Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Humanos .”
Thais Kétura Borges de Lima
Comparato começa seu livro trazendo os vários conceitos de dignidade
humana criados a partir da religião, da filosofia e da ciência. Na religião ele
aponta o ápice do homem na Criação Divina. Quando Deus depois de criar a
Terra, a natureza e os animais coroa sua obra criando o Homem a sua imagem
e semelhança, esse homem é responsável por dominar a natureza e nomear
os animais, é dotado de uma essência especial advinda do próprio Criador. Já
na filosofia a dignidade humana está atrelada a capacidade do homem de
refletir sobre sua própria existência e ser capaz de perguntar-se “Quem é o
homem?”. O homem é apontado como o único capaz de racionalizar e refletir, o
único que pode procurar o significado de alguma coisa. Na ciência o homem é
visto como ápice da evolução das espécies sendo o ser para o qual toda a
evolução aponta, como se essa evolução tivesse acontecido casualmente em
direção a espécie humana. O animal capaz de modificar seu habitat e melhorá-
lo ao seu gosto. O ser humano também interfere no meio ambiente e nas
outras espécies.
“A idéia de que os indivíduos e grupos humanos podem ser reduzidos a um
conceito ou categoria geral, que a todos engloba, é de elaboração recente na
História.” (pág 10) Na antiguidade começou-se a identificar as semelhanças
entre os Homens, mas só com o advento da lei escrita foi possível conferir
direitos aos homens. Direitos mínimos, como o respeito, que todos os homens
usufruíam, na democracia grega por exemplo. Uma lei capaz de assegurar o
direito mesmo de um pobre diante de um rico. Dentro desse contexto nasce a
ideia de uma lei que se sobrepõe a lei escrita que é a lei não escrita, uma lei
superior primeiramente entendida como a lei dos deuses e posteriormente
como a lei da natureza. Essa lei podia ser contraposta a lei escrita e era
considerada superior, a luta por sua concretização valeria qualquer preço,
mesmo que isso significasse confrontar autoridades. Ao identificar
características comuns a espécie humana os gregos e os antigos buscam na
natureza uma justificativa para a posição superior dos seres humanos em
relação aos animais e a natureza. E nasce o conceito de pessoa.
Um outro conceito de pessoa foi trazido por Kant que diz que só o ser humano,
uma pessoa é capaz de agir de acordo com a sua razão, a vontade nada mais
é do que a razão prática e essa é limitada por princípios obrigatórios os
imperativos. O imperativo que determina uma ação específica chama-se de
imperativo categórico. O imperativo categórico serve como uma proteção as
pessoas e as coisas, pessoas existem como um fim em si mesmas e são
singulares, insubstituíveis, já as coisas existem como um meio e são
substituíveis, as coisas tem um valor atribuído e as pessoas tem dignidade. Só
as pessoas possuem autonomia para seguir as leis que elas criam. Marx faz
uma análise que demonstra a coisificação da pessoa no sistema capitalista. O
capital é colocado em posição de pessoa de direitos e a pessoa é colocada
com objeto de direitos. O trabalhador é tratado como objeto, um lixo
descartável quando deixa de ser útil ao processo de fabricação de produtos.
Vale salientar que foram movimentos encabeçados por burgueses ricos e que
no fundo visavam trazer o poder das mãos dos monarcas para as suas próprias
mãos. Favorecendo suas atividades comerciais através dos sistemas e
institutos jurídicos. Tomaram a palavra democracia dando um significado
totalmente diferente do grego, pois ao invés de concentrarem o poder nas
mãos do povo, concentraram tal poder nas mãos da minoria rica."