atuação entre o projeto social Pifercussão, os
trabalhos musicais que encabeça como o trio de música instrumental Baião de
Três onde lançou em 2010 um DVD e CD com composições autorais.

Na companhia de alguns mestres pifeiros em pesquisas de campo.

Mestre Zeca – Sumé PB Mestre João do Pife – Caruaru - PE Mestre Raimundo Aniceto – Crato –
CE
A Música de pífanos e percussão do Nordeste brasileiro

Mestre Biu do Pife – Caruaru – PE Banda Cabaçal de Cachoeira dos índios-PB Mestre Dão
– Caruaru-PE
A Música de pífanos e percussão do Nordeste brasileiro

Introdução
A pluralidade da Música e sua relação com a cultura
A música, assim como outras artes, é configurada como um fator
biológico da vida humana, seja em qual for o estado, nação ou etnia, exercendo
papéis particulares tendo suas características próprias e de uma pluralidade e
diversidade que se dá a partir da relação estética e estésica dos envolvidos em
suas aproximações e concepções do fazer prático da música. Tendo em vista a
diversidade de relações e inter-relações com outras áreas da ciência, a música
toma olhares bastante plurais, como podemos ver no esquema abaixo.

A partir desta observação sobre a música e o que lhe é pertinente, iremos traçar
no desenrolar deste trabalho informações que poderão ser observadas por
A Música de pífanos e percussão do Nordeste brasileiro
diversos pontos de vista e diversos profissionais, acreditando que esta forma
plural de olhar a música expandirá a noção do fazer musical, cumprindo o papel
de expandir horizontes.

Índice
Cap. 1 - Pifercussão Para Aprendizes

1 - As bandas de pífano do nordeste Brasileiro____________________________________13


1.1 - O Pífano ou “Pife”_________________________________________________________15
1.2 - Como tocar o pífano? ________________________________________________________16
1.3 - Posição da boca, dedos e respiração _________________________________________17
1.4 - Exercícios práticos para o pífano ______________________________________________18
1.5-Processo educacional do pífano e percussão: como ensinar ou aprender a
descobrir _______________________________________________________________________20
2 – Flautas Étnicas (Indígenas, Negras e Ibéricas) _______________________________25
2.1- Músicas do repertório tradicional das bandas de pífanos_____________________27
3 – Ritmos, primeiras concepções_________________________________________________30
3.1 - Os instrumentos de percussão______________________________________________32
3.2 – Ritmos_______________________________________________________________________35

Cap. 2 – Pifercussão Para Multiplicadores

4- Resumo da proposta Pifercussão_______________________________________________42


5 - O início _________________________________________________________________________45
6 - As Primeiras Aulas – Compreendendo como o aluno pensa____________________ 47
7 - O desenvolvimento das aulas e a formação de um grupo para apresentações
dentro e fora do território de origem._____________________________________________ 49
8 - Dicas finais aos multiplicadores______________________________________________52

Cap. 03 – Para Pesquisadores em Música,


educação e cultura.

10 - Um olhar etnomusicológico de um estudo de caso_______________________54


10.1 - Áudios da Banda de Pífanos Pio X -Sumé PB ___________________________59
11- Outras bandas de Pífano da Paraíba__________________________________________59
A Música de pífanos e percussão do Nordeste brasileiro

Cap. 04 - Para Percussionistas e Bateristas

Baião________________________________________________________________________________63
Baiano-CE, Baião da Tesoura-PB.________________________________________________64
Xaxado _____________________________________________________________________________65
Vaneirão____________________________________________________________________________65
Marcha de Novena ________________________________________________________________66
Machucado _______________________________________________________________________67
Valsa________________________________________________________________________________67
Samba______________________________________________________________________________68
Xote________________________________________________________________________________68
Marcha Rebatida __________________________________________________________________68
Marcha de Passeio_______________________________________________________________69
O conceito da Zabumba com pé___________________________________________________69
Variações da Caixa_________________________________________________________________72
Os Ritmos adaptados pra bateria__________________________________________________73
Ritmo: Xote _______________________________________________________________________74
Ritmo: Arrasta-pé (Qualdrilha junina) ____________________________________________75
Variação sobre o Baião: Baiano e/ou Baião da Tesoura ___________________________75
Marcha Rebatida___________________________________________________________________76
SamBaião ou Samba-Coco ________________________________________________________76
Diálogos entre tambores (Surdo e tom)__________________________________________77
Baião de Prato_____________________________________________________________________ 78
Solo________________________________________________________________________________79
Considerações finais_______________________________________________________________80
Anexo 1 - Modelo de Proposta de oficina ______________________________________81
Anexo 2 – Relatos de anotações de campo_________________________________________83
Anexo 03 -Anotações de campo _______________________________________________86
Anexo 04 - Construindo o Pífano_______________________________________________94

Anexo 05 - International Drum Rudiments_________________________________________94

Referências _______________________________________________________________________97
A Música de pífanos e percussão do Nordeste brasileiro
A Música de pífanos e percussão do Nordeste brasileiro

1 - As bandas de pífano do Nordeste brasileiro – O


ontem e o Hoje
.

Grupo de música cabaçal 18/abr/1938 Banda de Pífanos de Caruarú-Pe que possui a discografia
em Cajazeiras (PB). Fotógrafo: Luis Saia, mais vasta entre os grupos de pífano que na década de
Colhida pela missão de pesquisas 70. Hoje o grupo ainda continua em atividade musical.
folclóricas coordenada por Mário de
Andrade.

Banda de Pífano, Banda de Pife, Terno de Zabumba, Banda Cabaçal,


Esquenta Mulher entre outros nomes designam uma das mais populares
práticas musicais do interior do nordeste brasileiro. A instrumentação é
basicamente formada por dois pífanos, e percussão (zabumba, caixa, surdo e
prato), sua atuação por muito tempo esteve ligada à religião, nas novenas,
casamentos procissões e festejos, porém alguns grupos têm em sua identidade
a prática voltada a execução de baiões, forrós, entre outros. Interessante
perceber que no sertão da Paraíba e no Cariri do Ceará os grupos desta espécie
são chamados de Banda Cabaçal, tendo características de tocarem o repertório
tradicional com músicas como A Briga do Cachorro com a Onça, Coruja Caboré,
além de composições de artistas da Música Popular Brasileira como Luiz
Gonzaga, Jackson do Pandeiro, Alceu Valença entre tantos outros compositores
da antiga e atual música comercial do nordeste. Suas zabumbas e caixas muitas
vezes são feitos pelos próprios componentes, confeccionados com madeiras
nativas como a Macaíba e afinados por sistema de corda, tendo como
membrana de toque o couro de animal (bode ou vaca). Outro ponto
interessante também diz respeito ao fato de encontramos na mesma região ou
município grupos divergentes e com concepções musicais, sonoridades e
identidades particulares únicas que se torna impossível a generalização do perfil
desta prática. Em alguns grupos é notória a identidade tradicional e outros com
A Música de pífanos e percussão do Nordeste brasileiro
sonoridade renovada, pela utilização de músicas conhecidas pelo mercado
midiático do forró, entre outras adaptações.

Há diversas versões para a origem das bandas de pífanos do Nordeste


do Brasil, porém a observação que me chamou atenção foi a similaridade com
os ritmos iniciais de New Orleands – (E.U.A) como o Dixiland, o Second Line (que
por sua vez teve colonizações africanas, com elementos das Marching Bands. “VER
TOPICO 2 DESTE CAPÍTULO”, assemelhando-se com o histórico da cultura dos pífanos
por aqui, onde muitas vezes encontramos grupos utilizando fardamento militar e
fazendo uso de bumbo (zabumba), caixa e pratos ( instrumentação também utilizada
por brincantes americanos). Se falando do processo criativo dos brincantes de pífano
brasileiro é a utilização de elementos do cotidiano e da religiosidade em suas músicas.
Títulos como A briga do Cachorro com a Onça, Coruja Caboré, Benditos de santos
como São José, São João entre outros formam algumas de suas características
culturais. Ressalto que a busca por verdades plenas da origem será em vão, as
características genealógicas trazem nuanças indígenas, africanas e mesmo
ibéricas, logicamente que a universalização de uma origem para todas as
bandas de pífano do nordeste é em vão. Fazendo um levantamento na
atualidade dessa prática percebi em alguns dos grupos pesquisados no período
de coleta de dados da prática cultural de banda de pífano diferentes versões.
Mesmo sem saber a origem precisa do pífano alguns pifeiros arriscaram
palpites, como é o caso do mestre João do Pífano (Caruaru-PE), relatando
acreditar na origem indígena, já no caso da banda de pífanos de Sumé-PB, um
dos moradores mais antigos do pequeno sítio de onde a banda de pífanos é
originária, relata que a família do mestre Zeca era remanescente de quilombos,
estes vindos do município de Vertente do Lério – PE. Em livros e monografias no
tema, os autores compartilham da mesma ideia das várias possibilidades de
origem, e de perfis individuais (caso a caso) confirmando o que fora coletado
por mim nas pesquisas de campo com alguns mestres pifeiros. A partir das
observações e registros colhidos, constatamos que cada grupo tem sua
identidade particular formada a partir das escolhas e perfis dos componentes,
além de características herdadas de sua ancestralidade, e das questões sociais
sofridas e exercidas pelos atores desta prática. Desta maneira podemos
constatar entre estas variantes a velha e a nova forma de exercer a cultura de
banda de pífano, porém havendo um diálogo entre o tradicional e o moderno
em novos caminhos para o pífano, esta é uma tendência da estética musical do
músico Hermeto Pascoal, mundialmente conhecido por suas misturas musicais
inusitadas.

Capa do disco:
A música livre de Hermeto Pascoal de 1973.
A Música de pífanos e percussão do Nordeste brasileiro

1- O Pífano ou “Pife”

“Nossa, quantos anos ele tem?


Quando eu era criança, eu morria de medo de
Banda Cabaçal, nós chamávamos de
"ZABUMBA". Hoje eu tenho saudades”. Tereza
Duarte, admiradora de banda de pífanos
natural do Crato-CE atualmente morando em
outro estado que não o seu de origem.

Podemos caracterizar o pífano como um instrumento musical do tipo


flauta, com orifícios para os dedos e sem chaves nem mecanismos
industrializados. Em se tratando dos tamanhos existem três tipos de pífano: o
Meia -Regra (40-45 cm), o Três–quartos (48-50cm), e o Regra-inteira (de meio
metro acima), outras características variam de acordo com o lugar de ocorrência
do instrumento, a sua conformação física, época e o ambiente em que se vive.
Genericamente os termos em dicionários se referem a uma flauta pequena de
som agudo com seis orifícios para os dedos e um para soprar, sendo transversal
ou longitudinal, podendo ser construída de materiais diversos como bambu,
taboca ou taquara, além de osso, alumínio, canuites do caule do mamoeiro e o
mais explorado nos dias atuais, o de cano PVC. O uso deste material se dá
devido à escassez da gramínea no nordeste, sendo a meu ver uma saída
inteligente para o não falecimento desta cultura popular. Às vezes é difícil
acreditar como um instrumento tão simples é capaz de produzir uma música
tão rica e bela, animar festas, procissões e ainda em alguns casos ser o sustento
destes músicos, que em sua maioria sobrevivem de atividades rurais e não tem
a música como função principal.
A Música de pífanos e percussão do Nordeste brasileiro

1.2 - Como tocar o pífano?


É importante salientar que o estudo do pífano não segue nenhuma
concepção formal de execução, pois os tocadores de pífanos chamados de
“pifeiros”, em sua maioria, não passaram por uma formação tradicional de
música, tampouco do estudo técnico do instrumento, simplesmente detêm o
conhecimento empírico desta prática de tradição oral. Porém como se trata de
um material que fornecerá conhecimento acerca do universo desta pesquisa,
alguns conhecimentos musicais serão adequados a língua escrita, respeitando a
exatidão do sentido, ou seja, em uma tradução intra lingual, assim como
concebe (Jakobson 1977, 64-65)

• Emissão do som

Devemos primeiramente posicionar os dedos em seus devidos orifícios,


podemos perceber na foto abaixo a mais tradicional posição dos dedos no
instrumento.

Tio Sêlo (esq) e Nênem (dir) são participantes da Nesta foto: Banda de Pífanos de Canudos – BA. Os
Banda de Pífanos Pio X – Sumé (no Cariri da Pífanos desta região são Pífanos ou Gaitas frontais
Paraíba) observe como cada um posiciona o pífano (também com seis furos como os pífanos
atentando o olhar ao diferente modo que cada um
transversais).
direcionar a flauta pífano, este ponto só pode ser
estudado em um processo de investigação mais
profunda. (nesta foto flautas centenária que são
utilizadas apenas nas novenas).
A Música de pífanos e percussão do Nordeste brasileiro

1.3 - Posição da boca, dedos e respiração


Devemos atentar agora ao sopro e ao jato de ar que será emitido no

orifício isolado dos demais (aquele destinado ao sopro). Para isso a sonoridade
mais adequada é aquela conseguida quando emitimos a sílaba TU, e um leve

encolhimento dos lábios, além de encher os pulmões e saltar o ar


gradativamente em um sopro leve sem forçar o som. Podemos também

alcançar sons mais agudos ao encolher os lábios e soprar com um jato de ar


ainda mais forte, conseguindo sons agudos de alta propagação, já com um

sopro leve e natural, alcança-se sons mais graves e encorpados (imagem 01). A
seguir uma tabela de digitação do pífano que acompanha este livro, neste caso

o pífano foi construído seguindo uma afinação do tom de dó para fins de

educação musical (imagem 02).

OBS: não iremos seguir este tipo de denominação e metodologia de estudo

do pífano neste trabalho, a tabela abaixo servirá para que músicos formais que
lidam com a linguagem musical tradicional façam a tradução intra-lingual citada

na Pag. 04 e no tópico “aos leitores” deste livro. Possibilitando ao estudante deste


material conhecer o pensamento êmico dos mestres do pífano.

Imagem 01
A Música de pífanos e percussão do Nordeste brasileiro
Imagem 02

DÓ do# RE re# M I FA fa# SOL sol# LA La# SI DO do# RE re# MI

FA fa# SOL sol# La La# SI DO do# RE re# MI

1.4 - Exercícios práticos para o pífano


Com o foco de passar os conhecimentos iniciais de forma mais
aproximada da realidade praticada pelos grupos, os exercícios seguintes
pretende servir como ponto de partida mais aproximada da realidade desta
cultura, tendo em vista que os mestres não passaram por um processo de
A Música de pífanos e percussão do Nordeste brasileiro
educação musical nos moldes formais, e se tratar de um processo de
aprendizado baseado na oralidade, e no apoio visual, onde os ensinamentos
muitas vezes foram passados de pai pra filho de forma voluntária e involuntária.

Desta maneira, começaremos uma série de exercícios que ajudará a


melhorar a sonoridade e assim facilitar a compreensão na hora da execução das
músicas.

1º exercício: Posicione o pífano horizontalmente (pro lado direito), apoie


o lábio inferior no orifício do sopro (aquele que se encontra isolados dos
demais furos), a partir desta posição iremos tentar tirar som apenas com a
embocadura.

O músico Carlos Malta em troca de experiências com alunos do Pifercussão em 2011.

Escute a faixa 02 para entender este processo.

Outro procedimento de ensino do pífano se dá quando o mestre pifeiro


ao segurar o pífano pede para o aprendiz soprar no orifício do sopro as divisões
rítmicas de uma melodia conhecida. Este procedimento é comum nos primeiros
contatos com o instrumento e a descoberta dos primeiros sons e o estudo da
embocadura.
A Música de pífanos e percussão do Nordeste brasileiro
Antes de continuarmos vamos entender as posições, devemos notar que a
ordem das posições para melhor assimilação segue a quantidade de dedos a
usar assim fazendo uma relação visual. (obs: não será adotado a nomenclatura
tradicional das notas, na tabela abaixo estarão a título informativo.)
A Música de pífanos e percussão do Nordeste brasileiro
2º exercício: após conseguir tirar som sem nenhum furo tampado, é hora de
começarmos a tampar os furos. Começaremos com o seguinte exercício;

sem tampar nada tampando o 1º tampando o 2º

Escute a faixa 03 para entender este processo

Iremos executar sons aleatórios com este formato. Sinta-se livre para criar
melodias ritmadas com apenas este dedilhado.

3º exercício: seguiremos o mesmo processo com os demais furos.

tampando o 1º tampando o 2º tampando o 3º

Escute a faixa 04 para entender este processo

4º exercício: agora é hora de acumular os dedos tampados e improvisar entre


os dedos mencionados.

Escute a faixa 05 para entender este processo

1.5 – Processo educacional do pífano e percussão:


como ensinar ou aprender a descobrir.
Dentre diversas possibilidade de aprendizado de instrumentos “étnicos”
como o pífano, rabeca, sanfona entre outros, a proposta de aprender fazendo e
descobrindo é de fato uma necessidade, pois lidamos com saberes empíricos da
oralidade e fazer prático, nesta secção as informações serão apresentadas da
forma que foram passadas para as crianças, portanto servirão para iniciantes
que queiram aprender a tocar os instrumentos, obviamente algumas outras
A Música de pífanos e percussão do Nordeste brasileiro
tentativas foram aplicadas, ressalto que a metodologia aplicada foi desenvolvida
com finalidade do entendimento gradativo e ascendente de dificuldade, no caso
do pífano foram criadas músicas a partir de cada posição para os alunos que
tem faixa etária de 08 a 16 anos, já na percussão (ver tópico 4 – Ritmos,
primeiras concepções) os conhecimentos foram passados baseando-se no apelo
visual e sonoro dos toques, as tabelas a seguir não foram a metodologia
escolhida pelo Pifercussão, porém ao fazer diagramas com cores e símbolos
poderá ser utilizado por outros aprendizes, de outras faixas etárias e realidades,
fato esse que percebi ao aplicar em oficinas fora da região nordeste brasileira,
podendo ser testada por outros professores aos seus alunos, indico aos que já
possuem um conhecimento inicial da percussão que veja a secção direcionada a
percussionistas e bateristas que trará registros de pesquisas de campo com os
grupos e mestres tocando e explicando.

Começaremos com o processo de aprendizagem do pífano, na seqüência


algumas músicas (exercícios) que foram criadas com finalidade de facilitar o
aprendizado, além disso, é importante que os aprendizes atentem para uma
execução em conjunto com outros instrumentos, necessitando observar a
alguns pontos, pois irão ser imprescindíveis para uma prática em grupo.

Dicas:
Cheque a afinação do pífano e Ensaiar as paradas (breques), entradas
aplique o estudo em ambiente aberto, e ritmos característicos para cada
pois só assim você sentirá a música. Importante atentar ao
necessidade de aprimorar a andamento (velocidade), pois na
embocadura para soprar mais forte e maioria das vezes quem puxa a música
assim tirar um som agudo do é o pifeiro e assim a percussão
instrumento, além da necessidade do acompanha.
volume sonoro, possibilitando a
prática em diversas dinâmicas
(volumes).
A Música de pífanos e percussão do Nordeste brasileiro
Na seqüência algumas músicas criadas para o processo educativo das
crianças, que servirão de base para outros aprendizes, nesse sentido utilize sons
apenas na posição indicada em cada faixa.

Posição zero: todos abertos (sem tampar nenhum)

1ª posição: tampando apenas o primeiro furo

2ª posição: tampando o 1º e 2º

3ª posição: tampando 1º, 2º e 3º


A Música de pífanos e percussão do Nordeste brasileiro

4ª posição: tampando 1º, 2º, 3º e 4º

5ª posição: tampando 1º, 2º, 3º, 4º e 5º

6ª posição: tampando todos

ATENÇÃO: É comum em iniciantes uma leve tontura, isto é normal até que se
tenha costume com o sopro.

“Parabéns! Caso você tenha conseguido


fechar todos os furos, agora é hora de
conhecermos diversas culturas musicais
onde a formação base é de sopro e percussão.
A Música de pífanos e percussão do Nordeste brasileiro

2 – Flautas Étnicas (Indígenas Negras e Ibéricas)

Foto que retrata a prática musical com flauta e Foto que retrata a prática musical com flauta e
percussão de povos indígenas da América do percussão de povos negros americanos. Foto capturada
do DVD Hystory of the U.S. Beat do músico e pesquisador
sul. Foto do site: pifebrasileiro.wordpress.com em
americano Steve Smith.
23/03/2011.

Foto que retrata a prática musical com flauta e Foto que representa um grupo de pífanos e
percussão de povos Ibéricos, neste caso a Flauta de percussão do nordeste do Brasil, as chamadas
Tamborileiro, manifestação cultural encontrada em Bandas de Pífano do Nordeste Brasileiro. (foto colhida
Portugal. foto do site www.tamborileirosnoalentejo.com em na Fundação Joaquim Nabuco, Recife-PE.
24/03 /2011.

Sopro e percussão é uma formação instrumental muito usada na região da


América latina, entre as práticas musicais existem formações que utilizam
instrumentos da família dos metais como (trompete, trombone, etc.) usados em
ritmos como frevos (tendo em sua corrente de assimilação com o Jazz
americano no tocante a naipes, já na prática musical com flautas “étnicas” estão
o Pífano, Zamponha, Flauta Pã, Quena e Quenacho. o Pífano nordestino
comumente chamado nos livros por pífaro (“coisa que nunca ouvi falar entre os grupos
pesquisados”), se difere do Caboclinho Pernambucano por cumprirem funções
musicais diferentes e utilizarem instrumentação distinta. Para que possamos
A Música de pífanos e percussão do Nordeste brasileiro
olhar com mais propriedade para uma cultura popular como as citadas
devemos observar a vida real dos que a fazem, suas características identitárias,
processos repetitivos que constroem a característica musical de uma região,
onde quem a produz vive e conhece suas realidades, no caso dos grupos as
práticas acontecem nas regiões brasileiras dos sertões e cariris, que quem os
habita passam a perceber as características pessoais e sociais que são
partilhadas mesmo sem perceber pelos indivíduos que ali vivem, na questão
musical do povo desta região que pratica a música de banda de pífanos
sentimos com que cada grupo de pífanos seja identitáriamente único,
baseando-se na própria vivência da pesquisa.

Por se tratar de um material didático foi escolhida a prática musical de


clássicos do repertório das bandas de pífanos, ou pelo menos as mais
conhecidas e tocadas entre os grupos, músicas como “A briga do cachorro com
a onça” que é executada em ritmo de xaxado, por muitos grupos também é
executada de forma diferente por outros grupos que foram pesquisados,
versões em ritmo de marcha frevo, baião entre outros foram apreciadas por
mim nas vivências. O grupo que mais vivenciei A Banda de pífanos Pio X do
município de Sumé-PB ( no Cariri Paraibano), executam –a em um ritmo que
serve para a dança, esta chamada de Dança da Tesoura, por isso os
participantes chamam o ritmo de Baião da Tesoura, outras versões encontradas
em outros grupos como Banda Cabaçal São Sebastião de São José de Piranhas-
PB registrada no cd Pifonia, (A música do começo do mundo), além da versão
encontrada no cd de João do Pífano de Caruarú-Pe (Flautes From Brazil, lançado
apenas no exterior) esta, em ritmo de arrasta pé.

A característica “não-temperada” da música de pífanos, somada ao modo


de cada grupo conceber o contraponto— na maioria das vezes paralelo em
terças e sextas, maiores e menores, bem como quintas, quartas e oitavas, essas
últimas em menor número — remete ao período medieval essas e outras
particularidades da música de pífanos do nordeste brasileiro, “a grosso modo”
formam a “Malícia do Pífe” ¹, Abaixo estão alguns tópicos de uma análise
identificados e constatados ao equiparar as diferentes versões da música “ A
briga do cachorro com a onça” colhidas e observadas em grupos dos estados
da Paraíba, Pernambuco, Alagoas e Ceará a que se foi destinada a pesquisa.

¹_____________

Termo usado pelo pesquisador Hugo Pordeus em sua pesquisa sobre o pife nordestino de 2006.
A Música de pífanos e percussão do Nordeste brasileiro
• O uso sons onomatopaicos
• Sétimo grau do pífano (utilizando 7ªmenor)
• Intervalos de terça neutra e outros intervalos ambíguos
• O escorregar dos dedos no pífano (glissandos como bends de guitarra)
• Uso rotineiro dos 1º 3º e 5º grau maior e o 7ºgrau menor.

Vamos ouvir trechos de algumas versões da música “A briga do cachorro


com a onça”.

2.1- Músicas do repertório tradicional das bandas de


pífanos
Entre tantas outras músicas clássicas do repertório do pífano, iremos
transcrever visualmente o dedilhado das músicas: A briga do Cachorro com a
Onça, Caboré, Asa Branca, que formam o repertório base de algumas bandas de
pífano.

A Briga do Cachorro com a Onça

A abordagem e escolha desta versão aqui apresentada se deu pelo aprendizado


com os mestres nas pesquisas de campo.

Obs: é normal o uso de glissandos e floreios (efeitos que podem ser


executados quando se passa de um furo pra outro com um único jato de ar).
A Música de pífanos e percussão do Nordeste brasileiro

Caboré

O caboré é um pássaro e que os mestres reproduzem seu som no pífano da


seguinte maneira: A segunda voz (ou segundo Pifeiro) faz o canto do pássaro
Caboré tocando apenas na 4ª ou 6ª posição fazendo duas notas por tempo, se
ja conseguiu, podemos estudar a primeira voz. Vamos às posições:

Asa Branca
A Música de pífanos e percussão do Nordeste brasileiro
Vamos escutar o Tema do filme auto da compadecida e outras melodias
que usam o deslizar do indicador na posição 01.

Agora Vamos utilizar apenas os números que equivalem a quantidade dos


dedos para entender como acontece os saltos de notas

Exemplo 01: Xote das Meninas – Luiz Gonzaga (parte inicial da música)

Letra:

Exemplo 02: Paraíba

Paraíba masculina mulher macho sim senhor

Refrão : Eita, eita mulher macho sim sinhor (2x)

idem---------------------------------------------
A Música de pífanos e percussão do Nordeste brasileiro
A seguir uma lista base de música pra serem estudadas pelos aprendizes do
Pifercussão.

Hino Nacional
O Baião- Luiz gonzaga
Xote das meninas Luiz Gonzaga
Feira de Mangaio- Sivuca
Sala de reboco – Luiz Gonzaga
Neném mulher - Pinto do Acordeon
Assum preto – Luiz Gonzaga
Tareco e Mariola – Flavio José
Vida de Viajante – Luiz gonzaga
A volta da Asa branca – Luiz Gonzaga
O canto da ema – Jackson do Pandeiro
Anunciação – Alceu valença
São joão na roça – Luiz Gonzaga
Um xodó – Dominguinhos
Juazeiro - Luiz Gonzaga
Qui nem Giló – Dominguinhos
Fogo Sem Fuzil – Luiz Gonzaga
Pagode Russo- Luiz Gonzaga
Sebastiana – Jackson do Pandeiro
1 a 1 – jackson do Pandeiro

3 – RITMOS, PRIMEIRAS CONCEPÇÕES

Em festa de caboclo no Nordeste do Brasil,


pode faltar um punhado de coisas,
menos cachaça, mulher e zabumba.
Anedotário popular

Percepção, sensibilização aos sons e movimentos devem ser o rumo a


seguir em um processo educativo como o Pifercussão onde o corpo é a porta
de entrada para a interiorização da noção rítmica. O professor deve estar bem
atento para propor, liderar e intervir quando um procedimento escolhido pelo
aluno não estiver sendo bem aplicado, esta intervenção deve se dar de forma a
incentivar sem reprimir ou ditar regras, fortalecendo o poder de concentração e
A Música de pífanos e percussão do Nordeste brasileiro
de interesse do aluno, comparando entre os alunos as melhores escolhas. Ou
seja, o professor tem que saber que sua aula é mais um espetáculo de
descobertas do que apenas uma repetição de saberes.

Importante salientar que o processo de imitação e percepção são as


principais formas de compreensão do ritmo por parte dos componentes da
percussão das bandas de pífanos, este processo engloba a audição muitas vezes
seguida de informações sobre movimentos e outras questões expostas
formalmente e até informalmente, como casos presenciados na banda de
pífanos de Sumé-PB, onde o mestre ensina enquanto faz outra atividade.

Assim, compreender este processo e estar consciente que o ritmo tem


papel fundamental na estrutura da música das bandas de pífano é o primeiro
contato de novos aprendizes. A metodologia para assimilação dos ritmos foi
escolhida baseando-se no processo educativo que os alunos do Pifercussão
passaram, entre as estratégias utilizadas estão o apoio visual e auditivo do cd
(em anexo), que também foram utilizados como play backs nas aulas. O auxílio
visual por cores e tabelas abaixo, foram aplicados como alternativa para a
compreensão dos ritmos. A seguir uma tabela preparatória para compreensão
da escrita abordada por esta metodologia.

1º exercício - (Tocar nos quadrinhos vermelhos)

Inicialmente vamos marcar o tempo com PALMAS, contando os tempos


como mostra o exercício a seguir.

Marcando uma batida por tempo

1 2 3 4 1 2 3 4

A) Marcando duas notas por tempo

1 2 3 4 1 2 3 4
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B) Marcando quatro notas por tempo

1 2 3 4 1 2 3 4

Depois de terminada esta etapa de assimilação dos toques pelos quadrinhos


pintados, iremos aplicar nos ritmos, antes de começar observe a legenda
adotada. (obs. os quadros em formato de tela no item 4.2 significa que
possuem vídeos de pesquisas de campo disponíveis no site youtube.com
bastando à procura pela palavra Pifercussão).

3.1 - Os instrumentos de percussão

Mestre Miguel – Juazeiro do Norte –CE


(Está na memória – essa foto é uma homenagem ao Mestre
Miguel que quando fui visitar na pesquisa de campo no
Juazeiro do Norte-CE, ao chegar em sua casa recebi a notícia
que tinha falecido, e estavam esperando o corpo. Em minha
memória quando. (O autor).

Comumente encontramos Caixa, zabumba e Surdo nas bandas de pífano


do nordeste brasileiro (alguns sem o surdo), muitas vezes fabricados pelos
próprios membros dos grupos de forma tradicional ou adquirem similares de
produção industrial, porém uma coisa é certa entre os mestres pifeiros, uma
zabumba de corda soa (ecoa) muito mais longe que uma de origem industrial.
Sua função por muitas vezes servia para avisar moradores de sítios vizinhos, de
acontecimentos de forrós ou novenas, esta prática nos remete aos primórdios
da percussão onde os troncos de arvores serviam para comunicação à distância.

Na zabumba a baqueta toca sons abertos e fechados já a pele de resposta


alguns grupos usam a mão para abafar as notas outros utilizam o bacalhau ou
A Música de pífanos e percussão do Nordeste brasileiro
cipó, retirando da natureza uma vareta mais fina sem especificações de tipo de
árvore (madeira), importante observar a forma que o zabumbeiro empunha o
bacalhau, que precisa segurar o zabumba com a palma da mão e deve segurar
o bacalhau pelo polegar e indicador apoiado pelos dedos médio a anular, como
mostra a foto abaixo.

A partir disso precisamos ficar mais íntimos da zabumba, usando notas


soltas e presas na mão direita, Para isso utilize exercícios preparatórios seguindo
o esquema abaixo.

Pele solta e pele presa ( Mão direita M.D)

Cipó (Mão esquerda M.E)

Combinando os três estágios


A Música de pífanos e percussão do Nordeste brasileiro
Combinando as duas etapas :

(S) Nota solta

(P) Nota presa

(M.E) bacalhau ou cipó

Importante é observar e escutar bem o som que se está tirando do


instrumento, para isso é fundamental a prática, se tratando de um fazer
empírico a figura de um mestre ou mesmo (um professor Pifercussor) facilitará
o aprendizado, evitando más procedimentos adotados pelo aluno.

Já entre as diversas formas de prática que percebi com os pratos, os


“prateiros” o “pratileiros” como alguns participantes de grupos de Pífano
chamam, utilizam abafamentos “como na técnica orquestral” apoiando os
pratos na barriga após o choque, é unanime o uso de pratos de liga mais
barata produzindo um som que os mais puristas chamam de “sujo” de um
prato de latão ou no máximo bronze B8. Se tratando de padrões rítmicos,
podemos estudar a faixa 20, pois será um padrão repetido em todos os
ritmos.

Participante da Banda Cabaçal Santo Antônio do Juazeiro do Norte – CE e da Banda de Pífanos


Sumé-PB.
A Música de pífanos e percussão do Nordeste brasileiro

3.2 - Ritmos
Vamos ao estudo dos ritmos utilizando além do áudio dos padrões rítmicos
teremos o auxílio visual dos diagramas e a leitura tradicional em partitura, sinta-
se a vontade para escolher a melhor metodologia.
A Música de pífanos e percussão do Nordeste brasileiro
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4- Resumo da Proposta Pifercussão


Fazer música e exercer a cultura ao som dos pífanos e percussão é o nosso
lema, ao adentrarmos na natureza da cultura popular, nos damos conta da vasta
diversidade de manifestações que um povo cria em atividades e feitos de seu
grupo social ou comunidade, e ainda, para perpetuar e resguardar atos, laços
ancestrais de tradições advindas de muito tempo. Se falarmos no campo da
música, observamos a imensa variedade de manifestações culturais regionais,
como o maracatu, reisado, coco de roda, cirandas, e as bandas de pífanos, cuja
representatividade para a identidade musical do nordeste é fortalecida por
artistas/grupos nacional e internacionalmente conhecidos como Zabé da Loca,
Banda de Pífanos de Caruarú, Irmãos Aniceto, entre outros. Baseado nesse
panorama observamos em especial a grande contribuição que a manifestação
das “Bandas de Pífanos” trazem ao executarem suas atividades culturais como
exercícios de uma música de minorias sociais no âmbito do nordeste.

Logo o Projeto Pifercussão tem como principal finalidade a revitalização


e fomento a esta cultura por via da educação musical e a preparação para a

interação entre aprendizes e mestres de bandas de pífanos, provocando uma

troca de saberes autêntica por meio da oralidade. Assim, a descoberta e


desenvolvimento de diferentes identidades pelos envolvidos serão pautadas em

elementos presentes em tal manifestação, que instigam a busca pessoal por


aquilo que mais se sinta afinidade. Podemos exemplificar tal situação baseado

nas atividades já desenvolvidas pelo projeto onde alguns aprendizes no


exercício de diferentes aprendizagens intensificam sua atenção por aquilo que
aos seus olhos é agradável. Assim, cada aluno apropria uma preferência em
ritmos e/ou melodias e referência à sua identidade, pluralizando-a e

fortalecendo-a em momentos de reflexão sobre a diversidade de concepções de


“visão de mundo” do aluno, principalmente no âmbito de reconhecimento da

cultura local.

Em linhas gerais podemos descrever os objetivos da proposta Pifercussão

da seguinte maneira:
A Música de pífanos e percussão do Nordeste brasileiro
• Possibilitar a mútua troca de saberes entre mestres e aprendizes,

através da prática cultural de Bandas de Pífano, fazendo uso da


etnopedagogia para uma educação musical e cultural mais dinâmica,

baseada na oralidade, conscientizando os envolvidos das pluralidades


musicais presentes na cultura nordestina;

• Promover a interação entre as bandas de pífano e o público-alvo do


projeto, visando uma intensa interatividade e a troca de

conhecimento;

• Valorizar o conhecimento dos mestres, através de aulas e/ou


encontros, a fim de enfatizar sua importância e acentuar sua auto-

estima;
• Salvaguardar os saberes dos mestres da cultura popular dos pífanos.

• Possibilitar a inclusão social e cultural de pessoas das mais diversas


faixas etárias e sociais pelo viés da música, proporcionando relações

mais firmes entre tais e a cultura regional;


• Estimular a construção dos próprios instrumentos musicais,

reforçando a autonomia do projeto.

Além disso, nortearemos o ensino musical do Projeto Pifercussão, assim


como indica o relatório da UNESCO e da Comissão Internacional sobre
Educação para o Século 21, ressaltando a importância dos quatro pilares da
educação:

“Aprender a Conhecer”:

Ressaltamos a responsabilidade e a necessidade de uma educação musical que


se preocupe sim com o conteúdo a ser trabalhado, mas que acima de tudo
inspire nos educandos o gosto pelo conhecer, pela curiosidade, pela indagação
e crítica, levando-os a uma postura investigativa, ao hábito do desafio, ao
raciocínio e a expressão das idéias. Hábitos estes que devem tornar-se uma
prática constante ao longo de sua vida.
A Música de pífanos e percussão do Nordeste brasileiro
“Aprender a Fazer”:

Devemos ter a clareza de que o fazer extrapola a simples aquisição de


habilidades práticas e teóricas ou formação profissional na área da música. Uma
educação musical coerente não deve apenas formar pessoas competentes em
suas habilidades musicais, instrumentais, artísticas, deve também auxiliar na
formação de seres capazes de interagir na sociedade, que possam agir de
maneira cooperativa, criativa e atuante na comunidade, nos mais diversos
setores da vida.

“Aprender a Conviver”:

Vivemos num mundo de relações. Em um trabalho de educação musical, a


oportunidade para a convivência em grupo está sempre muito presente. O
desafio para uma proposta em educação musical, principalmente num contexto
comunitário, é saber aproveitar as oportunidades de convivência de seus
educandos para que o grupo ensaie o convívio na diversidade, os princípios
democráticos, a resolução de conflitos, em suma; o exercício da cidadania. O
projeto Pifercussão busca trabalhar estas questões nos momentos educacionais,
pois acima de tudo acredita na educação como um ato integral, onde os valores
trazidos não devem ser desconsiderados, correndo o risco se assim o forem,
deste se tornar uma intervenção periférica e não educacional.

“Aprender a Ser”:

Aqui, coloca-se a necessidade da assunção de si mesmo. A educação deve levar


o ser humano à sua própria independência, à busca de sua identidade o uso de
sua criatividade, à formação de seres de decisão. Uma educação musical
verdadeiramente engajada com este ideal possui a clareza da importância dos
momentos educacionais como oportunidades fomentadoras do exercício da
escolha crítica, do desenvolvimento estético e intelectual, e das oportunidades
da expressão da criatividade, experimentação e de descoberta de seus próprios
potenciais individuais”.

No sistema informal do aprendizado, o aluno intencionalmente se coloca


em posição de aprendiz e escolher a forma de aprendizagem que mais lhe é
comum, muitas vezes de forma incorreta toma decições baseadas no ato de
observação e imitação do Pifercussor (professor), cabe a esse recomendações e
dicas do melhor aproveitamento do esforço. muitos resultados para serem
alcançados precisam de dedicação e de empenho do professor pois assim o
aluno cria uma situação de idolatria pelo professor e desta forma o professor
A Música de pífanos e percussão do Nordeste brasileiro
precisa aliar a conquista dessa admiração o fortalecimento da figura dos
mestres e brincantes da cultura.

Há uma corrente muito forte no Brasil que é de salvaguardar o nosso


patrimônio imaterial de suma importância para o fortalecimento da identidade
cultural, de fato para tal ação se tornar cada vez mais forte a educação aliada a
admiração e “idolatria” dos nossos atores culturais precisa ser os primeiros
passos de uma ação interventiva cultural forte.

Demonstração do pífano em uma escola da rede municipal de ensino do município da cidade de Maringá no
Paraná.

5 -O inicio
Em meados de 2005, o músico e ainda estudante do curso de bacharelado
em música fui contratado como oficineiro de música na rede municipal de
ensino da cidade de João Pessoa-PB, na ocasião foi dada a missão de ensinar
instrumentos de percussão a crianças e jovens de bairros carentes e de situação
de risco social desta capital. Os dois primeiros trabalhos foram desenvolvidos
nos bairros do Alto do Mateus e Rangel, nesta época ao deparar-se com a
realidade do campo de trabalho da música observou que sua formação
acadêmica não era suficiente para o trabalho de educador musical, assim
tornou-se um auto - didata na busca do aprender a ensinar.

Ainda nesta época, ao ter contato com as crianças e adolescentes


observava-se uma pluralidade de identidades culturais e gostos pessoais das
crianças baseados na cultura urbana e midiática, tal situação despertou-me um
sentimento de desespero ao ver que esta nova geração não conhecia nada além
do que era imposto pela TV e pela cultura de massa. Nasce ai o ideal de
contribuir para que a cultura e identidade do Brasil em especial a região
nordeste. Inicialmente foi desenvolvida uma estratégia de reflexão entre alunos
e professores para saber as concepções culturais e musicais dos alunos, nesta
época ainda não era chamado de Pifercussão, a proposta e as aulas eram
A Música de pífanos e percussão do Nordeste brasileiro
apenas de percussão, e tinham a finalidade de difundir os ritmos brasileiros
através de sua execução em grupo, porém ainda assim persistia a falta de
informações do contexto social, cultural entre outras informações da prática que
envolvia aqueles ritmos. Passados três anos, e algumas experiências empíricas
da educação musical, nasce o Projeto Pifercussão que tem a expectativa de
possibilitar o processo de educação musical comprometida com a cultura
regional, em especial a cultura das bandas de pífano que estão presentes em
quase todo território nordestino representando a identidade nordestina ao
executarem rítmos como baião, xaxado, xote, arrasta-pé, marchas de novena, e
belas melodias carregados de significados e simbolismos do povo e da música
nordestina.

As primeiras investidas do projeto Pifercussão aconteceram com a


comunidade de músicos e estudantes secundaristas da UFPB (foto 01:
Candeeiro Encantado) os encontros aconteciam no centro histórico de João
Pessoa-PB, ou seja, não tinham vínculos com nenhuma comunidade e era um
espaço neutro e central da cidade. Outras investidas aconteceram em
congressos acadêmicos com finalidade de mobilizar a comunidade de
estudantes para abraçarem a proposta e unirem forças. (foto 02: Encontro
Nacional de Estudantes de Ciências Sociais). Após observar que o vínculo
educacional não estava acontecendo em ambas às atuações, pelo motivo da
rotatividade e não aproximação com os estudantes levou a proposta a uma
reformulação e aplicação em uma comunidade que servisse de público alvo
base, possibilitando assim o processo contínuo de encontros e
conseqüentemente o decorrer de conteúdos do universo de atuação das
bandas de pífanos e suas músicas. (foto 03: comunidade Bairro São José).

Foto 01
A Música de pífanos e percussão do Nordeste brasileiro

Foto 02

Foto 03

7 - As Primeiras Aulas – Compreendendo como o


aluno pensa.
Ao definir que o objetivo das aulas seria no contexto do terceiro caso
apresentado, objetivou-se o oferecimento de um processo educativo rotineiro
comprometido com a realidade da cultura dos pífanos nordestinos, as primeiras
aulas foram traçadas com o objetivo de uma reflexão sobre o conhecimento da
cultura e de músicas do mundo com os alunos acontecendo no Teatro Edinaldo
do Egypto com o Projeto Sementes da Arte.
A Música de pífanos e percussão do Nordeste brasileiro
Abaixo uma amostra dos exercícios que foram desenvolvidos em sala de
aula entre alunos de 09 a 16 anos, a fim de compreender o conhecimento dos
alunos sobre músicas e culturas do mundo. Esta aula assim como outras que
não necessitam dos instrumentos musicais, foram desenvolvidas com a
finalidade de desenvolver no aluno a reflexão sobre o que conhecem e assim
reconhecer o terreno por parte do Pifercussor, trazendo a tona um diálogo
sobre gostos e aproximações sensitivas.

Questão aplicada: (Escute a música e responda)

01-Qual o estilo musical e de qual parte do mundo ela vem?

02-Você gosta? Por quê?

03-O que sente? Quais sensações você sente ao ouvir?

04-Quais os instrumentos executados em cada música?

Veja algumas respostas de um aluno:

Relato aos Pifercussores que as primeiras aulas serão bastante


conturbadas, pois os alunos acham que para ser aula de música tem que tocar
os instrumentos, além disso, a resistência em manter a ordem e a aula no seu
decorrer programado é enorme, a partir deste ponto sanado é importante que
o Pifercussor conquiste os alunos sendo mais um amigo do que um professor
que dita às regras da aula, deve-se manter uma via de mão dupla na construção
A Música de pífanos e percussão do Nordeste brasileiro
do saber e que o professor não exerça o papel de um rinoceronte em sala de
aula.

O processo mais sensato é o reconhecimento dos alunos buscando cada


vez mais trabalhar a sensibilização e conscientização da própria cultura e
conhecimento de princípios musicais como: andamento, rítmo, dinâmica e
prática de conjunto, sem fazer juízo de valores das escolhas, abrindo os olhos
dos alunos para as suas identidades e seus conhecimentos da cultura
nordestina, visando à interação e aproximação pela prática dos ritmos e
músicas.

8 - O desenvolvimento das aulas e a formação de um


grupo para apresentações dentro e fora do território
de origem.

A cerca de quatro anos ao oferecer as aulas Pifercussão a alunos dos


diversos polos de atuação do Pifercussão como nas cidades de João Pessoa e
Bayeux no estado da PB, foi notório a evolução do Projeto e a enorme vontade
dos alunos de se apresentar e tocar fora do local das aulas ( nos diversos polos
de ação educacional do Projeto), a cada apresentação percebe-se que o ânimo
das aulas iniciais foram primordiais para a consolidação do grupo, que por sua
vez já se apresentou em palcos no estado da Paraíba e mais recentemente em
São Paulo onde se apresentaram para uma platéia atenta e entusiasmada em
conhecer mais a cultura do próprio Brasil.

Já fazendo uma avaliação das escolhas deste grupo que passou por um
processo de aprendizado que não com os mestres da cultura como exemplo
Zabé da Loca, Monteiro-PB, Raimundo Aniceto Crato-CE, percebo que as
escolhas e decisões dependem do momento e fase do grupo, além da influência
do próprio professor multiplicador, entre momentos de altos e baixos que é
comum à vida do homem, o grupo é de fato um laboratório de
experimentações educacionais permanente e que podemos comparar os
diversos grupos que foram formados nos polos de atuação educacional.

Fato consumado é que o professor tem que levar dentro da bolsa o


ânimo e motivação de descobrir junto com os alunos novidades musicais
fundamentais para o aprendizado, “que não pode ser ditatorial”, o que se deve
atentar é a personalização da informação, ou seja, não é de uma única vez que
A Música de pífanos e percussão do Nordeste brasileiro
o Pifercussor irá atingir o sucesso do aprendizado com todos os alunos, cada
aluno tem suas particularidades e fragilidades, o importante é ser mais que
professor de música que ensina os as posições, movimentos e o som,
obviamente aspectos de disciplina, organização, responsabilidade, consciência
dos papéis individuais e de grupo terão que ser esclarecidos.

No desenvolvimento do trabalho musical com as os alunos, buscou-se o


intercâmbio cultural entre os mestres da cultura (como foi realizado no 1º
encontro Pifercussão) e com a troca de ideias com músicos que atuam na
temática.

Mestre Zeca de Sumé-PB no 1º Encontro O músico carioca Carlos Malta com o Pifercussão.
Pifercussão entre aprendizes e mestres do
pífano.
Além da prática do convívio e da cidadania, as aulas de pífanos e
percussão concentraram-se em desenvolver o potencial individual de escutar,
tocar, criar e se expressar, através da linguagem sonora e corporal. Assim os
objetivos sociais das aulas buscaram desenvolver o potencial individual das
crianças de vivenciar e interagir com o grupo, respeitando opiniões,
divergências e assumindo papéis de liderança, cooperação e de solidariedade.
Nas aulas, foram desenvolvidas diversas atividades, tais como: apreciação
musical das pesquisas de campo colhidas pelo autor; manuseio e técnica dos
instrumentos; apreciação e desenvolvimento da escuta (ouvir o outro, ouvir o
grupo e a si mesmo) prática em conjunto; criação de músicas baseadas nas
características da sonoridade de bandas de pífanos; ritmos variados como:
baião, xaxado, xote, marcha de novena, valsa etc.

Abaixo algumas idéias de atividades para serem aplicados em novas turmas


pelos Pifercussores:
A Música de pífanos e percussão do Nordeste brasileiro

Períodos Atividades Objetivos Materiais


necessários

Atividade Reconhecimento dos Oferecer momentos de Lápis, papel,


1 alunos e de seus diálogo e de reflexão quadro, CD’s
conhecimentos sobre sobre música de perfil
música. mercadológico e
música de tradição
oral.
Atividade Apresentação dos Despertar a Instrumentos
2 instrumentos: nomes curiosidade e a musicais.
sonoridades e ritmos. descoberta dos alunos.
Atividade Construção dos Aumentar o número de Canos PVC,
3 pífanos de PVC. instrumentos e a serra, lixa,
possibilidade de maior furadeira, rolha.
número de alunos.
Atividade Tirar som dos pífanos. Introduzir os alunos na Pífanos
4 prática do pífano construídos.
formando os pifeiros
do grupo.
Atividade Apresentação de Motivar por via da Caixa de som,
5 vídeos e áudios das audiência das bandas e CD Pifercussão
bandas de pífanos dos diferentes grupos, (anexo)
para motivar e e a prática dos alunos
empolgar, após as em cima do áudio dos
apreciações fazer uma grupos de pífanos,
espécie de play backs. mostrando que é
possível tocar aquela
música.
Atividade Construção das Despertar a noção de Pífanos
6 músicas em grupo, a tempo ao tocar junto finalizados,
partir dos sons que os com a percussão instrumentos de
alunos já conseguem aplicando figuras percussão:
executar. básicas, a exemplo da zabumba,
música tocada na faixa caixa, prato,
10 chamada pelos triangulo.
alunos de Corujinha
Caboré
Atividade Ensaio das músicas do Possibilitar o CD Pifercussão
7 repertório das bandas aprendizado deste (em anexo) e
de pífano como Asa repertório que forma o instrumentos.
Branca, A Briga do repertório básico das
Cachorro com a Onça, músicas de banda de
A Música de pífanos e percussão do Nordeste brasileiro

Caboré, etc. pífanos.


Introdução de Maior empolgação por CD’S,Pífanos
músicas de parte dos alunos ao ter finalizados e
Atividade conhecimento dos a possibilidade de instrumentos de
8 alunos que possam tocar suas músicas percussão.
fazer parte do prediletas no pífano,
repertório dos alunos. assim pifanizando
novas melodias.
Atividade Fazer os exercícios da Impulsionar o domínio Apostila ou
9 apostila Pifercussão, do pífano ao parte da mesma
seguindo passo a sistematizar o para cada aluno,
passo uma aplicação aprendizado através da além dos
prática. prática aliada ao pífanos
estímulo visual e finalizados.
auditivo.
Logicamente que as atividades apresentadas aqui não seguem uma
seqüência cronológica, tampouco uma regra fechada, sua finalidade servirá para
ampliar a gama de possibilidades que o professor pode desenvolver ao aplicar a
proposta Pifercussão em seus alunos. Deve-se também ter noção que mesmo
sendo um material impresso com finalidades educacionais, não é por si só auto-
suficiente na aplicação de informações que muitas vezes é necessária a vivência
empírica nas aulas ou mesmo com os mestres das bandas de pífanos, desta
forma não impede do Pifercussor (professor) aplicar outras metas a sua aula
com objetivos aproximados, atentando para a não deturpação das informações
originais.

9 - Dicas finais aos multiplicadores


Observações da prática

*Socialize a prática, torne o ambiente fluente sem escolhas ditatoriais.

*Não influencie no livre arbítrio das escolhas pessoais dos participantes.

*Tente sempre oferecer o repertório tradicional apresentando informações sobre


o uso e funções de cada ritmo e das músicas.

*Normalmente a percussão é o primeiro contato pelos participantes, os alunos


irão se interessar por aprender a tocar o pífano com o passar do tempo,
incentive-os.
A Música de pífanos e percussão do Nordeste brasileiro
A Música de pífanos e percussão do Nordeste brasileiro

10 - Um olhar etnomusicológico de um estudo de


caso.

A pesquisa de campo iniciada em junho de 2008, permitiu o


acompanhamento das atividades da banda de Pífanos do sítio Pio-X a 40 Km da
cidade de Sumé no cariri Paraibano em seus diferentes contextos de atuação,
onde foram registrados e vivenciados momentos tanto em novenas nos sítios
de sua localidade, bem como em palcos de cidades fora de sua localidade,
através das pesquisas de campo, observou-se que a banda de pífanos do Pio X,
exerce papéis distintos em sua prática, atuando em contextos tradicionais (em
novenas) e em novos contextos (em palcos e apresentações fora de sua
localidade), isto segundo Zeca (mestre pifeiro) se deu por conta das mudanças
do mundo contemporâneo, pois a cultura foi perdendo força frente às
demandas impostas pela mídia bem como sua infiltração na vida social,
trazendo por um lado benefícios como a informação e facilitação da vida por
outro uma aculturação por parte dos brincantes desta cultura popular.

No patamar do ambiente vivido pelos participantes da banda de


pífanos bem como da sociedade em torno desta, a cultura está inteiramente
intrínseca no dia-dia, valores e escolhas feitas pelos seres sociais desta
sociedade, provém de sua interação com o mundo externo por meio
basicamente da TV e da rádio, haja vista o “isolamento” geográfico que os
moradores do sitio Pio X vivem, (pois como não detêm de recursos, os gastos
para irem à cidade ficam fora da realidade do seu poder aquisitivo), não se
configura o isolamento cultural e da interação sobre as novidades, uma vez que
a TV, por exemplo, na casa do mestre Zeca fica ligada quase o dia todo em
especial atraídos pelas histórias das novelas e reportagens.

Com base nesta afirmação, ao perguntar sobre as diferenças entre as


gerações da banda de Pífanos Pio –X, afirma Zeca (mestre pifeiro) que:

“(...) foi do jeito que aprendi e do jeito que nois tamo fazendo, ai é como
eu disse a você, mudei assim pra misturar que é pa agradar os antigo e os mai
novo, que é pra ver se num cai no abuso do povo né, porque a banda velha não
era assim como a banda nova, só tocavam musga que ninguém conhecia ,hoje
não! agente toca desde Luiz Gonzaga até forró novo (...)”(Primeira visita a
campo dia 22. 08. 2008 fita 04, vídeo 06 ,05 min: 54 seg.
A Música de pífanos e percussão do Nordeste brasileiro
Neste relato Zeca afirma que para se manter em atividade tiveram que
colocar música nova e que o povo gostava desta maneira mostra-nos a
preocupação do artista com o público e sua aceitação perante a sua sociedade
local e o público externo.

Banda de Pífanos Pio X (na formação da banda velha) em uma novena: Compare com a
foto seguinte onde é utilizado uma flauta pífano diferente, feita de um material que não o o
PVC. Esta formação, por motivo extra musical, só se apresenta anualmente em novenas,
tocando músicas do repertório tradicional às novenas.

Banda de Pífanos Pio X (na formação da banda nova) sem o 2º e 4º componentes. Note os pífanos de PVC e
as vestimentas. Nesta foto, o grupo divide o palco com a cantora francesa Jeanne Cherhal em suas
apresentações toca forrós, xotes, entre outras novidades e atualidades da música nordestina.
A Música de pífanos e percussão do Nordeste brasileiro
Na Perspectiva de Merriam (1964, 223-7)³ sobre os usos e funções da música, segue
abaixo uma tabela das características musicais destas duas formações da Banda de
Pífanos Pio X.

USOS E FUNÇÕES BANDA VELHA BANDA NOVA

Tocadas em Novenas Principal atuação Atuação secundária

Apresentações fora de sua Pouca incidência Maior incidência


localidade
Repertório de músicas tradicionais Muito Pouco
(marcha de novenas, machucados,
baiões)

Músicas adaptadas de canções Pouco Muito


populares.
Expressão emocional Muito Muito, porém com ar
de lazer e extravasar a
empolgação.

Prazer estético Muito Muito

Entretenimento Muito muito

Representação simbólica Pouco Muito

Contribuição para a integração Muito Pouco, haja vista que os


social. mais novos muitas
vezes ultrapassam os
limites das brincadeiras
ferindo o respeito
social.

Apreciação do repertório Muito Médio


tradicional da banda (por parte dos
integrantes).
A Música de pífanos e percussão do Nordeste brasileiro
Apreciação do novo repertório com Pouco Muito
músicas adaptadas (por parte dos
integrantes).
Nível de concentração na execução Muito Pouco, pois segundo o
e na participação das novenas (por relato de pessoas
parte dos integrantes). envolvidas, os meninos
novos são solteiros e
querem achar uma
pretendente.

Nível de concentração na execução Boa, porém variável,


das músicas em palcos (por parte pois dependendo do
dos integrantes). ______ caso muitas vezes já
estão cansados como
também já ingeriram
bebida alcoólica de
forma excessiva, a
ponto de interferir no
desempenho.

As entrevistas com os membros do grupo foram realizadas de forma livre,


porém semi-estruturadas, a fim de conhecer o pensamento dos membros da
banda, intermediários e público, ou seja, tanto dos participantes das duas
formações da banda (Velha e Nova) além da sociedade local e externa, a fim de
conhecer o ponto de vista dos envolvidos e a partir deste ponto traçar o perfil
da banda em sua trajetória, observando as inovações e permanências no fazer
musical com finalidade de exemplificar como o tradicional e o moderno se
fundem na cultura de bandas de pífano.

³ __________

The function of emotional expression 2. The function of aesthetic enjoyment 3.The function of entertainment 4. The
function of communication 5. The function of symbolic representation 6. The function of physical response 7. The
function of enforcing conformity to social norms 8. The function of validation of social institutions and religious rituals
9. The function of contribution to the continuity and stability of culture.10. The function of contribution to the
integration of society (Merriam , 1964, p. 223-7).
A Música de pífanos e percussão do Nordeste brasileiro

Foram realizados registros em áudio, vídeo e fotografia na rua e na casa


do mestre Zeca com objetivo de tanto conhecer as músicas que são tocadas em
seus dois contextos de atuação (novenas e festas extraterritoriais) como
também observar o desempenho e as escolhas do grupo (em suas duas
formações), além de atentar a interação com o público presente nos dois
contextos.

Tendo em vista os fatos relatados e a relação com a tradição e mudança


cultural, a Banda de Pífanos Pio X se caracteriza como uma adaptação do ser
humano e seus costumes a vida moderna e aos novos elementos trazidos pela
cultura de massa, por isso adaptar e variar as velhas e tradicionais práticas são
imprescindíveis a toda cultura que pretende se manter viva. Observando que a
inovação além de trazer benefícios válidos, nos levando a um universo ainda em
construção e de difícil definição. Em se tratando de aspectos estético-visuais,
não é pelo fato de usarem peles sintéticas ao invés de peles de animais que
tornará a manifestação moderna menos rica e plena de saberes importantes,
tampouco um pífano de PVC que irá deixar a banda com uma qualidade inferior
às que usam materiais como taquara e bambu, é importante intensificar a
observação ao contexto em que se fazem ativas as práticas, os locais não
formais de apresentações não dizem nada tampouco as vestimentas usadas
para trazer o ar de uniformes bem elaborados e de “status ocular”, nesse caso
devemos observar que Zeca no papel de mestre da banda de pífanos, ao lidar
com estes novos elementos está aderindo às novidades do cotidiano e a
entrada de valores extra-locais trazidos pela TV e rádio, entre outros, porém não
estendo meus comentários a informações escritas como jornais e revistas pelo
fato de serem menos dinâmicos ao contexto vivido pelo grupo.

Em uma vivência empírica na localidade do grupo, coletei interessante


informação ao conversar com um popular que relatou a seguinte informação:

“Eles ficam presos com aquelas fardas, o bom mesmo é eles normal
como caranguejo no chão (se referindo ao modo de se trajar nas
novenas e em especial na dança da tesoura que é feita nos terreiros
(quintais )das casas. (...) não sei quem disse que era pra eles usarem
essas roupas, é pra parecer modernos como uma banda mesmo. (ambas
coletadas durante conversas informais na primeira visita a campo 22.
08. 2008).
A Música de pífanos e percussão do Nordeste brasileiro

10.1 - Áudios da Banda de Pífanos Pio X -Sumé PB


Com o intuito de descrever mais precisamente a estética musical de cada
formação deste grupo, selecionamos algumas músicas de significativa
representatividade de cada, ambas foram gravadas na NOVENA DO SÍTIO
BALANÇO, realizada no dia 13.06.2009

Formação velha

Formação nova

11- Outras Bandas de Pífanos da Paraíba

Zabé da Loca em sua Loca.

Zabé da Loca a Pífeira mais conhecida do estado, assim como outros


mestres e grupos do sertão e do cariri paraibano representam a cultura dos
pífanos no estado, Porém sua história é bem peculiar, Durante anos, Zabé que
mora em um sítio na cidade de Monteiro (cariri Paraibano) morou em uma
caverna de pedra foi daí que a dona Isabel recebeu o apelido de Zabé da Loca.
A Música de pífanos e percussão do Nordeste brasileiro
Ao som do pífano de dona Zabé e sua banda foi parar em CD. Aos 85 anos,
quem diria, recebeu o prêmio Revelação da Música Popular Brasileira em 2009.
Ela coleciona diplomas importantes e muitas viagens de trabalho, as viagens e
os shows pelo Brasil mudaram a vida de Zabé e de muita gente ao redor.

Acreditando que a proposta Pifercussão possa alavancar o estudo e a


preservação do fazer cultural do pífano nordestino ao ver uma entrevista na TV
Globo da Josivane Caiano (amiga que se tornou produtora de Zabé da Loca)
percebi que o Pifercussão compartilhava de um mesmo ideal sobre como está
se dando o processo de aprendizagem e continuidade da cultura do pífano e
percussão na região nordeste.

“Meu sonho é poder ampliar este projeto para outras áreas que
não tenham Zabé como estímulo e que não tem músicos, mas
que tenham pessoas ali que carreguem uma cultura, que tenham
uma raiz forte na música, na cultura, na arte”, afirmou
Josivane”.

Fonte: http://g1.globo.com/economia/agronegocios/noticia/2011/03/conheca-historia-de-
zabe-da-loca-que-e-considerada-rainha-do-pifano.html consultado em 15 de março de
2011.

Na seqüência algumas informações colhidas até o presente momento onde


chegaram aos nossos ouvidos à existência de 22 bandas de pífanos que
também levam o nome de Banda Cabaçal, estas com estilos e particularidades
bastante próprias.

Vejamos a lista:

01 - Banda de Pífanos Pio X (Sumé-PB)

02 - Banda de Pífanos de Campina Grande-PB

03 - Banda de Pífanos São Vicente ( Monteiro – PB)

04 - Banda de Pífanos Nossa Senhora de Fátima, (Serra do Jabitacá, Monteiro –


PB)

05 - Zabé da Loca - Isabel Marques da Silva (Monteiro-PB)

06 - Banda Cabaçal Os Inácios (Sítio Bé, Cajazeiras – PB)

07 - Banda Cabaçal São Sebastião (Sítio Antas, São José de Piranhas – PB)

08 - Banda Cabaçal São João Batista (Sítio Santa Luzia, São José de Piranhas –
PB)
A Música de pífanos e percussão do Nordeste brasileiro
09 - Banda Cabaçal de Serra Grande-PB

10 - Banda Cabaçal Os Marias (Santa Helena – PB)

11 - Banda de Pífanos de Camalaú – PB

4
12 - Zé do Pife-Campina Grande - PB

13 - Banda de Pífanos de Nazarezinho – PB

14 - Banda Cabaçal de Diamante - PB

15 - Banda de Cabaçal Os Morenos (Triunfo-PB)

16 - Banda Cabaçal Os Monteiros (Sítio Cipó, Cachoeira dos Índios – PB)

17 - Banda Cabaçal de Conceição - PB

18 – Banda Cabaçal de Pombal - PB

19 - Banda de Pífanos de Monte Horebe - PB

20 - Banda de Pífanos de Bonito de Santa Fé – PB

21- Banda Cabaçal do Zé Pretinho (Tavares-PB)

4____________

Não confundir com Zé do Pífano de São José do Egito-PE que atualmente reside em Brasília-DF
A Música de pífanos e percussão do Nordeste brasileiro
A Música de pífanos e percussão do Nordeste brasileiro
“Em uma visita a Caruaru-PE, um
dos componentes da Banda de
Pífanos Zé do Estado me contou
que se chamava Jazzy e não
bateria a união de bumbo, caixa e
prato tocados por um só
percussionista,ao pergunta-lo o
porque ele não soube responder.
(O Autor.)

Baião
Tendo algumas variações rítmicas, a família do baião tem variações como o
chamado baiano ou até pelo diminutivo baianinho. É um ritmo bastante popular
no nordeste que teve sua consolidação e ascensão pelo sanfoneiro Luiz
Gonzaga, a transcrição a seguir, traz os padrões em comum entre as versões
apresentadas em cada pesquisa, não sendo uma transcrição literal, mas servindo
de base.

Pesquisa de campo A: Informante João do Pife de Caruaru-PE,


coletado em 2009.

Pesquisa de campo B: Informante Zeca do Pífano (Banda de Pífanos


Pio X Sumé-PB, coletado em 2010.
A Música de pífanos e percussão do Nordeste brasileiro

Pesquisa de campo C: Informante Banda Cabaçal Santo Antônio –


Crato-CE, coletado em 2009.

OBS: A variação da zabumba em Três ou mais notas, resulta em outro ritmo


chamado de Baião sincopado por João do Pífano, Forró por Zeca do Pífano e
Baiano pela Banda Cabaçal Santo Antônio – Juazeiro do Norte - CE.

Baiano-CE, Baião da Tesoura-PB.


Uma mescla entre baião e xaxado. O Baião da Tesoura e o Baiano são
similares e tem finalidade de potencializar a dança que segundo os próprios
participantes é de reminiscência quilombola e tem como características o
movimento de pernas simulando uma tesoura e a umbigada que serve como
convite de outro brincante entrar na roda e dançar.
A Música de pífanos e percussão do Nordeste brasileiro

Marcha de novena
A Música de pífanos e percussão do Nordeste brasileiro

Marcha de Novena - PB, PE, CE


Costumeiramente novena é uma tradição católica, realizada por devoção a
algum santo, também chamada de Vena ou Venda por alguns pifeiros, o padrão
a seguir varia de acordo com o hino ou cântico que é adaptado ou até criado
pelos pifeiros. A banda de pífanos em novenas cumpre o papel de um trabalho
musical onde os pifeiros são como músicos que tocam em horas específicas da
novena, em algumas bandas existem a diferença entre marcha de chegada,
marcha de saída, entre outras variações.
A Música de pífanos e percussão do Nordeste brasileiro

Machucado-PB
O termo machucado faz alusão a forma de dançar deste rítmo que é uma
mescla entre baião e o xaxado, porém com uma sonoridade suingada. Este
rítmo de certa forma é inédito, pois não existia nenhuma referência a tal em
nenhuma publicação até o presente trabalho.
A Música de pífanos e percussão do Nordeste brasileiro

Marcha Rebatida -PB


Assim como o Machucado e marcha de passeio, este ritmo não possuía nenhum
registro até este trabalho, segundo os próprios participantes das bandas
cabaçais, o nome é baseado nos toques da mão esquerda que executa toques
rebatidos com o cipó (bacalhau).
A Música de pífanos e percussão do Nordeste brasileiro

Marcha de Passeio- PB, CE


Especialidade de bandas cabaçais do sertão da Paraíba e do cariri do
Ceará. É um ritmo bastante envolvente que exige do zabumbeiro um controle
diferente dos demais ritmos, pois ao tocar o cipó (assim como é chamado por
eles mesmos), fogem do padrão ao tocar três ou mais toques na mão esquerda.

O conceito da zabumba com pé

A zabumba é um instrumento originalmente tocado com a mão, para a


bateria o estudo será adaptado e aplicado na zabumba com o pé ou bumbo
com o auxílio de um pedal. Os padrões dos toques fechados e abertos na
zabumba serão realizados com a técnica de controle do batedor do pedal onde
faremos o abafamento da pele com a aplicação dos seguintes padrões:
A Música de pífanos e percussão do Nordeste brasileiro
Notas presas – calcanhar levantado (heel up)

Notas soltas calcanhar baixo (heel down)

Aplicaremos inicialmente o conceito de abafamento do bumbo ou


zabumba com o pé em um exercício preliminar, utilizando as ilustrações como
guia para o domínio das notas soltas e presas no bumbo, para isso usaremos o
seguinte exercício:

Em seguida aplicar o mesmo exercício com o pé do chimbal executando o


padrão dos pratos.

O terceiro e último padrão a aplicar será o da caixa em semicolcheia:


A Música de pífanos e percussão do Nordeste brasileiro

Como se percebe a grande dificuldade será no domínio das notas presas


e soltas com o pedal do bumbo ou zabumba com o pé, devemos ressaltar que é
necessário tempo e dedicação para tal domínio. Em seguida aplicaremos o
mesmo procedimento no ritmo Baião, aplicando e utilizando os padrões usados
pelas bandas de pífanos.

Primeiramente o padrão da zabumba com o pé juntamente com o padrão do


chimbal:

Após o domínio dos pedais vamos aos padrões da semicolcheia na caixa.

O terceiro passo será adicionar um cawbell no pé esquerdo, onde faremos


padrões alternando entre cawbell e chimbal.

Vamos escutar este processo inteiro


A Música de pífanos e percussão do Nordeste brasileiro

Variações de caixa
A partir do estudo seguinte, pretendemos expor alguns processos
técnicos que o baterista precisa se submeter para um melhor e mais fluente
fraseado e sonoridade. Foi observado que a maioria dos grupos utiliza a caixa
na posição diagonal forçando o uso da posição “tradional grip”, porém deixo
aqui os dois tipos de posicionamento das mãos.

Figura B: Match Grip

Figura a: Tradicional Grip

Obs: aplique os ostinatos de zabumba com pé para acompanhamento dos


exercícios a seguir:

Usando acentuações da semicolcheia

(levada de caixa com elementos indígenas)


A Música de pífanos e percussão do Nordeste brasileiro
Usando rufos (5 e 7 notas e buzz stroke)

Fica a critério do baterista variar os padrões de caixa e acentuações que


forem mais comuns a sonoridade do baião de banda de pífanos. Deve-se
atentar novamente ao domínio da zabumba com o pé e a combinação das
sonoridades do kit, a aplicação do surdo fica por último, pois será a
orquestração de padrões de caixa e suas acentuações.

Os Ritmos adaptados pra bateria


Agora vamos estudar exemplos de A a Z de aplicações no kit de bateria:

LEGENDA:

Ritmo: BAIÃO
A Música de pífanos e percussão do Nordeste brasileiro

Vamos escutar os exemplos nesta faixa.

Estas e outras possibilidades poderão ser usadas no baião, não cabe a este
material julgar qual o melhor padrão, mas vale ao baterista aplicar
coerentemente de acordo com o contexto,

Vamos estudar outros ritmos usando padrões da zabumba com o pé.

Ritmo: Xote
A Música de pífanos e percussão do Nordeste brasileiro

Ritmo: Arrasta-pé (Qualdrilha junina)


Andamento rápido

Variação sobre o Baião: Baiano e/ou Baião da


Tesoura.
Aplicando em um andamento rápido e uma
abordagem mais pop, utilizando paradidles.
A Música de pífanos e percussão do Nordeste brasileiro

Marcha Rebatida
Tendo na zabumba sua identidade marcante observada na combinação
inusitada de toques entre mão direita e esquerda, iremos aplicar a Marcha
Rebatida em um andamento rápido e uma abordagem mais pop, utilizando
paradidles. Importante observar no bumbo (no segundo tempo), onde toca-se
na segunda semicolcheia ao invés da terceira utilizada até agora.

SamBaião ou Samba-Coco
Utilizaremos padrões do samba-coco em estudos de padrões para zabumba
com mão ou com pé.
A Música de pífanos e percussão do Nordeste brasileiro

Levadas com acrescento do surdo

• Após ler os exemplos improvise e varie a vontade combinações entre aro


e surdo (com notas soltas e presas).

Dialogos entre tambores (Surdo e tom)

Caixa, Surdo e Tom

No proximo exemplo iremos tocar da esquerda pra direita e após de trás pra frente
(basta virar o livro de cabeça pra baixo)
A Música de pífanos e percussão do Nordeste brasileiro
• Para os pedais utilize os ostinatos do baião e xaxado (similar ao Baião da
Tesoura, ritmo característico da banda de pífanos Pio X do Cariri
Paraibano.

Baião de Prato
A Música de pífanos e percussão do Nordeste brasileiro

Solo
Estudaremos na seqüência, a leitura de solos (improvisos) onde
combinações entre notas soltas e presas e diversos timbres dos tambores
(explorando também os aros, vamos começar.
A Música de pífanos e percussão do Nordeste brasileiro

Considerações Finais
Ao fim deste material espero que os leitores possam abranger seus pontos
de vista sobre a música de banda de pífanos, cada pessoa desbravando o que
lhe é de interesse, e em comum a vontade de contemplar a cultura e fazer
música ao som dos pífanos e percussão. Com a distribuição deste material
espero atingir algumas metas como a divulgação de um tipo de música
nordestina de significativa importância para a construção identitária e musical
desta região, almejando que a música de pífanos possa ir além fronteiras, pois é
uma música acessível e universal por excelência, espero que os pesquisadores,
professores, bateristas e percussionistas possam utilizar o material para a
formação de novos adeptos, sabendo também que o livro e CD (em anexo)
possibilitará isto e será o instrumento de iniciação neste universo por muitos
leitores,

Convido os leitores para assim que esgotado as informações aqui


apresentadas, possam visitar-nos como também participar dos encontros
presenciais do Projeto Pifercussão visando à interação e troca de saberes face a
face com mestres pifeiros conseqüentemente as informações êmicas ausentes
nesta compilação.

Abraço a todos! Vamos Pifercurtir juntos!

Acessem www.pifercussao.blogspot.com e atualize-se sobre o


Pifercussão.
A Música de pífanos e percussão do Nordeste brasileiro

Anexo 1 – Modelo de Proposta de oficina


Proposta de Oficina Pifercussão

www.pifercussao.blogspot.com

Oficina de Pífanos e Percussão

Oferecer vivências musicais para crianças, jovens e adultos de fora da


região Nordeste interessados em aprender ritmos e instrumentos desta região
como o Pífano, (Flauta) Nordestino(a) e rítmos como Baião, Maracatu, Coco de
Roda, Xote, Xadado entre outros.

Projeto Pifercussão é uma iniciativa de educação e formação realizada


em diversos municípios do estado da Paraíba, basea suas ações na cultura
Brasileira Nordestina dos Pífanos e Percussão, onde o autor vivenciou
empiricamente esta cultura musical, resultando no livro "Pifercussão" - A música
de pífanos e percussão do Nordeste brasileiro onde foram realizados eventos
nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Maringá, Oficinas
estas que apresentam momentos de diálogo e fazer musical baseada em uma
vivência empíricaem com grupos de Pífanos dos Sertões e Cariris Nordestinos,
que hoje é desenvolvida na capital do estado da Paraíba.

Resumo

Esta oficina pretende oferecer aos participantes um olhar sobre a cultura das
bandas de pífanos do nordeste brasileiro enfocando a construção e execução
dos pífanos e percussões (zabumba, caixa prato), a fim de proporcionar o
conhecimento para novos públicos sobre a cultura popular das bandas de
pífano do nordeste brasileiro, seus dos ritmos e melodias características.
A Música de pífanos e percussão do Nordeste brasileiro
Objetivos

Por ser altamente viável a educação musical por meio da construção de


instrumentos reclicáveis o Pifercussão pretende oferecer tecnicas de construção
e execução do pífano feitos de canos PVC, a oficina tem a proposta de divulgar
e formar multiplicadores dos saberes musicais das bandas de pífano,
oferecendo conhecimentos baseados na música de pífanos e percussão do
nordeste brasileiro, em suma a oficina é direcionada a pessoas interessadas em
aprender os instrumentos citados,amantes da cultura popular, não musicos,
musicos entre outros publicos que queiram dialogar com os saberes desta
cultura popular.

Materiais necessários

Furadeira

Canos PVC (20 mm)

Arco e serra para cortar os canos.

Lixa

Rolha (curtiça)

Instrumentos de percussão: zabumba,caixa,prato,surdo.

Metodologias

Serão ministradas aulas expositivas sobre o pifano desde sua


construção à execução, além de ensaios das musicas características do
repertório tradicional de banda de pífano,baseando-se na proposta Pifercussão
de multiplicação do saber cultural através da educação musical.

Resultados Previstos

Ao entrar neste universo cultural e musical pretendemos oferecer para o


publico alvo (crianças jovens e adultos), conhecimentos acerca desse fenômeno
cultural, como também ofertar o aprendizado da construção do pífano, desta
forma podendo promover a educação musical aliada a cultura e inclusão social
de uma música e cultura genuinamente nordestina, estas que por sua vez, não
recebem fomento nem apoio como as culturas de massa e mercadológicas.
A Música de pífanos e percussão do Nordeste brasileiro

Anexo 2 -Relatos de Multiplicadores Pifercussão

Relatório 1

Lucas Melo - Músico, Agente cultural e Multiplicador do


Projeto Pifercussão. Trabalha com o Pifercussão no projeto
“Oficinas Culturais nos bairros” na cidade de João Pessoa –
PB, desde 2010.

O primeiro contato com o projeto foi através do músico e idealizador do


mesmo Heráclito Dornelles, no Teatro Ednaldo do Egypto em João Pessoa - PB.

A primeira vista estive totalmente encantado com aquela ideia ousada e a


criatividade ali contida, onde a cultura nordestina das bandas de pífano e os
processos musico - pedagógicos eram realizados (transmitidos)
simultaneamente de maneira tão simples e natural.

Nesse período pude aperfeiçoar técnicas na percussão nordestina e aprender


alguns outros instrumentos típicos das “bandas cabaçais”. Também pude iniciar
os estudos no pífano baseado principalmente na troca de experiências,
conversas, troca de saberes, da melhor forma que se pode aprender um
instrumento musical: Tocando!

Tocando! Esse ponto é totalmente destacável no Pifercussão, a possibilidade de


aprender em grupo, utilizando da troca de idéias, o que estimula bastante o
processo de aprendizagem, tornando-a mais gostosa e atrativa. A arte também
no papel de gerar coletividade.

O processo de confecção dos pífanos é recompensador e bastante simples,


onde pessoas de todas as idades podem participar de alguma etapa ou de
todas. É muito boa a idéia de fazer seu próprio instrumento musical, a partir de
um pedaço de cano de PVC, conseguir executar melodias e expressar seus
sentimentos através daquilo.

Os toques dos pífanos, o repertório tradicional e o ritmo quente nordestino


mantêm sempre as aulas com um astral maravilhoso, é muito dançante e alegre,
A Música de pífanos e percussão do Nordeste brasileiro
mexe com todo mundo. A musicalidade contida nas oficinas é muito rica, não
dá pra sair um dia ao menos, sem ter absorvido nada.

Como músico e primeiramente como pessoa, participar das oficinas e do


projeto é totalmente enriquecedor e estimulante para minha vida profissional,
onde vejo na prática um projeto que consegue integrar objetivos artísticos e
sociais; Uma música e uma cultura transmitida de forma simples e eficaz para
pessoas de todas as idades, tribos e classes.

Relatório 2

Naor Junior - Músico, Agente cultural e


Multiplicador do Projeto Pifercussão. Trabalha
com o Pifercussão na Prefeitura Municipal de
Bayeux – PB, desde 2011.

A oportunidade que me foi cedida foi muito gratificante e ao mesmo


tempo um aprendizado, na Escola Municipal Luciano Ribeiro de Morais no
Município de Bayeux, comecei com uma brincadeira dinâmica, apresentando o
instrumento e brincando com eles Esse instrumento é o Pífano. Como é o
nome do instrumento? E eles respondiam bem alto Pífano! Aí comecei a falar
sobre o projeto Pifercussão e um pouco das bandas cabaçais, fale também falei
sobre os instrumentos de percussão que são: Caixa, Zabumba, Prato, Triangulo
e Surdo. Depois fiz outra dinâmica explicando o nome do projeto, disse que o
nome foi dado pela mistura das palavras Pífano e Percussão, aí mais uma vez
brinquei com eles – Perguntando: Pífano mais Percussão é igual a? Aí eles
gritavam PIFERCUSSÃO.
Depois toquei um pouco para eles e eles acharam muito bom, a principio só
tinham 3 alunos e esses 3 alunos chamaram mais 3 alunos que estavam
passando pelo corredor da escola – Ei vem aqui, aula de Pífano... É muita massa.
Daí começaram a tentar tirar som do instrumento, mostrei as posições e os
sons. Logo na primeira tentativa eles conseguiram, as crianças eram muito
interessadas e muito atentas ao que o instrutor estava passando, porém ao
terminar a aula eu fui conversar com a diretora da escola e mostrei o
instrumento a ela e ela viu que era feito de cano de Pvc de 20mm, aí ela disse –
Aqui na escola tem uma peça de cano, o que o senhor acha de na próxima aula
o senhor fabricar os instrumentos com os alunos?
Eu disse pode ser... Na outra aula já levei todos os aparatos necessários para a
fabricação dos instrumentos (furadeira, estilete, faca, rolhas e serras), fabricamos
12 Pífanos e depois afinamos, na Terceira aula já inclui os instrumentos de
percussão.
A Música de pífanos e percussão do Nordeste brasileiro
Obs.: Só incluir instrumentos de percussão depois de algum tempo de aula, para
que os alunos não percam o interesse pelo Pífano, por isso que é importante
iniciar as aulas de percussão depois que tiver uma base forte no grupo de
Pífanos.
Bem, nesta terceira aula já consegui passar uma musica, uma musica que foi
criada pelos alunos do projeto no bairro São José em João Pessoa (o baião da
tesoura e incluí a dança da tesoura).
Na quarta aula, bem, não era uma aula foi o encerramento da colônia de férias e
nós não estávamos incluídos na programação do encerramento, então disse aos
meus alunos para levar- mos os instrumentos de percussão para que quando
terminasse pudéssemos pelo menos mostrar o que ensaiamos.
Ao chegar ao local do encerramento encontrei o com o coordenador
responsável pelas atrações que iriam se apresentar então eu conversei com ele
e expliquei que tinha ensaiado com os meus alunos e queria ter a oportunidade
de mostrar o trabalho feito nas minhas quatro aulas.
Ele disse – Tudo bem meu amigo, você será o segundo.
E quando nos chamaram olhei para a mesa de cultura que estava muito bem
representada pela Secretária de Educação de Bayeux, pelo Professor Gilberto e
Pela representante do Prefeito da cidade e me deu um frio na barriga (mas,
como todos nós sabemos, sem frio na barriga não tem graça!), por que a
responsabilidade era imensa, mas, conseguimos mostrar nosso trabalho e nosso
esforço.

Agradeço essa oportunidade primeiramente a Deus, depois aos meus


companheiros de trabalho, ao professor Heráclito Dornelles pela oportunidade
de me incluir nesse projeto tão grandioso e ao mesmo tempo é um projeto de
inclusão social, é um projeto usa a musica para tirar jovens e adolescentes do
crime e das drogas.
A Música de pífanos e percussão do Nordeste brasileiro

Anexo 3 - Anotações de campo


A escolha destes documentos se deram a partir da escolha pessoal do autor.
A Música de pífanos e percussão do Nordeste brasileiro
A Música de pífanos e percussão do Nordeste brasileiro
A Música de pífanos e percussão do Nordeste brasileiro
A Música de pífanos e percussão do Nordeste brasileiro
A Música de pífanos e percussão do Nordeste brasileiro

Anexo 03- Construindo o Pífano. (passo a passo)

Marque as medidas Faça os Furos nos locais marcados

Lixe o pífano Finalize afinando com a cortiça


A Música de pífanos e percussão do Nordeste brasileiro
A Música de pífanos e percussão do Nordeste brasileiro
A Música de pífanos e percussão do Nordeste brasileiro

Anexo 03- Construindo o Pífano. (passo a passo)

Marque as medidas Faça os Furos nos locais marcados

Lixe o pífano Finalize afinando com a cortiça


A Música de pífanos e percussão do Nordeste brasileiro

Medidados dos Pífanos

Procedimentos de construção desenvolvido por João do Pífano (Caruarú-PE)


A Música de pífanos e percussão do Nordeste brasileiro

Anexo 05
A Música de pífanos e percussão do Nordeste brasileiro

Referências:
Impressos:

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pifanos in Nordostbrasilien( Dissertação de mestrado)199-, Berlin.

Assumpção, Pablo, Irmãos Aniceto,Fortaleza: edições Demócrito Rocha,2000

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2ª Ed, Ed vozes, 2004.

Bolão, Oscar. Batuque é um privilégio, Ed. Irmãos Vitale, 2003, Rio de Janeiro -RJ

Braga,Elinaldo Menezes Braga.Discurso e Práticas culturais de velhos Pifeiros:A


história da banda cabaçal os Inácios – dissertação de mestrado em
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Cajazeira, Regina Célia de Souza, Tradição e modernidade (o perfil das bandas


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1998.

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Crook, Larry Norman. Zabumba music from Caruaru, Pernambuco: musical style,
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Texas, 1991. 2v.

Demo, Pedro. Metodologia do conhecimento científico. São Paulo: Atlas, 2000.

Gohn, Daniel Marcondes. Auto-aprendizagem musical, alternativas tecnológicas.


Ed. Annablume /FAPESP, 2003.

Jackobson, Roman. Lingüística e comunicação. 9ª ed. São Paulo: Coutrix,


1977.162p.

Krieger, Elisabeth. Descobrindo a música - Idéias para sala de aula, Ed. Sulina,
Porto Alegre, 2005.
A Música de pífanos e percussão do Nordeste brasileiro
Lino, José Cláudio de Oliveira. Método prático de pífano de bambu, Ed.
keyboard, São Paulo, 2008.

Merriam, Alan. P. The Anthropology of Music, Evanston, Nortwestern University


Press.1980.

Myers, Helen.Ethnomusicology:an introduction.London:The Macmillan


press,1992.

Paiva, Rodrigo Gudin, Percussão: uma abordagem integradora nos processos de


Ensino e aprendizagem desses instrumentos, UNICAMP,2004 (Dissertação de
mestrado).

Pires, Hugo Pordeus Dutra. A malícia do pife, caracterização acústica e


etnomusicológica do pife nordestino, UFRJ. Dissertação de mestrado, 2005

Rocca, Edgard. Ritmos Brasileiros e seus instrumentos de percussão. Ed. Europa,


Rio de Janeiro. (sem ano).

Schafer, Murray. O ouvido pensante. Ed UNESP, São Paulo, 1991.

Siqueira, Batista. Os cariris do nordeste. Ed Cátedra, Rio de Janeiro, 1978.

CD’S:

• Pifonia – A música do começo do mundo (registro em áudio de


diversas bandas cabaçais da Paraíba).
• João do Pífano - Flautes from Brazil (lançado apenas no exterior).
• Cd Box - Missão de Pesquisas Folclóricas,1938 por Mário de
Andrade,Sesc-SP.
• Documento sonoro do folclore brasileiro vol I
• Zabé da Loca – Bom Todo
• Zabé da Loca – Da idade da pedra

LP’S:

• Instrumentos Populares do Nordeste – Discos Marcus Pereira.1976


• Banda de Pife, Esquenta Muié de Marechal Deodoro – Alagoas.1977
• Bandinha de pífano Cultural de Caruaru vol 1 e vol 2 – 1981
• Pife do Biu – Biu do Pife. s/data.
A Música de pífanos e percussão do Nordeste brasileiro

DVD’S:
• Hystory of the U.S. Beat – Steve Smith

Bibliotecas e acervos visitados


• Fundação Joaquim Nabuco – Recife-PE
• Casa do Homem do Cariri- Nova Olinda – CE
• Bibliotecas e acervos pessoais nas localidades de João Pessoa - PB,
Maceió- AL, Caruaru - PE, Juazeiro do Norte e Crato - CE.
• Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro-RJ
• Centro Cultural São Paulo-SP

Arquivo pessoal em áudio, vídeo e fotografia – (Gravações de


pesquisa de campo realizadas pelo autor que foram citadas neste
livro).

02/05/2009 Banda Cabaçal Santo Antônio – Juazeiro do Norte -CE


03/05/2009 Banda Cabaçal Irmãos Aniceto - Crato-CE
22/08/2008 Banda de pífanos Pio X – Sumé-PB
03/08/2009 Banda Cabaçal Zé Pretinho (Tavares-PB)
08/04/2009 Banda Cabaçal Os Monteiros (Cachoeira dos Indios-PB)
09/02/2009 João do Pifano-PE
12/02/2009 Biu do Pifano-PE
29/07/2008 Zabé da Loca-PB

Sites e outras fontes da Internet

http://www.pas.org/index.aspx
A Música de pífanos e percussão do Nordeste brasileiro

CONTATOS
WWW.PIFERCUSSAO.BLOGSPOT.COM
heraclitodornelles@hotmail.com
+ 55 11-6082-9918
+ 55 83-8827-7740

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