Você está na página 1de 25

Psicoterapia

Infantil
Profa. Ma. Iara Fernandes Teixeira
Seja bem-vinde à
disciplina!
Programa da disciplina;
Introdução ao tema: o conceito
de infância.
Ementa
Origens e desenvolvimento da Psicoterapia Infantil. A psicoterapia
infantil nas diversas abordagens psicoterapêuticas. A origem, função e
importância do brincar e do brinquedo nas relações humanas. A sala
da psicoterapia com crianças. O desenvolvimento do processo
psicoterapêutico com crianças. A influência da família e da escola no
processo de psicoterapia infantil. Os brinquedos e brincadeiras
adequadas para o processo terapêutico. A compreensão diagnóstica
com crianças. Formas de observação e procedimentos da psicoterapia
infantil em diferentes contextos (social, clínico, hospitalar etc). A criança
em situação de risco e o brincar. A psicoterapia infantil na comunidade.
Aspectos éticos da psicoterapia com crianças.
Conhecer como a infância é estudada pelas
principais matrizes do conhecimento
psicológico
Psicanálise; Psicologia Comportamental e Humanismo.

Objetivos Apresentar como essas abordagens trabalham


os processos terapêuticos com crianças

Principais Aplicação de técnicas e conceitos.

Discutir os fatores que atravessam o


desenvolvimento da criança e as formas mais
adequadas de intervenção
Demandas familiares, escolares, ética e atenção à saúde
mental das crianças, sobretudo no sistema único de
saúde.
Conteúdo programático
Segundo semestre, ano letivo 2021

Unidade I Unidade II
Conceito de infância e evolução da ideia de desenvolvimento A constituição da subjetividade da criança;
em etapas; As adaptações às necessidades do indivíduo;
Análise infantil; O funcionamento saudável e não saudável da criança;
TCC e AC com crianças; As funções da família e a posição da criança nesta
Psicoterapia infantil de base humanista. última.

Unidade III Unidade IV


A entrevista inicial com os pais; A psicoterapia infantil nas instituições públicas (CAPSi, hospital e
O consultório e os materiais (recursos lúdicos); atenção básica);
O primeiro encontro com a criança; A ética nos atendimentos com crianças.
O brincar e o desenho como recursos técnicos e terapêuticos.
O conceito de infância
(COSTA, 2010)
hISTORICIZANDO A
CRIANÇA
Nem sempre as pessoas sabiam que
existiam diferentes etapas no
desenvolvimento;
História social da criança e da família -
Philippe Ariès;
A evolução da concepção de infância no
contexto europeu entre o final da idade
média e o início da modernidade.
Sentimento da
infância

Termo cunhado por Ariès (1981) para designar a infância como um período peculiar
do desenvolvimento humano.

Esse sentimento vai se moldando e faz sua estreia no campo cultural a partir do século XVII.

(COSTA, 2010)
A infância medieval
"Isso não significava que as
crianças fossem até então
desprezadas ou negligenciadas,
A criança era considerada igual mas sim que não se tinha
consciência de uma série de
aos adultos, com exceção do
particularidades intelectuais,
tamanho; comportamentais e emocionais que
Um "adulto em miniatura". passaram, então, a ser
consideradas como inerentes ou até
mesmo naturais às crianças"
(COSTA, 2010, p. 08).
Sociedades agrárias
Nesses contextos, as crianças eram precocemente estimuladas à
independência para que pudessem "participar da vida dos adultos e de
seus trabalhos, jogos e festas" (COSTA, 2010, p. 08).
Contexto demográfico
O problema da mortalidade infantil

A naturalização da perda
"[...] a morte de uma criança não era
sentida como uma perda irreparável Socialização comunitária
Muitas crianças nasciam, mas
e, muitas vezes, no campo
poucas conseguiam chegar à vida
principalmente, elas eram Na idade média, as crianças
adulta.
sepultadas no quintal da casa, como conviviam muito mais com a
Condições de saneamento,
hoje se enterra um animal comunidade do que com a família.
alimentação e a ausência de
doméstico" (COSTA, 2010, p. 08).
imunizantes artificiais facilitavam
esses óbitos.
Sexualidade

Até meados do século XVI as conversas sobre sexualidade não


eram escondidas das crianças. De acordo com Ariès (1981
apud COSTA, 2010, p. 09):

"Em primeiro lugar, porque acreditavam que a criança


impúbere fosse alheia e indiferente à sexualidade e, em
segundo, porque ainda não existia o sentimento de que as
referências aos assuntos sexuais pudessem macular a
inocência infantil".
"Paparicação"
Cuidados especiais atribuídos à criança,
enquanto ela "ainda" era considerada um
bebê fofo/engraçadinho (COSTA, 2010).

Ou seja, não era um cuidado com a


intencionalidade de preservar uma
integridade desse sujeito a partir do
sentimento de infância, mas uma
"brincadeira de bonecas" com uma
pessoa.
Mudança de paradigma
Reconhecimento do saber acadêmico/científico -
Renascimento;
Ocorre uma diferenciação entre espaço público e
privado;
A família se estabelece como um grupo coeso;
A criança em sua particularidade passa a ser vista
como o centro do grupo familiar, um período de
preparação para o futuro.

(COSTA, 2010)
O controle da infância
Segundo Ariès (1981), o apego à infância e à sua
singularidade não se exprimia mais pela distração e
pela brincadeira, mas pelo interesse psicológico e
preocupação moral.
As crianças começaram a ser estudadas e observadas
como um objeto da ciência.
A ideia de inocência

A noção de inocência infantil vai estar presente na história a partir do


século XVII, estendendo-se até o século XVIII em seu estabelecimento
como ideia predominante. A criança frágil e corruptível, deveria, portanto,
ser preservada e educada para que se mantesse longe dos pecados da
carne. O que se tornou uma preocupação da família, da educação e da
justiça.

(COSTA, 2010)
Cuidados "exaustivos"
Recuperando o pensamento de Badinter (1985), Costa (2010) destaca
como até meados do século XVII os cuidados com as crianças durante
a primeira infância eram considerados um estorvo para os pais.
A "natureza" perversa da criança

Criação rigorosa para contenção Pedagogia do adestramento

"A infância é uma época em que


Na França do século XVIII esse
predomina a maldade da criança, antes de
pensamento ainda reinava, de que a
qualquer adestramento educativo e moral" criação dos filhos era um desgaste
(COSTA, 2010, p. 10). desnecessário.
Contratação das amas de leite para a
amamentação
A filosofia
iluminista

A natureza do ser humano


Influência na educação "Ele postulava que a educação
é ser bom!
da criança visava o
Jean-Jacques Rousseau -
A criança nasce pura e desenvolvimento de suas
sentimento no centro da visão
inocente, é a sociedade que a potencialidades naturais e seu
de homem;
corrompe. afastamento dos males
sociais" (COSTA, 2010, p. 11).
Em Rousseau, o termo criança
remete a essa etapa da vida na
qual o infans - o infante, aquele
que não fala - é desprovido de
toda sexualidade, e foi essa ideia
que se impôs no imaginário social.
(COSTA, 2010, p. 11)
A visão da religião
hegemônica
Essa concepção de contaminação também
era interessante a visão da teologia judaico-
cristã na qual a sexualidade é
constantemente relacionada ao hedonismo,
objetificação e corrupção da alma humana.
Para esses grupos era interessante ensinar
as crianças a serem indiferentes e sentir
repulsa em relação a tudo que remetesse ao
sexual.
Capitalismo
A criança como investimento no futuro - treinamento de mão
de obra (força de trabalho);
A ideia de que esse investimento retorna a longo prazo;
A escola como instituição surge nesse período;
Esse sentimento de responsabilidade pela formação da
criança também passa a ser direcionado à família.
(COSTA, 2010)
Saúde da criança

Saúde física Séculos XIX e XX

Cuidados com a higiene; Estudo da criança;


Pedagogia, pediatria, etc;
Alimentação;
Influências da psicologia sobre a pedagogia;
Brincadeiras.
Influências do discurso científico sobre o fazer dos pais na educação
dos filhos.

(COSTA, 2010)
"Os pais tornaram-se
submissos aos ditames da
ciência, esta sim, capaz de
instruí-los quanto à forma
correta de conduzir a educação
das crianças".
(COSTA, 2010, p. 13)
Referências
ARIÈS, P. História social da criança e da família. Rio de
Janeiro: LTC, 1981.
BADINTER, E. Um amor conquistado: o mito do amor
materno. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985.
COSTA, T. Psicanálise com crianças. Rio de Janeiro:
Zahar, 2010.

Você também pode gostar