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Catarina Domenici possui uma carreira ativa como pianista, compositora e

pesquisadora. É Professora Titular do Departamento de Música da Universidade


Federal do Rio Grande Sul (UFRGS). Catarina é uma pianista versátil que transita
com desenvoltura entre gêneros e estilos variados. Criou-se em uma escola de samba,
a ZôLivre de São Miguel Arcanjo (SP). Conheceu a percussão e o samba bem antes
de conhecer e apaixonar-se pelo piano e por seu repertório já na adolescência. Iniciou
seus estudos musicais com Angelina Colombo Ragazzi em Itapetininga, SP.
Posteriormente recebeu bolsa de estudos para o Conservatório Dramático e Musical
Dr. Carlos de Campos de Tatuí, onde estudou com Tadeu Borges de Freitas e Homero
Magalhães (piano), Maria José Carrasqueira (música de câmara) e Homero Lotito
(jazz), além de ter participado de masterclasses com Yara Bernette. Aos 14 anos
concorreu pela primeira vez com uma composição de sua autoria no Festival de
Música Popular em Itapetininga. Um ano depois foi premiada no mesmo festival e
gravou sua primeira música em um LP. Ao ingressar no curso de Bacharelado em
Piano da UNESP na classe de Beatriz Balzi foi convidada por John Boudler a integrar
o Grupo de Percussão do Instituto de Artes do Planalto (Grupo PIAP), junto ao qual
atuou durante os 4 anos do seu curso de graduação e gravou dois LPs (Compositores
da Bahia 7 e II Prêmio Eldorado de Música). Paralelamente, teve aulas particulares
de jazz e piano popular com Mariô Rebouças e Hilton Valente. Recebeu bolsa de
estudos do CNPq para realizar Mestrado e Doutorado em Piano Performance na
Eastman School of Music, onde estudou com David Burge e foi assistente de Rebecca
Penneys. Foi também bolsista da Chautauqua Institution (NY) nos anos de 1990, 1991
e 1995. Realizou masterclasses com Yara Bernette, Boris Berman, Paul Badura-
Skoda, Luiz de Moura Castro, Fernando Laires e Roy Howat.

Como solista, recebeu o Troféu Açorianos de Melhor Instrumentista em 2018 e 2005,


o Prêmio Lizie Teege Mason (1998) de melhor pianista da Eastman School of Music e
o Performer’s Certificate em 1999, tendo também sido premiada no Chautauqua
International Piano Concerto Competition (1995) e no 2º Concurso de Piano da
Cidade de Araçatuba (1991). Em 2012 foi premiada no David Lang’s Piano
Competition, tendo estreado uma obra especialmente composta para o concerto com
obras do compositor no Le Poisson Rouge, em Nova Iorque. Tem atuado como solista
a frente da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre, da Orquestra de Câmara do Theatro

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São Pedro e da Orquestra Unisinos/Anchieta e realizado recitais no Brasil, EUA e
Europa buscando sempre apresentar obras inéditas e repertório inusitado. Com mais
de 20 anos dedicados à performance da música contemporânea, Catarina apresentou-
se em vários festivais tais como o June in Buffalo, Heidelberg New Music Festival,
Chautauqua Music Festival, Festival Música Nova, Contemporâneo-RS, Encompor,
Bienal de Música Contemporânea de Belo Horizonte, SiMN2014, estreando centenas
de obras. Em 2003 recebeu o prêmio FUMPROARTE da Prefeitura de Porto Alegre
para gravar um CD com obras de oito compositores jovens nascidos em Porto Alegre
na década de 60. Com a maioria das obras especialmente compostas para Catarina, o
CD Porto 60 recebeu o Prêmio Açorianos de Menção Especial em 2004 e arrancou do
critico Juarez Fonseca as seguintes linhas: “Melhor do que tocar bem piano é ter
idéias e vislumbrar o novo que os ‘normais’ não vêem. E, aí, fazê-los ver. De uma só
tacada, com o CD Porto 60 a pianista Catarina Domenici enfatiza a excelência de uma
geração de compositores eruditos nascidos em Porto Alegre na década de 60, e se
revela a melhor intérprete deles. ... Seu CD ultrapassa a condição de registro para se
tornar referência.” Em 2013 participou dos CDs Sonatinas de Camargo Guarnieri e
Cameratas & Consorts do compositor Daniel Wolff, ambos produzidos pelo
Programa de Pós-Graduação em Musica da UFRGS.

Outras colaborações com compositores incluem os CDs Plural, com obras para piano
e meios eletrônicos de James Correa e Eduardo Miranda; Volume 2 (Luciano Zanatta);
Tudo Muda (Flávio Oliveira). Em 2009 foi convidada pelo compositor italiano Paolo
Cavallone para gravar a obra “Confini” para piano solo, juntando-se a grandes nomes
da música contemporânea como James Avery, Magnus Anderson, Tony Arnold e Jean
Kopperud no CD Confini, produzido pela RAI trade e pelo Center for 21st-Century
Music da University at Buffalo e lançado internacionalmente pela Tactus em 2011.

Sua atuação como camerista tem sido reconhecida com os seguintes prêmios: prêmio
especial do júri de Melhor Camerista do VII Prêmio Eldorado de Música; primeiro
lugar e prêmio de melhor intérprete de música brasileira no 6º Concurso Nacional de
Música de Câmara da Faculdade Santa Marcelina (Quinteto Scarlatti), Troféu
Açorianos de Melhor Grupo de Música de Câmara pelo CD Kinematic (Musitrio);
primeiro lugar no II Prêmio Eldorado de Música e Prêmio Lei Sarney de Revelação de
Grupo Instrumental (Grupo PIAP). Como pianista do Ensemble Novo Horizonte,
recebeu o prêmio de Melhor Gravação de Obra Experimental da Associação Paulista

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dos Críticos de Artes (APCA) pelo CD Brasil! New Music vol 1. Nos anos de 2006-
2009 foi membro da Slee Sinfonieta em Buffalo (NY), tendo colaborado com diversos
compositores e regentes tais como Harvey Sollberger, Charles Wuorinen, Brad
Lubman e Andrew Rindfleisch em concertos, residências e gravações. Como membro
da Slee Sinfonieta gravou os CDs Inner Sky e Opening Veins, ambos lançados pela
Albany Records. Suas mais recentes colaborações camerísticas estão registradas nos
CDs Horn Constellation, com o trompista Jacek Muzik, lançado internacionalmente
pela Summit Records em 2011 e Batque Ensemble, lançado em 2012, e indicado ao 8º
Prêmio Bravo! – Prime de Cultura na categoria de melhor CD erudito. Em 2017
participou do CD Música para Flauta de Compositores Gaúchos, de Leonardo
Winter, pelo qual recebeu o Premio Açorianos de Melhor Instrumentista em 2018.

Como compositora, foi indicada ao Prêmio Açorianos em 2019 na categoria melhor


compositor erudito e recebeu duas indicações ao Prêmio Açorianos de Melhor Trilha
de espetáculo de dança em 2011 e 2012 por suas colaborações com a coreógrafa
Maria Waleska van Helden nos espetáculo Cem metros de valsa e um grama (Premio
Funarte Klauss Vianna de Dança) e Não me toque estou cheia de lágrimas: sensações
de Clarice Lispector. Em 2020 compôs a trilha sonora para o vídeo Locus Enunciativo
- Círculo Farpado, de Juliana Sixel, apresentado no 27º Porto Alegre em Cena. Suas
composições vem sendo apresentadas tanto em concertos quanto shows destacando-se
apresentações no Projeto Palco Musical do Café Fon Fon, nas séries Ecarta Musical e
Chapéu Acústico, Noite dos Museus e o concerto de abertura do Ciclo Sônicas da
UFRGS. Sua composição “Para Marcia” foi apresentada na terceira edição do POA
Jazz Festival pelo Julio Herrlein Quarteto em 2017. Em 2018, suas canções “Healing:
Lullaby for my younger self” e “Marielle presente” foram gravadas pela soprano
Susie Georgiadis e pela pianista Angiolina Sensale no CD Homage: Compositoras do
Brasil e Itália (Drama Música/Arts Council England). Em crítica publicada na
Revista Concerto em Março de 2019, João Marcos Coelho escreve: “O que me
impressionou mesmo foi a inclusão de duas canções em primeira gravação mundial da
compositora gaúcha Catarina Domenici. Ambas são impactantes. [...] A segunda foi a
que mais me lembrou Gilberto Mendes. Tem a garra de quem quer atuar na realidade
que nos cerca, denuncias injustiças, mostrar que a música contemporânea está viva
sim, e é capaz de ‘falar’ a públicos muito mais amplos. [...] Reproduzo a letra,
homenageando Gilberto Mendes (esteja ele onde estiver tenho certeza de que abrirá

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um largo sorriso ao ouvir esta canção); e saudando a coragem de Catarina Domenici,
pianista e compositora que não abre mão de mostrar que a música viva não deve
militar apenas nas salas de concerto e nos departamentos de música das universidades.
Pode – deve , tem de – participar da vida deste país que conseguiu a façanha de
banalizar a palavra ‘tragédia’.”

Em fevereiro de 2020 apresentou em Londres o recital “Mestiza: The voice of


Catarina Domenici”, patrocinado pelo projeto Donne: Women in Music UK,
exclusivamente com suas obras. Engajada na causa da representatividade feminina na
música, Domenici fundou com a violinista Paula Bujes o Duo Bujes-Domenici,
dedicado à difusão de obras de compositoras. Em 2019 foi curadora juntamente com a
pianista e compositora Ana Fridman do concerto “Notas para Porto Alegre: Sons,
memória e resistência” dedicado à música de concerto na série Unimúsica da UFRGS.

É Professora Titular da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, onde atua desde
1993 na Graduação, Extensão e Pós-Graduação. Nos Estados Unidos exerceu a
docência na Eastman School of Music (1999-2000; 2008), Chautauqua Festival
(2007-2009), Eastman Community Music School (2006-2009), University at Buffalo
(2007-2009), Nazareth College (2008) e Finger Lakes Community College (2006-
2007). Sua larga experiência como docente tem rendido frequentes convites para
cursos de curta duração (36º CIVEBRA, 7º e 8º Festival Internacional SESC de
Música, Festival de Ouro Preto e Mariana, XVII SEMPEM/1º Fladem/Brasil),
masterclasses, palestras e recitais comentados no Brasil (UFPB, UDESC, EMBAP,
UFG, Conservatório de Tatuí, UFPEL, UFSM), nos EUA (Chautauqua Festival,
University of Iowa, Hobart and William Smith Colleges, Western New York Pianos
Teachers Forum) e na Europa (Universidade de Aveiro, Musikeon, Mälmo Academy
of Music) . Entre 2010-2012 foi convidada para coordenar a interdisciplina de teclado
no curso de Licenciatura à Distância da UFRGS, que visa formar educadores musicais
para a rede de ensino público, sendo responsável pela elaboração do material didático
e pela introdução de novas metodologias de ensino/aprendizagem.

Como pesquisadora do Programa de Pós-Graduação em Música da UFRGS é líder do


Grupo de Pesquisa em Práticas Musicais Contemporâneas (GPPMusCon) onde
investiga o corpo na performance musical e desenvolve pesquisa pioneira sobre
interações compositor-performer na música contemporânea iniciada durante estágio

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de pós-doutorado na University of Buffalo (2008-2009). Os resultados desta pesquisa
tem sido apresentados em congressos internacionais (“The Performer’s Voice”,
Cingapura, 2009; “Performa- Encontros de Investigação em Performance”,
Portugal/Brasil, 2011, 2013, 2015, 2017; “2º EPARM”, Roma, 2012; 2º Performer’s
Voice Symposium”, Cingapura, 2012; CMPCP International Conference, Cambridge,
2013 e 2014; IMR Conference, Londres, 2013; Philosophy of Performance
International Conference, Surrey, 2013) e nacionais (XX Congresso da ANPPOM,
Florianópolis, 2010; XXI Congresso da ANPPOM, Uberlândia, 2011; XXII
Congresso da ANPPOM, João Pessoa, 2012, XXIII Congresso da ANPPOM, Natal,
2013, XXVI Congresso da ANPPOM, Campinas, 2017.). Foi a única participante
externa ao continente europeu no 2º Meeting of the European Plataform for Artistic
Research in Music (EPARM), onde apresentou um dos 12 trabalhos selecionados para
o evento. Em 2014 foi convidada para ministrar dois seminários na Konstnärliga
Forskarskolan, escola nacional de pesquisa artística da Suécia e foi pesquisadora
visitante na Universidade de Oxford no Reino Unido. Catarina é membro fundador e
foi a primeira Presidente da Associação Brasileira de Performance Musical
(ABRAPEM, 2012-2016). Foi coordenadora do Programa de Pós-Graduação em
Música da UFRGS de 2013 a 2015.

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