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CÓD: SL-028FV-22

7908433217343

AREIA
PREFEITURA MUNICIPAL DE AREIA
ESTADO DA PARAÍBA - PB

Técnico de Enfermagem
EDITAL NORMATIVO DE CONCURSO PÚBLICO Nº 001/2022
DICA

Como passar em um concurso público?


Todos nós sabemos que é um grande desafio ser aprovado em concurso público, dessa maneira é muito importante o concurseiro
estar focado e determinado em seus estudos e na sua preparação.
É verdade que não existe uma fórmula mágica ou uma regra de como estudar para concursos públicos, é importante cada pessoa
encontrar a melhor maneira para estar otimizando sua preparação.
Algumas dicas podem sempre ajudar a elevar o nível dos estudos, criando uma motivação para estudar. Pensando nisso, a Solução
preparou este artigo com algumas dicas que irão fazer toda a diferença na sua preparação.

Então mãos à obra!

• Esteja focado em seu objetivo: É de extrema importância você estar focado em seu objetivo: a aprovação no concurso. Você vai ter
que colocar em sua mente que sua prioridade é dedicar-se para a realização de seu sonho.
• Não saia atirando para todos os lados: Procure dar atenção a um concurso de cada vez, a dificuldade é muito maior quando você
tenta focar em vários certames, pois as matérias das diversas áreas são diferentes. Desta forma, é importante que você defina uma
área e especializando-se nela. Se for possível realize todos os concursos que saírem que englobe a mesma área.
• Defina um local, dias e horários para estudar: Uma maneira de organizar seus estudos é transformando isso em um hábito,
determinado um local, os horários e dias específicos para estudar cada disciplina que irá compor o concurso. O local de estudo não
pode ter uma distração com interrupções constantes, é preciso ter concentração total.
• Organização: Como dissemos anteriormente, é preciso evitar qualquer distração, suas horas de estudos são inegociáveis. É
praticamente impossível passar em um concurso público se você não for uma pessoa organizada, é importante ter uma planilha
contendo sua rotina diária de atividades definindo o melhor horário de estudo.
• Método de estudo: Um grande aliado para facilitar seus estudos, são os resumos. Isso irá te ajudar na hora da revisão sobre o assunto
estudado. É fundamental que você inicie seus estudos antes mesmo de sair o edital, buscando editais de concursos anteriores. Busque
refazer a provas dos concursos anteriores, isso irá te ajudar na preparação.
• Invista nos materiais: É essencial que você tenha um bom material voltado para concursos públicos, completo e atualizado. Esses
materiais devem trazer toda a teoria do edital de uma forma didática e esquematizada, contendo exercícios para praticar. Quanto mais
exercícios você realizar, melhor será sua preparação para realizar a prova do certame.
• Cuide de sua preparação: Não são só os estudos que são importantes na sua preparação, evite perder sono, isso te deixará com uma
menor energia e um cérebro cansado. É preciso que você tenha uma boa noite de sono. Outro fator importante na sua preparação, é
tirar ao menos 1 (um) dia na semana para descanso e lazer, renovando as energias e evitando o estresse.

Se prepare para o concurso público


O concurseiro preparado não é aquele que passa o dia todo estudando, mas está com a cabeça nas nuvens, e sim aquele que se
planeja pesquisando sobre o concurso de interesse, conferindo editais e provas anteriores, participando de grupos com enquetes sobre
seu interesse, conversando com pessoas que já foram aprovadas, absorvendo dicas e experiências, e analisando a banca examinadora do
certame.
O Plano de Estudos é essencial na otimização dos estudos, ele deve ser simples, com fácil compreensão e personalizado com sua
rotina, vai ser seu triunfo para aprovação, sendo responsável pelo seu crescimento contínuo.
Além do plano de estudos, é importante ter um Plano de Revisão, ele que irá te ajudar na memorização dos conteúdos estudados até
o dia da prova, evitando a correria para fazer uma revisão de última hora.
Está em dúvida por qual matéria começar a estudar? Vai mais uma dica: comece por Língua Portuguesa, é a matéria com maior
requisição nos concursos, a base para uma boa interpretação, indo bem aqui você estará com um passo dado para ir melhor nas outras
disciplinas.

Vida Social
Sabemos que faz parte algumas abdicações na vida de quem estuda para concursos públicos, mas sempre que possível é importante
conciliar os estudos com os momentos de lazer e bem-estar. A vida de concurseiro é temporária, quem determina o tempo é você,
através da sua dedicação e empenho. Você terá que fazer um esforço para deixar de lado um pouco a vida social intensa, é importante
compreender que quando for aprovado verá que todo o esforço valeu a pena para realização do seu sonho.
Uma boa dica, é fazer exercícios físicos, uma simples corrida por exemplo é capaz de melhorar o funcionamento do Sistema Nervoso
Central, um dos fatores que são chaves para produção de neurônios nas regiões associadas à aprendizagem e memória.
DICA

Motivação
A motivação é a chave do sucesso na vida dos concurseiros. Compreendemos que nem sempre é fácil, e às vezes bate aquele desânimo
com vários fatores ao nosso redor. Porém tenha garra ao focar na sua aprovação no concurso público dos seus sonhos.
Caso você não seja aprovado de primeira, é primordial que você PERSISTA, com o tempo você irá adquirir conhecimento e experiência.
Então é preciso se motivar diariamente para seguir a busca da aprovação, algumas orientações importantes para conseguir motivação:
• Procure ler frases motivacionais, são ótimas para lembrar dos seus propósitos;
• Leia sempre os depoimentos dos candidatos aprovados nos concursos públicos;
• Procure estar sempre entrando em contato com os aprovados;
• Escreva o porquê que você deseja ser aprovado no concurso. Quando você sabe seus motivos, isso te da um ânimo maior para seguir
focado, tornando o processo mais prazeroso;
• Saiba o que realmente te impulsiona, o que te motiva. Dessa maneira será mais fácil vencer as adversidades que irão aparecer.
• Procure imaginar você exercendo a função da vaga pleiteada, sentir a emoção da aprovação e ver as pessoas que você gosta felizes
com seu sucesso.

Como dissemos no começo, não existe uma fórmula mágica, um método infalível. O que realmente existe é a sua garra, sua dedicação
e motivação para realizar o seu grande sonho de ser aprovado no concurso público. Acredite em você e no seu potencial.
A Solução tem ajudado, há mais de 36 anos, quem quer vencer a batalha do concurso público. Se você quer aumentar as suas chances
de passar, conheça os nossos materiais, acessando o nosso site: www.apostilasolucao.com.br

Vamos juntos!
ÍNDICE

Língua Portuguesa
1. Análise De Textos (Verbais E Não Verbais), Sob O Aspecto Tipológico, Do Gênero E Das Marcas Linguísticas E Interpretação . . 01
2. Elementos De Coesão Referencial E Sequencial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 04
3. Aspectos Morfológicos E Sintáticos Dos Substantivos, Pronomes, Advérbios, Verbos, Preposições E Conjunções (Funcionamento
Das Classes De Palavras No Texto) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 05
4. Fatores Da Textualidade (Coerência, Coesão, Intencionalidade, Aceitabilidade, Situacionalidade, Informatividade E Intertextuali-
dade) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
5. Sintaxe: Análise Sintática, Frase, Oração E Período, Mecanismos De Articulação De Orações (Coordenação E Subordinação) . 17
6. Variações Linguísticas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
7. Processo De Formação De Palavras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
8. Pontuação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23

Informática
1. Componentes De Hardware De Um Sistema Computacional (Representação Da Informação, Processador E Memória E Periféricos)01
2. Categorias De Software De Um Sistema Computacional (Softwares Básicos E Aplicativos) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
3. Conceitos Básicos De Redes De Computadores E Internet (Navegadores, Sites E Segurança) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 09
4. Conceitos Básicos De Banco De Dados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
5. Conceitos Básicos De Computação Em Nuvem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22

Conhecimentos Específicos
Técnico de Enfermagem
1. Lei do Exercício Profissional da Enfermagem. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Semiotécnica aplicada a Enfermagem. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 02
3. Administração de medicamentos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 03
4. Central de Material e Esterilização. Manuseio de materiais estéreis e controle da esterilização. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
5. Prevenção e Controle da Infecção Hospitalar (IH) ou Infecção Relacionada à Assistência à Saúde (IRAS). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
6. Biossegurança. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
7. Segurança do paciente nos serviços de saúde. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
8. Assistência de enfermagem à mulher, à criança, ao adolescente, ao homem, a pessoa idosa e portadores de transtorno mentais e/ou
em abuso e dependência de substâncias psicoativas, em tratamento clínico e cirúrgico. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
9. Assistência de enfermagem a clientes em situações de urgência e emergência. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 138
10. Sistema Único de Saúde (SUS): princípios doutrinários e organizativos, bases legais, normatizações, pacto, participação e controle
social, desafios atuais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 185
11. Vigilância em Saúde. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 192
12. Política Nacional de Humanização (Humaniza SUS). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 198
13. Modelo de Atenção Integral a Saúde da Pessoa Idosa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 202
14. Programa Nacional de Imunização (PNI). Sala de Vacina. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 203
15. Cuidados paliativos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 215
16. Doenças crônicas não transmissíveis. Doenças transmissíveis. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 217
17. Farmacologia aplicada à enfermagem. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 253
18. Sistema Único de Saúde. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 253
19. Atenção Primária em Saúde. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 253
LÍNGUA PORTUGUESA
1. Análise De Textos (Verbais E Não Verbais), Sob O Aspecto Tipológico, Do Gênero E Das Marcas Linguísticas E Interpretação . . 01
2. Elementos De Coesão Referencial E Sequencial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 04
3. Aspectos Morfológicos E Sintáticos Dos Substantivos, Pronomes, Advérbios, Verbos, Preposições E Conjunções (Funcionamento
Das Classes De Palavras No Texto) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 05
4. Fatores Da Textualidade (Coerência, Coesão, Intencionalidade, Aceitabilidade, Situacionalidade, Informatividade E Intertextuali-
dade) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
5. Sintaxe: Análise Sintática, Frase, Oração E Período, Mecanismos De Articulação De Orações (Coordenação E Subordinação) . 17
6. Variações Linguísticas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
7. Processo De Formação De Palavras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
8. Pontuação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
LÍNGUA PORTUGUESA
Diferença entre compreensão e interpretação
ANÁLISE DE TEXTOS (VERBAIS E NÃO VERBAIS), SOB A compreensão de um texto é fazer uma análise objetiva do
O ASPECTO TIPOLÓGICO, DO GÊNERO E DAS MARCAS texto e verificar o que realmente está escrito nele. Já a interpre-
LINGUÍSTICAS E INTERPRETAÇÃO tação imagina o que as ideias do texto têm a ver com a realidade.
O leitor tira conclusões subjetivas do texto.
Compreender um texto trata da análise e decodificação do Gêneros Discursivos
que de fato está escrito, seja das frases ou das ideias presentes. Romance: descrição longa de ações e sentimentos de perso-
Interpretar um texto, está ligado às conclusões que se pode che- nagens fictícios, podendo ser de comparação com a realidade ou
gar ao conectar as ideias do  texto com a realidade. Interpreta- totalmente irreal. A diferença principal entre um romance e uma
ção trabalha com a subjetividade, com o que se entendeu sobre novela é a extensão do texto, ou seja, o romance é mais longo.
o texto. No romance nós temos uma história central e várias histórias
Interpretar um texto permite a compreensão de todo e qual- secundárias.
quer texto ou discurso e se amplia no entendimento da sua ideia  
principal. Compreender relações semânticas é uma competência Conto: obra de ficção onde é criado seres e locais totalmen-
imprescindível no mercado de trabalho e nos estudos. te imaginário. Com linguagem linear e curta, envolve poucas
Quando não se sabe interpretar corretamente um texto po- personagens, que geralmente se movimentam em torno de uma
de-se criar vários problemas, afetando não só o desenvolvimen- única ação, dada em um só espaço, eixo temático e conflito. Suas
to profissional, mas também o desenvolvimento pessoal. ações encaminham-se diretamente para um desfecho.
 
Busca de sentidos Novela: muito parecida com o conto e o romance, diferen-
Para a busca de sentidos do texto, pode-se retirar do mesmo ciado por sua extensão. Ela fica entre o conto e o romance, e
os tópicos frasais presentes em cada parágrafo. Isso auxiliará na tem a história principal, mas também tem várias histórias secun-
apreensão do conteúdo exposto. dárias. O tempo na novela é baseada no calendário. O tempo e
Isso porque é ali que se fazem necessários, estabelecem local são definidos pelas histórias dos personagens. A história
uma relação hierárquica do pensamento defendido, retomando (enredo) tem um ritmo mais acelerado do que a do romance por
ideias já citadas ou apresentando novos conceitos. ter um texto mais curto.
Por fim, concentre-se nas ideias que realmente foram expli-  
citadas pelo autor. Textos argumentativos não costumam conce- Crônica: texto que narra o cotidiano das pessoas, situações
der espaço para divagações ou hipóteses, supostamente conti- que nós mesmos já vivemos e normalmente é utilizado a iro-
das nas entrelinhas. Deve-se ater às ideias do autor, o que não nia para mostrar um outro lado da mesma história. Na crônica
quer dizer que o leitor precise ficar preso na superfície do texto, o tempo não é relevante e quando é citado, geralmente são pe-
mas é fundamental que não sejam criadas suposições vagas e quenos intervalos como horas ou mesmo minutos.
inespecíficas.   
Poesia: apresenta um trabalho voltado para o estudo da
Importância da interpretação linguagem, fazendo-o de maneira particular, refletindo o mo-
A prática da  leitura, seja por prazer, para estudar ou para mento, a vida dos homens através de figuras que possibilitam a
se informar, aprimora o vocabulário e dinamiza o raciocínio e criação de imagens. 
a  interpretação. A  leitura, além de favorecer o aprendizado de  
conteúdos específicos, aprimora a escrita. Editorial: texto dissertativo argumentativo onde expressa a 
Uma interpretação de texto assertiva depende de inúmeros opinião do editor através de argumentos e fatos sobre  um as-
fatores. Muitas vezes, apressados, descuidamo-nos dos detalhes sunto  que está sendo muito comentado (polêmico). Sua inten-
presentes em um texto, achamos que apenas uma leitura já se ção é convencer o leitor a concordar com ele.
faz suficiente. Interpretar exige paciência e, por isso, sempre re-  
leia o texto, pois a segunda leitura pode apresentar aspectos sur- Entrevista: texto expositivo e é marcado pela conversa de
preendentes que não foram observados previamente. Para auxi- um entrevistador e um entrevistado para a obtenção de informa-
liar na busca de sentidos do texto, pode-se também retirar dele ções. Tem como principal característica transmitir a opinião de
os tópicos frasais presentes em cada parágrafo, isso certamen- pessoas de destaque sobre algum assunto de interesse.
te auxiliará na apreensão do conteúdo exposto. Lembre-se de
que os parágrafos não estão organizados, pelo menos em um Cantiga de roda: gênero empírico, que na escola se materia-
bom texto, de maneira aleatória, se estão no lugar que estão, liza em uma concretude da realidade. A cantiga de roda permite
é porque ali se fazem necessários, estabelecendo uma relação as crianças terem mais sentido em relação a leitura e escrita, aju-
hierárquica do pensamento defendido, retomando ideias já cita- dando os professores a identificar o nível de alfabetização delas.
das ou apresentando novos conceitos.  
Concentre-se nas ideias que de fato foram explicitadas pelo Receita: texto instrucional e injuntivo que tem como obje-
autor: os textos argumentativos não costumam conceder espaço tivo de informar, aconselhar, ou seja, recomendam dando uma
para divagações ou hipóteses, supostamente contidas nas entre- certa liberdade para quem recebe a informação.
linhas. Devemos nos ater às ideias do autor, isso não quer dizer  
que você precise ficar preso na superfície do texto, mas é fun- Existem muitas linguagens e cada uma delas é composta de
damental que não criemos, à revelia do autor, suposições vagas diversos elementos. Alguns exemplos: letras e palavras são ele-
e inespecíficas.  Ler com atenção é um exercício que deve ser mentos da linguagem escrita; cores e formas são elementos da
praticado à exaustão, assim como uma técnica, que fará de nós linguagem visual; timbre e ritmo são alguns dos elementos da
leitores proficientes. linguagem sonora.

1
LÍNGUA PORTUGUESA
A linguagem  expressa, cria, produz ou comunica algo. Há linguagens  verbais  e não verbais. Cada uma delas é composta por
diversos elementos. Alguns exemplos: letras e palavras são elementos da linguagem verbal; cores e formas são elementos da lingua-
gem visual; timbre e ritmo são alguns dos elementos da linguagem sonora.

Linguagem verbal
A linguagem verbal é caracterizada pela comunicação através do uso de palavras. Essas palavras podem ser faladas ou escritas.
O conjunto das palavras utilizadas em uma língua é chamado de léxico.

Linguagem não verbal


A comunicação não verbal é compreendida como toda a comunicação realizada através de elementos não verbais. Ou seja, que
não usem palavras.

Linguagem verbal Linguagem não verbal


• Imagens
• Gestos
Elementos presentes • Palavras
• Sons
• Expressões corporais e faciais
• Conversas • Língua de sinais
• Discursos • Placas de aviso e de trânsito
Exemplos
• Textos • Obras de arte
• Rádio • Dança

Interpretação de linguagem não verbal (tabelas, fotos, quadrinhos, etc.)


A simbologia é uma forma de comunicação não verbal que consegue, por meio de símbolos gráficos populares, transmitir men-
sagens e exprimir ideias e conceitos em uma linguagem figurativa ou abstrata. A capacidade de reconhecimento e interpretação das
imagens/símbolos é determinada pelo conhecimento de cada pessoa.

Exemplos:
PLACAS CHARGES

TIRINHAS

2
LÍNGUA PORTUGUESA
GRÁFICOS

É possível encontrar no Brasil diversas variações linguísticas, como na linguagem regional. Elas reúnem as variantes da língua
que foram criadas pelos homens e são reinventadas a cada dia.
Delas surgem as variações que envolvem vários aspectos históricos, sociais, culturais, geográficos, entre outros.
Nenhuma língua é usada de maneira uniforme por todos os seus falantes em todos os lugares e em qualquer situação. Sabe-se
que, numa mesma língua, há formas distintas para traduzir o mesmo significado dentro de um mesmo contexto.
As variações que distinguem uma variante de outra se manifestam em quatro planos distintos, a saber: fônico, morfológico,
sintático e lexical.

Variações Morfológicas
Ocorrem nas formas constituintes da palavra. As diferenças entre as variantes não são tantas quanto as de natureza fônica, mas
não são desprezíveis. Como exemplos, podemos citar:
– uso de substantivos masculinos como femininos ou vice-versa: duzentas gramas de presunto (duzentos), a champanha (o
champanha), tive muita dó dela (muito dó), mistura do cal (da cal).
– a omissão do “s” como marca de plural de substantivos e adjetivos (típicos do falar paulistano): os amigo e as amiga, os livro
indicado, as noite fria, os caso mais comum.
– o enfraquecimento do uso do modo subjuntivo: Espero que o Brasil reflete (reflita) sobre o que aconteceu nas últimas elei-
ções; Se eu estava (estivesse) lá, não deixava acontecer; Não é possível que ele esforçou (tenha se esforçado) mais que eu.
– o uso do prefixo hiper- em vez do sufixo -íssimo para criar o superlativo de adjetivos, recurso muito característico da linguagem
jovem urbana: um cara hiper-humano (em vez de humaníssimo), uma prova hiperdifícil (em vez de dificílima), um carro hiperpos-
sante (em vez de possantíssimo).
– a conjugação de verbos irregulares pelo modelo dos regulares: ele interviu (interveio), se ele manter (mantiver), se ele ver (vir)
o recado, quando ele repor (repuser).
– a conjugação de verbos regulares pelo modelo de irregulares: vareia (varia), negoceia (negocia).

Variações Fônicas
Ocorrem no modo de pronunciar os sons constituintes da palavra. Entre esses casos, podemos citar:
– a redução de proparoxítonas a paroxítonas: Petrópis (Petrópolis), fórfi (fósforo), porva (pólvora), todas elas formas típicas de
pessoas de baixa condição social.
– A pronúncia do “l” final de sílaba como “u” (na maioria das regiões do Brasil) ou como “l” (em certas regiões do Rio Grande do
Sul e Santa Catarina) ou ainda como “r” (na linguagem caipira): quintau, quintar, quintal; pastéu, paster, pastel; faróu, farór, farol.
– deslocamento do “r” no interior da sílaba: largato, preguntar, estrupo, cardeneta, típicos de pessoas de baixa condição social.
– a queda do “r” final dos verbos, muito comum na linguagem oral no português: falá, vendê, curti (em vez de curtir), compô.
– o acréscimo de vogal no início de certas palavras: eu me alembro, o pássaro avoa, formas comuns na linguagem clássica, hoje
frequentes na fala caipira.
– a queda de sons no início de palavras: ocê, cê, ta, tava, marelo (amarelo), margoso (amargoso), características na linguagem
oral coloquial.

3
LÍNGUA PORTUGUESA
Variações Sintáticas – Jargão: vocabulário típico de um campo profissional
Correlação entre as palavras da frase. No domínio da sinta- como a medicina, a engenharia, a publicidade, o jornalismo.
xe, como no da morfologia, não são tantas as diferenças entre Furo é notícia dada em primeira mão. Quando o furo se revela
uma variante e outra. Como exemplo, podemos citar: falso, foi uma barriga.
– a substituição do pronome relativo “cujo” pelo pronome – Gíria: vocabulário especial de um grupo que não deseja
“que” no início da frase mais a combinação da preposição “de” ser entendido por outros grupos ou que pretende marcar sua
com o pronome “ele” (=dele): É um amigo que eu já conhecia a identidade por meio da linguagem. Por exemplo, levar um lero
família dele (em vez de cuja família eu já conhecia). (conversar).
– a mistura de tratamento entre tu e você, sobretudo quan- – Preciosismo: é um léxico excessivamente erudito, muito
do se trata de verbos no imperativo: Entra, que eu quero falar raro: procrastinar (em vez de adiar); cinesíforo (em vez de mo-
com você (em vez de contigo); Fala baixo que a sua (em vez de torista).
tua) voz me irrita. – Vulgarismo: o contrário do preciosismo, por exemplo, de
– ausência de concordância do verbo com o sujeito: Eles saco cheio (em vez de aborrecido), se ferrou (em vez de se deu
chegou tarde (em grupos de baixa extração social); Faltou na- mal, arruinou-se).
quela semana muitos alunos; Comentou-se os episódios.
– o uso de pronomes do caso reto com outra função que não Tipos de Variação
a de sujeito: encontrei ele (em vez de encontrei-o) na rua; não As variações mais importantes, são as seguintes:
irão sem você e eu (em vez de mim); nada houve entre tu (em – Sociocultural: Esse tipo de variação pode ser percebido
vez de ti) e ele. com certa facilidade.
– o uso do pronome lhe como objeto direto: não lhe (em vez – Geográfica: é, no Brasil, bastante grande. Ao conjunto das
de “o”) convidei; eu lhe (em vez de “o”) vi ontem. características da pronúncia de uma determinada região dá-se
– a ausência da preposição adequada antes do pronome re- o nome de sotaque: sotaque mineiro, sotaque nordestino, sota-
lativo em função de complemento verbal: são pessoas que (em que gaúcho etc.
vez de: de que) eu gosto muito; este é o melhor filme que (em – De Situação: são provocadas pelas alterações das circuns-
vez de a que) eu assisti; você é a pessoa que (em vez de em que) tâncias em que se desenrola o ato de comunicação. Um modo
eu mais confio. de falar compatível com determinada situação é incompatível
com outra
Variações Léxicas – Histórica: as línguas se alteram com o passar do tempo e
Conjunto de palavras de uma língua. As variantes do plano com o uso. Muda a forma de falar, mudam as palavras, a grafia e
do léxico, como as do plano fônico, são muito numerosas e ca-
o sentido delas. Essas alterações recebem o nome de variações
racterizam com nitidez uma variante em confronto com outra.
históricas.
São exemplos possíveis de citar:
– as diferenças lexicais entre Brasil e Portugal são tantas e,
às vezes, tão surpreendentes, que têm sido objeto de piada de ELEMENTOS DE COESÃO REFERENCIAL E SEQUENCIAL
lado a lado do Oceano. Em Portugal chamam de cueca aquilo
que no Brasil chamamos de calcinha; o que chamamos de fila no
Coesão
Brasil, em Portugal chamam de bicha; café da manhã em Portu-
É a ligação entre as partes do texto (palavras, expressões,
gal se diz pequeno almoço; camisola em Portugal traduz o mes-
frases, parágrafos) por meio de determinados elementos linguís-
mo que chamamos de suéter, malha, camiseta.
– a escolha do adjetivo maior em vez do advérbio muito ticos. Com ela, fica mais fácil ler e compreender um texto.
para formar o grau superlativo dos adjetivos, características da Veja um exemplo de texto coeso:
linguagem jovem de alguns centros urbanos: maior legal; maior
difícil; Esse amigo é um carinha maior esforçado. Último Recurso
Quando fazemos tudo para que nos amem e não consegui-
Designações das Variantes Lexicais: mos, resta-nos um último recurso: não fazer mais nada. Por isso,
– Arcaísmo: palavras que já caíram de uso. Por exemplo, um digo, quando não obtivermos o amor, o afeto ou a ternura que
bobalhão era chamado de coió ou bocó; em vez de refrigerante havíamos solicitado, melhor será desistirmos e procurar mais
usava-se gasosa; algo muito bom, de qualidade excelente, era adiante os sentimentos que nos negaram. Não fazer esforços
supimpa. inúteis, pois o amor nasce, ou não, espontaneamente, mas nun-
– Neologismo: contrário do arcaísmo. São palavras recém- ca por força de imposição. Às vezes, é inútil esforçar-se demais,
-criadas, muitas das quais mal ou nem entraram para os dicio- nada se consegue; outras vezes, nada damos e o amor se rende
nários. A na computação tem vários exemplos, como escanear, aos nossos pés. Os sentimentos são sempre uma surpresa. Nunca
deletar, printar. foram uma caridade mendigada, uma compaixão ou um favor
– Estrangeirismo: emprego de palavras emprestadas de ou- concedido. Quase sempre amamos a quem nos ama mal, e des-
tra língua, que ainda não foram aportuguesadas, preservando prezamos quem melhor nos quer. Assim, repito, quando tivermos
a forma de origem. Nesse caso, há muitas expressões latinas, feito tudo para conseguir um amor, e falhado, resta-nos um só
sobretudo da linguagem jurídica, tais como: habeas-corpus (li- caminho... o de mais nada fazer.
teralmente, “tenhas o corpo” ou, mais livremente, “estejas em Clarice Lispector
liberdade”), ipso facto (“pelo próprio fato de”, “por isso mesmo.
Coerência
As palavras de origem inglesas são várias: feeling (“sensibi- É a relação semântica que se estabelece entre as diversas
lidade”, capacidade de percepção), briefing (conjunto de infor- partes do texto, criando uma unidade de sentido. Está ligada ao
mações básicas). entendimento, à possibilidade de interpretação daquilo que se

4
LÍNGUA PORTUGUESA
ouve ou lê. Enquanto a coesão está para os elementos conecto-
res de ideias no texto, a coerência está para a harmonia interna ASPECTOS MORFOLÓGICOS E SINTÁTICOS DOS SUBS-
do texto, o sentido. TANTIVOS, PRONOMES, ADVÉRBIOS, VERBOS, PREPO-
Muitos professores, infelizmente, ainda ensinam que só há SIÇÕES E CONJUNÇÕES (FUNCIONAMENTO DAS CLAS-
coerência se houver coesão. Não obstante, vejamos: SES DE PALAVRAS NO TEXTO)

Coeso e incoerente
“Os jornalistas se comprometem a divulgar artigos políticos CLASSES DE PALAVRAS
de maneira polida e imparcial, no entanto eles comumente afli-
gem a opinião daqueles que se empenham em ter um cerne ou Substantivo
um ponto de vista menos fundamentalista. ” São as palavras que atribuem nomes aos seres reais ou ima-
Do que o texto fala mesmo? O elemento coesivo “no entan- ginários (pessoas, animais, objetos), lugares, qualidades, ações
to” estabelece uma relação de oposição com o quê? Com o fato e sentimentos, ou seja, que tem existência concreta ou abstrata. 
de os artigos ou os jornalistas afligirem a opinião de quem? Dos
leitores, dos jornalistas ou dos artigos políticos? Percebe que há Classificação dos substantivos
uma confusão, que gera uma incompreensão do texto? Logo,
podemos dizer que não houve coerência, apesar de ter havido SUBSTANTIVO SIMPLES: Olhos/água/
coesão. apresentam um só radical em muro/quintal/caderno/
sua estrutura. macaco/João/sabão
Incoeso e coerente
Chinelos, vaso, descarga. Pia, sabonete. Água. Escova, creme SUBSTANTIVOS COMPOSTOS: Macacos-prego/
dental, água, espuma, creme de barbear, pincel, espuma, gilete, são formados por mais de um porta-voz/
água, cortina, sabonete, água fria, água quente, toalha. Creme radical em sua estrutura. pé-de-moleque
para cabelo, pente. Cueca, camisa, abotoaduras, calça, meias, SUBSTANTIVOS PRIMITIVOS: Casa/
sapatos, gravata, paletó. Carteira, níqueis, documentos, caneta, são os que dão origem a mundo/
chaves, lenço. Relógio, maço de cigarros, caixa de fósforos, jor- outras palavras, ou seja, ela é população
nal. Mesa, cadeiras, xícara e pires, prato, bule, talheres, guarda- a primeira. /formiga
napos. Quadros. Pasta, carro. Cigarro, fósforo. Mesa e poltrona, SUBSTANTIVOS DERIVADOS: Caseiro/mundano/
cadeira, cinzeiro, papéis, telefone, agenda, copo com lápis, cane- são formados por outros populacional/formigueiro
tas, blocos de notas, espátula, pastas, caixas de entrada, de saí- radicais da língua.
da, vaso com plantas, quadros, papéis, cigarro, fósforo. Bandeja,
SUBSTANTIVOS PRÓPRIOS: Rodrigo
xícara pequena. Cigarro e fósforo. Papéis, telefone, relatórios,
designa determinado ser /Brasil
cartas, notas, vales, cheques, memorandos, bilhetes, telefone,
entre outros da mesma /Belo Horizonte/Estátua da
papéis. Relógio. Mesa, cavalete, cinzeiros, cadeiras, esboços de
espécie. São sempre iniciados Liberdade
anúncios, fotos, cigarro, fósforo, bloco de papel, caneta, proje-
por letra maiúscula.
tos de filmes, xícara, cartaz, lápis, cigarro, fósforo, quadro-negro,
giz, papel. Mictório, pia. Água. Táxi, mesa, toalha, cadeiras, co- SUBSTANTIVOS COMUNS: biscoitos/ruídos/estrelas/
pos, pratos, talheres, garrafa, guardanapo, xícara. Maço de ci- referem-se qualquer ser de cachorro/prima
garros, caixa de fósforos. Escova de dentes, pasta, água. Mesa e uma mesma espécie.
poltrona, papéis, telefone, revista, copo de papel, cigarro, fósfo- SUBSTANTIVOS CONCRETOS: Leão/corrente
ro, telefone interno, externo, papéis, prova de anúncio, caneta e nomeiam seres com existência /estrelas/fadas
papel, relógio, papel, pasta, cigarro, fósforo, papel e caneta, tele- própria. Esses seres podem /lobisomem
fone, caneta e papel, telefone, papéis, folheto, xícara, jornal, ci- ser animadoso ou inanimados, /saci-pererê
garro, fósforo, papel e caneta. Carro. Maço de cigarros, caixa de reais ou imaginários.
fósforos. Paletó, gravata. Poltrona, copo, revista. Quadros. Mesa, SUBSTANTIVOS ABSTRATOS: Mistério/
cadeiras, pratos, talheres, copos, guardanapos. Xícaras. Cigarro e nomeiam ações, estados, bondade/
fósforo. Poltrona, livro. Cigarro e fósforo. Televisor, poltrona. Ci- qualidades e sentimentos que confiança/
garro e fósforo. Abotoaduras, camisa, sapatos, meias, calça, cue- não tem existência própria, ou lembrança/
ca, pijama, espuma, água. Chinelos. Coberta, cama, travesseiro. seja, só existem em função de amor/
Ricardo Ramos um ser. alegria
Fonte: https://revistamacondo.wordpress.com/2012/02/29/
SUBSTANTIVOS COLETIVOS: Elenco (de atores)/
conto-circuito-fechado-ricardo-ramos/
referem-se a um conjunto acervo (de obras artísticas)/
de seres da mesma espécie, buquê (de flores)
Perceba que não houve nenhum elemento conectando as mesmo quando empregado
frases; houve apenas justaposição de frases. Realmente não no singular e constituem um
houve coesão stricto sensu, mas houve total coerência, pois as substantivo comum.
frases mantêm relações de sentido. A “incoesão”, ausência de
elementos conectores ou referenciadores, não prejudicou o sen- NÃO DEIXE DE PESQUISAR A REGÊNCIA DE OUTRAS PALAVRAS
tido do texto, ou seja, a coerência. QUE NÃO ESTÃO AQUI!

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LÍNGUA PORTUGUESA
Flexão dos Substantivos
• Gênero: Os gêneros em português podem ser dois: masculino e feminino. E no caso dos substantivos podem ser biformes ou
uniformes
– Biformes: as palavras tem duas formas, ou seja, apresenta uma forma para o masculino e uma para o feminino: tigre/tigresa,
o presidente/a presidenta, o maestro/a maestrina
– Uniformes: as palavras tem uma só forma, ou seja, uma única forma para o masculino e o feminino. Os uniformes dividem-se
em epicenos, sobrecomuns e comuns de dois gêneros.
a) Epicenos: designam alguns animais e plantas e são invariáveis: onça macho/onça fêmea, pulga macho/pulga fêmea, palmeira
macho/palmeira fêmea.
b) Sobrecomuns: referem-se a seres humanos; é pelo contexto que aparecem que se determina o gênero: a criança (o criança),
a testemunha (o testemunha), o individuo (a individua).
c) Comuns de dois gêneros: a palavra tem a mesma forma tanto para o masculino quanto para o feminino: o/a turista, o/a agen-
te, o/a estudante, o/a colega.
• Número: Podem flexionar em singular (1) e plural (mais de 1).
– Singular: anzol, tórax, próton, casa.
– Plural: anzóis, os tórax, prótons, casas.

• Grau: Podem apresentar-se no grau aumentativo e no grau diminutivo.


– Grau aumentativo sintético: casarão, bocarra.
– Grau aumentativo analítico: casa grande, boca enorme.
– Grau diminutivo sintético: casinha, boquinha
– Grau diminutivo analítico: casa pequena, boca minúscula. 

Adjetivo
É a palavra invariável que especifica e caracteriza o substantivo: imprensa livre, favela ocupada. Locução adjetiva é expressão
composta por substantivo (ou advérbio) ligado a outro substantivo por preposição com o mesmo valor e a mesma função que um
adjetivo: golpe de mestre (golpe magistral), jornal da tarde (jornal vespertino).

Flexão do Adjetivos
• Gênero:
– Uniformes: apresentam uma só para o masculino e o feminino: homem feliz, mulher feliz.
– Biformes: apresentam uma forma para o masculino e outra para o feminino: juiz sábio/ juíza sábia, bairro japonês/ indústria
japonesa, aluno chorão/ aluna chorona. 

• Número:
– Os adjetivos simples seguem as mesmas regras de flexão de número que os substantivos: sábio/ sábios, namorador/ namora-
dores, japonês/ japoneses.
– Os adjetivos compostos têm algumas peculiaridades: luvas branco-gelo, garrafas amarelo-claras, cintos da cor de chumbo.

• Grau:
– Grau Comparativo de Superioridade: Meu time é mais vitorioso (do) que o seu.
– Grau Comparativo de Inferioridade: Meu time é menos vitorioso (do) que o seu.
– Grau Comparativo de Igualdade: Meu time é tão vitorioso quanto o seu.
– Grau Superlativo Absoluto Sintético: Meu time é famosíssimo.
– Grau Superlativo Absoluto Analítico: Meu time é muito famoso.
– Grau Superlativo Relativo de Superioridade: Meu time é o mais famoso de todos.
– Grau Superlativo Relativo de Inferioridade; Meu time é menos famoso de todos.

Artigo
É uma palavra variável em gênero e número que antecede o substantivo, determinando de modo particular ou genérico.
• Classificação e Flexão do Artigos
– Artigos Definidos: o, a, os, as.
O menino carregava o brinquedo em suas costas.
As meninas brincavam com as bonecas.
– Artigos Indefinidos: um, uma, uns, umas.
Um menino carregava um brinquedo.
Umas meninas brincavam com umas bonecas.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Numeral
É a palavra que indica uma quantidade definida de pessoas ou coisas, ou o lugar (posição) que elas ocupam numa série.
• Classificação dos Numerais
– Cardinais: indicam número ou quantidade:
Trezentos e vinte moradores.
– Ordinais: indicam ordem ou posição numa sequência:
Quinto ano. Primeiro lugar.
– Multiplicativos: indicam o número de vezes pelo qual uma quantidade é multiplicada:
O quíntuplo do preço.
– Fracionários: indicam a parte de um todo:
Dois terços dos alunos foram embora.

Pronome
É a palavra que substitui os substantivos ou os determinam, indicando a pessoa do discurso.
• Pronomes pessoais vão designar diretamente as pessoas em uma conversa. Eles indicam as três pessoas do discurso.

Pronomes Retos Pronomes Oblíquos


Pessoas do Discurso
Função Subjetiva Função Objetiva
1º pessoa do singular Eu Me, mim, comigo
2º pessoa do singular Tu Te, ti, contigo
3º pessoa do singular Ele, ela,  Se, si, consigo, lhe, o, a
1º pessoa do plural Nós Nos, conosco
2º pessoa do plural Vós Vos, convosco
3º pessoa do plural Eles, elas Se, si, consigo, lhes, os, as

• Pronomes de Tratamento são usados no trato com as pessoas, normalmente, em situações formais de comunicação.

Pronomes de Tratamento Emprego


Você Utilizado em situações informais.
Senhor (es) e Senhora (s) Tratamento para pessoas mais velhas.
Vossa Excelência Usados para pessoas com alta autoridade
Vossa Magnificência Usados para os reitores das Universidades.
Empregado nas correspondências e textos
Vossa Senhoria
escritos.
Vossa Majestade Utilizado para Reis e Rainhas
Vossa Alteza Utilizado para príncipes, princesas, duques.
Vossa Santidade Utilizado para o Papa
Vossa Eminência Usado para Cardeais.
Vossa Reverendíssima Utilizado para sacerdotes e religiosos em geral.

• Pronomes Possessivos referem-se às pessoas do discurso, atribuindo-lhes a posse de alguma coisa.

Pessoa do Discurso Pronome Possessivo


1º pessoa do singular Meu, minha, meus, minhas
2º pessoa do singular teu, tua, teus, tuas
3º pessoa do singular seu, sua, seus, suas
1º pessoa do plural Nosso, nossa, nossos, nossas
2º pessoa do plural Vosso, vossa, vossos, vossas
3º pessoa do plural Seu, sua, seus, suas

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LÍNGUA PORTUGUESA
• Pronomes Demonstrativos são utilizados para indicar a posição de algum elemento em relação à pessoa seja no discurso, no
tempo ou no espaço.

Pronomes Demonstrativos Singular Plural


Feminino esta, essa, aquela estas, essas, aquelas
Masculino este, esse, aquele estes, esses, aqueles

• Pronomes Indefinidos referem-se à 3º pessoa do discurso, designando-a de modo vago, impreciso, indeterminado. Os prono-
mes indefinidos podem ser variáveis (varia em gênero e número) e invariáveis (não variam em gênero e número).

Classificação Pronomes Indefinidos


algum, alguma, alguns, algumas, nenhum, nenhuma, nenhuns, nenhumas, muito, muita, muitos, muitas, pouco,
pouca, poucos, poucas, todo, toda, todos, todas, outro, outra, outros, outras, certo, certa, certos, certas, vário, vá-
Variáveis
ria, vários, várias, tanto, tanta, tantos, tantas, quanto, quanta, quantos, quantas, qualquer, quaisquer, qual, quais,
um, uma, uns, umas.
Invariáveis quem, alguém, ninguém, tudo, nada, outrem, algo, cada.

• Pronomes Interrogativos são palavras variáveis e invariáveis utilizadas para formular perguntas diretas e indiretas.

Classificação Pronomes Interrogativos


Variáveis qual, quais, quanto, quantos, quanta, quantas.
Invariáveis quem, que.

• Pronomes Relativos referem-se a um termo já dito anteriormente na oração, evitando sua repetição. Eles também podem ser
variáveis e invariáveis.

Classificação Pronomes Relativos


Variáveis o qual, a qual, os quais, as quais, cujo, cuja, cujos, cujas, quanto, quanta, quantos, quantas.
Invariáveis quem, que, onde.

Verbos
São as palavras que exprimem ação, estado, fenômenos meteorológicos, sempre em relação ao um determinado tempo.

• Flexão verbal
Os verbos podem ser flexionados de algumas formas.
– Modo: É a maneira, a forma como o verbo se apresenta na frase para indicar uma atitude da pessoa que o usou. O modo é
dividido em três: indicativo (certeza, fato), subjuntivo (incerteza, subjetividade) e imperativo (ordem, pedido).
– Tempo: O tempo indica o momento em que se dá o fato expresso pelo verbo. Existem três tempos no modo indicativo: pre-
sente, passado (pretérito perfeito, imperfeito e mais-que-perfeito) e futuro (do presente e do pretérito). No subjuntivo, são três:
presente, pretérito imperfeito e futuro.
– Número: Este é fácil: singular e plural.
– Pessoa: Fácil também: 1ª pessoa (eu amei, nós amamos); 2º pessoa (tu amaste, vós amastes); 3ª pessoa (ele amou, eles amaram).

• Formas nominais do verbo


Os verbos têm três formas nominais, ou seja, formas que exercem a função de nomes (normalmente, substantivos). São elas
infinitivo (terminado em -R), gerúndio (terminado em –NDO) e particípio (terminado em –DA/DO).

• Voz verbal
É a forma como o verbo se encontra para indicar sua relação com o sujeito. Ela pode ser ativa, passiva ou reflexiva.
– Voz ativa: Segundo a gramática tradicional, ocorre voz ativa quando o verbo (ou locução verbal) indica uma ação praticada
pelo sujeito. Veja:
João pulou da cama atrasado
– Voz passiva: O sujeito é paciente e, assim, não pratica, mas recebe a ação. A voz passiva pode ser analítica ou sintética. A voz
passiva analítica é formada por:
Sujeito paciente + verbo auxiliar (ser, estar, ficar, entre outros) + verbo principal da ação conjugado no particípio + preposição
por/pelo/de + agente da passiva.
A casa foi aspirada pelos rapazes

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LÍNGUA PORTUGUESA
A voz passiva sintética, também chamada de voz passiva pronominal (devido ao uso do pronome se) é formada por:
Verbo conjugado na 3.ª pessoa (no singular ou no plural) + pronome apassivador «se» + sujeito paciente.
Aluga-se apartamento.

Advérbio
É a palavra invariável que modifica o verbo, adjetivo, outro advérbio ou a oração inteira, expressando uma determinada circuns-
tância. As circunstâncias dos advérbios podem ser:
– Tempo: ainda, cedo, hoje, agora, antes, depois, logo, já, amanhã, tarde, sempre, nunca, quando, jamais, ontem, anteontem,
brevemente, atualmente, à noite, no meio da noite, antes do meio-dia, à tarde, de manhã, às vezes, de repente, hoje em dia, de vez
em quando, em nenhum momento, etc.
– Lugar: Aí, aqui, acima, abaixo, ali, cá, lá, acolá, além, aquém, perto, longe, dentro, fora, adiante, defronte, detrás, de cima, em
cima, à direita, à esquerda, de fora, de dentro, por fora, etc.
– Modo: assim, melhor, pior, bem, mal, devagar, depressa, rapidamente, lentamente, apressadamente, felizmente, às pressas,
às ocultas, frente a frente, com calma, em silêncio, etc.
– Afirmação: sim, deveras, decerto, certamente, seguramente, efetivamente, realmente, sem dúvida, com certeza, por certo,
etc. 
– Negação: não, absolutamente, tampouco, nem, de modo algum, de jeito nenhum, de forma alguma, etc.
– Intensidade: muito, pouco, mais, menos, meio, bastante, assaz, demais, bem, mal, tanto, tão, quase, apenas, quanto, de pou-
co, de todo, etc.
– Dúvida: talvez, acaso, possivelmente, eventualmente, porventura, etc.

Preposição
É a palavra que liga dois termos, de modo que o segundo complete o sentido do primeiro. As preposições são as seguintes:

Conjunção
É palavra que liga dois elementos da mesma natureza ou uma oração a outra. As conjunções podem ser coordenativas (que ligam
orações sintaticamente independentes) ou subordinativas (que ligam orações com uma relação hierárquica, na qual um elemento é
determinante e o outro é determinado).

• Conjunções Coordenativas

Tipos Conjunções Coordenativas


Aditivas e, mas ainda, mas também, nem...
Adversativas contudo, entretanto, mas, não obstante, no entanto, porém, todavia...
Alternativas já…, já…, ou, ou…, ou…, ora…, ora…, quer…, quer…
Conclusivas assim, então, logo, pois (depois do verbo), por conseguinte, por isso, portanto...
Explicativas pois (antes do verbo), porquanto, porque, que...

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LÍNGUA PORTUGUESA
• Conjunções Subordinativas

Tipos Conjunções Subordinativas


Causais Porque, pois, porquanto, como, etc.
Concessivas Embora, conquanto, ainda que, mesmo que, posto que, etc.
Condicionais Se, caso, quando, conquanto que, salvo se, sem que, etc.
Conformativas Conforme, como (no sentido de conforme), segundo, consoante, etc.
Finais Para que, a fim de que, porque (no sentido de que), que, etc.
Proporcionais À medida que, ao passo que, à proporção que, etc.
Temporais Quando, antes que, depois que, até que, logo que, etc.
Comparativas Que, do que (usado depois de mais, menos, maior, menor, melhor, etc.
Consecutivas Que (precedido de tão, tal, tanto), de modo que, De maneira que, etc.
Integrantes Que, se.

Interjeição
É a palavra invariável que exprime ações, sensações, emoções, apelos, sentimentos e estados de espírito, traduzindo as reações
das pessoas.
• Principais Interjeições
Oh! Caramba! Viva! Oba! Alô! Psiu! Droga! Tomara! Hum!

Dez classes de palavras foram estudadas agora. O estudo delas é muito importante, pois se você tem bem construído o que é e
a função de cada classe de palavras, não terá dificuldades para entender o estudo da Sintaxe.

CLASSES GRAMATICAIS
As palavras costumam ser divididas em classes, segundo suas funções e formas. Palavras que se apresentam sempre com a mes-
ma forma chamam-se invariáveis; são variáveis, obviamente, as que apresentam flexão ou variação de forma.

Artigo
É a palavra que antecede os substantivos, de forma determinada (o, a, os, as) ou indeterminada (um, uma, uns, umas).

Classificação
Definidos: Determinam o substantivo de modo particular.
Ex.: Liguei para o advogado.

Indefinidos: Determinam o substantivo de modo geral.


Ex.: Liguei para um advogado.

Substantivo
É a palavra que nomeia o que existe, seja ele animado ou inanimado, real ou imaginário, concreto ou abstrato .

Classificação
Concreto: Dá nome ao ser de natureza independente, real ou imaginário.
Abstrato: Nomeia ação, estado, qualidade, sensação ou sentimento e todos os seres que não tem existência independente de outros.
Comum: Dá nome ao ser genericamente, como pertencente a uma determinada classe.
Ex.: cavalo, menino, rio, cidade.

Próprio: Dá nome ao ser particularmente, dentro de uma espécie.


Ex.: Pedro, Terra, Pacífico, Belo Horizonte.

Primitivo: É o que deriva uma série de palavras de mesma família etimológica; não se origina de nenhum
outro nome.
Ex.: pedra, pobre.

Derivado: Origina-se de um primitivo.


Ex.: pedrada, pobreza.

Simples: Apresenta apenas um radical.


Ex.: pedra, tempo, roupa.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Composto: Apresenta mais de um radical.
Ex.: pedra-sabão, guarda-chuva.

Coletivo: Embora no singular, expressa pluralidade.


Ex.: enxame, cardume, frota

Adjetivo
Palavra que modifica um substantivo, dando-lhe uma qualidade.

Exemplo:
Cadeira confortável

Locução adjetiva
Expressão formada de preposição mais substantivo com valor e emprego de adjetivo. A preposição faz com que um substantivo
se junte a outro para qualificá-lo:
menina (substantivo)      de sorte (substantivo)
    Menina de sorte
                 = sortuda (qualifica o substantivo)

Flexão do adjetivo - gênero


Uniformes: Uma forma única para ambos os gêneros.
Ex.: O livro comum – a receita comum

Biformes: Duas formas, para o masculino e outra para o feminino.


Ex.: homem mau – mulher má
Flexão do adjetivo - número
Adjetivos simples: plural seguindo as mesmas regras dos substantivos simples.
Ex.: menino gentil – meninos gentis

Adjetivos compostos: plural com a flexão do último elemento.


Ex.: líquido doce-amargo – líquidos doce-amargos

Observações
Havendo a ideia de cor no adjetivo composto, far-se-á o plural mediante a análise morfológica dos elementos do composto:

– se o último elemento do adjetivo composto for adjetivo, haverá apenas a flexão desse último elemento.

Ex.: tecido verde-claro – tecidos verde-claros

– se o último elemento do adjetivo composto for substantivo, o adjetivo fica invariável.

Ex.: terno amarelo-canário – ternos amarelo-canário

Exceção
– azul-marinho (invariável):
carro azul-marinho – carros azul-marinho

Flexão do adjetivo -grau


Há dois graus: comparativo (indica se o ser é superior, inferior ou igual na qualificação) superlativo (uma qualidade é levada
ao seu mais alto grau de intensidade).

Comparativo de superioridade Superlativo absoluto


Adjetivo
Analítico Sintético Analítico Sintético
Bom mais bom melhor muito bom ótimo
Mau mais mau pior muito mau péssimo
Grande mais grande maior muito grande máximo
Pequeno mais pequeno menor muito pequeno mínimo
Alto mais alto superior muito alto supremo
Baixo mais baixo inferior muito baixo ínfimo

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LÍNGUA PORTUGUESA
Numeral
Palavra que exprime quantidade, ordem, fração e multiplicação, em relação ao substantivo.

Classificação
Numeral cardinal: indica quantidade.

Exemplos
duas casas
dez anos

Numeral ordinal: indica ordem.

Exemplos
segunda rua
quadragésimo lugar

Numeral fracionário: indica fração.

Exemplos
um quinto da população
dois terços de água

Numeral multiplicativo: indica multiplicação.

Exemplos
o dobro da bebida
o triplo da dose

Ordinal Cardinal Ordinal Cardinal


Um Primeiro Vinte Vigésimo
Dois Segundo Trinta Trigésimo
Três Terceiro Cinquenta Quinquagésimo
Quatro Quarto Sessenta Sexagésimo
Cinco Quinto Oitenta Octogésimo
Seis Sexto Cem Centésimo
Sete Sétimo Quinhentos Quingentésimo
Oito Oitavo Setecentos Setingentésimo
Nove Nono Novecentos Noningentésimo
Dez Décimo Mil Milésimo

Pronome
Palavra que designa os seres ou a eles se refere, indicando-os apenas como pessoas do discurso, isto é:
– 1ª pessoa, o emissor da mensagem (eu, nós);
– 2ª pessoa, o receptor da mensagem (tu, você, vós, vocês);
– 3ª pessoa, o referente da mensagem, (ele, eles, ela, elas).

O pronome pode acompanhar um substantivo, ou substitui-lo.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Pessoais

Pronomes Pessoais
Pronomes do caso reto Pronomes do caso oblíquo
(função de sujeito) (função de complemento)
átonos (sem preposição) tônicos (com preposição)
eu me mim, comigo
singular tu te ti, contigo
ele/ela o, a, lhe, se si, ele, ela, consigo
nós nos nós, conosco
plural vós vos vós, convosco
eles/elas os, as, lhes, se si, eles, elas, consigo

Tratamento (trato familiar, cortes, cerimonioso)


Você – tratamento familiar
O Senhor, a Senhora – tratamento cerimonioso
Vossa Alteza (V. A.) – príncipes, duques
Vossa Eminência (V. Ema.) – cardeais
Vossa Excelência (V. Exa.) – altas autoridades
Vossa Magnificência – reitores de universidades
Vossa Majestade (V. M.) – reis
Vossa Majestade Imperial (V. M. I.) – imperadores
Vossa Santidade (V. S.) – papas
Vossa Senhoria (V. Sa.) – tratamento geral cerimonioso
Vossa Reverendíssima (V. Revma.) – sacerdotes
Vossa Excelência Reverendíssima – bispos e arcebispos

Esses pronomes, embora usados no tratamento com o interlocutor (2ª pessoa), levam o verbo para a 3ª pessoa.
Quando se referem a 3ª pessoa, apresentam-se com a forma: Sua Senhoria (S. Sa.), Sua Excelência (S. Exa.), Sua Santidade (S.
S.) etc.

Possessivos
Exprimem posse:

1.ªpessoa: meu(s), minha(s)


Singular 2.ªpessoa: teu(s), tua(s)
3.ª pessoa: seu(s), sua(s)
1.ªpessoa: nosso(s), nossa(s)
Plural 2.ªpessoa: vosso(s), vossa(s)
3.ª pessoa: seu(s), sua(s)

Observação: Dele, dela, deles, delas são considerados possessivos também.

Demonstrativos
Indicam posição:
1.ª pessoa: este(s), esta(s), isto, estoutro(a)(s).
2.ª pessoa: esse(s), essa(s), isso, essoutro(a)(s).
3.ª pessoa: aquele(s), aquela(s), aquilo, aqueloutro(a)(s).

Também são considerados demonstrativos os pronomes:


– o, a, os, as
– mesmo(s), mesma(s)
– próprio(s), própria(s)
– tal, tais
– semelhante(s)

Relativos
Os pronomes relativos ligam orações, retomam uma palavra já expressa antes e exercem função sintática na oração que eles
introduzem.

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LÍNGUA PORTUGUESA
São relativos os pronomes que, o qual (e suas variações), Modos verbais
quem, cujo (e suas variações), onde (advérbio relativo com o Indicativo: Exprime o que realmente aconteceu.
sentido de em que), quanto. Exemplo
Eu estudei bastante.
Indefinidos
Vagamente, referem-se à 3ª pessoa: Subjuntivo: Exprime algo possível, provável.
todo(s), toda(s), tudo Exemplos
algum(ns), alguma(s), alguém, algo Se eu estudasse bastante.
nenhum(ns), nenhuma(s), ninguém, nada
outro(s), outra(s), outrem Imperativo: Exprime ordem, pedido, instrução.
muito(s), muita(s), muito Exemplo
pouco(s), pouca(s), pouco Estude bastante.
mais, menos, bastante(s)
certo(s), certa(s) Formas nominais
cada, qualquer, quaisquer As três formas (gerúndio,  particípio  e  infinitivo), além de
tanto(s), tanta(s) seu valor verbal, podem desempenhar função de substantivo.
os demais, as demais
vários, várias Exemplos
um, uma, uns, umas, que, quem O  andar  do menino trazia alegria aos pais.  (infinitivo com
valor de substantivo).
Verbo Mulher sabida (particípio com valor de adjetivo, qualifican-
Conjugação do o substantivo mulher.
São três: Recebemos uma proposta contendo  o valor. (gerúndio com
1ª conjugação: AR (cantar) valor de adjetivo).
2ª conjugação: ER (comer) As formas têm duplo estado: são verbos (indicam processos:
3ª conjugação: IR (dormir) andar, saber, conter; tem voz ativa ou passiva), mas ao mesmo
tempo tem características e comportamentos dos nomes (flexão
Observação: O verbo pôr  (bem como seus derivados:  com- de gênero e número).
por, depor etc.) é considerado verbo da 2.ª conjugação, pois, no
português arcaico, era poer. Advérbio
O advérbio é uma palavra invariável que modifica o verbo,
Número e pessoas adjetivo, outro advérbio ou toda uma oração.

Eu Exemplos
Singular tu Ele fala bem. (verbo)
ele / ela / você Ele fala muito bem. (advérbio)
Ele é muito inteligente. (adjetivo)
nós Realmente ele viajou. (oração)
Plural vós
eles / elas / vocês Locução adverbial
O advérbio também pode ser formado por mais de um vocá-
Tempos verbais bulo (normalmente expressa por preposição + substantivo), com
Presente: pode indicar referência a fatos que se passam no valor e emprego de advérbio.
momento em que falamos, uma verdade geral, sendo comum
em expressões proverbiais, pode também indicar um hábito. É Exemplos
comum, empregarmos o presente ao invés do futuro para indicar às pressas, por prazer, sem dúvida, de graça, com carinho
a realização próxima de uma ação. etc.
Passado: que usamos em referência aos fatos que se pas-
sam antes do momento em que falamos. São eles: Classificação
Perfeito: (eu trabalhei), que indica uma ação concluída. Tempo:  hoje, amanhã, depois, já, ontem, sempre, nunca,
Imperfeito: (eu trabalhava), se trata de uma ação anterior jamais, antes, cedo, tarde, etc.
ao momento em que se fala, mas que tem uma certa duração Lugar: acima, além, aquém, atrás, dentro, perto, etc.
no passado. Intensidade:  muito, pouco, bastante, mais, menos, tão,
Mais-que-perfeito simples e composto: (eu trabalhara ou ti- meio, completamente, demais etc.
nha trabalhado) que denota uma ação concluída antes de outra Modo:  bem, mal, assim, depressa, como, melhor, pior, cal-
que já era passada, passado anterior a outro. mamente, apressadamente, etc.
Futuro do presente: (eu trabalharei), refere-se ao momento Afirmação:  sim, certamente, deveras, realmente, efetiva-
que falamos. mente etc.
Futuro do pretérito: (eu trabalharia) refere-se a um momen- Negação: não.
to do passado. Dúvida: talvez, quiçá, provavelmente etc.
Interrogativo: onde (aonde, donde), quando, como, por que
(nas interrogativas diretas e indiretas).

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LÍNGUA PORTUGUESA
Graus do advérbio Interjeição
Alguns advérbios de modo, tempo, lugar e intensidade po- Palavra que exprime nossos estados emotivos.
dem, algumas vezes, assim como os adjetivos e substantivos, so-
frer a flexão gradual. Exemplos:
ah! (admiração)
Comparativo: viva! (exaltação)
De igualdade: O homem falava tão alto quanto o irmão. ufa! eh! (alivio)
De superioridade: O homem falava mais alto (do) que o ir- coragem! (animação)
mão. bravo! (aplauso)
De inferioridade: O homem falava menos alto (do) que o ir- ai! (dor)
mão. bis! (repetição)
psiu! (silencio)
Superlativo: cuidado! atenção! (advertência)
Absoluto analítico: O homem falava muito alto. vai! (desapontamento)
Absoluto sintético: O homem falava altíssimo. oxalá! tomara! (desejo)
perdão! (desculpa)
Preposição adeus! (saudação)
Serve de conectivo de subordinação entre palavras e ora- arre! (desagrado, alivio)
ções. Vem antes da palavra por ela subordinada a outra. claro! pudera! ótimo! (assentimento)

Exemplos Locuções interjetivas


O carro de Ana é novo. (A preposição de subordina o subs- Expressões formadas por mais de um vocábulo, com valor e
tantivo Ana ao substantivo carro; carro é emprego de interjeição.
subordinante e Ana, palavra subordinada.)
Exemplos
O antecedente da preposição pode ser: Ora bolas!
- Substantivo: relógio de ouro; Valha-me Deus!
- Adjetivo: contente com a sorte; Raios te partam!
- Pronome: quem de nós?; Nossa Senhora!
- Verbo: gosto de você.
Conjunção
Locução prepositiva Conectivo de coordenação entre palavras e orações e o co-
Geralmente formada de advérbio + preposição, com valor e nectivo de subordinação entre orações.
emprego de preposição: acima de,  atrás de,  através de,  antes As locuções com valor e emprego de conjunção (para que, a
de, depois de, de acordo com, devido a, para com, a fim de, etc. fim de que, à proporção que, logo que, depois que) são chama-
das de locuções conjuntivas.
Exemplo
O senhor ficou atrás de mim. Classificação
Conjunções coordenativas: Ligam termos oracionais ou ora-
Classificação ções de igual valor ou função no período.
Essenciais: guardam, o valor de preposição. São seguidas de
pronome obliquo: a, ante, após, até, com, contra, de, desde, em, Aditivas (adição): e, nem, e as correlações entre não só, não
entre, para, perante, por, sem, sob, sobre. somente, não apenas, mas também, mas ainda, senão etc.
Acidentais: palavras essencialmente de outras classes grama- Adversativas (posição contrária):  mas, porém, contudo, to-
ticais que, acidentalmente, funcionam como preposição: como, davia, entretanto, no entanto, não obstante etc.
conforme, durante, exceto, feito, mediante, segundo, etc. Alternativas (alternância):  ou… ou, ora… ora, quer… quer,
já… já etc.
Combinação e contração Conclusivas (conclusão):  logo, portanto, por conseguinte,
As preposições  a,  de,  per,  em  podem juntar-se com outras pois (posposto ao verbo).
palavras. Então, teremos: Explicativas (explicação): que, porque, por quanto, pois (an-
teposto ao verbo).
Combinação: sem alteração fônica.
Conjunções subordinativas: Ligam uma oração principal a
Exemplos uma oração subordinada com o verbo flexionado.
ao (a + o), aonde (a + onde)
Classificação
Contração: com alteração fônica. Integrantes (iniciam oração subordinada substantiva):  que,
se, como (= que).
Exemplos Temporais (tempo): quando, enquanto, logo que, mal, ape-
à  (a + a), àquele  (a + aquele), do  (de + o),  donde  (de nas, sempre que, assim que, desde que, antes que etc.
+ onde),  no  (em + o), naquele  (em + aquele), pelo  (per + Finais (finalidade):  para que, a fim de que, que (=  para
o), coa (com + a). que), porque (= para que).

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LÍNGUA PORTUGUESA
Proporcionais (proporcionalidade):  à proporção que, à Tipos de Intertextualidade
medida que, quanto mais ... mais, quanto menos ... menos. A intertextualidade acontece quando há uma referência ex-
Causais (causa): porque, como, porquanto, visto que, já que, plícita ou implícita de um texto em outro. Também pode ocorrer
uma vez que etc. com outras formas além do texto, música, pintura, filme, novela
Condicionais (condição): se, caso, contanto que, desde que, etc. Toda vez que uma obra fizer alusão à outra ocorre a inter-
salvo se, sem que (= se não) etc. textualidade.
Comparativas (comparação):  como, que, do que, quanto, Por isso é importante para o leitor o conhecimento de mun-
que nem etc. do, um saber prévio, para reconhecer e identificar quando há
Conformativas (conformidade):  como, conforme, segundo, um diálogo entre os textos. A intertextualidade pode ocorrer
consoante, etc. afirmando as mesmas ideias da obra citada ou contestando-as.
Consecutivas (consequência): que  (precedido dos termos
intensivos: tal, tão, tanto, de tal forma etc.), de forma que etc. Na paráfrase as palavras são mudadas, porém a ideia do
Concessivas (concessão): embora, conquanto, ainda que, texto é confirmada pelo novo texto, a alusão ocorre para atuali-
mesmo que, posto que, por mais que, se bem que etc. zar, reafirmar os sentidos ou alguns sentidos do texto citado. É
dizer com outras palavras o que já foi dito.

FATORES DA TEXTUALIDADE (COERÊNCIA, COESÃO, A paródia é uma forma de contestar ou ridicularizar outros
INTENCIONALIDADE, ACEITABILIDADE, SITUACIONALI- textos, há uma ruptura com as ideologias impostas e por isso
DADE, INFORMATIVIDADE E INTERTEXTUALIDADE) é objeto de interesse para os estudiosos  da língua e das artes.
Ocorre, aqui, um choque de interpretação, a voz do texto ori-
Prezado canditado(a), os itens de COESÃO e ginal é retomada para transformar seu sentido, leva o leitor a
COERÊNCIA já foram abordados anteriormente. uma reflexão crítica de suas verdades incontestadas anterior-
mente, com esse processo há uma indagação sobre os dogmas
INTERTEXTUALIDADE estabelecidos e uma busca pela verdade real, concebida através
do raciocínio e da crítica. Os programas humorísticos fazem uso
contínuo dessa arte, frequentemente os discursos de políticos
Intertextualidade é o nome dado à relação que se estabele-
são abordados de maneira cômica e contestadora, provocando
ce entre dois textos, quando um texto já criado exerce influência
risos e também reflexão a respeito da demagogia praticada pela
na criação de um novo texto. Pode-se definir, então, a intertextu-
classe dominante.
alidade como sendo a criação de um texto a partir de outro texto
já existente. Dependendo da situação, a intertextualidade tem
A Epígrafe é um recurso bastante utilizado em obras, textos
funções diferentes que dependem muito dos textos/contextos
científicos, desde artigos, resenhas, monografias, uma vez que
em que ela é inserida.
consiste no acréscimo de uma frase ou parágrafo que tenha algu-
O diálogo pode ocorrer em diversas áreas do conhecimento,
ma relação com o que será discutido no texto. Do grego, o termo
não se restringindo única e exclusivamente a textos literários. “epígrafhe” é formado pelos vocábulos “epi” (posição superior)
Em alguns casos pode-se dizer que a intertextualidade assu- e “graphé” (escrita). Como exemplo podemos citar um artigo so-
me a função de não só persuadir o leitor como também de di- bre Patrimônio Cultural e a epígrafe do filósofo Aristóteles (384
fundir a cultura, uma vez que se trata de uma relação com a arte a.C.-322 a.C.): “A cultura é o melhor conforto para a velhice”.
(pintura, escultura, literatura etc). Intertextualidade é a relação
entre dois textos caracterizada por um citar o outro. A Citação é o Acréscimo de partes de outras obras numa
A intertextualidade é o diálogo entre textos. Ocorre quando produção textual, de forma que dialoga com ele; geralmente
um texto (oral, escrito, verbal ou não verbal), de alguma maneira, vem expressa entre aspas e itálico, já que se trata da enuncia-
se utiliza de outro na elaboração de sua mensagem. Os dois ção de outro autor. Esse recurso é importante haja vista que
textos – a fonte e o que dialoga com ela – podem ser do mesmo sua apresentação sem relacionar a fonte utilizada é considerado
gênero ou de gêneros distintos, terem a mesma finalidade ou “plágio”. Do Latim, o termo “citação” (citare) significa convocar.
propósitos diferentes. Assim, como você constatou, uma história
em quadrinhos pode utilizar algo de um texto científico, assim A Alusão faz referência aos elementos presentes em outros
como um poema pode valer-se de uma letra de música ou um textos. Do Latim, o vocábulo “alusão” (alludere) é formado por
artigo de opinião pode mencionar um provérbio conhecido. dois termos: “ad” (a, para) e “ludere” (brincar).
Há várias maneiras de um texto manter intertextualidade
com outro, entre elas, ao citá-lo, ao resumi-lo, ao reproduzi-lo Pastiche é uma recorrência a um gênero.
com outras palavras, ao traduzi-lo para outro idioma, ao ampliá-
-lo, ao tomá-lo como ponto de partida, ao defendê-lo, ao criticá- A Tradução está no campo da intertextualidade porque im-
-lo, ao ironizá-lo ou ao compará-lo com outros. plica a recriação de um texto.
Os estudiosos afirmam que em todos os textos ocorre al-
gum grau de intertextualidade, pois quando falamos, escreve- Evidentemente, a intertextualidade está ligada ao “conheci-
mos, desenhamos, pintamos, moldamos, ou seja, sempre que mento de mundo”, que deve ser compartilhado, ou seja, comum
nos expressamos, estamos nos valendo de ideias e conceitos que ao produtor e ao receptor de textos.
já foram formulados por outros para reafirmá-los, ampliá-los ou A intertextualidade pressupõe um universo cultural muito
mesmo contradizê-los. Em outras palavras, não há textos abso- amplo e complexo, pois implica a identificação / o reconheci-
lutamente originais, pois eles sempre – de maneira explícita ou mento de remissões a obras ou a textos / trechos mais, ou me-
implícita – mantêm alguma relação com algo que foi visto, ouvi- nos conhecidos, além de exigir do interlocutor a capacidade de
do ou lido. interpretar a função daquela citação ou alusão em questão.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Intertextualidade explícita e intertextualidade implícita Adjunto
A intertextualidade pode ser caracterizada como explícita ou Termos adnominal
implícita, de acordo com a relação estabelecida com o texto fon- 3.    
acessórios adjunto adverbial
te, ou seja, se mais direta ou se mais subentendida. aposto

A intertextualidade explícita: 4. Vocativo        


– é facilmente identificada pelos leitores;
– estabelece uma relação direta com o texto fonte; Diz-se que sujeito e predicado são termos “essenciais”, mas
– apresenta elementos que identificam o texto fonte; note que o termo que realmente é o núcleo da oração é o verbo:
– não exige que haja dedução por parte do leitor; Chove. (Não há referência a sujeito.)
– apenas apela à compreensão do conteúdos. Cansei. (O sujeito e eu, implícito na forma verbal.)
Os termos “acessórios” são assim chamados por serem su-
postamente dispensáveis, o que nem sempre é verdade.
A intertextualidade implícita:
– não é facilmente identificada pelos leitores;
Sujeito e predicado
– não estabelece uma relação direta com o texto fonte; Sujeito é o termo da oração com o qual, normalmente, o
– não apresenta elementos que identificam o texto fonte; verbo concorda.
– exige que haja dedução, inferência, atenção e análise por
parte dos leitores; Exemplos
– exige que os leitores recorram a conhecimentos prévios A notícia corria rápida como pólvora. (Corria está no singu-
para a compreensão do conteúdo. lar concordando com a notícia.)
As notícias corriam rápidas como pólvora. (Corriam, no plu-
ral, concordando com as notícias.)
SINTAXE: ANÁLISE SINTÁTICA, FRASE, ORAÇÃO
E PERÍODO, MECANISMOS DE ARTICULAÇÃO DE ORA- O núcleo do sujeito é a palavra principal do sujeito, que en-
ÇÕES (COORDENAÇÃO E SUBORDINAÇÃO) cerra a essência de sua significação. Em torno dela, como que
gravitam as demais.
Frase Exemplo: Os teus lírios brancos embelezam os campos. (Lí-
É todo enunciado capaz de transmitir a outrem tudo aquilo rios é o núcleo do sujeito.)
que pensamos, queremos ou sentimos.
Podem exercer a função de núcleo do sujeito o substantivo e
Exemplos palavras de natureza substantiva. Veja:
Caía uma chuva. O medo salvou-lhe a vida. (substantivo)
Dia lindo. Os  medrosos  fugiram.  (Adjetivo exercendo papel de subs-
tantivo: adjetivo substantivado.)
Oração
É a frase que apresenta estrutura sintática (normalmente, A definição mais adequada para sujeito é: sujeito é o termo
sujeito e predicado, ou só o predicado). da oração com o qual o verbo normalmente concorda.

Sujeito simples: tem um só núcleo.


Exemplos
Exemplo: As flores morreram.
Ninguém segura este menino. (Ninguém: sujeito;  segu-
ra este menino: predicado)
Sujeito composto: tem mais de um núcleo.
Havia muitos suspeitos. (Oração sem sujeito;  havia muitos
Exemplo: O rapaz e a moça foram encostados ao muro.
suspeitos: predicado)
Sujeito elíptico (ou oculto):  não expresso  e que pode ser
Termos da oração determinado pela desinência verbal ou pelo contexto.
Exemplo: Viajarei amanhã. (sujeito oculto: eu)
Termos sujeito Sujeito indeterminado: é aquele que existe, mas não pode-
1.    
essenciais predicado mos ou não queremos identificá-lo com precisão.
Ocorre:
- quando o verbo está na 3ª pessoa do plural, sem referên-
cia a nenhum substantivo anteriormente expresso.
complemento Exemplo: Batem à porta.
objeto
verbal direto
Termos - com verbos intransitivo (VI), transitivo indireto (VTI) ou de
2. complemento objeto
integrantes ligação (VL) acompanhados da partícula SE, chamada de índice
nominal indireto
agente da passiva de indeterminação do sujeito (IIS).
  Exemplos:
  Vive-se bem. (VI)
    Precisa-se de pedreiros. (VTI)
Falava-se baixo. (VI)
Era-se feliz naquela época. (VL)

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LÍNGUA PORTUGUESA
Orações sem sujeito • Pseudo e todo são invariáveis quando empregados na for-
São orações cujos verbos são impessoais, com sujeito ine- mação de palavras compostas:
xistente. Cuidado com os pseudoamigos./ Ele é o chefe todo-pode-
roso.
Ocorrem nos seguintes casos:
- com verbos que se referem a fenômenos meteorológicos. • Mesmo, próprio, anexo, incluso, quite e obrigado variam
Exemplo: Chovia. Ventava durante a noite. de acordo com o substantivo a que se referem:
Elas mesmas cozinhavam./ Guardou as cópias anexas.
- haver no sentido de existir ou quando se refere a tempo
decorrido. • Muito, pouco, bastante, meio, caro e barato variam quan-
Exemplo: Há duas semanas não o vejo. (= Faz duas semanas) do pronomes indefinidos adjetivos e numerais e são invariáveis
quando advérbios:
- fazer referindo-se a fenômenos meteorológicos ou a tempo Muitas vezes comemos muito./ Chegou meio atrasada./
decorrido. Usou meia dúzia de ovos.
Exemplo: Fazia 40° à sombra.
• Só varia quando adjetivo e não varia quando advérbio:
- ser nas indicações de horas, datas e distâncias. Os dois andavam sós./ A respostas só eles sabem.
Exempl: São duas horas.
• É bom, é necessário, é preciso, é proibido variam quando
Predicado nominal o substantivo estiver determinado por artigo:
O núcleo, em torno do qual as demais palavras do predicado É permitida a coleta de dados./ É permitido coleta de dados.
gravitam e que contém o que de mais importante se comuni-
ca a respeito do sujeito, e um nome  (isto é, um substantivo ou Concordância Verbal
adjetivo, ou palavra de natureza substantiva). O verbo e de  li- O verbo concorda com seu sujeito em número e pessoa:
gação (liga o núcleo ao sujeito) e indica estado (ser, estar, con-
O público aplaudiu o ator de pé./ A sala e quarto eram
tinuar, ficar, permanecer; também andar, com o sentido de es-
enormes.
tar;  virar, com o sentido de  transformar-se em; e  viver, com o
sentido de estar sempre).
Concordância ideológica ou silepse
Exemplo:
Os príncipes viraram sapos muito feios. (verbo de ligação
• Silepse de gênero trata-se da concordância feita com o gê-
mais núcleo substantivo: sapos)
nero gramatical (masculino ou feminino) que está subentendido
no contexto.
Verbos de ligação
Vossa Excelência parece satisfeito com as pesquisas.
São aqueles que, sem possuírem significação precisa, ligam
um sujeito a um predicativo. São verbos de ligação: ser, estar, fi- Blumenau estava repleta de turistas.
car, parecer, permanecer, continuar, tornar-se etc. • Silepse de número trata-se da concordância feita com o
Exemplo: A rua estava calma. número gramatical (singular ou plural) que está subentendido
no contexto.
Predicativo do sujeito O elenco voltou ao palco e [os atores] agradeceram os
É o termo da oração que, no predicado, expressa qualifica- aplausos.
ção ou classificação do sujeito. • Silepse de pessoa trata-se da concordância feita com a
Exemplo: Você será engenheiro. pessoa gramatical que está subentendida no contexto.
O povo temos memória curta em relação às promessas dos
- O predicativo do sujeito, além de vir com verbos de liga- políticos.
ção, pode também ocorrer com verbos intransitivos ou com ver- Exemplo: A população da vila assistia ao embarque. (Núcleo
bos transitivos. do sujeito: população; núcleo do predicado: assistia, verbo tran-
sitivo indireto)
Predicado verbal
Ocorre quando o núcleo é um  verbo. Logo, não apresen- Verbos intransitivos
ta predicativo. E formado por verbos transitivos ou intransitivos. São verbos que não exigem complemento algum; como a
CONCORDÂNCIA VERBAL ação verbal não passa, não transita para nenhum complemento,
recebem o nome de verbos intransitivos. Podem formar predi-
Concordância Nominal cado sozinhos ou com adjuntos adverbiais.
Os adjetivos, os pronomes adjetivos, os numerais e os ar- Exemplo: Os visitantes retornaram ontem à noite.
tigos concordam em gênero e número com os substantivos aos
quais se referem. Verbos transitivos
Os nossos primeiros contatos começaram de maneira amis- São verbos que, ao declarar alguma coisa a respeito do su-
tosa. jeito, exigem um complemento para a perfeita compreensão do
que se quer dizer. Tais verbos se denominam transitivos e a pes-
Casos Especiais de Concordância Nominal soa ou coisa para onde se dirige a atividade transitiva do verbo
• Menos e alerta são invariáveis na função de advérbio: se denomina objeto. Dividem-se em: diretos, indiretos e diretos
Colocou menos roupas na mala./ Os seguranças continuam e indiretos.
alerta.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Verbos transitivos diretos: Exigem um objeto direto. Exemplo de predicativo do objeto direto:
Exemplo: Espero-o no aeroporto. O juiz declarou o réu culpado.
Exemplo de predicativo do objeto indireto:
Verbos transitivos indiretos: Exigem um objeto indireto. Gosto de você alegre.
Exemplo: Gosto de flores.
Adjunto adnominal
Verbos transitivos diretos e indiretos: Exigem um objeto di- É o termo acessório que vem junto ao nome (substantivo),
reto e um objeto indireto. restringindo-o, qualificando-o, determinando-o (adjunto: “que
Exemplo: Os ministros informaram a nova política econômi- vem junto a”; adnominal: “junto ao nome”). Observe:
ca aos trabalhadores. (VTDI) Os meus três grandes amigos  [amigos: nome substanti-
vo] vieram me fazer uma visita [visita: nome substantivo] agra-
Complementos verbais dável ontem à noite.
Os complementos verbais são representados pelo objeto di- São adjuntos adnominais  os  (artigo definido),  meus  (pro-
reto (OD) e pelo objeto indireto (OI). nome possessivo adjetivo),  três  (numeral),  grandes  (adjetivo),
que estão gravitando em torno do núcleo do sujeito, o subs-
Objeto indireto tantivo amigos; o mesmo acontece com uma (artigo indefinido)
É o complemento verbal que se liga ao verbo pela preposição e agradável (adjetivo), que determinam e qualificam o núcleo do
por ele exigida. Nesse caso o verbo pode ser transitivo indireto objeto direto, o substantivo visita.
ou transitivo direto e indireto. Normalmente, as preposições que
ligam o objeto indireto ao verbo são  a,  de,  em,  com,  por,  con- O adjunto adnominal prende-se diretamente ao substantivo,
tra, para etc. ao passo que o predicativo se refere ao substantivo por meio de
Exemplo: Acredito em você. um verbo.

Objeto direto Complemento nominal


Complemento verbal que se liga ao verbo sem preposição É o termo que completa o sentido de substantivos, adjetivos
obrigatória. Nesse caso o verbo pode ser transitivo direto ou e advérbios porque estes não têm sentido completo.
transitivo direto e indireto. - Objeto – recebe a atividade transitiva de um verbo.
Exemplo: Comunicaram o fato aos leitores. - Complemento nominal – recebe a atividade transitiva de
um nome.
Objeto direto preposicionado O complemento nominal é sempre ligado ao nome por pre-
É aquele que, contrariando sua própria definição e caracte- posição, tal como o objeto indireto.
Exemplo: Tenho necessidade de dinheiro.
rística, aparece regido de preposição (geralmente preposição a).
O pai dizia aos filhos que adorava a ambos.
Adjunto adverbial
É o termo da oração que modifica o verbo ou um adjetivo ou
Objeto pleonástico
o próprio advérbio, expressando uma circunstância: lugar, tem-
É a repetição do objeto (direto ou indireto) por meio de um
po, fim, meio, modo, companhia, exclusão, inclusão, negação,
pronome. Essa repetição assume valor enfático (reforço) da no-
afirmação, duvida, concessão, condição etc.
ção contida no objeto direto ou no objeto indireto.
Exemplos
Período
Ao colega, já lhe perdoei. (objeto indireto pleonástico)
Enunciado formado de uma ou mais orações, finalizado
Ao filme, assistimos a ele emocionados. (objeto indireto ple- por: ponto final ( . ), reticencias (...), ponto de exclamação (!) ou
onástico) ponto de interrogação (?). De acordo com o número de orações,
classifica-se em:
Predicado verbo-nominal Apresenta apenas uma oração que é chamada absoluta.
Esse predicado tem dois núcleos (um verbo e um nome), é O período é simples quando só traz uma oração, chamada
formado por predicativo com verbo transitivo ou intransitivo. absoluta; o período é composto quando traz mais de uma ora-
Exemplos: ção. Exemplo: Comeu toda a refeição. (Período simples, oração
A multidão assistia ao jogo emocionada. (predicativo do su- absoluta.); Quero que você leia. (Período composto.)
jeito com verbo transitivo indireto) Uma maneira fácil de saber quantas orações há num perío-
A riqueza tornou-o orgulhoso.  (predicativo do objeto com do é contar os verbos ou locuções verbais. Num período haverá
verbo transitivo direto) tantas orações quantos forem os verbos ou as locuções verbais
nele existentes.
Predicativo do sujeito Há três tipos de período composto: por coordenação, por
O predicativo do sujeito, além de vir com verbos de ligação, subordinação e por coordenação e subordinação ao mesmo tem-
pode também ocorrer com verbos intransitivos ou transitivos. po (também chamada de misto).
Nesse caso, o predicado é verbo-nominal.
Exemplo: A criança brincava alegre no parque. Período Composto por Coordenação

Predicativo do objeto As três orações que formam esse período têm sentido pró-
Exprime qualidade, estado ou classificação que se referem prio e não mantêm entre si nenhuma dependência sintática: são
ao objeto (direto ou indireto). independentes. Há entre elas uma relação de sentido, mas uma
não depende da outra sintaticamente.

19
LÍNGUA PORTUGUESA
As orações independentes de um período são chamadas de Orações Subordinadas Adverbiais
orações coordenadas (OC), e o período formado só de orações Exercem a função de adjunto adverbial da oração principal
coordenadas é chamado de período composto por coordenação. (OP). São classificadas de acordo com a conjunção subordinativa
As orações coordenadas podem ser assindéticas e sindéti- que as introduz:
cas. - Causais: Expressam a causa do fato enunciado na oração
As orações são coordenadas assindéticas (OCA) quando não principal. Conjunções: porque, que, como (= porque), pois que,
vêm introduzidas por conjunção. Exemplo: visto que.
Os jogadores correram, / chutaram, / driblaram. - Condicionais: Expressam hipóteses ou condição para a
OCA OCA OCA ocorrência do que foi enunciado na principal. Conjunções: se,
contanto que, a menos que, a não ser que, desde que.
- As orações são coordenadas sindéticas (OCS) quando vêm - Concessivas: Expressam ideia ou fato contrário ao da ora-
introduzidas por conjunção coordenativa. Exemplo: ção principal, sem, no entanto, impedir sua realização. Conjun-
A mulher saiu do prédio / e entrou no táxi. ções: embora, ainda que, apesar de, se bem que, por mais que,
OCA OCS mesmo que.
- Conformativas: Expressam a conformidade de um fato com
As orações coordenadas sindéticas se classificam de acordo outro. Conjunções: conforme, como (=conforme), segundo.
com o sentido expresso pelas conjunções coordenativas que as - Temporais: Acrescentam uma circunstância de tempo ao
introduzem. Pode ser: que foi expresso na oração principal. Conjunções: quando, assim
que, logo que, enquanto, sempre que, depois que, mal (=assim
- Orações coordenadas sindéticas aditivas: e, nem, não só... que).
mas também, não só... mas ainda. - Finais: Expressam a finalidade ou o objetivo do que foi
A 2ª oração vem introduzida por uma conjunção que expres- enunciado na oração principal. Conjunções: para que, a fim de
sa ideia de acréscimo ou adição com referência à oração ante- que, porque (=para que), que.
rior, ou seja, por uma conjunção coordenativa aditiva. - Consecutivas: Expressam a consequência do que foi enun-
ciado na oração principal. Conjunções: porque, que, como (=
- Orações coordenadas sindéticas adversativas: mas, po- porque), pois que, visto que.
rém, todavia, contudo, entretanto, no entanto. - Comparativas: Expressam ideia de comparação com re-
A 2ª oração vem introduzida por uma conjunção que expres- ferência à oração principal. Conjunções: como, assim como, tal
sa ideia de oposição à oração anterior, ou seja, por uma conjun- como, (tão)... como, tanto como, tal qual, que (combinado com
ção coordenativa adversativa. menos ou mais).
- Proporcionais: Expressam uma ideia que se relaciona pro-
- Orações coordenadas sindéticas conclusivas: portanto, porcionalmente ao que foi enunciado na principal. Conjunções:
por isso, pois, logo. à medida que, à proporção que, ao passo que, quanto mais,
A 2ª oração vem introduzida por uma conjunção que expres- quanto menos.
sa ideia de conclusão de um fato enunciado na oração anterior, Orações Subordinadas Substantivas
ou seja, por uma conjunção coordenativa conclusiva. São aquelas que, num período, exercem funções sintáticas
próprias de substantivos, geralmente são introduzidas pelas con-
- Orações coordenadas sindéticas alternativas: ou, ou... ou, junções integrantes que e se.
ora... ora, seja... seja, quer... quer. - Oração Subordinada Substantiva Objetiva Direta: É aquela
A 2ª oração vem introduzida por uma conjunção que esta- que exerce a função de objeto direto do verbo da oração princi-
belece uma relação de alternância ou escolha com referência à pal. Observe: O filho quer a sua ajuda. (objeto direto)
oração anterior, ou seja, por uma conjunção coordenativa alter- - Oração Subordinada Substantiva Objetiva Indireta: É
nativa. aquela que exerce a função de objeto indireto do verbo da ora-
ção principal. Observe: Preciso de sua ajuda. (objeto indireto)
- Orações coordenadas sindéticas explicativas: que, por- - Oração Subordinada Substantiva Subjetiva: É aquela que
que, pois, porquanto. exerce a função de sujeito do verbo da oração principal. Obser-
A 2ª oração é introduzida por uma conjunção que expressa ve: É importante sua ajuda. (sujeito)
ideia de explicação, de justificativa em relação à oração anterior, - Oração Subordinada Substantiva Completiva Nominal: É
ou seja, por uma conjunção coordenativa explicativa. aquela que exerce a função de complemento nominal de um ter-
mo da oração principal. Observe: Estamos certos de sua inocên-
Período Composto por Subordinação cia. (complemento nominal)
Nesse período, a segunda oração exerce uma função sin- - Oração Subordinada Substantiva Predicativa: É aquela
tática em relação à primeira, sendo subordinada a ela. Quando que exerce a função de predicativo do sujeito da oração prin-
um período é formado de pelo menos um conjunto de duas ora- cipal, vindo sempre depois do verbo ser. Observe: O principal é
ções em que uma delas (a subordinada) depende sintaticamente sua felicidade. (predicativo)
da outra (principal), ele é classificado como período composto - Oração Subordinada Substantiva Apositiva: É aquela que
por subordinação. As orações subordinadas são classificadas de exerce a função de aposto de um termo da oração principal. Ob-
acordo com a função que exercem. serve: Ela tinha um objetivo: a felicidade de todos. (aposto)

Orações Subordinadas Adjetivas


Exercem a função de adjunto adnominal de algum termo da
oração principal.

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LÍNGUA PORTUGUESA
As orações subordinadas adjetivas são sempre introduzidas Empenho de, em, por
por um pronome relativo (que, qual, cujo, quem, etc.) e são clas-
sificadas em: Fácil a, de, para,
- Subordinadas Adjetivas Restritivas: São restritivas quando Junto a, de
restringem ou especificam o sentido da palavra a que se referem.
Pendente de
- Subordinadas Adjetivas Explicativas: São explicativas
quando apenas acrescentam uma qualidade à palavra a que se Preferível a
referem, esclarecendo um pouco mais seu sentido, mas sem res- Próximo a, de
tringi-lo ou especificá-lo.
Respeito a, com, de, para com, por
Orações Reduzidas Situado a, em, entre
São caracterizadas por possuírem o verbo nas formas de ge- Ajudar (a fazer algo) a
rúndio, particípio ou infinitivo. Ao contrário das demais orações
subordinadas, as orações reduzidas não são ligadas através dos Aludir (referir-se) a
conectivos. Há três tipos de orações reduzidas: Aspirar (desejar, pretender) a
Assistir (dar assistência) Não usa preposição
- Orações reduzidas de infinitivo:
Infinitivo: terminações –ar, -er, -ir. Deparar (encontrar) com
Implicar (consequência) Não usa preposição
Reduzida: Meu desejo era ganhar na loteria.
Desenvolvida: Meu desejo era que eu ganhasse na loteria. Lembrar Não usa preposição
(Oração Subordinada Substantiva Predicativa) Pagar (pagar a alguém) a
Precisar (necessitar) de
- Orações Reduzidas de Particípio:
Particípio: terminações –ado, -ido. Proceder (realizar) a
Responder a
Reduzida: A mulher sequestrada foi resgatada.
Visar ( ter como objetivo a
Desenvolvida: A mulher que sequestraram foi resgatada. pretender)
(Oração Subordinada Adjetiva Restritiva)
NÃO DEIXE DE PESQUISAR A REGÊNCIA DE OUTRAS PALAVRAS
- Orações Reduzidas de Gerúndio: QUE NÃO ESTÃO AQUI!
Gerúndio: terminação –ndo.

Reduzida: Respeitando as regras, não terão problemas.


Desenvolvida: Desde que respeitem as regras, não terão VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS
problemas. (Oração Subordinada Adverbial Condicional)
É possível encontrar no Brasil diversas variações linguísticas,
como na linguagem regional. Elas reúnem as variantes da língua
• Regência Nominal 
que foram criadas pelos homens e são reinventadas a cada dia.
A regência nominal estuda os casos em que nomes (subs-
Delas surgem as variações que envolvem vários aspectos
tantivos, adjetivos e advérbios) exigem outra palavra para com- históricos, sociais, culturais, geográficos, entre outros.
pletar-lhes o sentido. Em geral a relação entre um nome e o seu Nenhuma língua é usada de maneira uniforme por todos os
complemento é estabelecida por uma preposição. seus falantes em todos os lugares e em qualquer situação. Sabe-
-se que, numa mesma língua, há formas distintas para traduzir o
• Regência Verbal mesmo significado dentro de um mesmo contexto.
A regência verbal estuda a relação que se estabelece entre As variações que distinguem uma variante de outra se mani-
o verbo (termo regente) e seu complemento (termo regido).  festam em quatro planos distintos, a saber: fônico, morfológico,
Isto pertence a todos. sintático e lexical.

Regência de algumas palavras Variações Morfológicas


Ocorrem nas formas constituintes da palavra. As diferenças
entre as variantes não são tantas quanto as de natureza fônica, mas
Esta palavra combina com Esta preposição não são desprezíveis. Como exemplos, podemos citar:
Acessível a – uso de substantivos masculinos como femininos ou vice-
-versa: duzentas gramas de presunto (duzentos), a champanha (o
Apto a, para champanha), tive muita dó dela (muito dó), mistura do cal (da cal).
Atencioso com, para com – a omissão do “s” como marca de plural de substantivos e
adjetivos (típicos do falar paulistano): os amigo e as amiga, os
Coerente com
livro indicado, as noite fria, os caso mais comum.
Conforme a, com – o enfraquecimento do uso do modo subjuntivo: Espero
que o Brasil reflete (reflita) sobre o que aconteceu nas últimas
Dúvida acerca de, de, em, sobre
eleições; Se eu estava (estivesse) lá, não deixava acontecer; Não
é possível que ele esforçou (tenha se esforçado) mais que eu.

21
LÍNGUA PORTUGUESA
– o uso do prefixo hiper- em vez do sufixo -íssimo para criar o Variações Léxicas
superlativo de adjetivos, recurso muito característico da lingua- Conjunto de palavras de uma língua. As variantes do plano
gem jovem urbana: um cara hiper-humano (em vez de humanís- do léxico, como as do plano fônico, são muito numerosas e ca-
simo), uma prova hiperdifícil (em vez de dificílima), um carro hi- racterizam com nitidez uma variante em confronto com outra.
perpossante (em vez de possantíssimo). São exemplos possíveis de citar:
– a conjugação de verbos irregulares pelo modelo dos regu- – as diferenças lexicais entre Brasil e Portugal são tantas e,
lares: ele interviu (interveio), se ele manter (mantiver), se ele ver às vezes, tão surpreendentes, que têm sido objeto de piada de
(vir) o recado, quando ele repor (repuser). lado a lado do Oceano. Em Portugal chamam de cueca aquilo
– a conjugação de verbos regulares pelo modelo de irregula- que no Brasil chamamos de calcinha; o que chamamos de fila no
res: vareia (varia), negoceia (negocia). Brasil, em Portugal chamam de bicha; café da manhã em Portu-
gal se diz pequeno almoço; camisola em Portugal traduz o mes-
Variações Fônicas mo que chamamos de suéter, malha, camiseta.
Ocorrem no modo de pronunciar os sons constituintes da – a escolha do adjetivo maior em vez do advérbio muito
palavra. Entre esses casos, podemos citar: para formar o grau superlativo dos adjetivos, características da
– a redução de proparoxítonas a paroxítonas: Petrópis (Pe- linguagem jovem de alguns centros urbanos: maior legal; maior
trópolis), fórfi (fósforo), porva (pólvora), todas elas formas típi- difícil; Esse amigo é um carinha maior esforçado.
cas de pessoas de baixa condição social.
– A pronúncia do “l” final de sílaba como “u” (na maioria das Designações das Variantes Lexicais:
regiões do Brasil) ou como “l” (em certas regiões do Rio Grande – Arcaísmo: palavras que já caíram de uso. Por exemplo, um
do Sul e Santa Catarina) ou ainda como “r” (na linguagem caipi- bobalhão era chamado de coió ou bocó; em vez de refrigerante
ra): quintau, quintar, quintal; pastéu, paster, pastel; faróu, farór, usava-se gasosa; algo muito bom, de qualidade excelente, era
farol. supimpa.
– deslocamento do “r” no interior da sílaba: largato, pre- – Neologismo: contrário do arcaísmo. São palavras recém-
guntar, estrupo, cardeneta, típicos de pessoas de baixa condição -criadas, muitas das quais mal ou nem entraram para os dicio-
nários. A na computação tem vários exemplos, como escanear,
social.
deletar, printar.
– a queda do “r” final dos verbos, muito comum na lingua-
– Estrangeirismo: emprego de palavras emprestadas de ou-
gem oral no português: falá, vendê, curti (em vez de curtir), com-
tra língua, que ainda não foram aportuguesadas, preservando
pô.
a forma de origem. Nesse caso, há muitas expressões latinas,
– o acréscimo de vogal no início de certas palavras: eu me
sobretudo da linguagem jurídica, tais como: habeas-corpus (li-
alembro, o pássaro avoa, formas comuns na linguagem clássica,
teralmente, “tenhas o corpo” ou, mais livremente, “estejas em
hoje frequentes na fala caipira.
liberdade”), ipso facto (“pelo próprio fato de”, “por isso mesmo.
– a queda de sons no início de palavras: ocê, cê, ta, tava,
marelo (amarelo), margoso (amargoso), características na lin-
As palavras de origem inglesas são várias: feeling (“sensibi-
guagem oral coloquial. lidade”, capacidade de percepção), briefing (conjunto de infor-
mações básicas).
Variações Sintáticas – Jargão: vocabulário típico de um campo profissional
Correlação entre as palavras da frase. No domínio da sinta- como a medicina, a engenharia, a publicidade, o jornalismo.
xe, como no da morfologia, não são tantas as diferenças entre Furo é notícia dada em primeira mão. Quando o furo se revela
uma variante e outra. Como exemplo, podemos citar: falso, foi uma barriga.
– a substituição do pronome relativo “cujo” pelo pronome – Gíria: vocabulário especial de um grupo que não deseja
“que” no início da frase mais a combinação da preposição “de” ser entendido por outros grupos ou que pretende marcar sua
com o pronome “ele” (=dele): É um amigo que eu já conhecia a identidade por meio da linguagem. Por exemplo, levar um lero
família dele (em vez de cuja família eu já conhecia). (conversar).
– a mistura de tratamento entre tu e você, sobretudo quan- – Preciosismo: é um léxico excessivamente erudito, muito
do se trata de verbos no imperativo: Entra, que eu quero falar raro: procrastinar (em vez de adiar); cinesíforo (em vez de mo-
com você (em vez de contigo); Fala baixo que a sua (em vez de torista).
tua) voz me irrita. – Vulgarismo: o contrário do preciosismo, por exemplo, de
– ausência de concordância do verbo com o sujeito: Eles saco cheio (em vez de aborrecido), se ferrou (em vez de se deu
chegou tarde (em grupos de baixa extração social); Faltou na- mal, arruinou-se).
quela semana muitos alunos; Comentou-se os episódios.
– o uso de pronomes do caso reto com outra função que não Tipos de Variação
a de sujeito: encontrei ele (em vez de encontrei-o) na rua; não As variações mais importantes, são as seguintes:
irão sem você e eu (em vez de mim); nada houve entre tu (em – Sociocultural: Esse tipo de variação pode ser percebido
vez de ti) e ele. com certa facilidade.
– o uso do pronome lhe como objeto direto: não lhe (em vez – Geográfica: é, no Brasil, bastante grande. Ao conjunto das
de “o”) convidei; eu lhe (em vez de “o”) vi ontem. características da pronúncia de uma determinada região dá-se
– a ausência da preposição adequada antes do pronome re- o nome de sotaque: sotaque mineiro, sotaque nordestino, sota-
lativo em função de complemento verbal: são pessoas que (em que gaúcho etc.
vez de: de que) eu gosto muito; este é o melhor filme que (em – De Situação: são provocadas pelas alterações das circuns-
vez de a que) eu assisti; você é a pessoa que (em vez de em que) tâncias em que se desenrola o ato de comunicação. Um modo
eu mais confio. de falar compatível com determinada situação é incompatível
com outra

22
LÍNGUA PORTUGUESA
– Histórica: as línguas se alteram com o passar do tempo e • Ocorre Composição quando uma palavra é constituída por
com o uso. Muda a forma de falar, mudam as palavras, a grafia e dois ou mais radicais. Há dois tipos de composição: por justapo-
o sentido delas. Essas alterações recebem o nome de variações sição e por aglutinação. Vejamos!
históricas. • Composição por justaposição: pontapé (ponta + pé), vai-
vém (vai + vem), passatempo (passa + tempo)
• Composição por aglutinação: boquiaberto (boca + aberta),
PROCESSO DE FORMAÇÃO DE PALAVRAS mundividência (mundo + vidência),fidalgo (filho de algo)

Outros processos de formação de palavras:


Antes de estudarmos os processos de formação de palavras, • Onomatopeia: bangue-bangue, zum-zum-zum, blá-blá-blá.
precisamos relembrar alguns conceitos de estrutura das palavras • Abreviação: televisão > tevê, motocicleta > moto, fotogra-
que irão nos ajudar bastante. A parte de Estrutura das Palavras fia > foto
trata dos conceitos de radical, prefixo, sufixo e desinência. Veja- • Siglonimização: UFMG (Universidade Federal de Minas
mos, rapidamente, cada uma delas. Gerais), PT (Partido dos Trabalhadores), Petrobras (Petróleo do
Radical é a base da palavra, é a parte responsável pela signi- Brasil S/A)
ficação principal dela, assim como pela formação de novas. Sem • Hibridismo: socio/logia (latim e grego), auto/móvel (grego
radical não há palavra(s). e latim), tele/visão (grego e latim)
amargo, amargor, amargura, amargurar, amargurado • Palavra-valise: sofrer + professor > sofressor, aborrecer +
adolescente > aborrecente
Os afixos são morfemas derivacionais ligados ao radical e ca-
pazes de modificar o seu significado, formando palavras novas.
Existem dois tipos: os prefixos e os sufixos. PONTUAÇÃO
O Prefixo vem antes do radical para ampliar sua significação
e formar nova palavra. Pontuação
ateu, analfabeto, anestesia Com Nina Catach, entendemos por pontuação um “sistema
de reforço da escrita, constituído de sinais sintáticos, destinados
O Sufixo vem depois do radical para ampliar seu sentido e a organizar as relações e a proporção das partes do discurso e
formar nova palavra. das pausas orais e escritas. Estes sinais também participam de
pançudo, maçudo todas as funções da sintaxe, gramaticais, entonacionais e semân-
ticas”. (BECHARA, 2009, p. 514)
Desinências são morfemas flexionais colocados após os ra- A partir da definição citada por Bechara podemos perceber
dicais. Apenas indicam, no caso dos nomes, o gênero e o número a importância dos sinais de pontuação, que é constituída por al-
das palavras; no caso dos verbos, indicam o modo, o tempo, o guns sinais gráficos assim distribuídos: os separadores (vírgula [
número e a pessoa. Tais morfemas não formam novas palavras, , ], ponto e vírgula [ ; ], ponto final [ . ], ponto de exclamação [
mas flexionam, variam, mudam levemente a forma da mesma ! ], reticências [ ... ]), e os de comunicação ou “mensagem” (dois
palavra, indicando certos aspectos. Portanto, não confunda de- pontos [ : ], aspas simples [‘ ’], aspas duplas [ “ ” ], travessão sim-
sinência com sufixo! ples [ – ], travessão duplo [ — ], parênteses [ ( ) ], colchetes ou
Elas podem ser nominais (gênero e número) ou verbais (mo- parênteses retos [ [ ] ], chave aberta [ { ], e chave fechada [ } ]).
do-temporais e número-pessoais).
aluna, aluno, alunas, alunos, estávamos (pretérito imperfei- Ponto ( . )
to do modo indicativo/ 1º pessoa do plural) O ponto simples final, que é dos sinais o que denota maior
pausa, serve para encerrar períodos que terminem por qualquer
Agora sim! Já sabemos um pouco da base que nos ajudará a tipo de oração que não seja a interrogativa direta, a exclamativa
entender melhor os processos de formação de palavras. e as reticências.
Existem algumas maneiras para a formação de novos vocá- Estaremos presentes na festa.
bulos na língua, logo esta parte trata justamente dos diversos
modos como as palavras se formam. Os principais processos Ponto de interrogação ( ? )
são estes: derivação, composição, onomatopeia (reduplicação), Põe-se no fim da oração enunciada com entonação interro-
abreviação (redução), siglonimização, hibridismo, palavra-valise gativa ou de incerteza, real ou fingida, também chamada retórica.
(combinação). Você vai à festa?

A Derivação é um processo de multiplicação e reaproveita- Ponto de exclamação ( ! )


mento de um vocábulo pelo acréscimo de sufixos e prefixos. Ela Põe-se no fim da oração enunciada com entonação excla-
pode ser prefixal, sufixal, parassintética, regressiva e imprópria. mativa.
• Derivação sufixal: livraria, livrinho, livresco. Ex: Que bela festa!
• Derivação prefixal: reter, deter, conter.
• Parassintética: envelhecer (en + velho + ecer), aterrar (a + Reticências ( ... )
terra + ar), abençoar (a + bênção + ar). Denotam interrupção ou incompletude do pensamento (ou
• Regressiva: atrasar > atraso, demorar > demora, tossir > porque se quer deixar em suspenso, ou porque os fatos se dão
tosse, engasgar > engasgo, telefonar > telefone com breve espaço de tempo intervalar, ou porque o nosso inter-
• Imprópria (conversão): Você tem aracnofobia? (radical) / locutor nos toma a palavra), ou hesitação em enunciá-lo.
Eu tenho muitas fobias. (substantivo) Ex: Essa festa... não sei não, viu.

23
LÍNGUA PORTUGUESA
Dois-pontos ( : ) Perceba que, na frase acima, não há o uso de vírgula. Isso
Marcam uma supressão de voz em frase ainda não concluída. ocorre por alguns motivos:
Em termos práticos, este sinal é usado para: Introduzir uma citação 1) NÃO se separa com vírgula o sujeito de seu predicado.
(discurso direto) e introduzir um aposto explicativo, enumerativo, 2) NÃO se separa com vírgula o verbo e seus complementos.
distributivo ou uma oração subordinada substantiva apositiva. 3) Não é aconselhável usar vírgula entre o complemento do
Ex: Uma bela festa: cheia de alegria e comida boa. verbo e o adjunto.

Ponto e vírgula ( ; ) Podemos estabelecer, então, que se a frase estiver na ordem


Representa uma pausa mais forte que a vírgula e menos que comum (SVOAdj), não usaremos vírgula. Caso contrário, a vírgula
o ponto, e é empregado num trecho longo, onde já existam vír- é necessária:
gulas, para enunciar pausa mais forte, separar vários itens de Ontem, Maria foi à padaria.
uma enumeração (frequente em leis), etc. Maria, ontem, foi à padaria.
Ex: Vi na festa os deputados, senadores e governador; vi À padaria, Maria foi ontem.
também uma linda decoração e bebidas caras.
Além disso, há outros casos em que o uso de vírgulas é ne-
Travessão ( — ) cessário:
Não confundir o travessão com o traço de união ou hífen e • Separa termos de mesma função sintática, numa enume-
com o traço de divisão empregado na partição de sílabas (ab-so- ração.
-lu-ta-men-te) e de palavras no fim de linha. O travessão pode Simplicidade, clareza, objetividade, concisão são qualidades
substituir vírgulas, parênteses, colchetes, para assinalar uma ex- a serem observadas na redação oficial.
pressão intercalada e pode indicar a mudança de interlocutor, na • Separa aposto.
transcrição de um diálogo, com ou sem aspas. Aristóteles, o grande filósofo, foi o criador da Lógica.
Ex: Estamos — eu e meu esposo — repletos de gratidão. • Separa vocativo.
Brasileiros, é chegada a hora de votar.
Parênteses e colchetes ( ) – [ ] • Separa termos repetidos.
Os parênteses assinalam um isolamento sintático e semân- Aquele aluno era esforçado, esforçado.
tico mais completo dentro do enunciado, além de estabelecer
maior intimidade entre o autor e o seu leitor. Em geral, a in- • Separa certas expressões explicativas, retificativas, exem-
serção do parêntese é assinalada por uma entonação especial. plificativas, como: isto é, ou seja, ademais, a saber, melhor dizen-
Intimamente ligados aos parênteses pela sua função discursiva, do, ou melhor, quer dizer, por exemplo, além disso, aliás, antes,
os colchetes são utilizados quando já se acham empregados os com efeito, digo.
parênteses, para introduzirem uma nova inserção. O político, a meu ver, deve sempre usar uma linguagem cla-
Ex: Vamos estar presentes na festa (aquela organizada pelo ra, ou seja, de fácil compreensão.
governador)
• Marca a elipse de um verbo (às vezes, de seus comple-
Aspas ( “ ” ) mentos).
As aspas são empregadas para dar a certa expressão sentido O decreto regulamenta os casos gerais; a portaria, os parti-
particular (na linguagem falada é em geral proferida com ento- culares. (= ... a portaria regulamenta os casos particulares)
ação especial) para ressaltar uma expressão dentro do contexto
ou para apontar uma palavra como estrangeirismo ou gíria. É • Separa orações coordenadas assindéticas.
utilizada, ainda, para marcar o discurso direto e a citação breve. Levantava-me de manhã, entrava no chuveiro, organizava
Ex: O “coffe break” da festa estava ótimo. as ideias na cabeça...

Vírgula • Isola o nome do lugar nas datas.


São várias as regras que norteiam o uso das vírgulas. Evi- Rio de Janeiro, 21 de julho de 2006.
denciaremos, aqui, os principais usos desse sinal de pontuação.
Antes disso, vamos desmistificar três coisas que ouvimos em re- • Isolar conectivos, tais como: portanto, contudo, assim,
lação à vírgula: dessa forma, entretanto, entre outras. E para isolar, também,
1º – A vírgula não é usada por inferência. Ou seja: não “sen- expressões conectivas, como: em primeiro lugar, como supraci-
timos” o momento certo de fazer uso dela. tado, essas informações comprovam, etc.
2º – A vírgula não é usada quando paramos para respirar. Em Fica claro, portanto, que ações devem ser tomadas para
alguns contextos, quando, na leitura de um texto, há uma vírgu- amenizar o problema.
la, o leitor pode, sim, fazer uma pausa, mas isso não é uma regra.
Afinal, cada um tem seu tempo de respiração, não é mesmo?!?!
3º – A vírgula tem sim grande importância na produção de
textos escritos. Não caia na conversa de algumas pessoas de que
ela é menos importante e que pode ser colocada depois.
Agora, precisamos saber que a língua portuguesa tem uma
ordem comum de construção de suas frases, que é Sujeito > Ver-
bo > Objeto > Adjunto, ou seja, (SVOAdj).
Maria foi à padaria ontem.
Sujeito Verbo Objeto Adjunto

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LÍNGUA PORTUGUESA
2. (CORE-MT – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO – INSTITUTO
EXERCÍCIOS EXCELÊNCIA – 2019)

1. (PREFEITURA DE ARACRUZ - ES – CONTADOR - IBADE - Morte


2019)
Sou, em princípio, contra a pena de morte, mas admito algu-
LEMBRANÇA E ESQUECIMENTO mas exceções. Por exemplo: pessoas que contam anedotas como
se fossem experiências reais vividas por elas e só no fim você
“Como é antigo o passado recente!” Gostaria que a frase fosse descobre que é anedota. Estas deviam ser fuziladas.
minha, mas ela é de Nelson Rodrigues numa crônica de “A Menina Todos os outros crimes puníveis com a pena capital, na mi-
sem Estrela”. Também fico perplexa com esse fenômeno rápido e nha opinião, têm a ver, de alguma maneira, com telefone.
turbulento que é o tempo da vida. Não são poucas as vezes em Cadeira elétrica para as telefonistas que perguntam: “Da
que me volto para algum acontecimento acreditando que ele ainda onde?”
é atual e descubro que ele faz parte do passado para outros. Um Forca para pessoas que estendem o polegar e o dedinho ao
exemplo é quando, em sala de aula, refiro-me a eventos que se pas- lado da cabeça quando querem imitar um telefone. Curiosamen-
saram nos anos 70 e meus alunos me olham como se eu falasse da te, uma mímica desenvolvida há pouco. Ninguém, misericordio-
Idade Média... E eu nem contei para eles que andei de bonde! samente, tinha pensado nela antes, embora o telefone, o pole-
 A distância entre nós não é apenas uma questão de gerações. gar e o mindinho existam há anos.
Eles nasceram em um mundo já transformado pela tecnologia Garrote vil para os donos de telefone celular em geral e gar-
e pela informática. Uma transformação que começou nos anos rote seguido de desmembramento para os donos de telefone ce-
50 e que não nos trouxe somente mais eletrodomésticos e lular que gostam de falar no meio de multidões e fazem questão
aparelhos digitais. Ela instalou uma transformação radical do de que todos saibam que se atrasou para a reunião porque o
nosso modo de vida. furúnculo infeccionou. Claro, a condenação só viria depois de
Mudou o mundo e mudou o jeito de viver. Mudou o jeito um julgamento, mas com o Aristides Junqueira na defesa.
de namorar, de vestir, de procurar emprego, de andar na rua e (L. F. Veríssimo, “Morte”, Jornal do Brasil. Rio de Janeiro,
de se locomover pela cidade. Mudou o corpo. Mudou o jeito de 22/12/1994. Caderno Opinião, p. 11)
escrever, de estudar, de morar e de se divertir. Mudou o valor da
vida, do dinheiro e das pessoas... O texto lido é uma crônica. Assinale a alternativa em que a
Outros tempos. E, quando um jeito de viver muda, ele não definição contraria a justificativa inicial:
tem volta. Não se pode ter a experiência dele nunca mais. Por (A) Porque se ocupa em relatar e expor determinada pessoa,
isso, meus alunos e eu só podemos compartilhar o tempo atual. objeto, lugar ou acontecimento.
Não podemos compartilhar um tempo que, para eles, é passado, (B) Porque é um tipo de texto narrativo curto, geralmente,
mas, para mim, ainda é presente. Os fatos de 30 anos atrás não produzido para meios de comunicação, por exemplo, jor-
são passado na minha vida. Para mim, meu passado não passou nais, revistas, etc.
e minha história não envelhece. Minha memória pode alcançar (C) Porque se encarrega de expor um tema ou assunto por
os acontecimentos que vivi a qualquer momento, e posso revi- meio de argumentações.
vê-los como se ocorressem agora. Mas, se eu os narrar, quem (D) Porque é um tipo de texto que apresenta uma linguagem
me ouve não pode, como eu, vivenciá-los. Por isso, para meus simples.
alunos, são contos o que para mim é vida. (E) Nenhuma das alternativas.
Mas é assim que corre o rio da vida dos homens, transfor-
mando em palavras o que hoje é ação. Se não forem narrados, 3. (PREFEITURA DE ARACRUZ - ES - PROFESSOR DE CIÊNCIA
os acontecimentos e os nossos feitos passam sem deixar rastros. - IBADE - 2019)
Faladas ou escritas, são as palavras que salvam o já vivido e o
conservam entre nós. Salvam os feitos e os acontecimentos da CUIDEM DOS GAROTOS
sua total desintegração no esquecimento.
A memória do já vivido e a sua narração numa história é o 1. O problema de Bruno está resolvido. Rapidamente, mas não
que possibilita a construção da História e das nossas histórias poderia se diferente: raras vezes um comportamento criminoso é
pessoais. Só os feitos e os acontecimentos narrados em histórias identificado e provado em pouco tempo com tanta abundância de
são capazes de salvaguardar nossa existência e nossa identidade. provas, tanta escassez de atenuantes. O ex-goleiro e ex-ídolo do Fla-
Só conservados pela lembrança é que os feitos e os aconte- mengo mostrou ser tudo que um atleta popular não pode ser.
cimentos podem entrar no tempo e fazer parte de um passado. 2. Seus ex-patrões, e não falo só do flamengo, bem que po-
Recente ou antigo. deriam fazer um exame de consciência e perguntar a si mesmos
(CRITELLI, Dulce. In cronicasbrasil.blogspot.com/search/ label/ se, antes de matar a companheira com repugnantes requintes
Dulce%20 Critelli)  de violência, Bruno já não teria dado sinais ou mesmo provas de
que alguma coisa estava errada com ele.
O título “Lembrança e esquecimento” constitui uma antíte- 3. Talvez não, mas o que está mesmo em questão é a
se que está relacionada a uma oposição de ideias presentes no possível necessidade de uma política preventiva a respeito dos
texto, correspondente: jogadores. 
(A) as gerações mais velhas e os mais jovens. 4. Profissionais do futebol não são funcionários comuns de
(B) os feitos e acontecimentos passados e a vida presente. uma empresa. Ao assinarem contrato com o clube, passam a ser
(C) a geração dos professores e a geração dos alunos. parte de sua história e de sua imagem, o que significa tanto com-
(D) as mudanças do passado e a permanência do presente. promisso como honra – e implica responsabilidades especiais,
(E) o passado narrado e o passado sem narração. dentro das quatro linhas e fora delas.

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5. A condição de ídolo popular tem tantas responsabilidades V. Esse gênero é predominantemente utilizado em manuais
quanto prazeres. Sei que estou apenas citando lugares-comuns, de eletrodomésticos, jogos eletrônicos, receitas, rótulos de pro-
o que pode ser cansativo para o leitor, mas peço um pouco dutos, entre outros.
de paciência: eles só ficam comuns por serem verdadeiros e
resistirem ao tempo. São, respectivamente:
6. O Flamengo agiu com rapidez e eficiência, tanto quanto a (A) texto instrucional, crônica, carta, entrevista e carta ar-
polícia, no caso do Bruno, mas o torcedor tem o direito de perguntar: gumentativa.
o que o clube e os outros estão dispostos a fazer, não para reagir a (B) carta, bula de remédio, narração, prosa, crônica.
episódios semelhantes, mas simplesmente para evitá-los? (C) entrevista, poesia, crônica, conto, texto instrucional.
7. É comum, e absolutamente desejável, que rapazes, (D) entrevista, poesia, conto, crônica, texto instrucional.
muitos ainda adolescentes, mostrem nos gramados um grau de
excelência no exercício da profissão prematuro e incomum em 5. (PREF. DE RONDONÓPOLIS - MT – PROCURADOR – PREF.
outras profissões. As leis da concorrência mandam que sejam DE RONDONÓPOLIS - MT - 2019)
regiamente pagos por isso, mas o sucesso antes da maturidade
tem riscos óbvios. Talvez deva partir dos clubes, tanto por razões Instrução: Leia atentamente o texto a seguir e responda à
éticas como em defesa de sua própria imagem, a iniciativa de questão.   
preparar suas jovens estrelas para a administração correta do  
sucesso. Dá trabalho com certeza, mas, em prazo não muito lon- A gente se torna (ou acha que se torna) um pouco mais se-
go, trata-se da defesa de seus interesses e de seu patrimônio, nhor de si, de seus limites, e até faz algumas escolhas acertadas.
sem falar no aspecto ético de uma política nesse sentido. Esse é um dos dons da maturidade. Com sorte e sabedoria, mais
8. O caso de Bruno é, obviamente, uma aberração. Não tarde poderemos descobrir que também faz parte do envelhecer.
conheço outro craque assassino, mas não faltam exemplos O tempo não é mais apenas o futuro, quando vou crescer,
de bons jogadores que jogaram fora suas carreiras e não quando vou ser independente, quando vou casar, transar, ter fi-
foram cidadãos exemplares – ou pelo menos cidadãos comuns lhos, viajar, quando? Agora existe um passado: quando eu era
– por absoluta incompetência na administração do êxito. criança, quando fiz vestibular, quando transei, quando me ca-
Principalmente porque o sucesso no esporte costuma chegar sei, quando comecei a trabalhar ... e nos damos conta de que
muito antes do que acontece com outras profissões.        estamos no auge da juventude, a maturidade logo ali, e tantos
9. Bruno não foi formado no Flamengo. A ele chegou pronto, compromissos, tanto desejo, já tanta frustração.
para o melhor e para o pior. O que fez de sua vida não é culpa do
(LUFT, Lya. O tempo é um rio que corre. Rio de Janeiro: Record, 2014.)
clube, mas serve como advertência para todos os clubes,
10. Cartolas, cuidem de seu patrimônio, cuidem de seus
A respeito do texto, analise as afirmativas. I- Por ser curto,
garotos.
organizado em torno de um único foco temático, com poeticida-
Luiz Garcia – Cronista do Jornal O Globo Falecido em abril de
de na construção da linguagem, esse texto pertence ao gênero
2018 
crônica. II- A reflexão presente no texto volta-se a um tempo de
maturidade, em que o passado, hoje, seria o futuro ontem. III- O
A crônica é um tipo de texto:
tom irônico do texto busca prender a atenção do leitor, envol-
(A) narrativo longo.
vendo -o na temática, mesmo sem muitos detalhes. IV- O texto,
(B) narrativo curto.
(C) descritivo curto. escrito em primeira pessoa do singular (vou, eu era, me casei),
(D) descritivo longo. utiliza linguagem simples com predominância de oralidade.
(E) expositivo.
Estão corretas as afirmativas
4. (Prefeitura de Bom Repouso - MG - Cirurgião-Dentista - (A) I, II e III, apenas.
MDS - 2019) (B) II, III e IV, apenas.
(C) I e IV, apenas.
Partindo do pressuposto de que um texto tem estrutura a (D) I e II, apenas.
partir de características gerais de um determinado gênero, iden-
tifique os gêneros descritos a seguir:
6. (CESGRANRIO – BNDES – ADVOGADO – 2004) No título do
I. Tem como principal característica transmitir a opinião de artigo “A tal da demanda social”, a classe de palavra de “tal” é:
pessoas de destaque sobre algum assunto de interesse. Algumas (A) pronome;
revistas têm uma seção dedicada a esse gênero; (B) adjetivo;
II. Caracteriza-se por apresentar um trabalho voltado para o (C) advérbio;
estudo da linguagem, fazendo-o de maneira particular, refletin- (D) substantivo;
do o momento, a vida dos homens através de figuras que possi- (E) preposição.
bilitam a criação de imagens;
III. Gênero que apresenta uma narrativa informal ligada à 7. Assinale a alternativa que apresenta a correta classifica-
vida cotidiana. Apresenta certa dose de lirismo e sua principal ção morfológica do pronome “alguém” (l. 44).
característica é a brevidade; (A) Pronome demonstrativo.
IV. Linguagem linear e curta, envolve poucas personagens, (B) Pronome relativo.
que geralmente se movimentam em torno de uma única ação, (C) Pronome possessivo.
dada em um só espaço, eixo temático e conflito. Suas ações en- (D) Pronome pessoal.
caminham-se diretamente para um desfecho; (E) Pronome indefinido.

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8. Em relação à classe e ao emprego de palavras no texto, na oração “A abordagem social constitui-se em um processo de traba-
lho planejado de aproximação” (linhas 1 e 2), os vocábulos sublinhados classificam-se, respectivamente, em
(A) preposição, pronome, artigo, adjetivo e substantivo.
(B) pronome, preposição, artigo, substantivo e adjetivo.
(C) conjunção, preposição, numeral, substantivo e pronome.
(D) pronome, conjunção, artigo, adjetivo e adjetivo.
(E) conjunção, conjunção, numeral, substantivo e advérbio.

9. (PREFEITURA DE RONDONÓPOLIS – MT – PROCURADOR JURÍDICO – PREFEITURA DE RONDONÓPOLIS – 2019)

Instrução: Leia atentamente os dois primeiros parágrafos do texto Panta rei?, do filósofo Mario Sergio Cortella e responda à
questão.

Novo ano, vida nova? Esperança não delirante? Então, mais uma vez, cante -se a primeira estrofe da marcha-rancho “Até quarta-
-feira” (composta por H. Silva e Paulo Setti), grande sucesso em 1967 na voz do sambista Noite Ilustrada: “este ano não vai ser igual
àquele que passou”. Então, novamente, levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima! Em meados do século 20, o mesmo Noite
Ilustrada gravou esse clássico do cientista Paulo Vanzolini e, desde aquela época, amiúde recordamos da fundamental – em todos
os sentidos – “Volta por cima”. Afinal em vários momentos e de muitas maneiras, cada um do seu jeito, sempre podemos dizer que
“ali onde eu chorei / qualquer um chorava / dar a volta por cima que eu dei / quero ver quem dava”.
Este ano não vai ser igual àquele que passou! Aliás, daria para ser de outro modo? Há possibilidade de algum ano, mês ou dia
ser idêntico a outro qualquer, como se ficássemos aprisionados no “feitiço do tempo”? Eis aí a chave para abrir um dos pensamentos
mais instigantes quando se deseja refletir sobre a vida no dia a dia e as intercorrências dela advindas; fala-se com frequência uma
frase que pareceria máxima popular: “Nenhum homem toma banho duas vezes no mesmo rio, pois, quando volta a ele, nem o rio é
o mesmo e nem mais o homem o é”. [...]
(CORTELLA, M. S. Não espere pelo epitáfio. Provocações filosóficas. Petrópolis: Vozes, 2014.)

Entre os recursos linguísticos empregados na construção de um texto está a intertextualidade. Qual trecho desse texto NÃO é
exemplo de intertextualidade explícita?
(A) este ano não vai ser igual àquele que passou.
(B) um dos pensamentos mais instigantes quando se deseja refletir sobre a vida no dia a dia.
(C) levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima.
(D) ali onde eu chorei / qualquer um chorava / dar a volta por cima que eu dei /
quero ver quem dava.

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LÍNGUA PORTUGUESA
10. (CS-UFG – TÉCNICO DE ENGENHARIA – SANEAGO – 2018) Não há programa de merenda escolar no México, por isso as
crianças comem o que trazem de casa. Batata chips é um petisco
comum entre os alunos, sendo acompanhada – pela maior parte
das crianças – por refrigerante.  Poucas  escolhem algo mais
saudável, como frutas, sanduíche natural e suco. Não é à toa
que 1/3 das crianças em idade escolar estão com sobrepeso ou
obesas.
As cenouras são o segundo legume predileto dos ingleses,
e são cultivadas no próprio país. Rosbife ou carne assada com
molho é a receita do prato tradicional inglês. O yorkshire pu-
dding  é um bolinho assado e depois frito, que era servido de
acompanhamento para reforçar o jantar das famílias mais
pobres, e hoje alunos ingleses de baixa renda podem comer de
graça nas escolas.
(Adaptado de: https://revistacrescer.globo.com/Criancas/Ali-
mentacao/noticia/2015/08/livro-hora-do-lanche-avalia-meren-
das-pelo-mundo.html) 
 
As palavras  dal, borsch e kash  estão em itálico com a
RUCKE. Disponível em: <http://hfgeografia.blogspot.com. finalidade de:
br/2011/10/?m=0>. Acesso em: 20 jan. 2018. (A) destacar que essas palavras podem esclarecer dúvidas.
(B) justificar uma nomenclatura científica.
Quanto à construção de sentido do texto, o principal recurso (C) explicitar as características de cada prato.
empregado foi a: (D) ressaltar que são nomes próprios.
ambiguidade. (E) enfatizar que são palavras estrangeiras.
intertextualidade.
inferência. 13. (PREFEITURA DE VÁRZEA – PB – PROFESSOR DE EDUCA-
pressuposição. ÇÃO BÁSICA II – LÍNGUA PORTUGUESA – EDUCA – 2019)
[...] é uma referência ou uma incorporação de um elemento
11. (TJ-CE – TÉCNICO JUDICIÁRIO- ÁREA JUDICIÁRIA – FGV discursivo a outro, podendo-se reconhecê-lo quando um autor
– 2019)3. constrói a sua obra com referências a textos, imagens ou a sons
Algumas frases são construídas tendo por base outras já for- de outras obras e autores e até por si mesmo, como uma forma
muladas e conhecidas (intertextualidade); isso só NÃO ocorre em: de reverência, de complemento e de elaboração do nexo e sen-
(A) Em dentadura dada não se olham os dentes; tido deste texto/imagem.
(B) A justiça pode ser cega, mas não devemos fazê-la para-
lítica; Esse conceito caracteriza
(C) Água mole em pedra dura tanto bate até que causa um (A) Parataxe.
rombo; (B) Estilística.
(D) A pressa é inimiga da refeição; (C) Intertextualidade.
(E) Para mim, o verdadeiro valor é a prudência. (D) Polissemia.
(E) Multimodalidade.
12. (PREFEITURA DE QUATRO BARRAS – PR – AGENTE DE
COMBATE A ENDEMIAS – NC- UFPR-2019) 14. (PREFEITURA DE QUATRO BARRAS -PR – AGENTE DE
COMBATE A ENDEMIAS – NC-UFPR – 2019)
Livro “A Hora do Lanche” avalia merendas pelo mundo
Considere o seguinte texto: Cuide de sua ligação de água!
_______________ seja recomendada a presença de verduras
nas merendas, as escolas indianas dependem muito do custo A responsabilidade pela integridade do cavalete e do hidrô-
governamental, que é bastante precário, e logo não dispõem metro é do cliente a partir da adesão ao serviço. Vale lembrar
de recursos financeiros para comprá-las. Conhecido como  dal, que o cliente está sujeito a sanções administrativas e custos de
esse prato de lentilha, ervilha ou grão de bico cozido, é uma das regularização nos casos de violação, furto, perda, quebra ou
refeições mais comuns na Índia, rico em proteína, ferro e fibras, adulteração do padrão da ligação. 
e ideal para os indianos que seguem a religião hinduísta e não (http://site.sanepar.com.br/sites/site.sanepar.com.br/files/
comem carnes. clientes2012/guia-do-cliente.pdf)
A sopa colorida chama-se  borsch  e a cor intensa vem da
beterraba, rica em fibras e excelente fonte de nutrientes. O trecho retirado do site da Sanepar faz referência a:
A  kasha  é um mingau feito de trigo ou outros cereais, como (A) solicitação de serviço.
farinha e aveia, temperado com sal, manteiga e cebola frita. O (B) deveres do cliente em relação ao hidrômetro.
pão está sempre presente no prato dos russos, que chegam a (C) aplicação de multa ao cliente.
comer em média 60 kg de pão por ano. (D) denúncia de violação de hidrômetro.
(E) oferta de venda de hidrômetro.

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15. (IABAS – FARMACÊUTICO - IBADE - 2019) 16. (SEAP-GO - AGENTE DE SEGURANÇA PRISIONAL - IADES
- 2019)
Infestação de escorpiões no Brasil pode ser imparável

A infestação de escorpião no Brasil é o exemplo perfeito de


como a vida moderna se tornou imprevisível. É uma característi-
ca do que, no complexo campo de problemas, chamamos de um
mundo “VUCA” (Volatility, uncertainty, complexity and ambigui-
ty em inglês) - um mundo volátil, incerto, complexo e ambíguo.
Escorpiões, como as baratas que eles comem, são um a es-
pécie incrivelmente adaptável. O número de pessoas picadas em
todo o Brasil aumentou de 12 mil em 2000 para 140 mil no ano
passado, de acordo com o Ministério da Saúde. A espécie que
aterroriza os brasileiros é o perigoso escorpião amarelo, ou Ti-
tyus serrulatus. Ele se reproduz por meio do milagre da parteno-
gênese, significando que um escorpião feminino simplesmente COYLE, A. Administração penitenciária: uma abordagem de
gera cópias de si mesma duas vezes por ano - nenhuma partici- direitos humanos. Manual para servidores penitenciários. Brasí-
pação masculina é necessária. lia: Ministério da Justiça, 2002, p. 21.
A infestação do escorpião urbano no Brasil é um clássico
“problema perverso”. Este termo, usado pela primeira vez em Com base nas relações morfossintáticas estabelecidas pelo
1973, refere-se a enormes problemas sociais ou culturais como autor no primeiro período, assinale a alternativa correta.
pobreza e guerra - sem solução simples ou definitiva, e que sur- (A) Na linha 1, a conjunção “Quando” relaciona orações
gem na interseção de outros problemas. Nesse caso, a infestação coordenadas entre si.
do escorpião urbano no Brasil é o resultado de uma gestão ina- (B) Os termos “em prisões” (linha 1) e “seu aspecto físico”
dequada do lixo, saneamento inapropriado, urbanização rápida (linha 2) funcionam como complementos verbais e classi-
e mudanças climáticas. ficam-se, respectivamente, como objeto indireto e objeto
No VUCA, quanto mais recursos você der para os problemas, direto.
melhor. Isso pode significar tudo, desde campanhas de cons- (C) As formas verbais “pensam” (linha 1) e “tendem a consi-
cientização pública que educam brasileiros sobre escorpiões até
derar” (linhas 1 e 2) referem-se ao mesmo sujeito sintático:
forças-tarefa exterminadoras que trabalham para controlar sua
“as pessoas” (linha 1).
população em áreas urbanas. Os cientistas devem estar envolvi-
(D) Na linha 1, a exclusão do pronome “elas” alteraria a
dos. O sistema nacional de saúde pública do Brasil precisará se
estrutura do período, pois o predicado da segunda oração
adaptar a essa nova ameaça.
passaria a se referir a um sujeito indeterminado.
Apesar da obstinada cobertura da imprensa, as autoridades
(E) Na linha 2, o adjetivo “físico” completa o sentido do
federais de saúde mal falaram publicamente sobre o problema
substantivo “aspecto”, por isso desempenha a função de
do escorpião urbano no Brasil. E, além de alguns esforços mor-
complemento nominal.
nos em nível nacional e estadual para treinar profissionais de
saúde sobre o risco de escorpião, as autoridades parecem não
ter nenhum plano para combater a infestação no nível epidêmi- 17. (IF-RO - ENGENHEIRO CIVIL - IBADE - 2019)
co para o qual ela está se dirigindo.
Temo que os escorpiões amarelos venenosos tenham rei- “Viu a Rita Baiana, que fora trocar o vestido por uma saia,
vindicado seu lugar ao lado de crimes violentos, tráfico brutal e surgir de ombros e braços nus, para dançar. A Lua destoldara-se
outros problemas crônicos com os quais os urbanitas no Brasil nesse momento, envolvendo-a na sua coma de prata, a cujo re-
precisam lidar diariamente. fulgir os meneios da mestiça melhor se acentuavam, cheios de
* Hamilton Coimbra Carvalho é pesquisador em Problemas uma graça irresistível, simples, primitiva, feita toda de pecado,
Sociais Complexos, na Universidade de São Paulo (USP). toda de paraíso, com muito de serpente e muito de mulher.
Ela saltou em meio da roda, com os braços na cintura, rebo-
Texto adaptado de Revista Galileu lando as ilhargas e bamboleando a cabeça, ora para a esquerda,
(https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/MeioAmbiente/noti- ora para a direita, como numa sofreguidão de gozo carnal, num
cia/2019/02/infestacao-de-escorpioes-no-brasilpode-ser-impa- requebrado luxurioso que a punha ofegante; já correndo de bar-
ravel-diz-pesquisador.html) riga empinada; já recuando de braços estendidos, a tremer toda,
como se se fosse afundando num prazer grosso que nem azei-
Observe a oração destacada: te, em que se não toma pé e nunca se encontra fundo. Depois,
como se voltasse à vida, soltava um gemido prolongado, estalan-
“A infestação do escorpião urbano no Brasil é um clássico do os dedos no ar e vergando as pernas, descendo, subindo, sem
“problema perverso.” nunca parar com os quadris, e em seguida sapateava, miúdo e
cerrado, freneticamente, erguendo e abaixando os braços, que
Sobre seus termos, é correto afirmar que: dobrava, ora um, ora outro, sobre a nuca, enquanto a carne lhe
(A) escorpião é núcleo do sujeito. fervia toda, fibra por fibra, tirilando.”
(B) urbano é predicativo do objeto. O cortiço, Aluísio de Azevedo.
(C) perverso é núcleo do sujeito.
(D) clássico é núcleo do predicativo do objeto. Em “como se se fosse afundando, num prazer grosso que
(E) problema é núcleo do predicativo do sujeito. nem azeite”, é correto afirmar que:

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LÍNGUA PORTUGUESA
(A) o termo “que” é um pronome relativo e funciona como 19. (IBADE - 2019 - PREFEITURA DE ARACRUZ - ES - PROFES-
sujeito. SOR DA EDUCAÇÃO INFANTIL)
(B) em “como SE SE fosse afundando”, têm-se, respectiva-
mente, uma conjunção subordinativa de natureza condicio- CUIDEM DOS GAROTOS
nal e uma partícula integrante do verbo.
(C) a expressão “que nem” é uma locução conjuntiva coor- O problema de Bruno está resolvido. Rapidamente, mas não
denativa aditiva. poderia se diferente: raras vezes um comportamento criminoso
(D) em “como se se fosse afundando”, o primeiro “se” é par- é identificado e provado em pouco tempo com tanta abundância
tícula apassivadora, enquanto o segundo “se” é um prono- de provas, tanta escassez de atenuantes. O ex-goleiro e ex-ídolo
me clítico. do Flamengo mostrou ser tudo que um atleta popular não pode
(E) o termo “num” é uma combinação, entre a preposição ser.
“em” e o artigo definido “um”, que apresenta caráter infor- Seus ex-patrões, e não falo só do flamengo, bem que pode-
mal na língua portuguesa.
riam fazer um exame de consciência e perguntar a si mesmos
se, antes de matar a companheira com repugnantes requintes
18. (IDAM - ASSISTENTE TÉCNICO - IBFC - 2019)
de violência, Bruno já não teria dado sinais ou mesmo provas de
que alguma coisa estava errada com ele.
Carta ao Leitor
Nunca te vi, sempre te amei Talvez não, mas o que está mesmo em questão é a possível
(...) necessidade de uma política preventiva a respeito dos jogadores.
De todas as tarefas que fazem parte da rotina de redação de Profissionais do futebol não são funcionários comuns de
Galileu, a mais prazerosa certamente é ler as cartas dos leitores. uma empresa. Ao assinarem contrato com o clube, passam
Os fãs da revista são de fato especiais e suas cartas traduzem a ser parte de sua história e de sua imagem, o que significa
isso. São criativos, curiosos, observadores e não deixam passar tanto compromisso como honra - e implica responsabilidades
nada. Fazem perguntas tão difíceis quanto imprevisíveis. especiais, dentro das quatro linhas e fora delas.
Querem saber de tudo: do monstro do Lago Ness ao Projeto A condição de ídolo popular tem tantas responsabilidades
Genoma Humano. E não se contentam com respostas pela me- quanto prazeres. Sei que estou apenas citando lugares-comuns,
tade. Ler as dúvidas que aparecem nas cartas, os comentários o que pode ser cansativo para o leitor, mas peço um pouco
sobre as reportagens passadas e as sugestões de futuras é grati- de paciência: eles só ficam comuns por serem verdadeiros e
ficante para qualquer jornalista. Ainda mais para nós, jornalistas resistirem ao tempo.
de Galileu, que adoramos um bom desafio. O Flamengo agiu com rapidez e eficiência, tanto quanto
Felizmente, a revista conta com uma arma secreta para sa- a polícia, no caso do Bruno, mas o torcedor tem o direito de
tisfazer tantas pessoas exigentes. Vou apresentá-la agora: Luiz perguntar: o que o clube e os outros estão dispostos a fazer, não
Francisco Senne, nosso secretário de produção, professor de para reagir a episódios semelhantes, mas simplesmente para
português, roqueiro, colecionador de discos de vinil e livros usa- evitá-los?
dos, e responsável pelo atendimento aos leitores. Kiko, como é É comum, e absolutamente desejável, que rapazes, muitos
muito mais conhecido, sabe também driblar as angústias dos ainda adolescentes, mostrem nos gramados um grau de
nossos jovens amigos em apuros. excelência no exercício da profissão prematuro e incomum em
Muitos pedem ajuda a Galileu quando recebem dos professores outras profissões. As leis da concorrência mandam que sejam
uma tarefa complicada e não sabem a quem recorrer. Kiko responde regiamente pagos por isso, mas o sucesso antes da maturidade
delicada mas firmemente: não dá para fazer o trabalho escolar no tem riscos óbvios. Talvez deva partir dos clubes, tanto por
lugar do aluno (é festa agora?). Mas simpatiza com o drama de lei- razões éticas como em defesa de sua própria imagem, a iniciati-
tores como este cuja mensagem é reproduzida acima: “Vocês não
va de preparar suas jovens estrelas para a administração correta
poderiam dar uma dica de como ir bem numa prova de física porque
do sucesso. Dá trabalho, com certeza, mas, em prazo não muito
o meu cérebro está cansado?” Atendendo ao apelo levado aos repór-
longo, trata-se da defesa de seus interesses e de seu patrimônio,
teres por Kiko, Galileu oferece a seus leitores a matéria “Os cientistas
sem falar no aspecto ético de uma política nesse sentido.
alertam: não deveríamos existir”, do editor Marcelo Ferroni. Ela mos-
tra que a física pode ser criativa em vez de uma aula chata. Quer ver? O caso de Bruno é, obviamente, uma aberração. Não conheço
Martha San Juan França, Diretora de Redação outro craque assassino, mas não faltam exemplos de bons
jogadores que jogaram fora suas carreiras e não foram cidadãos
De acordo com o texto acima e com a Gramática Normativa exemplares - ou pelo menos cidadãos comuns - por absoluta
da Língua Portuguesa, assinale a alternativa incorreta: incompetência na administração do êxito. Principalmente
(A) No trecho “Kiko, como é muito mais conhecido, sabe porque o sucesso no esporte costuma chegar muito antes do
também driblar as angústias dos nossos jovens amigos em que acontece com outras profissões.
apuros.”, o termo destacado é classificado como Verbo Bruno não foi formado no Flamengo. A ele chegou pronto,
Transitivo Direto e Indireto. para o melhor e para o pior. O que fez de sua vida não é culpa do
(B) No trecho “Muitos pedem ajuda a Galileu quando recebem clube, mas serve como advertência para todos os clubes,
dos professores uma tarefa complicada”, a oração destacada Cartolas, cuidem de seu patrimônio, cuidem de seus garotos.
é classificada como Oração Subordinada Adverbial Temporal.
(C) No trecho “Ainda mais para nós, jornalistas de Galileu, Luiz Garcia – Cronista do Jornal O Globo
que adoramos um bom desafio.” a expressão destacada é Falecido em abril de 2018
classificada como Aposto.
(D) No trecho “Ela mostra que a física pode ser criativa em
vez de uma aula chata.”, o termo destacado é classificado
como conjunção integrante.

30
LÍNGUA PORTUGUESA
“O caso de Bruno é, obviamente, UMA ABERRAÇÃO.” O tre- CORTELLA, S. Educação, convivência e ética - audácia e esperança!
cho em destaque é classificado sintaticamente como: São Paulo: Cortez, 2018, p. 15-16. [Adaptado]
(A) predicativo do sujeito.
(B) objeto indireto. Considere as frases abaixo.
(C) objeto direto. 1. Todos e todas somos capazes de ambas as coisas.
(D) predicativo do objeto. 2. […] os critérios e valores que eu uso para me conduzir na
(E) sujeito. vida coletiva.
3. Não existe ética individual.
6. (PREFEITURA DE BLUMENAU - SC - PROFESSOR - GEOGRA- 4. Os séculos XVIII e XIX,  com a industrialização  […], são
FIA – MATUTINO - FURB - 2019) calcados na anulação da natureza […]
5. Ética é como eu decido a minha conduta.
O tradicional desfile do aniversário de Blumenau, que com- 6. A vida, acima de tudo, é condominial.
pleta 169 anos de fundação nesta segunda-feira, teve outra data
especial para comemorar: os 200 anos de nascimento do Doutor Assinale a alternativa que apresenta a análise sintática cor-
Hermann Blumenau. __________ 15 mil pessoas que estiveram reta dos termos sublinhados, de acordo com a ordem acima.
na Rua XV de Novembro nesta manhã acompanhando o desfi- (A) objeto indireto • adjunto adnominal • objeto direto •
le, de acordo com estimativa da Fundação Cultural, conheceram aposto • sujeito • adjunto adverbial
um pouco mais da vida do fundador do município. [...] O desfile (B) objeto indireto • complemento nominal • objeto direto •
também apresentou aspectos da colonização alemã no Vale do objeto indireto • sujeito • predicativo do sujeito
Itajaí. Dessa forma, as bandeiras e moradores das 42 cidades do (C) adjunto adverbial • objeto direto • adjunto adnominal •
território original de Blumenau, que foi fundado por Hermann, objeto indireto • sujeito • adjunto adnominal
também estiveram representadas na Rua XV de Novembro. [...] (D) complemento nominal • predicativo do sujeito • sujeito
Disponível em: <https://www.nsctotal.com.br/noticias/desfile- • aposto • objeto direto • adjunto adnominal
-em-blumenau-comemora-o-aniversario-da-cidade-e-os-200-a- (E) complemento nominal • adjunto adnominal • sujeito •
nos-do-fundador>. Acesso em: 02 set. 2019.[adaptado] adjunto adverbial • objeto direto • predicativo do sujeito

Sobre o excerto “Dessa forma, as bandeiras e moradores


das 42 cidades do território original de Blumenau, que foi fun- 21. (CONSULPLAN – ANALISTA DE INFORMÁTICA (SDS-SC) –
dado por Hermann, também estiveram representadas na Rua 2008) A alternativa em que todas as palavras são formadas pelo
XV de Novembro.”, analisando-o sintaticamente, podemos afir- mesmo processo de formação é:
mar: I- Há uma oração com sujeito composto. II- Há uma oração (A) responsabilidade, musicalidade, defeituoso;
explicativa. III- Há uma oração com agente da passiva. Está(ão) (B) cativeiro, incorruptíveis, desfazer;
correta(s): (C) deslealdade, colunista, incrível;
(A) Apenas as afirmativas I e a II. (D) anoitecer, festeiro, infeliz;
(B) Apenas as afirmativas II e a III. (E) reeducação, dignidade, enriquecer.
(C) As três afirmativas.
(D) Apenas a afirmativa I. 22. (IMA – PREF. BOA HORA/PI – PROCURADOR MUNICIPAL
(E) Apenas a afirmativa II. – 2010) No verso “Para desentristecer, leãozinho”, Caetano Ve-
loso cria um neologismo. A opção que contém o processo de for-
20. (PREFEITURA DE BOMBINHAS - SC - AUXILIAR DE BI- mação utilizado para formar a palavra nova e o tipo de derivação
BLIOTECA - FEPESE – 2019) que a palavra primitiva foi formada respectivamente é:
(A) derivação prefixal (des + entristecer); derivação paras-
Edificação da integridade coletiva sintética (en + trist + ecer);
(B) derivação sufixal (desentriste + cer); derivação imprópria
Somos um animal que não nasce pronto; temos de ser for- (en + triste + cer);
mados. Essa formação pode nos levar [.....] vida como benefício (C) derivação regressiva (des + entristecer); derivação paras-
ou [....] vida como malefício, da pessoa que é capaz de produzir sintética (en + trist + ecer);
benefício ou da que é capaz de produzir malefício. Todos e todas (D) derivação parassintética (en + trist + ecer); derivação
somos capazes de ambas as coisas. Afinal de contas, ética está prefixal (des + entristecer);
ligada [..... ] ideia de liberdade. Ética é como eu decido a minha (E) derivação prefixal (en + trist + ecer); derivação parassin-
conduta. E a palavra “decido” é marcante porque sinaliza quais tética (des + entristecer).
são os critérios e valores que eu uso para me conduzir na vida
coletiva. 23. (IMA – PREF. BOA HORA/PI – PROCURADOR MUNICIPAL
Não existe ética individual. Os séculos XVIII e XIX, com a – 2010) A palavra “Olhar” em (meu olhar) é um exemplo de pa-
industrialização e depois com a mecanização, são calcados na lavra formada por derivação:
anulação da natureza como o outro. A percepção da natureza (A) parassintética;
como o outro começa a ganhar forma [..... ] partir do século XX. (B) prefixal;
Ela era tida como objeto e, portanto, passível de posse. A ideia (C) sufixal;
da ecologia é uma questão ética porque passamos [...... ] tomar (D) imprópria;
a natureza como o outro, não como objeto, ideia que vai intro- (E) regressiva.
duzir uma referência: ética é convivência. A vida, acima de tudo,
é condominial.

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LÍNGUA PORTUGUESA
24. (CESGRANRIO – FINEP – TÉCNICO – 2011) A vírgula pode
ser retirada sem prejuízo para o significado e mantendo a norma GABARITO
padrão na seguinte sentença:
(A) Mário, vem falar comigo depois do expediente.
(B) Amanhã, apresentaremos a proposta de trabalho. 01 E
(C) Telefonei para o Tavares, meu antigo chefe.
(D) Encomendei canetas, blocos e crachás para a reunião. 02 C
(E) Entrou na sala, cumprimentou a todos e iniciou o dis- 03 B
curso.
04 C
25. (CESGRANRIO – PETROBRAS – TÉCNICO DE ENFERMA- 05 D
GEM DO TRABALHO – 2011) Há ERRO quanto ao emprego dos 06 A
sinais de pontuação em:
(A) Ao dizer tais palavras, levantou-se, despediu-se dos con- 07 E
vidados e retirou-se da sala: era o final da reunião. 08 B
(B) Quem disse que, hoje, enquanto eu dormia, ela saiu sor- 09 B
rateiramente pela porta?
(C) Na infância, era levada e teimosa; na juventude, tornou- 10 B
-se tímida e arredia; na velhice, estava sempre alheia a tudo. 11 E
(D) Perdida no tempo, vinham-lhe à lembrança a imagem
12 E
muito branca da mãe, as brincadeiras no quintal, à tarde,
com os irmãos e o mundo mágico dos brinquedos. 13 B
(E) Estava sempre dizendo coisas de que mais tarde se arre- 15 E
penderia. Prometia a si própria que da próxima vez, tomaria
16 B
cuidado com as palavras, o que entretanto, não acontecia.
17 B
26. (FCC – INFRAERO – ADMINISTRADOR – 2011) Está intei- 18 A
ramente correta a pontuação do seguinte período:
(A) Os personagens principais de uma história, responsáveis 19 A
pelo sentido maior dela, dependem, muitas vezes, de pe- 20 C
quenas providências que, tomadas por figurantes aparente-
21 A
mente sem importância, ditam o rumo de toda a história.
(B) Os personagens principais, de uma história, responsáveis 22 A
pelo sentido maior dela, dependem muitas vezes, de peque- 23 D
nas providências que tomadas por figurantes, aparentemen-
24 B
te sem importância, ditam o rumo de toda a história.
(C) Os personagens principais de uma história, responsáveis 25 E
pelo sentido maior dela dependem muitas vezes de peque- 26 A
nas providências, que, tomadas por figurantes aparente-
mente, sem importância, ditam o rumo de toda a história.
(D) Os personagens principais, de uma história, responsáveis
pelo sentido maior dela, dependem, muitas vezes de peque-
nas providências, que tomadas por figurantes aparentemen-
te sem importância, ditam o rumo de toda a história.
(E) Os personagens principais de uma história, responsáveis,
pelo sentido maior dela, dependem muitas vezes de peque-
nas providências, que tomadas por figurantes, aparente-
mente, sem importância, ditam o rumo de toda a história.

32
LÍNGUA PORTUGUESA
3-) (TCE-RN – CARGO 1 - CESPE/2015 - adaptada)
EXERCÍCIOS COMENTADOS A Comissão de Acompanhamento e Fiscalização da Copa 2014
(CAFCOPA) constatou indícios de superfaturamento em contratos
relativos a consultorias técnicas para modelagem do projeto de
1-) (TCE-RN – CARGO 1 - CESPE/2015 - adaptada) parceria público-privada usada para construir uma das arenas da
Exercer a cidadania é muito mais que um direito, é um dever, Copa 2014.
uma obrigação. Após análise das faturas de um dos contratos, constatou-se que
Você como cidadão é parte legítima para, de acordo com a lei, os consultores apresentaram regime de trabalho incompatível com
informar ao Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Norte a realidade. Sete dos 11 contratados alegadamente trabalharam
(TCE/RN) os atos ilegítimos, ilegais e antieconômicos eventualmen- 77,2 horas por dia no período entre 16 de setembro e sete de ou-
te praticados pelos agentes públicos. tubro de 2010. Os outros quatro supostamente trabalharam 38,6
A garantia desse preceito advém da própria Constituição do horas por dia. Tendo em vista que um dia só tem 24 horas, identifi-
estado do Rio Grande do Norte, em seu artigo 55, § 3.º, que estabe- cou-se a ocorrência de superfaturamento no valor de R$ 2.383.248.
lece que qualquer cidadão, partido político ou entidade organizada “É óbvio que tais volumes de horas trabalhadas jamais existiram.
da sociedade pode apresentar ao TCE/RN denúncia sobre irregula- Diante de tal situação, sabendo-se que o dia possui somente 24 ho-
ridades ou ilegalidades praticadas no âmbito das administrações ras, resta inconteste o superfaturamento praticado nesta primeira
estadual e municipal. fatura de serviços”, aponta o relatório da CAFCOPA.
Exercício da cidadania. Internet: <www.tce.rn.gov.br> (com Existem outros indícios fortes que apontam para essa irregu-
adaptações). laridade, pois não há nos autos qualquer folha de ponto ou docu-
mento comprobatório da efetiva prestação dos serviços por parte
Mantém-se a correção gramatical do texto se o trecho “infor- dos consultores.
mar ao Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Norte (TCE/ Internet: <www.jornaldehoje.com.br> (com adaptações).
RN) os atos ilegítimos” for reescrito da seguinte forma: informar
ao Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Norte (TCE/RN) O termo “com a realidade” e a oração ‘que tais volumes de ho-
sobre os atos ilegítimos. ras trabalhadas jamais existiram’ desempenham a função de com-
( ) CERTO ( ) ERRADO plemento dos adjetivos “incompatível” e ‘óbvio’, respectivamente.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Quem informa, informa algo (os atos ilegítimos) a alguém (ao
Tribunal de Contas), portanto não há presença de preposição antes Voltemos ao texto: regime de trabalho incompatível com a re-
do objeto direto (os atos). alidade = complemento nominal de “incompatível” (afirmação do
RESPOSTA: ERRADO. enunciado correta); É óbvio que tais volumes de horas trabalhadas
jamais existiram = podemos substituir a oração destacada por “Isso
2-) (TCE-RN – CARGO 1 - CESPE/2015 - adaptada) A substitui- é óbvio”, o que nos indica que se trata de uma oração com função
ção da última vírgula do primeiro parágrafo do texto pela conjunção substantiva - no caso, oração subordinada substantiva subjetiva –
e não acarreta erro gramatical ao texto nem traz prejuízo à sua in- função de sujeito da oração principal (É óbvio), ou seja, afirmação
terpretação original. do enunciado incorreta.
( ) CERTO ( ) ERRADO RESPOSTA: ERRADO.

Analisemos o trecho sugerido: Exercer a cidadania é muito 4-) (TCE-RN – CARGO 1 - CESPE/2015 - adaptada) O uso dos
mais que um direito, é um dever, uma obrigação. Se acrescentarmos advérbios “alegadamente” e “supostamente” concorre para a argu-
a conjunção “e” teremos “é um dever e uma obrigação” = haveria mentação apresentada no texto de que houve irregularidades em
mudança no sentido, pois da maneira como foi escrito entende-se um dos contratos, especificamente no que se refere à descrição do
que o termo “obrigação” foi enfatizado, por isso não se conectou ao volume de horas trabalhadas pelos consultores.
termo anterior. ( ) CERTO ( ) ERRADO
RESPOSTA: ERRADO.
Sete dos 11 contratados alegadamente trabalharam 77,2 horas
por dia no período entre 16 de setembro e sete de outubro de 2010.
Os outros quatro supostamente trabalharam 38,6 horas por dia.
Sete funcionários alegaram ter trabalhado horas a mais e há a
suposição de que quatro também ultrapassaram o limite estabele-
cido.
RESPOSTA: CERTO.

33
LÍNGUA PORTUGUESA
5-) (CESPE – TCE-RN – CARGO 1/2015 - adaptada) A oração A = incorreta (oração de natureza explicativa)
“que os consultores apresentaram regime de trabalho incompatí- B = incorreta (pronome apassivador)
vel com a realidade” funciona como complemento da forma verbal C = incorreta
“constatou-se”. E = incorreta (voo)
( ) CERTO ( ) ERRADO RESPOSTA: D

- constatou-se que os consultores apresentaram regime de tra- 8-) (ANAC – ANALISTA ADMINISTRATIVO - ESAF/2015) Assina-
balho incompatível com a realidade le a opção correspondente a erro gramatical inserido no texto.
A oração destacada pode ser substituída pelo termo “isso” (Isso A Embraer S. A. atualmente é destaque (1) internacional e
foi constatado), o que nos indica ser uma oração substantiva = ela passou a produzir aeronaves para rotas regionais e comerciais de
funciona como sujeito da oração principal, portanto não a comple- pequena e média densidades (2), bastante (3) utilizadas no Brasil,
menta. Temos uma oração subordinada substantiva subjetiva. Europa e Estados Unidos. Os modelos 190 e 195 ocupou (4) o espa-
RESPOSTA: ERRADO. ço que era do Boeing 737.300, 737.500, DC-9, MD-80/81/82/83 e
Fokker 100. A companhia brasileira é hoje a terceira maior indústria
6-) (CESPE – TCE-RN – CARGO 1/2015 - adaptada) As formas aeronáutica do mundo, com filiais em vários países, inclusive na (5)
verbais “apresentaram”, “trabalharam” e “Existem” aparecem fle- China.
xionadas no plural pelo mesmo motivo: concordância com sujeito <http://www.portalbrasil.net/aviacao_historia.htm>. Acesso
composto plural. em:
( ) CERTO ( ) ERRADO 13/12/2015. (com adaptações).
A) é destaque
- os consultores apresentaram = verbo concorda com o sujeito B) densidades
simples C) bastante
- Sete dos 11 contratados alegadamente trabalharam = verbo D) ocupou
concorda com o sujeito simples E) inclusive na
- Existem outros indícios fortes = verbo concorda com o sujeito
simples Os modelos 190 e 195 ocupou = os modelos ocuparam
Trata-se de sujeito simples, não composto (não há dois elemen- RESPOSTA: D
tos em sua composição)
RESPOSTA: ERRADO. 9-) (ANAC – ANALISTA ADMINISTRATIVO - ESAF/2015) Assi-
nale a opção correta quanto à justificativa em relação ao emprego
7-) (ANAC – ANALISTA ADMINISTRATIVO - ESAF/2015 - adap- de vírgulas.
tada) Em relação às estruturas linguísticas do texto, assinale a op- O mercado de jatos executivos está em alta há alguns anos, e
ção correta. os maiores mercados são Estados Unidos, Brasil, França, Canadá,
Alemanha, Inglaterra, Japão e México. Também nesse segmento a
Não vamos discorrer sobre a pré-história da aviação, sonho dos Embraer é destaque, apesar de disputar ferozmente esse mercado
antigos egípcios e gregos, que representavam alguns de seus deu- com outras indústrias poderosas, principalmente a canadense Bom-
ses por figuras aladas, nem sobre o vulto de estudiosos do proble- bardier. A Embraer S.A. está desenvolvendo também uma aerona-
ma, como Leonardo da Vinci, que no século XV construiu um modelo ve militar, batizada de KC-390, que substituirá os antigos Hércules
de avião em forma de pássaro. Pode-se localizar o início da aviação C-130, da Força Aérea Brasileira. Para essa aeronave a Embraer S.A.
nas experiências de alguns pioneiros que, desde os últimos anos do já soma algumas centenas de pedidos e reservas.
século XIX, tentaram o voo de aparelhos então denominados mais <http://www.portalbrasil.net/aviacao_historia.htm> Acesso
pesados do que o ar, para diferenciá-los dos balões, cheios de gases, em:
mais leves do que o ar. 13/12/2015 (com adaptações).
Ao contrário dos balões, que se sustentavam na atmosfera por
causa da menor densidade do gás em seu interior, os aviões preci- As vírgulas no trecho “...os maiores mercados são Estados Uni-
savam de um meio mecânico de sustentação para que se elevassem dos, Brasil, França, Canadá, Alemanha, Inglaterra, Japão e México.”
por seus próprios recursos. O brasileiro Santos Dumont foi o primei- separam
ro aeronauta que demonstrou a viabilidade do voo do mais pesado A) aposto explicativo que complementa oração principal.
do que o ar. O seu voo no “14-Bis” em Paris, em 23 de outubro de B) palavras de natureza retificativa e explicativa.
1906, na presença de inúmeras testemunhas, constituiu um marco C) oração subordinada adjetiva explicativa.
na história da aviação, embora a primazia do voo em avião seja D) complemento verbal composto por objeto direto.
disputada por vários países. E) termos de mesma função sintática em uma enumeração.
<http://www.portalbrasil.net/aviacao_historia.htm>. Acesso
em: RESPOSTA: E
13/12/2015 (com adaptações).

A) O emprego de vírgula após “Vinci” justifica-se para isolar


oração subordinada de natureza restritiva.
B) Em “Pode-se” o pronome “se” indica a noção de condição.
C) A substituição de “então” por “naquela época” prejudica as
informações originais do texto.
D) Em “se sustentavam” e “se elevassem” o pronome “se” in-
dica voz reflexiva.
E) O núcleo do sujeito de “constituiu” é 14-Bis.

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LÍNGUA PORTUGUESA
10-) (ANAC – ANALISTA ADMINISTRATIVO - ESAF/2015) Assi- 12-) (ANAC – TÉCNICO EM REGULAMENTAÇÃO DE AVIAÇÃO
nale a opção que apresenta substituição correta para a forma verbal CIVIL - ESAF/2015 - adaptada) Assinale a opção em que a pontua-
contribuiu. ção permanece correta, apesar de ter sido modificada.
No início da década de 60, trinta anos depois de sua funda- A) Há quase dois anos, fui empossado técnico administrativo
ção, a Panair já era totalmente nacional. Era uma época de crise (...)
na aviação comercial brasileira, pois todas as companhias apresen- B) (...) na ANAC, de São Paulo e estou muito satisfeito de tra-
tavam problemas operacionais e crescentes dívidas para a moder- balhar lá.
nização geral do serviço que prestavam. Uma novidade contribuiu C) (...) na administração pública, porém; preferi, ficar onde es-
para apertar ainda mais a situação financeira dessas empresas - a tou (…)
inflação. Apesar disso, não foram esses problemas, comuns às con- D) Sinceramente sou partidário, do “não se mexe, em time que
correntes, que causaram a extinção da Panair. está ganhando”.
<http://www.areliquia.com.br/Artigos%20Anteriores/58Pa- E) Trabalho na área administrativa, junto com outros técnicos e
nair.htm>. analistas, além de ser, gestor substituto (…)
Acesso em: 13/12/2015 (com adaptações). Fiz as correções:
B) na ANAC de São Paulo e estou muito satisfeito de trabalhar
A) contribuísse lá.
B) contribua C) na administração pública, porém preferi ficar onde estou (…)
C) contribuíra D) Sinceramente, sou partidário do “não se mexe em time que
D) contribuindo está ganhando”.
E) contribuído E) Trabalho na área administrativa junto com outros técnicos e
analistas, além de ser gestor substituto (…)
A substituição pode ser feita utilizando-se um verbo que in- RESPOSTA: A
dique uma ação que acontecera há muito tempo (década de 60!),
portanto no pretérito mais-que-perfeito do Indicativo (contribuíra). (ANAC – TÉCNICO EM REGULAMENTAÇÃO DE AVIAÇÃO CIVIL
RESPOSTA: C - ESAF/2015 - adaptada) Leia o texto a seguir para responder às
questões
(ANAC – TÉCNICO EM REGULAMENTAÇÃO DE AVIAÇÃO CIVIL -
ESAF/2015 - adaptada) Leia o depoimento a seguir para responder Se você é um passageiro frequente, certamente já passou por
às questões uma turbulência. A pior da minha vida foi no meio do nada, sobre-
voando o Atlântico, e durou uma boa hora. Já que estou aqui escre-
Há quase dois anos fui empossado técnico administrativo na vendo esse artigo, sobrevivi.
ANAC de São Paulo e estou muito satisfeito de trabalhar lá. Nesse
A turbulência significa que o avião vai cair? Ok, sabemos que
tempo já fui nomeado para outros dois cargos na administração
não. Apesar de também sabermos que o avião é a forma mais se-
pública, porém preferi ficar onde estou por diversos motivos, pro-
gura de viagem, não é tão fácil lembrar disso em meio a uma tur-
fissionais e pessoais. Sinceramente, sou partidário do “não se mexe
bulência. Então, não custa lembrar que, mesmo quando o ar está
em time que está ganhando”.
“violento”, é impossível que ele «arremesse» o avião para o chão.
Trabalho na área administrativa junto com outros técnicos e
<http://revistagalileu.globo.com/Tecnologia/noticia/2015/07/
analistas, além de ser gestor substituto do setor de transportes da
turbulencia-dos-avioes-e-perigosa.html> Acesso
ANAC/SP. Tenho de analisar documentação, preparar processos
em:15/12/2015
solicitando pagamentos mensais para empresas por serviços pres-
tados, verificar se os termos do contrato estão sendo cumpridos, (com adaptações).
resolver alguns “pepinos” que sempre aparecem ao longo do mês,
além, é claro, de efetuar trabalhos eventuais que surgem conforme 13-) Assinale a opção em que o primeiro período do texto foi
a demanda. reescrito com correção gramatical.
<http://wordpress.concurseirosolitario.com.br/o-cotidianode- A) Na hipótese de você for um passageiro frequente, já tinha
um-servidor-publico/> Acesso em: 17/12/2015> (com passado por uma turbulência, com certeza.
adaptações). B) Certamente, já deverá ter passado por uma turbulência, se
você fosse um passageiro frequente.
11-) Assinale a substituição proposta que causa erro de mor- C) Na certa, acaso você seja um passageiro frequente, já acon-
fossintaxe no texto. teceu de passar por uma turbulência.
D) Com certeza, se você foi um passageiro frequente, já tivesse
substituir: por: passado por uma turbulência.
A) Há A E) Caso você seja um passageiro frequente, já deve, com certe-
B) Nesse tempo Durante esse tempo za, ter passado por uma turbulência.
C) junto juntamente
D) Tenho de Tenho que Correções:
E) ao longo do mês no decorrer do mês A) Na hipótese de você for (SER) um passageiro frequente, já
tinha passado (PASSOU) por uma turbulência, com certeza.
A única substituição que causaria erro é a de “há” por “a”, já B) Certamente, já deverá (DEVE) ter passado por uma turbulên-
que, quando empregado com o sentido de tempo passado, deve ser cia, se você fosse (FOR) um passageiro frequente.
escrito com “h” (há). C) Na certa, acaso você seja um passageiro frequente, já acon-
RESPOSTA: A teceu de passar (PASSOU) por uma turbulência.
D) Com certeza, se você foi (É) um passageiro frequente, já ti-
vesse passado (PASSOU) por uma turbulência.

35
LÍNGUA PORTUGUESA
E) Caso você seja um passageiro frequente, já deve, com certe- E) Conquanto saibamos = conjunção que mantém o sentido
za, ter passado por uma turbulência. original (concessivas: introduzem uma oração que expressa ideia
RESPOSTA: E contrária à da principal, sem, no entanto, impedir sua realização.
São elas: embora, ainda que, apesar de que, se bem que, mesmo
14-) (ANAC – TÉCNICO EM REGULAMENTAÇÃO DE AVIAÇÃO que, por mais que, posto que, conquanto, etc.)
CIVIL - ESAF/2015) A expressão sublinhada em “Já que estou escre- RESPOSTA: E
vendo esse artigo, sobrevivi” tem sentido de
A) conformidade. 17-) (ANAC – TÉCNICO EM REGULAMENTAÇÃO DE AVIAÇÃO
B) conclusão. CIVIL - ESAF/2015 - adaptada) Em relação às regras de acentuação,
C) causa. assinale a opção correta.
D) dedução.
E) condição. Por que é preciso passar pelo equipamento de raios X?
São normas internacionais de segurança. É proibido portar ob-
Subordinadas Adverbiais - Indicam que a oração subordinada jetos cortantes ou perfurantes. Se você se esqueceu de despachá-
exerce a função de adjunto adverbial da principal. De acordo com a -los, esses itens terão de ser descartados no momento da inspeção.
circunstância que expressam, classificam-se em: Como devo proceder na hora de passar pelo equipamento de-
- Causais: introduzem uma oração que é causa da ocorrência da tector de metais?
oração principal. As conjunções são: porque, que, como (= porque, A inspeção dos passageiros por detector de metais é obriga-
no início da frase), pois que, visto que, uma vez que, porquanto, já tória. O passageiro que, por motivo justificado, não puder ser ins-
que, desde que, etc. pecionado por meio de equipamento detector de metal deverá sub-
RESPOSTA: C meter-se à busca pessoal. As mulheres grávidas podem solicitar a
inspeção por meio de detector manual de metais ou por meio de
busca pessoal.
15-) (ANAC – TÉCNICO EM REGULAMENTAÇÃO DE AVIAÇÃO
<http://www.infraero.gov.br/images/stories/guia/2014/
CIVIL - ESAF/2015 - adaptada) Sobre as vírgulas e as aspas empre-
guiapassageiro2014_portugues.pdf> Acesso em: 4/1/2016
gadas no texto é correto afirmar que
(com
A) a primeira vírgula separa duas orações coordenadas. adaptações).
B) a vírgula antes do “e” ocorre porque o verbo da oração “e A) Acentua-se o verbo “é”, quando átono, para diferenciá-lo da
durou uma boa hora” é diferente do verbo da oração anterior. conjunção “e”.
C) a vírgula antes de “sobrevivi” marca a diferença entre os B) “Você” é palavra acentuada por ser paroxítona terminada na
tempos verbais de “estou escrevendo” e “sobrevivi”. vogal “e” fechada.
D) a vírgula que ocorre depois do “que” e a que ocorre depois C) “Despachá-los” se acentua pelo mesmo motivo de “deverá”.
de “violento” estão isolando oração intercalada. D) Ocorre acento grave em “à busca pessoal” em razão do em-
E) as aspas nas palavras “violento” e “arremesse” se justificam prego de locução com substantivo no feminino.
porque tais palavras pertencem ao vocabulário técnico da aviação. E) O acento agudo em “grávidas” se deve por se tratar de pala-
vra paroxítona terminada em ditongo.
A = Se você é um passageiro frequente, certamente já passou Comentários:
por uma turbulência – incorreta (subordinada adverbial condicio- A) Acentua-se o verbo “é”, quando átono, para diferenciá-lo da
nal) conjunção “e” = não é acento diferencial
B = incorreta (vem depois de uma oração explicativa) B) “Você” é palavra acentuada por ser paroxítona terminada na
C = incorreta (separando oração principal da causal) vogal “e” fechada = acentua-se por ser oxítona terminada em “e”
E = incorreta (empregadas em sentido figurado, facilitando a C) “Despachá-los” se acentua pelo mesmo motivo de “deve-
compreensão da descrição) rá” = correta (oxítona terminada em “a”). Lembre-se de que, em
RESPOSTA: D verbos com pronome oblíquo, este é desconsiderado ao analisar a
acentuação
16-) (ANAC – TÉCNICO EM REGULAMENTAÇÃO DE AVIAÇÃO D) Ocorre acento grave em “à busca pessoal” em razão do em-
CIVIL - ESAF/2015) A frase sublinhada em “Apesar de também sa- prego de locução com substantivo no feminino = o acento grave se
bermos que o avião é a forma mais segura de viagem, não é tão deve à regência do verbo “submeter” que pede preposição (sub-
fácil lembrar disso em meio a uma turbulência” mantém tanto seu meter-se a)
E) O acento agudo em “grávidas” se deve por se tratar de pala-
sentido original quanto sua correção gramatical na opção:
vra paroxítona terminada em ditongo = acentua-se por ser propa-
A) Embora também sabemos …
roxítona
B) Dado também saibamos …
RESPOSTA: C
C) Pelo motivo o qual também sabemos …
D) Em virtude de também sabermos … 18-) (SABESP/SP – AGENTE DE SANEAMENTO AMBIENTAL
E) Conquanto saibamos … 01 – FCC/2014 - adaptada)
... a navegação rio abaixo entre os séculos XVIII e XIX, começava
Correções: em Araritaguaba...
A) Embora também sabemos = saibamos O verbo conjugado nos mesmos tempo e modo em que se en-
B) Dado também saibamos = sabermos contra o grifado acima está em:
C) Pelo motivo o qual também sabemos = essa deixa o período (A) ... o Tietê é um regato.
confuso... (B) ... ou perto delas moram 30 milhões de pessoas...
D) Em virtude de também sabermos = sentido diferente do (C) O desenvolvimento econômico e demográfico custou caro
original… ao rio.

36
LÍNGUA PORTUGUESA
(D) O rio Tietê nasce acima dos mil metros de altitude... Cerimônia = paroxítona terminada em ditongo
(E) ... e traziam ouro. A) tendência = paroxítona terminada em ditongo / crônica =
proparoxítona
“Começava” = pretérito imperfeito do Indicativo B) descartáveis = paroxítona terminada em ditongo / uísque =
(A) ... o Tietê é um regato. = presente do Indicativo regra do hiato
(B) ... ou perto delas moram 30 milhões de pessoas... = presen- C) búzios = paroxítona terminada em ditongo / vestuário = pa-
te do Indicativo roxítona terminada em ditongo
(C) O desenvolvimento econômico e demográfico custou caro D) ótimo = proparoxítona / cipó = oxítona terminada em “o”
ao rio.= pretérito perfeito do Indicativo RESPOSTA: C
(D) O rio Tietê nasce acima dos mil metros de altitude... = pre- 21-) (PREFEITURA DE NOVA FRIBURGO-RJ – SECRETÁRIO ES-
sente do Indicativo COLAR - EXATUS/2015 ) Os termos destacados abaixo estão corre-
(E) ... e traziam ouro. = pretérito imperfeito do Indicativo tamente analisados quanto à função sintática em:
RESPOSTA: “E” I - “O cidadão é livre” – predicativo do sujeito.
II - “A gente tem um ressaca” – objeto direto.
19-) (TÉCNICO EM REGULAMENTAÇÃO DE AVIAÇÃO CIVIL - III - O Boldo resolve – predicado verbal.
A) Apenas I e II.
ESAF/2015) Assinale o trecho sem problemas de ortografia.
B) Apenas I e III.
A) No caso de sentir-se prejudicado ou de ter seus direitos des-
C) Apenas II e III.
respeitados, o passageiro de avião deve dirijir-se primeiro à empre-
D) I, II e III.
sa aérea contratada, para reinvindicar seus direitos como consumi-
dor. I - “O cidadão é livre” – predicativo do sujeito = correta
B) É possível, também, registrar reclamação contra a empresa II - “A gente tem um ressaca” – objeto direto = correta
aérea na ANAC, que analizará o fato. III - O Boldo resolve – predicado verbal = correta
C) Se a ANAC constatar descomprimento de normas da aviação RESPOSTA: D
civil, poderá aplicar sanção administrativa à empresa.
D) No entanto, a ANAC não é parte na relação de consumo fir- 22-) (JUCEPAR-PR – ADMINISTRADOR - FAU/2016)
mada entre o passageiro e a empresa aérea, razão pela qual não é
possível buscar indenização na Agência. A essência da infância
E) Para exijir indenização por danos morais e/ou materiais, con- Como a convivência íntima com os filhos é capaz de transfor-
sulte os órgãos de defesa do consumidor, e averigúe antecipada- mar
mente se está de posse dos comprovantes necessários. a relação das crianças consigo mesmas e com o mundo
Trechos adaptados de <http://www.infraero.gov.br/images/
stories/ Crianças permanentemente distraídas com o celular ou o ta-
guia/2014/guiapassageiro2014_portugues.pdf> Acesso em: blet. Agenda cheia de tarefas e aulas depois da escola. Pais que não
17/12/2015. conseguem impor limites e falar “não”. Os momentos de lazer que
ficaram restritos ao shopping Center, em vez de descobertas ao ar
Por itens: livre. Quais as implicações desse conjunto de hábitos e comporta-
A) No caso de sentir-se prejudicado ou de ter seus direitos des- mentos para nossos filhos? Para o pediatra Daniel Becker, esses têm
respeitados, o passageiro de avião deve dirijir-se (DIRIGIR-SE) pri- sido verdadeiros pecados cometidos à infância, que prejudicarão as
meiro à empresa aérea contratada, para reinvindicar (REIVINDICAR) crianças até a vida adulta. Pioneiro da Pediatria Integral, prática
seus direitos como consumidor. que amplia o olhar e o cuidado para promover o desenvolvimento
B) É possível, também, registrar reclamação contra a empresa pleno e o bem-estar da criança e da família, Daniel defende que
aérea na ANAC, que analizará (ANALISARÁ) o fato. devemos estar próximos dos pequenos – esse, sim, é o melhor pre-
C) Se a ANAC constatar descomprimento (DESCUMPRIMENTO) sente a ser oferecido. E que desenvolver intimidade com as crianças,
além de um tempo reservado ao lazer com elas, faz a diferença.
de normas da aviação civil, poderá aplicar sanção administrativa à
Para o bem-estar delas e para toda a família.
empresa.
(Revista Vida Simples. Dezembro de 2015).
D) No entanto, a ANAC não é parte na relação de consumo fir-
O tema central do texto a essência da infância refere-se:
mada entre o passageiro e a empresa aérea, razão pela qual não é
(A) Às tecnologias disponíveis.
possível buscar indenização na Agência. (B) À importância do convívio familiar.
E) Para exijir (EXIGIR) indenização por danos morais e/ou ma- (C) Às preocupações do pediatra Daniel Becker.
teriais, consulte os órgãos de defesa do consumidor, e averigúe (D) À importância de impor limites.
(AVERIGUE) antecipadamente se está de posse dos comprovantes (E) Ao exagerado consumo.
necessários.
RESPOSTA: D Fica clara a intenção do autor: mostrar a importância do con-
vívio familiar (E que desenvolver intimidade com as crianças, além
20-) (PREFEITURA DE NOVA FRIBURGO-RJ – SECRETÁRIO ES- de um tempo reservado ao lazer com elas, faz a diferença. Para o
COLAR - EXATUS/2015 ) Assinale a alternativa em que a palavra é bem-estar delas e para toda a família).
acentuada pela mesma razão que “cerimônia”: RESPOSTA: B
A) tendência – crônica.
B) descartáveis – uísque.
C) búzios – vestuário.
D) ótimo – cipó.

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LÍNGUA PORTUGUESA
23-) (JUCEPAR-PR – ADMINISTRADOR - FAU/2016) No excerto: Destaquei os termos que se relacionam:
“... esses têm sido verdadeiros pecados cometidos à infância...”. O Até o século passado, as margens e várzeas do Tietê eram evi-
pronome em destaque refere-se a: tadas pela população, temerosa das enchentes e do risco de DOEN-
(A) Celular e tablet. ÇAS que APARECIAM depois delas.
(B) Agenda. Eram evitadas / temerosa / apareciam.
(C) Aulas depois da escola. RESPOSTA: A
(D) Visitas ao shopping Center.
(E) Conjunto de hábitos. 28-) (JUCEPAR-PR – ADMINISTRADOR - FAU/2016) Na frase:
“O livro que estou lendo é muito interessante”. A palavra destacada
Voltemos ao texto: “Quais as implicações desse conjunto de há- é um:
bitos e comportamentos para nossos filhos? Para o pediatra Daniel (A) Artigo.
Becker, esses têm sido (..)” (B) Substantivo.
RESPOSTA: E (C) Adjetivo.
(D) Verbo.
24-) (JUCEPAR-PR – ADMINISTRADOR - FAU/2016) No frag- (E) Pronome.
mento: “... além de um tempo reservado ao lazer com elas...”. A pa-
lavra destacada expressa ideia de: Quando conseguimos substituir o “que” por “o qual” temos um
(A) Ressalva. caso de pronome relativo – como na questão.
(B) Conclusão. RESPOSTA: E
(C) Adição.
(D) Advertência. 29-) (JUCEPAR-PR – ADMINISTRADOR - FAU/2016 - adaptada)
(E) Explicação. No período: “ANS reforça campanha contra o mosquito transmissor
da dengue e zika”. O verbo em destaque apresenta-se:
Dá-nos a ideia de adição. (A) Na voz passiva.
RESPOSTA: C (B) Na voz ativa.
(C) Na voz reflexiva.
25-) (JUCEPAR-PR – ADMINISTRADOR - FAU/2016) No período: (D) Na voz passiva analítica.
“Para o pediatra Daniel Becker, esses têm sido verdadeiros pecados (E) Na voz passiva sintética.
cometidos à infância, que prejudicarão as crianças até a vida adul-
ta”. O verbo destacado está respectivamente no modo e tempo do: Temos sujeito (ANS) praticando a ação (reforça), portanto voz
(A) Indicativo – presente. ativa.
(B) Subjuntivo – pretérito. RESPOSTA: B
(C) Subjuntivo – futuro.
(D) Indicativo – futuro. 30-) (JUCEPAR-PR – ADMINISTRADOR - FAU/2016) Na frase:
(E) Indicativo – pretérito. Ao terminar a prova, todos os candidatos deverão aguardar a verifi-
cação dos aplicadores. A oração destacada faz referência a
Quando o verbo termina em “ão”: indica uma ação que aconte- (A) Condição.
cerá – futuro do presente do Indicativo. (B) Finalidade.
RESPOSTA: D (C) Tempo.
(D) Comparação.
26-) (JUCEPAR-PR – ADMINISTRADOR - FAU/2016) Na frase: Se (E) Conformidade.
não chover hoje à tarde faremos um belíssimo passeio. Há indicação A frase nos dá a ideia do momento (tempo) em que deveremos
de: aguardar a verificação por parte dos aplicadores.
(A) Comparação. RESPOSTA: C
(B) Condição.
(C) Tempo. 31-) (DPE-RR – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO - FCC/2015)
(D) Concessão. Mas não vou pegá-lo − o poema já foi reescrito várias vezes em
(E) Finalidade. outros poemas; e o meu boi no asfalto ainda me enche de luz, trans-
formado em minha própria estrela.
O trecho apresenta uma condição para que façamos um belís- Atribuindo-se caráter hipotético ao trecho acima, os verbos su-
simo passeio: não chover. blinhados devem assumir a seguinte forma:
RESPOSTA: B (A) iria − iria ser − teria enchido
27-) (SABESP/SP – AGENTE DE SANEAMENTO AMBIENTAL 01 (B) ia − tinha sido − encheria
– FCC/2014) Até o século passado, as margens e várzeas do Tietê (C) viria − iria ser − encheria
...... pela população, ...... das enchentes e do risco de doenças que (D) iria − teria sido − encheria
...... depois delas. (E) viria − teria sido − teria enchido
Os espaços da frase acima estarão corretamente preenchidos,
na ordem dada, por: O modo verbal que trabalha com hipótese é o Subjuntivo. Fa-
(A) eram evitadas − temerosa − apareciam çamos as transformações: Mas não iria pegá- -lo − o poema já
(B) era evitadas − temerosa − aparecia teria sido reescrito várias vezes em outros poemas; e o meu boi no
(C) era evitado − temerosas − apareciam asfalto ainda me encheria de luz, transformado em minha própria
(D) era evitada − temeroso − aparecia estrela.
(E) eram evitadas − temeroso – aparecia RESPOSTA: D

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LÍNGUA PORTUGUESA
32-) (METRÔ/SP – TÉCNICO SISTEMAS METROVIÁRIOS CIVIL – 34-) (DPE-RR – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO - FCC/2015 -
FCC/2014 - adaptada) adaptada) Considere o texto abaixo para responder à questão.
...’sertanejo’ indicava indistintamente as músicas produzidas no O pesquisador e médico sanitarista Luiz Hildebrando Pereira da
interior do país... Silva tornou-se professor titular de parasitologia em 1997, assumin-
Transpondo-se a frase acima para a voz passiva, a forma verbal do a direção dos programas de pesquisa em Rondônia − numa das
resultante será: frentes avançadas da USP na Amazônia −, que reduziram o percen-
(A) vinham indicadas. tual de registros de malária em Rondônia de 40% para 7% do total
(B) era indicado. de casos da doença na região amazônica em uma década.
(C) eram indicadas. (Adaptado de: revistapesquisa.fapesp.br/2014/10/09/o-cien-
(D) tinha indicado. tista-
(E) foi indicada. das-doencas-tropicais)

‘sertanejo’ indicava indistintamente as músicas produzidas no ... que reduziram o percentual de registros de malária em Ron-
interior do país. dônia...
As músicas produzidas no país eram indicadas pelo sertanejo, O elemento que justifica a flexão do verbo acima é:
indistintamente. (A) casos da doença.
RESPOSTA: C (B) frentes avançadas da USP na Amazônia.
(C) registros de malária.
33-) (DPE-RR – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO - FCC/2015) As (D) programas de pesquisa em Rondônia.
normas de concordância estão respeitadas em: (E) investigações sobre a malária em Rondônia.
(A) Deflagrada em 1789 com a queda da Bastilha – prisão pari-
siense onde se confinava criminosos e dissidentes políticos − a Re- Recorramos ao texto: “assumindo a direção dos programas de
volução Francesa levou milhares de condenados à guilhotina. pesquisa em Rondônia − numa das frentes avançadas da USP na
(B) A maré das inovações democráticas na Europa e nos Esta- Amazônia −, que reduziram o percentual”. O termo entre “traços”
dos Unidos chegariam com algum atraso ao é um aposto, uma informação a mais. O verbo se relaciona com o
Brasil, mas com efeito igualmente devastador. termo anteriormente citado (programas).
(C) As ideias revolucionárias do século 18, apesar do isolamen- RESPOSTA: D
to do país, viajava na bagagem da pequena elite brasileira que tive-
ra oportunidade de estudar em Portugal. 35-) (DPE-RR – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO - FCC/2015 -
(D) No final do século 18, haviam mudanças profundas na tec- adaptada) Considere o texto abaixo para responder à questão.
nologia, com a invenção das máquinas a vapor protagonizadas pe-
los ingleses. Sobre a vinda ao Brasil, Luiz Hildebrando Pereira da Silva afir-
(E) Em 1776, ano da Independência dos Estados Unidos, havia mou: “Quando me aposentei na França, considerando-me ainda vá-
nove universidades no país, incluindo a prestigiada Harvard, e che- lido, hesitei antes de tomar a decisão de me reintegrar às atividades
gava a três milhões de exemplares por ano a circulação de jornais. de pesquisa na Amazônia. Acabei decidindo. (...) Eu me ...... um ve-
lho ranzinza se ....... ficado na França plantando rosas”.
Correções: (Adaptado de: cremesp.org.br)
(A) Deflagrada em 1789 com a queda da Bastilha – prisão pari-
siense onde se confinava (CONFINAVAM) criminosos e dissidentes Considerado o contexto, preenchem corretamente as lacunas
políticos − a Revolução Francesa levou milhares de condenados à da frase acima, na ordem dada:
guilhotina. (A) tornarei − tinha
(B) A maré das inovações democráticas na Europa e nos Esta- (B) tornara − tivesse
dos Unidos chegariam (CHEGARIA) com algum atraso ao Brasil, mas (C) tornarei − tiver
com efeito igualmente devastador. (D) tornaria − tivesse
(C) As ideias revolucionárias do século 18, apesar do isolamen- (E) tornasse – tivera
to do país, viajava (VIAJAVMA) na bagagem da pequena elite brasi-
leira que tivera oportunidade de estudar em Portugal. Pelo contexto, é possível identificar que se trata de uma hipó-
(D) No final do século 18, haviam (HAVIA) mudanças profundas tese (se tivesse ficado na França, ele se tornaria um velho ranzinza).
na tecnologia, com a invenção das máquinas a vapor protagoniza- RESPOSTA: D
das pelos ingleses.
(E) Em 1776, ano da Independência dos Estados Unidos, havia 36-) (TRF 3ªREGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO - EDIFICAÇÕES -
nove universidades no país, incluindo a prestigiada Harvard, e che- FCC/2016 - adaptada) O acréscimo de uma vírgula após o termo
gava a três milhões de exemplares por ano a circulação de jornais. sublinhado não altera o sentido nem a correção do trecho:
RESPOSTA: E (A) A ideia de cidade inteligente sempre aparece relacionada à
abertura de bases de dados por parte dos órgãos públicos.
(B) Há experiências importantes em cidades brasileiras tam-
bém.
(C) ... uma parte prioriza a transparência como meio de pres-
tação de contas e responsabilidade política frente à sociedade civil,
como a ideia de governo aberto...
(D) ...outra parte prioriza a participação popular através da in-
teratividade, bem como a cooperação técnica para o reuso de da-
dos abertos por entidades e empresas.

39
LÍNGUA PORTUGUESA
(E) Contudo, existem estudos que apontam que bastariam me- (C) Londres e Barcelona estão entre as cidades que mais des-
ros quatro pontos de dados para identificar os movimentos de uma taca-se em termos de inteligência, com avançados centros de ope-
pessoa na cidade. ração de dados.
(D) São necessários viabilizar projetos de cidades inteligentes,
Vejamos: amparados em políticas públicas que salvaguardam os dados aber-
(A) A ideia de cidade inteligente sempre aparece, relacionada tos dos cidadãos.
à abertura de bases de dados por parte dos órgãos públicos. = in- (E) O aprimoramento de técnicas de informatização de dados
correta permitiu que surgisse um novo conceito de cidade, concebido como
(B) Há experiências importantes em cidades brasileiras, tam- espaço de fluxos.
bém. = correta
(C) ... uma parte, prioriza a transparência como meio de pres- Analisando:
tação de contas e responsabilidade política frente à sociedade civil, (A) Obtido (OBTIDOS) pela identificação por radiofrequência,
como a ideia de governo aberto... = incorreta os dados das placas de veículos são passíveis em (DE) oferecer in-
(D) ...outra parte prioriza a participação popular através da in- formações valiosas acerca dos motoristas.
teratividade, bem como a cooperação técnica para o reuso de da- (B) Na cidade inteligente, a automatização da gestão de setores
dos, abertos por entidades e empresas. = incorreta urbanos são facilitadores (É FACILITADORA) de serviços imprescin-
(E) Contudo, existem estudos, que apontam que bastariam me- díveis (IMPRESCINDÍVEIS), como saúde, educação e segurança.
ros quatro pontos de dados para identificar os movimentos de uma (C) Londres e Barcelona estão entre as cidades que mais des-
pessoa na cidade. = incorreta taca-se (SE DESTACAM) em termos de inteligência, com avançados
RESPOSTA: B centros de operação de dados.
(D) São necessários (É NECESSÁRIO) viabilizar projetos de ci-
37-) (TRF 3ªREGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO - EDIFICAÇÕES - dades inteligentes, amparados em políticas públicas que salvaguar-
FCC/2016) A alternativa em que a expressão sublinhada pode ser dam os dados abertos dos cidadãos.
substituída pelo que se apresenta entre colchetes, respeitando-se a (E) O aprimoramento de técnicas de informatização de dados
concordância, e sem quaisquer outras alterações no enunciado, é: permitiu que surgisse um novo conceito de cidade, concebido como
(A) A maioria das tecnologias necessárias para as cidades inte- espaço de fluxos.
ligentes já são viáveis economicamente em todo o mundo... [viável] RESPOSTA: E
(B) A ideia de cidade inteligente sempre aparece relacionada
à abertura de bases de dados por parte dos órgãos públicos. [rela- 39-) (TRF 3ªREGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO - EDIFICAÇÕES
cionado] - FCC/2016) Foram dois segundos de desespero durante os quais
(C) Em nome da eficiência administrativa, podem-se armaze- contemplei o distrato do livro, a infâmia pública, o alcoolismo e a
nar, por exemplo, enormes massas de dados de mobilidade urba- mendicância...
na... [são possíveis] Transpondo-se para a voz passiva o verbo sublinhado, a forma
(D) ...desde bases de dados de saúde e educação públicas, por resultante será:
exemplo, até os dados pessoais... [pública] (A) contemplavam-se.
(E) Contudo, existem estudos que apontam que bastariam me- (B) foram contemplados.
ros quatro pontos de dados... [bastaria] (C) contemplam-se.
(D) eram contemplados.
Analisando: (E) tinham sido contemplados.
(A) A maioria das tecnologias necessárias para as cidades inte-
ligentes já são viáveis economicamente em todo o mundo... [viável] O distrato do livro, a infâmia pública, o alcoolismo e a mendi-
= já é viável cância foram contemplados por mim.
(B) A ideia de cidade inteligente sempre aparece relacionada à RESPOSTA: B
abertura de bases de dados por parte dos órgãos públicos. [relacio- 40-) (TRF 3ªREGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO - EDIFICAÇÕES -
nado] = teríamos que alterar a palavra “ideia” por um substantivo FCC/2016) O sinal indicativo de crase está empregado corretamen-
masculino te em:
(C) Em nome da eficiência administrativa, podem-se armaze- (A) Não era uma felicidade eufórica, semelhava-se mais à uma
nar, por exemplo, enormes massas de dados de mobilidade urba- brisa de contentamento.
na... [são possíveis] = são possíveis armazenamentos (inclusão des- (B) O vinho certamente me induziu àquela súbita vontade de
se termo) abraçar uma árvore gigante.
(D) ...desde bases de dados de saúde e educação públicas, por (C) Antes do fim da manhã, dediquei-me à escrever tudo o que
exemplo, até os dados pessoais... [pública] = ok me propusera para o dia.
(E) Contudo, existem estudos que apontam que bastariam me- (D) A paineira sobreviverá a todas às 18 milhões de pessoas
ros quatro pontos de dados... [bastaria] = bastaria um ponto que hoje vivem em São Paulo.
RESPOSTA: D (E) Acho importante esclarecer que não sou afeito à essa tradi-
ção de se abraçar árvore.
38-) (TRF 3ªREGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO - EDIFICAÇÕES -
FCC/2016) A frase cuja redação está inteiramente correta é: Por item:
(A) Obtido pela identificação por radiofrequência, os dados das (A) Não era uma felicidade eufórica, semelhava-se mais à (A)
placas de veículos são passíveis em oferecer informações valiosas uma brisa de contentamento. = antes de artigo indefinido
acerca dos motoristas. (B) O vinho certamente me induziu àquela súbita vontade de
(B) Na cidade inteligente, a automatização da gestão de setores abraçar uma árvore gigante.
urbanos são facilitadores de serviços imprecindíveis, como saúde, (C) Antes do fim da manhã, dediquei-me à (A) escrever tudo o
educação e segurança. que me propusera para o dia. = antes de verbo no infinitivo

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LÍNGUA PORTUGUESA
(D) A paineira sobreviverá a todas às (AS) 18 milhões de pesso- 44-) (PREFEITURA DE CUIABÁ-MT – VIGILANTE - FGV/2015)
as que hoje vivem em São Paulo. = função de artigo “15 segundos de novela bastam para me matar de tédio.” A expres-
(E) Acho importante esclarecer que não sou afeito à (A) essa são “me matar de tédio” expressa
tradição de se abraçar árvore. = antes de pronome demonstrativo (A) uma comparação.
RESPOSTA: B (B) uma ironia.
(C) um exagero.
41-) (CÂMARA MUNICIPAL DE SÃO PAULO – TÉCNICO AD- (D) uma brincadeira.
MINISTRATIVO – FCC/2014) (E) uma ameaça.
... muita gente se surpreenderia ao descobrir que Adoniran era
também cantor-compositor. Hipérbole = exagero
O verbo que possui o mesmo tipo de complemento que o des- RESPOSTA: C
tacado acima está empregado em:
(A) E Adoniran estava tão estabelecido como ator... 45-) (PREFEITURA DE CUIABÁ-MT – VIGILANTE - FGV/2015)
(B) Primeiro surgiu o cantor-compositor... Dizer que “a vida é um mar de rosas” é uma comparação que é
(C) Sim, hoje em dia esse título parece pleonástico... denominada, em termos de linguagem figurada, de
(D) Adoniran Barbosa era tão talentoso e versátil... (A) metáfora.
(E) ... a Revista do Rádio noticiava uma grande revolução... (B) pleonasmo.
(C) metonímia.
Descobrir = exige objeto direto (D) hipérbole.
(A) E Adoniran estava = verbo de ligação (E) eufemismo.
(B) Primeiro surgiu o cantor-compositor. = intransitivo
Metáfora - consiste em utilizar uma palavra ou uma expressão
(C) Sim, hoje em dia esse título parece pleonástico = verbo de
em lugar de outra, sem que haja uma relação real, mas em virtude
ligação
da circunstância de que o nosso espírito as associa e percebe entre
(D) Adoniran Barbosa era tão talentoso e versátil = verbo de
elas certas semelhanças. É o emprego da palavra fora de seu sen-
ligação
(E) ... a Revista do Rádio noticiava = exige objeto direto tido normal.
RESPOSTA: E RESPOSTA: A

42-) (TRT 23ª REGIÃO-MT – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JU- 46-) (PREFEITURA DE CUIABÁ-MT – VIGILANTE - FGV/2015)
DICIÁRIA - FCC/2016 - adaptada) “Bobagem imaginar que a vida é um mar de rosas só por causa de
Atribuindo-se sentido hipotético para o segmento E é curioso um enredo açucarado.”
que nunca tenha sabido ao certo de onde eles vinham..., os verbos Um “enredo açucarado” significa um enredo
devem assumir as seguintes formas: (A) engraçado.
(A) teria sido − soubesse − viriam (B) crítico.
(B) será − saiba − virão (C) psicológico.
(C) era − tivesse sabido − viriam (D) aventureiro.
(D) fora − tivera sabido − vieram (E) sentimental.
(E) seria − tivesse sabido – viriam
Questão de interpretação dentro de um contexto. Açucarado
Hipótese é com o modo subjuntivo: E seria curioso que nunca geralmente se refere a um texto doce, sentimental.
tivesse sabido ao certo de onde eles viriam... RESPOSTA: E
RESPOSTA: E
47-) (PREFEITURA DE CUIABÁ-MT – VIGILANTE - FGV/2015)
43-) (TRT 23ª REGIÃO-MT – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JU- Assinale a opção cujo par não é formado por substantivo + adjetivo.
DICIÁRIA - FCC/2016 - adaptada) (A) Enredo açucarado.
Mas a grandeza das manhãs se media pela quantidade de mu- (B) Dias atuais.
lungus... (C) Produto cultural.
Na frase acima, alterando-se de voz passiva sintética para ana- (D) Tremendo preconceito.
lítica, a forma verbal resultante é: (E) Telenovela brasileira.
(A) tinha sido medida
(B) tinham sido medidos
Analisemos:
(C) era medida
(A) Enredo açucarado. = substantivo + adjetivo
(D) eram medidas
(B) Dias atuais. = substantivo + adjetivo
(E) seria medida
(C) Produto cultural. = substantivo + adjetivo
A grandeza da manhã era medida pela quantidade de mulun- (D) Tremendo preconceito. Adjetivo + substantivo (no contex-
gus (na analítica basta retirar o pronome apassivador e fazer as al- to, “tremendo” tem sentido de adjetivo – grande; pode-se classifi-
terações adequadas). car como verbo + substantivo, mas o enunciado cita “par”, portanto
RESPOSTA: C a classificação deve considerar tal formação)
(E) Telenovela brasileira. = substantivo + adjetivo
RESPOSTA: D

41
LÍNGUA PORTUGUESA
48-) (TJ-PI – ANALISTA JUDICIAL – ESCRIVÃO - FGV/2015) “Seja (C) a forma “sobre” deveria ser substituída pela forma “sob”;
você a mudança no trânsito”; a forma de reescrever-se essa mesma (D) a forma “enfim” deveria ser grafada em duas palavras “em
frase que mostra uma incorreção da forma verbal no imperativo é: fim”;
(A) sê tu a mudança no trânsito; (E) a forma “dos demais” deveria ser substituída por “das de-
(B) sejamos nós a mudança no trânsito; mais”, por referir-se ao feminino “ações”.
(C) sejam vocês a mudança no trânsito;
(D) seja ele a mudança no trânsito; Análise:
(E) sejai vós a mudança no trânsito. (A) a forma verbal “deveríamos” tem como sujeito todos os
motoristas = incorreta (sujeito elíptico = nós)
Correções: (B) a forma verbal “tem” deveria ter acento circunflexo, pois
(A) sê tu a mudança no trânsito - OK seu sujeito está no plural = exatamente
(B) sejamos nós a mudança no trânsito - OK (C) a forma “sobre” deveria ser substituída pela forma “sob” =
(C) sejam vocês a mudança no trânsito - OK de maneira alguma
(D) seja ele a mudança no trânsito - OK (D) a forma “enfim” deveria ser grafada em duas palavras “em
(E) sejai vós a mudança no trânsito – SEDE VÓS fim” = incorreta
RESPOSTA: E (E) a forma “dos demais” deveria ser substituída por “das de-
mais”, por referir-se ao feminino “ações” = dos demais (cidadãos)
49-) (TJ-PI – ANALISTA JUDICIAL – ESCRIVÃO - FGV/2015 - RESPOSTA: B
adaptada)
“Vivemos numa sociedade que tem o hábito de responsabilizar 51-) (IBGE – ANALISTA GEOPROCESSAMENTO - FGV/2016) O
o Estado, autoridades e governos pelas mazelas do país. Em muitos termo em função adjetiva sublinhado que está substituído por um
casos são críticas absolutamente procedentes, mas, quando o tema adjetivo inadequado é:
é segurança no trânsito, não nos podemos esquecer que quem faz o (A) “A arte da previsão consiste em antecipar o que irá acon-
trânsito são seres humanos, ou seja, somos nós”. tecer e depois explicar por que não aconteceu”. (anônimo) / divi-
O desvio de norma culta presente nesse segmento é: natória;
(A) “Vivemos numa sociedade que tem o hábito”: deveria inse- (B) “Por mais numerosos que sejam os meandros do rio, ele
rir a preposição “em” antes do “que”; termina por desembocar no mar”. (Provérbio hindu) / pluviais;
(B) “críticas absolutamente procedentes”: o adjetivo “proce- (C) “A morte nos ensina a transitoriedade de todas as coisas”.
(Leo Buscaglia) / universal;
dentes” deveria ser substituído por “precedentes”;
(D) “Eu não tenho problemas com igrejas, desde que elas não
(C) “Vivemos numa sociedade”: a forma verbal “Vivemos” de-
interfiram no trabalho de Deus”. (Brooks Atkinson) / divino;
veria ser substituída por “vive-se”;
(E) “Uma escola de domingo é uma prisão onde as crianças
(D) “não nos podemos esquecer que quem faz o trânsito”: de-
pagam penitência pela consciência pecadora de seus pais”. (H. L.
veria inserir-se a preposição “de” antes do “que”;
Mencken) / dominical.
(E) “quem faz o trânsito são seres humanos, ou seja, somos
nós”: a forma verbal correta seria “fazemos” e não “faz”.
Vejamos:
(A) “A arte da previsão consiste em antecipar o que irá aconte-
Por item: cer e depois explicar por que não aconteceu”. (anônimo) / divina-
(A) “Vivemos numa sociedade que tem o hábito”: deveria inse- tória = ok
rir a preposição “em” antes do “que” = incorreta (B) “Por mais numerosos que sejam os meandros do rio, ele
(B) “críticas absolutamente procedentes”: o adjetivo “proce- termina por desembocar no mar”. (Provérbio hindu) / pluviais = flu-
dentes” deveria ser substituído por “precedentes” = mudaria o sen- viais (pluvial é da chuva)
tido do período (C) “A morte nos ensina a transitoriedade de todas as coisas”.
(C) “Vivemos numa sociedade”: a forma verbal “Vivemos” de- (Leo Buscaglia) / universal = ok
veria ser substituída por “vive-se” = incorreta (D) “Eu não tenho problemas com igrejas, desde que elas não
(D) “não nos podemos esquecer que quem faz o trânsito”: de- interfiram no trabalho de Deus”. (Brooks Atkinson) / divino = ok
veria inserir-se a preposição “de” antes do “que” = nos esquecer (E) “Uma escola de domingo é uma prisão onde as crianças
de que pagam penitência pela consciência pecadora de seus pais”. (H. L.
(E) “quem faz o trânsito são seres humanos, ou seja, somos Mencken) / dominical = ok
nós”: a forma verbal correta seria “fazemos” e não “faz” = incorreta RESPOSTA: B
RESPOSTA: D
52-) (IBGE – ANALISTA GEOPROCESSAMENTO - FGV/2016) A
50-) (TJ-PI – ANALISTA JUDICIAL – ESCRIVÃO - FGV/2015 - frase em que o vocábulo mas tem valor aditivo é:
adaptada) (A) “Perseverança não é só bater em porta certa, mas bater até
“Deveríamos aproveitar a importância desta semana para re- abrir”. (Guy Falks);
fletir sobre nosso comportamento como pedestres, passageiros, (B) “Nossa maior glória não é nunca cair, mas sim levantar toda
motoristas, motociclistas, ciclistas, pais, enfim, como cidadãos cujas vez que caímos”. (Oliver Goldsmith);
ações tem reflexo na nossa segurança, assim como dos demais”. (C) “Eu caminho devagar, mas nunca caminho para trás”.
O comentário correto sobre os componentes desse segmento (Abraham Lincoln);
é: (D) “Não podemos fazer tudo imediatamente, mas podemos
(A) a forma verbal “deveríamos” tem como sujeito todos os fazer alguma coisa já”. (Calvin Coolidge);
motoristas; (E) “Ele estudava todos os dias do ano, mas isso contribuía para
(B) a forma verbal “tem” deveria ter acento circunflexo, pois seu progresso”. (Nouailles).
seu sujeito está no plural;

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LÍNGUA PORTUGUESA
A alternativa que apresenta adição de ideias é: “ele estudava e Não se inicia um período com pronome oblíquo.
isso contribuía para seu progresso”. RESPOSTA: A
RESPOSTA: E
56-) (METRÔ/SP – TÉCNICO SEGURANÇA DO TRABALHO –
53-) (IBGE – ANALISTA GEOPROCESSAMENTO - FGV/2016) Em FCC/2014) Substituindo-se o segmento grifado pelo que está entre
todas as frases abaixo o verbo ter foi empregado no lugar de outros parênteses, o verbo que se mantém corretamente no singular, sem
com significado mais específico. A frase em que a substituição por que nenhuma outra alteração seja feita na frase, está em:
esses verbos mais específicos foi feita de forma adequada é: (A) ...cada toada representa uma saudade... (todas as toadas)
(A) “Nunca é tarde para ter uma infância feliz”. (Tom Robbins) (B) Acrescenta o antropólogo Allan de Paula Oliveira... (os an-
/ desfrutar de; tropólogos)...
(B) “Você pode aprender muito com crianças. Quanta paciência (C) A canção popular conserva profunda nostalgia da roça. (As
você tem, por exemplo”. (Franklin P. Jones) / você oferece; canções populares)
(C) “O maior recurso natural que qualquer país pode ter são (D) Num tempo em que homem só cantava em tom maior e voz
suas crianças”. (Danny Kaye) / usar; grave... (quase todos os homens)
(D) “Acreditar que basta ter filhos para ser pai é tão absurdo (E) ...’sertanejo’ passou a significar o caipira do Centro-Sul... (os
quanto acreditar que basta ter instrumentos para ser um músico”. caipiras do Centro-Sul)
(Mansour Challita) / originar;
(E) “A família é como a varíola: a gente tem quando criança e (A) representa uma saudade... (todas as toadas) = representam
fica marcado para o resto da vida”. (Sartre) / sofre. (B) Acrescenta (os antropólogos)... = acrescentam
(C) conserva profunda nostalgia da roça. (As canções popula-
Façamos as alterações propostas para facilitar a análise: res) = conservam
(A) “Nunca é tarde para desfrutar de uma infância feliz”. (Tom (D) só cantava em tom maior e voz grave... (quase todos os ho-
Robbins) / desfrutar de; mens) = cantavam
(B) “Você pode aprender muito com crianças. Quanta paciência (E) passou a significar o caipira do Centro-Sul... (os caipiras do
você oferece, por exemplo”. (Franklin P. Jones) / oferece; Centro-Sul) = passou (o termo ficará entre aspas, significando um
(C) “O maior recurso natural que qualquer país pode usar são apelido)
suas crianças”. (Danny Kaye) / usar; RESPOSTA: E
(D) “Acreditar que basta originar filhos para ser pai é tão absur-
do quanto acreditar que basta ter instrumentos para ser um músi- 57-) (EMSERH – FONOAUDIÓLOGO - FUNCAB/2016) Considere
co”. (Mansour Challita) / originar; as seguintes afirmações sobre aspectos da construção linguística:
(E) “A família é como a varíola: a gente sofre quando criança e I. Atentando para o uso do sinal indicativo de crase, o A no
fica marcado para o resto da vida”. (Sartre) / sofre. pronome AQUELA, em todas as ocorrências no segmento “Aquela
RESPOSTA: A música se estranhava nos moradores, mostrando que aquele bairro
não pertencia àquela terra.”, deveria ser acentuado.
54-) (EMSERH – FONOAUDIÓLOGO - FUNCAB/2016) Sobre os II. Nas frases “O REMÉDIO, enfim, se haveria de pensar.” / “des-
elementos destacados do fragmento “Em verdade, seu astro não dobrando-se em outras felizes EXISTÊNCIAS”, as palavras destaca-
era o Sol. Nem seu país não era a vida.”, leia as afirmativas. das são acentuadas obedecendo à mesma regra de acentuação.
I. A expressão EM VERDADE pode ser substituída, sem altera- III. Na frase “– ESSES são pássaros muito excelentes, desses
ção de sentido por COM EFEITO. com as asas todas de fora.”, o elemento destacado exerce função
II. ERA O SOL formam o predicado verbal da primeira oração. anafórica, exprimindo relação coesiva referencial.
III. NEM, no contexto, é uma conjunção coordenativa. Está correto apenas o que se afirma em:
Está correto apenas o que se afirma em: A) I.
A) I. B) II.
B) II e III. C) III.
C) I e II. D) I e III.
D) III. E) II e III.
E) I e III.
Analisemos:
Na alternativa II – “era o Sol” formam o predicado nominal. I. Atentando para o uso do sinal indicativo de crase, o A no
RESPOSTA: E pronome AQUELA, em todas as ocorrências no segmento “Aquela
música se estranhava nos moradores, mostrando que aquele bairro
55-) (EMSERH – FONOAUDIÓLOGO - FUNCAB/2016) Do ponto não pertencia àquela terra.”, deveria ser acentuado = errado (o úni-
de vista da norma culta, a única substituição pronominal realizada co que deve receber acento grave é “aquela”, neste caso)
que feriu a regra de colocação foi: II. Nas frases “O REMÉDIO, enfim, se haveria de pensar.” / “des-
A) “Chamavam-lhe o passarinheiro.” = Lhe chamavam o passa- dobrando-se em outras felizes EXISTÊNCIAS”, as palavras destaca-
rinheiro. das são acentuadas obedecendo à mesma regra de acentuação.
B) “O mundo inteiro se fabulava.” = O mundo inteiro fabulava- Remédio – paroxítona terminada em ditongo / existência - pa-
-se. roxítona terminada em ditongo
C) “Eles se igualam aos bichos silvestres, concluíam” = Eles III. Na frase “– ESSES são pássaros muito excelentes, desses com
igualam-se aos bichos silvestres, concluíam. as asas todas de fora.”, o elemento destacado exerce função anafó-
D) “Os brancos se inquietavam com aquela desobediência” = rica, exprimindo relação coesiva referencial. = função anafórica é a
Os brancos inquietavam-se com aquela desobediência. relação de um termo com outro que será citado (esses pássaros)
E) “O remédio, enfim, se haveria de pensar.” = O remédio, en- RESPOSTA: E
fim, haver-se-ia de pensar.

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LÍNGUA PORTUGUESA
58-) (CÂMARA MUNICIPAL DE VASSOURAS-RJ – MOTORISTA - 62-) (UFPB-PB – AUXILIAR EM ADMINISTRAÇÃO - IDE-
IBFC/2015) Em “Minha geladeira, afortunadamente, está cheia”, o CAN/2016 - adaptada) De acordo com a classe de palavras, assinale
termo em destaque classifica-se, morfologicamente, como: a alternativa em que o termo destacado está associado INCORRE-
A) adjetivo TAMENTE.
B) advérbio A) “E não só isso.” – pronome.
C) substantivo B) “Todas as épocas têm os seus ídolos juvenis.” – substantivo.
D) verbo C) “Até porque quem de nós nunca teve seu ídolo?” – conjun-
E) conjunção ção.
D) “O preparo para a vida adulta envolve uma espécie de liber-
Palavras terminadas em “-mente”, geralmente (!), são advér- tação das opiniões familiares.” – verbo.
bios de modo.
RESPOSTA: B “Nunca” é advérbio (de negação).
RESPOSTA: C
59-) (CÂMARA MUNICIPAL DE VASSOURAS-RJ – MOTORISTA -
IBFC/2015) Considerando a estrutura do período “Quero engordar 63-) (CONFERE – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO - INSTITUTO-
no lugar certo.”, pode-se afirmar, sobre o verbo em destaque que: -CIDADES/2016) Marque a opção em que há total observância às
A) não apresenta complemento regras de concordância verbal:
B) está flexionado no futuro do presente A) “Pesquisadores do clima mundial afirmam que este aqueci-
C) seu sujeito é inexistente mento global está ocorrendo em função”
D) constitui uma oração B) “Nunca se viu mudanças tão rápidas e com efeitos devasta-
dores”
E) expressa a ideia de possibilidade
C) “O desmatamento e a queimada de florestas e matas tam-
bém colabora para este processo”
A - Quero é verbo transitivo direto – precisa de complemento
D) “Infelizmente os Estados Unidos, país que mais emite po-
(objeto) – representado aqui por uma oração (engordar no lugar
luentes no mundo, não aceitou o acordo”
certo).
B – está flexionado no presente Analisemos
C – sujeito elíptico (eu) A) “Pesquisadores do clima mundial afirmam que este aqueci-
E – queria indicaria possibilidade mento global está ocorrendo em função”
RESPOSTA: D B) “Nunca se viu (viram) mudanças tão rápidas e com efeitos
devastadores”
60-) (PREFEITURA DE NATAL-RN – ADMINISTRADOR - IDE- C) “O desmatamento e a queimada de florestas e matas tam-
CAN/2016 - adaptada) A palavra “se” possui inúmeras classificações bém colabora (colaboram) para este processo”
e funções. Acerca das ocorrências do termo “se” em “Exatamente D) “Infelizmente os Estados Unidos, país que mais emite po-
por causa dessa assimetria entre o fotojornalista e os protagonis- luentes no mundo, não aceitou (aceitaram) o acordo”
tas de suas fotos, muitas vezes Messinis deixa a câmera de lado e RESPOSTA: A
põe-se a ajudá-los. Ele se impressiona e se preocupa muito com os 64-) (CONFERE – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO - INSTITUTO-
bebês que chegam nos botes.” pode-se afirmar que -CIDADES/2016) A voz verbal ativa correspondente à voz passiva
A) possuem o mesmo referente. destacada em “A Europa tem sido castigada por ondas de calor” é:
B) ligam orações sintaticamente dependentes. A) Castigaram.
C) apenas o primeiro “se” é pronome apassivador. B) Têm castigado.
D) apenas o último “se” é uma conjunção integrante. C) Castigam.
D) Tinha castigado.
Possuem o mesmo referente (o fotojornalista).
RESPOSTA: A As ondas de calor têm castigado a Europa.
61-) (PREFEITURA DE NATAL-RN – ADMINISTRADOR - IDE- RESPOSTA: B
CAN/2016 - adaptada) Ao substituir “perigos da travessia” por “tra-
vessia”, mantendo-se a norma padrão da língua, em “Obviamente, 65-) (CONFERE – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO - INSTITUTO-
são os mais vulneráveis aos perigos da travessia.” ocorreria: -CIDADES/2016) Marque a opção em que a regência verbal foi DE-
SOBEDECIDA:
A) Facultativamente, o emprego do acento grave, indicador de
A) Todos os países devem se lembrar de que a responsabilidade
crase.
do equilíbrio ambiental é coletiva.
B) A substituição de “aos” por “a”, pois o termo regido teria
B) Todos os países devem lembrar que a responsabilidade do
sido modificado.
equilíbrio ambiental é coletiva.
C) Obrigatoriamente, o emprego do acento grave, indicador de C) Todos os países não devem esquecer-se de que a responsa-
crase, substituindo-se “aos” por “à”. bilidade do equilíbrio ambiental é coletiva.
D) A substituição de “aos” por “a”, já que o termo regente pas- D) Todos os países não devem esquecer de que a responsabili-
saria a não exigir o emprego da preposição. dade do equilíbrio ambiental é coletiva.

Teríamos: Obviamente, são os mais vulneráveis à travessia – Vejamos:


“vulnerável” exige preposição. A) Todos os países devem se lembrar de que a responsabilidade
RESPOSTA: C do equilíbrio ambiental é coletiva - ok
B) Todos os países devem lembrar que a responsabilidade do
equilíbrio ambiental é coletiva - ok

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LÍNGUA PORTUGUESA
C) Todos os países não devem esquecer-se de que a responsa- Campanha a favor da doação de órgãos, já que com tal atitude
bilidade do equilíbrio ambiental é coletiva - ok a vida continua.
D) Todos os países não devem esquecer de que (esquecer que) RESPOSTA: C
a responsabilidade do equilíbrio ambiental é coletiva.
RESPOSTA: D 69-) (MPE-SP – OFICIAL DE PROMOTORIA - VUNESP/2016) As-
sinale a alternativa correta quanto à concordância verbal.
66-) (CONFERE – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO - INSTITU- (A) A mudança de direção da economia fazem com que se alte-
TO-CIDADES/2016) Marque a opção em que as duas palavras são re o tamanho das jornadas de trabalho, porexemplo.
acentuadas por obedecerem a regras distintas: (B) Existe indivíduos que, sem carteira de trabalho assinada,
A) Catástrofes – climáticas. enfrentam grande dificuldade para obter novos recursos.
B) Combustíveis – fósseis. (C) Os investimentos realizados e os custos trabalhistas fizeram
C) Está – país. com que muitas empresas optassem por manter seus funcionários.
D) Difícil – nível. (D) São as dívidas que faz com que grande número dos consu-
midores não estejam em dia com suas obrigações.
Por item: (E) Dados recentes da Associação Nacional dos Birôs de Crédi-
A) Catástrofes = proparoxítona / climáticas = proparoxítona to mostra que 59 milhões de consumidores não pode obter novos
B) Combustíveis = paroxítona terminada em ditongo / fósseis = créditos.
paroxítona terminada em ditongo
C) Está = oxítona terminada em “a” / país = regra do hiato Correções:
D) Difícil = paroxítona terminada em “l” / nível = paroxítona (A) A mudança de direção da economia fazem (FAZ) com que se
terminada em “l” altere o tamanho das jornadas de trabalho, por exemplo.
RESPOSTA: C (B) Existe (EXISTEM) indivíduos que, sem carteira de trabalho
67-) (CONFERE – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO - INSTITUTO- assinada, enfrentam grande dificuldade para obter novos recursos.
-CIDADES/2016) Assim como “redução” e “emissão”, grafam-se, (C) Os investimentos realizados e os custos trabalhistas fizeram
correta e respectivamente, com Ç e SS, as palavras: com que muitas empresas optassem por manter seus funcionários.
A) Aparição e omissão. (D) São as dívidas que faz (FAZEM) com que grande número dos
B) Retenção e excessão. consumidores não estejam (ESTEJA) em dia com suas obrigações.
C) Opreção e permissão. (E) Dados recentes da Associação Nacional dos Birôs de Crédi-
D) Pretenção e impressão. to mostra (MOSTRAM) que 59 milhões de consumidores não pode
(PODEM) obter novos créditos.
A) Aparição = OK / omissão = OK RESPOSTA: C
B) Retenção = OK / excessão = EXCEÇÃO
C) Opreção = OPRESSÃO / permissão = OK 70-) (GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL – CADASTRO RESERVA
D) Pretensão = PRETENSÃO / impressão= OK PARA O METRÔ/DF – ADMINISTRADOR - IADES/2014 - adaptada)
RESPOSTA: a Se, no lugar dos verbos destacados no verso “Escolho os filmes que
eu não vejo no elevador”, fossem empregados, respectivamente,
68-) (SEAP-GO - AUXILIAR DE SAÚDE - SEGPLAN/2016) Leia o Esquecer e gostar, a nova redação, de acordo com as regras sobre
texto publicitário abaixo. regência verbal e concordância nominal prescritas pela norma-
-padrão, deveria ser
(A) Esqueço dos filmes que eu não gosto no elevador.
(B) Esqueço os filmes os quais não gosto no elevador.
(C) Esqueço dos filmes aos quais não gosto no elevador.
(D) Esqueço dos filmes dos quais não gosto no elevador.
(E) Esqueço os filmes dos quais não gosto no elevador.

O verbo “esquecer” pede objeto direto; “gostar”, indireto (com


preposição): Esqueço os filmes dos quais não gosto.
RESPOSTA: “E”.

71-) (GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL – CADASTRO RE-


SERVA PARA O METRÔ/DF – ADMINISTRADOR - IADES/2014
- adaptada) Conforme a norma-padrão, a oração “As obras foram
iniciadas em janeiro de 1992” poderia ser reescrita da seguinte ma-
Pasta. São Paulo, n. 10, p.86 set-out. 2007 neira:
* Com a doação de órgãos, a vida continua. (A) Iniciou-se as obras em janeiro de 1992.
(B) Se iniciou as obras em janeiro de 1992.
A finalidade desse anúncio é (C) Iniciaram-se as obras em janeiro de 1992.
A) Simbolizar o fim da vida. (D) Teve início as obras em janeiro de 1992.
B) Proibir a doação de órgãos. (E) Deu-se início as obras em janeiro de 1992.
C) Estimular a doação de órgãos.
D) Questionar a doação de órgãos.
E) Demonstrar os sinais de pontuação

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LÍNGUA PORTUGUESA
Podemos ir por eliminação: em “A”, o correto seria “iniciaram- (A) a … à … à
-se”; em “B”, não podemos iniciar um período com pronome (ini- (B) à … a … a
ciou-se, ou melhor, iniciaram-se – como em “A”); em “D”: tiveram (C) às … a … à
início; “E”: deu-se início às obras. Portanto, chegamos à resposta (D) as … a … à
correta – pelo caminho mais longo. O caminho mais curto é trans- (E) às … à … a
formar a voz passiva analítica (a do enunciado) em sintética: Inicia-
ram-se as obras. Acostumados ÀS tragédias naturais, os japoneses geralmente
*Dica: a passiva sintética tem o “se” (pronome apassivador). se reerguem em tempo recorde depois de catástrofes.
Sintética = Se (memorize!) Menos de um ano depois da catástrofe, no entanto, o Japão já
RESPOSTA: C voltava A viver a sua rotina.
Um tsunami chegou À costa nordeste do Japão em 2011, dei-
72-) (MPE-SP – OFICIAL DE PROMOTORIA - VUNESP/2016) xando milhares de mortos e desaparecidos.
O SBT fará uma homenagem digna da história de seu proprietá- RESPOSTA: C
rio e principal apresentador: no próximo dia 12 [12.12.2015] coloca-
rá no ar um especial com 2h30 de duração em homenagem a Silvio 75-) (MPE-SP – OFICIAL DE PROMOTORIA - VUNESP/2016) As-
Santos. É o dia de seu aniversário de 85 anos. sinale a alternativa correta quanto ao emprego do verbo, em con-
(http://tvefamosos.uol.com.br/noticias) formidade com a norma-padrão.
As informações textuais permitem afirmar que, em 12.12.2015, (A) Caso Minas Gerais usa a experiência do Japão, pode superar
Sílvio Santos completou seu Mariana e recuperar os danos ambientais e sociais.
(A) octogenário quinquagésimo aniversário. (B) Se Minas Gerais se propuser a usar a experiência do Japão,
(B) octogésimo quinto aniversário. poderá superar Mariana e recuperar os danos ambientais e sociais.
(C) octingentésimo quinto aniversário. (C) Se o Japão se dispor a auxiliar Minas Gerais, Mariana é su-
(D) otogésimo quinto aniversário.
perada e os danos ambientais e sociais recuperados.
(E) oitavo quinto aniversário.
(D) Se o Japão manter seu auxílio a Minas Gerais, Mariana po-
derá ser superada e os danos ambientais e sociais recuperados.
RESPOSTA: B
(E) Caso Minas Gerais faz uso da experiência do Japão, poderá
73-) (MPE-SP – OFICIAL DE PROMOTORIA - VUNESP/2016 - superar Mariana e recuperar os danos ambientais e sociais.
adaptada) Assinale a alternativa correta quanto à norma-padrão e
aos sentidos do texto. Analisemos:
(A) As parcerias nipo-brasileiras pautam-se em cooperação (A) Caso Minas Gerais usa (USE) a experiência do Japão, pode
para contornar as tragédias. (PODERÁ) superar Mariana e recuperar (RECUPARERÁ) os danos
(B) Tanto o Brasil quanto o Japão estão certos que as parcerias ambientais e sociais.
nipo-brasileiras renderão bons frutos. (B) Se Minas Gerais se propuser a usar a experiência do Japão,
(C) A experiência do Japão mostra que não há como discordar poderá superar Mariana e recuperar os danos ambientais e sociais.
com as parcerias nipo-brasileira. (C) Se o Japão se dispor (DISPUSER) a auxiliar Minas Gerais,
(D) A catástrofe vivida em Mariana revela de que são importan- Mariana é (SERÁ) superada e os danos ambientais e sociais recu-
tes as parcerias nipos-brasileiras. perados.
(E) Não se pode esquecer a irrelevância dos momentos de tra- (D) Se o Japão manter (MANTIVER) seu auxílio a Minas Gerais,
gédia e das parcerias nipo-brasileira. Mariana poderá ser superada e os danos ambientais e sociais recu-
perados.
Acertos: (E) Caso Minas Gerais faz (FAÇA) uso da experiência do Japão,
(A) As parcerias nipo-brasileiras pautam-se em cooperação poderá superar Mariana e recuperar os danos ambientais e sociais.
para contornar as tragédias. RESPOSTA: B
(B) Tanto o Brasil quanto o Japão estão certos (DE) que as par-
cerias nipo-brasileiras renderão bons frutos. 76-) (PREFEITURA DE SÃO PAULO/SP – TÉCNICO EM SAÚDE
(C) A experiência do Japão mostra que não há como discordar – LABORATÓRIO – VUNESP/2014)
com as parcerias nipo-brasileira (BRASILEIRAS). Reescrevendo-se o segmento frasal – ... incitá-los a reagir e a
(D) A catástrofe vivida em Mariana revela de que (REVELA QUE) enfrentar o desconforto, ... –, de acordo com a regência e o acento
são importantes as parcerias nipos(NIPO)-brasileiras. indicativo da crase, tem-se:
(E) Não se pode esquecer a irrelevância dos momentos de tra- (A) ... incitá-los à reação e ao enfrentamento do desconforto, ...
gédia e das parcerias nipo- -brasileira(BRASILEIRAS).
(B) ... incitá-los a reação e o enfrentamento do desconforto, ...
RESPOSTA: A
(C) ... incitá-los à reação e à enfrentamento do desconforto, ...
(D) ... incitá-los à reação e o enfrentamento do desconforto, ...
74-) (MPE-SP – OFICIAL DE PROMOTORIA - VUNESP/2016) Ob-
(E) ... incitá-los a reação e à enfrentamento do desconforto, ..
serve:
Acostumados___________ tragédias naturais, os japoneses
geralmente se reerguem em tempo recorde depois de catástrofes. incitá-los a reagir e a enfrentar o desconforto = incitá-los À rea-
Menos de um ano depois da catástrofe, no entanto, o Japão já ção e AO enfrentamento.
voltava________ viver a sua rotina. RESPOSTA: A
Um tsunami chegou ______costa nordeste do Japão em 2011,
deixando milhares de mortos e desaparecidos.
De acordo com a norma-padrão, as lacunas das frases devem
ser preenchidas, respectivamente, com:

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LÍNGUA PORTUGUESA
77-) (TRE/MS - ESTÁGIO – JORNALISMO - TRE/MS – 2014) A assertiva correta quanto à conjugação verbal é:
A) Houveram eleições em outros países este ano.
B) Se eu vir você por aí, acabou.
C) Tinha chego atrasado vinte minutos.
D) Fazem três anos que não tiro férias.
E) Esse homem possue muitos bens.

Correções à frente:
A) Houveram eleições em outros países este ano = houve
C) Tinha chego atrasado vinte minutos = tinha chegado
D) Fazem três anos que não tiro férias = faz três anos
E) Esse homem possue muitos bens = possui
RESPOSTA: “B”.

78-) (TRE/MS - ESTÁGIO – JORNALISMO/2014) Assinale a assertiva cuja regência verbal está correta:
A) Ela queria namorar com ele.
B) Já assisti a esse filme.
C) O caminhoneiro dormiu no volante.
D) Quando eles chegam em Campo Grande?
E) A moça que ele gosta é aquela ali.

Correções:
A) Ela queria namorar com ele = namorar “ele” (ou namorá-lo).
B) Já assisti a esse filme = correta
C) O caminhoneiro dormiu no volante = dormiu ao volante (“no” dá a entender “sobre” o volante!)
D) Quando eles chegam em Campo Grande? = chegaram a Campo Grande
E) A moça que ele gosta é aquela ali = a moça de quem ele gosta
RESPOSTA: “B”.

79-) (TRE/MS - ESTÁGIO – JORNALISMO - TRE/MS – 2014) A acentuação correta está na alternativa:
A) eu abençôo – eles crêem – ele argúi.
B) platéia – tuiuiu – instrui-los.
C) ponei – geléia – heroico.
D) eles têm – ele intervém – ele constrói.
E) lingüiça – feiúra – idéia.

Palavras corrigidas:
A) eu abençoo – eles creem – ele argui.
B) plateia – tuiuiú – instruí-los.
C) pônei – geleia – heroico.
D) eles têm – ele intervém – ele constrói = corretas
E) linguiça – feiura – ideia.
RESPOSTA: D

80-) (SAAE/SP - FISCAL LEITURISTA - VUNESP - 2014)


A Organização Mundial de Saúde (OMS) atesta que o saneamento básico precário consiste _______ grave ameaça ____ saúde hu-
mana. Apesar de disseminada no mundo, a falta de saneamento básico ainda é muito associada _______ uma população de baixa renda,
mais vulnerável devido _______condições de subnutrição e, muitas vezes, de higiene inadequada.
(http://www.tratabrasil.org.br Adaptado)

Assinale a alternativa que completa, correta e respectivamente, as lacunas do texto, segundo a norma- -padrão da língua portu-
guesa.
A) em ... A ... À ... A.
B) em ... À ... A ... A.
C) de ... À ... A ... As.
D) em ... À ... À ... Às.
E) de ... A ... A ... Às.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) atesta que o saneamento básico precário consiste EM grave ameaça À saúde humana. Apesar
de disseminada no mundo, a falta de saneamento básico ainda é muito associada A uma população de baixa renda, mais vulnerável devido
A condições de subnutrição e, muitas vezes, de higiene inadequada. Temos: em, à, a, a.
RESPOSTA: B

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LÍNGUA PORTUGUESA
81-) (CONAB - CONTABILIDADE - IADES - 2014)

De acordo com o que prescreve a norma-padrão acerca do emprego das classes de palavra e da concordância verbal, assinale a alter-
nativa que apresenta outra redação possível para o período “A economia brasileira já faz isso há séculos.”
A) A economia brasileira já faz isso tem séculos.
B) A economia brasileira já faz isso têm séculos.
C) A economia brasileira já faz isso existe séculos.
D) A economia brasileira já faz isso faz séculos.
E) A economia brasileira já faz isso fazem séculos.

O “há” foi empregado no sentido de tempo passado, portanto pode ser substituído por “faz”, no singular: “faz séculos”.
RESPOSTA: “D”.

82-) (TJ-PA - MÉDICO PSIQUIATRA - VUNESP - 2014) Feitas as adequações necessárias, a reescrita do trecho – O Marco Civil garante
a inviolabilidade e o sigilo das comunicações. – permanece correta, de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, em:
A inviolabilidade e o sigilo das comunicações...
A) ... Mantêm-se garantidos pelo marco civil.
B) ... Mantém-se garantidos pelo marco civil.
C) ... Mantêm-se garantido pelo marco civil.
D) ... Mantém-se garantidas pelo marco civil.
E) ... Mantêm-se garantidas pelo marco civil.

O Marco Civil garante a inviolabilidade e o sigilo das comunicações = O verbo “manter” será empregado no plural, concordando com
“inviolabilidade” e “sigilo”, portanto teremos: mantêm-se. Descartamos os itens B e D. Como temos dois substantivos de gêneros diferen-
tes, podemos usar o verbo no masculino ou concordar com o gênero do mais próximo, no caso, “sigilo”. Teremos, então: garantidos (plural,
pois temos dois núcleos – inviolabilidade e sigilo). Assim, chegamos à resposta: mantêm-se / garantidos.
RESPOSTA: A

83-) (TJ-PA - MÉDICO PSIQUIATRA - VUNESP - 2014) Leia o seguinte fragmento de um ofício, citado do Manual de Redação da Presi-
dência da República, no qual expressões foram substituídas por lacunas.

Senhor Deputado
Em complemento às informações transmitidas pelo telegrama n.º 154, de 24 de abril último, informo ______de que as medidas men-
cionadas em ______ carta n.º 6708, dirigida ao Senhor Presidente da República, estão amparadas pelo procedimento administrativo de
demarcação de terras indígenas instituído pelo Decreto n.º 22, de 4 de fevereiro de 1991 (cópia anexa).
(http://www.planalto.gov.br. Adaptado)

A alternativa que completa, correta e respectivamente, as lacunas do texto, de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa e
atendendo às orientações oficiais a respeito do uso de formas de tratamento em correspondências públicas, é:
A) Vossa Senhoria … tua.
B) Vossa Magnificência … sua.
C) Vossa Eminência … vossa.
D) Vossa Excelência … sua.
E) Sua Senhoria … vossa.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Podemos começar pelo pronome demonstrativo. Mesmo utili- 86-) (POLÍCIA CIVIL/SC – AGENTE DE POLÍCIA – ACA-
zando pronomes de tratamento “Vossa” (muitas vezes confundido FE/2014) Na frase “Meu amigo fora lá fora buscar alguma coisa, e
com “vós” e seu respectivo “vosso”), os pronomes que os acom- eu ficara ali, sozinho, naquela janela, presenciando a ascensão da
panham deverão ficar sempre na terceira pessoa (do plural ou do lua cheia”, as palavras destacadas correspondem, morfologicamen-
singular, de acordo com o número do pronome de tratamento). En- te, pela ordem, a:
tão, em quaisquer dos pronomes de tratamento apresentados nas A-) advérbio, advérbio, adjetivo pronominal, advérbio, substan-
alternativas, o pronome demonstrativo será “sua”. Descartamos, tivo.
então, os itens A, C e E. Agora recorramos ao pronome adequado a B-) verbo, pronome adverbial, pronome adjetivo, adjetivo, ver-
ser utilizado para deputados. Segundo o Manual de Redação Oficial, bo.
temos: C-) verbo, advérbio, pronome adjetivo, adjetivo, substantivo.
Vossa Excelência, para as seguintes autoridades: D-) advérbio, substantivo, adjetivo, substantivo, adjetivo.
b) do Poder Legislativo: Presidente, Vice–Presidente e Membros E-) advérbio, pronome adverbial, pronome relativo, advérbio,
da Câmara dos Deputados e do Senado Federal (...). verbo.
RESPOSTA: D
“Meu amigo fora (verbo) lá fora (advérbio) buscar alguma
84-) (PREFEITURA DE PAULISTA/PE – RECEPCIONISTA – (pronome) coisa, e eu ficara ali, sozinho, (adjetivo) naquela janela,
UPENET/2014) Sobre ACENTUAÇÃO, assinale a alternativa cuja to- presenciando a ascensão (substantivo) da lua cheia”. Temos, então:
nicidade de ambos os termos sublinhados recai na antepenúltima verbo, advérbio, pronome adjetivo, adjetivo e substantivo.
sílaba. RESPOSTA: C
A) “Ele pode acontecer por influência de fatores diversos...” - 87-) (POLÍCIA CIVIL/SC – AGENTE DE POLÍCIA – ACA-
“infalível de aprovação para o candidato...” FE/2014) Complete as lacunas com os verbos, tempos e modos in-
B) “...que podem ser considerados a fórmula infalível...” – “que dicados entre parênteses, fazendo a devida concordância.
pretende enfrentar uma seleção pública.” • O juiz agrário ainda não _________ no conflito porque sur-
C) “...quando o conteúdo não é lembrado justamente...» - «Ele giram fatos novos de ontem para hoje. (intervir - pretérito perfeito
pode acontecer por influência de fatores diversos...” do indicativo)
D) “Esforço, preparo, dedicação e estudo intenso...” - “preten- • Uns poucos convidados ___________-se com os vídeos pos-
de enfrentar uma seleção pública.» tados no facebook. (entreter - pretérito imperfeito do indicativo)
E) “...quando o conteúdo não é lembrado...” – “pode acontecer • Representantes do PCRT somente serão aceitos na composi-
por influência de fatores diversos...” ção da chapa quando se _________ de criticara atual diretoria do
clube, (abster-se - futuro do subjuntivo)
O exercício quer que localizemos palavras proparoxítonas A sequência correta, de cima para baixo, é:
A) influência = paroxítona terminada em ditongo / infalível = A-) interveio - entretinham - abstiverem
paroxítona terminada em L B-) interviu - entretiveram - absterem
B) fórmula = proparoxítona / pública = proparoxítona C-) intervém - entreteram - abstêm
C) conteúdo = regra do hiato / influência = paroxítona termina- D-) interviera - entretêm - abstiverem
da em ditongo E-) intervirá - entretenham - abstiveram
D) dedicação = oxítona / seleção = oxítona
E) é = monossílaba / influência = paroxítona terminada em di- O verbo “intervir” deve ser conjugado como o verbo “vir”. Este,
tongo no pretérito perfeito do Indicativo fica “veio”, portanto, “interveio”
RESPOSTA: B (não existe “interviu”, já que ele não deriva do verbo “ver”). Des-
85-) (PREFEITURA DE OSASCO/SP - MOTORISTA DE AM- cartemos a alternativa B. Como não há outro item com a mesma
BULÂNCIA – FGV/2014) “existe um protocolo para identificar os opção, chegamos à resposta rapidamente!
focos”. Se colocássemos o termo “um protocolo” no plural, uma RESPOSTA: A
forma verbal adequada para a substituição da forma verbal “existe”
seria: 88-) (PREFEITURA DE RIBEIRÃO PRETO/SP – AGENTE DE
A) hão. ADMINISTRAÇÃO – VUNESP/2014) A forma verbal em destaque
B) haviam. está no tempo futuro, indicando uma ação hipotética, em:
C) há. (A) Lia o jornal enquanto aguardava meu voo para São Paulo...
D) houveram. (B) Meus voos todos saíram na hora.
E) houve. (C) Era um berimbau, meu Deus.
(D) Concluí que viajariam muito com o novo instrumento mu-
O verbo “haver”, quando utilizado no sentido de “existir” – sical.
como proposto no enunciado – não sofre flexão, não vai para o plu- (E) Solicitara a ajuda de uma comissária de bordo brasileira,
ral. Teríamos “existem protocolos”, mas “há protocolos”. bonita...
RESPOSTA: C
Tal questão pode ser resolvida somente pela leitura das alter-
nativas, sem a necessidade de classificar todos os verbos grifados.
Farei a classificação por questão pedagógica!
(A) Lia o jornal enquanto aguardava = pretérito imperfeito do
Indicativo
(B) Meus voos todos saíram na hora. = pretérito mais-que-per-
feito do Indicativo
(C) Era um berimbau, meu Deus. = pretérito imperfeito do In-
dicativo

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LÍNGUA PORTUGUESA
(D) Concluí que viajariam muito com o novo instrumento musi- 91-) (ANTAQ – ESPECIALISTA EM REGULAÇÃO DE SERVI-
cal. = futuro do pretérito do Indicativo (hipótese) ÇOS DE TRANSPORTES AQUAVIÁRIOS – CESPE/2014 - adapta-
(E) Solicitara a ajuda de uma comissária de bordo brasileira, da) Estaria mantida a correção gramatical do trecho “a Internet tem
bonita...= pretérito mais-que-perfeito do Indicativo potencial cuja dimensão não deve ser superdimensionada” caso se
RESPOSTA: D empregasse o artigo a antes do substantivo “dimensão”.
( ) CERTO ( ) ERRADO
89-) (SEFAZ/RS – AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL –
FUNDATEC/2014 - adaptada) Após o pronome relativo “cujo” não deve existir artigo.
Analise as afirmações que são feitas sobre acentuação gráfica. RESPOSTA: ERRADO
I. Caso o acento das palavras ‘trânsito’ e ‘específicos’ seja reti-
rado, essas continuam sendo palavras da língua portuguesa. 92-) (PREFEITURA DE OSASCO – FARMACÊUTICO –
II. A regra que explica a acentuação das palavras ‘vários’ e ‘país’ FGV/2014) “Esses produtos podem ser encontrados nos supermer-
não é a mesma. cados com rótulos como ‘sênior’ e com características adaptadas às
III. Na palavra ‘daí’, há um ditongo decrescente. dificuldades para mastigar e para engolir dos mais velhos, e prepa-
IV. Acentua-se a palavra ‘vêm’ para diferenciá-la, em situação rados para se encaixar em seus hábitos de consumo”. O segmento
de uso, quanto à flexão de número. “para se encaixar” pode ter sua forma verbal reduzida adequada-
Quais estão corretas? mente desenvolvida em
A) Apenas I e III. (A) para se encaixarem.
B) Apenas II e IV. (B) para seu encaixotamento.
C) Apenas I, II e IV. (C) para que se encaixassem.
D) Apenas II, III e IV. (D) para que se encaixem.
E) I, II, III e IV. (E) para que se encaixariam.
I. Caso o acento das palavras ‘trânsito’ e ‘específicos’ seja reti- As orações subordinadas reduzidas são aquelas que não apre-
rado, essas continuam sendo palavras da língua portuguesa = tere-
sentam conjunção. Para torná-las desenvolvidas, basta acrescentar-
mos “transito” e “especifico” – serão verbos (correta)
mos a conjunção: “para que se encaixem”.
II. A regra que explica a acentuação das palavras ‘vários’ e ‘país’
RESPOSTA: D
não é a mesma = vários é paroxítona terminada em ditongo; país é
a regra do hiato (correta)
93-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA/GO – ANALISTA JUDICIÁRIO
III. Na palavra ‘daí’, há um ditongo decrescente = há um hiato,
– FGV/2014 - adaptada) A frase “que foi trazida pelo instituto Ende-
por isso a acentuação (da - í) = incorreta.
avor” equivale, na voz ativa, a:
IV. Acentua-se a palavra ‘vêm’ para diferenciá-la, em situação
(A) que o instituto Endeavor traz;
de uso, quanto à flexão de número = “vêm” é utilizado para a tercei-
(B) que o instituto Endeavor trouxe;
ra pessoa do plural (correta)
RESPOSTA: C (C) trazida pelo instituto Endeavor;
(D) que é trazida pelo instituto Endeavor;
90-) (LIQUIGÁS – PROFISSIONAL JÚNIOR – CIÊNCIAS CON- (E) que traz o instituto Endeavor.
TÁBEIS – CEGRANRIO/2014) A frase em que a flexão do verbo au-
xiliar destacado obedece aos princípios da norma-padrão é Se na voz passiva temos dois verbos, na ativa teremos um: “que
(A) Alguns estudiosos consideram que podem haver robôs tão o instituto Endeavor trouxe” (manter o tempo verbal no pretérito –
inteligentes quanto o homem. assim como na passiva).
(B) Devem existir formas de garantir a exploração de outras ta- RESPOSTA: B
refas destinadas aos robôs.
(C) No futuro, devem haver outras formas de investimentos 94-) (POLÍCIA MILITAR/SP – OFICIAL ADMINISTRATIVO –
para garantir a evolução da robótica. VUNESP/2014) Considere o trecho a seguir.
(D) Pode existir obstáculos que os robôs sejam capazes de su- Já __________ alguns anos que estudos a respeito da utilização
perar, como a locomoção e o diálogo. abusiva dos smartphones estão sendo desenvolvidos. Os especia-
(E) Pode surgir novas tecnologias para aperfeiçoar a conquista listas acreditam _________ motivos para associar alguns compor-
espacial. tamentos dos adolescentes ao uso prolongado desses aparelhos,
e _________ alertado os pais para que avaliem a necessidade de
Os verbos auxiliares devem obedecer à regra do verbo prin- estabelecer limites aos seus filhos.
cipal que acompanham. Se este sofre flexão de número, aqueles De acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, as la-
também sofrerão. Exemplo: o verbo “haver”, no sentido de “existir”, cunas do texto devem ser preenchidas, correta e respectivamente,
é invariável. Então, na frase: “Podem haver mais fatos” temos um com:
erro. O correto é “Pode haver”. Vamos às análises: (A) faz … haver … têm
(A) Alguns estudiosos consideram que podem haver robôs = (B) fazem … haver … tem
pode haver (C) faz … haverem … têm
(B) Devem existir formas = o “existir” sofre flexão (correta) (D) fazem … haverem … têm
(C) No futuro, devem haver = deve haver (E) faz … haverem … tem
(D) Pode existir obstáculos = podem existir
(E) Pode surgir novas tecnologias = podem surgir
RESPOSTA: B

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LÍNGUA PORTUGUESA
Já FAZ (sentido de tempo: não sofre flexão) alguns anos que Fiz as correções entre parênteses:
estudos a respeito da utilização abusiva dos smartphones estão (A) Toda espécie de engenhoca eram (era) construídas (cons-
sendo desenvolvidos. Os especialistas acreditam HAVER (sentido truída) por bons mecânicos, os quais sabia (sabiam) lidar com má-
de existir: não varia) motivos para associar alguns comportamen- quinas.
tos dos adolescentes ao uso prolongado desses aparelhos, e TÊM (B) Toda espécie de engenhoca era construída por bons mecâ-
(concorda com o termo “os especialistas”) alertado os pais para que nicos, os quais sabia (sabiam) lidar com máquinas.
avaliem a necessidade de estabelecer limites aos seus filhos. (C) Toda espécie de engenhoca eram (era) construída por bons
Temos: faz, haver, têm. mecânicos, os quais sabiam lidar com máquinas.
RESPOSTA: A (D) Toda espécie de engenhoca era construídas (construída)
por bons mecânicos, os quais sabia (sabiam) lidar com máquinas.
95-) (TRT/AL - ANALISTA JUDICIÁRIO - FCC/2014 - adaptada) (E) Toda espécie de engenhoca era construída por bons mecâ-
... e então percorriam as pouco povoadas estepes da Ásia Cen- nicos, os quais sabiam lidar com máquinas.
RESPOSTA: E
tral até o mar Cáspio e além.
O verbo flexionado nos mesmos tempo e modo que o grifado
98-) (SABESP/SP – AGENTE DE SANEAMENTO AMBIENTAL
acima está em:
01 – FCC/2014 - adaptada) O segmento grifado está corretamente
(A) ... e de lá por navios que contornam a Índia...
substituído pelo pronome correspondente em:
(B) ... era a capital da China. (A) Sem precisar atravessar a cidade = atravessar-lhe
(C) A Rota da Seda nunca foi uma rota única... (B) Eles serviriam para receber a enorme quantidade de lixo =
(D) ... dispararam na última década. recebê-lo
(E) ... que acompanham as fronteiras ocidentais chinesas... (C) Um grupo de pesquisadores da USP tem um projeto = tem-
-los
Percorriam = Pretérito Imperfeito do Indicativo (D) O primeiro envolve a construção de uma série de portos =
A = contornam – presente do Indicativo envolve-lhe
B = era = pretérito imperfeito do Indicativo (E) O Hidroanel Metropolitano pretende resolver o problema
C = foi = pretérito perfeito do Indicativo em São Paulo = resolvê-lo
D = dispararam = pretérito mais-que-perfeito do Indicativo
E = acompanham = presente do Indicativo (A) atravessar a cidade = atravessar-lhe (atravessá-la)
RESPOSTA: B (B) receber a enorme quantidade de lixo = recebê-lo (recebê-la)
96-) (SABESP – TECNÓLOGO – FCC/2014) A substituição do ele- (C) tem um projeto = tem-los (tem-no)
mento grifado pelo pronome correspondente foi realizada de modo (D) envolve a construção de uma série de portos = envolve-lhe
INCORRETO em: (envolve-a)
(A) que permitiu à civilização = que lhe permitiu (E) O Hidroanel Metropolitano pretende resolver o problema
(B) envolveu diferentes fatores = envolveu-os em São Paulo = resolvê-lo
(C) para fazer a dragagem = para fazê-la RESPOSTA: E
(D) que desviava a água = que lhe desviava
(E) supriam a necessidade = supriam-na 99-) (METRÔ/SP – TÉCNICO SISTEMAS METROVIÁRIOS CI-
VIL – FCC/2014)
(A) que permitiu à civilização = que lhe permitiu = correta ... ele conciliava as noites de boemia com a rotina de professor,
(B) envolveu diferentes fatores = envolveu-os = correta pesquisador e zoólogo famoso.
(C) para fazer a dragagem = para fazê-la = correta O verbo flexionado nos mesmos tempo e modo que o grifado
acima se encontra em:
(D) que desviava a água = que lhe desviava = que a desviava
(A) Tem músicas com Toquinho, Elton Medeiros e Paulinho No-
(E) supriam a necessidade = supriam-na = correta
gueira.
RESPOSTA: D
(B) As músicas eram todas de Vanzolini.
(C) Por mais incrível que possa parecer...
97-) (POLÍCIA CIVIL/SP – OFICIAL ADMINISTRATIVO – VU- (D) ... os fortes laços que unem campo e cidade.
NESP/2014) Assinale a alternativa em que a reescrita da frase – Os (E) ... porque não espalha...
bons mecânicos sabiam lidar com máquinas e construir toda espé- Conciliava = pretérito imperfeito do Indicativo
cie de engenhoca. – está correta quanto à concordância, de acordo (A) Tem músicas = presente do Indicativo
com a norma-padrão da língua. (B) As músicas eram todas de Vanzolini. = pretérito imperfeito
(A) Toda espécie de engenhoca eram construídas por bons me- do Indicativo
cânicos, os quais sabia lidar com máquinas. (C) Por mais incrível que possa parecer... = presente do Sub-
(B) Toda espécie de engenhoca era construída por bons mecâ- juntivo
nicos, os quais sabia lidar com máquinas. (D) ... os fortes laços que unem campo e cidade. = presente do
(C) Toda espécie de engenhoca eram construída por bons me- Indicativo
cânicos, os quais sabiam lidar com máquinas. (E) ... porque não espalha... = presente do Indicativo
(D) Toda espécie de engenhoca era construídas por bons mecâ-
RESPOSTA: B
nicos, os quais sabia lidar com máquinas.
(E) Toda espécie de engenhoca era construída por bons mecâ-
nicos, os quais sabiam lidar com máquinas.

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LÍNGUA PORTUGUESA
100-) (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E 104-) (TRT 19ª - ANALISTA JUDICIÁRIO – ESTATÍSTICA –
COMÉRCIO EXTERIOR – ANALISTA TÉCNICO ADMINISTRATIVO FCC/2014) Sentava-se mais ou menos ...... distância de cinco metros
– CESPE/2014) Em “Vossa Excelência deve estar satisfeita com os do professor, sem grande interesse. Estudava de manhã, e ...... tar-
resultados das negociações”, o adjetivo estará corretamente em- des passava perambulando de uma praça ...... outra, lendo algum
pregado se dirigido a ministro de Estado do sexo masculino, pois livro, percebendo, vez ou outra, o comportamento dos outros, en-
o termo “satisfeita” deve concordar com a locução pronominal de tregue somente ...... discrição de si mesmo.
tratamento “Vossa Excelência”. Preenchem corretamente as lacunas da frase acima, na ordem
( ) CERTO ( ) ERRADO dada:
Se a pessoa, no caso o ministro, for do sexo feminino (ministra), A) a - às - à - a
o adjetivo está correto; mas, se for do sexo masculino, o adjetivo B) à - as - a - à
sofrerá flexão de gênero: satisfeito. O pronome de tratamento é C) a - as - à - a
apenas a maneira de como tratar a autoridade, não concordando D) à - às - a - à
com o gênero (o pronome de tratamento, apenas). E) a - às - a - a
RESPOSTA: ERRADO
Sentava-se mais ou menos À distância de cinco metros (palavra
101-) (CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – MÉDICO DO TRABA- “distância” especificada) do professor, sem grande interesse. Estu-
LHO – CESPE/2014) O emprego do acento gráfico em “incluíram” dava de manhã, e AS tardes (artigo + substantivo; lemos “e durante
e “número” justifica-se com base na mesma regra de acentuação. as tardes”) passava perambulando de uma praça A outra, lendo al-
( ) CERTO ( ) ERRADO gum livro, percebendo, vez ou outra, o comportamento dos outros,
entregue somente À (regência verbal de “entregue”: entregue algo
Incluíram = regra do hiato / número = proparoxítona a alguém) discrição de si mesmo.
RESPOSTA: ERRADO Temos: à / as / a / à.
RESPOSTA: B
102-) (CASAL/AL - ADMINISTRADOR DE REDE - COPEVE/
UFAL/2014 - adaptada) Dado o trecho abaixo, 105-) (RECEITA FEDERAL - AUDITOR FISCAL – ESAF/2014)
“Passai, passai, desfeitas em tormentos, Assinale a opção que corresponde a erro gramatical ou de grafia de
Em lágrimas, em prantos, em lamentos” palavra inserido na transcrição do texto.
SOUZA, Cruz e. Broqueis. São Paulo: L&PM Pochet, 2002.
No desenho constitucional, os tributos são fonte importantís-
O verbo do primeiro verso, se utilizado na 2ª pessoa do singu- sima dos recursos financeiros de cada ente político, recursos esses
lar, resulta na seguinte forma: indispensáveis para que façam frente ao (1) seu dever social. Con-
A) Passe, passe, desfeitas em tormentos. sequentemente, o princípio federativo é indissociável das compe-
B) Passem, passem, desfeitas em tormentos. tências tributárias constitucionalmente estabelecidas. Isso porque
C) Passa, passa, desfeitas em tormentos. tal princípio prevê (2) a autonomia dos diversos entes integrantes
D) Passas, passas, desfeitas em tormentos. da federação (União, Estados, DF e Municípios). A exigência da au-
E) Passam, passam, desfeitas em tormentos. tonomia econômico financeira determina que seja outorgado (3)
a cada ente político vários tributos de sua específica competência,
“Passai, passai, desfeitas em tormentos.” Os verbos estão no para, por si próprios, instituírem (4) o tributo e, assim, terem (5) sua
Modo Imperativo Afirmativo, segunda pessoa do plural (vós). Para própria receita tributária.
descobrirmos como ficarão na segunda do singular (tu), conjugue- (Adaptado de: <http://www.ambito-juridico.com.br/site>.
mos o verbo “passar” no Presente do Indicativo (que é de onde co- Acesso em: 17mar. 2014.)
piamos o Afirmativo, sem o “s” final): Eu passo, tu passas, ele passa,
nós passamos, vós passais, eles passam. Percebeu como o “passai” A) (1)
pertence a “vós”? Bastou retirar o “s” = passai (como no verso). B) (2)
Agora, retiremos o “s” do verbo conjugado com o “tu”: “passa”. Te- C) (3)
remos, então, a construção: “Passa, passa...”. D) (4)
RESPOSTA: C E) (5)

103-) (EBSERH/HUCAM-UFES - ADVOGADO - AOCP/2014) Em No item 3, a forma correta do trecho é: “A exigência da autono-
“Todos sabem como termina a história, tragicamente.”, a expressão mia econômico financeira determina que sejam outorgados a cada
destacada indica ente político vários tributos de sua específica competência”.
A) meio RESPOSTA: C
B) tempo.
C) fim.
D) modo.
E) condição.

Geralmente, os advérbios terminados em “-mente” indicam


“modo”. No caso, de maneira trágica, tragicamente.
RESPOSTA: D

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LÍNGUA PORTUGUESA
106-) (TCE-RS - AUDITOR PÚBLICO EXTERNO - ENGENHARIA 109-) (ESTRADA DE FERRO CAMPOS DO JORDÃO/SP - ANALIS-
CIVIL - CONHECIMENTOS BÁSICOS – FCC/2014) Transpondo-se TA FERROVIÁRIO - OFICINAS – ELÉTRICA – IDERH/2014) Consi-
para a voz passiva o segmento sublinhado em É possível que os dere os numerais sublinhados a seguir:
tempos modernos tenham começado a desfavorecer a solução do I (...) Copa do Mundo de 2014 (...)
jeitinho, a forma obtida deverá ser: II (...) primeiro jogo (...)
A) tenha começado a ser desfavorecida. III (...) três unidades (...)
B) comecem a desfavorecer. IV (...) mais de 10 anos.
C) terá começado a ser desfavorecida.
D) comecem a ser desfavorecidos. Tais numerais são classificados, CORRETA e respectivamente,
E) estão começando a se desfavorecer. de cima para baixo, como:
A) Cardinal, ordinal, cardinal e cardinal.
“É possível que os tempos modernos tenham começado a des- B) Cardinal, cardinal, ordinal e cardinal.
favorecer a solução do jeitinho” – se na voz ativa temos três verbos, C) Cardinal, cardinal, ordinal e multiplicativo.
na passiva teremos quatro (lembrando que o verbo “ter” é auxiliar): D) Cardinal, fracionário, ordinal e cardinal.
“É possível que a solução do jeitinho tenha começado a ser desfavo- E) Cardinal, fracionário, multiplicativo e cardinal.
recida pelos tempos modernos”.
RESPOSTA: A Podemos responder por eliminação, o que nos ajudaria a che-
gar à resposta correta rapidamente. Veja: ORdinal lembra ORdem =
107-) (MINISTÉRIO PÚBLICO/SP – AUXILIAR DE PROMOTO- a alternativa que representa um numeral ordinal é a II – o que nos
RIA – VUNESP/2014) Assinale a alternativa correta quanto à colo- leva a procurar o item que tenha “ordinal” como segundo elemento
cação pronominal. da classificação. Chegamos à letra A – única resposta correta!
(A) Certamente delineou-se um cenário infernal com assassi- RESPOSTA: A
natos brutais.
(B) A frente que se opôs aos hutus foi liderada por Paul Kagame. 110-) (ESTRADA DE FERRO CAMPOS DO JORDÃO/SP - ANALIS-
(C) Se completam, em 2014, 20 anos do genocídio em Ruanda. TA FERROVIÁRIO - OFICINAS – ELÉTRICA – IDERH/2014) Nas al-
(D) Kagame reconhece que as pessoas não livraram-se do vírus ternativas abaixo, apenas UM vocábulo DEVE, NECESSARIAMENTE,
do ódio. ser acentuado. Assim, assinale a opção CORRETA.
(E) Com Kagame como presidente, têm feito-se mudanças em A) Intimo.
Ruanda. B) Ate.
C) Miseria.
Correções: D) Policia.
(A) Certamente delineou-se = certamente se delineou (advér- E) Amem.
bio) A) Intimo – eu a intimo a comparecer... (verbo) / amigo íntimo
(B) A frente que se opôs aos hutus foi liderada por Paul Kagame (adjetivo)
= correta. B) Ate – quer que eu ate o nó? (verbo) / Ele veio até mim (pre-
(C) Se completam = completam-se (início de período) posição)
(D) Kagame reconhece que as pessoas não livraram-se = não se C) Miseria. – deve ser acentuada (miséria – substantivo)
livraram (advérbio de negação) D) Policia – ela não se policia (verbo – igual “vigiar”, “contro-
(E) Com Kagame como presidente, têm feito-se = têm-se feito lar”) / Quero trabalhar na polícia! (substantivo)
RESPOSTA: B E) Amem – (verbo) / amém (interjeição)
Que Deus o abençoe! Amém! Que vocês se amem! Amém!
108-) (POLÍCIA CIVIL/SP - OFICIAL ADMINISTRATIVO - VU- RESPOSTA: C
NESP/2014) Considerando as regras de concordância verbal, o ter-
mo em destaque na frase – Segundo alguns historiadores, houve 111-) (CGE-MA - AUDITOR - CONHECIMENTOS BÁSICOS -
dois sacolejões maiores na história da humanidade. – pode ser cor- FGV/2014) “...Marx e Engels e outros pensadores previram um futu-
retamente substituído por: ro redentor...”. Nesse segmento o verbo irregular prever é conjuga-
A) ocorreram. do de forma correta no pretérito perfeito do indicativo.
B) sucedeu-se. Assinale a frase em que a forma desse mesmo verbo está con-
C) existiu. jugada de forma errada.
D) houveram. A) Quando ele prever o resultado, todos se espantarão.
E) aconteceu B) Elas preveem coisas impossíveis
C) Espero que elas prevejam boas coisas.
Podemos resolver por eliminação: dos verbos apresentados D) Ela já previra o resultado, antes de a partida terminar.
nas alternativas, o único que não sofre flexão é o “haver”, deven- E) Se todos previssem a vida, ela seria diferente.
do, portanto, permanecer no singular. Eliminemos a D. Os demais,
que deveriam estar flexionados (sucederam-se, existiram, aconte- Cuidado com a pegadinha! O enunciado quer a alternativa In-
ceram), não estão. Restou-nos a alternativa com a opção coreta: correta. Teremos 4 corretas!
ocorreram. A) Quando ele prever o resultado, todos se espantarão. = quan-
RESPOSTA: A do ele previr
B) Elas preveem coisas impossíveis = correta
C) Espero que elas prevejam boas coisas = correta
D) Ela já previra o resultado, antes de a partida terminar = cor-
reta
E) Se todos previssem a vida, ela seria diferente = correta

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LÍNGUA PORTUGUESA
RESPOSTA: A 115-) (PETROBRAS – CONHECIMENTOS BÁSICOS PARA
TODOS OS CARGOS – NÍVEL SUPERIOR – CESGRANRIO/2014
112-) (MINISTÉRIO PÚBLICO/SP – AUXILIAR DE PROMOTO- - adaptada) No trecho “Um mundo habitado por seres com habi-
RIA – VUNESP/2014) Assinale a alternativa correta quanto ao uso lidades sobre- -humanas parece ficção científica”, a pa-
do acento indicativo da crase. lavra destacada apresenta hífen porque a natureza das partes que
(A) Os meninos querem que a chuva comece à cair. a compõem assim o exige. O grupo em que todas as palavras estão
(B) E os meninos ficam à espera de chuva intensa. grafadas de acordo com a ortografia oficial é
(C) As borboletas vão de um jardim à outro. (A) erva-doce, mal-entendido, sobrenatural
(D) Mas a chuva não chega à ninguém. (B) girassol, bem-humorado, batepapo
(E) As borboletas ainda não perceberam à leve chuva. (C) hiper-glicemia, vice-presidente, pontapé
(D) pan-americano, inter-estadual, vagalume
(A) Os meninos querem que a chuva comece à cair = a cair (E) subchefe, pós-graduação, inter-municipal
(verbo no infinitivo)
(B) E os meninos ficam à espera de chuva intensa = correta (A) erva-doce, mal-entendido, sobrenatural = corretas
(dica: dá para substituir por “esperando”) (B) girassol, bem-humorado, batepapo (bate-papo)
(C) As borboletas vão de um jardim à outro = a outro (palavra (C) hiper-glicemia – (hiperglicemia), vice-presidente, pontapé
masculina) (D) pan-americano, inter-estadual (interestadual) , vagalume
(D) Mas a chuva não chega à ninguém = a ninguém (pronome (E) subchefe, pós-graduação, inter-municipal (intermunicipal)
indefinido) RESPOSTA: A
(E) As borboletas ainda não perceberam à leve chuva = a leva
(objeto direto, sem preposição) 116-) (PREFEITURA DE SÃO PAULO/SP – AUDITOR FISCAL
RESPOSTA: B TRIBUTÁRIO MUNICIPAL – CETRO/2014 - adaptada) Assinale a
alternativa que contém duas palavras acentuadas conforme a mes-
113-) (IBGE - SUPERVISOR DE PESQUISAS – ADMINISTRA- ma regra.
ÇÃO - CESGRANRIO/2014) Em “Há políticas que reconhecem a in- (A) “Hambúrgueres” e “repórter”.
formalidade”, ao substituir o termo destacado por um pronome, de (B) “Inacreditáveis” e “repórter”.
acordo com a norma-padrão da língua, o trecho assume a formula- (C) “Índice” e “dólares”.
ção apresentada em: (D) “Inacreditáveis” e “atribuídos”.
A) Há políticas que a reconhecem. (E) “Atribuídos” e “índice”.
B) Há políticas que reconhecem-a.
C) Há políticas que reconhecem-na.
(A) “Hambúrgueres” = proparoxítona / “repórter” = paroxítona
D) Há políticas que reconhecem ela.
(B) “Inacreditáveis” = paroxítona / “repórter” = paroxítona
E) Há políticas que lhe reconhecem.
(C) “Índice” = proparoxítona / “dólares” = proparoxítona
(D) “Inacreditáveis” = paroxítona / “atribuídos” = regra do hiato
Primeiramente identifiquemos se temos objeto direto ou indi-
(E) “Atribuídos” = regra do hiato / “índice” = proparoxítona
reto. Reconhece o quê? Resposta: a informalidade. Pergunta e res-
RESPOSTA: B
posta sem preposição, então: objeto direto. Não utilizaremos “lhe”
– que é para objeto indireto. Como temos a presença do “que” – in-
117-) (SUSAM/AM- ASSISTENTE ADMINISTRATIVO –
dependente de sua função no período (pronome relativo, no caso!)
– a regra pede próclise (pronome oblíquo antes do verbo): que a FGV/2014 - adaptada) “Ainda assim, por força da longa estiagem
reconhecem. que afetou o Sudeste e o Centro‐Oeste, o Operador Nacional do Sis-
RESPOSTA: A tema Elétrico (NOS) trabalha com uma estimativa de que no atual
período úmido o volume de chuvas não ultrapasse 67% da
114-) (UNESP - CAMPUS DE ARARAQUARA/FCL - ASSISTEN- média histórica nas áreas que abrigam os principais reservatórios
TE OPERACIONAL II – JARDINAGEM – VUNESP/2014) As discus- das hidrelétricas”. Nesse segmento, é correto colocar uma vírgula
sões na internet _____ o consumidor ______ buscar preços mais (A) após a forma verbal “abrigam”. 
______. (B)  após o substantivo “áreas”. 
(A) leva ... à ... vantajoso. (C)  após o substantivo “estimativa”. 
(B) levam ... à ... vantajosos. (D) após “de que” e antes de “o volume”. 
(C) leva ... a ... vantajoso. (E)  após “chuvas” e antes de “nas áreas”. 
(D) leva ... à ... vantajosos.
(E) levam ... a ... vantajosos. “Ainda assim, por força da longa estiagem que afetou o Sudeste
e o Centro‐Oeste, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (NOS)
As discussões na internet levam o consumidor a buscar (verbo trabalha com uma estimativa de que no atual período úmido o vo-
no infinitivo = sem acento grave) preços mais vantajosos. lume de chuvas não ultrapasse 67% da média histórica nas
RESPOSTA: E áreas que abrigam os principais reservatórios das hidrelétricas”.
(A) após a forma verbal “abrigam” – incorreta (não posso sepa-
rar o verbo de seu complemento - objeto). 
(B)  após o substantivo “áreas” – incorreta (mudaríamos o sen-
tido do período, já que passaríamos uma oração adjetiva restritiva
para uma explicativa – fato que generalizaria o termo “áreas”, dan-
do a entender que todas abrigam reservatórios). 
(C)  após o substantivo “estimativa” – incorreta (separaria subs-
tantivo de seu complemento). 

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LÍNGUA PORTUGUESA
(D) após “de que” e antes de “o volume” – correta (não haveria Cuidado! O exercício quer que encontremos o par que tem a
mudança no período, dando ao termo uma função de aposto expli- mesma justificativa de acentuação entre as palavras que o com-
cativo, por exemplo).  põem, não necessariamente igual às do enunciado.
(E)  após “chuvas” e antes de “nas áreas” – incorreta – separaria RESPOSTA: B
sujeito de predicado
RESPOSTA: D 121-) (DETRAN/RO – ANALISTA EM TRÂNSITO - ADMINIS-
TRADOR – IADES/2014) Observe o emprego das palavras destaca-
118-) (PRODAM/AM – ASSISTENTE – FUNCAB/2014 - adap- das nas frases a seguir.
tada) Ao passarmos a frase “...e É CONSIDERADO por muitos o maior • Quando elas dirigem, ficam meio nervosas.
maratonista de todos os tempos” para a voz ativa, encontramos a • As crianças estavam sós no carro.
seguinte forma verbal: • Ela mesma se dirigiu ao DETRAN.
A) consideravam. • Os carros custam caro.
B) consideram.
C) considerem. Acerca das regras de concordância que justificam o emprego
D) considerarão. dos termos anteriores, analise.
E) considerariam. I. A palavra “meio” é um advérbio, razão pela qual não se fle-
xionou.
É CONSIDERADO por muitos o maior maratonista de todos os II. A palavra “sós” é um adjetivo, por isso concorda com o su-
tempos = dois verbos na voz passiva, então na ativa teremos UM: jeito.
muitos o consideram o maior maratonista de todos os tempos. III. A palavra “mesma” sempre concorda com o substantivo e o
RESPOSTA: B pronome a que se refere.
IV. A palavra “caro” é um advérbio, razão pela qual não se fle-
119-) (INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TEC- xionou.
NOLOGIA/SP – ADMINISTRADOR – FUNDEP/2014) Leia:
Estão corretas as afirmativas
____ um mês, uma turma de operários se posta ___ entrada da A) I, II, III e IV.
fábrica pela manhã e só sai ___ uma hora da tarde. Espera-se que a B) I, II e IV, apenas.
greve termine daqui ___ uma semana. C) I, II e III, apenas.
D) I, III e IV, apenas.
Assinale a alternativa que completa CORRETAMENTE as lacu- E) II, III e IV, apenas.
nas da frase acima, na respectivamente ordem.
A) Há – à – a – a. • Quando elas dirigem, ficam meio nervosas.
B) Há – à – à – a. • As crianças estavam sós no carro.
C) A – a – a – há. • Ela mesma se dirigiu ao DETRAN.
D) Há – a – à – há. • Os carros custam caro.
HÁ (tempo passado) um mês, uma turma de operários se pos-
Acerca das regras de concordância que justificam o emprego
ta À (“na”) entrada da fábrica pela manhã e só sai À uma hora da
dos termos anteriores, analise.
tarde. Espera-se que a greve termine daqui A (tempo futuro) uma
I. A palavra “meio” é um advérbio, razão pela qual não se fle-
semana.
xionou = correta.
Ficou: há / à / à / a.
II. A palavra “sós” é um adjetivo, por isso concorda com o su-
RESPOSTA: B
jeito = correta.
III. A palavra “mesma” sempre concorda com o substantivo e o
120-) (ADVOCACIA GERAL DA UNIÃO – TÉCNICO EM CON-
pronome a que se refere = correta.
TABILIDADE – IDECAN/2014) Os vocábulos “cinquentenário” e
“império” são acentuados devido à mesma justificativa. O mesmo (Anexo - Obrigado - Mesmo - Próprio - Incluso – Quite: Estas pa-
ocorre com o par de palavras apresentado em lavras adjetivas concordam em gênero e número com o substantivo
A) prêmio e órbita. ou pronome a que se referem)
B) rápida e tráfego IV. A palavra “caro” é um advérbio, razão pela qual não se fle-
C) satélite e ministério. xionou. = correta
D) pública e experiência. RESPOSTA: A
E) sexagenário e próximo.
122-) (SECRETARIA DE SEGURANÇA PÚBLICA/PI – ESCRI-
Cinquentenário e império = ambas são paroxítonas. Cuidado! O VÃO DE POLÍCIA CIVIL – UESPI/2014) A linguagem por meio da
exercício quer que encontremos o par que tem a mesma justificati- qual interagimos no nosso dia a dia pode revestir-se de nuances as
va de acentuação entre as palavras que o compõem, não necessa- mais diversas: pode apresentar-se em sentido literal, figurado, me-
riamente igual às do enunciado. tafórico. A opção em cujo trecho utilizou-se linguagem metafórica é
A) prêmio = paroxítona / órbita = proparoxítona a) O equilíbrio ou desequilíbrio depende do ambiente familiar.
B) rápida = proparoxítona / tráfego = proparoxítona b) Temos medo de sair às ruas.
C) satélite = proparoxítona / ministério = paroxítona c) Nestes dias começamos a ter medo também dentro dos sho-
D) pública = proparoxítona / experiência = paroxítona ppings.
E) sexagenário = paroxítona / próximo = proparoxítona d) Somos esse novelo de dons.
e) As notícias da imprensa nos dão medo em geral.

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LÍNGUA PORTUGUESA
A alternativa que apresenta uma linguagem metafórica (figura- A) O rapaz foi levado à presença do diretor. = correta
da) é a que emprega o termo “novelo” fora de seu contexto habitual B) Ele preferiu voltar para casa à pé. = a pé (palavra masculina)
(novelo de lã, por exemplo), representando, aqui, um emaranhado, C) Os dois motoristas infratores ficaram frente à frente. = frente
um monte, vários dons. a frente (palavras repetidas)
RESPOSTA: D D) Chegamos à um cruzamento e paramos o veículo. = a um
(palavra masculina)
123-) (SECRETARIA DE SEGURANÇA PÚBLICA/PI – ESCRI- E) Ele começou à perceber que não tinha razão. = a perceber
VÃO DE POLÍCIA CIVIL – UESPI/2014 - adaptada) Identificamos as (verbo no infinitivo)
seguintes palavras formadas pelo processo de derivação regressiva: RESPOSTA: A
A) arma e formação.
B) combate e guerreiros. 128-) (PRODAM – AUXILIAR - MOTORISTA – FUNCAB/2014)
C) combate e ataque. Qual das frases abaixo está correta quanto à concordância verbal?
D) lanças e armas. A) Agora sou eu que escolhe o trajeto.
E) ataque e situação. B) Restaura-se pneus.
C) Haviam garrafas vazias ao lado do poste.
Palavra formada pela derivação regressiva é aquela que resulta D) Faz cinco dias que ele não aparece por aqui.
de um verbo transformado em substantivo, geralmente. Por exem- E) Falta cinco minutos para as dez.
plo: caça deriva de caçar; pesca, de pescar. Dentre as apresenta-
das nas alternativas, as que derivam de tal processo são: combate A) Agora sou eu que escolhe (escolho) o trajeto. (para deixar-
(combater) e ataque (atacar). mos “escolhe”, deveríamos utilizar: Sou eu quem escolhe”)
RESPOSTA: C B) Restaura-se pneus. = restauram-se pneus (pneus são restau-
rados)
124-) (RIOPREVIDÊNCIA – ESPECIALISTA EM PREVIDÊNCIA C) Haviam garrafas vazias ao lado do poste. = havia garrafas (ha-
SOCIAL – CEPERJ/2014) A palavra “infraestrutura” é formada pelo ver no sentido de existir não sofre flexão)
seguinte processo: D) Faz cinco dias que ele não aparece por aqui. = correta
A) sufixação E) Falta cinco minutos para as dez. = faltam cinco
B) prefixação RESPOSTA: D
C) parassíntese
D) justaposição 129-) (CEFET – ASSISTENTE DE ALUNOS – CESGRAN-
E) aglutinação RIO/2014 - adaptada) A expressão destacada está adequadamente
substituída pelo pronome, de acordo com a norma-padrão, em:
Temos apenas a junção do prefixo “infra” ao radical “estrutura”, (A) “Para estimular crianças e jovens a escrever” - estimular-
portanto: prefixação. -lhes
RESPOSTA: B (B) “organizamos o pensamento segundo um código comum”
- organizamos-lhe
125-) (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE – ICMBIO – CES- (C) “Todo professor conhece este segredo” - conhece-o
PE/2014) A mesma regra de acentuação gráfica se aplica aos vocá- (D) “Mesmo ao escrever um diário secreto” - escrevo-no
bulos “Brasília”, “cenário” e “próprio”. (E) “não importa há quantos anos exerça o magistério” - exer-
( ) CERTO ( ) ERRADO ça-lo

Brasília = paroxítona terminada em ditongo / cenário = paro- (A) “Para estimular crianças e jovens a escrever” - estimular-
xítona terminada em ditongo / próprio = paroxítona terminada em -lhes = estimulá-los
ditongo (B) “organizamos o pensamento segundo um código comum” -
RESPOSTA: CERTO organizamos-lhe = organizamo-lo
(C) “Todo professor conhece este segredo” - conhece-o = cor-
126-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA/SE – TÉCNICO JUDICIÁRIO – reta
CESPE/2014 - adaptada) No trecho “deu início à sua caminhada (D) “Mesmo ao escrever um diário secreto” - escrevo-no = es-
cósmica”, o emprego do acento grave indicativo de crase é obriga- crevê-lo
tório. (E) “não importa há quantos anos exerça o magistério” - exer-
( ) CERTO ( ) ERRADO ça-lo = exerça-o
RESPOSTA: C
“deu início à sua caminhada cósmica” – o uso do acento indi- 130-) (TRIBUNAL DE CONTAS DO DISTRITO FEDERAL/DF –
cativo de crase, neste caso, é facultativo; foi utilizado para evitar CONHECIMENTOS BÁSICO PARA OS CARGOS 1, 2, 3, 5, 6 E 7
ambiguidade. – CESPE/2014 - adaptada) (...) Há décadas, países como China e
RESPOSTA: ERRADO Índia têm enviado estudantes para países centrais, com resultados
muito positivos.(...)
127-) (PRODAM – AUXILIAR - MOTORISTA – FUNCAB/2014) A forma verbal “Há” poderia ser corretamente substituída por
Apenas uma das frases abaixo está correta quanto à colocação do Fazem.
acento indicativo de crase. Assinale-a. ( ) CERTO ( ) ERRADO
A) O rapaz foi levado à presença do diretor.
B) Ele preferiu voltar para casa à pé. O verbo “fazer”, quando empregado no sentido de tempo pas-
C) Os dois motoristas infratores ficaram frente à frente. sado, não sofre flexão. Portanto, sua forma correta seria: “faz dé-
D) Chegamos à um cruzamento e paramos o veículo. cadas”.
E) Ele começou à perceber que não tinha razão. RESPOSTA: ERRADO

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LÍNGUA PORTUGUESA
131-) (CONJUNTO HOSPITALAR DE SOROCABA/SP – TÉCNI- (D) Não é incomum que se (recorrer) a frases de Machado de
CO DE ENFERMAGEM – CETRO/2014) Assis para glosá-las, dada a graça que há nelas. = o verbo deve ficar
Com relação à colocação pronominal e de acordo com a norma- no singular
-padrão da Língua Portuguesa, assinale a alternativa correta. (E) O autor confessa o que a muitos (parecer) impensável: é
(A) Nada perturba-me mais. possível gostar mais de um prefácio do que do restante da obra. = o
(B) Tornarei-me uma nova pessoa. verbo deve ficar no singular
(C) Me convidarão para a festa em breve. RESPOSTA: C
(D) Quanto me cobrará pelo serviço prestado?
(E) Eles não importaram-se com a notícia trágica. 134-) (TRT-16ª REGIÃO/MA - ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA
ADMINISTRATIVA – FCC/2014)
(A) Nada perturba-me mais. = nada me perturba Transpondo-se para a voz passiva a frase “vou glosar uma ob-
(B) Tornarei-me uma nova pessoa. = tornar-me-ei servação de Machado de Assis”, a forma verbal resultante deverá
(C) Me convidarão para a festa em breve. = convidar-me-ão ser
(D) Quanto me cobrará pelo serviço prestado? = correta (A) terei glosado
(E) Eles não importaram-se com a notícia trágica. = não se (B) seria glosada
importaram (C) haverá de ser glosada
RESPOSTA: D (D) será glosada
(E) terá sido glosada
132-) (ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE PERNAM-
BUCO/PE – ANALISTA LEGISLATIVO – ESPECIALIDADE CONTA- “vou glosar uma observação de Machado de Assis” – “vou glo-
BILIDADE – FCC/2014) Considerada a norma culta escrita, há cor- sar” expressa “glosarei”, então teremos na passiva: uma observação
reta substituição de estrutura nominal por pronome em: de Machado de Assis será glosada por mim.
(A) Agradeço antecipadamente sua resposta // Agradeço-lhes RESPOSTA: D
antecipadamente.
(B) do verbo fabricar se extraiu o substantivo fábrica. // do ver- 135-) (MINISTÉRIO PÚBLICO/SC – ANALISTA EM TECNO-
bo fabricar se extraiu-lhe. LOGIA DA INFORMAÇÃO – FEPESE/2014 - adaptada) Considere
o trecho e analise as afirmativas a seguir, tendo em vista a norma
(C) não faltam lexicógrafos // não faltam-os.
padrão da língua portuguesa.
(D) Gostaria de conhecer suas considerações // Gostaria de co-
“Vós, que o conhecestes, meus senhores, vós podeis dizer co-
nhecê-las.
migo que a natureza parece estar chorando a perda irreparável de
(E) incluindo a palavra ‘aguardo’ // incluindo ela.
um dos mais belos caracteres que têm honrado a humanidade. Este
ar sombrio, estas gotas do céu, aquelas nuvens escuras que cobrem
(A) Agradeço antecipadamente sua resposta // Agradeço-lhes
o azul como um crepe funéreo, tudo isso é a dor crua e má que lhe
= agradeço-a
rói à Natureza as mais íntimas entranhas; tudo isso é um sublime
(B) do verbo fabricar se extraiu o substantivo fábrica. // do ver-
louvor ao nosso ilustre finado.”
bo fabricar se extraiu-lhe. = extraiu-o 1. Trata-se de um discurso direto, que tem como interlocutores
(C) não faltam lexicógrafos // não faltam-os. = não os faltam as pessoas presentes no velório e como finalidade homenagear o
(D) Gostaria de conhecer suas considerações // Gostaria de co- morto.
nhecê-las. = correta 2. A expressão “meus senhores” é um vocativo e pode ser des-
(E) incluindo a palavra ‘aguardo’ // incluindo ela. = incluindo-a locada para o início do enunciado, ou para imediatamente após o
RESPOSTA: D pronome inicial, mantendo-se isolada por vírgulas.
3. A forma verbal “têm” não poderia estar no singular “tem”,
133-) (TRT-16ª REGIÃO/MA - ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA pois estaria ferindo a regra de concordância segundo a qual o verbo
ADMINISTRATIVA – FCC/2014) deve concordar com seu sujeito.
O verbo indicado entre parênteses deverá flexionar-se de modo 4. As palavras “sombrio”, “escuras” e “azul” estão empregadas
a concordar com o elemento sublinhado na frase: como adjetivos.
(A) As características a que (dever) atender um prefácio podem 5. As duas ocorrências de “tudo isso” fazem remissão anafórica
torná-lo um estraga-prazeres. a “Este ar sombrio, estas gotas do céu, aquelas nuvens escuras que
(B) Há casos em que o prefácio se (revelar) um componente cobrem o azul como um crepe funéreo”, e funcionam como aposto
inteiramente inútil de um livro. resumitivo.
(C) Às vezes, numa bibliografia (ganhar) mais destaque as pági- Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas.
nas de um prefácio do que o texto principal de um livro. A. ( ) São corretas apenas as afirmativas 1 e 2.
(D) Não é incomum que se (recorrer) a frases de Machado de B. ( ) São corretas apenas as afirmativas 2 e 5.
Assis para glosá-las, dada a graça que há nelas. C. ( ) São corretas apenas as afirmativas 1, 2 e 3.
(E) O autor confessa o que a muitos (parecer) impensável: é D. ( ) São corretas apenas as afirmativas 1, 2 e 5.
possível gostar mais de um prefácio do que do restante da obra. E. ( ) São corretas apenas as afirmativas 3, 4 e 5.

(A) As características a que (dever) atender um prefácio podem “Vós, que o conhecestes, meus senhores, vós podeis dizer co-
torná-lo um estraga-prazeres. = o verbo deve ficar no singular migo que a natureza parece estar chorando a perda irreparável de
(B) Há casos em que o prefácio se (revelar) um componente um dos mais belos caracteres que têm honrado a humanidade. Este
inteiramente inútil de um livro. = o verbo deve ficar no singular ar sombrio, estas gotas do céu, aquelas nuvens escuras que cobrem
(C) Às vezes, numa bibliografia (ganhar) mais destaque as pági- o azul como um crepe funéreo, tudo isso é a dor crua e má que lhe
nas de um prefácio do que o texto principal de um livro. = ganham rói à Natureza as mais íntimas entranhas; tudo isso é um sublime
mais destaque as páginas louvor ao nosso ilustre finado.”

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LÍNGUA PORTUGUESA
1. Trata-se de um discurso direto, que tem como interlocutores 138-) (DEFENSORIA PÚBLICA DO DISTRITO FEDERAL/DF –
as pessoas presentes no velório e como finalidade homenagear o ANALISTA DE APOIO À ASSISTÊNCIA JURÍDICA – FGV/2014) A
morto. = correta alternativa em que os elementos unidos pela conjunção E não estão
2. A expressão “meus senhores” é um vocativo e pode ser des- em adição, mas sim em oposição, é:
locada para o início do enunciado, ou para imediatamente após o (A) “...a disposição do povo de agir por conta própria e fazer
pronome inicial, mantendo-se isolada por vírgulas. = correta justiça com as próprias mãos...”
3. A forma verbal “têm” não poderia estar no singular “tem”, (B) “...como sintoma de descrença nos políticos e nas institui-
pois estaria ferindo a regra de concordância segundo a qual o verbo ções:...”
deve concordar com seu sujeito. = incorreta (C) “...os nossos mascarados se inspiram menos nos anarquis-
4. As palavras “sombrio”, “escuras” e “azul” estão empregadas tas e mais nos fascistas italianos...”
como adjetivos. = incorreta: (D) “...desprezando o passado e a tradição...”
Ar sombrio (adjetivo), nuvens escuras (adjetivo) o azul (devido (E) “...capaz de exprimir a experiência da violência, da velocida-
à presença do artigo, azul funciona como substantivo – derivação de e do progresso...”
imprópria)
5. As duas ocorrências de “tudo isso” fazem remissão anafórica (A) “...a disposição do povo de agir por conta própria e fazer
a “Este ar sombrio, estas gotas do céu, aquelas nuvens escuras que justiça com as próprias mãos = adição
cobrem o azul como um crepe funéreo”, e funcionam como aposto (B) “...como sintoma de descrença nos políticos e nas institui-
resumitivo. = correta ções = adição
Corretas: 1, 2 e 5. (C) “...os nossos mascarados se inspiram menos nos anarquis-
RESPOSTA: D
tas e mais nos fascistas italianos = ideia de oposição
(D) “...desprezando o passado e a tradição = adição
136-) (PREFEITURA DE BALNEÁRIO CAMBORIÚ/SC – GUAR-
(E) “...capaz de exprimir a experiência da violência, da velocida-
DA MUNICIPAL – FEPESE/2014)
de e do progresso = adição
Assinale a alternativa em que todas as palavras são oxítonas.
A-) pé, lá, pasta RESPOSTA: C
B-) mesa, tábua, régua
C-) livro, prova, caderno 139-) (SECRETARIA DE ESTADO DA ADMINISTRAÇÃO PÚ-
D-) parabéns, até, televisão BLICA DO DISTRITO FEDERAL /DF – ARQUIVISTA – IADES/2014
E-) óculos, parâmetros, título - adaptada) Se, no lugar dos verbos destacados no verso “Escolho
os filmes que eu não vejo no elevador”, fossem empregados, res-
A-) pé = monossílaba / lá = monossílaba / pasta = paroxítona pectivamente, Esquecer e gostar, a nova redação, de acordo com as
B-) mesa = paroxítona / tábua = paroxítona / régua = paroxí- regras sobre regência verbal e concordância nominal prescritas pela
tona norma-padrão, deveria ser
C-) livro = paroxítona / prova = paroxítona / caderno = paro- (A) Esqueço dos filmes que eu não gosto no elevador.
xítona (B) Esqueço os filmes os quais não gosto no elevador.
D-) parabéns = oxítona / até = oxítona / televisão = oxítona (C) Esqueço dos filmes aos quais não gosto no elevador.
E-) óculos = proparoxítona / parâmetros = proparoxítona / títu- (D) Esqueço dos filmes dos quais não gosto no elevador.
lo = proparoxítona (E) Esqueço os filmes dos quais não gosto no elevador.
RESPOSTA: D
“Escolho os filmes que eu não vejo no elevador”: substituindo-
137-) (BANCO DO NORDESTE – ANALISTA BANCÁRIO – -se os verbos em destaque pelos indicados no enunciado teremos:
FGV/2014 - adaptada) “A única solução para tantos infortúnios se- “Esqueço os filmes dos quais eu não gosto no elevador”.
ria convidar o papa Francisco para apitar a final do Mundial, desde RESPOSTA: E
que Sua Santidade não roube a favor da Argentina...”; se, em lugar 140-) (SECRETARIA DE ESTADO DA ADMINISTRAÇÃO PÚ-
de “o Papa Francisco” estivesse “o rei da Espanha”, a forma “Sua BLICA DO DISTRITO FEDERAL/DF – TÉCNICO EM ELETRÔNICA
Santidade” deveria ser substituída adequadamente por: – IADES/2014) Caso fosse necessário substituir o termo destacado
(A) Vossa Excelência; em “Basta apresentar um documento” por um pronome, de acordo
(B) Vossa Majestade; com a norma-padrão, a nova redação deveria ser
(C) Vossa Senhoria;
(A) Basta apresenta-lo.
(D) Sua Excelência;
(B) Basta apresentar-lhe.
(E) Sua Majestade.
(C) Basta apresenta-lhe.
Primeiramente lembremo-nos de quando utilizar “Vossa” e
(D) Basta apresentá-la.
“Sua”: aquele é para quando nos dirigimos à autoridade (“frente
a frente”); este, quando falamos da autoridade (em sua ausência). (E) Basta apresentá-lo.
Sendo assim, descartemos as alternativas A, B e C. Agora basta sa-
bermos qual o pronome adequado a ser utilizado para reis: Majes- Apresentar o quê? O documento = objeto direto, sem preposi-
tade. ção – então esqueçamos o “lhe” (para objeto indireto). Restaram-
RESPOSTA: E -nos os itens A, D e E. Em D, o pronome está no feminino (la), e
o termo a ser substituído é masculino (um documento). Descarte-
mo-la. A acentuação dos verbos com pronome oblíquo segue a re-
gra de acentuação normalmente, desconsiderando-se o pronome,
claro! = apresentá-lo (oxítona). Temos, então: “Basta apresentá-lo”.
RESPOSTA: E

58
LÍNGUA PORTUGUESA
141-) (SECRETARIA DE ESTADO DA ADMINISTRAÇÃO PÚ- 143-) (SECRETARIA DE ESTADO DE DEFESA SOCIAL/MG
BLICA DO DISTRITO FEDERAL/DF – TÉCNICO EM ELETRÔNICA – – AGENTE DE SEGURANÇA SOCIOEDUCATIVO – IBFC/2014 -
IADES/2014) Conforme a norma-padrão, assinale a alternativa que adaptada) O vocábulo “entristecido” é um exemplo de:
apresenta outra redação possível para o período “Basta apresentar A) palavra composta
um documento de identificação aos funcionários posicionados no B) palavra primitiva
bloqueio de acesso.” C) palavra derivada
(A) Basta o qual seja apresentado um documento de identifica- D) neologismo
ção aos funcionários posicionados no bloqueio de acesso.
(B) Basta se apresentarem aos funcionários posicionados no en + triste + ido (com consoante de ligação “c”) = ao radical
bloqueio de acesso um documento de identificação. “triste” foram acrescidos o prefixo “en” e o sufixo “ido”, ou seja,
(C) Basta que sejam apresentados aos funcionários posiciona- “entristecido” é palavra derivada do processo de formação de pa-
dos no bloqueio de acesso um documento de identificação. lavras chamado de: prefixação e sufixação. Para o exercício, basta
(D) Basta que seja apresentado aos funcionários posicionados “derivada”!
no bloqueio de acesso um documento de identificação. RESPOSTA: C
(E) Bastam se apresentarem aos funcionários posicionados no
bloqueio de acesso um documento de identificação. 144-) (SECRETARIA DE ESTADO DE DEFESA SOCIAL/MG –
AGENTE DE SEGURANÇA SOCIOEDUCATIVO – IBFC/2014) No
“Basta apresentar um documento de identificação aos funcio- verso “Essa dor doeu mais forte”, pode-se perceber a presença de
nários posicionados no bloqueio de acesso.” uma figura de linguagem denominada:
(A) Basta o qual (?) seja apresentado um documento de identi- A) ironia
ficação aos funcionários posicionados no bloqueio de acesso. B) pleonasmo
(B) Basta se apresentarem (?) aos funcionários posicionados no C) comparação
bloqueio de acesso um documento de identificação. D) metonímia
(C) Basta que sejam apresentados (deveriam estar no singular)
aos funcionários posicionados no bloqueio de acesso um documen- Repetição de ideia = pleonasmo (essa dor doeu).
to de identificação. RESPOSTA: B
(D) Basta que seja apresentado aos funcionários posicionados
no bloqueio de acesso um documento de identificação. = correta 145-) (SECRETARIA DE ESTADO DE DEFESA SOCIAL/MG –
(E) Bastam se apresentarem (?) aos funcionários posicionados AGENTE DE SEGURANÇA SOCIOEDUCATIVO – IBFC/2014) Em
no bloqueio de acesso um documento de identificação. “Lá eu trabalhei também”, o termo em destaque pode ser classifi-
RESPOSTA: D cado, sintaticamente, como:
A) adjunto adverbial
B) adjunto adnominal
142-) (SECRETARIA DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DO DIS-
C) objeto direto
TRITO FEDERAL/DF – ANALISTA – IADES/2014 - adaptada) De
D) complemento nominal
acordo com a norma-padrão e as questões gramaticais que envol-
vem o trecho “Frustrei-me por não ver o Escola”, é correto afirmar
“Lá” é, morfologicamente, um advérbio (de lugar). Os advér-
que
bios, geralmente, exercem a função sintática de adjuntos adverbiais
(A) “me” poderia ser deslocado para antes do verbo que acom-
– como é o caso no enunciado.
panha.
RESPOSTA: A
(B) “me” deveria obrigatoriamente ser deslocado para antes do
verbo que acompanha. 146-) (SECRETARIA DE ESTADO DE DEFESA SOCIAL/MG –
(C) a ênclise em “Frustrei-me” é facultativa. AGENTE DE SEGURANÇA SOCIOEDUCATIVO – IBFC/2014) Ao
(D) a inclusão do advérbio Não, no inı ́cio da oração “Frustrei- observar a concordância verbal em “Fui eu quem criou a terra”,
-me”, tornaria a próclise obrigatória. conclui-se que:
(E) a ênclise em “Frustrei-me” é obrigatória. A) o pronome relativo “quem” é sujeito do verbo “criou”.
B) os dois verbos estão flexionados na mesma pessoa grama-
“Frustrei-me por não ver o Escola” tical.
(A) “me” poderia ser deslocado para antes do verbo que acom- C) se fosse usado “que” no lugar de “quem”, não haveria alte-
panha = Me frustrei = incorreta, pois não se inicia período com pro- ração na concordância.
nome oblíquo (é a regra!). D) o pronome “eu” é sujeito das duas orações.
(B) “me” deveria obrigatoriamente ser deslocado para antes do
verbo que acompanha = respondi anteriormente! – na A “Fui eu quem criou a terra”
(C) a ênclise em “Frustrei-me” é facultativa. = incorreta. Como A) o pronome relativo “quem” é sujeito do verbo “criou”. =
não há partícula que justifique a próclise, utiliza-se ênclise correta
(D) a inclusão do advérbio Não, no inı ́cio da oração “Frustrei- B) os dois verbos estão flexionados na mesma pessoa grama-
-me”, tornaria a próclise obrigatória. = Não me frustrei = correta (o tical. = fui (primeira pessoa do singular) / criou (terceira pessoa do
advérbio de negação “atrairia” o pronome) singular) = incorreta
(E) a ênclise em “Frustrei-me” é obrigatória. = incorreta (em C) se fosse usado “que” no lugar de “quem”, não haveria alte-
termos!). Se houvesse partícula que justificasse a próclise, a ênclise ração na concordância. = Fui eu que criei (haveria alteração verbal)
seria descartada – por isso que não está correto afirmar “obrigató- = incorreta
ria”. D) o pronome “eu” é sujeito das duas orações. = apenas do
RESPOSTA: D “fui” = incorreta
RESPOSTA: A

59
LÍNGUA PORTUGUESA
147-) (ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO – TÉCNICO EM CO- 148-) (ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO – TÉCNICO EM CO-
MUNICAÇÃO SOCIAL – IDECAN/2014 - adaptada) Analise as afir- MUNICAÇÃO SOCIAL – IDECAN/2014 - adaptada) Assinale a al-
mativas. ternativa em que a acentuação de todas as palavras está de acordo
I. “O Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) com a mesma regra da palavra destacada no título do texto: “Procu-
não pode ser obrigado a prorrogar contratos do Fundo de Finan- radorias comprovam necessidade de rendimento satisfatório para
ciamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies) a estudantes com renovação do FIES”.
baixo rendimento acadêmico.” A) após / pó / paletó
II. “Em duas ações, as estudantes pediam a prorrogação do fi- B) moído / juízes / caído
nanciamento estudantil, independentemente do baixo rendimento C) história / cárie / tênue
acadêmico por elas apresentado. Uma das autoras alegava que en- D) álibi / ínterim / político
frentou problemas pessoais, pois sua filha estaria doente, o que a E) êxito / protótipo / ávido
levou a ter um baixo rendimento na universidade.”
De acordo com as expressões destacadas nos trechos anterio- Satisfatório = paroxítona terminada em ditongo
res, assinale a alternativa correta. A) após = oxítona / pó = monossílaba / paletó = oxítona
A) Nas expressões destacadas nos dois trechos, o uso do sinal B) moído = regra do hiato / juízes = regra do hiato / caído =
indicativo de crase é facultativo. regra do hiato
C) história = paroxítona terminada em ditongo / cárie = paro-
B) Em “a estudantes” (I), caso a flexão de número do substanti-
xítona terminada em ditongo / tênue = paroxítona terminada em
vo fosse alterada, o sinal grave indicativo de crase seria obrigatório.
ditongo
C) Em “as estudantes” (II), caso a flexão de número do subs-
D) álibi = proparoxítona / ínterim = proparoxítona / político =
tantivo fosse alterada, o sinal grave indicativo de crase seria obri-
proparoxítona
gatório. E) êxito = proparoxítona / protótipo = proparoxítona / ávido =
D) Apenas no trecho I existe a possibilidade da ocorrência do proparoxítona
fenômeno da crase acrescentando-se o artigo definido feminino RESPOSTA: C
plural.
E) “a estudantes” (I) e “as estudantes” (II) são expressões que 149-) (ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO – TÉCNICO EM CO-
possuem o mesmo sentido, ocorrendo apenas mudança quanto à MUNICAÇÃO SOCIAL – IDECAN/2014)
escolha discursiva do enunciador. Acerca das relações sintáticas que ocorrem no interior do perí-
odo a seguir “Policiais de Los Angeles tomam facas de criminosos,
I. “O Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) perseguem bêbados na estrada e terminam o dia na delegacia fa-
não pode ser obrigado a prorrogar contratos do Fundo de Finan- zendo seu relatório.”, é correto afirmar que
ciamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies) a estudantes com A) “o dia” é sujeito do verbo “terminar”.
baixo rendimento acadêmico.” B) o sujeito do período, Policiais de Los Angeles, é composto.
II. “Em duas ações, as estudantes pediam a prorrogação do fi- C) “bêbados” e “criminosos” apresentam-se na função de su-
nanciamento estudantil, independentemente do baixo rendimento jeito.
acadêmico por elas apresentado. Uma das autoras alegava que en- D) “facas” possui a mesma função sintática que “bêbados” e
frentou problemas pessoais, pois sua filha estaria doente, o que a “relatório”.
levou a ter um baixo rendimento na universidade.” E) “de criminosos”, “na estrada”, “na delegacia” são termos que
indicam circunstâncias que caracterizam a ação verbal.
A) Nas expressões destacadas nos dois trechos, o uso do sinal
indicativo de crase é facultativo. “Policiais de Los Angeles tomam facas de criminosos, perse-
Em I, o acento grave é proibido, já que “estudantes” está no guem bêbados na estrada e terminam o dia na delegacia fazendo
plural (generalizando) ; em II, também, pois “as” é artigo, sem ne- seu relatório”
cessidade de preposição A) “o dia” é sujeito do verbo “terminar”. = incorreta (é objeto)
B) Em “a estudantes” (I), caso a flexão de número do substanti- B) o sujeito do período, Policiais de Los Angeles, é composto. =
incorreta (é simples: policiais)
vo fosse alterada, o sinal grave indicativo de crase seria obrigatório.
C) “bêbados” e “criminosos” apresentam-se na função de sujei-
= prorrogar contratos aos estudantes (se fosse às estudantes, o con-
to. = incorreta (objetos)
trato seria apenas para alunas, o que não seria coerente) = incorreta
D) “facas” possui a mesma função sintática que “bêbados” e
C) Em “as estudantes” (II), caso a flexão de número do subs-
“relatório”. = correta (objetos)
tantivo fosse alterada, o sinal grave indicativo de crase seria obri- E) “de criminosos”, “na estrada”, “na delegacia” são termos que
gatório. = incorreta (“as estudantes” é sujeito da oração – artigo + indicam circunstâncias que caracterizam a ação verbal. = incorreta
substantivo) (“na estrada” e “na delegacia” são adjuntos adverbiais, mas “de cri-
D) Apenas no trecho I existe a possibilidade da ocorrência do minosos” – objeto).
fenômeno da crase acrescentando- -se o artigo definido fe- RESPOSTA: D
minino plural. = correta. Mas teríamos a situação que comentei no
item “B”.
E) “a estudantes” (I) e “as estudantes” (II) são expressões que
possuem o mesmo sentido, ocorrendo apenas mudança quanto à
escolha discursiva do enunciador. = incorreta. Em I, o termo tem a
função de objeto indireto; em II, sujeito.
RESPOSTA: D

60
LÍNGUA PORTUGUESA
150-) (POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DE SÃO PAULO/SP – MÉ- 152-) (PRODEST/ES – ASSISTENTE ORGANIZACIONAL – VU-
DICO LEGISTA – VUNESP/2014) NESP/2014) Para atender à norma- -padrão da língua portu-
Considerando as regras de regência, de concordância e do em- guesa e manter o sentido do texto, o trecho em destaque deve ser
prego da crase, assinale a alternativa que preenche, correta e res- corretamente substituído por pronome como indicado na alterna-
pectivamente, as lacunas do texto a seguir. tiva:
Homens respondem pior ______ vacina da gripe (A) Eu escutava as conversas, as notícias do rádio, dormia... →
Quanto maior o nível de testosterona, menor é a resposta Eu escutava-nas, dormia...
_____ imunização, revela novo estudo americano. [...] (B) ... pouco a pouco, fui pedindo licença a meu amigo taxista
Altos níveis do hormônio masculino ___________ a um enfra- para um telefonema aqui... pouco a pouco, fui pedindo-lhe licença
quecimento do sistema imune. para um telefonema aqui...
Mulheres respondem melhor _____ vacina contra a gripe do (C) ... passei a interromper meu precioso flanar nos táxis... →
que os homens. [...] passei a interromper-lhe...
Pesquisas experimentais [...] já tinham levantado suspeitas (D) ... e saio do carro com meu tio balançando a cabeça lá em
_____ poderia haver uma interação entre testosterona e a resposta cima. → e saio do carro com meu tio balançando-na lá em cima.
autoimune. (E) Penso no meu tio e imagino o quanto se divertiria ouvindo
(Excertos de artigo publicado na Folha de S.Paulo, 22 de janeiro os absurdos que falamos ao celular... → Penso no meu tio e imagino
de 2014) o quanto se divertiria ouvindo-se ao celular...
(A) a ... à ... está associado ... a ... que Eu escutava as conversas, as notícias do rádio, dormia... → Eu
(B) à ... à ... estão associados ... à ... de que escutava-nas, dormia
(C) à ... à ... está associado ... à ... de que = eu as escutava
(D) à... a ... estão associado ... à ... a que (B) ... pouco a pouco, fui pedindo licença a meu amigo taxista
(E) à ... a ... estão associados ... a ... que para um telefonema aqui... pouco a pouco, fui pedindo-lhe licença
para um telefonema aqui... = correta
Homens respondem pior À (responde a quem? Presença da (C) ... passei a interromper meu precioso flanar nos táxis... →
preposição) vacina da gripe passei a interromper-lhe...
Quanto maior o nível de testosterona, menor é a resposta À = passei a interrompê-lo
(resposta a quê?) imunização, revela novo estudo americano. [...] (D) ... e saio do carro com meu tio balançando a cabeça lá em
Altos níveis do hormônio masculino ESTÃO ASSOCIADOS a um cima. → e saio do carro com meu tio balançando-na lá em cima. =
enfraquecimento do sistema imune. meu tio balançando-a
Mulheres respondem melhor À (responde a quem? - presença (E) Penso no meu tio e imagino o quanto se divertiria ouvindo
da preposição) vacina contra a gripe do que os homens. [...] os absurdos que falamos ao celular... → Penso no meu tio e imagi-
Pesquisas experimentais [...] já tinham levantado suspeitas DE no o quanto se divertiria ouvindo-se ao celular...= ouvindo-os
QUE (suspeitas do quê?) poderia haver uma interação entre testos- RESPOSTA: B
terona e a resposta autoimune.
Ficou: à / à / estão associados / à / de que. 153-) (PRODEST/ES – ASSISTENTE ORGANIZACIONAL – VU-
RESPOSTA: B NESP/2014) Entre os trechos que completam a frase a seguir, assi-
nale o que traz o sinal indicativo de crase empregado corretamente.
151-) (POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DE SÃO PAULO/SP – MÉ- O taxista...
DICO LEGISTA – VUNESP/2014 - adaptada) Leia o seguinte trecho (A) chegou à sua casa com muitas novidades para contar.
para responder à questão. (B) informa à todos os passageiros o valor da corrida.
A pesquisa encontrou um dado curioso: homens com baixos ní- (C) distribui seu cartão de visitas à vários clientes.
veis de testosterona tiveram uma resposta imunológica melhor a (D) apressou-se à fazer a manobra indicada pelo agente de
essa medida, similar _______________ . trânsito.
(E) atende à turistas que visitam o Rio de Janeiro.
A alternativa que completa, corretamente, o texto é:
(A) das mulheres O taxista...
(B) às mulheres (A) chegou à sua casa com muitas novidades para contar. = cor-
(C) com das mulheres reta
(D) à das mulheres (B) informa à todos os passageiros o valor da corrida. = a todos
(E) ao das mulheres (pronome indefinido)
(C) distribui seu cartão de visitas à vários clientes. = a vários
Similar significa igual; sua regência equivale à da palavra (plural, palavra masculina)
“igual”: igual a quê? Similar a quem? Similar à (subentendido: res- (D) apressou-se à fazer a manobra indicada pelo agente de
posta imunológica) das mulheres. trânsito. = a fazer (verbo no infinitivo)
RESPOSTA: D (E) atende à turistas que visitam o Rio de Janeiro. = a turistas
(palavra generalizando – no plural)
RESPOSTA: A

61
LÍNGUA PORTUGUESA
154-) (PRODEST/ES – ASSISTENTE ORGANIZACIONAL – VU- Assinalei com ( X ) as pontuações inadequadas:
NESP/2014) De acordo com a norma- -padrão da língua portu- A) Para cozinhar batatas, lave-as muito bem, faça alguns furi-
guesa, a concordância verbal está correta em: nhos, leve, (X) ao micro-ondas por dois minutos, vire-as para outro
(A) Ela não pode usar o celular e chamar um taxista, pois aca- lado e deixe por mais dois minutos.
bou os créditos. B) Para caramelizar o açúcar, numa jarra refratária, coloque, (X)
(B) Esta empresa mantêm contato com uma rede de táxis que 200 g de açúcar e adicione 3 colheres de sopa de água. Deixe, (X)
executa diversos serviços para os clientes. de cinco a sete minutos em potência alta (100%) sem mexer, até
(C) À porta do aeroporto, havia muitos táxis disponíveis para os que doure.
passageiros que chegavam à cidade. C) Aqueça sua bolsa de água quente ou seu pacote de gel para
(D) Passou anos, mas a atriz não se esqueceu das calorosas dor de cabeça no micro-ondas, contanto que não haja metal na em-
lembranças que seu tio lhe deixou. balagem. = correta
(E) Deve existir passageiros que aproveitam a corrida de táxi D) Ficarão, (X) crocantes e deliciosos, (X) os seus amendoins,
para bater um papo com o motorista. (X) no forno micro-ondas, em dois ou três minutos, em potência
máxima. Retire, dê uma mexidinha, coloque mais 1 minuto e meio,
(A) Ela não pode usar o celular e chamar um taxista, pois aca- mexa, e faça de novo até torrar.
bou os créditos. = acabaram RESPOSTA: C
(B) Esta empresa mantêm contato com uma rede de táxis que
executa diversos serviços para os clientes. = mantém (singular) 157-) (PREFEITURA DE PINHAIS/PR – INTÉRPRETE DE LI-
(C) À porta do aeroporto, havia muitos táxis disponíveis para os BRAS – FAFIPA/2014) Em “‘Não escutar com o volume muito
passageiros que chegavam à cidade. = correta alto...’”, a palavra em destaque exerce função de
(D) Passou anos (passaram-se), mas a atriz não se esqueceu das (A) advérbio de modo.
calorosas lembranças que seu tio lhe deixou.
(B) conjunção condicional.
(E) Deve (devem) existir passageiros que aproveitam a corrida
(C) advérbio de intensidade.
de táxi para bater um papo com o motorista.
(D) pronome indefinido.
RESPOSTA: C

155-) (CIA DE SERVIÇOS DE URBANIZAÇÃO DE GUARAPUA- A palavra em destaque está relacionada com “alto” – no perío-
VA/PR - AGENTE DE TRÂNSITO – CONSULPLAM/2014) Aponte a do funciona como adjetivo, pois qualifica o termo “volume” (subs-
opção que preenche os espaços em branco: tantivo). O termo que modifica um verbo, um advérbio ou um adje-
Não ___ alma sem corpo, que tantos corpos faça sem almas, tivo é o advérbio. No caso, um advérbio de intensidade.
como este purgatório ____ que chamais honra. Onde ___ inveja, RESPOSTA: C
não ____ amizade; nem _____ pode haver em desigual conversa-
ção. 158-) (TRT-13ª REGIÃO/PB – TÉCNICO JUDICIÁRIO – TEC-
(Luis Vaz de Camões, Cartas) NOLOGIA DA INFORMAÇÃO – FCC/2014)
A) há – há – há – há – a Durante toda a era moderna, nossos ancestrais avaliaram a vir-
B) a – há – a – a – há tude de suas realizações...
C) há – a – há – há – há ... cessem de obedecer à sentença de Steiner.
D) há – a – há – há – a Esse novo espectro comprova a novidade...
Fazendo-se as alterações necessárias, os segmentos sublinha-
Não HÁ (= existe) alma sem corpo, que tantos corpos faça sem dos acima foram corretamente substituídos por um pronome, na
almas, como este purgatório A que chamais honra. Onde HÁ inveja, ordem dada, em:
não HÁ amizade; nem A (= ela – pronome) pode haver em desigual (A) avaliaram-nas − obedecê-la − comprova-na
conversação. (B) avaliaram-na − obedecer-lhe − comprova-a
Ficou: há / a / há / há / a. (C) avaliaram-lhe − a obedecer − lhe comprova
RESPOSTA: D (D) as avaliaram − obedece-a − comprova-lhe
(E) lhes avaliaram − obedece-lhe − a comprova
156-) (CIA DE SERVIÇOS DE URBANIZAÇÃO DE GUARAPUA-
VA/PR - AGENTE DE TRÂNSITO – CONSULPLAM/2014) Assinale Durante toda a era moderna, nossos ancestrais avaliaram a vir-
o item com pontuação CORRETA. tude de suas realizações...
A) Para cozinhar batatas, lave-as muito bem, faça alguns fu- ... cessem de obedecer à sentença de Steiner.
rinhos, leve, ao micro-ondas por dois minutos, vire-as para outro
Esse novo espectro comprova a novidade...
lado e deixe por mais dois minutos.
B) Para caramelizar o açúcar, numa jarra refratária, coloque,
Avaliaram o quê? – pede objeto direto = avaliaram-na
200 g de açúcar e adicione 3 colheres de sopa de água. Deixe, de
Obedecer a quê? A quem? – pede objeto indireto (com prepo-
cinco a sete minutos em potência alta (100%) sem mexer, até que
doure. sição) = obedecer-lhe
C)Aqueça sua bolsa de água quente ou seu pacote de gel para Comprova o quê? – pede objeto direto = comprova-a
dor de cabeça no micro-ondas, contanto que não haja metal na em-
balagem. Temos: avaliaram-na / obedecer-lhe / comprova-a.
D) Ficarão, crocantes e deliciosos, os seus amendoins, no forno RESPOSTA: B
micro-ondas, em dois ou três minutos, em potência máxima. Retire,
dê uma mexidinha, coloque mais 1 minuto e meio, mexa, e faça de
novo até torrar.

62
LÍNGUA PORTUGUESA
159-) (TRT-13ª REGIÃO/PB – TÉCNICO JUDICIÁRIO – TEC- D. ( ) Na reunião de diretoria, não se analisou os novos planos
NOLOGIA DA INFORMAÇÃO – FCC/2014) da empresa. = não se analisaram
Nos trechos adaptados da entrevista de Luís Antônio Giron, as E. ( ) A ameaça, o terror, a agressão, nada o deteriam ao desafio
normas de concordância foram inteiramente respeitadas em: imposto. = nada o deteria
(A) Modas vem e vão e são tão antigas quanto a cultura. O que RESPOSTA: B
a faz tão presentes em nossa vida diária é o impacto da comunica-
ção digital em tempo real associado a grandes redes de lojas. 161-) (PREFEITURA DE BRUSQUE/SC – EDUCADOR SOCIAL
(B) Para que se dê uma oportunidade de mudar o cenário de – FEPESE/2014) Assinale a alternativa em que só palavras paroxíto-
desigualdades tal qual se apresentam hoje, os jovens precisam re- nas estão apresentadas.
sistir às pressões da fragmentação; é preciso que troque o mundo A. ( ) facilitada, minha, canta, palmeiras
virtual pelo real. B. ( ) maná, papá, sinhá, canção
(C) O sociólogo entrevistado denuncia a perda de referências C. ( ) cá, pé, a, exílio
políticas, culturais e morais da civilização atual e afirma que só os D. ( ) terra, pontapé, murmúrio, aves
jovens, com sua indignação, pode resistir à banalização do mundo E. ( ) saúde, primogênito, computador, devêssemos
moderno.
(D) O motor da moda arrasta as manifestações culturais e artís- A. ( ) facilitada = paroxítona / minha= paroxítona / canta = paro-
xítona / palmeiras = paroxítona
ticas. A moda tem seus usos e uma demanda enorme e crescente.
B. ( ) maná = oxítona / papá = oxítona / sinhá = oxítona / canção
Ela fornece um modelo para a constante troca de identidades de
= oxítona
nosso mundo.
C. ( ) cá = monossílaba / pé = monossílaba / a = monossílaba
(E) Os jovens tem a oportunidade de consertar o estrago feito
átona / exílio = paroxítona
por gerações anteriores. Como e se serão capaz de pôr isso em prá- D. ( ) terra = paroxítona / pontapé = oxítona / murmúrio = paro-
tica, dependem da imaginação e da determinação deles. xítona / aves = paroxítona
E. ( ) saúde = regra do hiato / primogênito = proparoxítona /
(A) Modas vem (vêm) e vão e são tão antigas quanto a cultura. computador = oxítona / devêssemos = proparoxítona
O que a (as) faz tão presentes em nossa vida diária é o impacto da RESPOSTA: A
comunicação digital em tempo real associado a grandes redes de 162-) (PREFEITURA DE JOÃO PESSOA/PB – AGENTE EDU-
lojas. CACIONAL – FGV/2014)
(B) Para que se dê uma oportunidade de mudar o cenário de Analise a frase a seguir: “30% da população apoiam”.
desigualdades tal qual se apresentam (apresenta) hoje, os jovens Uma frase construída por uma porcentagem seguida de um
precisam resistir às pressões da fragmentação; é preciso que troque partitivo tanto pode ter sua concordância verbal realizada com a
(troquem) o mundo virtual pelo real. porcentagem quanto com o partitivo. A esse respeito, assinale a
(C) O sociólogo entrevistado denuncia a perda de referências alternativa que mostra uma concordância inaceitável.
políticas, culturais e morais da civilização atual e afirma que só os (A) 1,4 dos uruguaios apoiam. 
jovens, com sua indignação, pode (podem) resistir à banalização do (B)  1,3 da população apoia. 
mundo moderno. (C)  2,2 da população apoiam. 
(D) O motor da moda arrasta as manifestações culturais e artís- (D) 3,3 dos uruguaios apoiam. 
ticas. A moda tem seus usos e uma demanda enorme e crescente. (E)  1,8 da população uruguaia apoiam. 
Ela fornece um modelo para a constante troca de identidades de
nosso mundo. = correta (A) 1,4 dos uruguaios apoiam. 
(E) Os jovens tem (têm) a oportunidade de consertar (conserta- (B)  1,3 da população apoia. 
rem) o estrago feito por gerações anteriores. Como e se serão capaz (C)  2,2 da população apoiam. 
(capazes) de pôr isso em prática, dependem (depende) da imagina- (D) 3,3 dos uruguaios apoiam. 
ção e da determinação deles. (E)  1,8 da população uruguaia apoiam. = apoia (tanto o nume-
RESPOSTA: D ral quanto o substantivo estão no singular)
RESPOSTA: E
160-) (PREFEITURA DE BRUSQUE/SC – EDUCADOR SOCIAL
163-) (SEDUC/AM – PROFESSOR CICLO REGULAR –
– FEPESE/2014) Assinale a alternativa correta, quanto à concordân-
FGV/2014) Se colocarmos as formas de imperativo – faça, atenda,
cia verbal.
assista, descubra – na forma negativa, mantendo-se a pessoa gra-
A. ( ) Admite-se técnicos com experiência. matical, as formas adequadas serão:
B. ( ) Não se descobriram as causas do problema. (A) não faça, não atenda, não assista, não descubra.
C. ( ) Necessitavam-se de mais informações sobre o projeto ar- (B) não faz, não atende, não assiste, não descobre.
quitetônico. (C) não faças, não atendas, não assistas, não descubras.
D. ( ) Na reunião de diretoria, não se analisou os novos planos (D) não fazes, não atendes, não assistes, não descobres.
da empresa. (E) não faze, não atenda, não assiste, não descubra.
E. ( ) A ameaça, o terror, a agressão, nada o deteriam ao desafio
imposto.

A. ( ) Admite-se técnicos com experiência. = admitem-se


B. ( ) Não se descobriram as causas do problema. = correta
C. ( ) Necessitavam-se de mais informações sobre o projeto ar-
quitetônico. = necessitava

63
LÍNGUA PORTUGUESA
Primeiramente descubramos qual a pessoa gramatical dos ver- (A) silêncio = paroxítona terminada em ditongo / penitenciárias
bos do enunciado: “eu faço, tu fazes”. Para o Imperativo Afirmativo, = paroxítona terminada em ditongo
segunda pessoa (tu), copiamos a conjugação do verbo do presente (B) duríssima = proparoxítona / poética = proparoxítona
do indicativo, apenas retirando o “s” final (de qualquer verbo que (C) presídio = paroxítona terminada em ditongo / juízes = regra
queiramos no modo imperativo). Para o verbo “fazer”, o imperativo do hiato
afirmativo, segunda pessoa, teríamos: FAZE. Como no enunciado (D) através = oxítona / virá = oxítona
temos “faça”, então pertence a “você” (ele – terceira pessoa – que RESPOSTA: C
é retirado do presente do subjuntivo – literalmente: que eu faça,
que tu faças, que ele FAÇA). Agora, basta conjugarmos os verbos 167-) (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO –
solicitados no modo subjuntivo, tempo presente, depois “copiar- TÉCNICO EM AGRIMENSURA – FUNCAB/2014) A alternativa que
mos”, acrescentarmos um advérbio de negação (o exercício pede o apresenta palavra acentuada por regra diferente das demais é:
“não”) e, assim, estaremos conjugando o imperativo negativo: que A) dúvidas.
ele ATENDA, que ele ASSISTA, que ele DESCUBRA. Ficará: B) muitíssimos.
Não faça / não atenda / não assista / não descubra. C) fábrica.
RESPOSTA: A D) mínimo.
E) impossível.
164-) (EMPRESA MUNICIPAL DE ARTES GRÁFICAS/RJ –
AGENTE DE ADMINISTRAÇÃO – FJG/2014) Caso seja _______ A) dúvidas = proparoxítona
atual projeto de lei, a criação de creches nos presídios femininos B) muitíssimos = proparoxítona
_____ obrigatória. O poder familiar das detentas ______ durante C) fábrica = proparoxítona
o período de recolhimento, sendo, na hipótese de adoção, _______ D) mínimo = proparoxítona
seu consentimento. E) impossível = paroxítona
As normas gramaticais relativas à concordância verbal e nomi- RESPOSTA: E
nal são respeitadas se as lacunas da frase acima forem preenchidas
com: 168-) (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO –
(A) aprovado; serão; permanecerão; necessário TÉCNICO EM AGRIMENSURA – FUNCAB/2014 - adaptada) No
(B) aprovado; será; permanecerá; necessário fragmento “Suspeita-se que o sol É uma bola acesa...”, a forma ver-
(C) aprovada; será; permanecerão; necessária bal destacada pode, de acordo com a gramática normativa e sem
(D) aprovada; serão; permanecerá; necessária prejuízo de sentido, ser substituída por:
A) era.
Caso seja APROVADO atual projeto de lei, a criação de creches B) fosse.
nos presídios femininos SERÁ obrigatória. O poder familiar das de- C) fora.
tentas PERMANECERÁ durante o período de recolhimento, sendo, D) seja.
na hipótese de adoção, NECESSÁRIO seu consentimento. E) será.
RESPOSTA: B
“Suspeita-se” dá a entender que a oração abordará uma hipó-
165-) (EMPRESA MUNICIPAL DE ARTES GRÁFICAS/RJ – tese. Outro verbo que também terá tal sentido na oração é “seja”:
AGENTE DE ADMINISTRAÇÃO – FJG/2014 - adaptada) “Fui ao Suspeita-se que o sol seja uma bola acesa...
presídio feminino Nelson Hungria...”. Destacou-se a combinação da RESPOSTA: D
preposição a com o artigo definido masculino o. Quando o artigo
é feminino, ocorre contração ou crase das duas vogais a, marcada 169-) (PRODAM/AM – ASSISTENTE DE HARDWARE – FUN-
pelo acento grave – à. NÃO há crase em: CAB/2014) Assinale a alternativa em que todas as palavras foram
(A) Fui a cerimônia ontem. acentuadas segundo a mesma regra.
(B) Fui a escola de meus filhos. A) indivíduos - atraí(-las) - período
(C) Fui a Bahia. B) saíram – veículo - construído
(D) Fui a Copacabana. C) análise – saudável - diálogo
D) hotéis – critérios - através
(A) Fui a cerimônia ontem. = fui à cerimônia ontem (há crase) E) econômica – após – propósitos
(B) Fui a escola de meus filhos. = fui à escola de meus filhos
(há crase) A) indivíduos = proparoxítona / atraí(-las) = hiato / período =
(C) Fui a Bahia. = fui à Bahia (Fui A, voltei DA, crase HÁ!) proparoxítona
(D) Fui a Copacabana. = fui a Copacabana (fui A, voltei DE, crase B) saíram = hiato / veículo = hiato / construído = hiato
pra quê?) – não há crase C) análise = proparoxítona / saudável = paroxítona / diálogo =
RESPOSTA: D proparoxítona
D) hotéis = oxítona (ditongo aberto) / critérios = paroxítona /
166-) (EMPRESA MUNICIPAL DE ARTES GRÁFICAS/RJ – através = oxítona
AGENTE DE ADMINISTRAÇÃO – FJG/2014) Regras de acentuação E) econômica = proparoxítona / após = oxítona / propósitos =
diferentes justificam o acento gráfico das palavras do texto reunidas proparoxítona
em: RESPOSTA: B
(A) silêncio; penitenciárias
(B) duríssima; poética
(C) presídio; juízes
(D) através; virá

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LÍNGUA PORTUGUESA
170-) (PRODAM/AM – ASSISTENTE DE HARDWARE – FUN- A) Um conjunto amplo de pessoas respondeu ao questionário.
CAB/2014) No período: “SE USADA COM BONS PROPÓSITOS, como = correta
convém, a internet é uma ferramenta poderosa de transforma- B) Falta apenas dois dias para o fechamento das inscrições. =
ções.”, se trocarmos o trecho destacado por SE FOR USADA COM faltam apenas dois dias
BONS PROPÓSITOS, que forma deve assumir o verbo SER? C) A maioria das empresas ainda mantêm estruturas burocráti-
A) era cas. = correta (poderia ser “mantém”, também)
B) seja D) Não basta as empresas disporem de uma tecnologia de pon-
C) seria ta. = correta (o “as” é artigo, não há junção com preposição. Cuida-
D) será do com a frase: é uma oração subordinada substantiva subjetiva.
E) fora “Isso não basta”.)
RESPOSTA: B
“SE FOR USADA COM BONS PROPÓSITOS, como convém, a in-
ternet será uma ferramenta poderosa de transformações”. 174-) (SECRETARIA D ESTÃO DE DEFESA CIVIL/MG – AGEN-
RESPOSTA: D TE DE SEGURANÇA PENITENCIÁRIO – IBFC/2014 - adaptada)
Em “Assim, emoções ligadas à excitação, como raiva e felicidade”
171-) (PRODAM/AM – ASSISTENTE DE HARDWARE – FUN- ocorre a contração da preposição “a” com o artigo “a”. A ocorrência
CAB/2014) Assinale a única opção correta com relação ao emprego da preposição deve-se a uma relação de regência, na qual o termo
do acento indicativo de crase. regente é:
A) Ninguém à aguardava na sala ao lado. A)“assim”
B) As propostas começaram à chegar pela web. B)“excitação”
C) Todos assistiram à palestra com muito interesse. C)“emoções”
D)“ligadas”
D) Ele se referia à uma das propostas populares.
E) Os diretores ficaram frente à frente com o técnico.
O termo que “pede”, em sua regência, a preposição “a”, a qual
se contrai com o “a” (artigo) que antecede o substantivo “excitação”
A) Ninguém à aguardava na sala ao lado. = ninguém a aguarda-
é o adjetivo (nome) “ligadas”.
va (a = pronome: aguardava “ela”) RESPOSTA: D
B) As propostas começaram à chegar pela web. = a chegar (ver-
bo no infinitivo) 175-) (INSTITUTO GERAL DE PESQUISAS DE SANTA CATA-
C) Todos assistiram à palestra com muito interesse. = correta RINA/SC – AUXILIAR DE LABORATÓRIO – IESES/2014) O acento
D) Ele se referia à uma das propostas populares. = a uma das diferencial é usado para diferenciar palavras homógrafas. Esse tipo
propostas (artigo indefinido) de acento ocorre em qual das alternativas? Assinale-a.
E) Os diretores ficaram frente à frente com o técnico. = frente a A) Amém.
frente (palavra repetida) B) Sábia.
RESPOSTA: C C) Pública.
D) Pôde.
172-) (COPASA/MG – AGENTE DE SANEAMENTO – TÉCNICO
EM INFORMÁTICA – FUNDEP/2014) Lembrete: o acento diferencial, após o Novo Acordo Ortográfi-
“- Não, meu filho, eu não estava descansando. Estava afiando co, continua nas palavras:
o machado.” “Pôr” (verbo) - para diferenciação com “por” (preposição);
O verbo sublinhado nessa frase está na seguinte forma nomi- “pôde” (verbo no pretérito perfeito do indicativo) – para diferen-
nal: ciação de “pode” (verbo no presente do indicativo). Questão res-
A) Gerúndio. pondida!
B) Particípio. Nas demais palavras das alternativas, há a mudança da posição
C) Futuro do pretérito do indicativo. da sílaba tônica, mudando, também, o significado delas:
D) Pretérito imperfeito do indicativo. A) Amém = oxítona terminada em “em” / amem = verbo (pa-
roxítona)
Quando o verbo termina em “NDO” (cantando, falando, sorrin- B) Sábia = paroxítona (adjetivo) / sabia = paroxítona (verbo) /
do) ele está em uma de suas formas nominais: gerúNDIO. sabiá = oxítona (substantivo)
RESPOSTA: A C) Pública = proparoxítona (adjetivo) / publica = paroxítona
(verbo)
RESPOSTA: D
173-) (PREFEITURA DE BELA VISTA DE MINAS/MG – TELE-
FONISTA – FUNDEP/2014)
176-) (INSTITUTO GERAL DE PESQUISAS DE SANTA CATARI-
Assinale a alternativa em que a concordância verbal está IN-
NA/SC – AUXILIAR DE LABORATÓRIO – IESES/2014) Em qual das
CORRETA. alternativas o sinal de crase é facultativo?
A) Um conjunto amplo de pessoas respondeu ao questionário. A) Fiz menção à teoria citada por você.
B) Falta apenas dois dias para o fechamento das inscrições. B) O sapato tinha detalhes à italiana.
C) A maioria das empresas ainda mantêm estruturas burocrá- C) Suas publicações são semelhantes às minhas.
ticas. D) Dirigi-me à Laura para saber como ela atendia os contribuin-
D) Não basta as empresas disporem de uma tecnologia de pon- tes.
ta.

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LÍNGUA PORTUGUESA
A) Fiz menção à teoria citada por você. = obrigatório (regência 179-) (CÂMARA MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS/
nominal de “menção”) SP – TÉCNICO LEGISLATIVO – VUNESP/2014) A concordância está
B) O sapato tinha detalhes à italiana. = obrigatório (subenten- de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa em:
dida “à moda”) (A) Nestas férias de verão, as famílias têm lotado clubes e
C) Suas publicações são semelhantes às minhas. = obrigatório praias.
(semelhantes às publicações minhas – regência de “semelhantes”) (B) Nestas férias de verão, clubes e praias tem sido lotado pelas
D) Dirigi-me à Laura para saber como ela atendia os contribuin- famílias.
tes. = facultativa (antes de nome próprio – no caso, o sinal grave foi (C) Nestas férias de verão, clubes e praias ficam lotadas pelas
utilizado para evitar incompreensão) famílias.
RESPOSTA: D (D) Nestas férias de verão, as famílias mantém clubes e praias
lotado.
177-) (CORPO DE BOMBEIROS MILITAR/PI – CURSO DE (E) Nestas férias de verão, estão ficando lotado, pelas famílias,
FORMAÇÃO DE SOLDADOS – UESPI/2014) Assinale a alternativa clubes e praias.
em que as normas da concordância foram cumpridas.
A) No ano passado, houve inúmeros doadores de sangue na (A) Nestas férias de verão, as famílias têm lotado clubes e
campanha Bombeiro Sangue Bom . praias. = correta
B) Já fazem mais de cinco anos que a Ação Social 6 milhas Bom- (B) Nestas férias de verão, clubes e praias tem sido lotado pelas
beiros acontece no Brasil. famílias. = têm sido
C) Desde o início da campanha Bombeiro Sangue Bom foi regis- (C) Nestas férias de verão, clubes e praias ficam lotadas pelas
trado muitas doações de sangue. famílias. = ficam lotados
D) Chega, a cada ano, novos doadores que desejam ajudar o (D) Nestas férias de verão, as famílias mantém clubes e praias
próximo. lotado. = mantêm
E) A Ação Social 6 milhas Bombeiros têm a expectativa de con- (E) Nestas férias de verão, estão ficando lotado, pelas famílias,
seguir novos doadores. clubes e praias. = lotados
RESPOSTA: A
A) No ano passado, houve inúmeros doadores de sangue na
campanha Bombeiro Sangue Bom. 180-) (CÂMARA MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS/SP
= correta – TÉCNICO LEGISLATIVO – VUNESP/2014) O acento indicativo de
B) Já fazem mais de cinco anos que a Ação Social 6 milhas Bom- crase, em destaque nas frases, está empregado corretamente em:
beiros acontece no Brasil. = já faz mais de cinco anos (A) A mesa farta dos nobres da Antiguidade já chegou à classe
C) Desde o início da campanha Bombeiro Sangue Bom foi re- média.
gistrado muitas doações de sangue. = foram registradas muitas do- (B) O acesso à alimentos de qualidade foi facilitado recente-
ações mente.
D) Chega, a cada ano, novos doadores que desejam ajudar o (C) O homem moderno habituou-se à uma vida sedentária.
próximo. = chegam, a cada ano, novos doadores (D) Sedentarismo e obesidade podem levar à várias doenças.
E) A Ação Social 6 milhas Bombeiros têm a expectativa de con- (E) Médicos aconselham seus pacientes à praticar atividade fí-
seguir novos doadores. = a Ação Social 6 milhas Bombeiros tem sica.
RESPOSTA: A
(A) A mesa farta dos nobres da Antiguidade já chegou à classe
178-) (CORPO DE BOMBEIROS MILITAR/PI – CURSO DE média. = correta
FORMAÇÃO DE SOLDADOS – UESPI/2014) “O evento promove a (B) O acesso à alimentos de qualidade foi facilitado recente-
saúde de modo integral.” A regra que justifica o acento gráfico no mente. = a alimentos (palavra masculina)
termo destacado é a mesma que justifica o acento em: (C) O homem moderno habituou-se à uma vida sedentária. = a
A) “remédio”. uma vida (artigo indefinido)
B) “cajú”. (D) Sedentarismo e obesidade podem levar à várias doenças. =
C) “rúbrica”. a várias (palavra no plural, generalizando)
D) “fráude”. (E) Médicos aconselham seus pacientes à praticar atividade fí-
E) “baú”. sica. = a praticar (verbo no infinitivo)
RESPOSTA: A
“O evento promove a saúde de modo integral.” = saúde - segue
a regra do hiato 181-) (FUNDUNESP/SP – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO –
A) “remédio” = paroxítona terminada em ditongo VUNESP/2014 - adaptada) Nas frases – Houve pulos, atropelos,
B) “cajú” = oxítona terminada em “u” não é acentuada (caju) pontapés... – e – Se ao menos na aula só houvesse rapazes... –,
C) “rúbrica” = paroxítona terminada em “a” não é acentuada substituindo-se o verbo Haver pelo verbo Existir, e mantendo-se o
(rubrica) mesmo tempo verbal, tem-se, respectivamente, de acordo com a
D) “fráude” = paroxítona terminada em “e” não é acentuada norma-padrão da língua portuguesa:
(fraude) (A) Existe; existam.
E) “baú” = regra do hiato (B) Existiam; existisse.
RESPOSTA: E (C) Existiu; existisse.
(D) Existiram; existissem.
(E) Existia; existiam.

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LÍNGUA PORTUGUESA
O verbo “haver”, quando empregado com o sentido de “exis- C) Minhas costas está doendo = estão
tir”, é impessoal – não sofre flexão. Mas o “existir”, sofre: “Existiram D) Ela foi uma das que chegou a tempo = uma das que chega-
pulos...” “Se ao menos na aula existissem rapazes...”. ram
RESPOSTA: D E) A maioria dos brasileiros gosta de futebol = correta (poderia
ser “gostam”, também)
182-) (PREFEITURA DE SÃO PAULO/SP – TÉCNICO EM SAÚ- RESPOSTA: E
DE – LABORATÓRIO – VUNESP/2014)
Se usadas no plural as palavras destacadas nas frases – Talvez 185-) (TRE/MS - ESTÁGIO – JORNALISMO - TRE/MS – 2014)
seja programa de quem vive em uma cidade cinzenta, na qual é De acordo com a nova ortografia, assinale o item em que todas as
difícil enxergar o céu. / Duvido que exista paisagem dominical mais palavras estão corretas:
urbana. – elas assumem versão correta em A) autoajuda – anti-inflamatório – extrajudicial.
(A) Talvez seja programa de quem vive em cidades cinzenta na B) supracitado – semi-novo – telesserviço.
qual é difícil enxergar o céu./ Duvido que exista paisagens dominical C) ultrassofisticado – hidro-elétrica – ultra-som.
mais urbanas. D) contrarregra – autopista – semi-aberto.
(B) Talvez seja programa de quem vive em cidades cinzentas, E) contrarrazão – infra-estrutura – coprodutor.
nas quais é difícil enxergar o céu./ Duvido que exista paisagens do-
minicais mais urbanas. Correção:
(C) Talvez seja programa de quem vive em cidades cinzentas, na A) autoajuda – anti-inflamatório – extrajudicial = correta
qual é difícil enxergar o céu./ Duvido que existam paisagens domi- B) supracitado – semi-novo – telesserviço = seminovo
nicais mais urbana. C) ultrassofisticado – hidro-elétrica – ultra-som = hidroelétrica,
(D) Talvez seja programa de quem vive em cidades cinzentas, ultrassom
nas quais são difíceis enxergar o céu./ Duvido que existam paisa- D) contrarregra – autopista – semi-aberto = semiaberto
gens dominical mais urbana. E) contrarrazão – infra-estrutura – coprodutor = infraestrutura
(E) Talvez seja programa de quem vive em cidades cinzentas, RESPOSTA: A
nas quais é difícil enxergar o céu./ Duvido que existam paisagens
dominicais mais urbanas.
186-) (TRE/MS - ESTÁGIO – JORNALISMO - TRE/MS – 2014)
Verifique a pontuação nas frases abaixo e marque a assertiva cor-
Reescrevendo a passagem no plural:
reta:
Talvez seja programa de quem vive em cidades cinzentas, nas
quais é difícil enxergar o céu. / Duvido que existam paisagens domi- A) Céus: Que injustiça.
nicais mais urbanas. B) O resultado do placar, não o abateu.
RESPOSTA: E C) O comércio estava fechado; porém, a farmácia estava em
pleno atendimento.
183-) (TRE/MS - ESTÁGIO – JORNALISMO - TRE/MS – 2014) D) Comam bastantes frutas crianças!
Observe o pronome relativo nas seguintes frases e assinale a alter- E) Comprei abacate, e mamão maduro.
nativa correta:
A) Leve tantos brindes quanto quiser. Fiz as devidas correções:
B) O caderno onde continha rasura é sigiloso. A) Céus! Que injustiça!
C) Quem é o protagonista cujo trabalho é desconhecido? B) O resultado do placar não o abateu = não há vírgula entre
D) O local aonde paramos era escuro. sujeito e predicado
E) Não aceito a forma que ele te tratou. C) O comércio estava fechado; porém, a farmácia estava em
pleno atendimento = correta
Fiz as correções nos itens incorretos: D) Comam bastantes frutas, crianças! = vocativo (crianças)
A) Leve tantos brindes quanto quiser = quantos. E) Comprei abacate e mamão maduro = sem vírgula na enume-
B) O caderno onde continha rasura é sigiloso = que continha / ração (dizem respeito ao mesmo assunto)
o qual continha. RESPOSTA: C
D) O local aonde paramos era escuro = onde (aonde é utilizado
com verbos que indicam movimento: Aonde você vai?). 187-) (TRE/MS - ESTÁGIO – JORNALISMO - TRE/MS – 2014) A
E) Não aceito a forma que ele te tratou = a forma com que. regência nominal está correta em:
RESPOSTA: C A) É preferível um inimigo declarado do que um amigo falso.
B) As meninas têm aversão de verduras.
184-) (TRE/MS - ESTÁGIO – JORNALISMO - TRE/MS – 2014) C) Aquele cachorro é hostil para com desconhecidos.
Aponte a alternativa cuja concordância verbal está correta: D) O sentimento de liberdade é inerente do ser humano.
A) A alta dos preços dos combustíveis irritam o povo.
E) Construiremos portos acessíveis de qualquer navio.
B) Os Estados Unidos fica na América do Norte.
C) Minhas costas está doendo.
Correções:
D) Ela foi uma das que chegou a tempo
A) É preferível um inimigo declarado A um amigo falso.
E) A maioria dos brasileiros gosta de futebol.
B) As meninas têm aversão A verduras.
Correções: C) Aquele cachorro é hostil para com desconhecidos. = correta
A) A alta dos preços dos combustíveis irritam o povo = irrita D) O sentimento de liberdade é inerente AO ser humano.
B) Os Estados Unidos fica na América do Norte = ficam (há a E) Construiremos portos acessíveis A qualquer navio.
presença do artigo determinante, portanto o verbo deve ir para o RESPOSTA: C
plural. Se não houvesse, teríamos: Estados Unidos fica).

67
LÍNGUA PORTUGUESA
188-) (SAAE/SP - FISCAL LEITURISTA - VUNESP - 2014) 190-) (TJ-PA - MÉDICO PSIQUIATRA - VUNESP - 2014) Assinale
a alternativa que apresenta a frase cuja redação está condizente
com a norma-padrão da língua portuguesa.
A) Existe algumas pessoas que questionam o Marco Civil da in-
ternet, alegando de que foi aprovado de maneira apressada.
B) É importante mencionar de que as empresas de telecomuni-
cações poderão vender velocidades diferentes, mas está proibido a
venda de pacotes restritos.
C) Os usuários devem estar atentos ao fato de que não haverá
distinções no tratamento dos conteúdos que trafegam pela inter-
net.
D) Os clientes devem conhecer seus direitos para que este se
cumpra, por exemplo: é evidente de que as empresas precisam ofe-
recer a conexão contratada.
E) Sempre pode ocorrer falhas técnicas, capaz de comprometer
a qualidade dos serviços, mas as empresas devem ter consciência
de que essas falhas precisam ser prontamente corrigidas.

Correções à frente dos itens; incorreções indicadas com um (X):


A) Existe algumas pessoas que questionam o Marco Civil da in-
Segundo a norma-padrão da língua portuguesa, a pontuação ternet, alegando de (X) que foi aprovado de maneira apressada =
está correta em: existem.
A) Hagar disse, que não iria. B) É importante mencionar de (X) que as empresas de teleco-
B) Naquela noite os Stevensens prometeram servir, bifes e la- municações poderão vender velocidades diferentes, mas está proi-
gostas, aos vizinhos. bido (proibida) a venda de pacotes restritos.
C) Chegou, o convite dos Stevensens, bife e lagostas: para Ha- C) Os usuários devem estar atentos ao fato de que não haverá
gar e Helga distinções no tratamento dos conteúdos que trafegam pela inter-
D) “Eles são chatos e, nunca param de falar”, disse, Hagar à net. = correta
Helga. D) Os clientes devem conhecer seus direitos para que este (es-
E) Helga chegou com o recado: fomos convidados, pelos Ste- tes) se cumpra (cumpram), por exemplo: é evidente de (X) que as
vensens, para jantar bifes e lagostas. empresas precisam oferecer a conexão contratada.
E) Sempre pode (podem) ocorrer falhas técnicas, capaz (capa-
Correções realizadas: zes) de comprometer a qualidade dos serviços, mas as empresas
A) Hagar disse que não iria. = não há vírgula entre verbo e seu devem ter consciência de que essas falhas precisam ser prontamen-
complemento (objeto) te corrigidas.
B) Naquela noite os Stevensens prometeram servir bifes e la- RESPOSTA: C
gostas aos vizinhos. = não há vírgula entre verbo e seu complemen-
to (objeto) 191-) (TJ-PA - MÉDICO PSIQUIATRA - VUNESP – 2014 - adap-
C) Chegou o convite dos Stevensens: bife e lagostas para Hagar tada) Leia o trecho para responder à questão.
e Helga.
D) “Eles são chatos e nunca param de falar”, disse Hagar à Hel- Meu amigo lusitano, Diniz, está traduzindo para o francês
ga. meus dois primeiros romances, Os Éguas e Moscow. Temos trocado
E) Helga chegou com o recado: fomos convidados, pelos Ste- e-mails muito interessantes, por conta de palavras e gírias comuns
vensens, para jantar bifes e lagostas. no meu Pará e absolutamente sem sentido para ele. Às vezes é bem
RESPOSTA: E difícil explicar, como na cena em que alguém empina papagaio e
corta o adversário “no gasgo”.
189-) (SAAE/SP - FISCAL LEITURISTA - VUNESP - 2014) Em -
Os Stevensens, naquela noite, convidaram Helga e o esposo para O pronome possessivo em – “meu Pará” – atribui ao termo
o jantar. – os termos destacados estão substituídos pelo pronome Pará a ideia de que se trata de um lugar:
pessoal oblíquo adequado, segundo a norma-padrão, em: A) adquirido pelo autor.
A) ... Convidaram-os para o jantar. B) desdenhado pelo autor.
B) ... Convidaram-los para o jantar. C) estimado pelo autor.
C) ... Convidaram-lhes para o jantar. D) subjugado pelo autor.
D) ... Convidaram-nos para o jantar. E) abandonado pelo autor.
E) ... Convidaram-nas para o jantar.
O pronome possessivo “meu” dá ao substantivo “Pará” uma
Dica: quando o verbo terminar em “m”, lembre-se do alfabeto: ideia de carinho, proximidade.
J, K, L,M – N – ou seja: levaraM-Na, venderaM-Na, convidaraM-Nos. RESPOSTA: C
RESPOSTA: “D

68
LÍNGUA PORTUGUESA
192-) (TJ-PA - MÉDICO PSIQUIATRA - VUNESP – 2014 - adaptada) Leia o trecho para responder à questão.
Meu amigo lusitano, Diniz, está traduzindo para o francês meus dois primeiros romances, Os Éguas e Moscow. Temos trocado e-mails
muito interessantes, por conta de palavras e gírias comuns no meu Pará e absolutamente sem sentido para ele. Às vezes é bem difícil expli-
car, como na cena em que alguém empina papagaio e corta o adversário “no gasgo”.
Os termos muito e bem, em destaque, atribuem aos termos aos quais se subordinam sentido de:
A) comparação.
B) intensidade.
C) igualdade.
D) dúvida.
E) quantidade.

Muito interessantes / bem difícil = ambos os advérbios mantêm relação com adjetivos, dando-lhes noção de intensidade.
RESPOSTA: B

193-) (TJ-PA - MÉDICO PSIQUIATRA - VUNESP – 2014 - adaptada) Assinale a alternativa em que a seguinte passagem – Mas o vento
foi mais ágil e o papel se perdeu – está reescrita com o acréscimo de um termo que estabelece uma relação de conclusão, consequência,
entre as orações.
A) mas o vento foi mais ágil e, contudo, o papel se perdeu.
B) mas o vento foi mais ágil e, assim, o papel se perdeu.
C) mas o vento foi mais ágil e, todavia, o papel se perdeu
D) mas o vento foi mais ágil e, entretanto, o papel se perdeu.
E) mas o vento foi mais ágil e, porém, o papel se perdeu.

Nas alternativas A, C, D e E são apresentadas conjunções adversativas – que nos dão ideia contrária à apresentada anteriormente; já
na B, temos uma conjunção conclusiva (assim).
RESPOSTA: B

194-) (TJ-PA - MÉDICO PSIQUIATRA - VUNESP – 2014 - adaptada) Considere as seguintes passagens:

- [Viu a moça sorrir] com a borboleta e começar a dançar como uma bailarina.
- Viu quando ela, cheia de alegria, mandou beijos para uma andorinha [que sobrevoava um jardim].
- Caía a tarde quando sua mãe retornou do trabalho e [entregou à filha um presente]...

Assinale a alternativa que apresenta os trechos entre colchetes correta e respectivamente reescritos, com as expressões em negrito
substituídas por pronomes, de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa no que se refere ao uso e à colocação pronominal
A) Viu-a sorrir ... Que o sobrevoava ... Entregou-lhe um presente.
B) A viu sorrir ... Que sobrevoava-o ... Entregou-lhe um presente.
C) Viu-lhe sorrir ... Que sobrevoava-lhe ... Entregou-lhe um presente.
D) Viu-a sorrir ... Que lhe sobrevoava ... Entregou-a um presente.
E) Lhe viu sorrir ... Que sobrevoava-lhe ... Entregou-a um presente.

Vamos à análise dos verbos: “viu” quem? Resposta: a moça (objeto direto – sem preposição) – portanto não podemos utilizar o pro-
nome oblíquo “lhe”, que é para objetos indiretos. Descartamos as alternativas C e E. Segundo as regras de colocação pronominal, não
podemos iniciar um período com pronome oblíquo, então descartamos, também, a alternativa B. Sobrou-nos: A e D.
Segundo verbo: “sobrevoava” o quê? Resposta: um jardim (objeto direto). Esqueçamos o “lhe”, novamente. Ou seja, chegamos à
resposta apenas por exclusão! Mas continuemos: como temos a presença do “que” (independente de sua função), ele é partícula atrativa,
exigindo o uso da próclise (pronome antes do verbo).
Terceiro verbo: “entregou” o quê? Resposta: um presente (objeto direto); entregou o presente a quem? Resposta: à filha (objeto indi-
reto). Agora, sim, utilizaremos o “lhe”. Assim, teremos: viu-a / que o sobrevoava / entregou-lhe.
RESPOSTA: A

195-) (TJ-PA - MÉDICO PSIQUIATRA - VUNESP - 2014)

69
LÍNGUA PORTUGUESA
Assinale a alternativa que completa, correta e respectivamen- 197-) (PREFEITURA DE PAULISTA/PE – RECEPCIONISTA –
te, as lacunas, de acordo com a norma- -padrão da língua por- UPENET/2014 - adaptada)
tuguesa, considerando que o termo que preenche a terceira lacuna “Já vi gente cansada de amor, de trabalho, de política, de ide-
é empregado para indicar que um evento está prestes a acontecer ais. Jamais conheci alguém sinceramente cansado de dinheiro.”
A) anúncio ... A ... Iminente. (Millôr Fernandes).
B) anuncio ... À ... Iminente.
C) anúncio ... À ... Iminente. Sobre as vírgulas existentes no texto, é CORRETO afirmar que:
D) anúncio ... A ... Eminente. A) são facultativas.
E) anuncio ... À ... Eminente. B) isolam apostos.
C) separam elementos de mesma função sintática.
Primeiramente eliminemos as impossibilidades: tenho um D) a terceira é facultativa.
____ (objeto direto, substantivo), portanto: anúncio (“anuncio” é E) separam orações coordenadas assindéticas.
verbo). Assim, eliminamos as alternativas B e E; na segunda lacuna,
o “a” virá antes de um verbo no infinitivo (fazer), o que nos permite Os termos fazem parte de uma enumeração de exemplos, por
chegar à conclusão de que não poderá haver acento indicativo de isso estão entre vírgulas. Você poderia responder por eliminação,
crase. Eliminemos, então, a alternativa C. Restou-nos A e D. Agora também. No item E: não temos orações coordenadas, pois não há
é questão de significado das palavras, no caso, parônimo (palavras verbos além do “vi” (pensando no primeiro período, no qual se en-
com sentidos diferentes, porém de formas relativamente próximas; contram as vírgulas!); no D: se não tivéssemos a vírgula, entende-
são parecidas na escrita e na pronúncia). Iminente é que está pres- ríamos “política de ideais”, o que mudaria o sentido do texto de
tes a acontecer, e eminente é alto, elevado, excelente (memoriza- Millôr; não são facultativas, já que mudaríamos totalmente o texto;
ção!). sobram-nos B e C: aposto é um termo que explica um outro termo
RESPOSTA: A citado anteriormente, o que não é o caso de nosso exercício.
RESPOSTA: C
196-) (PREFEITURA DE PAULISTA/PE – RECEPCIONISTA –
UPENET/2014) Sobre os SINAIS DE PONTUAÇÃO, observe os itens 198-) (PREFEITURA DE OSASCO/SP - MOTORISTA DE AM-
abaixo: BULÂNCIA – FGV/2014)

I. “Calma, gente”. Astronautas da dengue


II. “Que mundo é este que chorar não é “normal”? Se uma dupla com roupas que parecem de astronauta tocar
III. “Sustentabilidade, paradigma de vida” a campainha da sua casa, não se assuste. O traje especial é usado
IV. “Será que precisa de mais licitações? Haja licitações!” pelos exterminadores do mosquito da dengue. Mesmo fazendo um
V. “E, de repente, aquela rua se tornou um grande lago...” trabalho de interesse público, nem sempre eles são autorizados a
entrar.
Sobre eles, assinale a alternativa CORRETA. (Bandnews)
A) No item I, a vírgula isola um aposto.
B) No item II, a interrogação indica uma mensagem interrom- “Mesmo fazendo um trabalho...” A substituição correta para
pida. esse segmento do texto, mantendo-se o sentido original do seg-
C) No item III, a vírgula isola termos que explicam o seu ante- mento, é:
cedente. (A) “se fizerem um trabalho.”
D) No item IV, os dois sinais de pontuação, a interrogação e a (B) “logo que fizerem um trabalho.”
exclamação, indicam surpresa. (C) “tão logo façam um trabalho.”
E) No item V, as vírgulas poderiam ser substituídas, apenas, por (D) “fazendo, portanto, um trabalho.”
um ponto e vírgula após o termo “repente”. (E) “apesar de fazerem um trabalho.”

A) No item I, a vírgula isola um aposto = utilizada devido ao A ideia expressa no segmento é a de concessão, ou seja, a que-
vocativo (gente) bra de uma expectativa, uma ação praticada não produz o resultado
B) No item II, a interrogação indica uma mensagem interrompi- usualmente esperado. Portanto, devemos fazer a substituição por
da = uma indagação outra conjunção concessiva: dentre as apresentadas, a única que
C) No item III, a vírgula isola termos que explicam o seu ante- mantém o sentido do enunciado e também é concessão é a “apesar
cedente = correta de”.
D) No item IV, os dois sinais de pontuação, a interrogação e a RESPOSTA: E
exclamação, indicam surpresa = questionamento e ironia 199-) (PREFEITURA DE OSASCO/SP - MOTORISTA DE AM-
E) No item V, as vírgulas poderiam ser substituídas, apenas, por BULÂNCIA – FGV/2014) A forma do imperativo “não se assuste”
um ponto e vírgula após o termo “repente” = jamais! é conjugada na terceira pessoa do singular. Se passarmos esse seg-
RESPOSTA: C mento do texto para a terceira pessoa do plural, a forma verbal ade-
quada será:
(A) não se assustam.
(B) não se assustavam.
(C) não se assustem.
(D) não se assustariam.
(E) não se assustassem.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Lembre-se de que, para construirmos o Imperativo Negativo, 202-) (CEFET/RJ - REVISOR DE TEXTOS – CESGRANRIO/2014)
devemos saber a conjugação do Presente do Subjuntivo, já que é Que trecho está pontuado de acordo com a norma-padrão?
uma cópia literal deste. Veja: que eu me assuste, que tu te assustes, A) O filme Narradores de Javé, de Eliane Caffé, mostra como
que ele se assuste, que nós nos assustemos, que vós vos assusteis, os relatos orais unem uma comunidade: quando descobrem que o
que eles se assustem. O exercício quer a conjugação na terceira pes- vilarejo de Javé vai ser submerso pelas águas de uma represa, seus
soa do plural (eles). Basta olharmos em nossa lista: eles se assus- habitantes se organizam para tentar salvá-lo por meio de narrativas
tem. Adicionando um advérbio de negação (no caso, “não”): não se sobre os acontecimentos da região.
assustem. Chegamos à resposta! B) O filme Narradores de Javé de Eliane Caffé, mostra como os
RESPOSTA: C relatos orais unem uma comunidade. Quando descobrem, que o
vilarejo de Javé vai ser submerso pelas águas de uma represa, seus
200-) (CEFET/RJ - REVISOR DE TEXTOS – CESGRANRIO/2014) habitantes se organizam para tentar salvá-lo por meio de narrativas
Observe a grafia das palavras do trecho a seguir. sobre os acontecimentos, da região.
A macro-história da humanidade mostra que todos encaram
C) O filme Narradores de Javé, de Eliane Caffé, mostra como,
os relatos pessoais como uma forma de se manterem vivos. Desde
os relatos orais unem uma comunidade, quando descobrem que o
a idade do domínio do fogo até a era das multicomunicações, os
vilarejo de Javé vai ser submerso, pelas águas de uma represa, seus
homens tem demonstrado que querem pôr sua marca no mundo
habitantes se organizam, para tentar salvá-lo por meio de narrativas
porque se sentem superiores.
A palavra que NÃO está grafada corretamente é sobre os acontecimentos da região.
A) macro-história. D) O filme Narradores de Javé de Eliane Caffé mostra como os
B) multicomunicações. relatos orais unem uma comunidade; quando descobrem, que o vi-
C) tem. larejo de Javé vai ser submerso pelas águas, de uma represa, seus
D) pôr. habitantes se organizam para tentar salvá-lo por meio de narrativas
E) porque. sobre os acontecimentos da região.
O verbo “ter”, no plural, deve ser acentuado: têm (no caso do E) O filme Narradores de Javé, de Eliane Caffé mostra como, os
texto: os homens têm demonstrado). relatos orais unem uma comunidade — quando descobrem que o
vilarejo de Javé vai ser submerso pelas águas de uma represa; seus
RESPOSTA: C
habitantes se organizam para tentar salvá-lo por meio de narrativas
sobre os acontecimentos da região.
201-) (CEFET/RJ - REVISOR DE TEXTOS – CESGRANRIO/2014)
Em qual período, o pronome átono que substitui o sintagma em
Indiquei com um (X) os locais com pontuação inadequada ou
destaque tem sua colocação de acordo com a norma-padrão? faltante:
A) O porteiro não conhecia o portador do embrulho – conhe- A) O filme Narradores de Javé, de Eliane Caffé, mostra como
cia-o os relatos orais unem uma comunidade: quando descobrem que o
B) Meu pai tinha encontrado um marinheiro na praça Mauá – vilarejo de Javé vai ser submerso pelas águas de uma represa, seus
tinha encontrado-o. habitantes se organizam para tentar salvá-lo por meio de narrativas
C) As pessoas relatarão as suas histórias para o registro no Mu- sobre os acontecimentos da região. = correta
seu – relatá-las-ão. B) O filme Narradores de Javé (X) de Eliane Caffé, mostra como
D) Quem explicou às crianças as histórias de seus antepassa- os relatos orais unem uma comunidade. Quando descobrem,(X)
dos? – explicou-lhes. que o vilarejo de Javé vai ser submerso pelas águas de uma represa,
E) Vinham perguntando às pessoas se aceitavam a ideia de um seus habitantes se organizam para tentar salvá-lo por meio de nar-
museu virtual – Lhes vinham perguntando. rativas sobre os acontecimentos,(X) da região.
C) O filme Narradores de Javé, de Eliane Caffé, mostra como,(X)
A) O porteiro não conhecia o portador do embrulho – não o os relatos orais unem uma comunidade, quando descobrem que o
conhecia vilarejo de Javé vai ser submerso,(X) pelas águas de uma represa,
B) Meu pai tinha encontrado um marinheiro na praça Mauá – seus habitantes se organizam,(X) para tentar salvá-lo por meio de
tinha o encontrado narrativas sobre os acontecimentos da região.
C) As pessoas relatarão as suas histórias para o registro no Mu- D) O filme Narradores de Javé(X) de Eliane Caffé (X) mostra
seu – relatá-las-ão = correta como os relatos orais unem uma comunidade;(X) quando desco-
D) Quem explicou às crianças as histórias de seus antepassa- brem, (X) que o vilarejo de Javé vai ser submerso pelas águas,(X) de
dos? – explicou-lhes = quem lhes explicou uma represa, seus habitantes se organizam para tentar salvá-lo por
E) Vinham perguntando às pessoas se aceitavam a ideia de um meio de narrativas sobre os acontecimentos da região.
museu virtual = Vinham lhes perguntando. E) O filme Narradores de Javé, de Eliane Caffé (X) mostra co-
RESPOSTA: C mo,(X) os relatos orais unem uma comunidade — (X) quando des-
cobrem que o vilarejo de Javé vai ser submerso pelas águas de uma
represa;(X) seus habitantes se organizam para tentar salvá-lo por
meio de narrativas sobre os acontecimentos da região.
RESPOSTA: A

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LÍNGUA PORTUGUESA
203-) (CEFET/RJ - REVISOR DE TEXTOS – CESGRANRIO/2014)
O seguinte período apresenta clareza, concisão e respeito à norma- Vamos às eliminações: ao utilizarmos pronomes de tratamen-
-padrão: to, os pronomes possessivos devem ficar na terceira pessoa do
A) Ouvir histórias de vida é uma atividade muito prazerosa por- plural ou do singular, dependendo do número apresentado no pro-
que dá um imenso prazer para todos que as ouvem. nome de tratamento (Vossas Senhorias – seus, Vossa Senhoria –
B) O bar do Zica ficava no térreo do edifício; aliás, nem era pre- seu, por exemplo). Portanto, descartemos a alternativa A, já que
ciso subir as escadas para nele entrar. ela utiliza o pronome “vossas”. Em B, a referência é a uma diretora
C) Os povos colonizados não entendiam os colonizadores, ape- e o adjetivo empregado foi “convidado” (deveria ser “convidada”).
sar de falarem idiomas diferentes. Em D, o pronome de tratamento está errado, já que não se admite
D) Quando eu era criança e me tornei escoteiro, que era uma a forma “Doutor” como forma de tratamento (Segundo o Manual
atividade muito valorizada na época. de Redação Oficial: Fica ainda dito que doutor não é forma de trata-
E) Os relatos orais são suscetíveis a alterações, ao passo que os mento, mas titulação acadêmica de quem defende tese de douto-
registros escritos têm um caráter mais permanente. rado. Portanto, é aconselhável que não se use discriminadamente
tal termo.). No item E, o equívoco está claro no gênero empregado:
A única alternativa que apresenta clareza é a expressa na al- deveria ser “esperados”. Quanto ao pronome de tratamento: Os Se-
ternativa E. nhores.
RESPOSTA: E RESPOSTA: C

204-) (CEFET/RJ - REVISOR DE TEXTOS – CESGRANRIO/2014) 206-) (POLÍCIA CIVIL/SC – AGENTE DE POLÍCIA – ACA-
Em qual dos períodos abaixo, a troca de posição entre a palavra su- FE/2014) Assinale a alternativa que preenche corretamente as la-
blinhada e o substantivo a que se refere mantém o sentido? cunas da frase a seguir.
A) Algum autor desejava a minha opinião sobre o seu trabalho. Quando________ três meses disse-me que iria _________ Gré-
B) O mesmo porteiro me entregou o pacote na recepção do cia para visitar ___ sua tia, vi-me na obrigação de ajudá-la _______
hotel. resgatar as milhas _________ quais tinha direito.
C) Meu pai procurou uma certa pessoa para me entregar o em- A-) a - há - à - à - às
brulho. B-) há - à - a - a – às
D) Contar histórias é uma prazerosa forma de aproximar os in- C-) há - a - há - à - as
divíduos. D-) a - à - a - à - às
E) Grandes poemas épicos servem para perpetuar a cultura de E-) a - a - à - há – as
um povo.
Quando HÁ (sentido de tempo) três meses disse-me que iria À
Farei a inversão para facilitar sua compreensão: (“vou a, volto da, crase há!”) Grécia para visitar A (artigo) sua tia,
A) autor algum desejava a minha opinião sobre o seu trabalho vi-me na obrigação de ajudá-la A (ajudar “ela” a fazer algo) resgatar
– mudamos o sentido da oração as milhas ÀS quais tinha direito (tinha direito a quê? às milhas – re-
B) O porteiro mesmo me entregou o pacote na recepção do gência nominal). Teremos: há, à, a, a, às.
hotel – mudança de sentido RESPOSTA: B
C) Meu pai procurou uma pessoa certa para me entregar o em-
brulho – houve mudança 207-) (POLÍCIA CIVIL/SC – AGENTE DE POLÍCIA – ACA-
D) Contar histórias é uma forma prazerosa de aproximar os in- FE/2014) Assinale a alternativa que se reescrevem corretamente
divíduos – mesmo sentido! as frases abaixo, substituindo os verbos destacados em negrito pelo
E) Poemas grandes épicos servem para perpetuar a cultura de verbos sugeridos entre parênteses, no mesmo tempo e modo, e fa-
um povo – mudança de sentido zendo as alterações necessárias.
RESPOSTA: D
• Espero que se encontrem pessoas capazes de levar o empre-
205-) (CEFET/RJ - REVISOR DE TEXTOS – CESGRANRIO/2014) endimento a bom termo (haver).
A norma para uso de pronomes de tratamento em redação de do- • Se não conseguirem novos clientes, vamos ter que implantar
cumento oficial exige que os pronomes possessivos e a concordân- um programa de demissão de empregados (dispor - dispõe-se de
cia de gênero e número (considerando-se as especificidades do algo).
receptor que se encontram entre parênteses) se deem da forma
como se exemplifica em: A-) Espero que haja pessoas [...]; Se não se dispõem de novos
A) Vossa senhoria terá vossas reuniões marcadas, conforme tua clientes [,..J
vontade. (Referindo-se a chefe de seção, nível superior, masculino B-) Espero que haverá pessoas [...]; Se não se dispuser de novos
singular) clientes [...]
B) Sua senhoria está convidado a comparecer à reunião. (Re- C-) Espero que hajam pessoas [...]; Se não se dispuserem de
ferindo-se a diretora de unidade, nível superior, feminino, singular) novos clientes [...]
C) Vossa senhoria está sendo esperada para a assembleia de D-) Espero que haverão pessoas [...]; Se não se disponham no-
seus funcionários. (Referindo-se a diretora geral de unidade, femi- vos clientes [...]
nino, singular) E-) Espero que haja pessoas [...]; Se não se dispuserem de no-
D) O Senhor Doutor precisa comparecer ao ato oficial. (Refe- vos clientes [...]
rindo-se a assessor jurídico da presidência de órgão público, sem • Espero que se encontrem pessoas capazes de levar o empre-
pós-graduação, masculino, singular). endimento a bom termo (haver).
E) Vossas Excelências são esperadas para a reunião das suas
áreas. (Referindo-se a gerentes de projeto, com doutorado, mascu-
lino, plural).

72
LÍNGUA PORTUGUESA
Modo subjuntivo, tempo presente Correções à frente:
• Se não conseguirem novos clientes, vamos ter que implantar (A) Chamou a minha atenção, nos dois sujeitos altos, esguios e
um programa de demissão de empregados (dispor) = modo subjun- endinheirados, um trambolho grande. = correta
tivo, tempo futuro (B) À minha frente, no caixa, haviam dois holandeses = havia
dois holandeses
Dá para irmos por eliminação: (C) As verdadeiras intenções do forasteiro era conhecida =
B-) Espero que haverá = futuro do presente do Indicativo eram conhecidas
D-) Espero que haverão = futuro do presente do Indicativo (D) Seria de muito valor se algumas lições do Mundial fosse
aproveitadas = fossem
Sobram-nos os itens A, C e E: (E) A lição que os japoneses nos deixaram trarão = trará
A-) Espero que haja pessoas (ok!) ; Se não se dispõem = está no RESPOSTA: A
presente do Indicativo
C-) Espero que hajam pessoas = no sentido de “existir”, o verbo
“haver” fica invariável (haja pessoas); Se não se dispuserem (ok!)
E-) Espero que haja pessoas (ok!); Se não se dispuserem (ok!)
RESPOSTA: E ANOTAÇÕES
208-) (PREFEITURA DE RIBEIRÃO PRETO/SP – AGENTE DE ______________________________________________________
ADMINISTRAÇÃO – VUNESP/2014)
Assinale a alternativa em que a preposição em destaque vem
seguida, entre parênteses, da correta relação que estabelece entre ______________________________________________________
os termos.
(A) Mas tive de parar de ler para entender... (finalidade) ______________________________________________________
(B) Lia o jornal enquanto aguardava voo para São Paulo... (ma-
téria) ______________________________________________________
(C) Viajei muito de avião dentro do país desde um pouco antes
do início da Copa... (causa) ______________________________________________________
(D) Viajei muito de avião dentro do país desde um pouco antes
do início da Copa... (posse) ______________________________________________________
(E) ... entender o trambolho grande que um dos dois carregava
com carinho... (direção)
______________________________________________________
Correções à frente:
(A) Mas tive de parar de ler para entender... (finalidade) = cor- ______________________________________________________
reta
(B) Lia o jornal enquanto aguardava voo para São Paulo... = des- ______________________________________________________
tino
(C) Viajei muito de avião dentro do país desde um pouco antes ______________________________________________________
do início da Copa... = tempo
(D) Viajei muito de avião dentro do país desde um pouco antes ______________________________________________________
do início da Copa... = meio
(E) ... entender o trambolho grande que um dos dois carregava ______________________________________________________
com carinho... = modo
RESPOSTA: A
______________________________________________________
209-) (PREFEITURA DE RIBEIRÃO PRETO/SP – AGENTE DE
ADMINISTRAÇÃO – VUNESP/2014 - adaptada) Considerando a ______________________________________________________
concordância verbal, assinale a alternativa em que a frase obedece
à norma- -padrão da língua portuguesa. ______________________________________________________
(A) Chamou a minha atenção, nos dois sujeitos altos, esguios e
endinheirados, um trambolho grande. ______________________________________________________
(B) À minha frente, no caixa, haviam dois holandeses com ves-
tes diferentes. ______________________________________________________
(C) As verdadeiras intenções do forasteiro era conhecida da co-
missária de bordo brasileira.
______________________________________________________
(D) Seria de muito valor se algumas lições do Mundial fosse
aproveitadas pelo povo brasileiro.
(E) A lição que os japoneses nos deixaram trarão um ganho his- ______________________________________________________
tórico para o país.
______________________________________________________

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LÍNGUA PORTUGUESA

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LÍNGUA PORTUGUESA

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75
LÍNGUA PORTUGUESA

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76
INFORMÁTICA
1. Componentes De Hardware De Um Sistema Computacional (Representação Da Informação, Processador E Memória E Periféricos)01
2. Categorias De Software De Um Sistema Computacional (Softwares Básicos E Aplicativos) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
3. Conceitos Básicos De Redes De Computadores E Internet (Navegadores, Sites E Segurança) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 09
4. Conceitos Básicos De Banco De Dados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
5. Conceitos Básicos De Computação Em Nuvem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
INFORMÁTICA
– Na mesma categoria temos o scanner, que digitaliza dados
COMPONENTES DE HARDWARE DE UM SISTEMA para uso no computador;
COMPUTACIONAL (REPRESENTAÇÃO DA INFORMA- – O mouse também é um dispositivo importante, pois com
ÇÃO, PROCESSADOR E MEMÓRIA E PERIFÉRICOS) ele podemos apontar para um item desejado, facilitando o uso
do computador.
Hardware
Hardware refere-se a parte física do computador, isto é, são • Periféricos de saída populares mais comuns
os dispositivos eletrônicos que necessitamos para usarmos o – Monitores, que mostra dados e informações ao usuário;
computador. Exemplos de hardware são: CPU, teclado, mouse, – Impressoras, que permite a impressão de dados para ma-
disco rígido, monitor, scanner, etc. terial físico;
– Alto-falantes, que permitem a saída de áudio do compu-
Software tador;
Software, na verdade, são os programas usados para fazer – Fones de ouvido.
tarefas e para fazer o hardware funcionar. As instruções de
software são programadas em uma linguagem de computador, Sistema Operacional
traduzidas em linguagem de máquina e executadas por compu- O software de sistema operacional é o responsável pelo
tador. funcionamento do computador. É a plataforma de execução
O software pode ser categorizado em dois tipos: do usuário. Exemplos de software do sistema incluem sistemas
– Software de sistema operacional operacionais como Windows, Linux, Unix , Solaris etc.
– Software de aplicativos em geral
• Aplicativos e Ferramentas
• Software de sistema operacional São softwares utilizados pelos usuários para execução de ta-
O software de sistema é o responsável pelo funcionamento refas específicas. Exemplos: Microsoft Word, Excel, PowerPoint,
do computador, é a plataforma de execução do usuário. Exem- Access, além de ferramentas construídas para fins específicos.
plos de software do sistema incluem sistemas operacionais
como Windows, Linux, Unix , Solaris etc.
CATEGORIAS DE SOFTWARE DE UM SISTEMA COMPU-
• Software de aplicação TACIONAL (SOFTWARES BÁSICOS E APLICATIVOS)
O software de aplicação é aquele utilizado pelos usuários
para execução de tarefas específicas. Exemplos de software de
aplicativos incluem Microsoft Word, Excel, PowerPoint, Access, WINDOWS 7
etc.

Para não esquecer:

HARDWARE É a parte física do computador


São os programas no computador (de
SOFTWARE
funcionamento e tarefas)

Periféricos
Periféricos são os dispositivos externos para serem utili-
zados no computador, ou mesmo para aprimora-lo nas suas
funcionalidades. Os dispositivos podem ser essenciais, como o
teclado, ou aqueles que podem melhorar a experiencia do usuá-
rio e até mesmo melhorar o desempenho do computador, tais
como design, qualidade de som, alto falantes, etc.

Tipos:

PERIFÉRICOS
Utilizados para a entrada de dados;
DE ENTRADA
PERIFÉRICOS
Utilizados para saída/visualização de dados
DE SAÍDA

• Periféricos de entrada mais comuns.


– O teclado é o dispositivo de entrada mais popular e é um Conceito de pastas e diretórios
item essencial. Hoje em dia temos vários tipos de teclados ergo- Pasta algumas vezes é chamada de diretório, mas o nome
nômicos para ajudar na digitação e evitar problemas de saúde “pasta” ilustra melhor o conceito. Pastas servem para organi-
muscular; zar, armazenar e organizar os arquivos. Estes arquivos podem
ser documentos de forma geral (textos, fotos, vídeos, aplicativos
diversos).

1
INFORMÁTICA
Lembrando sempre que o Windows possui uma pasta com o Área de trabalho do Windows 7
nome do usuário onde são armazenados dados pessoais.
Dentro deste contexto temos uma hierarquia de pastas.

No caso da figura acima, temos quatro pastas e quatro arquivos.

Arquivos e atalhos
Como vimos anteriormente: pastas servem para organiza-
ção, vimos que uma pasta pode conter outras pastas, arquivos Área de transferência
e atalhos. A área de transferência é muito importante e funciona em
• Arquivo é um item único que contém um determinado segundo plano. Ela funciona de forma temporária guardando vá-
dado. Estes arquivos podem ser documentos de forma geral rios tipos de itens, tais como arquivos, informações etc.
(textos, fotos, vídeos e etc..), aplicativos diversos, etc. – Quando executamos comandos como “Copiar” ou “Ctrl +
• Atalho é um item que permite fácil acesso a uma determi- C”, estamos copiando dados para esta área intermediária.
nada pasta ou arquivo propriamente dito.
– Quando executamos comandos como “Colar” ou “Ctrl +
V”, estamos colando, isto é, estamos pegando o que está grava-
do na área de transferência.

Manipulação de arquivos e pastas


A caminho mais rápido para acessar e manipular arquivos e
pastas e outros objetos é através do “Meu Computador”. Pode-
mos executar tarefas tais como: copiar, colar, mover arquivos,
criar pastas, criar atalhos etc.

2
INFORMÁTICA
Uso dos menus Ferramentas do sistema
• A limpeza de disco é uma ferramenta importante, pois o
próprio Windows sugere arquivos inúteis e podemos simples-
mente confirmar sua exclusão.

Programas e aplicativos
• Media Player
• Media Center
• Limpeza de disco
• Desfragmentador de disco
• Os jogos do Windows.
• Ferramenta de captura
• Backup e Restore
Interação com o conjunto de aplicativos
Vamos separar esta interação do usuário por categoria para
entendermos melhor as funções categorizadas.

Facilidades

O Windows possui um recurso muito interessante que é o


Capturador de Tela , simplesmente podemos, com o mouse, re-
cortar a parte desejada e colar em outro lugar.

Música e Vídeo
Temos o Media Player como player nativo para ouvir músicas
e assistir vídeos. O Windows Media Player é uma excelente expe-
riência de entretenimento, nele pode-se administrar bibliotecas
de música, fotografia, vídeos no seu computador, copiar CDs, criar • O desfragmentador de disco é uma ferramenta muito im-
playlists e etc., isso também é válido para o media center. portante, pois conforme vamos utilizando o computador os ar-
quivos ficam internamente desorganizados, isto faz que o com-
putador fique lento. Utilizando o desfragmentador o Windows
se reorganiza internamente tornando o computador mais rápido
e fazendo com que o Windows acesse os arquivos com maior
rapidez.

3
INFORMÁTICA
Conceito de pastas e diretórios
Pasta algumas vezes é chamada de diretório, mas o nome
“pasta” ilustra melhor o conceito. Pastas servem para organi-
zar, armazenar e organizar os arquivos. Estes arquivos podem
ser documentos de forma geral (textos, fotos, vídeos, aplicativos
diversos).
Lembrando sempre que o Windows possui uma pasta com o
nome do usuário onde são armazenados dados pessoais.
Dentro deste contexto temos uma hierarquia de pastas.

• O recurso de backup e restauração do Windows é muito


importante pois pode ajudar na recuperação do sistema, ou até
mesmo escolher seus arquivos para serem salvos, tendo assim
uma cópia de segurança.

No caso da figura acima temos quatro pastas e quatro ar-


quivos.

Arquivos e atalhos
Como vimos anteriormente: pastas servem para organiza-
ção, vimos que uma pasta pode conter outras pastas, arquivos
e atalhos.
• Arquivo é um item único que contém um determinado
dado. Estes arquivos podem ser documentos de forma geral
(textos, fotos, vídeos e etc..), aplicativos diversos, etc.
• Atalho é um item que permite fácil acesso a uma determi-
nada pasta ou arquivo propriamente dito.

WINDOWS 8

4
INFORMÁTICA
Uso dos menus

Área de trabalho do Windows 8

Programas e aplicativos

Área de transferência
A área de transferência é muito importante e funciona em
segundo plano. Ela funciona de forma temporária guardando vá-
rios tipos de itens, tais como arquivos, informações etc.
– Quando executamos comandos como “Copiar” ou “Ctrl +
C”, estamos copiando dados para esta área intermediária.
– Quando executamos comandos como “Colar” ou “Ctrl +
V”, estamos colando, isto é, estamos pegando o que está grava-
do na área de transferência.
Manipulação de arquivos e pastas Interação com o conjunto de aplicativos
A caminho mais rápido para acessar e manipular arquivos e Vamos separar esta interação do usuário por categoria para
pastas e outros objetos é através do “Meu Computador”. Pode- entendermos melhor as funções categorizadas.
mos executar tarefas tais como: copiar, colar, mover arquivos,
criar pastas, criar atalhos etc. Facilidades

O Windows possui um recurso muito interessante que é o


Capturador de Tela, simplesmente podemos, com o mouse, re-
cortar a parte desejada e colar em outro lugar.

Música e Vídeo
Temos o Media Player como player nativo para ouvir músi-
cas e assistir vídeos. O Windows Media Player é uma excelente
experiência de entretenimento, nele pode-se administrar biblio-
tecas de música, fotografia, vídeos no seu computador, copiar
CDs, criar playlists e etc., isso também é válido para o media
center.

5
INFORMÁTICA
WINDOWS 10

Conceito de pastas e diretórios


Pasta algumas vezes é chamada de diretório, mas o nome
“pasta” ilustra melhor o conceito. Pastas servem para organi-
zar, armazenar e organizar os arquivos. Estes arquivos podem
ser documentos de forma geral (textos, fotos, vídeos, aplicativos
diversos).
Lembrando sempre que o Windows possui uma pasta com o
nome do usuário onde são armazenados dados pessoais.
Dentro deste contexto temos uma hierarquia de pastas.

Jogos
Temos também jogos anexados ao Windows 8.

No caso da figura acima temos quatro pastas e quatro ar-


Transferência quivos.
O recurso de transferência fácil do Windows 8 é muito im-
portante, pois pode ajudar na escolha de seus arquivos para se- Arquivos e atalhos
rem salvos, tendo assim uma cópia de segurança. Como vimos anteriormente: pastas servem para organiza-
ção, vimos que uma pasta pode conter outras pastas, arquivos
e atalhos.
• Arquivo é um item único que contém um determinado
dado. Estes arquivos podem ser documentos de forma geral
(textos, fotos, vídeos e etc..), aplicativos diversos, etc.
• Atalho é um item que permite fácil acesso a uma determi-
nada pasta ou arquivo propriamente dito.

A lista de aplicativos é bem intuitiva, talvez somente o


Skydrive mereça uma definição:
• Skydrive é o armazenamento em nuvem da Microsoft,
hoje portanto a Microsoft usa o termo OneDrive para referen-
ciar o armazenamento na nuvem (As informações podem ficar
gravadas na internet).

6
INFORMÁTICA
Área de trabalho Uso dos menus

Área de transferência
A área de transferência é muito importante e funciona em
segundo plano. Ela funciona de forma temporária guardando vá- Programas e aplicativos e interação com o usuário
rios tipos de itens, tais como arquivos, informações etc. Vamos separar esta interação do usuário por categoria para
– Quando executamos comandos como “Copiar” ou “Ctrl + entendermos melhor as funções categorizadas.
C”, estamos copiando dados para esta área intermediária. – Música e Vídeo: Temos o Media Player como player nativo
– Quando executamos comandos como “Colar” ou “Ctrl + para ouvir músicas e assistir vídeos. O Windows Media Player é
V”, estamos colando, isto é, estamos pegando o que está grava- uma excelente experiência de entretenimento, nele pode-se ad-
do na área de transferência. ministrar bibliotecas de música, fotografia, vídeos no seu com-
putador, copiar CDs, criar playlists e etc., isso também é válido
Manipulação de arquivos e pastas para o media center.
A caminho mais rápido para acessar e manipular arquivos e
pastas e outros objetos é através do “Meu Computador”. Pode-
mos executar tarefas tais como: copiar, colar, mover arquivos,
criar pastas, criar atalhos etc.

– Ferramentas do sistema
• A limpeza de disco é uma ferramenta importante, pois o
próprio Windows sugere arquivos inúteis e podemos simples-
mente confirmar sua exclusão.

• O desfragmentador de disco é uma ferramenta muito impor-


tante, pois conforme vamos utilizando o computador os arquivos
ficam internamente desorganizados, isto faz que o computador fi-
que lento. Utilizando o desfragmentador o Windows se reorganiza
internamente tornando o computador mais rápido e fazendo com
que o Windows acesse os arquivos com maior rapidez.

7
INFORMÁTICA

Vamos olhar abaixo o

Linux Ubuntu em modo texto:

• O recurso de backup e restauração do Windows é muito


importante pois pode ajudar na recuperação do sistema, ou até
mesmo escolher seus arquivos para serem salvos, tendo assim
uma cópia de segurança. Linux Ubuntu em modo gráfico (Área de trabalho):

Inicialização e finalização

Conceito de pastas e diretórios


Pasta algumas vezes é chamada de diretório, mas o nome “pas-
ta” ilustra melhor o conceito. Pastas servem para organizar, arma-
Quando fizermos login no sistema, entraremos direto no zenar e organizar os arquivos. Estes arquivos podem ser documen-
Windows, porém para desligá-lo devemos recorrer ao e: tos de forma geral (textos, fotos, vídeos, aplicativos diversos).

Dentro deste contexto temos uma hierarquia de pastas.

LINUX
O Linux não é um ambiente gráfico como o Windows, mas
podemos carregar um pacote para torná-lo gráfico assumindo
assim uma interface semelhante ao Windows. Neste caso vamos
carregar o pacote Gnome no Linux. Além disso estaremos tam-
bém usando a distribuição Linux Ubuntu para demonstração,
pois sabemos que o Linux possui várias distribuições para uso.

No caso da figura acima temos quatro pastas e quatro ar-


quivos.

8
INFORMÁTICA
Arquivos e atalhos Manipulação de arquivos e pastas
Como vimos anteriormente: pastas servem para organiza- No caso da interface gráfica as funcionalidades são seme-
ção, vimos que uma pasta pode conter outras pastas, arquivos lhantes ao Windows como foi dito no tópico acima. Entretanto,
e atalhos. podemos usar linha de comando, pois já vimos que o Linux origi-
• Arquivo é um item único que contém um determinado nalmente não foi concebido com interface gráfica.
dado. Estes arquivos podem ser documentos de forma geral
(textos, fotos, vídeos e etc..), aplicativos diversos, etc.
• Atalho é um item que permite fácil acesso a uma determi-
nada pasta ou arquivo propriamente dito.

No caso do Linux temos que criar um lançador que funciona


como um atalho, isto é, ele vai chamar o item indicado.
Na figura acima utilizamos o comando ls e são listadas as
pastas na cor azul e os arquivos na cor branca.

Uso dos menus


Como estamos vendo, para se ter acesso aos itens do Linux
são necessários diversos comandos. Porém, se utilizarmos uma
interface gráfica a ação fica mais intuitiva, visto que podemos
utilizar o mouse como no Windows. Estamos utilizando para fins
de aprendizado a interface gráfica “GNOME”, mas existem diver-
sas disponíveis para serem utilizadas.

Perceba que usamos um comando para criar um lançador,


mas nosso objetivo aqui não é detalhar comandos, então a for-
ma mais rápida de pesquisa de aplicativos, pastas e arquivos é
através do botão:

Programas e aplicativos
Dependendo da distribuição Linux escolhida, esta já vem
Desta forma já vamos direto ao item desejado com alguns aplicativos embutidos, por isso que cada distribui-
ção tem um público alvo. O Linux em si é puro, mas podemos
Área de transferência destacar duas bem comuns:
Perceba que usando a interface gráfica funciona da mesma • Firefox (Navegador para internet);
forma que o Windows. • Pacote LibreOffice (Pacote de aplicativos semelhante ao
A área de transferência é muito importante e funciona em Microsoft Office).
segundo plano. Ela funciona de forma temporária guardando vá-
rios tipos de itens, tais como arquivos, informações etc.
– Quando executamos comandos como “Copiar” ou “Ctrl + CONCEITOS BÁSICOS DE REDES DE COMPUTADORES E
C”, estamos copiando dados para esta área intermediária. INTERNET (NAVEGADORES, SITES E SEGURANÇA)
– Quando executamos comandos como “Colar” ou “Ctrl +
V”, estamos colando, isto é, estamos pegando o que está grava- Tipos de rede de computadores
do na área de transferência. • LAN: Rele Local, abrange somente um perímetro definido.
Exemplos: casa, escritório, etc.

9
INFORMÁTICA
• Procedimentos de Internet e intranet
Através desta conexão, usuários podem ter acesso a diver-
sas informações, para trabalho, laser, bem como para trocar
mensagens, compartilhar dados, programas, baixar documentos
(download), etc.

• MAN: Rede Metropolitana, abrange uma cidade, por


exemplo.

• Sites
Uma coleção de páginas associadas a um endereço www. é
chamada web site. Através de navegadores, conseguimos aces-
sar web sites para operações diversas.

• Links
O link nada mais é que uma referência a um documento,
onde o usuário pode clicar. No caso da internet, o Link geral-
mente aponta para uma determinada página, pode apontar para
um documento qualquer para se fazer o download ou simples-
mente abrir.

Dentro deste contexto vamos relatar funcionalidades de al-


guns dos principais navegadores de internet: Microsoft Internet
Explorer, Mozilla Firefox e Google Chrome.
• WAN: É uma rede com grande abrangência física, maior
que a MAN, Estado, País; podemos citar até a INTERNET para Internet Explorer 11
entendermos o conceito.

• Identificar o ambiente

Navegação e navegadores da Internet O Internet Explorer é um navegador desenvolvido pela Mi-


crosoft, no qual podemos acessar sites variados. É um navega-
• Internet dor simplificado com muitos recursos novos.
É conhecida como a rede das redes. A internet é uma cole- Dentro deste ambiente temos:
ção global de computadores, celulares e outros dispositivos que – Funções de controle de privacidade: Trata-se de funções
se comunicam. que protegem e controlam seus dados pessoais coletados por
sites;

10
INFORMÁTICA
– Barra de pesquisas: Esta barra permite que digitemos um endereço do site desejado. Na figura temos como exemplo: https://
www.gov.br/pt-br/
– Guias de navegação: São guias separadas por sites aberto. No exemplo temos duas guias sendo que a do site https://www.
gov.br/pt-br/ está aberta.
– Favoritos: São pastas onde guardamos nossos sites favoritos
– Ferramentas: Permitem realizar diversas funções tais como: imprimir, acessar o histórico de navegação, configurações, dentre
outras.

Desta forma o Internet Explorer 11, torna a navegação da internet muito mais agradável, com textos, elementos gráficos e
vídeos que possibilitam ricas experiências para os usuários.

• Características e componentes da janela principal do Internet Explorer

À primeira vista notamos uma grande área disponível para visualização, além de percebemos que a barra de ferramentas fica
automaticamente desativada, possibilitando uma maior área de exibição.

Vamos destacar alguns pontos segundo as indicações da figura:


1. Voltar/Avançar página
Como o próprio nome diz, clicando neste botão voltamos página visitada anteriormente;

2. Barra de Endereços
Esta é a área principal, onde digitamos o endereço da página procurada;

3. Ícones para manipulação do endereço da URL


Estes ícones são pesquisar, atualizar ou fechar, dependendo da situação pode aparecer fechar ou atualizar.

4. Abas de Conteúdo
São mostradas as abas das páginas carregadas.

5. Página Inicial, favoritos, ferramentas, comentários

6. Adicionar à barra de favoritos

11
INFORMÁTICA
Mozila Firefox O Chrome é o navegador mais popular atualmente e dispo-
nibiliza inúmeras funções que, por serem ótimas, foram imple-
mentadas por concorrentes.
Vejamos:

• Sobre as abas
No Chrome temos o conceito de abas que são conhecidas
também como guias. No exemplo abaixo temos uma aba aber-
Vamos falar agora do funcionamento geral do Firefox, obje- ta, se quisermos abrir outra para digitar ou localizar outro site,
to de nosso estudo: temos o sinal (+).
A barra de endereços é o local em que se digita o link da pá-
gina visitada. Uma outra função desta barra é a de busca, sendo
que ao digitar palavras-chave na barra, o mecanismo de busca
do Google é acionado e exibe os resultados.

Vejamos de acordo com os símbolos da imagem:

1 Botão Voltar uma página

2 Botão avançar uma página

3 Botão atualizar a página

Vejamos de acordo com os símbolos da imagem:


4 Voltar para a página inicial do Firefox

5 Barra de Endereços 1 Botão Voltar uma página

6 Ver históricos e favoritos 2 Botão avançar uma página

Mostra um painel sobre os favoritos (Barra, 3 Botão atualizar a página


7
Menu e outros)
4 Barra de Endereço.
Sincronização com a conta FireFox (Vamos
8
detalhar adiante)
5 Adicionar Favoritos
9 Mostra menu de contexto com várias opções
6 Usuário Atual

– Sincronização Firefox: Ato de guardar seus dados pessoais Exibe um menu de contexto que iremos relatar
7
na internet, ficando assim disponíveis em qualquer lugar. Seus seguir.
dados como: Favoritos, históricos, Endereços, senhas armazena-
das, etc., sempre estarão disponíveis em qualquer lugar, basta O que vimos até aqui, são opções que já estamos acostu-
estar logado com o seu e-mail de cadastro. E lembre-se: ao uti- mados ao navegar na Internet, mesmo estando no Ubuntu, per-
lizar um computador público sempre desative a sincronização cebemos que o Chrome é o mesmo navegador, apenas está ins-
para manter seus dados seguros após o uso. talado em outro sistema operacional. Como o Chrome é o mais
comum atualmente, a seguir conferimos um pouco mais sobre
Google Chrome suas funcionalidades.

• Favoritos
No Chrome é possível adicionar sites aos favoritos. Para
adicionar uma página aos favoritos, clique na estrela que fica à
direita da barra de endereços, digite um nome ou mantenha o
sugerido, e pronto.
Por padrão, o Chrome salva seus sites favoritos na Barra de
Favoritos, mas você pode criar pastas para organizar melhor sua
lista. Para removê-lo, basta clicar em excluir.

12
INFORMÁTICA

• Histórico
O Histórico no Chrome funciona de maneira semelhante ao
Firefox. Ele armazena os endereços dos sites visitados e, para
acessá-lo, podemos clicar em Histórico no menu, ou utilizar ata-
lho do teclado Ctrl + H. Neste caso o histórico irá abrir em uma • Sincronização
nova aba, onde podemos pesquisá-lo por parte do nome do site Uma nota importante sobre este tema: A sincronização é
ou mesmo dia a dia se preferir. importante para manter atualizadas nossas operações, desta
forma, se por algum motivo trocarmos de computador, nossos
dados estarão disponíveis na sua conta Google.
Por exemplo:
– Favoritos, histórico, senhas e outras configurações esta-
rão disponíveis.
– Informações do seu perfil são salvas na sua Conta do Goo-
gle.

No canto superior direito, onde está a imagem com a foto


do usuário, podemos clicar no 1º item abaixo para ativar e de-
sativar.

• Pesquisar palavras
Muitas vezes ao acessar um determinado site, estamos em
busca de uma palavra ou frase específica. Neste caso, utilizamos
o atalho do teclado Ctrl + F para abrir uma caixa de texto na qual
podemos digitar parte do que procuramos, e será localizado.

• Salvando Textos e Imagens da Internet Safari


Vamos navegar até a imagem desejada e clicar com o botão
direito do mouse, em seguida salvá-la em uma pasta.

• Downloads
Fazer um download é quando se copia um arquivo de algum
site direto para o seu computador (texto, músicas, filmes etc.).
Neste caso, o Chrome possui um item no menu, onde podemos
ver o progresso e os downloads concluídos.

O Safari é o navegador da Apple, e disponibiliza inúmeras


funç

13
INFORMÁTICA
ões implementadas.
Vejamos:

• Guias

– Para abrirmos outras guias podemos simplesmente teclar CTRL + T ou

Vejamos os comandos principais de acordo com os símbolos da imagem:

1 Botão Voltar uma página

2 Botão avançar uma página

3 Botão atualizar a página

4 Barra de Endereço.

5 Adicionar Favoritos

6 Ajustes Gerais

7 Menus para a página atual.

8 Lista de Leitura

Perceba que o Safari, como os outros, oferece ferramentas bastante comuns.


Vejamos algumas de suas funcionalidades:

• Lista de Leitura e Favoritos


No Safari é possível adicionar sites à lista de leitura para posterior consulta, ou aos favoritos, caso deseje salvar seus endereços.
Para adicionar uma página, clique no “+” a que fica à esquerda da barra de endereços, digite um nome ou mantenha o sugerido e
pronto.
Por padrão, o Safari salva seus sites na lista de leitura, mas você pode criar pastas para organizar melhor seus favoritos. Para
removê-lo, basta clicar em excluir.

14
INFORMÁTICA

Correio Eletrônico
O correio eletrônico, também conhecido como e-mail, é
um serviço utilizado para envio e recebimento de mensagens
de texto e outras funções adicionais como anexos junto com a
mensagem.
• Histórico e Favoritos
Para envio de mensagens externas o usuário deverá estar
conectado a internet, caso contrário ele ficará limitado a sua
rede local.
Abaixo vamos relatar algumas características básicas sobre
o e-mail
– Nome do Usuário: é o nome de login escolhido pelo usuá-
rio na hora de fazer seu e-mail. Exemplo: joaodasilva, no caso
este é nome do usuário;
– @ : Símbolo padronizado para uso em correios eletrôni-
cos;
– Nome do domínio a que o e-mail pertence, isto é, na maio-
ria das vezes, a empresa;

Vejamos um exemplo: joaodasilva@gmail.com.br / @hot-


mail.com.br / @editora.com.br
– Caixa de Entrada: Onde ficam armazenadas as mensagens
recebidas;
• Pesquisar palavras – Caixa de Saída: Onde ficam armazenadas as mensagens
Muitas vezes, ao acessar um determinado site, estamos em ainda não enviadas;
busca de uma palavra ou frase específica. Neste caso utilizamos – E-mails Enviados: Como o próprio nome diz, é onde ficam
o atalho do teclado Ctrl + F, para abrir uma caixa de texto na qual os e-mails que foram enviados;
podemos digitar parte do que procuramos, e será localizado. – Rascunho: Guarda as mensagens que você ainda não ter-
minou de redigir;
• Salvando Textos e Imagens da Internet – Lixeira: Armazena as mensagens excluídas.
Vamos navegar até a imagem desejada e clicar com o botão
direito do mouse, em seguida salvá-la em uma pasta. Ao escrever mensagens, temos os seguintes campos:
– Para: é o campo onde será inserido o endereço do desti-
• Downloads natário do e-mail;
Fazer um download é quando se copia um arquivo de um – CC: este campo é usado para mandar cópias da mesma
algum site direto para o seu computador (texto, músicas, filmes mensagem. Ao usar esse campo os endereços aparecerão para
etc.). Neste caso, o Safari possui um item no menu onde pode- todos os destinatários envolvidos;
mos ver o progresso e os downloads concluídos.

15
INFORMÁTICA
– CCO: sua funcionalidade é semelhante ao campo anterior, • Boas práticas para anexar arquivos à mensagem
no entanto os endereços só aparecerão para os respectivos do- – E-mails tem limites de tamanho, não podemos enviar coi-
nos da mensagem; sas que excedem o tamanho, estas mensagens irão retornar;
– Assunto: campo destinado ao assunto da mensagem; – Deveremos evitar arquivos grandes pois além do limite do
– Anexos: são dados que são anexados à mensagem (ima- e-mail, estes demoram em excesso para serem carregados.
gens, programas, música, textos e outros); Computação de nuvem (Cloud Computing)
– Corpo da Mensagem: espaço onde será escrita a mensa-
gem. • Conceito de Nuvem (Cloud)

• Uso do correio eletrônico


– Inicialmente o usuário deverá ter uma conta de e-mail;
– Esta conta poderá ser fornecida pela empresa ou criada
através de sites que fornecem o serviço. As diretrizes gerais so-
bre a criação de contas estão no tópico acima;
– Uma vez criada a conta, o usuário poderá utilizar um clien-
te de e-mail na internet ou um gerenciador de e-mail disponível;
– Atualmente existem vários gerenciadores disponíveis no
mercado, tais como: Microsoft Outlook, Mozila Thunderbird,
Opera Mail, Gmail, etc.;
– O Microsoft outlook é talvez o mais conhecido gerenciador
de e-mail, dentro deste contexto vamos usá-lo como exemplo A “Nuvem”, também referenciada como “Cloud”, são os ser-
nos tópicos adiante, lembrando que todos funcionam de formas viços distribuídos pela INTERNET que atendem as mais variadas
bastante parecidas. demandas de usuários e empresas.

• Preparo e envio de mensagens

• Boas práticas para criação de mensagens


– Uma mensagem deverá ter um assunto. É possível enviar
mensagem sem o Assunto, porém não é o adequado; A internet é a base da computação em nuvem, os servidores
– A mensagem deverá ser clara, evite mensagens grandes ao remotos detêm os aplicativos e serviços para distribuí-los aos
extremo dando muitas voltas; usuários e às empresas.
– Verificar com cuidado os destinatários para o envio corre- A computação em nuvem permite que os consumidores
to de e-mails, evitando assim problemas de envios equivocados. aluguem uma infraestrutura física de um data center (provedor
de serviços em nuvem). Com acesso à Internet, os usuários e
• Anexação de arquivos as empresas usam aplicativos e a infraestrutura alugada para
acessarem seus arquivos, aplicações, etc., a partir de qualquer
computador conectado no mundo.
Desta forma todos os dados e aplicações estão localizadas
em um local chamado Data Center dentro do provedor.
A computação em nuvem tem inúmeros produtos, e esses
produtos são subdivididos de acordo com todos os serviços em
nuvem, mas os principais aplicativos da computação em nuvem
estão nas áreas de: Negócios, Indústria, Saúde, Educação, Ban-
cos, Empresas de TI, Telecomunicações.

Uma função adicional quando criamos mensagens é de ane-


xar um documento à mensagem, enviando assim juntamente
com o texto.

16
INFORMÁTICA
• Armazenamento de dados da nuvem (Cloud Storage)

A ideia de armazenamento na nuvem ( Cloud Storage ) é simples. É, basicamente, a gravação de dados na Internet.
Este envio de dados pode ser manual ou automático, e uma vez que os dados estão armazenados na nuvem, eles podem ser
acessados em qualquer lugar do mundo por você ou por outras pessoas que tiverem acesso.
São exemplos de Cloud Storage: DropBox, Google Drive, OneDrive.
As informações são mantidas em grandes Data Centers das empresas que hospedam e são supervisionadas por técnicos res-
ponsáveis por seu funcionamento. Estes Data Centers oferecem relatórios, gráficos e outras formas para seus clientes gerenciarem
seus dados e recursos, podendo modificar conforme a necessidade.
O armazenamento em nuvem tem as mesmas características que a computação em nuvem que vimos anteriormente, em ter-
mos de praticidade, agilidade, escalabilidade e flexibilidade.
Além dos exemplos citados acima, grandes empresas, tais como a IBM, Amazon, Microsoft e Google possuem serviços de nuvem
que podem ser contratados.

OUTLOOK
O Microsoft Outlook é um gerenciador de e-mail usado principalmente para enviar e receber e-mails. O Microsoft Outlook
também pode ser usado para administrar vários tipos de dados pessoais, incluindo compromissos de calendário e entradas, tarefas,
contatos e anotações.

Funcionalidades mais comuns:

PARA FAZER ISTO ATALHO CAMINHOS PARA EXECUÇÃO


1 Entrar na mensagem Enter na mensagem fechada ou click Verificar coluna atalho
2 Fechar Esc na mensagem aberta Verificar coluna atalho
3 Ir para a guia Página Inicial Alt+H Menu página inicial
4 Nova mensagem Ctrl+Shift+M Menu página inicial => Novo e-mail
5 Enviar Alt+S Botão enviar

17
INFORMÁTICA

6 Delete Excluir (quando na mensagem fechada) Verificar coluna atalho


7 Pesquisar Ctrl+E Barra de pesquisa
8 Responder Ctrl+R Barra superior do painel da mensagem
9 Encaminhar Ctrl+F Barra superior do painel da mensagem
10 Responder a todos Ctrl+Shift+R Barra superior do painel da mensagem
11 Copiar Ctrl+C Click direito copiar
12 Colar Ctrl+V Click direito colar
13 Recortar Ctrl+X Click direito recortar
14 Enviar/Receber Ctrl+M Enviar/Receber (Reatualiza tudo)
15 Acessar o calendário Ctrl+2 Canto inferior direito ícone calendário
16 Anexar arquivo ALT+T AX Menu inserir ou painel superior
17 Mostrar campo cco (cópia oculta) ALT +S + B Menu opções CCO

Endereços de e-mail
• Nome do Usuário – é o nome de login escolhido pelo usuário na hora de fazer seu e-mail. Exemplo: joaodasilva, no caso este
é nome do usuário;
• @ – Símbolo padronizado para uso;
• Nome do domínio – domínio a que o e-mail pertence, isto é, na maioria das vezes, a empresa. Vejamos um exemplo real:
joaodasilva@solucao.com.br;
• Caixa de Entrada – Onde ficam armazenadas as mensagens recebidas;
• Caixa de Saída – Onde ficam armazenadas as mensagens ainda não enviadas;
• E-mails Enviados – Como próprio nome diz, e aonde ficam os e-mails que foram enviados;
• Rascunho – Guarda as mensagens que ainda não terminadas;
• Lixeira – Armazena as mensagens excluídas;

Escrevendo e-mails
Ao escrever uma mensagem, temos os seguintes campos:
• Para – é o campo onde será inserido o endereço do destinatário do e-mail;
• CC – este campo é usado para mandar cópias da mesma mensagem. Ao usar este campo os endereços aparecerão para todos
os destinatários envolvidos.
• CCO – sua funcionalidade é semelhante ao campo anterior, no entanto os endereços só aparecerão para os respectivos donos;
• Assunto – campo destinado ao assunto da mensagem.
• Anexos – são dados que são anexados à mensagem (imagens, programas, música, textos e outros.)
• Corpo da Mensagem – espaço onde será escrita a mensagem.

Contas de e-mail
É um endereço de e-mail vinculado a um domínio, que está apto a receber e enviar mensagens, ou até mesmo guarda-las
conforme a necessidade.

Adicionar conta de e-mail


Siga os passos de acordo com as imagens:

18
INFORMÁTICA
Enviar
De acordo com a imagem a seguir, o botão Enviar fica em
evidência para o envio de e-mails.

Encaminhar e responder e-mails


A partir daí devemos seguir as diretrizes sobre nomes de Funcionalidades importantes no uso diário, você responde a
e-mail, referida no item “Endereços de e-mail”. e-mail e os encaminha para outros endereços, utilizando os bo-
tões indicados. Quando clicados, tais botões ativam o quadros
Criar nova mensagem de e-mail de texto, para a indicação de endereços e digitação do corpo do
e-mail de resposta ou encaminhamento.

Ao clicar em novo e-mail é aberto uma outra janela para


digitação do texto e colocar o destinatário, podemos preencher
também os campos CC (cópia), e o campo CCO (cópia oculta),
porém esta outra pessoa não estará visível aos outros destina-
tários.

Adicionar, abrir ou salvar anexos


A melhor maneira de anexar e colar o objeto desejado no
corpo do e-mail, para salvar ou abrir, basta clicar no botão cor-
respondente, segundo a figura abaixo:

19
INFORMÁTICA
Adicionar assinatura de e-mail à mensagem
Um recurso interessante, é a possibilidade de adicionarmos
assinaturas personalizadas aos e-mails, deixando assim definida
a nossa marca ou de nossa empresa, de forma automática em
cada mensagem.

CONCEITOS BÁSICOS DE BANCO DE DADOS

Banco de Dados ou Base de Dados é a organização de um


determinado assunto, isto é, a separação das entidades e seus
relacionamentos. Dentro deste conceito temos os SGBD (Siste-
ma de Gerenciamento de Banco de Dados), que permitem o con-
trole total do Banco (Segurança, armazenamento, gestão, etc.)
Vejamos um exemplo do banco de dados NorthWind, que
foi disponibilizado pela Microsoft para fins de estudo. Este ban-
co de dados trata de uma loja comercial.
De acordo com a análise do banco, foram separadas as tabe-
las (entidades) abaixo:

Essas entidades são chamadas “tabelas” (Categorias, Clien-


tes, Produtos, Pedidos, etc.)
Perceba que este banco de dados é focado na gestão de
vendas, portanto através de ferramentas de análise podemos
extrair informações operacionais e gerenciais.

Imprimir uma mensagem de e-mail


Por fim, um recurso importante de ressaltar, é o que nos
possibilita imprimir e-mails, integrando-os com a impressora
ligada ao computador. Um recurso que se assemelha aos apre-
sentados pelo pacote Office e seus aplicativos.

20
INFORMÁTICA
Vejamos um exemplo da tabela de produtos:

Perceba que dentro desta tabela temos várias colunas (campos), isso nos indica que podemos aplicar a mesma analogia do
EXCEL para montagem das tabelas de um banco de dados.

Diagrama MER
O diagrama MER (Modelo entidade relacionamento) nada mais é que a relação entre as entidades. Por exemplo: Percebemos
que N produtos podem pertencer a 1 categoria, segundo a figura do modelo “MER” abaixo:

Exemplo:

COMPUTADOR INFORMÁTICA
Mouse Informática
Teclado Dell Informática

Neste contexto foi feita uma análise funcional e administrativa para a construção deste modelo (MER).

Dados estruturados e não estruturados


Vimos acima que a diagramação “ER” depende dos dados estruturados. Por exemplo: A tabela de produtos foi definida de
acordo com a documentação prévia.
• No caso dos bancos de dados estruturados, temos a tabela e suas colunas definidas conforme a documentação.
• Agora, no caso do banco de dados não estruturados, existe uma certa flexibilidade, visto que não sabemos o teor dos dados,
pois eles são obtidos de fontes distintas.

21
INFORMÁTICA
Atualmente é muito comum empresas que coletam dados Além disso uma tabela pode conter mais regras e outros ín-
da internet de vários entes. Elas trabalham com banco de dados dices, vamos olhar as figuras abaixo:
não estruturados (MONGODB, CASSANDRA), desta forma dados
de fontes diversas são armazenados.

Banco de dados relacionais


Bancos de dados Relacionais são bancos de dados estrutura-
dos conforme planejamento prévio. O banco de dados relacional
é projetado seguindo o modelo conceitual estabelecido.
Desta forma percebemos que teremos a tabela produto, a
tabela categoria e seu relacionamento. Estas tabelas terão colu-
nas, índices e regras para a sua implementação.
Através do diagrama “DER” (diagrama de entidade relacio-
namento), podemos visualizar o relacionamento entre as tabe-
las:

No Caso na figura acima, temos um índice pelo nome do


produto.
A finalidade de um índice é agilizar a busca da informação.
Igualmente um índice de um livro; desta forma ele busca rapida-
mente uma informação específica.
No caso das regras, temos uma regra (Constraint) quanto a
coluna “Preço Unitário”, a mesma tem que ser maior ou igual a
zero, conforme a figura abaixo:

Chaves e relacionamentos
Como vimos acima, existe um relacionamento entre a ta-
bela “produto” e a tabela “categoria”, isto se dá por meio de
uma “Primary Key” (PK) e uma Foreign key (FK) segundo a figura
acima.
• Primary Key (FK) é chamada chave primária.
• Foreign Key (PK) é chamada chave estrangeira
Esta Primary key (PK) deverá ser única para a linha (Regis-
tro). Ela é um identificador único e não pode ser nula.

CPF NOME
90980980808080 José
90897979799999 João Podemos nos referir as regras como “Constraint” ou “Res-
tricões”.

CONCEITOS BÁSICOS DE COMPUTAÇÃO EM NUVEM

Quando se fala em computação nas nuvens, fala-se na pos-


sibilidade de acessar arquivos e executar diferentes tarefas pela
internet1. Ou seja, não é preciso instalar aplicativos no seu com-
putador para tudo, pois pode acessar diferentes serviços on-line
para fazer o que precisa, já que os dados não se encontram em
um computador específico, mas sim em uma rede.
Uma vez devidamente conectado ao serviço on-line, é pos-
sível desfrutar suas ferramentas e salvar todo o trabalho que for
feito para acessá-lo depois de qualquer lugar — é justamente
1 https://www.tecmundo.com.br/computacao-em-nuvem/738-o-que-e-com-
putacao-em-nuvens-.htm

22
INFORMÁTICA
por isso que o seu computador estará nas nuvens, pois você po- Para conseguir espaço ainda maior, o aplicativo oferece pla-
derá acessar os aplicativos a partir de qualquer computador que nos pagos com capacidades variadas também.
tenha acesso à internet.
Basta pensar que, a partir de uma conexão com a internet,
você pode acessar um servidor capaz de executar o aplicativo
desejado, que pode ser desde um processador de textos até
mesmo um jogo ou um pesado editor de vídeos. Enquanto os
servidores executam um programa ou acessam uma determina-
da informação, o seu computador precisa apenas do monitor e
dos periféricos para que você interaja.

Vantagens:
– Não necessidade de ter uma máquina potente, uma vez Para quem gosta de editar documentos como Word, Excel e
que tudo é executado em servidores remotos. PowerPoint diretamente do gerenciador de arquivos do serviço,
– Possibilidade de acessar dados, arquivos e aplicativos a o OneDrive disponibiliza esse recurso na nuvem para que seja
partir de qualquer lugar, bastando uma conexão com a internet dispensada a necessidade de realizar o download para só então
para tal — ou seja, não é necessário manter conteúdos impor- poder modificar o conteúdo do arquivo.
tantes em um único computador.
iCloud
Desvantagens: O iCloud, serviço de armazenamento da Apple, possuía em
– Gera desconfiança, principalmente no que se refere à se- um passado recente a ideia principal de sincronizar contatos,
gurança. Afinal, a proposta é manter informações importantes e-mails, dados e informações de dispositivos iOS. No entanto,
em um ambiente virtual, e não são todas as pessoas que se sen- recentemente a empresa também adotou para o iCloud a es-
tem à vontade com isso.– Como há a necessidade de acessar tratégia de utilizá-lo como um serviço de armazenamento na
servidores remotos, é primordial que a conexão com a internet nuvem para usuários iOS. De início, o usuário recebe 5 GB de
seja estável e rápida, principalmente quando se trata de strea- espaço de maneira gratuita.
ming e jogos. Existem planos pagos para maior capacidade de armazena-
mento também.
Exemplos de computação em nuvem

Dropbox
O Dropbox é um serviço de hospedagem de arquivos em
nuvem que pode ser usado de forma gratuita, desde que res-
peitado o limite de 2 GB de conteúdo. Assim, o usuário poderá
guardar com segurança suas fotos, documentos, vídeos, e ou-
tros formatos, liberando espaço no PC ou smartphone.

No entanto, a grande vantagem do iCloud é que ele possui


um sistema muito bem integrado aos seus aparelhos, como o
iPhone. A ferramenta “buscar meu iPhone”, por exemplo, possi-
bilita que o usuário encontre e bloqueie o aparelho remotamen-
te, além de poder contar com os contatos e outras informações
do dispositivo caso você o tenha perdido.

Google Drive
Apesar de não disponibilizar gratuitamente o aumento da
capacidade de armazenamento, o Google Drive fornece para os
Além de servir como ferramenta de backup, o Dropbox usuários mais espaço do que os concorrentes ao lado do One-
também é uma forma eficiente de ter os arquivos importantes Drive. São 15 GB de espaço para fazer upload de arquivos, docu-
sempre acessíveis. Deste modo, o usuário consegue abrir suas mentos, imagens, etc.
mídias e documentos onde quer que esteja, desde que tenha
acesso à Internet.

OneDrive
O OneDrive, que já foi chamado de SkyDrive, é o serviço de
armazenamento na nuvem da Microsoft e oferece inicialmente
15 GB de espaço para os usuários2. Mas é possível conseguir ain-
da mais espaço gratuitamente indicando amigos e aproveitando
diversas promoções que a empresa lança regularmente.
2 https://canaltech.com.br/computacao-na-nuvem/comparativo-os-principais-
-servicos-de-armazenamento-na-nuvem-22996/

23
INFORMÁTICA
Uma funcionalidade interessante do Google Drive é o seu A plataforma como serviço foi criada para facilitar aos de-
serviço de pesquisa e busca de arquivos que promete até mes- senvolvedores a criação de aplicativos móveis ou web, tornan-
mo reconhecer objetos dentro de imagens e textos escaneados. do-a muito mais rápida.
Mesmo que o arquivo seja um bloco de notas ou um texto e você Além de acabar com a preocupação quanto à configuração
queira encontrar algo que esteja dentro dele, é possível utilizar ou ao gerenciamento de infraestrutura subjacente de servido-
a busca para procurar palavras e expressões. res, armazenamento, rede e bancos de dados necessários para
Além disso, o serviço do Google disponibiliza que sejam fei- desenvolvimento.
tas edições de documentos diretamente do browser, sem pre-
cisar fazer o download do documento e abri-lo em outro apli- Computação sem servidor
cativo. A computação sem servidor, assim como a PaaS, concentra-
-se na criação de aplicativos, sem perder tempo com o gerencia-
Tipos de implantação de nuvem mento contínuo dos servidores e da infraestrutura necessários
Primeiramente, é preciso determinar o tipo de implantação para isso.
de nuvem, ou a arquitetura de computação em nuvem, na qual O provedor em nuvem cuida de toda a configuração, pla-
os serviços cloud contratados serão implementados pela sua nejamento de capacidade e gerenciamento de servidores para
gestão de TI3. você e sua equipe.
Há três diferentes maneiras de implantar serviços de nu- As arquiteturas sem servidor são altamente escalonáveis
vem: e controladas por eventos: utilizando recursos apenas quando
– Nuvem pública: pertence a um provedor de serviços cloud ocorre uma função ou um evento que desencadeia tal necessi-
terceirizado pelo qual é administrada. Esse provedor fornece re- dade.
cursos de computação em nuvem, como servidores e armazena-
mento via web, ou seja, todo o hardware, software e infraestru- SaaS (software como serviço)
turas de suporte utilizados são de propriedade e gerenciamento O SaaS é um método para a distribuição de aplicativos de
do provedor de nuvem contratado pela organização. software pela Internet sob demanda e, normalmente, baseado
– Nuvem privada: se refere aos recursos de computação em
em assinaturas.
nuvem usados exclusivamente por uma única empresa, poden-
Com o SaaS, os provedores de computação em nuvem hos-
do estar localizada fisicamente no datacenter local da empresa,
pedam e gerenciam o aplicativo de software e a infraestrutura
ou seja, uma nuvem privada é aquela em que os serviços e a in-
subjacente.
fraestrutura de computação em nuvem utilizados pela empresa
Além de realizarem manutenções, como atualizações de
são mantidos em uma rede privada.
software e aplicação de patch de segurança.
– Nuvem híbrida: trata-se da combinação entre a nuvem
Com o software como serviço, os usuários da sua equipe po-
pública e a privada, que estão ligadas por uma tecnologia que
dem conectar o aplicativo pela Internet, normalmente com um
permite o compartilhamento de dados e aplicativos entre elas.
navegador da web em seu telefone, tablet ou PC.
O uso de nuvens híbridas na computação em nuvem ajuda tam-
bém a otimizar a infraestrutura, segurança e conformidade exis-
tentes dentro da empresa.
EXERCÍCIOS
Tipos de serviços de nuvem
A maioria dos serviços de computação em nuvem se enqua-
dra em quatro categorias amplas: 1. (FGV-SEDUC -AM) O dispositivo de hardware que tem
– IaaS (infraestrutura como serviço); como principal função a digitalização de imagens e textos, con-
– PaaS (plataforma como serviço); vertendo as versões em papel para o formato digital, é denomi-
– Sem servidor; nado
– SaaS (software como serviço). (A) joystick.
(B) plotter.
Esses serviços podem ser chamados algumas vezes de pilha (C) scanner.
da computação em nuvem por um se basear teoricamente sobre (D) webcam.
o outro. (E) pendrive.

IaaS (infraestrutura como serviço) 2. (CKM-FUNDAÇÃO LIBERATO SALZANO) João comprou um


A IaaS é a categoria mais básica de computação em nuvem. novo jogo para seu computador e o instalou sem que ocorres-
Com ela, você aluga a infraestrutura de TI de um provedor de sem erros. No entanto, o jogo executou de forma lenta e apre-
serviços cloud, pagando somente pelo seu uso. sentou baixa resolução. Considerando esse contexto, selecione
A contratação dos serviços de computação em nuvem IaaS a alternativa que contém a placa de expansão que poderá ser
(infraestrutura como serviço) envolve a aquisição de servidores trocada ou adicionada para resolver o problema constatado por
e máquinas virtuais, armazenamento (VMs), redes e sistemas João.
operacionais. (A) Placa de som
(B) Placa de fax modem
PaaS (plataforma como serviço) (C) Placa usb
PaaS refere-se aos serviços de computação em nuvem que (D) Placa de captura
fornecem um ambiente sob demanda para desenvolvimento, (E) Placa de vídeo
teste, fornecimento e gerenciamento de aplicativos de software.
3 https://ecoit.com.br/computacao-em-nuvem/

24
INFORMÁTICA
3. (CKM-FUNDAÇÃO LIBERATO SALZANO) Há vários tipos de 9. (CESPE – PEFOCE) Entre os sistemas operacionais Windo-
periféricos utilizados em um computador, como os periféricos ws 7, Windows Vista e Windows XP, apenas este último não pos-
de saída e os de entrada. Dessa forma, assinale a alternativa que sui versão para processadores de 64 bits.
apresenta um exemplo de periférico somente de entrada. ( ) Certo
(A) Monitor ( ) Errado
(B) Impressora
(C) Caixa de som 10. (CPCON – PREF, PORTALEGRE) Existem muitas versões
(D) Headphone do Microsoft Windows disponíveis para os usuários. No entanto,
(E) Mouse não é uma versão oficial do Microsoft Windows
(A) Windows 7
4. (VUNESP-2019 – SEDUC-SP) Na rede mundial de compu- (B) Windows 10
tadores, Internet, os serviços de comunicação e informação são (C) Windows 8.1
disponibilizados por meio de endereços e  links  com formatos (D) Windows 9
padronizados URL (Uniform Resource Locator). Um exemplo de (E) Windows Server 2012
formato de endereço válido na Internet é:
(A) http:@site.com.br 11. (MOURA MELO – CAJAMAR) É uma versão inexistente
(B) HTML:site.estado.gov do Windows:
(C) html://www.mundo.com (A) Windows Gold.
(D) https://meusite.org.br (B) Windows 8.
(E) www.#social.*site.com (C) Windows 7.
(D) Windows XP.
5. (IBASE PREF. DE LINHARES – ES) Quando locamos servido-
res e armazenamento compartilhados, com software disponível 12. (QUADRIX CRN) Nos sistemas operacionais Windows 7 e
e localizados em Data-Centers remotos, aos quais não temos Windows 8, qual, destas funções, a Ferramenta de Captura não
acesso presencial, chamamos esse serviço de: executa?
(A) Computação On-Line. (A) Capturar qualquer item da área de trabalho.
(B) Computação na nuvem. (B) Capturar uma imagem a partir de um scanner.
(C) Computação em Tempo Real. (C) Capturar uma janela inteira
(D) Computação em Block Time. (D) Capturar uma seção retangular da tela.
(E) Computação Visual (E) Capturar um contorno à mão livre feito com o mouse ou
uma caneta eletrônica
6. (CESPE – SEDF) Com relação aos conceitos básicos e mo-
dos de utilização de tecnologias, ferramentas, aplicativos e pro- 13. (IF-PB) Acerca dos sistemas operacionais Windows 7 e 8,
cedimentos associados à Internet, julgue o próximo item. assinale a alternativa INCORRETA:
Embora exista uma série de ferramentas disponíveis na (A) O Windows 8 é o sucessor do 7, e ambos são desenvol-
Internet para diversas finalidades, ainda não é possível extrair vidos pela Microsoft.
apenas o áudio de um vídeo armazenado na Internet, como, por (B) O Windows 8 apresentou uma grande revolução na in-
exemplo, no Youtube (http://www.youtube.com). terface do Windows. Nessa versão, o botão “iniciar” não
( ) Certo está sempre visível ao usuário.
( ) Errado (C) É possível executar aplicativos desenvolvidos para Win-
7. (CESP-MEC WEB DESIGNER) Na utilização de um browser, dows 7 dentro do Windows 8.
a execução de JavaScripts ou de programas Java hostis pode pro- (D) O Windows 8 possui um antivírus próprio, denominado
vocar danos ao computador do usuário. Kapersky.
( ) Certo (E) O Windows 7 possui versões direcionadas para computa-
( ) Errado dores x86 e 64 bits.

8. (FGV – SEDUC -AM) Um Assistente Técnico recebe um 14. (CESPE BANCO DA AMAZÔNIA) O Linux, um sistema mul-
e-mail com arquivo anexo em seu computador e o antivírus acu- titarefa e multiusuário, é disponível em várias distribuições, en-
sa existência de vírus. tre as quais, Debian, Ubuntu, Mandriva e Fedora.
Assinale a opção que indica o procedimento de segurança a ( ) Certo
ser adotado no exemplo acima. ( ) Errado
(A) Abrir o e-mail para verificar o conteúdo, antes de enviá-
-lo ao administrador de rede. 15. (FCC – DNOCS) - O comando Linux que lista o conteúdo
(B) Executar o arquivo anexo, com o objetivo de verificar o de um diretório, arquivos ou subdiretórios é o
tipo de vírus. (A) init 0.
(C) Apagar o e-mail, sem abri-lo. (B) init 6.
(D) Armazenar o e-mail na área de backup, para fins de mo- (C) exit
nitoramento. (D) ls.
(E) Enviar o e-mail suspeito para a pasta de spam, visando a (E) cd.
analisá-lo posteriormente.

25
INFORMÁTICA
16. (SOLUÇÃO) O Linux faz distinção de letras maiúsculas ou
minúsculas GABARITO
( ) Certo
( ) Errado
1 C
17. (CESP -UERN) Na suíte Microsoft Office, o aplicativo
(A) Excel é destinado à elaboração de tabelas e planilhas 2 E
eletrônicas para cálculos numéricos, além de servir para a 3 E
produção de textos organizados por linhas e colunas identi-
4 D
ficadas por números e letras.
(B) PowerPoint oferece uma gama de tarefas como elabora- 5 B
ção e gerenciamento de bancos de dados em formatos .PPT. 6 ERRADO
(C) Word, apesar de ter sido criado para a produção de tex-
to, é útil na elaboração de planilhas eletrônicas, com mais 7 CERTO
recursos que o Excel. 8 C
(D) FrontPage é usado para o envio e recebimento de men- 9 CERTO
sagens de correio eletrônico.
(E) Outlook é utilizado, por usuários cadastrados, para o en- 10 D
vio e recebimento de páginas web. 11 A
12 B
18. (FUNDEP – UFVJM-MG) Assinale a alternativa que apre-
senta uma ação que não pode ser realizada pelas opções da aba 13 D
“Página Inicial” do Word 2010. 14 CERTO
(A) Definir o tipo de fonte a ser usada no documento.
15 D
(B) Recortar um trecho do texto para incluí-lo em outra par-
te do documento. 16 CERTO
(C) Definir o alinhamento do texto. 17 A
(D) Inserir uma tabela no texto
18 D
19. (CESPE – TRE-AL) Considerando a janela do PowerPoint 19 CERTO
2002 ilustrada abaixo julgue os itens a seguir, relativos a esse
20 CERTO
aplicativo.
A apresentação ilustrada na janela contém 22 slides ?.
ANOTAÇÕES

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________
( ) Certo
( ) Errado ______________________________________________________

20. (CESPE – CAIXA) O PowerPoint permite adicionar efeitos ______________________________________________________


sonoros à apresentação em elaboração.
( ) Certo ______________________________________________________
( ) Errado
______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

26
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

1. Lei do Exercício Profissional da Enfermagem. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01


2. Semiotécnica aplicada a Enfermagem. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 02
3. Administração de medicamentos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 03
4. Central de Material e Esterilização. Manuseio de materiais estéreis e controle da esterilização. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
5. Prevenção e Controle da Infecção Hospitalar (IH) ou Infecção Relacionada à Assistência à Saúde (IRAS). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
6. Biossegurança. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
7. Segurança do paciente nos serviços de saúde. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
8. Assistência de enfermagem à mulher, à criança, ao adolescente, ao homem, a pessoa idosa e portadores de transtorno mentais e/ou
em abuso e dependência de substâncias psicoativas, em tratamento clínico e cirúrgico. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
9. Assistência de enfermagem a clientes em situações de urgência e emergência. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 138
10. Sistema Único de Saúde (SUS): princípios doutrinários e organizativos, bases legais, normatizações, pacto, participação e controle
social, desafios atuais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 185
11. Vigilância em Saúde. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 192
12. Política Nacional de Humanização (Humaniza SUS). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 198
13. Modelo de Atenção Integral a Saúde da Pessoa Idosa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 202
14. Programa Nacional de Imunização (PNI). Sala de Vacina. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 203
15. Cuidados paliativos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 215
16. Doenças crônicas não transmissíveis. Doenças transmissíveis. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 217
17. Farmacologia aplicada à enfermagem. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 253
18. Sistema Único de Saúde. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 253
19. Atenção Primária em Saúde. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 253
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

I – o titular do certificado de Auxiliar de Enfermagem conferido


LEI DO EXERCÍCIO PROFISSIONAL DA ENFERMAGEM por instituição de ensino, nos termos da Lei e registrado no órgão
competente;
II – o titular do diploma a que se refere a Lei nº 2.822, de 14 de
LEI DO EXERCÍCIO PROFISSIONAL: LEI Nº 7498, DE 1986 junho de 1956;
III – o titular do diploma ou certificado a que se refere o inciso
LEI DO EXERCÍCIO PROFISSIONAL III do Art. 2º da Lei nº 2.604, de 17 de setembro de 1955, expedido
até a publicação da Lei nº 4.024, de 20 de dezembro de 1961;
A Lei do Exercício profissional salienta as especificidades quan- IV – o titular de certificado de Enfermeiro Prático ou Prático de
to as classes na área da enfermagem, o que cada um pode e deve Enfermagem, expedido até 1964 pelo Serviço Nacional de Fiscaliza-
fazer ou participar dentro de uma equipe. ção da Medicina e Farmácia, do Ministério da Saúde, ou por órgão
Costuma ser cobrado em concursos ações privativas dos profis- congênere da Secretaria de Saúde nas Unidades da Federação, nos
sionais e ações cotidianas onde eles são inseridos na equipe. termos do Decreto-lei nº 23.774, de 22 de janeiro de 1934, do De-
O Decreto 94.406/1987 regulamenta a Lei 7.498/1986 (Lei do creto-lei nº 8.778, de 22 de janeiro de 1946, e da Lei nº 3.640, de 10
Exercício Profissional) de outubro de 1959;
V – o pessoal enquadrado como Auxiliar de Enfermagem, nos
Dispõe sobre a regulamentação do exercício da Enfermagem e termos do Decreto-lei nº 299, de 28 de fevereiro de 1967;
dá outras providências. VI – o titular do diploma ou certificado conferido por escola ou
curso estrangeiro, segundo as leis do país, registrado em virtude de
O presidente da República. acordo de intercâmbio cultural ou revalidado no Brasil como certifi-
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a cado de Auxiliar de Enfermagem.
seguinte Lei: Art. 9º – São Parteiras:
I – a titular de certificado previsto no Art. 1º do Decreto-lei nº
8.778, de 22 de janeiro de 1946, observado o disposto na Lei nº
Art. 1º – É livre o exercício da Enfermagem em todo o território
3.640, de 10 de outubro de 1959;
nacional, observadas as disposições desta Lei.
II – a titular do diploma ou certificado de Parteira, ou equiva-
Art. 2º – A Enfermagem e suas atividades Auxiliares somente
lente, conferido por escola ou curso estrangeiro, segundo as leis do
podem ser exercidas por pessoas legalmente habilitadas e inscritas
país, registrado em virtude de intercâmbio cultural ou revalidado
no Conselho Regional de Enfermagem com jurisdição na área onde
no Brasil, até 2 (dois) anos após a publicação desta Lei, como certi-
ocorre o exercício.
ficado de Parteira.
Parágrafo único. A Enfermagem é exercida privativamente pelo
Art. 10 – (vetado)
Enfermeiro, pelo Técnico de Enfermagem, pelo Auxiliar de Enferma-
Art. 11. O Enfermeiro exerce todas as atividades de enferma-
gem e pela Parteira, respeitados os respectivos graus de habilitação. gem, cabendo-lhe:
Art. 3º – O planejamento e a programação das instituições e I – privativamente:
serviços de saúde incluem planejamento e programação de Enfer- a) direção do órgão de enfermagem integrante da estrutura bá-
magem. sica da instituição de saúde, pública e privada, e chefia de serviço e
Art. 4º – A programação de Enfermagem inclui a prescrição da de unidade de enfermagem;
assistência de Enfermagem. b) organização e direção dos serviços de enfermagem e de suas
Art. 5º – (vetado) atividades técnicas e auxiliares nas empresas prestadoras desses
§ 1º (vetado) serviços;
§ 2º (vetado) c) planejamento, organização, coordenação, execução e avalia-
Art. 6º – São enfermeiros: ção dos serviços da assistência de enfermagem;
I – o titular do diploma de enfermeiro conferido por instituição d) (VETADO);
de ensino, nos termos da lei; e) (VETADO);
II – o titular do diploma ou certificado de obstetriz ou de enfer- f) (VETADO);
meira obstétrica, conferidos nos termos da lei; g) (VETADO);
III – o titular do diploma ou certificado de Enfermeira e a titular h) consultoria, auditoria e emissão de parecer sobre matéria
do diploma ou certificado de Enfermeira Obstétrica ou de Obstetriz, de enfermagem;
ou equivalente, conferido por escola estrangeira segundo as leis do i) consulta de enfermagem;
país, registrado em virtude de acordo de intercâmbio cultural ou j) prescrição da assistência de enfermagem;
revalidado no Brasil como diploma de Enfermeiro, de Enfermeira l) cuidados diretos de enfermagem a pacientes graves com ris-
Obstétrica ou de Obstetriz; co de vida;
IV – aqueles que, não abrangidos pelos incisos anteriores, obti- m) cuidados de enfermagem de maior complexidade técnica
verem título de Enfermeiro conforme o disposto na alínea “”d”” do e que exijam conhecimentos de base científica e capacidade de to-
Art. 3º do Decreto nº 50.387, de 28 de março de 1961. mar decisões imediatas;
Art. 7º – São técnicos de Enfermagem: II – como integrante da equipe de saúde:
I – o titular do diploma ou do certificado de Técnico de Enfer- a) participação no planejamento, execução e avaliação da pro-
magem, expedido de acordo com a legislação e registrado pelo ór- gramação de saúde;
gão competente; b) participação na elaboração, execução e avaliação dos planos
II – o titular do diploma ou do certificado legalmente conferido assistenciais de saúde;
por escola ou curso estrangeiro, registrado em virtude de acordo c) prescrição de medicamentos estabelecidos em programas
de intercâmbio cultural ou revalidado no Brasil como diploma de de saúde pública e em rotina aprovada pela instituição de saúde;
Técnico de Enfermagem. d) participação em projetos de construção ou reforma de uni-
Art. 8º – São Auxiliares de Enfermagem: dades de internação;

1
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

e) prevenção e controle sistemático da infecção hospitalar e de Parágrafo único – A autorização referida neste artigo, que obe-
doenças transmissíveis em geral; decerá aos critérios baixados pelo Conselho Federal de Enferma-
f) prevenção e controle sistemático de danos que possam ser gem, somente poderá ser concedida durante o prazo de 10 (dez)
causados à clientela durante a assistência de enfermagem; anos, a contar da promulgação desta Lei.
g) assistência de enfermagem à gestante, parturiente e puér- Art. 24 – (vetado)
pera; Parágrafo único – (vetado)
h) acompanhamento da evolução e do trabalho de parto; Art. 25 – O Poder Executivo regulamentará esta Lei no prazo de
i) execução do parto sem distocia; 120 (cento e vinte) dias a contar da data de sua publicação.
j) educação visando à melhoria de saúde da população. Art. 26 – Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Parágrafo único. As profissionais referidas no inciso II do art. 6º Art. 27 – Revogam-se (vetado) as demais disposições em con-
desta lei incumbe, ainda: trário.
a) assistência à parturiente e ao parto normal;
b) identificação das distocias obstétricas e tomada de provi-
dências até a chegada do médico; SEMIOTÉCNICA APLICADA A ENFERMAGEM
c) realização de episiotomia e episiorrafia e aplicação de anes-
tesia local, quando necessária.
Art. 12 – O Técnico de Enfermagem exerce atividade de nível Semiologia e Semiotécnica aplicadas em Enfermagem
médio, envolvendo orientação e acompanhamento do trabalho de A Semiologia da enfermagem pode ser chamada também de
Enfermagem em grau auxiliar, e participação no planejamento da propedêutica, que é o estudo dos sinais e sintomas das doenças
assistência de Enfermagem, cabendo-lhe especialmente: humanas. A palavra vem do grego semeion = sinal + lógos = tratado,
§ 1º Participar da programação da assistência de Enfermagem; estudo). A semiologia é muito importante para o diagnóstico e pos-
§ 2º Executar ações assistenciais de Enfermagem, exceto as pri- teriormente a prescrição de patologias.
vativas do Enfermeiro, observado o disposto no Parágrafo único do A semiologia, base da prática clínica requer não apenas habi-
Art. 11 desta Lei; lidades, mas também ações rápidas e precisas. A preparação para
§ 3º Participar da orientação e supervisão do trabalho de Enfer- o exame físico, a seleção de instrumentos apropriados, a realização
magem em grau auxiliar; das avaliações, o registro de achados e a tomada de decisões tem
§ 4º Participar da equipe de saúde. papel fundamental em todo o processo de assistência ao cliente.
Art. 13 – O Auxiliar de Enfermagem exerce atividades de nível A equipe de enfermagem deve utilizar todas as informações
médio, de natureza repetitiva, envolvendo serviços auxiliares de disponíveis para identificar as necessidades especiais em um con-
Enfermagem sob supervisão, bem como a participação em nível de junto variado de clientes portadores de diversas patologias.
execução simples, em processos de tratamento, cabendo-lhe espe- A semiologia geral da enfermagem busca é ensinar aos alunos
cialmente: as técnicas (semiotécnicas) gerais que compõem o exame físico.
§ 1º Observar, reconhecer e descrever sinais e sintomas; O exame físico, por sua vez, compõe-se de partes que incluem a
§ 2º Executar ações de tratamento simples; anamnese ou entrevista clínica, o exame físico geral e o exame físico
especializado.
§ 3º Prestar cuidados de higiene e conforto ao paciente;
O exame físico é a parte mais importante na obtenção do diag-
§ 4º Participar da equipe de saúde.
nóstico. Alguns autores estimaram que 70 a 80 % do diagnóstico se
Art. 14 – (vetado)
baseiam no exame clínico bem realizado.
Art. 15 – As atividades referidas nos arts. 12 e 13 desta Lei,
Cumprir todas essas etapas com resolutividade, mantendo o
quando exercidas em instituições de saúde, públicas e privadas, e
foco nas necessidades do cliente é realmente um desafio. Esses
em programas de saúde, somente podem ser desempenhadas sob
fatores, a complexidade que cerca a semiologia e muitas decisões
orientação e supervisão de Enfermeiro.
que precisam ser tomadas torna necessário que o enfermeiro tenha
Art. 16 – (vetado)
domínio de diversas informações.
Art. 17 – (vetado) Semiotécnica é um campo de estudo onde estão inseridas as
Art. 18 – (vetado) mais diversas técnicas realizadas pelo enfermeiro, técnico de enfer-
Parágrafo único. (vetado) magem e auxiliar de enfermagem.
Art. 19 – (vetado) Procedimentos como: realização de curativos, sondagens ve-
Art. 20 – Os órgãos de pessoal da administração pública dire- sical e gástrica, preparo dos mais diversos tipos de cama, aspira-
ta e indireta, federal, estadual, municipal, do Distrito Federal e dos ção entre outras. A fundamentação científica na aplicação de cada
Territórios observarão, no provimento de cargos e funções e na con- técnica é muito importante, inclusive para noções de controle de
tratação de pessoal de Enfermagem, de todos os graus, os preceitos infecções.
desta Lei.
Parágrafo único – Os órgãos a que se refere este artigo pro- Sistematização da Assistência em Enfermagem
moverão as medidas necessárias à harmonização das situações já Em todas as instituições de saúde é crucial ter o controle e en-
existentes com as disposições desta Lei, respeitados os direitos ad- tender o fluxo de trabalho das equipes. Um exemplo prático é a
quiridos quanto a vencimentos e salários. aplicação da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE).
Art. 21 – (vetado) Ela organiza o trabalho quanto à metodologia, à equipe e os instru-
Art. 22 – (vetado) mentos utilizados, tornando possível a operacionalização do Pro-
Art. 23 – O pessoal que se encontra executando tarefas de En- cesso de Enfermagem.
fermagem, em virtude de carência de recursos humanos de nível
médio nesta área, sem possuir formação específica regulada em lei,
será autorizado, pelo Conselho Federal de Enfermagem, a exercer
atividades elementares de Enfermagem, observado o disposto no
Art. 15 desta Lei.

2
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Esse processo é organizado em cinco etapas relacionadas, in- 2.Diagnóstico de Enfermagem


terdependentes e recorrentes. Seu objetivo é garantir que o acom- Nesta etapa, se dá o processo de interpretação e agrupamen-
panhamento dos pacientes seja prestado de forma coesa e preci- to dos dados coletados, conduzindo a tomada de decisão sobre os
sa. Com a utilização desta metodologia, consegue-se analisar as diagnósticos de enfermagem que mais irão representar as ações e
informações obtidas, definir padrões e resultados decorrentes das intervenções com as quais se objetiva alcançar os resultados espe-
condutas definidas. Lembrando que, todos esses dados deverão ser rados. Para isso, utilizam-se bibliografias específicas que possuem a
devidamente registrados no Prontuário do Paciente. taxonomia adequada, definições e causas prováveis dos problemas
Segundo a resolução do Conselho Federal de Medicina CFM levantados no histórico de enfermagem. Com isso, se faz a elabora-
1638/2002, prontuário é o “documento único constituído de um ção de um plano assistencial adequado e único para cada pessoa.
conjunto de informações, sinais e imagens registradas, geradas a Tudo que for definido deve ser registrado no Prontuário Eletrônico
partir de fatos, acontecimentos e situações sobre a saúde do pa- do Paciente (PEP), revisitado e atualizado sempre que necessário.
ciente e a assistência a ele prestada, de caráter legal, sigiloso e
científico, que possibilita a comunicação entre membros da equipe 3. Planejamento de Enfermagem
multiprofissional e a continuidade da assistência prestada ao indi- De acordo com a Sistematização da Assistência de Enferma-
víduo”. Ele poderá ser em papel ou digital. Contudo, a metodologia gem (SAE), que organiza o trabalho profissional quanto ao método,
em papel não garante uma uniformidade nas informações e permi- pessoal e instrumentos, a ideia é que os enfermeiros possam atuar
te possíveis quebras de condutas, além de ser oneroso na questão para prevenir, controlar ou resolver os problemas de saúde.
do seu armazenamento, bem como na questão da sustentabilidade. É aqui que se determinam os resultados esperados e quais
Devido à uma necessidade cada vez maior de atenção com a ações serão necessárias. Isso será realizado a partir nos dados co-
Segurança do Paciente há uma necessidade crescente das Institui- letados e diagnósticos de enfermagem com base dos momentos
ções de saúde buscarem sistemas de gestão informatizado que tra- de saúde do paciente e suas intervenções. São informações que,
zem o Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP) em sua composição. igualmente, devem ser registradas no PEP, incluindo as prescrições
Essas ferramentas digitais permitem: checadas e o registro das ações que foram executadas.
–ampliar o acesso às informações dos pacientes de forma ágil e
atualizada, com conteúdo legível; 4. Implementação
–criar aletras sobre interações medicamentosas, alergia e in- A partir das informações obtidas e focadas na abordagem da
consistências; Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), a equipe re-
–estabelecer padrões para conclusões diagnósticas e planos alizará as ações ou intervenções determinadas na etapa do Plane-
terapêuticos; jamento de Enfermagem. São atividades que podem ir desde uma
–realizar análises gerenciais de resultados, indicadores de ges- administração de medicação até auxiliar ou realizar cuidados espe-
tão e assistenciais. cíficos, como os de higiene pessoal do paciente, ou mensurar sinais
vitais específicos e acrescentá-los no Prontuário Eletrônico do Pa-
Para entender melhor esse processo explicamos abaixo como ciente (PEP).
funciona a metodologia.
5. Avaliação de Enfermagem (Evolução)
As cinco etapas do processo de Enfermagem dentro da Siste- Por fim, a equipe de enfermagem irá registrar os dados no
matização da Assistência de Enfermagem: Prontuário Eletrônico do Paciente de forma deliberada, sistemática
e contínua. Nele, deverá ser registrado a evolução do paciente para
1. Coleta de dados de Enfermagem ou Histórico de Enferma- determinar se as ações ou intervenções de enfermagem alcança-
gem ram o resultado esperado. Com essas informações, a Enfermeira
O primeiro passo para o atendimento de um paciente é a busca terá como verificar a necessidade de mudanças ou adaptações nas
por informações básicas que irão definir os cuidados da equipe de etapas do Processo de Enfermagem. Além de proporcionar infor-
enfermagem. É uma etapa de um processo deliberado, sistemático mações que irão auxiliar as demais equipes multidisciplinares na
e contínuo na qual haverá a coleta de dados que serão passados pe- tomada de decisão de condutas, como no próprio processo de alta.
los próprio paciente ou pela família ou outras pessoas envolvidas.
Essas informações trarão maior precisão de dados ao Processo de
Enfermagem dentro da abordagem da Sistematização da Assistên- ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS
cia de Enfermagem (SAE).
Por isso, serão abordadas: alergias, histórico de doenças e até
mesmo questões psicossociais, como, por exemplo, a religião, que Fundamentos teóricos e práticos de enfermagem
pode alterar de forma contundente os cuidados prestados ao pa-
ciente. Este processo pode ser otimizado com a utilização de PEP, Métodos, cálculos, vias e cuidados na administração de medi-
com formulários específicos que direcionam o questionamento da camentos, hemocomponentes, hemoderivados e soluções
enfermeira e o registro online dos dados, que podem ser acessa-
dos por todos da Instituição, até mesmo de forma remota. Assim, Medicamentos
é possível realizar as intervenções necessárias para prestação dos Uma as principais funções da equipe de Enfermagem no cui-
cuidados ao paciente, com maior segurança e agilidade. dado aos pacientes é a administração de medicamentos. Exige dos
profissionais: responsabilidade, conhecimentos e habilidades, estes
fatores garantem a segurança do paciente. Constitui-se de várias
etapas e envolve vários profissionais,o risco de ocorrência de erros
é elevado.

3
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Fármaco
Substância química conhecida e de estrutura química definida dotada de propriedade farmacológica. Sinônimo de princípio ativo.

Nove Certezas
1. usuário certo;
2. dose certa;
3. medicamento certo;
4. hora certa;
5. via certa;
6. anotação certa;
7. orientação ao paciente;
8. compatibilidade medicamentosa;
9. o direito do paciente em recusar a medicação.

4
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Farmacocinética: Ação do Organismo no Fármaco

Absorção de Medicamentos
“refere-se a velocidade com que uma droga deixa o seu local de administração e a extensão com que isso ocorre.” • “ biodisponibili-
dade: a extensão com que uma droga atinge seu local de ação”.

Farmacocinética – Distribuição
O medicamento será distribuído pelo sistema circulatório, chegando aos tecidos e células para que ocorra ação. • O fármaco circula
ligado a proteínas plasmáticas
• Mas antes ele será matabolizado

5
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Farmacocinética – Metabolização
• É a biotransformação que ocorre no fígado principalmente
• É uma reação química catalizada por enzimas que transformam o fármaco em ATIVO, ou INATIVO
• A fração ativa, circulará livre ou ligada as proteínas plasmáticas até o receptor para fazer seu efeito.

Vias de Administração

6
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Farmacodinâmica
Estuda os efeitos bioquímicos e fisiológicos dos fármacos e seus mecanismos de ação.
• Só a droga livre se liga ao receptor para fazer efeito
• Absorção
• Distribuição
• Metabolização
• Excreção Interferem na quantidade livre para se ligar aos receptores.

Só neste momento é que começa a fazer efeito farmacológico


A análise dos erros, ocorridos nos Estados Unidos pela FDA (MedWatch Program) e USP-ISMP (Medication Errors Reporting Errors),
mostra que as causas dos erros são multifatoriais. Dentre as principais causas estão:
• falta de conhecimento sobre os medicamentos;
• falta de informação sobre os pacientes;
• violação de regras, deslizes e lapsos de memória;
• erros de transcrição;
• falhas na interação com outros serviços;
• falhas na conferência das doses;
• problemas relacionados à bombas e dispositivos de infusão de medicamentos;
• inadequado monitoramento do paciente;
• erros de preparo e falta de padronização dos medicamentos.

Prejuízos e Danos Medicamentos administrados erroneamente podem causar prejuízos/danos ao cliente devido a fatores como:
• Incompatibilidade farmacológica
• Reações indesejadas
• Interações farmacológicas

Interação Medicamentosa

O que é interação medicamentosa?


• Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), a interação medicamentosa é definida como uma resposta farmaco-
lógica ou clínica à administração de uma combinação de medicamentos, diferente dos efeitos de dois agentes administrados individual-
mente.
• Existem interações medicamentosas do tipo medicamentomedicamento, medicamento-alimento, medicamento-bebida alcoólica e
medicamento-exames laboratoriais. As interações medicamentosas podem ocorrer entre medicamentos sintéticos, fitoterápicos, chás e
ervas medicinais.

Interação medicamentosa do tipo medicamento-medicamento


Um exemplo comum de interação entre dois medicamentos diferentes é a aquela ocorrida entre antiácidos e anti-inflamatórios. Os
medicamentos antiácidos podem diminuir a absorção dos antiinflamatórios, reduzindo o seu efeito terapêutico. Quando o paciente for
iniciar um tratamento com anti-inflamatórios, verifique todos os medicamentos que utiliza, inclusive os antiácidos.

7
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Interação medicamentosa do tipo medicamento-alimento Observações:


O leite e os alimentos lácteos podem reduzir a absorção das te- • A ação de administrar medicamentos é uma tarefa complexa
traciclinas e, consequentemente, diminuir o seu efeito terapêutico. que envolve conhecimento de diversas áreas e a sua prática deve
Oriente que o paciente faça a ingestão desses alimentos uma hora ser cercada de cuidados e de obediência aos princípios gerais.
depois ou duas horas antes da administração das tetraciclinas. • É importante que a enfermagem desenvolva pesquisas de
competência de sua atuação e atualize-se com pesquisas relacio-
Interação medicamentosa do tipo medicamento-bebida alco- nadas a medicamentos, desenvolvidas por outros profissionais, es-
ólica tando atenta, também, aos medicamentos novos e às formas de
As bebidas alcoólicas podem aumentar a toxicidade hepática apresentação das drogas com diferentes métodos de introdução no
do paracetamol, provocando problemas no fígado do paciente. organismo que, continuamente, são lançadas no mercado.
Oriente para o paciente não usar bebidas alcoólicas enquanto esti- • A falta de conhecimentos e de atualização na temática “ad-
ver em tratamento com paracetamol. ministração de medicamentos” tem possibilitado a ocorrência de
erros no processo da administração levando às IATROGENIAS.
Interação medicamentosa do tipo medicamento-exame labo- • Educação permanente: educação e supervisão contínua, re-
ratorial alizada pelo enfermeiro em seus diversos ambientes de trabalho +
Durante o tratamento com amoxicilina, o exame de urina pode pesquisa são práticas altamente fecundas.
encontrar-se alterado, indicando uma falsa presença de glicose na • Elaboração de “protocolos” sobre medicamentos pode auxi-
urina. Sempre que for coletar algum tipo de exame laboratorial, ve- liar significativamente a assistência de enfermagem livre de riscos.
rifique se o pacientes não estiver utilizando o medicamento.
Hemocomponentes, Hemoderivados e soluções
Prejuízos e danos Para entendimento sobre a hemoterapia é necessário compre-
Prejuízos e Danos Estudo feito em instituições hospitalares ender a diferença entre Hemocomponentes e Hemoderivados; nes-
americanas demonstrou que erros potencialmente perigosos acon- te caso, o Ministério da Saúde (2008, p. 15) esclarece:
tecem mais de 40 vezes/dia em hospital e que um paciente está Hemocomponentes e hemoderivados são produtos distintos.
sujeito, em média, a dois erros/dia. Mais de 770.000 pacientes hos- Os produtos gerados um a um nos serviços de hemoterapia, a partir
pitalizados sofrem algum tipo de dano ou morte a cada ano por um do sangue total, por meio de processos físicos (centrifugação, con-
evento medicamentoso adverso. gelamento) são denominados hemocomponentes. Já os produtos
obtidos em escala industrial, a partir do fracionamento do plasma
Controle na Administração Medicamento por processos físico-químicos são denominados hemoderivados.
Ação do profissional de Enfermagem: consciência, segurança, Dessa forma, é possível concluir que tanto os hemocomponen-
conhecimentos ou acesso às informações necessárias. tes como os hemoderivados são os produtos possíveis resultantes
Dúvidas, incerteza e insegurança: fatores de risco para a ocor- do sangue. Existem duas formas possíveis de obtenção de hemo-
rência de erros no processo de administração de medicamentos. componentes, a mais comum é por meio da coleta de sangue total,
Enfermeiro: supervisão das atividades de Enfermagem durante e a outra mais específica é pela aférese (MINISTÉRIO DA SAÚDE,
o preparo e administração de medicamentos (formação com conhe- 2008).
cimentos suficientes para conduzir tal prática de modo seguro). A aférese pode ser compreendida como:
[...] procedimento caracterizado pela retirada do sangue do do-
Controle na Administração Medicamento ador, seguida da separação de seus componentes por um equipa-
• Ação do profissional de Enfermagem: consciência, segurança, mento próprio, retenção da porção do sangue que se deseja retirar
conhecimentos ou acesso às informações necessárias. na máquina e devolução dos outros componentes ao doador (MI-
• Dúvidas, incerteza e insegurança: fatores de risco para a ocor- NISTÉRIO DA SAÚDE, 2008, p. 15).
rência de erros no processo de administração de medicamentos. O sangue total: a centrifugação é um dos procedimentos que
• Enfermeiro: supervisão das atividades de Enfermagem duran- facilita a separação do sangue total, o que permite a formação de
te o preparo e administração de medicamentos (formação com co- camadas. Após sofrer o processo de centrifugação o sangue total
nhecimentos suficientes para conduzir tal prática de modo seguro). fica separado em basicamente três camadas, denominadas, plas-
ma, buffy-coat e hemácias.
Diluição de Medicamentos Contudo, como é possível que não ocorra a coagulação do san-
• As informações sobre diluição de medicamentos no dia a dia gue? Como já foi descrito anteriormente, a conservação dos produ-
não estão disponíveis de forma simples e prática, é necessário pro- tos sanguíneos é realizada por meio de soluções anticoagulantes-
tocolo de diluição de medicamentos -preservadoras e soluções aditivas, conforme descreve o Ministério
• Exemplo (1): da Saúde (2008, p. 17):
• Nome: Keflin Soluções anticoagulantes-preservadoras e soluções aditivas
• Apresentação: 1gr + água destilada 4ml são utilizadas para a conservação dos produtos sanguíneos, pois im-
• Reconstituição: Próprio diluente (AD) pedem a coagulação e mantêm a viabilidade das células do sangue
• Diluentes/Volumes: Água Destilada 10ml durante o armazenamento. A depender da composição das solu-
• Tempo mínimo de infusão: 1 minuto ções anticoagulantes-preservadoras, a data de validade para a pre-
• Forma de administração: Seringa servação do sangue total e concentrados de hemácias pode variar.
A cada doação são coletados cerca de 450 ml de sangue total.
Cada coleta poderá ser desdobrada em:
• 1 unidade de Concentrado de Hemácias;
• 1 unidade de Concentrado de Plaquetas;
• 1 unidade de Plasma;
• 1 unidade crioprecipitada.

8
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Assim, são beneficiados, potencialmente, pelo menos quatro Não se deve valorizar somente os valores de Ht e Hb, pois em
pacientes. O sangue fresco total é considerado o sangue coletado casos de anemia hemolítica autoimune, em geral, não é encontrado
há no máximo quatro horas. Para a coleta de sangue podem ser sangue compatível e todo sangue que for transfundido é hemolisa-
usadas bolsas adequadas contendo anticoagulantes adicionados ou do, indicado imunossupressão imediata. Transfusão sanguínea, nes-
conservastes para hemácias. ses casos, somente com grande risco de vida. Solicitando sempre
Quando o volume é pequeno, o sangue pode também ser co- acompanhamento de um médico Hematologista/Hemoterapeuta.
lhido em seringas heparinizadas. O sangue total armazenado pode Portanto, a indicação do CH segue critérios médicos, já que é
ser usado para fornir hemácias, proteínas plasmáticas e fatores de este profissional que realiza a prescrição e indicação da transfusão,
coagulação estáveis como o fibrinogênio. por este motivo este item não será abordado amplamente, pois
O sangue fresco total pode ser separado em papa de hemácias existem protocolos médicos que especificam quais são as situações
e plasma por centrifugação ou sedimentação. Depois de separado, nas quais é indicada a terapia com CH e as contraindicações.
a papa de hemácias precisa ser posta a uma temperatura que varia Outra questão importante é a dose a ser infundida no pacien-
entre 1 e 6°C, o mais rápido possível. É necessário que se utilize so- te, que também é realizada pela avaliação médica. Quanto a isto, o
lução salina 0,9% para ressuspender as hemácias, não sendo acon- Ministério da Saúde (2008, p. 32) descreve:
selhado outro tipo de solução (REICHMANN; DEARO, 2001). Deve ser transfundida a quantidade de hemácias suficiente
Se o sangue total não for processado ligeiramente e o plasma para a correção dos sinais/sintomas de hipóxia, ou para que a Hb
for congelado depois de seis horas da colheita, ele é denominado atinja níveis aceitáveis. Em indivíduo adulto de estatura média, a
plasma congelado. O plasma congelado mantém concentrações transfusão de uma unidade de CH normalmente eleva o Hct em 3%
ajustadas somente dos fatores de coagulação dependentes de vita- e a Hb em 1 g/dl. Em recém-nascidos, o volume a ser transfundido
mina K (II, VII, IX, X) e também de imunoglobulinas (Ig). não deve exceder 10 a 15ml/kg/hora.
O plasma fresco congelado pode também ser processado em O modo de administração é de suma importância e neste a
crioprecipitado e crioplasma pobre. O crioprecipitado é o precipi- enfermagem envolve-se diretamente, por isso é necessário ter co-
tado adquirido depois do descongelamento parcial (a temperaturas nhecimento. A este respeito o Ministério da Saúde (2008, p. 32)
entre 1 e 6°C) do plasma fresco congelado e tem alta concentração esclarece:
do fator de coagulação VIII, do fator de Von Willebrand e de fibri- O tempo de infusão de cada unidade de CH deve ser de 60 min
nogênio. a 120 minutos (min) em pacientes adultos. Em pacientes pediá-
Este componente precisa ser sustentado a -18°C, apresentando tricos, não exceder a velocidade de infusão de 20-30ml/kg/hora.
assim validade de um ano após a colheita. Depois da preparação A avaliação da resposta terapêutica à transfusão de CH deve ser
do crioprecipitado, o produto remanescente é denominado de crio- feita através de nova dosagem de HB ou HT 1-2 horas (hs) após a
plasma pobre. Este componente possui albumina e imunoglobuli- transfusão, considerando também a resposta clínica. Em pacientes
nas e pode ser armazenado por até um ano a -18°C. ambulatoriais, a avaliação laboratorial pode ser feita 30min após o
O plasma rico em plaquetas também pode ser obtido por cen- término da transfusão e possui resultados comparáveis.
trifugação diferenciada do plasma fresco. Este precisa ser guardado Concentrado de plaquetas: as plaquetas são decorrentes dos
a uma temperatura que varie entre 20 e 24°C e em movimentação megacariócitos, que se localizam na medula óssea. Elas operam na
constante durante até cinco dias. fase primária da coagulação e são conseguidas pela centrifugação
Concentrado de Hemáceas: é adquirido pela centrifugação do do plasma. Precisam ser estocadas à temperatura de 22º C, em agi-
sangue total. Segundo o Ministério da Saúde (2008), a sobrevida tação contínua.
varia de acordo com a solução preservativa: de 35 a 42 dias. O ar- A indicação para a utilização de concentrado de plaquetas (CP)
mazenamento deve ser de 2ºC a 6º C. depende igualmente ao CH de avaliação e protocolos médicos, en-
Seu volume varia entre 220 e 280 ml. Então, uma bolsa de san- tretanto é possível ressaltar:
gue total (ST) é submetida à centrifugação, remoção da maior parte Basicamente, as indicações de transfusão de CP estão associa-
do plasma e como consequência obtém-se 220 a 280 ml de concen- das às plaquetopenias desencadeadas por falência medular, rara-
trado de hemácias (CH). mente indicamos a reposição em plaquetopenias por destruição
A indicação para que seja realizada a transfusão de concen- periférica ou alterações congênitas de função plaquetária (MINIS-
trado de hemácias, deve ser criteriosa e individual, de acordo com TÉRIO DA SAÚDE, 2008, p. 32).
o fator determinante: estado hemodinâmico do paciente, anemia A dose indicada é estabelecida por meio do critério de uma
aguda, classificação de Baskett. unidade de CP para cada 7 a 10 Kg de peso do paciente. Todavia, o
Sobre a indicação de concentrado de hemácias o Ministério da médico poderá avaliar também a contagem plaquetária do paciente
Saúde (2008, p. 29) alerta: para, posteriormente, realizar a prescrição de dosagem. O tempo
A transfusão de concentrado de hemácias (CH) deve ser reali- de infusão a ser seguido para administração de CP é:
zada para tratar, ou prevenir iminente e inadequada liberação de O tempo de infusão da dose de CP deve ser de aproximada-
oxigênio (O2) aos tecidos, ou seja, em casos de anemia, porém nem mente 30min em pacientes adultos ou pediátricos, não excedendo
todo estado de anemia exige a transfusão de hemácias. Em situa- a velocidade de infusão de 20-30ml/kg/hora. A avaliação da res-
ções de anemia, o organismo lança mão de mecanismos compen- posta terapêutica a transfusão de CP deve ser feita através de nova
satórios, tais como a elevação do débito cardíaco e a diminuição contagem das plaquetas 1 hora após a transfusão, porém a resposta
da afinidade da Hb pelo O2, o que muitas vezes consegue reduzir o clínica também deve ser considerada. Em pacientes ambulatoriais,
nível de hipóxia tecidual. a avaliação laboratorial 10min após o término da transfusão pode
Em algumas ocasiões a transfusão não é indicada, como no facilitar a avaliação da resposta e possui resultados comparáveis
caso de anemia por perda sanguínea crônica, anemia por insufici- (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1998, p. 37).
ência renal crônica, anemia hemolítica constitucional, Doença Falci- Plasma fresco congelado: é obtido depois do fracionamento
forme, Talassemias, etc. do sangue total, congelar até oito horas depois da coleta. Deve ser
guardado a uma temperatura de, no mínimo, -20º C, tendo validade
de doze meses.

9
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

O plasma fresco congelado (PFC) possui albumina, globulina, d) Repor Fator de von Willebrand em pacientes que não têm
fibrinogênia e fatores de coagulação sanguínea. Uma vez que é des- indicação de DDAVP ou não respondem ao uso de DDAVP, quando
congelado precisa ser usado em até quatro horas. não se dispuser de concentrados de Fator de von Willebrand ou de
A indicação de utilização do Plasma Fresco Congelado é, como concentrados de Fator VIII ricos em multímeros de von Willebrand.
nos casos anteriores, dependente da avaliação médica, cabe res-
saltar o que é preconizado pelo Ministério da Saúde (2008, p. 38): O crioprecipitado antes de ser infundido deve ser descongela-
As indicações para o uso do plasma fresco congelado são restri- do em uma temperatura de 30ºC a 35ºC no prazo máximo de quinze
tas e correlacionadas a sua propriedade de conter as proteínas da minutos, podendo ser feito por meio de banho-maria.
coagulação. O componente deve ser usado, portanto, no tratamen- A transfusão após o descongelamento deve ser imediata, mas
to de pacientes com distúrbio da coagulação, particularmente na- poderá também ficar estocado por até seis horas em temperatura
queles em que há deficiência de múltiplos fatores e apenas quando ambiente e entre 20º e 24º C ou por até quatro horas quando o
não estiverem disponíveis produtos com concentrados estáveis de sistema for aberto.
fatores da coagulação e menor risco de contaminação viral. Uma das formas para se calcular a dosagem a ser administrada
A dose volume a ser transfundida em um paciente vai depen- de crioprecipitado é 1.0 a 1.5 bolsas de Criopreciptado para cada 10
der do peso e das condições hemodinâmicas do paciente, esta ava- Kg de peso do paciente, sendo a intenção de se atingir níveis de fi-
liação será feita pelo médico. É importante ressaltar que o uso de brinogênio de 100mg/dl com reavaliação a cada três ou quatro dias.
10-20 ml de PFC por Kg aumenta de 20 a 30% os níveis dos fatores
de coagulação do paciente. Princípios da administração de medicamentos e Cálculo de
Os cuidados antes da administração do PFC devem ser seguidos Medicacão
rigorosamente para impedir intercorrências, são eles: A administração de medicamentos é uma das atividades que
• Antes da transfusão deve ser completamente descongelado, o auxiliar de enfermagem desenvolve com muita frequência, re-
para isto pode-se utilizar o banho-maria a 37ºC ou equipamento querendo muita atenção e sólida fundamentação técnico-científica
específico; para subsidiá-lo na realização de tarefas correlatas, pois envolve
• Após ser descongelado deve ser utilizado o mais rápido pos- uma sequência de ações que visam a obtenção de melhores resul-
sível, no máximo seis horas após o congelamento em temperatura tados no tratamento do paciente, sua segurança e a da instituição
ambiente ou 24 horas após refrigeração; na qual é realizado o atendimento.
• Depois de ser descongelado não pode mais ser congelado; Assim, é importante compreender que o uso de medicamen-
• É importante observar atentamente o aspecto das bolsas an- tos, os procedimentos envolvidos e as próprias respostas orgânicas
tes de iniciar a transfusão, pois vazamentos e alterações de cor são decorrentes do tratamento envolvem riscos potenciais de provocar
alertas para não administração. danos ao paciente, sendo imprescindível que o profissional esteja
preparado para assumir as responsabilidades técnicas e legais de-
Também é importante seguir a seguinte orientação: correntes dos erros que possa vir a incorrer.
Na transfusão de plasma, todos os cuidados relacionados à Geralmente, os medicamentos de uma unidade de saúde são
transfusão de hemocomponentes devem ser seguidos criteriosa- armazenados em uma área específica, dispostos em armários ou
mente. A conferência da identidade do paciente e rótulo da bolsa prateleiras de fácil acesso e organizados e protegidos contra poeira,
antes do início da infusão e uso de equipo com filtro de 170 a 220 umidade, insetos, raios solares e outros agentes que possam alterar
nm são medidas obrigatórias. O tempo máximo de infusão deve ser seu estado ressalte-se que certos medicamentos necessitam ser ar-
de 1 hora (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1998, p. 45). mazenados e conservados em refrigerador.
Crioprecipitado: é a parte insolúvel do plasma, obtido por meio Os recipientes contendo a medicação devem possuir tampa e
do procedimento de congelamento rápido, descongelamento e rótulo, identificados com nome (em letra legível) e dosagem do fár-
centrifugação do plasma. É rico em fator VIII: c (atividade pró-coa- maco.
gulante), Fator VIII:Vwf (Fator von Willebrand), Fibrinogênio, Fator A embalagem com dose unitária, isto é, separada e rotulada
XIII e Fibronectina. em doses individuais, cada vez mais vem sendo adotada em gran-
des centros hospitalares como meio de promover melhor controle
Conforme o Ministério da Saúde (2008, p. 45), as indicações e racionalização dos medicamentos.
para a utilização do crioprecipitado são: Os pacientes e/ou familiares necessitam ser esclarecidos quan-
[...] tratamento de hipofibrinogenemia congênita ou adquirida to à utilização dos medicamentos receitados pelo médico, e orienta-
(<100mg/dl), disfibrinogenemia ou deficiência de fator XIII. A hi- dos em relação ao seu armazenamento e cuidados - principalmente
pofibrinogenemia adquirida pode ser observada após tratamento se houver crianças em casa, visando evitar acidentes domésticos.
trombolítico, transfusão maciça ou coagulação intravascular dis- Os entorpecentes devem ser controlados a cada turno de trabalho e
seminada (CID). Somente 50% do total dos 200mg de fibrinogênio sua utilização feita mediante prescrição médica e receita contendo
administrados/bolsa no paciente com complicações devido à trans- nome do paciente, quantidade e dose, além da data, nome e assina-
fusão maciça são recuperados por meio intravascular. tura do médico responsável. Ao notar a falta de um entorpecente,
E também nos seguintes casos: notifique tal fato imediatamente à chefia.
a) Repor fibrinogênio em pacientes com hemorragia e deficiên- A administração de medicamentos segue normas e rotinas que
cia isolada congênita ou adquirida de fibrinogênio, quando não se uniformizam o trabalho em todas as unidades de internação, facili-
dispuser do concentrado de fibrinogênio industrial. tando sua organização e controle. Para preparar os medicamentos,
b) Repor fibrinogênio em pacientes com coagulação intravascu- faz-se necessário verificar qual o método utilizado para se aviar a
lar disseminada-CID e graves hipofibrinogenemias. prescrição - sistema de cartão, receituário, prescrição médica, folha
c) Repor Fator XIII em pacientes com hemorragias por defici- impressa em computador.
ência deste fator, quando não se dispuser do concentrado de Fator Visando administrar medicamentos de maneira segura, a en-
XIII industrial. fermagem tradicionalmente utiliza a regra de administrar o medi-
camento certo, a dose certa, o paciente certo, a via certa e a hora
certa.

10
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Durante a fase de preparo, o profissional de enfermagem deve Administrando medicamentos por via retal
ter muita atenção para evitar erros, assegurando ao máximo que Material necessário:
o paciente receba corretamente a medicação. Isto justifica porquê bandeja
o medicamento deve ser administrado por quem o preparou, não luvas de procedimento
sendo recomendável a administração de medicamentos preparados forro de proteção
por outra pessoa. gazes
medicamento sólido ou líquido
As orientações a seguir compreendem medidas de organizati- comadre (opcional)
vas e de assepsia que visam auxiliar o profissional nesta fase do tra-
balho: lavar sempre as mãos antes do preparo e administração de Administrando medicamentos tópicos por via cutânea, ocular,
medicamentos, e logo após; preparar o medicamento em ambiente nasal,
com boa iluminação; concentrar-se no trabalho, evitando distrair -otológica e vaginal
a atenção com atividades paralelas e interrupções que podem au-
mentar a chance de cometer erros; Material necessário:
Ler e conferir o rótulo do medicamento três vezes: ao pegar - bandeja
o frasco, ampola ou envelope de medicamento; antes de colocar - espátula, conta-gotas, aplicador
o medicamento no recipiente próprio para administração e ao re- - gaze
colocar o recipiente na prateleira ou descartar a ampola/frasco ou - luvas de procedimento
outra embalagem. -medicamento
Um profissional competente não se deixa levar por comporta-
mentos automatizados, pois tem a consciência de que todo cuidado Administrando medicamentos por via parenteral
é pouco quando se trata de preparar e administrar medicamentos; A via parenteral é usualmente utilizada quando se deseja uma
Realizar o preparo somente quando tiver a certeza do medica- ação mais imediata da droga, quando não há possibilidade de admi-
mento prescrito, dosagem e via de administração; as medicações nistrá-la por via oral ou quando há interferência na assimilação da
devem ser administradas sob prescrição médica, mas em casos de droga pelo trato gastrintestinal.
emergência é aceitável fazê-las sob ordem verbal (quando a situ- A enfermagem utiliza comumente as seguintes formas de ad-
ação estiver sob controle, todas as medicações usadas devem ser ministração parenteral: intradérmica, subcutânea, intramuscular e
prescritas pelo médico e checadas pelo profissional de enfermagem endovenosa.
que fez as aplicações;
Identificar o medicamento preparado com o nome do pacien- Material necessário:
te, número do leito, nome da medicação, via de administração e - Bandeja ou cuba-rim
horário; observar o aspecto e características da medicação, antes -Seringa
de prepará-la; deixar o local de preparo de medicação em ordem - Agulha
e limpo, utilizando álcool a 70% para desinfetar a bancada; utilizar - Algodão
bandeja ou carrinho de medicação devidamente limpos e desinfe- - Álcool a 70%
tados com álcool a 70%; quando da preparação de medicamentos -garrote (aplicação endovenosa)
para mais de um paciente, é conveniente organizar a bandeja dis- - Medicamento (ampola, frasco-ampola)
pondo-os na seqüência de administração.
Similarmente, seguem-se as orientações relativas à fase de ad- A administração de medicamento por via parenteral exige pré-
ministração: manter a bandeja ou o carrinho de medicação sempre vio preparo com técnica asséptica e as orientações a seguir enun-
à vista durante a administração, nunca deixando-os, sozinhos, junto ciadas visam garantir uma maior segurança e evitar a ocorrência de
ao paciente; antes de administrar o medicamento, esclarecer o pa- contaminação.
ciente sobre os medicamentos que irá receber, de maneira clara e Ao selecionar os medicamentos, observar o prazo de validade,
compreensível, bem como conferir cuidadosamente a identidade o aspecto da solução ou pó e a integridade do frasco.
do mesmo, para certificar-se de que está administrando o medica- Certificar-se de que todo o medicamento está contido no corpo
mento à pessoa certa, verificando a pulseira de identificação e/ou da ampola, pois muitas vezes o estreitamento do gargalo faz com
pedindo-lhe para dizer seu nome, sem induzi-lo a isso; permanecer que parte do medicamento fique retida. Observar a integridade dos
junto ao paciente até que o mesmo tome o medicamento. invólucros que protegem a seringa e a agulha; colocar a agulha na
Deixar os medicamentos para que tome mais tarde ou permitir seringa com cuidado, evitando contaminar a agulha, o êmbolo, a
que dê medicação a outro são práticas indevidas e absolutamente parte interna do corpo da seringa e sua ponta.
condenáveis; efetuar o registro do que foi fornecido ao paciente, Desinfetar toda a ampola com algodão embebido em álcool
após administrá-los. a 70%, destacando o gargalo no caso de frasco-ampola, levantar a
tampa metálica e desinfetar a borracha.
Administrando medicamentos por via oral e sublingual: Proteger os dedos com algodão embebido em álcool a 70% na
Material necessário: hora de quebrar a ampola ou retirar a tampa metálica do frasco-
-bandeja ampola.
- copinhos descartáveis Para aspirar o medicamento da ampola ou frasco ampola, segu-
- fita adesiva para identificação rá-lo com dois dedos de uma das mãos, mantendo a outra mão livre
- material acessório: seringa, gazes, conta-gotas, etc. para realizar, com a seringa, a aspiração da solução.
- água, leite, suco ou chá trar o medicamento. No caso do frasco-ampola, aspirar o diluente, introduzi-lo den-
tro do frasco e deixar que a força de pressão interna desloque o ar
para o interior da seringa.

11
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Homogeneizar o diluente com o pó liofilizado, sem sacudir, e Via intramuscular


aspirar. Para aspirar medicamentos de frasco de dose múltipla, inje- A via intramuscular é utilizada para administrar medicamentos
tar um volume de ar equivalente à solução e, em seguida, aspirá-lo. irritantes, por ser menos dolorosa, considerando-se que existe me-
O procedimento de introduzir o ar da seringa para o interior nor número de terminações nervosas no tecido muscular profundo.
do frasco visa aumentar a pressão interna do mesmo, retirando fa- A absorção ocorre mais rapidamente que no caso da aplicação sub-
cilmente o medicamento, haja vista que os líquidos movem-se da cutânea, devido à maior vascularização do tecido muscular. O volu-
uma área de maior pressão para a de menor pressão. Portanto, ao me a ser administrado deve ser compatível com a massa muscular,
aspirar o medicamento, manter o frasco invertido que varia de acordo com a idade, localização e estado nutricional.
Após a remoção do medicamento, retirar o ar com a agulha Considerando-se um adulto com peso normal, o volume mais
e a seringa voltadas para cima. Recomenda-se puxar um pouco o adequado de medicamento em aplicação no deltóide é de aproxi-
êmbolo, para remover a solução contida na agulha, visando evitar madamente 2ml; no glúteo, 4 ml e na coxa, 3 ml35, embora exis-
seu respingo quando da remoção do ar tam autores que admitam volumes maiores. De qualquer maneira,
A agulha deve ser protegida com o protetor e o êmbolo da se- quantidades maiores que 3ml devem ser sempre bem avaliadas
ringa com o próprio invólucro. pois podem não ter uma adequada absorção3
Identificar o material com fita adesiva, na qual deve constar o Para aplicação em adulto eutrófico, as agulhas apropriadas são
nome do paciente, número de leito/quarto, medicamento, dose e 25x7, 25x8, 30x7 e 30x8. No caso de medicamentos irritantes, a
via de administração. agulha que aspirou o medicamento deve ser trocada, visando evitar
As precauções para administrar medicamentos pela via paren- a ocorrência de lesões teciduais.
teral são importantes para evitar danos muitas vezes irreversíveis Orientar o paciente para que adote uma posição confortável,
ao paciente. Antes da aplicação, fazer antissepsia da pele, com ál- relaxando o músculo, processo que facilita a introdução do líquido,
cool a 70%. evita extravasamento e minimiza a dor.
É importante realizar um rodízio dos locais de aplicação, o que Evite a administração de medicamentos em áreas inflamadas,
evita lesões nos tecidos do paciente, decorrentes de repetidas apli- hipotróficas, com nódulos, paresias, plegias e outros, pois podem
cações. dificultar a absorção do medicamento. Num movimento único e
Observar a angulação de administração de acordo com a via e com impulso moderado, mantendo o músculo com firmeza, intro-
comprimento da agulha, que deve ser adequada à via, ao tipo de duzir a agulha num ângulo de 90º, puxar o êmbolo e, caso não haja
medicamento, à idade do paciente e à sua estrutura física. retorno de sangue administrar a solução.
Após a introdução da agulha no tecido e antes de pressionar o Após a introdução do medicamento, retirar a agulha - também
êmbolo da seringa para administrar o medicamento pelas vias sub- num único movimento - e comprimir o local com algodão molhado
cutânea e intramuscular, deve-se aspirar para ter a certeza de que com álcool a 70%.
não houve punção de vaso sanguíneo. Os locais utilizados para a administração de medicamentos são
Caso haja retorno de sangue, retirar a punção, preparar nova- as regiões do deltóide, dorsoglútea, ventroglútea e antero-lateral
mente a medicação, se necessário, e repetir o procedimento. Des- da coxa. A região dorsoglútea tem o inconveniente de situar-se pró-
prezar a seringa, com a agulha junta, em recipiente próprio para xima ao nervo ciático, o que contra-indica esse tipo de aplicação
materiais perfurocortantes. em crianças.
Via intradérmica A posição recomendada é o decúbito ventral, com os pés vol-
É a administração de medicamentos na derme, indicada para tados para dentro, facilitando o relaxamento dos músculos glúteos;
a aplicação de vacina BCG e como auxiliar em testes diagnósticos e caso não seja possível, colocar o paciente em decúbito lateral. O
de sensibilidade local indicado é o quadrante superior externo, cerca de 5cm abaixo
Para testes de hipersensibilidade, o local mais utilizado é a do ápice da crista ilíaca.
região escapular e a face interna do antebraço; para aplicação de Outra maneira de identificar o local de aplicação é traçando
BCG, a região deltóide do braço direito. Esticar a pele para inserir a uma linha imaginária da espinha ilíaca póstero-superior ao trocan-
agulha, o que facilita a introdução do bisel, que deve estar voltado ter maior do fêmur; a injeção superior ao ponto médio da linha
para cima; visando atingir somente a epiderme, formar um ângulo também é segura.
de 15º com a agulha, posicionando-a quase paralela à superfície da Para a aplicação de injeção no deltóide, recomenda-se que o
mesma. paciente esteja em posição sentada ou deitada
Não se faz necessário realizar aspiração, devido à ausência de Medir 4 dedos abaixo do ombro e segurar o músculo durante
vaso sanguíneo na epiderme. O volume a ser administrado não a introdução da agulha ) . O músculo vasto lateral encontra-se na
deve ultrapassar a 0,5ml, por ser um tecido de pequena expansi- região antero-lateral da coxa. Indica-se a aplicação intramuscular no
bilidade, sendo utilizada seringa de 1ml e agulha 10x5 e 13x4,5. terço médio do músculo, em bebês, crianças e adultos
Quando a aplicação é correta, identifica-se a formação de pápula, A região ventroglútea, por ser uma área desprovida de gran-
caracterizada por pequena elevação da pele no local onde o medi- des vasos e nervos, é indicada para qualquer idade, principalmente
camento foi introduzido. para crianças. Localiza-se o local da injeção colocando-se o dedo
indicador sobre a espinha ilíaca antero-superior e, com a palma da
Via subcutânea mão sobre a cabeça do fêmur (trocanter), em seguida desliza-se o
É a administração de medicamentos no tecido subcutâneo, adjacente (médio) para formar um V. A injeção no centro do V al-
cuja absorção é mais lenta do que a da via intramuscular. Doses cança os músculos glúteos essos, necrose e lesões de nervo.
pequenas são recomendadas, variando entre 0,5ml a 1ml. Também
conhecida como hipodérmica, é indicada principalmente para vaci-
nas (ex. anti-rábica), hormônios (ex. insulina), anticoagulantes (ex.
heparina) e outras drogas que necessitam de absorção lenta e con-
tínua. Seus locais de aplicação são a face externa do braço, região
glútea, face anterior e externa da coxa, região periumbilical, região
escapular, região inframamária e flanco direito ou esquerdo.

12
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Via endovenosa A partir do processo de estruturação do HRFS, propõe-se um


A via endovenosa é utilizada quando se deseja uma ação rápida novo espaço para a CME, contendo os fluxos necessários para um
do medicamento ou quando outras vias não são propícias. Sua ad- bom funcionamento do setor e, após sua concretização, a amplia-
ministração deve ser feita com muito cuidado, considerando-se que ção do atendimento a outros serviços de saúde. Para tanto, foram
a medicação entra diretamente na corrente sangüínea, podendo pesquisados livros e manuais, sites, bem como, foram realizadas
ocasionar sérias complicações ao paciente caso as recomendações visitas e entrevistas ao hospital em questão e ao setor da CME de
preconizadas não sejam observadas. As soluções administradas por outros hospitais.
essa via devem ser cristalinas, não-oleosas e sem flocos em suspen-
são. Para a administração de pequenas quantidades de medicamen- CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR
tos são satisfatórias as veias periféricas da prega (dobra) do cotove- Segundo QUELHAS, “existem regiões onde os serviços de saú-
lo, do antebraço e do dorso das mãos. A medicação endovenosa de são limitados ou inexistentes, onde as infecções são, por muitas
pode ser tam bém aplicada através de cateteres intravenosos de vezes, não tratadas. As taxas de morte e a incidência de doenças
curta/longa permanência e flebotomia. O medicamento pode ainda infecciosas estão crescendo. Em países mais pobres, 50% de todas
ser aplicado nas veias superficiais de grande calibre: região cubital, as mortes são derivadas das infecções.” É importante ressaltar:
dorso da mão e antebraço. Material necessário: bandeja bolas de • A padronização de normas e rotinas técnicas e na validação
algodão álcool a 70% fita adesiva hipoalergênica garrote escalpe(s) dos processamentos dos materiais e superfícies é essencial no con-
adequado(s) ao calibre da veia do paciente) seringa e agulha. trole de infecção.
• É de extrema importância a atuação dos órgãos de fiscaliza-
Venóclise ções para o controle e avaliação das normas e processos de traba-
Venóclise é a administração endovenosa de regular quantidade lho.
de líquido através de gotejamento controlado, para ser infundido • A capacitação profissional.
num período de tempo pré-determinado. É indicada principalmen-
te para repor perdas de líquidos do organismo e administrar medi- De acordo com a RDC nº. 50 (ANVISA, 2004, pág. 112), as con-
camentos. dições ambientais necessárias ao auxilio do controle da infecção de
As soluções mais utilizadas são a glicosada a 5% ou 10% e a serviços de saúde dependem de pré-requisitos de diferentes am-
fisiológica a 0,9%. Antes de iniciar o procedimento, o paciente deve bientes do EAS, quanto ao risco de transmissão da mesma. Nesse
ser esclarecido sobre o período previsto de administração, corre- sentido, eles podem ser classificados:
lacionando-o com a importância do tratamento e da necessidade • Áreas críticas: são os ambientes onde existem riscos aumen-
de troca a cada 72 horas. O profissional deve evitar frases do tipo
tados de transmissão de infecção, onde se realizam procedimentos
não dói nada, pois este é um procedimento dolorido que muitas ve-
de risco, com ou sem paciente ou onde se encontram pacientes
zes requer mais de uma tentativa. Isto evita que o paciente sinta-se
imunodeprimidos
enganado e coloque em cheque a competência técnica de quem
A CME é uma área crítica e o seu planejamento de fluxo dos
realiza o procedimento.
Material necessário: o mesmo utilizado na aplicação endoveno- materiais e roupas é: recebimento de roupa limpa/material - des-
sa, acrescentando-se frasco com o líquido a ser infundido, suporte, contaminação de material Æ separação e lavagem de material pre-
medicamentos, equipo, garrote, cateter periférico como escalpe, paro de roupas e material Æ esterilização Æ guarda e distribuição, a
gelco ou similar, agulha, seringa, adesivo (esparadrapo, micropore barreira física que delimita a área suja e contaminada da área limpa
ou similar), cortado em tiras e disposto sobre a bandeja, acessórios minimizando a entrada de microorganismos externos.
como torneirinha e bomba de infusão, quando necessária.
RECURSOS HUMANOS
A equipe de enfermagem que trabalha nesta unidade presta
CENTRAL DE MATERIAL E ESTERILIZAÇÃO.MANUSEIO uma assistência indireta ao paciente, tão importante quanto à as-
DE MATERIAIS ESTÉREIS E CONTROLE DA ESTERILIZA- sistência direta, que é realizada pela equipe de enfermagem que
ÇÃO atende ao paciente. O quadro de pessoal de uma CME deve ser
composto por enfermeiros, técnicos de enfermagem, auxiliares de
A CME é uma unidade de apoio técnico dentro do estabele- enfermagem e auxiliares administrativos, cujas funções estão des-
cimento de saúde destinada a receber material considerado sujo critas nas práticas recomendadas da SOBECC, cujas funções estão
e contaminado, descontaminá-los, prepará-los e esterilizá-los, bem descritas abaixo:
como, preparar e esterilizar as roupas limpas oriundas da lavande-
ria e armazenar esses artigos para futura distribuição. No quadro Enfermeiro Supervisor
atual, a CME não atende às normas necessárias para um funciona- • Atua na coordenação do setor;
mento eficaz. • Prever os materiais necessários para prover as unidades con-
Na busca por racionalizar os gastos e otimizar os recursos dos sumidoras;
serviços decorrentes do custo x benefício de equipamentos, pessoal • Elaborar relatórios mensais estatísticos, tanto de custo quan-
e investimento na estrutura física, a CME do HRFS se transformará to de produtividade;
numa Central de Materiais de esterilização da Microrregião aten- • Planejar e fazer anualmente o orçamento do CME com ante-
dendo a um total de 173 leitos, prestando apoio técnico ao centro cedência de 04 a 6 meses
cirúrgico, obstétrico, ambulatório, semi-intensivo e ao atendimento
• Elaborar e manter atualizado o manual de normas, rotinas e
de ência deste estabelecimento de saúde, além dos serviços solici-
procedimentos do CME, que deve estar disponível para a consulta
tados pelo SAMU-192, que na proposta, terá uma base descentra-
dos colaboradores.
lizada.
• Desenvolver pesquisas e trabalhos científicos que contribu-
am para o crescimento e as boas práticas de Enfermagem, partici-
pando de tais projetos e colaborando com seu andamento.

13
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

• Manter-se atualizado acerca das tendências técnicas e cien- Dessa maneira, é necessário manter espaço suficiente entre
tíficas relacionadas com o controle de infecção hospitalar e com o os artigos e, no caso do processamento de instrumental cirúrgico,
uso de tecnologias avançadas nos procedimentos que englobem no máximo, em torno de 30 peças. Contudo, a SOBECC recomenda
artigos processados pelo CME. abolir o uso da esterilização por calor seco.” (Práticas Recomenda-
• Participar de comissões institucionais que interfiram na dinâ- das- SOBECCSociedade Brasileira de Enfermeiros de Centro Cirúrgi-
mica de trabalho do CME. co, Recuperação Anestésica e Centro de Material e Esterilização. 4ª
edição – 2007, pág. 78). Vapor saturado sob pressão: Este proces-
PROCESSOS DESENVOLVIDOS so está relacionado com o mecanismo de calor latente e o contato
Limpeza: A limpeza consiste na remoção da sujidade visível – direto com o vapor, promovendo a coagulação das proteínas. Re-
orgânica e inorgânica – mediante o uso da água, sabão e detergente alizando uma troca de calor entre o meio e o objeto a ser esterili-
neutro ou detergente enzimático em artigos e superfícies. Se um ar- zado. Existe uma constante busca por modelos de autoclaves que
tigo não for adequadamente limpo, isto dificultará os processos de permitam a máxima remoção do ar, com câmaras de auto-vácuo,
desinfecção e de esterilização. As limpezas automatizadas, realiza- totalmente automatizadas. Entretanto, esses equipamentos sofis-
das através das “lavadoras termodesifectadoras” que utilizam jatos ticados necessitam de profissionais qualificados, pois estes são, e
de água quente e fria, realizando enxágüe e drenagem automatiza- continuarão sendo, o fator de maior importância na segurança do
da, a maioria, com o auxilio dos detergentes enzimáticos, possui a processo de esterilização.
vantagem de garantir um padrão de limpeza e enxágüe dos artigos Autoclave Pré-Vácuo: Por meio da bomba de vácuo contida no
processados em série, diminuem a exposição dos profissionais aos equipamento, podendo ter um, três ou cinco ciclos pulsáteis, o ar
riscos ocupacionais de origem biológica, que podem ser decorren- é removido dos pacotes e da câmara interna, permitindo uma dis-
tes dos acidentes com materiais perfuro- cortantes. As lavadoras persão e penetração uniforme e mais rápida do vapor em todos os
ultra-sônicas, que removem as sujidades das superfícies dos artigos pacotes que contém a respectiva carga. Após a esterilização, a bom-
pelo processo de cavitação, são outro tipo de lavadora para comple- ba a vácuo faz a sucção do vapor e da umidade interna da carga, tor-
mentar a limpeza dos artigos com lumens. nando a secagem mais rápida e completando o ciclo. Os materiais
Descontaminação: É o processo de eliminação total ou parcial submetidos à esterilização a vapor são liberados após checklist feito
da carga microbiana de artigos e superfícies. pelo auxiliar de enfermagem da área.
Desinfecção: A desinfecção é o processo de eliminação e des- Processos Químicos e Físicos- Químicos: Esterilizantes químicos
truição de microorganismos, patogênicos ou não em sua forma ve- cujos princípios ativos são autorizados pela Portaria nº. 930/92 do
getativa, que estejam presentes nos artigos e objetos inanimados, Ministério da Saúde são: aldeídos, ácido peracético e outros, desde
mediante a aplicação de agentes físicos ou químicos, chamados de que atendam a legislação especifica.
desinfetantes ou germicidas, capazes de destruir esses agentes em
um intervalo de tempo operacional de 10 a 30 min3 . Alguns prin- O Peróxido de hidrogênio (na forma gásplasma) e o óxido de
cípios químicos ativos desinfetantes têm ação esporicida, porém o etileno são processos físicoquímicos gasosos automatizados em
tempo de contato preconizado para a desinfecção não garante a baixa temperatura Validação dos processos de esterilização de ar-
eliminação de todo o s esporos. São usados os seguintes princípios tigos:
ativos permitidos como desinfetantes pelo Ministério da Saúde: al- A validação é o procedimento documentado para a obtenção
deídos, compostos fenólicos, ácido paracético. de registro e interpretação de resultados desejados para o estabe-
Preparo: As embalagens utilizadas para o acondicionamento lecimento de um processo, que deve consistentemente fornecer
dos materiais determinam sua vida útil, mantêm o conteúdo estéril produtos, cumprindo especificações predeterminadas. A validação
após o reprocessamento, garante a integridade do material Esteri- da esterilização precisa confirmar que a letalidade do ciclo seja su-
lização: ficiente para garantir uma probabilidade de sobrevida microbiana
É o processo de destruição de todos os microorganismos, a não superior a 10º.
tal ponto que não seja mais possível detectá-los através de testes Controles do processo de esterilização
microbiológicos padrão. Um artigo é considerado estéril quando a Testes Químicos: Os testes químicos podem indicar uma falha
probabilidade de sobrevivência dos microorganismos que o conta- em potencial no processo de esterilização por meio da mudança de
minavam é menor do que 1:1.000.000. sua coloração.
Nos estabelecimentos de saúde, os métodos de esterilização Teste Bowie e Dick são realizados diariamente no primeiro ciclo
disponíveis para processamento de artigos no seu dia a dia são o de esterilização em autoclave fria, auto-vácuo, com câmara fria e
calor, sob a forma úmida e seca, e os agentes químicos sob a forma vazia.
líquida, gasosa e plasma Testes Biológicos: Os testes biológicos são os únicos que con-
sideram todos os parâmetros de esterilização. A esterilização moni-
Processos físicos torada por indicadores biológicos utilizam monitores e parâmetros
Calor Seco: Este processo realizado pelo calor seco é realizado críticos, tais como temperatura, pressão e tempo de exposição e,
em estufas elétricas. De acordo com Moura (1990), “a estufa, da cuja leitura é realizada em incubadora com método de fluorescên-
forma como é utilizada nas instituições brasileiras, não se mostra cia, obtendo resultado para liberação dos testes em três horas, tra-
confiável, uma vez que, em seu interior, encontram–se temperatu- zendo maior segurança na liberação dos materiais. Os produtos são
ras diferentes das registradas no termômetro. O centro da câmara liberados quando os indicadores revelarem resultados negativos.
apresenta “pontos frios”, nos quais a autora constatou, por meio de
testes biológicos, a presença de formas esporuladas.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Limpeza, desinfecção e esterilização


Limpeza: remoção de sujidade de um artigo. É de suma importância na redução da carga microbiana de um artigo, favorecendo a
eficácia do processo. É a remoção de sujidade visível aderida nas superfícies, nas fendas, nas serrilhas, nas articulações e lúmens de ins-
trumentos, dispositivos e equipamentos, por meio de um processo manual, realizando fricção com escovas apropriadas e por meio de
enxágue utilizando água sob pressão. Ou de forma mecânica utilizando detergente e água em lavadoras com ou sem ultrassom. Em ambos
são utilizados detergentes ou produtos enzimáticos.
Alguns fatores interferem na efetividade da limpeza, como a qualidade da água, tipo e qualidade dos agentes e acessórios de limpeza,
manuseio e preparação dos materiais para a limpeza, método manual ou mecânico usado. Além do tempo-temperatura dos equipamentos
de limpeza mecânica, posicionamento do material e a configuração da carga das máquinas.
No final de qualquer processo é recomendado uma observação criteriosa do processo de limpeza para garantir que o protocolo foi
seguido completamente; realizar validação; e aplicar metodologias de verificação que garantam a limpeza.
Importante lembrar: os resíduos orgânicos tais como sangue, soro, lípides, fragmentos de tecido e sais inorgânicos, se não forem reti-
rados adequadamente durante o processo de limpeza, podem impedir a desinfecção e a esterilização, uma vez que limitarão a difusão dos
agentes esterilizantes ou inativarão a ação dos desinfetantes.

Desinfecção: é o processo aplicado a um artigo ou superfície que visa a eliminação de microrganismos, exceto esporos, das superfícies
fixas de equipamentos e mobílias utilizadas em assistência à saúde. A desinfecção é indicada para artigos semicríticos que entram em con-
tato com membranas mucosas ou pele não íntegra. Sendo os mais comuns: acessórios para assistência respiratória, diversos endoscópios,
espéculos, lâminas para laringoscopia, entre outros.
Os métodos de desinfecção podem ser físicos, por ação térmica, ou químicos, pelo uso de desinfetantes. Os físicos são os equipa-
mentos de pasteurização como desinfetadoras e lavadoras de descarga. Os desinfetantes mais utilizados são a base de aldeídos, ácido
peracético, soluções cloradas e álcool. Podem, também, ser utilizados produtos à base de quaternário de amônia e peróxido de hidrogênio.

Esterilização: é o processo que utiliza agentes químicos ou físicos para destruir todas as formas de vida microbiana, sendo aplicada
especificamente a objetos inanimados. O processo de esterilização de artigos hospitalares que oferece maior segurança é o vapor saturado
sob pressão, realizado em autoclave. Este processo tem como parâmetros: o vapor, a pressão, a temperatura e o tempo.
Há, porém, no mercado, uma gama de artigos utilizados no cuidado à saúde que são produzidos com materiais complexos e que não
suportam a termo desinfecção ou a umidade do vapor, exigindo uma esterilização com métodos de baixa temperatura como: óxido de
etileno (ETO), plasma, ozônio, radiação gama entre outros. A seguir, o fluxo de processamento de artigos médicos cirúrgicos:

Lembramos que os métodos de esterilização à baixa temperatura normalmente não estão disponíveis nos serviços de saúde. Entre os
agentes químicos esterilizantes, ressaltamos o glutaraldeído e o ácido peracético:

Glutaraldeído: é um dialdeído saturado que reúne muitas vantagens como desinfetante de alto nível e esterilizante, devido ao seu am-
plo espectro de ação, bem como a estabilidade e a compatibilidade com as mais diversas matérias primas dos materiais e equipamentos
médico-hospitalares, pois não é corrosivo a metal e não danifica equipamentos ópticos, borracha ou plástico. Utiliza-se o glutaraldeído a
2% como agente químico desinfetante de alto nível ou esterilizante.
Sua utilização foi condenada por força de lei pela Resolução da Diretoria Colegiada da ANVISA nº 8 de 2009. Sua toxicidade também foi
questionada em 2004 pela Associação Americana de Enfermeiros de Centro Cirúrgico –AORN, que recomendou três enxágues assépticos
com revezamento, para cada material por ele processado. A Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo publicou a resolução SS nº 27 em
2007 referente as medidas de controle sobre o uso do glutaraldeído, com foco na segurança ocupacional.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Ácido peracético: tem uma rápida ação microbicida e age pela A falta de quartos individuais, com sanitários próprios em cada
desnaturação das proteínas, ruptura da parede celular e oxidação unidade de internação, não facilita a montagem de isolamento para
de proteínas, enzimas e outros metabólicos. É essencial que o usu- pacientes portadores de doenças infecto-contagiosas e para os sus-
ário conheça as vantagens e as desvantagens de cada formulação peitos. A simples, enfatizada e indispensável lavagem constante das
para, junto com a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar - mãos do pessoal hospitalar, na prevenção de infecções, afigura-se,
CCIH, façam a melhor escolha baseada no custo-efetividade, uma às vezes, de difícil adoção pelo número reduzido de lavatórios e
vez que há no mercado diferentes formulações. pelo seu tipo inadequado. A localização inconveniente de certos se-
Independentemente do método a ser utilizado, o monitora- tores que devem ser próximos entre si, como o Centro Obstétrico e
mento e validação de cada processo é imprescindível para um me- Berçário à Unidade de Internação Obstétrica, as Salas de Operações
lhor controle e segurança. à Unidade de Recuperação Pós-Anestésica e esta à Unidade de Tra-
Outra preocupação que deve haver nos estabelecimentos de tamento Intensivo, como as construções de material de má quali-
saúde é sobre a reutilização de artigos de uso único que, embora dade, permitindo a infiltração de água e a falta de incineradores de
venham de fábrica contendo a identificação de “uso único”, ainda lixo, são critérios muitas vezes não observados pelos responsáveis
são reutilizados. O reuso destes artigos envolve questões legais, pelas construções de nossos hospitais.
médicas, éticas e econômicas, sendo amplamente discutido. As Outros fatores contribuem para um maior índice de infecção,
normas brasileiras que regulam o reuso de artigos são a Resolu- seja pela maior exposição dos pacientes aos germes, seja pela alte-
ção da Diretoria Colegiada nº 156, a Resolução 2605 e a Resolução ração de suas resistências naturais: longa permanência no hospital,
2606, publicadas em 2006, que obrigam a instituição de saúde a grandes cirurgias, anestesia prolongada, deambulação precoce, o
realizar, por meio de um instrumento normativo interno do esta- emprego mais frequente de transfusões de sangue, o emprego de
belecimento, todo e qualquer processo de reuso dos artigos a ser medicamentos que afetam a resposta imunológica, tratamentos re-
realizado e dispõe sobre as diretrizes para elaboração, validação e laxantes musculares e hipotérmicos.
implantação de protocolos de reprocessamento de produtos médi-
cos e dá outras providências. Qual é o índice de infecção de nossos hospitais?
Pouquíssimos hospitais estão em condições de informar seu
índice de infecção já que não existe obrigatoriedade, por parte dos
PREVENÇÃO E CONTROLE DA INFECÇÃO HOSPITALAR médicos ou de outros profissionais da equipe de saúde, de notifica-
(IH) OU INFECÇÃO RELACIONADA À ASSISTÊNCIA À ção, a um órgão central, das infecções diagnosticadas na admissão
SAÚDE (IRAS) e durante a permanência dos pacientes no hospital. No nosso caso
93,75 dos hospitais não informaram seu índice de infecção.
Ações de enfermagem na prevenção, controle e combate à O grupo responsável pelo controle de infecções do hospital
infecção hospitalar deve elaborar os critérios pelos quais os membros da equipe de
Infecção Hospitalar é aquela adquirida no hospital, mesmo saúde concluirão pela necessidade de isolamento do paciente, já
quando manifestada após a alta do paciente. Alguns autores são que é um assunto controvertido. A elaboração do relatório diário
mais exigentes, incluindo também aquela que não tenha sido diag- do índice de infecção o que pode ficar sob a responsabilidade do
nosticada na admissão do paciente, por motivos vários, como pro- médico ou da enfermeira do paciente. O registro das infecções hos-
longado período de incubação ou ainda por dificuldade diagnostica. pitalares é importantíssimo para o estudo das fontes de infecção.
O Serviço de Enfermagem representa um papel relevante no Compreende-se que a infecção hospitalar seja indesejável por
controle de infecções por ser o que mais contatos mantém com todos os responsáveis por um bom padrão de atendimento aos pa-
os pacientes e por representar mais de 50% do pessoal hospitalar. cientes internados; o que não se compreende é que os casos de
Colaboram também com destaque, na redução de infecções hos- infecção hospitalar sejam ignorados ou mesmo negados por te-
pitalares, os Serviços Médicos, de Limpeza, Nutrição e Dietética, mor que estes fatos, dados a conhecer, desprestigiem o hospital.
Lavandaria e de Auxiliares de Diagnóstico e Tratamento. O apoio Tais atitudes impedem que se executem medidas de isolamento,
da Administração Superior do Hospital e a colaboração dos demais de limpeza concorrente e desinfecção terminal, de modo a evitar a
servidores, em toda a escala hierárquica, desde o Administrador até propagação de infecção, mesmo dispondo de instalações adequa-
o Servente, fazem-se indispensáveis. das, material necessário e de pessoal capacitado para o combate
Afora o esforço permanente e sistematizado de todo o pessoal à infecção.
hospitalar, muito do bom êxito na execução de medidas de preven-
ção e controle de infecções vai depender da planta física, equipa- Uso inadequado de antibióticos
mentos, instalações e da capacidade do pessoal. Na literatura consultada encontra-se como uma das causas de
aumento de incidência de infecção o uso indiscriminado de antibió-
Incidência de Infecções ticos que fizeram surgir raças resistentes a esses agentes antimicro-
Independente do bom atendimento dos pacientes, a adoção de bianos entre os germes sensíveis.
medidas preventivas contra as infecções é dificultada pelas defici-
ências encontradas na planta física de nossos hospitais, tais como Manipulação diagnostica
a localização dos ambulatórios, o controle do acesso de pacientes A atuação do pessoal de enfermagem nas medidas diagnosti-
externos ao Centro Obstétrico, Centro Cirúrgico, Berçário, Lactário, cas tais como cateterismo cardíaco, arteriografias, biópsias por pun-
Unidade de Queimados, etc. O número deficiente de elevadores ção, aspiração de líquidos (cerebral, pleural, peritonial, sinovial), etc
obriga a permissão do transporte promíscuo de pacientes, de car- quando deixa de atender os princípios de esterilização, pode ofere-
ros térmicos de alimentação, de roupa limpa e suja, de visitantes e cer risco de contaminação e posterior infecção.
de pessoal hospitalar. Dependências físicas com áreas deficientes
dificultam a execução de técnicas médicas e de enfermagem, assim
como as grandes enfermarias onde a superlotação concorre para o
aumento de infecções cruzadas.

16
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Pessoal A avaliação bacteriológica do instrumental cirúrgico, de outros


Sabe-se que o elemento humano é a principal fonte de infecção materiais e do ambiente hospitalar deve merecer mais interesse
no hospital e um “check-up” da saúde individual do pessoal hospita- por parte do pessoal de enfermagem que, com a colaboração do
lar, na sua admissão, é uma medida adotada pelos nossos hospitais, Serviço de Análises Clínicas ou da Comissão de Infecção, deve fazer-
embora ainda não tenham estabelecido a frequência e os tipos de -se representar para o estabelecimento dos métodos de controle
exames clínicos, laboratoriais, imunizações, segundo uma escala de bacteriológico e sua frequência.
prioridade e de acordo com as atividades exercidas pelo pessoal, Não é demasiado insistir na necessidade de um maior interesse
nos mais diferentes setores do hospital. Assim, para o pessoal que científico na avaliação bacteriológica frequente dos veículos e fômi-
trabalha em áreas críticas como Berçário, Lactário, Centro Cirúrgi- tes no meio hospitalar.
co, Centro Obstétrico, Unidade de Tratamento Intensivo, Unidade
de Recuperação Pós-Anestésica, Pediatria, Lavandaria, Serviço de Tratamento
Nutrição e Dietética e Radiologia, os exames devem ser mais minu- Constituem poderosas armas no combate às infecções decor-
ciosos e os prazos menores. rentes de falhas nas unidades de internação e demais áreas do hos-
Houve unanimidade nos 16 hospitais quanto à exigência do pital, o ensino e a supervisão do pessoal que trabalha no hospital,
exame clínico, abreugrafia e imunizações anti-variólica e anti-tífica, para adoção de medidas preventivas para execução de técnicas de
para a admissão de pessoal hospitalar. combate à infecção hospitalar.
Cada hospital deve estabelecer as prioridades e a frequência Através da leitura da anamnese completa, por ocasião da ad-
dos exames que julgar necessários ao controle sanitário do seu missão e da interpretação dos resultados dos exames complemen-
pessoal hospitalar, levando em consideração também as fontes de tares e baseados nos critérios de infecção estabelecidos, o pessoal
infecção identificadas e as possibilidades dos recursos materiais e de enfermagem pode constatar pacientes infectados, a fim de se
humanos do Serviço de Análises Clínicas. Essa medida visa à prote- tomarem as medidas de isolamento, estas medidas, aliadas à hi-
ção do pessoal e dos pacientes pelo afastamento do trabalho dos gienização completa dos pacientes na admissão, durante sua hos-
portadores de infecções, aparentes ou não. O controle sanitário de pitalização e principalmente antes de serem levados à cirurgia e a
todo o pessoal hospitalar, após a admissão, está por receber de nos- limpeza de sua unidade, se constituem em importantes medidas na
sos hospitais a atenção que merece. Apenas 18,75% dos hospitais redução de infecções decorrentes dos pacientes, nas unidades de
se mostram interessados em manter uma vigilância epidemiológica internação.
de seu pessoal, o que é de se lamentar. O isolamento do paciente infectado embora não deva ser negli-
genciado o que se vê na maioria das vezes, em relação ao isolamen-
Pacientes, familiares e visitantes to de pacientes em unidades de internação comuns, são medidas
A prevenção de propagação de infecções decorrentes dos pa- que se resumem na transferência do paciente para um quarto in-
cientes, familiares e visitantes repousa na educação sanitária des- dividual e na colocação do avental sobre a roupa daqueles que vão
tes. A supressão do simples aperto de mãos entre pacientes, fami- entrar em contato com o paciente.
liares e visitantes, o sentar na cama dos pacientes, o trânsito por A orientação do pessoal hospitalar, no desempenho de técnicas
outras áreas do hospital, as visitas entre os pacientes e a redução de limpeza, de desinfecção e de assepsia deve ser contínua, formal
do número e a proibição de visitas de crianças menores de 12 anos e informal.
e de pessoas convalescentes, são algumas das recomendações que, Precisa ser intensificado o desenvolvimento de programas de
por certo, concorrerão para a prevenção de infecções no ambiente atualização no que concerne à prevenção, combate e controle de
hospitalar. Os pacientes devem ser também orientados quanto às infecções hospitalares extensivos a todo o pessoal hospitalar, prin-
medidas de higiene e proteção que devem tomar, em relação ao cipalmente àqueles que mantêm contatos com os pacientes e os
contágio da doença de que é portador. seus fomites. O Serviço de Enfermagem se preocupa em 33,33%
com a atualização dos conhecimentos de seu pessoal no desempe-
Atos cirúrgicos nho de suas atribuições, porém, necessita dar continuidade e realce
É comum atribuírem o aparecimento de infecção pós-operató- aos conteúdos programáticos relacionados com a prevenção de in-
ria a falhas na esterilização do material cirúrgico que, embora seja fecções e atenção de enfermagem aos pacientes infectados.
um fator crítico, não é o único responsável pelas infecções em cirur- A maioria das infecções hospitalares é transmitida pelo con-
gias. Há necessidades de se investigar em qual tempo operatório a tágio direto, através de mãos contaminadas. A lavagem das mãos
infecção se originou, isto é, no trans-operatório, por falhas no Cen- antes e depois de cuidar de cada paciente e às vezes no decurso de
tro Cirúrgico ou no pré e pós-operatório, por falhas nas medidas de diversos tratamentos prestados ao mesmo paciente com emulsão
diagnóstico, de tratamento médico e nos cuidados de enfermagem detergente bacteriostática e enxutas com ar quente ou com toalhas
executados nas unidades de internação. de papel se constitui em método eficiente para evitar a propagação
As infecções no trans-operatório podem decorrer de vários fa- de germes. As bactérias transientes das mãos são facilmente elimi-
tores: falhas nas técnicas de esterilização de instrumental cirúrgico, nadas com o uso de antissépticos adequados o que não acontece
roupas, outros materiais e utensílios em geral; mau funcionamento com o uso do sabão comum que exige uma lavagem de 5 a 10 minu-
dos aparelhos de esterilização; a manipulação incorreta do material tos para eliminar os microorganismos presentes.
estéril; a antissepsia deficiente das mãos e antebraços da equipe Y. Hara, realizou uma pesquisa no hospital de Clínicas da FMUSP
cirúrgica; o desconhecimento ou a displicência na conduta e na in- para comprovar a contaminação das mãos e a presença de germes
dumentária preconizada a toda a equipe envolvida no ato cirúrgico; patogênicos antes e após a arrumação de camas de pacientes am-
dependências do Centro Cirúrgico fora dos padrões recomendáveis bulantes e acamados; além de germes saprófitas constatou a pre-
e a não observância de outras normas que impeçam a contamina- sença de Estafilococo Dourado mesmo na arrumação de camas de
ção dos pacientes e do ambiente. pacientes ambulantes, onde a contaminação foi menor do que na
cama de pacientes acamados.

17
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Por desempenhar um papel importante na disseminação de A criação de Comissão de Infecção é justificada e recomenda-
doenças, U. Zanon) aconselha que «as mãos do pessoal de unida- da, e deve constituir-se em órgão coordenador de atividades de in-
des de internação sejam testadas uma vez por mês e as mãos dos vestigação, prevenção e controle de infecções.
responsáveis pelo preparo das mamadeiras uma vez por semana. A constituição de uma Comissão de Infecção pode variar se-
No Lactário, as mamadeiras e os bicos devem ser testados gundo o tamanho do hospital, não deixando, porém, de ter um re-
diariamente, inclusive o conteúdo da mamadeira logo após o seu presentante do Serviço de Enfermagem, em tempo integral, para
preparo e 24 horas após a estocagem, a fim de detectar possíveis atuar como um dos membros executivos das normas baixadas pela
contaminações. A água de beber deve ser fervida e examinada uma Comissão.
vez por semana, assim como a água dos umidificadores de oxigênio Reduzir infecções no hospital é um trabalho gigantesco que exi-
e a das incubadoras. ge a colaboração contínua e eficiente de todo o pessoal hospitalar
Em estudo comparativo realizado por M. I. Teixeira sobre as
condições bacteriológicas do Berçário, Centro Cirúrgico e Sala de Recomendações
Parto, durante três meses, num hospital do Rio de Janeiro e cons- Considerando a importância que tem a redução de infecções
tatou 490 colônias no Berçário, 233 no Centro Cirúrgico e 191 na nos hospitais para a diminuição do risco de morbidade e mortali-
Sala de Parto. No que se relaciona com os germes isolados em cada dade, do custo do tratamento e da média de permanência dos pa-
dependência, a situação foi desfavorável ao Berçário onde foram cientes nos hospitais que resulta numa maior utilização de leitos
identificadas 26 amostras de Estafilococos patogênicos (coagulase hospitalares, recomenda-se que os:
positiva), enquanto no Centro Cirúrgico foram encontradas 8 e na
Sala de Parto 4. I - Administradores de Hospital:
Dentre os setores do hospital sobressai-se o Berçário em face - Possibilitem aos Serviços do Hospital condições materiais e
da alta mortalidade do recém-nascido, por causa de sua suscetibi- humanas para a montagem de isolamento de pacientes infectados
lidade. e suspeitos e para a adoção das demais medidas preventivas e de
controle de infecções;
É insistentemente destacada na literatura a importância da - se assessorarem de pessoal capacitado nas construções e re-
lavagem frequente das mãos com antissépticos adequados e a formas de hospitais a fim de que a planta física não venha a dificul-
necessidade de comprovação científica da eficiência das rotinas e tar a adoção das medidas de redução de infecções;
procedimentos médicos e de enfermagem sob as nossas condições - tornem compulsória, por parte dos profissionais da equipe da
ambientais, humanas e materiais. saúde, a notificação a um órgão central das infecções hospitalares
Os Serviços de Limpeza e Lavandaria são responsáveis por ati- e não hospitalares;
- mantenham um serviço de vigilância sanitária para o pessoal
vidades importantes na redução de infecções pela remoção do pó
hospitalar;
e a correta desinfecção das roupas, atividades que devem ser co-
- ofereçam ao grupo ou à pessoa responsável pelo controle de
ordenadas por pessoas com suficiente preparo básico. Não se es-
infecções os Serviços de Análises Clínicas para a identificação dos
taria exigindo demasiado se o Coordenador do Serviço de Limpeza
agentes etiológicos;
possuísse instrução equivalente ao 1.º grau completo; conhecimen-
- incentivem a realização de cursos de atualização de conheci-
tos científicos relacionados à higiene, à limpeza e à desinfecção;
mentos no que concerne a prevenção e controle de infecções para
interesse em progredir na sua área de trabalho e habilidade para
todo o pessoal que mantenha contatos diretos e indiretos com os
treinar e supervisionar o seu pessoal. As exigências para o cargo de
pacientes;
Coordenador do Serviço de Lavandaria devem ser também maiores,
- estimulem os serviços Médicos, de Enfermagem, Nutrição e
pela importância de suas atividades na segurança e bem-estar dos Dietética, Lavandaria, Limpeza e Auxiliares de Diagnóstico e Trata-
pacientes. mento a elaborarem normas para o seu pessoal referentes à pre-
venção e controle de infecções;
Comissão de Infecção - estabeleçam critérios mais exigentes para a indicação dos res-
Apenas 37,50% de nossos hospitais possuem uma Comissão de ponsáveis pelos Serviços de Limpeza e de Lavandaria de modo a se
Infecção ou um pessoa com atribuições definidas para o controle ter pessoal mais qualificado para o desempenho de atividades que
de infecções que, além de outras responsabilidade tão bem enu- muito concorrem para a redução de infecções;
meradas por C. G. Melo, é o órgão responsável pela indicação dos - criem a Comissão de Infecção ou designem uma pessoa com
diversos produtos químicos utilizados no hospital. Muitos de nossos atribuições definidas para reduzir ao mínimo as infecções hospita-
hospitais (68,75%) deixam a critério do Serviço de Enfermagem a lares;
indicação dos antissépticos e desinfetantes e, para esta responsabi- - permitam a compra de antissépticos e desinfectantes utiliza-
lidade complexa, deve preparar-se para estar em condições de es- dos para os diversos fins no hospital quando justificada por critérios
tabelecer os critérios técnicos para a escolha dos mesmos, realizar técnicos.
ou colaborar nos testes bacteriológicos e na avaliação dos produtos
químicos que indica para os diversos fins no hospital. II - Serviços de Enfermagem:
Segundo U. Zanond os critérios técnicos para a escolha de ger- - Valorizem e realizem, sistematicamente, avaliação bacterioló-
micidas hospitalares são: o registro no Serviço Nacional de Fiscaliza- gicas da desinfecção e esterilização do material hospitalar assesso-
ção de Medicina e Farmácia, o estudo da composição química e sua rados por técnicos no assunto;
adequação às finalidades do produto e a comprovação bacterioló- - supervisionem o seu pessoal na desinfecção e esterilização de
gica da atividade germicida. material e do ambiente, no tratamento e no processo de atenção de
O pessoal de enfermagem deve usar os desinfetantes e antis- enfermagem ao paciente infectado;
sépticos baseado em resultados de sua própria experiência, tendo - desenvolvam cursos para o seu pessoal dando realce aos con-
em vista os germes responsáveis pelas infecções no hospital onde teúdos relacionados com a atenção de enfermagem a pacientes in-
trabalha. fectados e à prevenção de infecções;

18
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

- se façam representar na Comissão de Infecção designando Desinfecção:


uma enfermeira, em tempo integral, como coordenadora da execu- É processo de destruição dos microrganismos em forma vege-
ção de sua parte no programa de controle de infecções no hospital; tativa, mediante aplicação de agentes físicos ou químicos.
- procurem ampliar seus conhecimentos sobre antissépticos e - Agente físico:radiação ultra-violeta
desinfetantes muito especialmente quando se responsabilizar pela - Agente físico líquido: água em ebulição e sistemas de lavagem
indicação dos mesmos para os diversos fins no hospital. automáticas que associam calor, ação mecânica e detergência
- Agente químico líquido: aldeídos (p/ artigos termo-sensíveis),
Processamento de artigos médico-hospitalares álcoois (p/ artigos e superfícies), fenol sintético (p/ artigos e super-
A utilização correta e mais econômica dos processos de limpe- fícies) e hipoclorito de sódio (p/ artigos e superfícies)
za, desinfecção e esterilização dos materiais é norteada pela classi-
ficação dos materiais, segundo o riscopotencial de infecção para o Níveis de Desinfecção:
paciente. . Alto Nível: Destrói todas as bactérias vegetativas(porem não
Para definir qual o melhor processo a ser utilizado, esses mate- todos os esporos bacterianos), as microbactérias, os fungos e os
riais, quer sejam, instrumentais cirúrgicos, peças de equipamentos, vírus.É indicada para artigos como lâminas de larigoscópio, equipa-
etc., são classificados em: mento de terapia respiratória, anestesia e endoscópio.
. Médio Nível: destruição de todas as formas bacterianas não
Artigos não críticos: Artigos que entram em contato apenas esporuladas e vírus, inclusive o bacilo da tuberculose. Ex: Cloro, ál-
com a pele íntegra do paciente. Estes artigos devem ser submetidos coois, fenólicos
a desinfecção de baixo nível ou apenas limpeza mecânica com água . Baixo Nível: Destruição de bactérias na forma vegetativa mais
e sabão para remoção da matéria orgânica. Ex. estetoscópio, termô- não são capazes de destruir esporos e nem micro-bactérias e vírus.
metro, esfigmomanômetro,etc. Ex: Quaternário de Amônia
• Artigos semi-críticos: Artigos que entram em contato com
a pele íntegra ou com mucosas íntegras. Estes artigos devem ser Métodos de Desinfecção
submetidos a desinfecção de alto nível. Ex. Equipamentos de anes-
tesia gasosa, terapia respiratória, inaloterapia, instrumentos de fi- Desinfecção por meio físico líquido:
bra óptica, etc. Água em ebulição: indicada na desinfecção de baixo nível ou
descontaminação de artigos termo resistentes. Tempo de exposição
30 minutos
• Artigos críticos: Artigos que penetram a pele e mucosa,
Lavadoras automáticas térmicas: indicada para desinfecção de
atingindo os tecidos subepiteliais e o sistema vascular, bem como
alto nível de artigos termo resistentes ou para limpeza de artigos
todos os que estejam diretamente conectados com este sistema.
críticos antes de sofrerem o processo de esterilização. Podem ser
Estes artigos devem ser esterilizados. Ex. instrumental cirúrgico, ca-
associadas ao uso de detergentes enzimáticos ou desinfetantes. Ex.
teteres cardíacos, laparoscópios, implantes, agulhas, etc.
artigos de inaloterapia, acessórios de respiradores, material de en-
tubação, etc.
Limpeza:
É o processo de remoção de sujidade e/ou matéria orgânica
Desinfecção por meio químico líquido
presente nos artigos e superfícies.
Preconiza-se a limpeza com água e sabão, promovendo a remo- Glutaraldeído:
ção da sujeira e do mau odor, reduzindo assim a carga microbiana. Desinfecção de alto nível de artigos na concentração de 2%,
A limpeza deve sempre preceder os processos de desinfecção ou por20 a30 minutos;
esterilização, pois a maioria dos germicidas sofre inativação na pre- Esterilização de artigos na concentração de 2%, de8 a10 horas;
sença de matéria orgânica. Usar em artigos termo sensíveis (instrumental, látex e etc.);
Métodos de limpeza: Recomendações:
. Limpeza Manual: Executada através de fricção, com escovas e - Ativar o produto e verificar o prazo de validade;
uso de detergente e água. - Usar recipiente de vidro ou plástico fosco - produto fotossen-
. Limpeza Mecânica: É realizada através de lavadoras por meio sível;
de uma ação física e química (lavadoras ultrassônicas e termodesin- -Manter em recipientes tampados;
fectadoras). - Necessita de enxague copioso;
- necessita do uso de EPI -luva de borracha de cano longo, más-
Secagem: cara de carvão e óculos de proteção.
Parte importante do processamento de artigos hospitalares.
Recomenda-se comumente a secagem com ar comprimido, pois Álcoois:
elimina o ambiente úmido que favorece a proliferação bacteriana. Desinfecção de nível intermediário de artigos não críticos, al-
guns artigos semi-críticos e superfícies, na concentração a 70%.
Estocagem: Tempo de exposição de 10 minutos com três aplicações, agu ardan-
Deve-se evitar a estocagem de artigos já processados em áreas do a secagem espontânea.
próximas a pias, água ou tubo de drenagem.
Recomendações:
Descontaminação: - Assegurar-se da qualidade do produto;
É o processo de eliminação parcial da carga microbiana de arti- - Friccionar a superfície ou o artigo, deixar secar em ar ambien-
gos e superfícies, tornando-os aptos para o manuseio. Após a des- te, repetir três vezes até completar o tempo de ação;
contaminação, deve-se seguir o processamento adequado. - Pode ser usado na desinfecção concorrente de superfícies en-
tre cirurgias, exames, após uso do colchão, etc.;

19
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

- Contra-indicado em acrílico, borracha, tubos plásticos. Danifi- • Internos: são colocados dentro dos pacotes que são po-
ca o cimento das lentes dos equipamentos; sicionados em pontos críticos da câmara, onde o acesso do vapor
- Não necessita de enxagüe; é mais difícil. Devem ser usados em conjunto com termostatos e
- Não necessita usar EPI. indicadores biológicos:
• Integradores: indicadores multiparamétricos – provêm
Fenol sintético: uma reação integrada de temperatura, tempo de exposição e a pre-
- Desinfecção de nível intermediário e baixo. Usado para des- sença do vapor. Disponíveis para processos a vapor ou a óxido de
contaminação ambiental incluindo bancadas de laboratórios e arti- etileno.
gos não críticos. Tempo de exposição para superfícies e artigos é de
10 minutos. Indicadores Biológicos:
Utilizados para monitorar as condições de esterilidade dentro
Recomendações: dos pacotes-teste.
- Contra-indicado para artigos que entram em contato com o
trato respiratório, alimentos, objetos de látex, acrílico e borrachas Métodos de Esterilização
- Friccionar a superfície ou o objeto imerso, com escova, espon-
ja, etc., antes de iniciar o tempo de exposição; Agentes Físicos:
- Enxagüe copioso com água potável; Vapor saturado sob pressão: para artigos que não sejam sen-
- Necessita do uso de EPI – luva de borracha de cano longo, síveis ao calor e ao vapor. É o processo de maior segurança (auto-
máscara de carvão, avental impermeável e óculos de proteção. clave).
Artigos que não sejam sensíveis ao calor e vapor;
Hipoclorito de sódio: - Acomodação dos artigos em cestos aramados;- Usar só 80%
- Desinfetante dos três níveis – alto, intermediário e baixo -, da capacidade;
conforme a concentração e tempo de exposição. - Embalagens: Grau cirúrgico (de forma vertical, filme com fil-
me, papel com papel), papel não tecido(SMS) e campos de algodão;
Recomendações: - Validade de acordo com a embalagem e acondicionamento;
- Usar em recipientes opacos – o produto é fotossensível. De- - Manipular o artigo após o resfriamento.
vem ser mantidos em vasilhames tampados devido a volatização
do cloro.
- Assegurar-se da qualidade do produto; Tipos:
- Descontaminação de superfícies na concentração de 0,1% . Gravitacional: O ar é removido por gravidade;
(10.000 ppm) por 10 minutos; - Processo lento e favorece a permanência de ar residual;
- Desinfecção de artigos: - Pouco utilizada.
- Alto nível: na concentração de 0,1% (1000 ppm) de20 a 60 . Pré- Vácuo:
minutos - O ar é removido pela bomba de vácuo;
- Médio nível: na concentração de 0,1% (1000 ppm) por 10 mi- - O vácuo pode ser obtido por meio de vácuo único e pulsatil,
nutos o mais eficiente, devido a dificuldade de se obter vários níveis de
- Baixo nível: na concentração de 0,01% (100 ppm) por 10 mi- vácuo em um só pulso.
nutos
- Necessita enxague no caso de desinfecção de alto nível. Quan- Monitorização:
do não for possível o enxague com água estéril, deve-se utilizar . ControleBiológico: Bacillus Stearotermophillus;
água corrente e rinsagem com álcool a 70% após secagem; . Bowie Dick: Avaliação da bomba de vácuo;
• Necessita do uso de EPI – avental, luvas de borracha e . Indicador Químico:classe 1, classe, classe 3, classe 4
máscara. . Integrador Químico: classe 5 e 6

Esterilização Segundo recomendação da AORN (2002)


É o processo de destruição de todas as formas de vida micro-
biana (bactérias nas formas vegetativas e esporuladas, fungos e ví- Tipo de Temperatura Tempo de Exposição
rus), mediante aplicação de agentes físicos e/ou químicos. Equipamemto
Testes de Validação Gravitacional 132 a135°C 10 a25 min
Todo processo de esterilização precisa ser validado, empregan- 121 a123°C 15 a30 min
do-se testes físicos, químicos e biológicos, além de monitorização Pré-Vacuo 132 a135°C 03 a04 min
regular durante as operações de rotina. Estes testes são realizados
para certificar o desempenho ideal do ciclo de esterilização, e para Calor seco: para artigos que não sejam sensíveis ao calor, mas
determinar se as condições pré-estabelecidas foram atingidas den- que sejam sensíveis à umidade (estufa).
tro da câmara, e nos pontos mais críticos da carga. - Utilizados para esterilizar, pós, óleos e instrumentais;
- Validade: 07 dias.
Indicadores Químicos:
Utilizados para detecção imediata de potenciais falhas no pro- Monitorização:
cesso de esterilização. . Teste Biológico: Bacillus Subtillis;
• Externos: Têm objetivo único de distinguir os pacotes que . Indicadores Químicos: Fitas termossensiveis.
passaram pelo ciclo de esterilização, daqueles que não passaram.
Apresentação na forma de tiras de papel ou fitas adesivas com lis-
tras em diagonal, para uso em autoclaves a vapor ou a gás.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Flambagem: para uso em laboratório de microbiologia, duran- Desvantagens:


te a manipulação de material biológico ou transferência de massa -Alto custo inicial;
bacteriana, através da alça bacteriológica. -Necessita de embalagem específica, livre de celulose;
-Não processa materiais que absorvam líquidos – por exemplo,
Agentes Químicos- gasosos: musselina, nailon, poliester e materiais que contenham fibras vege-
Para uso em materiais sensíveis ao calor e umidade. tais – por exemplo, algodão e papéis.
-É limitado quanto a artigos que possuam lúmen (relação entre
Aldeídos: glutaraldeído; o diâmetro e o comprimento);
- Produto de alto teor desinfetante; -Não processa artigos com lúmen de fundo cego; aceita artigos
- Utilizado em condições adequadas são esterilizantes(12hs a metálicos e plásticos com lúmen de diâmetro interno acima de0,3
18hs); cm. Artigos com diâmetro interno de 0,1 a 0,3cm necessitam de
- Limpar e secar o artigo antes de imergir na solução, para adaptador próprio. O comprimento máximo aceito para itens metá-
evitar a diluição do produto; licos é de50 cm, e para itens plásticos de130 cm.
- Preencher o interior das tubulações com seringa; - É necessário utilizar EPI – luvas de látex – ao manusear os
- Colocar data de ativação do produto;- Respeitar o prazo de recipientes com peróxido de hidrogênio concentrado. Se houver
validade; contado com a pele lavar copiosamente.
- Desprezar o produto caso se observe algum tipo de matéria
orgânica; Dispensação - Regras para um Armazenamento Ideal:
- Enxaguar bem o artigo(cancerigêneo); . Limite de tráfegos de pessoas;
.Temperatura entre18 a 22° e a umidade de35 a 50%
Monitorização: . Prateleiras abertas;
. O local deve ser longe de água; janelas, portas e tubulações
. Fitas reagentes ou kit liquido para acompanhar o ph da solu-
expostas;
ção.
. O material deve ser manipulado o mínimo possível;
Óxido de etileno: portaria interministerial MS/MT nº 4; D.º
. Efetuar inspeção periódica dos artigos, verificando qualquer
31/07/1991 DF, regulamenta este método de esterilização, estabe-
anormalidade;
lecendo regras de instalação e manuseio com segurança devido à . Os pacotes devem atingir a temperatura ambiente antes de
toxicidade do gás. serem transferidos para as prateleiras;
Outros princípios ativos: desde que atendam à legislação . Estabelecer limpeza diária e periódica;
específica. Todos os artigos; . Dispor os itens de forma que facilite a localização;
. Liberar os lotes mais antigos antes dos mais novos;
- Respeitar as normas vigentes do ministério da saúde(áreas e . Efetuar conferências periódicas dos artigos estocados.
instalações próprias devido a alta toxicicidade); Prevenção e Controle de Infecção
- Somente embalagens de grau cirúrgico;
- Observar rigorosamente os tempos de areação; O QUE É?
- Validade de 02 anos; A infecção relacionada à assistência à saúde (IRAS) é aquela ad-
quirida em função dos procedimentos necessários à monitorização
Monitorização: e ao tratamento de pacientes em hospitais, ambulatórios, centros
. Controle Biológico: Bacillus Subtilis hoje mais conhecido diagnósticos ou mesmo em assistência domiciliar (home care).
como Bacillus Atrophaeus O diagnóstico das IRAS é feito com base em critérios definidos
.Fitas Indicadoras. por agências de saúde nacionais e estrangeiras, como o Centro de
Vigilância Epidemiológica (CVE) da Secretaria de Estado da Saúde
Esterilização por plasma de peróxido de hidrogênio – Sterrad. de São Paulo, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e
O processo promove uma nuvem de reações entre íons, elé- os Centers for Disease Control and Prevention (CDC), dos Estados
trons e partículas atômicas neutras (plasma). O plasma é bacterici- Unidos.
da, tuberculicida, esporicida, fungicida e viruscida. Mesmo quando se adotam todas as medidas conhecidas para
O processo inclui 5 fases: vácuo, injeção, difusão plasma e ven- prevenção e controle de IRAS, certos grupos apresentam maior ris-
tilação. Cada fase é controlada e registrada pelo equipamento (au- co de desenvolver uma infecção. Entre esses casos estão os pacien-
tomonitorado), e em casos de qualquer desvio do esperado, ocorre tes em extremos de idade, pessoas com diabetes, câncer, em tra-
automática interrupção do ciclo e emissão de um relatório impres- tamento ou com doenças imunossupressoras, com lesões extensas
de pele, submetidas a cirurgias de grande porte ou transplantes,
so sobre as causas e as ações a serem tomadas.
obesas e fumantes.
O monitoramento das IRAS permite que os processos assisten-
Vantagens:
ciais sejam aprimorados e que o risco dessas infecções possa ser
-Não é tóxico ao meio ambiente. Tem como resíduos finais, a
reduzido.
água e o oxigênio; Nesse sentido, a higienização das mãos é um procedimento es-
-Ciclo total rápido (75 minutos). Não necessita de período de sencial. O nosso processo é baseado nas recomendações da OMS,
aeração; que considera a necessidade de higienização das mãos, por todos
-Simples de instalar e operar; os profissionais de saúde, em cinco momentos diferentes, incluindo
-Compatível com plásticos, borrachas, metais, vidros e acrílicos; antes e depois de qualquer contato com o paciente, conforme mos-
-Promove a esterilização em baixa temperatura – aproximada- tra a figura abaixo.
mente 50º C;
- Possui indicadores químicos próprios.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Entre as infecções sistematicamente monitoradas pela instituição estão as de corrente sanguínea (ICS) associada ao cateter venoso
central (CVC) e as que acontecem após cirurgias.

Infecção da corrente sanguínea associada ao cateter venoso central (CVC)

O que é?
A infecção de corrente sanguínea (ICS) associada ao cateter venoso central (CVC) ocorre quando bactérias ou fungos entram no san-
gue por meio do cateter e se manifesta normalmente com febre e calafrios.
Procedimentos padronizados baseados em conhecimentos científicos, treinamento dos profissionais e uso de produtos de boa quali-
dade são estratégias que nós utilizamos no processo de prevenção dessa infecção.

O que medimos?
No indicador, consideramos o número de episódios de infecções associadas ao uso de cateter venoso central em pacientes interna-
dos em unidades críticas.

Infecção de sítio cirúrgico (ISC) em cirurgias limpas

O que é?
Esse tipo de infecção ocorre após a cirurgia, na parte do corpo onde foi realizado o procedimento. Estudos estimam de um a dois ca-
sos de infecção a cada 100 cirurgias realizadas. Os sintomas mais comuns envolvem vermelhidão e dor ao redor da área operada, drena-
gem de líquido turvo no local e febre. A maioria dessas infecções pode ser tratada com antibióticos, selecionados pelo médico de acordo
com o agente causador da infecção. Eventualmente, outra cirurgia pode ser necessária para o tratamento da infecção.
Procedimentos padronizados e baseados em boas práticas internacionais, treinamento e atualização dos profissionais e uso de pro-
dutos de boa qualidade são estratégias que nós utilizamos para prevenção dessas infecções.

O que medimos?
No indicador, consideramos o número de episódios de infecção no local cirúrgico após cirurgias limpas, conforme mostra o gráfico
abaixo. A meta estabelecida de 0,89% é baseada em dados de série histórica institucional e os dados deste indicador referem-se ao 3º
trimestre de 2018, visto que as infecções de sítio cirúrgico podem ocorrer até 90 dias após o procedimento cirúrgico.

Fonte: https://www.hospitalsiriolibanes.org.br/qualidade-seguranca/Paginas/prevencao-controle-infeccao.aspx

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

A infecção hospitalar é uma síndrome infecciosa (infecção)


BIOSSEGURANÇA que o indivíduo adquire após sua hospitalização ou realização de
procedimento ambulatorial. Entre os exemplos de procedimentos
Biossegurança. ambulatoriais mais comuns estão: cateterismo cardíaco, exames ra-
Por volta dos anos 1970, iniciaram-se as discussões envolvendo diológicos com utilização de contraste, retirada de pequenas lesões
a proteção e segurança dos trabalhadores, principalmente aqueles de pele e retirada de nódulos de mama, etc.
envolvidos com pesquisa em organismos geneticamente modifica- Para ser considerada infecção hospitalar, o paciente precisa es-
dos. A partir daí a questão da exposição ocupacional e o conceito tar internado apelo menos 72 horas.
de biossegurança foram sendo desenvolvidos e introduzidos pela A manifestação da infecção hospitalar pode ocorrer após a alta,
comunidade científica, com foco, inicialmente, nos trabalhadores desde que esteja relacionada com algum procedimento realizado
dos laboratórios de análise de material biológico, considerando-se durante a internação.
a incidência, nestes profissionais, de doenças como a tuberculose
e hepatite B. Fatores predisponentes
Sabe-se que, em grande parte dos cenários de prestação de - Pacientes imunodeprimidos;
cuidados de enfermagem, negligenciam-se normas de biosseguran- - Lavagem incorreta das mãos, dos profissionais, acompanhan-
ça; os equipamentos de proteção individual (EPI) são mais utilizados tes e visitantes.
na assistência ao paciente cujo diagnóstico é conhecido, subesti- - Esterilização deficiente de instrumental cirúrgico.
mando-se a vulnerabilidade do organismo humano a infecções. - Técnicas incorretas e procedimentos invasivos.
O recomendável é que o trabalhador proteja-se sempre que tiver - Limpeza deficiente de ambientes, materiais e roupas.
contato com material biológico e, também, durante a assistência - Alimentos trazidos de fora do hospital.
cotidiana aos pacientes, independente de conhecer o diagnóstico - Flores e objetos trazidos de fora do hospital.
ou não, utilizando-se, portanto, das precauções universais padrão.
Estudos demonstram que as maiores causas de acidentes punctó- Baseando-se nesses fatores devem ser elaboradas ações pre-
rios, entre os trabalhadores da enfermagem, estão nas práticas de ventivas, tais como: uso racional de antimicrobiano, controle de es-
risco como o reencape de agulhas, o descarte inadequado de obje- terilização, desinfecção e limpeza, e bloqueio de transmissão pelos
tos perfurocortantes e a falta de adesão aos EPI. profissionais de saúde.
Além disso, em grande parte dos casos de exposição a material
biológico, o status do paciente fonte não é conhecido, o que poten- Principais medidas de prevenção e controle
cializa o risco de adquirir doenças como o HIV, hepatite B e hepatite
C. A exposição ocupacional é uma importante fonte de infecção por Lavagem das mãos
esses vírus. Um estudo demonstrou que a cobertura vacinal contra - Lavagem das mãos é a fricção manual vigorosa de toda a su-
hepatite B dos trabalhadores da saúde envolvidos com os acidentes perfície das mãos e punhos, utilizando-se sabão/detergente, segui-
estava em torno de aproximadamente 73%, evidenciando o risco da de enxágue abundante em água corrente.
de infecção pelo HBV em aproximadamente 27% dos trabalhadores - A lavagem das mãos é, isoladamente, a ação mais importante
que não haviam completado o esquema vacinal. para a prevenção e controle das infecções hospitalares.
Como se pode perceber, algumas evidências científicas de- - O uso de luvas não dispensa a lavagem das mãos antes e após
monstram que o risco para acidentes com material biológico é uma contatos que envolvam mucosas, sangue ou fluidos corpóreos, se-
realidade configurada em muitos cenários. Considerando-se essas creções ou excreções.
informações e o fato de que os trabalhadores da área da saúde en- - A lavagem das mãos deve ser realizada tantas vezes quanto
contram-se em permanente contato com agentes biológicos (vírus, necessária, durante a assistência a um único paciente, sempre que
bactérias, parasitas, geralmente associados ao trabalho em hospi- houver contato com diversos sítios corporais, e frente cada uma das
tais e laboratórios e, até mesmo na agricultura e pecuária), é fun- atividades.
damental, portanto, a observância dos princípios de biossegurança - A lavagem e antissepsia cirúrgica das mãos é realizada sempre
na assistência aos pacientes e no tratamento de seus fluidos, bem antes dos procedimentos cirúrgicos.
como no manuseio de materiais e objetos contaminados em todas - A decisão para a lavagem das mãos com uso de antisséptico
as situações de cuidado e não apenas quando o paciente-fonte é deve considerar o tipo de contato, o grau de contaminação, as con-
sabidamente portador de alguma doença transmissível. dições do paciente e o procedimento a ser realizado.
É válido salientar que em muitos locais de atuação da enfer- - A lavagem das mãos com antisséptico é recomendada em:
magem, são insatisfatórias as condições de trabalho, evidenciadas realização de procedimentos invasivos, prestação de cuidados a pa-
por problemas de organização, deficiência de recursos humanos e cientes críticos, contato direto com feridas e/ou dispositivos invasi-
materiais e área física inadequada do ponto de vista ergonômico. vos, tais como cateteres e drenos.
Acredita-se que esta conformação é fator preditivo para a exposi- - Devem ser empregadas medidas e recursos com o objetivo
ção a riscos ocupacionais. de incorporar a prática da lavagem das mãos em todos os níveis da
Neste panorama, é instituída a Norma Regulamentadora nú- assistência hospitalar.
mero 32 (NR 32), do Ministério do Trabalho e Emprego (BR) que - A distribuição e a localização de unidades ou pias para lava-
trata da Segurança e Saúde no Trabalho em Serviços de Saúde, com gem das mãos, de forma a atender à necessidade nas diversas áreas
o objetivo de agrupar o que já existe no país em termos de legisla- hospitalares, além da presença dos produtos, é fundamental para a
ção e favorecer os trabalhadores da saúde em geral, estabelecendo obrigatoriedade da prática.
diretrizes para implementação de medidas de proteção à saúde e Prevenção de infecção de sítio cirúrgico (ISC)
segurança dos mesmos. Esta norma trata dos riscos biológicos; dos - Tempo de internação abreviado.
riscos químicos; das radiações ionizantes; dos resíduos; das con- - Banho completo antes da cirurgia.
dições de conforto por ocasião das refeições; das lavanderias; da - Tricotomia restrita ao local de incisão, quando necessário,
limpeza e conservação; e da manutenção de máquinas e equipa- imediatamente antes da cirurgia
mentos em serviços que prestam assistência à saúde. - Fluxo adequado do Bloco Cirúrgico, com circulação mínima.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

- Equipe cirúrgica restrita. - Comprar material de boa qualidade para a assistência médica;
- Montagem correta das salas de cirurgia. - Esterilizar corretamente todos os materiais;
- Paramentação completa (avental, gorro, luvas, máscara e pro- - Ter uma boa limpeza em todo hospital;
pés) - Uso de equipamento de proteção individual (luvas, óculos
- Lavagem e antissepsia das mãos e ante braços da equipe ci- protetor de óculos, protetor de face, avental e outros.) nos proce-
rurgica. dimentos.
- Secagem das mãos com toalhas estéreis. - Uso de profilaxia antimicrobiana antes da cirurgia.
- Antissepsia do campo operatório.
- Instrumental cirúrgico esterilizado. Prevenção de infecções em profissionais da área da saúde
O profissional da área da saúde (PAS) pode adquirir ou trans-
Prevenção de infecção respiratória mitir infecções para os pacientes, para outros profissionais no am-
- Educação do corpo clínico e vigilância das infecções. biente de trabalho e para comunicantes domiciliares e da comuni-
- Esterilização, desinfecção e manutenção de equipamentos e dade. Deste modo, os programas de controle de infecção hospitalar
artigos. devem também contemplar ações de controle de infecção entre os
- Interrupção da transmissão pessoa para pessoa – precauções PAS.
de barreira. Aa ações do serviço de saúde ocupacional, no que diz respeito
- Lavagem das mãos. ao controle de infecção, têm como objetivos:
- Vacinação de pacientes de alto risco para complicações de in- 1. Educar o PAS acerca dos princípios do controle de infecção,
fecções pneumocócicas. ressaltando a importância da participação individual neste controle;
2. Colaborar com a CCIH na monitorização e investigação de
Prevenção de infecção urinária em pacientes cateterizados exposições a agentes infecciosos e surtos;
- Evitar o uso de cateterismo vesical quando desnecessário. 3. Dar assistência ao PAS em caso de exposições ou doenças
- Lavar as mãos antes e depois de manipular o sistema. Empre- relacionadas ao trabalho;
gar técnica asséptica e equipamento estéril. 4. Identificar riscos e instituir medidas de prevenção;
- Utilizar cateter de calibre adequado. Fixar a sonda para evitar 5. Reduzir custos, através da prevenção de doenças infecciosas
movimentação. que resultem em faltas ao trabalho e incapacidade.
- Usar exclusivamente COLETOR FECHADO.
- Evitar desconexão do sistema fechado. Manter a bolsa coleto- Ações do serviço de saúde ocupacional
ra de urina em nível inferior à bexiga. Para atingir os objetivos descritos anteriormente é necessário
- Esvaziar a bolsa coletora a intervalos de oito horas, no máxi- que o serviço de saúde ocupacional atue nas seguintes áreas:
mo, ou quando preenchidos 2/3 da sua capacidade.
- Higienizar a região perineal, com água e sabão, três vezes ao Integração com outros serviços:
dia, ou quando necessário. - As ações do serviço de saúde ocupacional devem ser coorde-
nadas com o serviço de infecção hospitalar e outros departamentos
Prevenção de infecção da corrente sanguínea que se façam necessários.
Cuidados relacionados aos cateteres periféricos
- Lavagem e antissepsia das mãos antes de colocar as luvas es- Avaliações médicas:
téreis. - Admissional, com histórico de saúde, estado vacinal, condi-
- Preferir veias de membros superiores. ções que possam predispor o profissional a adquirir ou transmitir
- Usar técnica asséptica para fazer a punção. infecções no ambiente de trabalho;
- Exames periódicos para avaliação de problemas relacionados
- Fazer antissepsia do local a ser puncionado.
ao trabalho ou seguimento de exposição de risco (p. ex. triagem
- Realizar troca de cateteres e mudar o sítio de inserção a cada
para tuberculose, exposição a fluidos biológicos).
72 horas, ou intervalo menor se indicado.
- Atividades educativas: A adesão a um programa de contro-
le de infecção é facilitada pelo entendimento de suas bases. Todo
Cuidados relacionados aos cateteres centrais
pessoal precisa ser treinado acerca da política e procedimentos de
- Selecionar o Cateter.
controle de infecção da instituição.
- Usar de preferência a subclávia.
- Usar técnica asséptica, incluindo avental, luvas e campos es-
A elaboração de manuais para procedimentos garante unifor-
téreis e máscara. midade e eficiência. O material deve ser direcionado em linguagem
- Utilizar equipamentos com local próprio para infusão de me- e conteúdo para o nível educacional de cada categoria de profissio-
dicamentos. nal. Grande parte dos esforços deve estar dirigida para a conscien-
- Manter o sistema fechado durante a infusão. tização sobre o uso do equipamento de proteção individual (EPI).
- Usar o cateter para nutrição parenteral apenas para este fim. Programas de vacinação: Garantir que o PAS esteja protegido
- Trocar os curativos quando estiverem úmidos, sujos ou fora contra as doenças preveníveis por vacinas é parte essencial do pro-
do local. grama de saúde ocupacional. Os programas de vacinação devem
- Trocar o cateter apenas se houver suspeita de infecção rela- incluir tanto os recém-contratados quanto os funcionários antigos.
cionada ao cateter. Os programas de vacinação obrigatória são mais efetivos que os vo-
- Trocar todo o sistema em caso de flebite ou bacteremia. luntários.
E outras medidas gerais como
- Avaliar bem os pacientes internados;
- Treinar a equipe do hospital, orientando sobre os fatores de
risco que podem levar à uma infecção;
- Usar antibióticos, quando necessário;

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Manejo de doenças e exposições relacionadas ao trabalho: For- 1. Proteção à cabeça:


necer profilaxia pós exposição apropriada nos casos aplicáveis (p. - Protetores faciais destinados à proteção dos olhos e da face
ex.: exposição ocupacional ao HIV), além de providenciar o diag- contra lesões ocasionadas por partículas, respingos, vapores de
nóstico e o tratamento adequados das doenças relacionadas ao tra- produtos químicos e radiações luminosas intensas;
balho. Estabelecer medidas para evitar a ocorrência da transmissão - Óculos de segurança para trabalhos que possam causar feri-
de infecção para outros profissionais, através do afastamento do mentos nos olhos, provenientes de impacto de partículas;
profissional doente (p. ex.: pacientes com tuberculose bacilífera ou - Óculos de segurança, contra respingos, para trabalhos que
varicela). possam causar irritação nos olhos e outras lesões decorrentes da
Aconselhamento em saúde: Fornecer informação individua- ação de líquidos agressivos;
lizada com relação a risco e prevenção de doenças adquiridas no - Óculos de segurança para trabalhos que possam causar irrita-
ambiente hospitalar; riscos e benefícios de esquemas de profilaxia ção nos olhos, provenientes de poeiras e
pós-exposição e consequências de doenças e exposições para o - Óculos de segurança para trabalhos que possam causar irri-
profissional, seus familiares e membros da comunidade. tação nos olhos e outras lesões decorrentes da ação de radiações
Manutenção de registro, controle de dados e sigilo: A manu- perigosas.
tenção de registros de avaliações médicas, exames, imunizações e
profilaxias é obrigatória e permite a monitorização do estado de 2. Proteção para os membros superiores:
saúde do PAS. Devem ser mantidos registros individuais, em condi- - Luvas e/ou mangas de proteção e/ou cremes protetores de-
ções que garantam a confidencialidade das informações, que não vem ser usados em trabalhos em que haja perigo de lesão provo-
podem ser abertas ou divulgadas, exceto se requerido por lei. cada por:
- Materiais ou objetos escoriantes, abrasivos, cortantes ou per-
Infecção cruzada furantes;
- Produtos químicos corrosivos, cáusticos, tóxicos, alergênicos,
É a infecção ocasionada pela transmissão de um microrganis-
oleosos, graxos, solventes orgânicos e derivados de petróleo;
mo de um paciente para outro, geralmente pelo pessoal, ambiente
- Materiais ou objetos aquecidos;
ou um instrumento contaminado.
- Choque elétrico;
- Radiações perigosas;
Infecção endógena - Frio;
É um processo infeccioso decorrente da ação de microrganis- - Agentes biológicos.
mos já existentes, naquela região ou tecido, de um paciente. Medi-
das terapêuticas que reduzem a resistência do indivíduo facilitam a 3. Proteção para os membros inferiores:
multiplicação de bactéria em seu interior, por isso é muito impor- - Calçados impermeáveis para trabalhos realizados em lugares
tante, a anti-sepsia pré-cirúrgica. úmidos, lamacentos ou encharcados;
- Calçados impermeáveis e resistentes a agentes químicos
Infecção exógena agressivos;
É aquela causada por microrganismos estranhos a paciente. - Calçados de proteção contra agentes biológicos agressivos e
Para impedir essa infecção, que pode ser gravíssima, os instrumen- - Calçados de proteção contra riscos de origem elétrica.
tos e demais elementos que são colocados na boca do paciente,
devem estar estéreis. È importante, que barreiras sejam colocadas 4. Proteção do tronco:
para impedir que instrumentos estéreis sejam contaminados, pois - Aventais, capas e outras vestimentas especiais de proteção
não basta um determinado instrumento ter sido esterilizado, é im- para trabalhos em haja perigo de lesões provocadas por:
portante que em seu manuseio até o uso ele não se contamine. A - Riscos de origem radioativa;
infecção exógena significa um rompimento da cadeia asséptica, o - Riscos de origem biológica e
que é muito grave, pois, dependendo da natureza dos microrganis- - Riscos de origem química.
mos envolvidos, a infecção exógena pode ser fatal, como é o caso
da AIDS, Hepatite B e C. 5. Proteção da pele:
- Procedimento crítico: É todo procedimento em que existe a - Cremes protetores – só poderão ser postos à venda ou utiliza-
presença de sangue, pus ou matéria contaminada pela perda de dos como EPI, mediante o Certificado de Aprovação (CA) do Minis-
continuidade. tério do Trabalho e Emprego.
- Procedimento semicrítico: Todo procedimento em que existe
a presença de secreção orgânica (saliva) sem perda de continuidade 6. Proteção respiratória:
Para exposição a agentes ambientais em concentrações preju-
do tecido.
diciais à saúde do trabalhador, de acordo com os limites estabele-
- Procedimento não-crítico: Todo procedimento onde não há
cidos na NR15:
presença de sangue, pus ou outra secreção orgânica (saliva). Em
- Respiradores contra poeiras, para trabalhos que impliquem
Odontologia não existe este tipo de procedimento.
produção de poeiras;
- Respiradores e máscaras de filtro químico para exposição a
Equipamentos de proteção individual (EPIs) agentes químicos prejudiciais à saúde;
Equipamento de proteção individual é todo dispositivo de uso - Aparelhos de isolamento (autônomo ou de adução de ar),
individual, destinado a proteger a saúde e a integridade física do para locais de trabalho onde o teor de oxigênio seja inferior a 18%
trabalhador. A seguir, uma relação de alguns dos equipamentos de em volume.
proteção individual, mais usados em estabelecimentos de saúde,
como por exemplo:

25
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Precaução padrão 4. Entre procedimentos no mesmo paciente quando houver ris-


A partir da epidemia de HIV/AIDS, do aparecimento de cepas co de infecção cruzada de diferentes sítios anatômicos.
de bactérias multirresistentes (como o Staphylococcus aureus re-
sistente à meticilina, bacilos Gramnegativos não fermentadores, OBS: O uso de sabão comum líquido é suficiente para lavagem
Enterococcus sp. resistente à vancomicina), do ressurgimento da de rotina das mãos, exceto em situações especiais definidas pelas
tuberculose na população mundial e do risco aumentado para a Comissões de Controle de Infecção Hospitalar - CCIH (como nos sur-
aquisição de microrganismos de transmissão sanguínea (hepatite tos ou em infecções hiperendêmicas).
viral B e C, por exemplo) entre os profissionais de saúde, as normas Luvas
de biossegurança e isolamento ganharam atenção especial. - Usar luvas limpas, não estéreis, quando existir possibilidade
Para entender os mecanismos de disseminação de um micror- de contato com sangue, fluidos corpóreos, secreções e excreções,
ganismo dentro deum hospital, é necessário que se conheça pelo membranas mucosas, pele não íntegra e qualquer item contami-
menos três elementos: a fonte, o mecanismo de transmissão e o nado.
hospedeiro susceptível. - Mudar de luvas entre duas tarefas e entre procedimentos no
Fonte: As fontes ou reservatórios de microrganismos, geral- mesmo paciente.
mente, são os profissionais de saúde, pacientes, ocasionalmente - Retirar e descartar as luvas depois do uso, entre um pacien-
visitantes, ou materiais e equipamentos infectados ou colonizados te e outro e antes de tocar itens não contaminados e superfícies
por microrganismos patogênicos. ambientais. A lavagem das mãos após a retirada das luvas é obri-
Transmissão: A transmissão de microrganismos em hospitais gatória.
pode se dar por diferentes vias.
Os principais mecanismos de transmissão são: Máscara, protetor de olhos, protetor de face
- Transmissão aérea por gotículas: Ocorre pela disseminação - É necessário em situações nas quais possam ocorrer respin-
por gotículas maiores do que 5um. Podem ser geradas durante tos- gos e espirros de sangue ou secreções nos funcionários.
se, espirro, conversação ou realização de diversos procedimentos
(broncoscopia, inalação, etc.). Por serem partículas pesadas e não Avental
permanecerem suspensas no ar, não são necessários sistemas es- - Usar avental limpo, não estéril, para proteger roupas e super-
peciais de circulação e purificação do ar. As precauções devem ser fícies corporais sempre que houver possibilidade de ocorrer conta-
tomadas por aqueles que se aproximam a menos de 1 metro da minação por líquidos corporais e sangue.
fonte. - Escolher o avental apropriado para atividade e a quantidade
- Transmissão aérea por aerossol: Quando ocorre pela dissemi- de fluido ou sangue encontrado.
nação de partículas, cujo tamanho é de 5um ou menos. Tais partí- - A retirada do avental deve ser feita o mais breve possível com
culas permanecem suspensas no ar por longos períodos e podem posterior lavagem das mãos.
ser dispersas a longas distâncias. Medidas especiais para se impedir
a recirculação do ar contaminado e para se alcançar a sua descon- Equipamentos de cuidados ao paciente
taminação são desejáveis. Consistem em exemplos os agentes de - Devem ser manuseados com proteção se sujos de sangue ou
varicela, sarampo e tuberculose. fluidos corpóreos, secreções e excreções e sua reutilização em ou-
- Transmissão por contato: É o modo mais comum de trans- tros pacientes deve ser precedida de limpeza e ou desinfecção.
missão de infecções hospitalares. Envolve o contato direto (pessoa- - Assegurar-se que os itens de uso único sejam descartados em
-pessoa) ou indireto (objetos contaminados, superfícies ambientais, local apropriado.
itens de uso do paciente, roupas, etc.) promovendo a transferência
física de microrganismos epidemiologicamente importantes para Controle ambiental
um hospedeiro susceptível. Estabelecer e garantir procedimentos de rotina adequados para
a limpeza e desinfecção das superfícies ambientais, camas, equipa-
Hospedeiro: Pacientes expostos a um mesmo agente patogêni- mentos de cabeceira e outras superfícies tocadas frequentemente.
co podem desenvolver doença clínica ou simplesmente estabelecer
uma relação comensal com o microrganismo, tornando-se pacien- Roupas
tes colonizados. - Manipular, transportar e processar as roupas usadas, sujas de
Fatores como idade, doença de base, uso de corticosteróides, sangue, fluidos corpóreos, secreções e excreções de forma a pre-
antimicrobianos ou drogas imunossupressoras e procedimentos ci- venir a exposição da pele e mucosa, e a contaminação de roupas
rúrgicos ou invasivos podem tornar os pacientes mais susceptíveis pessoais, evitando a transferência de microrganismos para outros
às infecções. pacientes e para o ambiente.

Precaução padrão as precauções padrão Saúde ocupacional e patógenos veiculados por sangue
São um conjunto de medidas utilizadas para diminuir os riscos - Atenção com o uso, manipulação, limpeza e descarte de
de transmissão de microrganismos nos hospitais e constituem-se agulhas, bisturis e outros materiais pérfuro-cortantes. Não retirar
basicamente em: agulhas usadas das seringas descartáveis, não dobrá-las e não re-
encapá-las. O descarte desses materiais deve ser feito em caixas
Lavagem das mãos: apropriadas e de paredes resistentes.
1. Após realização de procedimentos que envolvem presença - Usar dispositivos bucais, conjunto de ressuscitação e outros
de sangue, fluidos corpóreos, secreções, excreções e itens conta- dispositivos de ventilação quando houver necessidade de ressus-
minados. citação.
2. Após a retirada das luvas.
3. Antes e após contato com paciente e entre um e outro pro-
cedimento ou em ocasiões onde existe risco de transferência de pa-
tógenos para pacientes ou ambiente.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Local de internação do paciente 1. A flambagem: É a colocação de material sobre o fogo até que
A alocação do paciente é um componente importante da pre- o metal fique vermelho
caução de isolamento. Quando possível, pacientes com microrga-
nismos altamente transmissíveis e/ou epidemiologicamente impor- Vantagem: fácil execução
tantes devem ser colocados em quartos privativos com banheiro e Desvantagem: Não é seguro, pode não esterilizar alguns tipos
pia próprios. de bactérias pelo baixo tempo de exposição. Estraga o material.
* OBS: Quando um quarto privativo não estiver disponível, pa-
cientes infectados devem ser alocados com companheiros de quar- 2. Calor seco: Penetra nas substancias de uma forma mais len-
to infectados com o mesmo microrganismo e com possibilidade ta que o calor úmido e por isso exige temperaturas mais elevadas
mínima de infecção. e tempos mais longos, para que haja uma eficaz esterilização. São
Processamento de artigos hospitalares utilizadas as estufas. Conforme o calor gerado recomenda-se um
certo tempo: a 170 graus Celsius, são necessários 60 minutos. A 120
Artigos Graus são necessárias 12 horas.
A variedade de materiais utilizados nos estabelecimentos de Vantagens: Não forma ferrugem, não danifica materiais.
saúde pode ser classificada segundo riscos potenciais de transmis-
são de infecções para os pacientes, em três categorias: críticos, se- Desvantagens: O material deve ser resistente a variação da
micríticos e não críticos. temperatura. Na esteriliza líquidos.
Artigos críticos
3. Calor úmido
Os artigos destinados aos procedimentos invasivos em pele e
Autoclave: É a exposição do material a vapor de água sob pres-
mucosas adjacentes, nos tecidos subepiteliais e no sistema vascu-
são, a 121ºC durante 15 min. É o processo mais usado e os mate-
lar, bem como todos os que estejam diretamente conectados com
este sistema, são classificados em artigos críticos. Estes requerem riais devem ser embalados de forma a permitirem o contato total
esterilização. Ex. agulhas, cateteres intravenosos, materiais de im- do material com o vapor para permitir que a temperatura não seja
plante, etc. inferior à desejada, permitir a penetração do vapor nos poros dos
corpos porosos e impedir a formação de uma camada inferior mais
Artigos semicríticos fria. Podem ser usados autoclaves de parede simples ou de parede
Os artigos que entram em contato com a pele não íntegra, po- dupla, que permitem melhor extração do ar e melhor secagem.
rém, restrito às camadas da pele ou com mucosas íntegras são cha- É muito usado para o vidro seco e materiais que não oxidem
mados de artigos semicríticos e requerem desinfecção de médio ou com a água (os materiais termolábeis não podem ser esterilizado
de alto nível ou esterilização. Ex. cânula endotraqueal, equipamen- por esta técnica). É utilizada ainda para esterilizar tecidos.
to respiratório, espéculo vaginal, todos os tipos de sondas: sonda - Indicadores químicos: Mudam de cor consoante a tempera-
naso e orogástrica, vesicais, nasoenterica etc. tura.
- Indicadores biológicos: Tubo com suspensão de esporos de
Artigos não críticos bactérias resistentes que morrem quando exposto por 12 min. Ou
Os artigos destinados ao contato com a pele íntegra e também mais a uma temperatura de121ºC. Após um repouso de 14h, faz-se
os que não entram em contato direto com o paciente são chamados uma sementeira dos esporos, que deve dar negativa.
artigos não-críticos e requerem limpeza ou desinfecção de baixo ou
médio nível, dependendo do uso a que se destinam ou do último Vantagens: Fácil uso, custo acessível para grandes hospitais
uso realizado. Ex. termômetro, materiais usados em banho de leito Desvantagens: Não serve para esterilizar pós e líquidos.
como bacias, cuba rim, estetoscópio, roupas de cama do paciente,
etc. Químico
- Gás óxido de etileno: O gás óxido de etileno é um produto
Limpeza altamente tóxico usado para esterilizar materiais
É o procedimento de remoção de sujidade e detritos para man-
ter em estado de asseio os artigos, reduzindo a população microbia- Vantagens: Não danifica o material
na. Constitui o núcleo de todas as ações referentes aos cuidados de
Desvantagens: Danos ao meio ambiente quando manipulado
higiene com os artigos hospitalares.
erroneamente, alto custo, tóxico para o manipulador, requer aera-
A limpeza deve preceder os procedimentos de desinfecção ou
ção de 48 horas. Demorado.
de esterilização, pois reduz a carga microbiana através remoção da
sujidade e da matéria orgânica presentes nos materiais. O excesso
de matéria orgânica aumenta não só a duração do processo de es- - Glutaraldeído: Fornecido na forma de líquido a 25 ou 50%, são
terilização, como altera os parâmetros para este processo. Assim, pouco voláteis a frio e utilizados para a desinfecção de instrumen-
é correto afirmar que a limpeza rigorosa é condição básica para tos médicos. Irritante das mucosas e tóxico, necessita de cuidados
qualquer processo de desinfecção ou esterilização. “É possível lim- especiais
par sem esterilizar, mas não é possível garantir a esterilização sem
limpar” Vantagens: Facilidade de uso
Desvantagens: Esterilização é tempo dependente. Alérgeno, tó-
Esterilização xico e irritante, Mycobactérias podem ser resistentes
A esterilização de materiais é a total eliminação da vida micro-
bianadestes materiais. Caracteriza-se por um processo de destrui-
ção por meio de agentes físicos ou químicos de todas as formas de
vidas microscópica. Um objeto esterilizado, no sentido microbioló-
gico, está, completamente livre de microrganismos viáveis.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Esterilização por plasma de peróxido de hidrogênio Saúde e segurança do trabalhador


O plasma é o quarto estado da matéria. É definido como uma As doenças ocupacionais são decorrentes da exposição do tra-
nuvem de elétrons, partículas neutras, produzidas a partir da inte- balhador aos riscos da atividade que desenvolve. Podem causar
ração do peróxido de hidrogênio e um campo magnético. A esterili- afastamentos temporários, repetitivos e até definitivos. A maior
zação com gás plasma combina peróxido de hidrogênio p/gerar uma incidência destas doenças ocorre na faixa dos 30 aos 40 anos, pre-
onda eletromagnética. O plasma de peróxido não oxida o material, judicando a produtividade do trabalhador e podendo interromper
não degrada o corte, pontas, sulcos de instrumentais cirúrgicos. Seu sua carreira e desestabilizar a sua vida. As doenças ocupacionais
produto final não é tóxico, não polui o meio ambiente e nem apre- são causadas ou agravadas por determinadas atividades. A preven-
senta toxicidade para o profissional e nem para o paciente. ção pode evitar que tanto os trabalhadores como os empresários
- Agente esterilizante: Ampolas contendo: 1,8ml de H2O2 (água se prejudiquem com as consequências das doenças ocupacionais. A
oxigenada) na forma líquida numa concentração de 58%. Que du- recuperação pode ser demorada e cara.
rante a fase da injeção passará da forma líquida para gasosa.
As possíveis causas do problema
Sterrad - Agentes físicos: ruído, temperatura, vibrações e radiações
Esterilização a baixa temperatura 45ºC, é uma alternativa de - Agentes químicos: utilizados nas indústrias, podem causar da-
esterilização para materiais termo sensíveis. nos à saúde.
Vantagens: rapidez, ciclo de 50’, ausência de resíduos tóxicos, - Agentes biológicos: microrganismos como bactérias, vírus e
fácil instalação, segurança. fungos.
Desvantagens: alto custo dos insumos, câmara pequena, 100 Como diagnosticar o problema
litros. Exame físico, ocupacional e complementares, conforme crité-
rios médicos.
Fases do processo
1. Vácuo: Nesta fase através da bomba de vácuo, é removido o As doenças ocupacionais mais comuns
ar de dentro da câmara de esterilização. 1. Doenças das vias aéreas: Alguns exemplos são as pneumoco-
2. Injeção: Neste momento as agulhas perfuram as ampolas, nioses causadas pela poeira da sílica (silicose) e do asbesto (as bes-
fazendo com que passem de liquido p/ gás. tose), além da asma ocupacional. Substâncias agressivas inaladas
3. Difusão: O peróxido na forma gasosa se espalha por todo o no ambiente de trabalho se depositam nos pulmões, provocando
material, é importante que todos os materiais estejam totalmente falta de ar, tosse, chiadeira no peito, espirros e lacrimejamento.
expostos para que o peróxido entre em contato com toda a super- 2. Perda auditiva relacionada ao trabalho (PAIR)
fície. Diminuição gradual da audição decorrente da exposição con-
4. Plasma: esterilização propriamente dita. tínua a níveis elevados de ruídos. Além da perda auditiva, outra
5. Ventilação: Dura 1 minuto, o ar é filtrado p/ dentro da câ- alterações importantes podem prejudicar a qualidade de vida do
mara do equipamento, igualando a pressão interna com a externa, trabalhador.
possibilitando a abertura da porta. E os materiais estão prontos!
3. Intoxicações exógenas podem ser causadas por:
Controle de qualidade - Agrotóxicos: Os pesticidas (defensivos agrícolas) provocam
- Indicador paramétrico: Relatório emitido ao término de cada grandes danos à saúde e ao meio ambiente.
ciclo onde são apresentados parâmetros de controle de esteriliza- - Chumbo (saturnismo): A exposição contínua ao chumbo, pre-
ção. sente em fundições e refinarias, provoca, a longo prazo, um tipo de
- Indicador biológico: Bacillus stearothermophilus (forma espo- intoxicação que varia de intensidade de acordo com as condições
ruladas mais resistente aos esterilizantes físicos químicos.) do ambiente (umidade e ventilação), tempo de exposição e fatores
- Indicador químico: Marcador de concentração ótima do peró- individuais (idade e condições físicas).
xido no interior da câmara. - Mercúrio (hidragirismo): O contato com a substância se dá
- Fita indicadora: Utilizada no interior das embalagens com por meio da inalação, absorção cutânea ou via oral da substância;
manta de polipropileno. ocorre com trabalhadores que lidam com extração do mineral ou
- Fita teste: Utilizada no fechamento das embalagens. fabricação de tintas.
- Solventes orgânicos (benzenismo): Por serem tóxicos e agres-
Desinfecção, antissepsia e assepsia sivos, podem contaminar trabalhadores de refinarias de petróleo e
- Desinfecção: Processo que consiste na destruição, remoção indústrias de transformação.
ou redução dos microrganismos presentes num material inanimado
através do uso de agentes químicos. 4. Ler e Dort – Lesão por esforço repetitivo/distúrbio osteo-
A desinfecção não implica na eliminação de todos os microrga- muscular relacionado ao trabalho: Conjunto de doenças que atin-
nismos viáveis, porém elimina a potencialidade infecciosa do obje- gem principalmente os músculos, tendões e nervos. O problema é
to, superfície ou local tratado. decorrente do trabalho com movimentos repetitivos, esforço exces-
O agente empregado na desinfecção é denominado de desin- sivo, má postura e estresse, entre outros.
fetante. 5. Dermatoses ocupacionais: Também conhecidas como der-
- Antissepsia: Consiste no mesmo termo usado à desinfecção, matites de contato, são alterações da pele e das mucosas causadas,
só que está relacionada com substâncias aplicadas ao organismo mantidas ou agravadas, direta ou indiretamente, por determinadas
humano, é a redução do número de microrganismos viáveis na pele atividades profissionais. São provocadas por agentes químicos e po-
pelo uso de uma substancia denominada de antisséptico. dem ocasionar irritação ou até mesmo alergia.
- Assepsia: Conjunto de meios usados para impedir a penetra- 6. Stresse: O estresse e o excesso de trabalho podem variar
ção de microrganismo, em local que não os tenha. desde mudanças no humor, ansiedade, irritabilidade e descontrole
emocional até doenças psíquicas.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Geralmente, o estresse é causado por sobrecarga de tarefas 32.2.1 Para fins de aplicação desta NR, considera-se Risco Bioló-
e ausência de pausas para descanso e exercícios físicos. Ativar os gico a probabilidade da exposição ocupacional a agentes biológicos.
músculos com exercícios diários, mesmo os de relaxamento, é um 32.2.1.1 Consideram-se Agentes Biológicos os microrganismos,
bom começo para se livrar do estresse. geneticamente modificados ou não; as culturas de células; os para-
Durante os exercícios, inspire o ar pelo nariz e solte pela boca, sitas; as toxinas e os príons.
sentindo o oxigênio descer e o gás carbônico subir. 32.2.1.2 A classificação dos agentes biológicos encontra-se
anexa a esta NR.
A ajuda da ergonomia 32.2.2 Do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais - PPRA:
Ciência que estuda as relações entre o homem, seu trabalho, 32.2.2.1 O PPRA, além do previsto na NR-09, na fase de reco-
equipamentos e meio ambiente, a Ergonomia previne o surgimento nhecimento, deve conter:
de doenças ocupacionais durante o processo de produção de ativi- I. Identificação dos riscos biológicos mais prováveis, em função
dades. O objetivo é a adaptação do posto de trabalho, instrumen- da localização geográfica e da característica do serviço de saúde e
tos, máquinas, horários e meio ambiente às exigências da função. seus setores, considerando:
Ela facilita o desenvolvimento e o rendimento das atividades de a) fontes de exposição e reservatórios;
trabalho. Todos devem aprender a identificar os sinais do próprio b) vias de transmissão e de entrada;
corpo para perceber o início de qualquer desconforto, procurando, c) transmissibilidade, patogenicidade e virulência do agente;
assim, adaptar as técnicas da ergonomia ao seu local de trabalho. d) persistência do agente biológico no ambiente;
Sintomas mais comuns, e que requerem a procura por um mé- e) estudos epidemiológicos ou dados estatísticos;
dico f) outras informações científicas.
1. Cansaço excessivo II. Avaliação do local de trabalho e do trabalhador, consideran-
2. Desconforto após a jornada de trabalho do:
3. Inchaço a) a finalidade e descrição do local de trabalho;
4. Formigamento dos pés e das mãos b) a organização e procedimentos de trabalho;
5. Sensação de choque nas mãos c) a possibilidade de exposição;
6. Dor nas mãos d) a descrição das atividades e funções de cada local de traba-
7. Perda dos movimentos da mão lho;
e) as medidas preventivas aplicáveis e seu acompanhamento.
Cuide de sua qualidade de vida, procurando manter um melhor
equilíbrio entre corpo e mente. Faça exercícios físicos pelo menos 32.2.2.2 O PPRA deve ser reavaliado 01 (uma) vez ao ano e:
quatro vezes por semana, tenha uma dieta balanceada e saudável a) sempre que se produza uma mudança nas condições de tra-
e procure formas de lazer alternativas, que amenizem o estresse do balho, que possa alterar a exposição aos agentes biológicos;
dia-a-dia. b) quando a análise dos acidentes e incidentes assim o deter-
minar.
Como prevenir as doenças ocupacionais
-Conforto é essencial para a prevenção. 32.2.2.3 Os documentos que compõem o PPRA deverão estar
- As operações de trabalho devem estar ao alcance das mãos. disponíveis aos trabalhadores.
- As máquinas devem se posicionar de forma que a pessoa não 32.2.3 Do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional
tenha que se curvar ou torcer o tronco para pegar ou utilizar ferra- - PCMSO
mentas com frequência. 32.2.3.1 O PCMSO, além do previsto na NR-07, e observando o
- A mesa deve estar posicionada de acordo com a altura de disposto no inciso I do item 32.2.2.1, deve contemplar:
cada pessoa e ter espaço para a movimentação das pernas. a) o reconhecimento e a avaliação dos riscos biológicos;
- As cadeiras devem ter altura para que haja apoio dos pés, b) a localização das áreas de risco segundo os parâmetros do
formato anatômico para o quadril e encosto ajustável. item 32.2.2;
- Pausas durante a realização das tarefas permite um alívio para c) a relação contendo a identificação nominal dos trabalhado-
os músculos mais ativos. res, sua função, o local em que desempenham suas atividades e o
- Durante estas pausas, se levante e caminhe um pouco.1 risco a que estão expostos;
d) a vigilância médica dos trabalhadores potencialmente ex-
NORMA REGULAMENTADORA 32 - NR 32 postos;
SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO EM SERVIÇOS DE SAÚ- e) o programa de vacinação.
DE
32.2.3.2 Sempre que houver transferência permanente ou oca-
32.1 Do objetivo e campo de aplicação sional de um trabalhador para um outro posto de trabalho, que im-
32.1.1 Esta Norma Regulamentadora - NR tem por finalidade plique em mudança de risco, esta deve ser comunicada de imediato
estabelecer as diretrizes básicas para a implementação de medidas ao médico coordenador ou responsável pelo PCMSO.
de proteção à segurança e à saúde dos trabalhadores dos serviços 32.2.3.3 Com relação à possibilidade de exposição acidental
de saúde, bem como daqueles que exercem atividades de promo- aos agentes biológicos, deve constar do PCMSO:
ção e assistência à saúde em geral. a) os procedimentos a serem adotados para diagnóstico, acom-
32.1.2 Para fins de aplicação desta NR entende-se por serviços panhamento e prevenção da soro conversão e das doenças;
de saúde qualquer edificação destinada à prestação de assistência b) as medidas para descontaminação do local de trabalho;
à saúde da população, e todas as ações de promoção, recuperação, c) o tratamento médico de emergência para os trabalhadores;
assistência, pesquisa e ensino em saúde em qualquer nível de com- d) a identificação dos responsáveis pela aplicação das medidas
plexidade. pertinentes;
32.2 Dos Riscos Biológicos e) a relação dos estabelecimentos de saúde que podem prestar
assistência aos trabalhadores;
1Fonte: www.scielo.br/www. pt.slideshare.net

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

f) as formas de remoção para atendimento dos trabalhadores; 32.2.4.7 Os Equipamentos de Proteção Individual - EPI, descar-
g) a relação dos estabelecimentos de assistência à saúde de- táveis ou não, deverão estar à disposição em número suficiente nos
positários de imunoglobulinas, vacinas, medicamentos necessários, postos de trabalho, de forma que seja garantido o imediato forne-
materiais e insumos especiais. cimento ou reposição.
32.2.4.8 O empregador deve:
32.2.3.4 O PCMSO deve estar à disposição dos trabalhadores, a) garantir a conservação e a higienização dos materiais e ins-
bem como da inspeção do trabalho. trumentos de trabalho;
32.2.3.5 Em toda ocorrência de acidente envolvendo riscos bio- b) providenciar recipientes e meios de transporte adequados
lógicos, com ou sem afastamento do trabalhador, deve ser emitida para materiais infectantes, fluidos e tecidos orgânicos.
a Comunicação de Acidente de Trabalho - CAT.
32.2.4 Das Medidas de Proteção 32.2.4.9 O empregador deve assegurar capacitação aos traba-
32.2.4.1 As medidas de proteção devem ser adotadas a partir lhadores, antes do início das atividades e de forma continuada, de-
do resultado da avaliação, previstas no PPRA, observando o dispos- vendo ser ministrada:
to no item 32.2.2. a) sempre que ocorra uma mudança das condições de exposi-
32.2.4.1.1 Em caso de exposição acidental ou incidental, medi- ção dos trabalhadores aos agentes biológicos;
das de proteção devem ser adotadas imediatamente, mesmo que b) durante a jornada de trabalho;
não previstas no PPRA. c) por profissionais de saúde familiarizados com os riscos ine-
32.2.4.2 A manipulação em ambiente laboratorial deve seguir rentes aos agentes biológicos.
as orientações contidas na publicação do Ministério da Saúde - Di-
32.2.4.9.1 A capacitação deve ser adaptada à evolução do co-
retrizes Gerais para o Trabalho em Contenção com Material Biológi-
nhecimento e à identificação de novos riscos biológicos e deve in-
co, correspondentes aos respectivos microrganismos.
cluir:
32.2.4.3 Todo local onde exista possibilidade de exposição ao
a) os dados disponíveis sobre riscos potenciais para a saúde;
agente biológico deve ter lavatório exclusivo para higiene das mãos
b) medidas de controle que minimizem a exposição aos agen-
provido de água corrente, sabonete líquido, toalha descartável e tes;
lixeira provida de sistema de abertura sem contato manual. c) normas e procedimentos de higiene;
32.2.4.3.1 Os quartos ou enfermarias destinados ao isolamento d) utilização de equipamentos de proteção coletiva, individual
de pacientes portadores de doenças infectocontagiosas devem con- e vestimentas de trabalho;
ter lavatório em seu interior. e) medidas para a prevenção de acidentes e incidentes;
32.2.4.3.2 O uso de luvas não substitui o processo de lavagem f) medidas a serem adotadas pelos trabalhadores no caso de
das mãos, o que deve ocorrer, no mínimo, antes e depois do uso ocorrência de incidentes e acidentes.
das mesmas.
32.2.4.4 Os trabalhadores com feridas ou lesões nos membros 32.2.4.9.2 O empregador deve comprovar para a inspeção do
superiores só podem iniciar suas atividades após avaliação médica trabalho a realização da capacitação através de documentos que
obrigatória com emissão de documento de liberação para o traba- informem a data, o horário, a carga horária, o conteúdo ministrado,
lho. o nome e a formação ou capacitação profissional do instrutor e dos
32.2.4.5 O empregador deve vedar: trabalhadores envolvidos.
a) a utilização de pias de trabalho para fins diversos dos pre- 32.2.4.10 Em todo local onde exista a possibilidade de exposi-
vistos; ção a agentes biológicos, devem ser fornecidas aos trabalhadores
b) o ato de fumar, o uso de adornos e o manuseio de lentes de instruções escritas, em linguagem acessível, das rotinas realizadas
contato nos postos de trabalho; no local de trabalho e medidas de prevenção de acidentes e de do-
c) o consumo de alimentos e bebidas nos postos de trabalho; enças relacionadas ao trabalho.
d) a guarda de alimentos em locais não destinados para este 32.2.4.10.1 As instruções devem ser entregues ao trabalhador,
fim; mediante recibo, devendo este ficar à disposição da inspeção do
e) o uso de calçados abertos. trabalho.
32.2.4.6 Todos trabalhadores com possibilidade de exposição a 32.2.4.11 Os trabalhadores devem comunicar imediatamente
agentes biológicos devem utilizar vestimenta de trabalho adequada todo acidente ou incidente, com possível exposição a agentes bio-
e em condições de conforto. lógicos, ao responsável pelo local de trabalho e, quando houver, ao
serviço de segurança e saúde do trabalho e à CIPA.
32.2.4.12 O empregador deve informar, imediatamente, aos
32.2.4.6.1 A vestimenta deve ser fornecida sem ônus para o
trabalhadores e aos seus representantes qualquer acidente ou in-
empregado.
cidente grave que possa provocar a disseminação de um agente
32.2.4.6.2 Os trabalhadores não devem deixar o local de traba-
biológico suscetível de causar doenças graves nos seres humanos,
lho com os equipamentos de proteção individual e as vestimentas as suas causas e as medidas adotadas ou a serem adotadas para
utilizadas em suas atividades laborais. corrigir a situação.
32.2.4.6.3 O empregador deve providenciar locais apropriados 32.2.4.13 Os colchões, colchonetes e demais almofadados de-
para fornecimento de vestimentas limpas e para deposição das usa- vem ser revestidos de material lavável e impermeável, permitindo
das. desinfecção e fácil higienização.
32.2.4.6.4 A higienização das vestimentas utilizadas nos cen- 32.2.4.13.1 O revestimento não pode apresentar furos, rasgos,
tros cirúrgicos e obstétricos, serviços de tratamento intensivo, uni- sulcos ou reentrâncias.
dades de pacientes com doenças infectocontagiosa e quando hou- 32.2.4.14 Os trabalhadores que utilizarem objetos perfuro cor-
ver contato direto da vestimenta com material orgânico, deve ser tantes devem ser os responsáveis pelo seu descarte.
de responsabilidade do empregador. 32.2.4.15 São vedados o reencape e a desconexão manual de
agulhas.

30
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

32.2.4.16 O empregador deve elaborar e implementar Plano de 32.3.4.1.1 Os produtos químicos, inclusive intermediários e re-
Prevenção de Riscos de Acidentes com Materiais Perfuro cortantes, síduos que impliquem riscos à segurança e saúde do trabalhador,
conforme as diretrizes estabelecidas no Anexo III desta Norma Re- devem ter uma ficha descritiva contendo, no mínimo, as seguintes
gulamentadora. informações:
32.2.4.16 Deve ser assegurado o uso de materiais perfuro cor- a) as características e as formas de utilização do produto;
tantes com dispositivo de segurança, conforme cronograma a ser es- b) os riscos à segurança e saúde do trabalhador e ao meio am-
tabelecido pela CTPN. (O cronograma será conformeart. 1º da Por- biente, considerando as formas de utilização;
taria MTE 939/2008)(Alteração dada pelaPortaria MTE 1.748/2011) c) as medidas de proteção coletiva, individual e controle médi-
32.2.4.16.1 As empresas que produzem ou comercializam ma- co da saúde dos trabalhadores;
teriais perfuro cortantes devem disponibilizar, para os trabalhado- d) condições e local de estocagem;
res dos serviços de saúde, capacitação sobre a correta utilização do e) procedimentos em situações de emergência.
dispositivo de segurança.
32.2.4.16.1 As empresas que produzem ou comercializam ma- 32.3.4.1.2 Uma cópia da ficha deve ser mantida nos locais onde
teriais perfuro cortantes devem disponibilizar, para os trabalhado- o produto é utilizado.
res dos serviços de saúde, capacitação sobre a correta utilização 32.3.5 Do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional
do dispositivo de segurança. (Redação dada pelaPortaria MTE - PCMSO
939/2008).(Alteração dada pelaPortaria MTE 1.748/2011) 32.3.5.1 Na elaboração e implementação do PCMSO, devem
32.2.4.16.2 O empregador deve assegurar, aos trabalha- ser consideradas as informações contidas nas fichas descritivas ci-
dores dos serviços de saúde, a capacitação prevista no subitem tadas no subitem 32.3.4.1.1.
32.2.4.16.1.” 32.3.6 Cabe ao empregador:
32.2.4.16.2 O empregador deve assegurar, aos trabalha- 32.3.6.1 Capacitar, inicialmente e de forma continuada, os tra-
dores dos serviços de saúde, a capacitação prevista no subitem balhadores envolvidos para a utilização segura de produtos quími-
32.2.4.16.1. (Redação dada pelaPortaria MTE 939/2008).(Alteração cos.
dada pelaPortaria MTE 1.748/2011) 32.3.6.1.1 A capacitação deve conter, no mínimo:
32.2.4.17 Da Vacinação dos Trabalhadores a) a apresentação das fichas descritivas citadas no subitem
32.2.4.17.1 A todo trabalhador dos serviços de saúde deve ser 32.3.4.1.1, com explicação das informações nelas contidas;
fornecido, gratuitamente, programa de imunização ativa contra té- b) os procedimentos de segurança relativos à utilização;
tano, difteria, hepatite B e os estabelecidos no PCMSO. c) os procedimentos a serem adotados em caso de incidentes,
32.2.4.17.2 Sempre que houver vacinas eficazes contra outros acidentes e em situações de emergência.
agentes biológicos a que os trabalhadores estão, ou poderão estar, 32.3.7 Das Medidas de Proteção
expostos, o empregador deve fornecê-las gratuitamente. 32.3.7.1 O empregador deve destinar local apropriado para a
32.2.4.17.3 O empregador deve fazer o controle da eficácia da
manipulação ou fracionamento de produtos químicos que impli-
vacinação sempre que for recomendado pelo Ministério da Saúde e
quem riscos à segurança e saúde do trabalhador.
seus órgãos, e providenciar, se necessário, seu reforço.
32.3.7.1.1 É vedada a realização destes procedimentos em
32.2.4.17.4 A vacinação deve obedecer às recomendações do
qualquer local que não o apropriado para este fim.
Ministério da Saúde.
32.3.7.1.2 Excetuam-se a preparação e associação de medica-
32.2.4.17.5 O empregador deve assegurar que os trabalhado-
mentos para administração imediata aos pacientes.
res sejam informados das vantagens e dos efeitos colaterais, assim
32.3.7.1.3 O local deve dispor, no mínimo, de:
como dos riscos a que estarão expostos por falta ou recusa de vaci-
a) sinalização gráfica de fácil visualização para identificação do
nação, devendo, nestes casos, guardar documento comprobatório
e mantê-lo disponível à inspeção do trabalho. ambiente, respeitando o disposto na NR-26;
32.2.4.17.6 A vacinação deve ser registrada no prontuário clíni- b) equipamentos que garantam a concentração dos produtos
co individual do trabalhador, previsto na NR-07. químicos no ar abaixo dos limites de tolerância estabelecidos nas
32.2.4.17.7 Deve ser fornecido ao trabalhador comprovante NR- 09 e NR-15 e observando-se os níveis de ação previstos na NR-
das vacinas recebidas. 09;
32.3 Dos Riscos Químicos c) equipamentos que garantam a exaustão dos produtos quí-
32.3.1 Deve ser mantida a rotulagem do fabricante na embala- micos de forma a não potencializar a exposição de qualquer traba-
gem original dos produtos químicos utilizados em serviços de saú- lhador, envolvido ou não, no processo de trabalho, não devendo ser
de. utilizado o equipamento tipo coifa;
32.3.2 Todo recipiente contendo produto químico manipulado d) chuveiro e lava-olhos, os quais deverão ser acionados e hi-
ou fracionado deve ser identificado, de forma legível, por etiqueta gienizados semanalmente;
com o nome do produto, composição química, sua concentração, e) equipamentos de proteção individual, adequados aos riscos,
data de envase e de validade, e nome do responsável pela manipu- à disposição dos trabalhadores;
lação ou fracionamento. f) sistema adequado de descarte.
32.3.3 É vedado o procedimento de reutilização das embala-
gens de produtos químicos. 32.3.7.2 A manipulação ou fracionamento dos produtos quími-
32.3.4 Do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais - PPRA cos deve ser feito por trabalhador qualificado.
32.3.4.1 No PPRA dos serviços de saúde deve constar inventá- 32.3.7.3 O transporte de produtos químicos deve ser realizado
rio de todos os produtos químicos, inclusive intermediários e resí- considerando os riscos à segurança e saúde do trabalhador e ao
duos, com indicação daqueles que impliquem em riscos à seguran- meio ambiente.
ça e saúde do trabalhador. 32.3.7.4 Todos os estabelecimentos que realizam, ou que pre-
tendem realizar, esterilização, reesterilização ou reprocessamento
por gás óxido de etileno, deverão atender o disposto na Portaria
Interministerial nº 482/MS/MTE de 16/04/1999.

31
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

32.3.7.5 Nos locais onde se utilizam e armazenam produtos in- 32.3.9.3.2 A manutenção consiste, no mínimo, na verificação
flamáveis, o sistema de prevenção de incêndio deve prever medidas dos cilindros de gases, conectores, conexões, mangueiras, balões,
especiais de segurança e procedimentos de emergência. traqueias, válvulas, aparelhos de anestesia e máscaras faciais para
32.3.7.6 As áreas de armazenamento de produtos químicos de- ventilação pulmonar.
vem ser ventiladas e sinalizadas. 32.3.9.3.2.1 O programa e os relatórios de manutenção devem
32.3.7.6.1 Devem ser previstas áreas de armazenamento pró- constar de documento próprio que deve ficar à disposição dos tra-
prias para produtos químicos incompatíveis. balhadores diretamente envolvidos e da fiscalização do trabalho.
32.3.8 Dos Gases Medicinais 32.3.9.3.3 Os locais onde são utilizados gases ou vapores anes-
32.3.8.1 Na movimentação, transporte, armazenamento, ma- tésicos devem ter sistemas de ventilação e exaustão, com o objetivo
nuseio e utilização dos gases, bem como na manutenção dos equi- de manter a concentração ambiental sob controle, conforme pre-
pamentos, devem ser observadas as recomendações do fabricante, visto na legislação vigente.
desde que compatíveis com as disposições da legislação vigente. 32.3.9.3.4 Toda trabalhadora gestante só será liberada para o
32.3.8.1.1 As recomendações do fabricante, em português, de- trabalho em áreas com possibilidade de exposição a gases ou vapo-
vem ser mantidas no local de trabalho à disposição dos trabalhado- res anestésicos após autorização por escrito do médico responsável
res e da inspeção do trabalho. pelo PCMSO, considerando as informações contidas no PPRA.
32.3.8.2 É vedado: 32.3.9.4 Dos Quimioterápicos Antineoplásicos 3
a) a utilização de equipamentos em que se constate vazamento 2.3.9.4.1 Os quimioterápicos antineoplásicos somente devem
de gás; ser preparados em área exclusiva e com acesso restrito aos profis-
b) submeter equipamentos a pressões superiores àquelas para sionais diretamente envolvidos. A área deve dispor no mínimo de:
as quais foram projetados; a) vestiário de barreira com dupla câmara;
c) a utilização de cilindros que não tenham a identificação do b) sala de preparo dos quimioterápicos;
gás e a válvula de segurança; c) local destinado para as atividades administrativas;
d) a movimentação dos cilindros sem a utilização dos equipa- d) local de armazenamento exclusivo para estocagem.
mentos de proteção individual adequados; 32.3.9.4.2 O vestiário deve dispor de:
e) a submissão dos cilindros a temperaturas extremas; a) pia e material para lavar e secar as mãos;
f) a utilização do oxigênio e do ar comprimido para fins diversos b) lava olhos, o qual pode ser substituído por uma ducha tipo
aos que se destinam; higiênica;
g) o contato de óleos, graxas, hidrocarbonetos ou materiais or- c) chuveiro de emergência;
gânicos similares com gases oxidantes; d) equipamentos de proteção individual e vestimentas para uso
h) a utilização de cilindros de oxigênio sem a válvula de reten- e reposição;
ção ou o dispositivo apropriado para impedir o fluxo reverso; e) armários para guarda de pertences;
i) a transferência de gases de um cilindro para outro, indepen- f) recipientes para descarte de vestimentas usadas.
dentemente da capacidade dos cilindros;
j) o transporte de cilindros soltos, em posição horizontal e sem 32.3.9.4.3 Devem ser elaborados manuais de procedimentos
capacetes. relativos a limpeza, descontaminação e desinfecção de todas as
áreas, incluindo superfícies, instalações, equipamentos, mobiliário,
32.3.8.3 Os cilindros contendo gases inflamáveis, tais como hi- vestimentas, EPI e materiais.
drogênio e acetileno, devem ser armazenados a uma distância mí- 32.3.9.4.3.1 Os manuais devem estar disponíveis a todos os tra-
nima de oito metros daqueles contendo gases oxidantes, tais como balhadores e à fiscalização do trabalho.
oxigênio e óxido nitroso, ou através de barreiras vedadas e resisten- 32.3.9.4.4 Todos os profissionais diretamente envolvidos de-
tes ao fogo. vem lavar adequadamente as mãos, antes e após a retirada das
32.3.8.4 Para o sistema centralizado de gases medicinais de- luvas.
vem ser fixadas placas, em local visível, com caracteres indeléveis e 32.3.9.4.5 A sala de preparo deve ser dotada de Cabine de Se-
legíveis, com as seguintes informações: gurança Biológica Classe II B2 e na sua instalação devem ser previs-
a) nominação das pessoas autorizadas a terem acesso ao local tos, no mínimo:
e treinadas na operação e manutenção do sistema; a) suprimento de ar necessário ao seu funcionamento;
b) procedimentos a serem adotados em caso de emergência; b) local e posicionamento, de forma a evitar a formação de tur-
c) número de telefone para uso em caso de emergência; bulência aérea.
d) sinalização alusiva a perigo.
32.3.9 Dos Medicamentos e das Drogas de Risco 32.3.9.4.5.1 A cabine deve:
a) estar em funcionamento no mínimo por 30 minutos antes
32.3.9.1 Para efeito desta NR, consideram-se medicamentos e do início do trabalho de manipulação e permanecer ligada por 30
drogas de risco aquelas que possam causar genotoxicidade, carci- minutos após a conclusão do trabalho;
nogenicidade, teratogenicidade e toxicidade séria e seletiva sobre b) ser submetida periodicamente a manutenções e trocas de
órgãos e sistemas. filtros absolutos e pré-filtro de acordo com um programa escrito,
32.3.9.2 Deve constar no PPRA a descrição dos riscos inerentes que obedeça às especificações do fabricante, e que deve estar à
às atividades de recebimento, armazenamento, preparo, distribui- disposição da inspeção do trabalho;
ção, administração dos medicamentos e das drogas de risco. c) possuir relatório das manutenções, que deve ser mantido a
32.3.9.3 Dos Gases e Vapores Anestésicos disposição da fiscalização do trabalho;
32.3.9.3.1 Todos os equipamentos utilizados para a adminis- d) ter etiquetas afixadas em locais visíveis com as datas da últi-
tração dos gases ou vapores anestésicos devem ser submetidos à ma e da próxima manutenção;
manutenção corretiva e preventiva, dando-se especial atenção aos e) ser submetida a processo de limpeza, descontaminação e
pontos de vazamentos para o ambiente de trabalho, buscando sua desinfecção, nas paredes laterais internas e superfície de trabalho,
eliminação. antes do início das atividades;

32
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

f) ter a sua superfície de trabalho submetida aos procedimen- b) os efeitos terapêuticos e adversos destes medicamentos e o
tos de limpeza ao final das atividades e no caso de ocorrência de possível risco à saúde, a longo e curto prazo;
acidentes com derramamentos e respingos. c) as normas e os procedimentos padronizados relativos ao ma-
nuseio, preparo, transporte, administração, distribuição e descarte
32.3.9.4.6 Com relação aos quimioterápicos antineoplásicos, dos quimioterápicos antineoplásicos;
compete ao empregador: d) as normas e os procedimentos a serem adotadas no caso de
a) proibir fumar, comer ou beber, bem como portar adornos ocorrência de acidentes.
ou maquiar-se;
b) afastar das atividades as trabalhadoras gestantes e nutrizes; 32.3.10.1.1 A capacitação deve ser ministrada por profissionais
c) proibir que os trabalhadores expostos realizem atividades de saúde familiarizados com os riscos inerentes aos quimioterápi-
com possibilidade de exposição aos agentes ionizantes; cos antineoplásicos.
d) fornecer aos trabalhadores avental confeccionado de mate- 32.4 Das Radiações Ionizantes(voltar)
rial impermeável, com frente resistente e fechado nas costas, man- 32.4.1 O atendimento das exigências desta NR, com relação às
ga comprida e punho justo, quando do seu preparo e administração; radiações ionizantes, não desobriga o empregador de observar as
e) fornecer aos trabalhadores dispositivos de segurança que disposições estabelecidas pelas normas específicas da Comissão
minimizem a geração de aerossóis e a ocorrência de acidentes du- Nacional de Energia Nuclear - CNEN e da Agência Nacional de Vigi-
rante a manipulação e administração; lância Sanitária - ANVISA, do Ministério da Saúde.
f) fornecer aos trabalhadores dispositivos de segurança para a 32.4.2 É obrigatório manter no local de trabalho e à disposi-
prevenção de acidentes durante o transporte. ção da inspeção do trabalho o Plano de Proteção Radiológica - PPR,
aprovado pela CNEN, e para os serviços de radiodiagnóstico aprova-
32.3.9.4.7 Além do cumprimento do disposto na legislação vi- do pela Vigilância Sanitária.
gente, os Equipamentos de Proteção Individual - EPI devem atender 32.4.2.1 O Plano de Proteção Radiológica deve:
as seguintes exigências: a) estar dentro do prazo de vigência;
a) ser avaliados diariamente quanto ao estado de conservação b) identificar o profissional responsável e seu substituto even-
e segurança; tual como membros efetivos da equipe de trabalho do serviço;
b) estar armazenados em locais de fácil acesso e em quantida- c) fazer parte do PPRA do estabelecimento;
de suficiente para imediata substituição, segundo as exigências do d) ser considerado na elaboração e implementação do PCMSO;
procedimento ou em caso de contaminação ou dano. e) ser apresentado na CIPA, quando existente na empresa, sen-
do sua cópia anexada às atas desta comissão.
32.3.9.4.8 Com relação aos quimioterápicos antineoplásicos é
vedado: 32.4.3 O trabalhador que realize atividades em áreas onde exis-
a) iniciar qualquer atividade na falta de EPI; tam fontes de radiações ionizantes deve:
b) dar continuidade às atividades de manipulação quando a) permanecer nestas áreas o menor tempo possível para a re-
ocorrer qualquer interrupção do funcionamento da cabine de se- alização do procedimento;
gurança biológica.
b) ter conhecimento dos riscos radiológicos associados ao seu
trabalho;
32.3.9.4.9 Dos Procedimentos Operacionais em Caso de Ocor-
c) estar capacitado inicialmente e de forma continuada em pro-
rência de Acidentes Ambientais ou Pessoais.
teção radiológica;
32.3.9.4.9.1 Com relação aos quimioterápicos, entende-se por
d) usar os EPI adequados para a minimização dos riscos;
acidente:
e) estar sob monitoração individual de dose de radiação ioni-
a) ambiental: contaminação do ambiente devido à saída do
zante, nos casos em que a exposição seja ocupacional.
medicamento do envase no qual esteja acondicionado, seja por
derramamento ou por aerodispersóides sólidos ou líquidos;
32.4.4 Toda trabalhadora com gravidez confirmada deve ser
b) pessoal: contaminação gerada por contato ou inalação dos
medicamentos da terapia quimioterápica antineoplásica em qual- afastada das atividades com radiações ionizantes, devendo ser re-
quer das etapas do processo. manejada para atividade compatível com seu nível de formação.
32.4.5 Toda instalação radiativa deve dispor de monitoração
32.3.9.4.9.2 As normas e os procedimentos, a serem adotados individual e de áreas.
em caso de ocorrência de acidentes ambientais ou pessoais, devem 32.4.5.1 Os dosímetros individuais devem ser obtidos, calibra-
constar em manual disponível e de fácil acesso aos trabalhadores e dos e avaliados exclusivamente em laboratórios de monitoração in-
à fiscalização do trabalho. dividual acreditados pela CNEN.
32.3.9.4.9.3 Nas áreas de preparação, armazenamento e admi- 32.4.5.2 A monitoração individual externa, de corpo inteiro ou
nistração e para o transporte deve ser mantido um “Kit” de derra- de extremidades, deve ser feita através de dosimetria com perio-
mamento identificado e disponível, que deve conter, no mínimo: dicidade mensal e levando-se em conta a natureza e a intensidade
luvas de procedimento, avental impermeável, compressas ab- das exposições normais e potenciais previstas.
sorventes, proteção respiratória, proteção ocular, sabão, recipiente 32.4.5.3 Na ocorrência ou suspeita de exposição acidental, os
identificado para recolhimento de resíduos e descrição do procedi- dosímetros devem ser encaminhados para leitura no prazo máximo
mento. de 24 horas.
32.4.5.4 Após ocorrência ou suspeita de exposição acidental a
32.3.10 Da Capacitação fontes seladas, devem ser adotados procedimentos adicionais de
32.3.10.1 Os trabalhadores envolvidos devem receber capaci- monitoração individual, avaliação clínica e a realização de exames
tação inicial e continuada que contenha, no mínimo: complementares, incluindo a dosimetria cito genética, a critério
a) as principais vias de exposição ocupacional; médico.

33
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

32.4.5.5 Após ocorrência ou suspeita de acidentes com fontes c) medições ambientais de radiações ionizantes específicas
não seladas, sujeitas a exposição externa ou com contaminação para práticas de trabalho.
interna, devem ser adotados procedimentos adicionais de monito-
ração individual, avaliação clínica e a realização de exames comple- 32.4.9.3 O serviço de proteção radiológica deve estar direta-
mentares, incluindo a dosimetria cito genética, a análise in vivo e in mente subordinado ao Titular da instalação radiativa.
vitro, a critério médico. 32.4.9.4 Quando o estabelecimento possuir mais de um ser-
32.4.5.6 Deve ser elaborado e implementado um programa de viço, deve ser indicado um responsável técnico para promover a
monitoração periódica de áreas, constante do Plano de Proteção integração das atividades de proteção radiológica destes serviços.
Radiológica, para todas as áreas da instalação radiativa. 32.4.10 O médico coordenador do PCMSO ou o encarregado
32.4.6 Cabe ao empregador: pelos exames médicos, previstos na NR-07, deve estar familiarizado
a) implementar medidas de proteção coletiva relacionadas aos com os efeitos e a terapêutica associados à exposição decorrente
riscos radiológicos; das atividades de rotina ou de acidentes com radiações ionizantes.
b) manter profissional habilitado, responsável pela proteção 32.4.11 As áreas da instalação radiativa devem ser classificadas
radiológica em cada área específica, com vinculação formal com o e ter controle de acesso definido pelo responsável pela proteção
estabelecimento; radiológica.
c) promover capacitação em proteção radiológica, inicialmente 32.4.12 As áreas da instalação radiativa devem estar devida-
e de forma continuada, para os trabalhadores ocupacionalmente e mente sinalizadas em conformidade com a legislação em vigor, em
para-ocupacionalmente expostos às radiações ionizantes; especial quanto aos seguintes aspectos:
d) manter no registro individual do trabalhador as capacitações a) utilização do símbolo internacional de presença de radiação
ministradas; nos acessos controlados;
e) fornecer ao trabalhador, por escrito e mediante recibo, ins- b) as fontes presentes nestas áreas e seus rejeitos devem ter
truções relativas aos riscos radiológicos e procedimentos de prote- as suas embalagens, recipientes ou blindagens identificadas em re-
ção radiológica adotados na instalação radiativa; lação ao tipo de elemento radioativo, atividade e tipo de emissão;
f) dar ciência dos resultados das doses referentes às exposições c) valores das taxas de dose e datas de medição em pontos de
de rotina, acidentais e de emergências, por escrito e mediante re- referência significativos, próximos às fontes de radiação, nos locais
cibo, a cada trabalhador e ao médico coordenador do PCMSO ou
de permanência e de trânsito dos trabalhadores, em conformidade
médico encarregado dos exames médicos previstos na NR- 07.
com o disposto no PPR;
d) identificação de vias de circulação, entrada e saída para con-
32.4.7 Cada trabalhador da instalação radiativa deve ter um
dições normais de trabalho e para situações de emergência;
registro individual atualizado, o qual deve ser conservado por 30
(trinta) anos após o término de sua ocupação, contendo as seguin- e) localização dos equipamentos de segurança;
tes informações: f) procedimentos a serem obedecidos em situações de aciden-
a) identificação (Nome, DN, Registro, CPF), endereço e nível de tes ou de emergência;
instrução; g) sistemas de alarme.
b) datas de admissão e de saída do emprego;
c) nome e endereço do responsável pela proteção radiológica 32.4.13 Do Serviço de Medicina Nuclear
de cada período trabalhado; 32.4.13.1 As áreas supervisionadas e controladas de Serviço
d) funções associadas às fontes de radiação com as respectivas de Medicina Nuclear devem ter pisos e paredes impermeáveis que
áreas de trabalho, os riscos radiológicos a que está ou esteve expos- permitam sua descontaminação.
to, data de início e término da atividade com radiação, horários e 32.4.13.2 A sala de manipulação e armazenamento de fontes
períodos de ocupação; radioativas em uso deve:
e) tipos de dosímetros individuais utilizados; a) ser revestida com material impermeável que possibilite sua
f) registro de doses mensais e anuais (doze meses consecuti- descontaminação, devendo os pisos e paredes ser providos de can-
vos) recebidas e relatórios de investigação de doses; tos arredondados;
g) capacitações realizadas; b) possuir bancadas constituídas de material liso, de fácil des-
h) estimativas de incorporações; contaminação, recobertas com plástico e papel absorvente;
i) relatórios sobre exposições de emergência e de acidente; c) dispor de pia com cuba de, no mínimo, 40 cm de profun-
j) exposições ocupacionais anteriores a fonte de radiação. didade, e acionamento para abertura das torneiras sem controle
manual.
32.4.7.1 O registro individual dos trabalhadores deve ser man-
tido no local de trabalho e à disposição da inspeção do trabalho. 32.4.13.2.1 É obrigatória a instalação de sistemas exclusivos de
32.4.8 O prontuário clínico individual previsto pela NR-07 deve exaustão:
ser mantido atualizado e ser conservado por 30 (trinta) anos após o a) local, para manipulação de fontes não seladas voláteis;
término de sua ocupação. b) de área, para os serviços que realizem estudos de ventilação
32.4.9 Toda instalação radiativa deve possuir um serviço de
pulmonar.
proteção radiológica.
32.4.13.2.2 Nos locais onde são manipulados e armazenados
32.4.9.1 O serviço de proteção radiológica deve estar localiza-
materiais radioativos ou rejeitos, não é permitido:
do no mesmo ambiente da instalação radiativa e serem garantidas
a) aplicar cosméticos, alimentar-se, beber, fumar e repousar;
as condições de trabalho compatíveis com as atividades desenvolvi-
das, observando as normas da CNEN e da ANVISA. b) guardar alimentos, bebidas e bens pessoais.
32.4.9.2 O serviço de proteção radiológica deve possuir, de
acordo com o especificado no PPR, equipamentos para: 32.4.13.3 Os trabalhadores envolvidos na manipulação de ma-
a) monitoração individual dos trabalhadores e de área; teriais radioativos e marcação de fármacos devem usar os equipa-
b) proteção individual; mentos de proteção recomendados no PPRA e PPR.

34
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

32.4.13.4 Ao término da jornada de trabalho, deve ser realiza- 32.4.15.2 A cabine de comando deve ser posicionada de forma
da a monitoração das superfícies de acordo com o PPR, utilizando- a:
se monitor de contaminação. a) permitir ao operador, na posição de disparo, eficaz comuni-
32.4.13.5 Sempre que for interrompida a atividade de trabalho, cação e observação visual do paciente;
deve ser feita a monitoração das extremidades e de corpo inteiro b) permitir que o operador visualize a entrada de qualquer pes-
dos trabalhadores que manipulam radiofármacos. soa durante o procedimento radiológico.
32.4.13.6 O local destinado ao decaimento de rejeitos radioa-
tivos deve: 32.4.15.3 A sala de raios X deve dispor de:
a) ser localizado em área de acesso controlado; a) sinalização visível na face exterior das portas de acesso, con-
b) ser sinalizado; tendo o símbolo internacional de radiação ionizante, acompanhado
c) possuir blindagem adequada; das inscrições: “raios X, entrada restrita” ou “raios X, entrada proi-
d) ser constituído de compartimentos que possibilitem a segre- bida a pessoas não autorizadas”.
gação dos rejeitos por grupo de radionuclídeos com meia-vida física b) sinalização luminosa vermelha acima da face externa da por-
próxima e por estado físico. ta de acesso, acompanhada do seguinte aviso de advertência:
“Quando a luz vermelha estiver acesa, a entrada é proibida”. A
32.4.13.7 O quarto destinado à internação de paciente, para sinalização luminosa deve ser acionada durante os procedimentos
administração de radiofármacos, deve possuir: radiológicos.
a) blindagem;
b) paredes e pisos com cantos arredondados, revestidos de ma- 32.4.15.3.1 As portas de acesso das salas com equipamentos
teriais impermeáveis, que permitam sua descontaminação; de raios X fixos devem ser mantidas fechadas durante as exposi-
c) sanitário privativo; ções.
d) biombo blindado junto ao leito; 32.4.15.3.2 Não é permitida a instalação de mais de um equi-
e) sinalização externa da presença de radiação ionizante; pamento de raios X por sala.
f) acesso controlado. 32.4.15.4 A câmara escura deve dispor de:
a) sistema de exaustão de ar localizado;
32.4.14 Dos Serviços de Radioterapia 32.4.14.1 Os Serviços de b) pia com torneira.
Radioterapia devem adotar, no mínimo, os seguintes dispositivos
de segurança: 32.4.15.5 Todo equipamento de radiodiagnóstico médico deve
a) salas de tratamento possuindo portas com sistema de inter- possuir diafragma e colimador em condições de funcionamento
travamento, que previnam o acesso indevido de pessoas durante a para tomada radiográfica.
operação do equipamento; 32.4.15.6 Os equipamentos móveis devem ter um cabo dispa-
b) indicadores luminosos de equipamento em operação, loca- rador com um comprimento mínimo de 2 metros.
lizados na sala de tratamento e em seu acesso externo, em posição 32.4.15.7 Deverão permanecer no local do procedimento ra-
visível. diológico somente o paciente e a equipe necessária.
32.4.15.8 Os equipamentos de fluoroscopia devem possuir:
32.4.14.2 Da Braquiterapia a) sistema de intensificação de imagem com monitor de vídeo
32.4.14.2.1 Na sala de preparo e armazenamento de fontes é acoplado;
vedada a prática de qualquer atividade não relacionada com a pre- b) cortina ou saiote plumbífero inferior e lateral para proteção
paração das fontes seladas. do operador contra radiação espalhada;
32.4.14.2.2 Os recipientes utilizados para o transporte de fon- c) sistema para garantir que o feixe de radiação seja completa-
tes devem estar identificados com o símbolo de presença de radia- mente restrito à área do receptor de imagem;
ção e a atividade do radionuclídeo a ser deslocado. d) sistema de alarme indicador de um determinado nível de
32.4.14.2.3 No deslocamento de fontes para utilização em bra- dose ou exposição.
quiterapia deve ser observado o princípio da otimização, de modo a
expor o menor número possível de pessoas. 32.4.15.8.1 Caso o equipamento de fluoroscopia não possua o
32.4.14.2.4 Na capacitação dos trabalhadores para manipula- sistema de alarme citado, o mesmo deve ser instalado no ambiente.
ção de fontes seladas utilizadas em braquiterapia devem ser empre- 32.4.16 Dos Serviços de Radiodiagnóstico Odontológico 3
gados simuladores de fontes. 2.4.16.1 Na radiologia intra-oral:
32.4.14.2.5 O preparo manual de fontes utilizadas em braqui- a) todos os trabalhadores devem manter-se afastados do cabe-
terapia de baixa taxa de dose deve ser realizado em sala específica çote e do paciente a uma distância mínima de 2 metros;
com acesso controlado, somente sendo permitida a presença de b) nenhum trabalhador deve segurar o filme durante a expo-
pessoas diretamente envolvidas com esta atividade. sição;
32.4.14.2.6 O manuseio de fontes de baixa taxa de dose deve c) caso seja necessária a presença de trabalhador para assistir
ser realizado exclusivamente com a utilização de instrumentos e ao paciente, esse deve utilizar os EPIs.
com a proteção de anteparo plumbífero.
32.4.14.2.7 Após cada aplicação, as vestimentas de pacientes 32.4.16.2 Para os procedimentos com equipamentos de radio-
e as roupas de cama devem ser monitoradas para verificação da grafia extraoral deverão ser seguidos os mesmos requisitos do ra-
presença de fontes seladas. diodiagnóstico médico.
32.4.15 Dos serviços de radiodiagnóstico médico 32.5 Dos Resíduos
32.4.15.1 É obrigatório manter no local de trabalho e à dispo- 32.5.1 Cabe ao empregador capacitar, inicialmente e de forma
sição da inspeção do trabalho o Alvará de Funcionamento vigente continuada, os trabalhadores nos seguintes assuntos:
concedido pela autoridade sanitária local e o Programa de Garantia a) segregação, acondicionamento e transporte dos resíduos;
da Qualidade. b) definições, classificação e potencial de risco dos resíduos;

35
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

c) sistema de gerenciamento adotado internamente no esta- V -estar devidamente sinalizada e identificada.


belecimento;
d) formas de reduzir a geração de resíduos; 32.5.7 O transporte dos resíduos para a área de armazenamen-
e) conhecimento das responsabilidades e de tarefas; to externo deve atender aos seguintes requisitos:
f) reconhecimento dos símbolos de identificação das classes de a) ser feito através de carros constituídos de material rígido, la-
resíduos; vável, impermeável, provido de tampo articulado ao próprio corpo
g) conhecimento sobre a utilização dos veículos de coleta; do equipamento e cantos arredondados;
h) orientações quanto ao uso de Equipamentos de Proteção b) ser realizado em sentido único com roteiro definido em ho-
Individual - EPIs. rários não coincidentes com a distribuição de roupas, alimentos e
medicamentos, períodos de visita ou de maior fluxo de pessoas.
32.5.2 Os sacos plásticos utilizados no acondicionamento dos
resíduos de saúde devem atender ao disposto na NBR 9191 e ainda 32.5.7.1 Os recipientes de transporte com mais de 400 litros de
ser: capacidade devem possuir válvula de dreno no fundo.
a) preenchidos até 2/3 de sua capacidade; 32.5.8 Em todos os serviços de saúde deve existir local apro-
b) fechados de tal forma que não se permita o seu derrama- priado para o armazenamento externo dos resíduos, até que sejam
mento, mesmo que virados com a abertura para baixo; recolhidos pelo sistema de coleta externa.
c) retirados imediatamente do local de geração após o preen- 32.5.8.1 O local, além de atender às características descritas no
chimento e fechamento; item 32.5.6, deve ser dimensionado de forma a permitir a separa-
d) mantidos íntegros até o tratamento ou a disposição final do ção dos recipientes conforme o tipo de resíduo.
resíduo. 32.5.9 Os rejeitos radioativos devem ser tratados conforme dis-
posto na Resolução CNEN NE-6.05.
32.5.3 A segregação dos resíduos deve ser realizada no local 32.6 Das Condições de Conforto por Ocasião das Refeições
onde são gerados, devendo ser observado que: 32.6.1 Os refeitórios dos serviços de saúde devem atender ao
a) sejam utilizados recipientes que atendam as normas da disposto na NR-24.
ABNT, em número suficiente para o armazenamento; 32.6.2 Os estabelecimentos com até 300 trabalhadores devem
b) os recipientes estejam localizados próximos da fonte gera- ser dotados de locais para refeição, que atendam aos seguintes re-
dora; quisitos mínimos:
c) os recipientes sejam constituídos de material lavável, resis- a) localização fora da área do posto de trabalho;
tente à punctura, ruptura e vazamento, com tampa provida de sis- b) piso lavável;
tema de abertura sem contato manual, com cantos arredondados e c) limpeza, arejamento e boa iluminação;
que sejam resistentes ao tombamento; d) mesas e assentos dimensionados de acordo com o número
d) os recipientes sejam identificados e sinalizados segundo as de trabalhadores por intervalo de descanso e refeição;
normas da ABNT. e) lavatórios instalados nas proximidades ou no próprio local;
f) fornecimento de água potável;
32.5.3.1 Os recipientes existentes nas salas de cirurgia e de par-
g) possuir equipamento apropriado e seguro para aquecimento
to não necessitam de tampa para vedação.
de refeições.
32.5.3.2 Para os recipientes destinados a coleta de material
perfuro cortante, o limite máximo de enchimento deve estar locali-
32.6.3 Os lavatórios para higiene das mãos devem ser providos
zado 5 cm abaixo do bocal.
de papel toalha, sabonete líquido e lixeira com tampa, de aciona-
32.5.3.2.1 O recipiente para acondicionamento dos perfuro
mento por pedal.
cortantes deve ser mantido em suporte exclusivo e em altura que
32.7 Das Lavanderias
permita a visualização da abertura para descarte.
32.7.1 A lavanderia deve possuir duas áreas distintas, sendo
32.5.4 O transporte manual do recipiente de segregação deve
ser realizado de forma que não exista o contato do mesmo com uma considerada suja e outra limpa, devendo ocorrer na primeira
outras partes do corpo, sendo vedado o arrasto. o recebimento, classificação, pesagem e lavagem de roupas, e na
32.5.5 Sempre que o transporte do recipiente de segregação segunda a manipulação das roupas lavadas.
possa comprometer a segurança e a saúde do trabalhador, devem 32.7.2 Independente do porte da lavanderia, as máquinas de
ser utilizados meios técnicos apropriados, de modo a preservar a lavar devem ser de porta dupla ou de barreira, em que a roupa utili-
sua saúde e integridade física. zada é inserida pela porta situada na área suja, por um operador e,
32.5.6 A sala de armazenamento temporário dos recipientes de após lavada, retirada na área limpa, por outro operador.
transporte deve atender, no mínimo, às seguintes características: 32.7.2.1 A comunicação entre as duas áreas somente é permi-
I -ser dotada de: tida por meio de visores ou intercomunicadores.
pisos e paredes laváveis; 32.7.3 A calandra deve ter:
b) ralo sifonado; a) termômetro para cada câmara de aquecimento, indicando a
c) ponto de água; temperatura das calhas ou do cilindro aquecido;
d) ponto de luz; b) termostato;
e) ventilação adequada; c) dispositivo de proteção que impeça a inserção de segmentos
f) abertura dimensionada de forma a permitir a entrada dos corporais dos trabalhadores junto aos cilindros ou partes móveis
recipientes de transporte. da máquina.

II - ser mantida limpa e com controle de vetores; 32.7.4 As máquinas de lavar, centrífugas e secadoras devem ser
III - conter somente os recipientes de coleta, armazenamento dotadas de dispositivos eletromecânicos que interrompam seu fun-
ou transporte; cionamento quando da abertura de seus compartimentos.
IV - ser utilizada apenas para os fins a que se destina; 32.8 Da Limpeza e Conservação

36
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

32.8.1 Os trabalhadores que realizam a limpeza dos serviços 32.9.6 Os sistemas de climatização devem ser submetidos a
de saúde devem ser capacitados, inicialmente e de forma continu- procedimentos de manutenção preventiva e corretiva para preser-
ada, quanto aos princípios de higiene pessoal, risco biológico, risco vação da integridade e eficiência de todos os seus componentes.
químico, sinalização, rotulagem, EPI, EPC e procedimentos em situ- 32.9.6.1 O atendimento do disposto no item 32.9.6 não deso-
ações de emergência. briga o cumprimento da Portaria GM/MS nº 3.523 de 28/08/98 e
32.8.1.1 A comprovação da capacitação deve ser mantida no demais dispositivos legais pertinentes.
local de trabalho, à disposição da inspeção do trabalho. 32.10 Das Disposições Gerais
32.8.2 Para as atividades de limpeza e conservação, cabe ao 32.10.1 Os serviços de saúde devem:
empregador, no mínimo: a) atender as condições de conforto relativas aos níveis de ruí-
a) providenciar carro funcional destinado à guarda e transporte do previstas na NB 95 da ABNT;
dos materiais e produtos indispensáveis à realização das atividades; b) atender as condições de iluminação conforme NB 57 da
b) providenciar materiais e utensílios de limpeza que preser- ABNT;
vem a integridade física do trabalhador; c) atender as condições de conforto térmico previstas na RDC
c) proibir a varrição seca nas áreas internas; 50/02 da ANVISA;
d) proibir o uso de adornos. d) manter os ambientes de trabalho em condições de limpeza
e conservação.
32.8.3 As empresas de limpeza e conservação que atuam nos
serviços de saúde devem cumprir, no mínimo, o disposto nos itens 32.10.2 No processo de elaboração e implementação do PPRA
32.8.1 e 32.8.2. e do PCMSO devem ser consideradas as atividades desenvolvidas
32.9 Da Manutenção de Máquinas e Equipamentos pela Comissão de Controle de Infecção Hospitalar - CCIH do estabe-
32.9.1 Os trabalhadores que realizam a manutenção, além do lecimento ou comissão equivalente.
treinamento específico para sua atividade, devem também ser sub- 32.10.3 Antes da utilização de qualquer equipamento, os ope-
metidos a capacitação inicial e de forma continuada, com o objetivo radores devem ser capacitados quanto ao modo de operação e seus
de mantê-los familiarizados com os princípios de: riscos.
a) higiene pessoal; 32.10.4 Os manuais do fabricante de todos os equipamentos e
b) riscos biológico (precauções universais), físico e químico; máquinas, impressos em língua portuguesa, devem estar disponí-
c) sinalização; veis aos trabalhadores envolvidos.
d) rotulagem preventiva; 32.10.5 É vedada a utilização de material médico-hospitalar em
e) tipos de EPC e EPI, acessibilidade e seu uso correto. desacordo com as recomendações de uso e especificações técnicas
descritas em seu manual ou em sua embalagem.
32.9.1.1 As empresas que prestam assistência técnica e manu- 32.10.6 Em todo serviço de saúde deve existir um programa
de controle de animais sinantrópicos, o qual deve ser comprovado
tenção nos serviços de saúde devem cumprir o disposto no item
sempre que exigido pela inspeção do trabalho.
32.9.1.
32.10.7 As cozinhas devem ser dotadas de sistemas de exaus-
32.9.2 Todo equipamento deve ser submetido à prévia descon-
tão e outros equipamentos que reduzam a dispersão de gorduras e
taminação para realização de manutenção.
vapores, conforme estabelecido na NBR 14518.
32.9.2.1 Na manutenção dos equipamentos, quando a descon-
32.10.8 Os postos de trabalho devem ser organizados de forma
tinuidade de uso acarrete risco à vida do paciente, devem ser ado-
a evitar deslocamentos e esforços adicionais.
tados procedimentos de segurança visando a preservação da saúde
32.10.9 Em todos os postos de trabalho devem ser previstos
do trabalhador.
dispositivos seguros e com estabilidade, que permitam aos traba-
lhadores acessar locais altos sem esforço adicional.
32.9.3 As máquinas, equipamentos e ferramentas, inclusive 32.10.10 Nos procedimentos de movimentação e transporte de
aquelas utilizadas pelas equipes de manutenção, devem ser sub- pacientes deve ser privilegiado o uso de dispositivos que minimi-
metidos à inspeção prévia e às manutenções preventivas de acordo zem o esforço realizado pelos trabalhadores.
com as instruções dos fabricantes, com a norma técnica oficial e 32.10.11 O transporte de materiais que possa comprometer a
legislação vigentes. segurança e a saúde do trabalhador deve ser efetuado com auxílio
32.9.3.1 A inspeção e a manutenção devem ser registradas e de meios mecânicos ou eletromecânicos.
estar disponíveis aos trabalhadores envolvidos e à fiscalização do 32.10.12 Os trabalhadores dos serviços de saúde devem ser:
trabalho. a) capacitados para adotar mecânica corporal correta, na movi-
32.9.3.2 As empresas que prestam assistência técnica e manu- mentação de pacientes ou de materiais, de forma a preservar a sua
tenção nos serviços de saúde devem cumprir o disposto no item saúde e integridade física;
32.9.3. b) orientados nas medidas a serem tomadas diante de pacien-
32.9.3.3 O empregador deve estabelecer um cronograma de tes com distúrbios de comportamento.
manutenção preventiva do sistema de abastecimento de gases e
das capelas, devendo manter um registro individual da mesma, as- 32.10.13 O ambiente onde são realizados procedimentos que
sinado pelo profissional que a realizou. provoquem odores fétidos deve ser provido de sistema de exaustão
32.9.4 Os equipamentos e meios mecânicos utilizados para ou outro dispositivo que os minimizem.
transporte devem ser submetidos periodicamente à manutenção, 32.10.14 É vedado aos trabalhadores pipetar com a boca.
de forma a conservar os sistemas de rodízio em perfeito estado de 32.10.15 Todos os lavatórios e pias devem:
funcionamento. a) possuir torneiras ou comandos que dispensem o contato das
32.9.5 Os dispositivos de ajuste dos leitos devem ser submeti- mãos quando do fechamento da água;
dos à manutenção preventiva, assegurando a lubrificação perma- b) ser providos de sabão líquido e toalhas descartáveis para se-
nente, de forma a garantir sua operação sem sobrecarga para os cagem das mãos.
trabalhadores.

37
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

32.10.16 As edificações dos serviços de saúde devem atender Protocolos Básicos de Segurança do Paciente
ao disposto na RDC 50 de 21 de fevereiro de 2002 da ANVISA. Duas questões motivaram a OMS a eleger os protocolos de se-
32.11 Das Disposições Finais gurança do paciente: o pouco investimento necessário para a sua
32.11.1 A observância das disposições regulamentares cons- implantação e a magnitude dos erros e eventos adversos decorren-
tantes dessa Norma Regulamentadora - NR, não desobriga as em- tes da falta deles.
presas do cumprimento de outras disposições que, com relação à Os protocolos Básicos de Segurança do Paciente tem por ca-
matéria, sejam incluídas em códigos ou regulamentos sanitários racterística:
dos Estados, Municípios e do Distrito Federal, e outras oriundas de - Protocolos Sistêmicos;
convenções e acordos coletivos de trabalho, ou constantes nas de- - Protocolos Gerenciados;
mais NR e legislação federal pertinente à matéria. - Promovem a Melhoria da Comunicação;
32.11.2 Todos os atos normativos mencionados nesta NR, - Constituem instrumentos para construir uma prática assisten-
quando substituídos ou atualizados por novos atos, terão a refe- cial segura;
rência automaticamente atualizada em relação ao ato de origem. - Oportunizam a vivência do trabalho em equipes;
32.11.3 Ficam criadas a Comissão Tripartite Permanente Nacio- - Gerenciamento de riscos.
nal da NR-32, denominada CTPN da NR-32, e as Comissões Tripar-
tites Permanentes Regionais da NR-32, no âmbito das Unidades da Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP)
Federação, denominadas CTPR da NR-32. O Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP) foi
32.11.3.1 As dúvidas e dificuldades encontradas durante a im- criado para contribuir para a qualificação do cuidado em saúde em
plantação e o desenvolvimento continuado desta NR deverão ser todos os estabelecimentos de saúde do território nacional. A Segu-
encaminhadas à CTPN. rança do Paciente é um dos seis atributos da qualidade do cuidado
32.11.4 A responsabilidade é solidária entre contratantes e e tem adquirido, em todo o mundo, grande importância para os pa-
contratados quanto ao cumprimento desta NR. cientes, famílias, gestores e profissionais de saúde com a finalidade
de oferecer uma assistência segura.

SEGURANÇA DO PACIENTE NOS SERVIÇOS DE SAÚDE PORTARIA Nº 529, DE 1º DE ABRIL DE 2013

Institui o Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP).


Segurança do paciente
O Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP), insti- O MINISTRO DE ESTADO DA SAÚDE, no uso das atribuições que
tuído pela Portaria GM/MS nº 529/2013, objetiva contribuir para a lhe conferem os incisos I e II do parágrafo único do art. 87 da Cons-
qualificação do cuidado em saúde em todos os estabelecimentos de tituição, e
saúde do território nacional.
A Segurança do Paciente é um dos seis atributos da qualidade Considerando o art. 15, inciso XI, da Lei nº 8.080, de 19 de se-
do cuidado, e tem adquirido, em todo o mundo, grande importân-
tembro de 1990 (Lei Orgânica da Saúde), que dispõe sobre a atri-
cia para os pacientes, famílias, gestores e profissionais de saúde
buição da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
com a finalidade de oferecer uma assistência segura.
de exercer, em seu âmbito administrativo, a elaboração de normas
Os incidentes associados ao cuidado de saúde, e em particular
para regular as atividades de serviços privados de saúde, tendo em
os eventos adversos (incidentes com danos ao paciente), represen-
vista a sua relevância pública;
tam uma elevada morbidade e mortalidade nos sistemas de saúde.
Considerando o art. 16, inciso III, alínea “d”, da Lei Orgânica da
A Organização Mundial de Saúde (OMS) demonstrando preocupa-
Saúde, que confere à direção nacional do Sistema Único de Saúde
ção com a situação, criou a World Alliance for Patient Safety( Alian-
(SUS) a competência para definir e coordenar o sistema de vigilân-
ça Mundial pela Segurança do Paciente) que tem como objetivos
organizar os conceitos e as definições sobre segurança do paciente cia sanitária;
e propor medidas para reduzir os riscos e diminuir os eventos ad- Considerando o art. 16, inciso XII, da Lei Orgânica da Saúde,
versos. que confere à direção nacional do Sistema Único de Saúde (SUS) a
As ações do PNSP articulam-se com os objetivos da Aliança competência para controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e
Mundial e comtemplam demais políticas de saúde para somar es- substâncias de interesse para a saúde;
forços aos cuidados em redes de atenção à saúde. Considerando o art. 16, inciso XVII, da Lei Orgânica da Saúde,
que confere à direção nacional do Sistema Único de Saúde (SUS)
A RDC/Anvisa nº 36/2013 institui ações para a segurança do a competência para acompanhar, controlar e avaliar as ações e os
paciente em serviços de saúde e dá outras providências. Esta nor- serviços de saúde, respeitadas as competências estaduais e muni-
mativa regulamenta aspectos da segurança do paciente como a im- cipais;
plantação dos Núcleos de Segurança do Paciente, a obrigatoriedade Considerando o art. 2º, § 1º, inciso I, da Lei nº 9.782, de 26 de
da notificação dos eventos adversos e a elaboração do Plano de Se- janeiro de 1999, que confere ao Ministério da Saúde a competência
gurança do Paciente. para formular, acompanhar e avaliar a política nacional de vigilân-
Os protocolos básicos de segurança do paciente são instru- cia sanitária e as diretrizes gerais do Sistema Nacional de Vigilância
mentos para implantação das ações em segurança do paciente. A Sanitária;
Portaria GM/MS nº 1.377, de 9 de julho de 2013 e a Portaria nº Considerando o art. 8º, § 6º, da Lei nº 9.782, de 26 de janeiro
2.095, de 24 de setembro de 2013 aprovam os protocolos básicos de 1999, que confere ao Ministério da Saúde a competência para
de segurança do paciente. determinar a realização de ações previstas nas competências da
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), em casos especí-
ficos e que impliquem risco à saúde da população;
Considerando a relevância e magnitude que os Eventos Adver-
sos (EA) têm em nosso país;

38
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Considerando a prioridade dada à segurança do paciente em e) cultura que proporciona recursos, estrutura e responsabili-
serviços de saúde na agenda política dos Estados-Membros da Or- zação para a manutenção efetiva da segurança; e
ganização Mundial da Saúde (OMS) e na Resolução aprovada duran- VI - gestão de risco: aplicação sistêmica e contínua de iniciati-
te a 57a Assembleia Mundial da Saúde, que recomendou aos países vas, procedimentos, condutas e recursos na avaliação e controle de
atenção ao tema “Segurança do Paciente”; riscos e eventos adversos que afetam a segurança, a saúde humana,
Considerando a importância do trabalho integrado entre os a integridade profissional, o meio ambiente e a imagem institucio-
gestores do SUS, os Conselhos Profissionais na área da Saúde e as nal.
Instituições de Ensino e Pesquisa sobre a Segurança do Paciente Art. 5º Constituem-se estratégias de implementação do PNSP:
com enfoque multidisciplinar; I - elaboração e apoio à implementação de protocolos, guias e
Considerando que a gestão de riscos voltada para a qualidade manuais de segurança do paciente;
e segurança do paciente englobam princípios e diretrizes, tais como II - promoção de processos de capacitação de gerentes, profis-
a criação de cultura de segurança; a execução sistemática e estru- sionais e equipes de saúde em segurança do paciente;
turada dos processos de gerenciamento de risco; a integração com III - inclusão, nos processos de contratualização e avaliação de
todos processos de cuidado e articulação com os processos organi- serviços, de metas, indicadores e padrões de conformidade relati-
zacionais do serviços de saúde; as melhores evidências disponíveis; vosà segurança do paciente;
a transparência, a inclusão, a responsabilização e a sensibilização e IV - implementação de campanha de comunicação social sobre
capacidade de reagir a mudanças; e segurança do paciente, voltada aos profissionais, gestores e usuá-
Considerando a necessidade de se desenvolver estratégias, rios de saúde e sociedade;
produtos e ações direcionadas aos gestores, profissionais e usuá- V - implementação de sistemática de vigilância e monitoramen-
rios da saúde sobre segurança do paciente, que possibilitem a pro- to de incidentes na assistência à saúde, com garantia de retorno às
moção da mitigação da ocorrência de evento adverso na atenção à unidades notificantes;
saúde, resolve: VI - promoção da cultura de segurança com ênfase no aprendi-
Art. 1º Fica instituído o Programa Nacional de Segurança do zado e aprimoramento organizacional, engajamento dos profissio-
Paciente (PNSP). nais e dos pacientes na prevenção de incidentes, com ênfase em
Art. 2º O PNSP tem por objetivo geral contribuir para a qua- sistemas seguros, evitando-se os processos de responsabilização
lificação do cuidado em saúde em todos os estabelecimentos de individual; e
saúde do território nacional. VII - articulação, com o Ministério da Educação e com o Con-
Art. 3º Constituem-se objetivos específicos do PNSP: selho Nacional de Educação, para inclusão do tema segurança do
I - promover e apoiar a implementação de iniciativas voltadasà paciente nos currículos dos cursos de formação em saúde de nível
segurança do paciente em diferentes áreas da atenção, organização técnico, superior e de pós-graduação.
e gestão de serviços de saúde, por meio da implantação da gestão Art. 6º Fica instituído, no âmbito do Ministério da Saúde, Co-
de risco e de Núcleos de Segurança do Paciente nos estabelecimen- mitê de Implementação do Programa Nacional de Segurança do
tos de saúde; Paciente (CIPNSP), instância colegiada, de caráter consultivo, com
II - envolver os pacientes e familiares nas ações de segurança a finalidade de promover ações que visem à melhoria da segurança
do paciente; do cuidado em saúde através de processo de construção consensu-
III - ampliar o acesso da sociedade às informações relativasà al entre os diversos atores que dele participam.
segurança do paciente; Art. 7º Compete ao CIPNSP:
IV - produzir, sistematizar e difundir conhecimentos sobre se- I - propor e validar protocolos, guias e manuais voltados à segu-
gurança do paciente; e rança do paciente em diferentes áreas, tais como:
V - fomentar a inclusão do tema segurança do paciente no ensi- a) infecções relacionadas à assistência à saúde;
no técnico e de graduação e pós-graduação na área da saúde. b) procedimentos cirúrgicos e de anestesiologia;
Art. 4º Para fins desta Portaria, são adotadas as seguintes de- c) prescrição, transcrição, dispensação e administração de me-
finições: dicamentos, sangue e hemoderivados;
I - Segurança do Paciente: redução, a um mínimo aceitável, do d) processos de identificação de pacientes;
risco de dano desnecessário associado ao cuidado de saúde; e) comunicação no ambiente dos serviços de saúde;
II - dano: comprometimento da estrutura ou função do corpo f) prevenção de quedas;
e/ou qualquer efeito dele oriundo, incluindo-se doenças, lesão, so- g) úlceras por pressão;
frimento, morte, incapacidade ou disfunção, podendo, assim, ser h) transferência de pacientes entre pontos de cuidado; e
físico, social ou psicológico; i) uso seguro de equipamentos e materiais;
III - incidente: evento ou circunstância que poderia ter resulta- II - aprovar o Documento de Referência do PNSP;
do, ou resultou, em dano desnecessário ao paciente; III - incentivar e difundir inovações técnicas e operacionais que
IV - Evento adverso: incidente que resulta em dano ao paciente; visem à segurança do paciente;
V - Cultura de Segurança: configura-se a partir de cinco caracte- IV - propor e validar projetos de capacitação em Segurança do
rísticas operacionalizadas pela gestão de segurança da organização: Paciente;
a) cultura na qual todos os trabalhadores, incluindo profissio- V - analisar quadrimestralmente os dados do Sistema de Moni-
nais envolvidos no cuidado e gestores, assumem responsabilidade toramento incidentes no cuidado de saúde e propor ações de me-
pela sua própria segurança, pela segurança de seus colegas, pacien- lhoria;
tes e familiares; VI - recomendar estudos e pesquisas relacionados à segurança
b) cultura que prioriza a segurança acima de metas financeiras do paciente;
e operacionais; VII - avaliar periodicamente o desempenho do PNSP; e
c) cultura que encoraja e recompensa a identificação, a notifi- VIII elaborar seu regimento interno e submetê-lo à aprovação
cação e a resolução dos problemas relacionados à segurança; do Ministro de Estado da Saúde.
d) cultura que, a partir da ocorrência de incidentes, promove o Art. 8º O CIPNSP instituições é composto por representantes,
aprendizado organizacional; e titular e suplentes, dos seguintes órgãos e entidades:

39
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

I - do Ministério da Saúde:
a) um da Secretaria-Executiva (SE/MS);
b) um da Secretaria de Atenção à Saúde (SAS/MS);
c) um da Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES/MS);
d) um da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS/MS); e
e) um da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos (SCTIE/MS);
II - um da Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ);
III - um da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA);
IV - um da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS);
V - um do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS);
VI - um do Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (CONASEMS);
VII - um do Conselho Federal de Medicina (CFM);
VIII - um do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN);
IX - um do Conselho Federal de Odontologia (CFO);
X - um do Conselho Federal de Farmácia (CFF);
XI - um da Organização Pan Americana de Saúde (OPAS); e
XII - três de Instituições Superiores de Ensino e Pesquisa com notório saber no tema Segurança do Paciente.
§ 1º A coordenação do CIPNSP será realizada pela ANVISA, que fornecerá em conjunto com a SAS/MS e a FIOCRUZ os apoios técnico
e administrativo necessários para o seu funcionamento.
§ 2º A participação das entidades de que tratam os incisos V a XII do “caput” será formalizada após resposta a convite a eles encami-
nhado pela Coordenação do CIPNSP, com indicação dos seus respectivos representantes.
§ 3° Os representantes titulares e os respectivos suplentes serão indicados pelos dirigentes dos respectivos órgãos e entidades à Co-
ordenação do CIPNSP no prazo de 10 (dez) dias a contar da data da data de publicação desta Portaria.
§ 4º O CIPNSP poderá convocar representantes de órgãos e entidades, públicas e privadas, além de especialistas nos assuntos relacio-
nados às suas atividades, quando entender necessário para o cumprimento dos objetivos previstos nesta Portaria.
§ 5º O CIPNSP poderá instituir grupos de trabalho para a execução de atividades específicas que entender necessárias para o cumpri-
mento do disposto nesta Portaria.
Art. 9º As funções dos membros do CIPNSP não serão remuneradas e seu exercício será considerado de relevante interesse público.
Art. 10. O Ministério da Saúde instituirá incentivos financeiros para a execução de ações e atividades no âmbito do PNSP, conforme
normatização específica, mediante prévia pactuação na Comissão Intergestores Tripartite (CIT).
Art. 11. Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.

Diretrizes e metas internacionais para a segurança do paciente

META 1 - IDENTIFICAÇÃO CORRETA DO PACIENTE

O que é ?
A identificação correta do paciente é um dos primeiros cuidados para uma assistência segura. Essa ação é o ponto de partida para a
correta execução das diversas etapas de segurança em nossa instituição.
O processo de identificação do paciente deve ser capaz de identificar corretamente o indivíduo como sendo a pessoa para a qual se
destina o serviço (medicamentos, sangue ou hemoderivados, exames, cirurgias e tratamentos).
Nosso processo de identificação do paciente inclui três informações distintas utilizadas para identificação do paciente antes de cada
ação assistencial: número de prontuário/atendimento, nome completo e data de nascimento, afim de garantir que o cuidado seja realizado
no indivíduo certo.

40
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

A identificação acontece no momento da admissão (internação META 4 - CIRURGIA SEGURA


e Pronto Atendimento), por meio de pulseira de identificação de
coloração branca. O que é ?
O conceito de cirurgia segura envolve medidas adotadas para
O que fazer para melhorar esse processo ? redução do risco de eventos adversos que podem acontecer antes,
- Para garantir a segurança do cuidado, é importante: durante e depois das cirurgias. Eventos adversos cirúrgicos são inci-
- Manter a pulseira de identificação até a alta. dentes que resultam em dano ao paciente.
- Verificar se as informações estão corretas e legíveis. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estabeleceu um pro-
- Certifique-se de que a equipe assistencial faça a conferência grama para garantir a segurança em cirurgias que consiste na ve-
de sua identificação antes de qualquer atendimento. rificação de itens essenciais do processo cirúrgico. O objetivo é
- Envolver o paciente no processo de cuidado, esclarecendo to- garantir que o procedimento seja realizado conforme o planejado,
das as suas dúvidas. Isso pode evitar falhas. atendendo aos cinco certos:
- Paciente.
Importante: o número do quarto não pode ser utilizado para - Procedimento.
identificar o paciente apenas como localizador. - Lateralidade (lado a ser operado, quando aplicável).
Posicionamento.
META 2 - COMUNICAÇÃO EFETIVA - Equipamentos.

MELHORAR A COMUNICAÇÃO ENTRE OS PROFISSIONAIS DE Importante: Fazemos também a checagem de segurança nosso
SAÚDE check-list cirúrgico ou time out, um conjunto de ações que envolve
O que é ? todas as fases o procedimento cirúrgico.
A segurança da assistência depende de uma comunicação en-
tre os colaboradores. A instituição padronizou como, por quem O que fazer para melhorar esse processo?
e para quem são transmitidas as informações acerca do paciente - Nas cirurgias que envolvem lateralidade, o médico marcará o
(prescrições verbais, resultados de exames críticos e transição de local correto no corpo do paciente antes que este seja encaminha-
cuidados), bem como a forma de registro dessas informações, de do ao centro cirúrgico.
maneira que ocorra de forma clara e oportuna, sem ambiguidades, - Fique atento à realização desse passo:
com a certeza da correta compreensão por parte do receptor da - confirmação dos dados da pulseira com o prontuário.
informação. - checagem da identificação do paciente e o procedimento ci-
rúrgico.
Importante: Esta informação deverá ser registrada em prontu- - Envolver o paciente no processo de cuidado, esclarecendo to-
ário. das as suas dúvidas. Isso pode evitar falhas.

O que fazer para melhorar esse processo ? META 5 - REDUZIR O RISCO DE INFECÇÃO ASSOCIADO AO CUI-
- Registrar as informações do paciente no prontuário, que é um DADO
documento legal e contém todas as informações do processo assis-
tencial, desde a admissão até a alta. O que é?
- Envolver o paciente no processo de cuidado, esclarecendo to- A infecção relacionada à assistência à saúde (IRAS) é aquela ad-
das as suas dúvidas. Isso pode evitar falhas. quirida em função dos procedimentos necessários à monitorização
e ao tratamento de pacientes em hospitais, ambulatórios, centros
META 3 - MELHORAR A SEGURANÇA DOS MEDICAMENTOS diagnósticos ou mesmo em assistência domiciliar (home care).
O que é ?​ Mesmo quando se adotam todas as medidas conhecidas para
prevenção e controle de IRAS, certos grupos apresentam maior ris-
As práticas para melhorar da segurança de medicamentos no co de desenvolver uma infecção. Entre esses casos estão os pacien-
CHAS envolvem a padronizar procedimentos para garantir a se- tes em extremos de idade, pessoas com diabetes, câncer, em tra-
gurança de armazenamento, movimentação e utilização de medi- tamento ou com doenças imunossupressoras, com lesões extensas
camentos de alto risco e que possuem nome, grafia e aparência de pele, submetidas a cirurgias de grande porte ou transplantes,
semelhantes, prevenindo a ocorrência de uma administração inad- obesas e fumantes.
vertida.
O que você pode fazer para melhorar esse processo?
O que fazer para melhorar esse processo? - Disponibilizar preparação alcoólica em lugares estratégicos do
- A segurança no uso de medicamentos inclui a checagem da hospital.
identificação do paciente com a prescrição médica. - Orientar acompanhantes e/ou familiares da importância da
- Fique atento à realização desse passo: confirmação dos dados antissepsia das mão.
da pulseira com o prontuário. - Treinar incansavelmente toda equipe multiprofissional.
- Envolver o paciente no processo de cuidado, esclarecendo to- - Envolver o paciente no processo de cuidado, esclarecendo to-
das as suas dúvidas. Isso pode evitar falhas. das as suas dúvidas. Isso pode evitar falhas.

41
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

META 6 - REDUZIR O RISCO DE DANOS AOS PACIENTES RESUL- processos sociais” que ocorrem de maneira imprevisível, vulnerável
TANTE DE QUEDAS e incerta e que vão interferindo no cuidado com a vida e com a
suas demandas de saúde (LEÓN, 2005, p. 17). Tendo essas questões
O que é a avaliação de risco de queda? no nosso horizonte, a ênfase dada às discussões produzidas nesse
Como medida de segurança, o centro Hospitalar Albert Sabin- documento focará no grupo populacional denominado de Adoles-
-CHAS implantou o protocolo de queda no intuito de identificar o cências, que vive o ciclo etário entre os 10 a 19 anos. Portanto, as
risco de queda dos seus pacientes e agir preventivamente, evitando diferenças e as multiplicidades existentes nesta população devem
esse tipo de evento e eventuais lesões causadas por ele. ser orientação para a acolhida, o cuidado e a atenção integral aos
O protocolo de prevenção de quedas do CHAS inclui a identi- adolescentes que acessam a atenção básica na política pública de
ficação de pacientes com risco – em função das condições clínicas, saúde. O art. 11 do Estatuto da Criança e do Adolescente assegura
dos medicamentos prescritos e dos tratamentos – e a adoção de o atendimento integral à saúde da criança e do adolescente, por
medidas preventivas, conforme esse risco. intermédio do Sistema Único de Saúde, garantindo o acesso univer-
A avaliação do risco é realizada a partir da admissão, com base sal e igualitário às ações e aos serviços para promoção, proteção e
nas condições clínicas e necessidades do paciente. Todos os pacien- recuperação da saúde. A partir da atenção integral à saúde pode-se
tes são orientados quanto aos riscos e às medidas de prevenção. intervir de forma satisfatória na implementação de um elenco de
Além disso, o nosso ambiente hospitalar está sendo adequado para direitos, aperfeiçoando as políticas de atenção a essa população.
diminuir o risco das quedas relacionadas a estrutura física e mobili- Uma estratégia de sucesso tem sido a utilização da Caderneta de
ário, o que inclui o quarto e o banheiro do paciente. Saúde de Adolescente, masculina e feminina, que contém informa-
ções a respeito do crescimento e desenvolvimento, da alimentação
O que você pode fazer para melhorar o processo de preven- saudável, da prevenção de violências e promoção da cultura de paz,
ção de quedas? da saúde bucal e da saúde sexual e saúde reprodutiva desse gru-
- Avaliar, no momento da admissão, o risco de queda do pa- po populacional. Traz ainda método e espaço para o registro an-
ciente (pacientes internados, pacientes no serviço de emergência e tropométrico e dos estágios de maturação sexual, das intervenções
pacientes externos) odontológicas e o calendário vacinal. Profissionais de saúde, educa-
- Uma vez identificado o risco de queda, orientar pacientes e dores, familiares e os próprios adolescentes encontram nesse ins-
familiares sobre as medidas preventivas individuais, e entregar ma- trumento um facilitador para a abordagem dos temas de interesse
terial educativo específico das pessoas jovens e que são, ao mesmo tempo, importantes para
- Pacientes e acompanhantes devem seguir as orientações da- a promoção da saúde e do autocuidado. Os profissionais de saúde
das pela equipe multiprofissional. devem usar a Caderneta como instrumento de apoio à consulta,
- Identificação todo paciente com riscos para queda. registrando os dados relevantes para o acompanhamento dos ado-
- Retirar todos objetos ou mobiliário que possa levar a uma lescentes na Atenção Básica.
queda e evitar uso de tapetes na instituição. Entre as forças que podem participar da rede de apoio das
- Colocar sinalização visual para identificação de risco de que- famílias, crianças e adolescentes tem fundamental importância a
da, a fim de alertar toda equipe de cuidado. Rede de Atenção Primária em Saúde.
- Envolver o paciente no processo de cuidado, esclarecendo to- Em situações de conflito no ambiente familiar, escolar e, até
das as suas dúvidas. Isso pode evitar falhas. mesmo, comunitário (outros níveis de atenção à saúde, conselhos
- Notificar imediatamente ao Núcleo de Segurança do Paciente tutelares, vara da infância e da adolescência etc.), a rede de atenção
caso ocorra um evento de queda. básica quase sempre é a primeira porta de entrada para a busca
de uma compreensão, seja do comportamento, de um sintoma ou
de uma necessidade de orientação específica (anticoncepção, uso
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM À MULHER, À CRIAN- de substância psicoativa, violência doméstica ou sexual etc.). Nem
ÇA, AO ADOLESCENTE, AO HOMEM, A PESSOA IDOSA sempre é o(a) adolescente que procura a Unidade Básica de Saúde.
E PORTADORES DE TRANSTORNO MENTAIS E/OU EM Com muita frequência, a família é a primeira a demandar atenção.
ABUSO E DEPENDÊNCIA DE SUBSTÂNCIAS PSICOATI- Em outras situações, são as escolas e os órgãos de proteção
VAS, EM TRATAMENTO CLÍNICO E CIRÚRGICO da criança e do adolescente, ou até mesmo agentes de saúde, que
encaminham a demanda. O primeiro desafio para a Atenção Básica
ir além da demanda referenciada é o trabalho interno com a equi-
Saúde da Criança e Adolescente pe, conscientizando que o acolhimento de adolescentes e jovens é
A população adolescente e jovem vive uma condição social que tarefa de todos os profissionais: da recepção à dispensação de me-
é única: uma mesma geração, num mesmo momento social, econô- dicamentos, do agente comunitário de saúde ao técnico de Enfer-
mico, político e cultural do seu país e do mundo. Ou seja, a modali- magem, do dentista aos demais profissionais de saúde com forma-
dade de ser adolescente e jovem depende da idade, da geração, da ção universitária. À gerência destes serviços, cabe o planejamento
moratória vital, da classe social e dos marcos institucionais e de gê- com a equipe e o acompanhamento das ações ofertadas, da gestão
nero presentes em dado contexto histórico e cultural (MARGULIS; do cuidado ofertado e da articulação da linha de cuidado interna
URRESTI, 1996; ABRAMO, 2005). Nesse sentido, a atenção integral e externa na Rede de Atenção à Saúde e na rede intersetorial de
à saúde dos adolescentes e jovens apresenta-se como um desafio, assistência.
por tratar-se de um grupo social em fase de grandes e importan- Destaca-se que a assistência ao adolescente começa na assis-
tes transformações psicobiológicas articuladas a um envolvimen- tência à criança e sua família. É no atendimento desta faixa etária
to social e ao redimensionamento da sua identidade e dos novos que podemos detectar e problematizar questões como: o estilo
papéis sociais que vão assumindo (AYRES; FRANÇA JÚNIOR, 1996). parental de cuidado, o monitoramento do desenvolvimento e do
Os universos plurais e múltiplos que representam adolescentes e cuidado tanto no período escolar como no período complementar,
jovens intervêm diretamente no modo como eles traçam as suas os serviços e órgãos de apoio de outros setores e as situações de es-
trajetórias de vida. Essas trajetórias bem-sucedidas ou fracassadas tresse e adversidades que podem comprometer o desenvolvimento
são mais que histórias de vida, são “reflexo das estruturas e dos etc.

42
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Além do atendimento de todas as referidas demandas, o traba- gia armazenada em um corpo deformado por um impacto seja de-
lho com as escolas e com a rede de assistência social é fundamental volvida quando cessa a tensão causadora, possibilitando ao corpo
para ampliar a procura direta do adolescente pelo serviço de Aten- readquirir sua forma inicial sem desestruturar-se. Frederick Flach,
ção Básica. psiquiatra norte-americano, estudioso dos mecanismos de produ-
Parcerias em projetos de Educação e Saúde nas escolas, como ção e superação do estresse, passa a empregar o termo resiliência
proposto pelo Programa de Saúde na Escola do Ministério da Saúde com o significado acima em suas investigações nos anos 70. Suas
(PSE/MS), qualificação das reuniões intersetoriais para acompanha- pesquisas partiram da observação de que as pessoas superam ad-
mento de situações de maior vulnerabilidade e parcerias com pro- versidades semelhantes de forma muito diferente. Passou então a
jetos de Secretarias de Cultura, Esporte e Lazer dos municípios são tentar identificar quais seriam as forças internas que aqueles que
fundamentais neste sentido. A oferta de grupos de encontro para superavam suas adversidades, sem prejuízos significativos para sua
adolescentes e familiares que cuidam de adolescentes e jovens é personalidade, tinham e que não eram identificadas nas pessoas
uma boa estratégia que deve ser estimulada pelos profissionais de que não conseguiam superar satisfatoriamente eventos semelhan-
saúde e entrar no rol de ações ofertadas no planejamento à atenção tes.
a adolescentes e jovens. Além disso, a leitura de vulnerabilidade e Identificou uma série de características na personalidade resi-
resiliência, como proposto em capítulo específico deste documen- liente que são significativas:
to, também deve ser uma prática constante, que propiciaria a iden- • Criatividade, reconhecimento e desenvolvimento de seus
tificação das situações que merecerão maior atenção e projetos te- próprios talentos.
rapêuticos singulares e familiares para complementar a assistência • Um forte e flexível sentido de autoestima.
prestada. • Independência de pensamento e ação.
Promoção de saúde e prevenção de agravos É importante dar • A habilidade de dar e receber nas relações com os outros, e
ao jovem a oportunidade dele fazer por ele mesmo. Desenvolver o um bem estabelecido círculo de amigos pessoais, que inclua alguns
protagonismo juvenil engajando-o em projetos que ele mesmo crie, amigos mais íntimos e que podem ser seus confidentes.
assuma e administre. Dar-lhe autonomia, apoio e aprovação. Usar • Disciplina pessoal e um sentido de responsabilidade.
seu potencial de energia em atividades comunitárias que propiciem • Receptividade a novas ideias
autoconhecimento e altruísmo. Devem-se criar oportunidades de • Disposição para sonhar e grande variedade de interesses.
esporte, lazer e cultura. Usar os espaços físicos disponíveis, para • Senso de humor alegre.
que eles não sejam apenas expectadores, mas também atores. • Percepção de seus sentimentos e dos sentimentos dos outros
Isso pode ser feito dentro do plano de aula escolar ou apenas e capacidade de comunicá-los de forma adequada.
usando o espaço da escola, do clube e praças em horário extracurri- • Compromisso com a vida e um contexto filosófico no qual as
cular. Para incentivar os adolescentes e jovens a participar das ativi- experiências pessoais possam ser interpretadas com significados e
dades de promoção de saúde, é interessante a organização de gin- esperança, até mesmo nos momentos mais desalentadores da vida.
canas, competições e jogos cujos desafios principais sejam a ênfase Seria impossível esperar de uma pessoa todas estas características
na ecologia, alimentação natural, saúde, valores éticos e morais. de personalidade. Ninguém é perfeito e muito menos invulnerável.
Outra proposta seria a promoção de eventos festivos de acordo com No entanto, uma composição dessas características é fundamen-
a cultura local, desenvolvendo temas sugeridos pelo público-alvo, tal para se perseverar na existência. Em alguma intensidade, essas
bem como a criação de oficinas terapêuticas, onde o adolescente características estão presentes em todos, não de forma inata, mas
possa criar vídeos, jornais, arte por intermédio da informática, mo- podendo ser desenvolvidas em maior ou menor intensidade na in-
delagem, escultura, música, dança, desenhos, dramatizações, en- teração das pessoas umas com as outras. Esta interação inicia-se,
na maioria das vezes, no interior da família, prossegue na escola,
tre outras. Estar atento ao que eles hoje valorizam e apoiá-los em
depois no trabalho, na comunidade etc. Ou seja, podem-se identi-
suas iniciativas. Ademais, é importante incentivar a construção de
ficar, também, elementos de resiliência nas instituições humanas.
um projeto de vida próximo de seus ideais; orientar sobre a busca
E, se estivermos atentos na identificação destes elementos, iremos
de oportunidades de emprego e promover o resgate da cidadania,
detectar padrões diferentes de resiliência nas famílias, nas institui-
onde o conceito de adolescer não seja entendido como aborrecer,
ções, nas organizações e na comunidade. Mangham e colaborado-
mas respeitá-los e fazer que se respeitem. Em suma, trabalhar essas
res (1996) identificam como elementos chaves da resiliência fami-
questões na atenção à saúde dos adolescentes e jovens difere da
liar, de equipes e de outros arranjos grupais:
assistência clínica individual e da simples informação ou repressão.
• Estabilidade: entendida como resistência à ruptura interna e
O modelo a ser desenvolvido deve permitir uma discussão sobre senso de permanência.
as razões da adoção de um comportamento preventivo e o desen- • Coesão: senso de afeto mútuo, companheirismo e segurança.
volvimento de habilidades que permitam a resistência às pressões • Adaptabilidade: habilidade coletiva para adaptar-se às mu-
externas, a expressão de sentimentos, as opiniões, as dúvidas, as danças e continuar funcionando a despeito de condições adversas.
inseguranças, os medos e os preconceitos. A proposta é reforçar as • Repertório de estratégias e atitudes para superar situações
condições internas de cada sujeito para o enfrentamento e resolu- estressantes.
ção de problemas e dificuldades do dia a dia • Redes de suporte para estender as capacidades da família ou
dos grupos por meio de outros familiares, amigos, vizinhos, compa-
Vulnerabilidade nheiros de trabalho, outros grupos etc.
O conjunto de forças psicológicas e biológicas exigidas para que
uma pessoa, ou um grupo de pessoas, supere com sucesso seus Durante o processo de atendimento, a equipe pode ir cons-
percalços, situações adversas ou situações estressantes, que mo- truindo com o(a) adolescente uma leitura de sua resiliência e de
dificam muito a vida das pessoas, tem sido chamado de resiliência. sua vulnerabilidade, que poderá propiciar estratégias de cuidado
Esta palavra foi emprestada da Física para a Psicologia em meados singularizadas. Daí a importância de se conhecer as demais políticas
dos anos 70. Na década de 90, passa a integrar o discurso da Saú- desenvolvidas para adolescentes e jovens pela Educação, Assistên-
de Coletiva e da Assistência Social. Na Física e na Engenharia de cia Social, Cultura, Esportes, Conselho de Direitos etc. 42 Proteger e
materiais, significa uma propriedade da matéria pela qual a ener- cuidar da saúde de adolescentes na atenção básica .

43
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Crescimento e Desenvolvimento puberdade, a velocidade de crescimento ponderal acompanha a do


A adolescência é marcada por um complexo processo de cres- crescimento em altura, com a incorporação final de 50% do peso
cimento e desenvolvimento biopsicossocial. Embora já mencionado do adulto.
em outro capítulo deste documento, vale relembrar que, seguindo
a Organização Mundial da Saúde, o Ministério da Saúde considera Idade óssea
que a adolescência compreende a segunda década da vida (10 a 20 A idade óssea ou esquelética corresponde às alterações evo-
anos incompletos) e a juventude estende-se dos 15 aos 24 anos. lutivas da maturação óssea, que acompanham a idade cronológica
Já o Estatuto da Criança e do Adolescente considera adolescência no processo de crescimento, sendo considerada como um indica-
a faixa etária de 12 a 18 anos. Por outro lado, o Estatuto da Juven- dor da idade biológica. Ela é calculada por meio da comparação de
tude preconiza que os jovens estão entre 15 a 29 anos. Os grupos radiografias de punho, de mão e de joelho com padrões definidos
etários são explicados pelos diferentes parâmetros usados na sua de tamanhos e forma dos núcleos dessas estruturas. A idade óssea
concepção, como por exemplo, o crescimento e desenvolvimento, pode ser utilizada na predição da estatura final do adolescente, con-
as questões sociais e econômicas e aquelas relacionadas à inimpu- siderando a sua relação com a idade cronológica.
tabilidade penal. O importante é que essas faixas etárias estejam
representadas nos sistemas de informação para que cada setor pos- Composição e proporção corporal
sa ter dados confiáveis sobre esse grupo populacional. Todos os órgãos do corpo participam do processo de cresci-
mento da puberdade, exceção feita ao tecido linfoide e à gordura
Desenvolvimento físico subcutânea que apresentam um decréscimo absoluto ou relativo.
O termo puberdade deriva do latim pubertate e significa idade Há acúmulo de gordura desde os 8 anos até a puberdade, sendo
fértil; a palavra pubis (lat.) é traduzida como pelo, penugem. A pu- que a diminuição deste depósito de tecido adiposo coincide com o
berdade expressa o conjunto de transformações somáticas da ado- pico de velocidade do crescimento.
lescência, que, entre outras, englobam: Desenvolvimento muscular: Na puberdade, chama atenção a
• Aceleração (estirão) e desaceleração do crescimento ponde- hipertrofia e a hiperplasia de células musculares, mais evidentes
ral e estatural, que ocorrem em estreita ligação com as alterações nos meninos. Este fato justifica a maior força muscular no sexo
puberais. masculino. Medula óssea: Durante a puberdade, ocorre uma dimi-
• Modificação da composição e proporção corporal, como re- nuição da cavidade da medula óssea, mais acentuada nas meninas
sultado do crescimento esquelético, muscular e redistribuição do Este acontecimento explica um volume final maior da cavidade
tecido adiposo. medular para os meninos, que somado à estimulação da eritropoe-
• Desenvolvimento de todos os sistemas do organismo, com tina pela testosterona pode representar, para o sexo masculino, um
ênfase no circulatório e respiratório. número maior de células vermelhas, maior concentração de hemo-
• Maturação sexual com a emergência de caracteres sexuais se- globina e ferro sérico.
cundários, em uma sequência invariável, sistematizada por Tanner
(1962). Desenvolvimento C Sequência do crescimento
O crescimento estatural inicia-se pelos pés, seguindo uma
Crescimento ordem invariável que vai das extremidades para o tronco. Os di-
O crescimento estatural é um processo dinâmico de evolução âmetros biacromial e biilíaco também apresentam variações de
da altura de um indivíduo em função do tempo. Por isto, é somente crescimento durante a puberdade, sendo que o biacromial cresce
por intermédio de repetidas determinações da estatura, realizada com maior intensidade no sexo masculino. Nas meninas, observa-
em intervalos regulares (em média a cada seis meses), e inscritas -se também um alargamento da pelve. Os pelos axilares aparecem,
em gráficos padronizados, que se pode avaliar adequadamente o em média, dois anos após os pelos pubianos. O pelo facial, no sexo
crescimento. A velocidade do crescimento, assim obtida, constitui masculino, aparece ao mesmo tempo em que surge o pelo axilar.
um indicador importante de normalidade, que ajuda o profissional O crescimento de pelos pubianos pode corresponder, em algumas
de saúde a esclarecer o diagnóstico de qualquer transtorno. As ve- situações, às primeiras manifestações puberais. Durante a puber-
locidades de crescimento da criança e do adolescente normais têm dade, alterações morfológicas ocorrem na laringe; as cordas vocais
um padrão linear previsível. Durante a puberdade, o adolescente tornam-se espessas e mais longas e a voz mais grave. A este mo-
cresce um total de 10 a 30 cm (média de 20 cm). A média de velo- mento, mais marcante nos meninos do que nas meninas, chama-
cidade de crescimento máxima durante a puberdade é cerca de 10 mos de muda vocal. Na maioria dos indivíduos a mudança completa
cm/ano para o sexo masculino e 9 cm/ano para o sexo feminino. da voz se estabelece em um prazo de aproximadamente seis meses.
A velocidade máxima de crescimento em altura ocorre, em média, O crescimento dos pelos da face indica o final deste processo, quan-
entre 13 e 14 anos no sexo masculino e 11 e 12 anos no sexo femi- do a muda vocal deve estar completa. Adolescentes com uma alte-
nino. Atingida a velocidade máxima de crescimento, segue-se uma ração na voz, que persista por mais de 15 dias, a Equipe de Saúde da
gradual desaceleração até a parada de crescimento, com duração Família deve procurar o Núcleo de Apoio à Saúde da Família (Nasf)
em torno de 3 a 4 anos. Após a menarca, as meninas crescem, no que dispõe de um profissional fonoaudiólogo para realizar uma in-
máximo, de 5 a 7 cm. As curvas de crescimento individual seguem terconsulta ou uma avaliação multidisciplinar entre os profissionais
um determinado percentil desenhado no gráfico de crescimento. É visando solucionar o problema em questão. É de suma importância
importante salientar que, tanto na infância quanto na adolescência, que o profissional de saúde saiba orientar os adolescentes quanto a
podem ocorrer variações no padrão de velocidade de crescimen- comportamentos nocivos a sua saúde, como o uso de tabaco.
to, ocasionando mudanças de percentil de crescimento, mas nem
sempre refletem uma condição patológica. De um modo geral, o Maturação sexual
adolescente termina o seu desenvolvimento físico com cerca de A eclosão puberal dá-se em tempo individual por mecanismos
20% da estatura final do adulto em um período de 18 a 36 meses. ainda não plenamente compreendidos, envolvendo o eixo hipotála-
A evolução do peso segue uma curva semelhante à da altura. Na mo-hipofisário-gonadal. Em fase inicial da puberdade, o córtex ce-

44
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

rebral transmite estímulos para receptores hipotalâmicos, que, por a elaboração de planos e projetos de saúde voltados às crianças,
meio de seus fatores liberadores, promovem na hipófise anterior a como a gestão interfederativa, a organização de ações e os servi-
secreção de gonadotrofinas para a corrente sanguínea. ços de saúde ofertados pelos diversos níveis e redes temáticas de
atenção à saúde; promoção da saúde, qualificação de gestores e
Sexo masculino trabalhadores; fomento à autonomia do cuidado e corresponsabili-
As gonadotrofinas, ou seja, os hormônios folículo-estimulante zação de trabalhadores e familiares; intersetorialidade; pesquisa e
e luteinizante (FSH e LH) atuam aumentando os testículos. Os tú- produção de conhecimento e monitoramento e avaliação das ações
bulos seminíferos passam a ter luz e promover a proliferação das implementadas. Os sete eixos estratégicos que compõem a políti-
células intersticiais de Leydig, que liberam a testosterona e elevam ca têm a finalidade de orientar gestores e trabalhadores sobre as
os seus níveis séricos. Esses eventos determinam o aumento simé- ações e serviços de saúde da criança no território, a partir dos de-
trico (simultâneo e semelhante) do volume testicular, que passa terminantes sociais e condicionantes para garantir o direito à vida e
a ter dimensões maiores que 4 cm3 , constituindo-se na primeira à saúde, visando à efetivação de medidas que permitam a integrali-
manifestação da puberdade masculina. Segue-se o crescimento de dade da atenção e o pleno desenvolvimento da criança e a redução
pelos pubianos, o desenvolvimento do pênis em comprimento e di- de vulnerabilidades e riscos. Suas ações se organizam a partir das
âmetro, o aparecimento de pelos axilares e faciais e o estirão puber- Redes de Atenção à Saúde (RAS), com ênfase para as redes temá-
tário. O tamanho testicular é critério importante para a avaliação ticas, em especial à Rede de Atenção à Saúde Materna e Infantil
das gônadas e da espermatogênese, que costuma ocorrer, mais fre- e tendo a Atenção Básica (AB) como ordenadora e coordenadora
quentemente, no estágio 4 de Tanner. Avaliase o volume testicular das ações e do cuidado no território, e servirão de fio condutor do
de forma empírica ou utilizando-se o orquímetro e orquidômetro cuidado, transversalizando a Rede de Atenção à Saúde, com ações e
de Prader. Estes instrumentos contêm elipsoides de volumes cres- estratégias voltadas à criança, na busca da integralidade, por meio
centes de 1 ml a 25 ml. O tamanho testicular adulto situa-se entre de linhas de cuidado e metodologias de intervenção, o que pode
12 ml e 25 ml. se constituir em um grande diferencial a favor da saúde da criança.
A normativa busca integrar diversas ações já existentes para
Critérios de Tanner para classificação dos estágios da puber- atendimento a essa população. O objetivo é promover o aleitamen-
dade masculina to materno e a saúde da criança, a partir da gestação aos nove anos
de vida, com especial atenção à primeira infância (zero a cinco anos)
Sexo feminino e às populações de maior vulnerabilidade, como crianças com defi-
Os hormônios folículo-estimulante e luteinizante (FSH e LH) ciência, indígenas, quilombolas, ribeirinhas, e em situação de rua.
atuam sobre o ovário e iniciam a produção hormonal de estróge-
no e progesterona, responsáveis pelas transformações puberais Eixos da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da
na menina. A primeira manifestação de puberdade na menina é o Criança
surgimento do broto mamário. É seguido do crescimento dos pelos Os sete eixos estratégicos da Política são: atenção humanizada
e qualificada à gestação, parto, nascimento e recém-nascido; aleita-
pubianos e pelo estirão puberal. A menarca acontece cerca de um
mento materno e alimentação complementar saudável; promoção
ano após o máximo de velocidade de crescimento, coincidindo com
e acompanhamento do crescimento e desenvolvimento integral;
a fase de sua desaceleração. A ocorrência da menarca não significa
atenção a crianças com agravos prevalentes na infância e com do-
que a adolescente tenha atingido o estágio de função reprodutora
enças crônicas; atenção à criança em situação de violências, pre-
completa, pois os ciclos iniciais podem ser anovulatórios. Por outro
venção de acidentes e promoção da cultura de paz; atenção à saúde
lado, é possível acontecer também a gravidez antes da menarca,
de crianças com deficiência ou em situações específicas e de vulne-
com um primeiro ciclo ovulatório.
rabilidade; vigilância e prevenção do óbito infantil, fetal e materno.
Critérios de Tanner para classificação da puberdade feminina
A Política considera como criança a pessoa na faixa etária de
Pelos pubianos A evolução da distribuição de pelos pubianos é se-
zero a nove anos e a primeira infância, de zero a cinco anos. Para
melhante nos dois sexos, de acordo com as alterações progressivas atendimento em serviços de pediatria no Sistema Único de Saúde
relativas à forma, espessura e pigmentação. (SUS), são contempladas crianças e adolescentes menores de 16
anos, sendo que este limite etário pode ser alterado conforme as
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/proteger_cuidar_ado- normas e rotinas do estabelecimento de saúde responsável pelo
lescentes_atencao_basica.pdf atendimento.

SAÚDE DA CRIANÇA Dos princípios:


1) Direito à vida e à saúde – Princípio fundamental garantido
Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança mediante o acesso universal e igualitário às ações e aos serviços
A PNAISC está estruturada em princípios, diretrizes e eixos para a promoção, proteção integral e recuperação da saúde, por
estratégicos. Tem como objetivo promover e proteger a saúde da meio da efetivação de políticas públicas que permitam o nascimen-
criança e o aleitamento materno, mediante atenção e cuidados in- to, crescimento e desenvolvimento sadios e harmoniosos, em con-
tegrais e integrados, da gestação aos nove anos de vida, com espe- dições dignas de existência, livre de qualquer forma de violência
cial atenção à primeira infância e às populações de maior vulnera- (BRASIL, 1988; 1990b).
bilidade, visando à redução da morbimortalidade e um ambiente 2) Prioridade absoluta da criança – Princípio constitucional que
facilitador à vida com condições dignas de existência e pleno de- compreende a primazia da criança de receber proteção e cuidado
senvolvimento. em quaisquer circunstâncias, ter precedência de atendimento nos
Os princípios que orientam esta política afirmam a garantia do serviços de saúde e preferência nas políticas sociais e em toda a
direito à vida e à saúde, o acesso universal de todas as crianças à rede de cuidado e de proteção social existente no território, assim
saúde, a equidade, a integralidade do cuidado, a humanização da como a destinação privilegiada de recursos em todas as políticas
atenção e a gestão participativa. Propõe diretrizes norteadoras para públicas (BRASIL, 1988; 1990b).

45
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

3) Acesso universal à saúde – Direito de toda criança receber 8) Gestão participativa e controle social – Preceito constitucio-
atenção e cuidado necessários e dever da política de saúde, por nal e um princípio do SUS, com o papel de fomentar a democracia
meio dos equipamentos de saúde, de atender às demandas da representativa e criar as condições para o desenvolvimento da cida-
comunidade, propiciando o acolhimento, a escuta qualificada dos dania ativa. São canais institucionais, de diálogo social, as audiên-
problemas e a avaliação com classificação de risco e vulnerabilida- cias públicas, as conferências e os conselhos de saúde em todas as
des sociais, propondo o cuidado singularizado e o encaminhamento esferas de governo que conferem à gestão do SUS realismo, trans-
responsável, quando necessário, para a rede de atenção (BRASIL, parência, comprometimento coletivo e efetividade dos resultados.
2005a). No caso da saúde da criança, o Brasil possui um extenso leque de
4) Integralidade do cuidado – Princípio do SUS que trata da entidades da sociedade civil que militam pela causa da infância e do
atenção global da criança, contemplando todas as ações de promo- aleitamento materno e que podem potencializar a implementação
ção, de prevenção, de tratamento, de reabilitação e de cuidado, de deste princípio (BRASIL; CONSELHO NACIONAL DOS SECRETÁRIOS
modo a prover resposta satisfatória na produção do cuidado, não MUNICIPAIS DE SAÚDE, 2009; MARTINS, 2010).
se restringindo apenas às demandas apresentadas. Compreende,
ainda, a garantia de acesso a todos os níveis de atenção, mediante Das Diretrizes:
a integração dos serviços, da Rede de Atenção à Saúde, coordenada 1) Gestão interfederativa das ações de saúde da criança – Fo-
pela Atenção Básica, com o acompanhamento de toda a trajetória mento à gestão para implementação da Pnaisc, por meio da viabili-
da criança em uma rede de cuidados e proteção social, por meio de zação de parcerias e articulação interfederativa, com instrumentos
estratégias como linhas de cuidado e outras, envolvendo a família e necessários para fortalecer a convergência dela com os planos de
as políticas sociais básicas no território (BRASIL, 2005a). saúde e os planos intersetoriais e específicos que dizem respeito à
5) Equidade em saúde – Igualdade da atenção à saúde, sem criança.
privilégios ou preconceitos, mediante a definição de prioridades 2) Organização das ações e dos serviços em Redes de Atenção
de ações e serviços de acordo com as demandas de cada um, com à Saúde – Fomento e apoio à organização de ações e aos serviços
maior alocação dos recursos onde e para aqueles com maior neces- da Rede de Atenção à Saúde, com a articulação de profissionais e
sidade. Dá-se por meio de mecanismo de indução de políticas ou serviços de saúde, mediante estratégias como o estabelecimento
programas para populações vulneráveis, em condição de iniquida- de linhas de cuidado, a troca de informações e saberes, a tomada
des em saúde, por meio do diálogo entre governo e sociedade ci- horizontal de decisões, baseada na solidariedade e na colaboração,
vil, envolvendo integrantes dos diversos órgãos e setores da Saúde, garantindo a continuidade do cuidado com a criança e a completa
pesquisadores e lideranças de movimentos sociais (BRASIL, 2005a; resolução dos problemas colocados, de forma a contribuir para a
BRASIL; CONSELHO NACIONAL DOS SECRETÁRIOS MUNICIPAIS DE integralidade da atenção e a proteção da criança.
SAÚDE, 2009). 3) Promoção da Saúde – Reconhecimento da Promoção da
6) Ambiente facilitador à vida – Princípio que se refere ao es- Saúde como conjunto de estratégias e forma de produzir saúde na
tabelecimento e à qualidade do vínculo entre criança e sua mãe/ busca da equidade, da melhoria da qualidade de vida e saúde, com
família/cuidadores e também destes com os profissionais que atu- ações intrassetoriais e intersetoriais, voltadas para o desenvolvi-
am em diferentes espaços que a criança percorre em seus territó- mento da pessoa humana, do ambiente e hábitos de vida saudáveis
rios vivenciais para a conquista do desenvolvimento integral (PE- e o enfrentamento da morbimortalidade por doenças crônicas não
transmissíveis, envolvendo o trabalho em rede em todos os espaços
NELLO, 2013). Esse ambiente se constitui a partir da compreensão
de produção de saberes e práticas do cuidado nas dimensões indivi-
da relação entre indivíduo e sociedade, interagindo por um desen-
duais, coletivas e sociais (BRASIL, 2014h).
volvimento permeado pelo cuidado essencial, abrangendo toda
4) Fomento à autonomia e corresponsabilidade da família –
a comunidade em que vive. Este princípio é a nova mentalidade
Fomento à autonomia e corresponsabilidade da família, princípio
que aporta, sustenta e dá suporte à ação de todos os implicados na constitucional, que deve ser estimulado e apoiado pelo poder pú-
Atenção Integral à Saúde da Criança. blico, com informações qualificadas sobre os principais problemas
7) Humanização da atenção – Princípio que busca qualificar as de saúde e orientações sobre o processo de educação dos filhos,
práticas do cuidado, mediante soluções concretas para os proble- o estabelecimento de limites educacionais sem violência e os cui-
mas reais vividos no processo de produção de saúde, de forma cria- dados com a criança, com especial foco nas etapas iniciais da vida,
tiva e inclusiva, com acolhimento, gestão participativa e cogestão, para a efetivação de seus direitos.
clínica ampliada, valorização do trabalhador, defesa dos direitos dos 5) Qualificação da força de trabalho – Qualificação da força de
usuários e ambiência, estabelecimento de vínculos solidários entre trabalho para a prática de cuidado, da cogestão e da participação
humanos, valorização dos diferentes sujeitos implicados, desde eta- nos espaços de controle social, do trabalho em equipe e da arti-
pas iniciais da vida, buscando a corresponsabilidade entre usuários, culação dos diversos saberes e intervenções dos profissionais, efe-
trabalhadores e gestores neste processo, a construção de redes de tivando-se o trabalho solidário e compartilhado para produção de
cooperação e a participação coletiva, fomentando a transversalida- resposta qualificada às necessidades em saúde da família.
de e a grupalidade, assumindo a relação indissociável entre atenção 6) Planejamento no desenvolvimento de ações – Aperfeiçoa-
e gestão no cuidado em saúde (BRASIL, 2006a). mento das estratégias de planejamento na execução das ações da
Pnaisc, a partir das evidências epidemiológicas, definição de indi-
cadores e metas, com articulação necessária entre as diversas po-
líticas sociais, iniciativas de setores e da comunidade, de forma a
tornar mais efetivas as intervenções no território, que extrapolem
as questões específicas de saúde.

46
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

7) Incentivo à pesquisa e à produção de conhecimento – In- Cuidados com as medicações


centivo à pesquisa e à produção de conhecimento para o desen- Medicamento é toda a substância que, introduzida no organis-
volvimento de conhecimento com apoio à pesquisa, à inovação mo, previne e trata doenças, alivia e auxilia no diagnóstico. As ações
e à tecnologia no campo da Atenção Integral à Saúde da Criança, de enfermagem relativas aos medicamentos dizem respeito ao pre-
possibilitando a geração de evidências e instrumentos necessários paro, à administração e a observação das reações da criança que se
para a implementação da Pnaisc, sempre respeitando a diversida- submeteu a este procedimento.
de étnico-cultural, aplicada ao processo de formulação de políticas Considerar os seis certos tradicionais da administração de me-
públicas. dicamentos (registro certo, dose certa, via certa, droga certa, hora
8) Monitoramento e avaliação – Fortalecimento do monitora- certa e paciente certo) e de checar o procedimento realizado, em
mento e avaliação das ações e das estratégias da Pnaisc, com apri- pediatria a equipe de enfermagem tem de levar em consideração
moramento permanente dos sistemas de informação e instrumen- certas peculiaridades durante o procedimento, tais como, a criança
tos de gestão, que garantam a verificação a qualquer tempo, em sentir-se insegura durante a hospitalização e ter medo do que lhe
que medida os objetivos estão sendo alcançados, a que custo, quais vai acontecer, não aceitando, muitas vezes, as medicações, princi-
os processos ou efeitos (previstos ou não, desejáveis ou não), indi- palmente as injetáveis. (COLLET; OLIVEIRA, 2002)
cando novos rumos, mais efetividade e satisfação. Observam-se os seguintes cuidados para administração do me-
9) Intersetorialidade – Promoção de ações intersetoriais para a dicamento em pediatria segundo Collet e Oliveira 2002:
superação da fragmentação das políticas sociais no território, me- - ler cuidadosamente os rótulos dos medicamentos;
diante a articulação entre agentes, setores e instituições para am- -questionar a administração de vários comprimidos ou frascos
pliar a interação, favorecendo espaços compartilhados de decisões, para uma única dose;
que gerem efeitos positivos na produção de saúde e de cidadania. -estar alerta para medicamentos similares;
Marcos do crescimento e do desenvolvimento -verificar a vírgula decimal;
O desenvolvimento da criança é o aumento da capacidade do -questionar aumento abrupto e excessivo nas doses;
indivíduo na realização de funções cada vez mais complexas. Para -quando um medicamento novo for prescrito, buscar informa-
uma definição mais completa e necessário diferenciar as noções re- ções sobre ele;
ferentes ao crescimento e desenvolvimento: -não administrar medicamentos prescritos por meio de apeli-
― crescimento e o aumento do corpo, de ponto de vista dos ou símbolos;
físico. Ele pode ser aumento de estatura ou de peso. A unidade de -não tentar decifrar letras ilegíveis;
medida dele vai ser o cm ou a grama. Os processos básicos dele: -procurar conhecer crianças que tem o mesmo nome ou so-
aumento de tamanho celular (chamado de hipertrofia) ou aumen- brenome.
to do numero das células (hiperplasia);
― maturação e uma noção bem diferente – nesse caso, Cuidados prévios para a administração de medicamentos:
trata-se de organização progressiva das estruturas morfológicas. - orientar a criança e a mãe/acompanhante por meio do brin-
Aqui entra: crescimento e diferenciação celular, mielinização, espe- quedo terapêutico;
cialização dos aparelhos e sistemas; -lavar as mãos;
― desenvolvimento: e um ponto de visto holístico, inte- -reunir o material;
grante dos processos do crescimento e maturação, mas que junta -lero rótulo da medicação (observar validade, cor, aspecto, do-
a isto o impacto e o aprendizagem sobre cada evento, e, também, sagem)
a integração psíquicos e sociais; -preparar o medicamento na dose certa;
― o desenvolvimento psicossocial – e, de fato a integração -identificar a medicação a ser ministrada – nome da criança,
do aspecto humano – o ser aprende a interagir e mover, respeitar nº do leito, nome da medicação, a via de administração, a dose e o
as regras da sociedade, a rotina diária –praticamente, a criança vai horário e a assinatura de quem prepararam;
seguir os passos que vão ter como finalidade a convivência com a -não deixar ao alcance das crianças os medicamentos;
sociedade cuja pertence. -explicar a criança que entende a relação do medicamento com
a doença;
O recém-nascido e a criança hospitalizada
-restringir a criança quando necessário, para garantir a admi-
As crianças tendem a responder à hospitalização com um dis-
nistração correta e segura.
túrbio emocional, estas respostas geralmente manifestam-se atra-
vés de comportamentos agressivos, como choro, retraimento, chu-
FARMACOCINETICA E DESENVOLVIMENTO INFANTIL
te, mordida, tapas, resistência física aos procedimentos, ou ignora
as solicitações. As internações são consideradas ameaças ao desen-
Fatores que Afetam a Absorção dos Medicamentos
volvimento da criança e a união familiar.
Vários são os sinais dos transtornos que a criança possa apre-
- Gastrintestinal
sentar dentre eles destacam-se: Ansiedade de Separação; Perda de
controle e Medos. O pH gástrico é alto em neonatos, atingindo os valores de adul-
A unidade de internação é um ambiente ocupado e barulhento, to por volta da idade de 2 anos. Os medicamentos ácidos são mais
cheio de eventos imprevistos e geralmente sem prazer para crianças biodisponíveis; os medicamentos-base apresentam menor biodis-
e seus pais. É responsabilidade de todos os membros da equipe de ponibilidade.
saúde estar atenta e sensível a esses problemas em geral. O profis- A motilidade gástrica e intestinal (tempo de transito) esta dimi-
sional bem treinado pode fazer avaliações e elaborar intervenções nuída nos neonatos e lactentes menores, mas aumenta nos lacten-
durante a experiência da internação. O uso do brincar terapêutico, tes maiores e crianças.
atividades de recreação, atividades escolares, visitas hospitalares A quantidade de ácido biliar e o funcionamento estão diminu-
e grupos de apoio podem fornecer medidas criativas para guiar a ídos nos recém-nascidos e atingem a sua capacidade máxima ao
criança e a família para longe da experiência negativa e em direção longo dos primeiros meses de vida.
à experiência benéfica. (BOWDEN; GREENBERG, 2005)

47
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

- Retal acompanhante ou decúbito dorsal elevado no leito; administra-se


Somente alguns medicamentos são adequados para adminis- o medicamento certificando-se de que a criança engoliu; oferecer
tração retal. Além disso, o tamanho da exposição na mucosa retal líquidos após o medicamento, registrar aceitação e se houver rea-
afeta a absorção. ção comunicar.

- Intramuscular Vantagens:
Variável no grupo pediátrico secundário a (a) fluxo sanguíneo e ― Autoadministração, econômica e fácil;
instabilidades vasomotoras, (b) contração e tônus muscular insufi- ― Confortável, indolor;
cientes e (c) oxigenação muscular diminuída. ― Forma Farmacêutica de fácil conservação
― Possibilidade de remover o medicamento
- Percutâneo
Diminuído com espessura aumentada do estrato córneo e dire- Desvantagens:
tamente relacionado à hidratação da pele. ― Absorção variável;
Os neonatos e os lactentes tem a permeabilidade da pele au- ― Período de latência médio a longo;
mentada, permitindo maior penetração da medicação e uma rela- ― Ação dos sucos digestivos;
ção maior de área de superfície – peso corporal com potencial para ― Interação com alimentos;
toxicidade. ― Pacientes não colaboradores (inconscientes), com náuse-
as e vômitos o incapazes de engolir;
- Intraocular ― pH do trato gastrintestinal
As mucosas de neonatos e lactentes são particularmente finas;
os medicamentos oftalmológicos podem causar efeitos sistêmicos Via Retal: A administração consiste na administração de medi-
nos recém-nascidos e nas crianças jovens. camentos do tipo supositório ou enema no reto. O volume de líqui-
Fatores que Afetam a Distribuição do a ser administrado varia conforme a idade da criança: em lacten-
- Os neonatos têm uma maior proporção de água corporal total tes, de 150 a 250 ml; em pré-escolar, de 250 a 350ml; em escolar, de
que rapidamente de reduz durante o primeiro ano de vida. Valores 350 a 500ml e em adolescentes, de 500 a 750ml.
de adultos são gradualmente alcançados por volta de 12 anos de Vantagens:
idade. Este fator é uma consideração importante relacionado à so- ― Fármacos não são destruídos ou desativados no Trato
lubilidade do medicamento na água. Gastro Intestinal-TGI;
- As crianças têm uma proporção mais baixa de gordura corpo- ― Preferível quando a VIA ORAL está comprometida
ral que os adultos. ― Pacientes que não cooperam, inconscientes ou incapazes
- A capacidade de ligação das proteínas depende da idade. de aceitar medicação por via oral .

A concentração de proteína total ao nascimento corresponde Desvantagens:


a somente 80% dos valores de um adulto, o que leva a uma maior ― Lesão da mucosa ;
fração livre ou ativa da droga na circulação com um maior potencial ― Incômodo
para toxicidade. ― Expulsão
― Absorção irregular e incompleta
- A albumina fetal no período imediato após o parto tem a ca-
― Adesão
pacidade de ligação a drogas limitada.
- Uma barreira hemato-encefálica imatura durante o período
Via oftalmológica: A administração de medicamentos nos
logo após o parto pode levar a altas concentrações de medicamen-
olhos se dá na presença de infecções oculares ou para realizações
tos no cérebro do que em outras idades.
de exames de pequenas cirurgias. Deixar a criança em decúbito dor-
sal elevado; realizar higiene ocular com gaze estéril e soro fisiológi-
Fatores que Afetam o Metabolismo
co; separar as pálpebras para expor o saco conjuntival e instilar as
- O sistema microssomal enzimático do recém-nascido é menos
gotas prescritas neste local, mantendo-se o conta-gotas a 3 cm de
eficaz. distância e soltar as pálpebras, secando-se a medicação excedente
- A maturação varia entre as pessoas; cada enzima hepática tor- no sentido do canto interno para o externo e de cima para baixo.
na-se funcional a uma frequência diferente.
ATENÇÃO: Ao utilizar mais de um tipo de colírio no mesmo olho
Fatores que Afetam a Eliminação é necessário aguardar pelo menos 10 minutos entre as aplicações.
- A filtração glomerular e a secreção tubular estão reduzidas no
nascimento. Via Inalatória: Este método utiliza o trato respiratório para
- Existe um aumento gradual na função renal, com os valores transportar o medicamento através da inalação ou da administra-
de adultos sendo alcançados nos(s) primeiro(s) 1-2 anos de vida. ção direta para dentro da árvore respiratória através do tubo endo-
traqueal. O medicamento, depois de inalado ou infundido, se move
Vias de Administração de Medicação Infantil para dentro dos brônquios e, em seguida, atinge os alvéolos do
Via Oral: Formas Farmacêuticas: cápsulas, comprimidos, xaro- paciente, sendo difundidos para os capilares pulmonares. Os me-
pes e drágeas. dicamentos fornecidos através da via respiratória podem produzir
A administração de medicamentos por via oral consiste no pre- efeitos locais ou sistêmicos.
paro ideal, escolher o material de administração de acordo com a
idade da criança (colher ou copo de medidas, conta-gotas, seringa, Vantagens
copo descartável, fita crepe ou etiqueta de identificação); orien- ― Rápido contato com o fármaco.
tar a criança e o acompanhamento se preciso por intermédio do ― Utilizada principalmente por pacientes com distúrbios
brinquedo terapêutico, sentar a criança semi-sentada no colo do respiratórios

48
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

― Pode ser administrada em pacientes inconscientes. Via subcutânea: Consiste na aplicação de solução na tela sub-
― A principal vantagem é administrar pequenas doses para cutânea, na hipoderme (tecido adiposo abaixo da pele), Via utili-
ação rápida e minimizar os efeitos adversos sistêmicos zada principalmente para drogas que necessitam ser lentamente
absorvidas, vacinas como a antirrábica, a insulina têm indicação es-
Via Tópica: É a via através da qual os medicamentos são admi- pecífica para esta via. Os locais recomendados para aplicação são:
nistrados e absorvidos através da pele ou mucosas. parede abdominal (hipocôndrio, face anterior e externa da coxa,
face anterior e externa do braço, a região glútea, e a região dorsal,
Vantagens: abaixo da cintura)
― É uma via prática;
― Não é dolorosa; Via intramuscular: Consiste na aplicação de solução no tecido
― É a única via que pode garantir o efeito apenas no local muscular. Procedimento muito comum 46% dos casos atendidos no
da aplicação (evita efeito sistêmico). Ex.: Uso de pomada ou gel. PS e no ambulatório resultam em administração de medicamentos
por esta via. A escolha do local deve respeitar os seguintes critérios:
Desvantagens: - Quantidade e característica da droga
― Pode causar irritação na pele ou mucosas; - Condição da massa muscular
― Estímulo a automedicação; - Quantidade de injeções prescritas
― Ocorre perda do medicamento para o meio ambiente - Locais livres de grandes vasos e nervos em camadas superfi-
ciais
Via Parenteral (injetáveis): Este tipo de procedimento é consi- - Acesso ao local e risco de contaminação
derado pela criança como um ato agressivo contra si, pois na maio- -Inserção, tamanho da agulha e ângulo apropriado para apli-
ria das vezes é acompanhado de dor ou medo, o que se traduz no cação.
choro e na ansiedade. Existem quatro meios comuns para adminis-
trar medicamentos por esta via: via endovenosa; via subcutânea; a Locais de aplicação ,os mesmos do adulto : Vasto lateral; Ven-
intradérmica e a intramuscular. troglútea; Dorsoglútea; Deltoide.
O risco da aplicação intramusculares em Pediatria: Trauma ou
Vantagens: compressão aacidental de nervos; Injeção acidental em veia ou
― Efeito farmacológico imediato; artéria; Injeção em músculo contraído; Lesão do músculo por so-
― Evitar a inativação por ação enzimática; luções irritantes; Pode provocar dano celular, abscessos e alergias.
― Administração a pacientes inconscientes Via endovenosa: Via de ação rápida, pois o medicamento é mi-
nistrado diretamente no plasma,com ação imediata.
Desvantagens: Tipo de medicamento injetado na veia: Solução solúvel no san-
― Toxicidade local ou sistêmica (alergias, erros) gue; Não oleosos;Não devem conter cristais visíveis.
― Resistência do paciente (Psicológico)
― Pureza e esterilidade dos medicamentos (Custo) A administração da medicação ocorre por meio de um dispo-
sitivo intravenoso instalado por punção,podendo ser um procedi-
Preparo do medicamento em ampola: mento repetitivo,no qual a criança revive as angústias geradas por
― Abrir a embalagem da seringa; essa experiência,que pode resultar em traumas.
― Adaptar a agulha ao bico da seringa, zelando para não A equipe deve preparar adequadamente a criança para esse
contaminar as duas partes; procedimento para minimizar as consequências e os traumas gera-
― Certificar-se do funcionamento da seringa, verificando se das pela hospitalização.
a agulha está firmemente adaptada;
― Manter a seringa com os dedos polegar e indicador e Locais mais utilizados: Dorso da mão (veias metacarpianas
segurar a ampola entre os dedos médio e indicador da outra mão; dorsais, arco venoso dorsal) Antebraço (cefálica acessória, cefálica
― Introduzir a agulha na ampola e proceder a aspiração e basílica), Braço (mediana cubital, mediana antebraqueal, basíli-
do conteúdo, invertendo lentamente a agulha, sem encostá-la na ca e cefálica),Dorso do pé: último recurso devido às complicações
borda da ampola; tromboembólicas (arco venoso dorsal, mediana marginal),tornoze-
― Virar a seringa com a agulha para cima, em posição verti- lo (safena interna), Pescoço (jugular externa e interna).
cal e expelir o ar que tenha penetrado; As Indicações para administração endovenosas:
― Desprezar a agulha usada para aspirar o medicamento; - Manter e repor eletrólitos, vitaminas e líquidos;
― Escolher, para a aplicação, uma agulha de calibre apro- - Restabelecer o equilíbrio ácido-básico;
priado à solubilidade da droga e à espessura do tecido subcutâneo - Restabelecer o volume sanguíneo;
do indivíduo; - Ministrar medicamentos;
― Manter a agulha protegida com protetor próprio. - Induzir e manter sedações e bloqueios neuromusculares;
- Manter estabilidade hemodinâmica por infusões contínuas de
Via Intradérmica: Consiste na aplicação de solução na der- drogas vasoativas
me(área localizada entre a epiderme e o tecido subcutâneo) Via uti-
lizada para realizar testes de sensibilização e vacina BCG é de fácil As soluções utilizadas:
acesso, restrita a pequenos volumes - Isotônicas-concentração semelhante ao plasma(S.G.5% e
Os efeitos adversos da injeção intradérmica são decorrentes S.F.0,9%) fornecem água e calorias utilizadas para repor perdas
de: falha na administração como aplicação profunda subcutânea; anormais e corrigir desidratação;
da dosagem incorreta com maior volume que o necessárioe con- - Hipertônicas-concentração maior que a do plasma (S.G.10 %
taminação. ,25% e 50%) indicado para hipoglicemia, combate ao edema e ao
aumento da pressão intracraniana;

49
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

- Hipotônicas-concentração menor que a do plasma(ringer lac- - Trocar o equipo de acordo com as normas da instituição 24
tato) indicado para tratamento de desidratação, alcalose branda,hi- a 72h;
pocloremia,correção de desidratação; - Fazer anotações sobre o procedimento, o local e as ocorrên-
- Fluidos derivados do sangue: sangue total,plasma,papa de he- cias.
mácias,expansoresplasmáticos;
- Nutrição parenteral. Contenção para procedimentos: É necessária para garantir
segurança à criança e facilitar o procedimento, podendo ser feita
As complicações causadas pela administração de medicamen- manualmente ou com dispositivos físicos. Os pais e a criança devem
tos por via endovenosa: Infiltrações locais; Reações pirogênicas; ser orientados sobre a sua finalidade e objetivo. Pode ser manual,
trombose venosa e flebite (ações irritantes dos medicamentos ou executada com o auxílio de outra pessoa ou com a ajuda de lençóis
formação de coágulos); Hematomas e necrose. e faixas de contenção.

Fatores Contribuintes para extravasamento ou infiltração En- Sinais Vitais


dovenosa:
― Má perfusão periférica-propicia o extravasamento da Sinais Vitais: Avaliação da Dor
solução;
― Visualização inadequada do local da inserção do cateter; Diretrizes Clínicas
― Não observação de sinais flogísticos precoce e frequen- - Avaliar o nível de dor na primeira hora após a internação na
temente unidade de cuidados agudos ou durante a consulta ambulatorial,
para obter dados de referencia sobre o conforto da criança.
Sinais de Extravasamento ou Infiltração: - No caso de uma criança com dor crônica, a frequência de ava-
― Edema local que pode se estender por toda extremidade liações da dor baseia-se na condição da criança, mas é realizado ao
afetada; menos uma vez por mês.
― Perfusão local diminuída - Avaliar o nível da dor a cada 8 a 12 horas em uma criança com
― Extremidades afetadas frias doença aguda e com maior frequência, segundo a indicação clinica.
― Coloração da pele alterada(escura sugere necrose) A avaliação da dor é um processo continuo; cada cuidador realiza
― Bolhas no local.
uma avaliação ampla da dor ao assumir os cuidados com a criança.
Após a avaliação inicial, se a condição da criança mudar, se a crian-
Cuidados importantes: Antes da infusão, verificar a permea-
ça apresentar sinais de dor ou for submetida a um procedimento
bilidade do acesso; Não infundir medicação associada a hemode-
provavelmente doloroso, ou se houver modificação da velocidade
rivados; Fazer controle de gotejamento, respeitando o tempo e o
de infusão de medicamentos sedativos, analgésicos ou anestésicos,
volume prescritos.
realizar outra avaliação ampla da dor. Se a criança estiver confortá-
vel, não é necessário realizar uma avaliação ampla da dor com cada
Técnica e procedimento de cateterização venosa periférica:
grupo de sinais vitais; entretanto, procure conhecer a legislação do
- Realizar a seleção da veia;
- Escolher uma veia visível e que permita a mobilidade da crian- seu estado, porque alguns exigem que a avaliação da dor seja regis-
ça trada toda vez que são registrados os sinais vitais.
- Selecionar o dispositivo para punção; - Avaliar o nível de dor dentro de 1 hora antes e após as inter-
- Preparar todo material (soro, equipo ou bureta, cateter de venções para seu alivio em criança com doença aguda (o intervalo
dupla via) e retirar o ar do equipo; depende da intervenção especifica) para avaliar a resposta aos es-
- Utilizar foco de 30cm de distância do local da punção para quemas de tratamento.
facilitar a visualização epromover a vasodilatação; - Os profissionais são responsáveis pela avaliação da dor.
- O médico, a enfermaria, a técnica ou auxiliar de enfermagem
Não golpear o local da punção, pode causar dor e medo podem obter relatos subjetivos de dor. Quando a determinação é
- Garrotear o local; realizada por técnico ou auxiliar, qualquer variação em relação aos
- Fazer antissepsia do local com álcool 70%,seguindo a direção valores de referencia deve ser comunicada ao profissional.
da corrente sanguínea;
- Solicitar ajuda para restrição dos movimentos; Procedimento
- Fazer tricotomia;
- Preparar material para fixação (micropore,esparadrapo e Passos
tala); - Rever a história da dor inicial da criança e o nível anterior de
dor, quando possível.
Distender a pele com uma das mãos e com a outra introduzir - Observar o diagnóstico médico e a história de eventos consi-
a agulha com o bisel voltado pra cima e paralelo à veia; Verificar derados dolorosos ou causadores de traumatismo tecidual.
refluxo de sangue - Determinar se a criança esta tomando quaisquer medicamen-
- Retirar o garrote tos que possam afetar a percepção da dor ou a capacidade de co-
- Conectar equipo de soro, verificar o fluxo do gotejamento municar que esta com dor.
- Fixar e imobilizar a extremidade com tal; - Lavar as mãos.
- Controlar gotejamento - Avaliar a presença de indicadores de dor, considerando a ida-
-Identificar na fixação a data da punção, o horário e o nome do de da criança e o estado de sono:
responsável;
- Encaminhar a criança para o leito, organizar o ambiente; Dor Aguda
- Observar e anotar a normalidade da infusão e o local, estar - Subjetiva: declaração de dor; se for incapaz de relatar, per-
atento aos sinais flogísticos, obstrução e presença de ar no equipo; guntar aos pais.

50
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

- Fisiológica: aumento da frequência respiratória ou frequência Frequência da Pulsação, Respiração


cardíaca, respirações superficiais, diminuição da saturação de oxi-
gênio, diaforese, dilatação da pupila. Idade Pulso Respiração
- Comportamental: choro, gemido, inquietação, ansiedade,
raiva, diminuição do nível de atividade, alteração do sono, posição Recém-natos 70 -170 30 – 50
assumida pela criança (p. ex., deitada imóvel, posição fetal, mem- 11 meses 80 -160 26 – 40
bro fletido ou rígido) careta facial, posição antálgica, tocar a área
dolorosa. 2 anos 80 -130 20 – 30
4 anos 80 -120 20 – 30
Dor Crônica
6 anos 75 -115 20 – 26
- Sinais vitais estáveis.
- Interrupção do sono. 8 anos 70 -110 18 – 24
- Regressão do desenvolvimento. 10 anos 70 -110 18 – 24
- Alteração dos padrões alimentares.
- Problemas de comportamento ou escolares. Adolescentes 60 -120 12 – 20
- Afastamento de atividades em grupo.
- Depressão. Pressão Arterial
- Agressão.
Idade Pressão Pressão
No caso de uma criança submetida a bloqueio neuromuscu- Sistólica Diastólica
lar:
- Avaliar parâmetros fisiológicos. 6m - 1 ano 90 61
- Avaliar o tamanho da pupila. 2 - 3 anos 95 61
- Interromper agentes paralisantes por um curto período para
4 - 5 anos 99 65
avaliar os comportamentos da dor.
- Avaliar o nível de dor utilizando um instrumento de avaliação 6 anos 100 65
valido, apropriado para o desenvolvimento; usar sempre o mesmo 8 anos 105 57
instrumento para comparar a adequação do controle da dor (p. ex.,
o mesmo instrumento ensinado previamente à criança e à família). 10 anos 109 58
- Realizar o exame físico da área dolorosa. 12 anos 113 59
- Determinar o nível de dor da criança e as intervenções apro-
priadas; considerar a situação especifica (idade, estilo de adapta- Temperatura (T)
ção, ambiente) e o tipo e a intensidade da dor. Implementar inter- Oral 35,8º - 37,2º C
venções de controle da dor. Retal 36,2º C – 38º C
- Realizar ampla reavaliação do nível da dor: Axilar 35,9º C – 36.7º C
- Se houver indicadores clínicos de dor.
- Após implementação de intervenções para alivio da dor, com Sinais Vitais: Frequência Cardíaca
modificação da velocidade de infusão de medicamentos sedativos,
analgésicos ou anestésicos; a avaliação deve ser realizada em 1 hora Diretrizes clínicas
após a intervenção, mas pode ser realizada mais cedo dependendo - A frequência cardíaca é determinada para avaliar o estado ge-
da intervenção (p. ex., 5 a 20 minutos após injeção em bolo intra- ral de cada paciente na primeira hora após a internação na unidade
venosa). de cuidados agudos.
- Lavar as mãos. - Monitorar a frequência cardíaca a cada 4 a 8 horas durante
a fase aguda da doença se o paciente estiver na unidade de inter-
Dicas para verificação dos Sinais Vitais na Pediatria nação clínica e a cada 1 a 2 horas na unidade de terapia intensiva.
- A frequência cardíaca é reavaliada para monitorar a resposta
Ordem para Verificação dos Sinais Vitais: aos esquemas de tratamento e conforme indicado pela avaliação de
Frequência Respiratória – FR: Uma maneira prática para se ve- enfermagem ou médica.
rificar a frequência respiratória é colocando-se a mão levemente - O técnico ou auxiliar de enfermagem e/ou a enfermeira po-
sobre o tórax da criança e contando quantas vezes a mão sobe du- dem verificar a frequência cardíaca. Quando a frequência cardíaca
rante um minuto. é verificada pelo auxiliar, qualquer variação em relação a medidas
Frequência cardíaca – FC: Procure verificar a FC , quando a anteriores deve ser comunicada à enfermeira.
criança estiver dormindo ou em repouso. Quando o paciente for
lactente, dê preferência ao pulso apical. A frequência apical é ve- Determinação da Frequência Cardíaca
rificada colocando-se o estetoscópio próximo ao mamilo esquerdo
por um minuto. Passos
Temperatura – T – considera-se febre: acima de 37,8ºC - Rever no prontuário do paciente os dados de referencia sobre
Pressão arterial – PA – a PA deverá estar solicitada na prescri- a frequência de pulso conhecer a variação para a idade.
ção médica e verificada quando necessário. - Determinar o pulso:
Variação Normal dos Sinais Vitais em Crianças - Nas crianças com menos de 2 anos de idade, é mais fácil rea-
lizar a ausculta apical.
- Em crianças maiores, pode ser realizada ausculta apical ou
palpado o pulso periférico.

51
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

- Acalmar a criança, se necessário. Sempre que possível, fazer a Verificação da Frequência Respiratória
medida quando a criança estiver tranquila.
- Lavar as mãos. Passos
- Rever a frequência respiratória anterior da criança, quando
Determinação da Frequência Cardíaca por Ausculta do Pulso possível.
Apical - Observar o diagnostico médico da criança e a historia de pro-
blemas e dificuldades respiratórias.
Passos - Determinar se a criança esta tomando alguma medicação que
- Limpar o diafragma e as olivas do estetoscópio com um lenço possa afetar a frequência e a profundidade respiratória.
embebido em álcool antes e depois do exame. - Lavar as mãos.
- Introduzir os olivas nos ouvidos com as extremidades curvas - Contar as respirações:
para a frente em direção à face. - Observar o movimento abdominal quando for lactentes e
- Identificar o pulso. Palpar a parede torácica para determinar o crianças pequena.
ponto de impulso máximo (PIM): - Observar os movimentos torácicos nas crianças mais velhas.
- Em crianças menores de 7 anos – imediatamente à esquerda - Se as respirações forem regulares, contar o numero de res-
da linha hemiclavicular no quarto espaço intercostal. pirações em 30 segundos e multiplicar por dois. Se as respirações
- Em crianças maiores de 7 anos – linha hemiclavicular esquer- forem irregulares, contar o numero de respirações em um minuto
da no quinto espaço intercostal. inteiro. Contar as respirações nos lactentes durante 1 minuto.
- Colocar o diafragma do estetoscópio sobre o PIM e contar a - Observar a profundidade e o padrão das respirações, ocor-
FC: rência de ansiedade, irritabilidade e posição de conforto. Observar
- Se o pulso da criança for regular, contar por 30 segundos e a coloração da criança, incluindo extremidades.
multiplicar por 2. - Lavar as mãos.
- Se o pulso for irregular, contar por 1 minuto completo. - Registrar os resultados; a frequência respiratória é registrada
- Lavar as mãos. por respirações por minuto.
- Registrar a frequência cardíaca, o pulso usado e o nível de
atividade da criança (p. ex., adormecida, calma, chorando, inquieta) Sinais Vitais: Pressão Arterial
no prontuário.
Diretrizes clínicas
Determinação da Frequência Cardíaca por Palpação de Pulsos - A pressão arterial é verificada inicialmente para se obter um
Periféricos dado de referencia para avaliar o estado hemodinâmico geral de
cada paciente dentro da primeira hora de admissão em um ambien-
Passos te de cuidado agudo.
- Identificar o local; os pulsos radial e branquial são usados com - A pressão arterial é verificada para avaliar a resposta aos es-
maior frequência. quemas terapêuticos.
- Localizar o pulso da criança e palpar com seus dois ou três - Durante a doença aguda, verifique a pressão arterial a cada
primeiros dedos; não usar pressão excessiva. Observar o ritmo. 4 ou 8 horas, ou mais frequentemente se houver indicação clínica.
- Nos neonatos, verifique a pressão arterial se houver suspeita
- Se o pulso da criança for regular, contar por 30 segundos e
de doença renal ou coarctação da aorta ou se estiverem presentes
multiplicar por 2. Se for irregular, contar durante 1 minuto comple-
sinais clínicos de hipotensão. Não é recomendada uma triagem uni-
to.
versal dos neonatos.
- Lavar as mãos.
- Para a manutenção da saúde, a pressão arterial deveria ser
- Registrar a frequência cardíaca, a região usada e o nível de
verificada:
atividade da criança (p. ex., adormecida, calma, chorando, inquieta)
- Uma vez ao ano nas crianças com idade superior a 3 anos.
no prontuário.
- Em criança de qualquer idade com sintomas de hipertensão,
Sinais Vitais: Frequência Respiratória hipotensão, ou doença renal ou cardíaca.
- Um técnico ou auxiliar de enfermagem ou uma enfermeira
Diretrizes clínicas podem verificar a pressão arterial. Quando a pressão arterial for ve-
- Os movimentos respiratórios são medidos inicialmente para rificada por um auxiliar ou técnico de enfermagem, qualquer varia-
se obter os dados de referência para avaliar o estado geral de cada ção das medidas anteriores é informada ao enfermeiro ou médico.
paciente dentro da primeira hora da admissão em um ambiente de - Use o braço direito sempre que possível para haver consistên-
cuidado agudo. cia das aferições e comparação com as normas padronizadas.
- As respirações são medidas antes e imediatamente após as - A ausculta é o método de escolha para a verificação da pressão
intervenções respiratórias para avaliar a resposta aos esquemas te- arterial nas crianças, porque é necessária uma frequente calibração
rapêuticos. dos equipamentos automáticos e existe uma falta de padrões de
- A mensuração das respirações é feita a cada 4 ou 8 horas em referencia estabelecidos para as crianças. Os equipamentos auto-
uma criança agudamente doente e mais frequentemente conforme máticos são aceitos quando a ausculta for difícil (p.ex., em crianças
indicado clinicamente. pequenas) ou quando forem necessárias verificações frequentes.
- Uma auxiliar ou técnica de enfermagem ou enfermeira podem
verificar a frequência respiratória. Quando a mensuração é encami- Método de Ausculta
nhada à enfermeira ou ao médico.
Passos
- Rever as leituras da pressão arterial prévias da criança, se dis-
poníveis.

52
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

- Analisar o diagnostico da criança e as medições atuais que Método da Palpação


provocam efeito sobre a pressão arterial.
- Lavar as mãos. Limpar o diafragma do estetoscópio. Passos
- Selecionar o local: - Seguir os 7 primeiros itens no procedimento anterior (Méto-
- Usar o braço direito quando possível. do de Ausculta) para localização da artéria, seleção do manguito e
- Verificar no mesmo local e posição das verificações anterio- colocação.
res, quando possível. - Palpar a artéria à medida que infla o manguito.
- Não usar a extremidade que tiver uma lesão ou equipamen- - Inflar o manguito 30mmHg acima do ponto em que você per-
tos estranhos (p. ex., punção venosa, fistula de diálise arterioveno- cebeu o pulso da ultima vez.
sa ou renal). - Lentamente desinflar o manguito e perceber o ponto em que
- Não usar a extremidade com circulação alterada (p. ex., deri- o pulso volta a ser sentido.
vação de Blalock-Taussig, coarctação). - Desinflar completamente o manguito e removê-lo da extre-
- Selecionar manguito de tamanho apropriado: midade.
- A largura da câmara deve ser cerca de 40% da circunferência - Lavar as mãos.
do braço e estar a meio caminho entre o olecrânio (cotovelo) e o - Registrar os achados no prontuário do paciente como leitura
acrômio (ombro). da sistólica por palpação (p. ex., 100/p). Registrar também a posi-
- geralmente isto corresponde a um manguito que cobre cerca ção da criança, extremidade e local utilizado, tamanho do mangui-
de 80% a 100% da circunferência do braço. to, nível de atividade.
- Usar a linha do manguito do fabricante como um guia para a
seleção do manguito. Sinais Vitais: Temperatura
- Se não for possível obter o manguito do tamanho apropriado,
escolha um que seja maior, em vez de um muito pequeno. Diretrizes clínicas
- Centralizar a câmara do manguito na extremidade proximal - A temperatura é verificada para avaliar o estado de referencia
do pulso (p, ex., na área branquial, posição cerca de 2,5 a 5 cm aci- de cada paciente dentro da primeira hora após a admissão e para
ma da fossa antecubial), e prender o manguito de forma bem justa. detectar a mudança no estado do paciente (p. ex., hipotermia, pre-
Não posicionar o manguito sobre a roupa. sença de infecção, ou outras mudanças na condição do paciente).
- Verificar a PA após 3 a 5 minutos de repouso, quando possí- - A temperatura é avaliada de novo 30 minutos a 1 hora após a
vel. Posicionar o braço (extremidade) da criança ao nível do coração intervenção para medir a resposta ao esquema terapêutico.
durante o repouso. - A temperatura deve ser verificada a cada 4 ou 8 horas, ou
- Localizar a posição exata do pulso. Coloque o diafragma do mais frequentemente quando instável ou quando a criança estiver
estetoscópio onde o pulso é sentido, abaixo da borda do manguito. agudamente doente ou com problemas de termorregulação.
- Fechar a válvula do diafragma e inflar o manguito a uma pres- - Quando utilizar um equipamento para regular a temperatura
são de 30mmHg acima do ponto em que a pulsação da artéria é (p. ex., incubadora, cobertor para hipotermia, luz de aquecimento
obstruída. Estabilizar a extremidade durante a verificação. suspenso), a temperatura da criança deve ser verificada a cada 1 a
- Desinflar o manguito a uma velocidade de 2 a 3 mmHg por 3 horas.
segundo. - Os termômetros de mercúrio não devem ser usados (Gold-
- Observe os sons de Korotkoff: man, Shannon & o Committe on Environmental Health, 2001).
- Inicio do som de pancada.
- Abafamento do som, se aplicado. - A via oral deve ser usada em crianças com idade superior a 5
- Desaparecimento do som. anos a não ser que seja contraindicado pelas condições médicas ou
- Não inflar novamente o manguito durante a desinsuflação. de desenvolvimento (convulsões, atraso no desenvolvimento, nível
Dar alguns minutos entre as verificações da PA. de consciência alterado).
- Desinflar o manguito completamente e removê-lo do braço. - A mensuração timpânica (infravermelha) não é recomendada
- Lavar as mãos. para ser usada em crianças com idade inferior a 3 meses. Os estu-
dos mostram que as mensurações timpânicas não são tão exatas
- Registrar os achados no prontuário do paciente. Registrar
quanto outras formas de mensuração de temperatura e mostram
também a posição da criança, extremidade e local utilizado, tama-
uma grande variedade.
nho do manguito, nível de atividade (p. ex., 90/50 mmHg, supina,
- Os termômetros descartáveis (p. ex., Tempa – DOT) são mais
braço direito, branquial, manguito infantil, calma). Se a PA estiver
exatos para as crianças com idade inferior a 5 anos.
muito alta ou baixa, verificar também a frequência cardíaca.
- verificar a temperatura retal dos lactentes após o parto ime-
diato. Após essa verificação de temperatura retal, usar a via axilar
Método com Equipamento Automático
nos lactentes e nas crianças pequenas. A temperatura retal está
contraindicada nas crianças que se submeteram a cirurgia retal e
Passos intestinal, com neutropenia, ou trompocitopenia.
- Seguir os 6 primeiros itens no procedimento anterior (Méto- - O auxiliar ou técnico de enfermagem ou a enfermeira podem
do de Ausculta) para localização da artéria, seleção do manguito e verificar a temperatura. Quando a temperatura for verificada pelo
colocação. auxiliar ou técnico de enfermagem, qualquer variação do referen-
- Seguir as instruções do fabricante para o uso da maquina. cial, ou desvio da mensuração anterior, deve ser relatada ao médico
- Estabilizar a extremidade durante a verificação. ou enfermeira.
- Lavar as mãos.
- Registrar os achados no prontuário do paciente. Registrar
também a posição da criança, extremidade e local utilizado, tama-
nho do manguito, nível de atividade.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Verificação da Temperatura Corporal - Jogue fora o protetor do cabo apertando o botão de liberar.
- Retornar a unidade para carregar na base.
Passos - Lavar as mãos.
- Rever o prontuário da criança quanto a:
- Sinais vitais das ultimas 24 horas. Verificação da Temperatura Axilar com TermômetroEletrônico
- Avaliação dos problemas médicos atuais.
- Parâmetros de temperatura desejados Passos
- Lavar as mãos.
Verificação da Temperatura Oral de uma Criança com Idade - Remover o cabo do local onde fica guardado e observar no
Superior a 5 Anos com Termômetro Eletrônico mostrador se o termômetro esta carregado.
- Selecionar o cabo apropriado: azul-oral.
Passos - Colocar o protetor do cabo no cabo.
- Lavar as mãos - Colocar o cabo protegido na axila da criança e segurar o braço
- Remover o cabo do local onde fica guardado e observar no dela firmemente na lateral.
mostrador se o termômetro esta carregado. - Observar a temperatura quando o mostrador digital estabili-
- Selecionar o cabo apropriado: azul-oral. zou e a unidade emitiu um som; observar se a mensuração foi em
- Colocar o protetor do cabo no cabo. Celsius ou Fahrenheit.
- Gentilmente inserir o cabo com o protetor no saco sublingual - Retornar a unidade para carregar na base.
posterior da criança até que a unidade emita um sinal. - Lavar as mãos.
- Remover o cabo da boca e observar a temperatura do mostra-
dor; observar se é em Celsius ou Fahrenheit. Verificação da Temperatura com Termômetro Descartável
- Jogue fora o protetor do cabo.
- Retornar a unidade para carregar na base. Passos
- Lavar as mãos. - Lavar as mãos.
- Remover uma única unidade do pacote.
Verificação da Temperatura Timpânica em Criança com Idade - Retirar a fita protetora do termômetro descartável.
Superior a 3 meses - Colocar a fita de temperatura segundo as instruções de uso
do fabricante:
Passos - Pressionar a fita firmemente na testa ou axila da criança.
- Lavar as mãos. - Colocar no saco sublingual.
- Remover o cabo do local onde fica guardado e observar no - Usar a fita para monitorar a temperatura assim que a cor para
mostrador se a unidade está carregada. de mudar.
- Garantir que o mostrador indica modo timpânico (as unidades - Ler a temperatura de acordo com as instruções do fabricante,
podem avaliar temperatura de superfície, retal, central e timpâni- por exemplo:
ca). - Ler o bloco indicado pela mudança de cor; verde indica tem-
- Colocar o protetor descartável na ponta do cabo. peratura registrada. Se o verde não aparecer, a temperatura está a
- Puxar a orelha – retrair a pina posteriormente (empurrar para meio caminho entre o indicado pelo marrom e o azul.
cima e para trás). - O numero de pontos que mudaram de cor.
- Inserir o cabo no conduto auditivo enquanto pressiona o bo- - Se for registrada uma temperatura acima de 37°C, confirmar
tão do scan; cheque para garantir que o conduto auditivo esteja com a temperatura oral ou retal.
fechado. - Lavar as mãos.
- Liberar o botão do scan. Medidas Antropométricas
- Remover o cabo quando o termômetro emitir sinal. Observar A antropometria é importante ferramenta para avaliação do
o mostrador de leitura se a leitura é em Celsius ou Fahrenheit. crescimento infantil e aceita universalmente. Vantagens como baixo
- Jogar fora o protetor do cabo pressionando o botão de liberar. custo, facilidade de execução e relativa sensibilidade e especificida-
- Retornar a unidade para carregar na base. de levam à elaboração de índices de crescimento fáceis de serem
- Lavar as mãos. avaliados. Esse método pode ser aplicado em todas as fases do ciclo
de vida e permite a classificação de indivíduos e grupos segundo
Verificação da Temperatura Retal com TermômetroEletrônico seu estado nutricional.
As medidas antropométricas consistem nos dados sobre peso,
Passos altura, perímetros cefálico e torácico. Sua verificação objetiva o
- Lavar as mãos, colocaras luvas de procedimento. acompanhamento do crescimento e desenvolvimento da criança,
- Remover o cabo do local onde fica guardado e observar no vem como a base para a prescrição médica e de enfermagem.
mostrador se o termômetro está carregado. É importante que o enfermeiro ao participar do processo de
- Selecionar o cabo apropriado: vermelho-retal. avaliação do crescimento da criança tenha o conhecimento de que
- Colocar o protetor do cabo no cabo. os principais aspectos que englobam uma avaliação eficiente e efi-
- Lubrificar a ponta com gel hidrossolúvel. caz ao paciente são:
- Gentilmente abra as pregas interglúteas da criança e introdu- -Medição dos valores antropométricos de maneira padroniza-
za o cabo 1,7 cm no lactente e 2,5 cm na criança maior. da;
- Manter as pregas interglúteas fechadas com uma das mãos e -Relação dos valores encontrados conforme o sexo e a idade,
manter o cabo no lugar com a outra. comparando-os com os valores da população de referência;
- Monitorar a mudança de temperatura no mostrador até que a -Verificação da normalidade dos valores encontrados.
unidade emita um som. Observar a temperatura no mostrador e se
a mensuração é em Celsius ou Fahrenheit.

54
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

1 – Peso/Idade: as relações entre o peso da criança e sua idade - Banho: neste momento pode-se estimular o sistema senso-
são de vital importância para uma identificação precoce de casos rial, afetivo da criança. Nele deve-se conversar, dar-lhe brinquedos,
de desnutrição ou obesidade, ou riscos para ambos. Esta relação estimular o tato e sempre incentivando o acompanhante a acompa-
também poderá alertar o enfermeiro quanto a outros problemas nhar este momento. Existem vários tipos de banhos: o de chuveiro,
relacionados que estejam ocasionando tais perdas ou ganhos anor- de leito e de banheira.
mais de peso.
2 – Estatura/Idade: a mensuração da estatura da criança é de Tipos de Banho:
suma importância para o acompanhamento do crescimento con- Banho de chuveiro: Normalmente é indicado para crianças na
siderado dentro dos padrões da normalidade; como foi visto an- faixa etária pré-escolar, escolar e adolescente, que consigam deam-
teriormente nos fatores que influenciam o crescimento é possí- bular, sem exceder sua capacidade em situação de dor. Sempre que
vel verificar que o déficit de crescimento pode estar associado a possível incentivar a criança a banhar-se sozinha, sob supervisão,
problemas como a desnutrição e/ou socioeconômicos, entretanto em caso de adolescentes permitir que tomem banho sozinhos.
quando estes déficits tornarem-se muito elevados é importante a
investigação de um especialista para detectar a real causa. Incentivar a criança a banhar-se sob supervisão ou, em caso de
3 – Peso/Estatura: a relação entre o peso e a estatura da crian- adolescente, que queiram privacidade, permitir que tome banho
ça é utilizada e recomendada pela Organização Mundial da Saúde sozinho.
para detectar sobrepeso; também deve ser utilizado para detectar - Quando for possível, ao término, verificar a limpeza da região
precocemente perdas de peso que indiquem a desnutrição aguda, atrás do pavilhão auditivo, mãos, pés e genitais.
ou o risco desta.
O enfermeiro enquanto integrante da equipe de saúde par- Higiene do Coto Umbilical
ticipa do processo de avaliação do crescimento da criança, sendo Tem como objetivo prevenir infecções e hemorragias, além de
importante salientar que todas as funções do processo avaliativo acelerar o processo de cicatrização.
são delegadas a diferentes profissionais, conforme a especialidade -Manter o coto posicionado para cima, evitando contato com
de cada um. fezes e urina; efetuar higiene na inserção e em toda extensão do
Desta forma, quando se fala em desnutrição e/ou obesidade e coto umbilical, evitando que o excesso de álcool escorra pelo ab-
obtenção de valores fidedignos é sempre de grande valia a inserção dômen.
do nutricionista, já que o mesmo possui a responsabilidade de ins- -Fazer curativo com álcool a 70% até a queda do coto umbilical
truir sobre a alimentação da criança e realizar demais testes antro- ou de acordo coma rotina da unidade.
pométricos necessários para uma análise mais detalhada. -Observar e registrar as condições do coto (presença de secre-
ção ou sangramento) e região peri umbilical (hiperemia e calor .).
Referências:
ORLANDI, O. V.; SABRÁ, A. O Recém-Nascido a Termo. In: FILHO, J. Higiene Nasal
R. Obstetrícia. 10º ed., Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,2005 É a remoção de excesso de secreção (cerúmen) do conduto au-
FERNANDES, K.; KIMURA, A. F. Práticas assistenciais em reanima- ditivo externo e a remoção da sujeira do pavilhão auricular.
ção do recém-nascido no contexto de um centro de parto normal. Fazer higiene com cotonete embebido em SF 0,9% ou água des-
Rev. Esc. Enferm. USP, São tilada, observar e registrar o aspecto da secreção retirada.
Paulo, v.39.n.º 4, p.383-390, 2005.
WONG, D. L. Enfermagem Pediátrica elementos essências à inter- Higiene Ocular
venção efetiva. 5ª ed., Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1999 É a retirada de secreções localizadas na face interna do globo
BOWDEN, V. R.; GREENBERG, C. S. Procedimentos de enfermagem ocular.
pediátrica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. -Fazer higiene ocular com SF 0,9 % ou água destilada, observar
COLLET, N.; OLIVEIRA, B.R.G. Manual de Enfermagem em Pediatria. e registrar o aspecto da secreção retirada.
Goiania:AB Editora, 2002. -Proceder à limpeza do ângulo interno do olho ao externo, uti-
Higiene lizando o lado do cotonete somente uma vez.
A higiene da criança hospitalizada é um cuidado de necessi-
dade básica, objetiva-se prevenir doenças, proporcionar conforto Aleitamento Materno
e bem estar a criança e ainda provocar a recuperação de sua en- Para que o aleitamento materno exclusivo seja bem sucedi-
fermidade. do é importante que a mãe esteja motivada e, além disso, que o
Possibilita a avaliação do exame físico e promove a educação profissional de saúde saiba orientá-la e apresentar propostas para
em saúde aos acompanhantes. resolver os problemas mais comuns enfrentados por ela durante a
Entre os procedimentos de higiene os mais utilizados são: ba- amamentação.
nho; higiene das unhas; troca de fraldas; higiene oral e nasal e hi- Por que as mães oferecem chás, água ou outro alimento? Por-
giene perineal. que acham que a criança está com sede, para diminuir as cólicas,
para acalmá-la a fim de que durma mais, ou porque pensam que
Banho: È um procedimento de rotina no momento da admis- seu leite é fraco ou pouco e não está sustentando adequadamen-
são, diariamente e sempre que necessário. O banho diário é indis- te a criança. Nesse caso, é necessário admitir que as mães não es-
pensável a saúde, proporciona bem-estar, estimula a circulação san- tão tranquilas quanto a sua capacidade para amamentar. É preciso
guínea e protege a pele contra diversas doenças. orientá-las:
O momento do banho deve ser aproveitado para estimular a -Que o leite dos primeiros dias pós-parto, chamado de colostro,
criança com (ou através de) estímulos psicoemocionais (acariciar), é produzido em pequena quantidade e é o leite ideal nos primeiros
auditivos (conversar e cantar) e psicomotores (inclusive movimen- dias de vida, inclusive para bebês prematuros, pelo seu alto teor de
tos ativos com os membros). proteínas.

55
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

- Que o leite materno contém tudo o que o bebê necessita até o Sinais indicativos de que a criança está mamando de forma
6º mês de vida, inclusive água. Assim, a oferta de chás, sucos e água adequada
é desnecessária e pode prejudicar a sucção do bebê, fazendo com
que ele mame menos leite materno, pois o volume desses líquidos Boa posição:
irá substituí-lo. Água, chá e suco representam um meio de contami- - O pescoço do bebê está ereto ou um pouco curvado para trás,
nação que pode aumentar o risco de doenças. A oferta desses líqui- semestar distendido
dos em chuquinhas ou mamadeiras faz com que o bebê engula mais - A boca está bem aberta
ar (aerofagia) propiciando desconforto abdominal pela formação de - O corpo da criança está voltado para o corpo da mãe
gases, e consequentemente, cólicas no bebê. Além disso, pode-se - A barriga do bebê está encostada na barriga da mãe
instalar a confusão de bicos, dificultando a pega correta da mama - Todo o corpo do bebê recebe sustentação
e aumentar os riscos de problemas ortodônticos e fonoaudiólogos. - O bebê e a mãe devem estar confortáveis
-A pega errada vai prejudicar o esvaziamento total da mama,
impedindo que o bebê mame o leite posterior (leite do final da ma- Boa pega:
mada) que é rico em gordura, interferindo na saciedade e encurtan- - O queixo toca a mama
do os intervalos entre as mamadas. Assim, a mãe pode pensar que - O lábio inferior está virado para fora
seu leite é insuficiente e fraco. - Há mais aréola visível acima da boca do que abaixo
-Se as mamas não são esvaziadas de modo adequado ficam in- - Ao amamentar, a mãe não sente dor no mamilo
gurgitadas, o que pode diminuir a produção de leite. Isso ocorre
devido ao aumento da concentração de substâncias inibidoras da Produção versus ejeção do leite materno
produção de leite. A produção adequada de leite vai depender, predominante-
-Em média a produção de leite é de um litro por dia, assim é mente, da sucção do bebê (pega correta, frequência de mamadas),
necessário que a mãe reponha em seu organismo a água utilizada que estimula os níveis de prolactina (hormônio responsável pela
no processo de lactação. É importante que a mãe tome mais água produção do leite).
(filtrada e fervida) e evite a ingestão de líquidos com calorias como Entretanto, a produção de ocitocina, hormônio responsável
refrigerantes e refrescos. pela ejeção do leite, é facilmente influenciada pela condição emo-
-As mulheres que precisam se ausentar por determinados perí- cional da mãe (autoconfiança). A mãe pode referir que está com
odos, por exemplo, para o trabalho ou lazer, devem ser incentivadas pouco leite. Nesses casos, geralmente, o bebê ganha menos de 20 g
a realizar a ordenha do leite materno e armazená-lo em frasco de e molha menos de seis fraldas por dia. O profissional de saúde pode
vidro, com tampa plástica de rosca, lavado e fervido. Na geladeira, contribuir para reverter essa situação orientando a mãe a colocar
pode ser estocado por 12 horas e no congelador ou freezer por no a criança mais vezes no peito para amamentar inclusive durante a
máximo 15 dias. O leite materno deve ser descongelado e aquecido noite, observando se a pega do bebê está correta.
em banho Maria e pode ser oferecido ao bebê em copo ou xícara,
pequenos. O leite materno não pode ser descongelado em micro- Puericultura
-ondas e não deve ser fervido. Puericultura é a arte de promover e proteger a saúde das crian-
ças, através de uma atenção integral, compreendendo a criança
É importante que a mãe seja orientada sobre: como um ser em desenvolvimento com suas particularidades. É
O leite materno contém a quantidade de água suficiente para uma especialidade médica contida na Pediatria que leva em conta
as necessidades do bebê, mesmo em climas muito quentes. a criança, sua família e o entorno, analisando o conjunto bio-psico-
A oferta de água, chás ou qualquer outro alimento sólido ou -sócio-cultural.
líquido, aumenta a chance do bebê adoecer, além de substituir o Nas consultas periódicas, o pediatra observa a criança, inda-
volume de leite materno a ser ingerido, que é mais nutritivo. ga aos pais sobre as atividades do filho, reações frente a estímulos
O tempo para esvaziamento da mama depende de cada bebê; e realiza o exame clínico. Quanto mais nova a criança, mais frágil
há aquele que consegue fazê-lo em poucos minutos e aquele que o e vulnerável, daí a necessidade de consultas mais frequentes. Em
faz em trinta minutos ou mais. cada consulta o pediatra vai pedir informações de como a criança se
Ao amamentar: alimenta, se as vacinas estão em dia, como ela brinca, condições de
a) a mãe deve escolher uma posição confortável, podendo higiene, seu cotidiano. O acompanhamento do crescimento, atra-
apoiar as costas em uma cadeira confortável, rede ou sofá e o bebê vés da aferição periódica do peso, da altura e do perímetro cefálico
deve estar com o corpo bem próximo ao da mãe, todo voltado para e sua análise em gráficos, são indicadores das condições de saúde
ela. O uso de almofadas ou travesseiros pode ser útil; das crianças. Sempre, a cada consulta, bebês, pré-escolares, esco-
b) ela não deve sentir dor, se isso estiver ocorrendo, significa lares e jovens devem ter seu crescimento e seu desenvolvimento
que a pega está errada. avaliado. Crescimento é o ganho de peso e altura, um fenômeno
quantitativo, que termina ao final da adolescência. Por outro lado,
A mãe que amamenta precisa ser orientada a beber no mínimo o desenvolvimento é qualitativo, significa aprender a fazer coisas,
um litro de água filtrada e fervida, além da sua ingestão habitual evoluir, tornar-se independente e geralmente é um processo con-
diária, considerando que são necessários aproximadamente 900 ml tínuo.
de água para a produção do leite. É importante também estimular
o bebê a sugar corretamente e com mais frequência (inclusive du-
rante a noite)

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

DOENÇAS INFECTO CONTAGIOSAS NA INFÂNCIA (ATEN- Manifestações Clínicas: exantema é a primeira manifestação da
ÇÃO INTEGRADA ÀS DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA - doença. As lesões evoluem em menos de 8 horas: máculas > pápu-
AIDPI) las > vesículas > formação de crosta. As crostas costumam cair em 7
Doenças de etiologia viral que costumam deixar imunidade dias até 3 semanas, se houver contaminação. Neste caso ou se hou-
permanente, sendo a maior incidência na primavera e inverno. Não ver remoção prematura da crosta deixa cicatriz residual. As lesões
existe tratamento específico, apenas a administração de medica- acometem predominantemente tronco, pescoço, face, segmentos
ções para aliviar sintomas, como a febre. porém é importante ficar proximais dos membros, poupando palma das mãos e planta dos
atento à criança. Se ela apresentar: sonolência incomum, recusar pés. Aparecem em surtos de 3 a 5 dias, por isso pode-se visualizar
beber líquidos, dor de ouvido, taquipnéia, respiração ruidosa ou ce- em uma mesma área a presença de todos os estágios de lesão. A
faléia intensa faz-se necessário procurar um médico, pois estes são intensidade varia de poucas lesões, surgidas de um único surto, a
alguns sinais de alerta para possíveis complicações dessas doenças. inúmeras lesões que cubram todo corpo, surgidas em 5 ou 6 surtos,
no decurso de 1 semana. A febre costuma ser baixa e sua intensida-
Sarampo de acompanha a intensidade da erupção cutânea.
Via de Transmissão: aérea, pela mucosa respiratória ou conjun- Período de Transmissibilidade: desde 1 dia antes do apareci-
tival mento de exantema até 5 dias após o aparecimento da última ve-
Período de Incubação: 8 a 12 dias sícula.
Manifestações Prodrômicas: febre (geralmente elevada, alcan- Importante: evite que a criança coce as lesões, evitando a con-
çando o máximo no aparecimento do exantema), manifestações taminação local e cicatrizes residuais. Se a coceira for muita, procu-
sistêmicas, coriza, conjuntivite, tosse, exantema característico, po- re um médico que indicará métodos para aliviar o prurido.
dendo apresentar também: cefaléia, dores abdominais, vômitos,
diarréia, artralgias e mialgia, associados a prostração e sonolência, Caxumba (Parotidite Epidêmica)
quadro que pode dar a impressão de doença grave. Um sinal pa- Via de Transmissão: por via respiratória, através de gotículas
tognomônico da doença é o aparecimento das manchas de Koplick contaminadas e contato oral com utensílios contaminados
- pontos azulados na mucosa bucal que tendem a desaparecer. Período de Incubação: 14 a 21 dias
Manifestações Clínicas: as lesões cutâneas, aparecem no 14º Manifestações Prodrômicas: passa desapercebido, só se notan-
do a doença quando aparecem dor e edema da glândula.
dia de contágio, são máculo-papulosas avermelhadas, isoladas uma
Manifestações Clínicas: aumento das parótidas, que é uma
das outras e circundadas por pele não comprometida, podendo
glândula situada no ramo ascendente da mandíbula. Pode afetar
confluir. Começam no início da orelha, após 24 horas são encontra-
um ou ambos os lados do rosto. Irá se apresentar mole, dolorosa
das em: face, pescoço, tronco e braços ,e após 2 ou 3 dias: membros
a palpação, sem sinais inflamatórios e sem limites nítidos. Com o
inferiores e desaparecendo no 6º dia. As lesões evoluem para man-
edema da parótida há uma elevação da febre e dor de gargganta.
chas pardas residuais com descamação leve. A temperatura tende a
Período de Transmissibilidade: 3 dias antes do edema da paró-
se normalizar no quarto dia de exantema.
tida, até 7 dias depois do inchaço ter diminuído.
Período de Transmissibilidade: começa 2 a 4 dias antes do pe-
Importante: recomenda-se o repouso, sendo obrigatório para
ríodo prodrômico e vai até o 6º dia do aparecimento do exantema. adolescentes e adultos, principalmente do sexo masculino.
Doença infecciosa endêmica e epidêmica, de origem bacteria-
Rubéola na, sendo uma importante causa de morbi-mortalidade em crianças
Via de Transmissão: por via respiratória, através de gotículas de baixa idade, principalmente em crianças não-imunizadas. Sua
contaminadas imunidade, também, parece ser permanente após a doença e não
Período de Incubação: 14 a 21 dias há influência sazonal evidente nos picos de incidência.
Manifestações Prodrômicas: em crianças não existem pródro-
mos da doença, mas em adolescentes e adultos, o exantema pode Coqueluche
ser precedido por 1 ou 2 dias de mal-estar, febre baixa, dor de gar- Via de Transmissão: contato direto através da via respiratória.
ganta e coriza discreta. Período de Incubação: varia entre 6 e 20 dias
Manifestações Clínicas: 7 dias antes da erupção cutânea, perce- Manifestações Clínicas: dura de 6 a 8 semanas, sendo que o
be-se um aumento dos gânglios cervicais, retroauriculares e occip- quadro clínico depende da idade e grau de imunização do indivíduo.
tais. As lesões cutâneas são máculo-papulosas, de coloração rósea É dividida em estadios:
e às vezes confluentes. Iniciam na face, pescoço, tronco, membros (1) Estádio catarral - dura de 1 a 2 semanas e é o período de
superiores e inferiores em menos de 24 horas. Na maioria dos ca- maior contagiosidade. Caracterizado por secreção nasal, lacrimeja-
sos, a erupção permanece por 3 dias. Existem muitos indivíduos mento, tosse discreta, congestão conjutival e febre baixa.
que apresentam a infecção inaparente. (2) Estádio paroxístico - dura de 1 a 4 semanas (ou mais). Há
Período de Transmissibilidade: começa 1 semana antes do apa- uma intensificação da tosse manifestada em crises, frequentemen-
recimento de exantema até 5 dias após o início da erupção cutânea. te mais numerosas durante a noite.
Importante: por ser uma doença teratogênica, recomenda-se (3) Estádio de convalescença - acessos são menos intensos e
que os indivíduos acometidos fiquem em casa evitando o contágio menos frequentes.
de mulheres grávidas.
Importante: por ser uma patologia bacteriana faz-se necessário
Catapora (varicela) a introdução de antibioticoterapia e isolamento respiratório por 5
Via de Transmissão: por contato direto, por meio de gotículas dias após o início da administração medicamentosa, ou por 3 sema-
infectadas, mas em curtas distâncias. Também pode ser transmitido nas após o começo do estádio paroxístico, se a antibioticoterapia
por via indireta, através de mãos e roupas. for contra-indicada.
Período de Incubação: 14 a 17 dias Faz-se necessário a hospitalização de lactentes com problemas
Manifestações Prodrômicas: curto (24 horas), constituído de importantes na alimentação, crises de apnéia e cianose, e pacientes
febre baixa e discreto mal-estar. com complicações graves.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Procurar evitar fatores desencadeantes de crises como temor, - Dor abdominal.


decúbito baixo, permanência em recintos fechados e exercícios físi- - Febre.
cos. Procurar manter nutrição e hidratação adequada. - Sangue ou muco nas fezes.
DOENÇAS DIARREICAS AGUDAS (DDA) - Náusea.
- Vômitos.
O que é são doenças diarreicas agudas?
As doenças diarreicas agudas (DDA) correspondem a um gru- Como diagnosticar as doenças diarreicas agudas (diarreia)?
po de doenças infecciosas gastrointestinais. São caracterizadas por O diagnóstico das causas etiológicas, ou seja, dos microrganis-
uma síndrome em que há ocorrência de no mínimo três episódios mos causadores da DDA é realizado apenas por exame laboratorial
de diarreia aguda em 24 horas, ou seja, diminuição da consistência por meio de exames parasitológicos de fezes, cultura de bactérias
das fezes e aumento do número de evacuações, quadro que pode (coprocultura) e pesquisa de vírus. O diagnóstico laboratorial é im-
ser acompanhado de náusea, vômito, febre e dor abdominal. Em portante para determinar o perfil de agentes etiológicos circulantes
geral, são doenças autolimitadas com duração de até 14 dias. Em al- em determinado local e, na vigência de surtos, para orientar as me-
guns casos, há presença de muco e sangue, quadro conhecido como didas de controle. Em casos de surto, solicitar orientação da equipe
disenteria. A depender do agente causador da doença e de caracte- de vigilância epidemiológica do município para coleta de amostras.
rísticas individuais dos pacientes, as DDA podem evoluir clinicamen- IMPORTANTE: As fezes devem ser coletadas antes da adminis-
te para quadros de desidratação que variam de leve a grave. tração de antibióticos e outros medicamentos ao paciente. Reco-
A diarreia pode ser de origem não infecciosa podendo ser cau- menda-se a coleta de 2 a 3 amostras de fezes por paciente.
sada por medicamentos, como antibióticos, laxantes e quimiote- O diagnóstico etiológico das Doenças Diarreicas Agudas nem
rápicos utilizados para tratamento de câncer, ingestão de grandes sempre é possível, uma vez que há uma grande dificuldade para a
quantidades de adoçantes, gorduras não absorvidas, e até uso de realização das coletas de fezes, o que se deve, entre outras ques-
bebidas alcoólicas, por exemplo. Além disso, algumas doenças não tões, à baixa solicitação de coleta de amostras pelos profissionais
infecciosas também podem desencadear diarreia, como a doen- de saúde e à reduzida aceitação e coleta pelos pacientes.
ça de Chron, as colites ulcerosas, a doença celíaca, a síndrome do Desse modo, é importante que o indivíduo doente seja bem
intestino irritável e intolerâncias alimentares como à lactose e ao esclarecido quanto à relevância da coleta de fezes, especialmente
glúten. na ocorrência de surtos, casos com desidratação grave, casos que
apresentam fezes com sangue e casos suspeitos de cólera a fim de
O que causa as doenças diarreicas agudas? possibilitar a identificação do microrganismo que causou diarreia.
As doenças diarreicas agudas (DDA) podem ser causadas por Essa informação será útil para prevenir a transmissão da doença
diferentes microrganismos infecciosos (bactérias, vírus e outros para outras pessoas.
parasitas, como os protozoários) que geram a gastroenterite – in- A coleta de fezes para análise laboratorial é de grande impor-
flamação do trato gastrointestinal – que afeta o estômago e o in- tância para a identificação de agentes circulantes e, especialmente
testino. A infecção é causada por consumo de água e alimentos em caso de surtos, para se identificar o agente causador do surto,
contaminados, contato com objetos contaminados e também pode bem como a fonte da contaminação.
ocorrer pelo contato com outras pessoas, por meio de mãos conta-
minadas, e contato de pessoas com animais. Como tratar as doenças diarreicas agudas?
O tratamento das doenças diarreicas agudas se fundamenta na
Quais são os fatores de risco para doenças diarreicas agudas? prevenção e na rápida correção da desidratação por meio da inges-
Qualquer pessoa, de qualquer faixa etária e gênero, pode ma- tão de líquidos e solução de sais de reidratação oral (SRO) ou fluidos
nifestar sinais e sintomas das doenças diarreicas agudas após a con- endovenosos, dependendo do estado de hidratação e da gravidade
taminação. No entanto, alguns comportamentos podem colocar as do caso. Por isso, apenas após a avaliação clínica do paciente, o tra-
pessoas em risco e facilitar a contaminação como: tamento adequado deve ser estabelecido, conforme os planos A, B
- Ingestão de água sem tratamento adequado; e C descritos abaixo.
- Consumo de alimentos sem conhecimento da procedência, Para indicar o tratamento é imprescindível a avaliação clínica
do preparo e armazenamento; do paciente e do seu estado de hidratação. A abordagem clínica
- Consumo de leite in natura (sem ferver ou pasteurizar) e de- constitui a coleta de dados importantes na anamnese, como: início
rivados; dos sinais e sintomas, número de evacuações, presença de muco
- Consumo de produtos cárneos e pescados e mariscos crus ou ou sangue nas fezes, febre, náuseas e vômitos; presença de doen-
malcozidos; ças crônicas; verificação se há parentes ou conhecidos que também
- Consumo de frutas e hortaliças sem higienização adequada; adoeceram com os mesmos sinais/sintomas.
- Viagem a locais em que as condições de saneamento e de O exame físico, com enfoque na avaliação do estado de hidra-
higiene sejam precárias; tação, é importante para avaliar a presença de desidratação e a ins-
- Falta de higiene pessoal. tituição do tratamento adequado, além disso, o paciente deve ser
pesado, sempre que possível.
ATENÇÃO ESPECIAL: Crianças e idosos com DDA correm risco Se não houver dificuldade de deglutição e o paciente estiver
de desidratação grave. Nestes casos, a procura ao serviço de saúde consciente, a alimentação habitual deve ser mantida e deve-se au-
deve ser realizada em caráter de urgência. mentar a ingestão de líquidos, especialmente de água.

Quais são os sinais e sintomas das doenças diarreicas agudas? Plano A


Ocorrência de no mínimo três episódios de diarreia aguda no O plano A consiste em cinco etapas direcionadas ao paciente
período de 24hrs (diminuição da consistência das fezes – fezes líqui- HIDRATADO para realizar no domicílio:
das ou amolecidas – e aumento do número de evacuações) poden- Aumento da ingestão de água e outros líquidos incluindo so-
do ser acompanhados de: lução de SRO principalmente após cada episódio de diarreia, pois
- Cólicas abdominais. dessa forma evita-se a desidratação;

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Manutenção da alimentação habitual; continuidade do aleita- O paciente com diarreia deve estar atento e voltar imediata-
mento materno; mente ao serviço de saúde se não melhorar ou se apresentar qual-
quer um dos sinais e sintomas:
Retorno do paciente ao serviço, caso não melhore em 2 dias ou - Piora da diarreia.
apresente piora da diarreia, vômitos repetidos, muita sede, recusa - Vômitos repetidos.
de alimentos, sangue nas fezes ou diminuição da diurese; - Muita sede.
Orientação do paciente/responsável/acompanhante para re- - Recusa de alimentos.
conhecer os sinais de desidratação; preparar adequadamente e - Sangue nas fezes.
administrar a solução de SRO e praticar ações de higiene pessoal - Diminuição da urina.
e domiciliar (lavagem adequada das mãos, tratamento da água e
higienização dos alimentos); Como ocorre a transmissão das doenças diarreicas agudas?
Administração de Zinco uma vez ao dia, durante 10 a 14 dias. A transmissão das doenças diarreicas agudas pode ocorrer pe-
las vias oral ou fecal-oral.
Plano B Transmissão indireta -Pelo consumo de água e alimentos con-
O Plano B consiste em três etapas direcionadas ao paciente taminados e contato com objetos contaminados, como por exem-
COM DESIDRATAÇÃO, porém sem gravidade, com capacidade de in- plo, utensílios de cozinha, acessórios de banheiros, equipamentos
gerir líquidos, que deve ser tratado com SRO na Unidade de Saúde, hospitalares.
onde deve permanecer até a reidratação completa. Transmissão direta -Pelo contato com outras pessoas, por meio
Ingestão de solução de SRO, inicialmente em pequenos volu- de mãos contaminadas e contato de pessoas com animais.
mes e aumento da oferta e da frequência aos poucos. A quantidade Os manipuladores de alimentos e os insetos podem contami-
a ser ingerida dependerá da sede do paciente, mas deve ser admi- nar, principalmente, os alimentos, utensílios e objetos capazes de
nistrada continuamente até que desapareçam os sinais da desidra- absorver, reter e transportar organismos contagiantes e infecciosos.
tação; Locais de uso coletivo, como escolas, creches, hospitais e penitenci-
Reavaliação do paciente constantemente, pois o Plano B ter- árias apresentam maior risco de transmissão das doenças diarreicas
mina quando desaparecem os sinais de desidratação, a partir de agudas.
quando se deve adotar ou retornar ao Plano A; O período de incubação, ou seja, tempo para que os sintomas
Orientação do paciente/responsável/acompanhante para re- comecem a aparecer a partir do momento da contaminação/infec-
conhecer os sinais de desidratação; preparar adequadamente e ção, e o período de transmissibilidade das DDA são específicos para
administrar a solução de SRO e praticar ações de higiene pessoal cada agente etiológico.
e domiciliar (lavagem adequada das mãos, tratamento da água e
higienização dos alimentos); Como prevenir as doenças diarreicas agudas?
As intervenções para prevenir a diarreia incluem ações institu-
Plano C cionais de saneamento e de saúde, além de ações individuais que
O Plano C consiste em duas fases de reidratação endovenosa devem ser adotadas pela população:
destinada ao paciente COM DESIDRATAÇÃO GRAVE. Nessa situação Lave sempre as mãos com sabão e água limpa principalmente
o paciente deverá ser transferido o mais rapidamente possível. Os antes de preparar ou ingerir alimentos, após ir ao banheiro, após
primeiros cuidados na unidade de saúde são importantíssimos e já
utilizar transporte público ou tocar superfícies que possam estar
devem ser efetuados à medida que o paciente seja encaminhado ao
sujas, após tocar em animais, sempre que voltar da rua, antes e
serviço hospitalar de saúde.
depois de amamentar e trocar fraldas.
Realizar reidratação endovenosa no serviço saúde (fases rápida
Lave e desinfete as superfícies, os utensílios e equipamentos
e de manutenção);
usados na preparação de alimentos.
O paciente deve ser reavaliado após duas horas, se persistirem
Proteja os alimentos e as áreas da cozinha contra insetos, ani-
os sinais de choque, repetir a prescrição; caso contrário, iniciar ba-
mais de estimação e outros animais (guarde os alimentos em reci-
lanço hídrico com as mesmas soluções preconizadas;
pientes fechados).
Administrar por via oral a solução de SRO em doses pequenas e
frequentes, tão logo o paciente aceite. Isso acelera a sua recupera- Trate a água para consumo (após filtrar, ferver ou colocar duas
ção e reduz drasticamente o risco de complicações. gotas de solução de hipoclorito de sódio a 2,5% para cada litro de
Suspender a hidratação endovenosa quando o paciente estiver água, aguardar por 30 minutos antes de usar).
hidratado, com boa tolerância à solução de SRO e sem vômitos. Guarde a água tratada em vasilhas limpas e com tampa, sendo
Para tratamento detalhado acesse aqui o Manejo do Paciente a “boca” estreita para evitar a recontaminação;
com Diarreia. Não utilize água de riachos, rios, cacimbas ou poços contami-
nados para banhar ou beber.
OBSERVAÇÃO: O Tratamento com antibiótico deve ser reserva- Evite o consumo de alimentos crus ou malcozidos (principal-
do apenas para os casos de DDA com sangue ou muco nas fezes (di- mente carnes, pescados e mariscos) e alimentos cujas condições
senteria) e comprometimento do estado geral ou em caso de cólera higiênicas, de preparo e acondicionamento, sejam precárias.
com desidratação grave, sempre com acompanhamento médico. Ensaque e mantenha a tampa do lixo sempre fechada; quando
não houver coleta de lixo, este deve ser enterrado em local apro-
Quais são as possíveis complicações das doenças diarreicas priado.
agudas? Use sempre o vaso sanitário, mas se isso não for possível, en-
A principal complicação é a desidratação, que se não for corri- terre as fezes sempre longe dos cursos de água;
gida rápida e adequadamente, em grande parte dos casos, especial- Evite o desmame precoce. Manter o aleitamento materno au-
mente em crianças e idosos, pode causar complicações mais graves. menta a resistência das crianças contra as diarreias.
Situação epidemiológica das doenças diarreicas agudas (diar-
reia aguda)

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Os casos individuais de DDA são de notificação compulsória em DOENÇAS RESPIRATÓRIA NA INFÂNCIA


unidades sentinelas para monitorização das DDA (MDDA). O prin- São as doenças mais frequentes durante a infância, acometen-
cipal objetivo da Vigilância Epidemiológica das Doenças Diarreicas do um número elevado de crianças, de todos os níveis sócio-econô-
Agudas (VE-DDA) é monitorar o perfil epidemiológico dos casos, micos e por diversas vezes. Nas classes sociais mais pobres, as in-
visando detectar precocemente surtos, especialmente os relacio- fecções respiratórias agudas ainda se constituem como importante
nados a: acometimento entre menores de cinco anos; agentes etio- causa de morte de crianças pequenas, principalmente menores de
lógicos virulentos e epidêmicos, como é o caso da cólera; situações 1 ano de idade. Os fatores de risco para morbidade e mortalidade
de vulnerabilidade social; seca, inundações e desastres. Os casos são baixa idade, precárias condições sócio-econômicas, desnutri-
de DDA são notificados no Sistema de Informação de Vigilância ção, déficit no nível de escolaridade dos pais, poluição ambiental e
Epidemiológica das DDA (SIVEP_DDA) e o monitoramento é reali- assistência de saúde de má qualidade (SIGAUD, 1996).
zado pelo acompanhamento contínuo dos níveis endêmicos para A enfermagem precisa estar atenta e orientar a família da
verificar alteração do padrão da doença em localidades e períodos criança sobre alguns fatores:
de tempo determinados. Diante da identificação de alterações no - preparar os alimentos sob a forma pastosa ou líquida, ofere-
comportamento da doença, deve ser realizada investigação e ava- cendo em menores quantidades e em intervalos mais curtos, res-
liação de risco para subsidiar as ações necessárias. peitando a falta de apetite e não forçando a alimentação;
Segundo a Organização Mundial de Saúde, as doenças diar- - aumentar a oferta de líquidos: água, chás e suco de frutas,
reicas constituem a segunda principal causa de morte em crianças levando em consideração a preferência da criança;
menores de cinco anos, embora sejam evitáveis e tratáveis. As DDA - manter a criança em ambiente ventilado, tranquilo e agasa-
são as principais causas de morbimortalidade infantil (em crianças lhada se estiver frio;
menores de um ano) e se constituem um dos mais graves proble- - fluidificar e remover secreções e muco das vias aéreas supe-
mas de saúde pública global, com aproximadamente 1,7 bilhão de riores frequentemente;
casos e 525 mil óbitos na infância (em crianças menores de 5 anos) - evitar contato com outras crianças;
por ano. Além disso, as DDA estão entre as principais causas de des- - havendo febre: até 38,4ºC dar banho, de preferência de imer-
nutrição em crianças menores de cinco anos. são, morno (por 15 minutos); aplicar compressa com água morna
Uma proporção significativa das doenças diarreicas é transmi- e álcool nas regiões inguinal e axilar; retirar excessos de roupa. Se
tida pela água e pode ser prevenida através do consumo de água ultrapassar este valor oferecer antitérmico recomendado pelo pe-
potável, condições adequadas de saneamento e hábitos de higiene. diatra.
No Brasil, segundo estatísticas do IBGE, em 2016, 87,3% dos do-
micílios ligados à rede geral tinham disponibilidade diária de água, RESFRIADO
percentual que era de 66,6% no Nordeste, onde em 16,3% dos do- Inflamação catarral da mucosa rinofaríngea e formações lin-
micílios o abastecimento ocorria de uma a três vezes por semana fóides anexas. Possui como causas predisponentes: convívio ou
contágio ocasional com pessoas infectadas, desnutrição, clima frio
e em 11,2% dos lares, de quatro a seis vezes. A região Norte apre-
ou úmido, condições da habitação e dormitório da criança, quedas
sentava o menor percentual de domicílios em que a principal forma
bruscas e acentuadas da temperatura atmosférica, susceptibilida-
de abastecimento de água era a rede geral de distribuição (59,8%).
de individual, relacionada à capacidade imunológica (ALCÂNTARA,
Por outro lado, a região se destacava quando se tratava de abaste-
1994).
cimento através de poço profundo ou artesiano (20,3%); poço raso, Principais sinais e sintomas: febre de intensidade variável, cor-
freático ou cacimba (12,7%); e fonte ou nascente (3,1%). rimento nasal mucoso e fluido (coriza), obstrução parcial da respi-
Outra preocupação é a ocorrência de inundações e secas indu- ração nasal tornando-se ruidosa (trazendo irritação, principalmente
zidas por mudanças climáticas, que podem afetar as condições de ao lactente que tem sua alimentação dificultada), tosse (não obri-
acesso de muitas famílias aos serviços de abastecimento de água gatória), falta de apetite, alteração das fezes e vômitos (quando a
e saneamento, expondo populações a riscos relacionados à saúde. criança é forçada a comer).
Além disso, as inundações podem dispersar diversos contaminan- Não existindo contra-indicações recomenda-se a realização de
tes fecais, aumentando os riscos de surtos de doenças transmitidas exercícios rrespiratórios, tapotagem e dembulação. Se o estado for
pela água. No caso da escassez de água devido à seca, a utilização muito grave, sugerindo risco de vida para a criança se ela continuar
de fontes alternativas de água sem tratamento adequado, incluindo em seu domicílio, recomenda-se a hospitalização.
água de caminhão pipa, também aumenta os riscos de adoecimen-
to por doenças diarreicas. PNEUMONIA
A seca e a estiagem são, entre os tipos de desastre, os que mais Inflamação das paredes da árvore respiratória causando au-
afetam a população brasileira (50,34%), por serem mais recorren- mento das secreções mucosas, respiração rápida ou difícil, dificul-
tes, atingindo mais fortemente as regiões Nordeste, Sul e parte do dade em ingerir alimentos sólidos ou líquidos; piora do estado ge-
Sudeste. As inundações são a segunda tipologia de desastres de ral, tosse, aumento da frequência respiratória (maior ou igual a 60
maior recorrência no Brasil e atingem todas as regiões do país, cau- batimentos por minuto); tiragem (retração subcostal persistente),
sando impactos significativos sobre a saúde das pessoas e a infra- estridor, sibilância, gemido, períodos de apnéia ou guinchos (tosse
estrutura de saúde. da coqueluche), cianose, batimentos de asa de nariz, distensão ab-
Nesse cenário diversificado das regiões do país, relacionado ao dominal, e febre ou hipotermia (podendo indicar infecção).
desenvolvimento socioeconômico, às condições de saneamento, ao
clima e às situações adversas, como os desastres, ocorrem anual-
mente, mais de 4 milhões de casos e mais de 4 mil óbitos por DDA,
registrados por meio da vigilância epidemiológica em unidades sen-
tinelas e pelo Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM).

60
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

AMIGDALITES ASMA
Doença crônica do trato respiratório, sendo uma infecção mui-
Muito frequente na infância, principalmente na faixa etária de to frequente na infância. A crise é causada por uma obstrução, de-
3 a 6 anos (ALCÂNTARA, 1994). Seu quadro clínico assemelha-se a vido a contração da musculatura lisa, edema da parede brônquica e
um resfriado comum. Principais sinais e sintomas: febre, mal estar, infiltração de leucócitos polimorfonucleares, eosinófilos e linfócitos
prostração ou agitação, anorexia em função da dificuldade de de- (GRUMACH, 1994).
glutição, presença de gânglios palpáveis, mau hálito, presença ou Manifesta-se através de crises de broncoespasmo, com
não de tosse seca, dor e presença de pus na amigdala. dispnéia, acessos de tosse e sibilos presentes à ausculta pulmonar.
Às orientações de enfermagem acrescentaria-se estimular a fa- São episódios auto-limitados podendo ser controlados por medica-
mília a ofertar à criança uma alimentação mais semi-líquida, a base mentos com retorno normal das funções na maioria das crianças.
de sopas, papas ... Em metade dos casos, os primeiros sintomas da doença sur-
gem até o terceiro ano de vida e, em muitos pacientes, desapare-
OTITE cem com a puberdade. Porém a persistência na idade adulta leva a
Caracterizada por dor, febre, choro frequente, dificuldade para um agravo da doença.
sugar e alimentar-se e irritabilidade, sendo o diagnóstico confirma- Fatores desencadeantes: alérgenos (irritantes alimentares),
do pelo otoscópio. Possui como fatores predisponentes: infecções, agentes irritantes, poluentes atmosféricos e mudanças
climáticas, fatores emocionais, exercícios e algumas drogas (ácido
- alimentação em posição horizontal, pois propicia refluxo ali- acetil salicílico e similares).
mentar pela tuba, que é mais curta e horizontal na criança, levando É importante que haja:
à otite média; - estabelecimento de vínculo entre paciente/ família e equipe
- crianças que vivem em ambiente úmido ou filhas de pais fu- de saúde;
mantes; - controle ambiental, procurando afastar elementos alergêni-
- diminuição da umidade relativa do ar; cos;
- limpeza inadequada, com cotonetes, grampos e outros, pre- - higiene alimentar;
judicando a saída permanente da cera pela formação de rolhas obs- - suspensão de alimentos só deverá ocorrer quando existir uma
trutivas, ou retirando a proteção e facilitando a evolução de otites nítida relação com a sintomatologia apresentada;
micóticas ou bacterianas, além de poder provocar acidentes. - fisioterapia respiratória a fim de melhorar a dinâmica respira-
tória, corrigir deformidades torácicas e vícios posturais, aumentan-
Orientar sobre a limpeza que deve ser feita apenas com água, do a resistência física.
sabonete, toalha e dedo.
Durante uma crise o paciente precisa de um respaldo medica-
SINUSITE mentoso para interferir na sintomatologia e de uma pessoa segura
“Desencadeada pela obstrução dos óstios de drenagem dos e tranquila ao seu lado. Para tanto a família precisa ser muito bem
seios da face, favorecendo a retenção de secreção e a infecção bac- esclarecida e em alguns casos faz-se necessário encaminhamento
teriana secundária” (LEÃO, 1989). Caracteriza-se por tosse noturna, psicológico.
secreção nasal e com presença ou não de febre, sendo que rara-
SAÚDE DA MULHER
mente há cefaléia na infância (SAMPAIO, 1994). Casos recidivantes
são geralmente causados por alergia respiratória. Possui como fato-
Diretrizes da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da
res predisponentes:
Mulher
- episódios muito frequentes de resfriado;
– O Sistema Único de Saúde deve estar orientado e capacitado
- crianças que vivem em ambiente úmido ou flhas de pais fu-
para a atenção integral à saúde da mulher, numa perspectiva que
mantes;
contemple a promoção da saúde, as necessidades de saúde da po-
- diminuição da umidade relativa do ar.
pulação feminina, o controle de patologias mais prevalentes nesse
grupo e a garantia do direito à saúde.
RINITE – A Política de Atenção à Saúde da Mulher deverá atingir as mu-
Apresenta como manifestações clínicas a obstrução nasal ou lheres em todos os ciclos de vida, resguardadas as especificidades
coriza, prurido e espirros em salva; a face apresenta “olheiras”; du- das diferentes faixas etárias e dos distintos grupos populacionais
pla prega infra-orbitária; e sulco transversal no nariz, sugerindo pru- (mulheres negras, indígenas, residentes em áreas urbanas e rurais,
rido intenso. Pode ser causada por alergia respiratória, neste caso residentes em locais de difícil acesso, em situação de risco, presidi-
faz-se necessário afastar as substâncias que possam causar alergia. árias, de orientação homossexual, com deficiência, dentre outras).
– A elaboração, a execução e a avaliação das políticas de saúde
BRONQUITE da mulher deverão nortear-se pela perspectiva de gênero, de raça e
Inflamação nos brônquios, caracterizada por tosse e aumento de etnia, e pela ampliação do enfoque, rompendo-se as
da secreção mucosa dos brônquios, acompanhada ou não de febre, fronteiras da saúde sexual e da saúde reprodutiva, para alcan-
predominando em idades menores. Quando apresentam grande çar todos os aspectos da saúde da mulher.
quntidade de secreção pode-se perceber ruído respiratório (“chia- – A gestão da Política de Atenção à Saúde deverá estabelecer
do” ou “ronqueira”) (RIBEIRO, 1994). uma dinâmica inclusiva, para atender às demandas emergentes ou
Propicia que as crianças portadoras tenham infecções com demandas antigas, em todos os níveis assistenciais.
maior frequência do que outras. Pode se tornar crônica, levando
a anorexia a uma perda da progressão de peso e estatura (RIBEI-
RO, 1994). Recomenda-se afastar substâncias que possam causar
alergias.

61
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

– As políticas de saúde da mulher deverão ser compreendidas Objetivos Gerais da Política Nacional de Atenção Integral à
em sua dimensão mais ampla, objetivando a criação e ampliação Saúde da Mulher
das condições necessárias ao exercício dos direitos da mulher, seja – Promover a melhoria das condições de vida e saúde das mu-
no âmbito do SUS, seja na atuação em parceria do setor Saúde com lheres brasileiras, mediante a garantia de direitos legalmente cons-
outros setores governamentais, com destaquepara a segurança, a tituídos e ampliação do acesso aos meios e serviços de promoção,
justiça, trabalho, previdência social e educação. prevenção, assistência e recuperação da saúde em todo território
– A atenção integral à saúde da mulher refere-se ao conjunto brasileiro.
de ações de promoção, proteção, assistência e recuperação da saú- – Contribuir para a redução da morbidade e mortalidade femi-
de, executadas nos diferentes níveis de atenção à saúde (da básica nina no Brasil, especialmente por causas evitáveis, em todos os ci-
à alta complexidade). clos de vida e nos diversos grupos populacionais, sem discriminação
– O SUS deverá garantir o acesso das mulheres a todos os níveis de qualquer espécie.
de atenção à saúde, no contexto da descentralização, hierarquiza- – Ampliar, qualificar e humanizar a atenção integral à saúde da
ção e integração das ações e serviços. Sendo responsabilidade dos mulher no Sistema Único de Saúde.
três níveis gestores, de acordo com as competências de cada um,
garantir as condições para a execução da Política de Atenção à Saú- Objetivos Específicos e Estratégias da Política Nacional de
de da Mulher. Atenção Integral à Saúde da Mulher
– A atenção integral à saúde da mulher compreende o atendi- Ampliar e qualificar a atenção clínico-ginecológica, inclusive
mento à mulher a partir de uma percepção ampliada de seu contex- para as portadoras da infecção pelo HIV e outras DST:
to de vida, do momento em que apresenta determinada demanda, – fortalecer a atenção básica no cuidado com a mulher;
assim como de sua singularidade e de suas condições enquanto su- – ampliar o acesso e qualificar a atenção clínico- ginecológica
jeito capaz e responsável por suas escolhas. na rede SUS. Estimular a implantação e implementação da assistên-
– A atenção integral à saúde da mulher implica, para os pres- cia em planejamento familiar, para homens e mulheres, adultos e
tadores de serviço, no estabelecimento de relações com pessoas adolescentes, no âmbito da atenção integral à saúde:
singulares, seja por razões econômicas, culturais, religiosas, raciais, – ampliar e qualificar a atenção ao planejamento familiar, in-
de diferentes orientações sexuais, etc. O atendimento deverá nor- cluindo a assistência à infertilidade;
tear-se pelo respeito a todas as diferenças, sem discriminação de – garantir a oferta de métodos anticoncepcionais para a popu-
qualquer espécie e sem imposição de valores e crenças pessoais. lação em idade reprodutiva;
Esse enfoque deverá ser incorporado aos processos de sensibiliza- – ampliar o acesso das mulheres às informações sobre as op-
ção e capacitação para humanização das práticas em saúde. ções de métodos anticoncepcionais;
– As práticas em saúde deverão nortear-se pelo princípio da – estimular a participação e inclusão de homens e adolescen-
humanização, aqui compreendido como atitudes e comportamen- tes nas ações de planejamento familiar. Promover a atenção obsté-
tos do profissional de saúde que contribuam para reforçar o caráter trica e neonatal, qualificada e humanizada, incluindo a assistência
da atenção à saúde como direito, que melhorem o grau de informa- ao abortamento em condições inseguras, para mulheres e adoles-
ção das mulheres em relação ao seu corpo e suas condições de saú- centes:
de, ampliando sua capacidade de fazer escolhas adequadas ao seu – construir, em parceria com outros atores, um Pacto Nacional
contexto e momento de vida; que promovam o acolhimento das de- pela Redução da Mortalidade Materna e Neonatal; – qualificar a
mandas conhecidas ou não pelas equipes de saúde; que busquem assistência obstétrica e neonatal nos estados e municípios;
o uso de tecnologia apropriada a cada caso e que demonstrem o -organizar rede de serviços de atenção obstétrica e neonatal,
interesse em resolver problemas e diminuir o sofrimento associado garantindo atendimento à gestante de alto risco e em situações de
ao processo de adoecimento e morte da clientela e seus familiares. urgência/emergência, incluindo mecanismos de referência e con-
– No processo de elaboração, execução e avaliação das Política tra-referência; – fortalecer o sistema de formação/capacitação de
de Atenção à Saúde da Mulher deverá ser estimulada e apoiada a pessoal na área de assistência obstétrica e neonatal; – elaborar e/
participação da sociedade civil organizada, em particular do movi- ou revisar, imprimir e distribuir material técnico e educativo
mento de mulheres, pelo reconhecimento de sua contribuição téc- – qualificar e humanizar a atenção à mulher em situação de
nica e política no campo dos direitos e da saúde da mulher. abortamento;
– Compreende-se que a participação da sociedade civil na im- – apoiar a expansão da rede laboratorial; – garantir a oferta de
plementação das ações de saúde da mulher, no âmbito federal, es- ácido fólico e sulfato ferroso para todas as gestantes;
tadual e municipal requer – melhorar a informação sobre a magnitude e tendência da
– cabendo, portanto, às instânciasgestoras – melhorar e quali- mortalidade materna
ficar os mecanismos de repasse de informações sobre as políticas -Promover a atenção às mulheres e adolescentes em situação
de saúde da mulher e sobre os instrumentos de gestão e regulação de violência doméstica e sexual:
do SUS. – organizar redes integradas de atenção às mulheres em situa-
– No âmbito do setor Saúde, a execução de ações será pactua- ção de violência sexual e doméstica;
da entre todos os níveis hierárquicos, visando a uma atuação mais – articular a atenção à mulher em situação de violência com
abrangente e horizontal, além de permitir o ajuste às diferentes re- ações de prevenção de DST/aids
alidades regionais. – promover ações preventivas em relação à violência domés-
– As ações voltadas à melhoria das condições de vida e saúde tica e sexual.
das mulheres deverão ser executadas de forma articulada com se-
tores governamentais e não-governamentais; condição básica para Promover, conjuntamente com o PN-DST/AIDS, a prevenção e o
a configuração de redes integradas de atenção à saúde e para a ob- controle das doenças sexualmente transmissíveis e da infecção pelo
tenção dos resultados esperados. HIV/aids na população feminina:
– prevenir as DST e a infecção pelo HIV/aids entre mulheres;

62
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

– ampliar e qualificar a atenção à saúde das mulheres vivendo Durante muitos anos, a amamentação representou uma alter-
com HIV e aids. Reduzir a morbimortalidade por câncer na popula- nativa exclusiva e eficaz de espaçar as gestações, pois as mulheres
ção feminina: apresentam sua fertilidade diminuída neste período, considerando
– organizar em municípios pólos de microrregiões redes de re- que, quanto mais frequentes são as mamadas, mais altos são os ní-
ferência e contra-referência para o diagnóstico e o tratamento de veis de prolactina e consequentemente menores as possibilidades
câncer de colo uterino e de mama; de ovulação.
– garantir o cumprimento da Lei Federal que prevê a cirurgia de Os fatores que determinam o retorno da ovulação não são pre-
reconstrução mamária nas mulheres que realizaram mastectomia; cisamente conhecidos, de modo que, mesmo diante dos casos de
– oferecer o teste anti-HIV e de sífilis para as mulheres incluídas aleitamento exclusivo, a partir do 3º mês é recomendada a utiliza-
no Programa Viva Mulher, especialmente aquelas com diagnóstico ção de um outro método. Até o 3º mês, se o aleitamento é exclusivo
de DST, HPV e/ou lesões intra-epiteliais de alto grau/ câncer invasor. e ainda não ocorreu menstruação, as possibilidades de gravidez são
Implantar um modelo de atenção à saúde mental das mulheres sob mínimas.
o enfoque de gênero: Atualmente, com a descoberta e divulgação de novas tecnolo-
– melhorar a informação sobre as mulheres portadoras de gias contraceptivas e a mudança nos modos de viver das mulheres
transtornos mentais no SUS; em relação a sua capacidade de trabalho, o seu desejo de materni-
– qualificar a atenção à saúde mental das mulheres; – incluir o dade, a forma como percebe seu corpo como fonte de prazer e não
enfoque de gênero e de raça na atenção às mulheres portadoras de apenas de reprodução foram fatores que incentivaram o abandono
transtornos mentais e promover a integração com setores não-go- e o descrédito do aleitamento como método capaz de controlar a
vernamentais, fomentando sua participação nas definições da polí- fertilidade.
tica de atenção às mulheres portadoras de transtornos mentais. Im- Outro método é o coito interrompido, sendo também uma
plantar e implementar a atenção à saúde da mulher no climatério: maneira muito antiga de evitar a gravidez. Consiste na retirada do
– ampliar o acesso e qualificar a atenção às mulheres no cli- pênis da vagina e de suas proximidades, no momento em que o ho-
matério na rede SUS. Promover a atenção à saúde da mulher na mem percebe que vai ejacular. Desta forma, evitando o contato do
terceira idade: sêmen com o colo do útero é que se impede a gravidez.
– incluir a abordagem às especificidades da atenção a saúde da Seu uso está contraindicado para os homens que têm ejacu-
mulher na Política de Atenção à Saúde do Idoso no SUS; – incentivar lação precoce ou não conseguem ter controle sobre a ejaculação.
a incorporação do enfoque de gênero na Atenção à Saúde do Idoso
no SUS. Promover a atenção à saúde da mulher negra: Os métodos naturais ou de abstinência periódica são aqueles
que utilizam técnicas para evitar a gravidez e se baseiam na auto-
– melhorar o registro e produção de dados; – capacitar pro- -observação de sinais ou sintomas que ocorrem fisiologicamente no
fissionais de saúde; – implantar o Programa de Anemia Falciforme organismo feminino, ao longo do ciclo menstrual, e que, portanto,
(PAF/MS), dando ênfase às especificidades das mulheres em idade ajudam a identificar o período fértil.
fértil e no ciclo gravídico-puerperal; – incluir e consolidar o recorte Quem quer ter filhos, deve ter relações sexuais nos dias férteis,
racial/étnico nas ações de saúde ; e quem não os quer, deve abster-se das relações sexuais ou nestes
-estimular e fortalecer a interlocução das áreas de saúde da dias fazer uso de outro método – os de barreira, por exemplo.
mulher das SES e SMS com os movimentos e entidades relaciona- A determinação do período fértil baseia-se em três princípios
dos à saúde da população negra. científicos, a saber:
A ovulação costuma acontecer 14 dias antes da próxima mens-
Promover a atenção à saúde das trabalhadoras do campo e da truação (pode haver uma variação de 2 dias, para mais ou para me-
cidade: nos);
– implementar ações de vigilância e atenção à saúde da traba- O óvulo, após a ovulação, tem uma vida média de 24 horas;
lhadora da cidade e do campo, do setor formal e informal; O espermatozoide, após sua deposição no canal vaginal, tem
– introduzir nas políticas de saúde e nos movimentos sociais a capacidade para fecundar um óvulo até o período de 48-72 horas.
noção de direitos das mulheres trabalhadoras relacionados à saúde. Os métodos naturais, de acordo com o Ministério da Saúde,
Promover a atenção à saúde da mulher indígena: são:
– ampliar e qualificar a atenção integral à saúde da mulher in-
dígena. Promover a atenção à saúde das mulheres em situação de a) Método de Ogino-Knaus
prisão, incluindo a promoção das ações de prevenção e controle Esse método é também conhecido como tabela, que ajuda a
de doenças sexualmente transmissíveis e da infecção pelo HIV/aids mulher a descobrir o seu período fértil através do controle dos dias
nessa população: do seu ciclo menstrual. Logo, cada mulher deverá elaborar a sua
– ampliar o acesso e qualificar a atenção à saúde das presidi- própria tabela.
árias. Fortalecer a participação e o controle social na definição e Sabemos que a tabela foi vulgarizada, produzindo a formulação
implementação das políticas de atenção integral à saúde das mu- de tabelas únicas que supostamente poderiam ser utilizadas por
lheres: qualquer mulher. Isto levou a um grande número de falhas e con-
– promover a integração com o movimento de mulheres femi- sequente descrédito no método, o que persiste até os dias de hoje.
nistas no aperfeiçoamento da política de atenção integral à saúde Para fazer a tabela deve-se utilizar o calendário do ano, anotan-
da mulher, no âmbito do SUS; do em todos os meses o 1º dia da menstruação. O ciclo menstrual
começa no 1º dia da menstruação e termina na véspera da mens-
Assistência aos Casais Férteis truação seguinte, quando se inicia um novo ciclo.
É o acompanhamento dos casais que não apresentam dificul- A primeira coisa a fazer é certificar-se de que a mulher tem os
dades para engravidar, mas que não o desejam. Desta forma, estu- ciclos regulares. Para tal é preciso que se tenha anotado, pelo me-
daremos os métodos contraceptivos mais conhecidos e os ofereci- nos, os seis últimos ciclos.
dos pelas instituições.

63
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Como identificar se os ciclos são regulares ou não? A temperatura deve ser verificada sempre no mesmo local: na
Depois de anotados os seis últimos ciclos, deve-se contá-los, boca, no reto ou na vagina. A temperatura oral deve ser verificada
anotando quantos dias durou cada um. Selecionar o maior e o me- em um tempo mínimo de 5 minutos e as temperaturas retal e vagi-
nor dos ciclos. nal, no mínimo 3 minutos, observando-se sempre o mesmo horário
Se a diferença entre o ciclo mais longo e o mais curto for igual para que não haja alteração do gráfico de temperatura.
ou superior a 10 dias, os ciclos desta mulher serão considerados Caso a mulher esqueça-se de verificar a temperatura um dia,
irregulares e, portanto, ela não deverá utilizar este método. Além deve recomeçar no próximo ciclo.
do que, devem procurar um serviço de saúde, pois a irregularidade Registrar a temperatura a cada dia do ciclo em um papel qua-
menstrual indica um problema ginecológico que precisa ser inves- driculado comum, em que as linhas horizontais referem-se às tem-
tigado e tratado. peraturas, e as verticais, aos dias do ciclo. Após a marcação, ligar os
Se a diferença entre eles for inferior a 10 dias, os ciclos são pontos referentes a cada dia, formando uma linha que vai do1º ao
considerados regulares e esta mulher poderá fazer uso da tabela. 2º, do 2º ao 3º, do 3º ao 4ºdia e daí por diante.
Em seguida, verificar a ocorrência de um aumento persistente
Como fazer o cálculo para identificar o período fértil? da temperatura basal por 3 dias seguidos, no período esperado da
Subtrai-se 18 dias do ciclo mais curto e obtém-se o dia do início ovulação.
do período fértil. O aumento da temperatura varia entre 0,2ºC a 0,6ºC. A diferen-
Subtrai-se 11 dias do ciclo mais longo e obtém-se o último dia ça de no mínimo 0,2ºC entre a última temperatura baixa e as três
do período fértil. temperaturas altas indica que a ovulação ocorreu e a temperatura
Após a determinação do período fértil, a mulher e seu compa- se manterá alta até a época da próxima menstruação.
nheiro que não desejam obter gravidez, devem abster-se de rela- O período fértil termina na manhã do 3º dia em que for obser-
ções sexuais com penetração, neste período, ou fazer uso de outro vada a temperatura elevada. Portanto, para evitar gravidez, o casal
deve abster-se de relações sexuais, com penetração, durante toda
método. Caso contrário, devem-se intensificar as relações sexuais
a primeira fase do ciclo até a manhã do 3º dia de temperatura ele-
neste período.
vada.
Após 3 meses de realização do gráfico da temperatura, pode-se
Recomendações Importantes:
predizer a data da ovulação e, a partir daí, a abstinência sexual po-
O parceiro deve sempre ser estimulado a participar, ajudando derá ficar limitada ao período de 4 a 5 dias antes da data prevista da
com os cálculos e anotações. ovulação até a manhã do 3º dia de temperatura alta. Os casais que
Após a definição do período fértil, a mulher deverá continuar quiserem engravidar devem manter relações sexuais neste período.
anotando os seus ciclos, pois poderão surgir alterações relativas ao Durante estes 3 meses, enquanto estiver aprendendo a usar a
tamanho do maior e menor ciclo, mudando então o período fértil, tabela da temperatura, deverá utilizar outro método contraceptivo,
bem como poderá inclusive surgir, inesperadamente, uma irregu- com exceção do contraceptivo hormonal.
laridade menstrual que contraindique a continuidade do uso do A ocorrência de qualquer fator que pode vir a alterar a tempe-
método. ratura deve ser anotada no gráfico. Como exemplo, tem-se: mudan-
Não se pode esquecer que o dia do ciclo menstrual não é igual ça no horário de verificação da temperatura; perturbações do sono
ao dia do mês. e/ou emocionais; algumas doenças que podem elevar a temperatu-
Cada mulher deve fazer sua própria tabela e a tabela de uma ra; mudanças de ambiente e uso de bebidas alcoólicas.
mulher não serve para outra. Esse método é contraindicado em casos de irregularidades
No período de 6 meses em que a mulher estiver fazendo as menstruais, amenorreia, estresse, mulheres com períodos de sono
anotações dos ciclos, ela deverá utilizar outro método, com exceção irregular ou interrompido (por exemplo, trabalho noturno).
da pílula, pois esta interfere na regularização dos ciclos. Assim como no método do calendário, para a construção do
Os ciclos irregulares e a lactação são contraindicações no uso gráfico ou tabela de temperatura, a mulher e/ou casal deverá con-
desse método. tar com a orientação de profissionais de saúde e neste caso em
Os profissionais de saúde deverão construir a tabela junto com especial, no decorrer dos três primeiros meses de uso, quando, a
a mulher e refazer os cálculos todas as vezes que forem necessárias, partir daí, já se poderá predizer o período da ovulação. O retorno
até que a mulher se sinta segura para tal, devendo retornar à unida- da cliente deverá se dar, pelo menos, em seis meses após o início do
de dentro de 1 mês e, depois, de 6 em 6 meses. uso do método. Em seguida, os retornos podem ser anuais.

b) Método da Temperatura Basal Corporal c) Método da ovulação ou do muco cervical ou Billings


É o método que permite identificar o período fértil por meio É o método que indica o período fértil por meio das caracterís-
ticas do muco cervical e da sensação de umidade por ele provocada
das oscilações de temperatura que ocorrem durante o ciclo mens-
na vulva.
trual, com o corpo em repouso.
O muco cervical é produzido pelo colo do útero, tendo como
Antes da ovulação, a temperatura do corpo da mulher perma-
função umidificar e lubrificar o canal vaginal. A quantidade de muco
nece em nível mais baixo. Após a ovulação, com a formação do cor-
produzida pode oscilar ao longo dos ciclos
po lúteo e o consequente aumento da produção de progesterona, Para evitar a gravidez, é preciso conhecer as características do
que tem efeito hipertérmico, a temperatura do corpo se eleva ligei- muco. Isto pode ser feito observando-se diariamente a presença ou
ramente e permanece assim até a próxima menstruação. ausência do muco através da sensação de umidade ou secura no
canal vaginal ou através da limpeza da vulva com papel higiênico,
Como construir a Tabela ou Gráfico de Temperatura? antes e após urinar. Esta observação pode ser feita visualizando-se a
A partir do 1º dia do ciclo menstrual, deve-se verificar e anotar presença de muco na calcinha ou através do dedo no canal vaginal.
a temperatura todos os dias, antes de se levantar da cama, depois Logo após o término da menstruação, tem-se, em geral, uma
de um período de repouso de 3 a 5 horas, usando-se sempre o mes- fase seca (fase pré-ovulatória). Quando aparece muco nesta fase,
mo termômetro. geralmente é opaco e pegajoso.

64
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Na fase ovulatória, o muco, que inicialmente era esbranqui- e) Condom Masculino


çado, turvo e pegajoso, vai-se tornando a cada dia mais elástico e Também conhecido como camisinha, camisa de vênus ou pre-
lubrificante, semelhante à clara de ovo, podendo-se puxá-lo em fio. servativo, é uma capa de látex bem fino, porém resistente, descar-
Isto ocorre porque neste período os níveis de estrogênio estão ele- tável, que recobre o pênis completamente durante o ato sexual.
vados e é nesta fase que o casal deve abster-se de relações sexuais, Evita a gravidez, impedindo que os espermatozoides penetrem
com penetração, pois há risco de gravidez. no canal vaginal, pois retém o sêmen ejaculado. O condom protege
O casal que pretende engravidar deve aproveitar este período contra as doenças sexualmente transmissíveis e por isso seu uso
para ter relações sexuais. deve ser estimulado em todas as relações sexuais.
O último dia de muco lubrificante, escorregadio e com elastici- Deve ser colocado antes de qualquer contato do pênis com os
dade máxima, chama-se dia ápice, ou seja, o muco com a máxima genitais femininos, porque alguns espermatozoides podem escapar
capacidade de facilitar a espermomigração. Portanto, o dia ápice só antes da ejaculação.
pode ser identificado a posteriori e significa que em mais ou menos Deve ser colocado com o pênis ereto, deixando um espaço de
48 horas a ovulação já ocorreu, está ocorrendo ou vai ocorrer. aproximadamente 2 cm na ponta, sem ar, para que o sêmen seja
Na fase pós-ovulatória, já com o predomínio da progesterona, depositado sem que haja rompimento da camisinha.
o muco forma uma verdadeira rolha no colo uterino, impedindo As camisinhas devem ser guardadas em lugar fresco, seco e de
que os espermatozoides penetrem no canal cervical. É um muco fácil acesso ao casal. Não deve ser esticada ou inflada, para efeito
pegajoso, branco ou amarelado, grumoso, que dá sensação de se- de teste. Antes de utilizá-la, certifique-se do prazo de validade. Mes-
cura no canal vaginal. mo que esteja no prazo, não utilizá-la quando perceber alterações
No 4º dia após o dia ápice, a mulher entra no período de infer- como mudanças na cor, na textura, furo, cheiro diferente, mofo ou
tilidade. outras. A camisinha pode ou não já vir lubrificada de fábrica.
As relações sexuais devem ser evitadas desde o dia em que A colocação pode ser feita pelo homem ou pela mulher. Sua
aparece o muco grosso até quatro dias depois do aparecimento do manipulação deve ser cuidadosa, evitando-se unhas longas que po-
muco elástico. dem danificá-la. Deve-se observar se o canal vaginal está suficien-
No início, é bom examinar o muco mais de uma vez ao dia, fa- temente úmido para permitir uma penetração que provoque pouca
zendo o registro à noite, preferencialmente, no mesmo horário. É fricção, evitando- se assim que o condom se rompa.
importante anotar as características do muco e os dias de relações Lubrificantes oleosos como a vaselina não podem ser utiliza-
sexuais. dos. Caso necessário, utilizar lubrificantes a base de água. Cremes,
geleias ou óvulos vaginais espermicidas podem ser utilizados em
Quando notar, no mesmo dia, mucos com características dife-
associação com a camisinha. Após a ejaculação, o pênis deve ser re-
rentes, à noite, na hora de registrar, deve considerar o mais indica-
tirado ainda ereto. As bordas da camisinha devem ser pressionadas
tivo de fertilidade (mais elástico e translúcido).
com os dedos, ao ser retirado, para evitar que o sêmen extravase
No período de aprendizagem do método, para identificar os
ou que o condom se desprenda e fique na vagina. Caso isto ocorra,
dias em que pode ou não ter relações sexuais, o casal deve observar é só puxar com os dedos e colocar espermaticida na vagina, com
as seguintes recomendações: um aplicador. Caso não consiga retirar a camisinha, coloque esper-
Só deve manter relações sexuais na fase seca posterior à mens- micida e depois procure um posto de saúde para que a mesma seja
truação e, no máximo, dia sim, dia não, para que o sêmen não in- retirada. Nestes casos, não faça lavagem vaginal pois ela empurra
terfira na avaliação. ainda mais o espermatozoide em direção ao útero. Após o uso, de-
ve-se dar um nó na extremidade do condom para evitar o extrava-
Evitar relações sexuais nos dias de muco, até três dias após o samento de sêmen e jogá-lo no lixo e nunca no vaso sanitário. O uso
dia ápice. do condom é contraindicado em casos de anomalias do pênis e de
É importante ressaltar que o muco não deve ser examinado no alergia ao látex.
dia em que a mulher teve relações sexuais, devido à presença de
esperma; depois de utilizar produtos vaginais ou duchas e lavagens f) Condom feminino ou camisinha feminina
vaginais; durante a excitação sexual; ou na presença de leucorreias. Feita de poliuretano, a camisinha feminina tem forma de saco,
É recomendável que durante o 1º ciclo, o casal se abstenha de de aproximadamente 25 cm de comprimento, com dois anéis flexí-
relações sexuais. Os profissionais de saúde devem acompanhar se- veis, um em cada extremidade. O anel menor fica na parte fechada
manalmente o casal no 1º ciclo e os retornos se darão, no mínimo, do saco e é este que, sendo introduzido no canal vaginal, irá se en-
uma vez ao mês do 2º ao 6º ciclo e semestral a partir daí. caixar no colo do útero. O anel maior fica aderido às bordas do lado
aberto do saco e ficará do lado de fora, na vulva. Deste modo, a ca-
d) Método sinto-térmico misinha feminina se adapta e recobre internamente toda a vagina.
Baseia-se na combinação de múltiplos indicadores de ovula- Assim, impede o contato com o sêmen e consequentemente
ção, conforme os anteriormente citados, com a finalidade de deter- tem ação preventiva contra as DST.
minar o período fértil com maior precisão e confiabilidade. Já está sendo disponibilizada em nosso meio. Sua divulgação
Associa a observação dos sinais e sintomas relativos à tempera- tem sido maior em algumas regiões do país, sendo ainda pouco co-
tura basal corporal e ao muco cervical, levando em conta parâme- nhecida em outras.
tros subjetivos (físicos ou psicológicos) que possam indicar ovula-
g) Espermaticida ou Espermicida
ção, tais como sensação de peso ou dor nas mamas, dor abdominal,
São produtos colocados no canal vaginal, antes da relação
variações de humor e da libido, náuseas, acne, aumento de apetite,
sexual. O espermicida atua formando uma película que recobre o
ganho de peso, pequeno sangramento intermenstrual, dentre ou-
canal vaginal e o colo do útero, impedindo a penetração dos esper-
tros.
matozoides no canal cervical e, bioquimicamente, imobilizando ou
Os métodos de barreira são aqueles que não permitem à entra- destruindo os espermatozoides, impedindo desta forma a gravidez.
da de espermatozoides no canal cervical. Podem se apresentar sob a forma de cremes, geleias, óvulos e
espumas.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Cada tipo vem com suas instruções para uso, as quais devem O diafragma só deverá ser retirado de 6 a 8 horas após a última
ser seguidas. Em nosso meio, a geleia espermicida é a mais conheci- relação sexual, evitando-se o uso de duchas vaginais neste período.
da. A geleia espermicida deve ser colocada na vagina com o auxílio O período máximo que o diafragma pode permanecer dentro do ca-
de um aplicador. A mulher deve estar deitada e após a colocação nal vaginal é de 24 horas. Mais que isto, poderá favorecer infecções.
do medicamento, não deve levantar-se mais, para evitar que esta Após o uso, deve-se lavá-lo com água fria e sabão neutro, enxá-
escorra. O aplicador, contendo o espermaticida, deve ser inserido guar bem, secar com um pano macio e polvilhar com amido ou talco
o mais profundamente possível no canal vaginal. Da mesma forma, neutro. Não usar água quente. Guardá-lo em sua caixinha, longe do
quando os espermaticidas se apresentarem sob a forma de óvulos, calor e da luz.
estes devem ser colocados com o dedo ou com aplicador próprio no Será necessário reavaliar o tamanho do diafragma depois de
fundo do canal vaginal. É recomendável que a aplicação da geleia gravidez, aborto, ganho ou perda de peso (superior a 10 kg) e cirur-
seja feita até, no máximo, 1 hora antes de cada relação sexual, sen- gias de períneo. Deverá ser trocado rotineiramente a cada 2 anos.
do ideal o tempo de 30 minutos para que o agente espermaticida As contraindicações para o uso desse método ocorrem no
se espalhe adequadamente na vagina e no colo do útero. Deve-se caso de mulheres que nunca tiveram relação sexual, configuração
seguir a recomendação do fabricante, já que pode haver recomen- anormal do canal vaginal, prolapso uterino, cistocele e/ou retocele
dação de tempos diferentes de um produto para o outro. Os es- acentuada, anteversão ou retroversão uterina acentuada, fístulas
permicidas devem ser colocados de novo, se houver mais de uma vaginais, tônus muscular vaginal deficiente, cervicites e outras pato-
ejaculação na mesma relação sexual. Se a ejaculação não ocorrer logias do colo do útero, leucorreias abundantes, alterações psíqui-
dentro do período de segurança garantido pelo espermicida, deve cas graves, que impeçam o uso correto do método.
ser feita outra aplicação. Deve-se evitar o uso de duchas ou lava-
i) Os contraceptivos hormonais orais
gens vaginais pelo menos 8 horas após o coito. Caso se observe
Constituem um outro método muito utilizado pela mulher bra-
algum tipo de leucorréia, prurido e ardência vaginal ou peniana,
sileira; são hormônios esteroides sintéticos, similares àqueles pro-
interromper o uso do espermaticida. Este é contraindicado para
duzidos pelos ovários da mulher.
mulheres que apresentem alto risco gestacional Quando a mulher faz opção pela pílula anticoncepcional, ela
deve ser submetida a uma criteriosa avaliação clínico-ginecológica,
h) Diafragma durante a qual devem ser realizados e solicitados diversos exames,
É uma capa de borracha que tem uma parte côncava e uma para avaliação da existência de possíveis contraindicações.
convexa, com uma borda de metal flexível ou de borracha mais O contraceptivo hormonal oral só impedirá a gravidez se toma-
espessa que pode ser encontrada em diversos tamanhos, sendo do adequadamente. Cada tipo de pílula tem uma orientação espe-
necessária avaliação pelo médico e/ou enfermeiro, identificando a cífica a considerar.
medida adequada a cada mulher
A própria mulher o coloca no canal vaginal, antes da relação j) DIU (Dispositivo Intrauterino)
sexual, cobrindo assim o colo do útero, pois suas bordas ficam situ- É um artefato feito de polietileno, com ou sem adição de subs-
adas entre o fundo de saco posterior da vagina e o púbis. tâncias metálicas ou hormonais, que tem ação contraceptiva quan-
Para ampliar a eficácia do diafragma, recomenda-se o uso as- do posto dentro da cavidade uterina.
sociado de um espermaticida que deve ser colocado no diafragma Também podem ser utilizados para fins de tratamento, como é
em quantidade correspondente a uma colherinha de café no fundo o caso dos DIUs medicados com hormônios.
do mesmo, espalhando-se com os dedos. Depois, colocar mais um Podem ser classificados em DIUs não medicados aqueles que
pouco por fora, sobre o anel. não contêm substâncias ativas e, portanto, são constituídos apenas
O diafragma impedirá, então, a gravidez por meio da barreira de polietileno; DIUs medicados que além da matriz de polietileno
mecânica e, ainda assim, caso algum espermatozoide consiga esca- possuem substâncias que podem ser metais, como o cobre, ou hor-
par, se deparará com a barreira química, o espermaticida. mônios.
Para colocar e retirar o diafragma, deve-se escolher uma posi- Os DIUs mais utilizados são os T de cobre (TCu), ou seja, os DIUs
ção confortável (deitada, de cócoras ou com um pé apoiado sobre que têm o formato da letra T e são medicados com o metal cobre.
uma superfície qualquer), colocar o espermaticida, pegar o diafrag- O aparelho vem enrolado em um fio de cobre bem fino.
ma pelas bordas e apertá-lo no meio de modo que ele assuma o A presença do DIU na cavidade uterina provoca uma reação in-
formato de um 8. flamatória crônica no endométrio, como nas reações a corpo estra-
nho. Esta reação provavelmente determina modificações bioquími-
Com a outra mão, abrir os lábios da vulva e introduzi-lo profun-
cas no endométrio, o que impossibilita a implantação do ovo. Outra
damente na vagina. Após, fazer um toque vaginal para verificar se
ação do DIU é o aumento da contratilidade uterina, dificultando o
está bem colocado, ou seja, certificar-se de que está cobrindo todo
encontro do espermatozoide com o óvulo. O cobre presente no dis-
o colo do útero.
positivo tem ação espermicida.
Se estiver fora do lugar, deverá ser retirado e recolocado até A colocação do DIU é simples e rápida. Não é necessário anes-
acertar. Para retirá-lo, é só encaixar o dedo na borda do diafragma e tesia. É realizada em consultório e para a inserção é utilizado técni-
puxá-lo para fora e para baixo. ca rigorosamente asséptica.
É importante observar os seguintes cuidados, visando o melhor A mulher deve estar menstruada. A menstruação, além de ser
aproveitamento do método: urinar e lavar as mãos antes de colocar uma garantia de que não está grávida, facilita a inserção, pois neste
o diafragma (a bexiga cheia poderá dificultar a colocação); antes do período o canal cervical está mais permeável. Após a inserção, a
uso, observá-lo com cuidado, inclusive contra a luz, para identificar mulher é orientada a verificar a presença dos fios do DIU no canal
possíveis furos ou outros defeitos; se a borracha do diafragma ficar vaginal.
enrugada, ele deverá ser trocado imediatamente.
O espermaticida só é atuante para uma ejaculação. Caso acon-
teça mais de uma, deve-se fazer uma nova aplicação do espermati-
cida, por meio do aplicador vaginal, sem retirar o diafragma.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Na primeira semana de uso do método, a mulher não deve ter A infertilidade é a dificuldade de o casal chegar ao final da gra-
relações sexuais. O Ministério da Saúde recomenda que após a in- videz com filhos vivos, ou seja, conseguem engravidar, porém as
serção do DIU a mulher deva retornar ao serviço para revisões com gestações terminam em abortamentos espontâneos ou em nati-
a seguinte periodicidade: 1 semana, 1 mês, 3 meses, 6 meses e 12 mortos.
meses. A partir daí, se tudo estiver bem, o acompanhamento será A infertilidade também pode ser classificada em primária ou
anual, com a realização do preventivo. secundária. A infertilidade primária é quando o casal não conseguiu
O DIU deverá ser retirado quando a mulher quiser, quando ti- gerar nenhum filho vivo. A secundária é quando as dificuldades em
ver com a validade vencida ou quando estiver provocando algum gerar filhos vivos acontecem com casais com filhos gerados ante-
problema. riormente.
A validade do DIU varia de acordo com o tipo. A validade do DIU De acordo com o Ministério da Saúde, para esta classificação
Tcu, disponibilizado pelo Ministério da Saúde, varia de 3 a 7 anos. não são consideradas as gestações ou os filhos vivos que qualquer
Os problemas que indicam a retirada do DIU são dor severa, dos membros do casal possa ter tido com outro(a) parceiro(a).
sangramento intenso, doença pélvica inflamatória, expulsão par- A esterilidade/infertilidade, com frequência, impõe um estres-
cial, gravidez (até a 12ª semana de gravidez, se os fios estiverem se e tensão no inter-relacionamento. Os clientes costumam admitir
visíveis ao exame especular, pois indica que o saco gestacional está sentimentos de culpa, ressentimentos, suspeita, frustração e ou-
acima do DIU, e se a retirada não apresentar resistência). tros. Pode haver uma distorção da autoimagem, pois a mulher pode
considerar-se improdutiva e o homem desmasculinizado.
Assistência aos Casais Portadores de Esterilidade eInfertilida- Portanto, na rede básica caberá aos profissionais de saúde dar
de orientações ao casal e encaminhamento para consulta no decorrer
A esterilização cirúrgica foi maciçamente realizada nas mulhe- da qual se iniciará a investigação diagnóstica com posterior encami-
res brasileiras, a partir das décadas de 60 e 70, por entidades que nhamento para os serviços especializados, sempre que necessário.
sob o rótulo de “planejamento familiar” desenvolviam programas
Assistência de Enfermagem á Gestante
de controle da natalidade em nosso país. O reconhecimento da im-
portância e complexidade que envolve as questões relativas à este-
Diagnosticando á Gravidez
rilização cirúrgica tem se refletido no âmbito legal. A Lei do Planeja-
Quanto mais cedo for realizado o diagnóstico de gravidez, mais
mento Familiar de 1996 e as Portarias 144/97 e 48/99 do Ministério
fácil será o acompanhamento do desenvolvimento do embrião/feto
da Saúde normatizam os procedimentos, permitindo que o Sistema e das alterações que ocorrem no organismo e na vida da mulher,
Único de Saúde (SUS)os realize, em acesso universal. Os critérios possibilitando prevenir, identificar e tratar eventuais situações de
legais para a realização da esterilização cirúrgica pelo SUS são: ter anormalidades que possam comprometer a saúde da grávida e de
capacidade civil plena; ter no mínimo 2 filhos vivos ou ter mais de sua criança (embrião ou feto), desde o período gestacional até o
25 anos de idade, independente do número de filhos; manifestar, puerpério.
por escrito, a vontade de realizar a esterilização, no mínimo 60 dias Este diagnóstico também pode ser feito tomando-se como
antes da realização da cirurgia; ter tido acesso a serviço multidis- ponto de partida informações trazidas pela mulher. Para tanto, fa-
ciplinar de aconselhamento sobre anticoncepção e prevenção de z-se importante sabermos se ela tem vida sexual ativa e se há refe-
DST/AIDS, assim como a todos os métodos anticoncepcionais rever- rência de amenorreia (ausência de menstruação). A partir desses
síveis; ter consentimento do cônjuge, no caso da vigência de união dados e de um exame clínico são identificados os sinais e sintomas
conjugal. físicos e psicológicos característicos, que também podem ser iden-
No caso do homem, a cirurgia é a vasectomia, que interrompe tificados por exames laboratoriais que comprovem a presença do
a passagem, pelos canais deferentes, dos espermatozoides produ- hormônio gonadotrofina coriônica e/ou exames radiográficos espe-
zidos nos testículos, impedindo que estes saiam no sêmen. Na mu- cíficos, como a ecografia gestacional ou ultrassonografia.
lher, é a ligadura de trompas ou laqueadura tubária que impede o Os sinais e sintomas da gestação dividem-se em três catego-
encontro do óvulo com o espermatozoide. rias que, quando positivas, confirmam o diagnóstico. É importante
O serviço que realizar o procedimento deverá oferecer todas lembrar que muitos sinais e sintomas presentes na gestação podem
as alternativas contraceptivas visando desencorajar a esterilização também aparecer em outras circunstâncias. Visando seu maior co-
precoce. nhecimento, identificaremos a seguir os sinais e sintomas gestacio-
nais mais comuns e que auxiliam o diagnóstico.
Deverá, ainda, orientar a cliente quanto aos riscos da cirurgia,
efeitos colaterais e dificuldades de reversão. A lei impõe restrições Sinais de presunção – são os que sugerem gestação, decorren-
quanto à realização da laqueadura tubária por ocasião do parto ce- tes, principalmente, do aumento da progesterona:
sáreo, visando coibir o abuso de partos cirúrgicos realizados exclu- a) Amenorreia - frequentemente é o primeiro sinal que alerta
para uma possível gestação. É uma indicação valiosa para a mulher
sivamente com a finalidade de realizar a esterilização.
que possui menstruação regular; entretanto, também pode ser re-
A abordagem desta problemática deve ser sempre conjugal.
sultado de condições como, por exemplo, estresse emocional, mu-
Tanto o homem quanto a mulher podem possuir fatores que contri-
danças ambientais, doenças crônicas, menopausa, uso de métodos
buam para este problema, ambos devem ser investigados.
contraceptivos e outros;
A esterilidade é a incapacidade do casal obter gravidez após b) Náusea com ou sem vômitos - como sua ocorrência é mais
pelo menos um ano de relações sexuais frequentes, com ejaculação frequente pela manhã, é denominada “enjoo matinal”, mas pode
intravaginal, sem uso de nenhum método contraceptivo. Pode ser ocorrer durante o restante do dia. Surge no início da gestação e,
classificada em primária ou secundária. A esterilidade primária é normalmente, não persiste após 16 semanas;
quando nunca houve gravidez. Já a secundária, é quando o casal já c) Alterações mamárias – caracterizam-se pelo aumento da
conseguiu obter, pelo menos, uma gravidez e a partir daí passou a sensibilidade, sensação de peso, latejamento e aumento da pig-
ter dificuldades para conseguir uma nova gestação. mentação dos mamilos e aréola; a partir do segundo mês, as ma-
mas começam a aumentar de tamanho;

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

d) Polaciúria – é o aumento da frequência urinária. Na gravi- Algumas gestantes apresentam essas alterações de forma mais
dez, especialmente no primeiro e terceiro trimestre, dá-se o preen- intensa; outras, de forma mais leve - o que pode estar associado às
chimento e o consequente crescimento do útero que, por sua vez, particularidades psicossocioculturais. Dentre estes casos, podemos
pressiona a bexiga diminuindo o espaço necessário para realizar a observar as perversões alimentares decorrentes de carência de mi-
função de reservatório. A esta alteração anatômica soma-se a alte- nerais no organismo (ferro, vitaminas), tais como o desejo de ingerir
ração fisiológica causada pela ação da progesterona, que provoca barro, gelo ou comidas extravagantes.
um relaxamento da musculatura lisa da bexiga, diminuindo sua ca- Para minimizar tais ocorrências, faz-se necessário acompanhar
pacidade de armazenamento; a evolução da gestação por meio do pré-natal, identificando e anali-
e) Vibração ou tremor abdominal – são termos usados para sando a sintomatologia apresentada, ouvindo a mulher e lhe repas-
descrever o reconhecimento dos primeiros movimentos do feto, sando informações que podem indicar mudanças próprias da gravi-
pela mãe, os quais geralmente surgem por volta da 20ª semana. dez. Nos casos em que esta sintomatologia se intensificar, indica-se
Por serem delicados e quase imperceptíveis, podem ser confundi- a referência a algumas medidas terapêuticas.
dos com gases intestinais.
Sinais de probabilidade – são os que indicam que existe uma Assistência Pré-Natal
provável gestação: A assistência pré-natal é o primeiro passo para a vivência da
a) Aumento uterino – devido ao crescimento do feto, do útero gestação, parto e nascimento saudável e humanizado. Todas as
e da placenta; mulheres têm o direito constitucional de ter acesso ao pré-natal e
b) Mudança da coloração da região vulvar – tanto a vulva informações sobre o que está ocorrendo com o seu corpo, como mi-
como o canal vaginal torna-se bastante vascularizados, o que altera nimizar os desconfortos provenientes das alterações gravídicas, co-
sua coloração de rosa avermelhado para azul escuro ou vinhosa; nhecer os sinais de risco e aprender a lidar com os mesmos, quando
c) Colo amolecido – devido ao aumento do aporte sanguíneo a eles estiver exposta.
na região pélvica, o colo uterino torna-se mais amolecido e embe- O conceito de humanização da assistência ao parto pressupõe
bido, assim como as paredes vaginais tornam-se mais espessas, en- a relação de respeito que os profissionais de saúde estabelecem
rugadas, amolecidas e embebidas. com as mulheres durante todo o processo gestacional, de parturi-
d) Testes de gravidez - inicialmente, o hormônio gonadotrofina ção e puerpério, mediante um conjunto de condutas, procedimen-
coriônica é produzido durante a implantação do ovo no endomé- tos e atitudes que permitem à mulher expressar livremente seus
trio; posteriormente, passa a ser produzido pela placenta. Esse hor- sentimentos.
mônio aparece na urina ou no sangue 10 a 12 dias após a fecunda- Essa atuação, condutas e atitudes visam tanto promover um
ção, podendo ser identificado mediante exame específico; parto e nascimento saudáveis como prevenir qualquer intercorrên-
e) Sinal de rebote – é o movimento do feto contra os dedos do cia clínico-obstétrica que possa levar à morbimortalidade materna
examinador, após ser empurrado para cima, quando da realização e perinatal.
de exame ginecológico (toque) ou abdominal; A equipe de saúde desenvolve ações com o objetivo de pro-
f) Contrações de Braxton-Hicks – são contrações uterinas in- mover a saúde no período reprodutivo; prevenir a ocorrência de
dolores, que começam no início da gestação, tornando-se mais no-
fatores de risco; resolver e/ou minimizar os problemas apresenta-
táveis à medida que esta avança, sentidas pela mulher como um
dos pela mulher, garantindo-lhe a aderência ao acompanhamento.
aperto no abdome. Ao final da gestação, tornam-se mais fortes,
Assim, quando de seu contato inicial para um primeiro atendimento
podendo ser confundidas com as contrações do parto.
no serviço de saúde, precisa ter suas necessidades identificadas e
resolvidas, tais como, dentre outras: a certeza de que está grávi-
Sinais de certeza – são aqueles que efetivamente confirmam
da o que pode ser comprovado por exame clínico e laboratorial;
a gestação:
inscrição/registro no pré-natal; marcação de nova consulta com a
a) Batimento cardíaco fetal (BCF) - utilizando-se o estetoscó-
inscrição no pré-natal e encaminhamento ao serviço de nutrição,
pio de Pinard, pode ser ouvido, frequentemente, por volta da 18a
semana de gestação; caso seja utilizado um aparelho amplificador odontologia e a outros como psicologia e assistência social, quando
denominado sonar Doppler, a partir da 12ª semana. A frequência necessários.
cardíaca fetal é rápida e oscila de 120 a 160 batimentos por minuto; Durante todo esse período, o auxiliar de enfermagem pode mi-
b) Contornos fetais – ao examinar a região abdominal, fre- nimizar-lhe a ansiedade e/ou temores fazendo com que a mulher,
quentemente após a 20ª semana de gestação, identificamos algu- seu companheiro e/ou família participem ativamente do processo,
mas partes fetais (polo cefálico, pélvico, dorso fetal); em todos os momentos, desde o pré-natal até o pós-nascimento.
c) Movimentos fetais ativos – durante o exame, a atividade Visando promover a compreensão do processo de gestação, infor-
fetal pode ser percebida a partir da 18ª/20ª semana de gestação. mações sobre as diferentes vivências devem ser trocadas entre as
A utilização da ultrassonografia facilita a detectar mais precoce mulheres e os profissionais de saúde. Ressalte-se, entretanto, que
desses movimentos; as ações educativas devem ser prioridades da equipe de saúde.
d) Visualização do embrião ou feto pela ultrassonografia –
pode mostrar o produto da concepção (embrião) com quatro se- Durante o pré-natal, os conteúdos educativos importantes
manas de gestação, além de mostrar a pulsação cardíaca fetal nessa para serem abordados, desde que adequados às necessidades das
mesma época. Após a 12ª semana de gestação, a ultrassonografia gestantes, são:
apresenta grande precisão diagnóstica. Durante a evolução da ges- - Pré-natal e Cartão da Gestante – apresentar a importância,
tação normal, verificamos grande número de sinais e sintomas que objetivos e etapas, ouvindo as dúvidas e ansiedades das mulheres;
indicam alterações fisiológicas e anatômicas da gravidez. Além dos - Desenvolvimento da gravidez – apresentar as alterações emo-
já descritos, frequentemente encontrados no primeiro trimestre cionais, orgânicas e da autoimagem; hábitos saudáveis como ali-
gestacional, existem outros como o aumento da salivação (sialor- mentação e nutrição, higiene corporal e dentária, atividades físicas,
reia) e sangramentos gengivais, decorrentes do edema da mucosa sono e repouso; vacinação antitetânica; relacionamento afetivo e
gengival, em vista do aumento da vascularização. sexual; direitos da mulher grávida/direitos reprodutivos – no Siste-
ma de Saúde, no trabalho e na comunidade; identificação de mitos

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

e preconceitos relacionados à gestação, parto e maternidade – es- Outro dado a ser registrado no cartão é a situação vacinal da
clarecimentos respeitosos; vícios e hábitos que devem ser evitados gestante. Sua imunização com vacina antitetânica é rotineiramente
durante a gravidez; preparo para a amamentação; feita no pré-natal, considerando-se que os anticorpos produzidos
Tipos de parto – aspectos facilitadores do preparo da mulher; ultrapassam a barreira placentária, vindo a proteger o concepto
exercícios para fortalecer o corpo na gestação e para o parto; pre- contra o tétano neonatal - pois a infecção do bebê pelo Clostridium
paro psíquico e físico para o parto e maternidade; início do trabalho tetani pode ocorrer no momento do parto e/ou durante o período
de parto, etapas e cuidados; de cicatrização do coto umbilical, se não forem observados os ade-
-Participação do pai durante a gestação, parto e maternidade/ quados cuidados de assepsia.
paternidade – importância para o desenvolvimento saudável da Ressalte-se que este procedimento também previne o tétano
criança; na mãe, já que a mesma pode vir a infectar-se por ocasião da epi-
-Cuidados com a criança recém-nascida, acompanhamento do siotomia ou cesariana.
crescimento e desenvolvimento e medidas preventivas e aleita- A proteção da gestante e do feto é realizada com a vacina dupla
mento materno; tipo adulto (dT) ou, em sua falta, com o toxóide tetânico (TT).
-Anormalidades durante a gestação, trabalho de parto, parto e
na amamentação – novas condutas e encaminhamentos. Gestante Vacinada
Esquema básico: na gestante que já recebeu uma ou duas do-
O processo gravídico-puerperal é dividido em três grandes fa- ses da vacina contra o tétano (DPT, TT, dT, ou DT), deverão ser apli-
ses: a gestação, o parto e o puerpério. Cada uma das quais possui cadas mais uma ou duas doses da vacina dupla tipo adulto (dT) ou,
peculiaridades em relação às alterações anátomo-fisiológicas e psi- na falta desta, o toxoide tetânico (TT), para se completar o esquema
cológicas da mulher. básico de três doses.
Reforços: de dez em dez anos. A dose de reforço deve ser an-
O Primeiro Trimestre da Gravidez tecipada se, após a aplicação da última dose, ocorrer nova gravidez
No início, algumas gestantes apresentam dúvidas, medos e an- em cinco anos ou mais.
seios em relação às condições sociais. Será que conseguirei criar O auxiliar de enfermagem deve atentar e orientar para o sur-
este filho? gimento das reações adversas mais comuns, como dor, calor, rubor
Como esta gestação será vista no meu trabalho? Conseguirei e endurecimento local e febre. Nos casos de persistência e/ou rea-
conciliar o trabalho com um futuro filho?) e emocionais (Será que ções adversas significativas, encaminhar para consulta médica.
esta gravidez será aceita por meu companheiro e/ou minha famí- A única contraindicação é o relato, muito raro, de reação ana-
lia?) que decorrem desta situação. Outras, apresentam modificação filática à aplicação de dose anterior da vacina. Tal fato mostra a im-
no comportamento sexual, com diminuição ou aumento da libido, portância de se valorizar qualquer intercorrência anterior verbaliza-
ou alteração da autoestima, frente ao corpo modificado. da pela cliente.
Essas reações são comuns, mas em alguns casos necessitam Na gestação, a mulher tem garantida a realização de exames
de acompanhamento específico (psicólogo, psiquiatra, assistente laboratoriais de rotina, dos quais os mais comuns são:
social). Segundo o Ministério da Saúde, os exames laboratoriais abai-
Confirmado o diagnóstico, inicia-se o acompanhamento da ges- xo devem ser solicitados de rotina no pré-natal de baixo risco para
tante através da inscrição no pré-natal, com o preenchimento do todas as gestantes, não fazendo distinção em suas recomendações
cartão, onde são registrados seus dados de identificação e socio- entre a gestante atendida no setor público ou privado (1):
econômicos, motivo da consulta, medidas antropométricas (peso, - Tipagem sanguínea: Solicitar na primeira consulta. Quando o
altura), sinais vitais e dados da gestação atual. pai é Rh positivo e a mãe é Rh-negativo, deve-se solicitar Coombs
Visando calcular a idade gestacional e data provável do parto(- indireto na primeira consulta e mensalmente a partir de 24 sema-
DPP), pergunta-se à gestante qual foi à data de sua última menstru- nas. A positivação do teste de Coombs requer manejo em serviço
ação.(DUM), registrando-se sua certeza ou dúvida. de referência.
Existem diversas maneiras para se calcular a idade gestacional, - Hemoglobina e hematócrito (Hb/Ht): na primeira consulta.
considerando-se ou não o conhecimento da data da última mens- - VDRL: na primeira consulta (repetir no terceiro trimestre).
truação. - Glicemia de jejum: solicitar na primeira consulta de pré-natal
(se normal, repetir na 20ª semana).
Quando a data da Última Menstruação é Conhecida pela Ges- - EQU e urocultura: solicitar na primeira consulta (repetir na
tante. 30ª semana).
a) Utiliza-se o calendário, contando o número de semanas a -Anti-HIV: deve ser oferecido na primeira consulta pré-natal
partir do 1º dia da última menstruação até a data da consulta. A (realizar aconselhamento pré e pós-teste). Quando o resultado é
data provável do parto corresponderá ao final da 40ª semana, con- negativo e a paciente se enquadra em uma situação de risco (por-
tada a partir do 1º dia da última menstruação; tadora de alguma DST, prática de sexo inseguro, usuária ou parceira
b) Uma outra forma de cálculo é somar sete dias ao primeiro de usuário de drogas injetáveis), o exame deve ser repetido no in-
dia da última menstruação e adicionar nove meses ao mês em que tervalo de três meses.
ela ocorreu. - HBsAg: deve ser realizado na primeira consulta para possibi-
litar a identificação das gestantes soropositivas cujos bebês, logo
Quando a data da Última Menstruação é Desconhecida pela após o nascimento, podem se beneficiar do emprego profilático de
Gestante imunoglobulina e vacina específica.
Nesse caso, uma das formas clínicas para o cálculo da idade - Sorologia para toxoplasmose: na primeira consulta, IgM para
gestacional é a verificação da altura uterina, ou a realização de ul- todas as gestantes e IgG, quando houver disponibilidade para rea-
trassonografia. lização.
Geralmente, essa medida equivale ao número de semanas ges- - Citopatológico de colo uterino: deve ser colhido, quando não
tacionais, mas só deve ser considerada a partir de um exame obs- foi realizado durante o ano precedente.
tétrico detalhado.

69
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Estes exames, que devem ser realizados no 1° e 3° trimestre f) Sangramento nas gengivas - recomendar o uso de escova de
de gravidez, objetivam avaliar as condições de saúde da gestante, dente macia e realizar massagem na gengiva. Agendar atendimento
ajudando a detecção, prevenindo sequelas, complicações e a trans- odontológico, sempre que possível.
missão de doenças ao RN, possibilitando, assim, que a gestante seja
precocemente tratada de qualquer anormalidade que possa vir a Os principais microrganismos que, ao infectarem a gestante,
apresentar. podem transpor a barreira placentária e infectar o concepto são:
A enfermagem deve informar acerca da importância de uma -vírus: principalmente nos três primeiros meses da gravidez, o
alimentação balanceada e rica em proteínas, vitaminas e sais mi- vírus da rubéola pode comprometer o embrião, causando má for-
nerais, presentes em frutas, verduras, legumes, tubérculos, grãos, mação, hemorragias, hepatoesplenomegalia, pneumonias, hepati-
castanhas, peixes, carnes e leite - elementos importantes no supri- te, encefalite e outras. Outros vírus que também podem prejudicar
mento do organismo da gestante e na formação do novo ser. o feto são os da varicela, da varíola, do herpes, da hepatite, do sa-
A higiene corporal e oral deve ser incentivada, pois existe o risco rampo e da AIDS;
de infecção urinária, gengivite e dermatite. Se a gestante apresen- -bactérias: as da sífilis e tuberculose congênita. Caso a infecção
tar reações a odores de pasta de dente, sabonete ou desodorante, ocorra a partir do quinto mês de gestação, há o risco de óbito fetal,
entre outros, deve ser orientada a utilizar produtos neutros ou mes- aborto e parto prematuro;
mo água e bucha, conforme permitam suas condições financeiras. -protozoários:causadores da toxoplasmose congênita. A dife-
É importante, já no primeiro trimestre, iniciar o preparo das rença da toxoplasmose para a rubéola e sífilis é que, independente-
mamas para o aleitamento materno, banho de sol nas mamas é mente da idade gestacional em que ocorra a infecção do concepto,
uma orientação eficaz. os danos podem ser irreparáveis.
Outras orientações referem-se a algumas das sintomatologias Considerando-se esses problemas, ressalta-se a importância
mais comuns, a seguir relacionadas, que a gestante pode apresen- dos exames sorológicos pré-nupcial e pré-natal, que permitem o
tar no primeiro trimestre e as condutas terapêuticas que podem ser diagnóstico precoce da(s) doença(s) e a consequente assistência
realizadas. imediata.
Essas orientações são válidas para os casos em que os sintomas
são manifestações ocasionais e transitórias, não refletindo doenças O segundo trimestre da gravidez
clínicas mais complexas. Entretanto, a maioria das queixas diminui No segundo trimestre, ou seja, a partir da 14ª até a 27ª semana
ou desaparece sem o uso de medicamentos, que devem ser utiliza- de gestação, a grande maioria dos problemas de aceitação da gra-
dos apenas com prescrição. videz foi amenizada ou sanada e a mulher e/ou casal e/ou família
entram na fase de “curtir o bebê que está por vir”. Começa então a
a) Náuseas e vômitos - explicar que esses sintomas são muito preparação do enxoval.
comuns no início da gestação. Para diminuí-los, orientar que a dieta Nesse período, o organismo ultrapassou a fase de estresse e
seja fracionada (seis refeições leves ao dia) e que se evite o uso de encontra- se com mais harmonia e equilíbrio. Os questionamen-
frituras, gorduras e alimentos com odores fortes ou desagradáveis, tos estão mais voltados para a identificação do sexo (“Menino ou
bem como a ingestão de líquidos durante as refeições (os quais de- menina?”) e condições de saúde da futura criança (“Meu filho será
vem, preferencialmente, ser ingeridos nos intervalos). Comer bola- perfeito?”).
chas secas antes de se levantar ou tomar um copo de água gelada A mulher refere percepção dos movimentos fetais, que já po-
com algumas gotas de limão, ou ainda chupar laranja, ameniza os dem ser confirmados no exame obstétrico realizado pelo enfer-
enjoos. meiro ou médico. Com o auxílio do sonar Doppler ou estetoscópio
Nos casos de vômitos frequentes, agendar consulta médica ou de Pinnard, pode-se auscultar os batimentos fetais (BCF). Nesse
de enfermagem para avaliar a necessidade de usar medicamentos; momento, o auxiliar de enfermagem deve colaborar, garantindo a
b) Sialorreia – é a salivação excessiva, comum no início da ges- presença do futuro papai ou acompanhante. A emoção que ambos
tação. sentem ao escutar pela primeira vez o coração do bebê é sempre
Orientar que a dieta deve ser semelhante à indicada para náu- muito grande, pois confirma-se a geração de uma nova vida.
seas e vômitos; que é importante tomar líquidos (água, sucos) em A placenta encontra-se formada, os órgãos e tecidos estão di-
abundância (especialmente em épocas de calor) e que a saliva deve ferenciados e o feto começa o amadurecimento de seus sistemas.
ser deglutida, pois possui enzimas que auxiliarão na digestão dos Reagem ativamente aos estímulos externos, como vibrações, luz
alimentos; forte, som e outros.
c) Fraqueza, vertigens e desmaios - verificar a ingesta e fre- Tendo em vista as alterações externas no corpo da gestante –
quência alimentar; orientar quanto à dieta fracionada e o uso de aumento das mamas, produção de colostro e aumento do abdome
chá ou café com açúcar como estimulante, desde que não estejam - a mulher pode fazer questionamentos tais como: “Meu corpo vai
contraindicados; evitar ambientes mal ventilados, mudanças brus- voltar ao que era antes? Meu companheiro vai perder o interesse
cas de posição e inatividade. Explicar que sentar- se com a cabeça sexual por mim?
abaixada ou deitar-se em decúbito lateral, respirando profunda e Como posso viver um bom relacionamento sexual? A penetra-
pausadamente, minimiza o surgimento dessas sensações; ção do pênis machucará a criança?”. Nessas circunstâncias, a equi-
d) Corrimento vaginal - geralmente, a gestante apresenta-se pe deve proporcionar- lhe o apoio devido, orientando-a, esclare-
mais úmida em virtude do aumento da vascularização. Na ocorrên- cendo-a e, principalmente, ajudando-a a manter a autoestima.
cia de fluxo de cor amarelada, esverdeada ou com odor fétido, com A partir dessas modificações e alterações anátomo-fisiológicas,
prurido ou não, agendar consulta médica ou de enfermagem. Nessa a gestante pode ter seu equilíbrio emocional e físico comprometi-
circunstância, consultar condutas no Manual de Tratamento e Con- dos, o que lhe gera certo desconforto. Além das sintomatologias
trole de Doenças Sexualmente Transmissíveis/DST – AIDS/MS; mencionadas no primeiro trimestre, podemos ainda encontrar
e) Polaciúria – explicar porque ocorre, reforçando a importân- queixas frequentes no segundo (abaixo listadas) e até mesmo no
cia da higiene íntima; agendar consulta médica ou de enfermagem terceiro trimestre. Assim sendo, o fornecimento das corretas orien-
caso exista disúria (dor ao urinar) ou hematúria (sangue na urina), tações e condutas terapêuticas são de grande importância no senti-
acompanhada ou não de febre; do de minimizar essas dificuldades.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

a) Pirose (azia) - orientar para fazer dieta fracionada, evitando j) Hiperpigmentação da pele - explicar que tal fato é muito co-
frituras, café, qualquer tipo de chá, refrigerantes, doces, álcool e mum na gestação mas costuma diminuir ou desaparecer, em tempo
fumo. Em alguns casos, a critério médico, a gestante pode fazer uso variável, após o parto. Pode apresentar como manchas escuras no
de medicamentos; rosto (cloasma gravídico), mamilos escurecidos ou, ainda, escureci-
b) Flatulência, constipação intestinal, dor abdominal e cóli- mento da linha alva (linha nigra). Para minimizar o cloasma gravídi-
cas – nos casos de flatulências (gases) e/ou constipação intestinal, co, recomenda-se à gestante, quando for expor-se ao sol, o uso de
orientar dieta rica em fibras, evitando alimentos de alta fermenta- protetor solar e chapéu;
ção, e recomendar aumento da ingestão de líquidos (água, sucos). l) Estrias - explicar que são resultado da distensão dos tecidos
Adicionalmente, estimular a gestante a fazer caminhadas, movi- e que não existe método eficaz de prevenção, sendo comum no ab-
mentar-se e regularizar o hábito intestinal, adequando, para ir ao dome, mamas, flancos, região lombar e sacra. As estrias, que no
banheiro, um horário que considere ideal para sua rotina. Agendar início apresentam cor arroxeada, tendem, com o tempo, a ficar de
consulta com nutricionista; se a gestante apresentar flacidez da pa- cor semelhante à da pele;
rede abdominal, sugerir o uso de cinta (com exceção da elástica); m) Edemas – explicar que são resultado do peso extra (placen-
em alguns casos, a critério médico, a gestante pode fazer uso de ta, líquido amniótico e feto) e da pressão que o útero aumentado
medicamentos para gases, constipação intestinal e cólicas. Nas si- exerce sobre os vasos sanguíneos, sendo sua ocorrência bastante
tuações em que a dor abdominal ou cólica for persistentes e o ab- comum nos membros inferiores. Podem ser detectados quando,
dome gravídico apresentar-se endurecido e dolorido, encaminhar com a gestante em decúbito dorsal ou sentada, sem meias, se pres-
para consulta com o enfermeiro ou médico, o mais breve possível; siona a pele na altura do tornozelo (região perimaleolar) e na perna,
c) Hemorroidas – orientar a gestante para fazer dieta rica em no nível do seu terço médio, na face anterior (região prétibial).
fibras, visando evitar a constipação intestinal, não usar papel higi- O edema fica evidenciado mediante presença de uma depres-
ênico colorido e/ou muito áspero, pois podem causar irritações, e são duradoura (cacifo) no local pressionado. Nesses casos, reco-
realizar após defecar, higiene perianal com água e sabão neutro. mendar que a gestante mantenha as pernas elevadas pelo menos
Agendar consulta médica caso haja dor ou sangramento anal per- 20 minutos por 3 a 4 vezes ao dia, quando possível, e que use meia
sistente; se necessário, agendar consulta de pré-natal e/ou com o elástica apropriada.
nutricionista;
d) Alteração do padrão respiratório - muito frequente na O terceiro trimestre da gravidez
gestação, em decorrência do aumento do útero que impede a ex- Muitas mulheres deixam de amamentar seus filhos precoce-
pansão diafragmática, intensificada por postura inadequada e/ou mente devido a vários fatores (social, econômico, biológico, psicoló-
ansiedade da gestante. Nesses casos, recomendar repouso em de- gico), nos quais se destacam estilos de vida (urbano ou rural), tipos
cúbito lateral esquerdo ou direito e o uso de travesseiros altos que de ocupação (horário e distância do trabalho), estrutura de apoio
possibilitem elevação do tórax, melhorando a expansão pulmonar. ao aleitamento (creches, tempo de licença-aleitamento) e mitos ou
Ouvir a gestante e conversar sobre suas angústias, agendando con- ausência de informação.
sulta com o psicólogo, quando necessário. Estar atento para asso- Por isso, é importante o preparo dessa futura nutriz ainda no
ciação com outros sintomas (ansiedade, cianose de extremidades, pré-natal, que pode ser desenvolvido individualmente ou em gru-
cianose de mucosas) ou agravamento da dificuldade em respirar, po. As orientações devem abranger as vantagens do aleitamento
pois, embora não frequente, pode tratar-se de doença cardíaca ou para a mãe (prático, econômico e não exige preparo), relacionadas
respiratória; nessa circunstância, agendar consulta médica ou de à involução uterina (retorno e realinhamento das fibras musculares
enfermagem imediata; da parede do útero) e ao desenvolvimento da inter-relação afeti-
e) Desconforto mamário - recomendar o uso constante de su- va entre mãe-filho. Para o bebê, as vantagens relacionam-se com
tiã, com boa sustentação; persistindo a dor, encaminhar para con- a composição do leite, que atende a todas as suas necessidades
nutricionais nos primeiros 6 meses de vida, é adequada à digestão e
sulta médica ou de enfermagem;
propicia a passagem de mecanismos de defesa (anticorpos) da mãe;
f) Lombalgia - recomendar a correção de postura ao sentar-se
além disso, o ato de sugar auxilia a formação da arcada dentária, o
e ao andar, bem como o uso de sapatos com saltos baixos e confor-
que facilitará, posteriormente, a fala.
táveis.
No tocante ao ato de amamentar, a mãe deve receber várias
A aplicação de calor local, por compressas ou banhos mornos, é
orientações: este deve ocorrer sempre que a criança tiver fome e
recomendável. Em alguns casos, a critério médico, a gestante pode
durante o tempo que quiser (livre demanda). Para sua realização,
fazer uso de medicamentos;
a mãe deve procurar um local confortável e tranquilo, posicionar a
g) Cefaleia - conversar com a gestante sobre suas tensões, con-
criança da forma mais cômoda - de forma que lhe permita a aboca-
flitos e temores, agendando consulta com o psicólogo, se necessá-
nhar o mamilo e toda ou parte da aréola, afastando o peito do nariz
rio. da criança com o auxílio dos dedos – e oferecer-lhe os dois seios
Verificar a pressão arterial, agendando consulta médica ou de em cada mamada, começando sempre pelo que foi oferecido por
enfermagem no sentido de afastar suspeita de hipertensão arterial último (o que permitirá melhor esvaziamento das mamas e maior
e pré-eclâmpsia (principalmente se mais de 24 semanas de gesta- produção de leite, bem como o fornecimento de quantidade cons-
ção); tante de gordura em todas as mamadas).
h) Varizes - recomendar que a gestante não permaneça muito Ao retirar o bebê do mamilo, nunca puxá-lo, pois isto pode cau-
tempo em pé ou sentada e que repouse por 20 minutos, várias ve- sar rachadura ou fissura. Como prevenção, deve-se orientar a mãe
zes ao dia, com as pernas elevadas, e não use roupas muito justas e a introduzir o dedo mínimo na boca do bebê e, quando ele suga-lo,
nem ligas nas pernas - se possível, deve utilizar meia-calça elástica soltar o mamilo.
especial para gestante; Em virtude da proximidade do término da gestação, as expec-
i) Câimbras – recomendar, à gestante, que realize massagens tativas estão mais voltadas para os momentos do parto (“Será que
no músculo contraído e dolorido, mediante aplicação de calor local, vou sentir e/ou aguentar a dor?”) e de ver o bebê (“Será que é per-
e evite excesso de exercícios; feito?”).

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Geralmente, este é um dos períodos de maior tensão da ges- -a respiração deve ser feita de forma tranquila (inspiração pro-
tante. funda e expiração soprando o ar).
No terceiro trimestre, o útero volumoso e a sobrecarga dos sis-
temas cardiovascular, respiratório e locomotor desencadeiam alte- A gestante e seu acompanhante devem ser orientados a pro-
rações orgânicas e desconforto, pois o organismo apresenta menor curar um serviço de saúde imediatamente ao perceberem qualquer
capacidade de adaptação. Há aumento de estresse, cansaço, e sur- intercorrência durante o período gestacional, como, por exemplo,
gem as dificuldades para movimentar-se e dormir. perda transvaginal (líquido, sangue, corrimento, outros); presença
Frequentemente, a gestante refere plenitude gástrica e consti- de dores abdominais, principalmente tipo cólicas, ou dores locali-
pação intestinal, decorrentes tanto da diminuição da área gástrica zadas; contração do abdome, abdome duro (hipertônico); parada
quanto da diminuição da peristalse devido à pressão uterina sobre da movimentação fetal; edema acentuado de membros inferiores e
os intestinos, levando ao aumento da absorção de água no intesti- superiores (mãos); ganho de peso exagerado; visão turva e presen-
no, o que colabora para o surgimento de hemorroidas. É comum ça de fortes dores de cabeça (cefaleia) ou na nuca.
observarmos queixas em relação à digestão de alimentos mais pe- Enfatizamos que no final do processo gestacional a mulher
sados. Portanto, é importante orientar dieta fracionada, rica em pode apresentar um quadro denominado “falso trabalho de parto”,
verduras e legumes, alimentos mais leves e que favoreçam a diges- caracterizando por atividade uterina aumentada (contrações), per-
tão e evitem constipações. O mais importante é a qualidade dos manecendo, entretanto, um padrão descoordenado de contrações.
alimentos, e não sua quantidade. Algumas vezes, estas contrações são bem perceptíveis. Contu-
do, cessam em seguida, e a cérvice uterina não apresenta alterações
Observamos que a frequência urinária aumenta no final da (amolecimento, apagamento e dilatação). Tal situação promove alto
gestação, em virtude do encaixamento da cabeça do feto na cavi- grau de ansiedade e expectativa da premência do nascimento, sen-
dade pélvica; em contrapartida, a dificuldade respiratória se ame- do um dos principais motivos que levam as gestantes a procurar o
niza. Entretanto, enquanto tal fenômeno de descida da cabeça não hospital. O auxiliar de enfermagem deve orientar a clientela e estar
acontece, o desconforto respiratório do final da gravidez pode ser atento para tais acontecimentos, visando evitar uma admissão pre-
amenizado adotando a posição de semi fowler durante o descanso. coce, intervenções desnecessárias e estresse familiar, ocasionando
Ao final do terceiro trimestre, é comum surgirem mais varizes uma experiência negativa de trabalho de parto, parto e nascimento.
e edema de membros inferiores, tanto pela compressão do útero Para amenizar o estresse no momento do parto, devemos
sobre as veias ilíacas, dificultando o retorno venoso, quanto por orientar a parturiente para que realize exercícios respiratórios, de
efeitos climáticos, principalmente climas quentes. É importante ob- relaxamento e caminhadas, que diminuirão sua tensão muscular e
servar a evolução do edema, pesando a gestante e, procurando evi- facilitarão maior oxigenação da musculatura uterina. Tais exercícios
tar complicações vasculares, orientando seu repouso em decúbito proporcionam melhor rendimento no trabalho de parto, pois pro-
lateral esquerdo, conforme as condutas terapêuticas anteriormente piciam uma economia de energia - sendo aconselháveis entre as
mencionadas. metrossístoles.
Destacamos que no final desse período o feto diminui seus mo- Os exercícios respiratórios consistem em realizar uma inspira-
vimentos pois possui pouco espaço para mexer-se. Assim, a mãe ção abdominal lenta e profunda, e uma expiração como se a ges-
deve ser orientada para tal fenômeno, mas deve supervisionar dia- tante estivesse soprando o vento (apagando a vela), principalmente
riamente os movimentos fetais – o feto deve mexer pelo menos durante as metrossístoles. Na primeira fase do trabalho de parto,
uma vez ao dia. Caso o feto não se movimente durante o período são muito úteis para evitar os espasmos dolorosos da musculatura
de 24 horas, deve ser orientada a procurar um serviço hospitalar abdominal.
com urgência.
Como saber quando será o trabalho de parto? Quais os sinais Assistência de Enfermagem em Situações Obstétricas de Risco
de trabalho de parto? O que fazer? Essas são algumas das pergun- Na América Latina, o Brasil é o quinto país com maior índice de
tas que a mulher/casal e família fazem constantemente, quando mortalidade materna, estimada em 134 óbitos para 100.000 nasci-
aproxima-se a data provável do parto. dos vivos.
A gestante e/ou casal devem ser orientados para os sinais de No Brasil, as causas de mortalidade materna se caracterizam
início do trabalho de parto. O preparo abrange um conjunto de cui-
por elevadas taxas de toxemias, outras causas diretas, hemorragias
dados e medidas de promoção à saúde que devem garantir que a
(durante a gravidez, descolamento prematuro de placenta), compli-
mulher vivencie a experiência do parto e nascimento como um pro-
cações puerperais e abortos. Essas causas encontram-se presentes
cesso fisiológico e natural.
em todas as regiões, com predominância de incidência em diferen-
A gestante, juntamente com seu acompanhante, deve ser
tes estados.
orientada para identificar os sinais que indicam o início do trabalho
A consulta de pré-natal é o espaço adequado para a prevenção
de parto.
e controle dessas intercorrências, como a hipertensão arterial asso-
Para tanto, algumas orientações importantes devem ser ofere-
ciada à gravidez (toxemias), que se caracteriza por ser fator de risco
cidas, como:
para eclampsia e outras complicações.
-a bolsa d’água que envolve o feto ainda intra-útero (bolsa de
líquido amniótico) pode ou não romper-se; Denomina-se fator de risco aquela característica ou circunstân-
-a barriga pode apresentar contrações, ou seja, uma dor tipo cia que se associa à probabilidade maior do indivíduo sofrer dano
cólica que a fará endurecer e que será intermitente, iniciando com à saúde. Os fatores de risco são de natureza diversa, a saber: bioló-
intervalos maiores e diminuindo com a evolução do trabalho de gicos (idade – adolescente ou idosa; estatura - baixa estatura; peso
parto; – obesidade ou desnutrição), clínicos (hipertensão, diabetes), am-
-no final do terceiro trimestre, às vezes uma semana antes do bientais (abastecimento deficiente de água, falta de rede de esgo-
parto, ocorre a saída de um muco branco (parecendo “catarro”) o tos), relacionados à assistência (má qualidade da assistência, cober-
chamado tampão mucoso, o qual pode ter sinais de sangue no mo- tura insuficiente ao pré-natal), socioculturais (nível de formação) e
mento do trabalho de parto; econômicos (baixa renda).

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Esses fatores, associados a fatores obstétricos como primeira -Infectado: quando ocorre infecção intra-útero por ocasião do
gravidez, multiparidade, gestação em idade reprodutiva precoce ou abortamento. Acontece, na maioria das vezes, durante as manobras
tardia, abortamentos anteriores e desnutrição, aumentam a proba- para interromper uma gravidez. A mulher apresenta febre em grau
bilidade de morbimortalidade perinatal. variável, dores discretas e contínuas, hemorragia com odor fétido
Devemos considerar que a maioria destas mortes maternas e e secreção cujo aspecto depende do microrganismo, taquicardia,
fetais poderiam ter sido prevenidas com uma assistência adequada desidratação, diminuição dos movimentos intestinais, anemia, peri-
ao pré-natal, parto e puerpério - “98% destas mortes seriam evi- tonite, septicemia e choque séptico.
tadas se as mulheres tivessem condições dignas de vida e atenção Podem ocorrer endocardite, miocardite, tromboflebite e em-
à saúde, especialmente pré-natal realizado com qualidade, assim bolia pulmonar;
como bom serviço de parto e pós-parto”.
Entretanto, há uma pequena parcela de gestantes que, por Provocado - é a interrupção ilegal da gravidez, com a morte do
terem algumas características ou sofrerem de alguma patologia, produto da concepção, haja ou não a expulsão, qualquer que seja o
apresentam maiores probabilidades de evolução desfavorável, tan- seu estado evolutivo. São praticados na clandestinidade, em clínicas
to para elas como para o feto. Essa parcela é a que constitui o grupo privadas ou residências, utilizando-se métodos anti-higiênicos, ma-
chamado de gestantes de risco. teriais perfurantes, medicamentos e substâncias tóxicas. Pode levar
Dentre as diversas situações obstétricas de risco gestacional, à morte da mulher ou evoluir para um aborto infectado;
destacam-se as de maior incidência e maior risco, como aborta- Retido – é quando o feto morre e não é expulso, ocorrendo
mento, doença hipertensiva específica da gravidez (DHEG) e sofri- a maceração. Não há sinais de abortamento, porém pode ocorrer
mento fetal. mal-estar geral, cefaleia e anorexia.
O processo de abortamento é complexo e delicado para uma
Abortamento mulher, principalmente por não ter podido manter uma gravidez,
Conceitua-se como abortamento a morte ovular ocorrida an- sendo muitas vezes julgada e culpabilizada, o que lhe acarreta um
tes da 22ª semana de gestação, e o processo de eliminação deste estigma social, afetando-lhe tanto do ponto de vista biológico como
produto da concepção é chamado de aborto. O abortamento é dito
psicoemocional.
precoce quando ocorre até a 13ª semana; e tardio, quando entre a
13ª e 22ª semanas.
Independente do tipo de aborto, cada profissional tem papel
Algumas condições favorecem o aborto, entre elas: fatores
importante na orientação, diálogo e auxílio a essa mulher, diante
ovulares (óvulos ou espermatozoides defeituosos); diminuição do
hormônio progesterona, resultando em sensibilidade uterina e con- de suas necessidades. Assim, não deve fazer qualquer tipo de jul-
trações que podem levar ao aborto; infecções como sífilis, rubéola, gamento e a assistência deve ser prestada de forma humanizada e
toxoplasmose; traumas de diferentes causas; incompetência istmo com qualidade - caracterizando a essência do trabalho da enferma-
cervical; mioma uterino; “útero infantil”; intoxicações (fumo, álco- gem, que é o cuidar e o acolher, independente dos critérios pesso-
ol, chumbo e outros); hipotireoidismo; diabetes mellitus; doenças ais e julgamentos acerca do caso clínico.
hipertensivas e fatores emocionais. Devemos estar atentos para os cuidados imediatos e media-
Os tipos de aborto são inúmeros e suas manifestações clínicas tos, tais como: controlar os sinais vitais, verificando sinais de cho-
estão voltadas para a gravidade de cada caso e dependência de que hipovolêmico, mediante avaliação da coloração de mucosas,
uma assistência adequada à mulher. Os tipos de aborto são11: hipotensão, pulso fraco e rápido, pele fria e pegajosa, agitação e
-Ameaça de aborto: situação em que há a probabilidade do apatia; verificar sangramento e presença de partes da placenta ou
aborto ocorrer. Geralmente, caracteriza-se por sangramento mo- embrião nos coágulos durante a troca dos traçados ou absorventes
derado, cólicas discretas e colo uterino com pequena ou nenhuma colocados na região vulvar (avaliar a quantidade do sangramento
dilatação; pelo volume do sangue e número de vezes de troca do absorvente);
-Espontâneo: pode ocorrer por um ovo defeituoso e o subse- controlar o gotejamento da hidratação venosa para reposição de
quente desenvolvimento de defeitos no feto e placenta. Dependen- líquido ou sangue; administrar medicação (antibioticoterapia, soro
do da natureza do processo, é considerado: antitetânico, analgésicos ou antiespasmódicos, ocitócicos) confor-
a) Evitável: o colo do útero não se dilata, sendo evitado através me prescrição médica; preparar a paciente para qualquer procedi-
de repouso e tratamento conservador; mento (curetagem, microcesariana, e outros); prestar os cuidados
b) Inevitável: quando o aborto não pode ser prevenido, acon- após os procedimentos pós-operatórios; procurar tranquilizar a
tecendo a qualquer momento. Apresenta-se com um sangramento mulher; comunicar qualquer anormalidade imediatamente à equi-
intenso, dilatação do colo uterino e contrações uterinas regulares. pe de saúde.
Pode ser subdivido em aborto completo (quando o feto e todos Nosso papel é orientar a mulher sobre os desdobramentos do
os tecidos a ele relacionados são eliminados) e aborto incompleto pós-aborto, como reposição hídrica e nutricional, sono e repouso,
(quando algum tecido permanece retido no interior do útero); expressão dos seus conflitos emocionais e, psicologicamente, faze-
-Habitual: quando a mulher apresenta abortamentos repetidos
-la acreditar na capacidade de o seu corpo viver outra experiência
(três ou mais) de causa desconhecida;
reprodutiva com saúde, equilíbrio e bem-estar.
É fundamental a observação do sangramento vaginal, atentan-
-Terapêutico: é a intervenção médica aprovada pelo Código Pe-
do para os aspectos de quantidade, cor, odor e se está acompanha-
nal Brasileiro (art. 128), praticado com o consentimento da gestante
ou de seu representante legal e realizado nos casos em que há risco do ou não de dor e alterações de temperatura corporal. As mamas
de vida ou gravidez decorrente de estupro; precisarão de cuidados como: aplicar compressas frias e enfaixá-las,
a fim de prevenir ingurgitamento mamário; não realizar a ordenha
nem massagens; administrar medicação para inibir a lactação de
acordo com a prescrição médica.

73
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

No momento da alta, a cliente deve ser encaminhada para Já o edema de face e de mãos é um sinal de alerta diferencial,
acompanhamento ginecológico com o objetivo de fazer a revisão pois não é normal, podendo estar associado à elevação da pressão
pós-aborto; identificar a dificuldade de se manter a gestação se for arterial. Um ganho de peso de mais de 500 g por semana deve ser
o caso; e receber orientações acerca da necessidade de um período observado e analisado como um sinal a ser investigado.
de abstinência sexual e, antes de iniciar sua atividade sexual, esco- O exame de urina, cujo resultado demonstre presença de pro-
lher o método contraceptivo que mais se adeque à sua realidade. teína, significa diminuição da função urinária. A elevação da pres-
são sistólica em mais de 30 mmhg, ou da diastólica em mais de 15
Placenta Prévia (PP) mmhg, representa outro sinal que deve ser observado com aten-
É uma intercorrência obstétrica de risco caracterizada pela im- ção. A gestante o companheiro e a família devem estar convenien-
plantação da placenta na parte inferior do útero. Com o desenvol- temente orientados quanto aos sinais e sintomas da DHEG.
vimento da gravidez, a placenta evolui para o orifício do canal de Todos esses sinais são motivos de preocupação, devendo ser
parto. pesquisados e avaliados através de marcação de consultas com
Pode ser parcial (marginal), quando a placenta cobre parte do maior frequência, para evitar exacerbação dessa complicação em
orifício, ou total (oclusiva), quando cobre totalmente o orifício. Am- uma gravidez de baixo risco, tornando-a de alto risco – o que fará
bas as situações provocam risco de vida materna e fetal, em vista da necessário o encaminhamento e acompanhamento pelo pré-natal
hemorragia – a qual apresenta sangramento de cor vermelho vivo, de alto risco.
indolor, constante, sem causa aparente, aparecendo a partir da 22a A pré-eclâmpsia leve é caracterizada por edema e/ou proteinú-
semana de gravidez. ria, e mais hipertensão. À medida que a doença evolui e o vaso es-
Após o diagnóstico de PP, na fase crítica, a internação é a con- pasmo aumenta, surgem outros sinais e sintomas. O sistema ner-
duta imediata com a intenção de promover uma gravidez a termo voso central (SNC) sofre irritabilidade crescente, surgindo cefaleia
ou o mais próximo disso. A supervisão deve ser constante, sendo a occipital, tonteiras, distúrbios visuais (moscas volantes). As mani-
gestante orientada a fazer repouso no leito com os membros discre- festações digestivas - dor epigástrica, náuseas e vômitos - são sinto-
tamente elevados, evitar esforços físicos e observar os movimentos mas que revelam comprometimento de outros órgãos.
fetais e características do sangramento (quantidade e frequência). Com a evolução da doença pode ocorrer a convulsão ou coma,
A conduta na evolução do trabalho de parto dependerá do quadro caracterizando a DHEG grave ou eclampsia, uma das complicações
clínico de cada gestante, avaliando o bem-estar materno e fetal. obstétricas mais graves. Nesta, a proteinúria indica alterações re-
nais, podendo ser acompanhada por oligúria ou mesmo anúria.
Prenhez Ectópica ou Extrauterina Com o vaso espasmo generalizado, o miométrio torna-se hi-
Consiste numa intercorrência obstétrica de risco, caracterizada pertônico, afetando diretamente a placenta que, dependendo da
pela implantação do ovo fecundado fora do útero, como, por exem- intensidade, pode desencadear seu deslocamento prematuro. Tam-
plo, nas trompas uterinas, ovários e outros. bém a hipertensão materna prolongada afeta a circulação placen-
Como sinais e sintomas, tal intercorrência apresenta forte dor tária, ocorrendo o rompimento de vasos e acúmulo de sangue na
no baixo ventre, podendo estar seguida de sangramento em grande parede do útero, representando outra causa do deslocamento da
quantidade. placenta.
O diagnóstico geralmente ocorre no primeiro trimestre gesta- Um sinal expressivo do descolamento da placenta é a dor ab-
cional, através de ultrassonografia. A equipe de enfermagem de- dominal súbita e intensa, seguida por sangramento vaginal de co-
verá estar atenta aos possíveis sinais de choque hipovolêmico e de loração vermelha-escuro, levando a uma movimentação fetal au-
infecção. mentada, o que indica sofrimento fetal por diminuição de oxigênio
A conduta obstétrica é cirúrgica. (anoxia) e aumento excessivo das contrações uterinas que surgem
como uma defesa do útero em cessar o sangramento, agravando o
Doenças Hipertensivas Específicas da Gestação (DHEG) estado do feto. Nesses casos, indica-se a intervenção cirúrgica de
A hipertensão na gravidez é uma complicação comum e poten- emergência – cesariana -, para maior chance de sobrevivência ma-
cialmente perigosa para a gestante, o feto e o próprio recém-nasci- terna e fetal.
do, sendo uma das causas de maior incidência de morte materna, Os fatores de risco que dificultam a oxigenação dos tecidos e,
fetal e neonatal, de baixo peso ao nascer e prematuridade. Pode principalmente, o tecido uterino, relacionam-se à: superdistensão
apresentar-se de forma leve, moderada ou grave. uterina (gemelar, polidrâmnia, fetos grandes); aumento da tensão
Existem vários fatores de risco associados com o aumento da sobre a parede abdominal, frequentemente observado na primeira
DHEG, tais como: adolescência/idade acima de 35 anos, conflitos gravidez; doenças vasculares já existentes, como hipertensão crô-
psíquicos e afetivos, desnutrição, primeira gestação, história fa- nica, neuropatia; estresse emocional, levando à tensão muscular;
miliar de hipertensão, diabetes mellitus, gestação múltipla e poli- alimentação inadequada.
drâmnia. A assistência pré-natal tem como um dos objetivos detectar
A DHEG aparece após a 20a semana de gestação, como um precocemente os sinais da doença hipertensiva, antes que evolua.
quadro de hipertensão arterial, acompanhada ou não de edema A verificação do peso e pressão arterial a cada consulta servirá para
e proteinúria (pré-eclâmpsia), podendo evoluir para convulsão e a avaliação sistemática da gestante, devendo o registro ser feito no
coma (DHEG grave ou eclampsia). Cartão de Pré-Natal, para acompanhamento durante a gestação e
Durante uma gestação sem intercorrências, a pressão perma- parto. O exame de urina deve ser feito no primeiro e terceiro tri-
nece normal e não há proteinúria. É comum a maioria das gestantes mestre, ou sempre que houver queixas urinárias ou alterações dos
apresentarem edema nos membros inferiores, devido à pressão do níveis da pressão arterial.
útero grávido na veia cava inferior e ao relaxamento da musculatura
lisa dos vasos sanguíneos, não sendo este um sinal diferencial.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

A equipe de enfermagem deve orientar a gestante sobre a im- Com a estabilização do quadro e as convulsões controladas,
portância de diminuir a ingesta calórica (alimentos ricos em gordu- deve-se preparar a gestante para a interrupção da gravidez (cesá-
ra, massa, refrigerantes e açúcar) e não abusar de comidas salgadas, rea), pois a conduta mais eficaz para a cura da DHEG é o término
bem como sobre os perigos do tabagismo, que provoca vasoconstri- da gestação, o que merece apreciação de todo o quadro clínico e
ção, diminuindo a irrigação sanguínea para o feto, e do alcoolismo, condição fetal, considerando-se a participação da mulher e família
que provoca o nascimento de fetos de baixo peso e abortamento nesta decisão.
espontâneo. É importante que a puérpera tenha uma avaliação contínua nas
O acompanhamento pré-natal deve atentar para o apareci- 48 horas após o parto, pois ainda pode apresentar risco de vida.
mento de edema de face e dos dedos, cefaleia frontal e occipital e
outras alterações como irritabilidade, escotomas, hipersensibilida- Sofrimento Fetal Agudo (SFA)
de a estímulos auditivos e luminosos. A mulher, o companheiro e a O sofrimento fetal agudo (SFA) indica que a saúde e a vida do
família devem ser orientados quanto aos sinais e sintomas da DHEG feto estão sob-risco, devido à asfixia causada pela diminuição da
e suas implicações, observando, inclusive, a dinâmica da movimen- chegada do oxigênio ao mesmo, e à eliminação do gás carbônico.
As trocas metabólicas existentes entre o sangue materno e o
tação fetal.
fetal, realizadas pela circulação placentária, são indispensáveis para
A gestante deve ser orientada quanto ao repouso no leito em
manter o bem-estar do feto. Qualquer fator que, por um período
decúbito lateral esquerdo, para facilitar a circulação, tanto renal
quanto placentária, reduzindo também o edema e a tensão arterial, provisório ou permanente de carência de oxigênio, interfira nessas
bem como ser encorajada a exteriorizar suas dúvidas e medos, vi- trocas será causa de SFA.
sando minimizar o estresse. O sofrimento fetal pode ser diagnosticado através de alguns
As condições socioeconômicas desfavoráveis, dificuldade de sinais, como frequência cardíaca fetal acima de 160 batimentos ou
acesso aos serviços de saúde, hábitos alimentares inadequados, abaixo de 120 por minuto, e movimentos fetais inicialmente au-
entre outros, são fatores que podem vir a interferir no acompanha- mentados e posteriormente diminuídos.
mento ambulatorial. Sendo específicos à cada gestante, fazem com Durante essa fase, o auxiliar de enfermagem deve estar atento
que a eclampsia leve evolua, tornando a internação hospitalar o tra- aos níveis pressóricos da gestante, bem como aos movimentos fe-
tamento mais indicado. tais. Nas condutas medicamentosas, deve atuar juntamente com a
Durante a internação hospitalar a equipe de enfermagem deve equipe de saúde.
estar atenta aos agravos dos sinais e sintomas da DHEG. Portanto, Nos casos em que se identifique sofrimento fetal e a gestante
deve procurar promover o bem-estar materno e fetal, bem como esteja recebendo infusão venosa contendo ocitocina, tal fato deve
proporcionar à gestante um ambiente calmo e tranquilo, manter a ser imediatamente comunicado à equipe e a solução imediatamen-
supervisão constante e atentar para o seu nível de consciência, já te suspensa e substituída por solução glicosada ou fisiológica pura.
que os estímulos sonoros e luminosos podem desencadear as con- A equipe responsável pela assistência deve tranquilizar a ges-
vulsões, pela irritabilidade do SNC. Faz-se necessário, também, con- tante, ouvindo-a e explicando - a ela e à família - as característi-
trolar a pressão arterial e os batimentos cardiofetais (a frequência cas do seu quadro e a conduta terapêutica a ser adotada, o que
será estabelecida pelas condições da gestante), bem como pesar a a ajudará a manter o controle e, consequentemente, cooperar. A
gestante diariamente, manter-lhe os membros inferiores discreta- transmissão de calma e a correta orientação amenizarão o medo e
mente elevados, providenciar a colheita dos exames laboratoriais a ansiedade pela situação.
solicitados (sangue, urina), observar e registrar as eliminações fisio- A gestante deve ser mantida em decúbito lateral esquerdo,
lógicas, as queixas álgicas, as perdas vaginais e administrar medica- com o objetivo de reduzir a pressão que o feto realiza sobre a veia
ções prescritas, observando sua resposta. cava inferior ou cordão umbilical, e melhorar a circulação mater-
Além disso, deve-se estar atento para possíveis episódios de no-fetal. Segundo prescrição, administrar oxigênio (O2 úmido) para
crises convulsivas, empregando medidas de segurança tais como melhorar a oxigenação da gestante e do feto e preparar a parturien-
manter as grades laterais do leito elevadas (se possível, acolcho- te para intervenção cirúrgica, de acordo com a conduta indicada
adas), colocar a cabeceira elevada a 30° e a gestante em decúbi- pela equipe responsável pela assistência.
to lateral esquerdo (ou lateralizar sua cabeça, para eliminação das
secreções); manter próximo à gestante uma cânula de borracha Parto e Nascimento Humanizado
(Guedel), para colocar entre os dentes, protegendo- lhe a língua de Até o século XVIII, as mulheres tinham seus filhos em casa; o
um eventual traumatismo. Ressalte-se que os equipamentos e me- parto era um acontecimento domiciliar e familiar. A partir do mo-
dicações de emergência devem estar prontos para uso imediato, na mento em que o parto tornou-se institucionalizado (hospitalar) a
proximidade da unidade de alto risco. mulher passou a perder autonomia sobre seu próprio corpo, dei-
Gestantes que apresentam DHEG moderada ou grave devem xando de ser ativa no processo de seu parto.
ser acompanhadas em serviços de obstetrícia, por profissional mé- Segundo a Organização Mundial da Saúde, estima-se que ape-
dico, durante todo o período de internação. Os cuidados básicos in- nas 10% a 20% dos partos têm indicação cirúrgica. Isto significa que
cluem: observação de sinais de petequeias, equimoses e/ou sangra- deveriam ser indicados apenas para as mulheres que apresentam
mentos espontâneos, que indicam complicação séria causada por problemas de saúde, ou naqueles casos em que o parto normal tra-
rompimento de vasos sanguíneos; verificação horária de pressão ria riscos ao recém-nascido ou a mãe. Entretanto, o que verificamos
arterial, ou em intervalo menor, e temperatura, pulso e respiração é a existência de um sistema de saúde voltado para a atenção ao
de duas em duas horas; instalação de cateterismo vesical, visando parto e nascimento pautado em rotinas de intervenções, que favo-
o controle do volume urinário (diurese horária); monitoramento de rece e conduz ao aumento de cesáreas e de possíveis iatrogenias
balanço hídrico; manutenção de acesso venoso para hidratação e que, no pós-parto, geram complicações desnecessárias.
administração de terapia medicamentosa (anti-hipertensivo, anti- Nós, profissionais de saúde, devemos entender que o parto
convulsivos, antibióticos, sedativos) e de urgência; colheita de exa- não é simplesmente “abrir uma barriga”, “tirar um recém-nascido
mes laboratoriais de urgência; instalação de oxigeno terapia confor- de dentro”, afastá-lo da “mãe”para colocá-lo num berço solitário,
me prescrição médica, caso a gestante apresente cianose. enquanto a mãe dorme sob o efeito da anestesia.

75
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

A enfermagem possui importante papel como integrante da Admitindo a Parturiente


equipe, no sentido de proporcionar uma assistência humanizada e O atendimento da parturiente na sala de admissão de uma ma-
qualificada quando do parto, favorecendo e estimulando a partici- ternidade deve ter como preocupação principal uma recepção aco-
pação efetiva dos principais atores desse fenômeno – a gestante, lhedora à mulher e sua família, informando-os da dinâmica da assis-
seu acompanhante e seu filho recém-nascido. tência na maternidade e os cuidados pertinentes a esse momento:
Precisamos valorizar esse momento pois, se vivenciado har- acompanhá-la na admissão e encaminhá-la ao pré-parto; colher os
moniosamente, favorece um contato precoce mãe-recém-nasci- exames laboratoriais solicitados (hemograma, VDRL e outros exa-
do, estimula o aleitamento materno e promove a interação com o mes, caso não os tenha realizado durante o pré-natal); promover
acompanhante e a família, permitindo à mulher um momento de um ambiente tranquilo e com privacidade; monitorar a evolução do
conforto e segurança, com pessoas de seu referencial pessoal. trabalho de parto, fornecendo explicações e orientações.
Os profissionais devem respeitar os sentimentos, emoções, ne-
cessidades e valores culturais, ajudando-a a diminuir a ansiedade e Assistência Durante o Trabalho de Parto Natural
insegurança, o medo do parto, da solidão do ambiente hospitalar e O trajeto do parto ou canal de parto é a passagem que o feto
dos possíveis problemas do bebê. percorre ao nascer, desde o útero à abertura vulvar. É formado pelo
A promoção e manutenção do bem-estar físico e emocional ao conjunto dos ossos ilíaco, sacro e cóccix - que compõem a peque-
longo do processo de parto e nascimento ocorre mediante informa- na bacia pélvica, também denominada de trajeto duro - e pelos te-
ções e orientações permanentes à parturiente sobre a evolução do cidos moles (parte inferior do útero, colo uterino, canal vaginal e
trabalho de parto, reconhecendo-lhe o papel principal nesse pro- períneo) que revestem essa parte óssea, também denominada de
cesso e até mesmo aceitando sua recusa a condutas que lhe cau- trajeto mole.
sem constrangimento ou dor; além disso, deve-se oferecer espaço No trajeto mole, ocorrem as seguintes alterações: aumento do
e apoio para a presença do(a) acompanhante que a parturiente útero; amolecimento do colo para a dilatação e apagamento; hiper-
deseja. vascularização e aumento do tecido elástico da vagina, facilitando
Qualquer indivíduo, diante do desconhecido e sozinho, tende sua distensão; aumento das glândulas cervicais para lubrificar o tra-
a assumir uma postura de defesa, gerando ansiedade e medos. A jeto do parto.
gestante não preparada desconhece seu corpo e as mudanças que No trajeto duro, a principal alteração é o aumento da mobilida-
o mesmo sofre. de nas articulações (sacroilíaca, sacrococcígea, lombo-sacral, sínfise
O trabalho de parto é um momento no qual a mulher se sente púbica), auxiliado pelo hormônio relaxina.
desprotegida e frágil, necessitando apoio constante. O feto tem importante participação na evolução do trabalho
O trabalho de parto e o nascimento costumam desencadear de parto: realiza os mecanismos de flexão, extensão e rotação, per-
excitação e apreensão nas parturientes, independente do fato de a mitindo sua entrada e passagem pelo canal de parto - fenômeno
gestante ser primípara ou multípara. É um momento de grande ex- facilitado pelo cavalgamento dos ossos do crânio, ocasionando a
pectativa para todos, gestante, acompanhante e equipe de saúde. redução do diâmetro da cabeça e facilitando a passagem pela pelve
O início do trabalho de parto é desencadeado por fatores ma- materna.
ternos, fetais e placentários, que se interagem.
Os sinais do desencadeamento de trabalho de parto são: O Primeiro Período do Trabalho de Parto: a Dilatação
- eliminações vaginais, discreto sangramento, perda de tampão Nesse período, após o colo atingir 5 cm de dilatação, as con-
mucoso, eliminação de líquido amniótico, presente quando ocorre trações uterinas progridem e aos poucos aumentam a intensidade,
a ruptura da bolsa amniótica - em condições normais, apresenta- se o intervalo e a duração, provocando a dilatação do colo uterino.
claro, translúcido e com pequenos grumos semelhantes a pedaços Como resultado, a cabeça do feto vai gradualmente descendo no
de leite coalhado (vérnix); canal pélvico e, nesse processo, rodando lentamente. Essa descida,
- contrações uterinas inicialmente regulares, de pequena inten- auxiliada pela pressão da bolsa amniótica, determina uma pressão
maior da cabeça sobre o colo uterino, que vai se apagando. Para
sidade, com duração variável de 20 a 40 segundos, podendo chegar
possibilitar a passagem do crânio do feto - que mede por volta de
a duas ou mais em dez minutos;
9,5 cm - faz-se necessária uma dilatação total de 10 cm. Este é o pe-
- desconforto lombar;
ríodo em que a parturiente experimenta desconfortos e sensações
- alterações da cérvice, amolecimento, apagamento e dilatação
dolorosas e pode apresentar reações diferenciadas como exaustão,
progressiva;
impaciência, irritação ou apatia, entre outras.
- diminuição da movimentação fetal.
Além das adaptações no corpo materno, visando o desenrolar
do trabalho de parto, o feto também se adapta a esse processo: sua
A duração de cada trabalho de parto está associada à parida-
cabeça tem a capacidade de flexionar, estender e girar, permitindo
de (o número de partos da mulher), pois as primíparas demandam
entrar dentro do canal do parto e passar pela pelve óssea materna
maior tempo de trabalho de parto do que as multíparas; à flexibili- com mais mobilidade.
dade do canal de parto, pois as mulheres que exercitam a muscula- Durante o trabalho de parto, os ossos do crânio se aproximam
tura pélvica apresentam maior flexibilidade do que as sedentárias; uns dos outros e podem acavalar, reduzindo o tamanho do crânio e,
às contrações uterinas, que devem ter intensidade e frequência assim, facilitar a passagem pela pelve materna.
apropriadas; à boa condição psicológica da parturiente durante o Nesse período, é importante auxiliar a parturiente com alterna-
trabalho de parto, caso contrário dificultará o nascimento do bebê; tivas que possam amenizar-lhe o desconforto. O cuidar envolve pre-
ao estado geral da cliente e sua reserva orgânica para atender ao sença, confiança e atenção, que atenuam a ansiedade da cliente,
esforço do trabalho de parto; e à situação e apresentação fetais estimulando- a adotar posições alternativas como ficar de cócoras,
(transversa, acromial, pélvica e de face). de joelho sobre a cama ou deambular. Essas posições, desde que
escolhidas pela mulher, favorecem o fluxo de sangue para o útero,
tornam as contrações mais eficazes, ampliam o canal do parto e
facilitam a descida do feto pela ação da gravidade.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

A mulher deve ser encorajada e encaminhada ao banho de Após o coroamento e exteriorização da cabeça, é importante
chuveiro, bem como estimulada a fazer uma respiração profunda, assistir ao desprendimento fetal espontâneo. Caso esse desprendi-
realizar massagens na região lombar – o que reduz sua ansiedade e mento não ocorra naturalmente, a cabeça deve ser tracionada para
tensão muscular - e urinar, pois a bexiga cheia dificulta a descida do baixo, visando favorecer a passagem do ombro. Com a saída da ca-
feto na bacia materna. beça e ombros, o corpo desliza facilmente, acompanhado de um
Durante a evolução do trabalho de parto, será realizada, pelo jato de líquido amniótico. Sugere-se acomodar o recém-nascido,
enfermeiro ou médico, a ausculta dos batimentos cardiofetais, sem- com boa vitalidade, sobre o colo materno, ou permitir que a mãe o
pre que houver avaliação da dinâmica uterina (DU) antes, durante faça, se a posição do parto favorecer esta prática. Neste momento,
e após a contração uterina. O controle dos sinais vitais maternos é o auxiliar de enfermagem deve estar atento para evitar a queda do
contínuo e importante para a detecção precoce de qualquer altera- recém-nascido.
ção. A verificação dos sinais vitais pode ser realizada de quatro em O cordão umbilical só deve ser pinçado e laqueado quando o
quatro horas, e a tensão arterial de hora em hora ou mais frequen- recém-nascido estiver respirando. A laqueadura é feita com mate-
temente, se indicado. rial adequado e estéril, a uns três centímetros da pele. É importan-
O toque vaginal deve ser realizado pelo obstetra ou enfermeira, te manter o recém-nascido aquecido, cobrindo-o com um lençol/
e tem a finalidade de verificar a dilatação e o apagamento do colo campo – o que previne a ocorrência de hipotermia. A mulher deve
uterino, visando avaliar a progressão do trabalho de parto. Para a ser incentivada a iniciar a amamentação nas primeiras horas após
realização do procedimento, o auxiliar de enfermagem deve prepa- o parto, o que facilita a saída da placenta e estimula a involução do
rar o material necessário para o exame, que inclui luvas, gazes com útero, diminuindo o sangramento pós-parto.
solução anti séptica e comadre.
A prévia antissepsia das mãos é condição indispensável para o O Terceiro Período do Trabalho de Parto: a Dequitação
exame. Inicia-se após a expulsão do feto e termina com a saída da pla-
Caso a parturiente esteja desanimada, frustrada ou necessite
centa e membranas (amniótica e coriônica). Recebe o nome de de-
permanecer no leito durante o trabalho de parto, devido às compli-
livramento ou dequitação e deve ser espontâneo, sem compressão
cações obstétricas ou fetais, deve ser aconselhada a ficar na posição
uterina. Pode durar de alguns minutos a 30 minutos. Nessa fase é
de decúbito lateral esquerdo, tanto quanto possível.
importante atentar para as perdas sanguíneas, que não devem ser
O Segundo Período do Trabalho de Parto: a Expulsão superiores a 500 ml.
O período de expulsão inicia-se com a completa dilatação do As contrações para a expulsão da placenta ocorrem em menor
colo uterino e termina com o nascimento do bebê. quantidade e intensidade. A placenta deve ser examinada com re-
Ao final do primeiro período do trabalho de parto, o sangra- lação à sua integridade, tipo de vascularização e local de inserção
mento aumenta com a laceração dos capilares no colo uterino. Náu- do cordão, bem como verificação do número de vasos sanguíneos
seas e vômitos podem estar presentes, por ação reflexa. A partu- deste (1 artérias e 2 veias), presença de nós e tumorações. Exami-
riente refere pressão no reto e urgência urinária. Ocorre distensão na-se ainda o canal vaginal, o colo uterino e a região perineal, com
dos músculos perineais e abaulamento do períneo (solicitação do vistas à identificação de rupturas e lacerações; caso tenha sido re-
períneo), e o ânus dilata-se acentuadamente. alizada episiotomia, proceder à sutura do corte (episiorrafia) e/ou
Esses sinais iminentes do parto devem ser observados pelo au- das lacerações.
xiliar de enfermagem e comunicados à enfermeira obstétrica e ao
obstetra. A dequitação determina o início do puerpério imediato, onde
O exame do toque deve ser realizado e, constatada a dilatação ocorrerão contrações que permitirão reduzir o volume uterino,
total, o auxiliar de enfermagem deve encaminhar a parturiente à mantendo-o contraído e promovendo a hemostasia nos vasos que
sala de parto, em cadeira de rodas ou deambulando. irrigavam a placenta.
Enquanto estiver sendo conduzida à sala de parto, a parturien- Logo após o delivramento, o auxiliar de enfermagem deve veri-
te deve ser orientada para respirar tranquilamente e não fazer for- ficar a tensão arterial da puérpera, identificando alterações ou não
ça. É importante auxiliá-la a se posicionar na mesa de parto com se- dos valores que serão avaliados pelo médico ou enfermeiro.
gurança e conforto, respeitando a posição de sua escolha: vertical, Antes de transferir a puérpera para a cadeira ou maca, deve-se,
semiverticalizada ou horizontal. Qualquer procedimento realizado utilizando luvas estéreis, realizar-lhe antissepsia da área pubiana,
deve ser explicado à parturiente e seu acompanhante. massagear-lhe as panturrilhas, trocar-lhe a roupa e colocar-lhe um
O profissional (médico e/ou enfermeira obstetra) responsável absorvente sob a região perianal e pubiana. Caso o médico ou en-
pela condução do parto deve fazer a escovação das mãos e se pa- fermeiro avalie que a puérpera esteja em boas condições clínicas,
ramentar (capote, gorro, máscara e luvas). A seguir, realizar a antis- será encaminhada, juntamente com o recém-nascido, para o aloja-
sepsia vulvoperineal e da raiz das coxas e colocar os campos esterili-
mento conjunto - acompanhados de seus prontuários, prescrições
zados sobre a parturiente. Na necessidade de episiotomia, indica-se
e pertences pessoais.
a necessidade de anestesia local. Em todo esse processo, o auxiliar
de enfermagem deve prestar ajuda ao(s) profissional(is).
O Quarto Período do Trabalho de Parto: Greenberg
Para que ocorra a expulsão do feto, geralmente são necessárias
cinco contrações num período de 10 minutos e com intensidade Corresponde às primeiras duas horas após o parto, fase em que
de 60 segundos cada. O auxiliar de enfermagem deve orientar que ocorre a loquiação e se avalia a involução uterina e recuperação
a parturiente faça respiração torácica (costal) juntamente com as da genitália materna. É considerado um período perigoso, devido
contrações, repousando nos intervalos para conservar as energias. ao risco de hemorragia; por isso, a puérpera deve permanecer no
centro obstétrico, para criterioso acompanhamento.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Assistência de Enfermagem Durante o Parto Cesáreo Puerpério e suas Complicações


O parto cesáreo ou cesariana é um procedimento cirúrgico, in- Durante toda a gravidez, o organismo materno sofre alterações
vasivo, que requer anestesia. Nele, realiza-se uma incisão no abdo- gradativas - as mais marcantes envolvem o órgão reprodutor. O
me e no útero, com exposição de vísceras e perda de sangue, por puerpério inicia-se logo após a dequitação e termina quando a fi-
onde o feto é retirado. Ressalte-se que esse procedimento expõe siologia materna volta ao estado pré-gravídico. Esse intervalo pode
o organismo às infecções, tanto pela queda de imunidade em vista perdurar por 6 semanas ou ter duração variável, principalmente nas
das perdas sanguíneas como pelo acesso de microrganismos atra- mulheres que estiverem amamentando.
vés da incisão cirúrgica (porta de entrada), além de implicar maior O período puerperal é uma fase de grande estresse fisiológico
tempo de recuperação. e psicológico.
A realização do parto cesáreo deve ser baseada nas condições A fadiga e perda de sangue pelo trabalho de parto e outras
clínicas - da gestante e do feto - que contraindiquem o parto normal, condições desencadeadas pelo nascimento podem causar compli-
tais como desproporção cefalopélvica, discinesias, apresentação cações – sua prevenção é o objetivo principal da assistência a ser
anômala, descolamento prematuro da placenta, pós-maturidade, prestada.
diabete materno, sofrimento fetal agudo ou crônico, placenta pré- Nos primeiros dias do pós-parto, a puérpera vive um período
via total ou parcial, toxemia gravídica, prolapso do cordão umbilical. de transição, ficando vulnerável às pressões emocionais. Problemas
Caso ocorra alguma intercorrência obstétrica (alteração do que normalmente enfrentaria com facilidade podem deixá-la ansio-
BCF; a dinâmica uterina, dos sinais vitais maternos; perda trans- sa em vista das responsabilidades com o novo membro da famí-
vaginal de líquido com presença de mecônio; período de dilatação lia (“Será que vou conseguir amamentá-lo? Por que o bebê chora
cervical prolongado) que indique necessidade de parto cesáreo, a tanto?”), a casa (“Como vou conciliar os cuidados da casa com o
equipe responsável pela assistência deve comunicar o fato à mu- bebê?”), o companheiro (“Será que ele vai me ajudar? Como dividir
lher/ família, e esclarecer- lhes sobre o procedimento. a atenção entre ele e o bebê?”) e a família (“Como dividir a atenção
Nesta intervenção cirúrgica, as anestesias mais utilizadas são a com os outros filhos? O que fazer, se cada um diz uma coisa?”).
raquidiana e a peridural, ambas aplicadas na coluna vertebral. Nesse período, em vista de uma grande labilidade emocional,
somada à exaustão física, pode surgir um quadro de profunda tris-
A anestesia raquidiana tem efeito imediato à aplicação, levan- teza, sentimento de incapacidade e recusa em cuidar do bebê e
do à perda temporária de sensibilidade e movimentos dos mem- de si mesma - que pode caracterizar a depressão puerperal. Essas
bros inferiores, que retornam após passado seu efeito. Entretanto, manifestações podem acontecer sem causa aparente, com dura-
tem o inconveniente de apresentar como efeito colateral cefaleia ção temporária ou persistente por algum tempo. Esse transtorno
intensa no período pós-anestésico - como prevenção, deve-se man- requer a intervenção de profissionais capazes de sua detecção e
ter a puérpera deitada por algumas horas (com a cabeceira a zero tratamento precoce, avaliando o comportamento da puérpera e
grau e sem travesseiro), orientando- a para que não eleve a cabeça proporcionando-lhe um ambiente tranquilo, bem como prestando
e estimulando-a à ingestão hídrica. orientações à família acerca da importância de seu apoio na supe-
A anestesia peridural é mais empregada, porém demora mais ração deste quadro.
tempo para fazer efeito e não leva à perda total da sensibilidade De acordo com as alterações físicas, o puerpério pode ser clas-
dolorosa, diminuindo apenas o movimento das pernas – como van- sificado em quatro fases distintas: imediato (primeiras 2 horas pós-
tagem, não produz o incômodo da dor de cabeça. -parto); mediato (da 2ª hora até o 10º dia pós-parto); tardio (do 11º
Na recuperação do pós-parto normal, a criança pode, nas pri- dia até o 42º dia pós-parto) e remoto (do 42º dia em diante).
meiras horas, permanecer com a mãe na sala de parto e/ou alo- O puerpério imediato, também conhecido como quarto perío-
jamento conjunto- dependendo da recuperação, a mulher pode do do parto, inicia-se com a involução uterina após a expulsão da
deambular, tomar banho e até amamentar. Tal situação não aconte- placenta e é considerado crítico, devido ao risco de hemorragia e
cerá nas puérperas que realizaram cesarianas, pois estarão com hi- infecção.
dratação venosa, cateter vesical, curativo abdominal, anestesiadas, A infecção puerperal está entre as principais e mais constantes
sonolentas e com dor – mais uma razão que justifica a realização do complicações.
parto cesáreo apenas quando da impossibilidade do parto normal.
O trabalho de parto e o nascimento do bebê reduzem a resis-
A equipe deve esclarecer as dúvidas da parturiente com relação
tência à infecção causada por microrganismos encontrados no cor-
aos procedimentos pré-operatórios, tais como retirada de próteses
po.
e de objetos (cordões, anéis, roupa íntima), realização de tricoto-
Inúmeros são os fatores de risco para o aparecimento de in-
mia em região pubiana, manutenção de acesso venoso permeável,
fecções: o trabalho de parto prolongado com a bolsa amniótica
realização de cateterismo vesical e colheita de sangue para exames
rompida precocemente, vários toques vaginais, condições socioe-
laboratoriais (solicitados e de rotina).
conômicas desfavoráveis, anemia, falta de assistência pré-natal e
Após verificação dos sinais vitais, a parturiente deve ser enca-
história de doenças sexualmente transmissível não tratada. O parto
minhada à sala de cirurgia, onde será confortavelmente posicio-
cesáreo tem maior incidência de infecção do que o parto vaginal,
nada na mesa cirúrgica, para administração da anestesia. Durante
toda a técnica o auxiliar de enfermagem deve estar atento para a pois durante seu procedimento os tecidos uterinos, vasos sanguí-
segurança da parturiente e, juntamente com o anestesista, ajudá- neos, linfáticos e peritônio estão expostos às bactérias existentes
-la a se posicionar para o processo cirúrgico, controlando também na cavidade abdominal e ambiente externo. A perda de sangue e
a tensão arterial. No parto, o auxiliar de enfermagem desenvolve consequente diminuição da resistência favorecem o surgimento de
ações de circulante ou instrumentador. Após o nascimento, presta infecções.
os primeiros cuidados ao bebê e encaminha-o ao berçário. Os sinais e sintomas vão depender da localização e do grau da
A seguir, o auxiliar de enfermagem deve providenciar a transfe- infecção, porém a hipertermia é frequente - em torno de 38º C ou
rência da puérpera para a sala de recuperação pós-anestésica, pres- mais. Acompanhando a febre, podem surgir dor, não involução ute-
tando- lhe os cuidados relativos ao processo cirúrgico e ao parto. rina e alteração das características dos lóquios, com eliminação de
secreção purulenta e fétida, e diarreia.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

O exame vaginal, realizado por enfermeiro ou médico, objetiva Outros cuidados adicionais são: observar o períneo, avalian-
identificar restos ovulares; nos casos necessários, deve-se proceder do a integridade, o edema e a episiorrafia; aplicar compressas de
à curetagem. gelo nesta região, pois isto propicia a vasoconstrição, diminuindo
Cabe ao auxiliar de enfermagem monitorar os sinais vitais da o edema e hematoma e evitando o desconforto e a dor; avaliar os
puérpera, bem como orientá-la sobre a técnica correta de lavagem membros inferiores (edema e varizes) e oferecer líquidos e alimen-
das mãos e outras que ajudem a evitar a propagação das infecções. tos sólidos à puérpera, caso esteja passando bem.
Além disso, visando evitar a contaminação da vagina pelas bactérias Nos casos de cesárea, atentar para todos os cuidados de um
presentes no reto, a puérpera deve ser orientada a lavar as regiões parto normal e mais os cuidados de um pós-operatório, observando
da vulva e do períneo após cada eliminação fisiológica, no sentido as características do curativo operatório. Se houver sangramento e/
da vulva para o ânus. ou queixas de dor, comunicar tal fato à equipe.
Para facilitar a cicatrização da episiorrafia, deve-se ensinar a No puerpério mediato, a puérpera permanecerá no alojamento
puérpera a limpar a região com antisséptico, bem como estimular- conjunto até a alta hospitalar. Neste setor, inicia os cuidados com o
-lhe a ingesta hídrica e administrar-lhe medicação, conforme pres- bebê, sob supervisão e orientação da equipe de enfermagem – o
crição, visando diminuir seu mal-estar e queixas álgicas. Nos casos que lhe possibilita uma assistência e orientação integral.
de curetagem, preparar a sala para o procedimento. No alojamento conjunto, a assistência prestada pelo auxiliar de
A involução uterina promove a vasoconstrição, controlando a enfermagem baseia-se em observar e registrar o estado geral da
perda sanguínea. Nesse período, é comum a mulher referir cólicas. puérpera, dando continuidade aos cuidados iniciados no puerpério
O útero deve estar mais ou menos 15 cm acima do púbis, duro imediato, em intervalos mais espaçados. Deve também estimular
e globoide pela contração, formando o globo de segurança de Pi- a deambulação precoce e exercícios ativos no leito, bem como ob-
nard em resposta à contratilidade e retração de sua musculatura. servar o estado das mamas e mamilos, a sucção do recém-nascido
A total involução uterina demora de 5 a 6 semanas, sendo mais rá- (incentivando o aleitamento materno), a aceitação da dieta e as ca-
pida na mulher sadia que teve parto normal e está em processo de racterísticas das funções fisiológicas, em vista da possibilidade de
amamentação. retenção urinária e constipação, orientando sobre a realização da
Os lóquios devem ser avaliados quanto ao volume (grande ou higiene íntima após cada eliminação e enfatizando a importância
pequeno), aspecto (coloração, presença de coágulos, restos placen- da lavagem das mãos antes de cuidar do bebê, o que previne in-
tários) e odor (fétido ou não). Para remoção efetiva dos coágulos, fecções.
deve-se massagear levemente o útero e incentivar a amamentação O alojamento conjunto é um espaço oportuno para o auxiliar
e deambulação precoces. de enfermagem desenvolver ações educativas, buscando valorizar
De acordo com sua coloração, os lóquios são classificados as experiências e vivências das mães e, com as mesmas, realizando
como sanguinolentos (vermelho vivo ou escuro – até quatro dias); atividades em grupo de forma a esclarecer dúvidas e medos. Essa
serosanguinolentos (acastanhado – de 5 a 7 dias) e serosos (seme- metodologia propicia a detecção de problemas diversos (emocio-
lhantes à “salmoura” – uma a três semanas). nais, sociais, etc.), possibilitando o encaminhamento da puérpera
A hemorragia puerperal é uma complicação de alta incidência e/ou família para uma tentativa de solução.
de mortalidade materna, tendo como causas a atonia uterina, la- O profissional deve abordar assuntos com relação ao relaciona-
cerações do canal vaginal e retenção de restos placentários. É im- mento mãe-filho-família; estímulo à amamentação, colocando em
portante procurar identificar os sinais de hemorragia – de quinze prática a técnica de amamentação; higiene corporal da mãe e do
em quinze minutos – e avaliar rotineiramente a involução uterina bebê; curativo da episiorrafia e cicatriz cirúrgica; repouso, alimen-
através da palpação, identificando a consistência. Os sinais dessa tação e hidratação adequada para a nutriz; uso de medicamentos
complicação são útero macio (maleável, grande, acima do umbigo), nocivos no período da amamentação, bem como álcool e fumo; im-
lóquios em quantidades excessivas (contendo coágulos e escorren- portância da deambulação para a involução uterina e eliminação de
flatos (gases); e cuidados com recém-nascido.
do num fio constante) e aumento das frequências respiratória e car-
A mama é o único órgão que após o parto não involui, enchen-
díaca, com hipotensão.
do- se de colostro até trinta horas após o parto. A apojadura, que
consiste na descida do leite, ocorre entre o 3º ou 4º dia pós-parto.
Caso haja suspeita de hemorragia, o auxiliar de enfermagem
A manutenção da lactação depende do estímulo da sucção dos
deve avisar imediatamente a equipe, auxiliando na assistência para
mamilos pelo bebê.
reverter o quadro instalado, atentando, sempre, para a possibilida-
As mamas também podem apresentar complicações:
de de choque hipovolêmico. Deve, ainda, providenciar um acesso
-ingurgitamento mamário - em torno do 3º ao 7º dia pós-parto,
venoso permeável para a administração de infusão e medicações;
a produção láctea está no auge, ocasionando o ingurgitamento ma-
bem como aplicar bolsa de gelo sobre o fundo do útero, massa- mário. O auxiliar de enfermagem deve estar atento para as seguin-
geando-o suavemente para estimular as contrações, colher sangue tes condutas: orientar sobre a pega correta da aréola e a posição
para exames laboratoriais e prova cruzada, certificar-se de que no adequada do recém-nascido durante a mamada; o uso do sutiã fir-
banco de sangue existe sangue compatível (tipo e fator Rh) com o me e bem ajustado; e a realização de massagens e ordenha sempre
da mulher - em caso de reposição - e preparar a puérpera para a que as mamas estiverem cheias;
intervenção cirúrgica, caso isto se faça necessário. -rachaduras e/ou fissuras - podem aparecer nos primeiros dias
Complementando esta avaliação, também há verificação dos de amamentação, levando a nutriz a parar de amamentar.
sinais vitais, considerando-se que a frequência cardíaca diminui
para 50 a 70 bpm (bradicardia) nos primeiros dias após o parto, Procurando evitar sua ocorrência, o auxiliar de enfermagem
em vista da redução no volume sanguíneo. Uma taquicardia pode deve orientar a mãe a manter a amamentação; incentivá-la a não
indicar perda sanguínea exagerada, infecção, dor e até ansiedade. usar sabão ou álcool para limpar os mamilos; a expor as mamas
A pressão sanguínea permanece estável, mas sua diminuição pode ao sol por cerca de 20 minutos (antes das 10 horas ou após às 15
estar relacionada à perda de sangue excessivo e seu aumento é su- horas); e a alternar as mamas em cada mamada, retirando cuidado-
gestivo de hipertensão. É também importante observar o nível de samente o bebê. Nesse caso, devem ser aplicadas as mesmas con-
consciência da puérpera e a coloração das mucosas. dutas adotadas para o ingurgitamento mamário.

79
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

-mastite - é um processo inflamatório que costuma se desen- Quanto menor a IG ao nascer, maior o risco de complicações e
volver após a alta e no qual os microrganismos penetram pelas a necessidade de cuidados neonatais adequados.
rachaduras dos mamilos ou canais lactíferos. Sua sintomatologia é Se o nascimento antes do tempo acarreta riscos para a saúde
dor, hiperemia e calor localizados, podendo ocorrer hipertermia. A dos bebês, o nascimento pós-termo também. Após o período de
puérpera deve ser orientada a realizar os mesmos cuidados adota- gestação considerado como fisiológico, pode ocorrer diminuição da
dos nos casos de ingurgitamento mamário, rachaduras e fissuras. oferta de oxigênio e de nutrientes e os bebês nascidos após 42 se-
manas de gestação podem apresentar complicações respiratórias e
Por ocasião da alta hospitalar, especial atenção deve ser dada nutricionais importantes no período neonatal.
às orientações sobre o retorno à atividade sexual, planejamento
familiar, licença-maternidade de 120 dias (caso a mulher possua Classificação de Acordo com a Relação Peso/IG
vínculo empregatício) e importância da consulta de revisão de pós- Essa classificação possibilita a avaliação do crescimento intrau-
-natal e puericultura. terino, uma vez que de acordo com a relação entre o peso e a IG os
A consulta de revisão do puerpério deve ocorrer, preferencial- bebês são classificados como:
mente, junto com a primeira avaliação da criança na unidade de a) adequados para a idade gestacional (AIG) – são os neonatos
saúde ou, de preferência, na mesma unidade em que efetuou a as- cujas linhas referentes a peso e a IG se encontram entre as duas
sistência pré-natal, entre o 7º e o 10º dia pós-parto. curvas do gráfico. Em nosso meio, 90 a 95% do total de nascimentos
Até o momento, foi abordado o atendimento à gestante e ao são de bebês adequados para a IG;
feto com base nos conhecimentos acumulados nos campos da obs- b) pequenos para a idade gestacional (PIG) - são os neonatos
tetrícia e da perinatologia. Com o nascimento do bebê são necessá- cujas linhas referentes a peso e a IG se encontram abaixo da primei-
rios os conhecimentos de um outro ramo do saber – a neonatologia. ra curva do gráfico. Esses bebês sofreram desnutrição intrauterina
Surgida a partir da pediatria, a neonatologia é comumente importante, em geral como consequência de doenças ou desnutri-
definida como um ramo da medicina especializado no diagnóstico ção maternas.
e tratamento dos recém-nascidos (RNs). No entanto, ela abrange c) grandes para a idade gestacional (GIG) - são os neonatos
mais do que isso — engloba também o conhecimento da fisiologia cujas linhas referentes ao peso e a IG se encontram acima da se-
gunda curva do gráfico. Frequentemente os bebês grandes para a
dos neonatos e de suas características.
IG são filhos de mães diabéticas ou de mães Rh negativo sensibili-
zadas.
Classificação dos Recém-Nascidos (RNS)
Os RNs podem ser classificados de acordo com o peso, a idade
Características Anatomofisiológicas dos RNS
gestacional (IG) ao nascer e com a relação entre um e outro. Os RNs possuem características anatômicas e funcionais pró-
A classificação dos RNs é de fundamental importância pois ao prias.
permitir a antecipação de problemas relacionados ao peso e/ou à O conhecimento dessas características possibilita que a assis-
IG quando do nascimento, possibilita o planejamento dos cuidados tência aos neonatos seja planejada, executada e avaliada de for-
e tratamentos específicos, o que contribui para a qualidade da as- ma a garantir o atendimento de suas reais necessidades. Também
sistência. permite a orientação aos pais a fim de capacitá-los para o cuidado
após a alta.
Classificação de Acordo com o Peso O peso dos bebês é influenciado por diversas condições asso-
A Organização Mundial de Saúde define como RN de baixo-pe- ciadas à gestação, tais como fumo, uso de drogas, paridade e ali-
so todo bebê nascido com peso igual ou inferior a 2.500 gramas. mentação materna.
Como nessa classificação não se considera a IG, estão incluídos tan-
to os bebês prematuros quanto os nascidos a termo. Os RNs apresentam durante os cinco primeiros dias de vida
uma diminuição de 5 a 10% do seu peso ao nascimento, chamada
Em nosso país, o número elevado de bebês nascidos com peso de perda ponderal fisiológica, decorrente da grande eliminação de
igual ou inferior a 2.500 gramas - baixo peso ao nascimento - cons- líquidos e reduzida ingesta.. Entre o 8º (RN a termo) e o 15º dia (RNs
titui- se em importante problema de saúde. Nesse grupo há um ele- prematuros) de vida pós-natal, os bebês devem recuperar o peso de
vado percentual de morbimortalidade neonatal, devido à não dis- nascimento.
ponibilidade de assistência adequada durante o pré-natal, o parto e Estudos realizados para avaliação do peso e estatura dos RNs
o puerpério e/ou pela baixa condição socioeconômica e cultural da brasileiros, indicam as seguintes médias no caso dos neonatos a ter-
família, o que pode acarretar graves consequências sociais. mo: 3.500g/ 50cm para os bebês do sexo masculino e 3.280g/49,-
6cm para os do sexo feminino. Tais estudos mostraram também que
Classificação de Acordo com a IG a média do perímetro cefálico dos RNs a termo é de 34-35 cm. Já
Considera-se como IG ao nascer, o tempo provável de gestação o perímetro torácico deve ser sempre 2- 3cm menor que o cefálico
até o nascimento, medido pelo número de semanas entre o primei- (Navantino, 1995).
Os sinais vitais refletem as condições de homeostase dos be-
ro dia da última menstruação e a data do parto.
bês, ou seja, o bom funcionamento dos seus sistemas respiratório,
O tempo de uma gestação desde a data da última menstruação
cardiocirculatório e metabólico; se os valores encontrados estive-
até seu término é de 40 semanas. Sendo assim, considera-se:
rem dentro dos parâmetros de normalidade, temos a indicação de
a) RN prematuro - toda criança nascida antes de 37 semanas
que a criança se encontra em boas condições no que se refere a
de gestação; esses sistemas.
b) RN a termo - toda criança nascida entre 37 e 42 semanas de
gestação;
c) RN pós-termo - toda criança nascida após 42 semanas de
gestação.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Os RNs são extremamente termolábeis, ou seja, têm dificulda- Os cabelos do RN a termo são em geral abundantes e sedosos;
de de manter estável a temperatura corporal, perdendo rapidamen- já nos prematuros são muitas vezes escassos, finos e algodoados.
te calor para o ambiente externo quando exposto ao frio, molhado A implantação baixa dos cabelos na testa e na nuca pode estar
ou em contato com superfícies frias. Além disso, a superfície corpo- associada à presença de malformações cromossômicas.
ral dos bebês é relativamente grande em relação ao seu peso e eles Alguns bebês podem também apresentar lanugem, mais fre-
têm uma capacidade limitada para produzir calor. quentemente observada em bebês prematuros.
A atitude e a postura dos RNs, nos primeiros dias de vida, re- As unhas geralmente ultrapassam as pontas dos dedos ou são
fletem a posição em que se encontravam no útero materno. Por incompletas e até ausentes nos prematuros.
exemplo, os bebês que estavam em apresentação cefálica tendem a Ao nascimento os ossos da cabeça não estão ainda completa-
manter-se na posição fetal tradicional - cabeça fletida sobre o tron- mente soldados e são separados por estruturas membranosas de-
co, mãos fechadas, braços flexionados, pernas fletidas sobre as co- nominadas suturas. Assim, temos a sagital (situada entre os ossos
xas e coxas, sobre o abdômen. parietais), a coronariana (separa os ossos parietais do frontal) e a
A avaliação da pele do RN fornece importantes informações lambdoide (separa os parietais do occipital).
acerca do seu grau de maturidade, nutrição, hidratação e sobre a Entre as suturas coronariana e sagital está localizada a grande
presença de condições patológicas. fontanela ou fontanela bregmática, que tem tamanho variável e só
A pele do RN a termo, AIG e que se encontra em bom estado de se fecha por volta do 18º mês de vida. Existe também outra fonta-
hidratação e nutrição, tem aspecto sedoso, coloração rosada (nos nela, a lambdoide ou pequena fontanela, situada entre as suturas
RNs de raça branca) e/ou avermelhada (nos RNs de raça negra), tur- lambdoide e sagital. É uma fontanela de pequeno diâmetro, que em
gor normal e é recoberta por vernix caseoso. geral se apresenta fechada no primeiro ou segundo mês de vida.
Nos bebês prematuros, a pele é fina e gelatinosa e nos bebês A presença dessas estruturas permite a moldagem da cabeça
nascidos pós-termo, grossa e apergaminhada, com presença de do feto durante sua passagem no canal do parto. Esta moldagem
descamação — principalmente nas palmas das mãos, plantas dos tem caráter transitório e é também fisiológica. Além dessas, outras
pés — e sulcos profundos. Têm também turgor diminuído. alterações podem aparecer na cabeça dos bebês como consequên-
Das inúmeras características observadas na pele dos RNs desta- cia de sua passagem pelo canal de parto. Dentre elas temos:
camos as que se apresentam com maior frequência e sua condição a) Cefalematoma - derrame sanguíneo que ocorre em função
ou não de normalidade. do
a) Eritema tóxico - consiste em pequenas lesões avermelhadas, Rompimento de vasos pela pressão dos ossos cranianos contra
emelhantes a picadas de insetos, que aparecem em geral após o 2º a
dia de vida. São decorrentes de reação alérgica aos medicamentos Estrutura da bacia materna. Tem consistência cística (amoleci-
usados durante o trabalho de parto ou às roupas e produtos utiliza- da com a sensação de presença de líquidos), volume variável e não
dos para a higienização dos bebês. atravessa as linhas das suturas, ficando restrito ao osso atingido.
b) Millium - são glândulas sebáceas obstruídas que podem es- Aparece com mais frequência na região dos parietais, são dolorosos
tar presentes na face, nariz, testa e queixo sob a forma de pequenos à palpação e podem levar semanas para ser reabsorvidos.
pontos brancos.
c) Manchas mongólicas - manchas azuladas extensas, que apa- b) Bossa serossanguínea - consiste em um edema do couro ca-
recem nas regiões glútea e lombossacra. De origem racial – apare- beludo, com sinal de cacifo positivo cujos limites são indefinidos,
cem em crianças negras, amarelas e índias - costumam desaparecer não respeitando as linhas das suturas ósseas. Desaparece nos pri-
com o decorrer dos anos. meiros dias de vida.
d) Petequeias - pequenas manchas arroxeadas, decorrentes de
fragilidade capilar e rompimento de pequenos vasos. Podem apare- Os olhos dos RN podem apresentar alterações sem maior signi-
cer como consequência do parto, pelo atrito da pele contra o canal ficado, tais como hemorragias conjuntivais e assimetrias pupilares.
do parto, ou de circulares de cordão — quando presentes na re- As orelhas devem ser observadas quanto à sua implantação
gião do pescoço. Estão também associadas a condições patológicas, que deve ser na linha dos olhos. Implantação baixa de orelhas é um
como septicemia e doenças hemolíticas graves. achado sugestivo de malformações cromossômicas.
e) Cianose - quando localizada nas extremidades (mãos e pés) No nariz, a principal preocupação é quanto à presença de
e/ ou na região perioral e presente nas primeiras horas de vida, é atresia de coanas, que acarreta insuficiência respiratória grave. A
considerada como um achado normal, em função da circulação pe- passagem da sonda na sala de parto, sem dificuldade, afasta essa
riférica, mais lenta nesse período. Pode também ser causada por possibilidade.
hipotermia, principalmente em bebês prematuros. Quando genera- A boca deve ser observada buscando-se avaliar a presença de
lizada é uma ocorrência grave, que está em geral associada a distúr- dentes precoces, fissura labial e/ou fenda palatina.
bios respiratórios e/ou cardíacos. O pescoço dos RNs é em geral curto, grosso e tem boa mobi-
f) Icterícia - coloração amarelada da pele, que aparece e evo- lidade.
lui no sentido craniocaudal, que pode ter significado fisiológico ou Diminuição da mobilidade e presença de massas indicam pato-
patológico de acordo com o tempo de aparecimento e as condições logia, o que requer uma avaliação mais detalhada.
associadas. As icterícias ocorridas antes de 36 horas de vida são em O tórax, de forma cilíndrica, tem como características principais
geral patológicas e as surgidas após esse período são chamadas de um apêndice xifoide muito proeminente e a pequena espessura de
fisiológicas ou próprias do RN. sua parede.
g) Edema - o de membros inferiores, principalmente, é encon- Muitos RNs, de ambos os sexos, podem apresentar hipertrofia
trado com frequência em bebês prematuros, devido as suas limi- das glândulas mamárias, como consequência da estimulação hor-
tações renais e cardíacas decorrentes da imaturidade dos órgãos. monal materna recebida pela placenta. Essa hipertrofia é bilateral.
O edema generalizado (anasarca) ocorre associado à insuficiência Quando aparece em apenas uma das glândulas mamárias, em
cardíaca, insuficiência renal e distúrbios metabólicos. geral é consequência de uma infecção por estafilococos.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

O abdômen também apresenta forma cilíndrica e seu diâmetro As fezes lácteas têm consistência pastosa e coloração que pode
é 2-3 cm menor que o perímetro cefálico. Em geral, é globoso e suas variar do verde, para o amarelo esverdeado, até a coloração ama-
paredes finas possibilitam a observação fácil da presença de hérnias relada. Evacuam várias vezes ao dia, em geral após a alimentação.
umbilicais e inguinais, principalmente quando os bebês estão cho-
rando e nos períodos após a alimentação. Referência:Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão
A distensão abdominal é um achado anormal e quando ob- do Trabalho e da Educação na Saúde. Departamento de Gestão da
servada deve ser prontamente comunicada, pois está comumente Educação na Saúde. Projeto de profissionalização dos Trabalhado-
associada a condições graves como septicemia e obstruções intes- res da Área de Enfermagem. Profissionalização de auxiliares de en-
tinais. fermagem: cadernos do aluno: saúde da mulher, da criança e do
O coto umbilical, aproximadamente até o 4º dia de vida, apre- adolescente / Ministério da Saúde, Secretaria de Gestão do Traba-
senta- se com as mesmas características do nascimento - coloração lho e da Educação na Saúde, Departamento de Gestão da Educação
branca- azulada e aspecto gelatinoso. Após esse período, inicia-se na Saúde, Projeto de Profissionalização dos Trabalhadores da Área
o processo de mumificação, durante o qual o coto resseca e passa de Enfermagem. - 2. Ed., 1.a reimpr. - Brasília: Ministério da Saúde;
a apresentar uma coloração escurecida. A queda do coto umbilical Rio de Janeiro: Fiocruz, 2003.
ocorre entre o 6° e o 15º dia de vida.
A observação do abdômen do bebê permite também a avalia- Cadernos de Atenção Básica
ção do seu padrão respiratório, uma vez que a respiração do RN é
do tipo abdominal. Controle dos Cânceres do Colo do Útero e da Mama
A cada incursão respiratória pode-se ver a elevação e descida
da parede abdominal, com breves períodos em que há ausência de CONTROLE DO CÂNCER DO COLO DO ÚTERO
movimentos.
Esses períodos são chamados de pausas e constituem um acha- Anatomia e Fisiologia do Útero
do normal, pois a respiração dos neonatos tem um ritmo irregular. O útero é um órgão do aparelho reprodutor feminino que está
Essa irregularidade é observada principalmente nos prematuros. situado no abdome inferior, por trás da bexiga e na frente do reto e
A genitália masculina pode apresentar alterações devido à pas- é dividido em corpo e colo. Essa última parte é a porção inferior do
sagem de hormônios maternos pela placenta que ocasionam, com útero e se localiza dentro do canal vaginal.
frequência, edema da bolsa escrotal, que assim pode manter-se até O colo do útero apresenta uma parte interna, que constitui o
vários meses após o nascimento, sem necessidade de qualquer tipo chamado canal cervical ou endocérvice, que é revestido por uma
de tratamento. camada única de células cilíndricas produtoras de muco - epitélio
A palpação da bolsa escrotal permite verificar a presença dos colunar simples. A parte externa, que mantém contato com a vagi-
testículos, pois podem se encontrar nos canais inguinais. A glande na, é chamada de ectocérvice e é revestida por um tecido de várias
está sempre coberta pelo prepúcio, sendo então a fimose uma con- camadas de células planas – epitélio escamoso e estratificado. En-
dição normal. Deve-se observar a presença de um bom jato urinário tre esses dois epitélios, encontra-se a junção escamocolunar – JEC -,
no momento da micção. que é uma linha que pode estar tanto na ecto como na endocérvice,
A transferência de hormônios maternos durante a gestação dependendo da situação hormonal da mulher.
também é responsável por várias alterações na genitália feminina. Na infância e no período pós-menopausa, geralmente, a JEC
A que mais chama a atenção é a genitália em couve-flor. Pela esti- situa-se dentro do canal cervical.
mulação hormonal o hímen e os pequenos lábios apresentam-se No período da menacme, fase reprodutiva da mulher, geral-
hipertrofiados ao nascimento não sendo recobertos pelos grandes mente, a JEC situa-se no nível do orifício externo ou para fora desse
lábios. Esse aspecto está presente de forma acentuada nos prema- – ectopia ou eversão.
turos.
É observada com frequência a presença de secreção vaginal, de Vale ressaltar que a ectopia é uma situação fisiológica e por
aspecto mucoide e leitoso. Em algumas crianças pode ocorrer tam- isso a denominação de “ferida no colo do útero” é inapropriada.
bém sangramento via vaginal, denominado de menarca neonatal Nessa situação, o epitélio colunar fica em contato com um am-
ou pseudomenstruação. biente vaginal ácido, hostil à essas células. Assim, células subcilín-
Em relação ao ânus, a principal observação a ser feita diz res- dricas, de reserva, bipotenciais, por meio de metaplasia, se trans-
peito à permeabilidade do orifício. Essa avaliação pode ser realizada formam em células mais adaptadas – escamosas –, dando origem
pela visualização direta do orifício anal e pela eliminação de me- a um novo epitélio, situado entre os epitélios originais, chamado
cônio nas primeiras horas após o nascimento. Outro ponto impor- de terceira mucosa ou zona de transformação. Nessa região, pode
tante refere-se às eliminações vesicais e intestinais. O RN elimina ocorrer obstrução dos ductos excretores das glândulas endocervi-
urina várias vezes ao dia. A primeira diurese deve ocorrer antes de cais subjacentes, dando origem a estruturas císticas sem significado
completadas as primeiras 24 horas de vida, apresentando, como patológico, chamadas de Cistos de Naboth. É nessa zona em que
características, grande volume e coloração amarelo-clara. As pri- se localizam mais de 90% das lesões cancerosas do colo do útero.
meiras fezes eliminadas pelos RNs consistem no mecônio, formado
intrauterinamente, que apresenta consistência espessa e coloração História Natural da Doença
verde-escura. Sua eliminação deve ocorrer até às primeiras 48 ho- O câncer do colo do útero é uma afecção progressiva iniciada
ras de vida. Quando a criança não elimina mecônio nesse período é com transformações intra-epiteliais progressivas que podem evo-
preciso uma avaliação mais rigorosa pois a ausência de eliminação luir para um processo invasor num período que varia de 10 a 20
de mecônio nos dois primeiros dias de vida pode estar associada anos.
a condições anormais (presença de rolha meconial, obstrução do
reto).
Com o início da alimentação, as fezes dos RNs vão assumindo
as características do que se costuma denominar fezes lácteas ou
fezes do leite.

82
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

O colo do útero é revestido por várias camadas de células epiteliais pavimentosas, arranjadas de forma bastante ordenada. Essa de-
sordenação das camadas é acompanhada por alterações nas células que vão desde núcleos mais corados até figuras atípicas de divisão
celular. Quando a desordenação ocorre nas camadas mais basais do epitélio estratificado, estamos diante de uma Neoplasia Intraepitelial
Cervical Grau I - NIC I – Baixo Grau (anormalidades do epitélio no 1/3 proximal da membrana).
Se a desordenação avança 2/3 proximais da membrana estamos diante de uma Neoplasia Intra-epitelial Cervical Grau II - NIC II – Alto
Grau. Na Neoplasia Intra-epitelial Cervical Grau III - NIC III – Alto Grau, o desarranjo é observado em todas as camadas, sem romper a
membrana basal.
A coilocitose, alteração que sugere a infecção pelo HPV, pode estar presente ou não. Quando as alterações celulares se tornam mais
intensas e o grau de desarranjo é tal que as células invadem o tecido conjuntivo do colo do útero abaixo do epitélio, temos o carcinoma
invasor. Para chegar a câncer invasor, a lesão não tem, obrigatoriamente, que passar por todas essas etapas.

Fatores de Risco Associados ao Câncer do Colo do Útero


Os fatores de risco mais importantes para o desenvolvimento do câncer do colo do útero são:
• Infecção pelo Papiloma Vírus Humano – HPV - sendo esse o principal fator de risco;
• Início precoce da atividade sexual;
• Multiplicidade de parceiros sexuais;
• Tabagismo, diretamente relacionados à quantidade de cigarros fumados;
• Baixa condição sócio-econômica;
• Imunossupressão;
• Uso prolongado de contraceptivos orais;
• Higiene íntima inadequada

Manifestações Clínicas
• O câncer do colo do útero é uma doença de crescimento lento e silencioso;
• Existe uma fase pré-clínica, sem sintomas, com transformações intra-epiteliais progressivas importantes, em que a detecção de
possíveis lesões precursoras são por meio da realização periódica do exame preventivo do colo do útero.
• Progride lentamente, por anos, antes de atingir o estágio invasor da doença, quando a cura se torna mais difícil, se não impossível.
Nessa fase os principais sintomas são sangramento vaginal, corrimento e dor.

Linha de Cuidado

Promoção
Incentivo à mulher a adotar hábitos saudáveis de vida, ou seja, estímulo à exposição aos fatores de proteção. Dicas que podem ajudar
na prevenção de várias doenças, inclusive do câncer:
• Uma alimentação saudável pode reduzir as chances de câncer em pelo menos 40%. Comer mais frutas, legumes, verduras, cereais
e menos alimentos gordurosos, salgados e enlatados. A dieta deveria conter diariamente, pelo menos, cinco porções de frutas, verduras
e legumes. Dar preferência às gorduras de origem vegetal como o azeite extra virgem, óleo de soja e de girassol, entre outros, lembrando
sempre que não devem ser expostas a altas temperaturas. Evitar gorduras de origem animal – leite e derivados, carne de porco, carne
vermelha, pele de frango, entre outros – e algumas gorduras vegetais como margarinas e gordura vegetal hidrogenada.
• Atividade física regular, qualquer atividade que movimente seu corpo;
• Evitar ou limitar a ingestão de bebidas alcoólicas;
• Parar de fumar!

Tabagismo e a mulher
Uma das principais causas de mortes prematuras e incapacidades, o tabagismo representa um problema de saúde pública, não so-
mente nos países desenvolvidos como também em países em desenvolvimento, como o Brasil.
O tabaco, em todas as suas formas, aumenta o risco de mortes prematuras e limitações físicas por doença coronariana, hipertensão
arterial, acidente vascular encefálico, bronquite, enfisema e câncer.

83
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Entre os tipos de câncer relacionados ao uso do tabaco in- Detecção Precoce/Rastreamento


cluem-se os de pulmão, boca, laringe, faringe, esôfago, estômago, No Brasil, a principal estratégia utilizada para detecção preco-
fígado, pâncreas, bexiga, rim e colo de útero. ce/rastreamento do câncer do colo do útero é a realização da coleta
Nascimento de material para exames citopatológicos cervico-vaginal e microflo-
Promoção ra, conhecido popularmente como exame preventivo do colo do
Rastreamento, útero; exame de Papanicolaou; citologia oncótica; PapTest.
Diagnóstico e A efetividade da detecção precoce associado ao tratamento
Tratamento em seus estádios iniciais tem resultado em uma redução das taxas
Precoces de incidência de câncer invasor que pode chegar a 90%. De acor-
Diagnóstico do com a OMS, quando o rastreamento apresenta boa cobertura
Tratamento e – 80% – e é realizado dentro dos padrões de qualidade, modifica
Reabilitação efetivamente as taxas de incidência e mortalidade por esse câncer.
Cuidados Paliativos Apesar das ações de prevenção e detecção precoce desenvolvi-
Exposição das no Brasil, dentre elas o Programa Viva Mulher-Programa Nacio-
Amiental nal de Controle do Câncer do Colo do Útero e de Mama, as taxas de
Fase incidência e mortalidade têm-se mantido praticamente inalteradas
Pré-clínica ao longo dos anos. Parte da manutenção das taxas podem estar as-
Fase sociadas ao aumento e a melhoria do diagnóstico que melhora a
Clínica qualidade da informação e dos atestados de óbitos. Por sua vez,
DESFECHO dentre as causas, o diagnóstico tardio pode estar relacionado com:
Cura 1. A dificuldade de acesso da população feminina aos serviços
Sequela de saúde;
Morte 2. A baixa capacitação de recursos humanos envolvidos na
atenção oncológica, principalmente em municípios de pequeno e
Informação e comunicação médio porte;
Com a participação cada vez maior da mulher no mercado de 3. A capacidade do sistema público em absorver a demanda
trabalho seu papel social também foi se alterando rapidamente. A que chega as unidades de saúde;
mulher passou a ter mais poder, tanto aquisitivo, quanto de deci- 4. A dificuldade dos gestores municipais e estaduais em definir
são, dentro da própria sociedade, onde já exercia um papel funda- e estabelecer uma linha de cuidados que perpasse todos os níveis
mental de modelo de comportamento para seus filhos. de atenção - atenção básica, média complexidade e alta complexi-
Em decorrência de todas essas mudanças, a mulher tornou- dade – e de atendimento - promoção, prevenção, diagnóstico, tra-
-se um dos alvos prediletos da publicidade da indústria do tabaco, tamento, reabilitação e cuidados paliativos.
que passou a divulgar o cigarro como símbolo de emancipação e
independência. Isso fez e continua fazendo com que o número de Faixa Etária e Periodicidade para Realização do Exame Preven-
fumantes, principalmente entre o sexo feminino, aumente na Amé- tivo do Colo do Útero
rica Latina. A periodicidade de realização do exame preventivo do colo do
A mulher fumante tem um risco maior de infertilidade, câncer útero, estabelecida pelo Ministério da Saúde do Brasil, em 1988,
de colo de útero, menopausa precoce, em média dois anos antes, permanece atual e está em acordo com as recomendações dos prin-
dismenorréia e irregularidades menstruais. cipais programas internacionais.
O exame citopatológico deve ser realizado em mulheres de 25
O que acontece? a 60 anos de idade, uma vez por ano e, após dois exames anuais
Estatísticas revelam que os fumantes comparados aos não fu- consecutivos negativos, a cada três anos.
mantes apresentam um risco de: Essa recomendação apóia-se na observação da história natural
• 10 vezes maior de adoecer de câncer de pulmão; do câncer do colo do útero, que permite a detecção precoce de le-
• 5 vezes maior de sofrer infarto; sões pré-malignas ou malignas e o seu tratamento oportuno, graças
• 5 vezes maior de sofrer de bronquite crônica e enfisema pul- à lenta progressão que apresenta para doença mais grave.
monar;
• 2 vezes maior de sofrer derrame cerebral.

Além desses riscos as mulheres fumantes devem saber que:


O uso de anticoncepcionais associado ao cigarro aumenta em
10 vezes o risco de sofrer derrame cerebral e infarto.

Grávidas fumantes aumentam o risco de:


• Ter aborto espontâneo em 70%;
• Perder o bebê próximo ou depois ao parto em 30%;
• O bebê nascer prematuro em 40%;
• Ter um bebê com baixo peso em 200%.

Mais informações sobre Tabagismo está disponível na página


eletrônica do Instituto Nacional de Câncer - INCA (www.inca.gov.
br/tabagismo).

84
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Os estudos têm demonstrado que, na ausência de tratamento, o tempo mediano entre a detecção de HPV, NIC I e o desenvolvimento
de carcinoma in situ é de 58 meses, enquanto para NIC II esse tempo é de 38 meses e, para NIC III, de 12 meses. Em geral, estima-se que
a maior parte das lesões de baixo grau regredirá espontaneamente, enquanto cerca de 40% das lesões de alto grau não tratadas evolui-
rão para câncer invasor em um período médio de 10 anos. Por outro lado, o Instituto Nacional de Câncer dos Estados Unidos calcula que
somente 10% dos casos de carcinoma in situ evoluirão para câncer invasor no primeiro ano, enquanto que 30% a 70% terão evoluído
decorridos 10 a 12 anos, caso não seja oferecido tratamento.
Segundo a OMS, estudos quantitativos têm demonstrado que, nas mulheres entre 35 a 64 anos, depois de um exame citopatológico
do colo do útero negativo, um exame subseqüente pode ser realizado a cada três anos, com a mesma eficácia da realização anual. Con-
forme apresentado abaixo, a expectativa de redução percentual no risco cumulativo de desenvolver câncer, após um resultado negativo,
é praticamente a mesma, quando o exame é realizado anualmente – redução de 93% do risco – ou quando ele é realizado a cada 3 anos
– redução de 91% do risco.
Efeito protetor do rastreamento para câncer do colo do útero de acordo com o intervalo entre os exames, em mulheres de 35 a 64
anos.

No Brasil observa-se que, a maior parte do exame preventivo do colo do útero, é realizada em mulheres com menos de 35 anos, pro-
vavelmente naquelas que comparecem aos serviços de saúde para cuidados relativos à natalidade. Isso leva a subaproveitar a rede, uma
vez que não estão sendo atingidas as mulheres na faixa etária de maior risco.
A identificação das mulheres na faixa etária de maior risco, especialmente aquelas que nunca realizaram exame na vida, é o objetivo
da captação ativa. As estratégias devem respeitar as peculiaridades regionais envolvendo lideranças comunitárias, profissionais de saúde,
movimentos de mulheres, meios de comunicação entre outros.
Em relação às mulheres acima da faixa etária recomendada, torna–se imperativo que sejam levados em consideração: (1) os fatores
de risco, (2) a freqüência de realização dos exames, (3) os resultados dos exames anteriores. A freqüência do rastreamento deverá ser para
cada caso individualizado. É fundamental que a equipe de saúde incorpore na atenção às mulheres no climatério, orientação sobre o que
é e qual a importância do exame preventivo do colo do útero, pois a sua realização periódica permite reduzir a mortalidade por câncer do
colo do útero na população de risco.

Idade média da incidência máxima das lesões

Situações Especiais
Mulher grávida: não se deve perder a oportunidade para a realização do rastreamaento. Pode ser feito em qualquer período da ges-
tação, preferencialmente até o 7º mês. Não está contra-indicada a realização do exame em mulheres grávidas, a coleta deve ser feita com
a espátula de Ayre e não usar escova de coleta endocervical. Mulheres virgens: a coleta em virgens não deve ser realizada na rotina. A
ocorrência de condilomatose genitália externa, principalmente vulvar e anal, é um indicativo da necessidade de realização do exame do
colo, devendo-se ter o devido cuidado e respeitando a vontade da mulher.

Mulheres submetidas a histerectomia:


• Histerectomia total recomenda–se a coleta de esfregaço de fundo de saco vaginal.
• Histerectomia subtotal: rotina normal

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Mulheres com DST: devem ser submetidas à citopatologia mais Por vezes, em decorrência do déficit estrogênico, a visibiliza-
frequentemente pelo seu maior risco de serem portadoras do cân- ção da junção escamo-colunar e da endocérvix pode encontrar-se
cer do colo do útero ou de seus precursores. Já as mulheres com prejudicada, assim como pode haver dificuldades no diagnóstico ci-
condilomas em genitália externa não necessitam de coletas mais topatológico devido à atrofia do epitélio. Uma opção seria o uso de
freqüentes do que as demais, salvo em mulheres imunossuprimi- cremes de estrogênio intravaginal, de preferência o estriol, devido
das. à baixa ocorrência de efeitos colaterais, por 07 dias antes do exame,
Nas ocasiões em que haja mais de 12 meses do exame citopa- aguardando um período de 3 a 7 dias entre a suspensão do creme e
tológico: a realização do preventivo.
• A coleta deverá ser realizada assim que a DST for tratada; Na impossibilidade do uso do creme, a estrogenização pode ser
• A coleta também deve ser feita quando a mulher não souber por meio da administração oral de estrogênios conjugados por 07 a
informar sobre o resultado do exame anterior, seja por desinfor- 14 dias - 0,3 mg /dia -, a depender da idade, inexistência de contra-
mação ou por não ter buscado seu resultado. Se possível, fornecer -indicações e grau de atrofia da mucosa.
cópia ou transcrição do resultado desse exame à própria mulher.
Nos casos dos serviços que dispuserem de documentos específicos Fases que antecedem a coleta
como a Agenda da Mulher, os resultados devem ser registrados nos a) Organização do material, ambiente e capacitação da equipe
espaços indicados. de saúde:

É necessário ressaltar que a presença de colpites, corrimentos Equipe de Saúde capacitada


ou colpocervicites pode comprometer a interpretação da citopato- Além da preocupação inicial com o acolhimento, é fundamen-
logia. Nesses casos, a mulher deve ser tratada e retornar para coleta tal a capacitação da equipe de saúde para a realização da coleta e
do exame preventivo do câncer do colo do útero (conforme exposto no fornecimento das informações pertinentes às ações do controle
na abordagem sobres as DST). do câncer do colo do útero.
Se for improvável o seu retorno, a oportunidade da coleta não Consultório equipado para a realização do exame ginecológico:
deve ser desperdiçada. Nesse caso, há duas situações: • Mesa ginecológica;
1. Quando é possível a investigação para DST, por meio do diag- • Escada de dois degraus;
nóstico bacteriológico, por exemplo bacterioscopia, essa deve ser • Mesa auxiliar;
feita inicialmente. A coleta para exame citopatológico deve ser feita • Foco de luz com cabo flexível;
por último. • Biombo ou local reservado para troca de roupa;
2. Nas situações em que não for possível a investigação, o ex- • Cesto de lixo;
cesso de secreção deve ser retirado com algodão ou gaze, embebi- • Espaço físico adequado.
dos em soro fisiológico e só então deve ser procedida a coleta para
o exame citopatológico. Material necessário para coleta
Espéculo de tamanhos variados - pequeno, médio, grande e
A presença do processo inflamatório intenso prejudica a qua- para virgem - devem ser preferencialmente descartáveis - instru-
lidade da amostra. O tratamento dos processos inflamatórios/DST mental metálico deve ser esterilizado de acordo com as normas
diminuem o risco de insatisfatoriedade da lâmina. vigentes;
• Balde com solução desincrostante em caso de instrumental
Coleta do Material para o Exame Preventivo do Colodo Útero não descartável;
É uma técnica de coleta de material citológico do colo do útero, • Lâminas de vidro com extremidade fosca;
sendo coletada uma amostra da parte externa, ectocérvice, e outra • Espátula de Ayre
da parte interna, endocérvice. Para a coleta do material, é introdu- • Escova endocervical
zido um espéculo vaginal e procede-se à escamação ou esfoliação • Par de luvas para procedimento;
da superfície externa e interna do colo por meio de uma espátula • Pinça de Cherron;
de madeira e de uma escovinha endocervical. • Solução fixadora, álcool a 96% ou Polietilenoglicol líquido ou
Uma adequada coleta de material é de suma importância para
Spray de Polietilenoglicol;
o êxito do diagnóstico. O profissional de saúde deve assegurar–se
• Gaze;
de que está preparado para realizá-lo e de que tem o material ne-
• Recipiente para acondicionamento das lâminas, mais ade-
cessário para isso. A garantia da presença de material em quantida-
quado para o tipo de solução fixadora adotada pela Unidade, tais
des suficientes é fundamental para o sucesso da ação.
como: frasco porta-lâmina, tipo tubete, ou caixa de madeira ou
Recomendações prévias a mulher para a realização da coleta
plástica para transporte de lâminas;
do exame preventivo do colo de útero
• Formulários de requisição do exame citopatológico;
Para realização do exame preventivo do colo do útero e a fim
• Fita adesiva de papel para a identificação dos frascos;
de garantir a qualidade dos resultados recomenda-se:
• Não utilizar duchas ou medicamentos vaginais ou exames in- • Lápis grafite ou preto nº2;
travaginais, como por exemplo a ultrassonografia, durante 48 horas • Avental/ camisola para a mulher. Os aventais devem ser, pre-
antes da coleta; ferencialmente, descartáveis. Nesse caso, após o uso, deverão ser
• Evitar relações sexuais durante 48 horas antes da coleta; desprezadas em local apropriado. Caso seja reutilizável, devem ser
• Anticoncepcionais locais, espermicidas, nas 48 horas anterio- encaminhados à rouparia para lavagem, segundo rotina da Unidade
res ao exame. Básica de Saúde;
• O exame não deve ser feito no período menstrual, pois a pre- • Lençóis: Os lençóis devem ser preferencialmente descar-
sença de sangue pode prejudicar o diagnóstico citológico. Aguar- táveis. Nesse caso, após o uso, deverão ser desprezados em local
da o 5° dia após o término da menstruação. Em algumas situações apropriado. Caso seja reutilizável, devem ser encaminhados à rou-
particulares, como em um sangramento anormal, a coleta pode ser paria para lavagem e esterilização;
realizada.

86
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

b) Preenchimento dos dados nos formulários para requisição de Esse tipo de câncer representa nos países ocidentais, uma das
exame citopatológico – colo do útero principais causas de morte em mulheres. As estatísticas indicam o
É de fundamental importância o correto preenchimento do for- aumento de sua frequência tantos nos países desenvolvidos quanto
mulário de requisição do exame citopatológico – colo do útero, pois nos países em desenvolvimento. Segundo a Organização Mundial
a falta ou os dados incompletos poderá comprometer por completo da Saúde (OMS), nas décadas de 60 e 70 registrou-se um aumen-
a coleta do material, o acompanhamento, o tratamento e outras to de 10 vezes nas taxas de incidência ajustadas por idade nos Re-
ações de controle do câncer do colo do útero, conforme anexo 4. gistros de Câncer de Base Populacional de diversos continentes. O
câncer de mama permanece como o segundo tipo de câncer mais
c) Preparação da Lâmina frequente no mundo e o primeiro entre as mulheres.
A lâmina e o frasco que serão utilizados para colocar o material Apesar de ser considerado um câncer de relativamente bom
a ser examinado devem ser preparados previamente: prognóstico, se diagnosticado e tratado oportunamente, as taxas
• O uso de lâmina com bordas lapidadas e extremidade fosca de mortalidade por câncer de mama continuam elevadas no Brasil,
é obrigatório; muito provavelmente porque a doença ainda seja diagnosticada em
• Identificar a lâmina escrevendo as iniciais do nome da mulher estágios avançados. Na população mundial, a sobrevida média após
e o seu número de registro daUnidade, com lápis preto nº2 ou gra- cinco anos é de 61%.
fite, na extremidade fosca, previamente a coleta;
• Identificar a caixa do porta-lâmina. História Natural
• Não usar caneta hidrográfica, esferográfica, etc., pois leva à Desde o início da formação do câncer até a fase em que ele
perda da identificação do material. Essas tintas se dissolvem duran- pode ser descoberto pelo exame físico (tumor subclínico) isto é, a
te o processo de coloração das lâminas no laboratório partir de 1 cm de diâmetro, passam-se, em média,10 anos.
Estima-se que o tumor de mama duplique de tamanho a cada
Manter os frascos de acondicionamentos, fechados permanen-
período de 3-4 meses. No início da fase subclínica (impalpável),
temente a não ser na hora de inserir as lâminas. No preparo da
tem-se a impressão de crescimento lento, porque as dimensões das
lâmina ver se ela está limpa sem a presença de artefatos, caso ne-
células são mínimas. Porém, depois que o tumor se torna palpável,
cessário limpar com gaze.
a duplicação é facilmente perceptível. Se não for tratado, o tumor
CONTROLE DO CÂNCER DA MAMA desenvolve metástases (focos de tumor em outros órgãos), mais
As mamas são constituídas de gordura, tecido conectivo e te- comumente para os ossos, pulmões e fígado. Em 3-4 anos do des-
cido glandular que contém lóbulos e ductos. Os lóbulos são as es- cobrimento do tumor pela palpação, ocorre o óbito.
truturas anatômicas onde o leite é produzido. Uma rede de ductos
conecta os lóbulos ao mamilo. Fatores de Risco
• História familiar é um importante fator de risco para o câncer
de mama, especialmente se um ou mais parentes de primeiro grau
(mãe ou irmã) foram acometidas antes dos 50 anos de idade;
Entretanto, o câncer de mama de caráter familiar corresponde
a aproximadamente 10% do total de casos de cânceres de mama;
• A idade constitui um outro importante fator de risco, haven-
do um aumento rápido da incidência com o aumento da idade;
• A menarca precoce (idade da primeira menstruação);
• A menopausa tardia (instalada após os 50 anos de idade);
• A ocorrência da primeira gravidez após os 30 anos;
• A nuliparidade;
• Ainda é controvertida a associação do uso de contraceptivos
orais com o aumento do risco para o câncer de mama, apontando
para certos subgrupos de mulheres como as que usaram contracep-
tivos orais de dosagens elevadas de estrogênio, as que fizeram uso
da medicação por longo período e as que usaram anticoncepcional
em idade precoce, antes da primeira gravidez.
Raramente uma mama é do mesmo tamanho da outra, po-
dendo apresentar-se de forma diferente de acordo com o período
São definidos como grupos populacionais com risco elevado
menstrual. O tecido mamário se estende (sob a pele) até a região
para o desenvolvimento do câncer de mama:
da axila. Um sistema de linfonodos é responsável pela drenagem
• Mulheres com história familiar de, pelo menos, um parente
linfática da mama, principalmente os linfonodos axilares e da ca-
de primeiro grau (mãe, irmã ou filha) com diagnóstico de câncer de
deia mamária interna.
mama, abaixo dos 50 anos de idade;
Câncer da Mama
O câncer de mama é provavelmente o mais temido pelas mu- • Mulheres com história familiar de pelo menos um parente
lheres, devido à sua alta frequência e, sobretudo pelos seus efeitos de primeiro grau (mãe, irmã ou filha) com diagnóstico de câncer de
psicológicos, que afetam a percepção da sexualidade e a própria mama bilateral ou câncer de ovário, em qualquer faixa etária;
imagem pessoal. • Mulheres com história familiar de câncer de mama mascu-
lino;
• Mulheres com diagnóstico histopatológico de lesão mamária
proliferativa com atipia ou neoplasia lobular in situ.

87
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Sintomas As técnicas (como realizar) de ECM variam bastante em seus


Os sintomas do câncer de mama palpável são o nódulo ou tu- detalhes, entretanto, todas elas preconizam a inspeção visual, a pal-
mor no seio, acompanhado ou não de dor mamária. Podem surgir pação das mamas e dos linfonodos (axilares e supraclaviculares).
alterações na pele que recobre a mama, como abaulamentos ou re- Ao contrário das recomendações de como realizar um ECM, poucos
trações ou um aspecto semelhante à casca de uma laranja. Podem estudos analisam como reportar os achados dos exames.
também surgir nódulos palpáveis na axila. A inspeção visual pretende identificar sinais de câncer da
mama. Sinais precoces do câncer da mama são achatamentos dos
Prevenção Primária contornos da mama, abaulamentos ou espessamentos da pele das
Embora tenham sido identificados alguns fatores ambientais mamas.
ou comportamentais associados a um risco aumentado de desen- É importante o examinador comparar as mamas para identificar
volver o câncer de mama, estudos epidemiológicos não fornecem grandes assimetrias e diferenças na cor da pele, textura, tempera-
evidências conclusivas que justifiquem a recomendação de estraté- tura e padrão de circulação venosa. O acrônimo BREAST (em inglês)
gias específicas de prevenção. É recomendável que alguns fatores significando B – massa na mama (breast mass), R – retração (re-
de risco, especialmente a obesidade e o tabagismo, sejam alvo de traction), E-edema (edema), A-linfonodos axilares (axillary nodes),
ações visando à promoção à saúde e a prevenção das doenças crô- S-ferida no mamilo (scaly nipple) e T-sensibilidade na mama (tender
nicas não transmissíveis, em geral. breast) podem ajudar na memorização das etapas na inspeção visu-
Não há consenso de que a quimioprofilaxia deva ser recomen- al. A mulher pode se manter sentada com os braços pendentes ao
dada às mulheres assintomáticas, independente de pertencerem lado do corpo, com os braços levantados sobre a cabeça ou com as
a grupos com risco elevado para o desenvolvimento do câncer de palmas das mãos comprimidas umas contra as outras (inspeção di-
mama. nâmica). Alguns autores recomendam que se faça a inspeção visual
ao mesmo tempo em que se realiza a palpação das mamas.
Detecção Precoce A palpação consiste em utilizar os dedos para examinar todas
Quanto mais cedo for feito o diagnóstico de câncer maior a as áreas do tecido mamário e linfonodos.
probabilidade de cura. Rastreamento significa detectar a doen- Para palpar os linfonodos axilares e supraclaviculares a pacien-
ça em sua fase pré-clínica enquanto diagnóstico precoce significa te deverá estar sentada. Para palpar as mamas é necessário que a
identificar câncer da mama em sua fase clínica precoce. As ações paciente esteja deitada (decúbito dorsal). Na posição deitada a mão
de diagnóstico precoce consistem no exame clínico da mama por correspondente a mama a ser examinada deve ser colocada sobre
um profissional de saúde treinado. As ações de rastreamento im- a cabeça de forma a realçar o tecido mamário sobre o tórax. Toda
plementadas no País preconizam a mamografia bilateral em deter- a mama deve ser palpada utilizando-se de um padrão vertical de
minados grupos de mulheres. palpação.
A palpação deve ser iniciada na axila. No caso de uma mulher
mastectomizada a palpação deve ser feita na parede do tórax, pele
Recomendações para Detecção Precoce
e incisão cirúrgica
Cada área de tecido deve ser examinada e três níveis de pres-
Recomendações para o rastreamento de mulheres assintomá-
são devem ser aplicados em sequência: leve, média e profunda, cor-
ticas
respondendo ao tecido subcutâneo, ao nível intermediário e mais
• Exame Clínico das Mamas: para todas as mulheres a partir
profundamente à parede torácica. Devem-se realizar movimentos
dos 40 anos de idade, com periodicidade anual.
circulares com as polpas digitais do 2º, 3º e 4º dedos da mão como
se tivesse contornando as extremidades de uma moeda. A região
Esse procedimento é ainda compreendido como parte do aten-
da aréola e da papila (mamilo) deve ser palpada e não comprimida.
dimento integral à saúde da mulher, devendo ser realizado em to- Somente descarga papilar espontânea merece ser investigada.
das as consultas clínicas, independente da faixa etária. Duas características fundamentais do ECM são a interpretação
• Mamografia: para mulheres com idade entre 50 a 69 anos de e a descrição dos achados encontrados. Assim como a realização do
idade, com intervalo máximo de 2 anos entre os exames. ECM, não existe um padrão para interpretar e descrever os acha-
• Exame Clínico das Mamas e Mamografia Anual: para mulhe- dos do ECM. Esta não uniformização da interpretação e descrição
res a partir de 35 anos de idade, pertencentes a grupos populacio- dos achados limitam o seu potencial em direcionar para novas ava-
nais com risco elevado de desenvolver câncer de mama. liações e proporcionar o tratamento precoce do câncer da mama.
• Garantia de acesso ao diagnóstico, tratamento e seguimento Como aconteceu com a mamografia, a padronização da interpre-
para todas as mulheres com alterações nos exames realizados. tação e descrição dos achados pode resultar em efeitos positivos
para o ECM.
Exame Clínico das Mamas (ECM) De uma forma geral, os resultados do ECM podem ser interpre-
Exame Clínico das Mamas (ECM) é um procedimento realizado tados de duas formas: normal ou negativo, caso nenhuma anorma-
por um médico ou enfermeiro treinado para esta ação. No exame lidade seja identificada pela inspeção visual e palpação, e anormal,
podem ser identificadas alterações na mama e, se for indicado, se- caso achados assimétricos necessitem de avaliação posterior e pos-
rão realizados exames complementares. O ECM é realizado com a sível encaminhamento para especialista (referência). A descrição
finalidade de detectar anormalidades na mama ou avaliar sintomas do ECM deve seguir o mesmo roteiro do exame propriamente dito:
referidos por pacientes e assim encontrar cânceres da mama pal- inspeção, palpação dos linfonodos e palpação das mamas.
páveis num estágio precoce de evolução. Alguns estudos científicos
mostram que 5% dos cânceres da mama são detectados por ECM
em pacientes com mamografia negativa, benigna ou provavelmente
benigna. O ECM também é uma boa oportunidade para o profissio-
nal de saúde educar a população feminina sobre o câncer da mama,
seus sintomas, fatores de risco, detecção precoce e sobre a compo-
sição e variabilidade da mama normal.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Mamografia • Busca ativa na população alvo, de mulheres para a realização


A mamografia é a radiografia da mama que permite a detecção de mamografia;
precoce do câncer, por ser capaz de mostrar lesões em fase inicial, • Encaminhamento a Unidade de Referência dos casos suspei-
muito pequenas (de milímetros). É realizada em um aparelho de tos de câncer de mama;
raio X apropriado, chamado mamógrafo. Nele, a mama é compri- • Encaminhamento das mulheres com exame clínico das ma-
mida de forma a fornecer melhores imagens, e, portanto, melhor mas alterado, para Unidade de Referência;
capacidade de diagnóstico. O desconforto provocado é discreto e • Busca ativa das mulheres que foram encaminhadas a Unidade
suportável. de Referência e não compareceram para o tratamento;
Estudos sobre a efetividade da mamografia sempre utilizam o • Busca ativa das mulheres que apresentaram laudo mamo-
exame clínico como exame adicional, o que torna difícil distinguir a gráfico suspeito para malignidade e não retornaram para buscar o
sensibilidade do método como estratégia isolada de rastreamento. resultado;
A sensibilidade varia de 46% a 88% e depende de fatores tais como: • Orientação das mulheres com exame clínico das mamas nor-
tamanho e localização da lesão, densidade do tecido mamário (mu- mal e de baixo risco para o acompanhamento de rotina.
lheres mais jovens apresentam mamas mais densas), qualidade dos
recursos técnicos e habilidade de interpretação do radiologista. A Unidade de Referência de Média Complexidade
especificidade varia entre 82%, e 99% e é igualmente dependente É a unidade de média complexidade no SUS e funciona como
da qualidade do exame. referência para o encaminhamento das mulheres com resultados
Os resultados de ensaios clínicos randomizados que comparam alterados. Este nível exige a presença de profissionais treinados
a mortalidade em mulheres convidadas para rastreamento mamo- para realizarem a investigação diagnóstica dos casos suspeitos de
gráfico com mulheres não submetidas a nenhuma intervenção são câncer de mama, tais como, mamografia, biópsia por agulha grossa,
favoráveis ao uso da mamografia como método de detecção preco- punção por agulha fina. Assim como para o tratamento de lesões
ce capaz de reduzir a mortalidade por câncer de mama. benignas mamárias.
As conclusões de estudos de meta-análise demonstram que os
benefícios do uso da mamografia se referem, principalmente, a cer- Unidade de Alta Complexidade - UNACON ou CACON
ca de 30% de diminuição da mortalidade em mulheres acima dos É a unidade de alta complexidade no SUS que realiza exames
50 anos, depois de sete a nove anos de implementação de ações e tratamentos especializados. Neste nível é realizado o tratamento
organizadas de rastreamento. das mulheres diagnosticadas com câncer de mama, assim como o
tratamento do câncer em estágios que envolvam procedimentos ci-
Padronização dos laudos mamograficos - BI-RADS rúrgicos, radioterápicos e quimioterápicos.
O objetivo do BI-RADS consiste na padronização dos laudos Com base nas Portarias MS/GM nº 2439 de 08 de dezembro
mamográficos levando em consideração a evolução diagnóstica e de 2005 que institui a Política Nacional de Atenção Oncológica e a
a recomendação da conduta, não devendo se esquecer da história Portaria MS/SAS nº 741 de 19 de dezembro de 2005 que defini as
clínica e do exame físico da mulher. Unidades de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (UNA-
No Congresso Americano de Radiologia, em dezembro de 2003 CON), os Centros de Assistência de Alta Complexidade em Oncolo-
(RSNA), em Chicago, foi divulgado a 4ª edição do BI-RADS (Breast gia (CACON) e os Centros de Referência de Alta Complexidade em
Imaging and Reporting Data System Mammography). O BI-RADS Oncologia e suas aptidões e qualidades.
é um trabalho entre membros de vários Departamentos do Insti-
tuto Nacional do Câncer, de Centros de Controle e Prevenção da Considerações Sobre Auto-Exame das Mamas (AEM)
Patologia Mamária, da Administração de Alimentos e Drogas, da
O Auto-exame das Mamas (AEM) não vem se mostrando efe-
Associação Medica Americana, do Colégio Americano de Radiolo-
tivo em diminuir a mortalidade nos programas de detecção preco-
gia, do Colégio Americano de Cirurgiões e do Colégio Americano de
ce quando utilizado isoladamente. Este exame, entretanto, ajuda a
Patologistas, por conseguinte todas essas Instituições ajudaram na
mulher a conhecer melhor o seu próprio corpo. Uma vez observa-
elaboração do BI-RADS.
da alguma alteração, a mulher deverá procurar o serviço de saúde
mais próximo de sua residência para ser avaliada por um profissio-
Níveis de Atendimento
nal de saúde.
O AEM sistemático das mamas tem sido recomendado desde a
Unidade Básica de Saúde
década de 30 e foi incorporado nas políticas da saúde pública norte
A Unidade Básica de Saúde deve estar organizada para receber
e realizar o exame clínico das mamas das mulheres, solicitar exames – americanas desde os anos 50. Considerando-se que até 90% dos
mamográficos nas mulheres com situação de risco, receber resul- casos de câncer de mama são detectados pelas próprias mulheres,
tados e encaminhar aquelas cujo resultado mamográfico ou cujo pode-se deduzir que a promoção do AEM seja uma estratégia eficaz
exame clínico indiquem necessidade de maior investigação. para sua detecção.
As atividades abaixo descritas devem ser também realizadas Embora já tenham sido realizados mais de 30 estudos não ran-
nesse nível de atendimento pela equipe de saúde: domizados sobre o uso do AEM para o rastreamento do câncer de
• Reuniões educativas sobre câncer, visando à mobilização e mama, não há evidências científicas incontestáveis de que sua prá-
conscientização para o cuidado com a própria saúde; à importân- tica promova a redução da mortalidade por este câncer. Diversos
cia da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama; à estudos de tipo caso-controle apontaram para uma leve redução na
quebra dos preconceitos; à diminuição do medo da doença e à im- mortalidade em pacientes submetidas ao AEM, enquanto estudos
portância de todas as etapas do processo de detecção precoce; não de coorte e ensaios clínicos não suportaram esses achados.
deixar de enfatizar o retorno para busca do resultado e tratamentos
necessários;
• Busca ativa na população alvo, das mulheres que nunca rea-
lizaram o ECM;

89
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Em um ensaio clínico não randomizado, iniciado em 1973 na Inglaterra pelo “UK Early Detection of Breast Câncer Study Group”, não
foi constatada redução nas taxas de mortalidade por este câncer. Há apenas dois ensaios clínicos randomizados que avaliariam o impacto
do AEM sobre a mortalidade por câncer de mama. O primeiro foi iniciado em 1985, em Moscou e São Petersburgo, enquanto o segundo
teve início em 1989, em Xangai.

Ambos envolveram um grande número de mulheres que foram meticulosamente treinadas e receberam reforços para garantir o
aprendizado da técnica. Após um seguimento de 5 a 10 anos, ambos apontaram para a ineficácia do AEM em reduzir a mortalidade pelo
câncer de mama. Em outubro de 2002, a publicação dos resultados finais deste último ensaio clínico confirmou as observações anteriores,
concluindo-se pela incapacidade do AEM em alterar as taxas de mortalidade pelo câncer de mama.
Uma síntese destes estudos é apresentada na tabela.

Síntese dos estudos experimentais sobre a eficácia do AEM na redução da mortalidade por câncer de mama:

Embora a sensibilidade do AEM nunca tenha sido formalmente avaliada, estimativas indicam que cada 100 casos de câncer de mama,
o AEM detecta 26, o ECM (Exame Clínico das Mamas) detecta 45 e a MMG (Mamografia) 71.
Apesar de não haver evidência direta de que o AEM efetivamente reduza a mortalidade por câncer de mama, é importante que as
mulheres mantenham-se atentas às alterações em suas mamas e reportem qualquer alteração ao profissional de saúde. Recomenda-se,
desta forma, a efetividade potencial do estímulo à sua prática como estratégia complementar.
Embora as mulheres, individualmente, possam ver a realização do AEM como parte de seu autocuidado, as recomendações para
profissionais de saúde devem enfatizar que não há evidências científicas de que o AEM reduza a mortalidade por câncer de mama e que
do ponto de vista ético deve-se otimizar a utilização dos recursos públicos em ações coletivas de eficácia comprovada”- (Revista Brasileira
de Cancerologia, 2003, 49 (4): 227-238).

Linfedema
O linfedema é a principal complicação decorrente do tratamento cirúrgico para o câncer de mama, acarretando importantes altera-
ções físicas, psicológicas e sociais, que comprometem a qualidade de vida das mulheres. Pode ser definido como todo e qualquer acúmulo
de líquido, altamente protéico, nos espaços interticiais, seja ele devido à falhas de transporte, por alterações da carga linfática, por defici-
ência de transporte ou por falha da proteólise extralinfática (Mayall,2000).
Local do Estudo
Ano do Início Faixa Etária Número de
Mulheres % de Participação
Tempo de Seguimento
RR de morte por Câncer de mama (IC 95%)
INGLATERRA 1979 45-64 anos 253.219 30-53% 9 a 9,8 anos 1,07 (0,93-1,22)
XANGAI 1989 31-64 anos 266.064 98% 5 anos 1,04 (0,82-1,33)
RÚSSIA 1985 40-64 anos 120.310 76,4% 10 anos 0,95 (0,76 – 1,19)

Prevenção
A prevenção do linfedema pode ser conseguida por meio de uma série de cuidados, que se iniciam a partir do diagnóstico de câncer
de mama. As cirurgias devem ser o mais conservadoras possíveis, e o linfonodo sentinela pode representar um importante aliado na di-
minuição do linfedema. A radioterapia axilar deve ser restrita a casos em que há um extenso comprometimento ganglionar, sendo a dose
limitada a 45 – 50 Gy. As pacientes obesas devem ser incentivadas a restringir o peso corporal.
Após o tratamento cirúrgico, as pacientes devem ser orientadas sobre os cuidados com a pele e o membro superior homolateral ao
câncer de mama, a fim de evitar possíveis traumas e ferimentos. Os cuidados, entretanto, devem ser repassados de forma bastante tran-
qüila para que não haja um sentimento de incapacidade e impotência física. As orientações com relação à vida doméstica, a profissional
e de lazer devem ser direcionadas às rotinas das pacientes e condutas alternativas devem ser ensinadas quando forem realmente neces-
sárias.
As mulheres devem ter conhecimento sobre os sinais e sintomas iniciais dos processos infecciosos e do linfedema, para que comuni-
quem o profissional assistente e uma correta conduta terapêutica seja implantada. A equipe de saúde deve estar preparada para diagnos-
ticar e intervir precocemente.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Orientações após linfadenectomia axilar SAÚDE DO HOMEM


As mulheres devem ser informadas em relação aos cuidados Diferentemente das mulheres, os homens não costumam pro-
com o membro superior homolateral à cirurgia, visando prevenir curar os serviços de saúde. A baixa procura tem o fator cultural
quadros infecciosos e linfedema. Entretanto, deve-se tomar o cui- como uma das explicações: o homem é criado para ser provedor,
dado para não provocar sensação de incapacidade e impotência ser forte, não chorar, não adoecer. Para muitos, doença é sinal de
funcional. Elas devem ser encorajadas a retornarem as atividades fragilidade, de fraqueza. Isso faz com que não busquem antecipada-
de vida diária e devem ser informadas sobre as opções para os cui- mente ajuda nos serviços de saúde, levando-os à morte por doen-
dados pessoais. ças que, se diagnosticadas mais cedo, poderiam ser evitadas.
Recursos fisioterapêuticos que produzam calor, tais como in- É importante reverter o preconceito e sensibilizar os homens
fravermelho, ultra-som, ondas curtas, microondas, forno de Bier, para a mudança dessa forma de pensar e agir.
compressas quentes, turbilhão, parafina entre outros, devem ser Os homens estão mais expostos aos riscos de adoecerem por
evitados nas áreas de drenagem para a axila homolateral, devido ao problemas relacionados à falta de exercícios físicos, alimentação
aumento do risco de desenvolvimento de linfedema. Nas regiões com excesso de gordura, aumento de peso e à violência por cau-
distantes, desde que não haja neoplasia em atividade, os recursos sas externas (brigas, acidentes no trânsito, assassinatos, homicídios
podem ser realizados seguindo as devidas precauções. etc.).
É preciso que você os oriente a procurar a UBS para prevenir e
Procedimentos após linfadenectomia axilar tratar doenças como pressão alta, alteração do colesterol, diabetes,
doenças sexualmente transmissíveis e Aids, infarto, derrame, pro-
EVITAR blemas respiratórios, câncer, uso de álcool, tabaco e outras drogas,
• Micoses nas unhas e no braço; entre outras.
• Traumatismos cutâneos (cortes, arranhões, picadas de inseto, Orientar sobre a sexualidade saudável, sem riscos de adquirir
queimaduras, retirar cutícula e depilação da axila); doenças sexualmente transmissíveis.
• Banheiras e compressas quentes, saunas e exposição solar; Orientar sobre a paternidade responsável, estimulando para
• Apertar o braço do lado operado (blusas com elástico; reló- que ele participe do pré-natal, do parto, do pós-parto e nas visitas
gios, anéis e pulseiras apertadas; aferir a pressão arterial); ao pediatra e na criação dos filhos.
• Receber medicações por via subcutânea, intramuscular e en- O ACS, juntamente com a equipe de saúde, deve realizar ações
dovenosa e coleta de sangue; (por exemplo: semana de promoção da saúde do homem, campa-
• Movimentos bruscos, repetidos e de longa duração; nhas voltadas para esse público, distribuição de cartilhas informa-
• Carregar objetos pesados no lado da cirurgia. tivas, reuniões com os homens, entre outras estratégias) que esti-
• Deitar sobre o lado operado mulem o homem a se cuidar e a buscar uma vida mais saudável,
enfrentando principalmente o alcoolismo, o tabagismo, a hiperten-
FAZER são e a obesidade.
• Manter a pele hidratada e limpa; Devem também ser buscadas estratégias para um melhor aco-
• Usar luvas de proteção ao fazer as atividades do lar (cozinhar, lhimento aos homens nas UBS.
jardinagem, lavar louça e contato com produtos químicos); A visita domiciliar às famílias onde há homens deve contemplar
• Durante a execução de atividades, promova intervalos para principalmente orientações sobre:
descanso; 1. Os hábitos alimentares;
• Ao fazer a unha do lado operado, utilize removedor de cutí- 2. Atividade física;
culas; 3. Vacinas preconizadas para a sua faixa etária
• Para retirada de pelo da axila do lado operado, utilize cremes 4. O consumo de bebidas alcoólicas, tabaco e outras drogas;
depilatórios, tesoura ou máquina de cortar cabelo; 5. Os problemas de saúde (manchas de pele, tosse, pressão
• Ficar atenta aos sinais de infecção no braço (vermelhidão, in- alta, diabetes);
chaço, calor local); 6. Rotina: procurar a UBS para avaliação médica e odontológi-
• Durante viagens aéreas, usar malha compressiva. ca;
7. Alguma doença crônica, se necessário.
Diagnóstico
Na maioria das vezes, a presença do linfedema é verificada por Problemas de saúde específicos da saúde do homem
intermédio do diagnóstico clínico.
Os exames complementares como tonometria, ressonância Disfunção erétil:
magnética, ultra-sonografia e linfocintigrafia, são utilizados quando Também popularmente conhecida como impotência sexual, a
se objetiva verificar a eficácia de tratamentos ou para analisar pa- disfunção erétil pode ser de grande importância, pois pode reper-
tologias associadas. cutir na vida familiar e no convívio social do indivíduo, muitas vezes
sendo causa de sofrimento psíquico para ele.
Tratamento fisioterapêutico A disfunção erétil afeta principalmente homens de faixa etária
O tratamento do linfedema está baseado em técnicas já bem mais elevada, mas pode também estar presente em indivíduos mais
aceitas e descritas na literatura mundial. jovens.
Este tratamento consiste de várias técnicas que atuam con- Estudos apontam que mais de 10% dos homens com idade su-
juntamente, dependendo da fase em que se encontra o linfedema, perior a 40 anos apresentam alguma forma de disfunção erétil, mas
incluindo: cuidados com a pele, drenagem linfática manual (DLM), poucos deles procuram auxílio nos serviços de saúde.
contenção na forma de enfaixamento ou por luvas/braçadeiras e A disfunção erétil pode estar relacionada a causas orgânicas e
cinesioterapia específica. Outros tratamentos têm sido descritos psicológicas, dentro destas destacamos:
na literatura, porém, seus resultados não são satisfatórios quando - Psicológicas: ansiedade, depressão, culpa.
comparados ao tratamento supra citado:

91
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

- Orgânicas: hipertensão, diabetes, alterações hormonais, uso Câncer de pênis


de drogas (fumo, álcool, antidepressivos, maconha, heroína, coca- O pênis é o órgão sexual masculino. Em sua extremidade existe
ína e outros). uma região mais volumosa chamada glande (“cabeça” do pênis),
que é coberta por uma pele fina e elástica, denominada prepúcio.
Hoje em dia existem boas opções de tratamento para esse pro- O câncer que atinge o pênis está muito ligado às condições de hi-
blema, o seu papel como ACS é orientar o paciente sobre quando é giene íntima do indivíduo, sendo o estreitamento do prepúcio (fi-
possível evitar ou controlar os fatores anteriormente citados e pro- mose) um fator predisponente. O câncer de pênis é um tumor raro,
curar a UBS de referência para avaliação. com maior incidência em indivíduos a partir dos 50 anos de idade,
muito embora tumores malignos do pênis possam ser encontrados
Detecção precoce do câncer de próstata em indivíduos jovens. Está relacionado às baixas condições socioe-
conômicas e de instrução, à má higiene íntima e a indivíduos não
O que é próstata? circuncidados.
A próstata é uma glândula que se localiza na parte baixa do No Brasil, o tumor representa 2% de todos os casos de câncer
abdômen, no homem. Ela é um órgão muito pequeno, tem a forma no homem, sendo mais frequente nas Regiões Norte e Nordeste do
de maçã e se situa logo abaixo da bexiga e adiante do reto. que nas Regiões Sul e Sudeste. Nas regiões de maior incidência, o
câncer de pênis supera os casos de câncer de próstat a e de bexiga.
A próstata produz parte do sêmen, um líquido espesso que
contém os espermatozoides produzidos pelos testículos e que é eli- Seu papel como ACS:
minado durante o ato sexual. Promover reuniões para discutir o tema, desmistificando a re-
alização do exame de toque, que será necessário em alguns casos.
Como surge o câncer de próstata? Discutir também o tema com as mulheres para que possam
O câncer da próstata surge quando, por razões ainda não co- conversar com seus parceiros, companheiros, irmãos.
nhecidas pela ciência, as células da próstata passam a se dividir e Orientar para que os homens com mais de 50 anos fiquem
se multiplicar de forma desordenada, levando à formação de um atentos a sintomas urinários.
tumor. Alguns desses tumores podem crescer de forma rápida, es- Orientar para que os homens com mais de 50 anos com históri-
palhando-se para outros órgãos do corpo e podendo levar à morte. co familiar de câncer de próstata procurem a UBS.
Uma grande maioria, porém, cresce de forma tão lenta que Conscientizar os homens de que diante de algum problema uri-
não chega a dar sintomas durante a vida e nem a ameaçar a saúde nário seja procurada a unidade.
do homem.
SAÚDE DO ADULTO
Como prevenir o câncer de próstata?
Até o presente momento, não são conhecidas formas específi- ADULTO SAUDÁVEL
cas de prevenção do câncer da próstata. No entanto, sabe-se que a Os serviços e ações de saúde que estão mais próximos dos in-
adoção de hábitos saudáveis de vida é capaz de evitar o desenvolvi- divíduos, famílias e coletividades, são de responsabilidade da Aten-
mento de certas doenças, entre elas o câncer. ção Básica, particularmente do nível primário, com a proposta de
ser o primeiro elemento de um processo permanente de assistência
Quem apresenta mais risco de contrair câncer de próstata? sanitária.
Os dois únicos fatores confirmadamente associados a um au- Nesta estratégia é proposto o aumento da disponibilidade e
mento do risco de desenvolvimento do câncer de próstata são a ida- acessibilidade dos mesmos para a melhoria da qualidade de vida
de e história familiar. A maioria dos casos ocorre em homens com da população.
idade superior a 50 anos e naqueles com história de pai ou irmão A rede de Atenção Básica do Município de São Paulo oferece,
com câncer de próstata antes do 60 anos. Alguns outros fatores, dentre outros, serviços programáticos, assistência à mulher, à crian-
como a dieta, estão sendo estudados, mas ainda não há confirma- ça/adolescente, à Pessoa Idosa e ao adulto.
ção científica. Assim, assume a questão básica do atendimento integral.
Não é necessária a realização de exames de laboratório ou o As diretrizes do trabalho voltado à saúde do adulto são organi-
toque retal em pessoas que não têm nenhum sintoma urinário ou zadas mediante os indicadores de morbimortalidade e os de riscos
histórico familiar. Portanto, somente diante de sintomas como difi- para a saúde neste período da vida. As ações são programadas para
culdade ou dor ao urinar, ou urinar muitas vezes, inclusive à noite, uma ampla aplicação no sistema básico de assistência, alta eficácia
perda espontânea de urina e urgência para urinar é que se deve na resolução de problemas específicos de saúde, baixos custos e
recomendar procurar a UBS para realização de avaliação. Também complexidade tecnológica, considerando a característica de cada
é recomendada a avaliação para aqueles quem têm ou tiveram fa- região.
miliares com problemas na próstata. Para a normatização dos serviços de enfermagem na Atenção
Básica quanto a Saúde do Adulto, é imprescindível que seja organi-
zada em caráter multidisciplinar, que reconheça o adulto saudável,
os fatores de risco, o grau de vulnerabilidade e a partir deste ponto
planejar ações e serviços a serem prestados.
A vigilância é uma ação fundamental para promoção da saúde.
Detectar condições de falta de saúde no adulto perpassa pelo en-
tendimento da rotina dele, como: atividade física (sedentarismo),
cultura, alimentação, abuso de álcool, tabaco e outras drogas, tra-
balho, moradia, nível educacional e condições socioeconômicas.
Dentre estes elementos é necessário estar alerta aos fatores de ris-
co para a saúde, para identificá-los e buscar modificá-los evitando o
aparecimento de doenças.

92
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

SAÚDE DO TRABALHADOR • Exposição a agentes físicos, químicos e biológicos.


As ações de Saúde do Trabalhador, nos termos da Política Na- • Ambiente de trabalho estressante.
cional para a rede de serviços, devem ser assumidas pelo Sistema
como um todo, tendo como porta de entrada a rede básica de saú- -NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA
de e como retaguarda técnica os Centros de Referência em Saúde 1. Acidente com exposição a material biológico relacionado ao
do Trabalhador e os níveis mais complexos desse Sistema. trabalho.
A Atenção Primária à Saúde, na abordagem do trabalhador 2. Acidente de trabalho com mutilações.
deverá promover ações pautadas, sobretudo na identificação de 3. Acidente de trabalho em crianças e adolescentes.
riscos, danos, necessidades, condições de vida e trabalho, que de- 4. Acidente de trabalho fatal.
terminam as formas de adoecer e morrer dos trabalhadores. 5. Câncer Relacionado ao Trabalho.
São atribuições gerais da equipe na atenção primária à saúde: 6. Dermatoses ocupacionais.
Identificar e registrar: 7. Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho
• A população economicamente ativa, por sexo e faixa etária, (DORT).
além das atividades produtivas existentes na área, assim como ris- 8. Influenza humana.
cos potenciais e perigos para a saúde do trabalhador, da população 9. Perda Auditiva Induzida por Ruído (PAIR) relacionada ao tra-
e do meio ambiente; balho.
• A existência de trabalho precoce – crianças e adolescentes 10. Pneumoconioses relacionadas ao trabalho.
menores de 16 anos, que realizam qualquer atividade de trabalho, 11. Pneumonias.
independentemente de remuneração, que frequentam ou não a 12. Rotavírus.
escola; 13. Toxoplasmose adquirida na gestação e congênita.
• A ocorrência de acidentes e/ou doenças relacionadas ao tra- 14. Transtornos Mentais Relacionados ao Trabalho.
balho, que acometam trabalhadores inseridos tanto no mercado VIDA SAUDÁVEL
formal como informal de trabalho; A identificação de um adulto saudável está relacionada com
• Analisar os dados obtidos; atividades inseridas nas relações que ele tem com o trabalho, em
• Desenvolver ações educativas em Saúde do Trabalhador; casa com a família, no seu ambiente social, nas suas ações recrea-
• Em caso de acidente ou doença relacionada com o trabalho, tivas. Estes aspectos combinam entre si e influenciam a saúde indi-
deverão ser adotadas as seguintes condutas: vidual física, mental, social e espiritual, ajudando a manter o corpo
• condução clínica do caso de menor complexidade em forma e a mente alerta.
• encaminhamento dos casos de maior complexidade para os O estilo de vida saudável deve ser desenvolvido o mais cedo
RST possível, mantido durante a vida adulta e idade madura, pois na
• notificação dos casos mediante instrumentos do setor saúde medida em que o corpo envelhece iniciam-se as alterações nos
(Portaria GM/MS 777/2004) músculos e nas articulações e um declínio na sensação de “força”
- ACIDENTE DO TRABALHO - É o que ocorre pelo exercício do física. A manutenção de um bom estilo de vida pode ajudar a evitar
trabalho, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que e proteger de doenças e/ou impedir que as doenças crônicas, se
cause a morte, perda ou redução da capacidade permanente ou instaladas, piorem.
temporária para o trabalho. Quando se trata da saúde de uma pessoa, a genética desem-
- CAT - Comunicação de Acidente de Trabalho ou agravo à saú- penha um papel importante, no entanto, quando há predisposição
de relacionado ao trabalho, Lei 8213/91 que dispõe sobre a obriga- para uma determinada condição ou doença já diagnosticada, pode-
toriedade da notificação dos acidentes. -se reduzir seus riscos e gerir melhor a sua condição com mudança
- DOENÇA RELACIONADA AO TRABALHO - Adquirida ou desen- de estilo de vida.
cadeada em função de condições especiais em que o trabalho é re- Um estilo de vida saudável inclui dentre muitos fatores:
alizado e com ele se relaciona diretamente.
• Saúde preventiva
- DOENÇA PROFISSIONAL - Produzida ou desencadeada pelo
• Boa nutrição
exercício do trabalho peculiar à determinada atividade.
• Controle do peso
• Recreação
Cuidados de enfermagem para Saúde do Trabalhador
• Exercícios regulares e
Avaliar os aspectos ergonômicos, de higiene e segurança do
• Evitar substâncias nocivas ao organismo
trabalho considerando os riscos ocupacionais presentes e propor
Recomendações para adoção de hábitos de vida saudável
estratégias que possam ser utilizadas para tornar o ambiente me-
As ações de promoção do bem estar são ferramentas impor-
nos insalubre, afim de não interferir na saúde do trabalhador.
Exemplos de Fatores de Risco para os Trabalhadores: tantes para a construção de uma cultura de valorização da saúde
• Iluminação e ventilação inadequadas. na população e a adoção de hábitos de vida saudáveis é essencial
• Temperatura ambiente inadequada (ideal entre 20 a 23°C). para a prevenção, o controle das doenças e agravos nas doenças
• Higienização precária ou ausente das mãos. não transmissíveis (DANT), além de proporcionar qualidade de vida.
• Ausência de gerenciamento de resíduos.
• Trabalho noturno – altera o ritmo circadiano causando distúr- Alimentação saudável
bios do sono e da vigília. A promoção da alimentação saudável é uma diretriz da Política
• O rodízio de escalas de turnos noturnos e diurnos, finais de Nacional de Alimentação e Nutrição e uma das prioridades para a
semana e feriados também é prejudicial. segurança alimentar e nutricional dos brasileiros.
• Não utilização de barreiras ou EPIs apropriados. Uma alimentação saudável é aquela que reúne os seguintes
• Dupla ou tripla jornada de trabalho. atributos: é acessível e não é cara, valoriza a variedade, as prepara-
• Longas jornadas de trabalho. ções alimentares usadas tradicionalmente, é harmônica em quanti-
• Conflitos de relacionamento interpessoal no trabalho e vida dade e qualidade, naturalmente colorida e sanitariamente segura.
social.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Dez Passos para uma Alimentação Saudável


Os Dez Passos para uma Alimentação Saudável são orientações práticas sobre alimentação para pessoas saudáveis com mais de dois
anos de idade.
Comece escolhendo aquela orientação que lhe pareça mais fácil, interessante ou desafiadora e procure segui-la todos os dias. Não é
necessário que você tente adotar todos os passos de uma vez e também não é preciso seguir a ordem dos números sugerida nos 10 passos:

Abandono / redução do consumo de bebidas alcoólicas


Nos indivíduos com hábito de ingestão de quantidades maiores de álcool, propõe-se que cada progresso no sentido de redução seja
apontado como positivo, e que gradualmente se alcance a situação de abandono do hábito.
A relação entre o alto consumo de bebida alcoólica e a elevação da pressão arterial tem sido relatada em estudos observacionais, e a
redução da ingestão de álcool pode reduzir a pressão arterial em homens normotensos e hipertensos, que consomem grandes quantida-
des de bebidas alcoólicas.
Recomenda-se avaliar a necessidade de encaminhamento aos Centros de Atenção Psicossocial de Álcool e Drogas (CAPS/AD) nas situ-
ações de falta de controle quanto à ingestão.
• Faça pelo menos três refeições (café da manhã, almoço e jantar) e dois lanches saudáveis por dia.
•Não pule as refeições.
•Inclua diariamente seis porções do grupo de cereais (arroz, milho, trigo, pães e massas), tubérculos como as batatas e raízes como a
mandioca/macaxeira/aipim nas refeições.
•Dê preferência aos grãos integrais e aos alimentos na sua forma mais natural.
•Coma diariamente pelo menos três porções de legumes e verduras como parte das refeições e três porções ou mais de frutas nas
sobremesas e lanches.
•Coma feijão com arroz todos os dias ou, pelo menos, cinco vezes por semana.
•Esse prato brasileiro é uma combinação completa de proteínas e bom para a saúde.
•Consuma diariamente três porções de leite e derivados e uma porção de carnes, aves, peixes ou ovos.
•Retirar a gordura aparente das carnes e a pele das aves antes da preparação torna esses alimentos mais saudáveis.
•Consuma, no máximo, uma porção por dia de óleos vegetais, azeite, manteiga ou margarina.
•Fique atento aos rótulos dos alimentos e escolha aqueles com menores quantidades de gorduras trans.
•Evite refrigerantes e sucos industrializados, bolos, biscoitos doces e recheados, sobremesas doces e outras guloseimas como regra
da alimentação.
•Diminua a quantidade de sal na comida e retire o saleiro da mesa.
•Evite consumir alimentos industrializados com muito sal (sódio) como hambúrguer, charque, salsicha, linguiça, presunto, salgadi-
nhos, conservas de vegetais, sopas, molhos e temperos prontos.
•Beba pelo menos dois litros (seis a oito copos) de água por dia.
•Dê preferência ao consumo de água nos intervalos das refeições.
•Dê preferência pelos temperos naturais, em substituição aos temperos industriais que contém grande quantidade de sal.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Abandono do tabagismo O efeito da atividade de intensidade moderada realizada de for-


O tabagismo é um poderoso fator de risco de doença cardio- ma acumulada é o mesmo daquela realizada de maneira contínua,
vascular. isto é, os trinta minutos podem ser realizados em uma única sessão
Os hipertensos que fumam devem ser repetidamente estimu- ou em duas sessões de 15 minutos (ex: manhã e tarde) ou ainda,
lados a abandonar esse hábito por meio de aconselhamento e me- em três sessões de dez minutos (p.ex. manhã, tarde e noite). Dessa
didas terapêuticas de suporte específicas. maneira, atenua-se ou elimina-se a principal barreira à aquisição
É indispensável que o cliente tabagista assimile que este é, do hábito da realização da atividade física devido à falta de tempo.
isoladamente, o mais importante fator de risco modificável para a Para prática de atividades moderadas não há necessidade da
doença coronariana. realização de avaliação cardiorrespiratória de esforço para indiví-
Indivíduos que fumam mais de vinte cigarros por dia têm risco duos iniciarem um programa de atividades físicas incorporado às
cinco vezes maior de morte súbita que indivíduos não fumantes. atividades do dia a dia.
O tabagismo age sinergicamente com os contraceptivos orais, A avaliação médica e de esforço em indivíduos assintomáticos
aumentando consideravelmente o risco de doença arterial corona- deve se restringir apenas a clientes com escore de Framingham
riana. (anexo 1) alto ou aqueles que desejem desenvolver programas de
Adicionalmente, colabora para os efeitos adversos da terapêu- exercícios estruturados ou atividades desportivas que exijam níveis
tica de redução de lipídios e induz a resistência ao efeito de fárma- de atividade física de alta intensidade.
cos anti-hipertensivos. Clientes em uso de medicamentos anti-hipertensivos que inter-
Além disso, há clara associação entre tabagismo e doenças ferem na frequência cardíaca, como betabloqueadores, devem ser
pulmonares crônicas, assim como a neoplasia pulmonar. Deve ser previamente submetidos à avaliação médica.
instituído o aconselhamento precoce, insistente e consistente até o O exercício físico reduz a pressão arterial, além de produzir be-
abandono definitivo. nefícios adicionais, tais como: coadjuvante no tratamento das disli-
pidemias, da resistência à insulina, do abandono do tabagismo e do
Orientações para abandono do tabagismo controle do estresse.
Exercícios físicos tais como: caminhada, ciclismo, natação e cor-
Redução rida com duração de 30 a 45 minutos, três a cinco vezes por sema-
Uma abordagem gradual para deixar de fumar é a redução. na, reduzem a pressão arterial de indivíduos hipertensos.
Reduzir significa contar os cigarros e fumar um número menor, As Unidades Básicas de Saúde devem dispor de equipes aptas a
predeterminado, a cada dia. orientar a realização de práticas corporais e de meditação:
• Lian Gong,
Adiamento • Tai Chi Pai Lin,
Uma segunda abordagem gradual para deixar de fumar é o • Xian Gong,
adiamento, que significa adiar a hora na qual o cliente começa a • Lien Ch´i,
fumar, por um número de horas predeterminado a cada dia. Ao co- • Dao Yin,
meçar a fumar em cada dia, o cliente não deve contar seus cigarros • I Qi Gong,
nem se preocupar em reduzir o número que fuma. Assim, ele deve • Fio de Seda,
tomar a decisão de adiar a hora na qual começa a fumar por duas • Tai Chi Chuan,
horas a cada dia, por seis dias, até a sua data de parar de fumar. • Chi Gong,
• meditação,
Prática de Atividade Física • ioga,
A prática regular de atividade física promove efeito protetor • dança circular e
para a doença cardiovascular. • caminhada.
A recomendação da atividade física como ferramenta de pro-
moção de saúde e prevenção de doenças baseia-se em parâmetros As práticas corporais e de meditação trazem benefício na pre-
de frequência, duração, intensidade e modo de realização. venção e controle das afecções crônicas, uma vez que:
Portanto, a atividade física deve ser realizada durante, pelo me- • São instrumentos importantes no aprendizado da sincronia
nos, 30 minutos, de intensidade moderada, na maior parte dos dias entre ações e pensamentos, já que um de seus pressupostos é que
da semana (5) de forma contínua ou acumulada. a forma (posturas e movimentos), a respiração e a intenção mental
Realizando-se desta forma, obtêm-se os benefícios desejados à caminham na mesma direção.
saúde e a prevenção de doenças e agravos não transmissíveis, com • Melhoram o condicionamento cardiorrespiratório.
a redução do risco de eventos cardiocirculatórios, como infarto e • Tonificam os músculos, favorecem a fixação do cálcio ósseo e
acidente vascular cerebral. a capacidade de função das articulações.
A orientação ao cliente deve ser clara e objetiva. • Melhoram a aptidão física, favorecendo a independência de
As pessoas devem incorporar a atividade física nas atividades função no dia a dia.
rotineiras como caminhar, subir escadas, realizar atividades do- • Contribuem para redução do estresse, depressão e insônia.
mésticas dentro e fora de casa, optar, sempre que possível, pelo • Auxiliam nas iniciativas para manutenção ou redução do
transporte ativo nas funções diárias, que envolvam pelo menos 150 peso.
minutos/semana (equivalente a pelo menos 30 minutos realizados • Apresentam quase ausência de efeitos adversos.
em 5 dias por semana). Medidas Antiestresse
A redução do estresse psicológico é recomendável para dimi-
nuir a sobrecarga de influências neuro-humorais do sistema nervo-
so central sobre a circulação.
Algumas medidas podem ser adotadas para se lidar com o es-
tresse:

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Redução do peso corporal


O acompanhamento do cliente com excesso de peso é um processo contínuo, que inclui apoio e motivação para superação dos obstá-
culos. Assim, a comunicação a ser estabelecida deve ser baseada na interação de saberes e na formação de vínculo.
A obesidade é um dos fatores de risco mais importantes para as doenças não transmissíveis, com destaque especial para as cardiovas-
culares e diabetes. Estima-se que 20% a 30% da prevalência da hipertensão pode ser explicada pela presença do excesso de peso.
O excesso de peso está claramente associado com o aumento da morbidade e mortalidade e este risco aumenta progressivamente de
acordo com o ganho de peso embora a diminuição de 5% a 10% do peso corporal inicial em até 6 meses de tratamento, com a manutenção
do novo peso em longo prazo, já seja capaz de produzir redução da pressão arterial.
Todos os hipertensos e diabéticos com excesso de peso devem ser incluídos em programas de redução de peso de modo a alcançar
índice de massa corpórea (IMC) inferior a 27Kg/m2, e circunferência abdominal (homens inferior a 102cm e mulheres inferior a 88cm).
O índice de massa corporal (IMC) é o índice recomendado para a medida da obesidade em nível populacional. Além do grau do exces-
so de gordura, a sua distribuição regional no corpo interfere nos riscos associados ao excesso de peso. O excesso de gordura abdominal
representa maior risco do que o excesso de gordura corporal por si só. Esta situação é definida como obesidade androide, ao passo que a
distribuição mais igual e periférica é definida como distribuição ginecoide, com menores implicações à saúde do indivíduo (WORLD HEALTH
ORGANIZATION,1998).
A circunferência da cintura é importante fator de risco para doença coronariana e mortalidade por causas cardiovasculares. A obesida-
de traz aos profissionais desafios para o entendimento de sua determinação, acompanhamento e apoio à população, nas diferentes fases
do curso de vida.
A redução da ingestão calórica leva à perda de peso e à diminuição da pressão arterial, mecanismo explicado pela queda da insuline-
mia, redução da sensibilidade ao sódio e diminuição da atividade do sistema nervoso autônomo simpático.
É importante salientar que além da dieta e da atividade física, o manejo da obesidade envolve abordagem comportamental, que deve
focar a motivação, condições para seguir o tratamento, apoio familiar, tentativas e insucessos prévios, tempo disponíveis e obstáculos para
as mudanças no estilo de vida.

VACINAÇÃO DO ADULTO

CALENDÁRIO BÁSICO DE VACINAÇÃO PARA ADULTOS

O calendário de vacinas está sujeito a inserções de imunobiológicos e ou modificações.


Para execução atualizada sempre consultar os links abaixo.
Estes irão fornecer o calendário em tempo real
Caso a pessoa apresente documentação com esquema de vacinação incompleto, é suficiente completar o esquema já iniciado.

SCR
• Indicada para as pessoas nascidas a partir de 1960 e mulheres no puerpério. Caso a vacina não tenha sido aplicada na puérpera na
maternidade administrá-la na primeira visita ao serviço de saúde.

Febre Amarela
• Nas regiões onde houver indicação, de acordo com a situação epidemiológica. Reforço a cada dez anos.
Influenza
• Disponível na rede pública para pessoas com 60 anos ou mais de idade e aqueles em situação de risco específico.

dT
• Em caso de gravidez e na profilaxia do tétano após alguns tipos de ferimento, deve-se reduzir este intervalo para cinco anos.

BCG
• vacina contra a tuberculose.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

dT
• vacina dupla, tipo adulto, contra a difteria e o tétano.
Indicação da Vacina Contra Hepatite B

SAÚDE BUCAL DO ADULTO


Algumas doenças crônicas degenerativas como a diabetes e a hipertensão, e algumas doenças infectocontagiosas como a tuberculose,
a hanseníase, e doenças sexualmente transmissíveis como a AIDS, são prioridades na organização da atenção à Saúde Bucal do adulto.
A cárie e as doenças periodontais constituem problemas de saúde bucal importantes nos adultos, podendo levar a perdas dentárias.
A cárie pode ocorrer tanto na porção coronária quanto nas superfícies radiculares expostas ao meio bucal em consequência à doença
periodontal.
A exposição radicular também pode gerar hipersensibilidade dentária.
Tanto a cárie quanto as doenças periodontais são provocadas pelo aumento do número de microrganismos da placa bacteriana e de
seus produtos de metabolismo. Quando o pH da placa bacteriana é ácido, há perdas de minerais das superfícies dentárias e podem surgir
cáries na coroa ou nas raízes expostas ao meio bucal.
Medidas preventivas de higiene por meio da escovação e do uso do fio dental, uma dieta equilibrada, com racionalidade na ingestão
de carboidratos fermentáveis, e o acesso a produtos fluorados, podem reduzir o risco tanto da cárie quanto das doenças periodontais.
Mesmo clientes que perderam alguns ou todos os dentes, que usem ou não próteses devem ser orientados quanto à higiene bucal e
à dieta. Clientes adultos ou pessoas idosos que usam próteses totais e/ou removíveis, devem higienizar as próteses após as refeições com
uma escova firme, água e sabão. Não se recomenda higienizar as próteses confeccionadas em resina acrílica com creme dental fluoretado.
Os clientes que usam próteses devem ser orientados a ficar sem a prótese por pelo menos 8 horas, preferencialmente enquanto dormem.

Câncer Bucal
O autoexame é principal forma de se identificar precocemente o aparecimento de lesões em tecidos moles da cavidade bucal que
podem sofrer malignização. Durante o autoexame realiza-se a palpação e inspeção de todo o tecido mole da boca, a saber; lábios, língua,
bochechas, assoalho bucal, palato duro e palato mole, gânglios linfáticos submandibulares e retroauriculares.
Lesões em tecidos moles da boca, ulceradas ou nodulares, que não regridam espontaneamente ou após a remoção de possíveis
fatores causais (como dentes fraturados, bordas cortantes em próteses, etc.) em no máximo 03 semanas, devem ser referenciadas para
diagnóstico em serviços de especialidades.
O álcool, particularmente as bebidas destiladas, e o tabaco, nas diversas formas de uso (cigarro, charuto, cachimbo) constituem os
principais fatores de risco para o câncer bucal.
Má higiene, as carências de vitaminas do tipo A e C, próteses mal adaptadas, deficiências imunológicas e a radiação solar também têm
sido apontados como fatores de risco para o câncer de boca.

Recomendações quanto à higiene bucal


A higiene bucal tem por objetivo a remoção da placa bacteriana, agente etiológico das principais doenças bucais, a cárie e as doenças
periodontais. O consumo de alimentos ricos em açúcar incrementa a formação da placa que fica aderida às superfícies dentárias. Sua re-
moção deve ser realizada pela escovação e uso do fio dental.

A escova deve ser macia de cabeça pequena para alcance de todos os dentes.
Recomenda-se uma quantidade de creme dental fluoretado do tamanho de um grão de ervilha seca, colocado transversalmente so-
bre as cerdas da escova. A escova deve ser posicionada com as cerdas direcionadas para a raiz do dente, na altura do limite entre dente
e gengiva, fazendo movimentos vibratórios. O movimento deve ser repetido para cada dente, inclusive na superfície interna do dente.

A superfície de mastigação deve ser escovada com movimentos de vai e vem. A língua também deve ser escovada.
Lembrando-se da importância do fio dental, cada superfície dental deve ser limpa separadamente.
Com o fio enrolado na extremidade dos dedos médios, com o fio esticado, passar cuidadosamente entre os dentes, deslizando sobre
a superfície, penetrando ligeiramente na gengiva para remover a placa.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

HIPERTENSÃO ARTERIAL

DIABETES MELITO

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

ACOLHIMENTO E CAPTAÇÃO
É o trabalho realizado pelos membros da equipe de saúde, que têm como objetivo detectar a existência de fatores de risco e, precoce-
mente, novos casos de doenças junto à demanda espontânea, consultas, nas visitas domiciliárias, nos grupos educativos, sendo uma das
estratégias fundamentais para o controle de complicações e diminuição do número de internações hospitalares.
A visão dos serviços de saúde, para além da busca ativa de sinais e sintomas que pressuponham a instalação de doenças, deve pro-
porcionar uma abordagem, junto à clientela, através de várias oportunidades de aproximação e construção de vínculos, que possibilite a
revelação de dados do seu estilo de vida e seu conhecimento sobre fatores que possam desencadear maior ou menor qualidade de vida e
chance de diagnóstico de doenças, para que, sobretudo, permita a adequada medida de orientação e seguimento no serviço.
A doença cardiovascular aterosclerótica é, em termos proporcionais, a principal causa de mortalidade em países desenvolvidos e em
desenvolvimento. Dois níveis de prevenção cardiovascular devem ser considerados, o populacional, a partir de intervenções orientadas
à promoção da saúde da população, e o individual, a partir do contexto clínico e dos fatores de risco cardiovascular. Nesta acepção, mais
importante que identificar um indivíduo como portador de diabetes, hipertensão ou dislipidemia, é caracterizá-lo em termos de seu risco
global (cardiovascular, cerebrovascular e renal), avaliando o resultado da soma dos riscos imposta pela presença e magnitude destes múl-
tiplos fatores.
A abordagem essencial para a prevenção primária é a redução de fatores de risco. Retardar a intervenção sobre estes fatores até que
se estabeleça o diagnóstico de comprometimento cardiovascular significa perder a oportunidade de prevenir eventos em pessoas cuja
apresentação inicial pode ser a morte súbita ou o surgimento de lesões incapacitantes.
Um terço das pessoas com infarto agudo do miocárdio pode morrer nas primeiras 24 horas de diagnóstico, e muitos sobreviventes
terão lesões graves e altamente comprometedoras da qualidade de vida, como insuficiência cardíaca, angina do peito, arritmias e risco
aumentado para morte súbita. Acrescente-se a isto o fato de que um terço dos novos eventos ocorre em indivíduos abaixo dos 65 anos;
portanto, todo este conjunto de evidências justifica plenamente as ações de prevenção primária das doenças cardiovasculares.
O adulto, principalmente o homem, tende a evitar o serviço de saúde, a menos que não esteja se sentindo bem. Os profissionais da
saúde na atenção primária, sempre que oportunizado o contato com o adulto, ao identificar dados de estilo de vida ou outros sinais de
alerta que indiquem risco para saúde, deve realizar a ação de acolhimento e captação e dar início à intervenção de caráter multidisciplinar.
A linha de cuidado para a especificidade da saúde do adulto está direcionada para as necessidades individuais e coletivas, permitindo
não só a condução oportuna dos clientes mediante suas possibilidades de diagnósticos, mas mediante a visão global das condições. Para
tanto, é necessário realizar ações de promoção, vigilância, prevenção e assistência para a recuperação.

DOENÇAS E AGRAVOS NÃO TRANSMISSÍVEIS


As Doenças e Agravos Não Transmissíveis DANT(s), podem ser caracterizadas por: doenças com história natural prolongada;
-múltiplos fatores de risco;
-interação de fatores etiológicos;
-especificidade de causa desconhecida;
-ausência de participação ou participação polêmica de micro-organismos entre os determinantes;
-longo período de latência;
-longo curso assintomático;

99
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

-curso clínico em geral lento, prolongado e permanente;


-manifestações clínicas com períodos de remissão e de exacerbação;
-lesões celulares irreversíveis e evolução para diferentes graus de incapacidade ou para a morte (PINHEIRO,2004).

Este capítulo tem como objetivo orientar as ações de enfermagem na atenção à saúde do adulto com ênfase na assistência às pessoas
com Hipertensão Arterial, Diabetes Melito, Dislipidemia e Obesidade, uma vez que a principal causa de morbimortalidade na população
brasileira são as doenças cardiovasculares.
A equipe de saúde tem como objetivo reduzir a morbimortalidade por essas doenças por meio da prevenção dos fatores de risco e,
através do diagnóstico precoce e tratamento adequado dos portadores, prevenir as complicações agudas e crônicas, principalmente com
ações educativas de promoção à saúde direcionada à população.

PROGRAMA DE ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DO ADULTO (PAISA)


O Programa de Atenção Integral à Saúde do Adulto – PAISA tem como foco principal a atuação de agravos “específicos” ao adulto,
entre os quais, citam-se: hipertensão arterial, diabetes mellitus, tuberculose e hanseníase. O PAISA se constitui como uma das iniciativas
de priorização de agravos específicos à saúde do adulto pelo Ministério da Saúde, pautadas no perfil epidemiológico da população, para
articular ações de caráter individual e coletivo.

Os pressupostos acima apresentados consideraram o fato de que a promoção de programas educativos para doenças crônicas e de-
generativas pode reduzir bastante o número de hospitalizações, melhorar significativamente as complicações agudas e crônicas, além de
prevenir ou retardar o aparecimento de enfermidades. Seus objetivos principais são:
Abordar o adulto enquanto indivíduo produtivo para a sociedade prevenir complicações agudas e crônicas do diabetes mellitus e da
hipertensão arterial; Minimizar fatores de risco para doenças degenerativas; Conscientizar sobre a importância da adesão e da assiduidade
ao tratamento farmacológico.
No que tange à saúde do adulto, o cenário atual refere-se, especialmente, a formular e implementar políticas de saúde direcionadas à
assistência integral à saúde do adulto, segundo diretrizes do Ministério da Saúde para a área, além de contribuir para aumento na expec-
tativa e qualidade de vida por meio de uma rede articulada que atenda às necessidades da população. A efetivação de ações de atenção
à saúde do homem, voltadas à prevenção de agravos, diagnóstico, tratamento, reabilitação, manutenção, promoção e proteção da saúde,
conforme proposição da Política Nacional de Atenção Básica, tem representado um grande desafio para os profissionais que atuam na
área.

SAÚDE DO IDOSO

INTRODUÇÃO
Parte essencial da Política Nacional de Saúde, a presente Política fundamenta a ação do setor saúde na atenção integral à população
idosa e àquela em processo de envelhecimento, na conformidade do que determinam a Lei Orgânica da Saúde – N.º 8.080/90 – e a Lei
8.842/94, que assegura os direitos deste segmento populacional.
No conjunto dos princípios definidos pela Lei Orgânica, destaca-se o relativo à “preservação da autonomia das pessoas na defesa de
sua integridade física e moral”, que constitui uma das questões essenciais enfocadas nesta Política, ao lado daqueles inerentes à integrali-
dade da assistência e ao uso da epidemiologia para a fixação de prioridades (Art. 7º, incisos III, II e VII, respectivamente).
Por sua vez, a Lei N.º 8.842 – regulamentada pelo Decreto N.º 1.948, de 3 de julho de 1996 –, ao definir a atuação do Governo, indican-
do as ações específicas das áreas envolvidas, busca criar condições para que sejam promovidas a autonomia, a integração e a participação
dos idosos na sociedade, assim consideradas as pessoas com 60 anos de idade ou mais.

100
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Segundo essa Lei, cabe ao setor saúde, em síntese, prover o De 1980 para 2000, o aumento deverá ser em torno de cinco
acesso dos idosos aos serviços e às ações voltadas à promoção, anos, ocasião em que cada brasileiro, ao nascer, esperará viver 68
proteção e recuperação da saúde, mediante o estabelecimento de anos e meio. As projeções para o período de 2000 a 2025 permitem
normas específicas para tal; o desenvolvimento da cooperação en- supor que a expectativa média de vida do brasileiro estará próxima
tre as esferas de governo e entre centros de referência em geriatria de 80 anos, para ambos os sexos (Kalache et al., 1987).
e gerontologia; e a inclusão da geriatria como especialidade clínica Paralelamente a esse aumento na expectativa de vida, tem
para efeito de concursos públicos, além da realização de estudos e sido observado, a partir da década de 60, um declínio acentuado
pesquisas na área (inciso II do Art. 10). da fecundidade, levando a um aumento importante da proporção
Ao lado das determinações legais, há que se considerar, por ou- de idosos na população brasileira. De 1980 a 2000, o grupo etário
tro lado, que a população idosa brasileira tem se ampliado rapida- com 60 anos e mais de idade deverá crescer 105%; as projeções
mente. Em termos proporcionais, a faixa etária a partir de 60 anos apontam para um crescimento de 130% no período de 2000 a 2025.
de idade é a que mais cresce. No período de 1950 a 2025, segundo Mesmo que se leve em conta que uma parcela do contingente
as projeções estatísticas da 2 Organização Mundial de Saúde – OMS de idosos participe da atividade econômica, o crescimento deste
–, o grupo de idosos no Brasil deverá ter aumentado em 15 vezes, grupo populacional afeta diretamente a razão de dependência, usu-
enquanto a população total em cinco. O País ocupará, assim, o sex- almente definida como a soma das populações jovem e idosa em
to lugar quanto ao contingente de idosos, alcançando, em 2025, relação à população economicamente ativa total. Esse coeficiente é
cerca de 32 milhões de pessoas com 60 anos ou mais de idade. calculado tomando por base a população de menos de 15 anos e a
O processo de transição demográfica no Brasil caracteriza-se de 60 e mais anos de idade em relação àquela considerada em ida-
pela rapidez com que o aumento absoluto e relativo das populações de produtiva (situada na faixa etária dos 15 aos 59 anos de idade).
adulta e idosa modificaram a pirâmide populacional. Até os anos 60, O processo de urbanização e a consequente modificação do
todos os grupos etários registravam um crescimento quase igual; a mercado de trabalho aceleraram a redistribuição da população en-
partir daí, o grupo de idosos passou a liderar esse crescimento. tre as zonas rural e urbana do País. Em 1930, dois terços da popula-
Nos países desenvolvidos, essa transição ocorreu lentamente, ção brasileira viviam na zona rural; hoje, mais de três quartos estão
realizando-se ao longo de mais de cem anos. Alguns desses países, em zona urbana. O emprego nas fábricas e as mais diferenciadas
hoje, apresentam um crescimento negativo da sua população, com possibilidades de trabalho nas cidades modificaram a estrutura
a taxa de nascimentos mais baixa que a de mortalidade. A transi- familiar brasileira, transformando a família extensa do campo na
ção acompanhou a elevação da qualidade de vida das populações família nuclear urbana. Com o aumento da expectativa de vida, as
urbanas e rurais, graças à adequada inserção das pessoas no mer- famílias passaram a ser constituídas por várias gerações, exigindo
cado de trabalho e de oportunidades educacionais mais favoráveis, os necessários mecanismos de apoio mútuo entre as que comparti-
além de melhores condições sanitárias, alimentares, ambientais e lham o mesmo domicílio.
de moradia. A família, tradicionalmente considerada o mais efetivo sistema
À semelhança de outros países latino-americanos, o envelhe- de apoio aos idosos, está passando por alterações decorrentes des-
cimento no Brasil é um fenômeno predominantemente urbano, re- sas mudanças conjunturais e culturais. O número crescente de di-
sultando, sobretudo do intenso movimento migratório iniciado na vórcios e segundo ou terceiro casamento, a contínua migração dos
década de 60, motivado pela industrialização desencadeada pelas mais jovens em busca de mercados mais promissores e o aumento
políticas desenvolvimentistas. no número de famílias em que a mulher exerce o papel de chefe
Esse processo de urbanização propiciou um maior acesso da são situações que precisam ser levadas em conta na avaliação do
população a serviços de saúde e saneamento, o que colaborou para suporte informal aos idosos na sociedade brasileira. Essas situações
a queda verificada na mortalidade. Possibilitou, também, um maior geram o que se convencionou chamar de intimidade à distância, em
acesso a de planejamento familiar e a métodos anticoncepcionais, que diferentes gerações ou mesmo pessoas de uma mesma família
levando a uma significativa redução da fecundidade. ocupam residências separadas.
A persistir a tendência de o envelhecimento como fenômeno Tem sido observada uma feminilização do envelhecimento no
urbano, as projeções para o início do século XXI indicam que 82% Brasil. O número de mulheres idosas, confrontado com o de ho-
dos idosos brasileiros estarão morando nas cidades. As regiões mais mens de mais de 60 anos de idade, já é superior há muito tempo.
urbanizadas, como a Sudeste e o Sul, ainda oferecem melhores Da mesma forma, a proporção de idosas em relação à popula-
possibilidades de emprego, disponibilidade de serviços públicos e ção total de mulheres supera aquela correspondente aos homens
oportunidades de melhor alimentação, moradia e assistência mé- idosos. No Brasil, desde 1950, as mulheres têm maior esperança de
dica e social. vida ao nascer, sendo que a diferença está ao redor de sete anos e
Embora grande parte das populações ainda viva na pobreza, meio.
nos países menos desenvolvidos, certas conquistas tecnológicas da De outra parte, o apoio aos idosos praticado no Brasil ainda
medicina moderna, verificadas nos últimos 60 anos – assepsia, va- é bastante precário. Por se tratar de uma atividade predominan-
cinas, antibióticos, quimioterápicos e exames complementares de temente restrita ao âmbito familiar, o cuidado ao idoso tem sido
diagnóstico, entre outros –, favoreceram a adoção de meios capa- ocultado da opinião pública, carecendo de visibilidade maior.
zes de prevenir ou curar muitas doenças que eram fatais até então. O apoio informal e familiar constitui um dos aspectos funda-
O conjunto dessas medidas provocou uma queda da mortalidade mentais na atenção à saúde desse grupo populacional Isso não sig-
infantil e, consequentemente, um aumento da expectativa de vida nifica, no entanto, que o Estado deixa de ter um papel preponde-
ao nascer. rante na promoção, proteção e recuperação da saúde do idoso nos
No Brasil, em 1900, a expectativa de vida ao nascer era de 33,7 três níveis de gestão do SUS, capaz de otimizar o suporte familiar
anos; nos anos 40, de 39 anos; em 50, aumentou para 43,2 anos sem transferir para a família a responsabilidade em relação a este
e, em 60, era de 55,9 anos. De 1960 para 1980, essa expectativa grupo populacional.
ampliou-se para 63,4 anos, isto é, foram acrescidos vinte anos em
três décadas, segundo revela o Anuário Estatístico do Brasil de 1982
(Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística/Fundação
IBGE).

101
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Além das transformações demográficas descritas anteriormen- • o índice de custo (custo de hospitalização por habitante/ano)
te, o Brasil tem experimentado uma transição epidemiológica, com foi de R$ 10,93 no segmento de 0-14 anos de idade, de R$ 18,48
alterações relevantes no quadro de morbimortalidade. As doenças no de 15-59 anos de idade e de R$ 55,25 no de mais de 60 anos de
infectocontagiosas que, em 1950, representavam 40% das mortes idade.
registradas no País, hoje são responsáveis por menos de 10% (RA-
DIS: “Mortalidade nas Capitais Brasileiras, 1930-1980”). O oposto Estudos têm demonstrado que o idoso, em relação às outras
ocorreu em relação às doenças cardiovasculares: em 1950, eram faixas etárias, consome muito mais recursos do sistema de saúde
responsáveis por 12% das mortes e, atualmente, representam mais e que este maior custo não reverte em seu benefício. O idoso não
de 40%. Em menos de 40 anos, o Brasil passou de um perfil de mor- recebe uma abordagem médica ou psicossocial adequada nos hos-
bimortalidade típico de uma população jovem, para um caracteri- pitais, não sendo submetido também a uma triagem rotineira para
zado por enfermidades crônicas, próprias das faixas etárias mais fins de reabilitação.
avançadas, com custos diretos e indiretos mais elevados. A abordagem médica tradicional do adulto hospitalizado – fo-
Essa mudança no perfil epidemiológico acarreta grandes des- cada em uma queixa principal e o hábito médico de tentar explicar
pesas com tratamentos médicos e hospitalares, ao mesmo tempo todas as queixas e os sinais por um único diagnóstico, que é ade-
em que se configura num desafio para as autoridades sanitárias, em quada no adulto jovem – não se aplica em relação ao idoso. Estudos
especial no que tange à implantação de novos modelos e métodos populacionais demonstram que a maioria dos idosos – 85% – apre-
para o enfrentamento do problema. O idoso consome mais serviços senta pelo menos uma doença crônica e que uma significativa mi-
de saúde, as internações hospitalares são mais frequentes e o tem- noria – 10% – possui, no mínimo, cinco destas patologias (Ramos,
po de ocupação do leito é maior do que o de outras faixas etárias. LR e cols, 1993). A falta de difusão do conhecimento geriátrico junto
Em geral, as doenças dos idosos são crônicas e múltiplas, perduram aos profissionais de saúde tem contribuído decisivamente para as
por vários anos e exigem acompanhamento médico e de equipes dificuldades na abordagem médica do paciente idoso.
multidisciplinares permanentes e intervenções contínuas. A maioria das instituições de ensino superior brasileiras ainda
Tomando-se por base os dados relativos à internação hospita- não está sintonizada com o atual processo de transição demográfica
lar pelo Sistema Único de Saúde – SUS –, em 1997, e a população e suas consequências médico-sociais. Há uma escassez de recursos
estimada pelo IBGE para este mesmo ano, pode-se concluir que o técnicos e humanos para enfrentar a explosão desse grupo popula-
idoso, em relação às outras faixas etárias, consome muito mais re- cional no terceiro milênio.
cursos de saúde. Naquele ano, o Sistema arcou com um total de O crescimento demográfico brasileiro tem características par-
12.715.568 de AIHs (autorizações de internações hospitalares), as- ticulares, que precisam ser apreendidas mediante estudos e dese-
sim distribuídas: nhos de investigação que deem conta dessa especificidade. O cui-
• 2.471.984 AIHs (19,4%) foram de atendimentos na faixa etá- dado de saúde destinado ao idoso é bastante caro, e a pesquisa
ria de 0-14 anos de idade, que representava 33,9% da população corretamente orientada pode propiciar os instrumentos mais ade-
total (aqui também estão incluídas as AIHs dos recém-nascidos em quados para uma maior eficiência na adoção de prioridades e na
ambiente hospitalar, bem como as devidas a parto normal); alocação de recursos, além de subsidiar a implantação de medidas
• 7.325.525 AIHs (57,6%) foram na faixa etária de 15-59 anos apropriadas à realidade brasileira.
de idade (58,2% da população total); A transição demográfica no Brasil exige, na verdade, novas
• 2.073.915 AIHs (16,3%) foram na faixa etária de 60 anos ou estratégias para fazer frente ao aumento exponencial do número
mais de idade (7,9% da população total); de idosos potencialmente dependentes, com baixo nível socioe-
• 480.040 AIHs (3,8%) foram destinadas ao atendimento de in- conômico, capazes de consumir uma parcela desproporcional de
divíduos de idade ignorada; essas hospitalizações, em sua grande recursos da saúde destinada ao financiamento de leitos de longa
maioria, corresponderam a tratamento de enfermidades mentais permanência.
de longa permanência, geralmente em pessoas acima de 50 anos A internação dos idosos em asilos, casas de repouso e simi-
de idade (essa parcela de AIHs foi excluída dos estudos em que se lares está sendo questionada até nos países desenvolvidos, onde
diferencia o impacto de cada faixa etária no sistema hospitalar); estes serviços alcançaram níveis altamente sofisticados em termos
• a taxa de hospitalização, em um ano, alcançou um total de 46 de conforto e eficiência. O custo desse modelo e as dificuldades
por 1.000 indivíduos na faixa etária de 0 a 14 anos de idade, 79 no de sua manutenção estão requerendo medidas mais resolutivas e
segmento de 15 a 59 anos de idade e 165 no grupo de 60 anos ou menos onerosas. O retorno ao modelo de cuidados domiciliares,
mais de idade; já bastante discutido, não pode ter como única finalidade baratear
• o tempo médio de permanência hospitalar foi de 5,1 dias custos ou transferir responsabilidades. A assistência domiciliar aos
para o grupo de 0-14 anos de idade, 5,1 dias no de 15-59 e 6,8 dias idosos, cuja capacidade funcional está comprometida, demanda de
no grupo mais idoso; orientação, informação e assessoria de especialistas.
• o índice de hospitalização (número de dias de hospitalização A maioria das doenças crônicas que acometem o indivíduo ido-
consumidos, por habitante, a cada ano) correspondeu a 0,23 dias so tem, na própria idade, seu principal fator de risco. Envelhecer
na faixa de 0-14 anos de idade; a 0,40 dias na faixa de 15-59; e a sem nenhuma doença crônica é mais exceção do que regra. No en-
1,12 dias na faixa de 60 anos ou mais de idade; tanto, a presença de uma doença crônica não significa que o idoso
• do custo total de R$ 2.997.402.581,29 com despesas de inter- não possa gerir sua própria vida e encaminhar o seu dia-a-dia de
nações hospitalares, 19,7% foram com pacientes da faixa etária de forma totalmente independente.
0-14 anos de idade, 57,1% da faixa de 15-59 anos de idade e 23,9% A maior parte dos idosos é, na verdade, absolutamente capaz
foram de idosos; de decidir sobre seus interesses e organizar-se sem nenhuma ne-
• o custo médio, por hospitalização, foi de R$ 238,67 em rela- cessidade de ajuda de quem quer que seja. Consoante aos mais
ção à faixa etária de 0-14 anos de idade, R$ 233,87 à de 15-59 anos modernos conceitos gerontológicos, esse idoso que mantém sua
e R$ 334,73 ao grupo de mais de 60 anos de idade; autodeterminação e prescinde de qualquer ajuda ou supervisão
para realizar-se no seu cotidiano deve ser considerado um idoso
saudável, ainda que seja portador de uma ou mais de uma doença
crônica.

102
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Decorre daí o conceito de capacidade funcional, ou seja, a ca- Propósito


pacidade de manter as habilidades físicas e mentais necessárias Como se pode depreender da análise apresentada no capítulo
para uma vida independente e autônoma. Do ponto de vista da saú- anterior, o crescimento demográfico da população idosa brasileira
de pública, a capacidade funcional surge como um novo conceito exige a preparação adequada do País para atender às demandas
de saúde, mais adequado para instrumentalizar e operacionalizar a das pessoas na faixa etária de mais de 60 anos de idade. Essa prepa-
atenção à saúde do idoso. Ações preventivas, assistenciais e de re- ração envolve diferentes aspectos que dizem respeito desde a ade-
abilitação devem objetivar a melhoria da capacidade funcional ou, quação ambiental e o provimento de recursos materiais e humanos
no mínimo, a sua manutenção e, sempre que possível, a recupera- capacitados, até a definição e a implementação de ações de saúde
ção desta capacidade que foi perdida pelo idoso. Trata-se, portanto, específicas.
de um enfoque que transcende o simples diagnóstico e tratamento Acresce-se, por outro lado, a necessidade de a sociedade en-
de doenças específicas. tender que o envelhecimento de sua população é uma questão que
A promoção do envelhecimento saudável e a manutenção da extrapola a esfera familiar e, portanto, a responsabilidade indivi-
máxima capacidade funcional do indivíduo que envelhece pelo dual, para alcançar o âmbito público, neste compreendido o Esta-
maior tempo possível – foco central desta Política –, significa a va- do, as organizações não governamentais e os diferentes segmentos
lorização da autonomia ou autodeterminação e a preservação da sociais.
independência física e mental do idoso. Tanto as doenças físicas Nesse sentido, a presente Política Nacional de Saúde do Idoso
quanto as mentais podem levar à dependência e, consequentemen- tem como propósito basilar a promoção do envelhecimento saudá-
te, à perda da capacidade funcional. vel, a manutenção e a melhoria, ao máximo, da capacidade funcio-
Na análise da questão relativa à reabilitação da capacidade fun- nal dos idosos, a prevenção de doenças, a recuperação da saúde
cional, é importante reiterar que a grande maioria dos idosos de- dos que adoecem e a reabilitação daqueles que venham a ter a sua
senvolve, ao longo da vida, algum tipo de doença crônica decorren- capacidade funcional restringida, de modo a garantir-lhes perma-
te da perda continuada da função de órgãos e aparelhos biológicos. nência no meio em que vivem, exercendo de forma independente
Essa perda de função pode ou não levar a limitações funcionais que, suas funções na sociedade.
por sua vez, podem gerar incapacidades, conduzindo, em última Para tanto, nesta Política estão definidas as diretrizes que de-
instância, à dependência da ajuda de outrem ou de equipamentos vem nortear todas as ações no setor saúde, e indicadas às respon-
específicos para a realização de tarefas essenciais à sobrevivência sabilidades institucionais para o alcance do propósito acima expli-
no dia a dia. citado. Além disso, orienta o processo contínuo de avaliação que
Estudos populacionais revelam que cerca de 40% dos indivídu- deve acompanhar o desenvolvimento da Política Nacional de Saúde
os com 65 anos ou mais de idade precisam de algum tipo de ajuda do Idoso, mediante o qual deverá ser possível os eventuais redi-
para realizar pelo menos uma tarefa do tipo fazer compras, cuidar mensionamentos que venham a ser ditados pela prática.
das finanças, preparar refeições e limpar a casa. Uma parcela me-
nor, mas significativa – 10% –, requer auxílio para realizar tarefas A implementação desta Política compreende a definição e ou
básicas, como tomar banho, vestir-se, ir ao banheiro, alimentar-se readequação de planos, programas, projetos e atividades do setor
e, até, sentar e levantar de cadeiras e camas (Ramos, L. R. e cols., saúde, que direta ou indiretamente se relacionem com o seu obje-
1993). É imprescindível que, na prestação dos cuidados aos idosos, to.
as famílias estejam devidamente orientadas e relação às atividades O esforço conjunto de toda a sociedade, aqui preconizado, im-
de vida diária (AVDs). plica o estabelecimento de uma articulação permanente que, no
Tanto a dependência física quanto a mental constituem fatores âmbito do SUS, envolve a construção de contínua cooperação entre
de risco significativos para mortalidade, mais relevantes até que as o Ministério da Saúde e as Secretarias Estaduais e Municipais de
próprias doenças que levaram à dependência, visto que nem todo Saúde.
doente torna-se dependente, conforme revelam estudos popula-
cionais de segmentos de idosos residentes em diferentes comuni- Diretrizes
dades (Ramos, L. R. e cols., 1993). No entanto, nem todo depen- Para o alcance do propósito desta Política Nacional de Saúde
dente perde sua autonomia e, neste sentido, a dependência mental do Idoso, são definidas como diretrizes essenciais:
deve ser objeto de atenção especial, na medida em que leva, com • a promoção do envelhecimento saudável;
muito mais frequência, à perda de autonomia. • a manutenção da capacidade funcional;
Doenças como depressão e demência já estão, em todo mun- • a assistência às necessidades de saúde do idoso;
do, entre as principais causas de anos vividos com incapacidade, • a reabilitação da capacidade funcional comprometida;
exatamente por conduzirem à perda da independência e, quase • a capacitação de recursos humanos especializados;
que necessariamente, à perda da autonomia. • o apoio ao desenvolvimento de cuidados informais;
Os custos gerados por essa dependência são tão grandes quan- • o apoio a estudos e pesquisas.
to o investimento de dedicar um membro da família ou um cuida-
dor para ajudar continuamente uma pessoa que, muitas vezes, irá Promoção do Envelhecimento Saudável
viver mais 10 ou 20 anos, requerendo uma atenção que, não raro, O cumprimento dessa diretriz compreenderá o desenvolvimen-
envolve leitos hospitalares e institucionais, procedimentos diagnós- to de ações que orientem os idosos e os indivíduos em processo
ticos caros e sofisticados, bem como o consenso frequente de uma de envelhecimento quanto à importância da melhoria constante de
equipe multiprofissional e interdisciplinar, capaz de fazer frente à suas habilidades funcionais, mediante a adoção precoce de hábi-
problemática multifacetada do idoso. tos saudáveis de vida e a eliminação de comportamentos nocivos
Dentro desse contexto é que são estabelecidas novas priori- à saúde.
dades dirigidas a esse grupo populacional, que deverão nortear as
ações em saúde nesta virada de século.

103
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Entre os hábitos saudáveis, deverão ser destacados, por exem- No segundo nível da manutenção da capacidade funcional,
plo, a alimentação adequada e balanceada; a prática regular de além do reforço das ações dirigidas à detecção precoce de enfer-
exercícios físicos; a convivência social estimulante; e a busca, em midades não transmissíveis – como a hipertensão arterial, a dia-
qualquer fase da vida, de uma atividade ocupacional prazerosa e betes milito e a osteoporose –, deverão ser introduzidas as novas
de mecanismos de atenuação do estresse. Em relação aos hábitos medidas, de que são exemplos aquelas dirigidas ao hipotireoidismo
nocivos, merecerão destaque o tabagismo, o alcoolismo e a auto- subclínico – ainda pouco usuais e carentes de sistematização –, me-
medicação. diante o desenvolvimento de atividades específicas, entre as quais
Tais temas serão objeto de processos educativos e informa- destacam se:
tivos continuados, em todos os níveis de atuação do SUS, com a • antecipação de danos sensoriais, com o rastreio precoce de
utilização dos diversos recursos e meios disponíveis, tais como: dis- danos auditivos, visuais e propioceptivos;
tribuição de cartilhas e folhetos, bem como o desenvolvimento de • utilização dos protocolos próprios para situações comuns en-
campanhas em populares de rádio; veiculação de filmetes na tele- tre os idosos, tais como riscos de queda, alterações do humor e
visão; treinamento de agentes comunitários de saúde e profissio- perdas cognitivas;
nais integrantes da estratégia de saúde da família para, no trabalho • prevenção de perdas dentárias e de outras afecções da cavi-
domiciliar, estimular os cidadãos na adoção de comportamentos dade bucal;
saudáveis. • prevenção de deficiências nutricionais;
Ênfase especial será dada às orientações dos idosos e seus • avaliação das capacidades e habilidades funcionais no am-
familiares quanto aos riscos ambientais, que favorecem quedas e biente domiciliar, com vistas à prevenção de perda de independên-
que podem comprometer a capacidade funcional destas pessoas. cia e autonomia;
Deverão ser garantidas aos idosos, assim como aos portadores de • prevenção do isolamento social, com a criação ou uso de
deficiência, condições adequadas de acesso aos espaços públicos, oportunidades sociais, como clubes, grupos de convivência, asso-
tais como rampas, corrimões e outros equipamentos facilitadores. ciação de aposentados etc.

Manutenção da Capacidade Funcional A operacionalização da maioria dessas medidas dar-se-á nas


Ao lado das medidas voltadas à promoção de hábitos saudá- próprias unidades de saúde, com suas equipes mínimas tradicio-
veis, serão promovidas ações que visem à prevenção de perdas fun- nais, às quais deverão ser incorporados os agentes de saúde ou
cionais, em dois níveis específicos: visitadores, além do estabelecimento de parcerias nas ações inte-
• prevenção de agravos à saúde; grantes da estratégia de saúde da família e outras congêneres. Além
• detecção precoce de problemas de saúde potenciais ou já disso, na implementação dessa diretriz, buscar-se-á o engajamento
instalados, cujo avanço poderá pôr em risco as habilidades e a au- efetivo dos grupos de convivência, com possibilidades tanto tera-
tonomia dos idosos. pêuticas e preventivas, quanto de lazer.

As ações de prevenção envolvidas no primeiro nível estarão Assistência às necessidades de saúde do idoso
centradas na aplicação de vacinas, medida já consolidada para a A prestação dessa assistência basear-se-á nas orientações abai-
infância, mas com prática ainda limitada e recente entre idosos. xo descritas, as quais compreendem os âmbitos ambulatorial, hos-
Deverão ser aplicadas as vacinas contra o tétano, a pneumonia pitalar e domiciliar.
pneumocócica e a influenza, que representam problemas sérios en- No âmbito ambulatorial, a consulta geriátrica constituirá a base
tre os idosos no Brasil e que são as preconizadas pela Organização dessa assistência. Para tal, deverá ser estabelecido um modelo es-
Mundial da Saúde – OMS – para este grupo populacional. pecífico, de modo a alcançar-se um impacto expressivo na assistên-
A grande maioria das hospitalizações para o tratamento do té- cia, em particular na redução das taxas de internação hospitalar e
tano ocorre em indivíduos acima dos 60 anos de idade. Nesse sen- em clínicas de repouso – e mesmo asilos –, bem como a diminuição
tido, essa população será estimulada a fazer doses de reforço da va- da demanda aos serviços de emergência e aos ambulatórios de es-
cina antitetânica a cada dez anos, tendo em vista a sua comprovada pecialidades. A consulta geriátrica deverá ser fundamentada na co-
efetividade, a qual alcança quase os 100%. leta e no registro de informações que possam orientar o diagnóstico
As pneumonias, em especial a de origem pneumocócica, es- a partir da caracterização de problemas e o tratamento adequado,
tão entre as patologias infecciosas que mais trazem riscos à saúde com a utilização rotineira de escalas de rastreamento para depres-
dos idosos, com altas taxas de internação, além de alta letalidade são, perda cognitiva e avaliação da capacidade funcional, assim
nesta faixa etária. São apontadas como fatores de descompensação como o correto encaminhamento para a equipe multiprofissional
funcional de piora dos quadros de insuficiência cardíaca, desenca- e interdisciplinar.
deadoras de edema agudo de pulmão e fonte de deterioração nos Considerando que a qualidade da coleta de dados apresenta di-
quadros de doenças pulmonares obstrutivas crônicas. Levando em ficuldades peculiares a esse grupo etário, em decorrência de eleva-
conta as recomendações técnicas atuais, a vacina antipneumocó- do índice de morbidade, apresentações atípicas de doenças e pela
cica deverá ser administrada em dose única nos indivíduos idosos. chance aumentada de iatrogenia, o modelo de consulta a ser esta-
Embora vista como enfermidade trivial, a influenza – ou gripe belecido pautar-se-á pela abrangência, sensibilidade diagnostica e
–, no grupo dos idosos, pode trazer consequências graves, levan- orientação terapêutica, nesta incluídas ações não farmacológicas.
do a processos pneumônicos ou, ainda, à quebra do equilíbrio, já A abrangência do modelo de consulta geriátrica compreende-
instável, destes indivíduos, portadores de patologias crônicas não rá a incorporação de informações que permitam a identificação de
transmissíveis. A vacina antigripal deverá ser aplicada em todos os problemas não apenas relacionados aos sistemas cardiorrespirató-
idosos, pelo menos duas semanas antes do início do inverno ou do rio, digestivo, hematológico e endócrino-metabólico, como, tam-
período das chuvas nas regiões mais tropicais. bém, aos transtornos neuropsiquiátricos, nos aparelhos locomotor
e geniturinário.
Essa forma de consulta deverá possibilitar a sensibilização do
profissional para questões sociais eventualmente envolvidas no
bem-estar do paciente.

104
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Por sua vez, a sensibilidade diagnóstica deverá implicar a ca- sidade terapêutica – hidratação, uso de medicação endovenosa,
pacidade de motivar a equipe para a busca de problemas de ele- quimioterapia e reabilitação – e de orientação para cuidadores não
vada prevalência, que não são comumente diagnosticados, como justificarem a permanência em hospital.
por exemplo: doenças tireoidianas, doença de Parkinson, hipoten- Tal medida não poderá ser encarada como justificativa para o
são ortostática, incontinência urinária, demências e depressões. É simples aumento do tempo de internação. Contudo, a internação
importante que informações relacionadas a glaucoma, catarata e de idosos em UTI, em especial daqueles com idade igual ou superior
hipoacusia sejam coletadas. A possibilidade de iatrogenia sempre a 75 anos, deverá obedecer rigorosamente os critérios adotados em
deverá ser considerada. todas as faixas etárias, de potencial de reversibilidade do estado
Finalmente, a orientação terapêutica, incluindo mudanças de clínico e não a sua gravidade, quando reconhecidamente irrecupe-
estilo de vida, deverá possibilitar que a consulta geriátrica enfren- rável.
te os problemas identificados, levando a alguma forma de alívio e A implantação de forma diferenciada de assistência ao idoso
atenuação do impacto funcional. Ao mesmo tempo, o médico de- dependente será gradual, priorizando-se hospitais universitários e
verá evitar excessos na prescrição e uso de fármacos com elevado públicos estatais.
potencial iatrogênico. Uma questão que deverá ser considerada refere-se ao fato de
que o idoso tem direito a um atendimento preferencial nos órgãos
A orientação terapêutica compreenderá, sempre que neces- estatais e privados de saúde (ambulatórios, hospitais, laboratórios,
sário, informações aos pacientes e seus acompanhantes sobre as planos de saúde, entre outros), na conformidade do que estabe-
medidas de prevenção dos agravos à saúde e acerca das ações de lece a Lei N.º 8.842/94, em seu Art. 4º, inciso VIII, e o Art. 17, do
reabilitação precoce – ou “preventiva” – e corretiva, levando em Decreto N.º 1.948/96, que a regulamentou. O idoso terá também
conta, da melhor maneira possível, o ambiente em que vivem e as uma autorização para acompanhante familiar em hospitais públicos
condições sociais que dispõem. e privados – conveniados ou contratados – pelo SUS.
Já no âmbito hospitalar, a assistência a esse grupo populacional Na relação entre o idoso e os profissionais de saúde, um dos
deverá considerar que a idade é um indicador precário na determi- aspectos que deverá sempre ser observado diz respeito à possibili-
nação das características especiais do idoso enfermo hospitalizado. dade de maus-tratos, quer por parte da família, quer por parte do
Nesse sentido, o estado funcional constituirá o parâmetro mais cuidador ou mesmo destes profissionais. É importante que o idoso
fidedigno para o estabelecimento de critérios específicos de aten- saiba identificar posturas e comportamentos que significam maus-
dimento. -tratos, bem como os fatores de risco neles envolvidos. Esses maus-
Assim, os pacientes classificados como totalmente dependen- tratos podem ser por negligência – física, psicológica ou financeira
tes constituirão o grupo mais sujeito a internações prolongadas, –, por abuso – físico, psicológico ou financeiro – ou por violação dos
reinternações sucessivas e de pior prognóstico e que, por isso, se direitos pessoais. O profissional de saúde, o idoso e a família, quan-
enquadram no conceito de vulnerabilidade. Os serviços de saúde do houver indícios de maus-tratos, deverá denunciar a sua suspeita
deverão estar preparados para identificar esses pacientes, proven- às autoridades competentes.
do-lhes uma assistência diferenciada. Considerando que a vulnerabilidade à perda de capacidade
Essa assistência será pautada na participação de outros profis- está ligada a aspectos socioeconômicos, atenção especial deverá
sionais, além de médicos e enfermeiros, tais como fisioterapeutas, ser concedida aos grupos de idosos que estão envelhecendo em
assistentes sociais, psicólogos, terapeutas ocupacionais, fonoaudió- condições mais desfavoráveis, de que são exemplos aqueles resi-
logos, dentistas e nutricionistas. Dessa forma, a disponibilidade de dentes na periferia dos grandes centros urbanos e os que vivem nas
equipe mínima, que deve incluir obrigatoriamente um médico com zonas rurais desprovidas de recursos de saúde e assistência social,
formação em geriatria, de equipamentos e de serviços adequados, onde também se observa uma intensa migração da população jo-
vem.
será pré-requisito para as instituições públicas estatais ou privadas
– conveniadas ou contratadas pelo SUS –, que prestarem assistência
Reabilitação da capacidade funcional comprometida
a idosos dependentes internados.
As ações nesse contexto terão como foco especial a reabili-
Idosos com graves problemas de saúde, sem possibilidade de
tação precoce, mediante a qual buscar-se-á prevenir a evolução e
recuperação ou de recuperação prolongada, poderão demandar in-
recuperar a perda funcional incipiente, de modo a evitar-se que as
ternação hospitalar de longa permanência; forma esta definida na
limitações da capacidade funcional possam avançar e que aquelas
Portaria N.º 2.413, editada em 23 de março de 1998. No entanto,
limitações já avançadas possam ser amenizadas. Esse trabalho en-
esses pacientes deverão ser submetidos à tentativa de reabilitação
volverá as práticas de um trabalho multiprofissional de medicina,
antes e durante a hospitalização, evitando-se que as enfermarias enfermagem, fisioterapia, terapia ocupacional, nutrição, fonoau-
sejam transformadas em locais de acomodação para pacientes ido- diologia, psicologia e serviço social.
sos com problemas de saúde não resolvidos e, por conseguinte, Na definição e na implementação das ações, será levado em
aumentando a carga de sofrimento do próprio idoso, bem como o conta que, na realidade, as causas de dependência são, em sua
aumento dos custos dos serviços de saúde. maioria, evitáveis e, em muitos casos, reversíveis por intermédio
Entre os serviços alternativos à internação prolongada, deverá de técnicas de reabilitação física e mental, tão mais efetivas quanto
estar incluída, obrigatoriamente, a assistência domiciliar. A adoção mais precocemente forem instituídas.
de tal medida constituirá estratégia importante para diminuir o Além da necessidade de prevenir as doenças crônicas que aco-
custo da internação, uma vez que assistência domiciliar é menos metem aos que envelhecem, procurar-se-á, acima de tudo, evitar
onerosa do que a internação hospitalar. O atendimento ao idoso que estas enfermidades alijem o idoso do convívio social, compro-
enfermo, residente em instituições – como, por exemplo, asilos –, metendo sua autonomia.
terá as mesmas características da assistência domiciliar Deverá ser No conjunto de ações que devem ser implementadas nesse
estimulada, por outro lado, a implantação do hospital-dia geriátri- âmbito, estão aquelas relacionadas à reabilitação mediante a pres-
co, uma forma intermediária de atendimento entre a internação crição adequada e o uso de órteses e próteses como, por exemplo,
hospitalar e a assistência domiciliar. Esse serviço terá como objetivo óculos, aparelhos auditivos, próteses dentárias e tecnologias assis-
viabilizar a assistência técnica adequada para pacientes cuja neces- tivas (como andador, bengala, etc.).

105
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Essas e as outras ações que vierem a ser definidas deverão es- Apoio ao Desenvolvimento de Cuidados Informais
tar disponíveis em todos os níveis de atenção ao idoso, principal- Nesse âmbito, buscar-se-á desenvolver uma parceria entre os
mente nos postos e centros de saúde, com vistas à detecção pre- profissionais da saúde e as pessoas próximas aos idosos, responsá-
coce e o tratamento de pequenas limitações funcionais capazes de veis pelos cuidados diretos necessários às suas atividades da vida
levar a uma grave dependência. diária e pelo seguimento das orientações emitidas pelos profissio-
A detecção precoce e o tratamento de pequenas limitações nais. Tal parceria, como mostram estudos e pesquisas sobre o en-
funcionais, potenciais causas de formas graves de dependência, velhecimento em dependência, configura a estratégia mais atual e
integrarão as atribuições dos profissionais e técnicos que atuam menos onerosa para manter e promover a melhoria da capacidade
nesses níveis de atenção, e deverão ser alvo de orientação aos cui- funcional das pessoas que se encontram neste processo.
dadores dos idosos para que possam colaborar com os profissionais Nos países aonde o envelhecimento da população vem ocor-
da saúde, sobretudo na condição de agentes facilitadores, tanto na rendo há mais tempo, convencionou-se que há cuidados formais
observação de novas limitações, quanto no auxílio ao tratamento e informais na atenção às pessoas que envelheceram e que, de
prescrito. alguma forma, perderam a sua capacidade funcional. Os sistemas
formais de cuidados são integrados por profissionais e instituições,
Capacitação de recursos humanos especializados que realizam este atendimento sob a forma de prestação de servi-
O desenvolvimento e a capacitação de recursos humanos cons- ço.
tituem diretriz que perpassará todas as demais definidas nesta Dessa forma, os cuidados são prestados por pessoa ou agên-
Política, configurando mecanismo privilegiado de articulação Inter cias comunitárias contratadas para tal. Já os sistemas informais são
setorial, de forma que o setor saúde possa dispor de pessoal em constituídos por pessoas da família, amigos próximos e vizinhos,
qualidade e quantidade adequadas, e cujo provimento é de respon- frequentemente mulheres, que exercem tarefas de apoio e cuida-
sabilidade das três esferas de governo. dos voluntários para suprir a incapacidade funcional do seu idoso.
Esse componente deverá merecer atenção especial, sobretudo Na cultura brasileira, são essas pessoas que assumem para si
no tocante ao que define a Lei N.º 8.080/90, em seu Art. 14 e pa- as funções de provedoras de cuidados diretos e pessoais. O papel
rágrafo único, nos quais está estabelecido que a formação e a edu- de mulher cuidadora na família é normativo, sendo quase sempre
cação continuada contemplarão ação Inter setorial articulada. A lei esperado que ela assuma tal papel. Os responsáveis pelos cuidados
estabelece, como mecanismo fundamental, a criação de comissão diretos aos seus idosos doentes ou dependentes geralmente resi-
permanente de integração entre os serviços de saúde e as institui- dem na mesma casa e se incumbem de prestar a ajuda necessária
ções de ensino profissional e superior, com a finalidade de “propor ao exercício das atividades diárias destes idosos, tais como higiene
prioridades, métodos e estratégias”. pessoal, medicação de rotina, acompanhamento aos serviços de
O trabalho articulado com o Ministério da Educação e as insti- saúde ou outros serviços requeridos no cotidiano, por exemplo ida
tuições de ensino superior deverão ser viabilizados por intermédio a bancos ou farmácias.
dos Centros Colaboradores de Geriatria e Gerontologia tendo em O modelo de cuidados domiciliares, antes restrito à esfera pri-
vista a capacitação de recursos humanos em saúde de acordo com vada e à intimidade das famílias, não poderá ter como única finali-
as diretrizes aqui fixadas. dade baratear custos ou transferir responsabilidades. A assistência
Os Centros Colaboradores de Geriatria e Gerontologia serão, domiciliar aos idosos cuja capacidade funcional está comprometida
preferencialmente, localizados em instituições de ensino superior demanda orientação, informação e assessoria de especialistas.
e terão atribuições específicas, conforme as características de cada Para o desempenho dos cuidados a um idoso dependente, as
instituição. A indicação desses Centros deverá ser estabelecida pelo pessoas envolvidas deverão receber dos profissionais de saúde os
Ministério da Saúde, de acordo com as necessidades identificadas esclarecimentos e as orientações necessárias, inclusive em relação
no processo de implantação desta Política Nacional No âmbito da à doença crônico-degenerativa com a qual está eventualmente li-
execução de ações, de forma mais específica, a capacitação busca- dando, bem como informações sobre como acompanhar o trata-
rá preparar os recursos humanos para a operacionalização de um mento prescrito.
elenco básico de atividades, que incluirá, entre outras, a prevenção
de perdas, a manutenção e a recuperação da capacidade funcional Essas pessoas deverão, também, receber atenção médica pes-
da população idosa e o controle dos fatores que interferem no esta- soal, considerando que a tarefa de cuidar de um adulto dependente
do de saúde desta população. é desgastante e implica riscos à saúde do cuidador. Por conseguinte,
A capacitação de pessoal para o planejamento, coordenação a função de prevenir perdas e agravos à saúde abrangerá, igualmen-
e avaliação de ações deverá constituir as bases para o desenvolvi- te, a pessoa do cuidador.
mento do processo contínuo de articulação com os demais setores, Assim, a parceria entre os profissionais de saúde e as pessoas
cujas ações estão diretamente relacionadas com o idoso no âmbito que cuidam dos idosos deverá possibilitar a sistematização das tare-
do setor saúde. fas a serem realizadas no próprio domicílio, privilegiando-se aquelas
Essa capacitação será promovida pelos Centros Colaboradores relacionadas à promoção da saúde, à prevenção de incapacidades e
de Geriatria e Gerontologia, os quais terão a função específica de à manutenção da capacidade funcional do idoso dependente e do
capacitar os profissionais para prestar a devida cooperação técnica seu cuidador, evitando-se, assim, na medida do possível, hospitali-
demandada pelas demais esferas de gestão, no sentido de uniformi- zações, asilamentos e outras formas de segregação e isolamento.
zar conceitos e procedimentos que se tornarão indispensáveis para Dessa parceria, deverão resultar formas mais efetivas e efi-
a efetivação desta Política Nacional de Saúde do Idoso, bem como cazes de manutenção e de recuperação da capacidade funcional,
para o seu processo contínuo de avaliação e acompanhamento. assim como a participação mais adequada das pessoas envolvidas
com alguém em processo de envelhecimento com dependência.
O estabelecimento dessa ação integrada será realizado por meio
de orientações a serem prestadas pelos profissionais de saúde, do
intercâmbio de informações claras e precisas sobre diagnósticos e
tratamentos, bem como relatos de experiências entre pessoas que
estão exercitando o papel de cuidar de idoso dependente.

106
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Apoio a Estudos e Pesquisas Nesse sentido, os gestores do SUS deverão estabelecer, em


Esse apoio deverá ser levado a efeito pelos Centros Colabo- suas respectivas áreas de abrangência, processos de articulação
radores de Geriatria e Gerontologia, resguardadas, nas áreas de permanente, visando o estabelecimento de parcerias e a integra-
conhecimento de suas especialidades, as particularidades de cada ção institucional que viabilizem a consolidação de compromissos
um. multilaterais efetivos. Será buscado, igualmente, a participação de
Esses Centros deverão se equipar, com o apoio financeiro das diferentes segmentos da sociedade, que estejam direta ou indireta-
agências de ciência e tecnologia regionais e ou federais, para orga- mente relacionadas com a presente Política.
nizar o seu corpo de pesquisadores e atuar em uma ou mais de uma
linha de pesquisa. Tais grupos incumbir-se-ão de gerar informações Articulação Intersetorial
com o intuito de subsidiar as ações de saúde dirigidas à população No âmbito federal, o Ministério da Saúde buscará estabelecer,
de mais de 60 anos de idade, em conformidade com esta Política. em especial, articulação com as instâncias a seguir apresentadas,
Caberá ao Ministério da Saúde e ao Ministério Ciência Tecnologia, para as quais estão identificadas as medidas essenciais, segundo as
em especial, o papel de articuladores, com vistas a garantir a efeti- suas respectivas competências.
vidade de ações programadas de estudos e pesquisas desta Política
Nacional de Saúde do Idoso. Ministério da Educação
As linhas de pesquisa deverão concentrar-se em quatro gran-
des tópicos de produção de conhecimentos sobre o envelhecimen- A parceria com esse Ministério buscará, sobretudo:
to no Brasil, contemplando as particularidades de gênero e extratos • a difusão, junto às instituições de ensino e seus alunos, de
sociais nas zonas urbanas e rurais. informações relacionadas à promoção da saúde dos idosos e à pre-
O primeiro tópico refere-se a estudos de perfil do idoso, nas venção ou recuperação de suas incapacidades;
diferentes regiões do País, e prevalência de problemas de saúde, • a adequação de currículos, metodologias e material didático
incluindo dados sociais, nas formas de assistência e seguridade, de formação de profissionais na área da saúde, visando o atendi-
situação financeira e apoios formais e informais. Nesse contexto, mento das diretrizes fixadas nesta Política;
será estimulada a sistematização das informações produzidas pelos • o incentivo à criação de Centros Colaboradores de Geriatria e
Centros Colaboradores de Geriatria e Gerontologia, em articulação Gerontologia nas instituições de ensino superior, que deverão atuar
com os dados das agências governamentais, particularmente aque- de forma integrada com o SUS e os órgãos estaduais e municipais
las que lidam com estudos demográficos e populacionais. de assistência social, mediante o estabelecimento de referência e
No segundo tópico, deverão estar concentrados estudos vi- contra referência de ações e serviços para o atendimento integral
sando a avaliação da capacidade funcional; prevenção de doenças, dos idosos e a capacitação de equipes multiprofissionais e interdis-
vacinações; estudos de seguimento; e desenvolvimento de instru- ciplinares, visando a qualificação contínua do pessoal de saúde nas
mentos de rastreamento. áreas de gerência, planejamento, pesquisa e assistência ao idoso;
O terceiro tópico diz respeito aos estudos de modelos de cui- • o estímulo e apoio à realização de estudos que contemplem
dado, na assessoria para a implementação e no acompanhamento as quatro linhas de pesquisa definidas como prioritárias por esta
e na avaliação das intervenções. Política, visando o desenvolvimento de um sistema de informação
O quarto tópico concentrar-se-á em estudos sobre a hospita- sobre esta população, que subsidie o planejamento, execução e
lização e alternativas de assistência hospitalar, com vistas à maior avaliação das ações de promoção, proteção, recuperação e reabi-
eficiência e à redução dos custos no ambiente hospitalar. Para tal, litação;
a padronização de protocolos para procedimentos clínicos, exames • a discussão e a readequação de currículos e de ensino nas
complementares mais sofisticados e medicamentos deverão consti- instituições de ensino superior abertas para a terceira idade, conso-
tuir pontos prioritários. antes às diretrizes fixadas nesta Política.

Comporão, ainda, esse último tópico estudos sobre orientação Ministério da Previdência e Assistência Social
e cuidados aos idosos, alta hospitalar e diferentes alternativas de
assistência – como assistência domiciliar, centro-dia, já utilizados A parceria buscará principalmente:
em outros países –, bem como investigações acerca de formas de • a realização de estudos e pesquisas epidemiológicas, junto
articulação de informações básicas em geriatria e gerontologia para aos seus segurados, relativos às doenças e agravos mais prevalen-
os profissionais de todas as especialidades. tes nesta faixa etária, sobretudo quanto aos seus impactos no in-
divíduo, na família, na sociedade, na previdência social e no setor
Responsabilidades Institucionais saúde;
Caberá aos gestores do SUS, de forma articulada e na confor- • a elaboração de programa de trabalho conjunto direcionado
midade de suas atribuições comuns e específicas, prover os meios aos idosos segurados, consoante às diretrizes fixadas nesta Política.
e atuar de modo a viabilizar o alcance do propósito desta Política • Secretaria de Estado da Assistência Social
Nacional de Saúde do Idoso, que é a promoção do envelhecimento • A parceria com essa Secretaria terá por finalidade principal-
saudável, a manutenção e a melhoria, ao máximo, da capacidade mente:
funcional dos idosos, a prevenção de doenças, a recuperação da • a difusão, junto aos seus serviços e àqueles sob a sua supervi-
saúde dos que adoecem e a reabilitação daqueles que venham a ter são, de informações relativas à preservação da saúde e à prevenção
a sua capacidade funcional restringida. ou recuperação de incapacidades;
Considerando, por outro lado, as diretrizes aqui definidas para • a adequação, na conformidade das diretrizes aqui estabele-
a consecução do propósito fixado, cuja observância implica o de- cidas, de seus cursos de treinamento ou capacitação de profissio-
senvolvimento de um amplo conjunto de ações, entre as quais figu- nais que atuam nas unidades próprias, conveniadas ou sob a sua
rarão aquelas compreendidas no processo de promoção da saúde supervisão;
e que, por isso mesmo, irão requerer o compartilhamento de res- • a promoção da formação e o acompanhamento de grupos de
ponsabilidades específicas tanto no âmbito interno do setor saúde, autoajuda aos idosos, referentes às doenças e agravos mais comuns
quanto no contexto de outros setores. nesta faixa etária;

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

• o apoio à criação de Centros Colaboradores de Geriatria e Ministério da Ciência e Tecnologia


Gerontologia nas instituições de ensino superior, que devem atuar Buscar-se-á, por intermédio do Conselho Nacional de Desen-
de forma integrada com o SUS e os órgãos estaduais e municipal volvimento Científico e Tecnológico – CNPq –, o fomento à pesquisa
de assistência social, mediante o estabelecimento de referência e na área de geriatria e gerontologia contemplando, preferencial-
contra referência de ações e serviços para o atendimento integral mente, as linhas de estudo definidas nesta Política.
de idosos e o treinamento de equipes multiprofissionais e interdis-
ciplinares, visando a capacitação contínua do pessoal de saúde nas Responsabilidades do Gestor Federal – Ministério da Saúde
áreas de gerência, planejamento, pesquisa e assistência ao idoso; • Implementar, acompanhar e avaliar a operacionalização des-
• o apoio à realização de estudos epidemiológicos para detec- ta Política Nacional de Saúde do Idoso, bem como os planos, pro-
ção dos agravos à saúde da população idosa, visando o desenvolvi- gramas, projetos e atividades dela decorrentes.
mento de sistema de informação sobre esta população, destinado • Promover a revisão e o aprimoramento das normas de fun-
a subsidiar o planejamento, a execução e a avaliação das ações de cionamento de instituições geriátricas e similares (Portaria 810/89).
promoção, proteção, recuperação e reabilitação; • Elaborar e acompanhar o cumprimento de normas relativas
• a promoção da observância das normas relativas à criação aos serviços geriátricos hospitalares.
e ao funcionamento de instituições gerontológicas e similares, nas • Designar e apoiar os Centros Colaboradores de Geriatria e
unidades próprias e naquelas sob a sua supervisão. Gerontologia, preferencialmente localizados em instituições de en-
sino superior envolvidos na capacitação de recursos humanos em
Ministério do Trabalho e Emprego saúde do idoso e ou na produção de material científico, bem como
• Com esse Ministério, a parceria a ser estabelecida visará, em em pesquisa nas áreas prioritárias do envelhecimento e da atenção
especial: a este grupo populacional.
• a elaboração e a implementação de de preparo para futuros • Apoiar estudos e pesquisas definidos como prioritários nesta
aposentados nos setores públicos e privados; Política visando a ampliar o conhecimento sobre o idoso e a subsi-
• a melhoria das condições de emprego do idoso, compreen- diar o desenvolvimento das ações decorrentes desta Política.
dendo: a eliminação das discriminações no mercado de trabalho e
a criação de condições que permitam a inserção do idoso na vida • Promover a cooperação das Secretarias Estaduais e Muni-
socioeconômica das comunidades. cipais de Saúde com os Centros Colaboradores de Geriatria e Ge-
rontologia com vistas à capacitação de equipes multiprofissionais e
Secretaria de Estado do Desenvolvimento Urbano interdisciplinares.
Será estabelecida a parceria com essa Secretaria visando, entre • Promover a inclusão da geriatria como especialidade clínica,
outras: para efeito de concursos públicos.
• a melhoria de condições de habitação e moradia, além da • Criar mecanismos que vinculem a transferência de recursos
diminuição das barreiras arquitetônicas e urbanas que dificultam às instâncias estadual e municipal ao desenvolvimento de um mo-
ou impedem a manutenção e apoio à independência funcional do delo adequado de atenção à saúde do idoso.
idoso; • Estimular e apoiar a realização de pesquisas consideradas es-
• a promoção de ações educativas dirigidas aos agentes execu- tratégicas no contexto desta Política.
tores e beneficiários de habitacionais quanto aos riscos ambientais • Promover a disseminação de informações técnico-científicas
à capacidade funcional dos idosos. e de experiências exitosas referentes à saúde do idoso.
• o estabelecimento de previsão e a instalação de equipamen- • Promover a capacitação de recursos humanos para a imple-
tos comunitários públicos voltados ao atendimento da população mentação desta Política.
idosa previamente identificada, residentes na área de abrangência • Promover a adoção de práticas, estilos e hábitos de vida sau-
dos empreendimentos habitacionais respectivos; dáveis, por parte dos idosos, mediante a mobilização de diferentes
• a promoção de ações na área de transportes urbanos que segmentos da sociedade e por intermédio de campanhas publicitá-
permitam e ou facilitem o deslocamento do cidadão idoso, sobre- rias e de processos educativos permanentes.
tudo aquele que já apresenta dificuldades de locomoção, tais como • Apoiar estados e municípios, a partir da análise de tendên-
elevatórias para acesso aos ônibus na porta de hospitais, rampas cias, no desencadeamento de medidas visando a eliminação ou o
nas calçadas, bancos mais altos nas paradas de ônibus. controle de fatores de risco detectados.
• Promover o fornecimento de medicamentos, órteses e próte-
Ministério da Justiça ses necessários à recuperação e à reabilitação do idoso.
Com esse Ministério, a parceria terá por finalidade a promo- • Estimular a participação do idoso nas diversas instâncias de
ção e a defesa dos direitos da pessoa idosa, no tocante às questões controle social do SUS.
de saúde, mediante o acompanhamento da aplicação das disposi- • Estimular a formação de grupos de autoajuda e de convivên-
ções contidas na Lei N.º 8.842/94 e seu regulamento (Decreto N.º cia, de forma integrada com outras instituições que atuam nesse
1.948/96). contexto.
• Estimular a criação, na rede de serviços do SUS, de unidades
Ministério do Esporte e Turismo de cuidados diurnos – hospital dia, centro-dia – de atendimento
Essa parceria buscará, em especial, a elaboração, a implemen- domiciliar, bem como de outros serviços alternativos para o idoso.
tação e o acompanhamento de esportivos e de exercícios físicos
destinados às pessoas idosas, bem como de turismo que propiciem Responsabilidades do Gestor Estadual – Secretaria Estadual
a saúde física e mental deste grupo populacional. de Saúde
• Elaborar, coordenar e executar a política estadual de saúde
do idoso, consoante a esta Política Nacional.
• Promover a elaboração e ou adequação dos planos, progra-
mas, projetos e atividades decorrentes desta Política.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

• Promover processo de articulação entre os diferentes setores • Realizar articulação com outros setores visando a promoção
no Estado, visando a implementação da respectiva política de saúde a qualidade de vida dos idosos.
do idoso. • Promover o acesso a medicamentos, órteses e próteses ne-
• Acompanhar o cumprimento de normas de funcionamento cessários à recuperação e à reabilitação do idoso.
de instituições geriátricas e similares, bem como de serviços hospi- • Aplicar, acompanhar e avaliar o cumprimento de normas de
talares geriátricos. funcionamento de instituições geriátricas e similares, bem como de
• Estabelecer cooperação com os Centros Colaboradores de serviços geriátricos da rede local.
Geriatria e Gerontologia com vistas ao treinamento de equipes • Estimular e viabilizar a participação social de idosos nas di-
multiprofissionais e interdisciplinares, e promover esta cooperação versas instâncias.
com as Secretarias Municipais de Saúde, de modo a capacitar re-
cursos humanos necessários à consecução da política estadual de Acompanhamento e Avaliação
saúde do idoso. A operacionalização desta Política compreenderá a sistemati-
• Promover a capacitação de recursos humanos necessários à zação de processo contínuo de acompanhamento e avaliação, que
consecução da política estadual de saúde do idoso. permita verificar o alcance de seu propósito – e, consequentemen-
• Adequar os serviços de saúde com a finalidade do atendi- te, o seu impacto sobre a saúde dos idosos –, bem como proceder a
mento às necessidades específicas da população idosa. eventuais adequações que se fizerem necessárias.
• Prestar cooperação técnica aos municípios na implementa- Esse processo exigirá a definição de critérios, parâmetros, indi-
ção das ações decorrentes. cadores e metodologia específicos, capazes de evidenciar, também,
• Apoiar propostas de estudos e pesquisas estrategicamente
a repercussão das medidas levadas a efeito por outros setores, que
importantes para a implementação, avaliação ou reorientação das
resultaram da ação articulada preconizada nesta Política e que es-
questões relativas à saúde do idoso.
tão explicitadas no capítulo anterior deste documento, bem como a
• Promover a adoção de práticas e hábitos saudáveis, por parte
observância dos compromissos internacionais assumidos pelo País
dos idosos, mediante a mobilização de diferentes segmentos da so-
ciedade e por intermédio de campanhas de comunicação. em relação à atenção aos idosos.

• Promover o fornecimento de medicamentos, próteses e órte- É importante considerar que o processo de acompanhamento
ses necessários à recuperação e à reabilitação de idosos. e avaliação referido será apoiado, sobretudo para a aferição de re-
• Estimular e viabilizar a participação de idosos nas instâncias sultados no âmbito interno do setor, pelas informações produzidas
de participação social. pelos diferentes planos, programas, projetos, ações e ou atividades
• Estimular a formação de grupos de autoajuda e de convivên- decorrentes desta Política Nacional.
cia, de forma integrada com outras instituições que atuam nesse Além da avaliação nos contextos anteriormente identificados,
contexto. voltados principalmente para a verificação do impacto das medidas
• Criar e estimular a criação, na rede de serviços do SUS, de sobre a saúde dos idosos, buscar-se-á investigar a repercussão des-
unidades de cuidados diurnos – hospital-dia, centro-dia – de aten- ta Política na qualidade de vida deste segmento populacional.
dimento domiciliar, bem como de outros serviços alternativos para Nesse particular, buscar-se-á igualmente conhecer em que me-
o idoso. dida a Política Nacional de Saúde do Idoso tem contribuído para a
• Prover o Sistema Nacional de Informação em Saúde com da- concretização dos princípios e diretrizes do SUS, na conformidade
dos respectivos e análises relacionadas à situação de saúde e às do Art. 7º, da Lei N.º 8.080/90, entre os quais, destacam-se aqueles
ações dirigidas aos idosos. relativos à integralidade da atenção, à preservação da autonomia
das pessoas e ao uso da epidemiologia no estabelecimento de prio-
Responsabilidades do Gestor Municipal – Secretaria Munici- ridades (respectivamente incisos II, III e VII). Paralelamente, deverá
pal de Saúde ou organismos correspondentes. ser observado, ainda, se:
• Coordenar e executar as ações decorrentes das Políticas Na- • potencial dos serviços de saúde e as possibilidades de uti-
cional e Estadual, em seu respectivo âmbito, definindo componen- lização pelo usuário estão sendo devidamente divulgados junto à
tes específicos que devem ser implementados pelo município. população de idosos;
• Promover as medidas necessárias para integrar a programa- • os planos, programas, projetos e atividades que operaciona-
ção municipal à adotada pelo Estado, submetendo-as à Comissão lizam esta Política estão sendo desenvolvidos de forma descentrali-
Inter gestores Biparti-te.
zada, considerando a direção única em cada esfera de gestão;
• Promover articulação necessária com as demais instâncias do
• a participação dos idosos nas diferentes instâncias do SUS
SUS visando o treinamento e a capacitação de recursos humanos
está sendo incentivada e facilitada.
para operacionalizar, de forma produtiva e eficaz, o elenco de ativi-
dades específicas na área de saúde do idoso.
• Manter o provimento do Sistema Nacional de Informação em Terminologia
Saúde com dados e análises relacionadas à situação de saúde e às Ação terapêutica: processo de tratamento de um agravo à saú-
ações dirigidas aos idosos. de por intermédio de medidas farmacológicas e não farmacológi-
• Promover a difusão de conhecimentos e recomendações so- cas, tais como: mudanças no estilo de vida, abandono de hábitos
bre práticas, hábitos e estilos de vida saudáveis, junto à população nocivos, psicoterapia, entre outros.
de idosos, valendo-se, inclusive, da mobilização da a comunidade. AIH (Autorização de Internação Hospitalar): documento de au-
• Criar e estimular a criação, na rede de serviços do SUS, de torização e fatura de serviços hospitalares do SUS, que engloba o
unidades de cuidados diurnos – hospital-dia, centro-dia – de aten- conjunto de procedimentos realizados em regime de internação.
dimento domiciliar. Assistência domiciliar: essa assistência engloba a visitação do-
• Estimular e apoiar a formação de grupos de autoajuda e de miciliar e cuidados domiciliares que vão desde o fornecimento de
convivência, de forma integrada com outras instituições que atuam equipamentos, até ações terapêuticas mais complexas.
nesse contexto.

109
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Atividades de vida diária (AVDs): termo utilizado para descre- Gerontologia: área do conhecimento científico voltado para o
ver os cuidados essenciais e elementares à manutenção do bem-es- estudo do envelhecimento em sua perspectiva mais ampla, em que
tar do indivíduo, que compreende aspectos pessoais como: banho, são levados em conta não somente os aspectos clínicos e biológi-
vestimenta, higiene e alimentação, e aspectos instrumentais como: cos, mas também as condições psicológicas, sociais, econômicas e
realização de compras e cuidados com finanças. históricas.

Autodeterminação: capacidade do indivíduo poder exercer sua Dependência: é a condição que requer o auxílio de pessoas
autonomia. para a realização de atividades do dia a dia Centros de convivência:
locais destinados à permanência do idoso, em um ou dois turnos,
Autonomia: é o exercício da autodeterminação; indivíduo au- onde são desenvolvidas atividades físicas, laborativas, recreativas,
tônomo é aquele que mantém o poder decisório e o controle sobre culturais, associativas e de educação para a cidadania.
sua vida.
Habilidade física: refere-se à aptidão ou capacidade para rea-
Capacidade funcional: capacidade de o indivíduo manter as lizar algo que exija uma resposta motora, tal como caminhar, fazer
habilidades físicas e mentais necessárias para uma vida indepen- um trabalho manual, entre outros.
dente e autônoma; a avaliação do grau de capacidade funcional é
feita mediante o uso de instrumentos multidimensionais. Hospital-dia geriátrico: refere-se ao ambiente hospitalar, no
qual atua equipe multiprofissional e interdisciplinar, destinado a
Centros Colaboradores de Geriatria e Gerontologia: centros pacientes que dele necessitam em regime de um ou dois turnos,
localizados de preferência em instituições de ensino superior, que para complementar tratamentos e promover reabilitação.
colaboram com o setor saúde, fundamentalmente na capacitação
de recursos humanos em saúde do idoso e ou na produção de ma-
Idoso: a Organização das Nações Unidas, desde 1982 considera
terial científico para tal finalidade, bem como em pesquisas nas
idoso o indivíduo com idade igual ou superior a 60 anos; o Brasil, na
áreas prioritárias do envelhecimento e da atenção a este grupo po-
Lei Nº 8.842/94, adota essa mesma faixa etária (Art. 2º do capítulo
pulacional.
I).
Centro-dia: ambiente destinado ao idoso, que tem como carac-
terística básica o incentivo à socialização e o desenvolvimento de Incapacidade: quantificação da deficiência; refere-se à falta
ações de promoção e proteção da saúde. de capacidade para realizar determinada função na extensão, am-
plitude e intensidade consideradas normais; em gerontologia, diz
Cuidador: é a pessoa, membro ou não da família, que, com ou respeito à incapacidade funcional, isto é, à perda da capacidade de
sem remuneração, cuida do idoso doente ou dependente no exer- realizar pelo menos um ou mais de um ato de vida diária.
cício das suas atividades diárias, tais como alimentação, higiene
pessoal, medicação de rotina, acompanhamento aos serviços de Incontinência urinária: refere-se à perda involuntária de urina.
saúde ou outros serviços requeridos no cotidiano – por exemplo,
ida a bancos ou farmácias –, excluídas as técnicas ou procedimentos Iatrogenia: qualquer agravo à saúde, causado por uma inter-
identificados com profissões legalmente estabelecidas, particular- venção médica Psicoterapia: terapêutica que, por métodos psico-
mente na área da enfermagem. lógicos, busca a restauração do equilíbrio emocional do indivíduo.

Deficiência: expressão de um processo patológico, na forma de Reabilitação física: conjunto de procedimentos terapêuticos fí-
uma alteração de função de sistemas, órgãos e membros do corpo, sicos que visam adaptar ou compensar deficiências motoras (quan-
que podem ou não gerar uma incapacidade. do aplicadas a limitações insipientes pode ser considerada reabilita-
ção precoce ou “preventiva”).
Demência: conceitua-se demência como uma síndrome pro-
gressiva e irreversível, composta de múltiplas perdas cognitivas ad- Rastreamento: um protocolo de aplicação rápida e sistemática
quiridas, que ocorrem na ausência de um estado de confusão men- para detecção de problemas de saúde em uma determinada popu-
tal aguda (ou seja, de uma desorganização súbita do pensamento). lação.
As funções cognitivas que podem ser afetadas pela demência in-
cluem a memória, a orientação, a linguagem, a práxis, a agnosia, as Síndrome: conjunto de sinais e sintomas comuns a diversas en-
construções, a prosódia e o controle executivo.
fermidades.
Envelhecimento: a maioria dos autores o conceituam como
Saúde Mental é estar de bem consigo e com os outros. Saber
“uma etapa da vida em que há um comprometimento da home-
lidar com as boas emoções e também com as desagradáveis, acei-
ostase, isto é, o equilíbrio do meio interno, o que fragilizaria o in-
divíduo, causando uma progressiva vulnerabilidade do indivíduo tar as exigências da vida, reconhecer seus limites e buscar ajudam
perante a uma sobrecarga fisiológica”. quando necessário.
Vários são os fatores que influenciam nossos comportamentos,
Envelhecimento saudável: é o processo de envelhecimento as nossas escolhas, a nossa cultura, entre outros. A desarmonia
com preservação da capacidade funcional, autonomia e qualidade desses fatores pode levar uma pessoa a desenvolver um transtorno
de vida. mental em um determinado momento de sua vida.
Como exemplo, podemos citar alguém que desenvolve um
Geriatria: é o ramo da ciência médica voltado à promoção da medo excessivo da violência, a ponto de recusar-se em sair às ruas,
saúde e o tratamento de doenças e incapacidades na velhice. fato que nos leva a concluir de imediato que existem várias causas
colaborando para isso, como a própria história de vida da pessoa.

110
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

É por isso que, na consulta de enfermagem, precisamos co- Para fazer um acompanhamento de forma eficiente, é preciso,
nhecer mais os nossos clientes, saber do que gostam, a sua etnia, além de assistir o enfermo, investir em reuniões com a família, vi-
como vivem, a fim m de tornar mais fácil identificar os fatores que sitas domiciliares, contato com a escola e/ou trabalho, e também
exercem influência no momento atual de seu transtorno e, assim, orientá-lo quanto aos centros de cultura e programas de inclusão
elaborar as intervenções necessárias. social, pois sociabilizá-lo com pessoas novas, pode e deve fazer mui-
to bem para a sua recuperação.
Podemos dizer que alguns grupos influenciam o surgimento Desde 2003 foram incluídas na Estratégia de Saúde da Família
da doença mental. São eles: (ESF) equipes de Saúde Mental. O principal objetivo é tratar do pa-
• Biológico - alterações ocorridas no corpo como um todo, em ciente no contexto familiar, pois realizar o tratamento isolado da fa-
determinado órgão ou no sistema nervoso central (fatores genéti- mília, das pessoas que o indivíduo tem contato diário, nem sempre
cos ou hereditários, pré-natais e perinatais, neuro-endocrinológi- apresenta resultados positivos.
cos); Não há um modelo pronto de atendimento a ser seguido pelo
• Social - interações que temos com os outros, nossas relações profissional de saúde, cabe ao enfermeiro ser criativo e estar dis-
pessoais, profissionais e ou em grupos (medo na infância); posto a ajudar o paciente, além de procurar se aprimorar e se qua-
• Culturais - modificam-se de país para país, ou seja, a noção de lificar a respeito nesse âmbito.
certo e errado modifica-se conforme o grupo de convívio (religião,
escola, família, país, cultura); Psicopatologia na Atualidade
• Econômico - a necessidade e a miséria podem levar ao au- Atualmente, reconhece-se como transtornos mentais os pro-
mento da criminalidade e esta, ao aumento da tensão no nosso dia blemas classificados no DSMIV e CID-10, como depressão, ansieda-
a dia (o consumismo leva a dívidas que ultrapassam os ganhos); de, autismo e esquizofrenia. Também é reconhecido o diagnóstico
de atraso mental como um déficit de inteligência, que pode ser
Sabemos que a incidência de transtornos mentais é alta, e tam- leve, moderado, grave ou profunda.
bém que as Unidades Básicas de Saúde (UBS) são as mais procura-
das nesses casos, e é por isso que a equipe de enfermagem deve O DSM-IV classifica os diferentes transtornos mentais nos se-
estar preparada para esse tipo de atendimento. guintes grupos:
- Transtornos usualmente diagnosticados na lactância, infância
A maior parte dos profissionais reconhece como ações de saú- e adolescência, como os retardos mentais e distúrbios de aprendi-
de mental apenas a administração de medicamentos psiquiátricos e zagem;
o encaminhamento do paciente para serviços especializados. Mas, - Delirium, Demência, Transtornos Amnésicos e Outros Trans-
na realidade o atendimento da enfermagem para esses casos deve tornos Cognitivos;
ir muito além, começando por acolher e escutar o cliente. - Transtornos Mentais devido à Condição Clínica Geral, como
A priori deve-se entender que os transtornos mentais não apa- transtornos catatônicos e desvios de personalidade;
recem de forma clara e explícita, nós devemos aprender a identifi- - Transtornos Relacionados a Substâncias, como abuso de álco-
cá-los também nos pacientes que não aparentam ter transtornos ol ou dependência de drogas, ou ainda transtornos induzidos por
mentais. É preciso identificar os pacientes que sofrem exclusão so- uso de substância como abstinência de nicotina ou demência al-
cial e até mesmo observar os familiares. coólica;
Sinais e sintomas como insônia, fadiga, irritabilidade, esque- - Esquizofrenia e Outros Transtornos Psicóticos, como paranoia
cimento, dificuldade de concentração e queixas somáticas são os (esquizofrenia do tipo paranoide) ou transtorno delirante;
mais comuns e podem levar à incapacidade e à procura por serviços - Transtornos do Humor, como depressão ou transtorno bipo-
de saúde. lar;
As ações de enfermagem em Saúde Mental devem começar já - Transtornos de ansiedade, como fobias ou pânico;
na entrevista, perguntando e ouvindo com atenção não somente a - Transtornos somatoformes, como transtornos conversivos e
queixa do paciente, mas sua história de vida, sua cultura, seu pro- transtornos dismórficos;
cesso de adoecimento, seus problemas emocionais e sofrimentos. - Transtornos factícios, como a síndrome de Munchousen;
É preciso conversar com o paciente, orientá-lo, pois muitas vezes - Transtornos dissociativos, como anmésia dissociativa ou fuga
essas ações são mais eficazes do que iniciar outra via terapêutica dissociativa;
nesse indivíduo. Além disso, conversar e orientar a família também - Transtornos sexuais e de identidade de gênero, como aversão
são ações relevantes. sexual ou parafilias (como pedofilia);
Quanto mais confiança o paciente sentir do profissional mais - Transtornos alimentares, como anorexia nervosa e bulimia
ele se manifestará de forma sincera e verbalizará as suas dúvidas. nervosa;
Em longo prazo, deve-se acompanhar o indivíduo, principal- - Transtornos do sono, como insônia ou terror noturno;
mente se este estiver fazendo uso de terapia medicamentosa. De- - Transtornos de controle de impulso, como cleptomania ou
ve-se observar também se o mesmo está tendo melhora no seu piromania;
quadro de saúde mental. - Transtornos de personalidade, como personalidade paranoica
Os profissionais de enfermagem devem entender que o porta- ou personalidade obsessivo-compulsiva.
dor de distúrbio mental é um sujeito ativo, e que apesar de pensar
ou agir de forma diferente da maioria, seus pensamentos e desejos O CID-10 classifica os transtornos mentais e de comportamen-
devem ser levados em consideração e respeitados na medida do to, da seguinte forma:
possível. - Transtornos mentais orgânicos, inclusive os sintomáticos
(F00-F09), como Alzheimer, demência vascular ou transtornos men-
tais devido a lesão cerebral ou doença física;
- Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de
substância psicoativa (F10-F19), como uso de álcool ou múltiplas
drogas;

111
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

- Esquizofrenia, transtornos esquizotípicos e transtornos deli- - Alucinações: são sensações ou percepções em que o objeto
rantes (F20-F29), como esquizofrenia e psicose aguda; não existe, mas que é extremamente real para o paciente e ele não
- Transtornos de humor ou afetivos (F30-F39), como depressão pode controlá-las, pois independem de sua vontade; podem ser
ou transtorno bipolar. auditivas, visuais, gustativas, olfativas, táteis, sinestésicas e outras;
- Transtornos neuróticos, transtornos relacionados com o - Ilusões: sensação referente à percepção de objeto que existe.
“stress” e transtornos somatoformes (F40-F48), como transtorno Ex.: O teto está baixando e poderá esmagá-lo.
obsessivo-compulsivo ou transtorno de estresse pós-traumático;
- Síndromes comportamentais associadas a disfunções fisioló- De acordo com afetividade e Humor:
gicas e a fatores físicos (F50-F59), como os transtornos alimentares - Tristeza patológica: profundo abatimento, baixa autoestima,
ou disfunções sexuais ou de sono causados por fatores emocionais; geralmente acompanhados de tendência para o isolamento, choro
- Transtornos da personalidade e do comportamento do adulto fácil, inibição psicomotora;
(F60-F69), como transtornos de hábitos e impulsos. - Alegria patológica: estado eufórico, agitado, com elevada au-
- Retardo Mental (F70-79), classificados como leve, moderado, toestima, grande desinibição.
grave ou profundo;
- Transtornos do desenvolvimento psicológico (F80-F89), como De acordo com a Atenção e Concentração:
transtornos relacionados à linguagem ou ao desenvolvimento mo- - Inatenção: dificuldade de concentração;
tor; - Distração: mudança constante de focos de atenção;
- Transtornos do comportamento e transtornos emocionais - Orientação: consciência de dados que nos localizem, princi-
que aparecem habitualmente durante a infância ou a adolescência palmente, no tempo e no espaço;
(F90-F98), como distúrbios de conduta ou transtornos hipercinéti- - Desorientação: incapacidade de relacionar os dados a fim de
cos; perceber o espaço e o tempo.
- Transtorno mental não especificado (F99).
Transtorno Bipolar de Humor
Referências: O transtorno de Humor é uma doença caracterizada pela al-
CID-10 [2008]: http://www.datasus.gov.br/cid10/v2008/webhelp/ ternância de humor: ora ocorrem episódios de euforia (mania), ora
cid10.htm de depressão, com períodos intercalados de normalidade. Com o
Psiquiatria Geral: http://www.psiquiatriageral.com.br/ passar dos anos os episódios repetem-se com intervalos menores,
havendo variações e existindo até casos em que a pessoa tem ape-
Sinais e Sintomas de Transtornos Mentais nar um episódio de mania ou depressão durante a vida. Apesar de o
Transtorno Bipolar do Humor nem sempre ser facilmente identifica-
De acordo com a apresentação do cliente: do, existem evidências de que fatores genéticos possam influenciar
- Aparência: maneira de se vestir e de cuidar da higiene pes- o aparecimento da doença.
soal; Durante o tratamento farmacoterápico, a enfermagem deve
- Psicomotricidade: atividade motora, envolvendo a velocidade estar atenta para a avaliação do paciente quanto à adesão ao tra-
e intensidade; agitação (hiperatividade); retardo (hipoatividade); tamento e às respostas fisiológicas aos medicamentos, percebendo
tremores; maneirismo; tiques; catatonia; obediência automática; sua adaptação ou não aos mesmos.
negativismo; Importante ainda é perceber o grau de orientação do paciente
e da família quanto à terapêutica utilizada, direcionando, quando
De acordo com a Linguagem e Pensamento: necessária, atenção aos mesmos, propiciando conhecimentos su-
- Característica da fala: observar se a fala é espontânea, se ficientes para que possam identificar eventos adversos. Também
ocorre logorreia (fala acelerada); mutismo (mantém- se mudo); ga- é necessário cuidar do preparo da medicação, levando a família a
gueira; ecolalia (repetição das ultimas palavras, como em eco); apoiar e o paciente a aderir ao tratamento.
- Pensamento: inicia com os cinco sentidos (visão, olfato, pala-
dar, audição e tato) e conclui se com o raciocínio. Transtorno de personalidade
- Inibição do pensamento: lentificado, pouco produtivo; Trata-se de distúrbios graves da constituição caracterológica
- Fuga de ideias: tem um aporte tão grande de ideias que não e das tendências comportamentais do indivíduo, não diretamente
consegue concluí-las, emenda um assunto no outro de tal maneira imputáveis a uma doença, lesão ou outra afecção cerebral ou a um
que torna difícil sua compreensão; outro transtorno psiquiátrico. Estes distúrbios compreendem ha-
- Desagregação do pensamento: constrói sentenças corretas, bitualmente vários elementos da personalidade, acompanham-se
muitas vezes até rebuscadas, mas sem um sentido compreensível, em geral de angústia pessoal e desorganização social; aparecem
fazendo associações estranhas; habitualmente durante a infância ou a adolescência e persistem de
- Ideias supervalorizadas e obsessivas: mantém um discurso cir- modo duradouro na idade adulta.
cular voltando sempre para o mesmo assunto;
- Ideias delirantes: ideias que não correspondem à realidade, As pessoas com transtorno de personalidade não têm o que se
mas que para o indivíduo são a mais pura verdade. considera um padrão normal de vida – do ponto de vista estatístico,
Ex.: meus olhos possuem sistema de raio laser. ou seja, comparado ao modo de viver das outras pessoas. Esta per-
turbação atinge todos os pontos da personalidade de uma pessoa
De acordo com Senso-Percepção: que causam uma ação nos que a cercam e sobre o contexto em que
- Senso-percepção: síntese de todas as sensações e percepções habita – na forma de demonstrar seus sentimentos, nas atitudes
(pelos 5 sentidos) que temos e com ela formamos uma ideia de sociais.
tudo o que está à nossa volta. O portador deste transtorno provoca danos a si mesmo e aos
que com ele convivem. Quando as mutações na personalidade se
tornam persistentes, embora não caracterizem nenhuma mudança
patológica, elas compõem então o Transtorno de Personalidade.

112
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Quando certos contextos com os quais as pessoas estão fami- - Transtorno de personalidade obsessivo-compulsiva: não con-
liarizadas subitamente se transformam, algumas delas não conse- fundir com o TOC-Transtornos Obsessivos Compulsivos. Indivíduos
guem adaptar seus traços de personalidade às novas circunstâncias. que têm uma tendência para serem perfeccionistas, severos, im-
É como se elas fossem prisioneiras do seu modo de ser e, não sendo pertinentes com eles mesmos e com os outros; são muito frios e
capazes de se adaptar ao novo, ao desconhecido, seus traços de submetidos constantemente a uma intensa disciplina.
personalidade passam a lhes perturbar, bem como aos seus paren-
tes e amigos. Tipos de distúrbios de personalidade:
Muitas vezes o comportamento de alguém passa a não cor- - Paranoide;
responder a determinadas expectativas dos padrões culturais atu- - Esquizoide;
almente em vigor, tanto na área da impressão de si mesmo, das - Esquizotípica;
outras pessoas ou de alguns acontecimentos, quanto no campo - Antissocial;
afetivo, envolvendo a vantagem ou não das réplicas emocionais; - Borderline;
no andamento das relações entre as pessoas, bem como no freio - Histriônica;
dos impulsos. Outras vezes, suas atitudes tornam-se intransigentes, - Narcisista;
com sérias consequências. - Esquiva;
- Obsessivo- Compulsiva.
Outra característica deste transtorno é a ausência de bem-es-
tar nas interações sociais e profissionais. Este processo tem início, Transtornos de Ansiedade
geralmente, na fase da adolescência ou, no máximo, assim que o A ansiedade é uma reação normal diante de situações que po-
sujeito se torna adulto. É necessário ter certeza, antes de se va- dem provocar medo, dúvida ou expectativa. Nesses casos, a ansie-
ler deste diagnóstico, que não há a ocorrência de nenhuma outra dade funciona como um sinal que prepara a pessoa para enfrentar
patologia, o uso excessivo de determinadas substâncias químicas, o desafio e, mesmo que ele não seja superado, favorece sua adap-
nem mesmo a incidência de problemas orgânicos ou de lesões cere- tação às novas condições de vida.
brais. Certas perturbações desta natureza não devem ser analisadas O transtorno da ansiedade generalizada (TAG), segundo o ma-
como transtorno de personalidade em menores de 18 anos. nual de classificação de doenças mentais (DSM.IV), é um distúrbio
Deve-se distinguir o transtorno de personalidade, como ca- caracterizado pela “preocupação excessiva ou expectativa apreen-
racterizado acima, dos Transtornos de Alteração da Personalidade, siva”, persistente e de difícil controle, que perdura por seis meses
que ocorrem a partir de um certo momento, desencadeados nor- no mínimo e vem acompanhado por três ou mais dos seguintes sin-
malmente por um evento traumático ou um estresse grave. Para se tomas: inquietação, fadiga, irritabilidade, dificuldade de concentra-
definir melhor este fenômeno, os pesquisadores costumam subdi- ção, tensão muscular, perturbação do sono, palpitações, falta de ar,
vidi-lo em várias categorias. taquicardia, aumento da pressão arterial, sudorese excessiva, dor
de cabeça, alteração nos hábitos intestinais, náuseas, aperto no pei-
Classe A – Transtornos excêntricos ou estranhos: to, dores musculares.
- Transtorno de personalidade esquizoide: embaraços na hora
de interagir socialmente e de revelar os sentimentos. Pessoas indi- Transtornos Alimentares
ferentes e solitárias. São transtornos mentais graves, crônicos, que acometem prin-
cipalmente os adolescentes e adultos jovens, mais do sexo femini-
- Transtorno de personalidade esquizotípica: forma mais suave no, levando a danos psicológicos, sociais e clínicos, podendo, nos
de esquizofrenia. Presença de pensamentos nada comuns. casos extremos, acarretar a morte. As características comporta-
- Transtorno de personalidade paranoide: desconfiança cons- mentais gerais são a preocupação excessiva com o peso e a aparên-
tante em relação às pessoas. cia do corpo acarretando comportamentos alimentares prejudiciais
a saúde, dificuldades no relacionamento social e sofrimento.
Classe B - Transtornos dramáticos, imprevisíveis ou irregula- Classificação dos transtornos alimentares segundo o CID-10:
res: - anorexia nervosa– há importante conflito na imagem corpo-
- Transtorno de personalidade antissocial: pessoas insensíveis ral, com medo excessivo de engordar. Acometem as pessoas magras
aos sentimentos dos outros. Não desejam se adaptar às leis vigen- e negam a fome.
tes. - anorexia nervosa atípica - transtornos que apresentam algu-
- Transtorno de personalidade histriônica: seus portadores es- mas das características da anorexia nervosa mas cujo quadro clínico
tão sempre se desdobrando para ser o centro das atenções. global não justifica tal diagnóstico. Por exemplo, ausência do temor
- Transtorno de personalidade limítrofe: interações afetivas in- acentuado de ser gordo na presença de uma acentuada perda de
tensas, porém caóticas e carentes de organização; instáveis e im- peso e de um comportamento para emagrecer.
pulsivas. -bulimia nervosa – em geral os pacientes apresentam peso nor-
- Transtorno de personalidade narcisista: caracteriza os apaixo- mal ou sobrepeso, não negam a fome.
nados por sua própria imagem. -transtorno de compulsão alimentar periódica – o paciente
come sem fome até sentir-se repleto e com culpa. Pode ter relação
Classe C – Transtornos ansiosos ou receosos: com a obesidade, as dietas para emagrecer não funcionam. Apre-
- Transtorno de personalidade dependente: pessoas muito de- sentam autocrítica negativa com sintomas depressivos e ansiosos.
pendentes afetiva e fisicamente de outros. -transtorno alimentar não especificado. Incluem todos outros
- Transtorno de personalidade esquiva: aqueles que são porta- transtornos, inclusive a orthorexia, vigorexia, drunkorexia, diabe-
dores de uma timidez exagerada. rexia etc.

113
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Epidemiologia da anorexia nervosa:Yates, 1989, relatou que a Transtorno Opositor Desafiante


maioria dos estudos estabeleceu uma prevalência de 1 caso entre O transtorno desafiador de oposição (TDO) ou Transtorno Opo-
100 garotas adolescentes, sendo as mulheres de classe social mais sitor Desafiante é um transtorno disruptivo, ou seja, não aceita re-
alta as que têm o maior risco. Cecil Loeb - Tratado de Medicina In- gras, caracterizado por um padrão global de desobediência, desafio
terna, 14ª Edição relatou que a incidência de novos casos atinge e comportamento hostil. Os pacientes discutem excessivamente
uma faixa de 0,6 a 1,6 por 100.000 habitantes. A idade comum de com adultos, não aceitam responsabilidade por sua má conduta,
início é entre 14 e 17 anos, mas pode ocorrer mais cedo entre 10 incomodam deliberadamente os demais, possuem dificuldade em
a 13 anos ou mais tarde até aos 40 anos de idade. A doença é pelo aceitar regras e perdem facilmente o controle se as coisas não se-
menos 10 vezes mais frequente nas moças do que nos rapazes e guem a forma que eles desejam.
aflige principalmente as mulheres de nível sócio econômico médio Geralmente os pacientes apresentam um padrão contínuo de
ou superior. Há importante conflito na imagem corporal, com medo comportamento não cooperativo, desafiante, desobediente e hostil
excessivo de engordar. Acometem as pessoas magras e negam a incluindo resistência à figura de autoridade. o padrão de comporta-
fome. mento pode incluir:
-frequentes acessos de raiva;
Epidemiologia da bulimia nervosa- BN: Aflige principalmente -discussões excessivas com adultos, muitas vezes, questionan-
as mulheres de nível socioeconômico médio ou superior. Em geral do as regras;
os pacientes apresentam peso normal ou sobrepeso, não negam -desafio e recusa em cumprir com os pedidos de adultos;
a fome. Embora haja um registro considerável de bulimia na im- -deliberada tentativa de irritar ou perturbar as pessoas;
prensa popular a maioria da atenção tem sido dada aos aspectos -culpar os outros por seus erros;
relativamente benignos do problema. Segundo Fairburn e Beglin -muitas vezes, ser suscetível ou facilmente aborrecido pelos
(1990) que fizeram uma média dos resultados de vários estudos, outros;
estimaram uma prevalência de 2,6%. Cooper e Fairburn (1983), -agressividade;
com base em uma amostra da comunidade, estimaram que 1,9% -dificuldade em manter as amizades;
em mulheres. Pyle et al (1983) relatou que a prevalência de BN clini- -problemas acadêmicos
camente significativa e maior em estudantes universitárias que a da
comunidade, correspondendo a aproximadamente 4%. Outros es- Os sintomas são geralmente vistos em várias configurações,
tudos epidemiológicos tem mostrado uma prevalência menor que massão mais perceptíveis em casa ou na escola. Este problema é
2% da verdadeira bulimia nervosa entre meninas no segundo grau bastante comum, ocorrendo entre 2% e 16% das crianças e ado-
escolar – grupo que se acredita ter o maior risco. Outras referências lescentes.
bibliográficas citam a prevalência entre 1,1 à 4,2% na faixa dos 18
anos de idade. Esquizofrenia
Os transtornos esquizofrênicos são distúrbios mentais graves
Arthorexia:Não se conhece a prevalência, mas observa-se que e persistentes, caracterizados por distorções do pensamento e da
a incidência está aumentando. É a obsessão em comer extrema-
percepção, por inadequação e embotamento do afeto por ausên-
mente correto com perigo a saúde e as relações sociais. O ortho-
cia de prejuízo no sensório e na capacidade intelectual (embora ao
rético é extremamente concentrado se um determinado alimento
longo do tempo possam aparecer déficits cognitivos). Seu curso é
lhe fará bem ou mal, a ponto de inibir o apetite. Tal preocupação
variável, com cerca de 30% dos casos apresentando recuperação
excessiva também prejudica as relações afetivas e sociais e até mes-
mo ocasionar emagrecimento excessivo. completa ou quase completa, 30% com remissão incompleta e pre-
juízo parcial de funcionamento e 30% com deterioração importante
Vigorexia: e caracteriza pelo excesso de preocupação em ter e persistente da capacidade de funcionamento profissional, social
um corpo forte. Os portadores desse transtorno exercitam-se em e afetivo.
excesso e constantemente medindo sua musculatura para verificar A esquizofrenia é uma doença psiquiátrica endógena, ou seja,
se já obtiveram resultados. Apesar de fortes ainda sim se conside- originada dentro do organismo, que se caracteriza pela perda do
ram fracos. Quase sempre usam suplementos alimentares anaboli- contato com a realidade. A pessoa pode ficar fechada em si mesma,
zantes e até mesmo esteroides, mesmo que saibam que isto possa com o olhar perdido, indiferente, ter alucinações e delírios. Ela ouve
prejudicar a saúde. Esta doença é mais comum nos homens, mas vozes que ninguém mais escuta e imagina estar sendo vítima. Não
também há casos em mulheres. Não se conhece a prevalência, mas há argumento nem bom senso que a convença do contrário.
observa-se que está cada vez mais comum. Diferente do fisicultu-
rismo. Os dois sintomas “produtivos e negativos” da esquizofrenia:
-Os produtivos, que são basicamente, os delírios e as alucina-
Transtorno compulsivo alimentar periódico:O transtorno de ções. O delírio se caracteriza por uma visão distorcida da realidade.
compulsão alimentar periódico (TCAP) é uma doença caracterizada O mais comum, na esquizofrenia, é o delírio persecutório. O indiví-
por episódios de comer compulsivo, sem o comportamento de pur- duo acredita que está sendo perseguido e observado por pessoas
gação. O principal sintoma do transtorno de compulsão alimentar que tramam alguma coisa contra ele. As alucinações caracterizam-
é o impulso incontrolável para ingestão de grandes quantidades de -se por uma percepção que ocorre independentemente de um es-
alimentos, sendo que a principal consequência é o ganho de peso tímulo externo. Por exemplo: o doente escuta vozes, em geral, as
progressivo, resultando em obesidade, por vezes mórbida. vozes dos perseguidores, que dão ordens e comentam o que ele
faz. São vozes imperativas que podem levá-lo ao suicídio. Delírio e
Referências: alucinações são sintomas produtivos que respondem mais rapida-
Manual Merck de Medicina – 16ª Edição mente ao tratamento.
Guideline 2000.
http://www.flumignano.com/medicos/biblioteca.htm
Dr. Steven Bratman – www.orthorexia.com

114
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Os sintomas negativos da doença, mais resistentes ao trata- Substâncias psicoativas são aquelas que alteram o psiquismo.
mento, e que se caracterizam por diminuição dos impulsos e da Diversas dessas drogas possuem potencial de abuso, ou seja, são
vontade e por achatamento afetivo. Há a perda da capacidade de passíveis da autoadministração repetida e consequente ocorrên-
entrar em ressonância com o ambiente, de sentir alegria ou tristeza cia de fenômenos, como uso nocivo (padrão de uso de substâncias
condizente com a situação externa. psicoativas que está causando dano à saúde física ou mental), to-
É uma doença frequente e universal que incide em 1% da popu- lerância (necessidade de doses crescentes da substância para atin-
lação. Ocorre em todos os povos, etnias e culturas. Existem estudos gir o efeito desejado), abstinência, compulsão para o consumo e a
comparativos indicando que ela se manifesta igualmente em todas dependência (síndrome composta de fenômenos fisiológicos, com-
as classes socioeconômicas e nos países ricos e pobres. Isso reforça portamentais e cognitivos no qual o uso de uma substância torna-se
a ideia de que a esquizofrenia é uma doença própria da condição prioritário para o indivíduo em relação a outros comportamentos
humana e independe de fatores externos. Em cada 100 mil habitan- que antes tinham maior importância).
tes, surgem de 30 a 50 casos novos por ano.
Existe um componente genético importante. O risco sobe para As substâncias psicoativas são divididas em três grupos:
13%, se um parente de primeiro grau for portador da doença. Quan- - Drogas psicoanalépticas ou estimulantes do SNC (cocaína, an-
to mais próximo o grau de parentesco, maior o risco, chegando ao fetamina, nicotina, cafeína etc.).
máximo em gêmeos monozigóticos. Se um deles tem esquizofrenia, -Drogas psicolépticas ou depressoras do SNC (álcoolbenzodia-
a possibilidade de o outro desenvolver o quadro é de 50%. Mas, em zepínicos, barbitúricos, opioides, solventes etc.
linhas gerais o ambiente pode influenciar o adoecimento nas etapas -Drogas psicodislépticas ou alucinógenas (cannabis, LSD, fun-
mais precoces do desenvolvimento cerebral, da gestação à primeira gos alucinógenos, anticolinérgicos etc.).
infância, bem como na adolescência.
Os limites são entre o uso recreativo, o abuso e a dependência
Tipos de Esquizofrenia: de substâncias psicoativas. Postula-se que sejam fenômenos que
- esquizofrenia residual: refere-se a uma esquizofrenia que já ocorram continuamente e que alguns parâmetros orientem a tran-
tem muitos anos e com muitas consequências. Neste tipo de esqui- sição de um estágio para o outro.
zofrenia podem predominar sintomas como o isolamento social, o O abuso ou uso nocivo seria um momento intermediário entre
comportamento excêntrico, emoções pouco apropriadas e pensa- o uso recreativo (de baixo risco, não sendo caracterizado como um
mentos ilógicos. problema médico) e a dependência. Já há prejuízo decorrente do
-esquizofrenia simples: normalmente, começa na adolescência consumo da substância, mas ainda há algum controle do indivíduo
com emoções irregulares ou pouco apropriadas, pode ser seguida quanto à quantidade consumida e à duração dos efeitos.
de um demorado isolamento social, perda de amigos, poucas rela- A dependência de substâncias psicoativas é uma síndrome cujo
ções reais com a família e mudança de personalidade, passando de elemento central é um desejo intenso de consumir a substância.
sociável a antissocial e terminando em depressão. É também pouco
frequente. Dependência de Substâncias Psicoativas
-esquizofrenia indiferenciada: apesar desta classificação, é im-
portante destacar que os doentes esquizofrénicos nem sempre se Alguns fatores de risco podem contribuir para a Dependência
encaixam perfeitamente numa certa categoria. Também existem Química, são eles:
doentes que não se podem classificar em nenhum dos grupos men-
cionados. A estes doentes pode-se atribuir o diagnóstico de esqui- Fatores Biológicos:
zofrenia indeferenciada. - predisposição genética
-esquizofrenia paranoide: predominam sintomas positivos - capacidade do cérebro de tolerar presença constante da subs-
como alucinações e enganos, com uma relativa preservação o fun- tância.
cionamento cognitivo e do afetivo, o inicio tende ser mais tardio - capacidade do corpo em metabolizar a substância.
que o dos outros tipos. - natureza farmacológica da substância, tais como potencial de
-esquizofrenia catatónica: sintomas motores característicos são toxicidade e dependência, ambas influenciadas pela via de adminis-
proeminentes, sendo os principais a atividade motora excessiva, ex- tração escolhida.
tremo negativismo (manutenção de uma postura rígida contra ten-
tativas de mobilização, ou resistência a toda e qualquer instrução),
Fatores Psicológicos:
mutismo, cataplexia (paralisia corporal momentânea), ecolalia (re-
- distúrbios do desenvolvimento
petição patológica, tipo papagaio e aparentemente sem sentido de
- morbidades psiquiátricas: ansiedade, depressão, déficit de
uma palavra ou frase que outra pessoa acabou de falar) e ecopraxia
atenção e hiperatividade, transtornos de personalidade.
(imitação repetitiva dos movimentos de outra pessoa). Necessita
- problemas / alterações de comportamento.
cuidadosa observação, pois existem riscos potenciais de desnutri-
- baixa resiliência e limitado repertório de habilidades sociais.
ção, exaustão, hiperpirexia ou ferimentos auto infligidos.
- expectativa positiva quanto aos efeitos das substâncias de
-esquizofrenia desorganizada: discurso desorganizado e sinto-
mas negativos como comportamento desorganizado e achatamen- abuso
to emocional predominam neste tipo de esquizofrenia. Os aspectos
associados incluem trejeitos faciais, maneirismos e outras estra- Fatores sociais:
nhezas do comportamento. - estrutura familiar disfuncional: violência doméstica, abando-
no,
Abuso de Substâncias Psicoativas - carências básicas.
Droga psicoativa ou substância psicotrópica é a substância - exclusão e violência social.
química que age principalmente no sistema nervoso central, onde - baixa escolaridade.
altera a função cerebral e temporariamente muda a percepção, o - oportunidades e opções de lazer precárias.
humor, o comportamento e a consciência. - pressão de grupo para o consumo.

115
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

- ambiente permissivo ou estimulador do consumo de substân- Tipos de retardo mental


cias Quociente de Inteligência-QI é um fator que mede a inteligên-
cia das pessoas com base nos resultados de testes específicos. O
Intoxicação por uso Abusivo de Substancias Psicoativas QI mede o desempenho cognitivo de um indivíduo comparando a
Em geral, os quadros de intoxicação são atendidos em serviços pessoas do mesmo grupo etário.
de emergência, frequentemente em decorrência de complicações - retardo mental leve: amplitude aproximada do QI entre 50 e
clínicas, como rebaixamento do nível de consciência, convulsões e 69 (em adultos, idade mental de 9 a menos de 12 anos). Provavel-
agitação psicomotora. As condutas devem ser tomadas de acordo mente devem ocorrer dificuldades de aprendizado na escola. Mui-
com o quadro clínico à admissão do paciente. Frequentemente não tos adultos serão capazes de trabalhar e de manter relacionamento
dispomos de informações como a identificação exata da(s) droga(s) social satisfatório e de contribuir para a sociedade.
utilizada(s), assim como a quantidade usada e o grau de tolerância - retardo mental moderado: amplitude aproximada do QI en-
prévia. As medidas específicas devem ser de acordo com cada subs- tre 35 e 49 (em adultos, idade mental de 6 a menos de 9 anos).
tância ingerida. Provavelmente devem ocorrer atrasos acentuados do desenvolvi-
mento na infância, mas a maioria dos pacientes aprende a desem-
Síndrome de Abstinência penhar algum grau de independência quanto aos cuidados pessoais
No manejo das síndromes de abstinência, devemos priorizar o e adquirir habilidades adequadas de comunicação e acadêmicas.
alívio dos sintomas e a prevenção de complicações inerentes à abs- Os adultos necessitarão de assistência em grau variado para viver e
tinência da substância. O tratamento da síndrome de dependência, trabalhar na comunidade.
em geral, pode ser realizado ambulatorialmente ou em regime de - retardo mental grave: amplitude aproximada de QI entre 20
internação hospitalar. Algumas possíveis indicações de internação e 40 (em adultos, idade mental de 3 a menos de 6 anos). Provavel-
hospitalar, conforme estão presentes na listagem a seguir: mente deve ocorrer a necessidade de assistência contínua.
- rebaixamento do nível de consciência; - retardo mental profundo: QI abaixo de 20 (em adultos, idade
- crises convulsivas; mental abaixo de 3 anos). Devem ocorrer limitações graves quanto
- sintomas depressivos severos ou persistentes, especialmente aos cuidados pessoais, continência, comunicação e mobilidade.
com risco de suicídio;
- sintomas psicóticos severos ou persistentes; É comum que a grande maioria dos enfermeiros reconheça
- comorbidades psiquiátricas (p. ex., esquizofrenia, transtorno como ações dentro de um tratamento de saúde mental apenas a
afetivo bipolar, depressão melancólica, transtornos ansiosos graves administração de remédios e o encaminhamento do paciente para
etc.); serviços especializados. No entanto, o atendimento da enfermagem
- comorbidades clínicas severas (p. ex., AVC, hepatopatia, car- deve ir muito além, acolhendo e escutando o paciente com atenção
diopatias, infecções, doenças respiratórias etc.); e cuidado.
- antecedente de síndrome de abstinência severa (delirium tre- O enfermeiro que está tendo o primeiro contato com um pa-
mens,crises convulsivas); ciente que sofre de transtornos mentais deve aprender a direcio-
- falha de tratamento ambulatorial; nar a sua atenção em primeiro lugar no paciente e nas suas ne-
- falta de motivação para qualquer forma de tratamento; cessidades. Como esse primeiro contato pode ser estressante, uma
- ausência de suporte familiar ou social; assistência humanizada e diferenciada será de grande valia para o
- idosos; sucesso do tratamento.
- risco de vida (comportamento autodestrutivo, dívidas com Escutar o paciente com atenção e interesse e, principalmente,
traficantes etc.). valorizar a comunicação não verbal, devem ser peças-chaves em to-
dos os atendimentos.
Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade – TDAH Para o enfermeiro que nunca teve nenhum contato com a área
O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade- TDAH de saúde mental, a falta de procedimentos invasivos parece inco-
é um transtorno neurobiológico, de causas genéticas, que aparece erente. No entanto, a comunicação é um poderoso instrumento
na infância e frequentemente acompanha o indivíduo por toda a transformador nas relações entre profissionais e pacientes.
sua vida. Ele se caracteriza por sintomas de desatenção, inquietude A construção de um vínculo de confiança entre enfermeiro e
e impulsividade. Ocorre em 3 a 5% das crianças. paciente é a melhor ação terapêutica para esses casos.
Os sintomas desatenção, hiperatividade e impulsividade po-
dem ser explicados da seguinte forma: Em geral as crianças são tidas Além disso, é preciso que o enfermeiro esteja preparado para:
como desligadas, avoadas, “vivendo no mundo da lua”, e geralmen- - Realizar avaliações biopsicossociais da saúde;
- Criar e implementar planos de cuidados para pacientes e fa-
te estabanadas ou ligadas, não param quietas por muito tempo.
miliares;
-Participar de atividades de gerenciamento de caso;
Retardo mental
- Promover e manter a saúde mental;
Parada do desenvolvimento ou desenvolvimento incompleto
- Fornecer cuidados diretos e indiretos;
do funcionamento intelectual, caracterizados essencialmente por
- Controlar e coordenar os sistemas de cuidados;
um comprometimento, durante o período de desenvolvimento, das
- Integrar as necessidades do paciente, da família e de toda
faculdades que determinam o nível global de inteligência, isto é,
equipe médica.
das funções cognitivas (processo de conhecimento/cognição), de
linguagem, da motricidade e do comportamento social. O retardo
Todos esses pontos, juntamente com uma relação terapêutica,
mental pode acompanhar um outro transtorno mental ou físico, ou trazem muitos benefícios ao tratamento, como a redução da ansie-
ocorrer de modo independentemente. dade e do estresse, o aumento do bem-estar, a melhora da memó-
ria, da qualidade de vida e das funções psíquicas e a reintegração
social do paciente.

116
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Nestes casos, as ações de enfermagem devem começar com Estrutura de atendimento - Rede de Atenção Psicossocial
uma entrevista, com o profissional ouvindo atentamente a queixa (RAPS)
do paciente, mas também a sua história de vida, o seu processo de As diretrizes e estratégias de atuação na área de assistência
adoecimento e os seus problemas emocionais. É preciso conversar à saúde mental no Brasil envolvem o Governo Federal, Estados e
com o paciente e com a família para orientá-los sobre as ações mais Municípios. Os principais atendimentos em saúde mental são rea-
eficazes para o tratamento terapêutico. lizados nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) que existem no
país, onde o usuário recebe atendimento próximo da família com
Como se proteger das possíveis intercorrências que podem assistência multiprofissional e cuidado terapêutico conforme o qua-
acontecer? dro de saúde de cada paciente. Nesses locais também há possibili-
Um enfermeiro deve estar qualificado para desenvolver as suas dade de acolhimento noturno e/ou cuidado contínuo em situações
atividades com pacientes com transtornos mentais, pois a demanda de maior complexidade.
varia de acordo com estado psíquico de cada paciente. O profissio- A Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) é formada pelos seguin-
nal deve estar preparado para saber lidar com as intercorrências tes pontos de atenção:
que podem acontecer, ficando muitas vezes mais vulnerável a efei-
tos negativos do trabalho. Centros de Atenção Psicossocial (CAPS)
Diante de uma situação como essa, é possível que apareça a São pontos de atenção estratégicos da Rede de Atenção Psicos-
dúvida de como atuar em uma área que pode causar estresse e des- social (RAPS). Unidades que prestam serviços de saúde de caráter
gaste emocional, dificultando o desempenho no trabalho e até a aberto e comunitário, constituído por equipe multiprofissional que
vida pessoal do enfermeiro. atua sobre a ótica interdisciplinar e realiza prioritariamente atendi-
A necessidade de uma constante capacitação para que os en- mento às pessoas com sofrimento ou transtorno mental, incluindo
fermeiros possam desenvolver as habilidades necessárias para aquelas com necessidades decorrentes do uso de álcool e outras
impedir que o seu trabalho diário com pacientes com transtornos drogas, em sua área territorial, seja em situações de crise ou nos
mentais influencie negativamente na sua vida pessoal, além da sua
processos de reabilitação psicossocial. São substitutivos ao modelo
saúde física e emocional, se faz fundamental.
asilar, ou seja, aqueles em que os pacientes deveriam morar (ma-
nicômios).
A saúde mental
A Política Nacional de Saúde Mental é uma ação do Governo
Federal, coordenada pelo Ministério da Saúde, que compreende Modalidades dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS)
as estratégias e diretrizes adotadas pelo país para organizar a as- CAPS I: Atendimento a todas as faixas etárias, para transtor-
sistência às pessoas com necessidades de tratamento e cuidados nos mentais graves e persistentes, inclusive pelo uso de substâncias
específicos em saúde mental. Abrange a atenção a pessoas com psicoativas, atende cidades e ou regiões com pelo menos 15 mil
necessidades relacionadas a transtornos mentais como depressão, habitantes.
ansiedade, esquizofrenia, transtorno afetivo bipolar, transtorno ob- CAPS II: Atendimento a todas as faixas etárias, para transtor-
sessivo-compulsivo etc, e pessoas com quadro de uso nocivo e de- nos mentais graves e persistentes, inclusive pelo uso de substâncias
pendência de substâncias psicoativas, como álcool, cocaína, crack e psicoativas, atende cidades e ou regiões com pelo menos 70 mil
outras drogas. habitantes.
O acolhimento dessas pessoas e seus familiares é uma estraté- CAPS i: Atendimento a crianças e adolescentes, para transtor-
gia de atenção fundamental para a identificação das necessidades nos mentais graves e persistentes, inclusive pelo uso de substâncias
assistenciais, alívio do sofrimento e planejamento de intervenções psicoativas, atende cidades e ou regiões com pelo menos 70 mil
medicamentosas e terapêuticas, se e quando necessárias, confor- habitantes.
me cada caso. Os indivíduos em situações de crise podem ser aten- CAPS ad Álcool e Drogas: Atendimento a todas faixas etárias,
didos em qualquer serviço da Rede de Atenção Psicossocial, forma- especializado em transtornos pelo uso de álcool e outras drogas,
da por várias unidades com finalidades distintas, de forma integral atende cidades e ou regiões com pelo menos 70 mil habitantes.
e gratuita, pela rede pública de saúde. CAPS III: Atendimento com até 5 vagas de acolhimento notur-
Além das ações assistenciais, o Ministério da Saúde também no e observação; todas faixas etárias; transtornos mentais graves e
atua ativamente na prevenção de problemas relacionados a saúde persistentes inclusive pelo uso de substâncias psicoativas, atende
mental e dependência química, implementando, por exemplo, ini- cidades e ou regiões com pelo menos 150 mil habitantes.
ciativas para prevenção do suicídio, por meio de convênio firmado CAPS ad III Álcool e Drogas: Atendimento e 8 a 12 vagas de aco-
com o Centro de Valorização da Vida (CVV), que permitiu a ligação lhimento noturno e observação; funcionamento 24h; todas faixas
gratuita em todo o país. etárias; transtornos pelo uso de álcool e outras drogas, atende cida-
des e ou regiões com pelo menos 150 mil habitantes.
ATENÇÃO: O CVV – Centro de Valorização da Vida realiza apoio
emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratui-
ATENÇÃO: Se o município não possuir nenhum CAPS, o atendi-
tamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob
mento de saúde mental é feito pela Atenção Básica, principal porta
total sigilo, por telefone, email, chat e voip 24 horas todos os dias.
de entrada para o SUS, por meio das Unidades Básicas de Saúde ou
A ligação para o CVV em parceria com o SUS, por meio do número
188, é gratuita a partir de qualquer linha telefônica fixa ou celular. Postos de Saúde.
Também é possível acessar www.cvv.org.br para chat.

117
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Urgência e emergência: SAMU 192, sala de estabilização, UPA 24h e pronto socorro
São serviços para o atendimento de urgências e emergências rápidas, responsáveis, cada um em seu âmbito de atuação, pela classi-
ficação de risco e tratamento das pessoas com transtorno mental e/ou necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas
em situações de urgência e emergência, ou seja, em momentos de crise forte.

Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT)


São moradias ou casas destinadas a cuidar de pacientes com transtornos mentais, egressos de internações psiquiátricas de longa per-
manência e que não possuam suporte social e laços familiares. Além disso, os Serviços Residenciais Terapêuticos (SRTs) também podem
acolher pacientes com transtornos mentais que estejam em situação de vulnerabilidade pessoal e social, como, por exemplo, moradores
de rua.

Unidades de Acolhimento (UA)


Oferece cuidados contínuos de saúde, com funcionamento 24h/dia, em ambiente residencial, para pessoas com necessidade decor-
rentes do uso de crack, álcool e outras drogas, de ambos os sexos, que apresentem acentuada vulnerabilidade social e/ou familiar e de-
mandem acompanhamento terapêutico e protetivo de caráter transitório. O tempo de permanência nessas unidades é de até seis meses.

As Unidades de Acolhimento são divididas em:


Unidade de Acolhimento Adulto (UAA): destinada às pessoas maiores de 18 (dezoito) anos, de ambos os sexos; e Unidade de Acolhi-
mento Infanto-Juvenil (UAI): destinada às crianças e aos adolescentes, entre 10 (dez) e 18 (dezoito) anos incompletos, de ambos os sexos.
As UA contam com equipe qualificada e funcionam exatamente como uma casa, onde o usuário é acolhido e abrigado enquanto seu
tratamento e projeto de vida acontecem nos diversos outros pontos da RAPS.

Ambulatórios Multiprofissionais de Saúde Mental


Os Ambulatórios Multiprofissionais de Saúde Mental são serviços compostos por médico psiquiatra, psicólogo, assistente social, tera-
peuta ocupacional, fonoaudiólogo, enfermeiro e outros profissionais que atuam no tratamento de pacientes que apresentam transtornos
mentais. Esses serviços devem prestar atendimento integrado e multiprofissional, por meio de consultas.
Funcionam em ambulatórios gerais e especializados, policlínicas e/ou em ambulatórios de hospitais, ampliando o acesso à assistência
em saúde mental para pessoas de todas as faixas etárias com transtornos mentais mais prevalentes, mas de gravidade moderada, como
transtornos de humor, dependência química e transtornos de ansiedade, atendendo às necessidades de complexidade intermediária entre
a atenção básica e os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS).

Comunidades Terapêuticas
São serviços destinados a oferecer cuidados contínuos de saúde, de caráter residencial transitório para pacientes, com necessidades
clínicas estáveis, decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas.

Enfermarias Especializadas em Hospital Geral


São serviços destinados ao tratamento adequado e manejo de pacientes com quadros clínicos agudizados, em ambiente protegido e
com suporte e atendimento 24 horas por dia. Apresentam indicação para tratamento nesses Serviços pacientes com as seguintes carac-
terísticas: incapacidade grave de autocuidados; risco de vida ou de prejuízos graves à saúde; risco de autoagressão ou de heteroagressão;
risco de prejuízo moral ou patrimonial; risco de agresão à ordem pública. Assim, as internações hospitalares devem ocorrer em casos de
pacientes com quadros clínicos agudos, em internações breves, humanizadas e com vistas ao seu retorno para serviços de base aberta.

Hospital-Dia
É a assistência intermediária entre a internação e o atendimento ambulatorial, para realização de procedimentos clínicos, cirúrgicos,
diagnósticos e terapêuticos, que requeiram a permanência do paciente na Unidade por um período máximo de 12 horas.

118
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

O que é Reabilitação Psicossocial?


A reabilitação psicossocial é compreendida como um conjunto de ações que buscam o fortalecimento, a inclusão e o exercício de direi-
tos de cidadania de pacientes e familiares, mediante a criação e o desenvolvimento de iniciativas articuladas com os recursos do território
nos campos do trabalho, habitação, educação, cultura, segurança e direitos humanos.

O que fazer para ter uma boa saúde mental?


- Praticar hábitos saudáveis e adotar um estilo de vida de qualidade, ajudam a manter a saúde mental em dia.
- Jamais se isole
- Consulte o médico regularmente
- Faça o tratamento terapêutico adequado
- Mantenha o físico e o intelectual ativos
- Pratique atividades físicas
- Tenha alimentação saudável
- Reforce os laços familiares e de amizades

119
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Quem pode ser afetado por problema de saúde mental e/ou - Ações de Prevenção, Promoção à Saúde e Tratamento passam
dependência química? a ser baseadas em evidências científicas;
Todas as pessoas, de ambos os sexos e em qualquer faixa etá- - Posição contrária à legalização das drogas;
ria, pode ser afetado, em algum momento, por problemas de saú- - Estratégias de tratamento não devem se basear apenas em
de mental ou dependência química, de maior ou menor gravidade. Redução de Danos, mas também em ações de Promoção de Absti-
Algumas fases, no entanto, podem servir como gatilhos para início nência, Suporte Social e Promoção da Saúde;
do problema. - Fomento à pesquisa deve se dar de forma equânime, garan-
- Entrada na escola (início dos estudos) tindo a participação de pesquisadores de diferentes correntes de
- Adolescência pensamento e atuação;
- Separação dos pais - Ações Intersetoriais;
- Conflitos familiares - Apoio aos pacientes e familiares em articulação com Grupos,
- Dificuldades financeiras Associações e Entidades da Sociedade Civil, incluindo as Comunida-
- Menopausa des Terapêuticas;
- Envelhecimento - Modificação dos documentos legais de orientação sobre a Po-
- Doenças crônicas lítica Nacional sobre Drogas, destinados aos parceiros governamen-
- Divórcio tais, profissionais da saúde e população em geral;
- Perda entes queridos - Atualização da posição do Governo brasileiro nos foros inter-
- Desemprego nacionais, seguindo a presente Resolução.
- Fatores genéticos
- Fatores infecciosos Direitos das pessoas com transtornos mentais
- Traumas
- Falsos conceitos sobre saúde mental Programa de Volta para Casa
O Programa de Volta para Casa é um dos instrumentos mais
É comum que as pessoas que sofram com transtornos mentais efetivos para a reintegração social das pessoas com longo histórico
ou dependência química seja, muitas vezes, incompreendidas, jul- de hospitalização. Trata-se de uma das estratégias mais potenciali-
gadas, excluídas e até mesmo marginalizadas, devido a falsos con- zadoras da emancipação de pessoas com transtornos mentais e dos
ceitos ou pré-conceitos errados. processos de desinstitucionalização e redução de leitos nos estados
Entenda que as doenças mentais: e municípios. Criado por lei federal, o Programa é a concretização
- Não são fruto da imaginação; de uma reivindicação histórica do movimento da Reforma Psiquiá-
- A pessoa não escolhe ter; trica Brasileira.
- Algumas doenças mentais têm cura, outras possuem trata- O objetivo é contribuir efetivamente para o processo de inser-
mentos específicos; ção social das pessoas com longa história de internações em hospi-
- Pessoas com problemas mentais são tão inteligentes quanto tais psiquiátricos, por meio do pagamento mensal de um auxílio-re-
as que não têm; abilitação aos beneficiários. Para receber o auxílio-reabilitação do
- Pessoas com problemas mentais não são preguiçosas; Programa De Volta para Casa, a pessoa deve ser egressa de Hospital
Psiquiátrico ou de Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico, e
Estes mitos, aliados à discriminalização, aumentam os sintomas ter indicação para inclusão em programa municipal de reintegração
do problema e, em muitas ocasiões, podem levar até ao suicídio. social. O Programa possibilita a ampliação da rede de relações dos
Mesmo nos casos mais graves, é possível controlar e reduzir os sin- usuários, assegura o bem estar global da pessoa e estimula o exer-
tomas por meio de medidas de reabilitação e tratamentos especí- cício pleno dos direitos civis, políticos e de cidadania, uma vez que
ficos. A recuperação é mais efetiva e rápida quanto mais precoce- prevê o pagamento do auxílio-reabilitação diretamente ao benefi-
mente o tratamento for iniciado. ciário, por meio de convênio entre o Ministério da Saúde e a Caixa
Econômica Federal.
FAÇA SUA PARTE. NÃO DISSEMINE FALSOS CONCEITOS! Não
questione, não ache que é frescura e que é simplesmente força de Benefício de Prestação Continuada (BPC)
vontade para superar. Não estigmatize. Apoie. Dê amor, atenção O benefício de prestação continuada é gerido pelo Ministério
e compreensão. Ajude a reabilitar, incentivando acompanhamento do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) e operaciona-
profissional adequado. Ajuda a integrar ou reintegrar a pessoa. lizado pelo Instituto Nacional da Seguridade Social (INSS). Os recur-
sos para seu custeio provêm do Fundo Nacional de Assistência So-
Tratamentos para saúde mental e dependência química cial (FNAS). É, na verdade, a garantia de um salário mínimo mensal
São o conjunto de estratégias adotadas para prestar tratamen- ao idoso acima de 65 anos ou à pessoa com deficiência de qualquer
to em saúde às pessoas com problemas relacionados a transtornos idade com impedimentos de natureza física, mental, intelectual ou
mentais, ao abuso e à dependência de substâncias psicoativas, sensorial de longo prazo (aquele que produza efeitos pelo prazo mí-
como álcool, tabaco, cocaína, crack, maconha, opioides, alucinó- nimo de 2 anos), que o impossibilite de participar de forma plena
genos, drogas sintéticas, etc. O uso, abuso e dependência química e efetiva na sociedade, em igualdade de condições com as demais
são problemas complexos, multifatoriais, que exigem abordagem pessoas.
interdisciplinar, envolvendo múltiplas áreas governamentais (Saú-
de, Assistência Social, Trabalho, Justiça). Recentemente, o Governo Benefício de Prestação Continuada na Escola
alterou as diretrizes de sua Política Nacional sobre Drogas, por meio O programa Benefício de Prestação Continuada na Escola tem
da Resolução no 1 de 2018 do Conselho Nacional de Políticas Sobre como objetivo monitorar o acesso e permanência na escola dos be-
Drogas (CONAD). Abaixo, seguem as principais mudanças apresen- neficiários com deficiência, na faixa etária de 0 a 18 anos, por meio
tadas na Resolução do CONAD: de ações articuladas, entre as áreas da educação, assistência social,
- Alinhamento entre a Política Nacional sobre Drogas e a re- direitos humanos e saúde. Tem como principal diretriz a identifi-
cém-publicada Política Nacional de Saúde Mental; cação das barreiras que impedem ou dificultam o acesso e a per-

120
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

manência de crianças e adolescentes com deficiência na escola e o A psiquiatria nasce, no Brasil com o desígnio de resguardar a
desenvolvimento de ações intersetoriais, envolvendo as Políticas de população contra os exageros da loucura, ou seja, não havia finali-
Educação, de Assistência Social, de Saúde e de Direitos Humanos, dade em buscar uma cura para aqueles acometidos de transtornos
com vista à superação destas barreiras. mentais, mais sim, excluí-los do seio da sociedade para que esta
não se sentisse amofinada. ROCHA (1989, p.13) 9. Portanto, a ques-
A reforma psiquiátrica tão principal era o isolamento dos doentes mentais e não com um
A Reforma Psiquiátrica no Brasil deve ser entendida como um tratamento. É o Hospício D. Pedro II que, em 1852, passa a internar
processo político e social complexo. Na década de 70 são registra- os doentes mentais e a tirá-los do convívio em sociedade.
das várias denúncias quanto à política brasileira de saúde mental (ROCHA 1989:15) 10. Este mesmo autor enfatiza que “é a psi-
em relação à política de privatização da assistência psiquiátrica por quiatria que cria espaço próprio para o enclausuramento do louco
parte da previdência social, quanto às condições (públicas e priva- – capaz de dominá-lo e submete-lo.” Estes lugares de clausura eram
das) de atendimento psiquiátrico à população. os hospitais psiquiátricos também denominados asilos, hospícios e
É nesse contexto, no fim da década citada, que surge pequenos manicômios.
núcleos estaduais, principalmente nos estados de São Paulo, Rio de Com o fim da Segunda Guerra Mundial, começa a surgir o mo-
Janeiro e Minas Gerais. Estes constituem o Movimento de Trabalha- delo manicomial brasileiro, principalmente os manicômios priva-
dores em Saúde Mental (MTSM). dos. Nos anos 60, com a criação do Instituto Nacional de Previdên-
No Rio de Janeiro, em 1978, eclode o movimento dos trabalha- cia Social (INPS), o Estado passa a utilizar os serviços psiquiátricos
dores da Divisão Nacional de Saúde Mental (DINSAM) e coloca em do setor privado. Dessa forma, cria-se uma “indústria para o enfren-
xeque a política psiquiátrica exercida no país. A questão psiquiátrica tamento da loucura” (Amarante, 1995:13).
é colocada em pauta, em vista disto, tais movimentos fazem ver à O modelo asilar ou hospitalocêntrico continua predominante
sociedade como os loucos representam a radicalidade da opressão até o final do primeiro meado do século XX. Até que em 1961, o
e da violência imposta pelo estado autoritário. A Reforma busca co- médico italiano Franco Baságlia assume a direção do Hospital Psi-
letivamente construir uma crítica ao chamado saber psiquiátrico e quiátrico de Gorizia, na Itália. No campo das relações entre a cole-
ao modelo hospitalocêntrico na assistência às pessoas com trans- tividade e a insanidade, ele assumia uma atitude crítica para com a
tornos mentais. psiquiatria clássica e hospitalar, por esta se centrar no princípio do
A Reforma Psiquiátrica no Brasil deve ser entendida como um insulamento do alienado. Ele defendia, ao contrário, que o doente
processo político e social complexo, tendo em vista, ser o mesmo mental voltasse a viver com sua família. Sua atitude inicial foi aper-
uma combinação de atores, instituições e forças de diferentes ori- feiçoar a qualidade de hospedaria e o cuidado técnico aos internos
gens, e que incide em territórios diversos, nos governos federal, es- no hospital em que dirigia. Essas normas e o pensamento de Franco
tadual e municipal, nas universidades, no mercado dos serviços de Baságlia influenciam, entre outros, o Brasil, fazendo ressurgir diver-
saúde, nos conselhos profissionais, nas associações de pessoas com sas discussões que tratavam da desinstitucionalização do portador
transtornos mentais e de seus familiares, nos movimentos sociais, de sofrimento mental e da humanização do tratamento a essas pes-
e nos territórios do imaginário social e da opinião pública. (BRASIL, soas, com o objetivo de promover a re-inserção social.
2005). O movimento pela Reforma Psiquiátrica tem início no Brasil
no final dos anos setenta. Este movimento tinha como bandeira a A Reforma Psiquiátrica no Brasil
luta pelos direitos dos pacientes psiquiátricos em nosso país. O que Na década de 70 são registradas várias denúncias quanto à
implicava na superação do modelo anterior, o qual não mais satis- política brasileira de saúde mental em relação à política de priva-
fazia a sociedade. tização da assistência psiquiátrica por parte da previdência social,
O processo da Reforma Psiquiátrica divide-se em duas fases: a quanto às condições (públicas e privadas) de atendimento psiqui-
primeira de 1978 a 1991 compreende uma crítica ao modelo hos- átrico à população. É nesse contexto, que no fim da década citada,
pitalocêntrico, enquanto a segunda, de 1992 aos dias atuais desta- que surge a questão da reforma psiquiátrica no Brasil. Pequenos
ca-se pela implantação de uma rede de serviços extrahospitalares. núcleos estaduais, principalmente nos estados de São Paulo, Rio de
O modelo mais adotado para conter a loucura foi o asilo. Britto Janeiro e Minas Gerais constituem o Movimento de Trabalhadores
apud Mesquita (2008:3) informa que no Brasil a instituição da psi- em Saúde Mental (MTSM). No Rio de Janeiro, em 1978, eclode o
quiatria encontra-se relacionado à vinda da Família Real Portuguesa movimento dos trabalhadores da Divisão Nacional de Saúde Mental
em 1808. Foi nesta época que foram construidos os primeiros asilos (DINSAM) e coloca em xeque a política psiquiátrica exercida no país.
que funcionavam como depósitos de doentes, mendigos, deliquen- A questão psiquiátrica é colocada em pauta: “... tais movimentos
tes e criminosos, removendo-os da sociedade, com o objetivo de fazem ver à sociedade como os loucos representam a radicalidade
colocar ordem na urbanização, disciplinando a sociedade e sendo, da opressão e da violência imposta pelo estado autoritário”. (Rotelli
dessa forma, compatível ao desenvolvimento mercantil e as novas et al, 1992: 48).
políticas do século XIX. Na década de 80, ocorrem vários encontros, preparatórios para
a I Conferência Nacional de Saúde Mental (I CNSM), que ocorreu
BRITTO apud MESQUITA (2008:3) nos explica: em 1987 os quais recomendam a priorização de investimentos nos
Com o relevante crescimento da população, a Cidade passou a serviços extra-hospitalares e multiprofissionais como oposição à
se deparar com alguns problemas e, dentre eles, a presença dos lou- tendência hospitalocêntrica. No final de 1987 realiza-se o II Con-
cos pelas ruas. O destino deles era a prisão ou a Santa Casa de Mise- gresso Nacional do MTSM em Bauru, SP, no qual se concretiza o Mo-
ricórdia, que era um local de amparo, de caridade, não um local de vimento de Luta Antimanicomial e é construído o lema „por uma
cura. Lá, os alienados recebiam um “tratamento” diferenciado dos sociedade sem manicômios‟. Nesse congresso amplia-se o sentido
outros internos. Os insanos ficavam amontoados em porões, sofren- político-conceitual acerca do antimanicomial.
do repressões físicas quando agitados, sem contar com assistência
médica, expostos ao contágio por doenças infecciosas e subnutri-
dos. Interessante observar que naquele momento, o recolhimento
do louco não possuía uma atitude de tratamento terapêutico, mas,
sim, de salvaguardar a ordem pública.

121
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

AMARANTES (1995:82) explica: A Reforma ficou também conhecida como o Movimento de


Enfim, a nova etapa (...) consolidada no Congresso de Bauru, Luta Antimanicomial, tendo como meta a desinstitucionalização do
repercutiu em muitos âmbitos: no modelo assistencial, na ação cul- manicômio, compreendida como um conjunto de transformações
tural e na ação jurídicopolítica. No âmbito do modelo assistencial, de prática, saberes, valores culturais e sociais. É no cotidiano da
esta trajetória é marcada pelo surgimento de novas modalidades vida das instituições, dos serviços e das relações inter-pessoais que
de atenção, que passaram a representar uma alternativa real ao o processo da Reforma Psiquiátrica avança, marcado por impasses,
modelo psiquiátrico tradicional.... tensões, conflitos e desafios. A Reforma destaca-se então enquanto
No ano de 1989, um ano após a criação do SUS – Sistema Único um movimento com a finalidade de intervir no então modelo vigen-
de Saúde – dá entrada no Congresso Nacional o Projeto de Lei do te, buscando o fim da mercantilização da loucura para assim poder
deputado Paulo Delgado (PT/MG). construir coletivamente uma critica ao chamado saber psiquiátrico
O qual propõe a regulamentação dos direitos da pessoa com e ao modelo hospitalocêntrico na assistência às pessoas com trans-
transtornos mentais e a extinção progressiva dos hospícios no país. tornos mentais.2
Porém, cabe enfatizar que é somente no ano de 2001, após 12 anos
de tramitação no Congresso Nacional, que a Lei Paulo Delgado é Saúde mental, no modelo de atenção psicossocial, é conside-
aprovada no país. A concordância, no entanto, é uma emenda do rada uma área que se insere na ideia de complexidade, de simul-
Projeto de Lei original, que traz alterações importantes no texto taneidade, de transversalidade de saberes, de “construcionismo”
normativo. e de “reflexividade”. Assim, a área da saúde mental constitui uma
Assim, a Lei Federal 10.216/2001 redireciona o amparo em saú- complexa rede de saberes que envolve a psiquiatria, a neurologia
de mental, privilegiando o oferecimento de tratamento em serviços e as neurociências, a psicologia, a psicanálise, a filosofia, a fisiolo-
de base comunitária, dispõe sobre a proteção e os direitos das pes- gia, a antropologia, a sociologia, a história e a geografia (Amarante,
soas com transtornos mentais, no entanto, não estabelece estrutu- 2011).
ras claras para a progressiva extinção dos manicômios. Ainda assim, A transição paradigmática na saúde mental acompanha a trans-
a publicação da lei 10.216 impõe novo impulso e novo ritmo para formação na saúde pública, na medida em que supera o modelo
o processo de Reforma Psiquiátrica no Brasil, pois mesmo antes de asilar biomédico que é centrado na doença e no qual o médico é a
sua aprovação, suas consequências já eram visíveis por meio de di- figura de poder, detentor máximo da verdade, neutralidade e dis-
ferentes ações, tais como a de criação das SRTs e de programas, tal
tanciamento de seu “objeto de cuidado”.
como “De volta pra casa”. Novas modalidades para o tratamento do
Da mesma maneira, no cenário internacional, Mezzina (2005)
usuário de saúde mental foram postas em prática.
aponta a mudança paradigmática na saúde mental como uma “rup-
A Luta Antimanicomial possibilitou o desenvolvimento de
tura revolucionária”, que vai do modelo médico-biológico para um
pontos extremamente importantes para a desinstitucionalização
da loucura. Podemos destacar aqui o surgimento de relevantes olhar ampliado, que inclui aspectos psicossociais do sujeito a ser
serviços de atendimentos Extra-Hospitalares oriundos da Refor- cuidado. Propõe-se a ruptura com as instituições totais e a organi-
ma Psiquiátrica: Núcleo de Atenção Psico-social (NAPS); Centro de zação de serviços humanos, inseridos nas comunidades, que consi-
Atendimento Psico-social (CAPs I, CAPs II, CAPs III, CAPsi, CAPsad); deram o paciente como sujeito e não como objeto.
Centro de Atenção Diária (CADs); Hospitais Dias (HDs); Centros de Segundo Costa-Rosa (2000), o paradigma psicossocial se pauta
Convivência e Cultura. em quatro parâmetros fundamentais:
A Lei Paulo Delgado foi criticada, sobretudo por proprietários - implicação subjetiva do usuário, pressupondo a superação do
de hospitais e clínicas privadas conveniadas ao SUS, nas quais se lo- modo de relação sujeito-objeto, característico do modelo biomé-
calizavam a maior parte dos leitos para o atendimento dos doentes dico e das disciplinas especializadas que se pautam pelas ciências
mentais. Em 1985, Segundo dados do Ministério da Saúde. 80% dos positivistas;
leitos psiquiátricos eram contratados enquanto somente 20% eram - horizontalização das relações intrainstitucionais, tanto entre
internações na rede pública. (BRASIL, 2005). as esferas do poder decisório, de origem política, e as esferas do
TENÓRIO (2002:38) aponta para dois grandes marcos da dé- poder de coordenação, de natureza mais operativa, como também
cada de 80, no que tange à Reforma Psiquiátrica: a inauguração do das relações especificamente interprofissionais;
primeiro CAPS na Cidade de São Paulo e a Intervenção Pública na - integralidade das ações no território que preconiza o posicio-
Casa de Saúde Anchieta (Santos-SP) a qual funcionava com 145% namento da instituição como espaço de interlocução, como instân-
de ocupação (290 leitos com 470 internados). O internamento asi- cia de “suposto saber” e, ao fazer dela um espaço de intensa po-
lar não representava a exclusiva perspectiva para esta classe da rosidade em relação ao território, praticamente subverte a própria
população a qual tinha seus direitos cerceados, impedida de ir e natureza da instituição como dispositivo. A natureza da instituição
vir, em internações infindáveis onde os usuários em diversos casos como organização fica modificada e o local de execução de suas
perdiam suas referencia com familiares e grupos afetivos. Efetivan- práticas se desloca do antigo interior da instituição para tomar o
do-se acima de tudo em perda da autonomia destes. próprio território como referência;
A Reforma destaca-se então enquanto um movimento com a - superação da ética da adaptação, ao propor suas ações na
finalidade de intervir no então modelo vigente, buscando o fim da perspectiva de uma ética de duplo eixo que considera, por um lado,
mercantilização da loucura para assim poder “[...] construir coleti-
a relação sujeito-desejo e, por outro, a dimensão carecimento-i-
vamente uma critica ao chamado saber psiquiátrico e ao modelo
deais, firmando a meta da produção de subjetividade singulariza-
hospitalocêntrico na assistência às pessoas com transtornos men-
da, tanto nas relações imediatas com o usuário propriamente dito
tais. [...]” (BRASIL, 2005, P.2). Em 1990, o Brasil torna-se signatário
quanto nas relações com toda a população do território (Costa-Ro-
da Declaração de Caracas a qual propõe a reestruturação da assis-
tência psiquiátrica. sa, 2000).

2 Fonte: www.abep.nepo.unicamp.br - Por José Ferreira De Mesquita/Maria Sa-


let Ferreira Novellino/Maria Tavares Cavalcanti

122
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Assim, o paradigma psicossocial situa a saúde mental no cam- O enfermeiro que possui conhecimento técnico-científico
po da saúde coletiva, compreendendo o processo saúde-doença possui autonomia para lidar com o paciente neurológico e através
como resultante de processos biopsicossociais complexos, que de- desta pode tomar decisões, realizar intervenções e diagnósticos de
mandam uma abordagem interdisciplinar e intersetorial, com ações enfermagem. Ele se vê diante de situações que requerem o mínimo
inseridas em uma diversidade de dispositivos comunitários e ter- de raciocínio clínico para solucionar problemáticas. Por assim dizer,
ritorializados de atenção e de cuidado (Yasui & Costa-Rosa, 2008). o enfermeiro necessita sempre buscar aprofundar e ampliar, seus
No nível das práticas, isso implica na mudança de concepções conhecimentos na sua área de atuação, sem esquecer o enfoque
sobre o que é tratar/cuidar, partindo da busca de controlar sinto- interdisciplinar e/ou multidimensional.
mas e comportamentos, da fragmentação do paciente e da distân- Fitzsimmon et al., (2007, p. 798) dizem que “como parte da
cia entre este e o profissional, chegando à busca de compreensão equipe multidisciplinar, a enfermeira desempenha um papel central
do sofrimento da pessoa e suas necessidades concretas, incluindo no cuidado ao paciente durante a doença. Ela participa no diagnós-
as psicológicas e altamente subjetivas, colocando a pessoa como tico, tratamento e cuidado de acompanhamento do paciente”.
centro, sendo vista e considerada em suas dimensões biopsicosso- A prevenção do aumento da PIC, ou hipertensão intracrania-
ciais, baseando-se no princípio da singularização, ou seja, no reco- na, é uma função de primordial importância para a enfermagem ao
nhecimento e consideração de sua história, de suas condições de cuidar de um paciente com lesão neurológica. Em primeiro lugar, é
vida e de sua subjetividade únicas no momento assistencial (Costa, essencial que a enfermeira realize uma avaliação neurológica basal
2004).Nessa direção, para que a transição paradigmática propos- no paciente, sobre a qual possa ser analisado se houver uma pio-
ta se efetive de fato, faz-se necessária a participação de diversos ra adicional. Em termos gerais, o aumento da PIC manifesta-se por
atores sociais, e um dos atores fundamentais nesse processo é o comprometimento geral de todos os aspectos da função neurológi-
profissional de saúde mental, que está na “linha de frente” do coti- ca (HILTON, 2007, p. 775).
diano assistencial. O nível de consciência diminui à medida que a PIC se eleva.
Inicialmente, o paciente pode evidenciar inquietação, confusão e
combatividade. Isso descompensa, então, os níveis inferiores de
Pacientes com Problemas Neurológicos
consciência, variando da letargia até a obnubilação e ao coma. As
As doenças neurológicas podem ter diferentes origens: here-
reações pupilares começam a diminuir, com pupilas lentamente
ditária/genética ou congênita, ou seja, dependente de um distúr-
reativas até chegarem a pupilas fixas e dilatadas. O exame pupilar
bio do desenvolvimento embrionário ou fetal do sistema Nervoso
deve ser realizado e deve incluir o tamanho e simetria (comparação
Central ou Periférico; adquirida ao longo dos diferentes períodos da
do lado Direito e Esquerdo), fotorreação e simetria. A agitação, as
vida, desde a fase neonatal até à velhice.
contraturas musculares, os tremores e relacionar a presença de ce-
Segundo O’Sullivan e Schmitz, (2004 apud ANDRADE et al.,
faleia com variações de PA.
2010, p. 156), o “paciente com sequelas neurológicas apresenta
A função motora também declina e o paciente começará a
uma série de alterações orgânicas e psíquicas em decorrência da mostrar atividade motora anormal, presença de flexão ou exten-
não aceitação da doença e, consequente, não aceitação do seu cor- são anormal. Os achados tardios são alterações nos sinais vitais. As
po, visualizado como representante desta condição”. variações nos padrões respiratórios são evidenciadas, mais tarde
Os distúrbios neurológicos comumente causam lesões tempo- como apneia total. A tríade de Cushing “descreve os três sinais tar-
rárias ou permanentes que prejudicam o individuo em suas funções dios da herniação: aumento da Pressão Arterial Sistólica, redução
tornando-o um dependente parcial ou total de outras pessoas. Eles da frequência cardíaca e um padrão respiratório irregular. O alar-
podem limitar de modo significativo o desempenho funcional do gamento da pressão de pulso também está associado à herniação”
indivíduo, com consequências negativas nas relações pessoais, fa- (ZINK, 2007, p. 856).
miliares, sociais e, sobretudo na qualidade de vida.
Para Oliveira (2004 apud RESENDE et al., 2007 p. 165), as inca- Outro item a ser avaliado é a presença de convulsões, pois es-
pacidades funcionais podem “desestruturar as bases do indivíduo, tas indicam inicio das alterações agudas no SNC. Elas devem ser ob-
interferir no desempenho de regras e papéis sociais, na indepen- servadas e acompanhadas quanto à hora de início e término, onde
dência e habilidade para realizar tarefas essenciais à sua vida, na ca- começaram os movimentos ou rigidez, tipo de movimento da parte
pacidade afetiva e capacidade de realizar atividades profissionais”. comprometida.
Leva-se em consideração que a neurocirurgia também é um As intervenções de Enfermagem para tratar a PIC elevada in-
dos fatores que colaboram para o agravamento dessas incapacida- cluem a manutenção do alinhamento corporal, evitar mudar a posi-
des. Fitzsimmon et al. (2007, p. 809) afirmam que “durante o curso ção lateral da cabeça de forma brusca e a flexão ostensiva do qua-
da doença, muitos pacientes com afecções neurológicas exigem tra- dril, para evitar o aumento da pressão intra-abdominal. A rotação
tamento em ambiente de cuidados críticos”. Estes procedimentos lateral da cabeça também pode causar compressão da veia jugular
neurocirúrgicos envolvem uma internação de duração curta na Uni- diminuindo ou cessando a drenagem do sangue venoso.
dade de terapia Intensiva (UTI). O enfermeiro ao cuidar do paciente neurológico deve estar
A cirurgia neurológica é indicada para diversos distúrbios neu- sempre atento, pois o seu quadro pode alterar rapidamente e ele
rológicos. Ela é parte integrante do tratamento de pacientes neuro- deve saber lidar com as intercorrências, não pode estar só aten-
lógicos, dentre eles: tumores cerebrais, malformações arterioveno- to ao monitor. O enfermeiro deve ter o cuidado com a elevação
sas e aneurismas. da cabeceira do paciente, com o período de troca dos cateteres,
Para uma assistência de qualidade na Unidade de Terapia In- com as anotações dos parâmetros registrados (PAM, PIC, Relação
tensiva, o enfermeiro se faz necessário, já que segundo o Conselho P / F, entre outros) pelos equipamentos, assim como os horários e
Federal de Enfermagem (COFEN, 2004), existe a “obrigatoriedade aprazamentos dos medicamentos administrados ao paciente, sem
de haver Enfermeiros em todas as unidades de serviços nos quais esquecer-se das coletas de sangue para gasometria e principalmen-
são desenvolvidas ações de Enfermagem que envolvam procedi- te oferecer uma assistência humanizada, sem medos e receios de
mentos de alta complexidade, comuns na assistência a pacientes complicações, mas com confiança e conhecimento para enfrenta-
críticos/potencialmente críticos”. -las.

123
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Os pacientes com lesões neurológicas podem apresentar os Pacientes com Problemas Cardiovasculares
distúrbios do equilíbrio hidroeletrolítico por diversos motivos, O cuidado faz parte da vida do ser humano desde os primór-
como administração de diuréticos osmóticos, aumento da perda hí- dios da humanidade, como resposta ao atendimento às suas ne-
drica insensível e disfunção pituitária, gerando distúrbios de sódio. cessidades. Para realizar o cuidado, o enfermeiro, como membro
A enfermeira de cuidados críticos deve levar em consideração todas integrante da equipe multidisciplinar, utiliza um conjunto de conhe-
as variáveis quando examina o paciente. Ela deve observar e avaliar cimentos que possibilita a busca de resolutividade às respostas dos
constante os níveis de oxigenação para que o paciente aumente os fenômenos de saúde, definidos pelo Internacional Council of Nur-
níveis de oxigenação sanguínea e cerebral, a perfusão para perce- ses1 como aspectos de saúde relevantes à prática de Enfermagem.
ber se há isquemia miocárdica, a PIC, a PAM e a PPC para prevenir O instrumento para a realização do cuidado é o processo de
lesões cerebrais, monitorar os níveis de eletrólitos séricos e regis- cuidar2, mediante uma ação interativa entre o enfermeiro e o pa-
trar rigorosamente a ingesta e o débito do paciente com intuito de ciente. Nele, as atividades do profissional são desenvolvidas “para”
mantê-los dentro do nível de estabilidade pré-estabelicido (ZINK, e “com” o paciente, ancoradas no conhecimento científico, habili-
2007, p. 865). dade, intuição, pensamento crítico e criatividade e acompanhadas
de comportamentos e atitudes de cuidar/cuidado no sentido de
Pacientes com Problemas Respiratórios promover, manter e/ou recuperar a totalidade e a dignidade hu-
Seja qual for a patologia que leve o paciente à Unidade de Te- mana.
rapia Intensiva, ele estará sujeito à insuficiência no sistema respi- O desenvolvimento do cuidado ocorre nas suas mais diferentes
ratório. Isto se comprova pelo alto índice, nas Unidades de Terapia especialidades e, neste estudo, abordará o processo de cuidar ao
Intensiva, de pacientes com insuficiência respiratória como causa paciente crônico cardíaco.
primária da internação, ou secundária em pacientes já internados O paciente adulto crônico cardíaco apresenta comprometi-
devido a outras afecções. mento de seu todo harmônico, seu estado de saúde está alterado,
Insuficiência Respiratória existe quando um paciente não é pois começa a sentir que a força física e a força do coração estão
capaz de manter as tensões de seus gases sanguíneos dentro dos diminuídas. Surge a aterosclerose nos vasos sanguíneos, ocorre a
limites normais. perda do tecido ósseo, e há carência na autoestima3. Nessa fase, o
O tipo de insuficiência respiratória encontrada em UTI tem doente pode apresentar limitações emocionais, financeiras, perdas
evolução relativamente rápida, ao contrário da deterioração gradu- pessoais e sociais e precisará aprender a administrar o seu trata-
al das doenças respiratórias crônicas. Ela resulta da incapacidade mento efetivo. Nessas circunstâncias, quando ele se encontra fra-
progressiva do sistema respiratório remover dióxido de carbono do gilizado, é que o enfermeiro assume um papel importante e muito
sangue venoso e de adicionar oxigênio a ele, por um período que expressivo para com ele, no sentido de ajudá-lo não só a enfrentar
varia desde alguns momentos até alguns dias. as dificuldades em torno da doença, mas também de cuidá-lo nas
Alguns fatores podem ser considerados como predisponentes à suas necessidades de segurança, carinho e autoconfiança. Desse
insuficiência respiratória: obesidade, idade avançada e exacerbação modo, é importante que o enfermeiro compreenda que os pacien-
da doença pulmonar crônica (enfisema, bronquite crônica). Estas tes portadores de doença crônica requerem, do profissional, um
causas primárias são agravadas pelo uso de drogas anestésicas, por raciocínio clínico e crítico constante, pois uma simples preocupação
lesão da caixa torácica ou distensão abdominal, levando a altera- que apresentem pode colocar em risco suas vidas.
ções ventilatórias. Além disso, a dor e a imobilização contribuem O enfermeiro tem uma função fundamental na equipe de saú-
muito para a instalação do processo de atelectasia. de, já que, por meio da avaliação clínica diária do paciente, poderá
A Abordagem de vias aéreas pela Cânula orofaríngea É um mé- realizar o levantamento dos vários fenômenos, seja na aparência
todo rápido e prático de se manter a via aérea aberta, podendo ser externa ou na subjetividade da multidimensionalidade do ser hu-
utilizado temporariamente em conjunto com ventilação com más- mano. Igualmente poderá providenciar para que o paciente seja
cara, enquanto se aguarda um método definitivo, como por exem- atendido nos mais diferentes segmentos da equipe de saúde e/ou
plo a intubação endotraqueal. de enfermagem.
A cânula de Guedel tem forma semicircular, geralmente é de A Organização Mundial de Saúde, em seu documento “Cuida-
material plástico e descartável e, quando apropriadamente colo- dos inovadores para as condições crônicas”, enfatiza que o paciente
cada, desloca a língua da parede posterior da faringe, mantendo portador de doença crônica carece de cuidados planejados, capazes
a via respiratória aberta. Pode também ser utilizada no paciente de prever suas necessidades básicas e proporcionar atenção inte-
com tubo traqueal, evitando que o reflexo de morder cause dano grada. Essa atenção envolve tempo, cenário da saúde e cuidadores,
ao tubo. além de treinamentos para que o paciente aprenda a cuidar de si
O paciente nunca deve ser deixado sozinho e deve estar loca- mesmo em sua residência. O paciente e seus familiares precisam
lizado de forma a ser visualizado continuamente, pois alterações de suporte, de apoio para a prevenção ou administração eficaz dos
súbitas podem ocorrer, levando à necessidade de ser reavaliada a eventos crônicos4
modalidade respiratória à qual o mesmo está sendo submetido. Diante do exposto, optou-se por investigar como os enfermei-
O paciente entubado perde suas barreiras naturais de defesa ros conduzem a prática de cuidar ao portador de doença crônica
das vias aéreas superiores. Além disso, a equipe de saúde, através cardíaca, a partir da composição de seu método de cuidar. Para
das suas mãos e do equipamento respiratório, constitui a maior fon- atender esse questionamento, os objetivos da pesquisa foram:
te de contaminação exógena. identificar os elementos do processo de cuidar realizado pelo en-
fermeiro ao portador de doença crônica cardíaca e descrever os
elementos evidenciados no processo de cuidar em enfermagem ao
portador de doença crônica cardíaca.

Pacientes com Problemas Digestórios


O trato gastrointestinal é o trajeto (7,5 a 8,5 m de comprimento
total) que se estende da boca através do esôfago, estômago, intes-
tino e ânus.

124
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

• Anexos: glândulas salivares (amilase), pâncreas (suco pancre- O fator intrínseco também é secretado pela mucosa gástrica.
ático) e fígado (bile); Este componente combina-se com a vitamina B12 da dieta de for-
• Esôfago 25 cm de comprimento; ma que essa vitamina possa ser absorvida no íleo (na ausência do
• Estômago capacidade aproximadamente 1.500 ml (cárdia, fator intrínseco a vitamina B12 não pode ser absorvida, resultando
fundo, corpo, piloro) - esfíncter esofagiano inferior ou esfíncter car- na anemia perniciosa). O alimento permanece no estômago por um
díaco (entrada) e esfíncter pilórico (saída); tempo variado, de meia hora até muitas horas, dependendo do ta-
• Intestino delgado maior segmento 2/3 do total do compri- manho das partículas alimentares, composição da refeição e outros
mento do trato GI; fatores.
• Duodeno parte superior (esvaziamento da bile e secreções Ação do intestino delgado - O processo digestivo continua no
pancreáticas através do canal biliar comum na ampola de Vater); duodeno. As secreções duodenais procedem:
• Jejuno: parte mediana; • Do pâncreas (suco pancreático 1 litro/dia): enzimas digesti-
• Íleo: parte inferior; vas, incluindo a tripsina q/ ajuda na digestão de proteínas, a amilase
• Ceco junção entre o intest. delgado e grosso (porção inferior q/ ajuda na digestão do amido e a lipase q/ ajuda na digestão das
direita do abd), onde se encontra a válvula íleocecal q/ funciona no gorduras. A secreção pancreática tem um pH alcalino devido à sua
controle da passagem dos conteúdos intestinais no intest. grosso e alta concentração de bicarbonato;
previne o refluxo de bactérias p/ o intest. delgado. É nesta área q/ o • Do fígado (500 ml/dia de bile): a bile secretada pelo fígado e
apêndice vermiforme está localizado; armazenada na vesícula biliar ajuda na emulsificação das gorduras
• Intestino Grosso Ascendente / Transverso / Descendente / ingeridas, facilitando a sua digestão e absorção;
cólon sigmóide / reto; • Das glândulas intestinais (3 litros/ dia secreção das glândulas
intestinais): as secreções consistem em muco, que recobre as cs e
• Ânus esfíncter anal interno e externo.
protege a mucosa do ataque do ácido hidroclorídrico, hormônios,
eletrólitos e enzimas. Os hormônios, neurorreguladores e regula-
O trato GI recebe o suprimento sanguíneo de muitas artérias
dores locais encontrados nessas secreções intestinais controlam a
que se originam ao longo de toda a extensão da aorta torácica e ab-
taxa de secreção intestinal e também influenciam a motilidade GI.
dominal. As principais são a artéria gástrica (estômago) e as artérias
mesentéricas superior e inferior (intestino). Ação colônica - Cerca de 4 hs após a alimentação, o material
O sangue é drenado desses órgãos pelas veias que se fundem residual passa pelo íleo terminal e, lentamente, pela porção termi-
com outras no abdômen para formar um grande vaso, chamado nal do cólon, através da válvula íleocecal. A cada onda peristáltica
veia porta. É um sangue rico em nutrientes que é levado ao fígado. do intestino delgado, a válvula se abre rapidamente permitindo q/
O fluxo sanguíneo para todo o trato GI é cerca de 20% de todo o um pouco do conteúdo passe para o cólon. A população bacteria-
débito cardíaco e aumenta significativamente após a alimentação. na é o principal componente do conteúdo do intestino grosso. As
O TGI é inervado pelo SNA simpático e parassimpático. bactérias ajudam no término da degradação do material residual e
SNA parassimpático - libera acetilcolina que: aumenta ativida- sais biliares.
de do TGI, aumenta movimentos peristálticos, aumenta tônus. Uma atividade peristáltica fraca impulsiona o conteúdo colô-
SNA simpático - libera noradrenalina que: diminui atividade do nico lentamente ao longo do trato. Este lento transporte permite
TGI, diminui movimentos peristálticos, diminui tônus. uma eficiente absorção de água e eletrólitos. O material residual de
uma refeição eventualmente atinge e distende o reto, geralmente
O processo digestivo em cerca de 12 horas. Cerca de 1/4 do material residual de uma
Todas as células do organismo requerem nutrientes. Esses nu- refeição pode permanecer no reto três dias após a refeição ter sido
trientes derivam da ingesta alimentar contendo: proteína, gordura, ingerida.
carboidratos, vitaminas e minerais, assim como fibras de celulose e As fezes se compõem de resíduos alimentares não digeridos,
outras matérias vegetais sem valor nutricional. materiais inorgânicos, água e bactérias. A matéria fecal tem cerca
As principais funções digestivas do trato GI são especificamen- de 75% de líquido e 25% de material sólido. A cor marrom das fezes
te para fornecer estas necessidades do corpo: é devida à degradação da bile pela bactéria intestinal.
• Reduzir as partículas alimentares à forma molecular para a Substâncias químicas formadas pelas bactérias intestinais são
digestão; responsáveis, em grande parte, pelo odor fecal. Os gases formados
• Absorver na corrente sanguínea as pequenas moléculas; contém metano, sulfeto de hidrogênio e amônia, entre outros. O
• Eliminar restos alimentares não digeridos e não absorvidos e trato GI normalmente contém cerca de 150 ml desses gases, q/ são
ou absorvidos na circulação porta e detoxificados pelo fígado, ou
outros produtos tóxicos nocivos ao corpo.
expelidos pelo reto (flatos). Pacientes c/ dça hepática frequente-
mente são tratados c/ antibióticos p/ reduzir o nº de bactérias colô-
Ação gástrica - O estômago secreta um líquido ácido em res-
nicas e, desta forma, inibir a produção de gases tóxicos.
posta à presença de alimento ou à sua ingesta antecipada. Este
líquido deriva sua acidez do ácido hidroclorídrico secretado pelas Respostas fisiológicas às disfunções gastrintestinais
glândulas do estômago. Esta secreção tem dupla função: reduzir o 1.Halitose: mau hálito, pode indicar um processo periodôntico
alimento a componentes mais absorvíveis e ajudar na destruição de ou infecção oral;
bactérias ingeridas. O estômago pode produzir cerca de 2,4 litros/ 2. Disfagia: dificuldade de engolir, pode resultar de um proble-
dia dessas secreções gástricas. ma mecânico (neoplasia, cirurgia) ou ocorrer secundariamente a
As secreções gástricas também contêm a enzima pepsina, im- um dano neurológico (AVC);
portante para iniciar a digestão de proteínas. 3. Odinofagia: deglutição dolorosa (infecção ou doença);
Hormônios, neurorreguladores e reguladores locais encontra- 4. Pirose: sensação de queimação na área médio esternal, cau-
dos nas secreções gástricas controlam a taxa das secreções gástri- sada pelo refluxo dos conteúdos gástricos para o esôfago;
cas e influenciam a motilidade gástrica. 5. Dispepsia: sensação de desconforto durante o processo di-
gestivo; dys = mal pepsia = digestão

125
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

6. Anorexia: perda de apetite; O contraste iodado é substância radiopaca empregada em exa-


7. Náuseas: sensação de desconforto gástrico caracterizada por mes radiológicos, como o cateterismo cardíaco, amplamente utili-
vontade de vomitar; zado para fins diagnósticos e terapêuticos. Tal substância, apesar de
8. Vômitos: expulsão dos conteúdos gástricos, em geral após melhorar a visualização das artérias e de outras estruturas anatômi-
uma sensação de náuseas; cas durante o exame, pode provocar reações adversas indesejáveis
9. Câimbras abdominais: contração muscular espasmódica in- que se devem, principalmente, à alta osmolaridade do contraste
voluntária que causa desconforto e dor: em relação ao sangue.
10. Distensão abdominal: expansão do abdome notada por ob- Pacientes com Problemas urológico
servação, percussão ou palpação (aumento da quantidade de ar ou Dor originada nos rins ou ureteres; em geral, é vagamente lo-
líquidos ou presença de massa abdominal); calizada nos flancos ou na região lombar baixa e pode irradiar-se
11. Má absorção: incapacidade de absorver nutrientes secun- para fossa ilíaca ipsolateral, coxa superior, testículos ou grandes lá-
dária a um distúrbio GI; bios. Tipicamente, a dor causada por cálculos é em cólica e pode
12. Dor: sensação de desconforto que varia em gravidade; ser muito significativa; é mais constante se causada por infecção. A
13. Diarreia: expulsão excessiva de fezes aquosas em grande retenção urinária aguda distal à bexiga causa dor suprapúbica ago-
vol. ou c/ frequência maior. nizante; a retenção urinária crônica causa menos dor e pode ser
14. Constipação: frequência diminuída de evacuação fecal, le- assintomática. Disúria é um sintoma de irritação vesical ou uretral.
vando à impactação intestinal; a consistência das fezes é mais co- A dor prostática manifesta-se como desconforto vago ou sensação
mumente seca e dura, entretanto ela pode ser mole e formada se de peso nas regiões perineal, retal ou suprapúbica.
estiverem presentes distúrbios de motilidade; Os sintomas de obstrução vesical em homens incluem hesita-
15. Sons intestinais alterados: os sons intestinais ouvidos na ção, força para urinar, diminuição da força e do calibre do jato uri-
ausculta indicam a passagem de ar e líquidos no trato GI, a faixa nário e gotejamento terminal. Incontinência tem várias formas. A
de frequência normal é de aproximadamente 5 a 25 por minuto; enurese após os 3 ou 4 anos de idade pode ser um sintoma de este-
os sons intestinais podem estar diminuídos ou ausentes após uma nose uretral em meninas, válvulas de uretra posterior em meninos,
cirurgia abdm., ou ser hiperativos ou de som agudo (borborigmos) alteração psicológica ou, se de início súbito, infecção.
como resultado de hipermotilidade do trato GI; A pneumatúria (passagem de ar na urina) sugere fístula vesico-
16. Melena: fezes escuras indicando a presença de sangue (san- vaginal, vesicoentérica ou ureteroentérica; as duas últimas podem
ser causadas por diverticulite, doença de Crohn, abscesso ou câncer
gramento ou hemorragia);
de cólon. A pneumatúria também pode ser causada por pielonefrite
17. Perda de peso: sintoma comum geral// indicando ingestão
enfisematosa.
inadequada ou má absorção.
Exame físico
Pacientes com Problemas Renal O exame físico é dirigido aos ângulos costovertebrais, abdome,
A insuficiência renal aguda é uma síndrome caracterizada pela reto, região inguinal e genitais. Em mulheres com sintomas uriná-
redução aguda da função renal, em horas ou dias, com conseqüente rios, geralmente é feito exame pélvico.
retenção sérica de produtos nitrogenados, tendo caráter reversível.
Refere-se principalmente, à diminuição do ritmo de filtração glo- Ângulo costovertebral
merular e/ou do volume urinário, mas, ocorrem também distúrbios A dor surgida após percussão com o punho na região lombar,
no controle do equilíbrio hidro-eletrolítico e ácido-básico. flancos e no ângulo formado pelo 12º arco costal e espinha lombar
De acordo com a Sociedade Brasileira de Nefrologia(5), na litera- (dolorimento costovertebral) pode indicar pielonefrite, cálculos ou
tura existem mais de 30 definições de IRA. A utilização de diferen- obstrução do trato urinário.
tes definições dificulta a comparação de estudos. Recentemente, o
grupo internacional e multidisciplinar Acute Kidney Injury Network Abdome
(AKIN) propôs uma nova definição e classificação da IRA, a fim de Abaulamento visível do abdome superior é um achado extre-
uniformizar este conceito para efeitos de estudos clínicos e, princi- mamente raro e inespecífico de hidronefrose ou massa renal ou ab-
palmente, prevenir e facilitar o diagnóstico desta síndrome. A AKIN dominal. Som maciço à percussão no abdome inferior indica disten-
propõe o diagnóstico e a classificação da insuficiência renal aguda são vesical; normalmente, mesmo uma bexiga cheia não pode ser
baseada na dosagem sérica da creatinina e no volume urinário em percutida acima da sínfise púbica. A palpação da bexiga, algumas
um período de 48 horas. vezes, é utilizada para confirmar distensão e retenção urinária.

A IRA induzida por contraste, na maioria das vezes, é assinto- Reto


mática, não oligúrica e os níveis séricos usualmente aumentam em Durante o toque retal, pode-se detectar prostatite através do
24 a 72 horas após a exposição, alcançando seu valor máximo em encontro de uma próstata dolorosa e edemaciada. Nódulos focais e
3 a 5 dias. áreas pouco endurecidas devem ser distinguidas de câncer da prós-
A insuficiência renal aguda, apesar de sua característica reversí- tata. A próstata pode estar simetricamente aumentada, fibroelásti-
vel, ainda apresenta um prognóstico com índice de mortalidade de ca e não dolorosa na hipertrofia benigna da próstata.
aproximadamente 50%. Este prognóstico na IRA tem sido associado
a alguns fatores como oligúria persistente (refratária a volume), fa-
lência de múltiplos órgãos e septicemia. Esta alta mortalidade re-
força ainda mais a necessidade da sua prevenção e a importância
da atuação do enfermeiro na identificação dos fatores de risco e na
detecção precoce da IRA.

126
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Região inguinal e genitais Segundo o Ministério da Saúde além da importância de reali-


O exame inguinal e genital deve ser realizado com o paciente zar o exame periodicamente, torna-se relevante evidenciar que, ao
em pé. A presença de hérnia inguinal ou adenopatia pode explicar longo da vida, a mulher pode estar exposta a fatores de risco para
dor escrotal ou inguinal. Assimetria grosseira, edema, eritema ou o câncer de colo uterino, como: idade precoce da primeira relação
pigmentação dos testículos podem indicar infecção, torção, tumor sexual, multiplicidade de parceiros sexuais, lesão genital por HPV,
ou outras massas. A horizontalização do testículo pode indicar ris- tabagismo, multiparidade, entre outros (BRASIL,2013). As ações
co de torção testicular. A elevação de um testículo (normalmente o de prevenção da saúde são estratégias fundamentais, não só para
esquerdo é mais baixo) pode ser sinal de torção testicular. O pênis aumentar a frequência e adesão das mulheres aos exames, como
é examinado com e sem retração do prepúcio. A inspeção do pênis para reforçar sinais e sintomas de alerta, que devem ser observados
pode detectar pelas usuárias. É fundamental que os processos educativos ocor-
• Hipospádias ou epispádias em meninos ou adultos jovens ram em todos os contatos da usuária com o serviço, estimulando-
• Doença de Peyronie em homens -a a realizar os exames de acordo com a indicação (BRASIL, 2013).
• Priapismo, úlceras e corrimento em todos os grupos Considerando tais dados verifica-se a importância de uma atenção
voltada para saúde da mulher, oferecendo além dos procedimen-
A palpação pode revelar hérnia inguinal. O reflexo cremastérico tos básicos, cuidados especiais que possam prevenir complicações
pode estar ausente na torção testicular. A localização das massas físicas e emocionais. Entende-se que a consulta de enfermagem é
em relação aos testículos e o grau e a localização do dolorimento extremamente importante, pois propicia o trabalho do enfermeiro
podem auxiliar a diferenciar massas testiculares (p. ex., esperma- no desenvolvimento de atividades voltadas à saúde da mulher, bem
toceles, epididimite, hidroceles, tumores). Em caso de edema, a como a atenção ginecológica.
área deve ser transiluminada para auxiliar a detectar se o aumento
é cístico ou sólido. Placas fibrosas na haste do pênis são sinais de Pacientes com Problemas endócrino, hematológico
doença de Peyronie. O sistema endócrino é composto por um grupo de glândulas e
órgãos que regulam e controlam várias funções do corpo por meio
Exames da produção e secreção de hormônios. Os hormônios são substân-
Exame de urina é fundamental para a avaliação de doenças uro- cias químicas que afetam a atividade de outra parte do corpo. Em
lógicas. Os exames de imagem (p. ex., ultrassonografia, tomografia essência, os hormônios atuam como mensageiros que controlam e
coordenam as atividades em todo o corpo.
computadorizada, ressonância nuclear magnética) são solicitados
As doenças endócrinas dizem respeito a
com frequência. Para análise do sêmen, Alterações espermáticas.
• Uma secreção hormonal excessiva ou
O teste de antígeno do tumor de bexiga para carcinoma de cé-
• Uma secreção hormonal insuficiente
lulas transicionais do trato urinário é mais sensível que a citologia
urinária para detectar cânceres de baixo grau; não é sensível o sufi- As doenças podem ser o resultado de um problema na própria
ciente para substituir o exame endoscópico. A citologia urinária é o glândula ou porque o eixo hipotálamo-hipófise (a interação dos si-
melhor exame para detectar câncer de alto grau. nais hormonais entre o hipotálamo e a hipófise) está fornecendo
O antígeno prostático específico (PSA, prostate-specific anti- estímulo excessivo ou insuficiente. Dependendo do tipo de célula
gen) é uma glicoproteína de função desconhecida produzida pelas da qual são originados, os tumores podem produzir hormônios em
células epiteliais prostáticas. Os níveis podem estar elevados em excesso ou destruir o tecido glandular normal, diminuindo a produ-
câncer de próstata e em algumas doenças comuns não neoplásicas ção hormonal. Às vezes, o sistema imunológico do organismo ataca
(p. ex., hipertrofia benigna da próstata, infecção, trauma). Mede-se uma glândula endócrina (uma doença autoimune), o que diminui a
o PSA para detectar recidiva de câncer após tratamento; seu uso produção hormonal.
generalizado para a triagem de câncer é controverso.
Exemplos de doenças endócrinas incluem
Pacientes com Problemas ginecológico • Hipertireoidismo
O câncer de colo uterino representa um grande problema de • Hipotireoidismo
saúde pública no Brasil. Pesquisa recente em um hospital escola do • Doença de Cushing
Triângulo Mineiro identificou que os cânceres ginecológicos em 321 • Doença de Addison
casos, foram 15 casos (15,63%) dos cânceres de colo de útero (SOA- • Acromegalia
RES; SILVA, 2010).Segundo dados do instituto nacional de câncer, o • Baixa estatura em crianças
câncer de colo do útero é o terceiro tumor mais frequente na popu- • Diabetes
lação feminina e a quarta causa de morte de mulheres por câncer • Distúrbios da puberdade e da função reprodutiva
no Brasil (INCA,2014 ).O câncer do colo do útero é caracterizado
pela replicação desordenada do epitélio de revestimento do órgão, Os médicos costumam medir os níveis de hormônios no sangue
comprometendo o tecido subjacente (estroma) e podendo invadir para dizer como a glândula endócrina está funcionando. Às vezes,
estruturas e órgãos vizinhos ou à distância. (BRASIL, 2013). Conside- os níveis sanguíneos sozinhos não fornecem informações suficien-
ra-se que a infecção pelo Papiloma Vírus Humano (HPV) representa tes sobre a função da glândula endócrina; por isso, os médicos me-
dem os níveis hormonais depois de dar um estímulo (tal como uma
o principal fator de risco para o câncer de colo do útero. Outros fa-
bebida contendo açúcar, um medicamento ou um hormônio que
tores foram identificados como de risco, como os socioeconômicos
possa desencadear a liberação hormonal) ou depois de o paciente
e ambientais e os hábitos de vida (FRIGATO; HOG, 2003).
ter exercido uma ação (tal como jejum).

As doenças endócrinas costumam ser tratadas ao repor o hor-


mônio, cujo nível é insuficiente. Contudo, às vezes, a causa da do-
ença é tratada. Por exemplo, se houver um tumor em uma glândula
endócrina, é possível que ele seja removido.

127
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Pacientes com Problemas musculoesquelético edermatológi- Embora a traumatologia ortopédica pareça ser o estudo de
co todo tipo de trauma, ela lida apenas com as lesões ósseas e mus-
culares tendinosas dos membros superiores, inferiores, bacia e co-
Pacientes com Problemas musculoesquelético luna. O trauma abdominal é avaliado pelo cirurgião geral; o trauma
O sistema osteomuscular compreende principalmente a dois craniano pelo neurocirurgião; o trauma de tórax é avaliado pelo
sistemas da fisiologia humana: o sistema ósseo e o sistema mus- cirurgião do trauma ou cirurgião torácico. Erro muito comum é o
cular. A função do sistema ósseo é de proteger, sustentar, armaze- encaminhamento de vítimas de trauma torácico e facial para o orto-
nar e liberar os íons de cálcio e potássio, permitir o deslocamento pedista, o qual trata do esqueleto axial (coluna) e membros.
do corpo servindo como alavanca e de produzir certas células do
sangue. Os ossos trabalham em conjunto com os músculos que são Sobre as Afecções Osteomusculares/Músculo Esquelético
responsáveis pelo movimento. As afecções músculo-esqueléticas representam uns dos princi-
No sistema muscular existe a divisão dos músculos que são pais agravos à saúde no Brasil. Trata-se de distúrbios de importância
lisos e estriados. O músculo liso não faz parte do aparelho loco- crescente em vários países do mundo, com dimensões epidêmicas
motor, pois eles são responsáveis pela formação de órgãos como o em diversas categorias profissionais, principalmente na Traumato-
estomago, intestinos, artérias, etc. O músculo estriado pode ser do -Ortopedia. Na traumatologia, o crescente problema da violência,
tipo músculo esquelético e músculo cardíaco. Os músculos estria- das doenças ocupacionais, dos acidentes de trânsito e causas ex-
dos esquelético fazem parte do aparelho locomotor sendo um tipo ternas, que perfazem mais de 90% dos atos médicos destinados ao
de músculo voluntário. tratamento das afecções do sistema músculo-esqueléticos, é de ex-
trema preocupação, tanto do ponto de vista epidemiológico quan-
Os músculos esqueléticos ficam ligados aos ossos pelos ten- to da gestão, pelo elevado número de procedimentos realizados e
dões que são formados por tecido conjuntivo altamente denso rico pelo alto valor de recursos financeiros envolvidos.
em colágeno no qual se liga de um lado ao periósteo, camada de SUS e as Afecções Osteomusculares/Músculo Esquelético
tecido conjuntivo presente nos ossos e do outro as camadas de te- O Sistema Único de Saúde − SUS oferta diversos tratamentos
cidos conjuntivos que revestem o ventre muscular ou músculo pro- clínicos, cirúrgicos e de reabilitação na área de ortopedia. Os pro-
priamente dito, os fascículos e as fibras. E a ligação de um osso a
cedimentos relacionados a essas especialidades estão incluídos em
outro ou outros é chamado de juntas ou articulações.
várias ações e políticas do Ministério da Saúde. Todos os procedi-
Os ossos se classificam como longo, plano, curto, irregular,
mentos podem ser consultados no Sistema de Gerenciamento da
pneumático e sesanoides.
Tabela de Procedimentos, Medicamentos e OPM do Sistema Único
O sistema muscular é composto pelo conjunto de músculos do
de Saúde (SIGTAP/SUS).
corpo humano, são encontrados cerca de 600 músculos no corpo
Especificamente sobre a atenção especializada no SUS, a área
humano e eles representam cerca de 40 a 50% do peso total de
de ortopedia recebeu atenção especial, principalmente no que dis-
uma pessoa. Os músculos têm a capacidade de contrair ou relaxar e
pensa a utilização de alta tecnologia/alta complexidade, com a pu-
proporcionam movimentos que permitem que a pessoa ande, cor-
blicação da Portaria GM/MS nº 221, de 15 de fevereiro de 2005, que
ra, salte, etc.
instituí a Política de Alta Complexidade em Traumatologia e Ortope-
Ortopedia dia Instituída no SUS. Tal política é regimentada pela Portaria SAS/
A ortopedia é a especialidade médica que cuida das doenças e MS nº 90, publicada em 27 de março de 2009. Esta Portaria concei-
deformidades relacionadas aos elementos do aparelho locomotor, tua Unidades de Assistência de Alta Complexidade em Traumatolo-
como ossos, músculos, ligamentos e articulações. A traumatologia gia e Ortopedia e Centro de Referência de Alta Complexidade em
é a especialidade médica que lida com o trauma do aparelho mús- Traumatologia e Ortopedia, orientando o papel que cada uma des-
culo-esquelético. sas habilitações desempenha na atenção à saúde e na qualificação
No Brasil as especialidades são unificadas, recebendo o nome técnica exigida para o atendimento dos usuários, e ainda, orienta o
de “Ortopedia e Traumatologia”. gestor quanto aos requisitos mínimos, para se habilitar um estabe-
Dentro dos órgãos/ossos do corpo humanos tratados pela or- lecimento em alta complexidade em Ortopedia.
topedia temos: Coluna, Joelho, Quadril, Ombro e Cotovelo, Mão, Pé Tanto os Centros de Referência de Alta Complexidade em Trau-
e Tornozelo. matologia e Ortopedia quanto às Unidades de Assistência em Alta
As causas das principais lesões ortopédicas são: Artralgia, Ar- Complexidade em Ortopedia estão aptos a realizar qualquer pro-
trose. Artrose Joelho, Lesão do Ligamento Cruzado Anterior (LCA), cedimento traumato-ortopédico, independentemente da comple-
Lesão do Ligamento Cruzado Posterior (LCP), Lesão do Ligamento xidade em que este procedimento se insere. A diferença básica en-
Colateral, Lesão Meniscal, Mialgia, Lesões Musculares, Lombalgia, tre as duas habilitações está no papel de formar e qualificar novos
Síndrome do Manguito Rotador; Tendinites, Síndrome Patelo Femo- profissionais na área desempenhada pelos Centros. (Relatório de
ral e Cervicalgia. Gestão SAS 2016)
A traumatologia dedica-se ao estudo e ao tratamento das dife-
rentes lesões que se podem produzir nas extremidades e na coluna. Pacientes com problemas dermatológicos
Na sua órbita de ação entram as fraturas ósseas, as luxações e dife- A pele constitui o maior órgão do corpo humano, envolven-
rentes classes de contusões. do-o e protegendo-o por completo. Montagu (1988, p.30) fala da
Os tratamentos da traumatologia podem ser diversos. Alguns pele como o espelho do funcionamento do organismo: sua cor,
são conservadores, como a implementação de ligaduras ou a colo- textura, umidade, secura, e cada um de seus demais aspectos re-
cação de um gesso. Outros tratamentos são mais invasivos, como fletem nosso estado de ser, psicológico e também fisiológico ..., é
as intervenções cirúrgicas que são utilizadas para instalar parafusos, espelho de nossas paixões e emoções, sendo como uma roupagem
placas e outros elementos no interior do corpo. A escolha de um contínua e flexível, além de ter a mesma origem embrionária que
ou outro tratamento é realizada pelo profissional de acordo com o o sistema nervoso. Reveste e limita o organismo, protegendo-o de
tipo de lesão. agentes externos, e é importante na manutenção do equilíbrio do

128
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

meio interno (Souza et al., 2005). Por configurar o órgão de limi- refere as doenças relacionadas ao stress e cita a psoríase entre as
te entre mundo interno e externo, a pele, quando lesionada, pode mais estudadas, sugerindo que «doenças relacionadas ao stress se-
trazer constrangimento ao indivíduo. Nesse sentido, Strauss (1989, jam classificadas como psicofisiológicas, termo este que enfatiza a
p.1221) refere que “ao mesmo tempo em que nos protege, é a fa- correlação entre aspectos físicos e psicológicos que se manifestam
chada que nos expõe”. de modo quase que inseparável durante a resposta ao stress”.
Alguns autores sugerem dificuldades quando da exposição das Hoffmann, Zogbi, Fleck e Müller (2005) mencionam que o viti-
lesões de pele, como Fonseca e Campos (2003), ao mencionar que ligo está associado a fatores psicológicos, visto que, no estudo de
lesões visíveis causam constrangimento nos pacientes, e Azulay R. Müller (2005), o aparecimento da doença se deu após situação de
D. e Azulay D. R. (1992), que postulam que “convém lembrar que o stress emocional. O’leary, Creamer, Higgins e Weinman (2004) estu-
indivíduo com a pele comprometida, sobretudo em áreas desco- daram as causas atribuídas pelos pacientes psoriáticos à sua doen-
bertas, dificilmente deixa de ficar envergonhado, ansioso e triste”. ça, e encontraram uma grande proporção dos pacientes referindo o
Nadelson (1978) complementa esta idéia, referindo que a doença stress como a causa da sua doença. Esta crença está associada a um
de pele, na mente popular, pode muitas vezes estar ligada à idéia baixo bem-estar psicológico e à percepção de que a psoríase tem
de sujo, feio e contagioso, devendo permanecer afastado. Nesse um impacto emocional muito grande. Apesar da prevalência desta
sentido, está implicada a relação entre doenças de pele e aspectos crença, os níveis de stress, mesmo fortemente associados ao humor
emocionais, mais especificamente o stress, neste estudo. Frente a e à qualidade de vida, não foram associados com a severidade da
dados como esses, percebe-se a importância de pesquisas nesta psoríase.
área, explorando as repercussões dos problemas dermatológicos e O stress psicológico e a ansiedade têm sido reconhecidos clini-
buscando sensibilizar a população em geral, assim como os profis- camente pelos dermatologistas como fatores relacionados à piora
sionais que trabalham com esses pacientes, para que o atendimen- das lesões de pele (Fortune, Main, O’Sullivan & Griffiths, 1997). No
to abarque as diferentes dimensões do ser humano. estudo de Amorim-Gaudêncio, Roustan e Sirgo (2004), que avaliou
Embora a existência de uma relação entre as alterações psico- dois grupos, um com e outro sem dermatoses, foram encontradas
lógicas e as doenças dermatológicas não seja um tema novo, ainda associações entre altos níveis de ansiedade e stress em pessoas que
não é possível definir com clareza que alterações psicológicas são sofrem de dermatoses inflamatórias crônicas.
capazes de causar alterações dermatológicas, ou se as enfermida-
des cutâneas crônicas carregam, necessariamente, como qualquer Panconesi e Hautmann (1996), em um artigo sobre a psicofisio-
outro transtorno com essas características, alterações psicopatoló- logia do stress na dermatologia, referem que os fatores genéticos e
gicas significativas (Grimalt, Peri & Torres, 2002). Talvez essa seja de percepção podem influenciá-lo, sendo a percepção do indivíduo
uma das razões pelas quais muitas vezes o atendimento ao paciente sobre o desafio que o estímulo específico implica o fator mais im-
aconteça de forma dissociada, ou seja, o dermatologista se respon- portante.
sabiliza somente pela dimensão orgânica, a pele, e o psicólogo, pe- Em relação aos problemas dermatológicos, Azambuja (2000)
los aspectos emocionais, de forma isolada. menciona que existem íntimas ligações entre o sistema nervoso e
Segundo Mingorance, Loureiro, Okino e Foss (2001), muitos es- a pele, o que a torna extremamente sensível a emoções, de forma
tudos têm sido realizados associando o funcionamento mental do que qualquer problema de pele, independentemente de sua causa,
paciente com psoríase a correlatos psíquicos: o impacto emocional tem impacto emocional. O autor discorre ainda que o stress, seja
da doença, o aumento de preocupações e a ansiedade estão asso- físico, psicológico ou ambiental, provoca no indivíduo reações como
ciados à piora das lesões, o alto nível de depressão, à presença de taquicardia, diminuição da temperatura do corpo, entre outras, e
distúrbios no ambiente familiar e outros. Os temas das pesquisas que atualmente um número crescente de cientistas tem aceitado o
revelam que a dermatose não está relacionada somente à pele, às stress como fator precipitante de qualquer doença, não apenas das
questões orgânicas, mas que influencia e é influenciada por outros psicossomáticas.
aspectos da vida do indivíduo, tanto questões emocionais quanto o Além disso, Azambuja (2000) refere a insustentabilidade da
próprio contexto em que vive. concepção cartesiana de mente e corpo, falando do campo da psi-
De acordo com Sampaio e Rivitti (2001), é indiscutível que os coneuroimunologia, que “cria um novo contexto em que não exis-
fatores emocionais influenciam inúmeras dermatoses que, de ou- tem partes separadas, e tudo influencia tudo, tornando-se absurdo
tro lado, atuam no estado mental. A partir da idéia de que toda enfocar a patologia e o tratamento unicamente do corpo e, pior
doença humana é psicossomática, pois incide em um ser provido ainda, de uma de suas partes sem considerar o funcionamento ge-
de soma e psique, inseparáveis anatômica e funcionalmente (Mello ral” (p.407).
Filho, 2002), o adoecimento (neste caso, da pele), pode repercutir No que tange à localização das lesões de pele, a maior parte
em diversos âmbitos da vida do indivíduo. dos estudos avalia qualidade de vida. Schmid, Jaeger e Lampre-
Quando se pensa na inseparabilidade da psique e do corpo, ou cht (1996) mencionam que os pacientes com lesões na região do
das emoções e da pele, o stress é uma variável importante. Des- baixo ventre e genital relatam sentimentos de estigmatização com
de os estudos de Selye, em 1936, o stress é um fator que está re- maior intensidade do que pacientes acometidos em outras áreas do
lacionado ao surgimento e desenvolvimento de doenças. Vivas e corpo. Quando se discute local da lesão, está implicada a questão
Serritiello (2002) referem que extensos estudos indicam que o da aparência física. No estudo de Mingnorance, Loureiro e Okino
stressemocional pode exacerbar alguns eventos, como na psoría- (2002), os pacientes que relataram insatisfação quanto à aparência
se, por exemplo. Steiner e Perfeito (2003) corroboram esta idéia, física, quando comparados ao grupo com percepção satisfatória da
mencionando que “o stress físico ou emocional tem repercussões aparência, apresentaram prejuízo significativamente maior nas ati-
em inúmeras dermatoses e estas, indiscutivelmente, também são vidades rotineiras (p<0,05) e na qualidade de vida geral (p<0,01).
geradoras de stress” (p.113). No estudo de Ludwig e Oliveira (2007), que avaliou qualidade
A literatura, de modo geral, enfoca a influência do stress no de vida e localização da lesão dermatológica, não foram encontra-
desenvolvimento das dermatoses (Asadi & Usman, 2001; Picardi, das diferenças significativas na comparação entre dois grupos (ros-
Porcelli, Pasquini & Fassoni, 2006; Taborda, Weber & Freitas, 2005), to e/ou mãos; outras partes do corpo), sendo o número de associa-
e poucos são os estudos que avaliam o contrário, ou seja, o quanto ções entre os instrumentos de qualidade de vida SF-36 (qualidade
a lesão de pele interfere no grau de stress do indivíduo. Lipp (1996) de vida geral) e DLQI-BRA (qualidade de vida específica) muito su-

129
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

perior no grupo com lesões em rosto e/ou mãos. Quando se fez a Fonte: https://www.iespe.com.br/blog/oqueeunidadedetera-
divisão mais detalhada da localização da lesão, em cinco grupos, piaintensiva/
houve diferenças significativas, sendo o grupo com a maior media-
na aquele com lesões generalizadas (rosto e mãos e outras). As au- ENFERMAGEM EM UTI ADULTO
toras inferem que, independentemente da localização da lesão no Nas instituições de saúde e, principalmente, nos hospitais, o
corpo, o sentimento de exposição e os prejuízos a que fica subme- serviço de enfermagem representa papel fundamental no processo
tido o paciente dermatológico são semelhantes, seja a lesão mais assistencial em qualquer unidade. Em se tratando de pacientes em
exposta ou menos exposta ao olhar do outro. estado crítico em unidades de terapia intensiva (UTIs) essa assistên-
Kadyk, McCarter e Achen (2003) estudaram qualidade de vida cia é tida como complexa e especial.
em pacientes com dermatite de contato, encontrando um escore No Brasil, as primeiras UTIs foram implantadas na década de
significativamente pior no item relacionado à aparência da pele, 1970 e se tornaram unidades especializadas e consideradas como
em comparação aos que não têm a face acometida. Além disso, pa- de alta complexidade. Foi necessário a aquisição de equipamentos
cientes com a face afetada sentem um maior grau de prejuízo, que cada vez mais sofisticados para se manter ou prolongar a vida das
tende a ser significativo, e apresentam escores melhores do que pessoas. Houve, também, necessidade de aperfeiçoamento dos re-
aqueles sem acometimento da face em duas questões: medo de ser cursos humanos que ali desempenham suas atividades continua-
despedido e dificuldade de usar as mãos no trabalho. mente.
Não houve diferenças significativas, nas escalas de sintomas ou As UTIs configuram-se como locais que têm por finalidade o
emoções, entre ter ou não as mãos afetadas, no mesmo estudo. Os tratamento dos doentes considerados graves e de alto risco, deven-
autores da pesquisa referem diversos relatos de que a dermatite de do dispor de recursos materiais e humanos que possibilitem vigilân-
contato nas mãos afeta negativamente as habilidades para traba- cia constante, atendimento rápido e eficaz, baseados no objetivo
lhar e continuar as atividades diárias normais. comum que é a recuperação dos indivíduos(1).
Também M.A. Gupta e A.K. Gupta (2003) e Hautman e Panco- A importância do trabalho em equipe de enfermagem e de
nesi (1997) apontam a importância de considerações sobre o tema saúde na UTI é imprescindível para a efetiva qualidade da assis-
da localização da lesão, referindo que até mesmo uma doença be- tência ao paciente e seus familiares. Os trabalhadores enfrentam
nigna em partes do corpo “carregadas de emoção” (por exemplo, o cotidianamente as diversas dificuldades relacionadas à complexida-
rosto, a cabeça e o pescoço) pode debilitar particularmente o pa- de técnica da assistência a ser prestada, às exigências e cobranças
ciente. dos pacientes, familiares, muitas vezes dos médicos, da instituição,
dentre outros.
Assistência de Enfermagem em UTI Na maioria das instituições de saúde, o enfermeiro freqüen-
UTI’s podem ser classificadas em Adulto, Pediátrica, Pediátrica temente assume as atividades de gerenciamento e supervisão das
atividades e a grande parcela dos cuidados diretos ao paciente é
Mista (Pediátrica e Neonatal), Neonatal e as UTI’s Especializadas,
realizado por técnicos de enfermagem. São esses técnicos que exe-
dentre elas destacamse: Cardiológica ou Coronariana, Cirúrgica,
cutam as atividades consideradas mais pesadas, cansativas e indis-
Neurológica, Transplante, dentre outras.
pensáveis à assistência dos pacientes como higiene, alimentação,
Este é o local no hospital destinado à oferta do SAV – Supor-
terapêutica medicamentosa, realização de curativos, entre outras
te Avançado de Vida ao paciente agudamente enfermo que tenha
atividades consideradas essencialmente manuais.
chances de sobreviver; e essa definição nos traz algumas reflexões e
questionamentos, principalmente na falta de critérios para internar
Observa-se ainda, que, em sua grande maioria, o trabalho nas
pacientes em UTI.
UTIs está voltado para a assistência norteada pelo modelo biomé-
Não muito raro, observamos em nosso cotidiano profissional
dico, ou seja, para o corpo do paciente e para as patologias, muitas
e acadêmico, diversos pacientes fora destes critérios que eu citei vezes, esquecendo-se de outros aspectos que também compõem e
acima hospitalizados nesta área: pacientes crônicos e sem qualquer interferem na evolução de uma doença.
prognóstico, sem mais condições terapêuticas, sem nenhum esfor- Para se atingir a assistência humanizada é preciso criar a pos-
ço ou tecnologia disponível que possa reverter o quadro terminal sibilidade da existência desses outros fatores que fazem parte da
de saúde, causando apenas um prolongamento do estado de termi- vida do ser humano, sua história, seus sentimentos, sua cultura,
nalidade desses indivíduos em especial. seu modo de viver. Dessa forma, considera-se importante que toda
Esse é um exemplo, mas ainda vale destacar uma ocorrência equipe de saúde que trabalha em UTI reflita sobre os princípios
também muito comum, que é a internação de pacientes submetidos direcionadores da assistência. Nesse sentido, é relevante compre-
a algum procedimento cirúrgico, que poderiam ser monitorados no ender os próprios sentimentos enquanto profissionais da área da
próprio Centro Cirúrgico, nas salas de Recuperação PósAnestésica e, saúde nessa unidade, para conseguir acolher os sentimentos dos
logo que devidamente despertos e estáveis, seriam encaminhados pacientes e de seus familiares.
para as Unidades de Internação (quartos/enfermarias), mas infeliz- Observa-se que muitos sentimentos dos profissionais de saúde
mente, em muitos casos, ainda são direcionados às UTI, fato este são negados ou velados, ignorando-se a complexidade do ambiente
que além de aumentar o tempo de internação desses pacientes, estressante em que atuam.
ainda os colocam em maior risco de infecções, pois a unidade de Diante do exposto interroga-se: como é trabalhar em uma
terapia intensiva é um ambiente de alta complexidade. UTI? Como será que o trabalhador técnico de enfermagem se sente
Outro fato que vale ressaltar é a ocupação de um leito de UTI nessa unidade, convivendo com a iminência da morte? Que senti-
com pacientes não elegíveis para tal, isto acontece muitas vezes mentos surgem ao trabalhar nessa unidade? Como lidam com esses
por falta de disponibilidade de leitos comuns. Isso pode gerar um sentimentos?
problema para pacientes dentro dos critérios (ou seja, pacientes
agudamente enfermos que tenham chances de sobreviver), que Diante dessas interrogações, o presente estudo teve como ob-
acabam às vezes agravando sua situação de saúde ou até levandoos jetivo identificar os significados atribuídos pelos técnicos de enfer-
a óbito por falta de leito de UTI. magem ao vivenciarem o processo de trabalho na UTI.

130
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Acredita-se que é um desafio aprofundar esse tema, mas é de (...) É também um ambiente pesado, cansativo, torna-se can-
importância ímpar, pois pode contribuir para revelar os sentimen- sativo porque você tem dois ou três pacientes para você às vezes
tos vivenciados pelos técnicos de enfermagem de UTI, contribuindo tocar, porque o número de funcionários às vezes não é grande e a
para que os enfermeiros, gerentes do processo de trabalho nesse demanda dos paciente é sempre grande (....) É estressante porque
local, conheçam as reais necessidades desse profissional. Assim, o você trabalha com paciente entubado, totalmente inconsciente,
enfermeiro pode planejar medidas visando adequar as condições totalmente dependente da enfermagem, você tem que fazer tudo
laborais de acordo com os recursos disponíveis, aumentando a por ele, e as vezes você fica estressado, fica cansado no físico e no
atenção à saúde do trabalhador, bem como propiciar melhora efeti- mental (E1).
va na assistência ao paciente, familiares e comunidade. (....) mas, às vezes, dependendo do período é bem desgastante,
Da análise das unidades de significados interpretadas de cada quando falta um funcionário mesmo você tem que assumir o lugar
um dos discursos foram obtidas cinco categorias que, conjuntamen- do outro colega que não veio, você assume mais de dois pacientes,
te, revelaram o fenômeno: o que significa trabalhar na UTI para os eu acho muito corrido, cansativo, e acaba estressando a gente, é
técnicos de enfermagem. também um cansaço porque você percebe que o paciente veio aqui
A primeira categoria foi denominada: o cuidado ao ser humano para morrer e um desgaste mental (E2).
como finalidade do trabalho dos técnicos de enfermagem. Foi evi- O trabalho de enfermagem na UTI desenvolve-se em um ce-
denciada nos depoimentos a seguir. nário do qual fazem parte pacientes em estado crítico de saúde,
(.....) onde você tem a oportunidade de estar cuidando do ser dependentes da assistência, transformando esse ambiente em um
humano, do seu próximo, é diferente de mexer com exames de la-
lugar estressante, cansativo e com sobrecarga de trabalho.
boratórios, com pipetas, é outro tipo de sentimento. A gente aqui
O labor em UTI, por ser uma unidade complexa e com muitas
mexe com o ser humano.
atividades no cotidiano dos trabalhadores, pode levá-los a desenca-
A gente administra as drogas necessárias, aspira, conversa (....)
dear o estresse ocupacional.
busca atender a pessoa na íntegra, a enfermagem é continuidade, é
nossa responsabilidade cuidar dos pacientes (E1). Trabalhar em unidades críticas é deparar-se com a morte imi-
Aqui você trabalha com tudo, tudo que é tipo de doença, de nente constantemente, com o sofrimento de quem está sendo cui-
paciente. A experiência é boa, você sabe que a pessoa depende de dado e também dos familiares desse cliente, sendo que tais fatores
você. (....) você sabe que praticamente todos os pacientes depen- podem levar ao estresse.
dem dos cuidados que você faz, é assim eles dependem exclusiva-
mente dos cuidados da gente é cuidar do paciente como um todo. O conhecimento do sofrimento mental na saúde é antigo, po-
(....) então se você não fizer é lógico que vai prejudicar, a medicação rém, constitui-se em desafios para os profissionais que desenvol-
tem que ser na hora certa, virar o paciente, aspirar e todos os ou- vem atividades específicas de saúde mental para os indivíduos em
tros cuidados, é você cuidar da pessoa como um todo é você que qualquer ambiente.
tem a responsabilidade do doente (E3). É de importância ímpar criar espaço para ouvir e ser ouvido,
As falas demonstram que o significado de cuidado ao paciente compartilhar os sentimentos vivenciados, contribuindo para am-
é importante para os técnicos de enfermagem, devendo buscar a pliar a consciência de todos sobre o que está acontecendo com
assistência contínua e individualizada. A finalidade de cuidar é vista cada um dos trabalhadores em seus diversos aspectos(13). É neces-
como integral, assumindo isso como uma responsabilidade. sário, no entanto, o acompanhamento de profissionais especialistas
O cuidado é uma constituição ontológica sempre subjacente a para que se desenvolva um trabalho específico, a fim de ser evitado
tudo que o ser humano empreende, projeta e faz. É reconhecido ou diminuído o estresse e o sofrimento vivenciados.
como o modo de existir essencial ao ser humano. Considerando o A terceira categoria que emergiu foi designada: vivenciado o
cuidado enquanto essência do homem, ele diz respeito à própria trabalho em equipe. Esse fato foi apontado nos discursos dos en-
formação do indivíduo; o que une o espírito é o cuidado. A pessoa, trevistados, os quais entendem que o trabalho na UTI é realizado
através do cuidado, expressa o que sente, pensa e acredita. É pelo através da união da equipe, tendo por características o companhei-
cuidado que ele constrói o mundo e sua história. rismo, a colaboração, a humanização, a compreensão e também as
A enfermagem tem sido descrita como a ciência do cuidado e relações de hierarquia entre seus integrantes. Os depoimentos a
os cuidados são realizados, na grande maioria das vezes, por auxi- seguir mostram essa realidade.
liares e técnicos de enfermagem preparados para essa função(7-8). (.....) é a união, a gente tem que trabalhar com o paciente da
É possível cuidar do paciente de forma integral, como um indi-
gente como também auxiliar o companheiro tem que ser uma equi-
víduo em toda sua complexidade, com determinantes biológicos,
pe(E1).
sociais, psicológicos, familiares, culturais e ambientais, pois o cerne
Você tem respaldo da chefia em tudo é um trabalho hierarqui-
do trabalho de enfermagem não deve ser apenas o corpo biológico,
zado e em equipe (E2).
mas, sim, o ser humano em todos os seus aspectos(7-8).
O trabalhador de enfermagem almeja ser responsável em suas O trabalho aqui é em equipe, mas o que diferenciou para mim
ações de cuidado, uma vez que os pacientes estão sob sua respon- de outros locais foi a humanização das pessoas, principalmente dos
sabilidade e necessitam de assistência para a recuperação da saúde funcionários, o companheirismo, a solidariedade, muito compa-
É fundamental para o trabalhador de enfermagem estar preo- nheiro mesmo, o colega pergunta o que você tem hoje? Ele compre-
cupado com o cuidado ao paciente, pois quem presta o cuidado ex- ende que você não está bem, não te cobra, procura entende (E4).
pressa ou não a solidariedade, o compromisso, a dedicação, dentre Trabalhar em equipe é fundamental na dinâmica das inter-re-
outros atributos necessários para os pacientes e familiares. lações e no vínculo entre os componentes. Trabalhar em grupo po-
A segunda categoria foi nomeada: vivenciando o desgaste no tencializa a realização do trabalho e, como conseqüência, há aten-
cotidiano do processo de trabalho dos técnicos de enfermagem. Os dimento com maior qualidade aos pacientes.
trabalhadores entrevistados expuseram a sobrecarga de trabalho
e o ambiente pesado da UTI que gera cansaço, estresse, desgaste
físico e mental, conforme foi percebido nos depoimentos que se
seguem.

131
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

A forma mais democrática, produtiva e humanizada de se efe- Em síntese, a morte de um paciente na UTI é sempre uma
tuar o trabalho em saúde tem sido a organização baseada na for- possibilidade de situação geradora de sofrimento para os trabalha-
mação de equipes. O labor transcorre com mais tranqüilidade e as dores de enfermagem e de saúde, pois vivenciam sentimentos de
relações em grupo passam da formalidade para a informalidade por impotência, fracasso profissional e os vínculos que foram estabele-
alguns momentos, no sentido de os membros dessa equipe terem cidos são rompidos, às vezes, abruptamente.
liberdade de expor seus problemas relacionados ao ambiente de
trabalho, bem como os pessoais. Por outro lado, há o sentimento de gratificação, de prazer, de
Quando há espaço que favorece a interação e a integração en- realização pessoal e profissional quando o paciente recebe alta. É o
tre os membros da equipe de enfermagem e, também, o trabalho sentimento de se ter cumprido com a sua missão que é o cuidar, ou
a ser desenvolvido é planejado e realizado dentro da competência seja, o salvar vidas, sentir-se útil.
de cada um ocorre o envolvimento de todos, favorecendo o com- Quando o paciente se recupera, o trabalhador de enfermagem
prometimento e a implementação das atividades conjuntamente. sente-se vitorioso e desfruta de sentimentos de prazer. Consegue
Nos depoimentos dos entrevistados, eles reconhecem que há perceber que os resultados de seus esforços valeram à pena. Vi-
uma hierarquia estruturada, mas pautada na flexibilidade, na ajuda, vencia a sensação de que colaborou para que o paciente grave se
no estar sempre presente nos momentos em que necessitam de recuperasse e sente que conquistou uma nova vida.
auxílio. A quinta categoria foi identificada como:criando uma identida-
A postura autoritária dos supervisores, coordenadores e/ou de com a UTI. É demonstrada nas expressões dos sujeitos que, mes-
chefes de enfermagem não contribui para o bom desempenho dos mo reconhecendo o processo de trabalho na UTI como desgastante,
membros da equipe, ao contrário, provoca distanciamento entre estressante e que pode levá-los a viver momentos de tristeza, os en-
todos, inclusive dos pacientes. Quando há proximidade entre os trevistados aprenderam a lidar com essas situações, acostumando-
indivíduos da equipe, ocorre facilidade no trabalho e até mesmo -se com a rotina da unidade e criando laços fortes de identificação
com a mesma, como é constatado nos discursos a seguir.
troca de conhecimentos.
Mas a gente acaba se acostumando com a rotina, com o tempo.
Os discursos dos técnicos de enfermagem desvelam que os en-
Você vai ficando mais embrutecida. Você acostuma com os cole-
fermeiros estão adotando postura norteada pela gerência participa-
gas, com a rotina, com tudo (....) e aí quero é ficar aqui mesmo. Eu
tiva, flexível, preservando o compromisso com todos os integrantes
aprendi muita coisa é claro que aqui (E2).
da equipe e com a assistência aos pacientes, tornando o ambiente (...) a gente aprende a lidar com as coisas aqui dentro, porque
de trabalho harmonioso e com características de equipe em que acontece constantemente e vemos que somos úteis, não quero ir
todos se ajudam mutuamente. para outra unidade aprendi muito aqui e continuo a aprender (E3).
A quarta categoria foi nominada: vivenciando o trabalho como Quando eu estava querendo desistir dessa área, porque sem-
uma experiência que traz sentimentos ambíguos. No cotidiano do pre trabalhei no comércio eu vim para cá, e agradeço a Deus por ter
trabalho na UTI, foi identificado que os técnicos de enfermagem passado no concurso, no começo fiquei chocada, mas vi que existia
vivenciam muitos sentimentos paradoxais. Nos discursos verificou- outro lado. Eu não saio daqui para outro setor de maneira nenhu-
-se que caminham juntos: alegria e tristeza, sofrimento e prazer, ma, aqui eu aprendi muito e tenho aprendido todos os dias (E4).
estresse e gratificação, realização pessoal e impotência, conforme Os depoimentos indicam que os trabalhadores, ao se familiari-
demonstram os relatos a seguir. zarem com o cotidiano da UTI, se fortalecem para o enfrentamento
Então existem os dois lados, o estressante e o gratificante. Tem dos sofrimentos e conseguem, com maior freqüência, utilizar estra-
um sentimento de perda também, quando você se aproxima muito tégias defensivas conscientes ou não. A partir disso, criam identi-
das pessoas, ganha carinho da pessoa e retribui quando o paciente ficação com o seu local de trabalho e não querem ser transferidos
está consciente e de repente ele falece [ ] então você sente aquela para outras unidades.
perda também (E1). A construção da identidade profissional mobiliza um processo
(...) Às vezes me pergunto será que eu podia ter feito mais algu- de retribuição simbólica de reconhecimento do trabalhador em sua
ma coisa, a gente se sente meio impotente com esse tipo de situa- singularidade pelo outro, por meio das suas contribuições à orga-
ção, mas por outro lado, há momentos de prazer quando o paciente nização do trabalho. A identidade é mediada, então, pela atividade
recupera, quando tem alta, quando você vai insistindo e vê que va- do trabalho que envolve o julgamento dos pares. O coletivo surge
leu a pena investir no paciente (E2). como uma ligação de fundamental importância e é o ponto sensível
(....) Também a gente fica estressada e triste porque o pacien- da dinâmica intersubjetiva da identidade no trabalho.
te fica muito tempo com a gente, você trabalha em cima dele e A identidade representa a abertura que cada um, em um deter-
vê que não adiantou, ele faleceu (....) o sentimento de impotência, minado momento, consegue ter diante do mundo no qual está. Em
será que fiz tudo que foi necessário? Mas tem o lado da gratificação toda parte, onde quer que se mantenha qualquer tipo de relação,
com qualquer tipo de ser no mundo, há a interpelação pela iden-
quando você investe e vê que o paciente dia-a-dia vai se recuperan-
tidade. Em cada identidade reside uma relação, uma ligação, uma
do até ter alta, é muito prazeroso a gente se realiza como pessoa e
união. Dessa forma, a identidade surge na história com o caráter da
profissional (E3).
unidade.
Os achados do presente estudo são semelhantes aos encon-
Em um estudo com professores passando por transformações
trados em pesquisa realizada com equipe multiprofissional de uma curriculares intensas, observou-se inicialmente a perda da identida-
UTI, na qual os resultados revelaram que, para os membros da equi- de profissional e, somente com a vivência do processo, o confronto
pe, a morte representa o sofrimento, a perda e o sentimento de com as dificuldades e após o ganho da familiaridade da nova ação é
impotência desses profissionais. que a identidade profissional foi ressignificada.
A morte é capaz de provocar para o trabalhador de enferma- A experiência de ser trabalhador técnico de enfermagem na
gem e saúde a vivência de sentimentos de sofrimento, questionan- UTI leva-o a ampliar suas percepções sobre si mesmos, contribuin-
do sobre o que poderia e que deixou de ser feito para manter ou do com o seu aprendizado para o aprimoramento profissional e a
recuperar a vida do paciente sob seus cuidados. vivência de forma mais autêntica, participando dessa realidade e
crescendo com ela.

132
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Este estudo não teve a pretensão de esgotar essa temática, http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pi-


principalmente considerando as limitações quando se estuda um d=S1806-69762008000200007
tema que envolve a subjetividade dos indivíduos. Porém, pode-se http://www.drh.uem.br/Proposta/Cargos/suporte/descricaosup/
dizer que esses resultados mostram a realidade vivenciada em uma tecnico_de_enfermagem.htm
UTI.
ENFERMAGEM EM UTI NEONATAL, MATERNO INFANTIL E
Descrição sumária PEDIATRA
Orientar e executar o trabalho técnico de enfermagem, partici- A Neonatologia é um campo vasto em desenvolvimento e re-
pando da elaboração do plano de assistência de enfermagem, em presenta hoje um grande campo de pesquisa e assistência. É um
conformidade com as normas e procedimentos de biossegurança. campo jovem, uma sub-especialidade da pediatria que se ocupa do
recém-nascido, ou seja, do ser humano nas primeiras quatro sema-
Descrição detalhada nas de vida (VIEGAS et al.,1991). Tem por finalidade a assistência ao
1. Executar ações assistenciais de enfermagem, sob supervisão,
recém-nascido, bem como a pesquisa clínica, sendo sua principal
observando e registrando sinais e sintomas apresentados pelo do-
meta a redução da mortalidade e morbilidade perinatais e a pro-
ente, fazendo curativos, ministrando medicamentos e outros.
cura da sobrevivência do recém-nascido nas melhores condições
2. Executar controles relacionados à patologia de cada pacien-
funcionais possíveis (MARCONDES et al., 1991).
te.
3. Coletar material para exames laboratoriais.
4. Auxiliar no controle de estoque de materiais, equipamentos HISTÓRICO
e medicamentos. A história do surgimento da Neonatologia é relatada por AVERY
5. Operar aparelhos de eletrodiagnóstico. (1984) em seu livro “Neonatologia, Fisiologia e Tratamento do Re-
6. Cooperar com a equipe de saúde no desenvolvimento das cém-Nascido”. Segundo esse autor, a Neonatologia, como especia-
tarefas assistenciais, de ensino, pesquisa e de educação sanitária. lidade, surgiu na França. Um obstetra, Dr Pierre Budin, resolveu
7. Fazer preparo pré e pós operatório e pré e pós parto. estender suas preocupações além da sala de parto e criou o Ambu-
8. Auxiliar nos atendimentos de urgência e emergência. latório de Puericultura no Hospital Charité de Paris, em 1882. Pos-
9. Circular salas cirúrgicas e obstétricas, preparando a sala e o teriormente, chefiou um Departamento Especial para Debilitados
instrumental cirúrgico, e instrumentalizando nas cirurgias quando estabelecido na Maternidade por Madame Hery , antiga parteira
necessário. chefe . Em 1914, foi criado por um pediatra, Dr Julius Hess, o primei-
10. Realizar procedimentos referentes à admissão, alta, trans- ro centro de recém-nascidos prematuros no Hospital Michel Reese,
ferência e óbitos. em Chicago. Depois disso, foram criados vários outros centros, que
11. Manter a unidade de trabalho organizada, zelando pela sua seguiram os princípios de um obstetra, Dr Budin e de um pediatra
conservação comunicando ao Enfermeiro eventuais problemas. ,Dr Hess, para a segregação dos recém-nascidos prematuros com a
12. Auxiliar em serviços de rotina da Enfermagem. finalidade de lhes assegurar enfermeiras treinadas com dispositivos
13. Colaborar no desenvolvimento de programas educativos, próprios, incluindo incubadoras e procedimentos rigorosos para a
atuando no ensino de pessoal auxiliar de atividades de enfermagem prevenção de infeções.
e na educação de grupos da comunidade. Um centro criado em 1947 na Universidade do Colorado , além
14. Verificar e controlar equipamentos e instalações da unida- dos cuidados prestados aos prematuros, possuía leitos para mães
de, comunicando ao responsável. com gravidez de risco para parto prematuro e programas de treina-
15. Auxiliar o Enfermeiro na prevenção e controle das doenças mento para serem ministrados em todo o Colorado.
transmissíveis em geral, em programas de vigilância epidemiológica Arvo Ylppo, pediatra finlandês, publicou monografia sobre
e no controle sistemático da infecção hospitalar. patologia, fisiologia, clínica, crescimento e prognóstico de recém-
16. Auxiliar o Enfermeiro na prevenção e controle sistemático
-nascidos, relatos que serviram como ponto inicial para pediatras
de danos físicos que possam ser causados a pacientes durante a
clínicos, professores e investigadores . Em 1924, o pediatra Albert
assistência de saúde.
Peiper, interessou-se pela maturação neurológica de prematuros.
17. Desempenhar tarefas relacionadas a intervenções cirúr-
Silverman foi pioneiro em estabelecer o uso de processos cuidado-
gicas médico-odontológicas, passando-o ao cirurgião e realizando
outros trabalhos de apoio. samente controlados em berçário de prematuros. O interesse da
18. Conferir qualitativa e quantitativamente os instrumentos Dra. Dunhan sobre problemas clínicos dos recém-nascidos levou-
cirúrgicos, após o término das cirurgias. -a enfatizar a importância do controle contínuo dos dados federais
19. Orientar a lavagem, secagem e esterilização do material ci- sobre a mortalidade de recém-nascidos. Isto serviu de base para
rúrgico. a política federal, aumento do interesse nos serviços de cuidados
20. Zelar, permanentemente, pelo estado funcional dos apa- materno-infantis assim como nas pesquisa peri e neonatais.
relhos que compõe as salas de cirurgia, propondo a aquisição de Ainda segundo AVERY (1984), o termo Neonatologia foi estabe-
novos, para reposição daqueles que estão sem condições de uso. lecido por Alexander Schaffer cujo livro sobre o assunto, “Diaseases
21. Preparar pacientes para exames, orientando-os sobre as of the Newborn”, foi publicado primeira vez em 1960 , esse livro
condições de realização dos mesmos. junto com o “Physiology of the Newborn Infant”, de Clement Smint,
22. Registrar os eletrocardiogramas efetuados, fazendo as ano- constituem a base do novo campo.
tações pertinentes a fim de liberá-los para os requisitantes e possi- O trabalho da enfermagem é muito importante na Neonato-
bilitar a elaboração de boletins estatísticos. logia, pois a enfermeira pode acompanhar o desenvolvimento da
23. Auxiliar nas atividades de radiologia, quando necessário. criança antes, durante e depois do nascimento, prestando assistên-
24. Executar tarefas pertinentes à área de atuação, utilizando- cia à gestante, à parturiente, à puérpera e ao recém-nascido.
-se de equipamentos e programas de informática.
25. Executar outras tarefas para o desenvolvimento das ativida-
des do setor, inerentes à sua função.

133
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

O nascimento de uma criança hígida e sadia, a sua sobrevivên- como: Declaração dos Direitos da Criança (Resolução 1.386 da ONU
cia e desenvolvimento normal constituem o objetivo da Enferma- – 20 de novembro de 1959), Regras Mínimas das Nações Unidas
gem Perinatal (FONTES et al., 1984). O trabalho da enfermagem é para a administração da Justiça da Infância e da Juventude (Regras
muito importante na Neonatologia, pois a enfermeira pode acom- de Beijing Resolução 40/33 da ONU – 29 de novembro de 1985)
panhar o desenvolvimento da criança antes, durante e depois do e Diretrizes das Nações Unidas para a Prevenção da Delinquência
nascimento, prestando assistência à gestante, à parturiente, à puér- Juvenil (Diretriz de Riad – ONU 1º de março de 1988).
pera e ao recém-nascido. Mesmo diante de todas as ações e organizações que estimulam
A Enfermeira Neonatal trabalha em dois setores de fundamen- direta ou indiretamente o cuidado, ainda é espantoso algumas esta-
tal importância: alojamento conjunto e unidade de cuidados inten- tísticas apresentadas relacionadas com: morbimortalidade infantil;
sivos neonatais. pedofilia; trabalho infantil; violência física e sexual; uso de drogas
O alojamento conjunto, conceituado por Pizzato (apud FONTES na infância; abandono da criança pelos pais; acidentes de trânsito
et al., 1984), é um sistema especial de instalações em maternidade que envolvem crianças; entre tantos outros.
, no qual a mãe e o filho podem conviver na mesma área, favore- Desta forma, é imprescindível a atenção continuada sobre a
cendo, através desta aproximação e do contato físico, atendimento situação das crianças, no intuito de buscar diariamente uma me-
às necessidades afetivas, sociais e biológicas da criança e de sua lhor qualidade de vida a elas por meio da prevenção de doenças
mãe. A enfermeira é responsável pela elaboração e manutenção de e agravos. O enfermeiro enquanto agente de promoção e preven-
um plano educacional, organização, administração da assistência de ção da saúde da criança é ligado diretamente a todas as situações
enfermagem ao recém-nascido e a mãe, coordenação dessa assis- cotidianas da vida da criança, talvez este seja um dos motivos tão
tência, desenvolvimento de atividades no campo multidisciplinar, peculiares de trabalhar com este público.
orientação, ensino e supervisão dos cuidados de enfermagem pres- O trabalho de enfermagem com crianças vai além de uma mera
tados, entre outras (VIEGAS,1986). observação e avaliação física, já que quaisquer situações sociais e/
Na unidade de cuidados intensivos neonatais são internados os ou ambientais que a criança estiver exposta terão reflexo na evolu-
recém-nascidos prematuros, que correm risco de vida e necessitam ção do crescimento e desenvolvimento, tendo o enfermeiro a res-
de cuidados 24h por dia. Além das responsabilidade já citadas, a ponsabilidade investigativa das causas dos déficits detectados.
enfermeira deve promover adaptação do recém-nascido ao meio Diante disso, podem-se descrever como principais habilidades
externo (manutenção do equilíbrio térmico adequado, quantidade e atribuições do enfermeiro em pediatria as seguintes:
ideal de umidade, luz, som e estimulo cutâneo), observar o qua- - O enfermeiro deve conhecer todo o processo de Crescimen-
dro clínico (monitorização de sinais vitais e emprego de procedi- to e Desenvolvimento da Criança, para realização de uma avaliação
mentos de assistência especiais), fornecer alimentação adequada eficiente;
para suprir as necessidades metabólicas dos sistemas orgânicos em - O enfermeiro deve interagir sempre com a criança e a famí-
desenvolvimento (se possível, através de aleitamento materno), lia, uma vez que todos os processos ambientais e sociais que in-
realizar controle de infecções, estimular o recém-nascido, educar terferem no desenvolvimento normal de uma criança podem estar
os pais, estimular visitas dos familiares, dentre outras atividades ligados ao convívio familiar ou social;- O enfermeiro necessita ser
(FONTES,1984). conhecedor de todas as políticas de saúde de atenção à criança e
a operacionalização das mesmas, para que consiga sempre em sua
Fonte: http://www.hospvirt.org.br/enfermagem/port/neo.htm atuação realizar os encaminhamentos necessários;
O enfermeiro ao longo dos anos vem buscando um saber em- - O enfermeiro precisa buscar ferramentas na comunicação
basado técnica e cientificamente para a realização de um cuidado com a criança, interação, tornando assim a informação um processo
eficaz e consequentemente uma melhor qualidade de vida ao pa- presente e a relação com a equipe de enfermagem satisfatória para
ciente e ao próprio profissional de saúde, a partir da satisfação pro- busca de bons resultados;
fissional. - O enfermeiro deve promover um ambiente saudável à criança
Com o objetivo principal de manter o bem-estar da criança e e de interação buscando a cooperação da criança;
sua reabilitação, a enfermagem vem desenvolvendo uma nova con- - Para o enfermeiro é necessário conhecer o Estatuto da Crian-
cepção de assistência integral, com inserção de novas responsabi- ça e do Adolescente e agir sempre na intenção de cumpri-lo;
lidades ao pessoal de enfermagem, aperfeiçoando os métodos de - O enfermeiro tem responsabilidade de promover a segurança
trabalho, técnicas, normas e rotinas (CAMPESTRINI, 1991). no atendimento à criança em todas as suas fases, por meio de pro-
Com o decorrer dos anos, a preocupação com a saúde das cedimentos técnicos isentos de riscos e manutenção da criança em
crianças vem aumentando em todas as potências mundiais, mesmo ambiente seguro quando nos momentos de consulta de enferma-
em países subdesenvolvidos, onde as taxas de morbimortalidade gem e internação hospitalar;
infantil destacam-se. - Cabe ao enfermeiro manter sua equipe de atendimento ca-
Criou-se o Estatuto da Criança e do Adolescente, houve a re- pacitada para a prestação da assistência de enfermagem infantil,
pressão do trabalho infantil, acelerou-se a fiscalização sobre a vio- construindo em conjunto com os demais profissionais da especia-
lência e abuso sexual na infância, destaca-se em várias campanhas lidade pediátrica protocolos de atendimento, maneiras de relacio-
educativas a prevenção de acidentes na infância, estimula-se a namento entre a equipe, criança e pais; capacitação e atualização
criança a frequentar a escola, as políticas de saúde na atenção à técnica diante de todos os procedimentos realizados em seu local
criança baseiam-se na prevenção educativa entre pais e filhos, en- de trabalho, entre outros;
fim, várias ações são implementadas no cotidiano das crianças para - O enfermeiro em sua atuação no atendimento infantil deverá
que se tornem adultos mais saudáveis física e psicologicamente. contribuir para a adaptação da criança ao meio, na consulta ou na
A Lei nº 8.069 de 1990 institui o Estatuto da Criança e do Ado- internação hospitalar.
lescente (ECA), regulamentando os direitos das crianças e adoles-
centes a partir das diretrizes contidas na Constituição Federal de Fonte: https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/en-
1988, e na inter-relação de algumas normativas internacionais fermagem/atribuicoes-do-enfermeiro-em-pediatria/11742

134
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

FÁRMACOS E DROGAS VASOATIVAS


Pacientes graves na sua grande maioria precisa de suporte circulatório e hemodinâmico. Deste modo as drogas vasoativas são es-
senciais no manejo destes casos. Assim sendo conhecer suas indicações, contraindicações,ações, benefícios, malefícios e interações são
fundamentais.

A priori as drogas vasoativas são utilizadas em estados de choque circulatório, independente da etiologia. Ou seja, distributiva, obs-
trutiva, hipovolêmica ou cardíaca. Choque é definido como “um desequilíbrio entre oferta e demanda de oxigênio e nutrientes para as
necessidades celulares”.
Os parâmetros hemodinâmicos devem ser corrigidos, para melhorar da oxigenação tecidual. Mais digno de nota que a morbimortali-
dade só melhora se os parâmetros de oxigenação tecidual melhorarem. Assim o foco do tratamento não deve ser apenas a macro hemo-
dinâmica. Sem dúvida, achar o suficiente apenas manter a pressão arterial média (PAM) em níveis aceitáveis (60 a 65 mmHg), é um erro.
Por certo que as drogas vasoativas devem ser tituladas para restaurar a PAM sem prejudicar o fluxo sanguíneo.

Drogas vasoativas e hemodinâmica


Aqui chamaremos de drogas vasoativas os vasopressores, os inotrópicos e os vasodilatadores. Elas são utilizadas para otimização
da pressão arterial, o débito cardíaco e a perfusão tecidual. A saber, as drogas vasoativas podem ter efeitos diretos e indiretos, possuem
efeito rápido e dose dependente. Os fármacos vasopressores provocam vasoconstrição, aumentando a resistência vascular periférica e a
pressão arterial. Enquanto os fármacos inotrópicos aumentam a contratilidade do miocárdio. Por fim os vasodilatadores que provocam
vasodilatação, diminuição da resistência vascular periférica e a pressão arterial.

De certo que em pacientes com instabilidade hemodinâmica, as drogas vasoativas muito importantes. Acima de tudo para restaurar e
manter a perfusão efetiva dos órgãos vitais. Assim diminuindo os riscos de disfunção de múltiplos órgãos. As drogas vasoativas são geral-
mente iniciadas após otimização do volume intravascular, com reposição volêmica adequada. Tanto uma reposição volêmica insuficiente
quanto a excessiva causam complicações.

Naturalmente as drogas vasoativas também podem ter efeitos colaterais importantes. A saber, taquicardia, taquiarritmia, hipotensão,
hipertensão, vasoconstrição excessiva. Tanto que se deve ter cuidado com isquemia de órgãos, principalmente esplâncnicos e extremida-
des.

Neurotransmissores
Neurotransmissores são moléculas liberadas pelo neurônio pré-sináptico em resposta a uma despolarização. Com isso eles se difun-
dem na fenda sináptica e se ligam em um receptor pós-sináptico. Salienta-se que o neurônio pré-sináptico produz, armazena e libera o
neurotransmissor. Logo após ser liberado o neurotransmissor é inativado por reações químicas ou recaptado. Com isso essa recaptação é
feita pelo neurônio pré-sináptico. Assim sendo poderá ser reutilizado posteriormente.

Os neurotransmissores podem ser quimicamente classificados quimicamente em cinco grupos, sendo as aminas biogênicas, colinér-
gicos, aminoácidos, peptidérgicos e purinérgicos. A noradrenalina, adrenalina, dopamina, serotonina e histamina são aminas biogênicas.
Contudo a noradrenalina, dopamina e adrenalina são catecolaminas, porque possuem em sua molécula um grupo catecol e outro amina.
À propósito todas as catecolaminas são sintetizadas a partir do aminoácido tirosina.

A tirosina é convertida em dopa pela enzima tirosina-hidroxilase. Esta enzima tirosina-hidroxilase se encontra principalmente no ci-
tosol das células da medula adrenal. Mas também em algumas áreas do sistema nervoso central. Já a conversão de L-dopa em dopamina
é feita pela enzima aminoácido descarboxilase. Logo após a dopamina é transportada para dentro de vesículas chamadas de grânulos
cromafins e é convertida em noradrenalina pela a enzima dopamina-β hidroxilase.
Finalmente, a noradrenalina é convertida em adrenalina no citosol pela enzima feniletanolamina-N-metiltransferase. Sendo que está
última ocorre exclusivamente na adrenal.

Receptores Adrenérgicos
Os receptores adrenérgicos são divididos nos tipos α e β. Sendo que, os receptores α produzem vasoconstrição, os β1 aumentam a
frequência cardíaca e a contratilidade do miocárdio e os do tipo β2 fazem vasodilatação.

As drogas vasoativas agem estimulando receptores α-adrenérgicos, β-adrenérgicos e dopaminérgicos na superfície celular. Por conse-
quência são muito utilizadas como inotrópicos positivos e vasopressores.

135
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Noradrenalina, adrenalina, dopamina, fenilefrina e dobutami- Dopamina


na são drogas agonistas adrenérgicas. A noradrenalina e fenilefrina Primeiro de tudo a dopamina é o precursor imediato de nora-
são predominantemente agonistas α, a dobutamina é β e a adrena- drenalina e adrenalina. É uma catecolamina natural, sintetizada à
lina e dopamina são agonistas α e β. partir do aminoácido tirosina. De acordo com a dose usada apre-
senta vários efeitos farmacológicos. Assim podendo estimular re-
Receptores Adrenérgicos e Respostas Associadas ceptores dopaminérgicos (DA) e adrenérgicos.

receptores α Receptores β1 Receptores β2 Doses menores que 5 mcg/kg/min


Vasoconstrição Cardioaceleração Vasodilatação Receptores estimulados: DA1 e DA2 renais, mesentéricos e co-
ronarianos. Por isso essa dose é chamada dopaminérgica.
Dilatação da íris Aumento da Broncodilatação Efeito:
contratilidade Vasodilatação.
cardíaca Aumento do fluxo sanguíneo renal. Porém esse efeito na diu-
Piloereção Lipolist Aumento da glicólise rese é mais efetivo em pacientes hemodinamicamente estáveis.
Assim pacientes instáveis hemodinamicamente não se beneficiam.
Relaxamento uterino
Além disso ocorre melhora da depuração de creatinina.
Aumento da taxa de filtração glomerular (TFG).
Tabela 01: Receptores adrenérgicos e respostas associadas. Aumento da excreção renal de sódio.
Doses de 5 a 10 mcg/kg/min
Efeito das catecolaminas nos diferentes receptores Receptores estimulados: β1 miocárdicos.
Receptor
Efeito:
Catecolamina um β1 β2 Aumento do inotropismo (contratilidade cardíaca).
ProterenolIso 0 ++ +++ Aumento do cronotropismo (frequência cardíaca).
Doses maiores que 10 mcg/kg/min
Dopamina + ++ + Receptores estimulados: predominantemente os receptores
Dobutamina + ++++ +++ α-adrenérgicos, principalmente de vasos. Com efeito aumentando
a resistência vascular periférica.
Adrenalina ++ ++ +++
Noradrenalina +++ + + Efeito:
fenilefrina ++++ 0 0 Vasoconstrição.
Aumento da pressão arterial.
Tabela 02: Efeito das diferentes catecolaminas sobre os dife- Vasoconstrição de veias pulmonares com aumento da pressão
rentes receptores. de capilar pulmonar.

Algumas considerações sobre os receptores Principais Efeitos Clínicos


Os receptores β-adrenérgicos se dividem em β1, β2 e β3. Sen-
do que os β1 se localizam principalmente no miocárdio, aumentan- Cardiovascular
do o inotropismo e o cronotropismo cardíaco. Os receptores β2 es- A princípio busca-se um efeito cardiovascular com a dopami-
tão principalmente nos vasos sanguíneos, levando a vasodilatação. na. Sempre buscando um aumento da PAM naqueles pacientes que
Igualmente os β2 estão presentes na musculatura lisa brônquica, mesmo após reposição volêmica adequada estão hipotensos. De
gerando broncodilatação. Acrescenta-se que nos pneumócitos tipo certo que o aumento da PAM ocorre devido ao aumento do débito
II aumentam a produção de surfactante. Já nos mastócitos, mo- cardíaco (DC). Pois os efeitos vasoconstritores só ocorrem com do-
dulam a produção de mediadores inflamatórios. Similarmente os ses elevadas.
receptores β3-adrenérgicos desempenham papel na regulação da
taxa metabólica. Renal
Em casos de insuficiência renal em casos graves, a dopamina
Os receptores α-adrenérgicos são divididos em α1 e α2. Porém não mudou desfechos como mortalidade e necessidade de diálise.
ambos promovem vasoconstrição periférica e intra órgãos. A ati- Atualmente não se indica o uso da dopamina para nefroproteção.
vação dos receptores α1 vasculares pós-sinápticos promove vaso-
constrição. Entretanto a ativação pré-sináptica dos receptores α2 Esplâncnicos
reduz a liberação do neurotransmissor por feedback inibitório da Os efeitos esplâncnicos da dopamina são questionados. Atu-
noradrenalina. Logo também promovem constrição de arteríolas e almente é consenso não afirmar que a dopamina proteja o fluxo
de vasos venosos de capacitância. hepatoesplâncnico.
A dopamina ainda age sobre os receptores dopaminérgicos.
Estes se dividem em dois subtipos, DA1 e DA2. Desta maneira a ati- Hipófise anterior
vação dos receptores DA1 pós-sinápticos leva a vasodilatação renal, Ocorre diminuição na concentração plasmática de todos os
mesentérica, coronariana e cerebral. Inclusive inibe a reabsorção hormônios produzidos pela hipófise anterior, exceto o ACTH. Assim
tubular renal de sódio, promovendo natriurese. A ativação dos re- com a redução da produção de prolactina reduz a imunidade celu-
ceptores DA2 pré-sinápticos inibe a liberação de prolactina e nora- lar. Também ocorre diminuição de hormônio do crescimento com
drenalina, resultando em vasodilatação. diminuição da velocidade de cicatrização das feridas.

136
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Considerações Gerais Renal


Em pacientes graves sua farmacocinética extremamente variá- Os efeitos renais dependem da volemia. No caso de hipovole-
vel. Pois uma dose infundida não prediz a concentração plasmática. mia pode piorar a vasoconstrição renal, aumento da resistência vas-
Assim sendo pode ocorrer diferenças entre concentração infundida cular renal e isquemia. Contudo se volemia adequada pode ocorrer
e plasmática de até 17 vezes. Logo nestes pacientes existe uma so- um aumento da diurese e melhora função renal. A noradrenalina
breposição de efeitos das variadas doses. Os efeitos adversos mais leva a uma maior vasoconstrição na arteríola eferente que na arte-
comuns são taquicardia e arritmias cardíacas. Sendo que a principal ríola aferente. Assim aumentando a pressão de filtração glomerular.
é a fibrilação atrial. Ainda pode ocorrer náuseas, vômitos, cefaleia,
isquemia tecidual e supressão hormonal da hipófise anterior. Esplâncnicos
O fluxo sanguíneo e o consumo de oxigênio hepato esplâncnico
Doses e soluções mais usadas são muito variáveis.
De certo que além de saber a ação farmacológica e as possíveis
indicações, saber as doses e o preparo das soluções a serem infun- Considerações Gerais
didas é fundamental. O relevante é sempre assegurar uma adequada reposição de
fluidos e monitorizar a perfusão tecidual. A noradrenalina não
é inferior a outros vasopressores e tem menos efeitos colaterais.
Por isso inicialmente é a droga de escolha nos estados de choque.
Antigamente pensava-se que poderia ocorrer vasoconstrição im-
portante com diminuição da função renal. Além de vasoconstrição
e isquemia em outros leitos. Clorpromazina e inibidores da MAO
potencializam a ação vasopressora. Antidepressivos tricíclicos redu-
zem a ação vasopressora. Não há contraindicação absoluta. Contu-
do deve-se evitar o uso em hipovolemia, trombose vascular, hipóxia
grave ou hipercapnia.

Adrenalina
Principais indicações
Choque séptico com hipotensão refratária a volume. De prefe- Principais indicações
rência não usar em pacientes hipovolêmicos. Porém pode ser usado Parada cardiorrespiratória é a principal indicação.
inicialmente até a restauração da volemia. Anafilaxia.
Choque séptico com hipotensão refratária a volume e vaso-
Insuficiência cardíaca com hipotensão grave associado a falên- pressores tradicionais.
cia de bomba – associar com drogas inotrópicas. Bradicardia sintomática.
Mecanismo de Ação
A noradrenalina age principalmente em receptores α adrenér- Mecanismo de Ação
gicos arteriais e venosos. Bem como em receptores β em menor É um potente agonista α e β adrenérgico. Sua ação é dose-de-
intensidade. pendente, estimulando receptores β1, β2 e α1 adrenérgicos.

Principais Efeitos Clínicos Principais Efeitos Clínicos

Cardiovascular Cardiovascular
Aumento rápido da Pressão arterial (PA) pelo estímulo α1 que Aumento da pressão arterial (PA) e da pressão arterial média
tem potente efeito vasoconstritor arterial. (PAM). Principalmente em pacientes que não respondem aos vaso-
Aumento da pressão arterial média (PAM) sem danos nas fun- pressores tradicionais.
ções orgânicas e geralmente sem taquicardia. Aumento da resistência vascular sistêmica (RVS).
Aumento da frequência cardíaca. Devido a menor ação nos re- Aumento do débito cardíaco (DC).
ceptores β adrenérgicos a FC não se eleva tanto. Pode ter efeito Aumento da frequência cardíaca (FC).
inotrópico positivo pela estimulação dos receptores β1 cardíacos Oxigenação
e em menor grau dos receptores α1. Sendo que em baixas doses, Aumenta a entrega de oxigênio, porém eleva sua demanda.
predominam os efeitos β1 adrenérgicos. Lactato
Aumento da resistência vascular sistêmica (RVS). Com doses
mais elevadas ocorre uma ação mista e ativação α1 e β1 adrenérgi- Aumenta os níveis de lactato. Contudo isso ocorre pela maior
ca. Assim ocorre aumento da RVS, contratilidade miocárdica e au- produção aeróbica de lactato e não por metabolismo anaeróbico.
mento da PA. Isso ocorre principalmente no músculo esquelético, mediado por
Aumento ou diminuição do débito cardíaco (DC). Ocorre um receptores adrenérgicos β2.
aumento da pressão média sistêmica podendo assim aumentar o
retorno venoso. Consequentemente melhorando o débito cardía- Renal
co. Porém em alguns pacientes pode aumentar principalmente a Piora a filtração glomerular principalmente se hipovolemia. Os
resistência ao retorno venoso. Assim diminuindo o débito cardíaco. efeitos renais dependem volemia.

Esplâncnicos
Diminuição do fluxo sanguíneo por vasoconstrição. Porém es-
tudos recentes mostram variáveis, semelhantes a outras drogas.

137
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Considerações Gerais Frente a grande oferta de profissionais nessa área, hoje, as ins-
A adrenalina é uma catecolamina endógena. Sendo sintetizada, tituições exigem enfermeiros dotados de características como agili-
armazenada pela medula adrenal, e liberada em resposta à estimu- dade, raciocínio clínico, tomada de decisões assertivas, capacidade
lação simpática. Estudos que compararam adrenalina com a combi- de investir no autodesenvolvimento e de enfrentar desafios. Esse
nação noradrenalina-dobutamina no choque cardiogênico e séptico perfil é valorizado porque, acima de tudo, agrega valor social e eco-
não mostram diferenças em relação aos efeitos hemodinâmicos e nômico às instituições.
desfechos clínicos. Geralmente é um agende de segunda escolha O maior tempo de formação não assegura que o enfermeiro
em situações de choque resistente aos outros vasopressores. Os desenvolva sua prática fundamentada no conhecimento científico,
efeitos adversos mais comuns são arritmias, hipertensão, aumento pois, para isso, é necessário o interesse em adquirir conhecimento.
do consumo miocárdico de oxigênio, vasoconstrição esplâncnica e Opitz (2016) afirma que “o despreparo independe da experiên-
ansiedade. cia do enfermeiro, não possuindo relação, portanto, com o tempo
em que o enfermeiro atua na área”.
Sendo assim, as drogas vasoativas são utilizadas em todos os Sabese que o enfermeiro é peça imprescindível no manejo dos
tipos de choque para promover a estabilidade hemodinâmica do fármacos durante a assistência ao paciente crítico e que o aperfeiço-
paciente, quando a terapia hídrica isolada não é eficaz. A admi- amento do profissional em farmacologia irá, sem dúvida, contribuir
nistração desses agentes vasoativos em pacientes com distúrbios significativamente para a melhoria na qualidade do atendimento.
perfusionais tem como objetivo fazer a correção das alterações Segundo a Profa. Ms. Luciana Giaquinto, farmacêutica e coor-
cardiovasculares, para restaurar a oferta de nutrientes e oxigênio denadora do Curso de Farmácia, da UNIP/Santos, “como profissio-
aos tecidos e órgãos, evitando distúrbios do equilíbrio ácidobase e nal farmacêutica tenho observado que o conhecimento traz auto-
falência de órgãos vitais. nomia e desenvolvimento para qualquer área em que estejamos
Atualmente, com as práticas voltadas à segurança dos pacien- trabalhando. O conhecimento específico na área de farmacologia
tes (busca da máxima qualidade do atendimento com o mínimo de se faz urgentemente necessário. Há muito tempo que esse conhe-
riscos), fazse ainda mais necessário o conhecimento sobre as pro- cimento não é somente de responsabilidade do farmacêutico. Cada
priedades farmacológicas e a identificação de intercorrências relati- vez mais as equipes multidisciplinares são essenciais no tratamento
vas a essa modalidade terapêutica. e recuperação do paciente”.
As DVA constituemse em fármacos específicos com ações di- Ela também afirma que “quando se trata de conhecimentos
versificadas e, por esse motivo, exigem amplo conhecimento por técnicos sobre os fármacos, sua ação, atuação e reações estamos
parte da equipe envolvida no tratamento medicamentoso, incluin- falando diretamente para profissionais que terão grande responsa-
dose, neste caso, o profissional enfermeiro. bilidade sobre o tratamento de muitos pacientes. Sendo o Enfermei-
Entre os princípios científicos que devem guiar a administração ro o profissional mais próximo do paciente, quando bem capacita-
de medicamentos, está o conhecimento sobre: do, ele fará a grande diferença no êxito do tratamento“.
 A farmacodinâmica – interação do fármaco com o alvo
(receptor) e a produção do efeito terapêutico – “o que o fármaco Fonte: https://noticias.4medic.com.br/saiba-tudo-sobre-drogas-va-
faz no organismo”. soativas/
 A farmacocinética – processos de absorção, distribuição,
metabolismo e excreção – “o que o organismo faz com o fármaco”.
 Os tipos de infusão – contínua ou isolada ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A CLIENTES EM SITU-
 As interações medicamentosas – respostas farmacológi- AÇÕES DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA
cas onde os efeitos de um fármaco são alterados devido a adminis-
tração anterior ou simultânea de outro. O evento “interações me- Enfermagem em emergência e cuidados intensivos:
dicamentosas” é, atualmente, um dos destaques na prática clínica.
 A estabilidade do fármaco – o tempo durante o qual a es- a. Assistência de enfermagem em situações de urgência e
pecialidade farmacêutica ou a matéria prima, mantém dentro dos emergência:
limites especificados e durante o período de armazenamento e uso, A urgência é caracterizada como um evento grave, que deve
as mesmas condições e características que possuía no momento da ser resolvido urgentemente, mas que não possui um caráter ime-
fabricação diatista, ou seja, deve haver um empenho para ser tratada e pode
 As reações adversas – “qualquer efeito prejudicial ou inde- ser planejada para que este paciente não corra risco de morte.
sejável, não intencional, que aparece após a administração de um
medicamento em doses normalmente utilizadas no homem para A emergência é uma situação gravíssima que deve ser tratada
a profilaxia, o diagnóstico e o tratamento de uma enfermidade”. imediatamente, caso contrário, o paciente vai morrer ou apresen-
(OMS) tará uma sequela irreversível.
Neste contexto, a enfermagem participa de todos os proces-
Alguns estudos feitos acerca do conhecimento dos enfermei- sos, tanto na urgência quanto na emergência. São diversos locais
ros sobre as drogas vasoativas onde os profissionais de enfermagem podem atuar como, por
 “40% dos enfermeiros pesquisados percebiam dificulda- exemplo:
des em alguns aspectos”. (Melo et al, 2016) • Unidades de atendimento pré-hospitalar;
 O enfermeiro é detentor de conhecimento superficial, des- • Unidades de saúde 24 horas;
conhecendo aspectos significantes…. Tem dificuldade em associar a • Pronto socorro;
teoria com a prática clínica”. (Nishi, 2007) • Unidades de terapia intensiva;
 Os enfermeiros demonstram, na maioria das vezes, conhe- • Unidades de dor torácica;
cimento insuficiente, no que diz respeito à ação de determinados • Unidade de terapia intensiva neo natal
fármacos, à resposta esperada e às possíveis reações adversas de- • E até mesmo em unidades de internação.
correntes da medicação, bem como às intervenções imediatas, caso
isso ocorra. (Rocha et al, 2010)

138
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Os profissionais de enfermagem devem estar atentos e prepa- Por isso, o enfermeiro vai se deparar com vítimas de trauma
rados para atuarem em situações de urgência e emergência, pois a nas urgências e emergências e deverá estar habilitado a agir de
capacitação profissional, a dedicação e o conhecimento teórico e acordo com os protocolos de Atendimento Pré-Hospitalar e Hospi-
prático, irão fazer a diferença no momento crucial do atendimento talar ao Trauma.
ao paciente.
Muitas vezes estas habilidades não são treinadas e quando 4. Assistência ao Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) e ao Aci-
ocorre a situação de emergência, o que vemos são profissionais dente Vascular Encefálico (AVE)
correndo de uma lado para outro sem objetividade, com dificulda- As doenças cardiovasculares representam uma das maiores
des para atender o paciente e ainda com medo de aproximar-se da causas de mortalidade em todo o mundo e O IAM é uma das princi-
situação. pais manifestações clínicas da doença arterial coronária5.
Por outro lado, quando temos uma equipe treinada, capacitada O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é uma das maiores causas
e motivada, o atendimento é realizado muito mais rapidez e eficiên- de morte e incapacidade adquirida em todo o mundo. Estatísticas
cia, podendo na maioria das vezes, salvar muitas vidas. brasileiras indicam que o AVC é a causa mais frequente de óbito na
A enfermagem trabalha diariamente com pacientes em risco população adulta (10% dos óbitos) e consiste no diagnóstico de 10%
de morte e que dependem deste cuidado para que mantenham das internações hospitalares públicas. O Brasil apresenta a quarta
suas vidas. As ações da equipe de enfermagem visam sempre à as- taxa de mortalidade por AVC entre os países da América Latina e
sistência ao paciente da melhor forma possível, expressando assim, Caribe6.
a qualidade e a importância da nossa profissão. Então, o Enfermeiro precisa estar apto a realização da avaliação
Estudar, capacitar, praticar são ações essenciais para o desen- clínica para identificação e atendimento precoce do IAM e AVE ou
volvimento profissional de enfermeiros, técnicos e auxiliares de en- AVC e prevenção de complicações.
fermagem, portanto estar preocupado com as ações desenvolvidas
no dia a dia de trabalho é fundamental. 5. Assistência às Emergências Obstétricas
Os serviços de Urgência e Emergência podem ser fixos a exem- As principais causas de morte materna no Brasil são por he-
plo da Unidades de Pronto Atendimento e as emergências de hospi- morragias e hipertensão7. O Enfermeiro precisa saber como identi-
tais ou móveis como o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência ficar precocemente a pré-eclâmpsia e eclampsia, bem como as he-
(SAMU). Ainda, podem ter diferentes complexidades para atendi- morragias gestacionais e uterinas, pois é uma demanda constante
mento de demandas urgentes e emergentes clínicas e cirúrgicas dos serviços de urgência e emergência e até mesmo os que não são
em geral ou específicas como unidades cardiológicas, pediátricas e referência em atendimento gestacional.
traumatológicas.
O importante é que, independente da complexidade ou da 1) suporte de vida em situações de traumatismos em geral;
classificação do serviço, existem 5 coisas imprescindíveis que todo Tem por objetivo identificar graves lesões e instituir medidas
Enfermeiro de Urgência e Emergência deve saber. terapêuticas e emergenciais que controlem e restabeleçam a vida.
Consiste em:
1. Acolhimento e Classificação de Risco - Preparação
O acolhimento do paciente e família na prática das ações de - Triagem
atenção e gestão nas unidades de saúde tem sido importante para - Avaliação primária
uma atenção humanizada e resolutiva. - Reanimação
A classificação de risco vem sendo utilizada em diversos países, - Avaliação secundária
inclusive no Brasil. Para essa classificação foram desenvolvidos di- - Monitorização e reavaliação contínua
versos protocolos, que objetivam, em primeiro lugar, não demorar - Tratamento definitivo
em prestar atendimento àqueles que necessitam de uma conduta
imediata. Por isso, todos eles são baseados na avaliação primária do Triagem
paciente, já bem desenvolvida para o atendimento às situações de É utilizado para classificar a gravidade dos problemas. Existe
catástrofes e adaptada para os serviços de urgência¹. O Enfermeiro um método de cores para definir:
deve estar além de acolher o paciente e família, estar habilitado a -VERMELHO
atendê-los utilizando os protocolos de classificação de risco. - LARANJA
- AMARELO
2. Suporte Básico (SBV) e Avançado de Vida (SAV) - VERDE
A parada cardiorrespiratória é um dos eventos que requerem - AZUL
atenção imediata por parte da equipe de saúde e o Enfermeiro tan-
to dos serviços móveis quanto dos fixos de urgência e emergência * Indica-se sempre do paciente/cliente mais grave para o me-
devem estar aptos. nos grave.
O protocolo American Heart Association (AHA) é a referência
de SBV e SAV utilizado no Brasil. A AHA enfatiza nessa nova diretriz No caso com ônus de muitos acidentados e pouca equipe/pro-
sobre a RCP de alta qualidade e os cuidados Pós-PCR². O SBV é uma fissional; dar-se a preferência aos graves com maior chance de vida,
sequência de etapas de atendimento ao paciente em risco iminen- dentre estes o que menos utilizará material, tempo, equipamento
te de morte sem realização de manobras invasivas e o SAV requer e pessoal.
procedimentos invasivos e de suporte ventilatório e circulatório³.
Avaliação Primária
3. Atendimento à Vítima de Trauma Tem por finalidade verificar o estado da vitima e suas condições
Os acidentes automobilísticos e a violência são as maiores cau- físicas /emocionais/ neurológicas.
sas de morte de indivíduos entre 15 e 49 anos na população das Verifica-se:
regiões metropolitanas, superando as doenças cardiovasculares e - Obstrução das vias aéreas
neoplasias4. - Insuficiência Respiratória

139
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

- Alterações Hemodinâmicas
- Déficit Neurológico

Usam-se os métodos das seguintes formas: A, B, C, D e E (casos sem comprometimento circulatório).


C, A, B, D e E (casos com comprometimentos circulatórios).

Significados:
A- Vias aéreas e proteção da coluna cervical
B- Respiração e ventilação
C- Circulação
D- Incapacidade neurológica
E- Exposição e controle da temperatura

Letra A: Deve-se aproximar da vitima e verificar se há alguma obstrução das vias aéreas, “a melhor forma é verbalmente, quando você
conversa e a vitima consegui te responder”. Em caso contrário deve fazer da seguinte maneira:
1- Elevação do queixo
2- Elevação da mandíbula
3- Elevação da testa (somente em casos sem trauma)

Existe uma forma mais segura e eficaz, que consiste em realizar a inspeção com cânulas (Guedell) (nasofaringe ou orofaringe).
Deve se atentar quanto o risco de lesão na coluna cervical, faça a devida imobilização.

Letra B: Manter a oxigenação adequada. Pode ser necessário de apoio:


1- Máscara facial ou tubo endotraqueal e insuflador manual.
2 - Ventilação Mecânica
Em caso de dificuldade considerar:
. Obstrução de via aérea – considerar cricotireoidotomia se outras opções falharem.
. Pneumotórax: drenar rapidamente em caso de compromisso respiratório.
. Hemotórax (ver protocolo: trauma torácico)
. Retalho costal: imobilizar rapidamente (ver protocolo: trauma torácico)
. Lesão diafragmática com herniação.

Letra C: Avaliar:
- Pulso: valorizar taquicardia como sinal precoce de hipovolemia
- Temperatura e coloração da pele: hipotermia, sudorese e palidez.
- Preenchimento capilar: leito ungueal
- Pressão arterial: inicialmente estará normotenso
- Estado da consciência: agitação como sinal de hipovolémia
Considerar relação entre % de hemorragia e sinais clínicos:

140
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Atuação: Tipos de trauma


1- RCP, se necessário.
2- Controle de hemorragia com compressão externa. O trauma pode ser classificado de acordo com seu mecanis-
3- Reposição de volume, sendo necessários adequados acessos mo, este pode ser contuso ou penetrante, mas a transferência de
venosos, O traumatizado deve ter 2 acessos e com catéteres G14, energia e a lesão produzida são semelhantes em ambos os tipos de
«nunca» com menos do que G16. Eventualmente, poderá ser colo- trauma. A única diferença é a perfuração da pele.
cado um catéter numa jugular externa ou utilizada a via intra-¬ós- Alguns exemplos:
sea (a considerar também no adulto). . Trauma crânio encefálico (TCE) . Trauma Abdominal
4- Em caso de trauma torácico ou abdominal grave: um acesso . Trauma Raquimedular (medula) . Pneumotórax
acima e outro abaixo do diafragma. . Trauma Facial
5- A escolha entre cristalóides e colóides não deve basear-se . Trauma Torácico (pneumotórax)
necessariamente no grau de choque, não estando provada qual-
quer diferença de prognóstico na utilização de um ou outro. O volu- Trauma contuso (fechado)
me a infundir relaciona-se com as perdas e a resposta clínica. Uma O trauma contuso ocorre quando há transferência de energia
relação de 1:3 e 1:1 no caso de perdas/cristalóides a administrar e em uma superfície corporal extensa, não penetrando a pele. Exis-
perdas/colóides a administrar, respectivamente. tem dois tipos de forças envolvidas no trauma contuso: cisalhamen-
6- Atenção aos TCE, TVM e grávida Politraumatizada sendo à to e compressão.
partida, ainda que discutível, de privilegiar colóides.
7- Regra geral, não utilizar soros glicosados no traumatizado, O cisalhamento acontece quando há uma mudança brusca de
existindo apenas interesse destes no diabético ou na hipoglicemia. velocidade, deslocando uma estrutura ou parte dela, provocando
Por norma, os soros administrados na fase pré-hospitalar num adul- sua laceração. É mais encontrado na desaceleração brusca do que
to politraumatizado não são suficientes para originar um edema na aceleração brusca.
pulmonar, mesmo em doentes cardíacos. Não se deve insistir tanto A compressão é quando o impacto comprime uma estrutura
na recomendação de cuidado com a possibilidade de sobrecarga ou parte dela sobre outra região provocando a lesão. É freqüente-
numa situação de hipovolémia, mas sim tratar esta última agressi- mente associada a mecanismos que formam cavidade temporária.
vamente.
8- Vigiar estado da consciência e perfusão cutânea, avaliando Trauma penetrante (aberto)
parâmetros vitais de forma seriada. O trauma penetrante tem como característica a transferência
de energia em uma área concentrada, com isso há pouca dispersão
Letra D: Normalmente corrido em trauma direto no crânio ou de energia provocando laceração da pele.
estado de choque. Podemos encontrar objetos fixados no trauma penetrante, as
lesões não incluem apenas os tecidos na trajetória do objeto, de-
Avaliar: ve-se suspeitar de movimentos circulares do objeto penetrante. As
- GCS (Escala Coma Glasgow) de uma forma seriada lesões provocadas por transferência de alta energia, por exemplo,
- Tamanho simetria/assimetria pupilar e reatividade à luz arma de fogo, não se resumem apenas na trajetória do PAF (projétil
- Função motora (estímulo à dor) de arma de fogo), mas também nas estruturas adjacentes que so-
freram um deslocamento temporário.
Atuação: VERIFICAR ANTES DE TRANSPORTAR
1- Administrar Oxigênio 10 -12 l/min e atuação de acordo com • Via aérea com imobilização cervical
protocolo específico. • Ventilação (com tubo orotraqueal se GCS <8) e oxigenação
2-Imobilização da coluna vertebral com colar cervical, imobili- • Acessos venosos e fluidoterapia EV (soro não glicosado)
zadores laterais da cabeça, com plano duro ou maca de vácuo. • Avaliação seriada da GCS
• Equipamentos necessários na ambulância.
Letra E:
1- Despir e avaliar possíveis lesões que possam ter passado Tratamento Definitivo
despercebidas, mantendo cuidados de imobilização da coluna ver- Caracterizado pela estabilização do paciente/ cliente/ vitima,
tebral. Utilizar técnicas de rolamento. será procedido se necessário tratamento após diagnóstico médico
2- Evitar a hipotermia. Utilizar manta isotérmica. e controle de todos os sinais vitais.

Manter: 2) suporte de vida em situações de queimaduras;


1- Vigilância parâmetros vitais e imobilização. O queimado necessita boa assistência de enfermagem para
2- Analgesia de acordo com as necessidades. que tenha uma recuperação física, funcional e psico-social, precoce
Reanimação = ações para restabelecer as condições vitais do A equipe de enfermagem trabalhando paralelamente à equipe
paciente. médica, deve ter conhecimentos especializados sobre cuidados a
serem prestados aos queimados.
Avaliação secundária Esses cuidados iniciam-se com atitude correta ao receber os
pacientes que chegam agitados devido à dor ou ao trauma psíquico,
Exploração detalhada da cabeça aos pés, antecedentes pesso- devendo continuar no decorrer de todo o tratamento até a ocasião
ais se possível. Esta deverá ser completada no hospital com reava- da alta, quando os doentes e familiares são orientados quanto aos
liação e exames radiológicos pertinentes. cuidados a serem seguidos.
Muito importante: Pesquisar e presumir lesão associada em
função do mecanismo da lesão, ex. queda sobre calcâneo com fra-
tura da coluna vertebral.

141
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Assistência Imediata Controle de diurese e outras perdas de líquidos: executar cate-


A assistência inicial deve ser prestada em ambiente que pro- terismo vesical com sonda de demora (sonda de Foley), anotando o
porcione condições perfeitas de assepsia, tal como uma sala cirúr- volume urinário. Esta sonda é mantida ocluída, sendo aberta a cada
gica, tendo sempre presente a importância do problema do contro- hora para verificar o aspecto, volume e densidade de urina. Além
le da infecção, desde o início e no decorrer do tratamento. Para o da diurese, controlar as demais perdas líquidas, tais como: vômito,
primeiro atendimento, um mínimo de material e equipamento se sudorese, exsudatos e evacuações, observando em cada caso o as-
fazem necessários na sala: pecto, a freqüência e o volume.
Esses dados devem ser anotados em folha especial do prontu-
EQUIPAMENTO E MATERIAL PERMANENTE: ário do paciente (Anexo I).
- Torpedo de oxigênio, se não contar com o sistema canalizado. - Controle de Sinais Vitais: a temperatura, o pulso, a respiração,
- Aspirador de secreção. devem ser controlados e anotados cada 4 horas ou mais freqüente-
- Mesa estofada ou com coxim para receber o paciente. mente se o caso exigir.
- Mesa auxiliar para colocar material de curativo (tipo Mayo). Num grande queimado, dificilmente conseguimos adaptar o
- Suporte de soro. manguito do aparelho de pressão, mas esta, deve ser determinada,
- Caixa com material de pequena cirurgia. sempre que possível.
- Caixa com material de traqueostomia. Além desses sinais vitais, a pressão venosa central, deve ser
- Caixa com material de dissecção de veia. controlada através do cateter venoso.
- Material para intubação endotraqueal. - Controle de Administração Parenteral de Líquidos: deve ser
- Aparelho ressuscitador “Air-viva”. exercida vigilância constante da permeabilidade da veia, do goteja-
- Pacotes de curativo (com tesoura, pinça anatômica, pinça mento e da quantidade dos líquidos em perfusão.
dente de rato e pinça de Kocher). O paciente deve receber exatamente as soluções prescritas
dentro dos horários estabelecidos. Este controle, é facilitado pelo
MATERIAL DE CONSUMO uso do esquema adotado pelo Serviço de Queimados do H. C. da
- Compressa de gaze de 7,5 cm x 7,5 cm. F.M.U.S.P. (Anexo II).
- Atadura de gaze de 90 x 120 cm com 8 dobras longitudinais. - Alimentação: não havendo contra-indicação, oferecer ao pa-
- Ataduras de rayon e morim. ciente uma dieta fracionada, iniciando com líquido em pequena
- Atadura de gaze de malha fina impregnada em vaselina. quantidade. Se o paciente não apresentar vômitos, aumentar gra-
- Algodão hidrófilo. dativamente a quantidade. Os líquidos podem ser oferecidos em
- Ataduras de crepe. forma de suco, caldo de carne e dieta especial de soja (leite, ovos,
- Luvas. caseinato de cálcio e farinha de soja). Desde que haja tolerância por
parte do paciente, passar a oferecer progressivamente dietas mais
Pacotes de campos cirúrgicos e aventais. consistentes até chegar à dieta geral.
- Fita adesiva e esparadrapo. - Higiene: proceder a limpeza diária das áreas não lesadas, com
- Máscara e gorro. água e sabão neutro. Manter o couro cabeludo limpo e cortar os
- Medicamentos de emergência.
cabelos, principalmente em caso de queimadura na cabeça.Aparar
- Antissépticos.
as unhas e mantê-las limpas.A tricotomia pubiana e axilar deve ser
- Seringas de vários tamanhos.
feita semanalmente, como medida de higiene.
- Agulhas e catéteres de vários calibres.
- Tubos para tipagem de sangue e outras análises laboratoriais.
Cuidados Especiais Dependentes da Localizaçãoda Queimadu-
- Frascos de soro fisiológico.
ra
PROCEDIMENTO DA ENFERMAGEM
CABEÇA:
Na Sala de Cirurgia
Aplicar imediatamente sedativo sob prescrição médica, com a - Crânio: proceder a tricotomia total do couro cabeludo.
finalidade de diminuir a dor, de preferência por via intra-venosa. - Face: proceder a tricotomia do couro cabeludo, nas áreas pró-
Ao aplicar o medicamento por esta via, deve-se aproveitar para ximas às lesões. Manter decúbito elevado, para auxiliar a regressão
colher amostra de sangue para tipagem, assim como procurar man- do edema.
ter a veia com perfusão de soro fisiológico para posterior transfusão - Olhos: limpar com “cotonetes” umedecidos em água boricada
de sangue ou outros líquidos. a 3% e após proceder a instilação de colírio antibiótico.
Retirar a roupa do paciente e colocá-lo na mesa sobre campos - Ouvidos: limpar conduto auditivo externo com “cotonetes” e
esterilizados e cobrir as lesões também com campos esterilizados. soro fisiológico.
Preparar material para dissecção de veia ou cateterismo trans- - Orelhas: utilizar travesseiro baixo e não muito macio para não
cutâneo “intra-cat”, e auxiliar o médico nestas operações. comprimir as cartilagens a fim de prevenir deformidades.
Auxiliar ou executar com supervisão médica, tratamento local - Narinas: limpar com “cotonetes” e soro fisiológico.
de remoção de tecidos desvitalizados, limpeza sumária das áreas - Boca: limpar com espátula montada com algodão ou gaze em-
queimadas, oclusão das lesões, ou ainda, preparo das mesmas para bebida em água bicarbonatada a 2%.
mantê-las expostas (método de exposição). - Lábios: passar vaselina para remoção de crostas.

Unidade de Internação - PESCOÇO:


- Colocar o paciente no leito preparado com campos e arcos de Manter em extensão, com auxílio de coxim no dorso. A presen-
proteção esterilizados, e também sobre coxim preparado com vá- ça de necrose seca ou lesões profundas, poderá provocar compres-
rias camadas de ataduras de gaze e revestido com rayon, conforme são e garroteamento, com perturbações respiratórias. Nestes casos
a localização das queimaduras. Isto quando o método de tratamen- o médico executará a escarotomia.
to é o de exposição.

142
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

- MEMBROS SUPERIORES: Medidas Gerais para o Controle de Infecção:


Os curativos oclusivos dos membros superiores, têm a finali- - Pesquisa de germens do ambiente, e uso de desinfetantes es-
dade de proporcionar conforto ao paciente e facilitar atuação de pecíficos.
enfermagem. Os membros devem ser mantidos em abdução parcial - Controle de focos de infecção do pessoal da unidade (médi-
e em ligeira elevação. cos, enfermeiros e outros).
- Rigoroso controle de circulação do pessoal (parentes e visi-
- TRONCO: tantes).
Visando evitar os fatores mecânicos, que possam reduzir a - Utilização de aventais como meio de proteção ao paciente e
expansibilidade do tórax, o método mais indicado é a posição de visitantes.
Fowler e semi-Fowler. Entretanto a escolha de decúbito será feita - Supervisão e controle do uso da técnica asséptica.
também de acordo com a área menos atingida. Se a lesão for prin-
cipalmente face posterior, o decúbito será ventral, sobre um coxim, Portanto, o atendimento imediato do paciente queimado, visa
que será trocado todas as vezes que se fizer necessário. primeiramente, salvar a sua vida, e concomitantemente, deve-se
trabalhar com o objetivo de evitar infecções, deformidades e mi-
- PERÍNEO: norar os traumas psíquicos. Estes objetivos devem estar sempre
Para as lesões desta região, o tratamento por exposição é uti- presentes em todos os momentos. O primeiro consegue-se com
lizado sistematicamente, devendo as coxas serem mantidas em ab- a presença de espírito, presteza, controle e eficiência. O segundo,
dução parcial. A higiene íntima deve ser feita com água morna e trabalhando sempre com técnica asséptica. O terceiro, pensando
sabão neutro, ou com solução oleosa. Em nosso serviço utilizamos na recuperação dos movimentos normais do paciente, os quais ele
a seguinte fórmula de solução oleosa: necessitará para a sua futura reintegração à sociedade. E o último,
-Cloroxilenol 0.1%. dando-lhe ânimo, carinho e apoio
-Essência de alfazema 1%.
-Óleo de amendoim q.s.p. 100 ml. 3) suporte de vida em situações de dores torácica-abdomi-
nais;
- MEMBROS INFERIORES: Desde os anos 60 que as unidades coronarianas tornaram-se o
Manter os membros em posição anatômica, evitar a rotação local ideal para investigar e tratar os pacientes com IAM. Os exce-
das pernas, e prevenir o pé eqüino. lentes resultados observados nestas unidades, em especial através
Também nos membros inferiores o curativo oclusivo é freqüen- do reconhecimento precoce e do tratamento eficaz das arritmias e
temente utilizado, visando facilitar a movimentação do paciente e da parada cardíaca, fizeram com que os médicos começassem a in-
atuação da enfermagem. ternar também os pacientes com suspeita clínica de isquemia mio-
Um dos cuidados fundamentais de enfermagem é a mobiliza- cárdica aguda. O resultado desta atitude mais liberal foi que mais da
ção do doente no leito, mudança repetida de decúbito, qualquer metade dos pacientes internados nas unidades coronarianas não ti-
que seja a localização das lesões. nham, na verdade, síndrome coronariana aguda. Consequentemen-
te, esses leitos de alta complexidade e alto custo passaram a ser
Cuidado Relacionado ao Ambiente ocupados também por pacientes de baixa probabilidade de doença
e baixo risco, resultando não somente em aumento da demanda
- UNIDADE DO PACIENTE E MATERIAIS DE USO PRIVATIVO: desses leitos, com consequente saturação das unidades coronaria-
Limpar diariamente a unidade do paciente (cama, colchão, nas, mas também numa utilização sub-ótima dos recursos.
criado mudo e cadeira) com água, sabão, solução de-sinfetante As Unidades de Dor Torácica foram criadas em 1982, e desde
(hipoclorito de sódio a 3%) e solução aromatizante (álcool, essên- então vêm sendo reconhecidas como um aprimoramento da assis-
cia de pinho 1%, essência de alfazema a 1% e essência de lavanda tência emergencial. Essas unidades visam a:
1%). Esterilizar semanalmente todos os materiais de uso pessoal do 1) prover acesso fácil e prioritário ao paciente com dor torácica
paciente, tais como: comadre, bacia, cuba rim, copos, garrafas, e que procura a sala de emergência; e
outros. 2) fornecer uma estratégia diagnóstica e terapêutica organiza-
da na sala de emergência, objetivando rapidez, alta qualidade de
- PISO: cuidados, eficiência e contenção de custos.
O único tipo de limpeza permitido é a limpeza úmida. Esta é
facilitada quando o piso é de material lavável. Se o piso for de ma- As Unidades de Dor Torácica podem estar localizadas dentro ou
deira, deve ser feita a lavagem semanal, após a qual deve-se proce- adjacente à Sala de Emergência, com uma verdadeira área física e
der a aplicação de vaselina, para a fixação das partículas de poeira leitos demarcados, ou somente como uma estratégia operacional
no chão. padronizada, utilizando protocolos assistenciais específicos, algo-
ritmos sistematizados ou árvores de decisão clínica por parte da
- JANELAS: equipe dos médicos emergencistas. Entretanto, é necessário que a
As janelas devem ser amplas para possibilitar iluminação e ae- equipe de médicos e enfermeiros esteja treinada e habituada com
ração natural, protegidas com telas para prevenir penetração de in- o manejo das urgências e emergências cardiovasculares.
setos. Devem ser lavadas semanalmente com água, sabão e solução
desinfetante.

- RESÍDUOS E ROUPAS SUJAS:


Devem ser embalados em sacos e transportados em carros fe-
chados.

143
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Diagnóstico

Causas de dor torácica e diagnóstico diferencial


A variedade e possível gravidade das condições clínicas que se manifestam com dor torácica faz com que seja primordial um diagnós-
tico rápido e preciso das suas causas. Esta diferenciação entre as doenças que oferecem risco de vida (dor torácica com potencial de fata-
lidade), ou não, é um ponto crítico na tomada de decisão do médico emergencista para definir sobre a liberação ou admissão do paciente
ao hospital e de iniciar o tratamento, imediatamente.
Como a síndrome coronariana aguda (infarto agudo do miocárdico e angina instável) representa quase 1/5 das causas de dor torácica
nas salas de emergência, e por possuir uma significativa morbi-mortalidade, a abordagem inicial desses pacientes é sempre feita no senti-
do de confirmar ou afastar este diagnóstico.
Vários estudos têm sido realizados para determinar a acurácia diagnóstica e a utilidade da história clínica e do ECG em pacientes ad-
mitidos na sala de emergência com dor torácica para o diagnóstico de infarto agudo do. A característica anginosa da dor torácica tem sido
identificada como o dado com maior poder preditivo de doença coronariana aguda.
O exame físico no contexto da doença coronariana aguda não é expressivo. Entretanto, alguns achados podem aumentar a sua pro-
babilidade, como a presença de uma 4ª bulha, um sopro de artérias carótidas, uma diminuição de pulsos em membros inferiores, um
aneurisma abdominal e os achados de seqüela de acidente vascular encefálico. Da mesma forma, doenças não-coronarianas causadoras
de dor torácica podem ter o seu diagnóstico suspeitado pelo exame físico, como é o caso do prolapso da válvula mitral, da pericardite, da
embolia pulmonar, etc.
A figura 1 descreve as principais causas de dor torácica e que devem ser consideradas no seu diagnóstico diferencial, na dependência
das informações da história clínica, do exame físico e dos dados laboratoriais.

144
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

A descrição clássica da dor torácica na síndrome coronariana As doenças do esôfago podem mimetizar a doença coronariana
aguda é a de uma dor ou desconforto ou queimação ou sensação crônica e aguda. Pacientes com refluxo esofagiano podem apresen-
opressiva localizada na região precordial ou retroesternal, que pode tar desconforto torácico, geralmente em queimação (pirose), mas
ter irradiação para o ombro e/ou braço esquerdo, braço direito, que às vezes é definido como uma sensação opressiva, localizada
pescoço ou mandíbula, acompanhada frequentemente de diafore- na região retroesternal ou subesternal, podendo se irradiar para
se, náuseas, vômitos, ou dispnéia. A dor pode durar alguns minu- o pescoço, braços ou dorso, às vezes associada à regurgitação ali-
tos (geralmente entre 10 e 20) e ceder, como nos casos de angina mentar, e que pode melhorar com a posição ereta ou com o uso de
instável, ou mais de 30min, como nos casos de infarto agudo do antiácidos, mas também com nitratos, bloqueadores dos canais de
miocárdio. O paciente pode também apresentar uma queixa atípica cálcio ou repouso.
como mal estar, indigestão, fraqueza ou apenas sudorese, sem dor. A dor da úlcera péptica geralmente se localiza na região epigás-
Pacientes idosos e mulheres frequentemente manifestam dispnéia trica ou no andar superior do abdômen mas às vezes pode ser refe-
como queixa principal no infarto agudo do miocárdio, podendo não rida na região subesternal ou retroesternal. Estas dores geralmente
ter dor ou mesmo não valorizá-la o suficiente. ocorrem após uma refeição, melhorando com o uso de antiácidos.
A dissecção aguda da aorta ocorre mais frequentemente em Na palpação abdominal geralmente encontramos dor na região epi-
hipertensos, em portadores de síndrome de Marfan ou naqueles gástrica.
que sofreram um traumatismo torácico recente. Estes pacientes se A ruptura do esôfago é uma doença grave e rara na sala de
apresentam com dor súbita, descrita como “rasgada”, geralmente emergência. Pode ser causada por vômitos incoersíveis, como na
iniciando-se no tórax anterior e com irradiação para dorso, pescoço síndrome de Mallory-Weiss. Encontramos dor excruciante em 83%
ou mandíbula. No exame físico podemos encontrar um sopro de dos casos, de localização retroesternal ou no andar superior do ab-
regurgitação aórtica. Pode haver um significativo gradiente de am- dômen, geralmente acompanhada de um componente pleurítico à
plitude de pulso ou de pressão arterial entre os braços. esquerda. Apresenta alta morbi-mortalidade e é de evolução fatal
A embolia pulmonar apresenta manifestações clínicas muito se não tratada. O diagnóstico é firmado quando encontramos à ra-
variáveis e por isso nem sempre típicas da doença. O sintoma mais diografia de tórax um pneumomediastino, ou um derrame pleural à
comumente encontrado é a dispnéia, vista em 73% dos pacientes, esquerda de aparecimento súbito. Enfisema subcutâneo é visto em
sendo a dor torácica (geralmente súbita) encontrada em 66% dos 27% dos casos.
casos. Ao exame clínico, o paciente pode apresentar dispnéia, ta- Em avaliação prospectiva em pacientes com dor torácica não
quipnéia e cianose. relacionada a trauma, febre ou malignidade, 30% tiveram o seu
A dor torácica no pneumotórax espontâneo geralmente é lo- diagnóstico firmado como decorrente de costo-condrites. Geral-
calizada no dorso ou ombros e acompanhada de dispnéia. Grande mente esta dor tem características pleuríticas por ser desencadeada
pneumotórax pode produzir sinais e sintomas de insuficiência res- ou exacerbada pelos movimentos dos músculos e/ou articulações
piratória e/ ou colapso cardiovascular (pneumotórax hipertensivo). produzidos pela respiração. Palpação cuidadosa das articulações ou
Ao exame físico podemos encontrar dispnéia, taquipnéia e ausência músculos envolvidos quase sempre reproduz ou desencadeia a dor.
de ruídos ventilatórios na ausculta do pulmão afetado. A dor psicogênica não tem substrato orgânico, sendo gerada
O sintoma clínico mais comum da pericardite é a dor torácica, por mecanismos psíquicos, tendendo a ser difusa e imprecisa . Ge-
geralmente de natureza pleurítica, de localização retroesternal ou ralmente os sinais de ansiedade são detectáveis e com freqüência
no hemitórax esquerdo, mas que, diferentemente da isquemia mio- se observa utilização abusiva e inadequada de medicações analgé-
cárdica, piora quando o paciente respira, deita ou deglute, e me- sicas.
lhora na posição sentada e inclinada para frente. No exame físico
podemos encontrar febre e um atrito pericárdico (que é um dado O papel do eletrocardiograma e do monitor de tendência do
patognomônico). segmento ST
O prolapso da válvula mitral é uma das causas de dor torácica O eletrocardiograma - O eletrocardiograma (ECG) exerce papel
frequentemente encontrada no consultório médico e, também, na fundamental na avaliação de pacientes com dor torácica, tanto pelo
sala de emergência. A dor tem localização variável, ocorrendo geral- seu baixo custo e ampla disponibilidade como pela relativa simplici-
mente em repouso, sem guardar relação nítida com os esforços, e dade de interpretação.
descrita como pontadas, não apresentando irradiações. O diagnós- Um ECG absolutamente normal é encontrado na maioria dos
tico é feito através da ausculta cardíaca típica, na qual encontramos pacientes que se apresenta com dor torácica na sala de emergência.
um clique meso ou telessistólico seguido de um sopro regurgitante A incidência de síndrome coronariana aguda nesses pacientes é de
mitral e/ou tricúspide. cerca de 5%..
A estenose aórtica também produz dor torácica cujas caracte- Diversos estudos têm demonstrado que a sensibilidade do ECG
rísticas se assemelham à da doença coronariana. A presença de um de admissão para infarto agudo do miocárdio varia de 45% a 60%
sopro ejetivo aórtico e hipertrofia ventricular esquerda no ECG indi- quando se utiliza o supradesnível do segmento ST como critério
ca a presença da estenose aórtica mas não afasta a possibilidade de diagnóstico, indicando que perto da metade dos pacientes com
síndrome coronariana aguda. infarto agudo do miocárdio não são diagnosticados com um único
Na miocardiopatia hipertrófica a dor torácica ocorre em 75% ECG realizado à admissão. Esta sensibilidade poderá ser aumentada
dos pacientes sintomáticos, e pode ter características anginosas. No para 70%-90% se utilizarmos as alterações de infradesnível de ST
exame físico podemos encontrar uma 4 bulha e um sopro sistólico e/ou alterações isquêmicas de onda T, e para até 95% quando se
ejetivo aórtico. O diagnóstico é feito pelo ecocardiograma transto- realizam ECGs seriados com intervalos de 3-4h nas primeiras 12h
rácico. O ECG geralmente mostra hipertrofia ventricular esquerda, pós-chegada ao hospital.
com ou sem alterações de ST-T.

145
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

A especificidade do ECG de admissão para ausência de IAM va- 4) Se disponível, o monitor de tendência do segmento ST deve
ria de 80 a 95% 15,31,47-49. Seu valor preditivo positivo para IAM ser utilizado, simultaneamente, ao ECG em pacientes com dor torá-
está ao redor de 75-85% quando se utiliza o supradesnível do seg- cica e suspeita clínica de síndrome coronariana aguda sem supra-
mento de ST como critério diagnóstico, e o valor preditivo negativo desnível do segmento ST para fins diagnóstico e prognóstico (Grau
é de cerca de 85-95%. Embora a probabilidade de infarto agudo do de Recomendação I , Nível de Evidência B);
miocárdio em pacientes com ECG normal seja pequena (5%), o diag- 5) Para pacientes com IAM com supradesnível do segmento ST
nóstico de angina instável é um fato possível (e estes pacientes têm que tenham recebido terapia de reperfusão coronariana o monitor
uma taxa de 5 a 20% de evolução para infarto agudo do miocárdio do segmento ST poderá ser utilizado para detectar precocemente a
ou morte cardíaca ao final de 1 ano). ocorrência de recanalização ou o fenômeno de reoclusão coronaria-
Se o método não tem acurácia diagnóstica suficiente para IAM na (Grau de Recomendação IIb, Nível de Evidência
ou angina instável, ele por si só é capaz de discriminar os pacien-
tes de alto risco daqueles de não-alto risco de complicações car- Papel diagnóstico e prognóstico dos marcadores de necrose
díacas, inclusive em pacientes com síndrome coronariana aguda miocárdica
sem supradesnível de ST. Mesmo em pacientes com supradesnível Os marcadores de necrose miocárdica têm um papel importan-
do segmento ST na admissão, subgrupos de maior risco podem ser te não só no diagnóstico como também no prognóstico da síndrome
identificados pelo ECG. coronariana aguda.
Monitorização da tendência do segmento ST - Em virtude da Mioglobina - Esta é uma proteína encontrada tanto no múscu-
natureza dinâmica do processo trombótico coronariano, a obten- lo cardíaco como no esquelético, que se eleva precocemente após
ção de um único ECG geralmente não é suficiente para avaliar um necrose miocárdica, podendo ser detectada no sangue de vários
paciente no qual haja forte suspeita clínica de isquemia aguda do pacientes, já na primeira hora pós-oclusão coronariana.
miocárdio. O recente desenvolvimento e adoção da monitorização A mioglobina tem uma sensibilidade diagnóstica para o IAM
contínua da tendência do segmento ST têm sido demonstrados significativamente maior, que a da creatinofosfoquinase-MB (CK-
como de valiosa importância na identificação precoce de isquemia -MB) nos pacientes que procuram a sala de emergência com me-
de repouso. nos de 4h de início dos sintomas. Estudos têm demonstrado uma
Em pacientes com dor torácica, sua sensibilidade para detectar sensibilidade para a mioglobina de 60-80% imediatamente após a
pacientes com IAM foi significativamente maior do que a do ECG chegada do paciente ao hospital 60-62. Sua relativamente baixa es-
de admissão (68% vs 55%, p<0,0001), com uma elevadíssima es- pecificidade (80%), resultante da alta taxa de resultados falso-posi-
pecificidade (95%), o mesmo se observando para o diagnóstico de tivos, encontrados em pacientes com trauma muscular, convulsões,
síndrome coronariana aguda (sensibilidade = 34%, especificidade cardioversão elétrica ou insuficiência renal crônica, limitam o seu
= 99,5%). uso isoladamente. Entretanto, um resultado positivo obtido 3-4h
A acurácia diagnóstica do monitor de ST também tem se mos- após a chegada ao hospital sugere fortemente o diagnóstico de IAM
trado muito boa para detectar reoclusão coronariana pós-terapia (valor preditivo positivo ³ 95%). Da mesma forma, um resultado ne-
de reperfusão, com sensibilidade de 90% e especificidade de 92%. gativo obtido 3-4h após a chegada torna improvável o diagnóstico
Além disso, a demonstração de estabilidade do segmento ST mos- de infarto (valor preditivo negativo ³ 90%), principalmente em pa-
trou 100% de sensibilidade e especificidade para detecção de obs- ciente com baixa probabilidade pré-teste de doença (valor preditivo
trução coronariana subtotal em relação à obstrução total. negativo ³ 95%).
O monitor de ST também tem-se mostrado como método de
grande utilidade para estratificação de risco em pacientes com angi- Creatinofosfoquinase-MB (CK-MB) - A creatinofosfoquinase é
na instável ou mesmo com dor torácica de baixo risco e de etiologia uma enzima que catalisa a formação de moléculas de alta energia
a ser esclarecida, constituindo-se num preditor independente e al- e, por isso, encontrada em tecidos que as consomem (músculos car-
tamente significativo de morte, infarto agudo do miocárdio não-fa- díaco e esquelético e tecido nervoso).
tal ou isquemia recorrente. A sensibilidade de uma única CK-MB obtida imediatamente na
Assim é recomendado: chegada ao hospital em pacientes com dor torácica para o diagnós-
1) Todo paciente com dor torácica visto na sala de emergência tico de IAM é baixa (30-50%). Já a sua utilização dentro das primei-
deve ser submetido imediatamente a um ECG, o qual deverá ser ras 3h de admissão aumenta esta sensibilidade para cerca de 80 a
prontamente interpretado (Grau de Recomendação I, Nível de Evi- 85%, alcançando 100% quando utilizada de forma seriada, a cada
dência B e D); 3-4h, desde a admissão até a 9ª hora (ou 12h após o início da oclu-
2) Um novo ECG deve ser obtido no máximo 3h após o 1º em são coronariana) 17,63-66.
pacientes com suspeita clínica de síndrome coronariana aguda ou Da mesma forma, o valor preditivo negativo da CK-MB obtida
qualquer outra doença cardiovascular aguda, mesmo que o ECG ini- até a 3ª hora pós-admissão ainda é sub-ótimo (95%), apesar de
cial tenha sido normal, ou a qualquer momento em caso de recor- subgrupos de pacientes com baixa probabilidade de IAM já terem
rência da dor torácica ou surgimento de instabilidade clínica (Grau este valor preditivo ³ 97% neste momento 16,17,66. Pacientes com
de Recomendação I, Nível de Evidência B e D); média e alta probabilidade só alcançam 100% de valor preditivo
3) Devido à sua baixa sensibilidade para o diagnóstico de sín- negativo ao redor da 9 à 12ª hora. Estes dados apontam para a ne-
drome coronariana aguda, o ECG nunca deve ser o único exame cessidade de uma avaliação por pelo menos 9h para confirmar ou
complementar utilizado para confirmar ou afastar o diagnóstico afastar o diagnóstico de IAM nestes pacientes. A especificidade da
da doença, necessitando de outros testes simultâneos, como mar- CK-MB de 95% decorre de alguns resultados falso-positivos encon-
cadores de necrose miocárdica, monitor do segmento ST, ecocar- trados principalmente quando a metodologia é a da atividade da
diograma e testes de estresse (Grau de Recomendação I, Nível de CK-MB e não da massa.
Evidência B e D);

146
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Troponina - As troponinas cardíacas são proteínas do comple- 3) Embora a elevação de apenas um dos marcadores de ne-
xo miofibrilar encontradas somente no músculo cardíaco. Devido crose citado seja suficiente para o diagnóstico de IAM, pelo menos
à sua alta sensibilidade, discretas elevações são compatíveis com dois marcadores devem ser utilizados no processo investigativo: um
pequenos (micro) infartos, mesmo em ausência de elevação da marcador precoce (com melhor sensibilidade nas primeiras 6h após
CK-MB. Por este motivo tem-se recomendado que as troponinas o início da dor torácica, como é o caso da mioglobina ou da CK-MB)
sejam atualmente consideradas como o marcador padrão-ouro e um marcador definitivo tardio (com alta sensibilidade e especifici-
para o diagnóstico de IAM. Entretanto, é preciso frisar que a tro- dade global, a ser medido após 6h _ como é o caso da CK-MB ou das
ponina miocárdica pode ser também liberada em situações clínicas troponinas) (Grau de Recomendação I, Nível de Evidência B e D);
não-isquêmicas, que causam necrose do músculo cardíaco, como 4) Idealmente, a CK-MB deve ser determinada pelo método
miocardites, cardioversão elétrica e trauma cardíaco. Além disso, as que mede sua massa (e não a atividade) enquanto a troponina deve
troponinas podem se elevar em doenças não-cardíacas, tais como ser pelo método quantitativo imunoenzimático (e não qualitativo)
as miosites, a embolia pulmonar e a insuficiência renal. (Grau de Recomendação IIa, Nível de Evidência B e D);
A técnica mais apropriada para a dosagem quantitativa das tro- 5) As amostras de sangue devem ser referenciadas em relação
poninas cardíacas é o imunoensaio enzimático (método ELISA) mas ao momento da chegada do paciente ao hospital e, idealmente, ao
técnicas qualitativas rápidas usadas à beira do leito também têm momento do início da dor torácica (Grau de Recomendação I, Nível
sido utilizadas com boa acurácia diagnóstica. de Evidência D);
A sensibilidade global das troponinas para o diagnóstico de 6) O resultado de cada dosagem dos marcadores de necrose
IAM depende do tipo de paciente estudado e da sua probabilidade miocárdica deve estar disponível e ser comunicado ao médico do
pré-teste de doença, da duração do episódio doloroso e do ponto paciente poucas horas após a colheita do sangue para que sejam
de corte de anormalidade do nível sérico estipulado, variando de tomadas as medidas clínicas cabíveis (Grau de Recomendação I, Ní-
85 a 99%. vel de Evidência B e D);
Como as troponinas são os marcadores de necrose miocárdica 7) Em pacientes com dor torácica e supradesnivelamento do
mais lentos para se elevarem após a oclusão coronariana, sua sen- segmento ST na admissão a coleta de marcadores de necrose mio-
sibilidade na admissão é muito baixa (20-40%), aumentando lenta e cárdica é desnecessária para fins de tomada de decisão terapêutica
progressivamente nas próximas 12h. Sua especificidade global varia (p. ex., quando se vai utilizar fibrinolítico ou não) (Grau de Reco-
de 85 a 95%, e o seu valor preditivo positivo de 75 a 95%. Os resul- mendação I, Nível de Evidência B).
tados falso-positivos encontrados nesses estudos decorrem da não
classificação de angina instável de alto risco, como IAM, de níveis O papel de outros métodos diagnósticos e prognósticos
de corte inapropriadamente baixos e de outras doenças que afe- Os métodos diagnósticos acessórios, disponíveis nas salas de
tam sua liberação e/ou metabolismo. Devido à baixa sensibilidade emergência para a avaliação de pacientes com dor torácica, são o
das troponinas nas primeiras horas do infarto, o seu valor preditivo teste ergométrico, a cintilografia miocárdica e o ecocardiograma.
negativo na chegada ao hospital também é baixo (50-80%), não per- Estes testes são usados com finalidade diagnóstica - para identifi-
mitindo que se afaste o diagnóstico na admissão. car os pacientes que ainda não têm seu diagnóstico estabelecido
Além da sua importância diagnóstica, as troponinas tem sido na admissão ou que tiveram investigação negativa para necrose e
identificadas como um forte marcador de prognóstico imediato e isquemia miocárdica de repouso, mas que podem ter isquemia sob
tardio em pacientes com síndrome coronariana aguda sem supra- estresse - e também prognóstica.
desnível do segmento ST. Esta estratificação de risco tem importân- Os protocolos ou algoritmos que recomendam o uso de mé-
cia também para definir estratégias terapêuticas médicas e/ou in- todos de estresse precocemente, antes da alta hospitalar, o fazem
tervencionistas mais agressivas a serem utilizadas nestes pacientes. para um subgrupo de pacientes com dor torácica considerados de
A baixa sensibilidade diagnóstica da troponina obtida nas primeiras baixo a moderado risco. A seleção destes pacientes baseia-se na
horas também não permite a avaliação do risco destes pacientes na inexistência de dor recorrente, na ausência de alterações eletrocar-
admissão hospitalar, além do que resultados negativos não excluem diográficas e de elevação de marcadores de necrose miocárdica à
a ocorrência de eventos imediatos. admissão e durante o período de observação.
Teste ergométrico - No modelo das Unidades de Dor Torácica o
Assim sendo, esta diretriz recomenda: teste ergométrico tem sido o mais recomendado e utilizado devido
1) Marcadores bioquímicos de necrose miocárdica devem ser a seu baixo custo e sua ampla disponibilidade nos hospitais, quando
mensurados em todos os pacientes com suspeita clínica de síndro- comparado aos outros métodos. Além disso, a segurança do exame
me coronariana aguda, obtidos na admissão à sala de emergência é muito boa quando realizado em uma população de pacientes cli-
ou à Unidade de Dor Torácica e repetidos, pelo menos, uma vez nas nicamente estáveis e de baixo a moderado risco, apresentando bai-
próximas 6 a 9h (Grau de Recomendação Classe I e Nível de Evidên- xíssima taxa de complicações. Um grupo tem inclusive preconizado
cia B e D). Pacientes com dor torácica e baixa probabilidade de do- o seu uso já na primeira hora após a chegada ao hospital em pa-
ença podem ter o seu período de investigação dos marcadores séri- cientes com baixa probabilidade de doença coronariana, até mes-
cos reduzido a 3h (Grau de Recomendação IIa, Nível de Evidência B); mo sem a avaliação prévia de marcadores bioquímicos de necrose
2) CK-MB massa e/ou troponinas são os marcadores bioquími- miocárdica 86. Para estes pacientes a sensibilidade do teste para
cos de escolha para o diagnóstico definitivo de necrose miocárdica diagnóstico de doença é pequena (baixa probabilidade pré-teste)
nesses pacientes (Grau de Recomendação I, Nível de Evidência B e mas o valor preditivo negativo é elevadíssimo (³ 98%).
D); Além da sua importância na exclusão de doença coronariana,
o principal papel do teste ergométrico é estabelecer o prognóstico
dos pacientes onde diagnósticos de IAM e angina instável de alto
risco já foram afastados durante a investigação na Unidade de Dor
Torácica.

147
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

A sensibilidade e a especificidade do teste positivo ou incon- Deste modo, recomenda-se:


clusivo para eventos cardíacos está em torno de 75%, sendo que 1) Nos pacientes com dor torácica inicialmente suspeita de
estes resultados identificam um subgrupo de pacientes com maior etiologia isquêmica, que foram avaliados na sala de emergência e
risco de IAM, necessidade de revascularização miocárdica e de re- nos quais já se excluem as possibilidades de necrose e de isquemia
admissão hospitalar 5,50,88,89. O valor preditivo negativo do teste miocárdica de repouso, um teste diagnóstico pré-alta deverá ser re-
para eventos também é elevadíssimo (³ 98%). alizado para afastar ou confirmar a existência de isquemia miocár-
dica esforço-induzida (Grau de Recomendação I, Nível de Evidência
Embora o uso do teste ergométrico possa abreviar o tempo de B e D);
hospitalização de pacientes com dor torácica ao identificar aqueles 2) Por ser um exame de ampla disponibilidade, fácil execução
de baixo risco (ausência de isquemia miocárdica) a relativamente seguro e de baixo custo, o teste ergométrico é o método de estres-
alta taxa de resultados falso-positivos nesta população pode levar à se de escolha para fins diagnóstico e/ou prognóstico em pacientes
realização de outros exames para confirmar a positividade, encare- com dor torácica e com baixa/média probabilidade de doença coro-
cendo o processo diagnóstico. nária (Grau de Recomendação I, Nível de Evidência B e D);
3) O ecocardiograma de estresse ou a cintilografia de estresse
Cintilografia miocárdica de repouso - A cintilografia de perfu- poderá ser realizado em pacientes nos quais o teste ergométrico foi
são miocárdica de repouso, realizada imediatamente após a chega- inconclusivo ou quando não se pôde realizá-lo (incapacidade moto-
da à sala de emergência, também tem se mostrado uma ferramenta ra, distúrbios da condução no ECG, etc) (Grau de Recomendação I,
importante na avaliação dos pacientes com dor torácica e ECG não- Nível de Evidência B e D);
-diagnóstico, com sensibilidade variando entre 90 e 100% e espe-
cificidade entre 65 e 80% para IAM. Uma cintilografia de repouso 4) A cintilografia miocárdica imediata de repouso poderá ser
negativa praticamente exclui este diagnóstico nestes pacientes com realizada em pacientes com dor torácica com baixa probabilidade
baixa probabilidade de doença (valor preditivo negativo ³ 98%). de doença coronariana com o objetivo de identificar ou afastar IAM,
Além da excelente acurácia diagnóstica a cintilografia fornece sendo que aqueles com teste negativo poderão ser liberados para
importantes informações prognósticas. Aqueles pacientes com per- casa sem necessidade de dosagem seriada de marcadores bioquí-
fusão miocárdica normal apresentam baixíssima probabilidade de micos de necrose miocárdica (Grau de Recomendação IIa, Nível de
desenvolvimento de eventos cardíacos sérios nos próximos meses Evidência B).
45,91.
A larga utilização da cintilografia miocárdica imediata de re- O papel dos métodos de imagem na dor torácica de origem
pouso é limitada pela indisponibilidade do método nas salas de não-coronariana
emergência, pela demora na sua realização após um episódio de Esta Diretriz somente contemplará a embolia pulmonar e a dis-
dor torácica e pelos seus custos. Entretanto, alguns grupos têm secção aguda da aorta no diagnóstico da dor torácica de origem
preconizado a realização do exame para pacientes com média ou não-coronariana devido às suas elevadas mortalidades, apesar da
baixa probabilidade de IAM, já que um exame negativo praticamen- baixíssima incidência em pacientes com dor torácica na sala de
te afasta este diagnóstico 45,93, permitindo a liberação imediata emergência.
destes pacientes com conseqüente redução dos custos hospitalares 3.5.1 Embolia pulmonar - Em virtude das múltiplas formas de
94,95. apresentação clínica da embolia pulmonar, da variabilidade da acu-
rácia diagnóstica dos vários métodos de imagem (de acordo com a
Ecocardiograma - O papel do ecocardiograma de repouso na forma de apresentação) e da complexidade de realização da arte-
avaliação de pacientes na sala de emergência com dor torácica se riografia pulmonar (método padrão-ouro), esta diretriz não classifi-
alicerça em poucos estudos publicados. Para o diagnóstico de IAM cará os graus de recomendação e seus respectivos níveis de evidên-
a sensibilidade varia de 70 a 95%, mas a grande taxa de resultados cia para a realização destes métodos.
falso-positivos torna o valor preditivo positivo baixo. Já o valor pre- As alterações radiológicas mais frequentemente encontradas
ditivo negativo varia de 85 a 95%. na embolia pulmonar são as áreas de atelectasia, a elevação da he-
Quando se busca também o diagnóstico de angina instável micúpula diafragmática, o derrame pleural e a dilatação do tronco
(além de infarto) em pacientes com dor torácica e ECG inconclusi- e dos ramos da artéria pulmonar. Áreas de hipofluxo pulmonar seg-
vo, a sensibilidade do ecocardiograma passa a variar de 40 a 90%, mentar (sinal de Westmark) e infiltrado pulmonar de forma trian-
sendo que o valor preditivo negativo fica entre 50 e 99%. Nesses gular com a base voltada para a pleura (sinal de Hampton) são os
pacientes, um ecocardiograma normal não parece agregar informa- achados mais específicos da embolia pulmonar mas, infelizmente,
ções diagnósticas significativas, além daquelas já fornecidas pela são pouco sensíveis.
história e ECG. A ecocardiografia pode contribuir com importantes informa-
Estudos sobre a utilização do ecocardiograma de estresse com ções na suspeita de embolia pulmonar 105. O ecocardiograma
dobutamina na avaliação de uma população heterogênea com dor transtorácico informa o tamanho das cavidades cardíacas, a função
torácica ainda são pequenos e escassos. Sua sensibilidade para o ventricular direita e esquerda, e a presença de hipertensão pulmo-
diagnóstico de doença coronariana ou isquemia miocárdica detec- nar. O ecocardiograma transesofágico, ao permitir visualizar o trom-
tada por outros métodos é de 90%, com especificidade variando de bo na artéria pulmonar, é capaz de estabelecer o diagnóstico. Sua
80 a 90% e valor preditivo negativo de 98%. Para fins prognósticos, sensibilidade nesta situação é de 80% para pacientes com trombo
a sensibilidade do teste para a ocorrência de eventos cardíacos tar- localizado em tronco da artéria pulmonar e/ou seu ramo direito,
dios em pacientes com dor torácica varia de 40 a 90%, mas o valor com especificidade de 100% 105. É considerado o método de es-
preditivo negativo é excelente (97%) 101,102, conferindo segurança colha para a avaliação inicial dos pacientes hemodinamicamente
ao médico emergencista em dispensar a realização de outros testes instáveis.
e liberar imediatamente o paciente para casa.

148
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

A cintilografia pulmonar de ventilação e perfusão é o método Dissecção aguda da aorta - Quando há suspeita clínica de dis-
não-invasivo, classicamente utilizado para a estratificação da proba- secção aguda da aorta a confirmação diagnóstica deve ser rápida e
bilidade de embolia pulmonar ao analisar o número de segmentos precisa já que a doença tem elevada mortalidade imediata e o trata-
pulmonares acometidos, permitindo classificar a probabilidade de mento definitivo é, geralmente, cirúrgico. A decisão de utilização de
doença em ausente (normal), baixa, média ou alta 106. Pacientes um determinado método de imagem na dissecção aguda da aorta
com alta probabilidade à cintilografia e alta suspeita clínica devem deve ser baseada não só na sua acurácia diagnóstica mas também
ser tratados como tendo embolia pulmonar, pois essa associação na sua disponibilidade imediata e na experiência dos emergencistas
apresenta uma sensibilidade de 96%. A cintilografia normal prati- e ecocardiografistas/radiologistas com este(s) método(s).
camente afasta o diagnóstico de embolia pulmonar em face de seu O alargamento do mediastino superior é o achado mais fre-
valor preditivo negativo ser muito alto (pouquíssimos casos falso- qüentemente encontrado na radiografia de tórax (60 a 90% dos
-negativos). O grupo de pacientes com baixa e intermediária proba- casos). No entanto é importante frisar que a normalidade deste
bilidade necessita da realização de outro método de imagem para exame não exclui o diagnóstico de dissecção aórtica (valor preditivo
definição do diagnóstico. negativo de 88%).
A angiotomografia computadorizada do tórax tem mostrado A aortografia já foi considerada como método padrão-ouro
boa acurácia diagnóstica para a embolia pulmonar, com sensibilida- para confirmação do diagnóstico da dissecção aguda da aorta. Com
de de 90% e especificidade de 80% 107. Entretanto, o método não o aparecimento dos métodos de imagem não-invasivos, como a
apresenta boa acurácia diagnóstica, quando a embolia acomete ecocardiografia transtorácica e transesofágica, a angiotomografia e
somente vasos pulmonares de menor diâmetro (subsegmentares). a angiorressonância de tórax, a estratégia diagnóstica desta doença
Apesar dos recentes avanços no diagnóstico da embolia pul- vem mudando. Com eles procuramos confirmar o diagnóstico, clas-
monar, a arteriografia pulmonar permanece como método padrão- sificar o tipo da dissecção, diferenciar a verdadeira e a falsa luz aór-
-ouro; entretanto, sua indicação deve ser reservada para pacientes tica, localizar os sítios de entrada e reentrada, distinguir dissecção
cujos testes diagnósticos não-invasivos foram inconclusivos 106. O comunicante e não-comunicante, avaliar o envolvimento dos ramos
exame permite uma adequada visualização das artérias pulmonares aórticos, detectar e graduar a regurgitação valvar aórtica, e avaliar
e seus ramos, apresentando baixa taxa de morbimortalidade, e é a existência de extravasamento sanguíneo para pericárdio, pleura,
custo-eficiente quando outras estratégias diagnósticas não conse- mediastino e estruturas peri-aórticas.
guem definir a suspeita clínica.
A utilização do ecocardiograma transtorácico para o diagnósti-
Desta forma, recomendações para a realização de métodos de
co da dissecção aguda da aorta está limitada pela sua baixa sensibili-
imagem para o diagnóstico da embolia pulmonar são:
dade (60%) e especificidade (70%). Devido à alta taxa de resultados
1) A radiografia de tórax deve ser solicitada a todos os pacien-
falso-positivos e falso-negativos, este método não é utilizado para
tes com suspeita clínica de embolia pulmonar.
2) O ecocardiograma transtorácico deve ser solicitado a todos estabelecer o diagnóstico final, apesar de informar acuradamente a
os pacientes com suspeita clínica com os objetivos de avaliação da presença de insuficiência aórtica e a função sistólica do ventrículo
função do ventrículo direito e para a possível visualização do trom- esquerdo. O ecocardiograma transesofágico mostra sensibilidade
bo. de 99%, especificidade de 90%, valor preditivo positivo de 90% e
3) Os pacientes clinicamente estáveis podem ser submetidos à negativo de 99%, entretanto seu uso é limitado pela dificuldade de
cintilografia pulmonar de ventilação/perfusão, tomografia compu- visualização de pequenos segmentos de dissecção na parte distal da
tadorizada ou ressonância magnética para definição diagnóstica, na aorta ascendente e na porção anterior do arco aórtico.
dependência da sua disponibilidade na instituição. A angiotomografia computadorizada helicoidal possui sensibi-
4) Nos pacientes clinicamente instáveis, particularmente na- lidade > 90% e especificidade > 85%. Determina a extensão, locali-
queles em suporte ventilatório mecânico, o ecocardiograma tran- zação e envolvimento dos ramos arteriais na dissecção aórtica. Tem
sesofágico deve ser realizado em face de sua alta acurácia diagnós- como limitações a impossibilidade de detectar o envolvimento das
tica, principalmente naqueles cuja possibilidade de trombo central artérias coronárias pela dissecção, além de não poder ser utilizada
é elevada. em pacientes com intolerância ao contraste iodado.
5) A tomografia computadorizada e a ressonância magnética A angiorressonância tem alta acurácia diagnóstica para detec-
são utilizados preferencialmente em pacientes estáveis, havendo ção de todas as formas de dissecção aórtica, com sensibilidade e
limitação diagnóstica para trombos localizados nos ramos subseg- especificidade em torno de 100%. Seu uso é limitado pela presença
mentares. de instabilidade hemodinâmica e agitação psicomotora devido ao
6) A indicação de arteriografia pulmonar fica reservada para tempo prolongado para aquisição de imagens.
pacientes com alta suspeita clínica onde os métodos diagnósticos A aortografia, apesar de ter sido considerada classicamente
não-invasivos foram inconclusivos. como o método padrão-ouro para diagnosticar dissecção aórtica,
com especificidade > 95%, tem sido menos utilizada nos últimos
Estas estratégias, excetuando-se a radiografia de tórax, visam anos em virtude dos novos métodos não-invasivos apresentarem
exclusivamente à confirmação da existência de trombo na circula- maior sensibilidade para o diagnóstico definitivo. Atualmente, com
ção pulmonar, não se contemplando nesta diretriz os métodos in- a tendência de utilização das endopróteses vasculares na fase agu-
diretos, como o Doppler venoso de membros inferiores, a dosagem
da da dissecção, sua importância diagnóstica está sendo reavaliada.
do D-dímero e a gasometria arterial. Uma abordagem diagnóstica
Assim, recomenda-se para pacientes com suspeita clínica de
mais abrangente de embolia pulmonar poderá ser encontrada na
dissecção aguda da aorta e que estejam estáveis o uso da angio-
diretriz da SBC sobre este tema.
tomografia computadorizada helicoidal ou da angiorressonância
magnética como o exame padrão-ouro (Grau de Recomendação I,
Nível de Evidência C e D). Para pacientes instáveis recomenda-se o
uso do ecocardiograma transesofágico (Grau de Recomendação I,
Nível de Evidência C e D).

149
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Árvores neurais e fluxogramas diagnósticos


Algoritmos diagnósticos computadorizados, modelos matemáticos probabilísticos usando regressão logística, árvores de decisão clíni-
ca e redes neurais são metodologias atualmente disponíveis aos médicos e que têm aumentado a sensibilidade e a especificidade diagnós-
tica na avaliação de pacientes que se apresentam na sala de emergência com dor torácica. Alguns desses instrumentos têm sido validados
prospectivamente, mostrando uma redução nas internações nas unidades coronarianas de até 30%. Por outro lado, trabalhos indicam
que programas computadorizados validados retrospectivamente se comparam, quando aplicados prospectivamente, à alta sensibilidade
e especificidade dos médicos 122.
Além disso, sistematizações das condutas médicas (protocolos assistenciais), sejam elas diagnósticas ou terapêuticas, quando apli-
cadas de maneira lógica e coerente, em casos previamente definidos, resultam num poderoso e eficiente instrumento de otimização da
qualidade e da relação custo-benefício.
Esta diretriz apresenta os principais modelos diagnósticos preconizados para pacientes com dor torácica na sala de emergência e que
podem ser utilizados de acordo com a sua adequação às características assistenciais de cada instituição.
O modelo Heart ER do Centro Médico da Universidade de Cincinnati é utilizado para pacientes com dor torácica considerados de baixa
a média probabilidade de síndrome coronariana aguda (dor suspeita e ECG não-diagnóstico). A avaliação diagnóstica consiste na realização
de cintilografia miocárdica imediata de repouso com SESTAMIBI naqueles pacientes em que a dor ainda esteja presente e haja condição
de se administrar o fármaco radionúcleo imediatamente na sala de emergência. Se o mapeamento no laboratório de medicina nuclear for
negativo para isquemia miocárdica, o paciente é liberado para casa sem mesmo realizar dosagens seriadas dos marcadores de necrose
miocárdica. Se o resultado for positivo, o paciente é hospitalizado e tratado apropriadamente. Se o exame cintilográfico não puder ser
realizado, o paciente é investigado na Unidade de Dor Torácica através da determinação de níveis plasmáticos de CK-MB e de troponina
I obtidos na chegada, na 3ª e 6ª horas seguintes, enquanto o paciente é mantido sob monitorização eletrocardiográfica contínua da ten-
dência do segmento ST. Teste ergométrico ou cintilografia miocárdica de esforço com SESTAMIBI são realizados naqueles sem evidência de
necrose ou isquemia miocárdica persistente (fig. 2).

150
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

O modelo sistematizado de atendimento de pacientes com dor torácica da Clínica Mayo 124 classifica inicialmente os pacientes em
subgrupos de probabilidade baixa, moderada e alta para doença coronariana aguda, de acordo com as diretrizes da Agency of Health Care
Policy Research (AHC PR) 125. Os pacientes de risco moderado são avaliados através de dosagens de CK-MB na chegada, 2 e 4h depois,
enquanto são submetidos à monitorização contínua do segmento ST e ficam em observação durante 6h na Unidade de Dor Torácica. Se a
avaliação resultar negativa, é realizado teste ergométrico, cintilografia de estresse ou ecocardiograma de estresse. Pacientes com resulta-
do positivo ou inconclusivo são internados, enquanto os que têm avaliação negativa são liberados para a residência com acompanhamento
em 72h (fig. 3).

O modelo diagnóstico da Faculdade de Medicina da Virgínia estratifica inicialmente os pacientes com dor torácica na sala de emer-
gência em cinco níveis distintos de risco. Os pacientes do nível 1 apresentam elevadíssima probabilidade de IAM pelo critério do ECG, ao
passo que os do nível 5 têm desconforto no peito de origem nitidamente não-cardíaca. Os pacientes dos níveis 2, 3 e 4 correspondem
aos de probabilidade pré-teste de doença alto, médio e baixo, respectivamente. Pacientes com alta probabilidade de angina instável ou
baixa probabilidade de IAM (nível 3) passam por dosagens seriadas de biomarcadores de necrose miocárdica ou são submetidos a uma
cintilografia miocárdica imediata de repouso com SESTAMIBI. Pacientes com média ou baixa probabilidade de angina instável (nível 4) são
submetidos somente à cintilografia imediata de repouso que, se negativa, determina a alta do paciente para casa (fig. 4).

151
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

O modelo diagnóstico do Hospital Pró-Cardíaco usado em sua Unidade de Dor Torácica estratifica a probabilidade pré-teste de síndro-
me coronariana aguda de acordo com o tipo de dor torácica e o ECG de admissão. A dor é classificada em 4 tipos: definitivamente e prova-
velmente anginosa, e provavelmente e definitivamente não-anginosa. Além disso, para pacientes com bloqueio de ramo esquerdo no ECG,
procura-se avaliar se a dor tem ou não características de IAM. A classificação do tipo de dor teve uma sensibilidade e um valor preditivo ne-
gativo para IAM de 94% e 97%, respectivamente, valores estes significativamente melhores que os do ECG (49% e 86%, respectivamente). A
associação do tipo de dor torácica e do ECG de admissão permite a estratificação da probabilidade pré-teste de síndrome coronariana agu-
da e a alocação dos pacientes em diferentes rotas diagnósticas (fig. 5). Enquanto os da rota 1 têm elevadíssima probabilidade de IAM (75%)
os da rota 5 têm dor não-cardíaca e são liberados. Os pacientes das rotas 2 e 3 têm probabilidade de síndrome coronariana aguda de 60%
e 10%, respectivamente 15 e são avaliados com dosagens de CK-MB seriadas e de troponina I: na rota 2, por 9h; na rota 3, por 3h. O teste
ergométrico é o método de estresse utilizado para avaliação de pacientes sem evidência de necrose miocárdica ou isquemia de repouso.

152
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

A árvore neural de Goldman é um algoritmo diagnóstico criado para identificar pacientes com IAM utilizando características da dor
torácica e do ECG, que estratifica os pacientes em probabilidades de doença (variando de 1% a 77%) e apresenta sensibilidade e especifi-
cidade de 90% e 50-95%, respectivamente, com um valor preditivo negativo > 98%, quando se aplica um ponto de corte de 7% na proba-
bilidade do paciente ter ou não IAM. Entretanto, o modelo não faz recomendações quanto às estratégias diagnósticas a serem utilizadas
nos diversos subgrupos probabilísticos de doença.
Todos estes protocolos ou modelos diagnósticos e de sistematização estratégica trazem um grande benefício para a prática médica
emergencial no manejo de pacientes com dor torácica, devendo por isso serem implantados em todas as salas de emergência, com ou sem
Unidades de Dor Torácica (Grau de Recomendação I, Nível de Evidência
A escolha do modelo a ser utilizado dependerá das características funcionais de cada instituição.

Tratamento

Tratamento inicial da síndrome coronariana aguda


A abordagem do paciente com suspeita de síndrome coronariana aguda (SCA) na sala de emergência inicia-se pela rápida avaliação
das características da dor torácica e de outros sintomas concomitantes, pelo exame físico e pela imediata realização do ECG (em 5-10min
após a chegada ao hospital).
Se o paciente estiver em vigência de dor e o ECG evidenciar supradesnível do segmento ST deve-se iniciar imediatamente um dos
processos de recanalização coronariana: trombolítico ou angioplastia primária. Se o ECG não evidenciar supradesnível do segmento ST mas
apresentar alguma alteração compatível com isquemia miocárdica iniciamos o tratamento anti-isquêmico usual e estratificamos o risco de
complicações, que orientará o tratamento adequado a seguir.
Se o ECG for normal ou inespecífico, mas a dor torácica for sugestiva ou suspeita de isquemia miocárdica, o tratamento anti-isquêmico
pode ser iniciado ou então protelado (principalmente se a dor não mais estiver presente na admissão), mas o uso de aspirina está indicado.
O tratamento inicial tem como objetivo agir sobre os processos fisiopatológicos que ocorrem na SCA e suas conseqüências, e com-
preende:
1) contenção ou controle da isquemia miocárdica;
2) recanalização coronariana e controle do processo aterotrombótico.

Esta diretriz somente abordará os primeiros passos terapêuticos a serem tomados na sala de emergência. Para condutas seguintes,
realizadas geralmente na unidade coronariana, o leitor deve se dirigir à diretriz de IAM ou de síndrome coronariana aguda da SBC.

Contenção ou controle da isquemia miocárdica


Oxigenioterapia - Pacientes com SCA em vigência de dor ou sintomas e sinais de insuficiência respiratória devem receber oxigênio
suplementar, principalmente se medidas objetivas da saturação de O2(oximetria de pulso ou gasometria arterial) forem < 90% 129-133.
(Grau de Recomendação I, Nível de Evidência C e D).

153
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Analgesia e sedação - Para o controle da dor (se a mesma já Diversos estudos já demonstraram que quanto mais preco-
não foi aliviada com o uso de nitrato sublingual ou endovenoso) cemente a terapêutica fibrinolítica é iniciada em relação ao início
e sedação utiliza-se o sulfato de morfina EV na dose de 1 a 5mg, da dor (e, conseqüentemente, do fenômeno oclusivo coronariano)
podendo-se repetir 5-30min após se não houver alívio (Grau de Re- maiores são os benefícios em relação à taxa de recanalização, de
comendação I, Nível de Evidência C e D). preservação do miocárdio agudamente isquêmico, de redução de
Nitratos - O uso dos nitratos baseia-se não só no seu mecanis- mortalidade hospitalar e tardia, e de complicações intra-hospitala-
mo de ação e experiência clínica mas também numa meta-análise res. Pacientes tratados dentro da 1ª hora obtêm uma redução da
de 22 estudos (incluindo o ISIS-4 e o GISSI-3) que demonstrou uma mortalidade hospitalar ao redor de 50%.
redução significativa de 5,5% na mortalidade hospitalar. Existem Na sala de emergência os pacientes devem ser rapidamente
poucos e pequenos estudos clínicos comprovando seu benefício no avaliados quanto aos critérios de inclusão e exclusão para o uso
alívio dos sintomas. (Grau de Recomendação I, Nível de Evidência de fibrinolíticos, principalmente os relacionados às complicações
A e D). hemorrágicas atribuídas às drogas. Pacientes com mais de 12h de
A dose é de 5mg do dinitrato de isossorbida por via SL, poden- início da dor ininterrupta geralmente não se beneficiam do uso de
do ser repetido 5-10min após se não houver alívio da dor, até o fibrinolíticos. O tratamento deve ser iniciado na própria sala de
máximo de 15mg. Para a nitroglicerina, pode-se utilizar o spray na- emergência (Grau de Recomendação I, Nível de Evidência A e D).
sal, ou a via parenteral na dose de 10 a até 200 microgramas/min A droga de escolha (pela maior rapidez de ação e mais eleva-
em infusão contínua EV, ajustando-se a mesma a cada 5-10min de da taxa de recanalização) é o rt-PA, usada na dose de 15mg EV em
acordo com a pressão arterial. Para o mononitrato de isossorbida a bolus seguida de infusão inicial de 0,75mg/kg (máximo de 50mg)
dose é de 2,5 mg/kg/dia em infusão contínua. durante 30min, e de outra infusão de 0,50mg/kg (máximo de 35mg)
durante 60min. Heparinização plena concomitante é necessário por
Betabloqueadores - Existem alguns grandes ensaios clínicos 48h. A outra droga disponível é a estreptoquinase, administrada na
randomizados que demonstraram o benefício da utilização imedia- dose de 1,5 milhão de unidades em infusão EV durante 30 a 60min,
ta dos betabloqueadores no IAM com supradesnível do segmento não requerendo uso concomitante de heparina.
ST (redução de mortalidade imediata e tardia, de reinfarto e de is- Angioplastia coronariana percutânea primária - Com o aperfei-
quemia recorrente) 138-140. São utilizados na SCA sem suprades- çoamento da técnica e dos stents coronarianos, não parece haver
nível do segmento ST baseados em pequenos estudos e numa me- maiores dúvidas de que a angioplastia coronariana percutânea é o
ta-análise. (Grau de Recomendação IIa, Nível de Evidência A e D). método de eleição para a recanalização coronariana em pacientes
Os betabloqueadores não podem ser utilizados em pacientes com IAM com supradesnível do segmento ST, desde que o procedi-
com sinais e/ou sintomas de insuficiência ventricular esquerda mento possa ser realizado dentro dos primeiros 60 a 90min após
(mesmo incipiente), com bloqueio AV, com broncoespasmo ou his- a chegada do paciente à sala de emergência e por uma equipe ex-
tória de asma brônquica. periente 129,155. Fator tempo que deve ser cuidadosamente con-
Metoprolol é dado na dose de 5mg EV em 1 a 2min e repetido, siderado pelo médico emergencista na tomada de decisão quanto
se necessário, a cada 5min até completar 15mg (objetivando alcan- ao uso de uma estratégia alternativa de recanalização coronariana
çar uma frequência cardíaca 60), passando-se a seguir para a dose (fibrinolíticos) na eventualidade da indisponibilidade ou inexistên-
oral de 25 a 50mg de 12/12h. O atenolol é administrado na dose cia do laboratório de cateterismo cardíaco em seu hospital (Grau de
de 5mg EV e repetido em 5min (completando 10mg), seguido da Recomendação I e Nível de Evidência A e D).
dose oral de 50-100mg/dia. Quando administrado por via EV é im- Para pacientes com SCA sem supradesnível de ST uma condu-
prescindível uma cuidadosa monitorização da freqüência cardíaca, ta invasiva imediata (cinecoronariografia seguida de recanalização
pressão arterial, ausculta pulmonar e ECG. ou desobstrução) ainda permanece como uma questão em aberto
devido aos resultados divergentes dos 4 ensaios clínicos e um regis-
Antagonistas dos canais de cálcio - Os benzotiazepínicos (dil- tro disponíveis 83,157-160 mas parece haver um certo consenso de
tiazem) parecem ter um efeito benéfico no IAM com e sem supra- que pacientes classificados como de alto risco de eventos 161,162
desnível do segmento ST e sem insuficiência cardíaca (redução de devem ser submetidos à estratégia invasiva imediata enquanto que
mortalidade e reinfarto) e na angina instável, o mesmo se obser- os de baixo risco devem ser submetidos à estratégia conservadora
vando com as fenilalquilaminas (verapamil) 145,147,151,152. Já os (tratamento farmacológico seguido de avaliação funcional de exis-
dihidropiridínicos (nifedipina, amlodipina) só podem ser utilizados tência de isquemia miocárdica residual) 130,131,163 (Grau de Re-
concomitantemente com os betabloqueadores, pois isoladamente comendação IIa e Nível de Evidência A e D).
aumentam o consumo de O2 miocárdico e causam roubo corona- Aspirina - Não havendo contra-indicação (alergia, intolerância
riano. (Grau de recomendação IIb, Nível de Evidência A). Podem ser gástrica, sangramento ativo, hemofilia ou úlcera péptica ativa) a as-
uma alternativa quando houver contra-indicação ao uso de beta- pirina deve ser sempre utilizada em pacientes com suspeita de SCA
bloqueador ou nitrato (Grau de Recomendação I, Nível de Evidência imediatamente após a chegada na sala de emergência. Tem com-
B e D). provação de seu benefício na redução da mortalidade imediata e
As doses a serem utilizadas são de 60mg via oral 3 a 4 vezes/ tardia, infarto e reinfarto na SCA através de vários estudos clínicos
dia para o diltiazem e 80mg via oral 3 vezes/dia para o verapamil. randomizados. (Grau de Recomendação I, Nível de Evidência A e D).
A dose inicial é de 200-300mg por via oral mastigada, seguida
Recanalização coronária e controle do processo aterotrombó- de uma dose de manutenção de 100 a 200mg/dia.
tico
Fibrinolíticos - Pacientes com dor torácica prolongada sugestiva Tienopiridínicos (clopidogrel, ticlopidina) - Até recentemente
de isquemia miocárdica aguda e que apresentam supradesnível do a ticlopidina era o antiplaquetário recomendado em caso de con-
segmento ST no ECG (ou um padrão de bloqueio de ramo esquer- tra-indicação para o uso da aspirina ou na intervenção coronária
do) são candidatos à terapia de recanalização coronariana visto que percutânea 168.
mais de 75% desses pacientes têm IAM e mais de 85% têm oclusão
de uma artéria coronária.

154
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Atualmente, o clopidogrel é a droga de primeira escolha na A terapêutica inicial visa a estabilidade clínica oferecendo, se
substituição ou no uso concomitante com a aspirina em pacientes necessário, suporte hemodinâmico e ventilatório. O tratamento es-
com SCA sem supradesnível do segmento ST que irão ou não à in- sencial da embolia pulmonar é feito com o uso do anticoagulante
tervenção coronariana percutânea, devendo ser iniciada logo após venoso, heparina. Tem como objetivo prevenir a formação de no-
a chegada ao hospital ou quando o diagnóstico de SCA for estabele- vos trombos e diminuir a ação de substâncias vasoativas, como a
cido. (Grau de Recomendação I, Nível de Evidência A). serotonina e o tromboxane-A2, liberadas pelas plaquetas ativadas
Para o clopidogrel, a dose inicial é de 300-600mg VO, seguida encontradas no trombo original. A dose de ataque da heparina
da dose de manutenção de 75mg/dia. Para a ticlopidina, a dose ini- não-fracionada é de 80 U/kg em bolus EV seguida por uma infusão
cial é de 500mg VO, seguida de dose de manutenção de 250mg de contínua de 18 U/kg/h por 5 a 7 dias, incluindo o período de uso
12/12h. combinado com o anticoagulante oral (Grau de Recomendação I,
Anticoagulantes (heparina não-fracionada, heparina de baixo Nível de Evidência C e D)
peso molecular).
Vários ensaios clínicos e metanálises demonstram o indiscutí- A utilização das heparinas de baixo peso molecular na embo-
vel benefício do uso das heparinas na SCA. lia pulmonar vem se ampliando nos últimos anos, possuindo uma
A heparina não-fracionada requer monitorização laboratorial maior ação sobre o fator de coagulação Xa do que sobre o fator IIa
constante do tempo de tromboplastina parcial ativado (PTTa), de- quando comparada com a heparina não-fracionada e possibilitando
vendo ser utilizados regimes terapêuticos ajustados ao peso do pa- maior atividade antitrombótica com menor risco de sangramentos.
ciente. Já as heparinas de baixo peso molecular não necessitam de A enoxaparina deve ser usada por via subcutânea na dose de 1 mg/
controle do PTTa. kg a cada 12h ou 1,5 mg/kg, uma vez ao dia; a nadroparina na dose
A heparina não-fracionada é administrada como bolus EV de de 85 U/kg a cada 12h ou 170 U/kg, uma vez ao dia; e a daltepari-
60-70 U/kg (máximo de 5.000 U) seguido de infusão de 12-15 U/ na na dose de 200 U/kg/dia. (Grau de Recomendação IIa, Nível de
kg/h (máximo de 1.000 U/h), mantendo-se o PTTa entre 1,5-2 vezes Evidência C).
o controle. Nos pacientes clinicamente instáveis, nos quais a probabilidade
As heparinas de baixo peso molecular não equivalem entre si de embolia pulmonar maciça é grande, deve-se utilizar as drogas
em relação às doses. Assim, a enoxaparina é administrada na dose trombolíticas que permitam lise mais rápida do trombo, promoven-
de 1mg/kg SC de 12/12h ou 1,5mg/kg uma vez ao dia; a dalteparina do uma melhora clínica mais efetiva. Utiliza-se a estreptoquinase
na dose de 200 U/kg/dia SC; e a nadroparina na dose de 85U/kg SC por via EV na dose de 250.000 U em bolus seguida de uma infusão
de 12/12 h ou 170 U/kg uma vez ao dia. de 100.000 U/h durante 24 a 72h, ou o rt-PA na dose de 100 U EV
Tanto a heparina não-fracionada como as heparinas de baixo em infusão durante 2h (Grau de Recomendação I, Nível de Evidên-
peso molecular têm Grau de Recomendação I e Nível de Evidência cia C). A trombólise na embolia pulmonar, como em qualquer ou-
A e D para uso na SCA. tra situação clínica, apresenta uma série de contra-indicações que
devem ser respeitadas. Além dos pacientes clinicamente instáveis,
Bloqueadores dos receptores da glicoproteína IIb/IIIa (abcixi- um subgrupo de pacientes com estabilidade hemodinâmica e venti-
mab, tirofiban) - Diversos ensaios clínicos têm demonstrado efei- latória, porém com disfunção do ventrículo direito ao ecocardiogra-
tos benéficos com o uso dos bloqueadores da glicoproteína IIb-II- ma, pode também se beneficiar do uso de trombolíticos. (Grau de
Ia em pacientes com SCA em relação à redução de IAM, reinfarto, Recomendação IIa, Nível de Evidência C).
isquemia miocárdica recorrente e necessidade de revascularização
miocárdica, não se observando, entretanto, redução da mortalida- Tratamento inicial da dissecção aguda da aorta
de 182-188. Firma-se a indicação do tirofiban quando não há uma No caso de suspeita clínica de dissecção aguda da aorta a te-
atitude invasiva planejada em pacientes com alto ou médio risco, rapêutica farmacológica deve ser instituída o mais rápido possível
ou seja, com persistência da isquemia, troponina elevada outras com objetivo de estabilizar a dissecção e evitar complicações ca-
variáveis de risco (Grau de Recomendação IIa, Nível de Evidência tastróficas, como a ruptura da aorta. Para isso o tratamento padrão
A). Já o abciximab parece ser melhor indicado quando houver uma é feito através do uso de vasodilatadores, como o nitroprussiato
atitude invasiva imediata planejada, independentemente do risco de sódio, em associação com betabloqueadores (propranolol, me-
(Grau de Recomendação I, Nível de Evidência A). Os pacientes que toprolol, esmolol ou atenolol) (preferencialmente venoso), visando
inicialmente utilizarem o tirofiban e na evolução optar pela conduta a redução do cronotropismo e do inotropismo, ou utilizar o labeta-
invasiva, deverão continuar seu uso durante e após o cateterismo lol que possui ambos os efeitos (Grau de Recomendação I e Nível
ou intervenção (Grau de Recomendação IIa, Nível de Evidência A). de Evidência C e D). Nos pacientes com contra-indicação ao uso de
Os benefícios obtidos com o uso destas drogas devem ser sempre betabloqueadores podemos utilizar o enalaprilato venoso. O con-
analisados diante de seu alto custo. trole da dor deve ser feito com sulfato de morfina, que também
Os inibidores da glicoproteína IIb/IIIa podem ser usados, con- auxilia na redução da pressão arterial e estabilização da dissecção.
comitantemente, com a aspirina, o clopidogrel e a heparina. Os pacientes deverão ser submetidos à monitorização oxi-dinâmica,
O tirofiban é administrado na dose de 0,4 microgramas/kg/min do débito urinário e da pressão arterial, e encaminhados à unida-
EV por 30min, seguida de 0,1 microgramas/kg/min por 48 a 96h. O de de terapia intensiva e/ou ao centro cirúrgico tão logo indicado
abciximab é administrado em bolus EV na dose de 0,25mg/kg, se- e possível. Aqueles com instabilidade hemodinâmica deverão ser
guida de 0,125 microgramas/kg/min (máximo de 10 microgramas/ colocados em suporte ventilatório e submetidos a monitorização
min) por 12 a 24h. invasiva da pressão arterial e das pressões do coração direito para
melhor controle das pressões de enchimento e do débito cardíaco,
Tratamento inicial da embolia pulmonar além das variáveis de oxigenação tissular.
Uma vez diagnosticada a embolia pulmonar ou havendo evi-
dências consistentes de sua provável existência, o tratamento deve
ser iniciado imediatamente devido à sua elevada mortalidade hos-
pitalar - cerca de 1/3 para os não tratados e de 10% para os trata-
dos.

155
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

O tratamento cirúrgico imediato é reservado para as dissecções EDEMA AGUDO DE PULMÃO


agudas que envolvam a aorta ascendente ou o arco aórtico (tipo O edema pulmonar uma condição definida pelo acúmulo anor-
A de DeBakey) e para dissecções distais complicadas (oclusão de mal de líquido no tecido pulmonar, no espaço alveolar ou em am-
um ramo aórtico importante, extensão da dissecção e evidências bos, se apresentando como uma condição grave. Ocorre, na maioria
de ruptura aórtica) ou não estabilizadas com o tratamento clínico. dos casos, em consequência do aumento da pressão microvascular
(Grau de Recomendação I e Nível de Evidência C e D). Em pacien- proveniente da função ventricular esquerda inadequada, o que leva
tes com dissecção não complicada que poupem a aorta ascendente ao refluxo de sangue para dentro da vasculatura pulmonar (BRUN-
(tipo B) e com dissecção crônica da aorta o tratamento clínico é o NER &SUDDARTH, 2009).
passo inicial. (Grau de Recomendação I e Nível de Evidência C e D).
PRINCIPAIS SINTOMAS
4) suporte de vida em situações de edema agudo de pulmão; As principais manifestações clínicas do edema agudo de pul-
O edema agudo de pulmão (EAP) é um evento que acontece e mão são: dispnéia intensa, ortopnéia, tosse, escarro cor de rosa e
forma clínica, e que é caracterizado por um acúmulo súbito e anor- espumoso. Em geral o paciente apresenta-se ansioso, agitado,sen-
mal de líquido nos espaços extra vasculares do pulmão, que repre- tado com membros inferiores pendentes e utilizando intensamente
senta uma das mais dolorosas e dramáticas síndromes cardiorres- a musculatura respiratória acessória. Há dilatação das asas do nariz,
piratórias, e que ocorre de maneira muito frequente nas unidades retração intercostal e da fossa supraclavicular. A pele e as mucosas
de emergência e de terapia intensiva. Na maioria das vezes é con- tornam-se frias, acinzentadas, às vezes pálidas e cianóticas, com
sequência da insuficiência cardíaca esquerda, onde a elevação da sudorese fria sistêmica. Pode haver referência de dor subesternal
pressão no átrio esquerdo e capilar pulmonar é o principal fator irradiada para o pescoço, mandíbula ou face medial do braço es-
responsável pela transpiração de líquido para o interstício e interior querdo em casos de isquemia miocárdica ou IAM. No exame físico,
dos alvéolos, com interferência nas trocas gasosas pulmonares e pode-se constatar taquicardia, ritmo de galope, B2hiperfonética,
redução da pressão parcial de oxigênio no sangue arterial (TARAN- pressão arterial elevada ou baixa (IAM, choque cardiogênico), es-
TINO, 2007). tertores subcreptantes inicialmente nas bases, tornando-se difusos
O fluxo aumentado de líquidos, que são provenientes dos capi- com a evolução do quadro. Roncos e sibilos difusos indicam qua-
lares pulmonares para o espaço intersticial e alvéolos, que se acu- se sempre broncoespasmo secundário. O quadro clínico agrava-se
mulam nessas regiões ao ultrapassarem a capacidade de drenagem progressivamente, culminando com insuficiência respiratória, hipo-
dos vasos linfáticos, promovendo uma troca alvéolo-capilar de for- ventilação, confusão mental e morte por hipoxemia (PORTO, 2005).
ma inadequada (FARIA ET AL, 2010). Deve-se basear no achado das seguintes alterações: pacien-
Com base nestes contextos, analisar a participação da equipe te com queixa de dispnéia, geralmente de início súbito, associada
de enfermagem no sentido de reabilitação do paciente no decorrer à tosse e a sinais de liberação adrenérgica (taquicardia, palidez
deste acontecimento que ocorre de forma frequente, embora seja cutânea, sudorese fria, hipertensão e ansiedade). Sinais de esfor-
ele um evento que requer cuidados minuciosos é imprescindível. ço da musculatura inspiratória, com uso dos músculos acessórios
Segundo Marsella (2012), as principais patologias que determinam da respiração, tiragem intercostal e batimento de asas de nariz.
o EAP são: Isquemia miocárdica aguda (com ou sem infarto prévio), Taquipnéia e expiração forçada, inclusive com presença de respira-
hipertensão arterial sistêmica, doença valvar, doença miocárdica ção abdominal. Ausculta pulmonar variada, podendo-se encontrar,
primária, cardiopatias congênitas e arritmias cardíacas, principal- mais comumente, estertores inspiratórios e expiratórios de médias
mente as de frequência muito elevada. e grossas bolhas. Também é comum o encontro de murmúrio vesi-
Sallum (2013) salienta que a causa mais comum do EAP é in- cular mais rude, com roncos e sibilos. Outros achados que podem
suficiência ventricular esquerda, onde há uma incapacidade desta ajudar a definir etiologia do EAP são: presença de dor torácica com-
cavidade em bombear o sangue para fora do coração. Esta pode patível com insuficiência coronariana, galope cardíaco (B3 e/ou B4),
ocorrer por diversos motivos, entre eles estão à hipertensão arte- sopros cardíacos e deslocamento da posição do ictus cardíaco (sinal
rial, doenças das válvulas cardíacas, doenças do músculo cardíaco, de aumento da área cardíaca) (MASELLA, 2012).
arritmias cardíacas e distúrbios da condução elétrica do coração,
entre outras doenças cardíacas. Sendo que em algumas situações, a ACHADOS DIAGNÓSTICOS
infusão excessiva de líquidos, pode acarretar um quadro de edema Através da ausculta pulmonar revela-se presença de estertores
agudo de pulmão. nas bases pulmonares, que progridem para os ápices dos pulmões,
A formação de edema nos pulmões ocorre do mesmo modo sendo estes causados pela movimentação de ar através do líqui-
que em outras partes do corpo. Qualquer fator que faça com que a do alveolar. Pode ocorrer de o paciente apresentar taquicardia, e
pressão do líquido intersticial pulmonar passe de negativa para po- queda nos valores da oximetria de pulso, e quando analisada a ga-
sitiva, provoca uma súbita inundação dos espaços intersticiais e dos sometria verifica-se o agravamento da hipoxemia (BRUNNER &SU-
alvéolos, com grande quantidade de líquido livre, tendo como cau- DDARTH, 2009).
sas mais comuns a insuficiência cardíaca esquerda ou doença valvu-
lar mitral com consequente aumento na pressão capilar pulmonar e TRATAMENTO
inundação dos espaços intersticiais e alveolares. Também a lesão da Consiste de medidas medicamentosas como a oxigenioterapia
membrana dos capilares pulmonares, causada por infecções como para melhora da saturação de oxigênio, de diuréticos (como a furo-
pneumonias ou pela inalação de substâncias nocivas como os gases semida) que é fundamental na redução da pré-carga, opióides (sen-
cloro ou dióxido de enxofre, acarreta a rápida saída de líquido e do o mais utilizado a morfina) sendo de extrema eficácia na redução
de proteínas plasmáticas de dentro dos capilares. (GUYTON, 2006). do retorno venoso e na diminuição no consumo de oxigênio pelo
miocárdio, vasodilatador coronariano (dobutamina normalmente é
a droga de escolha) pelo efeito inotrópico positivo, vasodilatador
venoso e arterial (como o nitroprussiato de sódio) oferece rápida
e segura redução da pressão arterial, e medidas mecânicas como a
ventilação mecânica invasiva e não invasiva e a intubação (SALLUM
E PARANHOS, 2013).

156
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Porém Carvalho (2008), demonstra que o tratamento de EAP Cardiológicos: Dor Torácica Isquêmica, Dor Torácica Intensa,
busca diminuir a pressão de preenchimento ventricular e melhorar Congestão Pulmonar e Presença de 3ª Bulha;
o fornecimento de oxigênio, baseando-se na administração de ni- Renais: Presença de edema recente, diminuição do volume uri-
tratos, diuréticos e oxigênio. nário, hematúria, proteinúria e elevação dos níveis de creatinina;
Na abordagem do paciente hipertenso grave na emergência
CUIDADOS DE ENFERMAGEM médica é necessária uma história e um exame físico direcionados,
Conforme Sallum e Paranhos (2013) as ações de enfermagem porém acurados na busca da presença de lesão de órgão-alvo, par-
incluem organização e provimento de recursos materiais e huma- ticularmente na busca de sintomas e sinais de alerta, são cruciais
nos, mas também descrevem outros cuidados como: para a segurança do paciente e para a boa prática clínica; a história
deve investigar as características dos sintomas do paciente. Muitos
Posicionar o paciente sentado, elevando a cabeceira a 60° ou pacientes apresentam-se na emergência apenas após a constata-
90° deixando os membros inferiores pendentes, assim reduzindo ção da elevação dos níveis pressóricos em uma medida rotineira de
retorno venoso e propiciando máxima expansão pulmonar; pressão arterial.
Posicionar em Fowler alto. O exame físico deve incluir a pesquisa da presença de sinais
Instalar máscara facial de oxigênio com reservatório, selecio- de irritação meníngea, fundo de olho para buscar edema de papi-
nando um fluxo de 10 L/min; la, hemorragias e exsudatos; o exame neurológico deve procurar a
Aspirar às secreções se necessário para manter as vias aéreas presença de rebaixamento de nível de consciência, confusão men-
permeáveis; tal ou agitação psicomotora, presença de sinais neurológicos focais,
particularmente os sinais deficitários; a ausculta cardíaca deve bus-
5) suporte de vida em situações de crise hipertensiva; car a presença de 3ª ou 4ª bulha e sopro de insuficiência aórtica; a
Crise Hipertensiva é uma condição clínica caracterizada por ausculta pulmonar deve procurar a presença de sinais de congestão
elevação aguda ou crônica da PA (Níveis de Pressão Diastólica su- pulmonar; o exame físico deve incluir, ainda, a palpação da aorta
perior a 130 mmHg) em associação ou não com manifestações de abdominal e a pesquisa de pulsos periféricos, incluindo o pulso ca-
comprometimento de órgãos-alvo (cardiovasculares, neurológicas rotídeo.
e renais). As manifestações clínicas das crises hipertensivas depen- É importante avaliar a presença de deterioração da função re-
dem do grau de disfunção dos órgãos-alvo. Os níveis pressóricos nal, buscando a presença de edema, diminuição de volume urinário
absolutos podem não ter importância, mas sim a velocidade de ele- e hematúria; em pacientes com pressão arterial diastólica superior
vação que esta ocorreu. a 130 mmHg, impõe-se a dosagem de creatinina sérica e a análise
Pacientes com hipertensão de longa data podem tolerar pres- urinária para pesquisar a presença de hematúria e proteinúria; a
sões sistólicas de 200 mm Hg e diastólicas superiores a 150 mm estratificação de risco desses pacientes está na confirmação ou na
Hg, entretanto crianças ou gestantes podem desenvolver encefa- exclusão de existência de lesão aguda (em curso) de um órgão-alvo.
lopatia com pressões diastólicas de 100 mm Hg. Cerca de 10 a 20% Caso não seja possível excluir a existência de lesão, deve-se assumir
da população adulta em nosso país apresenta Hipertensão Arterial a presença de lesão aguda e tratar conforme o órgão lesado.
Sistêmica; estudos mostram que emergências hipertensivas ocor-
rem em menos de 1% dos pacientes hipertensos, esses pacientes A Crise Hipertensiva é dividida em urgência hipertensiva e
desenvolverão um ou mais episódio de emergência hipertensiva. emergência hipertensiva:
O mecanismo responsável pela elevação da PA não é clara- • Urgência Hipertensiva: não existe o comprometimento ins-
mente conhecido, no entanto, elevações dos níveis de renina, adre- talado dos órgãos-alvo (coração, artérias, cérebro e rins). Após a
nomodulina e peptídeo atrial natriurético foram encontrados em avaliação médica o paciente geralmente recebe medicações por via
alguns pacientes com emergências hipertensivas. Uma elevação oral ou sublingual e é tratado ambulatorialmente e em domicílio; o
súbita da PA secundária a um aumento da resistência vascular peri- controle da Pressão Arterial é feito em até 24 horas;
férica parece estar envolvida nos momentos iniciais; o fumo, possi- • Emergência Hipertensiva: existe o comprometimento insta-
velmente mediando lesão endotelial, é um antigo suspeito de estar lado e iminente dos órgãos-alvo (coração, artérias, cérebro e rins);
envolvido na gênese das emergências hipertensivas (fumantes têm após a avaliação médica é indicado tratamento hospitalar em CTI’s
5x mais chances de desenvolver hipertensão maligna); fatores ge- e administração de vasodilatadores endovenosos. Essa crise é
néticos e imunológicos também podem ter papel importante. acompanhada por sinais que indicam as lesões nos órgãos-alvo, tais
Os pacientes portadores de feocromocitoma ou hipertensão como: encefalopatia hipertensiva, edema agudo de pulmão, aci-
renovascular apresentam uma incidência de elevações abruptas de dente vascular encefálico, infarto agudo do miocárdio ou dissecção
pressão arterial mais alta do que o esperado para outras causas de aguda da aorta, nestes casos há o risco iminente de morte;
hipertensão arterial. Alguns autores acreditam que a ativação do
sistema renina-angiotensina esteja envolvida no desenvolvimento Segundo Uenishi (1994), os principais cuidados de enferma-
das emergências hipertensivas, assim a redução do volume circu- gem no tratamento das crises hipertensivas são:
lante causada, entre outros motivos, pela ação de diuréticos de alça • Manter o paciente em ambiente calmo e tranquilo;
– como a furosemida – pode estar associada a elevações abruptas • Puncionar veia periférica;
de pressão arterial e à lesão endotelial dos quadros de emergência • Monitorizar adequadamente (PA, ECG e Débito Urinário);
hipertensiva. • Instalar medicação prescrita anti-hipertensiva em bombas de
Uma vez iniciado o processo lesivo vascular, surge um ciclo vi- infusão;
cioso com secreção de substâncias vasoconstritoras e vasotóxicas, • Para pacientes com infusão intravenosa de vasodilatadores,
como o TNFa, que perpetuam o processo. obter parâmetros de sinais vitais a cada cinco minutos até a redu-
ção desejada da pressão arterial.
Sintomas e sinais de alerta na crise hipertensiva
Neurológicos: Relaxamento da Consciência, Sinais Focais (loca-
lizatórios), Cefaleia Súbita Intensa, Presença de Sinais Meníngeos e
Alterações agudas no fundo do olho;

157
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Um dos principais medicamentos vasodilatadores utilizados 6) suporte de vida em situações de infarto agudo do miocár-
nas emergências hipertensivas é o nitroprussiato de sódio, que é dio;
um potente vasodilatador. Sua ação é semelhante ao nitrito, que As doenças cardiovasculares (DCV) atualmente estão entre as
atua diretamente sobre o músculo liso dos vasos sanguíneos, pro- principais causas de morbidade, incapacidade e morte no Brasil e
vavelmente por causa da porção nitrosa. O metabolismo inicial do no mundo, sendo responsáveis por 39% das mortes registradas em
nitroprussiato envolve a liberação não enzimática de cianogênio, o 2008. Os gastos com estes pacientes totalizaram 1,2 milhões em
qual é rapidamente convertido em tiocinato, por meio de uma ação 2009 e, com envelhecimento da população e mudança dos hábitos
catalisadora por enzima hepática. de vida, a prevalência desta doença tende a aumentar ainda mais
Embora essa reação seja irreversível, o tiocinato pode ser de futuramente (BRASIL, 2008). A Organização Pan-americana de Saú-
forma lenta convertido em cianeto pela ação de uma tiocinato oxi- de (OPAS) reconhece a necessidade de uma ação integrada contra
dase presente nos eritrócitos. (GUERRA et al.,1988). Muitos dos as Doenças cardíacas e irá propor aos países membros que estabe-
efeitos tóxicos que se observam durante o uso do nitroprussiato são leçam a meta global de reduzir a taxa de mortalidade por esta em
notados em envenenamento por cianeto e tem sido sugerido que 20% na década de 2011-2020 em relação à década precedente. En-
esse último composto seria responsável pelos efeitos tóxicos pelo tre as causas de morte e hospitalização, destacam-se as síndromes
uso prolongado da droga em pacientes. O início da ação do nitro- coronarianas agudas (SCA), incluindo o infarto agudo do miocárdio
prussiato de sódio é imediato e persiste enquanto perdura a infusão (IAM) e a angina instável (AI) (ESCOSTEGUY et al., 2005). Em situa-
da droga, atua tanto nos vasos de capacitância como nos vasos de ções de emergências, ao admitir um paciente grave, o enfermeiro
resistência. Produz redução muito rápida nas pressões arterial e ve- é o profissional que realizará a triagem em serviço de emergência,
nosa central e um aumento moderado na frequência cardíaca. cabe a ele avaliar o paciente, determinar as necessidades de prio-
Também é potente vasodilatador cerebral, causando aumento ridade e encaminhá-lo para a área de tratamento. Sendo assim, o
da pressão intracraniana responsável pela cefaleia pulsátil experi- enfermeiro é o profissional da equipe de emergência a ter o primei-
mentada por alguns pacientes. Os vasos da retina podem relaxar-se ro contato com o paciente, cabendo-lhe o papel de orientador nos
e aumentar a pressão intraocular, o que favorece a crise aguda do procedimentos que serão prestados.
glaucoma. O nitroprussiato de sódio é indicado nas crises hiperten-
sivas e também é útil para produzir hipotensão em alguns procedi- Importância dos atendimentos de emergência
mentos cirúrgicos, assim como para diminuir a resistência periférica A emergência é uma propriedade que uma dada situação as-
em pacientes com infarto do miocárdio, ocasionando melhora no sume quando um conjunto de circunstâncias a modifica. A assis-
desempenho cardíaco, que é acompanhado pelo aumento do volu- tência em situações de emergência e urgência se caracteriza pela
me urinário e excreção de sódio. necessidade de um paciente ser atendido em um curtíssimo espa-
A toxidade aguda do Nitroprussiato é secundária à vasodila- ço de tempo. A emergência é caracterizada como sendo a situação
tação excessiva e à hipotensão. Podem ocorrer náuseas, vômitos, onde não pode haver uma protelação no atendimento, o mesmo
sudorese, agitação, cefaleia, palpitação, apressão subesternal e sín- deve ser imediato (CINTRA, 2003). Ressalta este autor, que neces-
cope, devido ao deslocamento da massa sanguínea para as áreas sidade da formação do enfermeiro em atuação nas unidades emer-
esplênicas e periféricas, com possível hipóxia cerebral. genciais apresenta a importância dos procedimentos teóricos que
aprendemos como enfermeiros que o socorro nos momentos após
.Os principais cuidados de enfermagem na administração desta um acidente, principalmente as duas primeiras horas são os mais
medicação são: importantes para se garantir a recuperação ou a sobrevivência das
• Preparo e diluição da medicação conforme padronização e/ pessoas feridas.
ou prescrição médica (geralmente é diluído em 250 ml de solução Os casos de urgência se caracterizam pela necessidade de tra-
fisiológica ou glicose 5%); tamento especifico, o paciente será encaminhado para a especiali-
• Controle rigoroso de gotejamento, instalar preferencialmente dade necessária, ortopedia, cirurgia geral, neurologia e clínica mé-
em bomba de infusão e verificar continuamente a infusão correta dica. Neste caso o risco de vida é pouco provável. Quanto à atenção
do medicamento; hospitalar às vítimas de acidentes e violências reúne-se de forma
• Controle da pressão arterial do paciente (algumas bibliogra- complexa a estrutura física, a disponibilidade de insumos, o aporte
fias indicam controle a cada cinco minutos, outras a cada 15 a 30 tecnológico e os recursos humanos especializados para intervir nas
minutos. É importante seguir as orientações do enfermeiro na ob- situações de emergência decorrentes dos acidentes e violências.
servação e aferição da pressão arterial, uma vez que nas primeiras As emergências são as principais portas de entrada desses pacien-
horas de infusão da medicação será necessária a verificação em in- tes no hospital; considerando a gravidade das lesões, a assistência
tervalos menores e/ou conforme a apresentação de sinais e sinto- demandará ações de diferentes serviços e poderá exigir um tempo
mas no paciente); o mais indicado é que o paciente esteja monito- considerável de internação, acarretando um custo elevado.
rizado com monitor multiparâmetros, que verifica constantemente Os autores Tacsi e Vendruscolo (2004) consideram que o en-
o pulso, pressão arterial e oximetria; fermeiro no setor de emergência deve adotar estilos de liderança
Observação: todos os sinais e resultados obtidos devem obri- participativa e compartilhar e/ou delegar funções. São as principais
gatoriamente ser anotados no prontuário do paciente, bem como habilidades, para o gerenciamento da assistência: a comunicação, o
os horários de instalação da medicação e possíveis mudanças em ao paciente, em casos de emergência, seja direcionado, planejado
gotejamentos, conforme a orientação médica. e livre de quaisquer danos.
O Infarto do Miocárdio Segundo Lima (2007), o termo infarto
designa a necrose do miocárdio que se instala secundariamente à
interrupção aguda do fornecimento de sangue através das coroná-
rias. A destruição do músculo do coração é motivada, geralmente,
por depósitos de placas de ateroma nas artérias coronárias.

158
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Desse modo, essas placas nada mais são do que o amontoado a realização de suas ações sistemática na sequência que devem ser
de células no interior dos vasos sanguíneos. Lesões dos próprios executado. O enfermeiro, por meio de seus cuidados, é um profis-
vasos, assim como depósitos de gordura que vão desenvolvendo-se sional essencial na assistência e recuperação da saúde da vítima de
com o tempo, constituem-se verdadeiras “rolhas” no interior das IAM (BRANDÃO, 2003).
artérias do coração. O infarto do miocárdio está mais repetidamen- O atendimento de emergência nas Unidades Hospitalares tem
te unido a uma causa mecânica, ou seja, suspensão do fluxo sanguí- importante papel na recuperação e manutenção da saúde do indi-
neo para uma área específica por causa da obstrução total parcial víduo. Recuperar a saúde e mantê-la se estabelece com uma assis-
da artéria coronária responsável por sua irrigação. A dimensão da tência à saúde de qualidade e equipe multidisciplinar voltada para
necrose depende de muitos fatores que possam ter ocorrido tais o indivíduo como um todo na sua integralidade, atentando para as-
como o tamanho da artéria lesada, tempo de desenvolvimento da pectos que envolvem a atuação eficaz, eficiente, rápida e com bom
obstrução e desenvolvimento da circulação colateral (CHIAVENATO, conhecimento clínico e científico. A atuação do enfermeiro encaixa-
2010). -se naquela equipe supracitada e é primordial para os serviços de
O infarto significa a morte de uma parte do músculo cardía- saúde no tocante à promoção à saúde dos clientes/pacientes que
co (miocárdio), por falta de oxigênio e irrigação sanguínea. A oxi- são assistidos em serviços de Urgência e Emergência.
genação necessária ao funcionamento do coração sucede por um
conjunto de vasos sanguíneos, as chamadas artérias coronárias. 7. suporte de vida em situações de acidente vascular encefá-
Quando uma dessas artérias que irrigam o coração impede o abas- lico;
tecimento de sangue e oxigênio ao músculo, redundando em um As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) constituem a
processo de destruição irreversível, podem ocasionar parada car- primeira causa de mortalidade na população mundial (CRUZ, 2015).
díaca (morte súbita), morte tardia ou insuficiência cardíaca com sé- São responsáveis por um elevado número de mortes prematuras,
rias limitações de atividades físicas (TEIXEIRA, 2010). diminuição da qualidade de vida e impactos socioe¬conômicos, en-
Os pacientes que passam por um infarto, são comumente do volvendo a taxa de mortalidade, os custos do tratamento, déficit
motor e redução cognitiva dos pacientes (STONE, 2013; MALTA et
sexo masculino, pois são mais facilmente vulneráveis que as mulhe-
al., 2015).
res. Isso porque, acredita-se que as mulheres possuam uma eficácia
As DCNT incluem neoplasias, doenças respiratórias crônicas,
protetora que é a produção de hormônios (estrógeno), tanto que
diabetes mellitus e doenças do aparelho circulatório. O Acidente
após a menopausa, pela falta de produção desse hormônio, a cir-
Vascular Encefálico (AVE) é classificado nesta última, sendo um dis-
cunstância de infarto na mulher cresce de sobremaneira (SILVEIRA, túrbio neurológico no qual ocorre perda da função ence¬fálica em
2006). decorrência da ruptura do aporte sanguíneo para uma região do
O infarto do miocárdio pode também ocorrer em pessoas que encéfalo com instalação súbita de causa vascular (CARNEIRO et al.,
têm as artérias coronárias normais. Isso acontece quando as co- 2015; OLIVEIRA et al., 2016).
ronárias apresentam um espasmo, contraindose violentamente e O AVE é mais frequente após os 60 anos, sendo responsável por
também produzindo um déficit parcial ou total de oferecimento de 847.694 interna¬ções hospitalares no Brasil nos últimos cinco anos,
sangue ao músculo cardíaco irrigado pelo vaso contraído (MALVES- por 27,6% (234.326) na região Nordeste do país e 0,46% (3.969) em
TIO, 2002). Sergipe (BRASIL, 2016). Nos anos de 2012, 2013 e 2014 corres¬pon-
deu a 249.470 óbitos no Brasil, 28,5% (71.279) na região Nordeste e
Segundo o autor acima os sinais e sintomas do IAM: 1,02% (2.565) em Sergipe (BRASIL, 2016). Dos sobreviventes, cerca
• Dor intensa e prolongada no peito; de 50% necessitam de cuidados espe¬ciais e auxílios para desenvol-
• Dor que se irradia do peito para os ombros, pescoço ou bra- vimento de suas atividades em longo prazo (CRUZ, 2015).
ços; O Ministério da Saúde (MS), baseado na linha do cuidado do
• Dor prolongada na “boca do estômago”; AVC, instituída pela Portaria MS/GM nº 665 de 12 de abril de 2012,
• Desconforto no tórax e sensação de enfraquecimento; instituiu o Manual de rotinas de atenção ao AVE, o qual tem como
• Respiração curta mesmo no estado de repouso; objetivo apresentar protocolos, escalas e orientações aos profissio-
• Sentir tonteira; nais de saúde no manejo clínico ao paciente acometido pela do-
• Náusea, vômito e intensa sudorese; ença, garan¬tindo assistência de qualidade nos serviços de saúde
• Ataques de dor no peito que não são causados por exercício nacionais (BRASIL, 2013).
físico. A utilização de protocolos institucionais pré-definidos de aten-
dimento a pa¬cientes com AVE requer a participação de uma equipe
Contudo, há de ser levado em consideração que existem em multidisciplinar. Nesta, o en¬fermeiro está inserido como respon-
muitos indivíduos um componente genético importante na susce- sável direto na assistência prestada, permitindo o reconhecimento
tibilidade individual para o desenvolvimento da arteriosclerose, precoce de sinais e sintomas sugestivos da doença e uma conduta
diagnóstica ou terapêutica de forma segura (MONTEIRO, 2015).
embora sua natureza até o momento não seja entendida, essa sus-
Em estudo realizado por Donnellan, Sweetman e Shelley
cetibilidade genética pode interferir nas características bioquímicas
(2013a), no qual foi avaliada a implementação de diretrizes nacio-
e fisiológicas, acelerando o processo da doença. Esse componente
nais de AVE, foi observado que o instru¬mento consiste em um
genético é definido como herança genética ou características não
conjunto de orientações específicas à conduta terapêutica, con-
modificáveis. templando o que, quem, quando, onde e como a assistência deve
A assistência da equipe de enfermagem no atendimento à ví- ser realizada, porém ressalta que deverá ser adaptado ao uso no
tima de infarto agudo do miocárdio O enfermeiro tem um papel ambiente clínico.
importante na assistência, tem sido discutido políticas e estratégias Os resultados encontrados por Oostema e outros autores
de saúde em relação a doenças cardiovasculares, para que a en- (2014) dão suporte às afirmativas da literatura. Os autores obser-
fermagem atue na promoção e recuperação da saúde através de varam que a eficiência dos cuidados hos¬pitalares aos pacientes
intervenções as quais objetiva alcançar os resultados esperados, es- esteve relacionada à utilização das recomendações das dire¬trizes
tabelecendo protocolos que consiste em passos a serem dados para nacionais, visto que proporcionou chegada em cena precoce, ava-

159
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

liação mais rápida, utilização aumentada da terapia trombolítica e Em estudo de Blomberg e colaboradores (2014) foi avaliado o
a tempos de porta-agulha re¬duzidos para a administração trom- nível de con¬cordância entre enfermeiros e médicos na condução
bolítica. clínica do AVE, evidenciando similaridade entre os profissionais de
Ao ser admitido no serviço de emergência, o paciente deve ser 78% na decisão de monitorização e intervenção precoce e 74% na
avaliado com base em protocolos que definem as principais ma- realização da Tomografia Computadorizada (TC) de crânio, porém
nifestações clínicas da doença e indicam o melhor tratamento no os enfermeiros apresentaram nível de precisão em 84%.
melhor tempo resposta, reduzindo as complicações provenientes Bergman e outros autores (2012) defendem que os enfermei-
do AVE e melhorando o prognóstico do paciente (SANDER, 2013). ros devem ser ca¬pacitados para reconhecer as manifestações clíni-
Blomberg e outros autores (2014) constataram que a utiliza- cas de um AVE, visto que esses pro¬fissionais, na maioria das vezes,
ção de algoritmo específico no atendimento pré-hospitalar (APH) são responsáveis pelo acolhimento e avaliação pri¬mária desses
permitiu uma alta precisão no diag¬nóstico do AVE e eficácia na pacientes no serviço de urgência. O reconhecimento precoce e es-
corrente de sobrevivência. Destacaram a utilização de intervenções colha da terapêutica adequada são fatores positivos para o prog-
específicas, incluindo suporte de oxigênio, inserção de cateteres ve- nóstico do paciente.
no¬sos periféricos, exame neurológico e reação pupilar, transporte Yang e outros autores (2015), ao questionarem 331 enfermei-
imediato com elevada prioridade médica e comunicação precoce à ros e médicos sobre a capacidade de reconhecimento de um AVE,
instituição que receberá o paciente. 48% referiram aptidão para reconhecer e gerenciar a situação. Em
As diretrizes da Associação Americana de AVE recomendam seu estudo, Adelman e colaboradores (2014), ao entrevis¬tarem
que a avaliação e o diagnóstico rápidos dos pacientes devem pro- 875 enfermeiros sobre os sinais de alerta para o AVE, evidenciaram
porcionar um tempo de porta-agulha não superior a 60 minutos que 87% dos entrevistados reconheceram dois ou mais sinais da
(BRETHOUR, 2012). Associado a isto, o autor evidenciou que a ad- doença.
ministração do t-PA dentro das primeiras 3 horas do início do qua- Conforme afirmam Barcelos e outros autores (2016), as limi-
dro em uma dose de 0,9 mg/kg proporciona melhora na perfusão tações físicas e cog¬nitivas impostas pelo AVE são agravantes que
cerebral e reduz significati¬vamente a incapacidade sem aumento podem interferir durante a realização dos cuidados pelo enfermeiro
no risco de morte do paciente. aos pacientes. Por este motivo, o profissional deve ser capacitado
As princiais dificuldades para implementação de protocolos para atuar diante das dificuldades que podem surgir durante a as-
são: falta de adesão pela equipe multiprofissional, conhecimento sistência, utilizando estratégias de cuidado que visem proporcionar
deficiente, ausência de estrutura física no ambiente de assistência uma comunicação tera-pêutica efetiva.
e falta de investimento em equipamentos e tecnologia avançada Souza e outros autores (2014) evidenciaram em estudo a im-
(FRANGIONE-EDFORT, 2014). portância da comu¬nicação verbal e não verbal entre o enfermeiro
Moura e Casulari (2015) defendem que o uso de protocolos no e o paciente afásico, a fim de manter uma relação de confiança. No
atendimento ao paciente com AVE melhora o atendimento signi- estudo, os enfermeiros relataram usar os gestos (100%), comunica-
ficativamente. Corroborando com a afirmativa, Donnellan, Sweet- ção verbal (33,3%), comunicação escrita (29,6%) e toque (18,5%).
man e Shelley (2013b) afirmam que a adesão aos proto¬colos é as- Nesta pers¬pectiva, é essencial que o enfermeiro esteja preparado
sociada a desfechos favoráveis no tratamento ao AVE, aumentando para realizar uma comunicação terapêutica efetiva, com o objetivo
a sobre¬vida e reduzindo os custos hospitalares. de prestar assistência adequada e de qualidade.

Atuação do enfermeiro no manejo do AVE 8) suporte de vida em situações de estados de choque;


Durante o período de permanência em internação hospitalar,
o paciente acometido por AVE recebe a assistência de uma equipe
multidisciplinar que desenvolve ações com o objetivo de melhorar
o estado de saúde e consequente alta hospitalar. O enfermeiro,
du¬rante o seu turno de trabalho, é o profissional que possui maior
contato com o paciente, sendo responsável pela maior parte dos
cuidados e procedimentos (SOUZA et al., 2014).
No processo de cuidado ao paciente com AVE, o enfermeiro
deve atuar com o objetivo de minimizar as sequelas provenientes
da doença, além de desenvolver uma assistência com foco no esta-
do físico, espiritual e mental. Para isso, esse profissional deve iden-
tificar as principais necessidades do paciente, elaborar um plano de
cuida¬dos individualizado e garantir que o mesmo seja implemen-
tado de maneira eficaz (BARCELOS et al., 2016).
Hinkle (2014) destaca que estes profissionais devem realizar e
registrar um exame físico eficiente pactuado na escala de AVE dos
Institutos Nacionais de Saúde (NIHSS). Afirma ainda que este ins-
trumento deva ser empregado continuamente na fase aguda do
AVEi, em pacientes pós-AVEh ou com suspeita de Ataque Isquêmico
Transitório (AIT) a fim de identificar o estado neurológico, avaliar Tipos de choque
eficácia do trata¬mento e prever um desfecho para conduta clínica. - Hipovolêmico – depleção do volume intravascular efetivo.
A escassez de neurologistas prontamente disponíveis em servi- - Cardiogênico – falha primária da função cardíaca.
ços hospitalares dos Estados Unidos favoreceu o desenvolvimento - Distributivo – alterações do tônus/permeabilidade vascular.
de práticas avançadas de enferma¬ gem. Estas práticas evidencia- - Obstrutivo – obstrução mecânica ao enchimento do coração.
das pelo autor contemplam a atuação dos enfermeiros na identifi-
cação, tomada de decisão de tratamento e gestão contínua de pa-
cientes com AVE (BRETHOUR, 2012).

160
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

O paciente em estado de choque exige atenção total da equi- Já para Zanini, Nascimento e Barra (2006), a PCR é definida
pe médica, devido ao risco iminente de morte. Em casos assim, a como o súbito cessar da atividade miocárdica ventricular útil, asso-
intervenção deve ser imediata. Isso porque o tempo de ação e de ciada à ausência de respiração. Como podemos observar diferentes
resposta exerce influência direta na recuperação do paciente. autores se comunicam com a mesma definição para PCR, utilizam
O procedimento vai na contramão da premissa básica da enfer- palavras diferentes com mesmos significados. De acordo com Silva
magem, que preza sempre a prevenção primária. No atendimento (2004) arada cardiorrespiratória (PCR) é a cessação súbita e inespe-
ao estado de choque, entretanto, o profissional é impelido a agir rada das funções cardíaca e respiratória. Também pode ser descrita
rapidamente, a fim de evitar danos estruturais ao enfermo. como a inadequação do débito cardíaco que resulta em um volume
Caracterizado por uma síndrome que ocasiona a redução da sistólico insuficiente para a perfusão tecidual decorrente da inter-
perfusão tecidual sistêmica, o choque leva o corpo a uma disfunção rupção súbita da atividade mecânica ventricular .
orgânica. Os órgãos deixam de receber suporte, podendo entrar em Para Guimarães (2005) a RCP é o conjunto de procedimentos
falência. destinados a manter a circulação de sangue oxigenado ao cérebro
Nesse cenário, a atuação da enfermagem tem papel funda- e a outros órgãos vitais, permitindo a manutenção transitória das
mental, sendo importante desde a assistência emergencial até a funções sistêmicas até que o retorno da circulação espontânea pos-
execução do plano de cuidados. sibilite o restabelecimento da homeostase. A PCR ocorre com maior
frequência em UTI, uma vez que essas unidades assistem pacien-
A abordagem do enfermeiro inclui, pelo menos, sete procedi- tes gravemente enfermos. Os profissionais de Enfermagem devem
mentos: estar aptos para reconhecer quando um paciente está em PCR ou
- Controlar a glicemia capilar prestes a desenvolver uma.
- Verificar o monitor multiparamêtrico
A avaliação do paciente não deve levar mais de 10 segundos
- Coletar exames laboratoriais
(ZANINI; NASCIMENTO E BARRA, 2006). Vários estudos têm de-
- Realizar oxigenoterapia
monstrado que quanto menor o tempo entre a parada cardiorres-
- Verificar a dor e realizar o controle
piratória e o atendimento, maior a chance de sobrevida da vítima
- Determinar o decúbito, sempre de acordo com o tipo de cho-
que (hipovolêmico, cardiogênico e circulatório) (GOMES et al., 2005 apud MADEIRA E GUEDES, 2010).
- Realizar acesso venoso calibroso
Para que o Suporte Básico de Vida (SBV) seja concretizado com
No choque hipovolêmico, que é o tipo mais frequente, há uma eficiência é necessário o reconhecimento rápido e a realização das
diminuição no volume intravascular. O problema pode ser ocasio- manobras de Ressuscitação Cardiopulmonar (RCP), utilizando de
nado pela perda de líquido externa ou, ainda, por deslocamento de compressões torácicas de boa qualidade (SILVA; ARAÚJO E ALMEI-
líquidos internos. Aqui, os objetivos da enfermagem no tratamento DA, 2017).
concentram-se em três etapas: Com o objetivo de reverter este colapso foi desenvolvido o mé-
- Restaurar o volume intravascular todo de Ressuscitação Cardiopulmonar (RCP) que refere-se à ten-
- Redistribuir o volume de líquidos corporais tativas de recuperar a circulação espontânea, sendo sua aplicação
- Reparar a causa originária da perda de líquido ao lado da equi- universal (o que independe da causa base da PCR), com atualiza-
pe médica tão logo for possível. ções protocolares sistemáticas (SILVA; ARAÚJO E ALMEIDA, 2017).
A reanimação cardiopulmonar (RCP) é definida como o conjun-
Para restaurar a saúde do paciente, a atuação da enfermagem to de manobras realizadas após uma PCR com o objetivo de manter
consiste em avaliação sistemática do paciente, seja monitorando os artificialmente o fluxo arterial ao cérebro e a outros órgãos vitais,
índices glicêmicos ou realizando exames periodicamente. O enfer- até que ocorra o retorno da circulação espontânea (RCE) (NASSER
meiro é, ainda, o profissional que executa o tratamento prescrito, E BARBIERI, 2015). Para Madeira e Guedes (2010), a reanimação
monitora o paciente e o protege de eventuais complicações. cardiorrespiratória cerebral é definida pelo conjunto de medidas
Ao longo da rotina, o profissional deve conservar a atuação diagnósticas e terapêuticas que tem o objetivo de reverter a parada
humanizada, que considera a questão emocional como parte inte- cardiorrespiratória. A RCP tem por finalidade fazer com que o cora-
grante do processo de cuidar. Vale ressaltar que a assistência da ção e o pulmão voltem a funcionar de acordo com seu padrão de
enfermagem não se resume à saúde física. normalidade, e por ser entendida como um conjunto de manobras
A atuação do enfermeiro no estado de choque deve ser capaz destinadas a garantir a oxigenação para todos os órgãos e tecidos,
de promover o bem-estar integral do paciente. Além disso, a apro- principalmente ao coração e cérebro.
ximação com o enfermo potencializa o próprio tratamento, propi-
O enfermeiro é vital nos esforços para reanimar um paciente,
ciando controle e monitorização constantes.
sendo ele, frequentemente, quem avalia primeiro o paciente e ini-
cia as manobras de RCP e aciona a equipe (ARAÚJO et al., 2012).
9) suporte de vida em situações de parada cardiorrespiratória;
Cabe ao enfermeiro e sua equipe assistir esses pacientes, oferecen-
Parada cardiorrespiratória (PCR) consiste na cessação de ativi-
dades do coração, da circulação e da respiração, reconhecida pela do circulação e ventilação até a chegada da assistência médica, para
ausência de pulso ou sinais de circulação, estando o paciente in- tanto esses profissionais devem adquirir habilidades para prestar
consciente (SILVA; ARAÚJO E ALMEIDA, 2017). Para Nasser e Barbie- adequadamente a assistência necessária.
ri (2015), a parada cardiopulmonar ou parada cardiorrespiratória
(PCR) é definida como a ausência de atividade mecânica cardíaca,
que é confirmada por ausência de pulso detectável, ausência de
responsividade e apneia ou respiração agônica, ofegante.

161
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

A enfermagem tem papel extremamente importante no atendimento à PCR, evento em que são imprescindíveis a organização, o
equilíbrio emocional, o conhecimento teóricoprático da equipe, bem como a correta distribuição das funções por parte destes profissio-
nais, que representam, muitas vezes, a maior parte da equipe nos atendimentos de RCP (SILVA, 2006). Silva (2006) relata que na maioria
das vezes, o enfermeiro é o membro da equipe de saúde que primeiro se depara com o paciente/cliente em situação de PCR, devendo,
portanto estar preparado para concentrar esforços e atuar nos acontecimentos que precedem o evento da PCR, e consequentemente, na
sua identificação precoce, no seu atendimento e nos cuidados pós-reanimação.
Para Silva (2017), se a manobra não for realizada corretamente, poderá haver uma necrose nos tecidos musculares do coração, a dimi-
nuição ou ausência de oxigenação no cérebro, levando assim o paciente a óbito ou até lesões irreversíveis cerebrais.

Segundo a American Heart Association 2015, o atendimento à PCR em Suporte Básico de Vida (SBV), compreende:
Um conjunto de técnicas sequenciais caracterizadas por compressões torácicas, abertura das vias aéreas, respiração artificial e des-
fibrilação ao considerar a PCR como uma emergência clínica, na qual o objetivo do tratamento consiste em preservar a vida, restabelecer
a saúde, aliviar o sofrimento e diminuir incapacidades, o atendimento deve ser realizado por equipe competente, qualificada e apta para
realizar tal tarefa. Neste contexto destaca-se a figura do enfermeiro, profissional muitas vezes responsável por reconhecer a PCR, iniciar
o SBV.
De acordo com as novas recomendações da American Heart Association o correto é que os socorristas aplique uma frequência mínima
de 100 a 120 compressões torácicas por minutos (AHA, 2015). Sendo este um fator determinante do retorno da circulação espontânea.
Desta forma, a pesquisa tem o intuito de identificar a frequência com que os profissionais se atualizam quanto as novas recomendações
da AHA em relação a PCR e aos métodos de RCP, contribuindo para a formulação de estratégias eficazes de incentivos a capacitação em
saúde aos profissionais enfermeiros.

162
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

10) suporte de vida em situações de intoxicações exógenas;


Intoxicação é o prejuízo causado em sistemas orgânicos (nervoso, respiratório, cardiovascular, etc.) devido à absorção de alguma
substância nociva. “Todas as coisas são venenosas, é a dose que transforma algo em veneno”. (Paracelso, século XVI)
• A maior parte das intoxicações ocorre na faixa-etária de 1 – 4 anos.
• Adultos – medicamentos e drogas lícitas/ilícitas.

Conduta:

163
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

164
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

• Estado geral
• ABCDE
• Sinais Vitais
• Anamnese – 5 Ws (Quem, o que, onde, quando, por que?)
• Antídoto
• Diluição?
• Êmese
• Lavagem Gástrica

Diluição:

Imediatamente
- Álcalis
- Ácidos fracos
- Hidrocarbonetos

Nunca
- Ácidos concentrados
- Substâncias cáusticas
- Inconsciência
- Reflexo da deglutição diminuído

165
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

- Depressão respiratória
- Dor abdominal

Lavagem Gástrica:
• Recém-Nascido: 500 ml
• Lactentes: 2 a 3 litros
• Pré-Escolares: 4 a 5 litros
• Escolares: 5 a 6 litros
• Adultos: 6 a 10 litros.

Solução utilizada: Soro Fisiológico a 0,9%.


• Volume por Vez
Crianças: 5ml/Kg •Adultos: 250ml.

Carvão ativado
• Crianças < 12 anos = 1g/kg
• Adultos até 1g/kg
• Dose de ataque = 50 a 60g em 250ml SF
• Manutenção = 0,5g/kg – 4 a 6h

Monóxido de Carbono
• Gás inodoro
• Incolor.
• Tem de 200 a 300 vezes mais afinidade pela hemoglobina que o oxigênio.
• Satura a hemoglobina, impede a chegada de oxigênio em nível celular.

166
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Conduta: neutralizar a ação dos venenos dos animais peçonhentos, o soro


• Retirar do ambiente nocivo contém anticorpos específicos para cada tipo de acidente. Quando
• O2 em alta concentração aplicados corretamente e em tempo hábil pode evitar e até reverter
- O2 a 100% diminui a meia vida da COHb em cerca de 4 vezes a maioria dos efeitos dos envenenamentos por esses animais. No
em pressão atmosférica normal - Câmara hiperbárica a 3 atm dimi- atendimento dessa urgência clínica tem que ser realizada a manu-
nui a meia vida da COHb em cerca de 13 vezes. tenção dos dados vitais e manobras de suporte básico. Os cuidados
gerais do local da ferida são recomendados. Sendo a reposição hi-
Meia vida da COHb = 5 horas droeletrolítica, monitorização e observação da função neurológica
imprescindível em casos graves. A antibioticoterapia não é usual,
11) suporte de vida em situações de acidente ofídico. mas pode ser utilizada em acidentes botrópico ou laquético com
Acidente por animais por animais peçonhentos é considerado presença de necrose extensa, podendo por optar por penicilina G
um problema de saúde pública em países tropicais. O aumento do ou Oxacilina. O atendimento deve incluir a avaliação cardiorrespi-
número de notificações tem sido registrado pelo Sistema de Infor- ratória e identificação de fatores de risco, reconhecendo precoce-
mação de Agravos de Notificação (SINAN). Animais peçonhentos mente a gravidade e agir de forma rápida para garantir a sobrevida.
são descritos pelo Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farma- Concluímos que o intervalo de tempo entre o acidente por ani-
cológicos (SINTOX) como o segundo maior agente de intoxicação mal peçonhento e o atendimento de um acidente é um fator re-
humana no Brasil, suplantado apenas por medicamentos1 . Animais lacionado a gravidade e prognóstico. Dessa forma, medidas como
peçonhentos são caracterizados como aqueles que possuem glân- a soroterapia devem ser instituídas o mais precoce possível. No
dulas produtoras de veneno ou substância tóxica e um aparelho atendimento pré-hospitalar pode ser realizado a monitorização dos
especializado utilizado na inoculação do veneno. Dessa forma, no dados vitais, classificação da gravidade, medidas gerais da ferida,
mundo existem cerca de 100.000 espécies peçonhentas. Sendo que identificação do tipo de acidente e principalmente a administração
no Brasil os animais peçonhentos mais comuns são escorpiões, ara-
precoce da soroterapia para uma melhor sobrevida. Os acidentes
nhas, abelhas, arraias, serpentes e vespas. O atendimento médico
por animais ofídicos apresentam maiores taxas de casos com o in-
pré-hospitalar foi criado devido ao aumento exacerbado de enfer-
tervalo mais longo entre o acidente e o atendimento, esse tipo de
midades relacionados a situações de urgência e emergência, com o
acidente também foi o que mais apresentou classificação de gravi-
objetivo de uma intervenção precoce
A atenção primária às urgências e emergências era considera- dade com taxa moderada e grave. Dessa forma, com o tratamento
da um problema para o SUS, devido a isso, em 2000 foi instituída a instituído no atendimento préhospitalar móvel pode proporcionar
Política Nacional de Atendimento às Urgências (PNAU), tendo como menor taxa do intervalo entre o acidente e o atendimento e, con-
componente o Serviço Móvel de Urgência (SAMU) que foi instituído sequentemente, menores índice de notificações de classificação de
pela portaria n. 1.863/03 sendo posteriormente fonte da portaria gravidade moderada e grave. Maiores estudos são necessários para
1.864/0. Os pilares da PNAU foram fundamentados na promoção da avaliar a significância dessa relação e se zonas rurais e urbanas in-
qualidade de vida, operação de centrais de regulação, capacitação fluenciam no tempo entre o acidente e o atendimento.
e educação continuada, humanização da atenção e organização em Atuação do Enfermeiro no atendimento pré-hospitalar.
rede. As intoxicações representam grande volume dos atendimen- O atendimento pré-hospitalar (APH) é destinado às vítimas de
tos da emergência tanto de adultos quanto pediátricos. trauma, violência urbana, mal súbito e distúrbios psiquiátricos. Visa
Os acidentes por animais peçonhentos também são descritos estabilizar o paciente de forma eficaz, rápida e com equipe prepa-
como acidentes domésticos em que crianças constituem a parce- rada para atuar em qualquer ambiente e remover o paciente para
la da população mais acometida de acordo com Mota e Andrade uma unidade hospitalar.
(2014). Pacientes que sofreram acidentes por animais peçonhentos Em 2002, tendo em vista o crescimento da demanda por ser-
devem ser atendidos por unidade especializada em urgência clínica viços de urgência e emergência e ao real aumento do número de
devido à necessidade de rapidez para neutralização das toxinas ino- acidentes e da violência urbana, o Ministério da Saúde aprovou
culadas durante o acidente e introdução de medidas de sustentação a regulamentação técnica dos sistemas estaduais de Urgência e
das condições. O tempo decorrido entre o acidente e o atendimen- Emergência, por meio da Portaria 2048, ratificando que esta área
to médico é condicionante para a recuperação das vítimas e deter- constitui-se em um importante componente da assistência à saúde.
mina a evolução para um quadro mais leve ou mais grave.. Ainda No ano seguinte, a Portaria1864/GM deu início à implantação do
há um déficit em relação à presença de um perfil nacional confiável Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU-192) nas mo-
devido ao grande número de subnotificações. Dessa forma, a admi- dalidades suporte básico e avançado de vida, atuação desenvolvi-
nistração da soroterapia é necessária ser realizada o mais precoce da em todo o território brasileiro pelos Estados em parceria com o
possível. Para que isso ocorra é imprescindível o conhecimento da Ministério da Saúde e as Secretarias Municipais de Saúde. A Enfer-
forma de identificação do animal peçonhento principalmente pelos
magem ainda conta com a Resolução Cofen 375/2011, que dispõe
profissionais de atendimento préhospitalar móvel, que tem o con-
sobre a presença do enfermeiro no Atendimento Pré-Hospitalar e
tato mais precoce com esse paciente.
Inter-Hospitalar, em situações de risco conhecido ou desconhecido.
No Brasil, o APH envolve o Corpo de Bombeiros, o SAMU (Ser-
Atendimento Pré Hospitalar
O intervalo de tempo entre o acidente e o atendimento é viço de Atendimento Móvel de Urgência) e também as empresas
descrito como estar relacionado diretamente com a gravidade e particulares. A enfermagem participa em todas essas vertentes e
prognóstico do acidente . O acidente ofídico apresenta maior pre- como em qualquer outra área do cuidar, deve estar alicerçada em
valência de complicações entre os tipos de acidentes peçonhentos, conhecimento, capacitação técnica e humanização.
dependendo do quadro do paciente, pode evoluir com complica- A enfermeira Adriana Mandelli Garcia tem em seu currículo a
ções como, necrose tecidual, síndrome compartimental, insuficiên- experiência em atendimento a vítimas de urgências clínicas e trau-
cia renal aguda, choque. Estudo realizado por Ribeiro et al. (1998). máticas. Em mais de uma década de atuação no APH, é ela quem
Ao analisar os óbitos evidenciou que foram pacientes atendidos nos relata nessa entrevista a atividade prestada pela enfermagem,
mais tardiamente. A soroterapia é o único tratamento indicado para a importância da equipe nas ruas e os avanços neste serviço. Hoje,

167
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Adriana Mandelli é enfermeira do Corpo de Bombeiros do Estado “A primeira equipe a chegar ao local posiciona a central sobre a
de São Paulo e também é gerente de Enfermagem da BEM Emer- atual realidade e as necessidades para o bom andamento”
gências Médicas, estando diariamente no serviço público e privado
do APH. Como é dividido o atendimento?
Básico e avançado. O atendimento básico envolve as mano-
No que consiste o serviço de atendimento pré-hospitalar bras/técnicas iniciais de atendimento necessárias e fundamentais
(APH)? até que se determine a necessidade ou não de acessar o paciente
O nome pré-hospitalar caracteriza-se pelo atendimento à víti- com maior “invasão”, seja ela intubação, acesso venoso, adminis-
ma antes da mesma chegar ao hospital, podendo ser em locais ha- tração de drogas e outras que se fazem necessárias para um bom
bitados normalmente (ruas, residências, comércios etc.), locais de prognóstico. Todos os estados brasileiros deveriam proporcionar à
difícil acesso como buracos, galerias fluviais, escombros e outros, população as duas opções, porém a realidade atual não é esta. Qual
além do atendimento aquático; logicamente, para isso, a equipe serviço será enviado ao local de atendimento é determinado no
requer treinamento. Nestes locais iniciamos a prestação do serviço momento da triagem, diante da gravidade da situação e o número
de saúde básico ou avançado. Após estabilização, a vítima é encami- de vítimas envolvidas. Assim, feita a triagem, determina-se o me-
nhada para o hospital por meio do melhor recurso disponível, entre lhor recurso a ser enviado, se o básico ou o avançado.
eles ambulância, helicóptero ou lancha.
Existe um protocolo nacional de atendimento?
Quais as principais atribuições do enfermeiro que atua nesta O Brasil segue é o modelo americano, criado em 1990 por re-
área? presentantes da American Heart Association (AHA), da European
A atribuição do enfermeiro dependerá da unidade em que ele Resuscitation Council (ERC), da Heart and Stroke Foundation of Ca-
estiver atuando, porém, para que os internautas do Portal tenham nada (HSFC) e da Australian Resuscitation Council (ARC). Ele nasceu
uma ideia do que o enfermeiro desenvolve na área de APH, apre-
da necessidade de se criar nomenclatura na ressuscitação e pela
sento algumas atribuições da minha vivência.
falta de padronização de linguagem nos relatórios relativos à pa-
- Supervisionar e avaliar as ações de enfermagem da equipe no
rada cardíaca em adultos em ambiente extra-hospitalar. Em 1992,
atendimento Pré-Hospitalar Móvel;
durante a conferência internacional “Resuscitation 92”, Brighton, na
- Prestar cuidados de enfermagem de qualquer complexidade
técnica a pacientes com ou sem risco de vida, que exijam conhe- Inglaterra, propôs-se uma cooperação internacional contínua por
cimentos científicos adequados e capacidade de tomar decisões meio de um comitê de ligação permanente, multidisciplinar, para
imediatas; diretrizes na área. Assim, ficou determinado que o “LS” life support
- Ministrar treinamento e/ou participar dos programas de trei- seria a maneira de disseminar e padronizar os atendimentos no
namento e aprimoramento de pessoal de saúde em urgências e APH. Nos dias atuais são esses protocolos que vigoram pelas Amé-
emergências; ricas e Europa, claro que cada local com suas peculiaridades. No
- Fazer controle de qualidade do serviço nos aspectos direcio- Brasil, em 1976, o médico Ari Timerman despertou interesse sobre
nados a pessoas e equipamentos inerentes à profissão, estabele- ressuscitação e teve acesso aos protocolos da AHA. Logo depois,
cendo e controlando indicadores. John Cook Lane trouxe ao Brasil os primeiros cursos de ressuscita-
Dentro da área de APH, quais os segmentos possíveis de atu- ção e publicou os primeiros livros na língua portuguesa. Em segui-
ação do profissional de enfermagem? da, os cursos começaram a ser ministrados no Brasil em parceria
O mercado de trabalho está cada vez mais diversificado e ele com o Hospital Albert Einstein. Os protocolos estão disponíveis para
pode atuar em transporte aéreo, terrestre - que são os mais co- acesso no site da AHA - www.heart.org .
muns - além de estádio esportivo, shopping center, academia, re-
sort, parque de diversões, grupo de turismo de aventura com raf- Como é realizado o registro de Enfermagem dos atendimen-
ting, arvorismo, escaladas, além de comunidades desenvolvendo tos prestados?
o treinamento da pessoa leiga que gostaria de ser treinada para Ao final do atendimento o registro deve ser feito por todos os
iniciar o atendimento de uma vítima, até mesmo em companhias profissionais envolvidos no caso. Durante a entrega do paciente,
aéreas para desenvolvimento da equipes de voo. Ressalto ainda a orienta-se colher assinatura do profissional que dará continuidade
importância da presença do APH em eventos futebolísticos. A Lei ao atendimento à vítima. Este prontuário deve ser preenchido em
10671/03, conhecida como Estatuto do Torcedor, determina a pre- duas vias, no mínimo, permitindo que uma fique para a instituição
sença de dois enfermeiros e um médico presentes no local de jogo de APH e a segunda via siga para o destino do paciente.
a cada dez mil torcedores. Com relação aos pertences do paciente, vale acrescentar que
documentos, dinheiro, joias etc. deverão ser relacionados e trans-
Como acontece o chamado do APH?
feridos a um familiar ou à enfermagem que irá receber o paciente.
O fluxo basicamente parte do solicitante, que liga para uma
No momento do socorro o enfermeiro é o responsável em cuidar
central (192 ou 193) contando o motivo e descrevendo a localização
dos pertences do paciente e esse “rol de valores” deve ser feito por
do atendimento a ser prestado. No momento do contato com a cen-
duas pessoas, o profissional da enfermagem e uma testemunha.
tral segue-se um questionário de perguntas necessárias para enviar
o recurso mais indicado. Simultaneamente, um médico poderá ini-
ciar uma conversar com o solicitante, em paralelo ao serviço indica- Como deve ser composta uma unidade de APH?
do estar a caminho do atendimento. A primeira equipe a chegar ao O mínimo que a unidade deve ter é o que está previsto na
local posiciona a central sobre a atual realidade e as necessidades Portaria 2048/2002 do Ministério da Saúde, e serve para todas as
para o bom andamento (seja para a suspensão de luz no local, por modalidades, o que difere é a tipo de ambulância que determina o
exemplo, ou uma solicitação de policiamento ou mesmo de trânsi- que a mesma deve conter, sendo Ambulância de Transporte (Tipo
to). A partir daí, inicia-se o atendimento da vítima determinando à A), Ambulância de Suporte Básico (Tipo B), Ambulância de Resgate
central qual o recurso necessário, se hospital primário ou terciário, (Tipo C), Ambulância de Suporte Avançado (Tipo D), Aeronave de
de acordo com a condição e necessidade da mesma. Transporte Médico (Tipo E), Embarcação de Transporte (Tipo F).

168
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Porém, existem peculiaridades tanto no perfil de pacientes que O que de novidade e inovação está surgindo direcionado ao
atendemos como em inovações da indústria farmacológica, de ma- atendimento de emergência?
teriais em saúde e tecnologias que facilitam as técnicas aplicadas As máscaras laríngeas são dispositivos que agregam no aten-
e garantem maior segurança para ambos os lados, agregando na dimento, o DEA (desfibrilador externo automático) está cada vez
eficácia e no sucesso do atendimento. mais sedimentado no mercado, e as drogas, como a vasopressina,
que têm um efeito espetacular na parada cardiorrespiratória, além
Como você iniciou a sua atividade profissional e por que par- de materiais hemostáticos e dispositivos tecnológicos que facilitam
tiu para esta especialização? a comunicação.
A formação de enfermeira foi praticamente uma escolha dos
meus pais. Realizei teste de aptidão e também segui a opinião de- Como é a relação e a atuação da equipe de atendimento pré-
les. Finalizei a graduação ainda muito nova e iniciei na área hospi- -hospitalar e intra-hospitalar?
talar. Certa vez, fui com minha mãe em uma consulta médica e no Infelizmente, não é muito boa. Os motivos são diversos, e de
meio da consulta, o médico deixou de nos atender e iniciou o so- ambos os lados. Creio que o maior ‘tendão de Aquiles’ seja a lota-
corro a uma paciente de parada cardiorrespiratória. Como a equipe
ção dos hospitais públicos e falta de mão-de-obra para atender toda
estava um tanto atrapalhada, eu me ofereci para ajudar. Coinciden-
a demanda. Acredito que melhor remuneração, redução da jornada
temente, a paciente voltou a viver. Eu me senti extremamente satis-
e melhores condições de trabalho no serviço público são fatores
feita e surpresa, pois eu ainda não havia passado por esta situação.
que podem, e muito, contribuir para um atendimento público de
Decidi, aí, que queria atuar em pronto-socorro. Fui em busca do
meu desejo. Após alguns anos nesta atividade, percebi que eu que- maior qualidade e melhor entrosamento entre os serviços.
ria mais do que esperar, eu queria chegar na pior situação em que
um indivíduo possa estar. Conclui mestrado na USP voltado para Os riscos ocupacionais estão muito presentes no cotidiano in-
parada cardiorrespiratória e busquei, incansavelmente, o concurso tra e extra-hospitalar. Como evitar possíveis riscos no APH?
do GRAU (vinculado ao Corpo de Bombeiros), cujo trabalho faço Quanto aos riscos, realmente são muitos. As instituições de-
há oito anos. Além disso, também atuo junto à BEM Emergências senvolvem treinamentos relacionados e orientações formais, além,
Médicas há 13 anos. é claro, da entrega do equipamento quando o mesmo é individual.
“percebi que eu queria mais do que esperar, eu queria chegar As medidas de segurança na saúde estão contempladas na NR-32,
na pior situação em que um indivíduo possa estar” e em situações específicas, como salvamento na água, devemos
contar com equipamentos próprios de segurança, como apito, boia,
Como está a especialização em Emergência atualmente no corda etc. Outro exemplo, para salvamento em altura, é necessário
Brasil? Você considera esta uma área promissora? contar com mosquetões, cordas, fita, baudrier(cadeirinha), descen-
As universidades estão evoluindo e este tema atualmente é de- sor etc.
senvolvido em sua maioria. Existem já muitos cursos lato sensu de
especialização na área. Inclusive os enfermeiros já se mobilizaram e Após um resgate, é necessário reposição do material, limpeza
criaram uma associação específica que se chama COBEEM – Colégio e higienização do veículo. Como se dá este processo?
Brasileiro de Enfermagem em Emergência, da qual fui presidente. Esse processo geralmente tem início no hospital de destino
Noto que aumentou a procura pelo campo de estágio nesta área e do paciente. Ele é executado pela equipe da ambulância. A repo-
há muitos profissionais que se identificam com a atuação no APH. O sição é necessária e fundamental para que o veículo esteja no QRV
Brasil tem se adaptado rotineiramente aos protocolos americanos, (linguagem de rádio que caracteriza que a equipe está pronta para
temos legislação aplicável, relativamente atualizada, e órgãos de próximo atendimento). A limpeza geralmente é realizada pela en-
fiscalizações atuantes neste mercado. fermagem, porém o motorista e o médico muitas vezes colaboram.
A técnica utilizada é a mesma praticada em hospitais e os produtos
Quais são os principais cursos que enfermeiros e técnicos em também são os mesmos. Nós seguimos o procedimento conforme
Enfermagem devem ter em seus currículos?
Portaria 2048 do Ministério da Saúde, que diz:
Os cursos para enfermeiros mais recomendados para APH e co-
nhecidos pela sua qualidade são os LS (life support): BLS (basic life
Limpeza e desinfecção da Ambulância
support), ACLS (Advanced life support), PHTLS (pré-hospital life su-
pport) e PALS (pediatric advanced life support). Eles são desenvol-
vidos em vários sítios de treinamento e na sua maioria em grandes Limpeza
hospitais como o Albert Einstein, Sírio Libanês, HCor, em São Paulo, a) Remover todos os materiais utilizados no atendimento ao
por exemplo, e em universidades como Anhembi Morumbi e outras paciente;
instituições que se vincularam a AHA, pois é ela quem controla a b) Desprezar gazes, ataduras úmidas e contaminadas com san-
qualidade dos cursos. O Funcor, por exemplo, que é credenciado na gue e/ou outros fluídos corporais em sacos plásticos branco, des-
AHA, oferece esses cursos. cartando o mesmo no lixo hospitalar;
c) Materiais perfurocortante eventualmente utilizados devem
Quais são as dificuldades vivenciadas pelo serviço? ser desprezados em recipiente adequado;
Elas se iniciam, em algumas vezes, no próprio endereço da ví- d) Sangue e demais fluídos devem ser cobertos com uma ca-
tima, devido ao crescimento descontrolado, prejudicando o plane- mada de organoclorado em pó, removendo-se, após 10 minutos de
jamento viário e, consequentemente, retardando a chegada do so- contato, com papel toalha;
corro no endereço. Outra dificuldade é o acesso à vítima em locais e) Lavar as superfícies internas com água e sabão neutro ini-
inóspitos, onde lançamos mão de equipamentos para salvamento ciando sempre pelo teto, indo para as paredes, mobílias e piso, da
em altura ou água, ou mesmo necessitamos ter um condicionamen- frente do compartimento de transporte de pacientes em direção à
to físico para transpor as barreiras encontradas. No destino final do porta traseira.
paciente, encontramos dificuldades no treinamento das equipes,
disponibilidades de leitos e recebimento adequado do paciente.

169
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Desinfecção SEÇÃO III


a) Friccionar, por três vezes, álcool etílico 70% nas superfícies DEFINIÇÕES
não sujeitas à corrosão, exceto superfícies acrílicas ou envernizadas,
ou utilizar outro produto disponível para a completa desinfecção; Art. 4º Para efeito desta Resolução, são adotadas as seguintes
b) Periodicamente a cada sete dias realizar uma limpeza e des- definições:
contaminação mais ampla; I – Alvará de Licenciamento Sanitário: documento expedido
c) Quando efetuar o transporte de pacientes com doenças in- pelo órgão sanitário competente Estadual, do Distrito Federal ou
fectocontagiosas (Aids, hepatite, Tuberculose, Meningites etc) re- Municipal, que libera o funcionamento dos estabelecimentos que
alizar, obrigatoriamente, a completa desinfecção da ambulância, exerçam atividades sob regime de Vigilância Sanitária.
materiais e equipamentos utilizados. II – Área crítica: área na qual existe risco aumentado para de-
senvolvimento de infecções relacionadas à assistência à saúde, seja
Quais competências devem ter os profissionais que estão co- pela execução de processos envolvendo artigos críticos ou material
meçando a atuar em APH? biológico, pela realização de procedimentos invasivos ou pela pre-
Eles devem ter competências de aspecto cognitivo, técnico, so- sença de pacientes com susceptibilidade aumentada aos agentes
cial e afetivo necessários para a execução desta atividade, além de infecciosos ou portadores de microrganismos de importância epi-
equilíbrio emocional e autocontrole para atuar frente aos desafios. demiológica.
O enfermeiro, principalmente, para liderar uma equipe em APH, III – Centro de Terapia Intensiva (CTI): o agrupamento, numa
em minha opinião, deve ser participativo, presente e flexível, mas mesma área física, de mais de uma Unidade de Terapia Intensiva.
não perder o foco dos resultados qualitativos e quantitativos, bem IV – Comissão de Controle de Infecção Hospitalar – CCIH: de
como utilizar criatividade para inovar e se atualizar. acordo com o definido pela Portaria GM/MS nº 2616, de 12 de maio
de 1998.
c. Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Inten- V – Educação continuada em estabelecimento de saúde: pro-
siva. cesso de permanente aquisição de informações pelo trabalhador,
de todo e qualquer conhecimento obtido formalmente, no âmbito
RESOLUÇÃO ANVISA Nº 7, DE 24 DE FEVEREIRO DE 2010 institucional ou fora dele.
DOU 25.02.2010 VI – Evento adverso: qualquer ocorrência inesperada e indese-
jável, associado ao uso de produtos submetidos ao controle e fisca-
Dispõe sobre os requisitos mínimos para funcionamento de lização sanitária, sem necessariamente possuir uma relação causal
Unidades de Terapia Intensiva e dá outras providências.
com a intervenção.
A Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitá-
VII – Gerenciamento de risco: é a tomada de decisões relativas
ria, no uso da atribuição que lhe confere o inciso IV do Art.11 do Re-
aos riscos ou a ação para a redução das conseqüências ou probabi-
gulamento aprovado pelo Decreto nº 3.029, de 16 de abril de 1999,
lidade de ocorrência.
e tendo em vista o disposto no inciso II e nos §§ 1º e 3º do Art. 54
VIII – Hospital: estabelecimento de saúde dotado de interna-
do Regimento Interno aprovado nos termos do Anexo I da Portaria
ção, meios diagnósticos e terapêuticos, com o objetivo de prestar
nº 354 da ANVISA, de 11 de agosto de 2006, republicada no D.O.U.,
assistência médica curativa e de reabilitação, podendo dispor de
de 21 de agosto de 2006, em reunião realizada em 22 de fevereiro
atividades de prevenção, assistência ambulatorial, atendimento de
de 2010; adota a seguinte Resolução da Diretoria Colegiada e eu,
Diretor-Presidente, determino sua publicação: urgência/emergência e de ensino/pesquisa.
Art. 1º Ficam aprovados os requisitos mínimos para funciona- IX – Humanização da atenção à saúde: valorização da dimen-
mento de Unidades de Terapia Intensiva, nos termos desta Resolu- são subjetiva e social, em todas as práticas de atenção e de gestão
ção. da saúde, fortalecendo o compromisso com os direitos do cidadão,
destacando-se o respeito às questões de gênero, etnia, raça, reli-
CAPÍTULO I gião, cultura, orientação sexual e às populações específicas.
DAS DISPOSIÇÕES INICIAIS X – Índice de gravidade ou Índice prognóstico: valor que reflete
o grau de disfunção orgânica de um paciente.
SEÇÃO I XI – Médico diarista/rotineiro: profissional médico, legalmente
OBJETIVO habilitado, responsável pela garantia da continuidade do plano as-
sistencial e pelo acompanhamento diário de cada paciente.
Art. 2º Esta Resolução possui o objetivo de estabelecer padrões XII – Médico plantonista: profissional médico, legalmente habi-
mínimos para o funcionamento das Unidades de Terapia Intensiva, litado, com atuação em regime de plantões.
visando à redução de riscos aos pacientes, visitantes, profissionais XIII – Microrganismos multirresistentes: microrganismos, pre-
e meio ambiente. dominantemente bactérias, que são resistentes a uma ou mais
classes de agentes amtimicrobianos. Apesar das denominações de
SEÇÃO II alguns microrganismos descreverem resistência a apenas algum
ABRANGÊNCIA agente (exemplo MRSA – Staphylococcus aureus resistente à Oxaci-
lina; VRE – Enterococo Resistente à Vancomicina), esses patógenos
Art. 3º Esta Resolução se aplica a todas as Unidades de Terapia frequentemente são resistentes à maioria dos agentes antimicro-
Intensiva gerais do país, sejam públicas, privadas ou filantrópicas; bianos disponíveis.
civis ou militares. XIV – Microrganismos de importância clínico-epidemiológica:
Parágrafo único. Na ausência de Resolução específica, as UTI outros microrganismos definidos pelas CCIH como prioritários para
especializadas devem atender os requisitos mínimos dispostos nes- monitoramento, prevenção e controle, com base no perfil da mi-
te Regulamento, acrescentando recursos humanos e materiais que crobiota nosocomial e na morbi-mortalidade associada a tais mi-
se fizerem necessários para atender, com segurança, os pacientes crorganismos. Esta definição independe do seu perfil de resistência
que necessitam de cuidados especializados. aos antimicrobianos.

170
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

XV – Norma: preceito, regra; aquilo que se estabelece como XXXI – Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica Mista (UTIPm):
base a ser seguida. UTI destinada à assistência a pacientes recém-nascidos e pediátri-
XVI – Paciente grave: paciente com comprometimento de um cos numa mesma sala, porém havendo separação física entre os
ou mais dos principais sistemas fisiológicos, com perda de sua auto- ambientes de UTI Pediátrica e UTI Neonatal.
regulação, necessitando de assistência contínua.
XVII – Produtos e estabelecimentos submetidos ao controle e CAPÍTULO II
fiscalização sanitária: bens, produtos e estabelecimentos que envol- DAS DISPOSIÇÕES COMUNS A TODAS AS UNIDADES DE TERA-
vam risco à saúde pública, descritos no Art.8º da Lei nº. 9782, de 26 PIA INTENSIVA
de janeiro de 1999.
XVIII – Produtos para saúde: são aqueles enquadrados como SEÇÃO I
produto médico ou produto para diagnóstico de uso “in vitro”. ORGANIZAÇÃO
XIX – Queixa técnica: qualquer notificação de suspeita de al-
teração ou irregularidade de um produto ou empresa relacionada Art. 5º A Unidade de Terapia Intensiva deve estar localizada em
a aspectos técnicos ou legais, e que poderá ou não causar dano à um hospital regularizado junto ao órgão de vigilância sanitária mu-
saúde individual e coletiva. nicipal ou estadual.
XX – Regularização junto ao órgão sanitário competente: com- Parágrafo único. A regularização perante o órgão de vigilância
provação que determinado produto ou serviço submetido ao con- sanitária local se dá mediante a emissão e renovação de alvará de
trole e fiscalização sanitária obedece à legislação sanitária vigente. licenciamento sanitário, salvo exceções previstas em lei, e é condi-
XXI – Risco: combinação da probabilidade de ocorrência de um cionada ao cumprimento das disposições especificadas nesta Reso-
dano e a gravidade de tal dano. lução e outras normas sanitárias vigentes.
XXII – Rotina: compreende a descrição dos passos dados para Art. 6º O hospital no qual a Unidade de Terapia Intensiva está
a realização de uma atividade ou operação, envolvendo, geralmen- localizada deve estar cadastrado e manter atualizadas as informa-
te, mais de um agente. Favorece o planejamento e racionalização ções referentes a esta Unidade no Cadastro Nacional de Estabeleci-
da atividade, evitam improvisações, na medida em que definem mentos de Saúde (CNES).
com antecedência os agentes que serão envolvidos, propiciando- Art. 7º A direção do hospital onde a UTI está inserida deve ga-
-lhes treinar suas ações, desta forma eliminando ou minimizando rantir:
os erros. Permite a continuidade das ações desenvolvidas, além de I – o provimento dos recursos humanos e materiais necessá-
fornecer subsídios para a avaliação de cada uma em particular. As rios ao funcionamento da unidade e à continuidade da atenção, em
rotinas são peculiares a cada local. conformidade com as disposições desta RDC;
XXIII – Sistema de Classificação de Necessidades de Cuidados
II – a segurança e a proteção de pacientes, profissionais e visi-
de Enfermagem: índice de carga de trabalho que auxilia a avaliação
tantes, inclusive fornecendo equipamentos de proteção individual
quantitativa e qualitativa dos recursos humanos de enfermagem
e coletiva.
necessários para o cuidado.
Art. 8º A unidade deve dispor de registro das normas institucio-
XXIV – Sistema de Classificação de Severidade da Doença: sis-
nais e das rotinas dos procedimentos assistenciais e administrativos
tema que permite auxiliar na identificação de pacientes graves por
realizados na unidade, as quais devem ser:
meio de indicadores e índices de gravidade calculados a partir de
I – elaboradas em conjunto com os setores envolvidos na assis-
dados colhidos dos pacientes.
tência ao paciente grave, no que for pertinente, em especial com a
XXV – Teste Laboratorial Remoto (TRL): Teste realizado por Comissão de Controle de Infecção Hospitalar.
meio de um equipamento laboratorial situado fisicamente fora da II – aprovadas e assinadas pelo Responsável Técnico e pelos co-
área de um laboratório clínico. Também chamado Teste Laboratorial ordenadores de enfermagem e de fisioterapia;
Portátil – TLP, do inglês Point-of-care testing – POCT. São exemplos III – revisadas anualmente ou sempre que houver a incorpora-
de TLR: glicemia capilar, hemogasometria, eletrólitos sanguíneos, ção de novas tecnologias;
marcadores de injúria miocárdia, testes de coagulação automatiza- IV – disponibilizadas para todos os profissionais da unidade.
dos, e outros de natureza similar. Art. 9º A unidade deve dispor de registro das normas institucio-
XXVI – Unidade de Terapia Intensiva (UTI): área crítica destina- nais e das rotinas relacionadas a biossegurança, contemplando, no
da à internação de pacientes graves, que requerem atenção pro- mínimo, os seguintes itens:
fissional especializada de forma contínua, materiais específicos e I – condutas de segurança biológica, química, física, ocupacio-
tecnologias necessárias ao diagnóstico, monitorização e terapia. nal e ambiental;
XXVII – Unidade de Terapia Intensiva – Adulto (UTI-A): UTI des- II – instruções de uso para os equipamentos de proteção indivi-
tinada à assistência de pacientes com idade igual ou superior a 18 dual (EPI) e de proteção coletiva (EPC);
anos, podendo admitir pacientes de 15 a 17 anos, se definido nas III – procedimentos em caso de acidentes;
normas da instituição. IV – manuseio e transporte de material e amostra biológica.
XXVIII – Unidade de Terapia Intensiva Especializada: UTI des-
tinada à assistência a pacientes selecionados por tipo de doença SEÇÃO II
ou intervenção, como cardiopatas, neurológicos, cirúrgicos, entre INFRAESTRUTURA FÍSICA
outras.
XXIX – Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTI-N): UTI des- Art. 10 Devem ser seguidos os requisitos estabelecidos na RDC/
tinada à assistência a pacientes admitidos com idade entre 0 e 28 Anvisa n. 50, de 21 de fevereiro de 2002.
dias. Parágrafo único. A infraestrutura deve contribuir para manu-
XXX – Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTI-P): UTI des- tenção da privacidade do paciente, sem, contudo, interferir na sua
tinada à assistência a pacientes com idade de 29 dias a 14 ou 18 monitorização.
anos, sendo este limite definido de acordo com as rotinas da ins- Art. 11 As Unidades de Terapia Intensiva Adulto, Pediátricas e
tituição. Neonatais devem ocupar salas distintas e exclusivas.

171
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

§ 1º Caso essas unidades sejam contíguas, os ambientes de I – normas e rotinas técnicas desenvolvidas na unidade;
apoio podem ser compartilhados entre si. II – incorporação de novas tecnologias;
§ 2º Nas UTI Pediátricas Mistas deve haver uma separação físi- III – gerenciamento dos riscos inerentes às atividades desenvol-
ca entre os ambientes de UTI Pediátrica e UTI Neonatal. vidas na unidade e segurança de pacientes e profissionais.
IV – prevenção e controle de infecções relacionadas à assistên-
SEÇÃO III cia à saúde.
RECURSOS HUMANOS § 1º As atividades de educação continuada devem estar regis-
tradas, com data, carga horária e lista de participantes.
Art. 12 As atribuições e as responsabilidades de todos os pro- § 2º Ao serem admitidos à UTI, os profissionais devem receber
fissionais que atuam na unidade devem estar formalmente desig- capacitação para atuar na unidade.
nadas, descritas e divulgadas aos profissionais que atuam na UTI.
Art. 13 Deve ser formalmente designado um Responsável Téc- SEÇÃO IV
nico médico, um enfermeiro coordenador da equipe de enferma- ACESSO A RECURSOS ASSISTENCIAIS
gem e um fisioterapeuta coordenador da equipe de fisioterapia,
assim como seus respectivos substitutos. Art. 18 Devem ser garantidos, por meios próprios ou terceiriza-
§ 1º O Responsável Técnico médico, os coordenadores de en- dos, os seguintes serviços à beira do leito:
fermagem e de fisioterapia devem ter título de especialista, con- I – assistência nutricional;
forme estabelecido pelos respectivos conselhos de classe e asso- II – terapia nutricional (enteral e parenteral);
ciações reconhecidas por estes para este fim. (Redação dada pela III – assistência farmacêutica;
Resolução – RDC nº 137, de 8 de fevereiro de 2017) IV – assistência fonoaudiológica;
§ 2º (Revogado pela Resolução – RDC nº 137, de 8 de fevereiro V – assistência psicológica;
de 2017) VI – assistência odontológica;
§ 3º É permitido assumir responsabilidade técnica ou coorde- VII – assistência social;
nação em, no máximo, 02 (duas) UTI. VIII – assistência clínica vascular;
Art. 14 Além do disposto no Artigo 13 desta RDC, deve ser de- IX – assistência de terapia ocupacional para UTI Adulto e Pedi-
signada uma equipe multiprofissional, legalmente habilitada, a qual átrica
deve ser dimensionada, quantitativa e qualitativamente, de acordo X – assistência clínica cardiovascular, com especialidade pediá-
com o perfil assistencial, a demanda da unidade e legislação vigen- trica nas UTI Pediátricas e Neonatais;
te, contendo, para atuação exclusiva na unidade, no mínimo, os se- XI – assistência clínica neurológica;
guintes profissionais: XII – assistência clínica ortopédica;
I – Médico diarista/rotineiro: 01 (um) para cada 10 (dez) leitos XIII – assistência clínica urológica;
ou fração, nos turnos matutino e vespertino, com título de especia- XIV – assistência clínica gastroenterológica;
lista em Medicina Intensiva para atuação em UTI Adulto; habilitação XV – assistência clínica nefrológica, incluindo hemodiálise;
em Medicina Intensiva Pediátrica para atuação em UTI Pediátrica; XVI – assistência clínica hematológica;
título de especialista em Pediatria com área de atuação em Neona- XVII – assistência hemoterápica;
tologia para atuação em UTI Neonatal; XVIII – assistência oftalmológica;
XIX – assistência de otorrinolaringológica;
II – Médicos plantonistas: no mínimo 01 (um) para cada 10
XX – assistência clínica de infectologia;
(dez) leitos ou fração, em cada turno.
XXI – assistência clínica ginecológica;
XXII – assistência cirúrgica geral em caso de UTI Adulto e cirur-
III - Enfermeiros assistenciais: no mínimo 01 (um) para cada 10
gia pediátrica, em caso de UTI Neonatal ou UTI Pediátrica;
(dez) leitos ou fração, em cada turno; (Redação dada pela Resolu-
XXIII – serviço de laboratório clínico, incluindo microbiologia e
ção - RDC nº 26, de 11 de maio de 2012)
hemogasometria;
IV – Fisioterapeutas: no mínimo 01 (um) para cada 10 (dez) lei-
XXIV – serviço de radiografia móvel;
tos ou fração, nos turnos matutino, vespertino e noturno, perfazen-
XXV – serviço de ultrassonografia portátil;
do um total de 18 horas diárias de atuação; XXVI – serviço de endoscopia digestiva alta e baixa;
V - Técnicos de enfermagem: no mínimo 01 (um) para cada 02 XXVII – serviço de fibrobroncoscopia;
(dois) leitos em cada turno; (Redação dada pela Resolução - RDC nº XXVIII – serviço de diagnóstico clínico e notificação compulsória
26, de 11 de maio de 2012) de morte encefálica.
VI – Auxiliares administrativos: no mínimo 01 (um) exclusivo Art. 19 O hospital em que a UTI está inserida deve dispor, na
da unidade; própria estrutura hospitalar, dos seguintes serviços diagnósticos e
VII – Funcionários exclusivos para serviço de limpeza da unida- terapêuticos:
de, em cada turno. I – centro cirúrgico;
Art. 15 Médicos plantonistas, enfermeiros assistenciais, fisio- II – serviço radiológico convencional;
terapeutas e técnicos de enfermagem devem estar disponíveis em III – serviço de ecodopplercardiografia.
tempo integral para assistência aos pacientes internados na UTI, Art. 20 Deve ser garantido acesso aos seguintes serviços diag-
durante o horário em que estão escalados para atuação na UTI. nósticos e terapêuticos, no hospital onde a UTI está inserida ou em
Art. 16 Todos os profissionais da UTI devem estar imunizados outro estabelecimento, por meio de acesso formalizado:
contra tétano, difteria, hepatite B e outros imunobiológicos, de I- cirurgia cardiovascular,
acordo com a NR 32. Segurança e Saúde no Trabalho em Serviços II – cirurgia vascular;
de Saúde estabelecida pela Portaria MTE/GM n.º 485, de 11 de no- III – cirurgia neurológica;
vembro de 2005. IV – cirurgia ortopédica;
Art. 17 A equipe da UTI deve participar de um programa de V – cirurgia urológica;
educação continuada, contemplando, no mínimo: VI – cirurgia buco-maxilo-facial;

172
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

VII – radiologia intervencionista; Art. 31 Em caso de transporte inter-hospitalar de paciente gra-


VIII – ressonância magnética; ve, devem ser seguidos os requisitos constantes na Portaria GM/MS
IX – tomografia computadorizada; n. 2048, de 05 de novembro de 2002.
X – anatomia patológica; Art. 32 Em caso de transferência inter-hospitalar por alta da
XI – exame comprobatório de fluxo sanguíneo encefálico. UTI, o paciente deverá ser acompanhado de um relatório de trans-
ferência, o qual será entregue no local de destino do paciente;
SEÇÃO V Parágrafo único. O relatório de transferência deve conter, no
PROCESSOS DE TRABALHO mínimo:
I – dados referentes ao motivo de internação na UTI e diagnós-
Art. 21 Todo paciente internado em UTI deve receber assistên- ticos de base;
cia integral e interdisciplinar. II – dados referentes ao período de internação na UTI, incluindo
Art. 22 A evolução do estado clínico, as intercorrências e os cui- realização de procedimentos invasivos, intercorrências, infecções,
dados prestados devem ser registrados pelas equipes médica, de transfusões de sangue e hemoderivados, tempo de permanência
enfermagem e de fisioterapia no prontuário do paciente, em cada em assistência ventilatória mecânica invasiva e não-invasiva, reali-
turno, e atendendo as regulamentações dos respectivos conselhos zação de diálise e exames diagnósticos;
de classe profissional e normas institucionais. III – dados referentes à alta e ao preparatório para a transferên-
Art. 23 As assistências farmacêutica, psicológica, fonoaudioló- cia, incluindo prescrições médica e de enfermagem do dia, especi-
gica, social, odontológica, nutricional, de terapia nutricional enteral ficando aprazamento de horários e cuidados administrados antes
e parenteral e de terapia ocupacional devem estar integradas às da transferência; perfil de monitorização hemodinâmica, equilíbrio
demais atividades assistenciais prestadas ao paciente, sendo discu- ácido-básico, balanço hídrico e sinais vitais das últimas 24 horas.
tidas conjuntamente pela equipe multiprofissional.
Parágrafo único. A assistência prestada por estes profissionais SEÇÃO VII
deve ser registrada, assinada e datada no prontuário do paciente, GERENCIAMENTO DE RISCOS E NOTIFICAÇÃO DE EVENTOS
de forma legível e contendo o número de registro no respectivo ADVERSOS
conselho de classe profissional.
Art. 24 Devem ser assegurados, por todos os profissionais que Art. 33 Deve ser realizado gerenciamento dos riscos inerentes
atuam na UTI, os seguintes itens: às atividades realizadas na unidade, bem como aos produtos sub-
I – preservação da identidade e da privacidade do paciente, as- metidos ao controle e fiscalização sanitária.
segurando um ambiente de respeito e dignidade; Art. 34 O estabelecimento de saúde deve buscar a redução e
II – fornecimento de orientações aos familiares e aos pacientes, minimização da ocorrência dos eventos adversos relacionados a:
quando couber, em linguagem clara, sobre o estado de saúde e a
I – procedimentos de prevenção, diagnóstico, tratamento ou
assistência a ser prestada desde a admissão até a alta;
reabilitação do paciente;
III – ações de humanização da atenção à saúde;
II – medicamentos e insumos farmacêuticos;
IV – promoção de ambiência acolhedora;
III – produtos para saúde, incluindo equipamentos;
V – incentivo à participação da família na atenção ao paciente,
quando pertinente. IV – uso de sangue e hemocomponentes;
Art. 25 A presença de acompanhantes em UTI deve ser norma- V – saneantes;
tizada pela instituição, com base na legislação vigente. VI – outros produtos submetidos ao controle e fiscalização sa-
Art. 26 O paciente consciente deve ser informado quanto aos nitária utilizados na unidade.
procedimentos a que será submetido e sobre os cuidados requeri- Art. 35 Na monitorização e no gerenciamento de risco, a equipe
dos para execução dos mesmos. da UTI deve:
Parágrafo único. O responsável legal pelo paciente deve ser in- I – definir e monitorar indicadores de avaliação da prevenção
formado sobre as condutas clínicas e procedimentos a que o mes- ou redução dos eventos adversos pertinentes à unidade;
mo será submetido. II – coletar, analisar, estabelecer ações corretivas e notificar
Art. 27 Os critérios para admissão e alta de pacientes na UTI eventos adversos e queixas técnicas, conforme determinado pelo
devem ser registrados, assinados pelo Responsável Técnico e divul- órgão sanitário competente.
gados para toda a instituição, além de seguir legislação e normas Art. 36 Os eventos adversos relacionados aos itens dispostos
institucionais vigentes. no
Art. 28 A realização de testes laboratoriais remotos (TLR) nas Art. 35 desta RDC devem ser notificados à gerência de risco
dependências da UTI está condicionada ao cumprimento das dispo- ou outro setor definido pela instituição, de acordo com as normas
sições da Resolução da Diretoria Colegiada da Anvisa – RDC nº 302, institucionais.
de 13 de outubro de 2005.
SEÇÃO VIII
SEÇÃO VI PREVENÇÃO E CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À
TRANSPORTE DE PACIENTES ASSISTÊNCIA À SAÚDE

Art. 29 Todo paciente grave deve ser transportado com o acom- Art. 37 Devem ser cumpridas as medidas de prevenção e con-
panhamento contínuo, no mínimo, de um médico e de um enfer- trole de infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS) defini-
meiro, ambos com habilidade comprovada para o atendimento de das pelo Programa de Controle de Infecção do hospital.
urgência e emergência.
Art. 38 As equipes da UTI e da Comissão de Controle de Infec-
Art. 30 Em caso de transporte intra-hospitalar para realização
ção Hospitalar – CCIH – são responsáveis pelas ações de prevenção
de algum procedimento diagnóstico ou terapêutico, os dados do
e controle de IRAS.
prontuário devem estar disponíveis para consulta dos profissionais
do setor de destino.

173
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Art. 39 A CCIH deve estruturar uma metodologia de busca ativa §1º O enfermeiro coordenador da UTI deve correlacionar as
das infecções relacionadas a dispositivos invasivos, dos microrga- necessidades de cuidados de enfermagem com o quantitativo de
nismos multirresistentes e outros microrganismos de importância pessoal disponível, de acordo com um instrumento de medida uti-
clínico-epidemiológica, além de identificação precoce de surtos. lizado.
Art. 40 A equipe da UTI deve colaborar com a CCIH na vigilância §2º Os registros desses dados devem estar disponíveis mensal-
epidemiológica das IRAS e com o monitoramento de microrganis- mente, em local de fácil acesso.
mos multirresistentes na unidade.
Art. 41 A CCIH deve divulgar os resultados da vigilância das in- SEÇÃO X
fecções e perfil de sensibilidade dos microrganismos à equipe mul- RECURSOS MATERIAIS
tiprofissional da UTI, visando a avaliação periódica das medidas de
prevenção e controle das IRAS. Art. 50 A UTI deve dispor de materiais e equipamentos de acor-
Art. 42 As ações de prevenção e controle de IRAS devem ser do com a complexidade do serviço e necessários ao atendimento
baseadas na avaliação dos indicadores da unidade. de sua demanda.
Art. 43 A equipe da UTI deve aderir às medidas de precaução Art. 51 Os materiais e equipamentos utilizados, nacionais ou
importados, devem estar regularizados junto à ANVISA, de acordo
padrão, às medidas de precaução baseadas na transmissão (conta-
com a legislação vigente.
to, gotículas e aerossóis) e colaborar no estímulo ao efetivo cumpri-
Art. 52 Devem ser mantidas na unidade instruções escritas
mento das mesmas.
referentes à utilização dos equipamentos e materiais, que podem
Art. 44 A equipe da UTI deve orientar visitantes e acompanhan-
ser substituídas ou complementadas por manuais do fabricante em
tes quanto às ações que visam a prevenção e o controle de infec- língua portuguesa.
ções, baseadas nas recomendações da CCIH. Art. 53 Quando houver terceirização de fornecimento de equi-
Art. 45 A equipe da UTI deve proceder ao uso racional de anti- pamentos médico-hospitalares, deve ser estabelecido contrato for-
microbianos, estabelecendo normas e rotinas de forma interdisci- mal entre o hospital e a empresa contratante.
plinar e em conjunto com a CCIH, Farmácia Hospitalar e Laboratório Art. 54 Os materiais e equipamentos devem estar íntegros, lim-
de Microbiologia. pos e prontos para uso.
Art. 46 Devem ser disponibilizados os insumos, produtos, equi- Art. 55 Devem ser realizadas manutenções preventivas e corre-
pamentos e instalações necessários para as práticas de higienização tivas nos equipamentos em uso e em reserva operacional, de acor-
de mãos de profissionais de saúde e visitantes. do com periodicidade estabelecida pelo fabricante ou pelo serviço
§ 1º Os lavatórios para higienização das mãos devem estar dis- de engenharia clínica da instituição.
ponibilizados na entrada da unidade, no posto de enfermagem e Parágrafo único. Devem ser mantidas na unidade cópias do ca-
em outros locais estratégicos definidos pela CCIH e possuir dispen- lendário de manutenções preventivas e o registro das manutenções
sador com sabonete líquido e papel toalha. realizadas.
§ 2º As preparações alcoólicas para higienização das mãos de-
vem estar disponibilizadas na entrada da unidade, entre os leitos e CAPÍTULO III
em outros locais estratégicos definidos pela CCIH. DOS REQUISITOS ESPECÍFICOS PARA UNIDADES DE TERAPIA
Art. 47 O Responsável Técnico e os coordenadores de enfer- INTENSIVA ADULTO
magem e de fisioterapia devem estimular a adesão às práticas de
higienização das mãos pelos profissionais e visitantes. SEÇÃO I
RECURSOS MATERIAIS
SEÇÃO IX
AVALIAÇÃO Art. 56 Devem estar disponíveis, para uso exclusivo da UTI
Adulto, materiais e equipamentos de acordo com a faixa etária
Art. 48 Devem ser monitorados e mantidos registros de avalia- e biotipo do paciente.
Art. 57 Cada leito de UTI Adulto deve possuir, no mínimo, os
ções do desempenho e do padrão de funcionamento global da UTI,
seguintes equipamentos e materiais:
assim como de eventos que possam indicar necessidade de melho-
I – cama hospitalar com ajuste de posição, grades laterais e ro-
ria da qualidade da assistência, com o objetivo de estabelecer me-
dízios;
didas de controle ou redução dos mesmos.
II – equipamento para ressuscitação manual do tipo balão au-
§ 1º Deve ser calculado o Índice de Gravidade / Índice Prognós- to-inflável, com reservatório e máscara facial: 01(um) por leito, com
tico dos pacientes internados na UTI por meio de um Sistema de reserva operacional de 01 (um) para cada 02 (dois) leitos;
Classificação de Severidade de Doença recomendado por literatura III – estetoscópio;
científica especializada. IV – conjunto para nebulização;
§ 2º O Responsável Técnico da UTI deve correlacionar a morta- V – quatro (04) equipamentos para infusão contínua e contro-
lidade geral de sua unidade com a mortalidade geral esperada, de lada de fluidos (“bomba de infusão”), com reserva operacional de
acordo com o Índice de gravidade utilizado. 01 (um) equipamento para cada 03 (três) leitos:
§ 3º Devem ser monitorados os indicadores mencionados na VI – fita métrica;
Instrução Normativa nº 4, de 24 de fevereiro de 2010, da ANVISA VII – equipamentos e materiais que permitam monitorização
§4º Estes dados devem estar em local de fácil acesso e ser dis- contínua de:
ponibilizados à Vigilância Sanitária durante a inspeção sanitária ou a) freqüência respiratória;
quando solicitado. b) oximetria de pulso;
Art. 49 Os pacientes internados na UTI devem ser avaliados por c) freqüência cardíaca;
meio de um Sistema de Classificação de Necessidades de Cuidados d) cardioscopia;
de Enfermagem recomendado por literatura científica especializa- e) temperatura;
da. f) pressão arterial não-invasiva.

174
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Art. 58 Cada UTI Adulto deve dispor, no mínimo, de: XXXVI – kit (“maleta”) para acompanhar o transporte de pa-
I – materiais para punção lombar; cientes graves, contendo medicamentos e materiais para atendi-
II – materiais para drenagem liquórica em sistema fechado; mento às emergências: 01 (um) para cada 10 (dez) leitos ou fração;
III – oftalmoscópio; XXXVII – cilindro transportável de oxigênio;
IV – otoscópio; XXXVIII – relógios e calendários posicionados de forma a permi-
V – negatoscópio; tir visualização em todos os leitos.
VI – máscara facial que permite diferentes concentrações de XXXIX – refrigerador, com temperatura interna de 2 a 8°C, de
Oxigênio: 01 (uma) para cada 02 (dois) leitos; uso exclusivo para guarda de medicamentos, com monitorização e
VII – materiais para aspiração traqueal em sistemas aberto e registro de temperatura.
fechado; Art. 59 Outros equipamentos ou materiais podem substituir os
VIII – aspirador a vácuo portátil; listados neste regulamento técnico, desde que tenham comprovada
IX – equipamento para mensurar pressão de balonete de tubo/ sua eficácia propedêutica e terapêutica e sejam regularizados pela
cânula endotraqueal (“cuffômetro”); Anvisa.
X – ventilômetro portátil; Art. 60 Os kits para atendimento às emergências, referidos nos
XI – capnógrafo: 01 (um) para cada 10 (dez) leitos; incisos XXV e XXXVI do Art 58, devem conter, no mínimo: ressusci-
XII – ventilador pulmonar mecânico microprocessado: 01 (um) tador manual com reservatório, cabos e lâminas de laringoscópio,
para cada 02 (dois) leitos, com reserva operacional de 01 (um) equi- tubos/cânulas endotraqueais, fixadores de tubo endotraqueal, câ-
pamento para cada 05 (cinco) leitos, devendo dispor, cada equipa- nulas de Guedel e fio guia estéril.
mento de, no mínimo, 02 (dois) circuitos completos, §1º Demais materiais e medicamentos a compor estes kits
XIII – equipamento para ventilação pulmonar mecânica não devem seguir protocolos assistenciais para este fim, padronizados
invasiva: 01(um) para cada 10 (dez) leitos, quando o ventilador pul- pela unidade e baseados em evidências científicas.
monar mecânico microprocessado não possuir recursos para reali- §2º A quantidade dos materiais e medicamentos destes kits
zar a modalidade de ventilação não invasiva; deve ser padronizada pela unidade, de acordo com sua demanda.
XIV – materiais de interface facial para ventilação pulmonar §3º Os materiais utilizados devem estar de acordo com a faixa
não invasiva 01 (um) conjunto para cada 05 (cinco) leitos; etária e biotipo do paciente (lâminas de laringoscópio, tubos endo-
XV – materiais para drenagem torácica em sistema fechado; traqueais de tamanhos adequados, por exemplo);
XVI – materiais para traqueostomia; §4º A unidade deve fazer uma lista com todos os materiais e
XVII – foco cirúrgico portátil; medicamentos a compor estes kits e garantir que estejam sempre
XVIII – materiais para acesso venoso profundo; prontos para uso.
XIX – materiais para flebotomia;
XX – materiais para monitorização de pressão venosa central; CAPÍTULO IV
XXI – materiais e equipamento para monitorização de pressão DOS REQUISITOS ESPECÍFICOS PARA UNIDADES
arterial invasiva: 01 (um) equipamento para cada 05 (cinco) leitos, DE TERAPIA INTENSIVA PEDIÁTRICAS
com reserva operacional de 01 (um) equipamento para cada 10
SEÇÃO I
(dez) leitos;
RECURSOS MATERIAIS
XXII – materiais para punção pericárdica;
XXIII – monitor de débito cardíaco;
Art. 61 Devem estar disponíveis, para uso exclusivo da UTI Pe-
XXIV – eletrocardiógrafo portátil: 01 (um) equipamento para
diátrica, materiais e equipamentos de acordo com a faixa etária e
cada 10 (dez) leitos;
biotipo do paciente.
XXV – kit (“carrinho”) contendo medicamentos e materiais para
Art. 62 Cada leito de UTI Pediátrica deve possuir, no mínimo, os
atendimento às emergências: 01 (um) para cada 05 (cinco) leitos
seguintes equipamentos e materiais:
ou fração; I – berço hospitalar com ajuste de posição, grades laterais e
XXVI – equipamento desfibrilador e cardioversor, com bateria: rodízios;
01 (um) para cada 05 (cinco) leitos; II – equipamento para ressuscitação manual do tipo balão au-
XXVII – marcapasso cardíaco temporário, eletrodos e gerador: to-inflável, com reservatório e máscara facial: 01(um) por leito, com
01 (um) equipamento para cada 10 (dez) leitos; reserva operacional de 01 (um) para cada 02 (dois) leitos;
XXVIII – equipamento para aferição de glicemia capilar, especí- III – estetoscópio;
fico para uso hospitalar: 01 (um) para cada 05 (cinco) leitos; IV – conjunto para nebulização;
XXIX – materiais para curativos; V – Quatro (04) equipamentos para infusão contínua e contro-
XXX – materiais para cateterismo vesical de demora em sistema lada de fluidos (“bomba de infusão”), com reserva operacional de
fechado; 01 (um) para cada 03 (três) leitos;
XXXI – dispositivo para elevar, transpor e pesar o paciente; VI – fita métrica;
XXXII – poltrona com revestimento impermeável, destinada à VII – poltrona removível, com revestimento impermeável, des-
assistência aos pacientes: 01 (uma) para cada 05 leitos ou fração. tinada ao acompanhante: 01 (uma) por leito;
XXXIII – maca para transporte, com grades laterais, suporte VIII – equipamentos e materiais que permitam monitorização
para soluções parenterais e suporte para cilindro de oxigênio: 1 contínua de:
(uma) para cada 10 (dez) leitos ou fração; a) freqüência respiratória;
XXXIV – equipamento(s) para monitorização contínua de múlti- b) oximetria de pulso;
plos parâmetros (oximetria de pulso, pressão arterial não-invasiva; c) freqüência cardíaca;
cardioscopia; freqüência respiratória) específico(s) para transporte, d) cardioscopia;
com bateria: 1 (um) para cada 10 (dez) leitos ou fração; e) temperatura;
XXXV – ventilador mecânico específico para transporte, com f) pressão arterial não-invasiva.
bateria: 1(um) para cada 10 (dez) leitos ou fração; Art. 63 Cada UTI Pediátrica deve dispor, no mínimo, de:

175
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

I – berço aquecido de terapia intensiva: 1(um) para cada 5 (cin- XXXVI – kit (“maleta”) para acompanhar o transporte de pa-
co) leitos; cientes graves, contendo medicamentos e materiais para atendi-
II – estadiômetro; mento às emergências: 01 (um) para cada 10 (dez) leitos ou fração;
III – balança eletrônica portátil; XXXVII – cilindro transportável de oxigênio;
IV – oftalmoscópio; XXXVIII – relógio e calendário de parede;
V – otoscópio; XXXIX – refrigerador, com temperatura interna de 2 a 8°C, de
VI – materiais para punção lombar; uso exclusivo para guarda de medicamentos, com monitorização e
VII – materiais para drenagem liquórica em sistema fechado; registro de temperatura.
VIII – negatoscópio; Art. 64 Outros equipamentos ou materiais podem substituir os
IX – capacetes ou tendas para oxigenoterapia; listados neste regulamento técnico, desde que tenham comprovada
X – máscara facial que permite diferentes concentrações de sua eficácia propedêutica e terapêutica e sejam regularizados pela
Oxigênio: 01 (um) para cada 02 (dois) leitos; Anvisa.
XI – materiais para aspiração traqueal em sistemas aberto e Art. 65 Os kits para atendimento às emergências, referidos nos
fechado; incisos XXVII e XXXVI do Art 63, devem conter, no mínimo: ressusci-
XII – aspirador a vácuo portátil; tador manual com reservatório, cabos e lâminas de laringoscópio,
XIII – equipamento para mensurar pressão de balonete de tubos/cânulas endotraqueais, fixadores de tubo endotraqueal, câ-
tubo/cânula endotraqueal (“cuffômetro”); nulas de Guedel e fio guia estéril.
XIV – capnógrafo: 01 (um) para cada 10 (dez) leitos; §1º Demais materiais e medicamentos a compor estes kits
XV – ventilador pulmonar mecânico microprocessado: 01 (um) devem seguir protocolos assistenciais para este fim, padronizados
para cada 02 (dois) leitos, com reserva operacional de 01 (um) equi- pela unidade e baseados em evidências científicas.
pamento para cada 05 (cinco) leitos, devendo dispor cada equipa- §2º A quantidade dos materiais e medicamentos destes kits
mento de, no mínimo, 02 (dois) circuitos completos. deve ser padronizada pela unidade, de acordo com sua demanda.
XVI – equipamento para ventilação pulmonar não-invasiva: §3º Os materiais utilizados devem estar de acordo com a faixa
01(um) para cada 10 (dez) leitos, quando o ventilador pulmonar mi- etária e biotipo do paciente (lâminas de laringoscópio, tubos endo-
croprocessado não possuir recursos para realizar a modalidade de traqueais de tamanhos adequados, por exemplo);
ventilação não invasiva; §4º A unidade deve fazer uma lista com todos os materiais e
XVII – materiais de interface facial para ventilação pulmonar medicamentos a compor estes kits e garantir que estejam sempre
não-invasiva: 01 (um) conjunto para cada 05 (cinco) leitos; prontos para uso.
XVIII – materiais para drenagem torácica em sistema fechado;
XIX – materiais para traqueostomia; SEÇÃO II
XX – foco cirúrgico portátil; UTI PEDIÁTRICA MISTA
XXI – materiais para acesso venoso profundo, incluindo catete-
rização venosa central de inserção periférica (PICC); Art. 66 As UTI Pediátricas Mistas, além dos requisitos comuns
XXII – material para flebotomia; a todas as UTI, também devem atender aos requisitos relacionados
XXIII – materiais para monitorização de pressão venosa central; aos recursos humanos, assistenciais e materiais estabelecidos para
XXIV – materiais e equipamento para monitorização de pressão UTI pediátrica e neonatal concomitantemente.
arterial invasiva: 01 (um) equipamento para cada 05 (cinco) leitos, Parágrafo único. A equipe médica deve conter especialistas em
com reserva operacional de 01 (um) equipamento para cada 10 Terapia Intensiva Pediátrica e especialistas em Neonatologia.
(dez) leitos;
CAPÍTULO V
XXV – materiais para punção pericárdica;
DOS REQUISITOS ESPECÍFICOS PARA UNIDADES DE TERAPIA
XXVI – eletrocardiógrafo portátil;
INTENSIVA NEONATAIS
XXVII – kit (“carrinho”) contendo medicamentos e materiais
para atendimento às emergências: 01 (um) para cada 05 (cinco) lei-
SEÇÃO I
tos ou fração;
RECURSOS MATERIAIS
XXVIII – equipamento desfibrilador e cardioversor, com bateria,
na unidade;
Art. 67 Devem estar disponíveis, para uso exclusivo da UTI Ne-
XXIX – marcapasso cardíaco temporário, eletrodos e gerador:
onatal, materiais e equipamentos de acordo com a faixa etária e
01 (um) equipamento para a unidade; biotipo do paciente.
XXX – equipamento para aferição de glicemia capilar, específico Art. 68 Cada leito de UTI Neonatal deve possuir, no mínimo, os
para uso hospitalar: 01 (um) para cada 05 (cinco) leitos ou fração; seguintes equipamentos e materiais:
XXXI – materiais para curativos; I – incubadora com parede dupla;
II – equipamento para ressuscitação manual do tipo balão au-
XXXII – materiais para cateterismo vesical de demora em siste- to-inflável com reservatório e máscara facial: 01(um) por leito, com
ma fechado; reserva operacional de 01 (um) para cada 02 (dois) leitos;
XXXIII – maca para transporte, com grades laterais, com suporte III – estetoscópio;
para equipamento de infusão controlada de fluidos e suporte para IV – conjunto para nebulização;
cilindro de oxigênio: 01 (uma) para cada 10 (dez) leitos ou fração; V – Dois (02) equipamentos tipo seringa para infusão contínua
XXXIV – equipamento(s) para monitorização contínua de múlti- e controlada de fluidos (“bomba de infusão”), com reserva opera-
plos parâmetros (oximetria de pulso, pressão arterial não-invasiva; cional de 01 (um) para cada 03 (três) leitos;
cardioscopia; freqüência respiratória) específico para transporte, VI – fita métrica;
com bateria: 01 (um) para cada 10 (dez) leitos ou fração; VII – equipamentos e materiais que permitam monitorização
XXXV – ventilador pulmonar específico para transporte, com contínua de:
bateria: 01 (um) para cada 10 (dez) leitos ou fração; a) freqüência respiratória;

176
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

b) oximetria de pulso; XXXIV – ventilador pulmonar específico para transporte, com


c) freqüência cardíaca; bateria: 01 (um) para cada 10 (dez) leitos ou fração;
d) cardioscopia; XXXV – kit (“maleta”) para acompanhar o transporte de pacien-
e) temperatura; tes graves, contendo medicamentos e materiais para atendimento
f) pressão arterial não-invasiva. às emergências: 01 (um) para cada 10 (dez) leitos ou fração.
Art. 69 Cada UTI Neonatal deve dispor, no mínimo, de: XXXVI – cilindro transportável de oxigênio;
I – berços aquecidos de terapia intensiva para 10% dos leitos; XXXVII – relógio e calendário de parede;
II – equipamento para fototerapia: 01 (um) para cada 03 (três) XXXVIII – poltronas removíveis, com revestimento impermeá-
leitos; vel, para acompanhante: 01 (uma) para cada 05 leitos ou fração;
III – estadiômetro; XXXIX – refrigerador, com temperatura interna de 2 a 8°C, de
IV – balança eletrônica portátil: 01 (uma) para cada 10 (dez) uso exclusivo para guarda de medicamentos: 01 (um) por unidade,
leitos; com conferência e registro de temperatura a intervalos máximos
V – oftalmoscópio; de 24 horas.
VI – otoscópio; Art. 70 Outros equipamentos ou materiais podem substituir os
VII – material para punção lombar; listados neste regulamento técnico, desde que tenham comprovada
VIII – material para drenagem liquórica em sistema fechado; sua eficácia propedêutica e terapêutica e sejam regularizados pela
IX – negatoscópio; ANVISA.
X – capacetes e tendas para oxigenoterapia: 1 (um) equipa- Art. 71 Os kits para atendimento às emergências referidos nos
mento para cada 03 (três) leitos, com reserva operacional de 1 (um) incisos XXVII e XXXV do Art 69 devem conter, no mínimo: ressusci-
para cada 5 (cinco) leitos; tador manual com reservatório, cabos e lâminas de laringoscópio,
XI – materiais para aspiração traqueal em sistemas aberto e tubos/cânulas endotraqueais, fixadores de tubo endotraqueal, câ-
fechado; nulas de Guedel e fio guia estéril.
XII – aspirador a vácuo portátil; §1º Demais materiais e medicamentos a compor estes kits
XIII – capnógrafo: 01 (um) para cada 10 (dez) leitos; devem seguir protocolos assistenciais para este fim, padronizados
XIV – ventilador pulmonar mecânico microprocessado: 01 (um) pela unidade e baseados em evidências científicas.
para cada 02 (dois) leitos, com reserva operacional de 01 (um) equi- §2º A quantidade dos materiais e medicamentos destes kits
pamento para cada 05 (cinco) leitos devendo dispor cada equipa- deve ser padronizada pela unidade, de acordo com sua demanda.
mento de, no mínimo, 02 (dois) circuitos completos. §3º Os materiais utilizados devem estar de acordo com a faixa
XV – equipamento para ventilação pulmonar não-invasiva: etária e biotipo do paciente (lâminas de laringoscópio, tubos endo-
01(um) para cada 05 (cinco) leitos, quando o ventilador pulmonar traqueais de tamanhos adequados, por exemplo);
microprocessado não possuir recursos para realizar a modalidade §4º A unidade deve fazer uma lista com todos os materiais e
de ventilação não invasiva; medicamentos a compor estes kits e garantir que estejam sempre
XVI – materiais de interface facial para ventilação pulmonar prontos para uso.
não invasiva (máscara ou pronga): 1 (um) por leito.
XVII – materiais para drenagem torácica em sistema fechado; CAPÍTULO VI
XVIII – material para traqueostomia; DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
XIX – foco cirúrgico portátil;
XX – materiais para acesso venoso profundo, incluindo catete- Art. 72 Os estabelecimentos abrangidos por esta Resolução
rização venosa central de inserção periférica (PICC); têm o prazo de 180 (cento e oitenta) dias contados a partir da data
XXI – material para flebotomia; de sua publicação para promover as adequações necessárias do
XXII – materiais para monitorização de pressão venosa central; serviço para cumprimento da mesma.
XXIII – materiais e equipamento para monitorização de pressão §1º Para cumprimento dos artigos 13, 14 e 15 da Seção III - Re-
arterial invasiva; cursos Humanos, assim como da Seção I - Recursos Materiais dos
XXIV – materiais para cateterismo umbilical e exsanguíneo Capítulos III, IV e V, estabelece-se o prazo de 03 anos, ressalvados os
transfusão; incisos III e V do art. 14, que terão efeitos imediatos. (Redação dada
XXV – materiais para punção pericárdica; pela Resolução - RDC nº 26, de 11 de maio de 2012)
XXVI – eletrocardiógrafo portátil disponível no hospital; § 2º A partir da publicação desta Resolução, os novos estabele-
XXVII – kit (“carrinho”) contendo medicamentos e materiais cimentos e aqueles que pretendem reiniciar suas atividades devem
para atendimento às emergências: 01 (um) para cada 05 (cinco) lei- atender na íntegra às exigências nela contidas, previamente ao iní-
tos ou fração; cio de seu funcionamento.
XXVIII – equipamento desfibrilador e cardioversor, com bateria, Art. 73 O descumprimento das disposições contidas nesta Re-
na unidade; solução constitui infração sanitária, nos termos da Lei n. 6.437, de
XXIX – equipamento para aferição de glicemia capilar, específi- 20 de agosto de 1977, sem prejuízo das responsabilidades civil, ad-
co para uso hospitalar: 01 (um) para cada 05 (cinco) leitos ou fração, ministrativa e penal cabíveis.
sendo que as tiras de teste devem ser específicas para neonatos; Art. 74 Esta Resolução entra em vigor na data de sua publica-
XXX – materiais para curativos; ção.
XXXI – materiais para cateterismo vesical de demora em siste-
ma fechado;
XXXII – incubadora para transporte, com suporte para equipa-
mento de infusão controlada de fluidos e suporte para cilindro de
oxigênio: 01 (uma) para cada 10 (dez) leitos ou fração;
XXXIII – equipamento(s) para monitorização contínua de múlti-
plos parâmetros (oximetria de pulso, cardioscopia) específico para
transporte, com bateria: 01 (um) para cada 10 (dez) leitos ou fração;

177
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

d. Condutas de enfermagem para o paciente grave e em fase De maneira ainda mais clara se nos revelam as coisas em outro
terminal. exemplo, Lipschutz e Veshnjakoff fizeram estudos sobre o metabo-
Mesmo sabendo que a morte é algo que faz parte do ciclo na- lismo do ovário dos mamíferos fora do organismo, a várias tempe-
tural de vida, os mesmo ainda não conseguem lidar com isso no raturas.
dia-a-dia. Os profissionais de saúde sentem-se responsáveis pela Ao examinar o consumo de oxigênio do tecido ovariano do por-
manutenção da vida de seus pacientes, e acabam por encarar a quinho das índias á temperatura de 38,5 graus, que é a temperatura
morte como resultado acidental diante do objetivo da profissão, normal nessa espécie, é a 1 grau e até abaixo disso, verificaram que
sendo esta considerada como insucesso de tratamentos, fracasso o tecido continuava a consumir oxigênio no frio, porém, a tão baixa
da equipe, causando angústia àqueles que a presenciam.A sensa- temperatura, o tecido ovariano consome vinte mesmo quarenta ve-
ção de fracasso diante da morte não é atribuída apenas ao insuces- zes menos oxigênio do que a 38,5 graus. A temperaturabaixa, pois o
so dos cuidados empreendidos, mas a uma derrota diante da morte metabolismo é diminuído de um modo assombroso. Não obstante,
e da missão implícita das profissões de saúde: salvar o indivíduo, essa diminuição do metabolismo é responsável. Basta trasladar o
diminuir sua dor e sofrimento, manter-lhe a vida. mesmo tecido para uma câmara com a temperatura do corpo, para
Não podemos falar da morte, da formação de um cadáver, sem constatar-se imediatamente que o seu consumo de oxigênio cres-
antes entendermos claramente sobre o que seja a vida. ce de novo. Mas, setraslada o tecido por alguns minutos para uma
O conhecimento de vida pressupõe processos químicos com- câmara com temperatura de alguns graus abaixo de zero para ser
plicados, processos que se desenrolam nos limites de uma cela, examinado depois á temperatura do corpo, então já não se resta-
perfeitamente organizada. No centro desses processos acham-se belece mais, nunca mais, o metabolismo primitivo, o tecido morreu
as substâncias protéicas; a seguir vêm os elementos graxos e os por refrigeração. A uma temperatura de alguns décimos de grau
hidratos de carbonos. Toda vida tem por condição indispensável acima de zero, o metabolismo alterou-se de maneira reparável;
que na célula se desenvolvam determinadas alterações químicas, a uma temperatura abaixo de zero, o metabolismo alterou-se de
os verdadeiros fenômenos bioquímicos; essas alterações, por usa maneira irreparável.Muito interessante é o fato de que, em certos
vez se combinam com o consumo de oxigênio, pois que há dentro animais, se observa uma vida latente em que permanecem anos
da célula um “combustão”. Contudo, a célula não morre no decorrer e anos, como nos tardígrados e outras espécies estudadas já por
desse processo, porque de fora se recebem continuamente novas Leuwenhook e Spallanzani no século XVIII.
substâncias que se transformam em substância celular no pequeno Não podemos falar da morte sem antes tentar conceituá-la.
laboratório da própria célula. Desta maneira, há no interior da cé- Para Vieira (2006, p.21) “a pergunta ‘o que é morte’ tem múltiplas
lula um perene metabolismo: as substâncias vivas da célula desin- respostas e nenhuma delas conclusiva, pois a questão transcende
tegram-se por combustão e eliminam-se os produtos metabólicos; os aspectos naturais ou materialistas e, até biologicamente, é difícil
do exterior, recebe a célula, novas substâncias que servem de subs- uma resposta unânime”.
tituto. Toda vida, movimento, alimentação, propagação, o sentir e Morrer, cientificamente, é deixar de existir; quando o corpo
o pensar, se ligam intimamente ao metabolismo; assim. A biologia acometido por uma patologia ou acidente qualquer tem a falência
deve desvendar o problema do metabolismo das células. de seus órgãos vitais, tendo uma parada progressiva de toda ati-
Ora, se toda vida está ligada ao metabolismo da célula viva, vidade do organismo, podendo ser de uma forma súbita (doenças
a morte da célulaou o aniquilamento de sua vida significa, indubi- agudas, acidentes) ou lenta (doenças crônico-degenerativas), segui-
tavelmente, a cessação do metabolismo da célula. Um cadáver é da de uma degeneração dos tecidos.MOREIRA (2006),
portanto, uma célula que deixou de revelar o metabolismo caracte- “A situação de óbito hospitalar, ocorrência na qual se dá a ma-
rístico. (LIPSCHUTZ 1933). terialização do processo de morrer e da morte, é, certamente, uma
Para caracterizar o cadáver, é oportuno falar de algumas expe- experiência impregnada de significações cientificas, mas também
riências que nos permitem um olhar mais fundo em tudo quanto se de significações sociais, culturais e principalmente subjetivas.” (DO-
MINGUES DO NASCIMENTO, 2006)
relaciona com a morte e o cadáver.
Reforça-se ainda que a morte não é somente um fato biológico,
Tiramos de um aquário uma gota de água com alguns Infusó-
mas um processo construído socialmente, que não se distingue das
rios, minúsculos microscópios seres de uma única célula. Coloca-
outras dimensões do universo das relações sociais. Assim, a morte
mos essa gota numa placa de cristal dentro de uma câmara decristal
está presente em nosso cotidiano e, independente de suas causas
por sob o microscópio. Em seguida, fazemos passar sobre a gota
ou formas, seu grande palco continua sendo os hospitais e institui-
vapores de álcool. Os animálculos unicelulares, que até então se
ções de saúde. BRETAS (2006)
agitavam em vivíssimo movimento, correndo para todos os lados
A morte propriamente dita é a cessação dos fenômenos vitais,
como flechas, ao cabo de poucos minutos detêm-se. Logo se imo-
por parada das funções cerebral, respiratória e circulatórias, com
bilizam, estão paralisados, entretanto, não se acham mortos; basta surgimento dos fenômenos abióticos, lentos e progressivos, que
que se deixe penetrar ar fresco na câmara, para que de novo voltem causam lesões irreversíveis nos órgãos e tecidos.
os Infusórios á atividade anterior. É um tema controverso que suscita nos enfermeiros sentimen-
Acontece, pois que envenenamos ou narcotizamos os bichi- tos e atitudes diversas. Embora faça parte do ciclo natural da vida,
nhos com álcool. Devemos supor que a intoxicação consiste num a morte é, ainda, nos dias de hoje, um assunto polémico, por vezes
transtorno do metabolismo. O sintoma exterior dessa perturbação evitado e por muitos não compreendido, gerando medo e ansieda-
do metabolismo é a paralisação da célula, porém se, como vimos, de. Uma vez que a enfermagem tem nos seus ideais o compromisso
essa paralisação tem em certas condições experimentais, um efeito com a vida, lidar com a morte pode torna-se um acontecimento difí-
apenas transitório, é de supor que o metabolismo sob a influência cil e penoso, gerando uma multiplicidade de atitudes por parte dos
do álcool não se extinguiria; apenas sofrerá uma alteração, talvez profissionais de enfermagem. Neste contexto, devido à necessidade
um desvio do seu curso normal. Assim justamente é que podemos de melhor compreender este fenómeno com que os enfermeiros
distinguir a narcose de que acabamos de falar, da morte: o primeiro se confrontam no quotidiano, realizou-se um estudo de investiga-
caso pode-se reparar o mal, ao passo que no segundo já não há ção relacionado com as atitudes do enfermeiro perante a morte e
remédio. circunstâncias determinantes, com vista a uma reflexão acerca do
tema e consequentemente a uma melhor prática profissional.

178
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Para melhor entendimento dos vários fatores que interferem “O enfermeiro reage a estes sentimentos desligando-se do
no enfrentamento da morte/morrer, tanto pelos profissionais quan- doente e da própria morte e, consciente ou inconscientemente,
to pacientes e familiares, é preciso que antes saibamos um pouco concentra a sua atenção no seu trabalho, no material, no processo
mais sobre as fases da morte e suas possíveis reações causadas pelo da doença, talvez até em conversas superficiais, com o intuito de
impacto da notícia. afastar expressões de temor e de morte”. Outras vezes, o enfermei-
Kübler-Ross (1994), em seu livro Sobre a Morte e o Morrer, re- ro perante o processo de morte decide evitar todo e qualquer con-
alizou um trabalho com pacientes terminais onde analisou os senti- tacto com o doente. Nesta perspectiva, o mesmo autor afirma que
mentos do paciente e da família no processo e morrer. Ele esclarece “afastando-se do doente através de subterfúgios, o que o enfermei-
que passamos por vários estágios quando nos deparamos com a ro faz é escudar-se contra sentimentos que lhe lembrem a morte e
morte, sendo que a negação é o primeiro estágio. que lhe causem mal-estar”. Rees (1983),
A 1° faseé a negação – é caracterizada como defesa temporária, Deste modo, sendo a morte inevitável e frequente nos serviços
onde a maioria das vezes o discurso pronunciado é “isso não está de saúde, nem todos os enfermeiros a compreendem, a acolhem e
acontecendo comigo” ou “não pode ser verdade”. Outro compor- reagem a ela da mesma maneira.Confrontados com a doença grave
tamento comum nessa fase é o agir como se nada estivesse acon- e com a morte, os enfermeiros tentam proteger-se da angústia que
tecendo. estas situações geram, adoptando estratégias de adaptação, cons-
“Evidentemente, se negamos a morte, se nos recusarmos a en-
cientes ou inconscientes designadas: mecanismos de defesa.
trar em contato com nossos sentimentos, o luto será mal elaborado
De acordo com Rosado (1991), do confronto com a morte sur-
e teremos uma chance maior de adoecermos e cairmos em me-
gem frequentemente mais problemas psicológicos do que físicos.
lancolia ou em outros processos substitutivos.” (CASSAROLA 1991).
Entre os últimos, fadiga, enxaqueca, dificuldades respiratórias,
Outros mecanismos de defesa que utilizamos inconsciente-
mente ainda citando Kübler-Ross (1994), são: insónias e anorexia são alguns dos reconhecidos. No entanto, os
A 2° fase, a ira – nesta fase prevalece a revolta, o ressentimen- mais citados são: pensamentos involuntários dedicados ao doente,
to, e o doente passa a atacar a equipe de saúde e as pessoas mais sentimentos de impotência, choro e sensação de abatimento, sen-
próximas a ele. Questionam procedimentos e tratamentos e a per- timento de choque e de incredibilidade perante a perda, dificulda-
gunta mais comum é “porque eu?” .Podem ainda nesta fase, surgir des de concentração, cólera, ansiedade e irritabilidade. Decorren-
períodos de total descrença. tes destas atitudes, registam-se: absentismo, desejo de mudança
A 3° fase é a barganha – o doente faz acordos em troca de mais de serviço, isolamento, entre outras práticas e atitudes revelado-
um tempo de vida. Nessa fase são comuns as promessas, Deus se ras da situação e de insegurança.Para que o fenômeno da Morte
torna presente em sua vida, faz promessas de mudança se for cura- seja encarado com serenidade pelo enfermeiro, este deve prevê-la
do. como inevitável. Assim deve ter como atitudes, como: comunicar a
A depressão – após a fase da barganha, o doente percebe sua situação terminal do doente, conforme a vontade e capacidade de
doença como incurável e ciente da impossibilidade ou dificuldade aceitação do doente, ter respeito pela diferença, cada doente têm o
de cura, deprime-se, sente-se vazio e deixa de intervir no tratamen- seu modo de estar na vida, o doente raramente esta isolado, os fa-
to, relaciona-se pouco com outras pessoas. miliares podem ajudar ou perturbar, compartilhar, deixar a pessoa
A 4° fase é a depressão – após a fase da barganha, o doente expressar os seus temores e desejos, diminuir a dor, o sofrimento e
percebe sua doença como incurável e ciente da impossibilidade ou a angustia, auxiliar corretamente o doente a assumir a morte como
dificuldade de cura, deprime-se, sente-se vazio e deixa de intervir experiência que só ele pode viver, toda a equipa deve ter um com-
no tratamento, relaciona-se pouco com outras pessoas. portamento idêntico, linguagem, em relação à informação dada ao
A 5° fase é a aceitação – o paciente entende e aceita sua situa- doente para não existir contradições, promover a vivência da fase
ção e tenta dar um sentido para sua vida. final de vida no domicilio sempre que possível.
Segundo Bosco (2008), esses são estágios que sucedem, porém O apoio da família também é muito importante Apoio da famí-
podem não aparecer necessariamente nessa ordem ou alguns indi- lia, já que a família sempre está presente. A definição de família tem
víduos não passam por todos eles. Podem inclusive voltar a qual- evoluído ao longo dos tempos, de acordo com vários paradigmas,
quer fase mais de uma vez. É um processo particular, onde muitos no entanto aqui adaptar-se-á a definição de“ Família refere-se a
sentimentos estão envolvidos e que dependem de vários fatores,
dois ou mais indivíduos que dependem um do outro para dar apoio
como religiosidade, estrutura familiar, cultura, por exemplo. As ati-
emocional, físico e econômico. Os membros da família são auto-
tudes face à morte diferem de cultura para cultura, de país para
-definidos.” (Hanson, 2005). A família é, ou devia de ser, a unidade
país, de região para região e, até, de pessoa para pessoa. Tal facto,
primária dos cuidados de saúde.
permite concluir que a forma como reagimos à morte está depen-
dente de uma multiplicidade de factores que se relacionam princi- Além de proporcionar o acompanhamento adequado ao doen-
palmente com aspectos pessoais, educacionais, sócio-económicos te em fase terminal, deve se insere a família neste processode apoio
e espacio-temporais. para que assim o doente possa usufruir de uma melhor qualidade
Os profissionais da saúde, nomeadamente os enfermeiros, de vida, do ponto emocional e afetivo, assim como na diminuição
enfrentam todos os dias a morte e, independentemente da ex- da dor e angústia. O familiar do paciente crítico ao ter consciência
periência profissional e de vida, quase todos a encaram com um da situação concreta e da possibilidade de morte do seu enfermo
certo sentimento de incerteza, desespero e angústia. Incerteza por- que está na UTI, expressa o vazio existencial através de sentimentos
que não sabe se está a prestar todos os cuidados possíveis para o como: tristeza, frustração, pessimismo, desorientação, angústia e
bem-estar do doente, para lhe prolongar a vida e para lhe evitar a falta de sentido para viver.
morte; desespero porque se sente impotente para fazer algo que o Para entender a tríade, é necessário definir cada familiar do pa-
conserve vivo; angústia porque não sabe como comunicar efectiva- ciente crítico como uma pessoa constituída de unidade e totalidade
mente com o doente e seus familiares. Todos estes factores oneram em três dimensões: corpo, alma e espírito. (LIMA 2008).
severamente o enfermeiro que procura cuidar aqueles cuja morte
está eminente.

179
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Alguns sentimentos como empatia e afeto são necessário para que ao entrar em contato comopaciente e sua família, seja possível
abordá-lo e compreendê-lo com a sua doença em toda sua peculiaridade. Também consideramos ser de fundamental que na interdisci-
plinaridade haja o psicólogo para estruturar o trabalho de psicoterapia breve, enfatizando-se o momento, na busca de proporcionar um
espaço de reflexão e expressão dos sentimentos, angústias, medos, fantasias, a fim de minimizar o impacto emocional e o estresse viven-
ciado pelos familiares, pacientes e outros profissionais nesse momento da internação. Aprendemos que, o momento de hospitalização
significa uma crise para a família, o que causa uma ruptura daquilo que é esperado na dinâmica familiar. Tanto a família quanto o paciente
que entra no hospital para qualquer tipo de intervenção, não serão mais os mesmo após a sua alta. Eles tomam contato com seu limite,
com sua fragilidade, com sua impotência, mas também é um momento que poderá emergir a sua força e capacidade.Não podemos negar
que aprendemos muito sobre a vida, doença e morte com nossos pacientes, pois a cada momento vamos aos leito ao encontro de pessoas
diferentes, o que acaba por exigir criatividade em nossa prática diária. Cada casa é um casa e vem revestido de particularidades e, é este
o nosso lugar, nosso espaço e nossa função na equipe que requer um exercício de criatividade contínua e, especialmente, de escuta. Em
cada leito com cada doente, com as diferentes doenças e com as diversas famílias, podemos dizer que crescemos.
A diferença do outro, de cada indivíduo, relança uma nova postura de percepção do mundo, pela qual o nosso convívio e aprendizado
mútuo são capazes de reconstruir nossas próprias percepções e, consequentemente nossas representações. (VALENTE 2008)

e. Atendimento de urgência e emergência em desastres naturais e catástrofes.


Vários eventos que ocorreram no Brasil e no mundo, como o ataque com armas químicas na Síria, o tornado no interior do estado de
São Paulo e o incêndio numa fábrica de fertilizantes em Santa Catarina, que produziu uma volumosa fumaça tóxica, surgem questionamen-
tos sobre a atuação dos profissionais de saúde nestes casos emergenciais e diferenciados, por sua natureza e repercussão.
Acidentes em massa podem ter variadas causas, por fenômenos naturais como, inundações, tornados, terremotos, avalanches, erup-
ções vulcânicas, entre outros; por ação humana em forças naturais ou materiais como, acidentes rodoviários, ferroviários, aeroviários
e marítimos, por radiação nuclear, desabamentos, incêndios e explosões, eletrocussão, entre demais exemplos; e outras origens como,
causas combinadas e pânico generalizado com pisoteamento.
A preocupação com tais situações torna-se emergente, mediante os fatos ocorridos recentemente e os grandes eventos que estão
programados para os próximos meses no Brasil.
Os profissionais e instituições de saúde brasileiros estão prontos para agir com eficácia e rapidez em casos com estas naturezas e
magnitudes?
O papel dos Enfermeiros é indispensável e crucial nestes casos, considerando as especificidades que competem a sua profissão.
Nestas situações de desastre, com envolvimento de muitas vítimas, um plano de emergência diferenciado precisa ser implementado.

180
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

O ideal é que as instituições de saúde construam e treinem seus funcionários, para que nestes casos cada profissional saiba como
atuar e gerenciar.
Em situações de desastre com múltiplas vítimas, o cliente com alta prioridade no atendimento é diferente do cliente prioritário de
situações emergenciais. Em acidentes catastróficos os insumos e recursos podem ter disponibilidade limitada, fazendo com que a triagem
e classificação das prioridades mudem. As decisões baseiam-se na probabilidade da sobrevida e no consumo dos recursos disponíveis. O
princípio fundamental que direciona o uso dos recursos é o bem máximo para o máximo de pessoas.
A triagem deve ser rapidamente realizada na cena do desastre, sendo imediatamente identificadas as vítimas prioritárias e iniciadas
as intervenções necessárias, com posterior encaminhamento para as unidades de emergência.

Nos Estados Unidos é utilizado um sistema de triagem com cores para classificação da prioridade de atendimento das pessoas aci-
dentadas (Tabela 1). Conforme a classificação, as pessoas recebem uma pulseira colorida que identifica seu nível de atenção e facilita a
implementação das medidas de preservação da vida.

O Enfermeiro pode desempenhar diferentes funções em eventos catastróficos, sendo seu papel definido mediante as necessidades es-
pecíficas que a instituição de saúde e equipes de trabalho apresentam, bem como as particularidades que o desastre gerou. Por exemplo,
o Enfermeiro pode atuar na triagem principal das vítimas, realizar procedimentos avançados, caso possua capacitação para tal e respaldo
da instituição, dar assistência no luto as famílias com a identificação dos entes queridos, gerenciar e/ou fornecer as atividades de cuidado
em hospitais de campanha (provisórios) ou mesmo coordenar a distribuição dos recursos materiais e humanos entre as equipes de aten-
dimento.
Estes são apenas alguns exemplos das atividades que podem ser realizadas, mas não contemplam todas as atividades desempenhadas
nestes eventos. Há ainda as ações voltadas para o controle e divulgação de informações à mídia e às famílias, o gerenciamento de possí-
veis conflitos internos, como o uso dos recursos disponíveis; de origem étnica/cultural, referente aos hábitos e costumes particulares dos
acidentados e familiares; e de cunho religioso, relacionado às crenças e costumes específicos das vítimas envolvidas, principalmente nos
casos de óbito.
Estes exemplos ilustram algumas situações possíveis em casos de acidentes em massa, devendo ser considerados pelos profissionais
de saúde das equipes de atendimento. São casos que podem acontecer em eventos que envolvam um grande número de turistas, sendo
do próprio país ou estrangeiros.
Concluindo esta primeira parte do artigo, os Enfermeiros devem estar preparados para atuar em novos ambientes e em papéis atípicos
em casos de desastre. O princípio que deve nortear suas ações é o de fazer o bem ao maior número de pessoas que for possível.

f. Acolhimento com avaliação e classificação de risco


A Portaria 2048 do Ministério da Saúde propõe a implantação nas unidades de atendimento de urgências o acolhimento e a “triagem
classificatória de risco”. De acordo com esta Portaria, este processo “deve ser realizado por profissional de saúde, de nível superior, me-
diante treinamento específico e utilização de protocolos pré-estabelecidos e tem por objetivo avaliar o grau de urgência das queixas dos
pacientes, colocando-os em ordem de prioridade para o atendimento” (BRASIL, 2002).

181
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

O Acolhimento com Classificação de Risco – ACCR - se mostra 4 - Pontos importantes na avaliação inicial: sinais vitais – Sat. de
como um instrumento reorganizador dos processos de trabalho na O2 – escala de dor - escala de Glasgow – doenças preexistentes –
tentativa de melhorar e consolidar o Sistema Único de Saúde. Vai idade – dificuldade de comunicação (droga, álcool, retardo mental,
estabelecer mudanças na forma e no resultado do atendimento do etc.);
usuário do SUS. Será um instrumento de humanização. A estratégia 5 - Reavaliar constantemente poderá mudar a classificação.
de implantação da sistemática do Acolhimento com Classificação
de Risco possibilita abrir processos de reflexão e aprendizado ins- AVALIAÇÃO DO PACIENTE (Dados coletados em ficha de aten-
titucional de modo a reestruturar as práticas assistenciais e cons- dimento)
truir novos sentidos e valores, avançando em ações humanizadas • Queixa principal
e compartilhadas, pois necessariamente é um trabalho coletivo e • Início – evolução – tempo de doença
cooperativo. Possibilita a ampliação da resolutividade ao incorporar • Estado físico do paciente
critérios de avaliação de riscos, que levam em conta toda a comple- • Escala de dor e de Glasgow
xidade dos fenômenos saúde/ doença, o grau de sofrimento dos • Classificação de gravidade
usuários e seus familiares, a priorização da atenção no tempo, di- • Medicações em uso, doenças preexistentes, alergias e vícios
minuindo o número de mortes evitáveis, sequelas e internações. A • Dados vitais: pressão arterial, temperatura, saturação de O2
Classificação de Risco deve ser um instrumento para melhor orga-
nizar o fluxo de pacientes que procuram as portas de entrada de
urgência/emergência, gerando um atendimento resolutivo e huma-
nizado.

MISSÕES DO ACOLHIMENTO COM CLASSIFICAÇÃO DE RISCO


1 - Ser instrumento capaz de acolher o cidadão e garantir um
melhor acesso aos serviços de urgência/emergência;
2 - Humanizar o atendimento;
3 - Garantir um atendimento rápido e efetivo.

OBJETIVOS
•Escuta qualificada do cidadão que procura os serviços de ur-
gência/emergência;
• Classificar, mediante protocolo, as queixas dos usuários que
demandam os serviços de urgência/emergência, visando identificar
os que necessitam de atendimento médico mediato ou imediato;
• Construir os fluxos de atendimento na urgência/emergência
considerando todos os serviços da rede de assistência à saúde;
• Funcionar como um instrumento de ordenação e orientação
da assistência, sendo um sistema de regulação da demanda dos ser-
viços de urgência/emergência

EQUIPE
Equipe multiprofissional: enfermeiro, auxiliar de enfermagem,
serviço social, equipe médica, profissionais da portaria/recepção e
estagiários.

PROCESSO DE CLASSIFICAÇÃO
É a identificação dos pacientes que necessitam de intervenção
médica e de cuidados de enfermagem, de acordo com o potencial
de risco, agravos à saúde ou grau de sofrimento, usando um pro-
cesso de escuta qualificada e tomada de decisão baseada em pro-
tocolo e aliada à capacidade de julgamento crítico e experiência do g. Captação, Doação e Transplante de Órgãos e Tecidos
enfermeiro. A - Usuário procura o serviço de urgência. B - É acolhido
pelos funcionários da portaria/recepção ou estagiários e encami- O que é doação de órgãos?
nhado para confecção da ficha de atendimento. C - Logo após é en-
caminhado ao setor de Classificação de Risco, onde é acolhido pelo
auxiliar de enfermagem e enfermeiro que, utilizando informações
da escuta qualificada e da tomada de dados vitais, se baseia no pro-
tocolo e classifica o usuário.

CRITÉRIOS DE CLASSIFICAÇÃO
1 - Apresentação usual da doença;
2 - Sinais de alerta (choque, palidez cutânea, febre alta, des-
maio ou perda da consciência, desorientação, tipo de dor, etc.);
3 - Situação – queixa principal;

182
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Doação de órgãos é um ato nobre que pode salvar vidas. Mui- Existem dois tipos de doador.
tas vezes, o transplante de órgãos pode ser única esperança de vida 1 - O primeiro é o doador vivo. Pode ser qualquer pessoa que
ou a oportunidade de um recomeço para pessoas que precisam de concorde com a doação, desde que não prejudique a sua própria
doação. É preciso que a população se conscientize da importância saúde. O doador vivo pode doar um dos rins, parte do fígado, par-
do ato de doar um órgão. Hoje é com um desconhecido, mas ama- te da medula óssea ou parte do pulmão. Pela lei, parentes até o
nhã pode ser com algum amigo, parente próximo ou até mesmo quarto grau e cônjuges podem ser doadores. Não parentes, só com
você. Doar órgãos é doar vida. autorização judicial.
O transplante de órgãos é um procedimento cirúrgico que con- 2 - O segundo tipo é o doador falecido. São pacientes com mor-
siste na reposição de um órgão (coração, fígado, pâncreas, pulmão, te encefálica, geralmente vítimas de catástrofes cerebrais, como
rim) ou tecido (medula óssea, ossos, córneas) de uma pessoa doen- traumatismo craniano ou AVC (derrame cerebral).
te (receptor) por outro órgão ou tecido normal de um doador, vivo
ou morto. Qual tempo de isquemia de cada órgão?
O tempo de isquemia é o tempo de retirada de um órgão e
O que é morte encefálica? transplante deste em outra pessoa. A tabela abaixo demonstra o
A morte encefálica é a perda completa e irreversível das fun- tempo de isquemia aceitável para cada órgão a ser considerado
ções encefálicas (cerebrais), definida pela cessação das funções para transplante:
corticais e de tronco cerebral, portanto, é a morte de uma pessoa.
Após a parada cardiorrespiratória, pode ser realizada a doação Órgão Tempo de isquemia
de tecidos (córnea, pele, musculoesquelético, por exemplo). A Lei
9.434 estabelece que doação de órgãos pós morte só pode ser feita Coração 04 horas
quando for constatada a morte encefálica. Pulmão 04 a 06 horas
Como é feito o diagnóstico de morte encefálica?
O diagnóstico de morte encefálica é regulamentado pelo Con- Rim 48 horas
selho Federal de Medicina. Em 2017, o CFM retirou a exigência Fígado 12 horas
do médico especialista em neurologia para diagnóstico de morte
Pâncreas 12 horas
encefálica, assunto amplamente debatido e acordado com as enti-
dades médicas.
Deste modo, a constatação da morte encefálica deverá ser Estatísticas
feita por médicos com capacitação específica, observando o pro- As estatísticas do Sistema Nacional de Transplantes (SNT) são a
tocolo estabelecido. Para o diagnóstico de morte encefálica, são consolidação dos dados sobre transplantes, com informações cole-
utilizados critérios precisos, padronizados e passiveis de serem tadas das diversas partes que compõem o SNT. O fornecimento dos
realizados em todo o território nacional. dados é de responsabilidade das secretarias de saúde dos estados e
do Distrito Federal. Os dados estatísticos são essenciais para que o
Quero ser doador de órgãos. O que fazer? Ministério da Saúde possa tomar conhecimento, registrar e divulgar
Se você quer ser doador de órgãos, primeiramente avise a sua a produção das cirurgias realizadas, bem como sistematizar índices
família. Os principais passos para doar órgãos são: que demonstrem o desempenho do setor nas unidades federativas,
regiões e no país como um todo.
Para ser um doador, basta conversar com sua família sobre o
seu desejo de ser doador e deixar claro que eles, seus familiares, QUAIS SÃO OS PRIMEIROS SOCORROS EM CASO DE AFO-
devem autorizar a doação de órgãos. GAMENTO?
No Brasil, a doação de órgãos só será feita após a autorização Em caso de afogamento, a primeira coisa a fazer é tirar a vítima
familiar. da água.
Pela legislação brasileira, não há como garantir efetivamente a O ideal é socorrer a pessoa que está se afogando sem entrar na
vontade do doador, no entanto, observa-se que, na grande maioria água, utilizando uma boia, tábua, colete salva-vidas, corda, galho
dos casos, quando a família tem conhecimento do desejo de doar ou qualquer outro objeto que a faça flutuar ou lhe permita agarrar
do parente falecido, esse desejo é respeitado. Por isso a informa- para não afundar.
ção e o diálogo são absolutamente fundamentais, essenciais e A seguir, providencie um cabo para rebocar a vítima no objeto
necessários. Essa é a modalidade de consentimento que mais se flutuante. O cabo deve ter um laço para que a pessoa possa prendê-
adapta à realidade brasileira. A previsão legal concede maior segu- -lo ao corpo, já que a correnteza pode impedi-la de segurar no cabo.
rança aos envolvidos, tanto para o doador quanto para o receptor Após retirá-la da água, mantenha-a aquecida e peça ajuda li-
e para os serviços de transplantes. gando para o número 193. Se a vítima estiver consciente, deixe-a
A vontade do doador, expressamente registrada, também sentada enquanto aguarda pela chegada da ambulância. Se estiver
pode ser aceita, caso haja decisão judicial nesse sentido. Em razão inconsciente, siga os seguintes primeiros socorros:
disso tudo, orienta-se que a pessoa que deseja ser doador de ór- 1) Deite a vítima de lado e mantenha-a aquecida;
gãos e tecidos comunique sua vontade aos seus familiares. 2) Observe se ela está respirando;
Os órgãos doados vão para pacientes que necessitam de um 3) Ligue e siga as instruções dadas pelo atendente do 193 (leve
transplante e estão aguardando em lista única, definida pela Cen- a vítima ao hospital ou espere pela chegada do socorro).
tral de Transplantes da Secretaria de Saúde de cada estado e con-
trolada pelo Sistema Nacional de Transplantes (SNT). Se a pessoa não estiver respirando, é necessário fazer a reani-
mação cardiopulmonar:
1) Posicione a vítima deitada de barriga para cima sobre uma
superfície plana e firme (a cabeça não deve estar mais alta que os
pés para não prejudicar o fluxo sanguíneo cerebral);

183
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

2) Ajoelhe-se ao lado da vítima, de maneira que os seus ombros fiquem diretamente sobre o meio do tórax dela;
3) Com os braços esticados, coloque as mãos bem no meio do tórax da pessoa (entre os dois mamilos), apoiando uma mão sobre a
outra;
4) Inicie as compressões torácicas, que devem ser fortes, ritmadas e não podem ser interrompidas;
5) Evite a respiração boca a boca se estiver sozinho, não interrompa as compressões cardíacas;
6) O melhor é revezar nas compressões com outra pessoa, mas a troca não deve demorar mais de 1 segundo;
7) A reanimação cardiorrespiratória só deve ser interrompida com a chegada do socorro especializado ou com a reanimação da vítima.

Não tente fazer a ressuscitação dentro da água. Sempre que possível, retire a vítima da água na posição horizontal.
Nunca tente salvar uma vítima de afogamento se não tiver condições para o fazer, mesmo que saiba nadar. É preciso ser um bom
nadador e estar preparado para salvar indivíduos em pânico.

Principais causas de afogamentos


Os afogamentos são comuns durante o verão, época em que as pessoas mais frequentam áreas de rios e mares. Desconhecimento das
condições do local e falta de habilidade do nadador estão entre as principais causas de afogamento.
Além disso, podemos citar como causas de afogamento o mergulho em áreas rasas, que pode levar a traumatismo seguido da aspira-
ção de água, ingestão de bebidas alcoólicas, crises convulsivas, doenças cardiorrespiratórias e câimbras. Em afogamentos em residências,
destacam-se os de crianças que se afogam em banheiras e outros recipientes com água por ficarem sem a supervisão de um adulto.

Denominamos de afogamento primário aquele em que não se observa nenhum fator que levou ao afogamento. Este ocorre natural-
mente em virtude da falta de habilidade da vítima, por exemplo. Já o secundário está relacionado com alguma patologia que dificulte que
a vítima mantenha-se na superfície.

Como ocorre o afogamento?


Quando uma pessoa entra em contato com a água e percebe que sofrerá o afogamento, ela geralmente se desespera e inicia uma luta
para manter-se na superfície. Quando ocorre a submersão, instantaneamente a pessoa prende a respiração. Essa parada da respiração
depende da capacidade física de cada indivíduo.
Quando a pessoa não consegue mais segurar a respiração, uma aspiração de líquido pode ocorrer. Em algumas pessoas, isso é um
estímulo para que haja um reflexo natural que contrai as vias respiratórias e impede que mais água entre no organismo. Essa contração
pode levar à morte por asfixia, um caso que chamamos de afogamento do tipo seco.
Na maioria das pessoas, no entanto, não ocorre esse reflexo e o que acontece é uma grande aspiração de água por causa de movimen-
tos respiratórios involuntários. Isso faz com que a água chegue aos pulmões, levando à perda da substância que promove a abertura dos
alvéolos (surfactante), mudanças na permeabilidade dos capilares e surgimento de edema pulmonar. Com o tempo, o pulmão enche-se
completamente de água, o indivíduo perde a consciência, sofre parada respiratória e morre.

Primeiros socorros em caso de afogamento


Em casos de afogamento, é importante ser muito cauteloso ao tentar salvar a vítima. Quando uma pessoa está se afogando, sua ten-
dência é desesperar-se e segurar na pessoa que está tentando salvá-la, podendo ocasionar outro afogamento. Nesses casos, portanto, é
fundamental jogar algo para que ela se segure, como boias e pneus.

184
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Nesses casos, é fundamental também chamar bombeiros ou


uma ambulância, pois a vítima terá atendimento especializado. Em SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS): PRINCÍPIOS DOU-
pessoas desacordadas e sem sinais de respiração, recomenda-se a TRINÁRIOS E ORGANIZATIVOS, BASES LEGAIS, NOR-
respiração boca a boca e, quando estiver sem pulso, a massagem MATIZAÇÕES, PACTO, PARTICIPAÇÃO E CONTROLE
cardíaca. Quando acordada, é importante manter a vítima deitada SOCIAL, DESAFIOS ATUAIS
de lado e aquecida.
O que é o Sistema Único de Saúde (SUS)?
O que fazer em caso de choque elétrico? O Sistema Único de Saúde (SUS) é um dos maiores e mais com-
Em caso de choque elétrico, os primeiros socorros devem ser plexos sistemas de saúde pública do mundo, abrangendo desde o
prestados rapidamente, pois os primeiros 3 minutos após o choque simples atendimento para avaliação da pressão arterial, por meio
são vitais para socorrer e salvar a vítima. da Atenção Primária, até o transplante de órgãos, garantindo aces-
so integral, universal e gratuito para toda a população do país. Com
A primeira coisa a fazer é interromper o contato da pessoa com a sua criação, o SUS proporcionou o acesso universal ao sistema
a fonte de eletricidade sem encostar diretamente nela. O ideal é público de saúde, sem discriminação. A atenção integral à saúde, e
desligar a chave geral de força. Se não for possível, afaste a vítima não somente aos cuidados assistenciais, passou a ser um direito de
utilizando algum material que não conduza corrente elétrica, como todos os brasileiros, desde a gestação e por toda a vida, com foco
objetos de borracha ou madeira. na saúde com qualidade de vida, visando a prevenção e a promoção
da saúde.
A seguir, chame o resgate através do número 192 e verifique A gestão das ações e dos serviços de saúde deve ser solidária e
se a pessoa está respirando, se consegue se mexer ou emitir algum participativa entre os três entes da Federação: a União, os Estados
som. Caso não verifique nenhum desses sinais, é provável que a e os municípios. A rede que compõe o SUS é ampla e abrange tan-
vítima tenha sofrido uma parada cardíaca ou cadiorrespiratória. to ações quanto os serviços de saúde. Engloba a atenção primária,
média e alta complexidades, os serviços urgência e emergência, a
Nesse caso, inicie imediatamente a reanimação cardíaca, en- atenção hospitalar, as ações e serviços das vigilâncias epidemioló-
quanto espera pela ambulância: gica, sanitária e ambiental e assistência farmacêutica.

Reanimação cardíaca AVANÇO: Conforme a Constituição Federal de 1988 (CF-88), a


Deite a vítima em local seguro, com a barriga para cima; “Saúde é direito de todos e dever do Estado”. No período anterior a
Com uma mão sobre a outra, faça 30 compressões fortes e rit- CF-88, o sistema público de saúde prestava assistência apenas aos
madas no meio do tórax da vítima. Em cada compressão, o peito da trabalhadores vinculados à Previdência Social, aproximadamente
vítima deve afundar cerca de 5 cm. Para isso, recomenda-se usar o 30 milhões de pessoas com acesso aos serviços hospitalares, caben-
peso do próprio corpo para fazer a compressão; do o atendimento aos demais cidadãos às entidades filantrópicas.
Tentando manter um ritmo de aproximadamente 100 a 120
compressões por minuto Estrutura do Sistema Único de Saúde (SUS)
Após as 30 compressões observe se a pessoa está respondendo O Sistema Único de Saúde (SUS) é composto pelo Ministério da
ou se encontra algum pulso, no punho ou pescoço da vítima; se não Saúde, Estados e Municípios, conforme determina a Constituição
volte às compressões; Federal. Cada ente tem suas co-responsabilidades.
Se houver mais alguém, o mais adequado é revezar a massa-
gem a cada 2 minutos, para manter uma compressão eficaz e me- Ministério da Saúde
lhor resultado; Gestor nacional do SUS, formula, normatiza, fiscaliza, monitora
Mantenha as compressões até a pessoa retomar a consciência e avalia políticas e ações, em articulação com o Conselho Nacio-
ou até à chegada do socorro. nal de Saúde. Atua no âmbito da Comissão Intergestores Tripartite
Quanto mais rápido for o atendimento à vítima de uma parada (CIT) para pactuar o Plano Nacional de Saúde. Integram sua estru-
cardiorrespiratória, por choque elétrico, menores são os danos cau- tura: Fiocruz, Funasa, Anvisa, ANS, Hemobrás, Inca, Into e oito hos-
sados ao organismo. pitais federais.

Estudos recentes comprovam que a realização de massagem Secretaria Estadual de Saúde (SES)
cardíaca nos primeiros socorros, possibilita a manutenção do fluxo Participa da formulação das políticas e ações de saúde, pres-
sanguíneo e, portanto, oxigenação dos tecidos, inclusive pulmonar ta apoio aos municípios em articulação com o conselho estadual e
e cerebral, mesmo sem mais a indicação de respiração boca-a-boca, participa da Comissão Intergestores Bipartite (CIB) para aprovar e
salvado muitas vidas. implementar o plano estadual de saúde.

Se o choque elétrico provocar queimaduras, lave a área afetada Secretaria Municipal de Saúde (SMS)
com água corrente à temperatura ambiente, até esfriar o local. Se Planeja, organiza, controla, avalia e executa as ações e serviços
puder mergulhar a queimadura na água, melhor. de saúde em articulação com o conselho municipal e a esfera esta-
dual para aprovar e implantar o plano municipal de saúde.

185
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Conselhos de Saúde Municípios


O Conselho de Saúde, no âmbito de atuação (Nacional, Esta- São responsáveis pela execução das ações e serviços de saúde
dual ou Municipal), em caráter permanente e deliberativo, órgão no âmbito do seu território.O gestor municipal deve aplicar recur-
colegiado composto por representantes do governo, prestadores sos próprios e os repassados pela União e pelo estado. O município
de serviço, profissionais de saúde e usuários, atua na formulação formula suas próprias políticas de saúde e também é um dos par-
de estratégias e no controle da execução da política de saúde na ceiros para a aplicação de políticas nacionais e estaduais de saúde.
instância correspondente, inclusive nos aspectos econômicos e fi- Ele coordena e planeja o SUS em nível municipal, respeitando a
nanceiros, cujas decisões serão homologadas pelo chefe do poder normatização federal. Pode estabelecer parcerias com outros mu-
legalmente constituído em cada esfera do governo. nicípios para garantir o atendimento pleno de sua população, para
Cabe a cada Conselho de Saúde definir o número de membros, procedimentos de complexidade que estejam acima daqueles que
que obedecerá a seguinte composição: 50% de entidades e movi- pode oferecer.
mentos representativos de usuários; 25% de entidades representa-
tivas dos trabalhadores da área de saúde e 25% de representação História do sistema único de saúde (SUS)
de governo e prestadores de serviços privados conveniados, ou As duas últimas décadas foram marcadas por intensas transfor-
sem fins lucrativos. mações no sistema de saúde brasileiro, intimamente relacionadas
com as mudanças ocorridas no âmbito político-institucional. Simul-
Comissão Intergestores Tripartite (CIT) taneamente ao processo de redemocratização iniciado nos anos
Foro de negociação e pactuação entre gestores federal, esta- 80, o país passou por grave crise na área econômico-financeira.
dual e municipal, quanto aos aspectos operacionais do SUS No início da década de 80, procurou-se consolidar o processo
de expansão da cobertura assistencial iniciado na segunda metade
Comissão Intergestores Bipartite (CIB) dos anos 70, em atendimento às proposições formuladas pela OMS
Foro de negociação e pactuação entre gestores estadual e mu- na Conferência de Alma-Ata (1978), que preconizava “Saúde para
nicipais, quanto aos aspectos operacionais do SUS Todos no Ano 2000”, principalmente por meio da Atenção Primária
à Saúde.
Conselho Nacional de Secretário da Saúde (Conass) Nessa mesma época, começa o Movimento da Reforma Sa-
Entidade representativa dos entes estaduais e do Distrito Fe- nitária Brasileira, constituído inicialmente por uma parcela da in-
deral na CIT para tratar de matérias referentes à saúde telectualidade universitária e dos profissionais da área da saúde.
Posteriormente, incorporaram-se ao movimento outros segmentos
Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Co- da sociedade, como centrais sindicais, movimentos populares de
nasems) saúde e alguns parlamentares.
Entidade representativa dos entes municipais na CIT para tra- As proposições desse movimento, iniciado em pleno regime
tar de matérias referentes à saúde autoritário da ditadura militar, eram dirigidas basicamente à cons-
trução de uma nova política de saúde efetivamente democráti-
Conselhos de Secretarias Municipais de Saúde (Cosems) ca, considerando a descentralização, universalização e unificação
São reconhecidos como entidades que representam os entes como elementos essenciais para a reforma do setor.
municipais, no âmbito estadual, para tratar de matérias referentes Várias foram às propostas de implantação de uma rede de ser-
à saúde, desde que vinculados institucionalmente ao Conasems, na viços voltada para a atenção primária à saúde, com hierarquização,
forma que dispuserem seus estatutos. descentralização e universalização, iniciando-se já a partir do Pro-
grama de Interiorização das Ações de Saúde e Saneamento (PIASS),
Responsabilidades dos entes que compõem o SUS em 1976.
Em 1980, foi criado o Programa Nacional de Serviços Básicos
União de Saúde (PREV-SAÚDE) - que, na realidade, nunca saiu do papel -,
A gestão federal da saúde é realizada por meio do Ministério logo seguida pelo plano do Conselho Nacional de Administração da
da Saúde. O governo federal é o principal financiador da rede públi- Saúde Previdenciária (CONASP), em 1982 a partir do qual foi imple-
ca de saúde. Historicamente, o Ministério da Saúde aplica metade mentada a política de Ações Integradas de Saúde (AIS), em 1983.
de todos os recursos gastos no país em saúde pública em todo o Essas constituíram uma estratégia de extrema importância para o
Brasil, e estados e municípios, em geral, contribuem com a outra processo de descentralização da saúde.
metade dos recursos. O Ministério da Saúde formula políticas na- A 8ª Conferência Nacional da Saúde, realizada em março de
cionais de saúde, mas não realiza as ações. Para a realização dos 1986, considerada um marco histórico, consagra os princípios pre-
projetos, depende de seus parceiros (estados, municípios, ONGs, conizados pelo Movimento da Reforma Sanitária.
fundações, empresas, etc.). Também tem a função de planejar, ela- Em 1987 é implementado o Sistema Unificado e Descentrali-
birar normas, avaliar e utilizar instrumentos para o controle do SUS. zado de Saúde (SUDS), como uma consolidação das Ações Integra-
das de Saúde (AIS), que adota como diretrizes a universalização e
Estados e Distrito Federal a equidade no acesso aos serviços, à integralidade dos cuidados, a
Os estados possuem secretarias específicas para a gestão de regionalização dos serviços de saúde e implementação de distritos
saúde. O gestor estadual deve aplicar recursos próprios, inclusive sanitários, a descentralização das ações de saúde, o desenvolvi-
nos municípios, e os repassados pela União. Além de ser um dos mento de instituições colegiadas gestoras e o desenvolvimento de
parceiros para a aplicação de políticas nacionais de saúde, o estado uma política de recursos humanos.
formula suas próprias políticas de saúde. Ele coordena e planeja o O capítulo dedicado à saúde na nova Constituição Federal, pro-
SUS em nível estadual, respeitando a normatização federal. Os ges- mulgada em outubro de 1988, retrata o resultado de todo o proces-
tores estaduais são responsáveis pela organização do atendimento so desenvolvido ao longo dessas duas décadas, criando o Sistema
à saúde em seu território. Único de Saúde (SUS) e determinando que “a saúde é direito de
todos e dever do Estado” (art. 196).

186
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Entre outros, a Constituição prevê o acesso universal e igua- Institui as instâncias colegiadas e os instrumentos de participa-
litário às ações e serviços de saúde, com regionalização e hierar- ção social em cada esfera de governo.
quização, descentralização com direção única em cada esfera de
governo, participação da comunidade e atendimento integral, com Responsabilização Sanitária
prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos servi- Desenvolver responsabilização sanitária é estabelecer clara-
ços assistenciais. mente as atribuições de cada uma das esferas de gestão da saú-
A Lei nº 8.080, promulgada em 1990, operacionaliza as disposi- de pública, assim como dos serviços e das equipes que compõem
ções constitucionais. São atribuições do SUS em seus três níveis de o SUS, possibilitando melhor planejamento, acompanhamento e
governo, além de outras, “ordenar a formação de recursos huma- complementaridade das ações e dos serviços. Os prefeitos, ao as-
nos na área de saúde” (CF, art. 200, inciso III). sumir suas responsabilidades, devem estimular a responsabilização
junto aos gerentes e equipes, no âmbito municipal, e participar do
Princípios do SUS processo de pactuação, no âmbito regional.
São conceitos que orientam o SUS, previstos no artigo 198 da
Constituição Federal de 1988 e no artigo 7º do Capítulo II da Lei n.º Responsabilização Macrossanitária
8.080/1990. Os principais são: O gestor municipal, para assegurar o direito à saúde de seus
Universalidade: significa que o SUS deve atender a todos, sem munícipes, deve assumir a responsabilidade pelos resultados, bus-
distinções ou restrições, oferecendo toda a atenção necessária, cando reduzir os riscos, a mortalidade e as doenças evitáveis, a
sem qualquer custo; exemplo da mortalidade materna e infantil, da hanseníase e da tu-
Integralidade: o SUS deve oferecer a atenção necessária à berculose. Para isso, tem de se responsabilizar pela oferta de ações
saúde da população, promovendo ações contínuas de prevenção e e serviços que promovam e protejam a saúde das pessoas, previ-
tratamento aos indivíduos e às comunidades, em quaisquer níveis nam as doenças e os agravos e recuperem os doentes. A atenção
de complexidade; básica à saúde, por reunir esses três componentes, coloca-se como
Equidade: o SUS deve disponibilizar recursos e serviços com responsabilidade primeira e intransferível a todos os gestores. O
justiça, de acordo com as necessidades de cada um, canalizando cumprimento dessas responsabilidades exige que assumam as atri-
maior atenção aos que mais necessitam; buições de gestão, incluindo:
Participação social: é um direito e um dever da sociedade par- - execução dos serviços públicos de responsabilidade munici-
ticipar das gestões públicas em geral e da saúde pública em par- pal;
ticular; é dever do Poder Público garantir as condições para essa - destinação de recursos do orçamento municipal e utilização
participação, assegurando a gestão comunitária do SUS; e do conjunto de recursos da saúde, com base em prioridades defini-
Descentralização: é o processo de transferência de responsa- das no Plano Municipal de Saúde;
bilidades de gestão para os municípios, atendendo às determina- - planejamento, organização, coordenação, controle e avalia-
ções constitucionais e legais que embasam o SUS, definidor de atri- ção das ações e dos serviços de saúde sob gestão municipal; e
buições comuns e competências específicas à União, aos estados, - participação no processo de integração ao SUS, em âmbito
ao Distrito Federal e aos municípios. regional e estadual, para assegurar a seus cidadãos o acesso a ser-
viços de maior complexidade, não disponíveis no município.
Principais leis
Constituição Federal de 1988: Estabelece que “a saúde é direi- Responsabilização Microssanitária
to de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais É determinante que cada serviço de saúde conheça o território
e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros sob sua responsabilidade. Para isso, as unidades da rede básica de-
agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e aos serviços vem estabelecer uma relação de compromisso com a população a
para sua promoção, proteção e recuperação”. Determina ao Poder ela adstrita e cada equipe de referência deve ter sólidos vínculos te-
Público sua “regulamentação, fiscalização e controle”, que as ações rapêuticos com os pacientes e seus familiares, proporcionando-lhes
e os serviços da saúde “integram uma rede regionalizada e hierar- abordagem integral e mobilização dos recursos e apoios necessá-
quizada e constituem um sistema único”; define suas diretrizes, rios à recuperação de cada pessoa. A alta só deve ocorrer quando
atribuições, fontes de financiamento e, ainda, como deve se dar a da transferência do paciente a outra equipe (da rede básica ou de
participação da iniciativa privada. outra área especializada) e o tempo de espera para essa transfe-
rência não pode representar uma interrupção do atendimento: a
Lei Orgânica da Saúde (LOS), Lei n.º 8.080/1990: Regulamen- equipe de referência deve prosseguir com o projeto terapêutico,
ta, em todo o território nacional, as ações do SUS, estabelece as interferindo, inclusive, nos critérios de acesso.
diretrizes para seu gerenciamento e descentralização e detalha as
competências de cada esfera governamental. Enfatiza a descentra- Instâncias de Pactuação
lização político-administrativa, por meio da municipalização dos São espaços intergovernamentais, políticos e técnicos onde
serviços e das ações de saúde, com redistribuição de poder, com- ocorrem o planejamento, a negociação e a implementação das po-
petências e recursos, em direção aos municípios. Determina como líticas de saúde pública. As decisões se dão por consenso (e não
competência do SUS a definição de critérios, valores e qualidade por votação), estimulando o debate e a negociação entre as partes.
dos serviços. Trata da gestão financeira; define o Plano Municipal
de Saúde como base das atividades e da programação de cada nível Comissão Intergestores Tripartite (CIT): Atua na direção nacio-
de direção do SUS e garante a gratuidade das ações e dos serviços nal do SUS, formada por composição paritária de 15 membros, sen-
nos atendimentos públicos e privados contratados e conveniados. do cinco indicados pelo Ministério da Saúde, cinco pelo Conselho
Nacional de Secretários Estaduais de Saúde (Conass) e cinco pelo
Lei n.º 8.142/1990: Dispõe sobre o papel e a participação das Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems).
comunidades na gestão do SUS, sobre as transferências de recursos A representação de estados e municípios nessa Comissão é, por-
financeiros entre União, estados, Distrito Federal e municípios na tanto regional: um representante para cada uma das cinco regiões
área da saúde e dá outras providências. existentes no País.

187
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Comissões Intergestores Bipartites (CIB): São constituídas pa- Plano de saúde fixa diretriz e metas à saúde municipal
ritariamente por representantes do governo estadual, indicados É responsabilidade do gestor municipal desenvolver o proces-
pelo Secretário de Estado da Saúde, e dos secretários municipais so de planejamento, programação e avaliação da saúde local, de
de saúde, indicados pelo órgão de representação do conjunto dos modo a atender as necessidades da população de seu município
municípios do Estado, em geral denominado Conselho de Secretá- com eficiência e efetividade. O Plano Municipal de Saúde (PMS)
rios Municipais de Saúde (Cosems). Os secretários municipais de deve orientar as ações na área, incluindo o orçamento para a sua
Saúde costumam debater entre si os temas estratégicos antes de execução. Um instrumento fundamental para nortear a elaboração
apresentarem suas posições na CIB. Os Cosems são também ins- do PMS é o Plano Nacional de Saúde. Cabe ao Conselho Municipal
tâncias de articulação política entre gestores municipais de saúde, de Saúde estabelecer as diretrizes para a formulação do PMS, em
sendo de extrema importância a participação dos gestores locais função da análise da realidade e dos problemas de saúde locais,
nesse espaço. assim como dos recursos disponíveis. No PMS, devem ser descritos
os principais problemas da saúde pública local, suas causas, con-
Espaços regionais: A implementação de espaços regionais de sequências e pontos críticos. Além disso, devem ser definidos os
pactuação, envolvendo os gestores municipais e estaduais, é uma objetivos e metas a serem atingidos, as atividades a serem execu-
necessidade para o aperfeiçoamento do SUS. Os espaços regionais tadas, os cronogramas, as sistemáticas de acompanhamento e de
devem-se organizar a partir das necessidades e das afinidades es- avaliação dos resultados.
pecíficas em saúde existentes nas regiões.
Sistemas de informações ajudam a planejar a saúde: O SUS
Descentralização opera e/ou disponibiliza um conjunto de sistemas de informações
O princípio de descentralização que norteia o SUS se dá, es- estratégicas para que os gestores avaliem e fundamentem o pla-
pecialmente, pela transferência de responsabilidades e recursos nejamento e a tomada de decisões, abrangendo: indicadores de
para a esfera municipal, estimulando novas competências e capa- saúde; informações de assistência à saúde no SUS (internações
cidades político-institucionais dos gestores locais, além de meios hospitalares, produção ambulatorial, imunização e atenção básica);
adequados à gestão de redes assistenciais de caráter regional e ma- rede assistencial (hospitalar e ambulatorial); morbidade por local
crorregional, permitindo o acesso, a integralidade da atenção e a de internação e residência dos atendidos pelo SUS; estatísticas
racionalização de recursos. Os estados e a União devem contribuir vitais (mortalidade e nascidos vivos); recursos financeiros, infor-
para a descentralização do SUS, fornecendo cooperação técnica e mações demográficas, epidemiológicas e socioeconômicas. Cami-
financeira para o processo de municipalização. nha-se rumo à integração dos diversos sistemas informatizados de
base nacional, que podem ser acessados no site do Datasus. Nesse
Regionalização: consensos e estratégias - As ações e os ser- processo, a implantação do Cartão Nacional de Saúde tem papel
viços de saúde não podem ser estruturados apenas na escala dos central. Cabe aos prefeitos conhecer e monitorar esse conjunto de
municípios. Existem no Brasil milhares de pequenas municipalida- informações essenciais à gestão da saúde do seu município.
des que não possuem em seus territórios condições de oferecer
serviços de alta e média complexidade; por outro lado, existem Níveis de atenção à saúde: O SUS ordena o cuidado com a
municípios que apresentam serviços de referência, tornando-se saúde em níveis de atenção, que são de básica, média e alta com-
polos regionais que garantem o atendimento da sua população e plexidade. Essa estruturação visa à melhor programação e planeja-
de municípios vizinhos. Em áreas de divisas interestaduais, são fre- mento das ações e dos serviços do sistema de saúde. Não se deve,
quentes os intercâmbios de serviços entre cidades próximas, mas porém, desconsiderar algum desses níveis de atenção, porque a
de estados diferentes. Por isso mesmo, a construção de consensos atenção à saúde deve ser integral.
e estratégias regionais é uma solução fundamental, que permitirá A atenção básica em saúde constitui o primeiro nível de aten-
ao SUS superar as restrições de acesso, ampliando a capacidade de ção à saúde adotada pelo SUS. É um conjunto de ações que engloba
atendimento e o processo de descentralização. promoção, prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação. De-
senvolve-se por meio de práticas gerenciais e sanitárias, democrá-
O Sistema Hierarquizado e Descentralizado: As ações e servi- ticas e participativas, sob a forma de trabalho em equipe, dirigidas
ços de saúde de menor grau de complexidade são colocadas à dis- a populações de territórios delimitados, pelos quais assumem res-
posição do usuário em unidades de saúde localizadas próximas de ponsabilidade.
seu domicílio. As ações especializadas ou de maior grau de comple- Utiliza tecnologias de elevada complexidade e baixa densidade,
xidade são alcançadas por meio de mecanismos de referência, or- objetivando solucionar os problemas de saúde de maior frequência
ganizados pelos gestores nas três esferas de governo. Por exemplo: e relevância das populações. É o contato preferencial dos usuários
O usuário é atendido de forma descentralizada, no âmbito do mu- com o sistema de saúde. Deve considerar o sujeito em sua singu-
nicípio ou bairro em que reside. Na hipótese de precisar ser atendi- laridade, complexidade, inteireza e inserção sociocultural, além de
do com um problema de saúde mais complexo, ele é referenciado, buscar a promoção de sua saúde, a prevenção e tratamento de do-
isto é, encaminhado para o atendimento em uma instância do SUS enças e a redução de danos ou de sofrimentos que possam compro-
mais elevada, especializada. Quando o problema é mais simples, o meter suas possibilidades de viver de modo saudável.
cidadão pode ser contrarreferenciado, isto é, conduzido para um As Unidades Básicas são prioridades porque, quando as Unida-
atendimento em um nível mais primário. des Básicas de Saúde funcionam adequadamente, a comunidade
consegue resolver com qualidade a maioria dos seus problemas de
saúde. É comum que a primeira preocupação de muitos prefeitos
se volte para a reforma ou mesmo a construção de hospitais. Para o
SUS, todos os níveis de atenção são igualmente importantes, mas a
prática comprova que a atenção básica deve ser sempre prioritária,
porque possibilita melhor organização e funcionamento também
dos serviços de média e alta complexidade.

188
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Estando bem estruturada, ela reduzirá as filas nos prontos so- ningites, a malária na região amazônica, a dengue, a tuberculose
corros e hospitais, o consumo abusivo de medicamentos e o uso e a hanseníase. Observamos, ainda, aumento da mortalidade por
indiscriminado de equipamentos de alta tecnologia. Isso porque causas externas, como acidentes de trânsito, conflitos, homicídios
os problemas de saúde mais comuns passam a ser resolvidos nas e suicídios, atingindo, principalmente, jovens e população em idade
Unidades Básicas de Saúde, deixando os ambulatórios de especiali- produtiva. Nesse contexto, o Ministério da Saúde com o objetivo
dades e hospitais cumprirem seus verdadeiros papéis, o que resul- de integração, fortalecimento da capacidade de gestão e redução
ta em maior satisfação dos usuários e utilização mais racional dos da morbimortalidade, bem como dos fatores de risco associados
recursos existentes. à saúde, expande o objeto da vigilância em saúde pública, abran-
Saúde da Família: é a saúde mais perto do cidadão. É parte gendo as áreas de vigilância das doenças transmissíveis, agravos e
da estratégia de estruturação eleita pelo Ministério da Saúde para doenças não transmissíveis e seus fatores de riscos; a vigilância am-
reorganização da atenção básica no País, com recursos financeiros biental em saúde e a análise de situação de saúde.
específicos para o seu custeio. Cada equipe é composta por um Competências municipais na vigilância em saúde
conjunto de profissionais (médico, enfermeiro, auxiliares de enfer- Compete aos gestores municipais, entre outras atribuições, as
magem e agentes comunitários de saúde, podendo agora contar atividades de notificação e busca ativa de doenças compulsórias,
com profissional de saúde bucal) que se responsabiliza pela situa- surtos e agravos inusitados; investigação de casos notificados em
ção de saúde de determinada área, cuja população deve ser de no seu território; busca ativa de declaração de óbitos e de nascidos vi-
mínimo 2.400 e no máximo 4.500 pessoas. Essa população deve vos; garantia a exames laboratoriais para o diagnóstico de doenças
ser cadastrada e acompanhada, tornando-se responsabilidade das de notificação compulsória; monitoramento da qualidade da água
equipes atendê-la, entendendo suas necessidades de saúde como para o consumo humano; coordenação e execução das ações de
resultado também das condições sociais, ambientais e econômicas vacinação de rotina e especiais (campanhas e vacinações de blo-
em que vive. Os profissionais é que devem ir até suas casas, porque queio); vigilância epidemiológica; monitoramento da mortalidade
o objetivo principal da Saúde da Família é justamente aproximar as infantil e materna; execução das ações básicas de vigilância sanitá-
equipes das comunidades e estabelecer entre elas vínculos sólidos. ria; gestão e/ou gerência dos sistemas de informação epidemioló-
gica, no âmbito municipal; coordenação, execução e divulgação das
atividades de informação, educação e comunicação de abrangência
A saúde municipal precisa ser integral. O município é respon-
municipal; participação no financiamento das ações de vigilância
sável pela saúde de sua população integralmente, ou seja, deve
em saúde e capacitação de recursos.
garantir que ela tenha acessos à atenção básica e aos serviços es-
pecializados (de média e alta complexidade), mesmo quando locali-
Desafios públicos, responsabilidades compartilhadas: A legis-
zados fora de seu território, controlando, racionalizando e avalian-
lação brasileira – Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e legislação
do os resultados obtidos.
sanitária, incluindo as Leis n.º 8.080/1990 e 8.142/1990 – estabe-
Só assim estará promovendo saúde integral, como determina
lece prerrogativas, deveres e obrigações a todos os governantes. A
a legislação. É preciso que isso fique claro, porque muitas vezes o
Constituição Federal define os gastos mínimos em saúde, por es-
gestor municipal entende que sua responsabilidade acaba na aten-
fera de governo, e a legislação sanitária, os critérios para as trans-
ção básica em saúde e que as ações e os serviços de maior comple- ferências intergovernamentais e alocação de recursos financeiros.
xidade são responsabilidade do Estado ou da União – o que não é Essa vinculação das receitas objetiva preservar condições mínimas
verdade. e necessárias ao cumprimento das responsabilidades sanitárias e
A promoção da saúde é uma estratégia por meio da qual os garantir transparência na utilização dos recursos disponíveis. A res-
desafios colocados para a saúde e as ações sanitárias são pensa- ponsabilização fiscal e sanitária de cada gestor e servidor público
dos em articulação com as demais políticas e práticas sanitárias e deve ser compartilhada por todos os entes e esferas governamen-
com as políticas e práticas dos outros setores, ampliando as pos- tais, resguardando suas características, atribuições e competências.
sibilidades de comunicação e intervenção entre os atores sociais O desafio primordial dos governos, sobretudo na esfera municipal,
envolvidos (sujeitos, instituições e movimentos sociais). A promo- é avançar na transformação dos preceitos constitucionais e legais
ção da saúde deve considerar as diferenças culturais e regionais, que constituem o SUS em serviços e ações que assegurem o direito
entendendo os sujeitos e as comunidades na singularidade de suas à saúde, como uma conquista que se realiza cotidianamente em
histórias, necessidades, desejos, formas de pertencer e se relacio- cada estabelecimento, equipe e prática sanitária. É preciso inovar
nar com o espaço em que vivem. Significa comprometer-se com os e buscar, coletiva e criativamente, soluções novas para os velhos
sujeitos e as coletividades para que possuam, cada vez mais, auto- problemas do nosso sistema de saúde. A construção de espaços de
nomia e capacidade para manejar os limites e riscos impostos pela gestão que permitam a discussão e a crítica, em ambiente demo-
doença, pela constituição genética e por seu contexto social, polí- crático e plural, é condição essencial para que o SUS seja, cada vez
tico, econômico e cultural. A promoção da saúde coloca, ainda, o mais, um projeto que defenda e promova a vida.
desafio da intersetorialidade, com a convocação de outros setores
sociais e governamentais para que considerem parâmetros sanitá- Muitos municípios operam suas ações e serviços de saúde em
rios, ao construir suas políticas públicas específicas, possibilitando condições desfavoráveis, dispondo de recursos financeiros e equi-
a realização de ações conjuntas. pes insuficientes para atender às demandas dos usuários, seja em
volume, seja em complexidade – resultado de uma conjuntura so-
Vigilância em saúde: expande seus objetivos. Em um país com cial de extrema desigualdade. Nessas situações, a gestão pública
as dimensões do Brasil, com realidades regionais bastante diver- em saúde deve adotar condução técnica e administrativa compa-
sificadas, a vigilância em saúde é um grande desafio. Apesar dos tível com os recursos existentes e criativa em sua utilização. Deve
avanços obtidos, como a erradicação da poliomielite, desde 1989, estabelecer critérios para a priorização dos gastos, orientados por
e com a interrupção da transmissão de sarampo, desde 2000, con- análises sistemáticas das necessidades em saúde, verificadas junto
vivemos com doenças transmissíveis que persistem ou apresentam à população. É um desafio que exige vontade política, propostas
incremento na incidência, como a AIDS, as hepatites virais, as me- inventivas e capacidade de governo.

189
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios compar- etc.) e a possibilidade de o setor participar, complementarmente,
tilham as responsabilidades de promover a articulação e a intera- do setor público; -- e o art. 200, das atribuições dos órgãos e enti-
ção dentro do Sistema Único de Saúde – SUS, assegurando o acesso dades que compõem o sistema público de saúde. O SUS é mencio-
universal e igualitário às ações e serviços de saúde. nado somente nos arts. 198 e 200.
O SUS é um sistema de saúde, regionalizado e hierarquizado, A leitura do art. 198 deve sempre ser feita em consonância
que integra o conjunto das ações de saúde da União, Estados, Dis- com a segunda parte do art. 196 e com o art. 200. O art. 198 estatui
trito Federal e Municípios, onde cada parte cumpre funções e com- que todas as ações e serviços públicos de saúde constituem um úni-
petências específicas, porém articuladas entre si, o que caracteriza co sistema. Aqui temos o SUS. E esse sistema tem como atribuição
os níveis de gestão do SUS nas três esferas governamentais. garantir ao cidadão o acesso às ações e serviços públicos de saúde
Criado pela Constituição Federal de 1988 e regulamentado (segunda parte do art. 196), conforme campo demarcado pelo art.
pela Lei nº 8.080/90, conhecida como a Lei Orgânica da Saúde, e 200 e leis específicas.
pela Lei nº 8.142/90, que trata da participação da comunidade na O art. 200 define em que campo deve o SUS atuar. As atribui-
gestão do Sistema e das transferências intergovernamentais de re- ções ali relacionadas não são taxativas ou exaustivas. Outras po-
cursos financeiros, o SUS tem normas e regulamentos que discipli- derão existir, na forma da lei. E as atribuições ali elencadas depen-
nam as políticas e ações em cada Subsistema. dem, também, de lei para a sua exequibilidade.
A Sociedade, nos termos da Legislação, participa do planeja- Em 1990, foi editada a Lei n. 8.080/90 que, em seus arts. 5º e
mento e controle da execução das ações e serviços de saúde. Essa 6º, cuidou dos objetivos e das atribuições do SUS, tentando melhor
participação se dá por intermédio dos Conselhos de Saúde, presen- explicitar o art. 200 da CF (ainda que, em alguns casos, tenha repe-
tido os incisos daquele artigo, tão somente).
tes na União, nos Estados e Municípios.
São objetivos do SUS:
a) a identificação e divulgação dos fatores condicionantes e de-
Níveis de Gestão do SUS
terminantes da saúde;
Esfera Federal - Gestor: Ministério da Saúde - Formulação da
b) a formulação de políticas de saúde destinadas a promover,
política estadual de saúde, coordenação e planejamento do SUS em nos campos econômico e social, a redução de riscos de doenças e
nível Estadual. Financiamento das ações e serviços de saúde por outros agravos; e
meio da aplicação/distribuição de recursos públicos arrecadados. c) execução de ações de promoção, proteção e recuperação
Esfera Estadual - Gestor: Secretaria Estadual de Saúde - For- da saúde, integrando as ações assistenciais com as preventivas, de
mulação da política municipal de saúde e a provisão das ações e modo a garantir às pessoas a assistência integral à sua saúde.
serviços de saúde, financiados com recursos próprios ou transferi-
dos pelo gestor federal e/ou estadual do SUS. O art. 6º, estabelece como competência do Sistema a execução
Esfera Municipal - Gestor: Secretaria Municipal de Saúde - For- de ações e serviços de saúde descritos em seus 11 incisos.
mulação de políticas nacionais de saúde, planejamento, normaliza- O SUS deve atuar em campo demarcado pela lei, em razão do
ção, avaliação e controle do SUS em nível nacional. Financiamento disposto no art. 200 da CF e porque o enunciado constitucional de
das ações e serviços de saúde por meio da aplicação/distribuição de que saúde é direito de todos e dever do Estado, não tem o condão
recursos públicos arrecadados. de abranger as condicionantes econômico-sociais da saúde, tam-
pouco compreender, de forma ampla e irrestrita, todas as possíveis
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE e imagináveis ações e serviços de saúde, até mesmo porque haverá
Pela dicção dos arts. 196 e 198 da CF, podemos afirmar que sempre um limite orçamentário e um ilimitado avanço tecnológico
somente da segunda parte do art. 196 se ocupa o Sistema Único de a criar necessidades infindáveis e até mesmo questionáveis sob o
Saúde, de forma mais concreta e direta, sob pena de a saúde, como ponto de vista ético, clínico, familiar, terapêutico, psicológico.
setor, como uma área da Administração Pública, se ver obrigada a Será a lei que deverá impor as proporções, sem, contudo, é
cuidar de tudo aquilo que possa ser considerado como fatores que obvio, cercear o direito à promoção, proteção e recuperação da
condicionam e interferem com a saúde individual e coletiva. Isso saúde. E aqui o elemento delimitador da lei deverá ser o da digni-
seria um arrematado absurdo e deveríamos ter um super Minis- dade humana.
tério e super Secretarias da Saúde responsáveis por toda política Lembramos, por oportuno que, o Projeto de Lei Complementar
social e econômica protetivas da saúde. n. 01/2003 -- que se encontra no Congresso Nacional para regu-
Se a Constituição tratou a saúde sob grande amplitude, isso lamentar os critérios de rateio de transferências dos recursos da
União para Estados e Municípios – busca disciplinar, de forma mais
não significa dizer que tudo o que está ali inserido corresponde a
clara e definitiva, o que são ações e serviços de saúde e estabe-
área de atuação do Sistema Único de Saúde.
lecer o que pode e o que não pode ser financiado com recursos
Repassando, brevemente, aquela seção do capítulo da Seguri-
dos fundos de saúde. Esses parâmetros também servirão para cir-
dade Social, temos que: -- o art. 196, de maneira ampla, cuida do
cunscrever o que deve ser colocado à disposição da população, no
direito à saúde; -- o art. 197 trata da relevância pública das ações âmbito do SUS, ainda que o art. 200 da CF e o art. 6º da LOS tenham
e serviços de saúde, públicos e privados, conferindo ao Estado o definido o campo de atuação do SUS, fazendo pressupor o que são
direito e o dever de regulamentar, fiscalizar e controlar o setor (pú- ações e serviços públicos de saúde, conforme dissemos acima. (O
blico e privado); -- o art. 198 dispõe sobre as ações e os serviços Conselho Nacional de Saúde e o Ministério da Saúde também dis-
públicos de saúde que devem ser garantidos a todos cidadãos para ciplinaram o que são ações e serviços de saúde em resoluções e
a sua promoção, proteção e recuperação, ou seja, dispõe sobre o portarias).
Sistema Único de Saúde; -- o art. 199, trata da liberdade da inicia-
tiva privada, suas restrições (não pode explorar o sangue, por ser O QUE FINANCIAR COM OS RECURSOS DA SAÚDE?
bem fora do comércio; deve submeter-se à lei quanto à remoção de De plano, excetuam-se da área da saúde, para efeito de finan-
órgãos e tecidos e partes do corpo humano; não pode contar com ciamento, (ainda que absolutamente relevantes como indicadores
a participação do capital estrangeiro na saúde privada; não pode epidemiológicos da saúde) as condicionantes econômico-sociais.
receber auxílios e subvenções, se for entidade de fins econômicos Os órgãos e entidades do SUS devem conhecer e informar à socie-

190
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

dade e ao governo os fatos que interferem na saúde da população a) política nacional de saúde;
com vistas à adoção de políticas públicas, sem, contudo, estarem b) coordenação e fiscalização do Sistema Único de Saúde; c)
obrigados a utilizar recursos do fundo de saúde para intervir nessas saúde ambiental e ações de promoção, proteção e recuperação da
causas. saúde individual e coletiva, inclusive a dos trabalhadores e dos ín-
Quem tem o dever de adotar políticas sociais e econômicas dios;
que visem evitar o risco da doença é o Governo como um todo (po- d) informações em saúde;
líticas de governo), e não a saúde, como setor (políticas setoriais). e) insumos críticos para a saúde;
A ela, saúde, compete atuar nos campos demarcados pelos art. 200 f) ação preventiva em geral, vigilância e controle sanitário de
da CF e art. 6º da Lei n. 8.080/90 e em outras leis específicas. fronteiras e de portos marítimos, fluviais e aéreos;
Como exemplo, podemos citar os servidores da saúde que de- g) vigilância em saúde, especialmente quanto às drogas, medi-
vem ser pagos com recursos da saúde, mas o seu inativo, não; não camentos e alimentos;
porque os inativos devem ser pagos com recursos da Previdência h) pesquisa científica e tecnológica na área da saúde.
Social. Idem quanto as ações da assistência social, como bolsa-a-
limentação, bolsa-família, vale-gás, renda mínima, fome zero, que
Ao Ministério da Saúde compete a vigilância sobre alimentos
devem ser financiadas com recursos da assistência social, setor ao
(registro, fiscalização, controle de qualidade) e não a prestação de
qual incumbe promover e prover as necessidades das pessoas ca-
serviços que visem fornecer alimentos às pessoas de baixa renda.
rentes visando diminuir as desigualdades sociais e suprir suas ca-
O fornecimento de cesta básica, merenda escolar, alimentação
rências básicas imediatas. Isso tudo interfere com a saúde, mas não
pode ser administrada nem financiada pelo setor saúde. a crianças em idade escolar, idosos, trabalhadores rurais temporá-
O saneamento básico é outro bom exemplo. A Lei n. 8.080/90, rios, portadores de moléstias graves, conforme previsto na Lei do
em seu art. 6º, II, dispõe que o SUS deve participar na formulação Estado do Rio de Janeiro, são situações de carência que necessitam
da política e na execução de ações de saneamento básico. Por sua de apoio do Poder Público, sem sombra de dúvida, mas no âmbito
vez, o § 3º do art. 32, reza que as ações de saneamento básico que da assistência socialou de outro setor da Administração Pública e
venham a ser executadas supletivamente pelo SUS serão financia- com recursos que não os do fundo de saúde. Não podemos mais
das por recursos tarifários específicos e outros da União, Estados, confundir assistência social com saúde. A alimentação interessa à
DF e Municípios e não com os recursos dos fundos de saúde. saúde, mas não está em seu âmbito de atuação.
Nesse ponto gostaríamos de abrir um parêntese para comen- Tanto isso é fato que a Lei n. 8.080/90, em seu art. 12, estabe-
tar o Parecer do Sr. Procurador Geral da República, na ADIn n. leceu que “serão criadas comissões intersetoriais de âmbito nacio-
3087-6/600-RJ, aqui mencionado. nal, subordinadas ao Conselho Nacional de Saúde, integradas pelos
O Governo do Estado do Rio de Janeiro, pela Lei n. 4.179/03, Ministérios e órgãos competentes e por entidades representativas
instituiu o Programa Estadual de Acesso à Alimentação – PEAA, da sociedade civil”, dispondo seu parágrafo único que “as comis-
determinando que suas atividades correrão à conta do orçamento sões intersetoriais terão a finalidade de articular políticas e progra-
do Fundo Estadual da Saúde , vinculado à Secretaria de Estado da mas de interesse para a saúde, cuja execução envolva áreas não
Saúde. O PSDB, entendendo ser a lei inconstitucional por utilizar compreendidas no âmbito do Sistema Único de Saúde”. Já o seu
recursos da saúde para uma ação que não é de responsabilidade art. 13, destaca, algumas dessas atividades, mencionando em seu
da área da saúde, moveu ação direta de inconstitucionalidade, com inciso I a “alimentação e nutrição”.
pedido de cautelar. O parâmetro para o financiamento da saúde deve ser as atri-
O Sr. Procurador da República (Parecer n. 5147/CF), opinou buições que foram dadas ao SUS pela Constituição e por leis espe-
pela improcedência da ação por entender que o acesso à alimenta- cíficas e não a 1º parte do art. 196 da CF, uma vez que os fatores
ção é indissociável do acesso à saúde, assim como os medicamen- que condicionam a saúde são os mais variados e estão inseridos
tos o são e que as pessoas de baixa renda devem ter atendidas a nas mais diversas áreas da Administração Pública, não podendo ser
necessidade básica de alimentar-se. considerados como competência dos órgãos e entidades que com-
Infelizmente, mais uma vez confundiu-se “saúde” com “assis-
põe o Sistema Único de Saúde.
tência social”, áreas da Seguridade Social, mas distintas entre si.
A alimentação é um fator que condiciona a saúde tanto quanto o
DA INTEGRALIDADE DA ASSISTÊNCIA
saneamento básico, o meio ambiente degradado, a falta de renda
Vencida esta etapa, adentramos em outra, no interior do setor
e lazer, a falta de moradia, dentre tantos outros fatores condicio-
nantes e determinantes, tal qual mencionado no art. 3º da Lei n. saúde - SUS, que trata da integralidade da assistência à saúde. O
8.080/90. art. 198 da CF determina que o Sistema Único de Saúde deve ser or-
A Lei n. 8.080/90 ao dispor sobre o campo de atuação do SUS ganizado de acordo com três diretrizes, dentre elas, o atendimento
incluiu a vigilância nutricional e a orientação alimentar, atividades integral que pressupõe a junção das atividades preventivas, que de-
complexas que não tem a ver com o fornecimento, puro e simples, vem ser priorizadas, com as atividades assistenciais, que também
de bolsa-alimentação, vale-alimentação ou qualquer outra forma não podem ser prejudicadas.
de garantia de mínimos existenciais e sociais, de atribuição da assis- A Lei n. 8.080/90, em seu art. 7º (que dispõe sobre os princí-
tência social ou de outras áreas da Administração Pública voltadas pios e diretrizes do SUS), define a integralidade da assistência como
para corrigir as desigualdades sociais. A vigilância nutricional deve “o conjunto articulado e contínuo das ações e serviços preventivos
ser realizada pelo SUS em articulação com outros órgãos e setores e curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada caso em to-
governamentais em razão de sua interface com a saúde. São ativi- dos os níveis de complexidade do sistema”.
dades que interessam a saúde, mas as quais, a saúde como setor, A integralidade da assistência exige que os serviços de saúde
não as executa. Por isso a necessidade das comissões intersetoriais sejam organizados de forma a garantir ao indivíduo e à coletividade
previstas na Lei n. 8.080/90. a proteção, a promoção e a recuperação da saúde, de acordo com
A própria Lei n. 10.683/2003, que organiza a Presidência da as necessidades de cada um em todos os níveis de complexidade
República, estatuiu em seu art. 27, XX ser atribuição do Ministério do sistema.
da Saúde:

191
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Vê-se, pois, que a assistência integral não se esgota nem se Na realidade, cada ente político deve ser eticamente respon-
completa num único nível de complexidade técnica do sistema, sável pela saúde integral da pessoa que está sob atenção em seus
necessitando, em grande parte, da combinação ou conjugação de serviços, cabendo-lhe responder civil, penal e administrativamente
serviços diferenciados, que nem sempre estão à disposição do cida- apenas pela omissão ou má execução dos serviços que estão sob
dão no seu município de origem. Por isso a lei sabiamente definiu seu encargo no seu plano de saúde que, por sua vez, deve guardar
a integralidade da assistência como a satisfação de necessidades consonância com os pactos da regionalização, consubstanciados
individuais e coletivas que devem ser realizadas nos mais diversos em instrumentos jurídicos competentes .
patamares de complexidade dos serviços de saúde, articulados pe- Nesse ponto, temos ainda a considerar que, dentre as atribui-
los entes federativos, responsáveis pela saúde da população. ções do SUS, uma das mais importantes -- objeto de reclamações
A integralidade da assistência é interdependente; ela não se e ações judiciais -- é a assistência terapêutica integral. Por sua in-
completa nos serviços de saúde de um só ente da federação. Ela dividualização, imediatismo, apelo emocional e ético, urgência e
só finaliza, muitas vezes, depois de o cidadão percorrer o caminho emergência, a assistência terapêutica destaca-se dentre todas as
traçado pela rede de serviços de saúde, em razão da complexidade demais atividades da saúde como a de maior reivindicação indivi-
da assistência dual. Falemos dela no tópico seguinte.
E para a delimitação das responsabilidades de cada ente da fe-
deração quanto ao seu comprometimento com a integralidade da
assistência, foram criados instrumentos de gestão, como o plano de
saúde e as formas de gestão dos serviços de saúde. VIGILÂNCIA EM SAÚDE

Desse modo, devemos centrar nossas atenções no plano de


saúde, por ser ele a base de todas as atividades e programações da 1. Vigilância em Saúde
saúde, em cada nível de governo do Sistema Único de Saúde, o qual A Atenção Básica (AB), como primeiro nível de atenção do
deverá ser elaborado de acordo com diretrizes legais estabelecidas Sistema Único de Saúde (SUS), caracteriza-se por um conjunto de
na Lei n. 8.080/90: epidemiologia e organização de serviços (arts. ações no âmbito individual e coletivo, que abrange a promoção e
7º VII e 37). O plano de saúde deve ser a referência para a demar- proteção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tra-
cação de responsabilidades técnicas, administrativas e jurídicas dos tamento, a reabilitação e visa à manutenção da saúde. Deve ser
entes políticos. desenvolvida por equipes multiprofissionais, de maneira a desen-
Sem planos de saúde -- elaborados de acordo com as diretri- volver responsabilidade sanitária sobre as diferentes comunidades
zes legais, associadas àquelas estabelecidas nas comissões intergo- adscritas à territórios bem delimitados, deve considerar suas carac-
vernamentais trilaterais, principalmente no que se refere à divisão terísticas sócio-culturais e dinamicidade e, de maneira programada,
de responsabilidades -- o sistema ficará ao sabor de ideologias e organizar atividades voltadas ao cuidado longitudinal das famílias
decisões unilaterais das autoridades dirigentes da saúde, quando da comunidade.
a regra que perpassa todo o sistema é a da cooperação e da conju- A Saúde da Família é a estratégia para organização da Atenção
gação de recursos financeiros, tecnológicos, materiais, humanos da Básica no SUS.
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, em redes Propõe a reorganização das práticas de saúde que leve em
regionalizadas de serviços, nos termos dos incisos IX, b e XI do art. conta a necessidade de adequar as ações e serviços à realidade da
7º e art. 8º da Lei n. 8.080/90. população em cada unidade territorial, definida em função das ca-
Por isso, o plano de saúde deve ser o instrumento de fixação racterísticas sociais, epidemiológicas e sanitárias. Busca uma prá-
de responsabilidades técnicas, administrativas e jurídicas quanto tica de saúde que garanta a promoção à saúde, à continuidade do
à integralidade da assistência, uma vez que ela não se esgota, na cuidado, a integralidade da atenção, a prevenção e, em especial, a
maioria das vezes, na instância de governo-sede do cidadão. Ressal- responsabilização pela saúde da população, com ações permanen-
te-se, ainda, que o plano de saúde é a expressão viva dos interesses tes de vigilância em saúde.
da população, uma vez que, elaborado pelos órgãos competentes Na Saúde da Família, os profissionais realizam o cadastramento
governamentais, deve ser submetido ao conselho de saúde, repre- domiciliar, diagnóstico situacional e ações dirigidas à solução dos
sentante da comunidade no SUS, a quem compete, discutir, apro- problemas de saúde, de maneira pactuada com a comunidade, bus-
var e acompanhar a sua execução, em todos os seus aspectos. cando o cuidado dos indivíduos e das famílias. A atuação desses
Lembramos, ainda, que o planejamento sendo ascendente, profissionais não está limitada à ação dentro da Unidade Básica de
iniciando-se da base local até a federal, reforça o sentido de que Saúde (UBS), ela ocorre também nos domicílios e nos demais espa-
a integralidade da assistência só se completa com o conjunto arti- ços comunitários (escolas, associações, entre outros).
culado de serviços, de responsabilidade dos diversos entes gover- A Vigilância em Saúde, entendida como uma forma de pensar e
namentais. agir, tem como objetivo a análise permanente da situação de saúde
Resumindo, podemos afirmar que, nos termos do art. 198, II, da população e a organização e execução de práticas de saúde ade-
da CF, c/c os arts. 7º, II e VII, 36 e 37, da Lei n. 8.080/90, a integra- quadas ao enfrentamento dos problemas existentes.
lidade da assistência não é um direito a ser satisfeito de maneira É composta pelas ações de vigilância, promoção, prevenção e
aleatória, conforme exigências individuais do cidadão ou de acordo controle de doenças e agravos à saúde, devendo constituir-se em
com a vontade do dirigente da saúde, mas sim o resultado do plano um espaço de articulação de conhecimentos e técnicas vindos da
de saúde que, por sua vez, deve ser a consequência de um planeja- epidemiologia, do planejamento e das ciências sociais, é, pois, refe-
mento que leve em conta a epidemiologia e a organização de ser- rencial para mudanças do modelo de atenção. Deve estar inserida
viços e conjugue as necessidades da saúde com as disponibilidades cotidianamente na prática das equipes de saúde de Atenção Básica.
de recursos, além da necessária observação do que ficou decidido As equipes Saúde da Família, a partir das ferramentas da vigilân-
nas comissões intergovernamentais trilaterais ou bilaterais, que cia, desenvolvem habilidades de programação e planejamento, de
não contrariem a lei. maneira a organizar ações programadas e de atenção a demanda

192
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

espontânea, que garantam o acesso da população em diferentes Corresponde à vigilância das doenças transmissíveis (doença
atividades e ações de saúde e, desta maneira, gradativamente im- clinicamente manifesta, do homem ou dos animais, resultante de
pacta sobre os principais indicadores de saúde, mudando a qualida- uma infecção) e das doenças e agravos não transmissíveis (não re-
de de vida daquela comunidade. sultante de infecção). É na Atenção Básica / Saúde da Família o local
O conceito de Vigilância em Saúde inclui: a vigilância e contro- privilegiado para o desenvolvimento da vigilância epidemiológica. A
le das doenças transmissíveis; a vigilância das doenças e agravos Vigilância da Situação de Saúde desenvolve ações de monitoramen-
não transmissíveis; a vigilância da situação de saúde, vigilância am- to contínuo do país/estado/região/município/equipes, por meio de
biental em saúde, vigilância da saúde do trabalhador e a vigilância estudos e análises que revelem o comportamento dos principais
sanitária. indicadores de saúde, dando prioridade a questões relevantes e
Este conceito procura simbolizar, na própria mudança de de- contribuindo para um planejamento de saúde mais abrangente.
nominação, uma nova abordagem, mais ampla do que a tradicio- As ações de Vigilância em Saúde Ambiental, estruturadas a
nal prática de vigilância epidemiológica, tal como foi efetivamente partir do Sistema Nacional de Vigilância em Saúde Ambiental, es-
constituída no país, desde a década de 70. Em um grande número tão centradas nos fatores não-biológicos do meio ambiente que
de doenças transmissíveis, para as quais se dispõe de instrumentos possam promover riscos à saúde humana: água para consumo hu-
eficazes de prevenção e controle, o Brasil tem colecionado êxitos mano, ar, solo, desastres naturais, substâncias químicas, acidentes
importantes. com produtos perigosos, fatores físicos e ambiente de trabalho.
Esse grupo de doenças encontra-se em franco declínio, com Nesta estrutura destaca-se:
reduções drásticas de incidência. Entretanto, algumas dessas do- (1) A Vigilância em Saúde Ambiental Relacionada à Qualidade
enças apresentam quadro de persistência, ou de redução, ainda da Água para Consumo Humano (VIGIAGUA) consiste no conjunto
recente, configurando uma agenda inconclusa nessa área, sendo de ações adotadas continuamente pelas autoridades de saúde pú-
necessário o fortalecimento das novas estratégias, recentemente blica para garantir que a água consumida pela população atenda
adotadas, que obrigatoriamente impõem uma maior integração ao padrão e às normas estabelecidas na legislação vigente e para
entre as áreas de prevenção e controle e à rede assistencial. Um avaliar os riscos que a água consumida representa para a saúde hu-
importante foco da ação de controle desses agravos está voltado mana. Suas atividades visam, em última instância, a promoção da
para o diagnóstico e tratamento das pessoas doentes, visando à saúde e a prevenção das doenças de transmissão hídrica;
interrupção da cadeia de transmissão, onde grande parte das ações (2) À Vigilância em Saúde Ambiental de Populações Potencial-
encontra-se no âmbito da Atenção Básica/Saúde da Família. Além mente Expostas a Solo Contaminado (VIGISOLO) compete reco-
da necessidade de promover ações de prevenção e controle das mendar e adotar medidas de promoção à saúde ambiental, pre-
doenças transmissíveis, que mantém importante magnitude e/ou venção e controle dos fatores de risco relacionados às doenças e
transcendência em nosso país, é necessário ampliar a capacidade outros agravos à saúde decorrentes da contaminação por substân-
de atuação para novas situações que se colocam sob a forma de cias químicas no solo;
surtos ou devido ao surgimento de doenças inusitadas. Para o de- (3) A Vigilância em Saúde Ambiental Relacionada à Qualidade
senvolvimento da prevenção e do controle, em face dessa comple- do Ar (VIGIAR) tem por objetivo promover a saúde da população
xa situação epidemiológica, têm sido fortalecidas estratégias espe- exposta aos fatores ambientais relacionados aos poluentes atmos-
cíficas para detecção e resposta às emergências epidemiológicas. féricos - provenientes de fontes fixas, de fontes móveis, de ativi-
Outro ponto importante está relacionado às profundas mu- dades relativas à extração mineral, da queima de biomassa ou de
danças nos perfis epidemiológicos das populações ao longo das incêndios florestais - contemplando estratégias de ações interse-
últimas décadas, nos quais se observa declínio das taxas de morta- toriais.
lidade por doenças infecciosas e parasitárias e crescente aumento
das mortes por causas externas e pelas doenças crônico-degenera- Outra área que se incorpora nas ações de vigilância em saúde
tivas, levando a discussão da incorporação das doenças e agravos é a saúde do trabalhador que entende-se como sendo um conjunto
não-transmissíveis ao escopo das atividades da vigilância epidemio- de atividades que se destina, através das ações de vigilância epide-
lógica. miológica e vigilância sanitária, à promoção e proteção da saúde
Vigilância Epidemiológica é um “conjunto de ações que pro- dos trabalhadores, assim como visa à recuperação e reabilitação da
porciona o conhecimento, a detecção ou prevenção de qualquer saúde dos trabalhadores submetidos aos riscos e agravos advindos
mudança nos fatores determinantes e condicionantes da saúde in- das condições de trabalho, abrangendo entre outros:
dividual ou coletiva, com a finalidade de recomendar e adotar as (1) assistência ao trabalhador vítima de acidentes de trabalho
medidas de prevenção e controle das doenças ou agravos”. ou portador de doença profissional e do trabalho;
O propósito da Vigilância Epidemiológica é fornecer orientação (2) participação em estudos, pesquisas, avaliação e controle
técnica permanente para os que têm a responsabilidade de deci- dos riscos e agravos potenciais à saúde existentes no processo de
dir sobre a execução de ações de controle de doenças e agravos. trabalho;
Sua operacionalização compreende um ciclo completo de funções (3) informação ao trabalhador e à sua respectiva entidade sin-
específicas e articuladas, que devem ser desenvolvidas de modo dical e às empresas sobre os riscos de acidentes de trabalho, doença
contínuo, permitindo conhecer, a cada momento, o comportamen- profissional e do trabalho, bem como os resultados de fiscalizações,
to epidemiológico da doença ou agravo escolhido como alvo das avaliações ambientais e exames de saúde, de admissão, periódicos
ações, para que as intervenções pertinentes possam ser desenca- e de demissão, respeitados os preceitos da ética profissional.
deadas com oportunidade e efetividade.
Tem como função coleta e processamento de dados; análise e Outro aspecto fundamental da vigilância em saúde é o cuida-
interpretação dos dados processados; investigação epidemiológica do integral à saúde das pessoas por meio da Promoção da Saúde.
de casos e surtos; recomendação e promoção das medidas de con- A Promoção da Saúde é compreendida como estratégia de articu-
trole adotadas, impacto obtido, formas de prevenção de doenças, lação transversal, à qual incorpora outros fatores que colocam a
dentre outras. saúde da população em risco trazendo à tona as diferenças entre

193
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

necessidades, territórios e culturas presentes no país. Visa criar Para a qualidade da atenção, é fundamental que as equipes
mecanismos que reduzam as situações de vulnerabilidade, defen- busquem a integralidade nos seus vários sentidos e dimensões,
dam a equidade e incorporem a participação e o controle social na como: propiciar a integração de ações programáticas e demanda
gestão das políticas públicas. espontânea; articular ações de promoção à saúde, prevenção de
Nesse sentido, a Política Nacional de Promoção da Saúde prevê agravos, vigilância à saúde, tratamento, reabilitação e manutenção
que a organização da atenção e do cuidado deve envolver ações da saúde; trabalhar de forma interdisciplinar e em equipe; coor-
e serviços que operem sobre os determinantes do adoecer e que denar o cuidado aos indivíduos-família-comunidade; integrar uma
vão além dos muros das unidades de saúde e do próprio sistema rede de serviços de maior complexidade e, quando necessário, co-
de saúde. O objetivo dessa política é promover a qualidade de vida ordenar o acesso a esta rede.
e reduzir a vulnerabilidade e riscos à saúde relacionados aos seus Para a integralidade do cuidado, fazem-se necessárias mudan-
determinantes e condicionantes – modos de viver, condições de ças na organização do processo de trabalho em saúde, passando a
trabalho, habitação, ambiente, educação, lazer, cultura e acesso a Atenção Básica/Saúde da Família a ser o lócus principal de desen-
bens e serviços essenciais. Tem como ações específicas: alimenta- volvimento dessas ações.
ção saudável, prática corporal/atividade física, prevenção e contro-
le do tabagismo, redução da morbimortalidade em decorrência do 1.2 O Território
uso de álcool e outras drogas, redução da morbimortalidade por Os sistemas de saúde devem se organizar sobre uma base ter-
acidentes de trânsito, prevenção da violência e estímulo à cultura ritorial, onde a distribuição dos serviços segue uma lógica de deli-
da paz, além da promoção do desenvolvimento sustentável. mitação de áreas de abrangência.
Pensar em Vigilância em Saúde pressupõe a não dissociação O território em saúde não é apenas um espaço delimitado ge-
com a Vigilância Sanitária. A Vigilância Sanitária é entendida como ograficamente, mas sim um espaço onde as pessoas vivem, esta-
um conjunto de ações capazes de eliminar, diminuir ou prevenir ris- belecem suas relações sociais, trabalham e cultivam suas crenças
cos à saúde e de intervir nos problemas sanitários decorrentes do e cultura.
meio ambiente, da produção e circulação de bens e da prestação de A territorialização é base do trabalho das Equipes de Saúde
serviços de interesse da saúde. (BRASIL, 1990) da Família (ESF) para a prática da Vigilância em Saúde. O funda-
Abrange: mental propósito deste processo é permitir eleger prioridades para
(1) o controle de bens de consumo que, direta ou indiretamen- o enfrentamento dos problemas identificados nos territórios de
te, se relacionem com a saúde, compreendidas todas as etapas e atuação, o que refletirá na definição das ações mais adequadas,
processos, da produção ao consumo; contribuindo para o planejamento e programação local. Para tal, é
(2) o controle da prestação de serviços que se relacionam dire- necessário o reconhecimento e mapeamento do território: segun-
ta ou indiretamente com a saúde. do a lógica das relações e entre condições de vida, saúde e acesso
às ações e serviços de saúde. Isso implica um processo de coleta
e sistematização de dados demográficos, socioeconômicos, polí-
Neste primeiro caderno, elegeu-se como prioridade o fortaleci-
tico-culturais, epidemiológicos e sanitários que, posteriormente,
mento da prevenção e controle de algumas doenças de maior pre-
devem ser interpretados e atualizados periodicamente pela equipe
valência, assim como a concentração de esforços para a eliminação
de saúde.
de outras, que embora de menor impacto epidemiológico, atinge
Integrar implica discutir ações a partir da realidade local;
áreas e pessoas submetidas às desigualdades e exclusão.
aprender a olhar o território e identificar prioridades assumindo o
O Caderno de Atenção Básica Vigilância em Saúde Volume1,
compromisso efetivo com a saúde da população. Para isso, o ponto
visa contribuir para a compreensão da importância da integração
de partida é o processo de planejamento e programação conjunto,
entre as ações de Vigilância em Saúde e demais ações de saúde, definindo prioridades, competências e atribuições a partir de uma
universo do processo de trabalho das equipes de Atenção Básica/ situação atual reconhecida como inadequada tanto pelos técnicos
Saúde da Família, visando a garantia da integralidade do cuidado. quanto pela população, sob a ótica da qualidade de vida.
São enfocadas ações de vigilância em saúde na Atenção Básica, no
tocante aos agravos: dengue, esquistossomose, hanseníase, malá- 1.3 Planejamento E Programação
ria, tracoma e tuberculose. Planejar e programar em um território específico exige um co-
1.1 Processo De Trabalho Da Atenção Básica E Da Vigilância nhecimento das formas de organização e de atuação dos órgãos
Em Saúde governamentais e não-governamentais para se ter clareza do que
Apesar dos inegáveis avanços na organização da Atenção Bá- é necessário e possível ser feito. É importante o diálogo permanen-
sica ocorrida no Brasil na última década e a descentralização das te com os representantes desses órgãos, com os grupos sociais e
ações de Vigilância em Saúde, sabe-se que ainda persistem vários moradores, na busca do desenvolvimento de ações intersetoriais
problemas referentes à gestão e organização dos serviços de saúde oportunizando a participação de todos. Isso é adotar a interseto-
que dificultam a efetiva integração da Atenção Básica e a Vigilância rialidade como estratégia fundamental na busca da integralidade
em Saúde, comprometendo a integralidade do cuidado. da atenção.
Para qualificar a atenção à saúde a partir do princípio da inte-
gralidade é fundamental que os processos de trabalho sejam orga- Faz-se necessário o fortalecimento das estruturas gerenciais
nizados com vistas ao enfrentamento dos principais problemas de dos municípios e estados com vistas não só ao planejamento e pro-
saúde-doença da comunidade, onde as ações de vigilância em saú- gramação, mas também da supervisão, seja esta das equipes, dos
de devem estar incorporadas no cotidiano das equipes de Atenção municípios ou regionais. Instrumentos de gestão como processos
Básica/Saúde da Família. de acompanhamento, monitoramento e avaliação devem ser ins-
Um dos sentidos atribuídos ao princípio da Integralidade na titucionalizados no cotidiano como reorientador das práticas de
construção do SUS refere ao cuidado de pessoas, grupos e coletivi- saúde.
dades, percebendo-os como sujeitos históricos, sociais e políticos,
articulados aos seus contextos familiares, ao meio-ambiente e a so-
ciedade no qual se inserem. (NIETSCHE EA, 2000)

194
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Os Sistemas de Informações de Saúde desempenham papel re- A ficha de investigação contém, além dos dados da notificação,
levante para a organização dos serviços, pois os estados e os muni- dados referentes aos antecedentes epidemiológicos, dados clínicos
cípios de posse das informações em saúde têm condições de adotar e laboratoriais específicos de cada agravo e dados da conclusão da
de forma ágil, medidas de controle de doenças, bem como planejar investigação.
ações de promoção, proteção e recuperação da saúde, subsidiando A impressão, controle da pré-numeração e distribuição das
a tomada de decisões. fichas de notificação e de investigação para os municípios são de
É fundamental o uso de protocolos assistenciais que prevejam responsabilidade da Secretaria Estadual de Saúde, podendo ser de-
ações de promoção, prevenção, recuperação e reabilitação, que legada à Secretaria Municipal de Saúde.
são dirigidos aos problemas mais frequentes da população. Tais Os instrumentos de coleta padronizados pelo Ministério da
protocolos devem incluir a indicação da continuidade da atenção, Saúde são específicos para cada agravo de notificação compulsória,
sob a lógica da regionalização, flexíveis em função dos contextos e devem ser utilizados em todas as unidades federadas.
estaduais, municipais e locais. Alia-se a importância de adotar o Para os agravos hanseníase e tuberculose são coletados ainda
processo de Educação Permanente em Saúde na formação e quali- dados de acompanhamento dos casos. As notificações de malária
ficação das equipes, cuja missão é ter capacidade para resolver os e esquistossomose registradas no Sinan correspondem àquelas
problemas que lhe são apresentados, ainda que a solução extrapo- identificadas fora das respectivas regiões endêmicas. Esses agravos
le aquele nível de atenção (da resolubilidade, da visão das redes de quando notificados em local onde são endêmicos devem ser regis-
atenção) e a necessidade de criar mecanismos de valorização do trados em sistemas específicos.
trabalho na atenção básica seja pelos incentivos formais, seja pela Dados dos Inquéritos de Tracoma, embora não seja doença de
co-gestão (participação no processo decisório). notificação compulsória no país devem ser registrados no Sinan -
versão NET, por ser considerada de interesse nacional.
Finalmente, como forma de democratizar a gestão e atender
A população sob vigilância corresponde a todas as pessoas
as reais necessidades da população é essencial a constituição de
residente no país. Cada município deve notificar casos detectados
canais e espaços que garantam a efetiva participação da população
em sua área de abrangência, sejam eles residentes ou não nesse
e o controle social.
município.
As unidades notificantes são, geralmente, aquelas que prestam
1.4 Sistema De Informação De Agravos De Notificação – Sinan atendimento ao Sistema Único de Saúde, incluindo as Unidades
A informação é instrumento essencial para a tomada de deci- Básicas de Saúde/Unidades de Saúde da Família. Os profissionais
sões, ferramenta imprescindível à Vigilância em Saúde, por ser o de saúde no exercício da profissão, bem como os responsáveis por
fator desencadeador do processo “informação-decisão-ação”. organizações e estabelecimentos públicos e particulares de saúde
O Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) foi e ensino, têm a obrigação de comunicar aos gestores do Sistema
desenvolvido no início da década de 90, com objetivo de padronizar Único de Saúde a ocorrência de casos suspeito/confirmados dos
a coleta e processamento dos dados sobre agravos de notificação agravos listados na LNDC.
obrigatória em todo o território nacional. Construído de maneira O Sinan permite a coleta, processamento, armazenamento e
hierarquizada, mantendo coerência com a organização do SUS, pre- análise dos dados desde a unidade notificante, sendo adequado à
tende ser suficientemente ágil na viabilização de análises de situa- descentralização de ações, serviços e gestão de sistemas de saúde.
ções de saúde em curto espaço de tempo. O Sinan fornece dados Se a Secretaria Municipal de Saúde for informatizada, todos os ca-
para a análise do perfil da morbidade e contribui para a tomada de sos notificados pelo município devem ser digitados, independente
decisões nos níveis municipal, estadual e federal. do local de residência. Contudo, caso as unidades de saúde não dis-
Seu uso foi regulamentado por meio da Portaria GM/MS nº. ponham de microcomputadores, o sistema informatizado pode ser
1.882, de 18 de dezembro de 1997, quando se tornou obrigatória operacionalizado a partir das secretarias municipais, das regionais
a alimentação regular da base de dados nacional pelos municípios, e da secretaria de estado de saúde.
estados e Distrito Federal, e o Ministério da Saúde foi designado As unidades notificantes enviam semanalmente as fichas de
como gestor nacional do sistema. notificação/ investigação ou, se for informatizada, o arquivo de
O Sinan é atualmente alimentado, principalmente, pela notifi- transferência de dados por meio eletrônico para as secretarias
cação e investigação de casos de doenças e agravos que constam municipais de saúde, que enviam os arquivos de transferência de
da Lista Nacional de Doenças de Notificação Compulsória em todo dados, pelo menos uma vez por semana, à regional de saúde ou
Território Nacional - LDNC, conforme Portaria SVS/MS nº. 05, de Secretaria de Estado da Saúde. Os municípios que não têm implan-
21/02/2006, podendo os estados e municípios incluir outros pro- tado o processamento eletrônico de dados pelo Sinan encaminham
as fichas de notificação/investigação e seguem o mesmo fluxo des-
blemas de saúde pública, que considerem importantes para a sua
crito anteriormente. A SES envia os dados para o Ministério da Saú-
região.
de, por meio eletrônico, pelo menos uma vez por semana.
Dentre as atribuições de cada nível do sistema cabe a todos
1.5 Ficha De Notificação Individual
efetuar análise da qualidade dos dados, como verificar a duplicida-
É o documento básico de coleta de dados, que inclui dados de de registros, completitude dos campos e consistência dos dados,
sobre a identificação e localização do estabelecimento notificante, análises epidemiológicas e divulgação das informações. No entan-
identificação, características socioeconômicas, local da residência to, cabe somente ao primeiro nível informatizado a complementa-
do paciente e identificação do agravo notificado. ção de dados, correção de inconsistências e vinculação/exclusão de
Essa ficha é utilizada para notificar um caso a partir da suspei- duplicidades e exclusão de registros.
ção do agravo, devendo ser encaminhada para digitação após o seu As bases de dados geradas pelo Sinan são armazenadas pelo
preenchimento, independentemente da confirmação do diagnósti- gerenciador de banco de dados PostgreSQL ou Interbase. Para ana-
co, por exemplo: notificar um caso de dengue a partir da suspeita lisá-las utilizando programas informatizados tais como o SPSS, o
de um caso que atenda os critérios estabelecidos na definição de Tabwin e o Epi Info, é necessário exportá-las para o formato DBF.
caso. Esse procedimento é efetuado em todos os níveis, utilizando rotina
própria do sistema.

195
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Com o objetivo de divulgar dados, propiciar a análise da sua 1.7 O Trabalho Da Equipe Multiprofissional
qualidade e o cálculo de indicadores por todos os usuários do siste- Os diferentes profissionais das equipes de saúde da Atenção
ma e outros interessados, a Secretaria de Vigilância em Saúde – SVS Básica/Saúde da Família têm importante papel e contribuição nas
do Ministério da Saúde criou um site do Sinan que pode ser acessa- ações de Vigilância em Saúde. As atribuições específicas dos profis-
do pelo endereço www.saude.gov.br/svs - sistemas de informações sionais da Atenção Básica, já estão definidas na Política Nacional de
ou www.saude.gov.br/sinanweb. Nessa página estão disponíveis: Atenção Básica (PNAB).
• Relatórios gerenciais; Como atribuição comum a todos os profissionais das equipes,
• Relatórios epidemiológicos por agravo; descreve-se:
• Documentação do sistema (Dicionários de dados - descrição • Garantir atenção integral e humanizada à população adscrita;
dos campos das fichas e das características da variável correspon- • Realizar tratamento supervisionado, quando necessário;
dente nas bases de dados); • Orientar o usuário/família quanto à necessidade de concluir
• Fichas de notificação e de investigação de cada agravo; o tratamento;
• Instrucionais para preenchimento das Fichas; • Acompanhar os usuários em tratamento;
• Prestar atenção contínua, articulada com os demais níveis de
• Manuais de uso do sistema;
atenção, visando o cuidado longitudinal (ao longo do tempo);
• Cadernos de análise da qualidade das bases de dados e cálcu-
• Realizar o cuidado em saúde da população adscrita, no âm-
lo de indicadores epidemiológicos e operacionais;
bito da unidade de saúde, no domicílio e nos demais espaços co-
• Produção - acompanhamento do recebimento pelo Ministé-
munitários (escolas, associações, entre outros), quando necessário;
rio da Saúde dos arquivos de transferência de cada UF;
• Construir estratégias de atendimento e priorização de popu-
• Base de dados - uso da ferramenta TabNet para tabulação de
lações mais vulneráveis, como exemplo: população de rua, ciganos,
dados de casos confirmados notificados no Sinan a partir de 2001.
quilombolas e outras;
• Realizar visita domiciliar a população adscrita, conforme pla-
1.6 Sinan NET
nejamento assistencial;
Novo aplicativo desenvolvido pela SVS/MS em conjunto ao DA-
• Realizar busca ativa de novos casos e convocação dos falto-
TASUS, objetiva modificar a lógica de produção de informação para
sos;
a de análise em níveis cada vez mais descentralizados do sistema
• Notificar casos suspeitos e confirmados, conforme fichas
de saúde. Subsidia a construção de sistemas de vigilância epide-
anexas;
miológica de base territorial, que esteja atento ao que ocorre em
• Preencher relatórios/livros/fichas específicos de registro e
toda sua área de atuação. Possibilita ao município que estiver inter-
acompanhamento dos agravos/doenças, de acordo com a rotina da
ligado à internet, a transmissão dos dados das fichas de notificação
UBS;
diariamente às demais esferas de governo, fazendo com que esses
• Alimentar e analisar dados dos Sistemas de Informação em
dados estejam disponíveis em tempo oportuno, às três esferas de
Saúde – Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB), Siste-
governo.
ma de Informação de Mortalidade (SIM), Sistema de Informação
Já os dados das fichas de investigação somente serão transmi-
de Nascidos Vivos (SINASC), Sistema de Informação de Agravos de
tidos quando for encerrado o processo de investigação, conseguin-
Notificação (Sinan) e outros para planejar, programar e avaliar as
do dessa forma, separar essas duas etapas.
ações de vigilância em saúde;
Outras rotinas, como o fluxo de retorno, serão implementa-
• Desenvolver ações educativas e de mobilização da comuni-
das, permitindo que o município de residência tenha na sua base
dade relativas ao controle das doenças/agravos em sua área de
de dados todos os casos, independentemente do local onde foram
abrangência;
notificados. A base de dados foi preparada para georreferenciar os
• Orientar a comunidade quanto ao uso de medidas de pro-
casos notificados naqueles municípios que desejem trabalhar com
teção individual e familiar para a prevenção de doenças/agravos;
geoprocessamento de dados.
• Mobilizar a comunidade para desenvolver medidas simples
A utilização efetiva do Sinan possibilita a realização do diagnós-
de manejo ambiental para o controle de vetores;
tico dinâmico da ocorrência de um evento na população; podendo
• Articular e viabilizar as medidas de controle vetorial e outras
fornecer subsídios para explicações causais dos agravos de notifica-
ações de proteção coletiva;
ção compulsória, além de vir a indicar riscos aos quais as pessoas
• Identificar possíveis problemas e surtos relacionados à qua-
estão sujeitas, contribuindo assim, para a identificação da realidade
lidade da água, em nível local como a situação das fontes de abas-
epidemiológica de determinada área geográfica.
tecimento e de armazenamento da água e a variação na incidência
O desafio não só para o Sinan, mas para todos os demais sis-
de determinadas doenças que podem estar associadas à qualidade
temas de informação de saúde no Brasil, é criar uma interface de
da água;
comunicação entre si descaracterizando-os como um sistema car-
• Identificar a disposição inadequada de resíduos, industriais
torial de registro, para se transformar em sistemas ágeis que per-
ou domiciliares, em áreas habitadas; a armazenagem inadequada
mitam desencadear ações imediatas e realizar análises em tempo
de produtos químicos tóxicos (inclusive em postos de gasolina) e
oportuno.
a variação na incidência de doenças potencialmente relacionadas
a intoxicação;
O uso sistemático dos dados gerados pelo Sistema, de forma
descentralizada, contribui para a democratização da informação,
• Identificar a poluição do ar derivada de indústrias, automó-
permitindo que todos os profissionais de saúde tenham acesso à
veis, queimadas, inclusive nas situações intra-domiciliares (fumaça
informação e a disponibilize para a comunidade. É, portanto, um
e poeira) e as variações na incidência de doenças, principalmente
instrumento relevante para auxiliar o planejamento da saúde, defi-
as morbidades respiratórias e cardiovasculares, que podem estar
nir prioridades de intervenção, além de possibilitar que sejam ava-
associadas à poluição do ar.
liados os impactos das intervenções.

196
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Na organização da atenção, o Agente Comunitário de Saúde 1.8.2 Agente de Controle de Endemias – ACE
(ACS) e o Agente de Controle de Endemias (ACE) desempenham - Identificar sinais e sintomas dos agravos/doenças e encami-
papéis fundamentais, pois se constituem como elos entre a comu- nhar os casos suspeitos para a Unidade de Saúde;
nidade e os serviços de saúde. Assim como os demais membros - Acompanhar os usuários em tratamento e orientá-los quanto
da equipe, tais agentes devem ter co-responsabilização com a à necessidade de sua conclusão;
saúde da população de sua área de abrangência. Por isso, devem - Desenvolver ações educativas e de mobilização da comuni-
desenvolver ações de promoção, prevenção e controle dos agra- dade relativas ao controle das doenças/agravos, em sua área de
vos, sejam nos domicílios ou nos demais espaços da comunidade, e abrangência;
embora realizem ações comuns, há um núcleo de atividades que é - Orientar a comunidade quanto ao uso de medidas de prote-
específico a cada um deles. ção individual e familiar para a prevenção de doenças;
No processo de trabalho, estes dois atores, ACS e ACE, devem - Mobilizar a comunidade para desenvolver medidas simples
ser coresponsáveis pelo controle das endemias, integrando suas de manejo ambiental para o controle de vetores;
atividades de maneira a potencializar o trabalho e evitar a duplici- - Realizar, quando indicado a aplicação de larvicidas/molusco-
dade das ações que, embora distintas, se complementam. cidas químicos e biológicos; a borrifação intradomiciliar de efeito
Os gestores e as equipes de saúde devem definir claramente os residual; e a aplicação espacial de inseticidas por meio de nebuliza-
papéis, competências e responsabilidades de cada um destes agen- ções térmicas e ultra-baixo-volume;
tes e, de acordo com a realidade local, definir os fluxos de trabalho. - Realizar atividades de identificação e mapeamento de cole-
Cada ACE deverá ficar como referência para as ações de vigilância ções hídricas de importância epidemiológica;
de um número de ACS. Esta relação entre o número de ACE e de - Planejar/programar as ações de controle das doenças/agra-
ACS será variável, pois, se baseará no perfil epidemiológico e nas vos em conjunto ao ACS e equipe da Atenção Básica/Saúde da Fa-
demais características locais (como geografia, densidade demográ- mília.
fica e outras).
Na divisão do trabalho entre os diferentes agentes, o ACS, após 1.8.3 Médico
as visitas domiciliares e identificação dos problemas que não pode- - Diagnosticar e tratar precocemente os agravos/doenças, con-
rão ser resolvidos por ele, deverá transmití-las ao ACE, seu parceiro, forme orientações, contidas neste caderno;
que planejará conjuntamente as ações de saúde caso a caso como, - Solicitar exames complementares, quando necessário;
por exemplo, quando o ACS identificar uma caixa d’água de difícil - Realizar tratamento imediato e adequado, de acordo com es-
acesso ou um criadouro que necessite da utilização de larvicida. quema terapêutico definido neste caderno;
O ACE deve ser incorporado nas atividades das equipes da - Encaminhar, quando necessário, os casos graves para a uni-
Atenção Básica/Saúde da Família, tomando como ponto de partida dade de referência, respeitando os fluxos locais e mantendo-se res-
sua participação no processo de planejamento e programação. É ponsável pelo acompanhamento;
importante que o ACE esteja vinculado a uma Unidade Básica de - Realizar assistência domiciliar, quando necessário;
Saúde, pois a efetiva integração das ações de controle está no pro- - Orientar os Auxiliares e técnicos de enfermagem, ACS e ACE
cesso de trabalho realizado cotidianamente. para o acompanhamento dos casos em tratamento e/ou tratamen-
Um dos fatores fundamentais para o êxito do trabalho é a inte- to supervisionado;
gração das bases territoriais de atuação dos Agentes Comunitários - Contribuir e participar das atividades de educação permanen-
de Saúde (ACS) e Agentes de Controle de Endemias (ACE). O gestor te dos membros da equipe quanto à prevenção, manejo do trata-
mento, ações de vigilância epidemiológica e controle das doenças;
municipal, junto às equipes de saúde, deve organizar seus servi-
- Enviar mensalmente ao setor competente as informações
ços de saúde, e definir suas bases territoriais, de acordo com sua
epidemiológicas referentes às doenças/agravo na área de atuação
realidade, perfil epidemiológico, aspectos geográficos, culturais e
da UBS, analisar os dados para propor possíveis intervenções.
sociais, entre outros.
1.8.4 Enfermeiro
1.8 Atribuições Específicas Dos Profissionais Da Atenção Bási-
- Realizar consulta de enfermagem, solicitar exames comple-
ca/Saúde Da Família
mentares e prescrever medicações, conforme protocolos ou outras
normativas técnicas estabelecidas pelo gestor municipal, observa-
1.8.1 Agente Comunitário de Saúde – ACS
das as disposições legais da profissão;
- Identificar sinais e sintomas dos agravos/doenças e encami- - Planejar, gerenciar, coordenar e avaliar as ações desenvolvi-
nhar os casos suspeitos para a Unidade de Saúde; das pelos ACS;
- Acompanhar os usuários em tratamento e orientá-lo quanto - Realizar assistência domiciliar, quando necessário;
à necessidade de sua conclusão; - Enviar mensalmente ao setor competente as informações
- Desenvolver ações educativas e de mobilização da comuni- epidemiológicas referentes às doenças/agravo na área de atuação
dade relativas ao controle das doenças/agravos, em sua área de da UBS e analisar os dados para possíveis intervenções;
abrangência; - Orientar os auxiliares/técnicos de enfermagem, ACS e ACE
- Orientar a comunidade quanto ao uso de medidas de prote- para o acompanhamento dos casos em tratamento e/ou tratamen-
ção individual e familiar para a prevenção de doença; to supervisionado;
- Mobilizar a comunidade para desenvolver medidas simples - Contribuir e participar das atividades de educação permanen-
de manejo ambiental para o controle de vetores; te dos membros da equipe quanto à prevenção, manejo do trata-
mento, ações de vigilância epidemiológica e controle das doenças.
- Planejar/programar as ações de controle das doenças/agra-
vos em conjunto ao ACE e equipe da Atenção Básica/Saúde da Fa- 1.8.5 Auxiliar/Técnico de Enfermagem
mília. - Participar das atividades de assistência básica, realizando pro-
cedimentos regulamentados para o exercício de sua profissão;

197
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

- Realizar assistência domiciliar, quando necessária; fiando para a necessidade de “inventar” indicadores capazes de
- Realizar tratamento supervisionado, quando necessário, con- dimensionar e expressar não somente mudanças nos quadros de
forme orientação do enfermeiro e/ou médico. saúde-doença, mas provocar e buscar outros reflexos e repercus-
sões, em outros níveis de representações e realizações dos sujeitos
1.8.6 Cirurgião Dentista, Técnico em Higiene Dental – THD e (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004).
Auxiliar de Consultório Dentário – ACD
- Identificar sinais e sintomas dos agravos/doenças e encami- A Política de Humanização parte de conceitos e dispositivos
nhar os casos suspeitos para consulta; que visam à reorganização dos processos de trabalho em saúde,
- Desenvolver ações educativas e de mobilização da comuni- propondo centralmente transformações nas relações sociais, que
dade relativas ao controle das doenças/agravos em sua área de envolvem trabalhadores e gestores em sua experiência cotidia-
abrangência; na de organização e condução de serviços; e transformações nas
- Participar da capacitação dos membros da equipe quanto à formas de produzir e prestar serviços à população. Pelo lado da
prevenção, manejo do tratamento, ações de vigilância epidemioló- gestão, busca-se a implementação de instâncias colegiadas e hori-
gica e controle das doenças; zontalização das “linhas de mando”, valorizando a participação dos
- Orientar a comunidade quanto ao uso de medidas de prote- atores, o trabalho em equipe, a chamada “comunicação lateral”, e
ção individual e familiar para a prevenção de doenças. democratizando os processos decisórios, com corresponsabilização
de gestores, trabalhadores e usuários.
No campo da atenção, têm-se como diretrizes centrais a aces-
POLÍTICA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO sibilidade e integralidade da assistência, permeadas pela garantia
(HUMANIZA SUS) de vínculo entre os serviços/trabalhadores e população, e avançan-
do para o que se tem nomeado como “clínica ampliada”, capaz de
A Política Nacional de Humanização (PNH) é outra proposta melhor lidar com as necessidades dos sujeitos.
implantada pelo SUS que vem para contribuir para que se consiga
reorganizar o sistema a partir da sua consolidação e visa assegurar Para propiciar essas mudanças, almejam-se também trans-
a atenção integral à população como estratégia de ampliação do formações no campo da formação, com estratégias de educação
direito e cidadania das pessoas. Formulada e lançada pelo Ministé- permanente e de aumento da capacidade dos trabalhadores para
rio da Saúde em 2003, apresentada ao Conselho Nacional de Saúde analisar e intervir em seus processos de trabalho (MINISTÉRIO DA
(CNS) em 2004, protagoniza propostas de mudança dos modelos de SAÚDE, 2004).
gestão e de atenção no cotidiano dos serviços de saúde, propondo-
-os indissociáveis. Ao considerar que humanização implica produzir sujeitos no
processo de trabalho, a PNH está alicerçada em quatro eixos estru-
Segundo Benevides e Passos (2005), o conceito de humaniza- turantes e intercessores: atenção, gestão, formação e comunica-
ção expressava, até então, as práticas de saúde fragmentadas li- ção, estes eixos concebidos no referencial teórico-político do Hu-
gadas ao voluntarismo, assistencialismo e paternalismo, com base maniza SUS, apontam para marcas e objetivos centrais que deverão
na figura ideal do “bom humano”, metro-padrão, que não coincide permear a atenção e a gestão em saúde.
com nenhuma existência concreta. Como exemplos dessas marcas desejadas para os serviços,
podem-se destacar: a responsabilização e vínculo efetivos dos pro-
Para os formuladores da PNH, humanização não se restringe fissionais para com o usuário; o seu acolhimento em tempo com-
a “ações humanitárias” e não é realizada por seres humanos im- patível com a gravidade de seu quadro, reduzindo filas e tempo de
buídos de uma “bondade supra-humana” na feitura de “serviços espera para atendimento; a garantia dos direitos do código dos
ideais”. usuários do SUS; a garantia de gestão participativa aos trabalhado-
Portanto, a Política assume o desafio de ressignificar o termo res e usuários; estratégias de qualificação e valorização dos traba-
humanização e, ao considerar os usos anteriores, identifica o que lhadores, incluindo educação permanente, entre outros.
recusar e o que conservar. Segundo Campo (2003):
Todo pensamento comprometido com algum tipo de prática Como uma estratégia de qualificação da atenção e gestão do
(política, clínica, sanitária, profissional) está obrigado a reconstruir trabalho, a humanização almeja o alcance dos usuários e também a
depois de desconstruir. Criticar, desconstruir, sim; mas, que sejam valorização dos trabalhadores; seus indicadores devem, portanto,
explicitadas as sínteses. Sempre há alguma síntese nova, senão se- refletir as transformações no âmbito da produção dos serviços (mu-
ria a repetição do mesmo. danças nos processos, organização, resolubilidade e qualidade) e
da produção de sujeitos, mobilização, crescimento, autonomia dos
Daí, a necessidade de ressignificar a humanização em saúde trabalhadores e usuários (SANTOS, 2007)
através de novas práticas no modo de se fazer o trabalho em saúde
- levando-se em conta que: sujeitos engajados em práticas locais, No eixo da gestão buscam-se ações para articular a PNH com
quando mobilizados, são capazes de, coletivamente, transformar áreas do Ministério da Saúde (MS) e com demais esferas do SUS.
realidades transformando-se a si próprios neste mesmo processo. Neste eixo destaca-se o apoio institucional, focado na gestão do
Trata-se, então, de investir, a partir desta concepção de humano, processo de produção de saúde, base estruturante da PNH. Para
na produção de outras formas de interação entre os sujeitos que Campos (2003), apoiar é:
constituem os sistemas de saúde, deles usufruem e neles se trans- Articular os objetivos institucionais aos saberes e interesses
formam. (BENEVIDES e PASSOS, 2005, p.390) dos trabalhadores e usuários. Indica uma pressão de fora, implica
Avançando na perspectiva da transdisciplinaridade, a PNH pro- trazer algo externo ao grupo que opera os processos de trabalho
põe uma atuação que leve à “ampliação da garantia de direitos e o ou que recebem bens ou serviços. Quem apoia, sustenta e empurra
aprimoramento da vida em sociedade”. Com isso, já deixa vislum- o outro sendo, em decorrência, também sustentado e empurrado
brar a complexidade acerca do que se pode constituir como âmbito pela equipe “objeto” da intervenção. Tudo misturado e ao mesmo
de monitoramento e avaliação da humanização em saúde, desa- tempo. (CAMPOS, 2003, p.87)

198
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Quanto à atenção propõe uma Política de Atenção à Saúde “in- Além da clínica ampliada e implantação da PNH, o Programa
centivadora de ações integrais, promocionais e intersetoriais, ino- de Saúde da Família (PSF), no contexto da política de saúde brasi-
vando nos processos de trabalho que buscam o compartilhamento leira, também vem contribuindo para a construção e consolidação
dos cuidados, resultando em aumento de autonomia e protagonis- do SUS. Tendo em sua base os pressupostos do SUS, a estratégia
mo dos sujeitos envolvidos” (BRASIL, 2006a, p.22). do PSF traz no centro de sua proposta a expectativa relativa à reo-
rientação do modelo assistencial a partir da atenção básica (BRASIL,
A PNH investe em alguns parâmetros para orientar a implanta- 1997).
ção de algumas ações de humanização; oferta dispositivos/modos
de fazer um “SUS que dá certo”, com apoio às equipes que atuam Para entendermos o alcance e os limites desta proposta, é es-
na atenção básica, especializada, hospitalar, de urgência e emer- sencial entendermos o que traduz um modelo assistencial e, sobre-
gência e alta complexidade. tudo, o que implica sua reorientação. Segundo Paim (2003, p.568),
o modelo de atenção ou modo assistencial:
No eixo da formação, propõe que a PNH passe a compor o con- ... é uma dada forma de combinar técnicas e tecnologias para
teúdo profissionalizante na graduação, pós-graduação e extensão resolver problemas e atender necessidades de saúde individuais e
em saúde, vinculando-se aos processos de educação permanente e coletivas. É uma razão de ser, uma racionalidade, uma espécie de
às instituições formadoras de trabalhadores de saúde. lógica que orienta a ação.
No eixo da informação/comunicação, prioriza incluir a PNH na
agenda de debates da saúde, além da articulação de atividades de Esta concepção de modelo assistencial fundamenta a consi-
caráter educativo e formativo com as de caráter informativo, de deração de que o fenômeno isolado de expansão do número de
divulgação e sensibilização para os conceitos e temas da humani- equipes de saúde da família implementadas até então não garante
zação. a construção de um novo modelo assistencial.
A expansão do PSF tem favorecido a equidade e universalidade
Coordenação Nacional – Tem a função de promover a articu- da assistência, uma vez que as equipes têm sido implantadas priori-
lação técnico-política da Secretaria Executiva/MS, objetivando a tariamente, em comunidades antes restritas, quanto ao acesso aos
transversalização da PNH nas demais políticas e programas do MS; serviços de saúde.
representar o MS na difusão e sensibilização da PNH nas várias Para a reorganização da atenção básica, a que se propõe a es-
instâncias do SUS, Conselho Nacional de Secretarias Estaduais (CO- tratégia do PSF, reconhece-se a necessidade de reorientação das
NASS), Conselho Nacional de Secretarias Municipais (CONASEMS), práticas de saúde, bem como de renovação dos vínculos de com-
CNS, Instituições Formadoras de Saúde e Congresso Nacional; coor- promisso e de corresponsabilidade entre os serviços e a população
denar a construção das ações e o processo de implementação nas assistida.
diversas instâncias do SUS (MORI, 2009).
Cordeiro (1996) avalia que o desenvolvimento de um novo
Consultores - Tem a função de realizar apoio institucional modelo assistencial baseado nos princípios do PSF não implica um
compreendido em: Divulgação e sensibilização para implantação retrocesso quanto à incorporação de tecnologias avançadas, con-
da PNH no SUS, realizando reuniões com Gestores Estaduais, das forme a compreensão inicial de que o PSF corresponderia a uma
macrorregiões e dos Municípios; Superintendentes/Diretores de medicina simplificada destinada para os pobres; antes disso, tal
Hospitais (Federais, Estaduais e Municipais), Conselhos de Saúde, proposta demanda a reorganização dos conteúdos dos saberes e
Movimentos Sociais e Instituições Formadoras, abertas à partici- práticas de saúde, de forma que estes reflitam os pressupostos do
pação dos trabalhadores e usuários do Sistema; Divulgação, sen- SUS no fazer cotidiano dos profissionais. Admite-se, nesta perspec-
sibilização, formação e capacitação de trabalhadores, extensivas a tiva, que o PSF “requer alta complexidade tecnológica nos campos
gestores e usuários do SUS, para implementação das diretrizes e do conhecimento e do desenvolvimento de habilidades e de mu-
dos dispositivos da PNH, com base no Plano de Ação; Participação danças de atitudes (BRASIL, 1997, p.9).
em Eventos do MS, da PNH ou outros públicos; Produção de Conhe- Pensar no PSF como estratégia de reorganização do modelo
cimento: elaboração teórico-metodológica na/da PNH; Construir assistencial sinaliza a ruptura com práticas convencionais e hege-
interfaces com outras áreas técnicas do MS; Participar de reuniões mônicas de saúde, assim como a adoção de novas tecnologias de
pautando a divulgação da Política (MORI, 2009). trabalho. Uma compreensão ampliada do processo saúde-doença,
assistência integral e continuada a famílias de uma área adscrita
Núcleo Técnico - Tem a função de apoiar a implementação da são algumas das inovações verificadas no PSF.
PNH desenvolvendo ações técnico-político-administrativas intrami-
nisterial e interministeriais; articular a sociedade civil e assessorar a Ayres (1996) observa que o reconhecimento de sujeitos está
coordenação nacional e consultores. no centro de todas as propostas renovadoras identificadas no setor
saúde, dentre as quais se encontram a estratégia do PSF.
Concomitante à reconstrução dos pilares teórico-políticos e Os objetivos do programa, entre outros, são: a humanização
abertura de várias frentes de trabalho, a PNH reconhece a necessi- das práticas em saúde por meio do estabelecimento de vínculo en-
dade de que todos incorporem “olhar avaliativo” nos processos de tre os profissionais e a população, a democratização do conheci-
trabalho em desenvolvimento e, portanto, acorda-se o desafio de mento do processo saúde-doença e da produção social da saúde,
que a avaliação se constitua como um dispositivo da Política (MORI, desenvolvimento da cidadania, levando a população a reconhecer
2009). a saúde como direito, estimulação da organização da comunidade
para o efetivo exercício do controle social (BRASIL, 1997).

Nota-se a partir destes objetivos, a valorização dos sujeitos e


de sua participação nas atividades desenvolvidas pelas unidades de
saúde da família, bem como na resolutividade dos problemas de
saúde identificados na comunidade.

199
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Quanto à reorientação das práticas de saúde, o PSF preten- práticas de saúde. Pensar a saúde como experiência de criação de si
de oferecer uma atuação centrada nos princípios da vigilância da e de modos de viver é tomar a vida em seu movimento de produção
saúde, o que significa que a assistência prestada deve ser integral, de normas e não de assujeitamento a elas.
abrangendo todos os momentos e dimensões do processo saúde- Define-se, assim, a ‘humanização’ como a valorização dos pro-
-doença (MENDES, 1996). cessos de mudança dos sujeitos na produção de saúde.

Fonte: https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/en- Satisfação do usuário e do trabalhador


fermagem/politica-nacional-de-humanizacao/43954 A satisfação no trabalho é a atitude geral da pessoa face ao
seu trabalho e depende de vários fatores psicossociais. Existem ain-
Acessibilidade da outras conceituações que referem-se a satisfação no trabalho
O Sistema Único de Saúde (SUS) é alicerçado em princípios como sinônimo de motivação ou como estado emocional positivo.
fundamentais para que o direito à saúde aconteça como direito de Alguns consideram satisfação e insatisfação como fenômenos dis-
cidadania e dever do Estado. Há quase uma década, nas discussões tintos, opostos.
sobre organização e gestão da política de saúde, é imprescindível Influências na satisfação incluem ambiente, higiene, segurança
acrescentar às premissas básicas do SUS – universalidade, integrali- no trabalho, o estilo de gestão e da cultura, o envolvimento dos
dade, equidade e garantia de acesso -, a acessibilidade. trabalhadores, capacitação e trabalho autônomo de grupos, entre
A acessibilidade deve ser explicitada como exigência e com- muitos outros.
promisso do SUS a ser respeitado pelos gestores de saúde nas três
esferas de gestão. Isso é fundamental para que pessoas com defici- Equidade
ência não passem por constrangimentos, como ao serem atendidas O objetivo da equidade é diminuir desigualdades. Mas isso não
nos corredores por não puderem adentrar os consultórios em suas significa que a equidade seja sinônima de igualdade. Apesar de to-
cadeiras de rodas. dos terem direito aos serviços, as pessoas não são iguais e por isso
Mas acessibilidade é mais que a superação de barreiras arqui- têm necessidades diferentes. Então, equidade é a garantia a todas
tetônicas. É uma mudança de percepção que exige de nós, Estado e as pessoas, em igualdade de condições, ao acesso às ações e servi-
ços dos diferentes níveis de complexidade do sistema.
sociedade, um novo olhar sobre as barreiras atitudinais, estas sim,
O que determinará as ações será a prioridade epidemiológica
de maior complexidade e mais difícil superação.
e não o favorecimento, investindo mais onde a carência é maior.
Sendo assim, todos terão as mesmas condições de acesso, more o
Humanização do cuidado
cidadão onde morar, sem privilégios e sem barreiras. Todo cidadão
No campo das políticas públicas de saúde ‘humanização’ diz é igual perante o SUS e será atendido conforme suas necessidades
respeito à transformação dos modelos de atenção e de gestão nos até o limite do que o sistema pode oferecer para todos.
serviços e sistemas de saúde, indicando a necessária construção de
novas relações entre usuários e trabalhadores e destes entre si. Universalidade
A ‘humanização’ em saúde volta-se para as práticas concretas Universalidade: É a garantia de atenção à saúde, por parte do
comprometidas com a produção de saúde e produção de sujeitos sistema, a todo e qualquer cidadão (“A saúde é direito de todos e
(Campos, 2000) de tal modo que atender melhor o usuário se dá dever do Estado” – Art. 196 da Constituição Federal de 1988).
em sintonia com melhores condições de trabalho e de participa- Com a universalidade, o indivíduo passa a ter direito de acesso
ção dos diferentes sujeitos implicados no processo de produção de a todos os serviços públicos de saúde, assim como aqueles contra-
saúde (princípio da indissociabilidade entre atenção e gestão). Este tados pelo poder público de saúde, independente de sexo, raça,
voltar-se para as experiências concretas se dá por considerar o hu- renda, ocupação ou outras características sociais ou pessoais. Saú-
mano em sua capacidade criadora e singular inseparável, entretan- de é direito de cidadania e dever do Governo: Municipal, Estadual
to, dos movimentos coletivos que o constituem. e Federal.
Orientada pelos princípios da transversalidade e da indisso-
ciabilidade entre atenção e gestão, a ‘humanização’ se expressa a Como valorizar participação de usuário, profissionais e ges-
partir de 2003 como Política Nacional de Humanização (PNH) (Bra- tores
sil/Ministério da Saúde, 2004). Como tal, compromete-se com a As rodas de conversa, o incentivo às redes e movimentos so-
construção de uma nova relação seja entre as demais políticas e ciais e a gestão dos conflitos gerados pela inclusão das diferenças
programas de saúde, seja entre as instâncias de efetuação do Siste- são ferramentas experimentadas nos serviços de saúde a partir das
ma Único de Saúde (SUS), seja entre os diferentes atores que cons- orientações da PNH que já apresentam resultados positivos.
tituem o processo de trabalho em saúde. O aumento do grau de Incluir os trabalhadores na gestão é fundamental para que
comunicação em cada grupo e entre os grupos (princípio da trans- eles, no dia a dia, reinventem seus processos de trabalho e sejam
versalidade) e o aumento do grau de democracia institucional por agentes ativos das mudanças no serviço de saúde. Incluir usuários
meio de processos cogestivos da produção de saúde e do grau de e suas redes sócio-familiares nos processos de cuidado é um pode-
roso recurso para a ampliação da corresponsabilização no cuidado
corresponsabilidade no cuidado são decisivos para a mudança que
de si.
se pretende.
Transformar práticas de saúde exige mudanças no processo de
O Humaniza SUS aposta em inovações em saúde
construção dos sujeitos dessas práticas. Somente com trabalhado-
• Defesa de um SUS que reconhece a diversidade do povo bra-
res e usuários protagonistas e co-responsáveis é possível efetivar a sileiro e a todos oferece a mesma atenção à saúde, sem distinção
aposta que o SUS faz na universalidade do acesso, na integralidade de idade, etnia, origem, gênero e orientação sexual;
do cuidado e na equidade das ofertas em saúde. Por isso, falamos • Estabelecimento de vínculos solidários e de participação co-
da ‘humanização’ do SUS (HumanizaSUS) como processo de sub- letiva no processo de gestão;
jetivação que se efetiva com a alteração dos modelos de atenção • Mapeamento e interação com as demandas sociais, coletivas
e de gestão em saúde, isto é, novos sujeitos implicados em novas e subjetivas de saúde;

200
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

• Valorização dos diferentes sujeitos implicados no processo Colegiados gestores, Mesas de negociação, Contratos Internos
de produção de saúde: usuários, trabalhadores e gestores; de Gestão, Câmara Técnica de Humanização (CTH), Grupo de Tra-
• Fomento da autonomia e do protagonismo desses sujeitos e balho de Humanização (GTH), Gerência de Porta Aberta, entre ou-
dos coletivos; tros, são arranjos de trabalho que permitem a experimentação da
• Aumento do grau de corresponsabilidade na produção de cogestão no cotidiano da saúde.
saúde e de sujeitos;
• Mudança nos modelos de atenção e gestão em sua indisso- Ambiência
ciabilidade, tendo como foco as necessidades dos cidadãos, a pro-
dução de saúde e o próprio processo de trabalho em saúde, valori- O que é?
zando os trabalhadores e as relações sociais no trabalho; Criar espaços saudáveis, acolhedores e confortáveis, que res-
• Proposta de um trabalho coletivo para que o SUS seja mais peitem a privacidade, propiciem mudanças no processo de traba-
acolhedor, mais ágil e mais resolutivo; lho e sejam lugares de encontro entre as pessoas.
• Qualificação do ambiente, melhorando as condições de tra-
balho e de atendimento; Como fazer?
• Articulação dos processos de formação com os serviços e prá- A discussão compartilhada do projeto arquitetônico, das refor-
ticas de saúde; mas e do uso dos espaços de acordo com as necessidades de usu-
• Luta por um SUS mais humano, porque construído com a ários e trabalhadores de cada serviço é uma orientação que pode
participação de todos e comprometido com a qualidade dos seus melhorar o trabalho em saúde.
serviços e com a saúde integral para todos e qualquer um.
Clínica ampliada e compartilhada
DIRETRIZES DO HumanizaSUS
O que é?
Acolhimento A clínica ampliada é uma ferramenta teórica e prática cuja fi-
nalidade é contribuir para uma abordagem clínica do adoecimento
O que é? e do sofrimento, que considere a singularidade do sujeito e a com-
Acolher é reconhecer o que o outro traz como legítima e sin- plexidade do processo saúde/doença. Permite o enfrentamento da
gular necessidade de saúde. O acolhimento deve comparecer e fragmentação do conhecimento e das ações de saúde e seus res-
sustentar a relação entre equipes/serviços e usuários/populações. pectivos danos e ineficácia.
Como valor das práticas de saúde, o acolhimento é construído de
forma coletiva, a partir da análise dos processos de trabalho e tem Como fazer?
como objetivo a construção de relações de confiança, compromisso Utilizando recursos que permitam enriquecimento dos diag-
e vínculo entre as equipes/serviços, trabalhador/equipes e usuário nósticos (outras variáveis além do enfoque orgânico, inclusive a
com sua rede sócio-afetiva. percepção dos afetos produzidos nas relações clínicas) e a qualifica-
ção do diálogo (tanto entre os profissionais de saúde envolvidos no
Como fazer? tratamento quanto destes com o usuário), de modo a possibilitar
decisões compartilhadas e compromissadas com a autonomia e a
Com uma escuta qualificada oferecida pelos trabalhadores saúde dos usuários do SUS.
às necessidades do usuário, é possível garantir o acesso oportu-
no desses usuários a tecnologias adequadas às suas necessidades, Valorização do Trabalhador
ampliando a efetividade das práticas de saúde. Isso assegura, por
exemplo, que todos sejam atendidos com prioridades a partir da O que é?
avaliação de vulnerabilidade, gravidade e risco. É importante dar visibilidade à experiência dos trabalhadores
e incluí-los na tomada de decisão, apostando na sua capacidade de
Gestão Participativa e cogestão analisar, definir e qualificar os processos de trabalho.

O que é? Como fazer?


Cogestão expressa tanto a inclusão de novos sujeitos nos pro- O Programa de Formação em Saúde e Trabalho e a Comunida-
cessos de análise e decisão quanto a ampliação das tarefas da ges- de Ampliada de Pesquisa são possibilidades que tornam possível
tão - que se transforma também em espaço de realização de análise o diálogo, intervenção e análise do que gera sofrimento e adoeci-
dos contextos, da política em geral e da saúde em particular, em mento, do que fortalece o grupo de trabalhadores e do que pro-
lugar de formulação e de pactuação de tarefas e de aprendizado picia os acordos de como agir no serviço de saúde. É importante
coletivo. também assegurar a participação dos trabalhadores nos espaços
coletivos de gestão.
Como fazer?
A organização e experimentação de rodas é uma importante Defesa dos Direitos dos Usuários
orientação da cogestão. Rodas para colocar as diferenças em conta-
to de modo a produzir movimentos de desestabilização que favore- O que é?
çam mudanças nas práticas de gestão e de atenção. A PNH destaca Os usuários de saúde possuem direitos garantidos por lei e os
dois grupos de dispositivos de cogestão: aqueles que dizem respei- serviços de saúde devem incentivar o conhecimento desses direitos
to à organização de um espaço coletivo de gestão que permita o e assegurar que eles sejam cumpridos em todas as fases do cuida-
acordo entre necessidades e interesses de usuários, trabalhadores do, desde a recepção até a alta.
e gestores; e aqueles que se referem aos mecanismos que garan-
tem a participação ativa de usuários e familiares no cotidiano das
unidades de saúde.

201
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Como fazer? - Divulgar a Política Nacional de Humanização e ampliar os pro-


Todo cidadão tem direito a uma equipe que cuide dele, de ser cessos de formação e produção de conhecimento em articulação
informado sobre sua saúde e também de decidir sobre comparti- com movimentos sociais e instituições.
lhar ou não sua dor e alegria com sua rede social.
Política Nacional de Humanização busca
PRINCÍPIOS DO HumanizaSUS - Redução de filas e do tempo de espera, com ampliação do
acesso;
Transversalidade - Atendimento acolhedor e resolutivo baseado em critérios de
A Política Nacional de Humanização (PNH) deve se fazer pre- risco;
sente e estar inserida em todas as políticas e programas do SUS. A - Implantação de modelo de atenção com responsabilização e
PNH busca transformar as relações de trabalho a partir da amplia- vínculo;
ção do grau de contato e da comunicação entre as pessoas e gru- - Garantia dos direitos dos usuários;
pos, tirando-os do isolamento e das relações de poder hierarquiza- - Valorização do trabalho na saúde;
das. Transversalizar é reconhecer que as diferentes especialidades - Gestão participativa nos serviços.
e práticas de saúde podem conversar com a experiência daquele
que é assistido. Juntos, esses saberes podem produzir saúde de for- FORMAÇÃO - INTERVENÇÃO
ma mais corresponsável. Por meio de cursos e oficinas de formação/intervenção e a
partir da discussão dos processos de trabalho, as diretrizes e dis-
Indissociabilidade entre atenção e gestão positivos da Política Nacional de Humanização (PNH) são vivencia-
As decisões da gestão interferem diretamente na atenção à dos e reinventados no cotidiano dos serviços de saúde. Em todo
saúde. Por isso, trabalhadores e usuários devem buscar conhecer o Brasil, os trabalhadores são formados técnica e politicamente e
como funciona a gestão dos serviços e da rede de saúde, assim reconhecidos como multiplicadores e apoiadores da PNH, pois são
como participar ativamente do processo de tomada de decisão nas os construtores de novas realidades em saúde e poderão se tornar
organizações de saúde e nas ações de saúde coletiva. Ao mesmo os futuros formadores da PNH em suas localidades.
tempo, o cuidado e a assistência em saúde não se restringem às
responsabilidades da equipe de saúde. O usuário e sua rede sócio- REDE HumanizaSUS
-familiar devem também se corresponsabilizar pelo cuidado de si A Rede HumanizaSUS é a rede social das pessoas interessa-
nos tratamentos, assumindo posição protagonista com relação a das ou já envolvidas em processos de humanização da gestão e do
sua saúde e a daqueles que lhes são caros. cuidado no SUS. A rede é um local de colaboração, que permite o
encontro, a troca, a afetação recíproca, o afeto, o conhecimento, o
Protagonismo, corresponsabilidade e autonomia dos sujeitos aprendizado, a expressão livre, a escuta sensível, a polifonia, a arte
e coletivos da composição, o acolhimento, a multiplicidade de visões, a arte da
Qualquer mudança na gestão e atenção é mais concreta se conversa, a participação de qualquer um.
construída com a ampliação da autonomia e vontade das pessoas Trata-se de um ambiente virtual aberto para ampliar o diálo-
envolvidas, que compartilham responsabilidades. Os usuários não go em torno de seus princípios, métodos, diretrizes e dispositivos.
são só pacientes, os trabalhadores não só cumprem ordens: as mu- Uma aposta na inteligência coletiva e na constituição de coletivos
danças acontecem com o reconhecimento do papel de cada um. inteligentes.
Um SUS humanizado reconhece cada pessoa como legítima cidadã O Coletivo HumanizaSUS se constitui em torno desse imenso
de direitos e valoriza e incentiva sua atuação na produção de saúde. acervo de conhecimento comum, que se produz sem cessar nas
interações desta Rede. A grande aposta é que essa experiência
Objetivos do HumanizaSUS colaborativa aumente o enfrentamento dos grandes e complexos
desafios da humanização no SUS.
Propósitos da Política Nacional de Humanização da Atenção
e Gestão do SUS Fonte: http://portalms.saude.gov.br/saude-de-a-z/projeto-lean-
- Contagiar trabalhadores, gestores e usuários do SUS com os -nas-emergencias/693-acoes-e-programas/40038-humanizasus
princípios e as diretrizes da humanização;
- Fortalecer iniciativas de humanização existentes;
- Desenvolver tecnologias relacionais e de compartilhamento
das práticas de gestão e de atenção; MODELO DE ATENÇÃO INTEGRAL A SAÚDE
- Aprimorar, ofertar e divulgar estratégias e metodologias de DA PESSOA IDOSA
apoio a mudanças sustentáveis dos modelos de atenção e de ges-
tão; Prezado Candidato, o tema acima supracitado, já foi abordado em
- Implementar processos de acompanhamento e avaliação, tópicos anteriores.
ressaltando saberes gerados no SUS e experiências coletivas bem-
-sucedidas.

Três macro-objetivos do HumanizaSUS


- Ampliar as ofertas da Política Nacional de Humanização aos
gestores e aos conselhos de saúde, priorizando a atenção básica/
fundamental e hospitalar, com ênfase nos hospitais de urgência e
universitários;
- Incentivar a inserção da valorização dos trabalhadores do SUS
na agenda dos gestores, dos conselhos de saúde e das organizações
da sociedade civil;

202
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Antes, no Brasil, as ações de imunização se voltavam ao contro-


PROGRAMA NACIONAL DE IMUNIZAÇÃO (PNI). le de doenças específicas. Com o PNI, passou a existir uma atuação
SALA DE VACINA abrangente e de rotina: todo dia é dia de estar atento à erradicação
e ao controle de doenças que sejam possíveis de controlar e erra-
Conceito e Tipo de Imunidade dicar por meio de vacina, e nas campanhas nacionais de vacinação
essa mentalidade é intensificada e dirigida à doença em foco. O
Programa de Imunização objetivo prioritário do PNI, ao nascer, era promover o controle da
poliomielite, do sarampo, da tuberculose, da difteria, do tétano, da
Programa de imunização e rede de frios, conservação de va- coqueluche e manter erradicada a varíola.
cinas Hoje, o PNI tem objetivo mais abrangente. Para os próximos
PNI: essas três letras inspiram respeito internacional entre es- cinco anos, estão fixadas as seguintes metas:
pecialistas de saúde pública, pois sabem que se trata do Programa - ampliação da auto-suficiência nacional dos produtos adquiri-
Nacional de Imunizações, do Brasil, um dos países mais populosos dos e utilizados pela população brasileira;
e de território mais extenso no mundo e onde nos últimos 30 anos - produção da vacina contra Haemophilus influenzae b, da va-
foram eliminadas ou são mantidas sob controle as doenças prevení- cina combinada tetravalente (DTP + Hib), da dupla viral (contra sa-
veis por meio da vacinação. rampo e rubéola) e tríplice viral (contra sarampo, rubéola e caxum-
Na Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), braço da Or- ba), da vacina contra pneumococos e da vacina contra influenza e
ganização Mundial de Saúde (OMS), o PNI brasileiro é citado como da vacina antirrábica em cultivo celular.
referência mundial. Por sua excelência comprovada, o nosso PNI or-
ganizou duas campanhas de vacinação no Timor Leste, ajudou nos As competências do Programa, estabelecidas no Decreto nº
programas de imunizações na Palestina, na Cisjordânia e na Faixa 78.231, de 12 de agosto de 1976 (o mesmo que o institucionalizou),
de Gaza. Nós, os brasileiros do PNI, fomos solicitados a dar cursos são ainda válidas até hoje:
no Suriname, recebemos técnicos de Angola para serem capacita- - implantar e implementar as ações relacionadas com as vaci-
dos aqui. Estabelecemos cooperação técnica com Estados Unidos, nações de caráter obrigatório;
México, Guiana Francesa, Argentina, Paraguai, Uruguai, Venezuela, - estabelecer critérios e prestar apoio técnico a elaboração, im-
Bolívia, Colômbia, Peru, Israel, Angola, Filipinas. Fizemos doações plantação e implementação dos programas de vacinação a cargo
para Uruguai, Paraguai, República Dominicana, Bolívia e Argentina. das secretarias de saúde das unidades federadas;
A razão desse destaque internacional é o Programa Nacional - estabelecer normas básicas para a execução das vacinações;
de Imunizações, nascido em 18 de setembro de 1973, chega aos 30 - supervisionar, controlar e avaliar a execução das vacinações
anos em condições de mostrar resultados e avanços notáveis. O que no território nacional, principalmente o desempenho dos órgãos
foi alcançado pelo Brasil, em imunizações, está muito além do que das secretarias de saúde, encarregados dos programas de vacina-
foi conseguido por qualquer outro país de dimensões continentais ção;
e de tão grande diversidade socioeconômica. - centralizar, analisar e divulgar as informações referentes ao
No campo das imunizações, somos vistos com respeito e admi- PNI.
ração até por países dotados de condições mais propícias para esse
trabalho, por terem população menor e ou disporem de espectro A institucionalização do Programa se deu sob influência de vá-
social e econômico diferenciado. Desde as primeiras vacinações, rios fatores nacionais e internacionais, entre os quais se destacam
em 1804, o Brasil acumulou quase 200 anos de imunizações, sendo os seguintes:
que nos últimos 30 anos, com a criação do PNI, desenvolveu ações - fim da Campanha da Erradicação da Varíola (CEV) no Brasil,
planejadas e sistematizadas. Estratégias diversas, campanhas, var- com a certificação de desaparecimento da doença por comissão da
reduras, rotina e bloqueios erradicaram a febre amarela urbana em OMS;
1942, a varíola em 1973 e a poliomielite em 1989, controlaram o - a atuação da Ceme, criada em 1971, voltada para a organiza-
sarampo, o tétano neonatal, as formas graves da tuberculose, a dif- ção de um sistema de produção nacional e suprimentos de medica-
teria, o tétano acidental, a coqueluche. Mais recentemente, imple- mentos essenciais à rede de serviços públicos de saúde;
mentaram medidas para o controle das infecções pelo Haemophilus - recomendações do Plano Decenal de Saúde para as Améri-
influenzae tipo b, da rubéola e da síndrome da rubéola congênita, cas, aprovado na III Reunião de Ministros da Saúde (Chile, 1972),
da hepatite B, da influenza e suas complicações nos idosos, também com ênfase na necessidade de coordenar esforços para controlar,
das infecções pneumocócicas. no continente, as doenças evitáveis por imunização.
Hoje, os quase 180 milhões de cidadãos brasileiros convivem Torna-se cada vez mais evidente, no Brasil, que a vacina é o
num panorama de saúde pública de reduzida ocorrência de óbitos único meio para interromper a cadeia de transmissão de algumas
por doenças imuno preveníveis. O País investiu recursos vultosos na doenças imuno preveníveis. O controle das doenças só será obti-
adequação de sua Rede de Frio, na vigilância de eventos adversos do se as coberturas alcançarem índices homogêneos para todos os
pós-vacinais, na universalidade de atendimento, nos seus sistemas subgrupos da população e em níveis considerados suficientes para
de informação, descentralizou as ações e garantiu capacitação e reduzir a morbimortalidade por essas doenças. Essa é a síntese do
atualização técnico-gerencial para seus gestores em todos os âm- Programa Nacional de Imunizações, que na realidade não pertence
bitos. As campanhas nacionais de vacinação, voltadas em cada oca- a nenhum governo, federal, estadual ou municipal. É da sociedade
sião para diferentes faixas etárias, proporcionaram o crescimento brasileira. Novos desafios foram sucessivamente lançados nestes 30
da conscientização social a respeito da cultura em saúde. anos, o maior deles sendo a difícil tarefa de manejar um programa
que trabalha articulado com os 26 estados, o Distrito Federal e os
5.560 municípios, numa vasta extensão territorial, cobrindo uma
população de 174 milhões de habitantes, entre crianças, adolescen-
tes, mulheres, adultos, idosos, indígenas e populações especiais.

203
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Enquanto diversidades culturais, demográficas, sociais e am- O objetivo da Rede de Frio é assegurar que todos os imuno
bientais são suplantadas para a realização de atividades de vacina- biológicos mantenham suas características iniciais, para conferir
ção de campanha e rotina, novas iniciativas e desafios vão sendo imunidade.
lançados. Desses, vale a pena citar alguns: Programas regionais do Imuno biológicos são produtos termolábeis, isto é, se deterio-
continente americano – Os programas de erradicação da poliomie- ram depois de determinado tempo quando expostos a temperatu-
lite, eliminação do sarampo, controle da rubéola e prevenção da ras inadequadas (inativação dos componentes imunogênicos). O
síndrome da rubéola congênita e a prevenção do tétano neonatal manuseio inadequado, equipamentos com defeito ou falta de ener-
são programas regionais que requerem esforços conjuntos dos pa- gia elétrica podem interromper o processo de refrigeração, com-
íses da região, com definição de metas, estratégias e indicadores, prometendo a potência e eficácia dos imuno biológicos.
envolvendo troca contínua e oportuna de informações e realização São componentes da Rede de Frio: equipe qualificada e equi-
periódica de avaliações das atividades em âmbito regional. pamentos adequados.
O PNI tem desempenhado papel de destaque, sendo pioneiro Sistema de Refrigeração: é composto por um conjunto de com-
na implementação de estratégias como a vacinação de mulheres ponentes unidos entre si, cuja finalidade é transferir calor de um
em idade fértil contra a rubéola e o novo plano de controle do téta- espaço, ou corpo, para outro. Esse espaço pode ser o interior de
no neonatal. Além disso, em 2003 foi iniciada a estratégia de multi- uma câmara frigorífica de um refrigerador, ou qualquer outro espa-
vacinação conjunta por todos os países da América do Sul, durante ço fechado onde haja a necessidade de se manter uma temperatura
a Semana Sul-Americana de Vacinação. Atividades de busca ativa de
mais baixa que a do ambiente que o cerca.
casos, vigilância epidemiológica e vacinação nas fronteiras de todo
O primeiro povo a utilizar a refrigeração foi o chinês, muitos
o Brasil foram executadas com sucesso. Essa iniciativa se repetirá
anos antes de Cristo. Os chineses colhiam o gelo nos rios e lagos
nos próximos anos, contando já com a participação de um núme-
durante a estação fria e o conservavam em poços cobertos de palha
ro ainda maior de países da América Central, América do Norte e
Espanha. durante as estações quentes.
Este primitivo sistema de refrigeração foi também utilizado de
Quantidades de imuno biológicos: A cada ano são incorpora- forma semelhante por outros povos da antiguidade. Servia basica-
dos novos imuno biológicos ao calendário do PNI, que são ofere- mente para deixar as bebidas mais saborosas. Até pelo menos o fim
cidos gratuitamente à população, durante campanhas ou na rotina do século XVII, esta seria a única aplicação do gelo para a humani-
do programa, prezando pelos princípios do SUS de universalidade, dade.
equidade e integralidade. Em 1683, Anton Van Leeuwenhoek, um comerciante de tecidos
Campanhas de vacinação: São extremamente complexas a co- e cientista de Delft, nos Países Baixos, que muito contribuiu para o
ordenação e a logística das campanhas de vacinação. As campanhas melhoramento do microscópio e para o progresso da biologia ce-
anuais contra a poliomielite conseguem o feito de vacinar 15 mi- lular, detectou microrganismos em cristais de gelo e a partir dessa
lhões de crianças em um único dia. A campanha de vacinação de observação constatou-se que, em temperaturas abaixo de +10ºC,
mulheres em idade fértil conseguiu vacinar mais de 29 milhões de estes microrganismos não se multiplicavam, ou o faziam mais vaga-
mulheres em idade fértil em todo o País, objetivando o controle da rosamente, ocorrendo o contrário acima dessa temperatura.
rubéola e a prevenção da síndrome da rubéola congênita. A observação de Leeuwenhoek continuou sendo alvo de pes-
Rede de Frio: A rede de frio do Brasil interliga os municípios quisa no meio científico e no século 18, descobertas científicas rela-
brasileiros em uma complexa rede de armazenamento, distribuição cionaram o frio à inibição do processo dos alimentos. Além da neve
e manutenção de vacinas em temperaturas adequadas nos níveis e do gelo, os recursos eram a salmoura e o ato de curar os alimen-
nacional, estadual e municipal e local. tos. Também havia as loucas de barro que mantinham a frescura
Autossuficiência na produção de imuno biológicos: O PNI pro- dos alimentos e da água, fato este já observado pelos egípcios antes
duz grande parte das vacinas utilizadas no País e ainda fornece va- de Cristo. Mas as dificuldades para obtenção de gelo na natureza
cinas com qualidade reconhecida e certificada internacionalmente criava a necessidade do desenvolvimento de técnicas capazes de
pela Organização Mundial da Saúde, com grande potencial de ex- produzi-lo artificialmente.
portação de um número maior de vacinas produzidas no País. O Apenas em 1824, o físico e químico Michael Faraday descobriu
Brasil tem a meta ousada de ter auto-suficiência na produção de a indução eletromagnética – o princípio da refrigeração. Esse prin-
imuno biológicos para uso na população brasileira.
cípio seria utilizado dez anos depois, nos Estados Unidos, para fabri-
Cooperação internacional: O PNI provê assistência técnica com
car gelo artificialmente e, na Alemanha em 1855.
envio de profissionais para apoiar atividades de imunizações e vi-
Mesmo com o sucesso desses modelos experimentais, a pos-
gilância epidemiológica em outros países das Américas. Ainda, por
sibilidade de produção do gelo para uso doméstico ainda era um
meio da OPAS, são inúmeros os termos de cooperação entre países
do qual o Brasil participa, firmados com o intuito de transferir expe- sonho distante.
riências e conhecimentos entre os países. Enquanto isso não ocorria, a única possibilidade de utilização
Sendo assim, um dos programas de imunizações mais ativos na do frio era tentando ampliar ao máximo a durabilidade do gelo na-
região das Américas, o PNI brasileiro tem exportado iniciativas, his- tural. No início do século XIX, surgiram, assim, as primeiras “geladei-
tórias de sucesso e experiência para diversos países do mundo. É, ras” – apenas um recipiente isolado por meio de placas de cortiça,
portanto, um exemplo a ser seguido, de ousadia, de determinação onde eram colocadas pedras de gelo. Essa geladeira ganhou ares
e de sucesso.” domésticos em 1913.
Em 1918, após a invenção da eletricidade, a Kelvinator Co. in-
Rede de Frio troduziu no mercado o primeiro refrigerador elétrico com o nome
A Rede de Frio ou Cadeia de Frio é o processo de recebimento, de Frigidaire. Esses primeiros produtos foram vendidos como apa-
armazenamento, conservação, manipulação, distribuição e trans- relhos para serem colocados dentro das “caixas de gelo”.
porte dos imuno biológicos do Programa Nacional de Imunizações e Uma das vantagens era não precisar tirar o gelo derretido. O
devem ser mantidos em condições adequadas de refrigeração, des- slogan do refrigerador era “mais frio que o gelo”. Na conservação
de o laboratório produtor até o momento de sua utilização. dos alimentos, a utilização da refrigeração destina-se a impedir a

204
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

multiplicação de microrganismos e sua atividade metabólica, redu- - Os aparelhos condicionadores de ar modernos possuem refri-
zindo, consequentemente, à taxa de produção de toxinas e enzimas geração e aquecimento, mas também devem ser instalados na par-
que poderiam deteriorar os alimentos, mantendo, assim, à qualida- te superior da sala, pois o período de tempo de maior uso será no
de dos mesmos. modo ‘refrigeração’, ou seja, no período de verão. Contudo, quando
Com a criação do Programa Nacional de Imunizações no Brasil o equipamento for utilizado no modo ‘aquecimento’, durante o in-
surge a necessidade de equipamento de refrigeração para a con- verno, as aletas do equipamento deverão estar direcionadas para
servação dos imuno biológicos e inicia-se o uso do refrigerador baixo, forçando o ar quente em direção ao solo.
doméstico para este fim, adotando-se algumas adaptações e/ou - Os aquecedores de ar, por sua vez, deverão ser sempre insta-
modificações que serão demonstradas no capítulo referente aos lados na parte inferior do recinto a ser aquecido, pois o ar quente,
equipamentos da rede de frio. por ser menos denso, subirá e o ar que está mais frio na parte supe-
Para os imuno biológicos, a refrigeração destina-se exclusiva- rior desce e sofre aquecimento por convecção.
mente à conservação do seu poder imunogênico, pois são produtos
termolábeis, isto é, que se deterioram sob a influência do calor. Radiação: É o processo de transmissão de calor através de on-
das eletromagnéticas ondas de calor). A energia emitida por um
Princípios Básicos de Refrigeração corpo (energia radiante) se propaga até o outro, através do espaço
Calor: é uma forma de energia que pode ser transmitida de que os separa. Raios infravermelhos; Sol; Terra; O Sol aquece a Terra
um corpo a outro em virtude da diferença de temperatura existente através dos raios infravermelhos. Sendo uma transmissão de calor
entre eles. A transmissão da energia se dá a partir do corpo com através de ondas eletromagnéticas, a radiação não exige a presença
maior temperatura para o de menor temperatura. Um corpo, ao do meio material para ocorrer, isto é, a radiação ocorre no vácuo e
receber ou ceder calor, pode sofrer dois efeitos diferentes: variação também em meios materiais.
de temperatura ou mudança de estado físico (fase). A quantidade Nem todos os materiais permitem a propagação das ondas de
de calor recebida ou cedida por um corpo que sofre uma variação calor através dele com a mesma velocidade. A caixa térmica, por
de temperatura é denominada calor sensível. E, se ocorrer uma mu- exemplo, por ser feita de material isolante, dificulta a entrada do
dança de fase, o calor é chamado latente (palavra derivada do latim calor e o frio em seu interior, originário das bobinas de gelo reutili-
que significa escondido). zável, é conservado por mais tempo. Toda energia radiante, trans-
Diz-se que um corpo é mais frio que o outro quando possui portada por onda de rádio, infravermelha, ultravioleta, luz visível,
menor quantidade de energia térmica ou, temperatura inferior ao raios X, raio gama, etc, pode converter-se em energia térmica por
outro. Com base nesses princípios são, a seguir, apresentadas algu- absorção. Porém, só as radiações infravermelhas são chamadas de
mas experiências onde os mesmos são aplicados à conservação de ondas de calor. Um corpo bom absorvente de calor é um mal refle-
imuno biológicos. tor. Um corpo bom refletor de calor é um mal absorvente. Exemplo:
Corpos de cor negra são bons absorventes e corpos de cores claras
Transferência de Calor: É a denominação dada à passagem da são bons refletores de calor.
energia térmica (que durante a transferência recebe o nome de ca-
lor) de um corpo com temperatura mais alta para outro ou de uma Relação entre temperatura e movimento molecular: Inde-
parte para outra de um mesmo corpo com temperatura mais baixa. pendentemente do seu estado, as moléculas de um corpo encon-
Essa transmissão pode se processar de três maneiras diferentes: tram-se em movimento contínuo. Na figura a seguir, verifica-se o
condução, convecção e radiação. comportamento das moléculas da água nos estados sólido, líquido
e gasoso. À medida que sofrem incremento de temperatura, essas
Condução: É o processo de transmissão de calor em que a moléculas movimentam-se com maior intensidade. A liberdade
energia térmica passa de um local para outro através das partículas para se movimentarem aumenta conforme se passa do estado sóli-
do meio que os separa. Na condução a passagem da energia de uma do para o líquido; e deste, para o gasoso
local para outro se faz da seguinte maneira: no local mais quente, as
partículas têm mais energia, vibrando com mais intensidade; com Convecção Natural – Densidade: Uma mesma substância, em
esta vibração cada partícula transmite energia para a partícula vizi- diferentes temperaturas, pode ficar mais ou menos densa. O ar
nha, que passa a vibrar mais intensamente; esta transmite energia quente é menos denso que o ar frio. Assim, num espaço determi-
para a seguinte e assim sucessivamente. nado e limitado, ocorre sempre uma elevação do ar quente e uma
queda (precipitação) do ar frio. Sob tal princípio, uma caixa térmica
Convecção: Consideremos uma sala na qual se liga um aque- horizontal aberta, contendo bobinas de gelo reutilizável ou outro
cedor elétrico em sua parte inferior. O ar em torno do aquecedor é produto em baixa temperatura, só estará recebendo calor do am-
aquecido, tornando-se menos denso. Com isso, o ar aquecido sobe biente através da radiação e não pela saída do ar frio existente, uma
e o ar frio que ocupa a parte superior da sala, e portanto, mais dis- vez que este, sendo mais denso, permanece no fundo da caixa.
tante do aquecedor, desce. A esse movimento de massas de fluido Ao se abrir a porta de uma geladeira vertical ocorrerá a saída
chamamos convecção e as correntes de ar formadas são correntes de parte do volume de ar frio contido dentro da mesma, com sua
de convecção. Portanto, convecção é um movimento de massas de consequente substituição por parte do ar quente situado no am-
fluido, trocando de posição entre si. Notemos que não tem signifi- biente mais próximo do refrigerador. O ar frio, por ser mais denso,
cado falar em convecção no vácuo ou em um sólido, isto é, convec- sai por baixo, permitindo a penetração do ar ambiente (com calor
ção só ocorre nos fluidos. Exemplos ilustrativos: e umidade). Os equipamentos utilizados para a conservação de
- Os aparelhos condicionadores de ar devem sempre ser insta- sorvetes e similares são predominantemente freezers horizontais,
lados na parte superior do recinto a ser resfriado, para que o ar frio com várias aberturas pequenas na parte superior, visando a maior
refrigerado, sendo mais denso, desça e force o ar quente, menos eficiência na conservação de baixas temperaturas. Um exemplo do
denso, para cima, tornando o ar de todo o ambiente mais frio e princípio da densidade é observado quando os evaporadores ou
mais uniforme. congeladores dos refrigeradores, os aparelhos de ar-condicionado

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

e centrais de refrigeração são instalados na parte superior do local Por consequência, os imuno biológicos serão congelados, o que
a ser refrigerado Assim o ar frio desce e refrigera todo o ambiente para alguns tipos, pode comprometer a qualidade, por exemplo: a
mais rapidamente. Já os aquecedores devem ser instalados na par- vacina contra DTP.
te inferior. Desta forma, o ar quente sobe e aquece o local de forma Além desses fatores, as experiências citadas permitem lembrar
mais rápida. Agindo destas formas, garantimos o desempenho cor- alguns pontos importantes:
reto dos aparelhos e economizamos energia através da utilização da - o calor, decorrido algum tempo, passará através das paredes
convecção natural da caixa com maior ou menor facilidade, em função das caracterís-
ticas do material utilizado e da espessura das mesmas;
Temperatura: O calor é uma forma de energia que não pode ser - a temperatura no interior da caixa nem sempre é uniforme.
medida diretamente. Porém, por meio de termômetro, é possível Num determinado momento podemos encontrar temperaturas di-
medir sua intensidade. A temperatura de uma substância ou de um ferentes em vários pontos (a, b e c). O procedimento de envolver
corpo é a medida de intensidade do calor ou grau de calor existente os imuno biológicos com bobinas de gelo reutilizável é entendido
em sua massa. Existem diversos tipos e marcas de indicadores de como uma proteção ao avanço do calor, que parte sempre do mais
temperatura. Para seu funcionamento, aproveita-se a proprieda- quente para o mais frio, mas que afeta a temperatura dos corpos
de que alguns corpos têm para dilatar-se ou contrair-se conforme pelos quais se propaga;
ocorra aumento ou diminuição da temperatura. Para esse funcio- - no acondicionamento de imuno biológicos em caixas térmicas
namento utilizam-se, também, as variações de pressão que alguns é possível manter ou reduzir a temperatura das mesmas durante
fluidos apresentam quando submetidos a variações de temperatu- um tempo determinado utilizando-se, para tal, bobinas de gelo reu-
ra. Os líquidos mais comumente utilizados são o álcool e o mercú- tilizável em diferentes temperaturas e quantidade.
rio, principalmente por não se congelarem a baixas temperaturas.
Existem várias escalas para medição de temperatura, sendo Tipos de Sistema
que as mais comuns são a Fahrenheit (ºF), em uso nos países de Compressão: São sistemas que utilizam a compressão e a ex-
língua inglesa, e a Celsius (ºC), utilizada no Brasil. pansão de uma substância, denominada fluido refrigerante, como
Nos termômetros em escala Celsius (ºC) ou Centígrados, o pon- meio para a retirada de energia térmica de um corpo ou ambiente.
to de congelamento da água é 0ºC e o seu ponto de ebulição é de Esses sistemas são normalmente alimentados por energia elétrica
100ºC, ambos medidos ao nível do mar e à pressão atmosférica. proveniente de centrais hidrelétricas ou térmicas. Alternativamen-
Fatores que interferem na manutenção da temperatura no in- te, em regiões remotas, tem-se usado o sistema fotovoltaico como
terior das caixas térmicas: fonte geradora de energia elétrica.
- Temperatura ambiente: Quanto maior for a temperatura am-
biente, mais rapidamente a temperatura do interior da caixa tér- Componentes e elementos do sistema de refrigeração por
mica se elevará, em virtude da entrada de ar quente pelas paredes compressão: Componentes: compressor, condensador e controle
da caixa. do líquido refrigerante. Elementos: evaporador, filtro desidratador,
- Material isolante: O tipo, a qualidade e a espessura do mate- gás refrigerante e termostato. Os componentes acima descritos es-
rial isolante utilizado na fabricação da caixa térmica interferem na tão unidos entre si por meio de tubulações, dentro das quais cir-
penetração do calor. Com paredes mais grossas, o calor terá maior cula um fluido refrigerante ecológico (R-134a - tetrafluoretano, é o
dificuldade para atravessá-las. Com paredes mais finas, o calor pas- mais comum). A compressão e a expansão desse fluido refrigerante,
sará mais facilmente. Com material de baixa condutividade térmica dentro de um circuito fechado, o torna capaz de retirar calor de
(exemplo: poliuretano ao invés de poliestireno expandido), o calor um ambiente. Esse circuito deve estar hermeticamente selado, não
não penetrará na caixa com facilidade. permitindo a fuga do refrigerante. Nos refrigeradores e freezers,
- Bobinas de Gelo Reutilizável – Quantidade e Temperatura: A o compressor e o motor estão hermeticamente fechados em uma
quantidade de bobinas de gelo reutilizável colocada no interior da mesma carcaça
caixa é importante para a correta conservação. A transferência do
calor recebido dos imuno biológicos, do ar dentro da caixa e atra- Compressor: É um conjunto mecânico constituído de um motor
vés das paredes fará com que o gelo derreta (temperatura próxima elétrico e pistão no interior de um cilindro. Sua função é fazer o flui-
de 0ºC, no caso de as bobinas de gelo serem constituídas de água do refrigerante circular dentro do sistema de refrigeração.. Durante
pura). Otimizar o espaço interno da caixa para a acomodação de o processo de compressão, a pressão e a temperatura do fluido re-
maior quantidade de bobinas de gelo fará com que a temperatura frigerante se elevam rapidamente
interna do sistema permaneça baixa por mais tempo. Dispor as bo-
binas de gelo reutilizável nos espaços vazios no interior da caixa, de Condensador: É o elemento do sistema de refrigeração que se
modo que circundem os imuno biológicos serve ao propósito men- encontra instalado e conectado imediatamente após o ponto de
cionado acima. Ao dispor de certa quantidade de bobinas de gelo descarga do compressor. Sua função é transformar o fluido refri-
reutilizável nas paredes laterais da caixa térmica, formamos uma gerante em líquido. Devido à redução de sua temperatura, ocorre
barreira para diminuir a velocidade de entrada de calor, por um pe- mudança de estado físico, passando de vapor superaquecido para
ríodo de tempo. O calor vai continuar atravessando as paredes, e líquido saturado. São constituídos por tubos metálicos (cobre, alu-
isso ocorre porque não existe material perfeitamente isolante. Con- mínio ou ferro) dispostos sobre chapas ou fixos por aletas (arame
tudo, o calor que adentra a caixa atinge primeiro as bobinas de gelo de aço ou lâminas de alumínio), tomando a forma de serpentina.
reutilizável, aumentando inicialmente sua temperatura, e, somente A circulação do ar através do condensador pode se dar de duas
depois, altera a temperatura do interior da caixa. maneiras: a) Por circulação natural (sistemas domésticos) b) Por cir-
culação forçada (sistemas comerciais de grande capacidade). Como
A temperatura das bobinas de gelo reutilizável também deve o condensador está exposto ao ambiente, cuja temperatura é infe-
ser rigorosamente observada. Caso sejam utilizadas bobinas de rior à temperatura do refrigerante em circulação, o calor vai sendo
gelo reutilizável, em temperaturas muito baixas (-20ºC) e em gran- dissipado para esse mesmo ambiente. Assim, na medida em que o
de quantidade, há o risco de, em determinado momento, que a fluido refrigerante perde calor ao circular pelo condensador, ele se
temperatura dos imuno biológicos esteja próxima à dessas bobinas. converte em líquido.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Nos refrigeradores tipo doméstico e freezers utilizados pelo O sistema utilizado em refrigeradores para conservação de
PNI, são predominantemente utilizados os condensadores estáti- imuno biológicos é dimensionado para operação contínua do equi-
cos, nos quais o ar e a temperatura ambiente são os únicos fatores pamento (carregado e incluindo as bobinas de gelo reutilizável)
de interferência. As placas, ranhuras e pequenos tubos incorpora- durante os períodos de menor insolação no ano. Se outras cargas,
dos aos condensadores, visam exclusivamente facilitar a dissipação como iluminação, forem incluídas no sistema, elas devem operar
do calor, aumentando a superfície de resfriamento. através de um banco de baterias separado, independente do que
Olhando-se lateralmente um refrigerador tipo doméstico verifi- fornece energia ao refrigerador. O projeto do sistema deve permitir
ca-se que o condensador está localizado na parte posterior, afasta- uma autonomia de, no mínimo, sete dias de operação contínua.
do do corpo do refrigerador. O calor é dissipado para o ar circulante Em ambientes com temperaturas médias entre +32ºC e +43ºC,
que sobe em corrente, dos lados do evaporador. Para que este ciclo a temperatura interna do refrigerador, devidamente carregado,
seja completado com maior facilidade e sem interferências desfavo- quando estabilizada, não deve exceder a faixa de +2ºC a +8ºC. A
ráveis, o equipamento com sistema de refrigeração por compressão carga recomendada de bobinas de gelo reutilizável contendo água a
(geladeira, freezers, etc.) deve ficar afastado da parede, instalado temperatura ambiente deve ser aquela que o equipamento é capaz
em lugar ventilado, na sombra e longe de qualquer fonte de calor, congelar em um período de 24 horas.
para que o condensador possa ter um rendimento elevado. Não co- Em virtude de seu alto custo e necessidade de treinamento
locar objetos sobre o condensador. Periodicamente, limpar o mes- especializado dos responsáveis pela manutenção, alguns critérios
mo para evitar acúmulo de pó ou outro produto que funcione como são observados para a escolha das localidades para instalação desse
isolante. tipo de equipamento:

Alguns equipamentos (geladeiras comerciais, câmaras frigorífi- - remotas e de difícil acesso, isoladas com inexistência de fonte
cas, etc.) utilizam o conjunto de motor, compressor e condensador, de energia convencional;
instalado externamente. - que por razões logísticas se necessite dispor de um refrigera-
dor para armazenamento;
Filtro desidratador: Está localizado logo após o condensador.
- que, segundo o Ministério de Minas e Energia, não serão al-
Consiste em um filtro dotado de uma substância desidratadora que
cançadas pela rede elétrica convencional em, pelo menos, 5 anos;
retém as impurezas ou substâncias estranhas e absorve a umidade
residual que possa existir no sistema.
Absorção: Funciona alimentado por uma fonte de calor que
Controle de expansão do fluido refrigerante: A seguir está lo- pode ser uma resistência elétrica, gás ou querosene. Em opera-
calizado o controlador de expansão do fluido refrigerante. Sua fina- ção com gás ou eletricidade, a temperatura interna é controlada
lidade é controlar a passagem e promover a expansão (redução da automaticamente por um termostato. Nos equipamentos a gás, o
pressão e temperatura) do fluido refrigerante para o evaporador. termostato dispõe de um dispositivo de segurança que fecha a pas-
Este dispositivo, em geral, pode ser um tubo capilar usado em pe- sagem deste quando a chama se apaga; com querosene, a tempe-
quenos sistemas de refrigeração ou uma válvula de expansão, usual ratura é controlada manualmente através do ajuste da chama do
em sistemas comerciais e industriais. querosene. O sistema por absorção não é tão eficiente e difere da
configuração do sistema por compressão. Seu funcionamento de-
Evaporador: É a parte do sistema de refrigeração no qual o pende de uma mistura de água e amoníaco, em presença de um
fluido refrigerante, após expandir-se no tubo capilar ou na válvula gás inerte (hidrogênio). Requer atenção constante para garantir o
de expansão, evapora-se a baixa pressão e temperatura, absorven- desempenho adequado.
do calor do meio. Em um sistema de refrigeração, a finalidade do
evaporador é absorver calor do ar, da água ou de qualquer outra Funcionamento do sistema por absorção: A água tem a pro-
substância que se deseje baixar a temperatura. Essa retirada de priedade de absorver amônia (NH3) com muita facilidade e através
calor ou esfriamento ocorre em virtude de o líquido refrigerante, desta, é possível reduzir e manter baixa a temperatura nos sistemas
a baixa pressão, se evaporar, absorvendo calor do conteúdo e do de absorção. A aplicação de calor ao sistema faz com que a solubi-
ambiente interno do refrigerador. À medida que o líquido vai se lidade da amônia na água, libere o gás da solução. Assim, a amônia
evaporando, deslocando-se pelas tubulações, este se converte em purificada, em forma gasosa, se desloca do separador até o con-
vapor, que será aspirado pelo compressor através da linha de baixa densador, que é uma serpentina de tubulações com um dispositivo
pressão (sucção). Posteriormente, será comprimido e enviado pelo de aletas situado na parte superior do circuito. Nesse elemento, a
compressor ao condensador fechando o ciclo. amônia se condensa e, em forma líquida, desce por gravidade até
o evaporador, localizado abaixo do condensador e dentro do gabi-
Alimentação elétrica dos sistemas de refrigeração por com- nete.
pressão: Pode ser convencional, quando é proveniente de centrais O esfriamento interno do equipamento ocorre pela perda de
hidrelétricas ou térmicas, ou fotovoltaica, quando utiliza a energia
calor para a amônia, que sofre uma mudança de fase da amônia,
solar. A alimentação elétrica convencional dispensa maiores co-
passando do estado líquido para o gasoso.
mentários, pois é de uso muito comum e conhecida por todos.
A presença do hidrogênio mantém uma pressão elevada e uni-
Atualmente, muitos países em desenvolvimento estão usando
forme no sistema. A mistura amônia-hidrogênio varia de densidade
o sistema fotovoltaico na rede de frio para conservação de imuno-
biológicos. É, algumas vezes, a única alternativa em áreas onde não ao passar de uma parte do sistema para outra, o que resulta em
existe disponibilidade de energia elétrica convencional confiável. um desequilíbrio que provoca a movimentação da amônia até o
A geração de energia elétrica provém de células fotoelétricas ou componente absorvente (água). Ao sair do evaporador, a mistura
fotovoltaicas, instaladas em painéis que recebem luz solar direta, amônia-hidrogênio passa ao absorvedor, onde somente a amônia é
armazenando-a em baterias próprias através do controlador de car- retida. Nesse ponto, o calor aplicado permitirá novamente a libera-
ga para a manutenção do funcionamento do sistema, inclusive no ção da amônia até o condensador, fechando o ciclo continuamente.
período sem sol.

207
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Os sistemas de absorção apresentam algumas desvantagens: - Na caixa térmica da sala de vacina ou para o trabalho extra-
- os equipamentos que utilizam combustível líquido na alimen- muro, a temperatura deverá ser controlada com frequência, subs-
tação apresentam irregularidade da chama e acúmulo de carvão ou tituindo-se as bobinas de gelo reutilizável quando a temperatura
fuligem, necessitando regulagem sistemática e limpeza periódica atingir +8ºC.
dos queimadores; - O PNI não recomenda a compra deste modelo de termôme-
tro, porém onde
- a manutenção do equipamento em operação satisfatória - O PNI espera cada vez mais que todas as instâncias invistam
apresenta maior grau de complexidade em relação aos sistemas de na aquisição de termômetros mais precisos e de melhor qualidade
compressão; (digital de momento, máxima e mínima).
- a qualidade e o abastecimento constante dos combustíveis Termômetro analógico de cabo extensor: Este tipo de termô-
dificulta o uso de tal equipamento. metro é utilizado para verificar a temperatura do momento, no
transporte, no uso diário da sala de vacina ou no trabalho extra-
Controle de temperatura conforme o tipo de sistema, proce- muro.
der das seguintes maneiras: a) aqueles que funcionam com com-
bustíveis líquidos. O controle é efetuado através da diminuição ou Termômetro a laser: É um equipamento de alta tecnologia, uti-
aumento da chama utilizada no aquecimento do sistema, por meio lizado principalmente para a verificação de temperatura dos imuno
de um controle que movimenta o pavio do queimador; b) aqueles biológicos nos volumes (caixas térmicas), recebidos ou expedidos
que funcionam com combustíveis gasosos. Nestes sistemas, o con- em grandes quantidades. Tem a forma de uma pistola, com um ga-
trole é feito por um elemento termostático que permite aumentar tilho que ao ser pressionado aciona um feixe de raio laser que ao
ou diminuir a vazão do gás que alimentará a chama do queimador, atingir a superfície das bobinas de gelo, registra no visor digital do
provocando as alterações de temperatura desejadas; c) aqueles aparelho a temperatura real do momento. Para que seja obtido um
que funcionam com eletricidade. O controle é feito através de um registro de temperatura confiável é necessário que sejam observa-
termostato para refrigeração simples, que conecta ou desconecta dos os procedimentos descritos pelo fabricante quanto à distância
a alimentação da resistência elétrica, do mesmo tipo utilizado nos e ao tempo de pressão no gatilho do termômetro
refrigeradores à compressão.
Situações de Emergência
Os equipamentos de refrigeração podem deixar de funcionar
Temperatura: controle e monitoramento
por vários motivos. Assim, para evitar a perda dos imuno biológicos,
precisamos adotar algumas providencias. Quando ocorrer interrup-
O controle diário de temperatura dos equipamentos da Rede
ção no fornecimento de energia elétrica, manter o equipamento
de Frio é imprescindível em todas as instâncias de armazenamento
fechado e monitorar, rigorosamente, a temperatura interna com
para assegurar a qualidade dos imuno biológicos. Para isso, utili-
termômetro de cabo extensor. Se não houver o restabelecimento
zam-se termômetros digitais ou analógicos, de cabo extensor ou
da energia, no prazo máximo de 2 horas ou quando a temperatura
não. Quando for utilizado o termômetro analógico de momento,
estiver próxima a + 8 C proceder imediatamente a transferência dos
máxima e mínima, a leitura deve ser rápida, a fim de evitar variação
imuno biológicos para outro equipamento com temperatura reco-
de temperatura no equipamento. O termômetro de cabo extensor
mendada (refrigerador ou caixa térmica).
é de fácil leitura e não contribui para essa alteração porque o visor O mesmo procedimento deve ser adotado em situação de falha
permanece fora do equipamento. no equipamento.
O serviço de saúde deverá dispor de bobinas de gelo reutilizá-
Termômetro digital de momento, máxima e mínima: É um equi- vel congeladas para serem usadas no acondicionamento dos imuno
pamento eletrônico de precisão constituído de um visor de cristal biológicos em caixas térmicas.
líquido, com cabo extensor, que mensura as temperaturas (do mo- No quadro de distribuição de energia elétrica da Instituição,
mento, a máxima e a mínima), através de seu bulbo instalado no é importante identificar a chave especifica do circuito da Rede de
interior do equipamento, em um período de tempo. Também existe Frio e/ou sala de vacinação e colocar um aviso em destaque - “Não
disponível um modelo deste equipamento que permite a leitura das Desligar”. Estabelecer uma parceria com a empresa local de energia
temperaturas de momento, máxima, mínima e do ambiente exter- elétrica, a fim de ter informação prévia sobre interrupções progra-
no, com dispositivo de alarme que é acionado quando a variação madas no fornecimento. Nas situações de emergência é necessário
de temperatura ultrapassa os limites configurados, ou seja, +2º e que a unidade comunique a ocorrência à instância superior imedia-
+ 8º C (set point) ou sem alarme. Constituído por dois visores de ta para as devidas providências.
cristal líquido, um para temperatura do equipamento e outro para a Observação: Recomenda-se a orientação dos agentes respon-
temperatura do ambiente sáveis pela vigilância e segurança das centrais de rede de frio na
Termômetro analógico de momento, máxima e mínima (Ca- identificação de problemas que possam comprometer a qualidade
pela): Este termômetro apresenta duas colunas verticais de mer- dos imuno biológicos, comunicando imediatamente o técnico res-
cúrio com escalas inversas e é utilizado para verificar as variações ponsável, principalmente durante finais de semana e feriados.
de temperatura ocorridas em determinado ambiente, num período
de tempo, fornecendo três tipos de informação: a mais fria; a mais Equipamentos da Rede de Frio
quente e a do momento. O PNI utiliza equipamentos que garantem a qualidade dos imu-
Termômetro linear: Esse tipo de termômetro só nos dá a tem- no biológicos: câmara frigorífica, freezers ou congeladores, refri-
peratura do momento, por isso seu uso deve ser restrito às caixas geradores tipo doméstico ou comercial, caminhão frigorífico entre
térmicas de uso diário. outros. Considerando as atividades executadas no âmbito da cadeia
Colocá-lo no centro da caixa, próximo às vacinas e tampá-la; de frio de imuno biológicos, algumas delas podem apresentar um
aguardar meia hora para fazer a leitura da temperatura, verificando potencial de risco à saúde do trabalhador. Neste sentido, a legisla-
a extremidade superior da coluna. ção trabalhista vigente determina o uso de Equipamentos de Pro-

208
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

tecão Individual (EPI), conforme estabelece a Portaria do Ministério - não deixar a porta aberta por mais de um minuto ao colocar
do Trabalho e Emprego n. 3.214, de 08/06/1978 que aprovou, den- ou retirar imuno biológico e somente abrir a câmara depois de fe-
tre outras normas, a Norma Regulamentadora nº 06 - Equipamento chada a antecâmara;
de Proteção Individual - EPI. Segundo esta norma, considera-se EPI, - somente entrar na câmara positiva se a temperatura interna
“todo dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo tra- registrada no visor externo estiver ≤+5ºC. Essa conduta impede que
balhador, destinado á proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a a temperatura interna da câmara ultrapasse +8ºC com a entrada de
segurança e a saúde no trabalho”. ar quente durante a abertura da porta;
- verificar, uma vez ao mês, se a vedação da porta da câmara
Câmaras Frigoríficas: Também denominadas câmaras frias. São está em boas condições, isto é, se a borracha (gaxeta) não apresen-
ambientes especialmente construídos para armazenar produtos em ta ressecamento, não tem qualquer reentrância, abaulamento em
baixas temperaturas, tanto positivas quanto negativas e em gran- suas bordas e se a trava de segurança está em perfeito funciona-
des volumes. Para conservação dos imuno biológicos essas câmaras mento. O formulário para registro da revisão mensal encontra-se
funcionam em temperaturas entre +2ºC e +8ºC e -20°C, de acordo em manual específico de manutenção de equipamentos;
com a especificação dos produtos. Na elaboração de projetos para - observar para que a luz interna da câmara não permaneça
construção, ampliação ou reforma, é necessário solicitar assessoria acesa quando não houver pessoas trabalhando em seu interior. A
do PNI considerando a complexidade, especificidade e custo deste luz é grande fonte de calor;
equipamento. - ao final do dia de trabalho, certificar-se de que a luz interna
O seu funcionamento de uma maneira geral obedece aos prin- foi apagada; de que todas as pessoas saíram e de que a porta da
cípios básicos de refrigeração, além de princípios específicos, tais câmara foi fechada corretamente;
como: - a limpeza interna das câmaras e prateleiras é feita sempre
- paredes, piso e teto montados com painéis em poliuretano com pano úmido, e se necessário, utilizar sabão. Adotar o mesmo
injetado de alta densidade revestido nas duas faces em aço inox/ procedimento nas paredes e teto e finalmente secá-los. Remover
alumínio; as estruturas desmontáveis do piso para fora da câmara, lavar com
- sistema de ventilação no interior da câmara, para facilitar a água e sabão, enxaguar, secar e recolocar. Limpar o piso com pano
distribuição do ar frio pelo evaporador; úmido (pano exclusivo) e sabão, se necessário e secar. Limpar as
- compressor e condensador dispostos na área externa à câma- luminárias com pano seco e usando luvas de borracha para preven-
ra, com boa circulação de ar; ção de choques elétricos. Recomenda-se a limpeza antes da repo-
- antecâmara (para câmaras negativas), com temperatura de sição de estoque.
+4°C, objetivando auxiliar o isolamento do ambiente e prevenir a - recomenda-se, a cada 6 (seis) meses, proceder a desinfecção
ocorrência de choque térmico aos imuno biológicos; geral das paredes e teto das câmaras frias;
- alarmes audiovisual de baixa e alta temperaturas para aler- - semanalmente a Coordenação Estadual receberá do respon-
tar da ocorrência de oscilação na corrente elétrica ou de defeito no sável pela Rede de Frio o gráfico de temperatura das câmaras e dará
equipamento de refrigeração; o visto, após análise dos mesmos.
- alarme audiovisual indicador de abertura de porta;
- dois sistemas independentes de refrigeração instalados: um A manutenção preventiva e corretiva é indispensável para
em uso e outro em reserva, para eventual defeito do outro; a garantia do bom funcionamento da câmara. Manter o contrato
- sistema eletrônico de registro de temperatura (data loggers); atualizado e renovar com antecedência prevenindo períodos sem
- Lâmpada de cor amarela externamente à câmara, com acio- cobertura. As orientações técnicas e formulários estão descritos no
namento interligado à iluminação interna, para alerta da presença manual específico de manutenção de equipamentos.
de pessoal no seu interior e evitar que as luzes internas sejam dei- Freezers ou Congeladores: São equipamentos destinados, pre-
ferencialmente, a estocagem de imuno biológicos em temperaturas
xadas acesas desnecessariamente.
negativas (aproximadamente a -20ºC), mais eficientes e confiáveis,
principalmente aquele dotado de tampas na parte superior. Estes
Algumas câmaras, devido ao seu nível de complexidade e di-
equipamentos devem ser do tipo horizontal, com isolamento de
mensões utilizam sistema de automação para controle de tempera-
suas paredes em poliuretano, evaporadores nas paredes (contato
tura, umidade e funcionamento.
interno) e condensador/compressor em áreas projetadas no corpo,
Organização Interna: As câmaras são dotadas de prateleiras va-
abaixo do gabinete. São também utilizados para congelar as bobi-
zadas, preferencialmente metálicas, em aço inox, nas quais os imu-
nas de gelo reutilizável e nesse caso, a sua capacidade de armaze-
no biológicos são acondicionados de forma a permitir a circulação
namento é de até 80%.
de ar entre as mesma e organizados de acordo com a especificação Não utilizar o mesmo equipamento para o armazenamento
do produto laboratório produtor, número do lote, prazo de validade concomitante de imuno biológicos e bobinas de gelo reutilizável.
e apresentação. Instalar em local bem arejado, sem incidência da luz solar direta
As prateleiras metálicas podem ser substituídas por estrados e distante, no mínimo, 40cm de outros equipamentos e 20cm de
de plástico resistente (paletes), em função do volume a ser armaze- paredes, uma vez que o condensador necessita dissipar calor para o
nado. Os lotes com menor prazo de validade devem ter prioridade ambiente. Colocar o equipamento sobre suporte com rodinhas para
na distribuição, Cuidados básicos para evitar perda de imuno bio- evitar a oxidação das chapas da caixa em contato direto com o piso
lógicos: úmido e facilitar sua limpeza e movimentação.
- na ausência de controle automatizado de temperatura, reco-
menda-se fazer a leitura diariamente, no início da jornada de traba-
lho, no início da tarde e no final do dia, com equipamento disponí-
vel e anotar em formulário próprio;
- testar os alarmes antes de sair, ao final da jornada de traba-
lho;
- usar equipamento de proteção individual;

209
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Programa Nacional de Imunização A equipe de vacinação é formada pelo enfermeiro e pelo téc-
nico ou auxiliar de enfermagem, sendo ideal a presença de dois
Vacinação e atenção básica vacinadores para cada turno de trabalho. O tamanho da equipe
A Política Nacional de Atenção Básica, estabelecida em 2006, depende do porte do serviço de saúde, bem como do tamanho da
caracteriza a atenção básica como “um conjunto de ações de saúde, população do território sob sua responsabilidade.
no âmbito individual e coletivo, que abrange a promoção e a prote- Tal dimensionamento também pode ser definido com base na
ção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, previsão de que um vacinador pode administrar com segurança cer-
a reabilitação e a manutenção da saúde”. A Estratégia de Saúde da ca de 30 doses de vacinas injetáveis ou 90 doses de vacinas adminis-
Família (ESF), implementada a partir de 1994, é a estratégia adota- tradas pela via oral por hora de trabalho.
da na perspectiva de organizar e fortalecer esse primeiro nível de A equipe de vacinação participa ainda da compreensão da si-
atenção, organizando os serviços e orientando a prática profissional tuação epidemiológica da área de abrangência na qual o serviço de
de atenção à família. No contexto da vacinação, a equipe da ESF re- vacinação está inserido, para o estabelecimento de prioridades, a
aliza a verificação da caderneta e a situação vacinal e encaminha a alocação de recursos e a orientação programática, quando neces-
população à unidade de saúde para iniciar ou completar o esquema sário.
vacinal, conforme os calendários de vacinação. É fundamental que O enfermeiro é responsável pela supervisão ou pelo monito-
haja integração entre a equipe da sala de vacinação e as demais ramento do trabalho desenvolvido na sala de vacinação e pelo pro-
equipes de saúde, no sentido de evitar as oportunidades perdidas cesso de educação permanente da equipe.
de vacinação, que se caracterizam pelo fato de o indivíduo ser aten-
dido em outros setores da unidade de saúde sem que seja verificada Organização e funcionamento da sala de vacinação
sua situação vacinal ou haja encaminhamento à sala de vacinação.
Especificidades da sala de vacinação
Calendário Nacional de Vacinação A sala de vacinação é classificada como área semicrítica. Deve
As vacinas ofertadas na rotina dos serviços de saúde são defi- ser destinada exclusivamente à administração dos imunobiológicos,
nidas nos calendários de vacinação, nos quais estão estabelecidos: devendo-se considerar os diversos calendários de vacinação exis-
tentes. Na sala de vacinação, é importante que todos os procedi-
• os tipos de vacina;
mentos desenvolvidos promovam a máxima segurança, reduzindo
• o número de doses do esquema básico e dos reforços;
o risco de contaminação para os indivíduos vacinados e também
• a idade para a administração de cada dose; e
para a equipe de vacinação. Para tanto, é necessário cumprir as se-
• o intervalo entre uma dose e outra no caso do imunobioló-
guintes especificidades e condições em relação ao ambiente e às
gico cuja proteção exija mais de uma dose. Considerando o risco, a
instalações:
vulnerabilidade e as especificidades sociais, o PNI define calendá-
• Sala com área mínima de 6 m2 . Contudo, recomenda-se uma
rios de vacinação com orientações específicas para crianças, adoles-
área média a partir de 9 m2 para a adequada disposição dos equi-
centes, adultos, gestantes, idosos e indígenas. As vacinas recomen-
pamentos e dos mobiliários e o fluxo de movimentação em condi-
dadas para as crianças têm por objetivo proteger esse grupo o mais
ções ideais para a realização das atividades.
precocemente possível, garantindo o esquema básico completo no • Piso e paredes lisos, contínuos (sem frestas) e laváveis.
primeiro ano de vida e os reforços e as demais vacinações nos anos • Portas e janelas pintadas com tinta lavável.
posteriores. • Portas de entrada e saída independentes, quando possível.
• Teto com acabamento resistente à lavagem.
Os calendários de vacinação estão regulamentados pela Por- • Bancada feita de material não poroso para o preparo dos in-
taria ministerial nº 1.498, de 19 de julho de 2013, no âmbito do sumos durante os procedimentos.
Programa Nacional de Imunizações (PNI), em todo o território na- • Pia para a lavagem dos materiais.
cional, sendo atualizados sistematicamente por meio de informes e • Pia específica para uso dos profissionais na higienização das
notas técnicas pela CGPNI. Nas unidades de saúde, os calendários e mãos antes e depois do atendimento ao usuário.
os esquemas vacinais para cada grupo-alvo devem estar disponíveis • Nível de iluminação (natural e artificial), temperatura, umida-
para consulta e afixados em local visível. de e ventilação natural em condições adequadas para o desempe-
nho das atividades.
Fatores que influenciam a resposta imune • Tomada exclusiva para cada equipamento elétrico
• Equipamentos de refrigeração utilizados exclusivamente para
Fatores relacionados ao vacinado conservação de vacinas, soros e imunoglobulinas, conforme as nor-
-Idade mas do PNI nas três esferas de gestão.
-Gestação • Equipamentos de refrigeração protegidos da incidência de
-Amamentação luz solar direta.
-Reação Anafilática • Sala de vacinação mantida em condições de higiene e lim-
-Paciente Imunodeprimido peza.
-Uso de Antitérmico Profilático.
Administração dos imunobiológicos
Equipe de vacinação e funções básicas Na administração dos imunobiológicos, adote os seguintes pro-
As atividades da sala de vacinação são desenvolvidas pela equi- cedimentos:
pe de enfermagem treinada e capacitada para os procedimentos de • Verifique qual imunobiológico deve ser administrado, confor-
manuseio, conservação, preparo e administração, registro e descar- me indicado no documento pessoal de registro da vacinação (cartão
te dos resíduos resultantes das ações de vacinação. ou caderneta) ou conforme indicação médica.
• Higienize as mãos antes e após o procedimento

210
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Examine o produto, observando a aparência da solução, o esta- Via parenteral A maior parte dos imunobiológicos ofertados
do da embalagem, o número do lote e o prazo de validade. pelo PNI é administrada por via parenteral. As vias de administração
parenterais diferem em relação ao tipo de tecido em que o imuno-
Cuidados com os resíduos da sala de vacinação biológico será administrado. Tais vias são as seguintes: intradérmi-
O resíduo infectante deve receber cuidados especiais nas fases ca, subcutânea, intramuscular e endovenosa.
de segregação, acondicionamento, coleta, tratamento e destino fi- Esta última é exclusiva para a administração de determinados
nal. Para este tipo de resíduo, o trabalhador da sala de vacinação tipos de soros. Para a administração de vacinas, não é recomendada
deve: a assepsia da pele do usuário. Somente quando houver sujidade
• Acondicionar em caixas coletoras de material perfurocortan- perceptível, a pele deve ser limpa utilizando-se água e sabão ou
te os frascos vazios de imunobiológicos, assim como aqueles que álcool a 70%, no caso de vacinação extramuros e em ambiente hos-
devem ser descartados por perda física e/ou técnica, além dos ou- pitalar
tros resíduos perfurantes e infectantes (seringas e agulhas usadas). Nota: • Quando usar o álcool a 70% para limpeza da pele, fric-
O trabalhador deve observar a capacidade de armazenamento da cione o algodão embebido por 30 segundos e, em seguida, espere
caixa coletora, definida pelo fabricante, independentemente do nú- mais 30 segundos para permitir a secagem da pele, deixando-a sem
mero de dias trabalhados. vestígios do produto, de modo a evitar qualquer interferência do
• Acondicionar as caixas coletoras em saco branco leitoso. álcool no procedimento.
• Encaminhar o saco com as caixas coletoras para a Central de A administração de vacinas por via parenteral não requer para-
Material e Esterilização (CME) na própria unidade de saúde ou em mentação especial para a sua execução. A exceção se dá quando o
outro serviço de referência, conforme estabelece a Resolução nº vacinador apresenta lesões abertas com soluções de continuidade
358/2005 do Conama, a fim de que os resíduos sejam inativados nas mãos. Excepcionalmente nesta situação, orienta-se a utilização
• A Rede de Frio refere-se à estrutura técnico-administrativa
de luvas, a fim de se evitar contaminação tanto do imunobiológico
(normatização, planejamento, avaliação e financiamento) direcio-
quanto do usuário.
nada para a manutenção adequada da Cadeia de Frio. Esta, por sua
vez, representa o processo logístico (recebimento, armazenamento,
Nota:
distribuição e transporte) da Rede de Frio. A sala de vacinação é a
instância final da Rede de Frio, onde os procedimentos de vacina- • A administração de soros por via endovenosa requer o uso
ção propriamente ditos são executados mediante ações de rotina, de luvas, assim como a assepsia da pele do usuário.
campanhas e outras estratégias. • Na sala de vacinação, todas as va-
cinas devem ser armazenadas entre +2ºC e +8ºC, sendo ideal +5ºC. Via intradérmica (ID) Na utilização da via intradérmica, a vacina
Organização dos imunobiológicos na câmara refrigerada é introduzida na derme, que é a camada superficial da pele. Esta
via proporciona uma lenta absorção das vacinas administradas. O
O estoque de imunobiológicos no serviço de saúde não deve volume máximo a ser administrado por esta via é 0,5 mL. A vacina
ser maior do que a quantidade prevista para o consumo de um mês, BCG e a vacina raiva humana em esquema de pré-exposição, por
a fim de reduzir os riscos de exposição dos produtos a situações que exemplo, são administradas pela via intradérmica. Para facilitar a
possam comprometer sua qualidade. Os imunobiológicos devem identificação da cicatriz vacinal, recomenda-se no Brasil que a vaci-
ser organizados em bandejas sem que haja a necessidade de dife- na BCG seja administrada na inserção inferior do músculo deltoide
renciá-los por tipo ou compartimento, uma vez que a temperatura direito. Na impossibilidade de se utilizar o deltoide direito para tal
se distribui uniformemente no interior do equipamento. Entretan- procedimento, a referida vacina pode ser administrada no deltoide
to, os produtos com prazo de validade mais curto devem ser dispos- esquerdo.
tos na frente dos demais frascos, facilitando o acesso e a otimização Via subcutânea (SC) Na utilização da via subcutânea, a vacina é
da sua utilização. Orientações complementares sobre a organização introduzida na hipoderme, ou seja, na camada subcutânea da pele.
dos imunobiológicos na câmara refrigerada constam no Manual de O volume máximo a ser administrado por esta via é 1,5 mL. São
Rede de Frio (2013). Abra o equipamento de refrigeração com a exemplos de vacinas administradas por essa via: vacina sarampo,
menor frequência possível. caxumba e rubéola e vacina febre amarela (atenuada). Alguns locais
são mais utilizados para a vacinação por via subcutânea: a região do
Procedimentos segundo as vias de administração dos imuno- deltoide no terço proximal;
biológicos -a face superior externa do braço;
Os imunobiológicos são produtos seguros, eficazes e bastante -a face anterior e externa da coxa; e
custo-efetivos em saúde pública. Sua eficácia e segurança, entretan- -a face anterior do antebraço.
to, estão fortemente relacionadas ao seu manuseio e à sua adminis-
tração. Portanto, cada imunobiológico demanda uma via específica
Via intramuscular (IM) Na utilização da via intramuscular, o
para a sua administração, a fim de se manter a sua eficácia plena.
imunobiológico é introduzido no tecido muscular, sendo apropria-
do para a administração o volume máximo até 5 mL. São exemplos
Via oral A via oral é utilizada para a administração de substân-
cias que são absorvidas no trato gastrintestinal com mais facilidade de vacinas administradas por essa via: vacina adsorvida difteria,
e são apresentadas, geralmente, em forma líquida ou como dráge- tétano, pertussis, Haemophilus influenzae b (conjugada) e hepa-
as, cápsulas e comprimidos. O volume e a dose dessas substâncias tite B (recombinante); vacina adsorvida difteria e tétano adulto;
são introduzidos pela boca. São exemplos de vacinas administradas vacina hepatite B (recombinante); vacina raiva (inativada); vacina
por tal via: vacina poliomielite 1, 2 e 3 (atenuada) e vacina rotavírus pneumocócica 10 valente (conjugada) e vacina poliomielite 1, 2 e
humano G1P1[8] (atenuada). 3 (inativada). As regiões anatômicas selecionadas para a injeção in-
tramuscular devem estar distantes dos grandes nervos e de vasos
sanguíneos, sendo que o músculo vasto lateral da coxa e o músculo
deltoide são as áreas mais utilizadas.

211
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Notas: 3 meses
• A região glútea é uma opção para a administração de deter-
minados tipos de soros (antirrábico, por exemplo) e imunoglobuli- Meningocócica C (conjugada) - (previne Doença invasiva causa-
nas (anti-hepatite B e varicela, como exemplos). da pela Neisseria meningitidis do sorogrupo C) – 1ª dose
• A área ventroglútea é uma região anatômica alternativa para
a administração de imunobiológicos por via intramuscular, devendo 4 meses
ser utilizada por profissionais capacitados.
Penta (previne difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e infec-
Calendários de Vacinação ções causadas pelo Haemophilus influenzae B) – 2ª dose
O Calendário de vacinação brasileiro é aquele definido pelo Vacina Poliomielite 1, 2 e 3 (inativada) - (VIP) (previne a polio-
Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde (PNI/ mielite) – 2ª dose
MS) e corresponde ao conjunto de vacinas consideradas de interes- Pneumocócica 10 Valente (conjugada) (previne pneumonia,
se prioritário à saúde pública do país. Atualmente é constituído por otite, meningite e outras doenças causadas pelo Pneumococo) – 2ª
12 produtos recomendados à população, desde o nascimento até a dose
terceira idade e distribuídos gratuitamente nos postos de vacinação Rotavírus humano (previne diarreia por rotavírus) – 2ª dose
da rede pública.
Lembramos que estes calendários de vacina são do Ministério 5 meses
da Saúde e corresponde a todo o Território Nacional. Mas determi-
nados Estados do Brasil, acrescentam outras vacinas e outras doses, Meningocócica C (conjugada) (previne doença invasiva causada
devido a necessidade local. pela Neisseria meningitidis do sorogrupo C) – 2ª dose

Calendário Nacional de Vacinação 6 meses

Criança Penta (previne difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e infec-


ções causadas pelo Haemophilus influenzae B) – 3ª dose
Vacina Poliomielite 1, 2 e 3 (inativada) - (VIP) - (previne polio-
mielite) – 3ª dose
9 meses

Febre Amarela – uma dose (previne a febre amarela)

12 meses

Tríplice viral (previne sarampo, caxumba e rubéola) – 1ª dose


Para vacinar, basta levar a criança a um posto ou Unidade Bási- Pneumocócica 10 Valente (conjugada) - (previne pneumonia,
ca de Saúde (UBS) com o cartão/caderneta da criança. O ideal é que otite, meningite e outras doenças causadas pelo Pneumococo) –
cada dose seja administrada na idade recomendada. Entretanto, se Reforço
perdeu o prazo para alguma dose é importante voltar à unidade de Meningocócica C (conjugada) (previne doença invasiva causada
saúde para atualizar as vacinas. A maioria das vacinas disponíveis pela Neisseria meningitidis do sorogrupo C) – Reforço
no Calendário Nacional de Vacinação é destinada a crianças. São 15
vacinas, aplicadas antes dos 10 anos de idade. 15 meses

Ao nascer DTP (previne a difteria, tétano e coqueluche) – 1º reforço


Vacina Poliomielite 1 e 3 (atenuada) (VOP) - (previne poliomie-
BCG (Bacilo Calmette-Guerin) – (previne as formas graves de lite) – 1º reforço
tuberculose, principalmente miliar e meníngea) - dose única - dose Hepatite A – uma dose
única Tetra viral – (previne sarampo, rubéola, caxumba e varicela/ca-
Hepatite B–(previne a hepatite B) - dose ao nascer tapora) - Uma dose

2 meses 4 anos

Penta (previne difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e infec- DTP (Previne a difteria, tétano e coqueluche) – 2º reforço
ções causadas pelo Haemophilus influenzae B) – 1ª dose Vacina Poliomielite 1 e 3 (atenuada) (VOP) – (previne poliomie-
Vacina Poliomielite 1, 2 e 3 (inativada) - (VIP) (previne a polio- lite) - 2º reforço
mielite) – 1ª dose Varicela atenuada (previne varicela/catapora) – uma dose
Pneumocócica 10 Valente (conjugada) (previne a pneumonia, Atenção: Crianças de 6 meses a 5 anos (5 anos 11 meses e 29
otite, meningite e outras doenças causadas pelo Pneumococo) – 1ª dias) de idade deverão tomar uma ou duas doses da vacina influen-
dose za durante a Campanha Anual de Vacinação da Gripe.
Rotavírus humano (previne diarreia por rotavírus) – 1ª dose

212
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Adolescente É muito importante que os adultos mantenham suas vacinas


em dia. Além de se proteger, a vacina também evita a transmissão
para outras pessoas que não podem ser vacinadas. Imunizados, fa-
miliares podem oferecer proteção indireta a bebês que ainda não
estão na idade indicada para receber algumas vacinas, além de ou-
tras pessoas que não estão protegidas. Veja lista de vacinas disponi-
bilizadas a adultos de 20 a 59 anos:

20 a 59 anos

A caderneta de vacinação deve ser frequentemente atualiza- Hepatite B - 3 doses (a depender da situação vacinal anterior)
da. Algumas vacinas só são administradas na adolescência. Outras Febre Amarela – dose única (a depender da situação vacinal
precisam de reforço nessa faixa etária. Além disso, doses atrasadas anterior)
também podem ser colocadas em dia. Veja as vacinas recomenda- Tríplice viral (previne sarampo, caxumba e rubéola) – Verificar
das a adolescentes: a situação vacinal anterior, se nunca vacinado: receber 2 doses (20
a 29 anos) e 1 dose (30 a 49 anos);
Meninas 9 a 14 anos Dupla adulto (dT) (previne difteria e tétano) – Reforço a cada
10 anos
HPV (previne o papiloma, vírus humano que causa cânceres e Pneumocócica 23 Valente (previne pneumonia, otite, menin-
verrugas genitais) - 2 doses (seis meses de intervalo entre as doses) gite e outras doenças causadas pelo Pneumococo) – 1 dose (Está
indicada para população indígena e grupos-alvo específicos)
Meninos 11 a 14 anos
Idoso
HPV (previne o papiloma, vírus humano que causa cânceres e
verrugas genitais) - 2 doses (seis meses de intervalo entre as doses)

11 a 14 anos

Meningocócica C (conjugada) (previne doença invasiva causada


por Neisseria meningitidis do sorogrupo C) – Dose única ou reforço
(a depender da situação vacinal anterior)

10 a 19 anos
São quatro as vacinas disponíveis para pessoas com 60 anos ou
Hepatite B - 3 doses (a depender da situação vacinal anterior) mais, além da vacina anual contra a gripe:
Febre Amarela – 1 dose (a depender da situação vacinal ante-
rior)
Dupla Adulto (dT) (previne difteria e tétano) – Reforço a cada
10 anos 60 anos ou mais
Tríplice viral (previne sarampo, caxumba e rubéola) - 2 doses
(de acordo com a situação vacinal anterior) Hepatite B - 3 doses (verificar situação vacinal anterior)
Febre Amarela – dose única (verificar situação vacinal anterior)
Pneumocócica 23 Valente (previne pneumonia, otite, menin- Dupla Adulto (dT) - (previne difteria e tétano) – Reforço a cada
gite e outras doenças causadas pelo Pneumococo) – 1 dose (a de- 10 anos
pender da situação vacinal anterior) - (está indicada para população Pneumocócica 23 Valente (previne pneumonia, otite, menin-
indígena e grupos-alvo específicos) gite e outras doenças causadas pelo Pneumococo) – reforço (a de-
pender da situação vacinal anterior) - A vacina está indicada para
Adulto população indígena e grupos-alvo específicos, como pessoas com
60 anos e mais não vacinados que vivem acamados e/ou em insti-
tuições fechadas.
Influenza – Uma dose (anual)

Gestante

213
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

A vacina para mulheres grávidas é essencial para prevenir do- 6 meses


enças para si e para o bebê. Veja as vacinas indicadas para gestan-
tes. Pentavalente (previne Difteria, Tétano, Coqueluche, Hepatite B
Hepatite B - 3 doses (a depender da situação vacinal anterior) e meningite e infecções por HiB) – 3ª dose
Dupla Adulto (dT) (previne difteria e tétano) – 3 doses (a de- Vacina Inativada Poliomielite (VIP) (Poliomielite ou paralisia in-
pender da situação vacinal anterior) fantil) – 3ª dose
dTpa (Tríplice bacteriana acelular do tipo adulto) – (previne dif-
teria, tétano e coqueluche) – Uma dose a cada gestação a partir da 9 meses
20ª semana de gestação ou no puerpério (até 45 dias após o parto).
Influenza – Uma dose (anual) Febre Amarela – dose única (previne a febre amarela)

Calendário Nacional de Vacinação dos Povos Indígenas 12 meses

Criança Tríplice viral (previne sarampo, caxumba e rubéola) – 1ª dose


Pneumocócica 10 valente (previne pneumonia, otite, meningi-
te e outras doenças causadas pelo Pneumococo) – Reforço
Meningocócica C (previne doença meningocócica C) – reforço

15 meses

DTP (Difteria, tétano e coqueluche) – 1º reforço


Vacina Oral Poliomielite (VOP) - (poliomielite ou paralisia infan-
til) – 1º reforço
Hepatite A – dose única
Tetra viral ou tríplice viral + varicela – (previne sarampo, rubéo-
Ao nascer la, caxumba e varicela/catapora) - Uma dose

BCG – dose única - (previne as formas graves de tuberculose, 4 anos


principalmente miliar e meníngea)
Hepatite B – dose única DTP (previne difteria, tétano e coqueluche) – 2º reforço
Vacina Oral Poliomielite (VOP) – (poliomielite ou paralisia in-
2 meses fantil) - 2º reforço
Varicela atenuada (varicela/catapora) – uma dose
Pentavalente (Previne Difteria, Tétano, Coqueluche, Hepatite B
e Meningite e infecções por HiB) – 1ª dose 5 anos
Vacina Inativada Poliomielite (VIP) (poliomielite ou paralisia in-
fantil) – 1ª dose Pneumocócica 23 v – uma dose – A vacina está indicada para
Pneumocócica 10 Valente (previne pneumonia, otite, meningi- grupos-alvo específicos, como a população indígena a partir dos 5
te e outras doenças causadas pelo Pneumococo) – 1ª dose (cinco) anos de idade
Rotavírus (previne diarreia por rotavírus) – 1ª dose
3 meses 9 anos

Meningocócica C (previne a doença meningocócica C) – 1ª dose HPV (Papiloma vírus humano que causa cânceres e verrugas
genitais) – 2 doses (meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14
4 meses anos)
Adolescente
Pentavalente (previne difteria, Tétano, Coqueluche, Hepatite B
e Meningite e infecções por Haemóphilus influenzae tipo B) – 2ª
dose
Vacina Inativada Poliomielite (VIP) (Poliomielite ou paralisia in-
fantil) – 2ª dose
Pneumocócica 10 Valente (previne pneumonia, otite, meningi-
te e outras doenças causadas pelo Pneumococo) – 2ª dose
Rotavírus (previne diarreia por rotavírus) – 2ª dose

5 meses
10 e 19 anos
Meningocócica C (previne doença meningocócica C) – 2ª dose
Meningocócica C (doença invasiva causada por Neisseria me-
ningitidis do sorogrupo C) – 1 reforço ou dose única de 12 a 13 anos
- verificar a situação vacinal
Febre Amarela – dose única (verificar a situação vacinal)
Tríplice viral (previne sarampo, caxumba e rubéola) - 2 doses, a
depender da situação vacinal anterior

214
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

HPV (Papiloma vírus humano que causa cânceres e verrugas Hepatite B (previne hepatite B) - 3 doses, de acordo com a si-
genitais) – 2 doses (meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 tuação vacinal
anos) Dupla Adulto (DT) (previne difteria e tétano) – 3 doses, de acor-
Pneumocócica 23 valente (previne pneumonia, otite, meningi- do com a situação vacinal
te e outras doenças causadas pelo Pneumococo) – 1 dose a depen- dTpa (previne difteria, tétano e coqueluche) – Uma dose a cada
der da situação vacinal gestação a partir da 20ª semana
Dupla Adulto (previne difteria e tétano) – Reforço a cada 10
anos
Hepatite B – (previne hepatite B) - 3 doses, de acordo com a
situação vacinal CUIDADOS PALIATIVOS

Adulto A Organização Mundial da Saúde1 (OMS) define cuidados pa-


liativos como uma abordagem terapêutica que promove qualidade
20 a 59 anos de vida e alívio do sofrimento aos pacientes e seus familiares que
enfrentam problemas associados às doenças que ameaçam a con-
Hepatite B (previne hepatite B) - 3 doses, de acordo com a si- tinuidade da vida. Alguns princípios norteadores da prática em cui-
tuação vacinal dados paliativos são destacados por Matsumoto2, sendo que estes
Febre Amarela (previne febre amarela) – dose única, verificar foram revistos pela OMS em 2002. Assim, os princípios norteadores
situação vacinal dessa abordagem são:
Tríplice viral (previne sarampo, caxumba e rubéola) – se nunca • Promover o alívio da dor e de outros sintomas;
vacinado: 2 doses (20 a 29 anos) e 1 dose (30 a 49 anos); • Considerar a morte como um processo natural e afirmar a
Pneumocócica 23 valente (previne pneumonia, otite, meningi- vida;
te e outras doenças causadas pelo Pneumococo) – 1 dose a depen- • Não acelerar nem adiar a morte dos pacientes;
der da situação vacinal • Integrar os aspectos psicológicos, emocionais e espirituais no
Dupla adulto (DT) (previne difteria e tétano) – Reforço a cada cuidado ao paciente;
10 anos • Oferecer um sistema de suporte que possibilite ao paciente
viver tão ativamente quanto possível até o momento da sua morte;
Idoso • Realizar o acolhimento aos familiares com o intuito de auxi-
liá-los durante o progresso da doença do paciente e o processo de
luto;
• Oferecer abordagem multiprofissional com foco nas necessi-
dades dos pacientes e seus familiares;
• Melhorar a qualidade de vida do paciente e influenciar positi-
vamente o progresso da doença;
• Iniciar os cuidados paliativos o mais precocemente possível,
juntamente com outras medidas de prolongamento da vida, ou
seja, tratamentos curativos como quimioterapia e radioterapia, e
incluir todas as investigações necessárias para melhor compreen-
60 anos ou mais der e controlar situações clínicas estressantes.

Hepatite B (previne hepatite B) - 3 doses, de acordo com a si- Os cuidados paliativos ainda se encontram em processo de
tuação vacinal construção, motivo pelo qual a maior parte das estratégias de ação
Febre Amarela (previne febre amarela) – dose única, verificar ainda são desafiadoras e requerem a atenção de uma equipe inter-
situação vacinal disciplinar. Por isso, essa abordagem não se restringe à mera execu-
ção de procedimentos em pacientes, mas à propagação da preocu-
Pneumocócica 23 valente (previne pneumonia, otite, meningi- pação, interesse, interação e compromisso pelo cuidado3.
te e outras doenças causadas pelo Pneumococo) – reforço a depen- Os cuidados paliativos são realizados em cenários diversos,
der da situação vacinal - A vacina está indicada para grupos-alvo como em enfermarias hospitalares, hospices, instituições de longa
específicos, como pessoas com 60 anos e mais não vacinados que permanência, ambulatórios especializados e em domicílio1,3,4. En-
vivem acamados e/ou em instituições fechadas. tre esses, a modalidade focada neste artigo é a atenção domiciliar,
Dupla Adulto (previne difteria e tétano) – Reforço a cada 10 ainda pouco praticada no Brasil, sobretudo no sistema de saúde su-
anos plementar.
A promoção de cuidados paliativos em ambiente domiciliar
Gestante permite a pacientes idosos a possibilidade de continuar em seu
contexto familiar e social, com atenção multiprofissional, especiali-
zada e disposta a oferecer suporte e orientação aos familiares e/ou
cuidadores, evitando internações recorrentes e muitas vezes des-
necessárias. Assim, o idoso permanece em um ambiente familiar,
com riscos diminuídos e assistência integral, o que contribui para a
melhorar e manutenção de sua qualidade de vida.

215
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Em relação aos pacientes pediátricos, estes percebem o hospi- 6.Integrar dentro do sistema de saúde, associando com a aten-
tal como uma experiência misteriosa e aterrorizante, associando-o ção primária e a terciária de referência da operadora;
com um local estranho, de punição, tristeza e solidão, onde é proi- 7. Divulgar o serviço;
bido brincar. Para os pais, ter seu filho hospitalizado é percebido 8.Encorajar a participação de associações, grupos e estudantes.
como falha em relação a maternagem, gerando sintomas de ansie-
dade e culpa. Assim, cuidar de pacientes pediátricos em ambiente Em cuidados pediátricos é necessário, além destes passos, ade-
domiciliar pode diminuir a ansiedade do paciente e seus familiares, quar para o cuidado paliativo em pediatria e revisar a legislação,
possibilitar o empoderamento dos familiares no cuidado, facilitar incluindo a proteção e os direitos da criança1. O mesmo é indicado
o uso de ludoterapia e a utilização de brinquedos terapêuticos e em casos de cuidado a idosos, mantendo a equipe atualizada quan-
promover e/ou reestabelecer o vínculo afetivo emocional entre pais to às principais legislações no que tange à essa faixa etária, sendo
e filhos. elas a Política Nacional do Idoso e o Estatuto do Idoso.
Uma estimativa da OMS (apud Bomfim)8 mostra que, no Brasil,
entre 521 mil e 536 mil pessoas necessitam de cuidado paliativo, no Ainda, a OMS1 recomenda que se inicie o serviço focado em
entanto, esses tendem a ser indicados somente na fase de final de pacientes com câncer terminal, pois mais de 80% desses pacien-
vida, restringindo a atuação das equipes especializadas nesta área1. tes sofrem com dores severas e outros sintomas que necessitam
Neste cenário, uma publicação feita em 2015 pelo jornal The Eco- de alívio e conforto imediato e depois, gradualmente, expanda o
nomist9 mostra o Brasil em 42º lugar em um ranking que mostra a serviço para doenças crônicas e outras doenças com tempo de vida
qualidade de morte entre os países ao redor do mundo, cujo pri- limitado.
meiro lugar é ocupado pelo Reino Unido, com Austrália em segundo
e Nova Zelândia em terceiro. O Brasil ocupa o fim da lista, próximo a Pacientes que necessitam de cuidados paliativos podem ne-
países como Hungria, México, Tailândia e Venezuela. cessitar de cuidados de complexidades distintas, o que demanda
Do mesmo modo, o Atlas Global de Cuidados Paliativos no Fim integração entre os níveis de atenção. Por isso, é preciso articular
da Vida (Global Atlas of Palliative Care at the End of Life), publi- os diferentes componentes do sistema de saúde, criando um meca-
cado em 2014 pela OMS em conjunto com a Worldwide Palliative nismo de referência e contra referência para casos de intercorrência
Care Alliance (WPCA), mostra o Brasil entre um grupo de países que clínica1.
apresentam o desenvolvimento de iniciativas em cuidados paliati-
vos ainda muito isoladas e focadas em áreas que oferecem maior Recursos físicos
apoio localmente, como em grandes centros urbanos com recursos É necessário que o ambiente seja seguro e acessível para que
de profissionais de saúde, materiais e medicamentos mais abun- a equipe multiprofissional de cuidados paliativos possa planejar e
dantes e de acesso mais facilitado10. prestar a sua assistência. Nos casos de equipamentos de suporte à
Uma pesquisa realizada por Othero (apud Gomes e Othero)11 vida que funcionam à base de energia elétrica, é importante dispo-
identificou que quase metade dos serviços de Cuidados Paliativos nibilizar geradores e/ou entrar em contato com a companhia res-
do Brasil atuam no estado de São Paulo, com predominância de ponsável pela distribuição de energia elétrica na região, explicando
atendimento tipo ambulatorial, atendendo pacientes oncológicos o caso para prevenir as chances de cortes no fornecimento.
e não oncológicos, adultos e idosos, em sua maioria com financia- O local também precisa ser limpo, arejado e com entrada de luz
mento público. Isso demonstra a escassez de serviços específicos natural, de forma e evitar possíveis infecções. É preciso ter sanea-
para a modalidade de atenção domiciliar, sobretudo particulares, mento básico e coleta de lixo, sendo o material perfurocortante re-
mesmo a morte em casa sendo apontada como preferencial para colhido pelo serviço de atenção domiciliar para o descarte correto.
pacientes e familiares em pesquisa realizada em 2017 pela Kaiser Além das questões de estrutura física, também é necessário
Family Foundation em parceria com o jornal The Economist4. analisar a estrutura domiciliar no momento de avaliação do pacien-
De acordo com Fripp, a assistência em ambiente domiciliar te, facilitando a classificação do ambiente de cuidado. Tais observa-
com o apoio da família favorece a aplicação dos princípios de cuida- ções podem ser feitas pelo assistente social da equipe multidiscipli-
dos paliativos, integram aspectos psicossociais e espirituais, e dão nar. É necessário também que o local respeite as normas propostas
suporte para que a família possa auxiliar nos cuidados à doença e pela ANVISA na RDC nº 50/2002.
trabalhar o luto e a perda. A partir da leitura dos materiais levantados e das informações
Além disso, o cuidado em ambiente domiciliar permite o au- obtidas por meio das reuniões realizadas com especialistas em cui-
mento da qualidade do cuidado, bem como, contribui para redu- dados paliativos e operadoras de saúde foi possível identificar que,
zir a demanda por atendimentos hospitalares, o tempo médio de do ponto de vista de uma empresa que deseja implantar um serviço
permanência na internação, os riscos de infecção hospitalar, prin- de cuidados paliativos domiciliar, é importante considerar os pon-
cipalmente, as infecções cruzadas e os custos associados a estas tos seguintes como parte da infraestrutura mínima necessária para
situações. início das atividades:
• Central de atendimento e operações 24 horas: disponível
Cuidado paliativo em ambiente domiciliar para assistir a família e o paciente no caso de necessidades, bem
Para a implantação de um serviço de cuidados paliativos em como, a equipe multiprofissional atuante na casa e as operadoras
atenção domiciliar, a OMS1 indica 8 passos: de saúde.
1.Avaliar necessidades dos pacientes e recursos disponíveis; • Farmácia 24 horas: dispensação de medicamentos em casos
2.Estabelecer formalização da organização por meio de termos de urgência e emergência e quando não for possível controlar os
de referência e registro com autoridades; sintomas com os medicamentos já disponibilizados em domicílio.
3.Criar um plano de ação (quais recursos serão necessários, • Transporte: deslocar os profissionais de saúde e os materiais
como pode-se obtê-los, público alvo e serviços que serão cobertos); e medicamentos até os domicílios dos pacientes.
4.Recrutar e desenvolver um programa de treinamento contí- • Meios de comunicação: meio de comunicação entre os pro-
nuo; fissionais de saúde, pacientes e a central de atendimento e opera-
5.Mobilizar recursos; ções como, por exemplo, o uso de celulares ou tablets com conexão
de videoconferência.

216
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

• Equipe multiprofissional: médicos, enfermeiros, auxiliar de Além disso, é importante ressaltar que, conforme dito ante-
enfermagem, psicólogo, fisioterapeuta e assistente social compõem riormente, uma das principais causas que levam ao paciente optar
a equipe básica. Caso o serviço deseje e a família concorde, tam- por não se tratar em casa é o medo de não ser possível controlar
bém pode ser aberta a possibilidade de visitas conjuntas com resi- os sintomas, principalmente, a dor e a dispneia. Assim, a avaliação
dentes médicos ou multiprofissionais na área de cuidados paliativos e o controle dos sintomas deve ser o ponto principal de atuação
visando colaborar com o aprendizado dos futuros profissionais des- dos profissionais de cuidados paliativos em atenção domiciliar, de
ta especialidade. Também é possível incluir na equipe a presença forma que o manejo dos sintomas seja adequado e evite a reinter-
de profissionais que atuem em terapias complementares como acu- nação do paciente em hospitais de transição, hospices ou hospitais
punturistas, massagistas e musicoterapeutas e, quando os cuidados terciários.
forem destinados à pediatria, a presença de um pedagogo.
• Kit de atenção domiciliar: medicações e materiais médico- Recursos humanos
-hospitalares, com o registro diário da quantidade utilizada e res- A equipe de cuidados paliativos deve possuir habilidades de
tante; equipamentos e documentação. Esse último é composto por: manejo de complicações, sejam estas oriundas da doença ou do
1.Contrato de prestação de serviços tratamento; habilidades para manejo da dor e outros sintomas;
2.Termo de aceite de cuidados paliativos abordagem centrada no paciente e em seus familiares, capacidade
3.Termo de não ressuscitação cardiopulmonar de prover acolhimento e humanização no ambiente de cuidado e
4.Prontuário clínico contendo histórico anterior à implantação propiciar cuidado biopsicossocial aos pacientes e seus familiares no
do serviço, anamnese, diagnóstico médico, diagnóstico de enferma- momento da morte e do luto.
gem com a utilização da sistematização da assistência de enferma- Também é imprescindível possuir habilidades de comunicação,
gem (SAE), prescrição medicamentosa, anotações de enfermagem, tomada de decisão de forma rápida e resolutiva e compreensão de
evolução médica e da equipe multiprofissional, PPS, ESAS, escalas outras necessidades como as espirituais. Compreender esses pa-
para avaliação de sintomas específicos e gráfico de sinais vitais. péis e responsabilidade ajuda no funcionamento das equipes, a
avaliar as necessidades de treinamento, bem como, permite que o
Os suprimentos que serão necessários dependem muito da cuidado ao paciente ocorra de forma integral e holística.
patologia e das condições clínicas do paciente que será atendido, Além disso, as decisões precisam ser tomadas em conjunto e
entretanto, podemos citar alguns equipamentos e suprimentos bá- é necessário apoio e respeito mútuo entre os profissionais. Reco-
sicos elencados pela OMS1: nhecer e verbalizar a importância das diferentes contribuições dos
•Equipamentos: estetoscópio (responsabilidade do profissio- membros da equipe é essencial, bem como, reconhecer os limites
nal); esfigmomanômetro (responsabilidade do profissional); termô- de cada membro da equipe, de forma a evitar uma possível sobre-
metro; abaixador de língua; pinça para a realização de curativo. carga emocional, suportando uns aos outros em suas necessidades.
• Equipamentos de suporte: colchão de ar ou água ou casca Para iniciar seu funcionamento, um serviço de cuidados pa-
de ovo; aparelho de sucção; nebulizador; cilindro de oxigênio; oxí- liativos em atenção domiciliar deve contar com, no mínimo, dois
metro. enfermeiros que atuariam em escala de 12 horas de trabalho para
• Suprimentos: tesoura; algodão; gaze; bandagem e fita micro- 36 horas de descanso e, atuando em meio período, um médico, um
pore; luvas; equipo de soro; cateter venoso central; seringas e agu- psicólogo e um assistente social. Apesar disso, uma equipe ideal de
lhas; caixa coletora de perfurocortante; cateter de sucção; cateter cuidados paliativos deve contar com o suporte de toda uma equipe
urinário; bolsa coletora de urina; sonda nasogástrica e nasoenteral; multidisciplinar, composta por técnicos/auxiliares de enfermagem,
álcool. fisioterapeutas, fonoaudiólogos, nutricionistas, terapeutas ocupa-
cionais, farmacêuticos, gerontólogos, nutrólogos e profissionais de
Como principais medicamentos sugeridos pela OMS1 para o práticas complementares, caso necessário.
controle de sintomas podemos citar: Além disso, é importante identificar familiares que possam
• Controle da dor: paracetamol; diclofenaco; fosfato de codeí- auxiliar no cuidado diário. Esses devem ser devidamente treinados
na; tramadol; morfina e gabapentina. pela equipe responsável pelo paciente para identificar necessida-
• Controle de sintomas gastrointestinais: metoclopramida; des físicas, psicológicas e espirituais do paciente e contribuir para
domperidona; dexametasona; ranitidina; lorapamida; sais de hidra- cuidados básicos, de forma a empoderar a família para o cuidado do
tação oral e bisacodil. seu familiar. Familiares que atuam ativamente no cuidado se sen-
• Tratamento de Ferida: peróxido de hidrogênio e pomada be- tem mais satisfeitos, porém estes também precisam de suporte e
tadine. acolhimento pela equipe de cuidados paliativos.
• Tratamento de sintomas psicológicos: diazepam; haloperidol
e amitriptilina.
• Antibióticos e Antifúngicos: ciprofloxaceno; metronidazol; DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS.
amoxicilina e fluconazol; DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS
• Suplementos: suplementos com alto ganho calórico e protei-
co; ferro; vitaminas e minerais. Doenças transmissíveis mais prevalentes no Brasil
Melhorias nas condições de vida da população, aliadas a ini-
Vale lembrar que, apesar de os equipamentos, materiais e me- ciativas de saúde pública, como a imunização e o tratamento com
dicamentos supracitados serem indicados pela OMS, outros itens antibióticos, contribuíram para a redução da morbimortalidade por
podem ser adicionados ou retirados dessa lista. Esse ponto varia de doenças transmissíveis no Brasil e no mundo (Silva Jr., 2009; Bar-
acordo com a disponibilidade local, a política da empresa de aten- reto et al., 2011). Entretanto, apesar da erradicação da varíola, e
ção domiciliar e as necessidades do paciente. da eliminação ou controle de várias doenças transmissíveis, não se
concretizou a expectativa de que essas doenças perderiam sua im-
portância na saúde pública (Silva Jr., 2009).

217
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Na década de 1980, época da criação do Sistema Único de Saú- Assim, análises que possibilitem a identificação das áreas de
de (SUS) do Brasil, constatava-se, além do surgimento da epidemia concentração e sobreposição de doenças transmissíveis, possivel-
do HIV/aids, a persistência de algumas doenças transmissíveis, bem mente associadas a condições de vida precárias, constituem-se
como a emergência ou reemergência de outras, como a dengue e a ferramentas fundamentais da vigilância em saúde, uma vez que
cólera (Luna, 2002; Tauil, 2006; Silva Jr., 2009). fornecem subsídios para o planejamento das ações e para a deter-
Com a atuação do SUS, o acesso universal e gratuito à vacina- minação de prioridades de ação das ações de vigilância em saúde,
ção foi garantido, a cobertura da atenção primária à saúde foi am- assistência em saúde, bem como de políticas sociais.
pliada, e as estratégias de vigilância e controle das doenças trans-
missíveis foram reestruturadas. A morbimortalidade por doenças Raiva
transmissíveis apresentou redução importante. Entre 1930 e 2007, As ações que o Brasil desenvolve para controle da raiva envol-
a mortalidade proporcional por doenças transmissíveis declinou de vem vacinação de animais de produção (ciclo rural), de animais do-
50% para 5%, contudo, estas ainda constituem importante proble- mésticos (ciclo urbano), bem como tratamento antirrábico humano
ma de saúde pública no Brasil (Barreto et al., 2011). pós-exposição. Estas intervenções vêm propiciando acentuada re-
No país, observa-se a persistência de diversas doenças trans- dução de casos humanos desta doença, cuja letalidade atinge 100%.
missíveis, especialmente daquelas relacionadas à pobreza, também Assim, enquanto de 1981 a 1990 foram confirmados em média 76,4
consideradas negligenciadas, por não apresentarem atrativos eco- casos por ano (máximo de 139 e mínimo de 39), na década seguinte
nômicos para o desenvolvimento de fármacos, quer seja por sua esta média foi de 36,4 (redução de 52,4%) e entre 2001 e 2010 foi
baixa prevalência, ou por atingir populações socialmente desfa- de 14 casos (redução de 81,7%). Entre 2007 e 2010 o número máxi-
vorecidas (Anvisa, 2007). Estas doenças não apenas ocorrem com mo de casos de raiva humana foi 3 e de 2011 a 2017 variou de 0 a 6.
maior frequência em regiões empobrecidas, como também são Observe-se que enquanto no início desta série a maioria dos casos
condições promotoras de pobreza (Hotez et al., 2006a). ocorria em consequência de agressões de cães e gatos domésticos
As doenças transmissíveis permanecem como agentes impor- ou errantes (ciclo urbano), nos últimos anos tem sido após agressão
tantes da pobreza debilitante no mundo. A cada ano, essas doenças de morcegos, reservatório silvestre do vírus rábico (ciclo aéreo), di-
matam quase nove milhões de pessoas, muitas delas crianças com fíceis de serem evitadas por ação do setor saúde.
menos de cinco anos de idade, além de causar grande carga de in-
capacidade por toda a vida. Estas podem prejudicar o crescimento Hanseníase
infantil e o desenvolvimento intelectual, bem como a produtividade Reconhecendo que o Brasil é o segundo país mais endêmico do
do trabalho. Esforços de pesquisa voltados para sua prevenção po- mundo em hanseníase, grandes investimentos foram feitos no seu
dem ter um impacto enorme na redução da pobreza (OMS, 2012). controle desde a instalação do SUS. Em 1987, havia cerca de 450 mil
A pobreza cria condições que favorecem a disseminação de do- doentes no registro ativo do país, com tendência temporal de en-
enças transmissíveis e impede que as pessoas afetadas obtenham demia em ascensão. Cerca de 166 mil profissionais de saúde foram
acesso adequado à prevenção e à assistência. As doenças transmis- capacitados e uma campanha de divulgação sobre sinais e sintomas
síveis relacionadas à pobreza afetam desproporcionalmente pesso- precoces da doença foi realizada em veículos de comunicação de
as que vivem em comunidades pobres ou marginalizadas. Fatores massa. Essas ações foram efetivas para evidenciar a endemia ocul-
econômicos, sociais e biológicos interagem para formar um ciclo vi- ta, de modo que a detecção aumentou de 15 mil para 45 mil casos
cioso de pobreza e doença do qual, para muitas pessoas, não existe novos, em apenas um ano, possibilitando tratar os doentes que an-
escapatória (OMS, 2012). tes não tinham diagnóstico e/ou acesso aos serviços de saúde.
Tendo em vista a relevância das doenças transmissíveis rela- O Brasil, entre 1990 e 2016, reduziu em 94,3% a prevalên-
cionadas à pobreza sobre a saúde no mundo e no Brasil, o controle cia desta doença, passando de 19,5/10 mil habitantes para 1,1
destas pode promover um impacto positivo não apenas sobre os casos/10.000 habitantes. Isso correspondeu a uma redução de
indicadores relacionados diretamente à saúde, mas também sobre 281.605 em tratamento para 22.631 casos. Nesse mesmo perío-
aqueles relacionados à pobreza e à educação (Hotez et al., 2006b). do, a taxa de detecção geral decresceu 38,7% (de 19,96, em 1990
Nesse contexto, estudos sobre desigualdades em saúde são de para 12,23 p/100.000 habitantes, em 2016). Em relação à taxa de
grande interesse, visando subsidiar políticas públicas necessárias detecção em menores de 15 anos observa-se uma diminuição de
para superar a distribuição desigual da saúde na sociedade (OMS, 36,7%, no período de 1994 a 2016, o que corresponde a uma taxa
2011). O uso dos determinantes sociais como fatores analíticos de detecção de 5,74 para 3,63/100.000 habitantes. Certamente, a
privilegiados permite a identificação de padrões de agregação geo- descentralização das ações de vigilância, controle e tratamento da
gráfica e sobreposição espacial das doenças transmissíveis. A partir hanseníase para a rede de atenção básica contribuiu para o deli-
desta perspectiva, podem ser vislumbradas estratégias alternativas neamento deste novo cenário. Em 2016, 71,1% dos casos novos
visando à prevenção e ao controle dessas doenças. Além disso, (17.935) foram notificados pelos serviços de atenção básica, a aten-
quando as doenças estão agrupadas geograficamente, o custo-efe- ção secundária 19,9% (5.018) dos casos novos e a terciária 9,0%
tividade das ações pode ser melhorado (OMS, 2011). (2.265).
O espaço, enquanto território usado, é, simultaneamente, pro- A introdução, em 1990, do esquema de associação de medi-
duto e produtor de diferenciações sociais e ambientais, com refle- camentos (multidrogaterapia/MDT), com redução progressiva no
xos importantes sobre a saúde dos grupos populacionais envolvi- tempo de tratamento, foi fator determinante na queda da preva-
dos. A análise da situação de saúde, como vertente da vigilância em lência. Mas, a MDT, em que pese trazer a cura da hanseníase, não
saúde, prioriza o estudo de grupos populacionais definidos segundo interrompeu a transmissão da doença, e, consequentemente, não
suas condições de vida (Barcellos, 2002). Estudos que envolvem a houve impacto na taxa de detecção de casos novos. Em parte, isso
análise da situação de saúde, incorporando elementos espaciais, se deve a quebra do paradigma de que paciente de hanseníase não
podem contribuir para a identificação, formulação, priorização e se reinfectava, pois a decodificação do genoma completo do M. le-
explicação de problemas de saúde da população que vive em um prae isolados de doentes com recrudescimento da doença revelou
território usado. que, um mesmo doente se infecta em momentos distintos, com

218
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

cepas distintas deste bacilo. Seguindo o racional do tratamento da Esquistossomose mansônica


tuberculose, um novo esquema terapêutico único (MDT-U) para Nas últimas três décadas tem havido importante redução nos
hanseníase será adotado em 2018, que inclui três medicamentos, indicadores de prevalência de infecção, morbidade e mortalidade
para todos os pacientes independente da classificação clínica, por por esquistossomose mansônica, no que pese ainda se encontrar
um período de apenas seis meses. municípios endêmicos situados nos bolsões de pobreza do Nordes-
te e Sudeste. Mesmo considerando as diferenças metodológicas
Tuberculose dos inquéritos coproscópicos realizados no Brasil, não se pode igno-
No Brasil, ocorreu redução de 22,7% no número de casos novos rar que no final dos anos de 1940 a prevalência de exames positivos
de tuberculose notificados em 2016 (66.796 casos; 32,4 /100.000 para esquistossomose foi de 9,9%, na segunda metade da década
habitantes) quando comparado com 1981 (86.411; 71,3/100.000 de 1970 era 6,6% enquanto em 2011-2015 encontrou-se positivi-
habitantes). Contudo, esta queda não foi linear, em parte devido dade de 0,99% (população de 7 a 14 anos). O recente inquérito na-
ao recrudescimento desta doença no curso da epidemia de aids e cional permitiu ainda uma estimativa mais precisa do número de
das dificuldades para detecção e tratamento de todos os casos, de portadores da infecção em todo o país (2 milhões), muito inferior às
modo que nos anos 1990 a incidência ainda se manteve elevada,
estimativas anteriores (superior a 7 milhões, em 2006). O declínio
variando de 58,4 a 49,3/100.000 habitantes (1995 e 1994, respecti-
desta prevalência vem resultando em redução da morbidade hospi-
vamente). No que se refere à mortalidade, enquanto em 1998 ocor-
talar, de 2,5/100.000 para 0,08/100.000 habitantes, respectivamen-
reram 6.029 óbitos (3,7/100.000 habitantes), em 2015 foram regis-
te, em 1988 e 2013, especialmente pelas formas digestivas graves.
trados 4.543 óbitos (2,2/100.000 habitantes), redução em torno de
40%4. Recentemente, o SUS adotou um esquema terapêutico para Da mesma forma, a mortalidade passou de 0,5/100.000 habitantes
esta doença que inclui a formulação de quatro drogas em uma úni- em 1987 para 0,2 por 100.000 habitantes em 2012
ca cápsula que vem trazendo enormes avanços ao seu controle na Uma redução mais sustentável na transmissão da esquistosso-
medida em que aumentou a adesão dos pacientes ao tratamento, mose depende da melhoria das condições de saneamento das po-
e consequentemente o percentual de cura e a redução das fontes pulações expostas ao risco de ser infectado, além das intervenções
de infecção. estritas ao setor saúde. No âmbito da saúde, vem sendo desenvolvi-
da pela Fiocruz uma vacina contra a esquistossomose que se encon-
HIV/Aids tra em fase II de estudos clínicos. O SUS, por meio das Secretarias
A emergência da aids no mundo, em 1981, foi um fato que mar- Municipais de Saúde, desenvolve ações de educação comunitária e
cou a história da saúde globalmente, devido à sua elevada letali- detecção de casos mediante realização de inquéritos coproscópicos
dade, rápida disseminação, produção de epidemias de magnitude e tratamento dos portadores visando controlar esta doença. A des-
crescente. No Brasil, os primeiros casos foram detectados logo após centralização dessas atividades de controle, que até 1999 eram re-
a identificação desta doença e até 1990 já haviam sido diagnostica- alizadas pela Fundação Nacional de Saúde, ampliou a abrangência
dos 24.514 casos, a grande maioria em indivíduos residentes nos deste programa que passou a contar com a participação dos agen-
grandes centros urbanos. Nos anos seguintes, a prevalência conti- tes de endemias, agentes comunitários de saúde e profissionais da
nuou aumentando e a aids se expandiu para o interior do país, de Estratégia Saúde da Família (ESF), permitindo sua sustentabilidade
modo que, entre 1991 e 2000, foram registrados 226.456 casos no- e alcance do impacto que vem apresentando sobre os indicadores
vos. Embora o número de casos na década seguinte tenha aumen- de morbimortalidade.
tado, observou-se que a epidemia se estabilizou, sendo confirma-
dos em média 34.807 casos novos a cada ano. Entre 2007 e 2016, Doença de Chagas
houve pouca variação no número de casos, em torno de 32.321, O programa de eliminação da transmissão vetorial da Doença
de modo que a taxa de detecção de Aids tem sido em média de de Chagas do Brasil obteve, em 2006, o certificado de eliminação
20,7/100.000 habitantes. do T. Infestans, principal vetor intradomiciliar desta protozoose,
que resultou em drástica redução de novas infecções pelo T. cruzi
O acesso universal e gratuito aos medicamentos antirretro-
em humanos. De fato, inquérito sorológico nacional realizado en-
virais (TARV) passou a ser garantido pelo SUS em 1996, uma das
tre 1975 e 1980, revelou que 4,2% dos brasileiros residentes nas
iniciativas que impactou sobremaneira o comportamento da epi-
áreas rurais consideradas de transmissão natural do T. cruzi encon-
demia de HIV/Aids, principalmente, no que se refere ao aumento
travam-se infectados por este protozoário. Um segundo inquérito
de sobrevida; redução da transmissão vertical, letalidade e taxa de
mortalidade por esta grave doença. Só entre 1997 e 2003, foram nacional, conduzido de 2001 a 2008, evidenciou soroprevalência
evitadas cerca de 6.000 casos de transmissão vertical. Em 2003, já de 0,03% em crianças menores de cinco anos, também residentes
haviam 150 mil pacientes em tratamento e o Programa Brasileiro de em área rural, sendo que 0,02% delas eram filhos de mães tam-
DST/Aids é reconhecido como um dos melhores do mundo sendo bém positivas, indicando que a maioria das infecções havia sido
premiado pela Fundação Bill & Melinda Gates. O MS estimou que por transmissão congênita. A mortalidade pela forma crônica desta
em 2015 haviam aproximadamente 827 mil pessoas vivendo com protozoose vem declinando ao longo das duas últimas décadas. No
HIV no país, destes 82% tinham realizado pelo menos um teste de Brasil, o T. infestans não é o único vetor do T. cruzi, e assim em
carga viral ou contagem de linfócitos T CD4 ou tinham pelo menos algumas áreas, principalmente na Amazônia Legal, ainda ocorrem
uma receita de antirretroviral dispensada e 55% do total (454.850) casos de transmissão natural por triatomíneos extradomiciliares. A
estão utilizando a terapia antirretroviral. Além do tratamento, este transmissão por transfusão sanguínea também está interrompida,
programa está estruturado para desenvolver ações de vigilância e no entanto atualmente tem ocorrido surtos esporádicos de doença
controle que englobam notificação universal dos casos de aids, de de Chagas aguda, em consequência da transmissão por alimentos
gestantes soropositivas e de crianças expostas ao HIV; vigilância so- contaminados, tais como caldo de cana e açaí.
rológica em populações-sentinela (clínicas de DST e parturientes);
inquéritos sorológicos e comportamentais em populações específi-
cas; mantém uma rede de centros de testagem e aconselhamento
(CTA), dentre outras.

219
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Malária A dengue, a chikungunya e a Zika vêm influenciando o perfil


No Brasil, a malária é causada pelo Plasmodium vivax, o Plas- de morbidade das DT no Brasil, modificando a trajetória de declí-
modium falciparum e o Plasmodium malariae, sendo os dois pri- nio que este grupo de doenças vinha apresentando desde 1987. A
meiros de importância epidemiológica. Esta protozoose é endêmica introdução do DENV1, em 1986, no Rio de Janeiro e a seguir sua
na região da Amazônia, abrangendo 808 municípios, onde são de- disseminação para outras áreas metropolitanas do país, produziu
tectados aproximadamente 95% dos casos do país. 47.370 casos (35,3/100.000 habitantes) desta doença, contribuin-
Os dados disponíveis sobre esta doença, até o final dos anos de do com 15,1% das notificações de um conjunto de 12 importantes
1990, referiam-se ao número de lâminas positivas para plasmódio, DT de notificação compulsória e, no ano seguinte, esta proporção
não correspondendo portanto a casos novos, conforme passaram alcançou 46,7% (65,4/100.000 habitantes). Os anos de 1990 des-
a ser registrados a partir do ano 2000. Assim sendo, não é possível pontaram com a emergência do DENV2 e, a partir de 1994, a circu-
estabelecer comparações entre estes períodos. Entre 2005 e 2012, lação deste sorotipo e do DENV1 foi produzindo epidemias de gran-
o número de casos detectados de malária reduziu de 606.069 para de magnitude em inúmeros centros urbanos brasileiros, de modo
241.806 (queda de 60,1%). Este decréscimo ocorreu em maior in- que ao final daquela década quase 1,5 milhões de casos de dengue
tensidade para a malária pelo P. falciparum (77,2%), responsável foram registrados. Só em 1998, ano da maior epidemia desse perí-
pelas formas mais graves da doença, com consequente diminuição odo, o número de casos de dengue foi mais de três vezes superior
no número de internações (74,6%) e nos óbitos (54,4%) por esta (352,4/100.000 habitantes) à do conjunto de 12 DT (105,0/100.000
doença21. Este impacto vem sendo obtido por meio da detecção e habitantes). Esta situação foi se agravando no decorrer do século
tratamento precoce dos portadores, além de medidas que visam à XXI, pois além das epidemias, passou a ocorrer centenas de casos
redução da transmissão pelos vetores (borrifação, uso de telas im- da Febre Hemorrágica do Dengue/FHD de elevada letalidade, logo
pregnadas por inseticidas, educação comunitária, etc). Assim, uma após a introdução do DENV3. Por exemplo, em 2002 a incidência de
dengue alcançou 401,6/100.000 habitantes e foram diagnosticados
melhor efetividade das ações de prevenção e controle da malária
2608 casos de FHD e 121 óbitos. Em 2010, o DENV4 também passou
vem sendo alcançada nos municípios que possuem boa cobertura
a circular intensamente, e assim se estabeleceu a cocirculação dos
na atenção primária, de forma integrada entre as ESF e os agentes
quatro sorotipos, e a incidência vem se mantendo em patamares
de controle de endemias, permitindo uma detecção e tratamento
elevados, destacando-se que não tem havido períodos com decrés-
mais oportuno, fundamental para interromper a transmissão. O cimo de incidência conforme era observado nas décadas anteriores
SUS ainda precisa enfrentar alguns desafios para alcançar a elimina-
ção da malária, conforme estabelecido nas metas para os Objetivos Com a emergência de mais dois arbovírus transmitidos pelo Ae.
do Desenvolvimento Sustentável. aegypti, o CHIKV em 2014 e o ZIKV, identificado laboratorialmen-
te em 2015 (embora haja evidências de que já estava circulando
Arboviroses emergentes e reemergentes anteriormente), houve agravamento do quadro epidemiológico do
Dentre as doenças emergentes e reemergentes, as arboviro- país. A Zika era considerada uma doença branda, autolimitada, sem
ses transmitidas por mosquitos do gênero Aedes (principalmente complicações associadas. Contudo, após circulação intensa do ZIKV
Aedes aegypti) têm se caracterizado por persistirem como impor- em cidades do Nordeste brasileiro, uma epidemia inesperada de
tantes problemas de saúde pública, devido à produção de repetidas microcefalia, posteriormente identificada como uma síndrome cau-
epidemias de grande magnitude, em várias regiões do mundo. Den- sada pela transmissão vertical deste agente, vitimou milhares de
gue, é um dos exemplos mais emblemáticos neste grupo de viroses, crianças. Esta Emergência de Saúde Pública de Interesse Nacional e
pois modificou a tendência de decréscimo da morbidade por DT. Internacional foi seguida de investigação e resposta oportuna, que
Estima-se que a cada ano o vírus do dengue (DENV) produz cerca mobilizou profissionais e dirigentes das três esferas de gestão do
de 390 milhões de infecções em 128 países e aproximadamente 96 SUS. No que pese as medidas vigilância e controle do vetor terem
milhões de indivíduos apresentam manifestações clínicas, de maior sido prontamente desenvolvidas, mais de 3000 casos de Síndrome
ou menor gravidade. Congênita do Zika já foram confirmados desde então. Protocolos e
No Brasil, o DENV1 reemergiu na década de 1980 e, desde en- serviços de atenção especial à saúde das crianças acometidas foram
tão, tem sido responsável por sucessivas epidemias produzidas pe- implementadas pelo SUS, desde o início da detecção desta epide-
los seus 4 sorotipos. Atualmente, 90% dos municípios brasileiros es- mia. Os primeiros casos de chikungunya foram detectados simulta-
tão infestados pelo Ae. aegypti favorecendo a intensa circulação do neamente na Bahia e Amapá, e desde então, houve expansão desta
DENV, e a emergência dos vírus chikungunya (CHIKV) e Zika (ZIKV). doença para muitos municípios do país, especialmente da região
Apesar dos esforços empreendidos para o controle deste vetor, não Nordeste. Embora apresente, nas formas leves, sintomas semelhan-
se tem alcançado êxito, tanto no Brasil como em outros países das tes ao da dengue, a maior relevância desta doença se dá pelas mani-
festações clínicas persistentes na fase crônica (que pode acometer
Américas e de outras regiões do mundo. Uma vacina tetravalente
até metade dos pacientes), principalmente com comprometimento
foi licenciada, contudo ao ser utilizada em populações observou-
das articulações que interfere negativamente na qualidade de vida
-se aumento do risco de hospitalizações por dengue, nos indivíduos
dos pacientes. Ademais ocorrem formas atípicas e graves com com-
que nunca haviam sido infectados previamente pelo DENV selva-
prometimento do sistema nervoso. As manifestações atípicas e a
gem, razão pela qual a OMS contraindicou o uso desta vacina para presença de doenças concorrentes, especialmente em idosos, tem
os indivíduos naives. Assim, até o momento, não se dispõe de dro- sido relacionada a uma maior letalidade da Chikungunya no Brasil.
gas antivirais nem vacinas, seguras e eficazes, para nenhuma destas A partir de 2014, os dados epidemiológicos destas três arbo-
viroses. A vigilância e o controle têm efetividade muito limitada, viroses registrados no Brasil, são de difícil interpretação dado que
na medida em que se restringe ao controle vetorial, centrado em incialmente chikungunya e Zika não foram incluídas no sistema de
produtos químicos e eliminação de potenciais criadouros larvários. notificação universal e, como as mesmas apresentam caracterís-
Embora promissoras, as novas tecnologias que vêm sendo testadas, ticas clínicas na fase aguda muito semelhantes ao dengue, parte
reduzem os níveis de infestação do A. aegypti, contudo, ainda não dos casos foram notificados como esta enfermidade. Em vista disso,
há comprovação de que sejam eficazes e efetivas para impedir a no Gráfico 2 a incidência foi calculada para o conjunto das notifica-
emergência e/ou o risco de transmissão dos arbovírus de interesse. ções destas três doenças. Observe-se, que em 2016, a incidência

220
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

do conjunto das três arboviroses foi de 1016,4/100.000 habitantes, O HIV é transmitido principalmente por relações sexuais (vagi-
representando 24 vezes o valor deste indicador para o conjunto das nais, anais ou orais) desprotegidas, isto é, sem o uso do preserva-
demais 12 DT analisadas. Ou seja, fica evidente que a baixa efe- tivo, e compartilhamento de seringas e agulhas contaminadas com
tividade ou inexistência de instrumentos de prevenção para estas sangue, o que é frequente entre usuários de drogas ilícitas - que
arboviroses, impede a manutenção das DT sob controle. também podem contrair mais doenças, como hepatites. Outras vias
de transmissão são por transfusão de sangue, porém é muito raro,
Febre amarela uma vez que a testagem do banco de sangue é eficiente, e a verti-
Poucos casos de febre amarela silvestre (FAS)vinham sendo cal, que é a transmissão do vírus da mãe para o filho na gestação,
confirmados no Brasil desde a década de 1980. Há cada ciclo de amamentação e principalmente no momento do parto, o que pode
cinco a sete anos se observava epidemias com transmissão na área ser prevenido com o tratamento adequado da gestante e do recém-
epizoótica, inclusive em 1999/2000 (76 e 85 casos, respectivamen- -nascido.
te) e 2008/2009 (46 e 47 casos, respectivamente) casos humanos A infecção pelo HIV evolui para Aids quando a pessoa não é
foram confirmados em espaços urbanos, muito embora o ciclo de tratada e sua imunidade vai diminuindo ao longo do tempo, pois,
transmissão tenha sido silvestre. Contudo, em 2017, ocorreu uma mesmo sem sintomas, o HIV continua se multiplicando e atacando
epidemia de grande magnitude, quando foram confirmados 776 as células de defesa, principalmente os linfócitos TCD4+. Por defi-
casos humanos e observou-se grande expansão da área de trans- nição, a pessoas que tem aids apresentam contagem de linfócitos
missão desta virose, com ocorrências em várias áreas urbanas. Em TCD4+ menor que 200 células/mm3 ou têm doença definidora de
2018, vem sendo confirmados casos de FAS nas mesmas áreas. As aids, como neurotoxoplasmose, pneumocistose, tuberculose extra-
razões para esta expansão ainda são desconhecidas, porém este pulmonar etc. O tratamento antirretroviral visa impedir a progres-
evento vem impondo a realização de campanhas em massa de va- são da doença para aids.
cinação contra a febre amarela das populações de grandes centros
urbanos a exemplo de São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador, com Quanto tempo demora para os sintomas da Aids se manifes-
utilização, pela primeira vez no país, de dose fracionada da vacina. tarem?
Uma pessoa pode estar infectada pelo HIV, sendo soropositiva,
e não necessariamente apresentar comprometimento do sistema
DST/AIDS
imune com depleção dos linfócitos T, podendo viver por anos sem
Aids (sigla para acquired immunodeficiency syndrome - síndro-
manifestar sintomas ou desenvolver a AIDS. Existe também o perí-
me da imunodeficiência adquirida, em português) é uma doença
odo chamado de janela imunológica, que é o período entre o con-
crônica causada pelo vírus HIV, que danifica o sistema imunológico tágio e o início de produção dos anticorpos pelo organismo. Nesse
e interfere na habilidade do organismo lutar contra outras infecções período, não há detecção de positividade nos testes, pois ainda não
(tuberculose, pneumocistose, neurotoxoplasmose, entre outras). A há anticorpos, e pode variar de 30-60 dias. Embora nesse período a
Aids também facilita a ocorrência de alguns tipos de câncer, como pessoa não seja identificada como portadora do HIV, ela já é trans-
sarcoma de Kaposi e linfoma, além de provocar perda de peso e missora.
diarreia. Apesar de ainda não existir cura para a doença, atualmen-
te há tratamentos retrovirais capazes de aumentar a expectativa de Sintomas de AIDS
vida dos soropositivos. Os primeiros sintomas de HIV observáveis para Aids são:
-Fraqueza
O que é HIV? -Febre
HIV é a sigla em inglês do vírus da imunodeficiência humana -Emagrecimento
(human immunodeficiency virus), que é o causador da aids. O HIV -Diarreia prolongada sem causa aparente.
é uma infecção sexualmente transmissível, que também pode ser
contraída pelo contato com o sangue infectado e de forma vertical, Nas crianças que nascem infectadas, os efeitos mais comuns
ou seja, a mulher que é portadora do vírus HIV o transmite para o são:
filho durante a gravidez, parto ou amamentação. -Problemas nos pulmões
-Diarreia
No Brasil, de acordo com o Programa Conjunto das Nações Uni- -Dificuldades no desenvolvimento.
das sobre HIV/Aids (UNAIDS), a incidência do HIV em pessoas de 15
a 49 anos é de 0,6%, segundo atualização em 2013. De acordo com Fase sintomática inicial da Aids:
o mesmo relatório, o Brasil apresenta uma incidência maior que os -Candidíase oral
seus vizinhos Bolívia e Chile, ambos com 0,3%, Paraguai e Peru, com -Sensação constante de cansaço
0,4% e Colômbia, 0,5%, por exemplo. No Haiti a taxa é de 2%, mas -aparecimento de gânglios nas axilas, virilhas e pescoço
os números são muito mais altos em países africanos como Zimbá- -Diarreia
-Febre
bue (15%), Moçambique (10,8%), Malavi (10,3%), Uganda (7,4%) e
-Fraqueza orgânica
Angola (2,4%). No Canadá e na Itália a incidência de infecção pelo
-Transpirações noturnas
vírus é de 0,3%.
-Perda de peso superior a 10%.
Causas Infecção aguda da Aids:
Os cientistas acreditam que um vírus similar ao HIV ocorreu • Febre
pela primeira vez em algumas populações de chimpanzés e ma- • Afecções dos gânglios linfáticos
cacos na África, onde eram caçados para servirem de alimento. O • faringite
contato com o sangue do macaco infectado durante o abate ou no • dores musculares e nas articulações
processo de cozinhá-lo pode ter permitido ao vírus entrar em con- • ínguas e manchas na pele que desaparecem após alguns dias
tato com os seres humanos e se tornar o HIV. • Feridas na área da boca, esôfago e órgãos genitais

221
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

• Falta de apetite Quanto ao subgênero Viannia, existem outras espécies de Leishma-


• Estado de prostração nia recentemente descritas: L. (V) lainsoni identificada nos estados
• Dor de cabeça do Pará, Rondônia e Acre; L. (V) naiffi, ocorre nos estados do Pará e
• Sensibilidade à luz Amazonas; L. (V) shawi, com casos humanos encontrados no Pará
• Perda de peso e Maranhão; L. (V.) lindenberg foi identificada no estado do Pará.
• Náuseas e vômitos.
Quais são os sintomas da Leishmaniose Tegumentar (LT)?
Os sintomas que pessoas com aids podem apresentar incluem: Os sintomas da Leishmaniose Tegumentar (LT) são lesões na
• Emagrecimento não intencional pele e/ou mucosas. As lesões de pele podem ser única, múltiplas,
• Fadiga disseminada ou difusa. Elas apresentam aspecto de úlceras, com
• Aumento dos linfonodos, ou ínguas bordas elevadas e fundo granuloso, geralmente indolor.
• Sudorese noturna As lesões mucosas são mais frequentes no nariz, boca e gargan-
• Calafrios ta. Quando atingem o nariz, podem ocorrer:
• Febre superior a 38ºC durante várias semanas -entupimentos;
• Diarreia crônica -sangramentos;
• Manchas brancas ou lesões incomuns na língua ou boca -coriza;
• Dores de cabeça -aparecimento de crostas;
• Fadiga persistente e inexplicável -feridas.
• Visão turva e/ou distorcida
• Erupções cutâneas e/ou inchaços. Na garganta, os sintomas são:
-dor ao engolir;
Estes sintomas podem ser agravados sem o tratamento ade- -rouquidão;
quado, além de que, o paciente vivendo com HIV/Aids pode apre- -tosse.
sentar outros sinais mais graves dependendo da doença oportunis-
ta que desenvolver. Como é feito o diagnóstico da Leishmaniose Tegumentar (LT)?
O diagnóstico da Leishmaniose Tegumentar (LT) é feito por mé-
O QUE É LEISHMANIOSE TEGUMENTAR (LT)? todos parasitológicos. Essa confirmação laboratorial é fundamental,
tendo em vista o número de doenças que fazem diagnóstico dife-
A Leishmaniose Tegumentar é uma doença infecciosa, não
rencial com a LT - como, por exemplo, sífilis, hanseníase e tuber-
contagiosa, que provoca úlceras na pele e mucosas. A doença é
culose.
causada por protozoários do gênero Leishmania. No Brasil, há sete
A utilização de métodos de diagnóstico laboratorial é impor-
espécies de leishmanias envolvidas na ocorrência de casos de LT.
tante não apenas para a confirmação dos achados clínicos, mas
As mais importantes são: Leishmania (Leishmania) amazonensis, L.
também pode fornecer informações epidemiológicas - por meio da
(Viannia) guyanensis e L.(V.) braziliensis. A doença é transmitida ao
identificação da espécie circulante -, fundamentais para o direcio-
ser humano pela picada das fêmeas de flebotomíneos (espécie de
namento das medidas a serem adotadas para o controle do agravo.
mosca) infectadas.
Os insetos pertencentes à ordem Diptera, família Psychodidae,
Como a Leishmaniose Tegumentar (LT) é transmitida?
subfamília Phlebotominae, gênero Lutzomyia, conhecidos popu- Os vetores da Leishmaniose Tegumentar (LT) são insetos co-
larmente, dependendo da localização geográfica, como mosquito nhecidos popularmente, dependendo da localização geográfica,
palha, tatuquira e birigui, são os principais vetores da Leishmaniose como mosquito palha, tatuquira, birigui, entre outros. A transmis-
Tegumentar. são da Leishmaniose Tegumentar (LT) ocorre pela picada de fêmeas
infectadas desses insetos. São numerosos os registros de infecção
IMPORTANTE: A suscetibilidade de infecção por Leishmaniose em animais domésticos. Entretanto, não há evidências científicas
Tegumentar (LT) é universal. A infecção e a doença não conferem que comprovem o papel desses animais como reservatórios das es-
imunidade ao paciente. pécies de leishmanias, sendo considerados hospedeiros acidentais
da doença. No homem, o período de incubação, tempo que os sin-
Quais são as espécies da Leishmaniose Tegumentar (LT)? tomas começam a aparecer desde a infecção, é de, em média, 2 a 3
As três principais espécies de Leishmania, protozoário causa- meses, podendo apresentar períodos mais curtos, de 2 semanas, e
dor da Leishmaniose Tegumentar (LT), são: mais longos, de 2 anos.
Leishmania (Leishmania) amazonensis – distribuída pelas flo-
restas primárias e secundárias da Amazônia legal (Amazonas, Pará, Hospedeiros e reservatórios da Leishmaniose Tegumentar (LT)
Rondônia, Tocantins e Maranhão). Sua presença amplia-se para o A interação reservatório-parasito é considerada um sistema
Nordeste (Bahia), Sudeste (Minas Gerais e São Paulo), Centro-oeste complexo, na medida em que é multifatorial, imprevisível e dinâmi-
(Goiás) e Sul (Paraná); ca, formando uma unidade biológica que pode estar em constante
Leishmania (Viannia) guyanensis – aparentemente limitada à mudança, em função das alterações do meio ambiente. São consi-
Região Norte (Acre, Amapá, Roraima, Amazonas e Pará) e esten- derados reservatórios da LT as espécies de animais que garantam
dendo-se pelas Guianas. É encontrada principalmente em florestas a circulação de leishmanias na natureza, dentro de um recorte de
de terra firme, em áreas que não se alagam no período de chuvas; tempo e espaço.
Leishmania (Viannia) braziliensis – foi a primeira espécie de Infecções por leishmanias que causam a LT foram descritas
Leishmania descrita e incriminada como agente etiológico da LT. É em várias espécies de animais silvestres, sinantrópicos e domésti-
a mais importante, não só no Brasil, mas em toda a América Lati- cos (canídeos, felídeos e equídeos). Com relação a esse último, seu
na. Tem ampla distribuição, desde a América Central até o norte da papel na manutenção do parasito no meio ambiente ainda não foi
Argentina. Esta espécie está amplamente distribuída em todo país. definitivamente esclarecido.

222
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Reservatórios silvestres da Leishmaniose Tegumentar (LT) Atividades de educação em saúde: devem ser inseridas em to-
Já foram registrados, como hospedeiros e possíveis reservató- dos os serviços que desenvolvam as ações de vigilância e controle
rios naturais, algumas espécies de roedores, marsupiais, edentados da LT, com o envolvimento efetivo das equipes multiprofissionais e
e canídeos silvestres. multinstitucionais, para um trabalho articulado nas diferentes uni-
dades de prestação de serviços.
Animais domésticos e a Leishmaniose Tegumentar (LT)
São numerosos os registros de infecção em animais domésti- O QUE É LEISHMANIOSE VISCERAL?
cos. Entretanto, não há evidências científicas que comprovem o pa- A Leishmaniose Visceral (LV) é uma doença causada por um
pel desses animais como reservatórios das espécies de leishmanias, protozoário da espécie Leishmania chagasi. O ciclo evolutivo apre-
sendo considerados hospedeiros acidentais da doença. A LT nesses senta duas formas: amastigota, que é obrigatoriamente parasita in-
animais pode apresentar-se como uma doença crônica, com mani- tracelular em mamíferos, e promastigota, presente no tubo digesti-
festações semelhantes as da doença humana, ou seja, o parasitis- vo do inseto transmissor. É conhecida como calazar, esplenomegalia
mo ocorre preferencialmente em mucosas das vias aerodigestivas tropical e febre dundun.
superiores. A Leishmaniose Visceral é uma zoonose de evolução crônica,
com acometimento sistêmico e, se não tratada, pode levar a óbito
Coinfecção de Leishmaniose Tegumentar (LT) / HIV até 90% dos casos. É transmitida ao homem pela picada de fêmeas
A Leishmaniose Tegumentar (LT) pode modificar a progressão do inseto vetor infectado, denominado flebotomíneo e conhecido
da doença pelo HIV e a imunodepressão causada por esse vírus fa- popularmente como mosquito palha, asa-dura, tatuquiras, birigui,
cilita a progressão da LT. A avaliação do conjunto de manifestações dentre outros. No Brasil, a principal espécie responsável pela trans-
clínicas da LT em pacientes portadores de HIV indica que não existe missão é a Lutzomyia longipalpis.
definição de um perfil clínico que possa ser indiscutivelmente asso- Esses insetos são pequenos e têm como características a co-
ciado à coinfecção. loração amarelada ou de cor palha e, em posição de repouso, suas
O diagnóstico da coinfecção com HIV tem implicações na abor- asas permanecem eretas e semiabertas. O ciclo biológico do vetor
dagem da leishmaniose em relação ao diagnóstico, à indicação ocorre no ambiente terrestre e passa por quatro fases: ovo, larva,
terapêutica e ao monitoramento de efeitos adversos, à resposta pupa e adulto (forma alada).
terapêutica e à ocorrência de recidivas. Portanto, recomenda-se
oferecer a sorologia para HIV para todos os pacientes com LT, inde- Desenvolvem-se em locais úmidos, sombreados e ricos em
pendentemente da idade, conforme as recomendações do Ministé- matéria orgânica (folhas, frutos, fezes de animais e outros entulhos
rio da Saúde. que favoreçam a umidade do solo). O desenvolvimento do ovo à
fase adulta ocorre em cerca de 30 dias. As formas adultas abrigam-
Como é feito o tratamento da Leishmaniose Tegumentar (LT)? -se nos mesmos locais dos criadouros e em anexos peridomiciliares,
principalmente em abrigos de animais domésticos.
O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece tratamento específi-
Somente as fêmeas se alimentam de sangue, pois necessitam
co e gratuito para a Leishmaniose Tegumentar (LT). O tratamento
de sangue para o desenvolvimento dos ovos, o que justifica o fato
é feito com uso de medicamentos específicos, repouso e uma boa
de sugarem uma ampla variedade de animais vertebrados. A ali-
alimentação.
mentação é predominantemente noturna. Tanto o macho quanto a
fêmea tendem a não se afastar muito de seus criadouros ou locais
Distribuição da Leishmaniose Tegumentar (LT) no Brasil e
de abrigo, podendo se deslocar até cerca de um quilômetro, com a
mundo
expressiva maioria não indo além dos 250 metros.
A Leishmaniose Tegumentar (LT) tem ampla distribuição mun-
Raposas (Lycalopex vetulus e Cerdocyon thous) e marsupiais
dial e no continente americano há registro de casos desde o sul dos
(Didelphis albiventris), têm sido incriminados como reservatórios
Estados Unidos ao norte da Argentina, com exceção do Chile e Uru- silvestres. No ambiente urbano, o cão é a principal fonte de infec-
guai. Em 1909, foi descrita formas de leishmânias em úlceras cutâ- ção para o vetor, podendo desenvolver os sintomas da doença, que
neas e nasobucofaríngeas em indivíduos que trabalhavam na cons- são: emagrecimento, queda de pêlos, crescimento e deformação
trução de rodovias no interior de São Paulo. Desde então, a doença das unhas, paralisia de membros posteriores, desnutrição, entre
vem sendo descrita em vários municípios de todas as Unidades outros.
Federadas. Em média, são registrados cerca de 21.000 casos/ano,
com coeficiente de incidência de 8,6 casos/100.000 habitantes nos IMPORTANTE: É fundamental procurar o médico assim que sur-
últimos 5 anos. A região Norte apresenta o maior coeficiente (46,4 girem os primeiros sintomas. Uma vez diagnosticada, quanto mais
casos/100.000 habitantes), seguida das regiões Centro-Oeste (17,2 cedo for iniciado o tratamento maiores são as chances de evitar
casos/10.000 habitantes) e Nordeste (8 casos/100.000 habitantes). agravo e complicações da Leishmaniose Visceral, que se não for tra-
tada adequadamente, pode ser fatal.
Como prevenir a Leishmaniose Tegumentar (LT)?
As principais formas de prevenir a Leishmaniose Tegumentar Quais são os sintomas da Leishmaniose Visceral?
(LT), segundo orientações do Ministério da Saúde, são as seguintes A Leishmaniose Visceral é uma doença infecciosa sistêmica. Os
ações direcionadas: principais sintomas da doença são:
População humana: adotar medidas de proteção individual, -febre de longa duração;
como usar repelentes e evitar a exposição nos horários de ativida- -aumento do fígado e baço;
des do vetor (crepúsculo e noite) em ambientes onde este habitual- -perda de peso;
mente possa ser encontrado; -fraqueza;
Vetor: manejo ambiental, por meio da limpeza de quintais e -redução da força muscular;
terrenos, para evitar o estabelecimento de criadouros para larvas -anemia.
do vetor;

223
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Como a Leishmaniose Visceral é transmitida? Distribuição da Leishmaniose Visceral no Brasil e no mundo


A Leishmaniose Visceral é transmitida por meio da picada de É endêmica em 76 países e, no continente americano, está des-
insetos conhecidos popularmente como mosquito palha, asa-dura, crita em pelo menos 12. Dos casos registrados na América Latina,
tatuquiras, birigui, dentre outros. Estes insetos são pequenos e têm 90% ocorrem no Brasil. Em 1913 é descrito o primeiro caso em ne-
como características a coloração amarelada ou de cor palha e, em cropsia de paciente oriundo de Boa Esperança, Mato Grosso. Em
posição de repouso, suas asas permanecem eretas e semiabertas. 1934, 41 casos foram identificados em lâminas de viscerotomias
praticadas post-mortem, em indivíduos oriundos das Regiões Norte
A transmissão acontece quando fêmeas infectadas picam cães e Nordeste, com suspeita de febre amarela.
ou outros animais infectados, e depois picam o homem, transmi-
tindo o protozoário Leishmania chagasi, causador da Leishmaniose A doença, desde então, vem sendo descrita em vários municí-
Visceral. pios brasileiros, apresentando mudanças importantes no padrão de
transmissão, inicialmente predominando em ambientes silvestres
Como é feito o diagnóstico da Leishmaniose Visceral? e rurais e mais recentemente em centros urbanos. Em média, cer-
O diagnóstico da leishmaniose visceral pode ser realizado por ca de 3.500 casos são registrados anualmente e o coeficiente de
meio de técnicas imunológicas e parasitológicas. incidência é de 2,0 casos/100.000 habitantes. Nos últimos anos, a
letalidade vem aumentando gradativamente, passando de 3,1% em
Diagnóstico imunológico 2000 para 7,1% em 2012
Baseia-se na detecção de anticorpos anti Leishmania. Existem
diversas provas que podem ser utilizadas no diagnóstico da LV, e Como prevenir a Leishmaniose Visceral?
dentre elas podemos citar duas técnicas disponibilizadas pelo Sis- A prevenção da Leishmaniose Visceral ocorre por meio do com-
tema Único de Saúde. bate ao inseto transmissor. É possível mantê-lo longe, especialmen-
i. Reação de Imunofluorescência Indireta (RIFI) – consideram-se te com o apoio da população, no que diz respeito à higiene ambien-
como positivas as amostras reagentes a partir da diluição de 1:80. tal. Essa limpeza deve ser feita por meio de:
Nos títulos iguais a 1:40, com clínica sugestiva de LV, recomenda-se Limpeza periódica dos quintais, retirada da matéria orgânica
a solicitação de nova amostra em 30 dias. em decomposição (folhas, frutos, fezes de animais e outros entu-
ii. Teste rápido imunocromatográfico – são considerados posi- lhos que favoreçam a umidade do solo, locais onde os mosquitos
tivos quando a linha controle e a linha teste C e/ou G aparecem na se desenvolvem).
fita ou plataforma (conforme Nota Informativa Nº 3/2018-CGLAB/ Destino adequado do lixo orgânico, a fim de impedir o desen-
DEVIT/SVS/MS volvimento das larvas dos mosquitos.
É importante ressaltar que títulos (anticorpos) variáveis dos Limpeza dos abrigos de animais domésticos, além da manuten-
exames sorológicos podem persistir positivos por longo período, ção de animais domésticos distantes do domicílio, especialmente
mesmo após o tratamento. Assim, o resultado de um teste positivo, durante a noite, a fim de reduzir a atração dos flebotomíneos para
na ausência de manifestações clínicas, não autoriza a instituição de dentro do domicílio.
terapêutica. Uso de inseticida (aplicado nas paredes de domicílios e abrigos
de animais). No entanto, a indicação é apenas para as áreas com
Diagnóstico parasitológico elevado número de casos, como municípios de transmissão intensa
É o diagnóstico de certeza feito pelo encontro de formas amas- (média de casos humanos dos últimos 3 anos acima de 4,4), mode-
tigotas do parasito, em material biológico obtido preferencialmente rada (média de casos humanos dos últimos 3 anos acima de 2,4) ou
da medula óssea – por ser um procedimento mais seguro. Examinar em surto de leishmaniose visceral.
o material aspirado de acordo com esta sequência: exame direto, IMPORTANTE: Atualmente, existe uma vacina antileishmanio-
isolamento em meio de cultura (in vitro), isolamento em animais se visceral canina em comercialização no Brasil. Os resultados do
suscetíveis (in vivo), bem como novos métodos de diagnóstico. Ou- estudo apresentado pelo laboratório produtor da vacina atendeu
tras amostras biológicas podem ser utilizadas tais como o linfonodo às exigências da Instrução Normativa Interministerial número 31 de
ou baço. Este último deve ser realizado em ambiente hospitalar e 09 de julho de 2007, o que resultou na manutenção de seu registro
em condições cirúrgicas. pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento.
No entanto, não existem estudos que comprovem a efetividade
Como é feito o tratamento da Leishmaniose Visceral? do uso dessa vacina na redução da incidência da leishmaniose vis-
Apesar de grave, a Leishmaniose Visceral tem tratamento para ceral em humanos. Dessa forma, o seu uso está restrito à proteção
os humanos. Ele é gratuito e está disponível na rede de serviços do individual dos cães e não como uma ferramenta de saúde pública.
Sistema Único de Saúde (SUS). Os medicamentos utilizados atual-
mente para tratar a LV não eliminam por completo o parasito nas Vacinação e a Leishmaniose Visceral
pessoas e nos cães. Atualmente existe uma vacina antileishmaniose visceral canina
No entanto, no Brasil o homem não tem importância como re- em comercialização no Brasil. Os resultados do estudo apresenta-
servatório, ao contrário do cão - que é o principal reservatório do do pelo laboratório produtor da vacina atendeu às exigências da
parasito em área urbana. Nos cães, o tratamento pode até resul- Instrução Normativa Interministerial n° 31 de 09 de julho de 2007,
tar no desaparecimento dos sinais clínicos, porém eles contimuam o que resultou na manutenção de seu registro pelo Ministério da
como fontes de infecção para o vetor, e, portanto um risco para Agricultura Pecuária e Abastecimento. No entanto, não existem
saúde da população humana e canina. estudos que comprovem a efetividade do uso dessa vacina na re-
Neste caso, eutanásia é recomendada como uma das formas de dução da incidência da leishmaniose visceral em humanos. Dessa
controle da Leishmaniose Visceral, mas deve ser realizada de forma forma, o seu uso está restrito à proteção individual dos cães e não
integrada às demais ações recomendadas pelo Ministério da Saúde. como uma ferramenta de Saúde Pública.

224
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

A vacina está indicada somente para animais assintomáticos -náuseas e vômitos;


com resultados sorológicos não reagentes para leishmanioses vis- -fadiga e fraqueza.
ceral. Cabe destacar que o imunobiológico não é o único instrumen-
to de prevenção individual da leishmaniose visceral canina (LVC) e A maioria das pessoas melhora após estes sintomas iniciais. No
que outras medidas devem ser adotadas, conforme normatização entanto, cerca de 15% apresentam um breve período de horas a um
do Ministério da Saúde. Os animais que apresentarem sinais clíni- dia sem sintomas e, então, desenvolvem uma forma mais grave da
cos compatíveis com LVC e/ou reações sorológicas reagentes esta- doença.
rão passíveis das medidas sanitárias vigentes.
Depois de identificar alguns desses sintomas, procure um mé-
Viajantes e a Leishmaniose Visceral dico na unidade de saúde mais próxima e informe sobre qualquer
Ao circular por áreas onde ocorrem casos de leishmaniose vis- viagem para áreas de risco nos 15 dias anteriores ao início dos sin-
ceral, ao sentir sintomas da doença: febre de longa duração, au- tomas, e se você observou mortandade de macacos próximo aos
mento do fígado e baço (hepatoesplenomegalia), perda de peso, lugares que você visitou, assim como picadas de mosquito. Informe,
fraqueza, redução da força muscular, entre outras manifestações, ainda, se você tomou a vacina contra a febre amarela, e a data.
devem procurar o serviço de saúde mais próximo o quanto antes. O Se você identificar macacos mortos na região onde vive ou está,
diagnóstico e o tratamento precoce evitam o agravamento da doen- informe imediatamente as autoridades sanitárias do município ou
ça, que pode ser fatal se não for tratada. estado, de preferência, diretamente para a vigilância ou controle
A transmissão ocorre quando fêmeas de insetos flebotomíneos de zoonoses.
infectados picam cães ou outros animais infectados e depois pica o
O Ministério da Saúde, através da Secretaria de Vigilância em
homem transmitindo o protozoário Leishmania chagasi.
Saúde, elabora normas e coordena as ações de vigilância e controle
da doença. Também auxilia os estados e municípios na implemen-
O que é febre amarela?
tação e manutenção dessas ações, supervisiona as atividades e for-
A febre amarela é uma doença infecciosa febril aguda, causada
por um vírus transmitido por mosquitos vetores, e possui dois ciclos nece a vacina contra a febre amarela.
de transmissão: silvestre (quando há transmissão em área rural ou
de floresta) e urbano. IMPORTANTE: Os macacos não transmitem a febre amarella!
O vírus é transmitido pela picada dos mosquitos transmissores Eles são importantes sentinelas para alerta em regiões onde o vírus
infectados e não há transmissão direta de pessoa a pessoa. da Febre Amarela está circulando. Marcacos mortos são analisados
A febre amarela tem importância epidemiológica por sua gravi- em examas específicos para detectar se a causa morte foi Febre
dade clínica e potencial de disseminação em áreas urbanas infesta- Amarela, o que aciona o alerta de cuidado com as pessoas
das pelo mosquito Aedes aegypti.
É uma doença de notificação compulsória imediata, ou seja, Quais são as complicações da febre amarela?
todo evento suspeito (tanto morte de primatas não humanos, Em casos graves, a pessoa infectada por febre amarela pode
quanto casos humanos com sintomatologia compatível) deve ser desenvolver algumas complicações, como:
prontamente comunicado, em até 24 horas após a suspeita inicial, -febre alta;
às autoridades locais competentes pela via mais rápida (telefone, -icterícia (coloração amarelada da pele e do branco dos olhos);
fax, email, etc). Às autoridades estaduais de saúde cabe notificar os -hemorragia (especialmente a partir do trato gastrointestinal);
eventos de febre amarela suspeitos ao Ministério da Saúde. -eventualmente, choque e insuficiência de múltiplos órgãos.
Atualmente, a febre amarela silvestre (FA) é uma doença endê-
mica no Brasil (região amazônica). Na região extra-amazônica, perí- IMPORTANTE: Cerca de 20% a 50% das pessoas que desenvol-
odos epidêmicos são registrados ocasionalmente, caracterizando a vem febre amarela grave podem morrer. Assim que surgirem os
reemergência do vírus no País. primeiros sinais e sintomas, é fundamental buscar ajuda médica
O padrão temporal de ocorrência é sazonal, com a maior parte imediata.
dos casos incidindo entre dezembro e maio, e com surtos que ocor-
rem com periodicidade irregular, quando o vírus encontra condições Como a febre amarela é transmitida?
favoráveis para a transmissão (elevadas temperatura e pluviosida- O vírus da febre amarela é transmitido pela picada dos mos-
de; alta densidade de vetores e hospedeiros primários; presença de quitos transmissores infectados. A doença não é passada de pessoa
indivíduos suscetíveis; baixas coberturas vacinais; eventualmente,
a pessoa. A série histórica da doença no Brasil tem demonstrado
novas linhagens do vírus), podendo se dispersar para além dos limi-
maior frequência de ocorrência de casos humanos nos meses de
tes da área endêmica e atingir estados das regiões Centro.
dezembro e maio, como um padrão sazonal.
Esse fato ocorre principalmente no verão, quando a tempera-
IMPORTANTE: Qualquer pessoa não vacinada, independente-
mente da idade ou sexo, que se exponha em áreas de risco e/ou tura média aumenta na estação das chuvas, favorecendo a repro-
com recomendação de vacina. É fundamental cobertura vacinal da dução e proliferação de mosquitos (vetores) e, por consequência o
população em todo o território nacional, esta é a principal forma de potencial de circulação do vírus.
prevenir a febre amarela. Os vetores silvestres têm hábito diurno, realizando o repasto
sanguíneo durante as horas mais quentes do dia, sendo os vetores
Quais são os sintomas da febre amarela? dos gêneros Haemagogus e Sabethes, geralmente, mais ativos en-
Os sintomas iniciais da febre amarela são: tre às 9h e 16h da tarde.
-início súbito de febre;
-calafrios; Há dois diferentes ciclos epidemiológicos de transmissão:
-dor de cabeça intensa; -silvestre;
-dores nas costas; -urbano.
-dores no corpo em geral;

225
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Apesar desses ciclos diferentes, a febre amarela tem as mesmas características sob o ponto de vista etiológico, clínico, imunológico e
fisiopatológico.
No ciclo silvestre da febre amarela, os primatas não humanos (macacos) são os principais hospedeiros e amplificadores do vírus e os
vetores são mosquitos com hábitos estritamente silvestres, sendo os gêneros Haemagogus e Sabethes os mais importantes na América
Latina. Nesse ciclo, o homem participa como um hospedeiro acidental ao adentrar áreas de mata.
No ciclo urbano, o homem é o único hospedeiro com importância epidemiológica e a transmissão ocorre a partir de vetores urbanos
(Aedes aegypti) infectados.

A pessoa apresenta os sintomas iniciais da febre amarela de 3 a 6 dias após ter sido infectada.
IMPORTANTE: O ciclo da doença atualmente é silvestre, com transmissão por meio de vetor (mosquitos dos gêneros Haemagogus e
Sabethes no ambiente silvestre). O último caso de febre amarela urbana foi registrado no Brasil em 1942 e todos os casos confirmados
desde então decorrem do ciclo silvestre de transmissão.

Como é feito o tratamento da febre amarela?


O tratamento da febre amarela é apenas sintomático, com cuidadosa assistência ao paciente que, sob hospitalização, deve permane-
cer em repouso, com reposição de líquidos e das perdas sanguíneas, quando indicado.
Nas formas graves, o paciente deve ser atendido em Unidade de Terapia Intensiva (UTI), para reduzir as complicações e o risco de
óbito. Medicamentos salicilatos devem ser evitados (AAS e Aspirina), já que o uso pode favorecer o aparecimento de manifestações he-
morrágicas.
O médico deve estar alerta para quaisquer indicações de um agravamento do quadro clínico.

Como é feito o diagnóstico da febre amarela?


Somente um médico é capaz de diagnosticar e tratar corretamente a febre amarela.
No caso de qualquer um dos sintomas da doença, procure imediatamente uma unidade de saúde para avaliação médica adequada.
O profissional fará os exames necessários para diagnosticar a doença, assim como sua gravidade, para escolher a melhor forma de trata-
mento.

Como prevenir a febre amarela?


A vacina é a principal ferramenta de prevenção e controle da febre amarela. O Sistema Único de Saúde (SUS) oferta vacina contra febre
amarela para a população. Desde abril de 2017, o Brasil adota o esquema vacinal de apenas uma dose durante toda a vida, medida que
está de acordo com as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS).
Toda pessoa que reside em Áreas com Recomendação da Vacina contra febre amarela e pessoas que vão viajar para essas áreas deve
se imunizar.
A vacina, que é administrada via subcutânea, está disponível durante todo o ano nas unidades de saúde e deve ser administrada pelo
menos 10 dias antes do deslocamento para áreas de risco, principalmente, para os indivíduos que são vacinados pela primeira vez.
A vacinação para febre amarela é ofertada na rotina dos municípios com recomendação de vacinação.

IMPORTANTE: A vacina é feita a partir do vírus vivo atenuado, isso quer dizer que existe uma pequena chance de desenvolver a doença
no entanto ela existe na proporção de 1 reação adversa para cada 400 mil doses de vacinas aplicadas segundo as referências científicas
existentes.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Em áreas as áreas consideradas de maior risco de exposição como matas, florestas, rios, cachoeiras, parques e o meio rural, utilizar
roupas recomenda-se que medidas de proteção individual sejam adotadas, principalmente para quem tem alguma contraindicação para
receber a vacina como: usar repelente de insetos de acordo com as indicações do produto; proteger a maior extensão possível de pele
através do uso de calça comprida, blusas de mangas compridas e sem decotes, de preferência largas, não coladas ao corpo, meias e sapatos
fechados; evitar na medida do possível o deslocamento para áreas rurais e, principalmente, adentrar em matas, seja a trabalho ou turismo;
passar o maior tempo possível em ambientes refrigerados, uso de mosquiteiros e telas nas janelas.
Atenção às crianças menores de 9 meses de idade, pois não irão receber a vacina, devendo utilizar-se repelente de acordo com as
orientações de faixa etária de cada produto, bem como utilizar mosquiteiros e ou ambiente protegido.
Além da vacina, deve-se manter os cuidados para evitar a proliferação dos mosquitos, mantendo as casas e as ruas limpas sem acú-
mulo de água parada, habitat ideal para reprodução dos vetores.
Locais que têm matas e rios, onde o vírus e seus hospedeiros e vetores ocorrem naturalmente, são consideradas como áreas de risco.
No Brasil, no entanto, a vacinação é recomendada para as pessoas a partir de 9 meses de idade conforme orientações para vacinação e
que residem ou se deslocam para os municípios que compõem a Área Com Recomendação de Vacina.

Eventos adversos pós-vacinação


Os eventos adversos são possíveis reações após a vacinação da febre amarela. Os mais comuns relatados segundo estudos são: rea-
ções de hipersensibilidade, e as manifestações da própria doença com o desenvolvimento dos sinais e sintomas observados.
A ocorrência de morte em até 30 dias após a vacinação deve ser investigada para confirmação se foi ou não relacionada ao uso da
vacina.
Todo evento adverso deve ser investigado e tratado da mesma forma que os casos suspeitos de Febre Amarela. Se qualquer pessoa
vacinada desenvolver os sinais e sintomas comuns para doença em até 15 dias após a vacinação, deve rapidamente procurar o serviço de
saúde mais próximo para atendimento.

Doação de sangue após a vacinação


Após 28 dias da vacina, as doações de sangue podem ser realizadas. Sugere-se que antes de tomar a vacina as pessoas procurem um
hemocentro ou serviço de coleta para doação, evitando que haja desabastecimento dos estoques de bolsas de sangue.

Diferença entre a dose fracionada e a dose padrão da vacina


A diferença está na dosagem e no tempo de proteção. Na dose padrão será aplicado 0,5 mL da vacina febre amarela, enquanto da
dose fracionada será aplicado 0,1 mL. O tempo de proteção da dose padrão é para toda a vida, já com a dose fracionada ela tem duração
de pelo menos 8 anos. Estudos em andamento continuarão a avaliar a proteção posterior a esse período.

Quem não deve tomar a vacina contra febre amarela?


Crianças menores de 9 meses de idade.
Mulheres amamentando crianças menores de 6 meses de idade.
Pessoas com alergia grave ao ovo.
Pessoas que vivem com HIV e que tem contagem de células CD4 menor que 350.
Pessoas em de tratamento com quimioterapia/ radioterapia.
Pessoas portadoras de doenças autoimunes.
Pessoas submetidas a tratamento com imunossupressores (que diminuem a defesa do corpo).

Como saber se tenho alergia ao ovo?


Segundo previsto na política nacional de alimentação e nutrição do SUS, os profissionais da atenção básica devem fazer avaliação
clínica e orientação nutricional das crianças e adultos identificando alergias alimentares e/ou problemas relacionados à alimentação e
nutrição.
Assim, os profissionais das Unidades Básicas de Saúde devem fazer a orientação sobre a dieta alimentar mais adequada em cada
caso (incluindo a recomendação de não vacinação quando há componentes alergênicos) e caso haja necessidade, os usuários poderão
ser encaminhados para um serviço especializado para realização de avaliação complementar e o melhor encaminhamento em cada caso.
Situação epidemiológica da febre amarela
Nas duas últimas décadas, foram registradas transmissões de FA além dos limites da área considerada endêmica (região amazônica).
Casos humanos e/ou epizootias em PNH ocorridos na Bahia, em Minas Gerais, em São Paulo, no Paraná e no Rio Grande do Sul represen-
taram a maioria dos registros de FA no período, caracterizando uma expansão recorrente da área de circulação viral nos sentidos leste e
sul do País, que afetou áreas consideradas “indenes” até então, onde o vírus não era registrado há décadas.
Processos de reemergência do vírus da FA produziram importante impacto na saúde pública, representado pelos mais extensos surtos
em humanos e epizootias em PNH pela doença das últimas décadas, sendo que os mais recentes ocorreram entre 1998 e 2003 [do Norte
(PA;1998/1999) ao Sudeste (MG; 2002/2003) e Sul (RS; 2002/2003)], e entre 2007 e 2009 [do Norte/Centro-Oeste (2007/2008) ao Sudeste
(SP; 2008/2009) e Sul (PR, RS; 2008/2009)].
A observação de um padrão sazonal de ocorrência de casos humanos a partir da análise da série histórica deu suporte à adoção da
estratégia de vigilância baseada na sazonalidade.
Assim, o período anual de monitoramento da FA inicia em julho e encerra em junho do ano seguinte, de modo que os processos
de transmissão que irrompem durante os períodos sazonais (dezembro a maio) possam ser analisados à luz das especificidades de cada
evento (Figura 1).

227
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

De tempos em tempos, a febre amarela silvestre reemerge no Brasil, produzindo surtos de magnitude e extensão variáveis.
Após a expansão da área de circulação viral ocorrida entre 2007 e 2009, quando o vírus atingiu as regiões Sudeste e Sul do país e cau-
sou mais de 100 casos da doença, com letalidade de 51%, a reemergência do vírus no Centro-Oeste brasileiro volta a causar preocupação.
No período de monitoramento 2014/2015, a reemergência do vírus da FA foi registrada além dos limites da área considerada endêmi-
ca (região amazônica), manifestando-se por epizootias em PNH confirmadas por critério laboratorial (TO; julho/2014).
Novos registros de epizootias e casos humanos isolados na região Centro-Oeste (GO, MG, SP) demonstraram o avanço da área de
circulação do vírus, novamente percorrendo os caminhos de dispersão nos sentidos sul e leste do país, aproximando-se de grandes regiões
metropolitanas densamente povoadas, com populações não vacinadas e infestadas por Aedes aegypti.
É importante ressaltar que toda esta expansão da circulação do vírus está associada à ocorrência do ciclo silvestre da doença, não
havendo nenhum indício da sua urbanização.
Mais recentemente, no período 2017/2018, foi registrado um dos eventos mais expressivos da história da FA no Brasil. A dispersão do
vírus alcançou a costa leste brasileira, na região do bioma Mata Atlântica, que abriga uma ampla diversidade de primatas não humanos e
de potenciais vetores silvestres e onde o vírus não era registrado há décadas.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Em 2017, após a redução da incidência da doença no inverno, a retomada da transmissão do vírus tem sido observada em áreas/
regiões afetadas durante o final do último surto (2016/2017), indicando o potencial para dispersar para outras áreas sem histórico de
circulação do vírus e com populações de mosquitos silvestres e PNH. Nesse sentido, a Secretaria de Vigilância em Saúde - SVS/MS iniciou
em novembro/2017 o monitoramento sazonal da Febre Amarela, no qual vem publicando boletins semanais com a atualização dos casos
humanos e epizootias em PNH notificados no País.

Viajantes e a febre amarela


O Ministério da Saúde recomenda a vacina Febre Amarela (atenuada) para toda a população que viaja para Áreas Com Recomendação
de Vacina (ACRV). A vacina está disponível em qualquer unidade básica de saúde (Postos de Saúde do SUS) e deve ser aplicada pelo menos
10 dias antes do deslocamento, para garantir o desenvolvimento da imunidade. Após a vacinação, é fornecido o Cartão Nacional de Vaci-
nação, que deve ser conservado como documento pessoal.

Viagens nacionais
Recomenda-se a vacina contra febre amarela (atenuada) para toda a população a partir dos 9 meses de idade que se desloca da área
sem recomendação de vacina (ASRV) para a área com recomendação da vacina (ACRV). Como os anticorpos protetores contra o vírus são
produzidos entre o 7º e 10º dia após a administração da vacina, ela deve ser realizada no mínimo 10 dias antes da viagem, para que a
pessoa seja considerada protegida. Uma dose confere proteção por toda vida.
Além da vacina, outras medidas de proteção individual devem ser levadas em consideração, como o uso de calças e camisas de manga
longa e de repelentes contra insetos.

Viagens internacionais
Por ocasião de viagem internacional, conforme disposto no RSI (2005) alguns países podem exigir a comprovação da vacinação contra
febre amarela para entrada em seu território. Esta comprovação é feita por meio do Certificado Internacional de Vacinação e Profilaxia
(CIVP) emitido, no Brasil, por serviços públicos e privados cadastrados pela Agencia Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para este fim.
Segundo a atualização do anexo 7 do RSI (2005), uma única dose de vacina de febre amarela é necessária para conferir proteção ao
longo da vida da pessoa vacinada. Assim, o CIVP passa automaticamente a ter validade por toda vida, não sendo necessário receber doses
de reforço para emissão do certificado nem emissão de um novo CIVP para aqueles que já o possuem.
No entanto, para a emissão do CIVP é fundamental que o lote da vacina de febre amarela esteja corretamente registrado no compro-
vante de vacinação do viajante, pois este certificado somente será emitido para as vacinas aprovadas pela OMS.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

LEPTOSPIROSE O comprometimento pulmonar da leptospirose se expressa


com tosse seca, dispneia, expectoração hemoptóica e, ocasional-
O que é Leptospirose? mente, dor torácica e cianose. A hemoptise franca denota extrema
A leptospirose é uma doença infecciosa transmitida ao homem gravidade e pode ocorrer de forma súbita, levando a insuficiência
pela urina de roedores, principalmente por ocasião das enchentes. respiratória – síndrome da hemorragia pulmonar aguda e síndrome
A doença é causada por uma bactéria chamada Leptospira, presen- da angústia respiratória aguda (SARA) – e óbito.
te na urina de ratos e outros animais (bois, porcos, cavalos, cabras, Por outro lado, na maioria dos pacientes, a hemorragia pulmo-
ovelhas e cães também podem adoecer e, eventualmente, transmi- nar maciça não é identificada até que uma radiografia de tórax seja
tir a leptospirose ao homem). realizada ou que o paciente seja submetido à intubação orotraque-
A doença apresenta elevada incidência em determinadas áre- al. Assim, os médicos devem manter uma suspeição para a forma
as, alto custo hospitalar e perdas de dias de trabalho, além do risco pulmonar grave da leptospirose em pacientes que apresentem fe-
de letalidade, que pode chegar a 40% nos casos mais graves. Sua bre e sinais de insuficiência respiratória, independentemente da
ocorrência está relacionada às precárias condições de infraestrutu- presença de hemoptise.
ra sanitária e alta infestação de roedores infectados. Além disso, a leptospirose pode causar uma síndrome da an-
Sinonímia: Doença de Weil, síndrome de Weil, febre dos pânta- gústia respiratória aguda na ausência de sangramento pulmonar.
nos, febre dos arrozais, febre outonal, doença dos porqueiros, tifo A leptospirose pode causar outros tipos de diátese hemorrágica,
canino e outras. Atualmente, evita-se a utilização desses termos, frequentemente em associação com trombocitopenia. Além de
por serem passíveis de confusão. sangramento nos pulmões, os fenômenos hemorrágicos podem
IMPORTANTE: As inundações propiciam a disseminação e a ocorrer na pele (petéquias, equimoses e sangramento nos locais
persistência do agente causal no ambiente, facilitando a ocorrência de venopunção), nas conjuntivas e em outras mucosas ou órgãos
de surtos. internos, inclusive no sistema nervoso central. A insuficiência renal
aguda é uma importante complicação da fase tardia da leptospirose
Quais são os sintomas da Leptospirose? e ocorre em 16 a 40% dos pacientes.
Os principais da leptospirose são: A leptospirose causa uma forma peculiar de insuficiência renal
-febre; aguda, caracterizada geralmente por ser não oligúrica e hipocalê-
-dor de cabeça; mica, devido à inibição de reabsorção de sódio nos túbulos renais
-dores pelo corpo, principalmente nas panturrilhas. proximais, aumento no aporte distal de sódio e consequente perda
de potássio. Durante esse estágio inicial, o débito urinário é nor-
Podem também ocorrer vômitos, diarreia e tosse. Nas formas mal a elevado, os níveis séricos de creatinina e uréia aumentam e o
graves, geralmente aparece icterícia (pele e olhos amarelados), san- paciente pode desenvolver hipocalemia moderada a grave. Com a
gramento e alterações urinárias. Pode haver necessidade de inter- perda progressiva do volume intravascular, os pacientes desenvol-
nação hospitalar. vem insuficiência renal oligúrica, devido à azotemia pré-renal. Nes-
O período de incubação, ou seja, tempo que a pessoa leva para se estágio, os níveis de potássio começam a subir para valores nor-
manifestar os sintomas desde a infecção da doença, pode variar de mais ou elevados. Devido à perda contínua de volume, os pacientes
1 a 30 dias e normalmente ocorre entre 7 a 14 dias após a exposição podem desenvolver necrose tubular aguda e não irão responder à
a situações de risco. reposição intravascular de fluidos, necessitando o início imediato
de diálise para tratamento da insuficiência renal aguda.
Quais são as complicações da Leptospirose?
Em aproximadamente 15% dos pacientes com leptospirose, Outras manifestações frequentes na forma grave da leptospi-
ocorre a evolução para manifestações clínicas graves, que tipica- rose são:
mente iniciam-se após a primeira semana de doença, mas que pode -miocardite, acompanhada ou não de choque e arritmias;
ocorrer mais cedo, especialmente em pacientes com apresentações -agravadas por distúrbios eletrolíticos;
fulminantes. A manifestação clássica da leptospirose grave é a sín- -pancreatite;
drome de Weil, caracterizada pela tríade de icterícia, insuficiência -anemia e distúrbios neurológicos como confusão, delírio, alu-
renal e hemorragias, mais comumente pulmonar. cinações e sinais de irritação meníngea.
Entretanto, essas manifestações podem se apresentar conco-
mitantemente ou isoladamente na fase tardia da doença. A síndro- A leptospirose é uma causa relativamente frequente de menin-
me de hemorragia pulmonar é caracterizada por lesão pulmonar gite asséptica. Menos frequentemente ocorrem encefalite, parali-
aguda e sangramento pulmonar maciço e vem sendo cada vez mais sias focais, espasticidade, nistagmo, convulsões, distúrbios visuais
reconhecida no Brasil como uma manifestação distinta e importan- de origem central, neurite periférica, paralisia de nervos cranianos,
te da leptospirose na fase tardia. Enquanto a letalidade média para radiculite, síndrome de Guillain-BarréGuillain-Barré e mielite.
os casos de leptospirose confirmados no Brasil é de 9%, a letalidade
para os pacientes que desenvolvem hemorragia pulmonar é maior IMPORTANTE: Os casos da “forma pulmonar grave da leptospi-
que 50%. rose” podem evoluir para insuficiência respiratória aguda, hemorra-
A icterícia é considerada um sinal característico e tipicamen- gia maciça ou síndrome de angústia respiratória do adulto. Muitas
te apresenta uma tonalidade alaranjada muito intensa (icterícia vezes precede o quadro de icterícia e insuficiência renal. O óbito
rubínica) e geralmente aparece entre o 3º e o 7º dia da doença. (morte) pode ocorrer nas primeiras 24 horas de internação.
A presença de icterícia é frequentemente usada para auxiliar no
diagnóstico da leptospirose, sendo um preditor de pior prognósti-
co, devido à sua associação com a síndrome de Weil. No entanto, é
importante notar que manifestações graves da leptospirose, como
a hemorragia pulmonar e insuficiência renal, podem ocorrer em pa-
cientes anictéricos.

230
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Como a Leptospirose é transmitida? Como prevenir a Leptospirose?


A Leptospirose é transmitida durante as enchentes, a urina dos A prevenção da Leptospirose ocorre por meio de medidas
ratos, presente nos esgotos e bueiros, mistura-se à enxurrada e à como:
lama. Qualquer pessoa que tiver contato com a água ou lama pode Obras de saneamento básico (drenagem de águas paradas sus-
infectar-se. As leptospiras penetram no corpo pela pele, principal- peitas de contaminação, rede de coleta e abastecimento de água,
mente por arranhões ou ferimentos, e também pela pele íntegra, construção e manutenção de galerias de esgoto e águas pluviais,
imersa por longos períodos na água ou lama contaminada. O con- coleta e tratamento de lixo e esgotos, desassoreamento, limpeza
tato com esgotos, lagoas, rios e terrenos baldios também pode pro- e canalização de córregos), melhorias nas habitações humanas e o
piciar a infecção. controle de roedores.

Como é feito o diagnóstico da Leptospirose? É importante evitar o contato com água ou lama de enchentes
Considerando-se que a leptospirose tem um amplo espectro e impedir que crianças nadem ou brinquem nessas águas. Pessoas
clínico, os principais diagnósticos diferenciais são: que trabalham na limpeza de lama, entulhos e desentupimento de
Fase precoce –dengue, influenza (síndrome gripal), malária, ri- esgoto devem usar botas e luvas de borracha (ou sacos plásticos
quetsioses, doença de Chagas aguda, toxoplasmose, febre tifóide, duplos amarrados nas mãos e nos pés).
entre outras doenças. A água sanitária (hipoclorito de sódio a 2,5%) mata as leptos-
Fase tardia –hepatites virais agudas, hantavirose, febre amare- piras e deve ser utilizada para desinfetar reservatórios de água: um
la, malária grave, dengue hemorrágica, febre tifóide, endocardite, litro de água sanitária para cada 1.000 litros de água do reservató-
riquetsioses, doença de Chagas aguda, pneumonias, pielonefrite rio. Para limpeza e desinfecção de locais e objetos que entraram
aguda, apendicite aguda, sepse, meningites, colangite, colecistite em contato com água ou lama contaminada, a orientação é diluir 2
aguda, coledocolitíase, esteatose aguda da gravidez, síndrome he- xícaras de chá (400ml) de água sanitária para um balde de 20 litros
patorrenal, síndrome hemolíticourêmica, outras vasculites, incluin- de água, deixando agir por 15 minutos.
do lúpus eritematoso sistêmico, dentre outras.
Controle de roedores - acondicionamento e destino adequado
Diagnóstico laboratorial do lixo, armazenamento apropriado de alimentos, desinfecção e ve-
dação de caixas d´água, vedação de frestas e aberturas em portas
Exames específicos e paredes, etc. O uso de raticidas (desratização) deve ser feito por
O método laboratorial de escolha depende da fase evolutiva técnicos devidamente capacitados.
em que se encontra o paciente. Na fase precoce, as leptospiras po-
dem ser visualizadas no sangue por meio de exame direto, de cul- Ações de prevenção de doenças infecto contagiostas em situ-
tura em meios apropriados, inoculação em animais de laboratório ações emergenciais
ou detecção do DNA do microrganismo, pela técnica da reação em
cadeia da polimerase (PCR). A cultura somente se finaliza (positiva I - Vacinação
ou negativa) após algumas semanas, o que garante apenas um diag- Não existe uma vacina para uso humano contra a leptospirose
nóstico retrospectivo. no Brasil. A vacinação de animais domésticos e de produção (cães,
Na fase tardia, as leptospiras podem ser encontradas na uri- bovinos e suínos), disponível em serviços particulares, evita que es-
na, cultivadas ou inoculadas. Pelas dificuldades inerentes à reali- tes adoeçam e transmitam a doença por aqueles sorovares que a
zação dos exames anteriormente citados, os métodos sorológicos vacina protege, ficando a critério do proprietário, vacinar ou não o
são consagradamente eleitos para o diagnóstico da leptospirose. Os animal, sendo válida como estratégia de proteção individual.
mais utilizados no país são o teste ELISA-IgM e a microaglutinação
(MAT). Esses exames devem ser realizados pelos Lacens, pertencen- II - Quimioprofilaxia para leptospirose
tes à Rede Nacional de Laboratórios de Saúde Pública. Qualquer indivíduo que entrou em contato com a água ou lama
Exames complementares de maior complexidade ou não dis- das enchentes é passível de se infectar e manifestar sintomas da
ponibilizados nos Lacen podem ser solicitados através dos mesmos doença, configurando-se uma situação em que não há indicação
ao Laboratório de Referência Nacional para Leptospirose (ex.: imu- técnica para a realização da quimioprofilaxia contra a leptospirose,
nohistoquímica, técnicas baseadas em PCR e tipagem de isolados como medida de saúde pública. Esta tem indicação apenas quando
clínicos). um grupo pequeno e bem identificado é exposto a uma situação de
risco. Na situação atualmente encontrada nas áreas com ocorrência
Exames inespecíficos de enchentes, as medidas a serem adotadas são as seguintes:
Exames iniciais e de seguimento –hemograma e bioquímica -Divulgar ações de proteção entre a população vulnerável;
(ureia, creatinina, bilirrubina total e frações, TGO, TGP, gama-GT, -Manter vigilância ativa para identificação oportuna de casos
fosfatase alcalina e CPK, Na+ e K+). Se necessário, também devem suspeitos de leptospirose; tendo em vista que o período de incu-
ser solicitados: radiografia de tórax, eletrocardiograma (ECG) e ga- bação da doença pode ser de 1 a 30 dias (média de 5 a 14 após a
sometria arterial. Nas fases iniciais da doença, as alterações labo- exposição);
ratoriais podem ser inespecíficas. Alterações mais comuns nos exa- -Notificar imediatamente todo caso suspeito da doença, con-
mes laboratoriais, especialmente na fase tardia da doença. forme a Portaria do MS de consolidação Nº 4 de 03 de outubro de
2017;
-Realizar tratamento oportuno dos casos suspeitos.

231
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Alerta para vigilâncias epidemiológicas em situações emer- De grande relevância no atendimento dos casos moderados
genciais e graves, as medidas terapêuticas de suporte devem ser inicia-
Em todos os anos, nos meses de verão, uma das principais das precocemente com o objetivo de evitar complicações e óbito,
ocorrências epidemiológicas após as inundações é o aumento do principalmente as complicações renais: reposição hidroeletrolítica,
número de casos de leptospirose. Diante disso, visando alertar as assistência cardiorespiratória, transfusões de sangue e derivados,
vigilâncias epidemiológicas das Secretarias Estaduais e Municipais nutrição enteral ou parenteral, proteção gástrica, etc. O acompa-
de Saúde, sobre condutas em situações de desastres naturais como nhamento do volume urinário e da função renal são fundamentais
enchentes, a Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da para se indicar a instalação de diálise peritoneal precoce, o que re-
Saúde (SVS/MS) informa: duz o dano renal e a letalidade da doença.
Em situações de desastres naturais como enchentes, os indiví-
duos ou grupos de pessoas que entraram em contato com lama ou Situação epidemiológica da Leptospirose
água, por elas contaminadas, podem se infectar e manifestar sinto- No Brasil, a leptospirose é uma doença endêmica, tornando-
mas da doença. -se epidêmica em períodos chuvosos, principalmente nas capitais
Nos desastres naturais, as seguintes recomendações devem ser e áreas metropolitanas, devido às enchentes associadas à aglome-
adotadas: ração populacional de baixa renda, às condições inadequadas de
Divulgar informes sobre o risco de leptospirose para a popula- saneamento e à alta infestação de roedores infectados. Algumas
ção exposta à enchente; profissões facilitam o contato com as leptospiras, como trabalhado-
Divulgar informes sobre a necessidade de avaliação médica res em limpeza e desentupimento de esgotos, garis, catadores de
para todo indivíduo exposto a enchente que apresente febre, mial- lixo, agricultores, veterinários, tratadores de animais, pescadores,
gia, cefaléia ou outros sintomas clínicos no período de até 30 dias militares e bombeiros, dentre outros. Contudo, a maior parte dos
após contato com lama ou águas de enchente; casos ainda ocorre entre pessoas que habitam ou trabalham em
Divulgar informes sobre medidas potenciais para evitar novas locais com infraestrutura sanitária inadequada e expostas à urina
ou continuadas exposições a situações de risco de infecção; de roedores.
Alertar os profissionais de saúde sobre a possibilidade de ocor- Existem registros de leptospirose em todas as unidades da fe-
rência da doença na localidade de forma a aumentar a capacidade deração, com um maior número de casos nas regiões sul e sudeste.
diagnóstica; A doença apresenta uma letalidade média de 9%. Entre os casos
Manter vigilância ativa para identificação oportuna de casos confirmados, o sexo masculino com faixa etária entre 20 e 49 anos
suspeitos de leptospirose, tendo em vista que o período de incuba- estão entre os mais atingidos, embora não exista uma predisposi-
ção da doença pode ser de 1 a 30 dias (média de 5 a 14 dias após ção de gênero ou de idade para contrair a infecção. Quanto às ca-
exposição); racterísticas do local provável de infecção (LPI), a maioria ocorre em
Notificar todo caso suspeito da doença, para o desencadea- área urbana, e em ambientes domiciliares.
mento de ações de prevenção e controle;
Realizar tratamento oportuno de todo caso suspeito. ASPECTOS CLÍNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
O uso de quimioprofilaxia não é recomendado pela SVS/MS Descrição - Doença infecciosa aguda de caráter epidêmico, com
como medida de prevenção em saúde pública, em casos de expo- envolvimento sistêmico, causado por espiroquetas do gênero Lep-
sição populacional em massa, por ocasião de desastres naturais tospira. Tem início abrupto e seu espectro clínico pode variar des-
como enchentes. de um processo inaparente até formas graves. A forma sub-clínica
Nestas situações de desastres naturais como enchentes, a pode simular “síndrome gripal”. A forma anictérica representa 60 a
orientação para profissionais de saúde, militares e de defesa civil 70% dos casos e apresenta 2 fases:
que se expuserem ou irão se expor a situações de risco, durante a) Fase septicêmica - Caracterizada por hepatomegalia e, mais
operações de resgate, é utilizar Equipamentos de Proteção Individu- raramente, esplenomegalia, hemorragia digestiva alta, mialgia que
al (EPI) e ampliar o grau de alerta sobre o risco da doença entre os envolve panturrilhas, coxa, abdome e musculatura paravertebral,
expostos, de forma a permitir o diagnóstico precoce de pacientes e fotofobia, dor torácica, tosse seca, com ou sem hemoptóicos, exan-
tratamento oportuno. temas maculares, máculo-papulares, urticariformes ou petéquias,
hiperemia de mucosas com duração de 4 a 7 dias;
Como é feito o tratamento da Leptospirose? b) Fase imune - Quando há cefaléia intensa, vômitos e sinais de
Os casos leves de leptospirose são tratados em ambulatório, irritação meníngea, uveíte, com duração de 1 a 3 semanas. A forma
mas os casos graves precisam ser internados. A automedicação não ictérica, Doença de Weil, evolui com insuficiência renal, fenômenos
é indicada, pois pode agravar a doença. Ao suspeitar da doença, a hemorrágicos e alterações hemodinâmicas. Os sintomas são mais
recomendação é procurar um médico e relatar o contato com ex- intensos que a forma anictérica, com duração de 1 a 3 semanas, e
posição de risco. taxas de letalidade de 5 a 20%.
A antibioticoterapia está indicada em qualquer período da do- Sinonímia -Febre dos pântanos, febre outonal, febre dos sete
ença, mas sua eficácia parece ser maior na 1ª semana do início dos dias, doença dos porqueiros, tifo canino.
sintomas. A reação de Jarisch-Herxheimer, embora seja relatada em Agente etiológico - Leptospiras, microorganismos da família
pacientes com leptospirose, é uma condição rara e que não deve Espiroquetídeos e compreendem duas espécies L. interrogans e L.
inibir o uso de antibióticos. É caracterizada pelo início súbito de fe- biflexa.
bre, calafrios, cefaleia, mialgia, exacerbação de exantemas e, em Reservatório - Os roedores são os principais reservatórios da
algumas vezes, choque refratário a volume, decorrente da grande doença, principalmente os domésticos; atuam como portadores
quantidade de endotoxinas liberada pela morte de bactérias espi- outros animais bovinos, ovinos e caprinos.
roquetas, após o início da antibioticoterapia.

232
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Modo de transmissão - Pelo contato com água ou solo conta- Definição de caso
minados pela urina dos animais portadores, mas raramente pelo a) Suspeito - Indivíduo que apresenta sinais e sintomas su-
contato direto com sangue, tecido, órgão e urina de animais infec- gestivos da doença, principalmente com febre, mialgia em pan-
tados. A penetração da leptospira se dá através da pele lesada ou turrilhas, com diminuição do volume urinário, heperemia de con-
mucosas, mas também pode ocorrer através da pele íntegra quan- juntivas, icterícia, fenômenos hemorrágicos e síndrome de Weil
do imersa em água por longo tempo. (alterações hepáticas, renais e vasculares) ou aquele que apresen-
Período de incubação - Variável de 3 a 13 dias, podendo durar ta processo infeccioso inespecífico com antecedente epidemio-
até 24 dias. lógico sugestivo. Consideram-se antecedentes epidemiológicos :
Período de transmissibilidade - É rara a infecção inter-humana. exposição a enchentes ou outras coleções hídricas potencialmen-
Complicações - Hemorragia digestiva e pulmonar maciça, pneu- te contaminadas como córregos, fossas, lagos e rios; exposição a
monia intersticial, insuficiência renal aguda, distúrbios do equilíbrio esgoto, fossa ou manilhas de esgoto contaminadas com urina de
hidroeletrolítico e ácidobásico, colapso cardiocirculatório, insufici- roedores; atividades que envolvam risco ocupacional como coleta
ência cardíaca congestiva, com falência de múltiplos órgãos e mor- de lixo, limpeza de córregos, trabalho em água ou esgoto, tratado-
te. res de animais, entre outras; presença de animais infectados nos
Diagnóstico - Clínico-epidemiológico e laboratorial. A suspeita locais freqüentados pelo paciente;
clínica deve ser confirmada por métodos laboratoriais específicos. b) Confirmado - Todo caso suspeito com confirmação labora-
Testes simples de macro-aglutinação e ELISA IgM são utilizados para torial da doença, ou com clara evidência de associação epidemio-
o diagnóstico rápido de casos humanos. O isolamento de leptospi- lógica (critério clínico-epidemiológico).
ras, reação de polimerase em cadeia (PCR do sangue, urina, líquor e
amostras de tecidos) e o teste sorológico de micro-aglutinação são Medidas de controle - Controle de roedores (anti-ratização
também recomendados para diagnóstico e investigações epidemio- e desratização) e melhoria das condições higiênico-sanitárias da
lógicas. Para esclarecimento etiológico de óbitos, deve-se realizar população. Alertar a população, nos períodos que antecedem a
os testes histopatológicos convencionais e a pesquisa de leptospiras chuva, para que evite entrar em áreas alagadas sem as medidas
por colorações especiais ou imunohistoquímica (cérebro, pulmão, de proteção individual.
rim, fígado, pâncreas e coração).
FEBRE CHIKUNGUNYA
Diagnóstico diferencial Na virada de 2014 para 2015, quatro estados brasileiros (Bahia,
a) Forma anictérica - Gripe, febre tifóide, septicemias por ger- Amapá, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul), além do Distrito Fe-de-
mes gram negativo, dengue, apendicite aguda, colecistite aguda, ral, já tinham reportado casos autóctones, ou seja, de transmissão
malária, pielonefrite aguda, toxoplasmose; local do CHIKV, que causa a febre de mesmo nome. A doença co-
b) Forma ictérica - Formas ictéricas da febre tifóide, sepse por meçou a ser conhecida no Brasil em 2010, quando foi reportado o
germes gram negativos, febre amarela, hepatites, H. Lábrea, malá- primeiro caso importado no país.
ria por P. falciparum, entre outras. A doença tem sintomas parecidos com o da dengue, sendo
que no Chikungunya são fortes as dores nas articulações e raros os
Tratamento - Penicilina G cristalina, de 6 a 12 milhões de uni- quadros hemorrágicos, que são mais comuns na dengue. Para dife-
dades ao dia, em 4 doses, por 10 dias, ou tetraciclina 2g ao dia para renciar essas duas viroses é necessário o diagnóstico laboratorial,
adultos antes do 5º dia de doença, depois de então, não alteram principalmente nos casos isolados, como explica a pesquisadora
curso clínico. Os alérgicos às penicilinas podem usar ceftriaxona. Ana Maria Bispo, do Laboratório de Flavivírus do Instituto Oswaldo
Medidas de suporte, como reposição hidroeletrolítica por via en- Cruz/Fiocruz, do Rio de Janeiro. “O diagnóstico clínico torna-se mais
dovenosa, oxigenioterapia. Em pacientes que desenvolvem insufi- preciso se há a ocorrência de surtos ou epidemias”, diz.
ciência renal, indica-se a instalação de diálise peritoneal precoce Doutora em Ciências na área de virologia pelo curso de Biologia
Parasitária da Fundação Oswaldo Cruz, ela trabalha num dos labora-
(aos primeiros sinais de oligúria) e que diminui significativamente
tórios de referência listados pelo Ministério da Saúde para realizar
as taxas de letalidade da doença.
o diagnóstico do vírus.
Características epidemiológicas - É uma zoonose cosmopolita
O Chikungunya é um arbovírus (“vírus transmitidos por artró-
que se constitui problema de saúde pública. Enchentes e chuvas
podes”) com um único sorotipo, diferente do vírus da dengue que
fortes contribuem, nos países tropicais e subtropicais, para o conta-
tem quatro sorotipos. Pode ser transmitido pelos mosquitos Aedes
to do homem com águas contaminadas, urina do roedor, favorecen-
aegypti (o mesmo da dengue) e Aedes albopictus. Portanto, a doen-
do o aparecimento de surtos da doença humana. No Brasil, a maior
ça deve ser prevenida da mesma forma com que se combate a den-
parte dos casos está ligada às condições de vida da população. Toda
gue: eliminando os criadouros do inseto. Não há vacina ou antivirais
a população é suscetível e os principais grupos etários afetados são para o Chikungunya e o tratamento deve ser feito sob orientação
dos 20 aos 49 anos. Algumas profissões facilitam o contato com as médica, para combater os sintomas da doença.
leptospiras, como veterinários, pescadores, caçadores, agricultores, Há desafios também dentro dos laboratórios que realizam o
bombeiros, entre outras. diagnóstico da doença. O fato de não existirem kits de diagnóstico
disponíveis no mercado para pronta entrega é um deles, na avalia-
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA ção da doutora Ana Bispo. Outra dificuldade é a obtenção de pai-
Objetivos - Orientar e adotar as medidas de prevenção da do- néis para validação dos kits compostos por amostras de casos con-
ença, particularmente antes dos períodos das grandes chuvas, em firmados e negativos de Chikungunya provenientes da população
áreas de ocorrência cíclica; tratamento adequado dos pacientes brasileira. “Essa validação é fundamental porque temos um perfil
graves, visando diminuir a letalidade da doença. genético e imune distinto de outras populações que serviram de
Notificação - Não é doença de notificação compulsória nacio- controle para os estudos realizados na avaliação e validação dos kits
nal. Os profissionais devem observar as normas de seu estado e comerciais”, explica. A seguir, a íntegra da entrevista concedida pela
município. especialista, por e-mail, ao “Qualifique”.

233
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Significado do nome Chikungunya? Alguns pacientes poderão desenvolver a forma crônica da do-
A palavra Chikungunya vem do dialeto africano makonde e sig- ença com a persistência da dor articular e musculoesquelética por
nifica “aqueles que se dobram”, uma referência ao andar curvado mais de três meses após o início dos sintomas, tendo relatos na
dos pacientes devido à intensa artralgia (dores nas articulações) literatura de persistência por até 18 meses. Os principais sintomas
que é a característica principal da doença. A febre do Chikungunya dessa fase, classificada como “fase crônica”, são caracterizados por
tem como agente etiológico o vírus Chikungunya (CHIKV), isolado dor com ou sem edema, limitação de movimento, deformidade e
pela primeira vez na Tanzânia, na África, em 1952. Por três décadas, ausência de eritema. Os principais fatores de risco são idade acima
esse vírus causou surtos esporádicos com um número de casos re- de 45 anos, desordem articular pré-existente e maior intensidade
lativamente baixo em países africanos e asiáticos. das lesões articulares na fase aguda.
A partir de 2004 esse cenário começou a mudar quando uma
epidemia iniciada na África se espalhou por ilhas do Oceano Índico, Como é o tratamento clínico?
afetando cerca de 500 mil pessoas em dois anos. Em 2006, o surto Não há tratamento antiviral específico para o Chikungunya; o
chegou à Índia, onde 1,39 milhão de pessoas foram infectadas. Um tratamento sintomático é recomendado após a exclusão de condi-
ano depois, a transmissão da doença foi confirmada na Europa, com ções mais graves, tais como malária, dengue e infecções bacteria-
197 casos registrados em um vilarejo na costa da Itália. nas. Pacientes que apresentem os sintomas relatados devem procu-
O vírus Chikungunya é um alphavírus e, diferentemente do ví- rar assistência médica para avaliação do quadro.
rus da dengue, tem um único sorotipo. Pode ser transmitido pelos
mosquitos Aedes aegypti (o mesmo que transmite a dengue) e Ae- Como distinguir o Chikungunya da dengue?
des albopictus. O diagnóstico clínico durante a fase aguda nem sempre é pre-
ciso, tendo em vista que dengue e Chikungunya podem cursar com
No Brasil, casos importados envolvendo viajantes de diversos
os mesmos sinais e sintomas. É importante que, através de exames
países são observados desde 2010, mas o número desses registros
laboratoriais, o vírus da dengue seja descartado das amostras de ca-
começou a aumentar depois que o vírus foi introduzido na região
sos suspeitos de Chikungunya prove-nientes de áreas com circula-
das Américas em dezembro de 2013, espalhando-se pelas ilhas do
ção de dengue. A principal diferença é a artralgia intensa observada
Caribe, América Central, Estados Unidos, e alguns países da Amé- nos pacientes com Chikungunya. Por outro lado, quadros hemorrá-
rica do Sul. Em setembro de 2014 foram confirmados no Brasil os gicos são mais frequentes na dengue.
primeiros casos autóctones. Atualmente cinco unidades federativas
(Bahia, Amapá, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal) O que é chikungunya?
reportam casos autóctones. A Febre pelo vírus Chikungunya é um arbovírus. Arbovírus são
Como saber se uma pessoa de fato foi infectada com o vírus aqueles vírus transmitidos por picadas de insetos, especialmen-
Chikungunya? Somente por meio do exame laboratorial? te mosquitos, mas tambem pode ser um carrapatos ou outros. O
Durante a fase aguda, as manifestações clínicas de algumas transmissor (vetor) do chikungunya é o mosquito Aedes aegypti,
doenças podem ser indistinguíveis entre si, havendo a necessida- que precisa de água parada para proliferar, portanto, o período do
de da confirmação laboratorial, principalmente quando são casos ano com maior transmissão são os meses mais chuvosos de cada
isolados. No entanto, o diagnóstico clínico torna-se mais preciso na região. No entanto, é importante manter a consciência e hábitos
ocorrência de surtos e/ou epidemias, quando, inclusive, o critério sadios de higiene para evitar possíveis focos/criadouros do mos-
de confirmação dos casos pode ser clínico-epidemiológico. quito Aedes Aegypti, que pode ter ovos resistindo por um ano até
Como identificar um caso suspeito? encontrar as condições favoráveis de proliferação (tempo quente e
Ao contrário da dengue e de outras arboviroses, a febre do úmido).
Chikungunya tem uma elevada taxa de ataque e aproximadamente
70% dos casos são sintomáticos. De acordo com o “Guia de Manejo IMPORTANTE: Todas as faixas etárias são igualmente suscetí-
Clínico do Ministério da Saúde”, todo paciente com febre de início veis ao vírus Chikungunya, porém as pessoas mais velhas têm maior
súbito maior que 38,5°C e artralgia ou artrite intensa de início agu- risco de desenvolver a dor articular (nas juntas) crônica e outras
do, não explicado por outras condições, residente ou tendo visitado complicações que podem levar à morte. O risco de gravidade e mor-
áreas endêmicas ou epidêmicas até duas semanas antes do início te aumenta quando a pessoa tem alguma doença crônica, como
dos sintomas, ou que tenha vínculo epidemiológico com caso con- diabetes e hipertensão, mesmo tratada.
firmado, é considerado um caso suspeito de Chikungunya.
Após um período de incubação que pode variar de três a sete Chikungunya tem cura?
A infecção por Chikungunya começa com febre, dor de cabeça,
dias, a doença pode evoluir em três fases: aguda ou febril, subaguda
mal estar, dores pelo corpo e muita dor nas juntas (joelhos, coto-
e crônica. A fase aguda é caracterizada por febre elevada (acima de
velos, tornozelos, etc), em geral, dos dois lados, podendo também
38,5°C) de início súbito, poliartralgia em 90% dos casos, fadiga, dor
apresentar, em alguns casos, manchas vermelhas ou bolhas pelo
nas costas e cefaleia. Exantema macular ou maculopapular em 50%
corpo. O quadro agudo dura até 15 dias e cura espontaneamente.
dos doentes de dois a cinco dias após o início dos sintomas, princi- Algumas pessoas podem desenvolver um quadro pós-agudo e
palmente no tronco e extremidades (incluindo palmas e plantas). crônico com dores nas juntas que duram meses ou anos.
Na fase subaguda, a febre desaparece, podendo haver per-
sistência ou agravamento da artralgia, incluindo poliartrite distal, Quais são os sintomas da chikungunya?
exacerbação da dor articular nas regiões previamente acometidas Os principais sintomas da chikungunya são:
na primeira fase e tenossinovite hipertrófica subaguda em punhos - Febre.
e tornozelos, astenia, prurido generalizado e exantema maculopa- - Dores intensas nas juntas, em geral bilaterais (joelho esquer-
pular, em tronco, membros e região palmo-plantar. Podem surgir do e direito, pulso direito e esquerdo, etc).
lesões purpúricas, vesiculares e bolhosas. -Pele e olhos avermelhados.
-Dores pelo corpo.
-Dor de cabeça.

234
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

-Náuseas e vômitos.
Cerca de 30% dos casos não chegam a desenvolver sintomas. Normalmente, os sintomas aparecem de dois a 12 dias da picada do
mosquito, período conhecido como incubação.
Depois de infectada, a pessoa fica imune pelo resto da vida.

IMPORTANTE: Como toda infecção, a chikungunya pode desenvolver a Síndrome de Gulliain-Barre, encefalite e outras complicações
neurológicas.

Como a chikungunya é transmitida?


Transmitida pela picada do mosquito Aedes Aegypti. Por ter uma transmissão bastante rápida, é necessário ficar atento a possíveis
criadoros do mosquiso e, assim, eliminar estes locais para evitar a propagação da doença. A Febre Chikungunya pode causar sequelas
como dores crônicas nas juntas por longo período de tempo.
A transmissão da mulher grávida para o feto só acontece quando a mãe fica doente nos últimos 7 dias (última semana) de gravidez.
Neste caso, a criança mesmo que nasça saudável, deve permanecer internada por uma semana para observação e tratamento imediato se
desenvolver a doença que, nestes casos, apresenta quadros graves com manifestações neurológicas e na pele.

Também existe transmissão por transfusão sanguínea.

O Ministério da Saúde publica quinzenalmente boletim com dados nacionais sobre a situação epidemiológica da Chikungunya

Como é feito o tratamento da chikungunya?


O tratamento da chikungunya é feito de acordo com os sintomas, com o uso de analgésicos, antitermicos e antinflamatórios para
aliviar febre e dores. Em casos de sequelas mais graves, e sob avaliação medica conforme cada caso, pode ser recomendada a fisioterapia.
Em caso de suspeita, com o surgimento de qualquer sintoma, é fundamental procurar um profissional de saúde para o correto diag-
nóstico e prescrição dos medicamentos, evitando sempre a auto-medicação. Os tratamentos são oferecidos de forma integral e gratuita
por meio do Sistema Único de Saúde (SUS).
Recomenda‐se repouso absoluto ao paciente, que deve beber líquidos em abundância.

IMPORTANTE: A automedicação pode mascarar sintomas, dificultar o diagnóstico e agravar o quadro do paciente. Somente um médi-
co pode receitar medicamentos.

As seguintes medidas são importantes para evitar agravamento da chikungunya:

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Não utilizar AINH (Anti-inflamatório não hormonal) na fase NOTIFICAÇÃO DE CASOS


aguada, pelo risco de complicações associados as formas graves de
chikungunya (hemorragia e insuficiência renal). Já existem casos no Brasil?
Não utilizar corticoide na fase de aguda da viremia, devido ao Em 2014, no Brasil, entre os meses de julho e agosto, foram
risco de complicações. confirmados 37 casos de Chikungunya importados, de pacientes
Não é recomendado usar o ácido acetil salicílico (AAS) devido originários, principalmente, do Haiti e República Dominicana. Em
ao risco de hemorragia. setembro, foram confirmados dois casos autóctones no município
do Oiapoque, Amapá. Ambos os casos são de residentes no municí-
Como é feito o diagnóstico da chikungunya? pio, sendo filha e pai, com início dos sintomas em 26 e 27 de agosto,
O diagnóstico da chikungunya é clínico e feito por um médico. respectivamente.
É confirmado com exames laboratoriais de sorologia e de biologia Diante da confirmação dos casos, o município de Oiapoque,
molecular ou com teste rápido (usado para triagem). com apoio do Ministério da Saúde e da Secretaria de Estado da
Saúde do Amapá, intensificou as medidas de controle da doença.
A sorologia é feita pela técnica MAC ELISA, por PCR e teste rá- Dentre as ações, estão a busca ativa de novos casos suspeitos com
pido. Todos os exames estão disponíveis no Sistema Único de Saúde alerta nas unidades de saúde e comunidade, a remoção e tratamen-
(SUS). Em caso de confirmação da doença a notificação deve ser to químico de criadouros de mosquitos Aedes aegypti, além da apli-
feita ao Ministério da Saúde em até 24 horas. cação de inseticida (fumacê) para reduzir a densidade dos vetores.
Em situações de epidemia a maioria dos casos serão confirma- Os profissionais de saúde já receberam orientações para o manejo
dos por critério clínico. adequado dos pacientes.
Que medidas podem ser adotadas para evitar a disseminação
Como prevenir a chikungunya?
do vírus?
Assim como a dengue, zika e febre amarela, é fundamental que
O mais importante é evitar os criadouros dos mosquitos que
as pessoas reforcem as medidas de eliminação dos criadouros de
podem transmitir a doença. Isso previne tanto a ocorrência de sur-
mosquitos aedes aegypti nas suas casas, trabalhos e na vizinhança.
tos de dengue como de Chikungunya.
Nesse contexto, a melhor prevenção, sendo esta a principal e
mais eficaz, é evitar a proliferação do Aedes Aegypti, eliminando Quando há notificação de caso suspeito, as Secretarias Mu-
água armazenada que pode se tornar possíveis criadouros, como nicipais de Saúde devem adotar ações de eliminação de focos do
em vasos de plantas, lagões de água, pneus, garrafas pláticas, pisci- mosquito nas áreas próximas à residência, ao local de atendimento
nas sem uso e manutenção, e até mesmo em recipientes pequenos dos pacientes e nos aeroportos internacionais da cidade em que
como tampas de garrafas. aqueles residam.

Qual a área de circulação do vírus? A notificação de casos é obrigatória?


O vírus circula em alguns países da África e da Ásia. De acordo No Brasil, sim. Os casos suspeitos de Chikungunya devem ser
com a Organização Mundial da Saúde (OMS), desde o ano de 2004 comunicados e/ou notificados em até 24 horas a partir da suspei-
o vírus já foi identificado em 19 países. ta inicial. Qualquer estabelecimento de saúde, público ou privado,
Naquele ano, um surto na costa do Quênia propagou o ví- deve informar a ocorrência de casos suspeitos às Secretarias Muni-
rus para Comores, Ilhas Reunião e outras ilhas do oceano Índico, cipais e Estaduais de Saúde e ao Ministério da Saúde.
chegando, em 2006, à Índia, Sri Lanka, Ilhas Maldivas, Cingapura,
Malásia e Indonésia. Nesse período, foram registrados aproxima- MALÁRIA
damente 1,9 milhão de casos – a maioria na Índia. Em 2007, o vírus A malária é uma infecção causada por parasitas do gênero Plas-
foi identificado na Itália. Em 2010, há relato de casos na Índia, In- modium, Marchiafava e Celli, 1885, Classe Sporozoa, transmitida na
donésia, Mianmar, Tailândia, Ilhas Maldivas, Ilhas Reunião e Taiwan natureza pela picada de mosquitos infectados do gênero Anophe-
– todos com transmissão sustentada. les. Entretanto, a doença pode ser adquirida por transfusão sangüí-
França e Estados Unidos também registraram casos em 2010, nea, por uso compartilhado de agulhas contaminadas ou por via
mas sem transmissão autóctone (quando a pessoa se infecta no lo- congênita no momento do parto.
cal onde vive). Recentemente o vírus foi identificado nas Américas. A moléstia caracteriza-se principalmente por febre intermi-
tente, cefaléia, anemia e esplenomegalia. É causada pelo P. vivax,
Qual é a situação do Chikungunya nas Américas? Grassi e Feletti, 1890, P. falciparum, Welch, 1897, P. malariae, Lave-
No final de 2013, foi registrada transmissão autóctone em vá- ran,1881 e P. ovale, Stephens, 1922, sendo que este último ocorre
rios países do Caribe (Anguila, Aruba, Dominica, Guadalupe, Guiana
somente nos países africanos. Dentre estas espécies, P. falciparum
Francesa, Ilhas Virgens Britânicas, Martinica, República Dominicana,
pode ocasionar malária grave e óbito se o diagnóstico clínico e labo-
São Bartolomeu, São Cristóvão e Nevis, Santa Lúcia e São Martinho)
ratorial, assim como o tratamento específico, não forem realizados
e em março de 2014, na República Dominicana. Toda a população
rapidamente após a ocorrência dos sintomas. Em pacientes com
do continente é considerada como vulnerável, por dois motivos:
como nunca circulou antes em nossa região, ninguém tem imuni- febre a esclarecer, a investigação epidemiológica acerca dos deslo-
dade ao vírus e ambos os mosquitos capazes de transmitir a doença camentos realizados nos últimos meses pode auxiliar na elaboração
estão presentes em praticamente todas as áreas das Américas. da hipótese diagnóstica de malária.
Na década de 40, dois terços da população mundial viviam sob
o risco de contrair malária. Em 1955, a Organização Mundial de Saú-
de (OMS) iniciou um programa global de erradicação da endemia, o
que contribuiu para uma diminuição marcante do número de casos,
e conduziu à interrupção da transmissão da malária na maioria das
regiões temperadas. A partir do final da década de 60 houve um
recrudescimento da malária, com índice de prevalência próximo

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

àquele observado anteriormente às medidas de controle citadas. femininos (H). Quando ingeridos pelo mosquito no momento do re-
Atualmente ocorrem cerca de 300 milhões de casos clínicos por pasto sangüíneo (I) alcançam o trato digestivo do inseto (J)(J), onde
ano. Uma criança africana morre a cada 30 segundos por malária. as hemácias são digeridas e os gametócitos são liberados. Os game-
tócitos masculinos (microgametócitos) sofrem três mitoses, dando
Agente Etiológico origem a oito células, que sofrem um processo de exflagelação e se
A malária, também conhecida como paludismo ou maleita, é transformam nos gametas masculinos. Ocorre a fecundação entre
uma parasitose causada por um protozoário do filo Apicomplexa, os gametas masculino e feminino (K), formando o zigoto (L), única
gênero Plasmodium. Apesar de as mais de cem espécies deste gê- forma diplóide deste parasito. Este se diferencia em oocineto (M)
nero, somente P. falciparum, P. vivax, P. malariae e P. ovale infectam que é uma forma amebóide capaz de atravessar a membrana pe-
o homem, sendo as duas primeiras espécies as mais importantes. ritrófica e se instalar na parede interna do trato digestivo, entre o
P. falciparum é o mais patogênico, produz uma febre terçã (ci- epitélio e a lâmina basal. O oocineto forma um envoltório protetor
clo de 48 horas) maligna e causa a morte se não diagnosticado e se transformando num oocisto (N), que sofrerá uma primeira meio-
tratado precocemente, principalmente em pessoas em sua primei- se redutora seguida de inúmeras mitoses, liberando os esporozoítos
ra infecção. Por outro lado, P. vivax, que é o agente da febre terçã (O) haplóides na hemolinfa do inseto. Estes esporozoítos migram e
benigna, raramente produz infecções fatais, mas tem uma ampla se instalam na glândula salivar (P) do mosquito até que este reali-
distribuição mundial sendo a espécie mais prevalente na maioria ze uma nova alimentação sangüínea, podendo então infectar outro
das regiões malarígenas fora do continente africano. P. ovale é res- indivíduo.
ponsável por outra forma de febre terçã benigna, mas está restrito Os parasitos que entram no sistema linfático podem atingir o
ao continente africano. P. malariae causa febre quartã (ciclo de 72 linfonodo (X) mais próximo e se transformam numa forma seme-
horas) e, apesar de ser encontrado no mundo todo, apresenta uma lhante ao estágio inicial do esquizonte hepático, entretanto não
distribuição muito pontual. completam o processo de divisão e amadurecimento celular. Este
Reservatórios novo estágio exoeritrocítico no linfonodo foi recentemente descrito
O homem é o hospedeiro natural de P. falciparum, P. vivax, P. e sua importância no estabelecimento da infecção e na resposta
malariae e P. ovale, mas não se infecta com plasmódios de outros imune do hospedeiro ainda permanece obscura (Revista Nature).
mamíferos, aves ou répteis. Entretanto, algumas espécies que cau- Em P. vivax e P. ovale os esporozoítos, após invadirem o hepató-
sam malária em símios como P. simium, P. brasilianum, P. cynomolgi, cito, podem permanecer em um estágio de dormência, os denomi-
P. inui e P. knowlesi, já foram implicadas em malária em humanos, nados hipnozoítos. Esses podem iniciar sua replicação após meses,
tanto em infecções experimentais e acidentais como em infecções dando origem a esquizontes hepáticos que liberarão merozoítos na
naturais. Reciprocamente, em condições naturais, os plasmódios da circulação capazes de desenvolver novo ciclo intraeritrocítico, acar-
malária humana só se desenvolvem no homem, com exceção do P. retando novas manifestações clínicas denominadas recaídas.
malariae que infecta também espécies de macacos, sendo denomi-
nado então, P. brasilianum. Período de incubação
Na malária o período de incubação varia conforme o parasito
Modos de transmissão responsável pela infecção e também pode diferir para isolados da
A malária é transmitida na natureza quando uma fêmea de mesma espécie. Para P. falciparum podem ser encontrados perío-
mosquitos do gênero Anopheles infectada com Plasmodium pica dos de 7 a 15 dias, sendo em geral em torno de 10 dias. Em P. vivax
um hospedeiro vertebrado, mas a doença pode também ser trans- e P. ovale esse período oscila normalmente por volta de 14 dias,
mitida por transfusão sangüínea, por uso compartilhado de agulhas podendo ser de 10 a 20 dias. Já o P. malariae tem períodos de incu-
contaminadas ou congenitamente no momento do parto. bação maiores, em torno de 30 dias, mas que podem variar de 20
a 40 dias.
Ciclo de vida do parasito
No momento da picada o mosquito infectado inocula os es- Períodos de transmissibilidade
porozoítos de Plasmodium (A). Alguns destes parasitos, através de Do mosquito para o homem: O tempo para produção de es-
um intenso movimento na derme, encontram vasos sangüíneos (B) porozoítas na glândula salivar dos mosquitos, desde a ingestão do
e linfáticos (C) e reduzem seu movimento. Carregados pela circu- sangue com gametócitos do indivíduo infectado, depende da tem-
lação do sangue, eles atingem o fígado e invadem os hepatócitos peratura ambiente, mas obedece determinados limites, sendo de
(D), onde se modificam dando origem a formas mais arredondadas 10 a 12 dias para P. falciparum e de 8 a 10 dias para P. vivax. A idade
do parasito. Através de um processo de reprodução assexuada são média de um mosquito gira em torno de 30 dias e uma vez infecta-
formados esquizontes hepáticos, com milhares de merozoítos (E). do ele transmitirá a doença a cada repasto sanguíneo que realizar,
Esses são liberados na corrente circulatória do hospedeiro e rapida- podendo ser a cada dois ou três dias. Do homem para o mosqui-
mente invadem as hemácias (penetrate.mov) (F), iniciando o ciclo to: O homem pode ser fonte de infecção para mosquitos enquanto
intra-eritrocítico assexuado(G), responsável pela patologia da do- apresentar gametócitos masculinos e femininos em sua circulação
ença. Os parasitos se desenvolvem dentro do vacúolo parasitóforo, periférica. Em geral, nas infecções causadas por P. vivax, quando as
onde se alimentam de hemoglobina, passando por vários estágios. formas assexuadas são detectadas aparecem também os gametó-
O primeiro estágio é chamado de anel e, após ter seu citoplasma citos. Em P. falciparum os gametócitos aparecem após 10 a 15 dias
aumentado, se transformam em trofozoítos. Estes se transforma- da detecção dos trofozoítas. Casos tratados incorretamente ou não
rão em um esquizontes através de um processo de divisão celular tratados podem ser fonte de infecção por até 40 anos na malária
denominado esquizogonia. Após a ruptura dos eritrócitos os novos causada por P. malariae, por um a três anos em P. vivax e por até um
merozoítos são liberados na circulação sangüínea (burst.mov) e in- ano em P. falciparum. Do homem para o homem: Um sangue pode
vadem novas células, dando continuidade ao ciclo e à doença. No ser infectante enquanto apresentar formas assexuadas e quan-
entanto, alguns parasitos não iniciam o processo de divisão celular do houver contato direto de sangue com sangue, como no caso
e se diferenciam nas formas sexuadas, os gametócitos masculinos e de compartilhamento de agulhas em usuários de drogas. No caso

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

de transmissão transfusional, se o doador for portador de formas à endocitose. A hemácia invaginada cria um vacúolo parasitóforo,
assexuadas e enquanto elas resistirem no sangue armazenado, a onde o merozoíto se aloja. Então o merozoíto perde roptrias, micro-
malária poderá ser transmitida ao receptor. Na literatura há relatos nemas e membrana e dá origem ao trofozoíto.
de transmissão de malária em transfusões realizadas com sangue
estocado por mais de 15 dias (revisado em Bruce-Chwatt, 1974). Manifestações clínicas
Ao abordarmos o diagnóstico clínico da malária, algumas defi-
Definição dos casos nições necessitam ser dadas.
Caso autóctone: quando a transmissão ocorre no local, sem Período de incubação: compreende desde a inoculação de es-
que o indivíduo tenha realizado deslocamentos para outras regiões. porozoítos até o surgimento das primeiras manifestações clínicas.
Supõe a existência de casos anteriores e continuidade da transmis- Frequentemente o período de incubação para infecção pelo P. fal-
são. ciparum varia de 7 a 10 dias, para o P. vivax de 10 a 15 dias e para o
Caso importado: quando a transmissão ocorreu em local dis- P. malariae de 14 a 30 dias. No caso de infecção induzida por trans-
tinto daquele de origem do indivíduo, em deslocamento realizado fusão sanguínea e hemoderivados, o período de incubação pode
para área malarígena e é detectado fora da área onde houve a in- variar de 10 horas a 60 dias.
fecção. Período pré-patente: está relacionado ao período pré-eritrocí-
Caso introduzido: quando a transmissão foi local, porém não tico da infecção malárica no fígado humano. Compreende o tempo
foi continuada, e o caso detectado foi originado de um outro im- desde a inoculação dos esporozoítos nos capilares até a invasão das
portado. hemácias pelos merozoítos em número insuficiente para ser detec-
Induzido: quando a transmissão ocorreu sem a participação do tado pela hemoscopia. Este período varia também segundo a espé-
vetor, ou seja, por transfusão sanguínea, por uso compartilhado de cie e tipo de plasmódio infectante, da quantidade de plasmódios
seringas contaminadas ou por via congênita no momento do parto, inoculados e da resposta imune do hospedeiro.
em consequência de lesões nos vasos sanguíneos de mãe e filho. Período sub-patente: compreende o período do ciclo exo-eri-
Recaída: quando ocorre o reaparecimento da parasitemia san- trocítico.
guínea, sem que o indivíduo tenha realizado novos deslocamentos Período patente: este período estende-se até a detecção de
para áreas com possibilidade de transmissão, sendo portanto este plasmódios pela hemoscopia, freqüentemente associado com ma-
novo episódio de malária decorrente de um ataque primário ante- nifestações clínicas.
riormente diagnosticado e tratado.
Sintomas Malária no indivíduo semi-imune
Indivíduo semi-imune é aquele que já apresentou surtos de
Imunidade e suscetibilidade malária anteriormente.
Na membrana de superfície dos parasitos são expressas prote- Alguns pacientes apresentam sintomas prodrômicos alguns
ínas altamente polimórficas e antigenicamente variáveis, que pare- dias antes do início da ¿crise palúdica¿. O paciente sente-se inco-
cem estar relacionadas com a resposta imune adquirida. Antígenos modado, com cefaléia, dores musculares, astenia, anorexia, febre
internos liberados no momento da ruptura dos esquizontes são par- de pequena intensidade e ocasionalmente náuseas e vômitos. Tais
cialmente conservados entre as espécies de plasmódios e parecem sintomas são inespecíficos e surgem em inúmeras outras doenças
estar relacionados com a sintomatologia e a patologia da malária. infecciosas.
Em áreas com endemicidade estável, a imunidade adquirida desen- O ataque agudo da malária caracteriza-se por um conjunto de
volve-se lentamente, após muitos anos de exposição à doença e paroxismos febris que apresentam três períodos: frio, calor e suor.
vários episódios maláricos. A imunidade adquirida é parcial, e não Na maioria dos pacientes com malária os sintomas começam repen-
impede a infecção mesmo em indivíduos expostos por longo tempo tinamente, com período de frio que costuma durar de 15 a 60 mi-
à doença. Nestes casos o que ocorre é uma infecção assintomática nutos. Os sintomas estão relacionados ao brusco aumento de tem-
com baixa parasitemia sanguínea. peratura do corpo e caracterizam-se pela sensação de frio intenso
As dificuldades para o desenvolvimento de uma vacina eficaz e calafrios marcados por tremores generalizados. Podem aparecer
contra a malária residem no fato de que não se pode assegurar que cefaléia, náuseas e vômitos. O pulso está fino e acelerado, a pele
a imunidade celular e humoral sejam capazes de impedir a infec- seca e os lábios cianóticos.
ção. Os antígenos parasitários variam nas diferentes fases do ciclo O período de calor dura de 2 a 6 horas e tem início quando ces-
evolutivo dos plasmódios, de modo que anticorpos específicos para sam os calafrios. O paciente começa a sentir calor que pode se tor-
antígenos de uma fase podem não proteger contra antígenos de ou- nar ¿insuportável¿ e a face fica hiperemiada, o pulso cheio e a pele
tra fase do desenvolvimento dos parasitos. Muitos são os antígenos seca e quente. Existe uma intensificação da cefaléia e persistência
que se constituem em alvo para o desenvolvimento de uma vacina, das náuseas e vômitos. Neste período o paciente pode delirar e sur-
incluindo proteínas do esporozoíto (CSP) e do merozoíto (MSP-1). gem convulsões, principalmente em crianças.
A interação entre o esporozoíto e o hepatócito ocorre através
de uma proteína denominada circumsporozoíta, que recobre a su- O período de suor dura de 2 a 4 horas. A febre cede em ¿crise¿
perfície do parasito. Em P. vivax, a invasão do eritrócito pelo para- (rapidamente) cessando o desconforto. Após cessar o suor, que é
sito é realizada por meio de um antígeno da superfície da hemácia intenso, o paciente pode permanecer com discreta cefaléia, exaus-
denominado fator Duffy e por meio de proteínas do parasito que to, porém relativamente bem. A duração total do paroxismo é de
promovem a ligação com os reticulócitos. Em P. falciparum a ligação 6 a 12 horas. Uma das características do paroxismo palúdico é que
se processa por meio da glicoforina A presente na célula hospedeira ocorre em períodos regulares, na dependência do tipo de plasmó-
e de antígenos do parasito, como o EBA 175. A invasão do eritróci- dio infectante. Assim o paroxismo por P. falciparum e P. vivax repe-
to pelo merozoíto ocorre em 20 segundos. Este se liga ao glóbulo te-se a cada 48 horas (febre terçã) e o por P. malariae a cada 72 ho-
vermelho através de sua região apical, promovendo deformações ras (febre quartã). A regularidade só é válida no caso das infecções
na hemácia e penetrando na mesma por um processo semelhante cujos parasitos terminam sincronicamente sua esquizogonia.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Malária no indivíduo não imune Malária induzida


Os primeiros ¿ataques¿ no indivíduo não imune não apresen- A malária pode ser transmitida por inoculação de sangue fresco
tam típico paroxismo palúdico, pois a esquizogonia não é síncrona por meio de agulhas contaminadas utilizadas por toxicômanos ou
até que o sistema imune do hospedeiro comece a ¿reconhecer¿ as por acidentes profissionais com pessoal da área de saúde. Pode ser
diferentes formas parasitárias. O indivíduo geralmente apresenta induzida também por ransfusão de sangue e seus derivados.
como sintoma único a febre, que pode ser contínua, subcontínua, Qualquer dos 4 tipos de malária humana pode ser induzida por
remitente ou intermitente com remissões. É importante ter em meio de transfusão. O período de incubação pode variar de 10 ho-
mente que nestes pacientes a malária tem possibilidades maiores ras a 60 dias, na dependência da espécie de plasmódio, número de
de evolução com complicações e que quando os paroxismos ocor- parasitos injetados e resposta do hospedeiro.
rerem em sua forma típica, ou seja, quando ocorrer sincronismo Febre remitente, náuseas, vômitos, mialgia, icterícia discreta,
na esquizogonia o paciente pode já estar em situação clínica com diarréia e dor abdominal são os sintomas mais encontrados. Rara-
complicações. mente observa-se o paroxismo. Em pacientes imunossuprimidos a
doença é de difícil diagnóstico.
Malária grave Quais são os sintomas da malária?
As formas graves e de urgência, com raras exceções, observam- Os sintomas da malária são:
-se nas infecções produzidas por P. falciparum. As formas graves -febre alta;
apresentam-se no indivíduo não imune, gestantes e crianças. O pa- -calafrios;
roxismo febril não é comum. O paciente apresenta febre persisten- -tremores;
te, podendo não ser muito elevada, e não apresenta calafrios nem -sudorese;
sudorese. A cefaléia é intensa, o vômito frequente e ocorre delírio. -dor de cabeça, que podem ocorrer de forma cíclica.
Geralmente mais de 2% das hemácias encontram-se parasitadas,
ocorrendo intensa anemia. Muitas pessoas, antes de apresentarem estas manifestações
Se o paciente não for tratado adequadamente pode evoluir mais características, sentem náuseas, vômitos, cansaço e falta de
para forma de urgência onde acentuam-se os sinais e sintomas, sur- apetite.
gindo as complicações. As mais freqüentes relacionam-se ao com-
prometimento dos rins, pulmões, cérebro, fígado e sangue. Quais são as complicações da malária?
A malária grave caracteriza-se por um ou mais desses sinais e
Malária na criança sintomas:
Em crianças maiores que 5 anos de idade, a malária tem a -prostração;
mesma evolução que em adultos. Entretanto em crianças em idade -alteração da consciência;
pré escolar, não se observam os sinais característicos do paroxismo -dispnéia ou hiperventilação;
palúdico, levando frequentemente a erro diagnóstico. Em regiões -convulsões;
endêmicas, a malária causada pelo P. falciparum, é responsável por -hipotensão arterial ou choque;
alta taxa de mortalidade e morbidade quando ocorre em crianças -hemorragias.
em idade pré-escolar.
A despeito de a malária grave ser quase sempre causada por P. Como é feito o diagnóstico da malária?
falciparum a infecção por P. vivax pode também ter evolução grave O diagnóstico correto da infecção malárica só é possível pela
em crianças (alta taxa de reticulócitos). demonstração do parasito, ou de antígenos relacionados, no san-
A malária por P. malariae é observada produzindo síndrome gue periférico do paciente, pelos métodos diagnósticos especifica-
nefrótica quando incide em crianças em regiões endêmicas, com dos a seguir:
prognóstico geralmente desfavorável.
Gota espessa
Malária na gestante É o método oficialmente adotado no Brasil para o diagnóstico
Na gestante, a malária pode ter evolução com complicações da malária. Mesmo após o avanço de técnicas diagnósticas, este
duas vezes mais frequentemente que na mulher não gestante. Na exame continua sendo um método simples, eficaz, de baixo custo e
primeira metade da gestação se observa taxa de aborto em 30% das de fácil realização. Quando executado adequadamente, é conside-
oportunidades, enquanto que na segunda metade, existem evidên- rado padrão-ouro pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Sua
cias de imunossupressão materna com evolução maistormentosa técnica baseia-se na visualização do parasito por meio de micros-
da malária. copia óptica, após coloração com corante vital (azul de metileno
e Giemsa), permitindo a diferenciação específica dos parasitos, a
Malária congênita partir da análise da sua morfologia, e dos seus estágios de desen-
Desconhece-se o mecanismo causal da malária congênita. Su- volvimento encontrados no sangue periférico. A determinação da
põe-se que na gestante infectada não imune poderia haver lesão densidade parasitária, útil para a avaliação prognóstica, deve ser
centária com passagem do protozoário. Existe a possibilidade da realizada em todo paciente com malária, especialmente nos porta-
contaminação do sangue fetal no momento do parto, sendoque dores de P. falciparum. Por meio desta técnica é possível detectar
neste caso a malária é considerada como induzida.< outros hemoparasitos, tais como Trypanosoma sp. e microfilárias.
As características clinicas da malária congênita são as mesmas
das causadas por outras infecções adquiridas através da placenta. Esfregaço delgado
O recém-nascido pode apresentar febre discreta, irritabilidade e Possui baixa sensibilidade (estima-se que a gota espessa é
anorexia. cerca de 30 vezes mais eficaz na detecção da infecção malárica).
Porém, este método permite, com mais facilidade, a diferenciação
específica dos parasitos a partir da análise de sua morfologia e das
alterações provocadas no eritrócito infectado

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Testes rápidos Técnicas moleculares


Testes rápidos para a detecção de componentes antigênicos de O diagnóstico molecular para malária começou a ser testado
plasmódio – testes imunocromatográficos representam novos mé- em meados dos anos 80 e tem mostrado grande progresso para
todos de diagnóstico rápido de malária. São realizados em fitas de aprimoramento e simplificação das técnicas de extração do DNA.
nitrocelulose contendo anticorpo monoclonal contra antígenos es- As técnicas moleculares mais utilizadas para o diagnóstico da malá-
pecíficos do parasito. Em parasitemia superior a 100 parasitos/μL, ria são o Nested PCR ou PCR convencional e o PCR em tempo real.
pode apresentar sensibilidade de 95% ou mais quando comparados No entanto, em virtude do custo elevado, da necessidade de infra-
à gota espessa. Grande parte dos testes hoje disponíveis discrimi- estrutura e mão de obra especializada seu uso ainda é restrito a
na, especificamente, o P. falciparum das demais espécies. Por sua laboratórios de referência. Estudos tem demonstrado que técnicas
praticidade e facilidade de realização, são úteis para a confirmação de PCR são mais sensíveis e específicas quando comparadas às téc-
diagnóstica, no entanto seu uso deve ser restrito a situações onde nicas microscópicas e ao teste imunocromatográfico, portanto com
não é possível a realização do exame da gota espessa por micros- capacidade de detecção do parasito em pacientes com baixa para-
copista certificado e com monitoramento de desempenho, como sitemia, mas a interpretação dos resultados positivos ainda é discu-
áreas longínquas e de difícil acesso aos serviços de saúde e áreas de tida. Existe ainda, um método molecular com possível utilização em
baixa incidência da doença. Estes testes não avaliam a densidade campo, chamado de amplificação isotérmica circular fluorescente
parasitária nem a presença de outros hemoparasitos e não devem em tempo real (RealAmp) ainda em fase de validação.
ser usados para controle de cura devido a possível persistência de
partes do parasito, após o tratamento, levando a resultado falso po- O PNCM, baseado em estudos realizados no Brasil e em vários
sitivo. países do mundo, considera que pacientes com PCR positivo para
A qualidade diagnóstica de um teste de diagnóstico rápido malária, mesmo assintomáticos, podem infectar mosquitos e /ou
(TDR) depende da experiência do examinador e dos cuidados com se tornar sintomáticos, sendo assim devem ser tratados quando o
o qual ele é preparado e interpretado. A execução e a acurácia dos diagnóstico for realizado unicamente por essa técnica molecular.
TDRs podem ser afetadas por vários fatores, tais como problemas Para essa situação, o item 2 (teste rápido) disponível no campo 39
na fabricação do teste, condições de armazenamento e transporte, (tipo de exame) da ficha de notificação do Sivep-Malária deve ser
competência e desempenho do manipulador. marcado, por falta de local específico para PCR. Para mais informa-
Atualmente, o PNCM utiliza para diagnóstico de malária o SD- ções, acesse o “Guia prático de tratamento de malária no Brasil”.
-BIOLINE MALARIA AG Pf/Pf/Pv, que é um teste combinado que
trabalha com a HRP-II e pLDH de P. falciparum e pLDH de P. vivax. Malária mista
Oferece sensibilidade para P. falciparum HRP-II de 100%, P. falcipa- O diagnóstico da malária em áreas onde coexistem o Plasmo-
rum pLDH de 99,7% e P. vivax de 98,2%) e especificidade de 99,3%. dium falciparum e P. vivax e P. malariae merece especial atenção em
Orientações acerca desse teste rápido para o diagnóstico de malária virtude da possibilidade da ocorrência de infecções mistas.
podem ser acessadas aqui. A infecção mista ocorre quando é observada a presença de
duas ou mais espécies diferentes no exame de uma amostra de san-
Para a distribuição dos testes rápidos, alguns critérios devem gue de um paciente.
ser atendidos: A presença de baixa parasitemia de formas de anéis (trofozoí-
1) áreas rurais de difícil acesso, sem condições de instalação de tos jovens) em conjunto com formas irregulares (trofozoítos madu-
uma unidade de laboratório de diagnóstico ou ausência de pessoal ros) de P. vivax muitas vezes não é considerada malária mista, uma
treinado para utilização de microscópio; vez que as formas de anéis são comuns e parecidas em todas as es-
2) área de garimpo que atenda a especificação do item 1; pécies. No entanto a média e alta parasitemias de formas de anéis
3) área indígena desde que atenda a especificação do item 1; levam a suspeita de P. falciparum presente na amostra, indicando o
4) na região Extra-Amazônica nas unidades de referência para tratamento direcionado para as duas espécies.
o diagnóstico de malária. Critérios para diagnóstico de malária mista no exame microscó-
pico do esfregaço espesso (gota espessa) ou no esfregaço delgado:
Além disso, para o uso dos TDRs da malária, os seguintes requi- 1. Encontro de formas irregulares (trofozoítos maduros) de P.
sitos devem ser atendidos: vivax e gametócitos (forma de banana) de P. falciparum, com ou
1) somente usar em caso suspeito de malária que esteja apre- sem a presença de formas em anéis (trofozoítos jovens) de P. fal-
sentando algum sintoma; ciparum.
2) não usar para lâmina de verificação de cura (LVC), devido a
grande possibilidade de falsos positivos nessas situações; Registro: V+Fg
3) para todo teste realizado deve ser preenchido um formulário
do SIVEP-Malária (na região Amazônica) ou SINAN (na região Extra- Neste caso o tratamento deve ser feito para malária mista (con-
-Amazônica); forme orientações do Guia Prático de Tratamento de Malária).
4) os testes devem ser realizados por profissionais devidamen-
te capacitados e devem ser seguidas as orientações do fabricante. 2. Observação de parasitemia média a elevada (++ ou mais) por
formas em anel (trofozoítos jovens), sendo alguns com duas croma-
tinas, formas semelhantes a bigode, formas em vírgula e presença
de parasitismo múltiplo de hemácias não dilatadas e sem granula-
ções de Schuffner, características da espécie P. falciparum; associa-
da a formas irregulares (trofozoítos maduros) e grandes mononu-
cleados (gametócitos) em hemácias dilatadas com granulações de
Schuffner em menor grau de parasitemia, características de P. vivax.
Mesmo na ausência de gametócitos típicos de Plasmodium falcipa-
rum (forma de banana).

240
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Registro: F+V Para atingir esses objetivos, diversas drogas são utilizadas, cada
uma delas agindo de forma específica para impedir o desenvolvi-
Neste caso o tratamento deve ser feito para malária mista (con- mento do parasito no hospedeiro.
forme orientações do Guia Prático de Tratamento de Malária).
Orientações para o tratamento
3. Presença de baixa parasitemia (+ ou menos) de formas em É da maior importância que todos os profissionais de saúde
anéis (trofozoítos jovens) associada a formas irregulares (trofozoí- envolvidos no tratamento da malária, desde o auxiliar de saúde da
tos maduros) e esquizontes de P. vivax em maior grau de parasite- comunidade até o médico, orientem os pacientes, adequadamente
mia, pode ser considerada infecção somente por P. vivax, uma vez e com uma linguagem compreensível, quanto ao tipo de medica-
que todas as espécies apresentam trofozoítos jovens em anéis. mento que está sendo oferecido, a forma de ingeri-lo e os respec-
tivos horários. Em diversos lugares, os responsáveis por distribuir e
Registro: V orientar o uso dos medicamentos utilizam envelopes de cores dife-
rentes para cada medicamento.
Neste caso o tratamento deve ser feito para malária vivax (con- Muitas vezes, os pacientes são pessoas que não dispõem nem
forme orientações do Guia Prático de Tratamento de Malária). mesmo de relógio para verificar as horas. O uso de expressões mais
simples, como manhã, tarde e noite, para a indicação do momento
Existe ainda a possibilidade de se encontrar perfis de infecção da ingestão do remédio é recomendável. A expressão de 8 em 8 ho-
mista com combinações entre: F, M, V, Fg, Ov. Em todos os casos ras ou de 12 em 12 horas muitas vezes não ajuda o paciente a saber
listados acima, o paciente deverá realizar o acompanhamento com quando deve ingerir os medicamentos. Sempre que possível, deve-
as lâminas de verificação de cura (LVC), pelo menos em D3 e D7. -se orientar os acompanhantes ou responsáveis, além dos próprios
Além de ser orientado a retornar ao serviço de saúde a qualquer pacientes, pois estes geralmente encontram-se desatentos, devido
momento caso não haja melhora dos sintomas. à febre, dor e mal-estar causados pela doença.
Os medicamentos devem ser ingeridos, preferencialmente às
Diagnóstico diferencial da malária refeições. No caso da combinação, arteméter e lumefantrina deve
O diagnóstico diferencial da malária é feito com a febre tifoide, ser preferencialmente ingerido com alimentos gordurosos. Caso
febre amarela, leptospirose, hepatite infecciosa, leishmaniose vis- surja icterícia durante o tratamento, a primaquina deve ser suspen-
ceral, doença de Chagas aguda e outros processos febris. Na fase sa.
inicial, principalmente na criança, a malária confunde-se com ou- Sempre que possível, deve-se optar pela supervisão das doses
tras doenças infecciosas dos tratos respiratório, urinário e digestivo, dos medicamentos para garantir uma melhor adesão ao tratamen-
quer de etiologia viral ou bacteriana. No período de febre intermi- to.
tente, as principais doenças que se confundem com a malária são as O paciente deve completar o tratamento conforme a recomen-
infecções urinárias, tuberculose miliar, salmoneloses septicêmicas, dação, mesmo que os sintomas desapareçam, pois a interrupção
leishmaniose visceral, endocardite bacteriana e as leucoses. Todas do tratamento pode levar a recidiva da doença ou agravamento do
apresentam febre e, em geral, esplenomegalia. Algumas delas apre- quadro, além de manter o ciclo de transmissão da doença permitin-
sentam anemia e hepatomegalia. do que outras pessoas também adoeçam por malária.
Esquemas de tratamento
Como é feito o tratamento da malária? Para facilitar o trabalho dos profissionais de saúde das áreas
No geral, após a confirmação da malária, o paciente recebe endêmicas e garantir a padronização dos procedimentos necessá-
o tratamento em regime ambulatorial, com comprimidos que são rios para o tratamento da malária, o Guia Prático de Tratamento da
fornecidos gratuitamente em unidades do Sistema Único de Saú- Malária no Brasil (2010) apresenta tabelas e quadros com todas as
de (SUS). Somente os casos graves deverão ser hospitalizados de orientações relevantes sobre a indicação e uso dos antimaláricos
imediato. preconizados no Brasil de acordo com o grupo etário dos pacientes.
O tratamento indicado depende de alguns fatores, como a es- Embora as dosagens constantes nas tabelas levem em conside-
pécie do protozoário infectante; a idade do paciente; condições as- ração o grupo etário do paciente, é recomendável que, sempre que
sociadas, tais como gravidez e outros problemas de saúde; além da possível e para garantir boa eficácia e baixa toxicidade no tratamen-
gravidade da doença. to da malária, as doses dos medicamentos sejam fundamentalmen-
te ajustadas ao peso do paciente. Quando uma balança para verifi-
IMPORTANTE: Quando realizado de maneira correta, o trata- cação do peso não estiver disponível, recomenda-se a utilização da
mento da malária garante a cura da doença. relação peso/idade apresentada nas tabelas.

Objetivos do tratamento contra a malária Como prevenir a malária?


O diagnóstico oportuno seguido, imediatamente, de tratamen- Entre as principais medidas de prevenção individual da malária
to correto são os meios mais adequados para reduzir a gravidade estão:
e a letalidade por malária. O tratamento da malária visa atingir ao -uso de mosquiteiros;
parasito em pontos-chave de seu ciclo evolutivo, que podem ser -roupas que protejam pernas e braços;
didaticamente resumidos em: -telas em portas e janelas;
a) interrupção da esquizogonia sanguínea, responsável pela pa- -uso de repelentes.
togenia e manifestações clínicas da infecção;
b) destruição de formas latentes do parasito no ciclo tecidual Já as medidas de prevenção coletiva contra malária são:
(hipnozoítos) das espécies P. vivax e P. ovale, evitando assim as re- -borrifação intradomiciliar;
caídas tardias; -uso de mosquiteiros;
c) interrupção da transmissão do parasito, pelo uso de drogas -drenagem;
que impedem o desenvolvimento de formas sexuadas dos parasitos -pequenas obras de saneamento para eliminação de criadou-
(gametócitos). ros do vetor;

241
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

-aterro; Uma das formas de controle é evitar que o inseto “barbeiro”


-limpeza das margens dos criadouros; forme colônias dentro das residências, por meio da utilização de
-modificação do fluxo da água; inseticidas residuais por equipe técnica habilitada.
-controle da vegetação aquática; Em áreas onde os insetos possam entrar nas casas voando pe-
-melhoramento da moradia e das condições de trabalho; las aberturas ou frestas, podem-se usar mosquiteiros ou telas me-
-uso racional da terra. tálicas.
Recomenda-se usar medidas de proteção individual (repelen-
IMPORTANTE: Não existe vacina contra a malária. Algumas tes, roupas de mangas longas, etc.) durante a realização de ativida-
substâncias capazes de gerar imunidade foram desenvolvidas e es- des noturnas (caçadas, pesca ou pernoite) em áreas de mata.
tudadas, mas os resultados encontrados ainda não são satisfatórios
para a implantação da vacinação. Quando o morador encontrar triatomíneos no domicílio:
Não esmagar, apertar, bater ou danificar o inseto;
O que é Doença de Chagas? Proteger a mão com luva ou saco plástico;
A doença de Chagas (ou Tripanossomíase americana) é a infec- Os insetos deverão ser acondicionados em recipientes plásti-
ção causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi. cos, com tampa de rosca para evitar a fuga, preferencialmente vi-
Apresenta uma fase aguda (doença de Chagas aguda – DCA) vos;
que pode ser sintomática ou não, e uma fase crônica, que pode se Amostras coletadas em diferentes ambientes (quarto, sala,
manifestar nas formas indeterminada, cardíaca, digestiva ou cardio- cozinha, anexo ou silvestre) deverão ser acondicionadas, separada-
digestiva. mente, em frascos rotulados, com as seguintes informações: data e
nome do responsável pela coleta, local de captura e endereço.
Quais são os sintomas da Doença de Chagas? Em relação à transmissão oral, as principais medidas de pre-
A Doença de Chagas pode apresentar sintomas distintos nas venção são:
duas fases que se apresenta, que é a aguda e a crônica. A fase agu- Intensificar ações de vigilância sanitária e inspeção, em todas
da, que é a mais leve, a pessoa pode apresentar sinais moderados as etapas da cadeia de produção de alimentos suscetíveis à con-
ou até mesmo não sentir nada. taminação, com especial atenção ao local de manipulação de ali-
mentos.
Na fase aguda, os principais sintomas são: Instalar a fonte de iluminação distante dos equipamentos de
-febre prolongada (mais de 7 dias); processamento do alimento para evitar a contaminação acidental
-dor de cabeça; por vetores atraídos pela luz.
-fraqueza intensa; Realizar ações de capacitação para manipuladores de alimen-
-inchaço no rosto e pernas. tos e de profissionais de informação, educação e comunicação.
Resfriamento ou congelamento de alimentos não previne a
Na fase crônica, a maioria dos casos não apresenta sintomas, transmissão oral por T. cruzi, mas sim o cozimento acima de 45°C, a
porém algumas pessoas podem apresentar: pasteurização e a liofilização.
-problemas cardíacos, como insuficiência cardíaca;
-problemas digestivos, como megacolon e megaesôfago. As instituições de pesquisa vêm investindo em aplicativos gra-
Como a doença de chagas é transmitida? tuitos para a identificação de triatomíneos. A Fiocruz - Minas Gerais
As principais formas de transmissão da doença de chagas são: desenvolveu um aplicativo gratuito para identificação de triatomí-
Vetorial: contato com fezes de triatomíneos infectados, após neos, Triatokey, no qual o usuário responde perguntas sobre carac-
picada/repasto (os triatomíneos são insetos popularmente conhe- terísticas visíveis do inseto a ser identificado.
cidos como barbeiro, chupão, procotó ou bicudo).
Oral: ingestão de alimentos contaminados com parasitos pro- Acontece um processo de eliminação, por meio das perguntas,
venientes de triatomíneos infectados. que estreita as possibilidades chegando-se ao gênero do animal e a
Vertical: ocorre pela passagem de parasitos de mulheres infec- um pequeno número de espécies dentro daquele gênero, sendo de
tadas por T. cruzi para seus bebês durante a gravidez ou o parto. grande utilidade nas atividades de vigilância.
Transfusão de sangue ou transplante de órgãos de doadores Como diagnosticar a Doença de Chagas?
infectados a receptores sadios. Na fase aguda da doença de Chagas, o diagnóstico se baseia
Acidental: pelo contato da pele ferida ou de mucosas com ma- na presença de febre prolongada (mais de 7 dias) e outros sinais e
terial contaminado durante manipulação em laboratório ou na ma- sintomas sugestivos da doença, como fraqueza intensa e inchaço no
nipulação de caça. rosto e pernas, e na presença de fatores epidemiológicos compatí-
veis, como a ocorrência de surtos (identificação entre familiares/
O período de incubação da Doença de Chagas, ou seja, o tempo contatos).
que os sintomas começam a aparecer a partir da infecção, é dividi-
do da seguinte forma: Já na fase crônica, a suspeita diagnóstica é baseada nos acha-
dos clínicos e na história epidemiológica, porém ressalta-se que
Transmissão vetorial – de 4 a 15 dias. parte dos casos não apresenta sintomas, devendo ser considerados
Transmissão transfusional/transplante – de 30 a 40 dias ou os seguintes contextos de risco e vulnerabilidade:
mais. Ter residido, ou residir, em área com relato de presença de ve-
Transmissão oral – de 3 a 22 dias. tor transmissor (barbeiro) da doença de Chagas ou ainda com reser-
Transmissão acidental – até, aproximadamente, 20 dias. vatórios animais (silvestres ou domésticos) com registro de infecção
por T. cruzi;
Como prevenir a Doença de Chagas?
A prevenção da doença de Chagas está intimamente relaciona-
da à forma de transmissão.

242
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Ter residido ou residir em habitação onde possa ter ocorrido o Situação epidemiológica - Doença de Chagas
convívio com vetor transmissor (principalmente casas de estuque, Em função das ações de controle de vetores realizadas a partir
taipa, sapê, pau-a-pique, madeira, entre outros modos de constru- da década de 1970, o Brasil recebeu em 2006 a certificação Interna-
ção que permitam a colonização por triatomíneos); cional da interrupção da transmissão vetorial pelo Triatoma infes-
Residir ou ser procedente de área com registro de transmissão tans, espécie exótica e responsável pela maior parte da transmissão
ativa de T. cruzi ou com histórico epidemiológico sugestivo da ocor- vetorial no passado. Porém, estima-se que existam aproximada-
rência da transmissão da doença no passado; mente 12 milhões de portadores da doença crônica nas Américas, e
Ter realizado transfusão de sangue ou hemocomponentes an- que haja no Brasil, atualmente, pelo menos um milhão de pessoas
tes de 1992; infectadas por T. cruzi.
Ter familiares ou pessoas do convívio habitual ou rede social A alteração do quadro epidemiológico da doença de Chagas
que tenham diagnóstico de doença de Chagas, em especial ser filho (DC) no Brasil promoveu a mudança nas ações e estratégias de
(a) de mãe com infecção comprovada por T. cruzi. vigilância, prevenção e controle, por meio da adoção de um novo
modelo de vigilância epidemiológica. Entretanto, o risco de trans-
IMPORTANTE: Para confirmação laboratorial é necessária a missão vetorial da doença de Chagas persiste em função da:
realização de exame de sangue (parasitológico e/ou sorológico, a Existência de espécies de triatomíneos autóctones com eleva-
depender da fase da doença) que é realizado gratuitamente pelo do potencial de colonização;
SUS. É importante que você procure um médico para que ele possa Presença de reservatórios de T. cruzi e da aproximação cada vez
solicitar os exames e interpretá-los adequadamente, além de ava- mais frequente das populações humanas a esses ambientes;
liar caso a caso os sintomas e sinais clínicos de cada pessoa. Persistência de focos residuais de T. infestans, ainda existentes
em alguns municípios dos estados da Bahia e do Rio Grande do Sul.
Com o intuito de auxiliar os profissionais de saúde na inter-
pretação de exames laboratoriais geralmente disponibilizados na Soma-se a esse quadro a ocorrência de casos e surtos por
rede do SUS na confirmação de casos de doença de Chagas na fase transmissão oral pela ingestão de alimentos contaminados (caldo
aguda, foi criada uma ferramenta para servir de guia especialmen- de cana, açaí, bacaba, entre outros), vetorial domiciliar sem coloni-
te para fins epidemiológicos nas situações mais recorrentes e para zação e vetorial extradomiciliar, principalmente na Amazônia Legal.
apoio assistencial enquanto o apoio de equipe especializada não Entre o período de 2008 a 2017, foram registrados casos confirma-
for conseguido.
dos de doença de Chagas aguda na maioria dos estados brasileiros.
Entretanto, a maior distribuição, cerca de 95%, concentra-se na re-
Qual é o tratamento para Doença de Chagas?
gião Norte. Destes, o estado do Pará é responsável por 83% dos ca-
O tratamento da doença de chagas deve ser indicado por um
sos. Em relação às principais formas prováveis de transmissão ocor-
médico, após a confirmação da doença. O remédio, chamado ben-
znidazol, é fornecido pelo Ministério da Saúde, gratuitamente, me- ridas no país, 72% foram por transmissão oral, 9% por transmissão
diante solicitação das Secretarias Estaduais de Saúde e deve ser vetorial e em 18% não foi identificada a forma de transmissão.
utilizado em pessoas que tenham a doença aguda assim que ela for
identificada. Viajantes - Doença de Chagas
Para as pessoas na fase crônica, a indicação desse medicamen- É considerado caso suspeito de Doença de Chagas o viajante
to depende da forma clínica e deve ser avaliada caso a caso. que tenha ingerido alimento suspeito contaminado por T. cruzi ou
visitado área com presença de triatomíneos e apresente febre pro-
Em casos de intolerância ou que não respondam ao tratamento longada (superior a 7 dias), acompanhado de pelo menos um dos
com benznidazol, o Ministério da Saúde disponibiliza o nifurtimox seguintes sinais:
como alternativa de tratamento, conforme indicações estabeleci- Edema de face ou de membros.
das em Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas. Exantema.
Independente da indicação do tratamento com benznidazol ou Adenomegalia.
nifurtimox, as pessoas na forma cardíaca e/ou digestiva devem ser Hepatomegalia.
acompanhadas e receberem o tratamento adequado para as com- Esplenomegalia.
plicações existentes. Cardiopatia aguda (taquicardia, sinais de insuficiência cardía-
ca).
IMPORTANTE: O Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Manifestações hemorrágicas.
doença de Chagas estabelece, com base em evidências, as diretri- Sinal de Romaña ou chagoma de inoculação.
zes para diagnóstico, tratamento e acompanhamento de pessoas
afetadas pela infecção por Trypanosoma cruzi em suas diferentes Período de incubação
fases (aguda e crônica) e formas clínicas, além de situações espe- Oscila entre 4 e 10 dias, quando a transmissão é pelos triatomí-
ciais como gestantes e condições de imunossupressão, servindo de neos, sendo geralmente assintomáticos. Nos casos de transmissão
subsídio a gestores, profissionais e usuários do SUS, visando garan- transfusional, pode alongar-se entre 20 ou mais dias.
tir a assistência terapêutica integral.
Agente Etiológico
É um protozoário da ordem Kinetoplastida da família Trypano-
somatidae e gênero Trypanosoma denominado Trypanosoma cruzi.
No homem e nos animais, vive no sangue periférico e nas fibras
musculares, especialmente as cardíacas e digestivas: no inseto
transmissor, vive no tubo digestivo.

243
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Profilaxia Como a cólera é transmitida?


Baseiam-se principalmente em medidas de controle ao “bar- A transmissão da cólera ocorre por via fecal-oral, ou seja, pela
beiro”, impedindo a sua proliferação nas moradias e em seus arre- ingestão de água ou alimentos contaminados, ou pela contamina-
dores. Além de medidas específicas (inquéritos sorológicos , ento- ção pessoa a pessoa. Os alimentos, de forma geral, podem ser con-
mológicos e desinsetização), as atividades de educação em saúde, taminados durante a cadeia produtiva e durante sua manipulação.
devem estar inseridas em todas as ações de controle, bem como, as Além disso, como o agente causador da cólera faz parte do ambien-
medidas a serem tomadas pela população local, tais como: te aquático, pode se associar a mariscos (crustáceos e moluscos),
- melhorar habitação, através de reboco e tamponamento de peixes e algas, entre outros, possibilitando a transmissão da cólera
rachaduras e frestas; se esses alimentos forem consumidos crus ou mal cozidos.
- usar telas em portas e janelas;
- impedir a permanência de animais , como cão, o gato, macaco O que causa a cólera?
e outros no interior da casa; A cólera é causada pela ação da toxina liberada por dois so-
- evitar montes de lenhas, telhas ou outros entulhos no interior rogrupos específicos da bactéria Vibrio cholerae (sorogrupos O1 e
e arredores da casa; O139). A toxina se liga às paredes intestinais, alterando o fluxo nor-
- construir galinheiro, paiol, tulha, chiqueiro , depósito afastado mal de sódio e cloreto do organismo. Essa alteração faz com que o
das casas e mantê-los limpos; corpo secrete grandes quantidades de água, o que provoca diarreia
- retirar ninhos de pássaros dos beirais das casas; aquosa, desitradação e perda de fluidos e sais minerais importantes
- manter limpeza periódica nas casas e em seus arredores; para o corpo.
- difundir junto aos amigos, parentes , vizinhos, os conhecimen-
tos básicos sobre a doença, vetor e sobre as medidas preventivas; OBSERVAÇÃO: Vibrio cholerae de outros sorogrupos (não O1 e
- encaminhar os insetos suspeitos de serem “barbeiros”, para o não O139) e dos sorogrupos O1 e O139 que não produzem toxina
não causam cólera. Podem causar diarreia, porém menos severa
serviço de saúde mais próximo.
que a cólera e sem potencial epidêmico.
Reservatórios
Quais são os fatores de risco para a cólera?
Além do homem, mamíferos domésticos e silvestres têm sido
Os principais fatores de risco para a cólera são:
naturalmente encontrados infectados pelo Trypanosoma cruzi, tais Condições precárias de saneamento básico;
como: gato, cão, porco doméstico, rato de esgoto, rato doméstico, Consumo de água sem tratamento adequado;
macaco de cheiro, sagüi, tatu, gambá, cuíca, morcego, dentre ou- Condições precárias de higiene pessoal;
tros. Os mais importantes epidemiologicamente são aqueles que Consumo de alimentos sem higienização ou manipulação ade-
coabitam ou estão muito próximos do homem como o cão, o rato, quadas;
o gambá, o tatu, e até mesmo o porco doméstico, encontrado as- Consumo de peixes e mariscos crus ou mal cozidos.
sociado com espécies silvestres na Amazônia. As aves e animais de
“sangue frio” (lagartos, sapos, outros) são refratários à infecção. Quais são os fatores de risco para a cólera?
Os principais fatores de risco para a cólera são:
O que é cólera? Condições precárias de saneamento básico;
A cólera é uma doença bacteriana infecciosa intestinal aguda, Consumo de água sem tratamento adequado;
transmitida por contaminação fecal-oral direta ou pela ingestão de Condições precárias de higiene pessoal;
água ou alimentos contaminados. Frequentemente, a infecção é as- Consumo de alimentos sem higienização ou manipulação ade-
sintomática ou causa diarreia leve. Pode também se apresentar de quadas;
forma grave, com diarreia aquosa e profusa, com ou sem vômitos, Consumo de peixes e mariscos crus ou mal cozidos.
dor abdominal e cãibras. Quando não tratada prontamente, pode
ocorrer desidratação intensa, levando a graves complicações e até Quais são os sintomas da cólera?
mesmo ao óbito. A doença está ligada diretamente ao saneamento A maior parte das pessoas infectadas pela cólera não apresenta
básico e à higiene. sintomas e, em muitos casos, nem percebe que contraiu a doença.
O período de incubação da bactéria, tempo que leva para pro- No entanto, mesmo nesses casos, a pessoa pode transmitir a bacté-
vocar os primeiros sintomas no organismo, varia de algumas horas ria e infectar outras pessoas, que podem ter reações distintas.
a 5 dias da infecção. Na maioria dos casos, esse período é de 2 a 3 Os sintomas mais frequentes e comuns da cólera são diarreia
dias. e vômitos, com diferentes graus de intensidade, o que acaba sendo
confundido com sinais de outras doenças. Também pode ocorrer
dor abdominal e, nas formas severas, cãibras, desidratação e cho-
O período de transmissibilidade perdura enquanto a pessoa es-
que. Febre não é uma manifestação comum.
tiver eliminando a bactéria nas fezes, o que ocorre, na maioria dos
Nos casos graves, mais típicos, o início é súbito, com diarreia
casos, até poucos dias após a cura. Para fins de vigilância, o período
aquosa, abundante, de difícil controle e com inúmeros episódios
aceito como padrão é de 20 dias.
diários. Nesses casos, a diarreia e os vômitos determinam uma ex-
traordinária perda de líquidos, que pode ser da ordem de 1 a 2 li-
IMPORTANTE: Quando não tratada prontamente e da forma tros por hora. Tal quadro leva rapidamente à desidratação intensa e
correta, a cólera pode evoluir para quadros mais graves e provo- deve ser tratado precoce e adequadamente, para evitar a ocorrên-
car complicações, como desidratação intensa, levando, inclusive, à cia de complicações e até mesmo da morte.
morte.

244
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Os principais sinais e sintomas da cólera são:


Diarreia.
Náuseas e vômitos.
A desidratação em decorrência da perda de líquidos pode levar a outros sintomas, como por exemplo:
Irritabilidade.
Letargia.
Olhos encovados.
Boca seca.
Sede excessiva.
Pele seca e enrugada.
Pouca ou nenhuma produção de urina.
Pressão arterial baixa.
Arritmia cardíaca.
Desequilíbrio eletrolítico (perda de minerais do sangue)

Essa perda de minerais no sangue ainda desencadeia uma série de outros sintomas, como:
Cãibras musculares.
Choque.

IMPORTANTE: O choque ocorre quando o volume de sangue baixo provoca queda na pressão arterial e na quantidade de oxigênio,
situação que pode levar a pessoa à morte em questão de minutos.

Quais são as complicações que a cólera pode causar?


As complicações da cólera são decorrentes do total estado de esgotamento do corpo, causado pela diarreia e pelos vômitos. Essas
complicações ocorrem mais frequentemente em pessoas mais vulneráveis, como idosos, diabéticos, desnutridos, portadores do vírus HIV
e aquelas pessoas que têm patologia cardíaca prévia.
A desidratação, se não tratada prontamente e da forma adequada, leva à deterioração progressiva da circulação, da função renal e do
equilíbrio de água e minerais no corpo, causando dano a todos os sistemas do organismo. Como consequência, podem ocorrer as seguin-
tes complicações:
-choque hipovolêmico (diminuição da quantidade de sangue circulante no corpo);
-necrose renal;
-fraueza intestinal;
-queda de potássio no sangue, levando a arritmias cardíacas;
-hipoglicemia, com convulsões e coma em crianças.

Em gestantes, o choque hipovolêmico pode induzir a ocorrência de aborto e parto prematuro.

Como é feito o diagnóstico da cólera?


O diagnóstico da cólera é realizado a partir do cultivo de amostras de fezes ou vômito. Quando o Vibrio cholerae é isolado, a bactéria
deve ser enviada ao laboratório de referência nacional para realização de análises mais específicas (caracterização bioquímica, sorológica
e molecular). Além de permitir a confirmação de casos, a análise laboratorial é importante para avaliar e monitorar as características das
bactérias circulantes e a ocorrência de resistência a antimicrobianos.
Diante da suspeita de cólera, deve ser realizado o diagnóstico diferencial considerando-se todos os microrganismos capazes de pro-
vocar doenças diarreicas agudas. Recomenda-se, portanto, a coleta simultânea de amostras de fezes para análise viral, bacteriana e para-
sitológica.
Como é feito o tratamento da cólera?
O tratamento eficiente da cólera se fundamenta na rápida reidratação dos pacientes, por meio da administração oral de líquidos e
solução de sais de reidratação oral (SRO) ou fluidos endovenosos, dependendo da gravidade do caso.
Em aproximadamente 80% dos casos, os sintomas da cólera são leves ou moderados e devem ser tratados somente por meio da ad-
ministração oral de líquidos e SRO (planos A e B), ou seja, soro.
Os pacientes que apresentarem desidratação grave devem ser tratados por meio da administração de fluidos endovenosos (plano C),
podendo ser administrados, adicionalmente, antibióticos apropriados para diminuir a duração da diarreia, reduzir o volume de fluidos de
reidratação necessário e encurtar a duração da excreção da bactéria.
Antibióticos que podem ser utilizados em casos de cólera com desidratação grave

245
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

A cólera tem cura?


Sim, a cólera tem cura, desde que o tratamento seja iniciado o mais breve possível e seja feito da forma adequada. Caso o tratamento
não seja feito da forma adequada, a doença pode evoluir para complicações e levar à morte.

Como prevenir a cólera?


A ocorrência da cólera é diretamente relacionada às condições inadequadas de saneamento e sua prevenção se baseia na adoção de
medidas de higiene pessoal e no consumo seguro de água e alimentos:
Lave sempre as mãos com sabão e água limpa principalmente antes de preparar ou ingerir alimentos, após ir ao banheiro, após utili-
zar conduções públicas ou tocar superfícies que possam estar sujas, após tocar em animais, sempre que voltar da rua, antes e depois de
amamentar e trocar fraldas;
Lave e desinfete as superfícies, utensílios e equipamentos usados na preparação de alimentos;
Proteja os alimentos e as áreas da cozinha contra insetos, animais de estimação e outros animais (guarde os alimentos em recipientes
fechados);
Trate a água para consumo (após filtrar, ferver ou colocar duas gotas de solução de hipoclorito de sódio a 2,5% para cada litro de água,
aguardar por 30 minutos antes de usar);
Guarde a água tratada em vasilhas limpas e com tampa, sendo a “boca” estreita para evitar a recontaminação;
Não utilize água de riachos, rios, cacimbas ou poços contaminados para banhar ou beber;
Evite o consumo de alimentos crus ou mal cozidos (principalmente os frutos do mar) e alimentos cujas condições higiênicas, de pre-
paro e acondicionamento, sejam precárias.
Ensaque e mantenha a tampa do lixo sempre fechada; quando não houver coleta de lixo, este deve ser enterrado em local apropriado;
Use sempre o vaso sanitário, mas se não for possível, enterre as fezes sempre longe dos cursos de água.

IMPORTANTE: Existem vacinas para a cólera, mas atualmente a vacinação é indicada apenas para populações de áreas com cólera
endêmica, populações em situação de crise humanitária com alto risco para cólera ou durante surtos de cólera, sempre em conjunto com
outras estratégias de prevenção e controle.

Situação epidemiológica da cólera


A 7ª pandemia de cólera teve início na Indonésia, em 1961, e atingiu o Brasil em 1991 pela fronteira do Amazonas com o Peru. A
epidemia alastrou-se progressivamente pela região Norte e atingiu a região Nordeste no final de 1991. Até o final de 1992, todos os es-
tados do Nordeste foram atingidos, tendo sido registrados, ainda, um caso autóctone no Rio de Janeiro e um no Espírito Santo. Em 1993,
observou-se o avanço da doença para as regiões Sudeste e Sul, sendo registrados casos em Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro,
São Paulo e Paraná. A partir de 1995, houve uma importante diminuição no número de casos de cólera no país. Em 2002 e 2003 não houve
registro de casos; em 2004 foram registrados 21 casos e em 2005, os últimos casos autóctones (5) do país. A partir de 2006, não houve
casos autóctones de cólera no Brasil, tendo sido notificados apenas 3 casos importados, um de Angola (2006), um da República Dominica-
na (2011) e um de Moçambique (2016).

O que é raiva?
A raiva é uma doença infecciosa viral aguda, que acomete mamíferos, inclusive o homem, e caracteriza-se como uma encefalite pro-
gressiva e aguda com letalidade de aproximadamente 100%. É causada pelo Vírus do gênero Lyssavirus, da família Rabhdoviridae.

IMPORTANTE: A raiva é de extrema importância para saúde pública, devido a sua letalidade de aproximadamente 100%, por ser uma
doença passível de eliminação no seu ciclo urbano (transmitido por cão e gato) e pela existência de medidas eficientes de prevenção, como
a vacinação humana e animal, a disponibilização de soro antirrábico humano, a realização de bloqueios de foco, entre outras.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Como a raiva é transmitida? Como é feito o diagnóstico da raiva?


A raiva é transmitida ao homem pela saliva de animais infec- A confirmação laboratorial em vida, ou seja, o diagnóstico dos
tados, principalmente por meio da mordedura, podendo ser trans- casos de raiva humana, pode ser realizada pelo método de imuno-
mitida também pela arranhadura e/ou lambedura desses animais. fluorescência direta, em impressão de córnea, raspado de mucosa
O período de incubação é variável entre as espécies, desde dias lingual ou por biópsia de pele da região cervical (tecido bulbar de
até anos, com uma média de 45 dias no ser humano, podendo ser folículos pilosos).
mais curto em crianças. O período de incubação está relacionado à A sensibilidade dessas provas é limitada e, quando negativas,
localização, extensão e profundidade da mordedura, arranhadura, não se pode excluir a possibilidade de infecção. A realização da au-
lambedura ou tipo de contato com a saliva do animal infectado; da tópsia é de extrema importância para a confirmação diagnóstica.
proximidade da porta de entrada com o cérebro e troncos nervo-
sos; concentração de partículas virais inoculadas e cepa viral. Diagnóstico diferencial
Nos cães e gatos, a eliminação de vírus pela saliva ocorre de 2 a Não existem dificuldades para estabelecer o diagnóstico quan-
5 dias antes do aparecimento dos sinais clínicos e persiste durante do o quadro clínico vier acompanhado de sinais e sintomas caracte-
toda a evolução da doença (período de transmissibilidade). A morte rísticos da raiva, precedidos por mordedura, arranhadura ou lambe-
do animal acontece, em média, entre 5 e 7 dias após a apresenta- dura de mucosas provocadas por animal raivoso ou suspeito. Esse
ção dos sintomas. quadro clínico típico ocorre em cerca de 80% dos pacientes.
Não se sabe ao certo qual o período de transmissibilidade do No caso da raiva humana transmitida por morcegos hemató-
vírus em animais silvestres. Entretanto, sabe-se que os quirópteros fagos, cuja forma é predominantemente paralítica, o diagnóstico é
(morcegos) podem albergar o vírus por longo período, sem sinto- incerto e a suspeita recai em outros agravos que podem ser con-
matologia aparente. fundidos com raiva humana. Nesses casos, o diagnóstico diferencial
deve ser realizado com: tétano; síndrome de Guillain-Barré, pasteu-
Quais são os sintomas da raiva? relose, por mordedura de gato e de cão; infecção por vírus B (Her-
Após o período de incubação, surgem os sinais e sintomas clíni- pesvirus simiae), por mordedura de macaco; botulismo e febre por
cos inespecíficos (pródromos) da raiva, que duram em média de 2 a mordida de rato (Sodóku); febre por arranhadura de gato (linfor-
10 dias. Nesse período, o paciente apresenta: reticulose benigna de inoculação); encefalite pós-vacinal; quadros
-mal-estar geral; psiquiátricos; outras encefalites virais, especialmente as causadas
-pequeno aumento de temperatura; por outros rabdovírus; e tularemia.
-anorexia; Cabe salientar a ocorrência de outras encefalites por arbovírus
-cefaleia; e intoxicações por mercúrio, principalmente na região Amazônica,
-náuseas; apresentando quadro de encefalite compatível com o da raiva. É
-dor de garganta; importante ressaltar que a anamnese do paciente deve ser reali-
-entorpecimento; zada junto ao acompanhante e ser bem documentada, com desta-
-irritabilidade; que para sintomas inespecíficos, antecedentes epidemiológicos e
-inquietude; vacinais. No exame físico, frente à suspeita clínica, observar aten-
-sensação de angústia. tamente o fácies, presença de hiperacusia, hiperosmia, fotofobia,
aerofobia, hidrofobia, relatos de dores na garganta, dificuldade de
Podem ocorrer linfoadenopatia, hiperestesia e parestesia no deglutição, dores nos membros inferiores, e alterações do compor-
trajeto de nervos periféricos, próximos ao local da mordedura, e tamento.
alterações de comportamento.
Como é feito o tratamento da raiva?
Quais são as complicações da raiva? A raiva é uma doença quase sempre fatal, para a qual a melhor
A infecção da raiva progride, surgindo manifestações mais gra- medida de prevenção é a vacinação pré ou pós exposição. Quando
ves e complicadas, como: a profilaxia antirrábica não ocorre e a doença se instala, pode-se
-ansiedade e hiperexcitabilidade crescentes; utilizar um protocolo de tratamento da raiva humana, baseado na
-febre; indução de coma profundo, uso de antivirais e outros medicamen-
-delírios; tos específicos.
-espasmos musculares involuntários, generalizados, e/ou con- Entretanto, é importante salientar que nem todos os pacientes
vulsões. de raiva, mesmo submetido ao protocolo sobrevivem.

Espasmos dos músculos da laringe, faringe e língua ocorrem Profilaxia antirrábica humana
quando o paciente vê ou tenta ingerir líquido, apresentando sialor- O Ministério da Saúde adquire e distribui às Secretarias Esta-
reia intensa (“hidrofobia”). duais de Saúde os imunobiológicos necessários para a profilaxia da
Os espasmos musculares evoluem para um quadro de paralisia, raiva humana no Brasil: vacina antirrábica humana de cultivo celu-
levando a alterações cardiorrespiratórias, retenção urinária e obsti- lar, soro antirrábico humana e imunoglobulina antirrábica humana.
pação intestinal. Observa-se, ainda, a presença de disfagia, aerofo- Atualmente se recomenda duas possíveis medidas de profilaxia an-
bia, hiperacusia e fotofobia. tirrábica humana: a pré-exposição e a pós-exposição, após avalia-
IMPORTANTE: O paciente se mantém consciente, com período ção profissional e se necessário.
de alucinações, até a instalação de quadro comatoso e a evolução
para óbito. O período de evolução do quadro clínico, depois de ins-
talados os sinais e sintomas até o óbito, é, em geral, de 2 a 7 dias.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Profilaxia Pré-Exposição O esquema de profilaxia da raiva humana deve ser prescrito


A profilaxia pré-exposição deve ser indicada para pessoas com pelo médico ou enfermeiro, que avaliará o caso indicando a apli-
risco de exposição permanente ao vírus da raiva, durante atividades cação de vacina e/ou soro. Nos casos de agressão por cães e gatos,
ocupacionais exercidas por profissionais como: quando possível, observar o animal por 10 dias para ver se ele ma-
Médicos Veterinários; biólogos; profissionais de laboratório de nifesta doença ou morre.
virologia e anatomopatologia para raiva; estudantes de Medicina IMPORTANTE: Caso o animal adoeça, desapareça ou morra
Veterinária, zootecnia, biologia, agronomia, agrotécnica e áreas nesse período, informar o serviço de saúde imediatamente.
afins;
Pessoas que atuam na captura, contenção, manejo, coleta de A vacinação anual de cães e gatos é eficaz na prevenção da
amostras, vacinação, pesquisas, investigações ecopidemiológicas, raiva nesses animais, o que consequentemente previne também a
identificação e classificação de mamíferos: os domésticos (cão e raiva humana.
gato) e/ou de produção (bovídeos, equídeos, caprinos, ovinos e su- Deve-se sempre evitar de se aproximar de cães e gatos sem
ínos), animais silvestres de vida livre ou de cativeiro, inclusive fun- donos, não mexer ou tocá-los quando estiverem se alimentando,
cionário de zoológicos; com crias ou mesmo dormindo.
Espeleólogos, guias de ecoturismo, pescadores e outros profis- Nunca tocar em morcegos ou outros animais silvestres direta-
sionais que trabalham em áreas de risco. mente, principalmente quando estiverem caídos no chão ou encon-
Pessoas com risco de exposição ocasional ao vírus, como turis- trados em situações não habituais.
tas que viajam para áreas de raiva não controlada, devem ser ava-
liados individualmente, podendo receber a profilaxia pré-exposição Raiva Humana
dependendo do risco a que estarão expostos durante a viagem. A raiva humana é uma doença viral aguda, progressiva e mor-
A profilaxia pré-exposição apresenta as seguintes vantagens: tal, de notificação compulsória, individual e imediata aos serviços
Simplifica a terapia pós-exposição, eliminando a necessidade de vigilância sanitária municipal, estadual e federal.
de imunização passiva (soro ou imunoglobulina), e diminui o núme- A raiva é uma antropozoonose causada por um RNA-vírus da
ro de doses da vacina; e família Rhabidoviridae (RABV), gênero Lyssavirus. Com o aspecto
Desencadeia resposta imune secundária mais rápida (booster), aproximado de uma bala de revólver, ele é transmitido para os hu-
quando iniciada a pós-exposição. manos pelo contato direto com a saliva de um mamífero infectado,
Em caso de título insatisfatório, aplicar uma dose de reforço e seja através de mordidas ou penetrando por feridas abertas, seja
reavaliar a partir do 14º dia após o reforço. através de lambidas na lesão ou em mucosas, como a da boca, por
exemplo, que são permeáveis a esse tipo de germe.
Profilaxia Pós-Exposição O Lyssavirus tem predileção pelas células do sistema nervoso.
Em caso de possível exposição ao vírus da raiva, é imprescindí- Assim que é inoculado através de uma lesão na pele, ele se multipli-
vel a limpeza do ferimento com água corrente abundante e sabão ca, invade os nervos periféricos e, movendo-se lentamente – cerca
ou outro detergente, pois essa conduta diminui, comprovadamen- de 1 cm por dia -, propaga-se pelos neurotransmissores, alcança o
te, o risco de infecção. É preciso que seja realizada o mais rápido cérebro (fase centrípeta) e provoca um quadro grave de encefalite.
possível após a agressão e repetida na unidade de saúde, indepen- Dali, ele se espalha por vários órgãos do corpo (fase centrífuga),
dentemente do tempo transcorrido. mas é nas glândulas salivares que torna a multiplicar-se e é excreta-
A limpeza deve ser cuidadosa, visando eliminar as sujidades do pela saliva do animal doente.
sem agravar o ferimento, e, em seguida, devem ser utilizados an- A raiva humana é uma doença viral aguda, progressiva e mor-
tissépticos como o polivinilpirrolidona-iodo, povidine e digluconato
tal, de notificação compulsória, individual e imediata aos serviços
de clorexidina ou álcool-iodado.
de vigilância sanitária municipal, estadual e federal. Conhecida
Essas substâncias deverão ser utilizadas somente na primeira
desde a Antiguidade, antes de a vacina ser descoberta por Louis
consulta. Nas seguintes, devem-se realizar cuidados gerais orienta-
Pasteur, no final do século 19, representava sentença de morte em
dos pelo profissional de saúde, de acordo com a avaliação da lesão.
praticamente 100% dos casos.
Deve-se fazer anamnese completa, utilizando-se a Ficha de
O vírus da raiva está difundido em todos os continentes, exce-
Atendimento Antirrábico Humano (Sinan), visando à indicação cor-
ção feita à Austrália e Oceania. Alguns países da América, da Euro-
reta da profilaxia da raiva humana.
pa, o Japão a Austrália e outras ilhas do Pacífico conseguiram erra-
As exposições (mordeduras, arranhaduras, lambeduras e con-
tatos indiretos) devem ser avaliadas pela equipe médica de acordo dicar a forma urbana da doença.
com as características do ferimento e do animal envolvido para fins No entanto, a transmissão por animais silvestres, especialmen-
de indicação de conduta de esquema profilático, conforme esque- te pelo morcego da espécie Desmodus Rotundus, continua sendo
ma de profilaxia da raiva humana com vacina de cultivo celular. um desafio que ainda precisa ser vencido.
Hidrofobia, palavra de origem grega que significa pavor, aver-
IMPORTANTE: É é importante salientar que nem todos os pa- são pela água, é outro nome pelo qual a enfermidade é conhecida.
cientes de raiva, mesmo submetido ao protocolo, sobrevivem. Na realidade, a hidrofobia é apenas um dos sintomas da doença,
que aparece quando ela já se tornou avançada.
Como prevenir a raiva? Qualquer mamífero, doméstico ou não – o homem inclusive –
No caso de agressão por parte de algum animal, a assistência pode ser infectado pelo vírus da raiva, que não penetra em pele
médica deve ser procurada o mais rápido possível. Quanto ao feri- íntegra, somente através de ferimentos abertos ou das mucosas. A
mento, deve-se lavar abundantemente com água e sabão e aplicar transmissão pode ocorrer antes mesmo de surgirem os primeiros
produto antisséptico. sintomas da doença.
Embora o vírus esteja presente na urina, fezes e sangue dos
animais infectados, não costuma oferecer risco maior de transmis-
são, porque não consegue sobreviver por muito tempo fora do or-
ganismo do hospedeiro.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Exceção feita aos mamíferos, não há notícia de que outra classe A transferência fundo a fundo na forma de incentivo visa a
de animais possa transmitir o vírus da raiva. Na maior parte dos ca- sustentabilidade financeira e de estímulo ao desenvolvimento de
sos, cães e morcegos são os animais que mais transmitem a doença ações de controle de HIV/aids que estão basicamente relacionados
pela saliva carregada de vírus. à própria sustentabilidade da Política Nacional de DST e aids, à ne-
Entretanto, embora bastante raros, há casos de transmissão cessidade de expansão e à continuidade da capacitação de estados
inter-humana pelo transplante de tecidos ou de órgãos infectados e municípios no enfrentamento da epidemia, com ações adequa-
(especialmente pelo transplante de córnea), e casos de transmissão das, eficazes e eficientes, de modo que se possa alcançar com su-
por via respiratória, quando uma pessoa não vacinada inala o ar cesso o seu controle.
carregado de vírus em cavernas infestadas de morcegos, por exem- DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS E AIDS
plo. São chamadas de doenças sexualmente transmissíveis (DST)
É considerada remota a possibilidade de que o vírus da raiva aquelas causadas por vírus, bactérias ou micróbios e que são trans-
possa ser transmitido por via sexual, da mãe para o feto durante a mitidas, principalmente, nas relações sexuais.
gestação ou digestiva. Muita gente chama de doenças venéreas, doenças da rua, do-
enças do mundo.
Programa Nacional de DST/aids São exemplos de doenças sexualmente transmissíveis: gonor-
Aaids foi identificada no Brasil, pela primeira vez, em 1980 e reia, sífilis, hepatite B, Aids, entre outras.
apresentou um crescimento na incidência até 1998, quando foram Ter relação sexual faz parte da vida das pessoas. Cada pessoa
registrados 25.732 casos novos, com um coeficiente de incidência deve poder escolher com quem e como quer ter uma relação sexu-
de 15,9 casos/100.000 hab. A partir de então verificou-se uma de- al. Em qualquer relação sexual é possível pegar ou passar uma DST.
saceleração nas taxas de incidência de aids no país. Atualmente, Infelizmente muitas pessoas não sabem o que são as DST. Outras
verifica-se uma tendência de heterossexualização, feminização, en- sabem, mas não tomam cuidado para se proteger dessas doenças.
velhecimento e pauperização da epidemia, aproximando-a cada vez
mais do perfil socioeconômico do brasileiro médio. Desde o início Como saber se uma pessoa está com uma DST?
da década de 1980 até setembro de 2003, o Ministério da Saúde no- Existem vários sinais (aquilo que a pessoa vê) e sintomas (aqui-
tificou 277.154 casos de aids no Brasil. Desse total, 197.340 foram lo que a pessoa sente e manifesta) que levam as pessoas a suspeita-
verificados em homens e 79.814 em mulheres. No ano de 2003, rem que estejam com uma DST. Mas somente o médico pode fazer
foram notificados 5.762 novos casos da epidemia e, desses, 3.693 o diagnóstico e indicar o tratamento, embora você e outros mem-
foram verificados em homens e 2.069 em mulheres, o que com- bros da equipe possam participar desse processo.
prova o maior crescimento da aids entre o sexo feminino. Outro Alguns sinais de DST:
dado não menos preocupante é a crescente incidência da aids na - Feridas nos órgãos genitais masculinos e femininos;
faixa etária de 13 a 19 anos, em adolescentes do sexo feminino. - Corrimentos na mulher e no homem o “pinga-pinga”;
Quanto às principais categorias de transmissão entre os homens, as - Verrugas.
relações sexuais respondem por 58% dos casos de aids, com maior - Alguns sintomas de DST:
prevalência nas relações heterossexuais, que é de 24%. - Ardência ao urinar;
- Coceira nos órgãos genitais;
- Dor ou mal-estar nas relações sexuais.
Entre as mulheres, a transmissão do HIV também se dá predo-
minantemente pela via sexual (86,7%). As demais formas de trans-
Quanto mais cedo for iniciado e não houver interrupção do tra-
missão, em ambos os sexos, de menor peso na epidemia, são: trans-
tamento, maiores serão as chances de cura.
fusão, transmissão materno-infantil ou ignoradas pelos pacientes.
As principais situações que aumentam o risco de se pegar uma
No Brasil, a aids foi identificada, pela primeira vez, em 1980. Na
DST são:
década de 90, a situação epidemiológica da doença mudou. A trans-
- Pessoas que têm relações sexuais sem usar camisinha;
missão se tornou basicamente heterossexual, com participação
- Pessoas cujo companheiro ou companheira tem relação sexu-
significativa das mulheres, com transmissão materno-infantil. Nos
al com outras pessoas sem usar camisinha;
últimos anos, verificou-se também uma interiorização da epidemia, - Pessoas que usam drogas injetáveis, compartilhando agulhas
com o crescimento da doença em municípios pequenos, além de e seringas, isto é, duas ou mais pessoas usando as mesmas agulhas
sua pauperização. A doença que antes ocorria em camadas sociais e seringas.
de maior instrução, agora atinge as de menor escolaridade.
A missão do Programa Nacional de DST e aids (PN-DST/aids) é Aids
reduzir a incidência do HIV/aids e melhorar a qualidade de vida das É uma DST causada por um vírus chamado HIV. Ele age des-
pessoas vivendo com HIV/aids. Para isso, foram definidas diretrizes truindo as células que fazem a defesa do corpo contra as doenças –
de melhoria da qualidade dos serviços públicos oferecidos às pes- os glóbulos brancos. Ao se contaminar, a pessoa pode não apresen-
soas portadoras de aids e outras DST; de redução da transmissão tar, pelo menos por algum tempo, nenhum sinal ou sintoma. Nesse
vertical do HIV e da sífilis; de aumento da cobertura do diagnóstico caso ela é chamada de portadora do HIV ou soropositiva para HIV.
e do tratamento das DST e da infecção pelo HIV; de aumento da Quando a pessoa soropositiva para HIV começa a apresentar
cobertura das ações de prevenção em mulheres e populações com sintomas, então se diz que ela tem Aids.
maior vulnerabilidade; da redução do estigma e da discriminação; e Qualquer pessoa pode pegar o HIV: homem ou mulher (homo,
da melhoria da gestão e da sustentabilidade. Para fomentar a des- bi ou heterossexual); gente casada ou solteira; criança, moço ou
centralização das ações foi instituída uma política de incentivo com idoso; rico ou pobre. E tanto faz se a pessoa mora na cidade ou no
a definição de um conjunto de municípios que deveriam receber campo.
recursos extras para o desenvolvimento de ações de prevenção e Transmissão: o HIV passa de uma pessoa infectada para outra
controle ao HIV/ aids e outras DST, com base em critérios epidemio- por meio de quatro líquidos produzidos pelo nosso corpo. Esses lí-
lógicos, capacidade instalada e capacidade gestora das Secretarias quidos são:
de Saúde. - Sangue;

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

- Esperma; - Explicar que o tratamento é feito com uma combinação de re-


- Líquido da vagina; médios, chamados antirretrovirais. Esses remédios não curam, mas
- Leite do peito da mãe infectada para o bebê. diminuem a quantidade de vírus HIV no corpo;
- Informar que o tratamento pode ser feito em casa. O hospital
O vírus do HIV se transmite, principalmente, por meio das rela- só é indicado quando a pessoa precisa de tratamento especializado,
ções sexuais, sem proteção, por camisinha, por isso a Aids também por estar muito doente.
é uma doença sexualmente transmissível.
Pense e reflita...
Como podemos nos proteger das DST e do HIV? As pessoas com Aids precisam de dois tipos de tratamento:
A melhor forma de proteção contra o HIV é a prevenção, que se - O que é feito com remédios para conter a doença;
faz evitando as situações ou comportamentos de risco. - O que é feito de carinho, amor e ajuda da família, dos profis-
sionais de saúde, entre eles, de você e dos amigos.
Orientações para prevenir as DST e HIV:
- Ter relações seguras, ou seja, usar sempre e corretamente a Seu papel como ACS:
camisinha, em qualquer tipo de relação sexual, entre pessoas de - A primeira coisa que você precisa fazer é esclarecer suas dúvi-
sexo diferente ou do mesmo sexo; das a respeito da doença para orientar melhor o portador de HIV ou
- Não compartilhar agulhas e seringas; um doente Aids, sua família e as pessoas de sua comunidade sem
- Procurar um serviço de saúde, o mais rapidamente, em caso medo e sem preconceito;
de suspeita de DST. - Prestar informações de forma clara sobre como o serviço de
saúde está organizado para atendimento ao usuário;
Qual é a orientação que deve ser dada por você para uma pes- - Ser um educador em saúde, orientando como as pessoas po-
soa que está com DST/Aids? dem se proteger e que, apesar de a Aids não ter cura, é possível
Pessoas com DST: viver com qualidade;
- Não se automedicar; - Lembrar que a solidariedade com quem está doente é a me-
- Não interromper o tratamento prescrito pelo médico; lhor arma na luta contra a doença.
- Se não for possível evitar as relações sexuais, utilizar a cami-
sinha; Causa
- Procurar conversar com o(a) companheiro(a) ou parceiro(a) Vários tipos de agentes infecciosos (vírus, fungos, bactérias e
sexual sobre a situação e levá-lo(a) até uma UBS. parasitas) estão envolvidos na contaminação por DST, gerando di-
ferentes manifestações, como feridas, corrimentos, bolhas ou ver-
Portador do vírus HIV: rugas.
- Orientar que os soropositivos podem viver normalmente, Bactérias Cancro mole (Haemophilus ducreyi)
mantendo as mesmas atividades físicas, profissionais e sociais de Clamídia (Chlamydia trachomatis’)
antes do diagnóstico, contanto que sejam seguidas as recomenda- Granuloma inguinal (Dovania granulamatis)
ções da equipe de saúde; Gonorreia (Neisseria gonorrhoeae)
- O preservativo deve ser usado em todas as relações sexuais, Sífilis (Treponema pallidum)
mesmo naquelas onde ambos os parceiros estejam infectados, pois Vaginose Bacteriana (Gardnerella vaginalis)
existe mais de um tipo de vírus do HIV e durante a relação sem Vírus Hepatite
preservativo ocorre a contaminação por outros vírus, dificultando Herpes simples
o tratamento pela resistência que pode ser adquirida aos medica- HIV ou Aids
mentos; HPV
- Não se devem compartilhar agulhas e seringas nem mesmo Molusco contagioso
com outras pessoas sabidamente infectadas pelos motivos já cita- Parasitas Piolho-da-púbis
dos; Protozoários Tricomoníase (Trichomonas vaginalis)
- Não doar sangue;
- Comparecer regularmente à UBS para avaliação; Prevenção
- Orientar a família e comunidade que a convivência com uma Preservativo: O preservativo, mais conhecido como camisinha
pessoa portadora do HIV deve ser tranquila. Beijos, abraços, de- é um dos métodos mais seguros contra as DSTs. Sua matéria pri-
monstrações de amor e afeto e compartilhar o mesmo espaço físico ma é o latex. Antes de chegar nas lojas, é submetido à vários tes-
são atitudes a serem incentivadas e que não oferem risco; tes de qualidade. Apesar de ser o método mais eficiente contra a
- Quanto mais respeito e afeto receber o portador que vive com transmissão do vírus HIV (causador da epidemia da SIDA), o uso de
HIV/Aids, melhor será a resposta ao tratamento; preservativo não é aceito pela Igreja Católica Romana, pelas Igrejas
- O convívio social é muito importante para o aumento da au- Ortodoxas e pelos praticantes doHinduísmo. O principal argumento
toestima. Consequentemente, faz com que essas pessoas cuidem utilizado pelas religiões para sua recusa é que um comportamen-
melhor da saúde; to sexual avesso à promiscuidade e à infidelidade conjugal bastaria
- Estimular para que tenha hábitos saudáveis. Se necessitar de para a protecção contra DSTs.
orientações nutricionais, orientar para procurar a UBS. Vacina: Alguns tipos de HPV, a Hepatite A e B podem ser preve-
nidas através da vacina.
Doente de Aids
Além das mesmas orientações dadas à pessoa portadora do Abstinência sexual: A abstinência sexual consiste em evitar re-
vírus HIV: lações sexuais de qualquer espécie. Possui forte ligação com a re-
- Estimular a adesão ao tratamento e o uso correto dos medi- ligião.
camentos;

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Tratamento ca, atuar como capacitador e gerador de normas técnicas, com vis-
Algumas DST’s são de fácil tratamento e de rápida resolução tas a um processo de descentralização das atividades de prevenção,
quando tratadas corretamente, contudo outras são de tratamento vigilância e assistência no Estado de São Paulo.
difícil ou permanecem latentes, apesar da falsa sensação de melho- Além de capacitação e monitorização técnica, o CRT-A teve,
ra. As mulheres representam um grupo que deve receber especial neste período, um importante papel na implementação de alter-
atenção, uma vez que em diferentes casos de DST os sintomas le- nativas assistenciais, como hospital-dia e assistência domiciliar te-
vam tempo para tornarem-se perceptíveis ou confundem-se com as rapêutica. Em 1993, ocorre a junção dos programas de aids e DST
reações orgânicas comuns de seu organismo. Isso exige da mulher, e a transformação do CRT em Centro de Referência e Treinamento
em especial aquelas com vida sexual ativa, independente da idade, em DST/Aids (CRT-DST/Aids). Em 1995, o CRT-DST/Aids retoma seu
consultas periódicas ao serviço de saúde. Certas DST, quando não papel de instância de Coordenação do Programa Estadual de DST/
diagnosticadas e tratadas a tempo, podem evoluir para complica- Aids, o que delimitou com maior precisão a função estratégica da
ções graves como infertilidade, infecções neonatais, malformações instituição, como referência técnica e como sede da Coordenação
congênitas, aborto, câncer e a morte. Num caso, a primeira reco- do Programa Estadual de DST/Aids. Em 1996 o CRT-DST/Aids passa a
mendação é procurar um médico, que fará diagnóstico para que ser vinculado à Coordenação dos Institutos de Pesquisa (CIP), órgão
seja preparado um tratamento. Também há o controle de cura, ou então responsável pela definição das políticas de saúde pública no
seja, uma reavaliação clínica. A automedicação é altamente perigo- âmbito da Secretaria de Estado da Saúde-SP.
sa, pois pode até fazer com que a doença seja camuflada. Com a mudança de estrutura ocorrida na Secretaria de Estado
da Saúde em 2005, a Coordenação dos Institutos de Pesquisa pas-
Epidemiologia: Incidência de DST’s (exceto AIDS) por idade a sou a chamar-se Coordenadoria de Controle de Doenças. A Coor-
cada 100 mil habitantes em 2004. As taxas de incidência de doen- denação do Programa Estadual de DST/Aids, apoiada na estrutura
ças sexualmente transmissíveis continuam a altos níveis em todo do CRTDST/Aids, é responsável pela implementação, articulação,
o mundo, apesar dos avanços de diagnosticação e tratamento. Em supervisão e monitoramento das políticas e estratégias relativas às
muitas culturas, especialmente para as mulheres houve a elimina- DST/Aids, nas áreas de Prevenção, Assistência, Vigilância Epidemio-
ção de restrições sexuais através da mudança na moral e o uso de
lógica, em todo o Estado de São Paulo.
contraceptivos, e tanto médicos e pacientes acabam tendo dificul-
O PE-DST/Aids adota como referências éticas e políticas a luta
dade em lidar de forma aberta e francamente com essas questões.
pelos direitos de cidadania dos afetados e contra o estigma e a dis-
Além disso, o desenvolvimento e a disseminação de bactérias re-
criminação, a garantia do acesso universal à assistência gratuita, in-
sistentes aos antibióticos fazem que certas doenças sejam cada vez
cluindo medicamentos específicos, e o direito de acesso aos meios
mais difíceis de serem curadas.
adequados de prevenção. O PE-DST/Aids atua de forma coordenada
Em 1996, a OMS estimou que mais de um milhão de pessoas
com outros setores governamentais, como Justiça, Educação e Pro-
estavam sendo infectadas diariamente, e cerca de 60% dessas infec-
moção Social, e em estreita colaboração com as ONGs que atuam
ções em jovens menores de 25 anos de idade, e cerca desses jovens
nesta área.
30% são menores de 20 anos. Entre as idades de 14 a 19 anos, as
doenças ocorrem mais em mulheres em uma proporção quase do- O Estado de São Paulo é dividido em 28 Grupos de Vigilância
brada. Estima-se que cerca de 340 milhões de novos casos de sífilis, Epidemiológica (GVE) que, por sua vez, contam com um interlocu-
gonorreia, clamídia, tricomoníase ocorreram em todo o planeta em tor do PE-DST/Aids, responsáveis pela implementação das ações
1999. A Aids é a maior causa da mortalidade na África Subsaariana, nos níveis regionais e locais.
sendo que em cinco mortes uma é por causa da doença. Por causa A estrutura e a missão do CRT DST/Aids permitem prover aten-
da situação, o governo do Quênia pediu que a população deixasse dimento, criar e validar procedimentos preventivos e modelos de
de fazer sexo por dois anos. No Brasil, desde o primeiro caso até ju- assistência, avaliar e levar adiante pesquisas clínicas e oferecer trei-
nho de 2011 foram registrados mais de seisentos mil casos da doen- namentos com maior legitimidade diante dos profissionais e insti-
ça. Entre 2000 e 2010, a incidência caiu na Região Sudeste, enquan- tuições do Estado.
to nas outras regiões aumentou. A mortalidade também diminuiu. Este modelo organizacional é único no Brasil e na América Lati-
As cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e Porto Alegre são na e tem sido umA estrutura e a missão do CRTDST/Aids permitem
as que possuem o maior número dos portadores da doença. Em prover atendimento, criar e validar procedimentos preventivos e
contrapartida, o país é um dos que mais se destacam no combate, modelos de assistência, avaliar e levar adiante pesquisas clínicas e
além de ser o líder em distribuição gratuita do Coquetel anti-HIV. oferecer treinamentos com maior legitimidade diante dos profissio-
nais e instituições do Estado. Este modelo organizacional é único no
O modelo de Política Pública para DST/Aids do Estado de São Brasil e na América Latina e tem sido um dos fatores para os êxitos
Paulo. O Programa Estadual de DST/Aids (PE-DST/Aids) foi criado obtidos pelo Programa Estadual DST/Aids, nos últimos anos.
em 1983, com quatro objetivos básicos: vigilância epidemiológica,
esclarecimento à população para evitar o pânico e discriminação MANUAL DO MINISTÉRIO DA SAÚDE - CONTROLE DE DOEN-
dos grupos considerados vulneráveis na época, garantia de atendi- ÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS AIDS E ENFERMAGEM OBS-
mento aos casos verificados e orientação aos profissionais de saú- TÉTRICA, HEIMAR DE FÁTIMA, MIRIAN SANTOS PAIVA, SÔNIA MA-
de. No primeiro momento, a Divisão de Hanseníase e Dermatologia RIA O. DE BARROS – EPU
Sanitária, órgão do Instituto de Saúde da SES/SP, sediou o Programa
e a organização inicial do que seria posteriormente o serviço de re- HIV/Aids
ferência. A emergência da aids no mundo, em 1981, foi um fato que mar-
O Instituto de Infectologia Emílio Ribas (IIER) e o Instituto Adol- cou a história da saúde globalmente, devido à sua elevada letali-
fo Lutz (IAL) foram designados, respectivamente, como retaguardas dade, rápida disseminação, produção de epidemias de magnitude
hospitalar e laboratorial. Em 1988, foi criado o Centro de Referência crescente. No Brasil, os primeiros casos foram detectados logo após
e Treinamento em Aids (CRT-A), vinculado ao gabinete do Secretário a identificação desta doença e até 1990 já haviam sido diagnostica-
da Saúde. Tinha como metas prioritárias, além da referência técni- dos 24.514 casos, a grande maioria em indivíduos residentes nos

251
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

grandes centros urbanos. Nos anos seguintes, a prevalência conti- Causas


nuou aumentando e a aids se expandiu para o interior do país, de Os cientistas acreditam que um vírus similar ao HIV ocorreu
modo que, entre 1991 e 2000, foram registrados 226.456 casos no- pela primeira vez em algumas populações de chimpanzés e ma-
vos. Embora o número de casos na década seguinte tenha aumen- cacos na África, onde eram caçados para servirem de alimento. O
tado, observou-se que a epidemia se estabilizou, sendo confirma- contato com o sangue do macaco infectado durante o abate ou no
dos em média 34.807 casos novos a cada ano. Entre 2007 e 2016, processo de cozinhá-lo pode ter permitido ao vírus entrar em con-
houve pouca variação no número de casos, em torno de 32.321, tato com os seres humanos e se tornar o HIV.
de modo que a taxa de detecção de Aids tem sido em média de O HIV é transmitido principalmente por relações sexuais (vagi-
20,7/100.000 habitantes. nais, anais ou orais) desprotegidas, isto é, sem o uso do preserva-
tivo, e compartilhamento de seringas e agulhas contaminadas com
O acesso universal e gratuito aos medicamentos antirretro- sangue, o que é frequente entre usuários de drogas ilícitas - que
virais (TARV) passou a ser garantido pelo SUS em 1996, uma das também podem contrair mais doenças, como hepatites. Outras vias
iniciativas que impactou sobremaneira o comportamento da epi- de transmissão são por transfusão de sangue, porém é muito raro,
demia de HIV/Aids, principalmente, no que se refere ao aumento uma vez que a testagem do banco de sangue é eficiente, e a verti-
de sobrevida; redução da transmissão vertical, letalidade e taxa de cal, que é a transmissão do vírus da mãe para o filho na gestação,
mortalidade por esta grave doença. Só entre 1997 e 2003, foram amamentação e principalmente no momento do parto, o que pode
ser prevenido com o tratamento adequado da gestante e do recém-
evitadas cerca de 6.000 casos de transmissão vertical. Em 2003, já
-nascido.
haviam 150 mil pacientes em tratamento e o Programa Brasileiro de
A infecção pelo HIV evolui para Aids quando a pessoa não é
DST/Aids é reconhecido como um dos melhores do mundo sendo
tratada e sua imunidade vai diminuindo ao longo do tempo, pois,
premiado pela Fundação Bill & Melinda Gates. O MS estimou que
mesmo sem sintomas, o HIV continua se multiplicando e atacando
em 2015 haviam aproximadamente 827 mil pessoas vivendo com as células de defesa, principalmente os linfócitos TCD4+. Por defi-
HIV no país, destes 82% tinham realizado pelo menos um teste de nição, a pessoas que tem aids apresentam contagem de linfócitos
carga viral ou contagem de linfócitos T CD4 ou tinham pelo menos TCD4+ menor que 200 células/mm3 ou têm doença definidora de
uma receita de antirretroviral dispensada e 55% do total (454.850) aids, como neurotoxoplasmose, pneumocistose, tuberculose extra-
estão utilizando a terapia antirretroviral. Além do tratamento, este pulmonar etc. O tratamento antirretroviral visa impedir a progres-
programa está estruturado para desenvolver ações de vigilância e são da doença para aids.
controle que englobam notificação universal dos casos de aids, de
gestantes soropositivas e de crianças expostas ao HIV; vigilância so- Quanto tempo demora para os sintomas da Aids se manifes-
rológica em populações-sentinela (clínicas de DST e parturientes); tarem?
inquéritos sorológicos e comportamentais em populações específi- Uma pessoa pode estar infectada pelo HIV, sendo soropositiva,
cas; mantém uma rede de centros de testagem e aconselhamento e não necessariamente apresentar comprometimento do sistema
(CTA), dentre outras. imune com depleção dos linfócitos T, podendo viver por anos sem
manifestar sintomas ou desenvolver a AIDS. Existe também o perí-
DST/AIDS odo chamado de janela imunológica, que é o período entre o con-
Aids (sigla para acquired immunodeficiency syndrome - síndro- tágio e o início de produção dos anticorpos pelo organismo. Nesse
me da imunodeficiência adquirida, em português) é uma doença período, não há detecção de positividade nos testes, pois ainda não
crônica causada pelo vírus HIV, que danifica o sistema imunológico há anticorpos, e pode variar de 30-60 dias. Embora nesse período a
e interfere na habilidade do organismo lutar contra outras infecções pessoa não seja identificada como portadora do HIV, ela já é trans-
(tuberculose, pneumocistose, neurotoxoplasmose, entre outras). A missora.
Aids também facilita a ocorrência de alguns tipos de câncer, como
sarcoma de Kaposi e linfoma, além de provocar perda de peso e Sintomas de AIDS
diarreia. Apesar de ainda não existir cura para a doença, atualmen- Os primeiros sintomas de HIV observáveis para Aids são:
te há tratamentos retrovirais capazes de aumentar a expectativa de -Fraqueza
vida dos soropositivos. -Febre
-Emagrecimento
-Diarreia prolongada sem causa aparente.
O que é HIV?
HIV é a sigla em inglês do vírus da imunodeficiência humana
Nas crianças que nascem infectadas, os efeitos mais comuns
(human immunodeficiency virus), que é o causador da aids. O HIV
são:
é uma infecção sexualmente transmissível, que também pode ser -Problemas nos pulmões
contraída pelo contato com o sangue infectado e de forma vertical, -Diarreia
ou seja, a mulher que é portadora do vírus HIV o transmite para o -Dificuldades no desenvolvimento.
filho durante a gravidez, parto ou amamentação.
No Brasil, de acordo com o Programa Conjunto das Nações Uni- Fase sintomática inicial da Aids:
das sobre HIV/Aids (UNAIDS), a incidência do HIV em pessoas de 15 -Candidíase oral
a 49 anos é de 0,6%, segundo atualização em 2013. De acordo com -Sensação constante de cansaço
o mesmo relatório, o Brasil apresenta uma incidência maior que os -aparecimento de gânglios nas axilas, virilhas e pescoço
seus vizinhos Bolívia e Chile, ambos com 0,3%, Paraguai e Peru, com -Diarreia
0,4% e Colômbia, 0,5%, por exemplo. No Haiti a taxa é de 2%, mas -Febre
os números são muito mais altos em países africanos como Zimbá- -Fraqueza orgânica
bue (15%), Moçambique (10,8%), Malavi (10,3%), Uganda (7,4%) e -Transpirações noturnas
Angola (2,4%). No Canadá e na Itália a incidência de infecção pelo -Perda de peso superior a 10%.
vírus é de 0,3%.

252
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Infecção aguda da Aids: mas de saúde de maior frequência e relevância das populações. É o
• Febre contato preferencial dos usuários com o sistema de saúde. Orien-
• Afecções dos gânglios linfáticos ta-se pelos princípios da universalidade, acessibilidade (ao siste-
• faringite ma), continuidade, integralidade, responsabilização, humanização,
• dores musculares e nas articulações vínculo, equidade e participação social. A Atenção primária deve
• ínguas e manchas na pele que desaparecem após alguns dias considerar o sujeito em sua singularidade, complexidade, integra-
• Feridas na área da boca, esôfago e órgãos genitais lidade e inserção sociocultural, e buscar a promoção de sua saúde,
• Falta de apetite a prevenção e tratamento das doenças e a redução dos danos ou
• Estado de prostração sofrimentos que possam estar comprometendo suas possibilidades
• Dor de cabeça de viver de modo saudável.
• Sensibilidade à luz Para Star eld (2002, p. 28)
• Perda de peso A Atenção Primária é aquele nível de um sistema de serviços
• Náuseas e vômitos. de saúde que oferece a entrada no sistema para todas as novas
necessidades e problemas, fornece atenção sobre a pessoa (não
direcionada para a enfermidade) no decorrer do tempo, fornece
Os sintomas que pessoas com aids podem apresentar incluem: atenção para todas as condições, exceto as muito incomuns e raras,
• Emagrecimento não intencional e coordena ou integra a atenção fornecida em outro lugar ou por
• Fadiga terceiros.
• Aumento dos linfonodos, ou ínguas
• Sudorese noturna As funções
• Calafrios
• Febre superior a 38ºC durante várias semanas
A Atenção Primária à Saúde deve cumprir três funções espe-
• Diarreia crônica
ciais (MENDES, 2002):
• Manchas brancas ou lesões incomuns na língua ou boca
• Resolução: visa resolver a grande maioria dos problemas de
• Dores de cabeça
• Fadiga persistente e inexplicável saúde da população;
• Visão turva e/ou distorcida • Organização: visa organizar osuxos e os contra uxos dos usu-
• Erupções cutâneas e/ou inchaços. ários pelos diversos pontos de atenção à saúde, no sistema de ser-
viços de saúde;
Estes sintomas podem ser agravados sem o tratamento ade- • Responsabilização: visa responsabilizar-se pela saúde dos
quado, além de que, o paciente vivendo com HIV/Aids pode apre- usuários em quaisquer pontos de atenção à saúde em que estejam.
sentar outros sinais mais graves dependendo da doença oportunis-
ta que desenvolver. Os princípios

A Atenção Primária à Saúde (APS) deve ser orientada pelos


seguintes princípios (STARFIELD, 2002): primeiro contato; longitu-
dinalidade; integralidade; coordenação; abordagem familiar; enfo-
FARMACOLOGIA APLICADA À ENFERMAGEM que comunitário.

Prezado Candidato, o tema acima supracitado, já foi abordado em Primeiro contato


tópicos anteriores.
Para Star eld (2002), a APS deve ser a porta de entrada, ou
seja, o ponto de entrada de fácil acesso ao usuário para o sistema
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE de serviços de saúde.
O acesso foi de nido por Millman (1993) como “o uso oportuno
de serviços de saúde para alcançar os melhores resultados possí-
Prezado Candidato, o tema acima supracitado, já foi abordado em veis em saúde”.
tópicos anteriores. A acessibilidade possibilita que os cidadãos cheguem aos ser-
viços, ou seja, é o elemento estrutural necessário para a primei-
ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE ra atenção. Portanto, o local de atendimento deve ser facilmente
acessível e disponível para não postergar e afetar adversamente o
diagnóstico e manejo do problema de saúde.
Para Donabedian (1973), o acesso pode ser classificado em
O conceito de Atenção Primária
sócio-organizacional e geográfico. O primeiro diz respeito aos re-
O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS, 2004, cursos que facilitam ou atrapalham (barreiras) os esforços dos ci-
p. 7) de ne [...] a Atenção Primária é um conjunto de intervenções dadãos de chegarem ao atendimento. O segundo envolve as ca-
de saúde no âmbito individual e coletivo que envolve: promoção, racterísticas relacionadas à distância e ao tempo necessário para
prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação. É desenvolvida alcançar e obter os serviços.
por meio do exercício de práticas gerenciais e sanitárias, democrá- A acessibilidade pode ser analisada através da disponibilidade,
ticas e participativas, sob a forma de trabalho em equipe, dirigidas comodidade e aceitabilidade do serviço pelos usuários:
a populações de territórios (território processo) bem delimitadas, • a disponibilidade diz respeito à obtenção da atenção neces-
das quais assumem responsabilidade. Utiliza tecnologias de eleva- sária ao usuário e sua família, tanto nas situações de urgência/
da complexidade e baixa densidade, que devem resolver os proble- emergência quanto de eletividade.

253
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

• a comodidade está relacionada ao tempo de espera para o A essência da coordenação é a disponibilidade de informação a
atendimento, a conveniência de horários, a forma de agendamen- respeito dos problemas de saúde e dos serviços prestados. Os pron-
to, a facilidade de contato com os profissionais, o conforto dos am- tuários clínicos eletrônicos e os sistemas informatizados podem
bientes para atendimento, entre outros. contribuir para a coordenação da atenção, quando possibilitam o
• a aceitabilidade está relacionada à satisfação dos usuários compartilhamento de informações referentes ao atendimento dos
quanto à localização e à aparência do serviço, a aceitação dos usu- usuários nos diversos pontos de atenção, entre os profissionais da
ários quanto ao tipo de atendimento prestado e, também, a aceita- APS e especialistas.
ção dos usuários quanto aos profissionais responsáveis pelo aten-
dimento. A centralização na família
O acesso à atenção é importante na redução da morbidade e
mortalidade. Evidências demonstram que o primeiro contato, pelos Remete ao conhecimento, pela equipe de saúde, dos membros
profissionais da APS, leva a uma atenção mais apropriada e melhor da família e dos seus problemas de saúde.
resultados de saúde e custos totais mais baixos. Na história da humanidade, as organizações familiares vêm se
diferenciando por meio dos tempos (dependendo do contexto so-
A longitudinalidade cioeconômico, dos valores, dos aspectos culturais e religiosos da
sociedade, em que se encontram inseridos) fazendo com que haja
A longitudinalidade deriva da palavra longitudinal e é de nida mudanças no conceito, na estrutura e na composição das famílias.
como “lidar com o crescimento e as mudanças de indivíduos ou No Brasil, atualmente, tem-se adotado um conceito ampliado,
grupos no decorrer de um período de anos” (STARFIELD, 2002). e a família é reconhecida como um grupo de pessoas que convi-
É uma relação pessoal de longa duração entre profissionais de vam sob o mesmo teto, que possuam entre elas uma relação de
saúde e usuários em suas unidades de saúde, independente do pro- parentesco primordialmente pai e/ou mãe elhos consanguíneos ou
blema de saúde ou mesmo da existência de algum problema. não, assim como as demais pessoas significativas que convivam na
Está associada a diversos benefícios: menor utilização dos ser- mesma residência, qualquer que seja ou não o grau de parentesco.
viços; melhor atenção preventiva; atenção mais oportuna e ade- Para o Ministério da Saúde, a família é entendida como o con-
quada; menos doenças preveníveis; melhor reconhecimento dos junto de pessoas ligadas por laços de parentesco, dependência do-
problemas dos usuários; menos hospitalizações; custos totais mais méstica ou normas de convivência, que residem na mesma unidade
baixos. domiciliar. Inclui empregado (a) doméstico (a) que reside no domi-
Os maiores benefícios estão relacionados ao vínculo com o cílio, pensionistas e agregados (BRASIL, 1998).
profissional ou equipe de saúde e ao manejo clínico adequado dos No Brasil, a centralização na família é implementada com base
problemas de saúde, através da adoção dos instrumentos de ges- na estratégia de Saúde da Família, desde 1994. Essa estratégia é
tão da clínica – diretrizes clínicas e gestão de patologias. entendida como uma reorientação do modelo assistencial, opera-
cionalizada mediante a implantação de equipes multiprofissionais
A integralidade da Atenção em unidades básicas de saúde.
Essas equipes são responsáveis pelo acompanhamento de um
A integralidade exige que a APS reconheça as necessidades de número de nido de famílias, localizadas em uma área geográfica
saúde da população e os recursos para abordá-las. delimitada. As equipes atuam com ações de promoção da saúde,
A APS deve prestar, diretamente, todos os serviços para as prevenção, recuperação, reabilitação de doenças e agravos mais
frequentes, e na manutenção da saúde desta comunidade. A cen-
necessidades comuns e agir como um agente para a prestação de
tralização na família requer mudança na prática das equipes de
serviços para as necessidades que devem ser atendidas em outros
saúde, através da abordagem familiar. A equipe de saúde realiza
pontos de atenção.
várias intervenções personalizadas ao longo do tempo, partindo da
A integralidade da atenção é um mecanismo importante por-
compreensão da estrutura familiar.
que assegura que os serviços sejam ajustados às necessidades de
A abordagem familiar deve ser empregada em vários momen-
saúde da população. Para tanto, faz-se necessário:
tos, por exemplo, na realização do cadastro das famílias, quando
• o diagnóstico adequado da situação de saúde da população
das mudanças de fase do ciclo de vida das famílias, do surgimento
adscrita;
de doenças crônicas ou agudas de maior impacto. Essas situações
• o atendimento pela unidade básica de saúde, prevenção de permitem que a equipe estabeleça, de forma natural, um vínculo
doenças e agravos, restauração e manutenção da saúde – para dar com o usuário e sua família, facilitando a aceitação da investigação
conta dos problemas mais comuns ou de maior relevância; e da intervenção, quando necessária.
• A organização das redes de atenção à saúde, para prestar A associação da equipe com o usuário e sua família é um requi-
atendimento às demais necessidades: a identi cação de outros sito básico para a abordagem familiar e fundamenta-se no respeito
pontos de atenção necessários, o sistema de apoio (diagnóstico e à realidade e às crenças da família, por parte da equipe de saúde.
terapêutico), o sistema logístico (transporte sanitário, central de
agendamento de consultas e internamentos, prontuário eletrôni- A orientação comunitária
co, etc.).
A APS com orientação comunitária utiliza habilidades clínicas,
A Coordenação epidemiológicas, ciências sociais e pesquisas avaliativas, de forma
complementar para ajustar os programas para que atendam as ne-
Coordenação é, portanto, um estado de estar em harmonia cessidades especí cas de saúde de uma população de nida.
numa ação ou esforço comum. (STARFIELD, 2002). Para tanto, faz-se necessário:
É um desa o para os pro ssionais e equipes de saúde da APS • de nir e caracterizar a comunidade;
pois, nem sempre têm acesso às informações dos atendimentos de • identi car os problemas de saúde da comunidade;
usuários realizados em outros pontos de atenção e, portanto, há • modicar programas para abordar esses problemas;
dificuldade de viabilizar a continuidade do cuidado. • monitorar a efetividade das modi cações do programa.

254
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

No Brasil, os agentes comunitários de saúde reforçam a orien- 2- (PREFEITURA DE JUIZ DE FORA-MG- AOCP- ENFERMEI-
tação comunitária e possibilitam maior vínculo entre as equipes de RO-2018) O controle e o rastreamento das ISTs são de grande
saúde e as respectivas comunidades. importância. No caso das gestantes, todas devem ser rastreadas
A orientação comunitária diz respeito também ao envolvi- para:
mento da comunidade na tomada de decisão em todos os níveis (A) HIV, Hepatite A e difiteria.
de atenção. No país, este princípio tem se viabilizado através do (B)HIV, Sífilis e Hepatite B.
controle social, com instituição de conselhos locais e municipais de (C) Hepatite B, Gonorreia e Hepatite A.
saúde, além das conferências de saúde. (D) HIV, Hepatite A e Tularemia.
(E) Hepatite A, tricomoníase e HIV.
As condições crônicas
3 - (PREFEITURA DE JUIZ DE FORA-MG- AOCP- ENFERMEI-
Um dos problemas centrais da crise dos modelos de atenção RO-2018) Programa Nacional de Imunizações (PNI) organiza toda a
à saúde contemporâneos consiste no enfrentamento das condi- política nacional de vacinação da população brasileira e tem como
ções crônicas na mesma lógica das condições agudas, ou seja, por missão
meio de tecnologias destinadas a responder aos momentos agudos (A) vacinar todas as crianças de todo território Nacional até
dos agravos – normalmente, momentos de agudização das condi- 2020.
ções crônicas, autopercebidos pelas pessoas – através da atenção (B) o controle, a erradicação e a eliminação de doenças imu-
à demanda espontânea, principalmente, em unidades de pronto nopreveníveis.
atendimento ou de internações hospitalares de urgência ou emer- (C)vacinar crianças e adultos vulneráveis.
gência. E desconhecendo a necessidade imperiosa de uma atenção (D)o controle de doenças imunossupressoras.
contínua nos momentos silenciosos dos agravos quando as condi- (E) vacinar crianças e idosos combatendo as doenças de risco
ções crônicas, insidiosamente, evoluem. controlável.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (ORGANIZAÇÃO
MUNDIAL DE SAÚDE, 2003), um sistema de Atenção Primária inca- 4- -(PREFEITURA DE JUIZ DE FORA-MG- AOCP- ENFERMEI-
paz de gerenciar, com eficácia, o HIV/Aids, o diabetes e a depres- RO-2018) Segundo o Programa Nacional de Imunizações, na sala
são, vai tornar-se obsoleto em pouco tempo. de vacinação, é importante que todos os procedimentos desenvol-
Hoje, as condições crônicas são responsáveis por 60% de todo vidos promovam a máxima segurança. Com relação a esse local, é
o ônus decorrente de doenças no mundo. No ano 2020, será res- correto afirmar que
ponsável por 80% da carga de doença dos países em desenvolvi- (A) deve ser destinado à administração dos imunobiológicos e
mento e, nesses países, a aderência aos tratamentos chega a ser demais medicações intramusculares.
apenas de 20% (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE, 2003) (B) é importante que todos os procedimentos desenvolvidos
Por esse motivo, no sistema integrado, a Atenção Primária promovam a segurança, propiciando o risco de contaminação.
deve estar orientada para a atenção às condições crônicas, com (C) a sala deve ter área mínima de 3 metros quadrados, para o
o objetivo de controlar as doenças/agravos de maior relevância, adequado fluxo de movimentação em condições ideais para a
através da adoção de tecnologias de gestão da clínica, tais como as realização das atividades.
diretrizes clínicas e a gestão de patologias. (D)a sala de vacinação é classificada como área semicrítica.
(E) deve ter piso e paredes lisos, com frestas e laváveis

EXERCÍCIOS 5 - (PREFEITURA DE JUIZ DE FORA-MG- AOCP- ENFERMEI-


RO-2018) São vias de administração de imunobiológicos, EXCETO
a via
1 - (PREFEITURA DE JUIZ DE FORA – MG- ENFERMEIRO-AO- (A) oral.
CP-2018) O que é vigilância? (B)subcutânea.
(A) Um conjunto de ações capaz de eliminar, diminuir ou pre- (C)intraóssea.
venir riscos à saúde e de intervir nos problemas sanitários de- (D)endovenosa.
correntes do meio ambiente, da produção e circulação de bens (E)intramuscular
e da prestação de serviços de interesse da saúde.
(B) Um conjunto de atividades que se destina à promoção e
proteção da saúde, assim como visa à recuperação e reabilita-
ção da saúde dos trabalhadores submetidos aos riscos e agra-
vos advindos das condições de trabalho.
(C) Um conjunto de ações que proporciona a detecção ou pre-
venção de qualquer mudança da saúde individual ou coletiva,
com a finalidade de avaliar o impacto que as tecnologias pro-
vocam à saúde.
(D)Um conjunto de atividades que se destina ao controle de
bens de consumo que, direta ou indiretamente, se relacionem
com a saúde.
(E) Um conjunto de ações que proporcionam o conhecimento,
a detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores de-
terminantes e condicionantes de saúde individual ou coletiva,
com a finalidade de recomendar e adotar as medidas de pre-
venção e controle das doenças ou agravo

255
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

6 – (PREFEITURA DE JUIZ DE FORA-MG- AOCP- ENFERMEI- 10 - (CÂMARA LEGISLATIVA DO DISTRITO FEDERAL- TÉCNICO
RO-2018) Segundo o código de ética da enfermagem, o enfermeiro, EM ENFERMAGEM- FCC-2018) A equipe de saúde, ao realizar o
nas relações com o ser humano, tem acolhimento com escuta qualificada a uma mulher apresentando
(A) o dever de salvaguardar os direitos da pessoa idosa, promo- queixas de perda urinária, deve atentar-se para, dentre outros si-
vendo a sua dependência física e psíquica e com o objetivo de nais de alerta:
melhorar a sua qualidade de vida. (A) amenorreia.
(B) o dever de respeitar as opções políticas, culturais, morais (B)dismenorreia.
e religiosas da pessoa, sem criar condições para que ela possa (C) mastalgia.
exercer, nessas áreas, os seus direitos. (D)prolapso uterino sintomático.
(C) o direito de abster-se de juízos de valor sobre o comporta- (E) ataxia.
mento da pessoa assistida e lhe impor os seus próprios crité-
rios e valores no âmbito da consciência. 11 - (PREF DE MACAPÁ- TÉCNICO DE ENFERMAGEM- FCC-
(D)o dever de cuidar da pessoa com discriminação econômica, 2018) As técnicas de higienização das mãos, para profissionais que
social, política, étnica, ideológica ou religiosa. atuam em serviços de saúde, podem variar dependendo do obje-
(E) o direito de recusar-se a executar atividades que não sejam tivo ao qual se destinam. Na técnica de higienização simples das
de sua competência técnica, cientifica, ética e legal ou que não mãos, recomenda-se
ofereçam segurança ao profissional, à pessoa, à família e à co- (A) limpar sob as unhas de uma das mãos, friccionando o local
letividade. com auxílio das unhas da mão oposta, evitando-se limpá-las
com as cerdas da escova.
7- (PREFEITURA DE JUIZ DE FORA-MG- AOCP- ENFERMEI- (B)) respeitar o tempo de duração do procedimento que varia
RO-2018) O auxiliar de enfermagem executa as atividades auxilia- de 20 a 35 segundos.
res, de nível médio, atribuídas à equipe de enfermagem, cabendo- (C) executar o procedimento com antisséptico degermante du-
-lhe rante 30 segundos.
(A) prescrição da assistência de enfermagem. (D)utilizar papel toalha para secar as mãos, após a fricção antis-
(B) cuidados diretos de enfermagem a pacientes graves com séptica das mãos com preparações alcoólicas.
risco de vida. (E) higienizar também os punhos utilizando movimento circu-
(C)participação em bancas examinadoras, em matérias especí- lar, ao esfregá-los com a palma da mão oposta.
ficas de enfermagem, nos concursos para provimento de cargo
ou contratação de pessoal técnico e auxiliar de Enfermagem. 12 - (PREF DE MACAPÁ- TÉCNICO DE ENFERMAGEM- FCC-
(D)consultoria, auditoria e emissão de parecer sobre matéria 2018) Processo físico ou químico que destrói microrganismos pa-
de Enfermagem. togênicos na forma vegetativa, micobactérias, a maioria dos vírus e
(E) prestar cuidados de higiene e conforto ao paciente e zelar dos fungos, de objetos inanimados e superfícies. Essa é a definição
por sua segurança. de
(A) desinfecção pós limpeza de alto nível.
8 - CÂMARA LEGISLATIVA DO DISTRITO FEDERAL - TÉCNICO (B) desinfecção de alto nível.
EM ENFERMAGEM- FCC-2018) Ao orientar um paciente adulto so- (C) esterilização de baixo nível.
bre os cuidados com a dieta a ser administrada pela sonda nasoen- (D)barreira técnica.
teral no domicílio, o profissional de saúde deve orientar que (E) desinfecção de nível intermediário.
(A) antes de administrar a dieta, deverá aquecê-la em banho-
-maria ou em micro-ondas. 13 - (PREFEITURA DE MACAPÁ- TÉCNICO EM ENFERMAGEM-
(B) após o preparo da dieta caseira, deverá guardá-la na gela- FCC- 2018) Foi prescrito pelo médico uma solução glicosada a 10%.
deira e, 40 minutos antes do horário estabelecido para a admi- Na solução glicosada, disponível na instituição, a concentração é de
nistração, retirar somente a quantidade que for utilizar. 5%. Ao iniciar o cálculo para a transformação do soro, o técnico de
(C) no caso de ter pulado um horário de administração da die- enfermagem deve saber que, em 500 mL de Soro Glicosado a 5%, o
ta, o volume do próximo horário deve ser aumentado em, pelo total de glicose, em gramas, é de
menos, 50%. (A)5.
(D)a dieta enteral industrializada deve ser guardada fora da ge- (B) 2,5.
ladeira e, após aberta, tem validade de 72 horas. (C) 50.
(D)25.
9 - (CÂMARA LEGISLATIVA DO DISTRITO FEDERAL- TÉCNICO (E) 500
EM ENFERMAGEM- FCC-2018) Dentre as medidas de controle de
infecção de corrente sanguínea relacionadas a cateteres intravas- 14 - (TRT REGIÃO SÃO PAULO- TÉCNICO EM ENFERMAGEM-
culares encontra-se FCC-2018) Com relação à Sistematização da Assistência de Enfer-
(A) o uso de cateteres periféricos para infusão contínua de pro- magem, considerando as atribuições de cada categoria profissional
dutos vesicantes. de enfermagem, compete ao técnico de enfermagem, realizar
(B) a higienização das mãos com preparação alcoólica (70 a (A) a prescrição de enfermagem, na ausência do enfermeiro.
90%), quando as mesmas estiverem visivelmente sujas. (B) o exame físico.
(C) o uso de novo cateter periférico a cada tentativa de punção (C) a anotação de enfermagem.
no mesmo paciente. (D)a consulta de enfermagem.
(D)a utilização de agulha de aço acoplada ou não a um coletor, (E) a evolução de enfermagem dos pacientes de menor com-
para coleta de amostra sanguínea e administração de medica- plexidade.
mento em dose contínua.
(E) o uso de luvas de procedimentos para tocar o sítio de inser-
ção do cateter intravascular após a aplicação do antisséptico.

256
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

15- (TRT REGIÃO SÃO PAULO- TÉCNICO EM ENFERMAGEM- 19 - (TRT REGIÃO SÃO PAULO- TÉCNICO EM ENFERMAGEM-
FCC-2018) O profissional de enfermagem, para executar correta- FCC-2018) Na desinfecção da superfície de uma mesa de aço inox,
mente a técnica de administração de medicamento por via intra- onde será colocado uma bandeja com um pacote de curativo esté-
dérmica, deve, dentre outros cuidados, estar atento ao volume a ril, o técnico de enfermagem, de acordo com as recomendações da
ser injetado. O volume máximo indicado a ser introduzido por esta Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) pode optar pela
via é, em mL, de utilização dos seguintes produtos:
(A) 1,0. (A) álcool a 70% aplicado sem fricção, por ser esporicida, desde
(B) 5,0. que aguardado o tempo de evaporação recomendado, porém
(C) 0,1. tem a desvantagem de ser inflamável.
(D)1,5. (B) ácido peracético a 0,2% por não ser corrosivo para metais,
(E) 0,5. tendo como desvantagem não ser efetivo na presença de ma-
téria orgânica.
16 - (TRT REGIÃO SÃO PAULO- TÉCNICO EM ENFERMAGEM- (C) hipoclorito de sódio a 1,0% por ser de amplo espectro, ter
FCC-2018) Em um ambulatório, o técnico de enfermagem que auxi- baixo custo e ação lenta, apresentando a desvantagem de não
lia o enfermeiro na gestão de materiais realizou a provisão de ma- ter efeito tuberculocida.
teriais de consumo, que corresponde a (D)álcool a 70% por ser, dentre outros, fungicida e tuberculo-
(A) estabelecer a estimativa de material necessário para o fun- cida, porém apresenta a desvantagem de não ser esporicida,
cionamento da unidade. além de ser poluente ambiental.
(B) realizar o levantamento das necessidades de recursos, (E) hipoclorito de sódio a 0,02% por não ser corrosivo para
identificando a quantidade e a especificação. metais nesta concentração, ser fungicida de primeira escolha,
(C)repor os materiais necessários para a realização das ativida- tendo a desvantagem da instabilidade do produto na presença
des da unidade. de luz solar.
(D)atualizar a cota de material previsto para as necessidades
diárias da unidade. 20 - (TRT REGIÃO SÃO PAULO- TÉCNICO EM ENFERMAGEM-
(E) sistematizar o mapeamento de consumo de material. FCC-2018) NO pós-operatório imediato de uma colaboradora que
foi submetida a uma intervenção de colecistectomia, e já se encon-
17 - (TRT REGIÃO SÃO PAULO- TÉCNICO EM ENFERMAGEM- tra com respiração espontânea e sem sonda vesical, a assistência
FCC-2018) Na pessoa idosa com depressão, um dos sintomas/sinais prestada pelo técnico de enfermagem inclui verificar e comunicar
indicativo do chamado suicídio passivo é ao enfermeiro sinais e sintomas associados a seguinte alteração:
(A) o distúrbio cognitivo intermitente. (A) complicações do sistema digestório: náuseas e vômitos de-
(B) a recusa alimentar. corrente da administração de antieméticos.
(C) o aparecimento de discinesia tardia. (B) hipertermia: coloração da pele, sudorese, elevação da tem-
(D)a adesão a tratamentos alternativos. peratura, bradipneia e bradicardia.
(E) a súbita hiperatividade. (C) retenção urinária: dificuldade do paciente para urinar,
abaulamento em região suprapúbica e diurese profusa.
18 - (TRT Região São Paulo- Técnico em enfermagem- FCC- (D)complicações respiratórias: acúmulo de secreções, ocasio-
2018) Após o término de um pequeno procedimento cirúrgico, o nado pela maior expansibilidade pulmonar devido à dor, exa-
técnico de enfermagem recolhe os materiais utilizados e separa cerbação da tosse e eliminação de secreções.
aqueles que podem ser reprocessados daqueles que devem ser (E) hipotermia: confusão, apatia, coordenação prejudicada,
descartados, observando os princípios de biossegurança. A fim de mudança na coloração da pele e tremores.
destinar corretamente cada um dos referidos materiais, o técnico
de enfermagem deve considerar como materiais a serem reproces- 21 - (TRT REGIÃO SÃO PAULO- TÉCNICO EM ENFERMAGEM-
sados aqueles destinados à FCC-2018) Um adulto de porte médio apresenta uma parada car-
(A) diérese, como tesoura de aço inox; e descarta na caixa de diorrespiratória (PCR) durante o período de trabalho em um Tri-
perfurocortante, materiais como agulhas com fio de sutura. bunal, onde recebe o suporte básico de vida (SBV), conforme as
(B) hemostasia, como pinça de campo tipo Backaus; e descarta recomendações da American Heart Association (AHA), 2015. Nessa
no saco de lixo branco, materiais com sangue, como compres- situação, ao proceder à ressuscitação cardiopulmonar (RCP) manu-
sas de gaze. al, recomenda-se aplicar compressões torácicas até uma profundi-
(C) diérese como porta-agulhas; e descarta no lixo comum par- dade de
te dos fios cirúrgicos absorvíveis utilizados, como o categute (A) 4,5 cm, no máximo, sendo esse limite de profundidade da
simples. compressão necessário, devido à recomendação de que se
(D)síntese, como lâminas de bisturi; e descarta as agulhas na deve comprimir com força para que a mesma seja eficaz.
caixa de perfurocortante, após terem sido devidamente desco- (B) 5 cm, no mínimo, atentando para evitar apoiar-se sobre o
nectadas das seringas. tórax da vítima entre as compressões, a fim de permitir o retor-
(E)diérese, como cânula de uso único; e descarta no saco de no total da parede do tórax a cada compressão.
lixo branco luvas de látex utilizadas. (C) 6,5 cm, no mínimo, a fim de estabelecer um fluxo sanguíneo
adequado, sem provocar aumento da pressão intratorácica.
(D)4 cm, no mínimo, objetivando que haja fluxo sanguíneo sufi-
ciente para fornecer oxigênio para o coração e cérebro.
(E) 5 cm, ou menos, porque uma profundidade maior lesa a
estrutura torácica e cardíaca.

257
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

22 - (PREFEITURA DE JUIZA DE FORA-MG- AOCP- ENFERMEI- Estão CORRETAS


RO-2018) Paciente chega à Unidade Básica de Saúde (UBS) com his- (A)I e II, apenas.
tória de lesões na pele, com alteração da sensibilidade térmica e (B) I e III, apenas
dolorosa. É provável que esse paciente tenha qual doença? (C) II e III, apenas
(A) Síndrome de Mono like. (D) I, II, III e IV.
(B) Tuberculose. (E) I e IV, apenas
(C) Hepatite A.
(D) Hanseníase. 26 - (PREF. PAULISTA-PE- ASSISTENTE DE SAÚDE - TÉCNICO
(E) Varicela. DE ENFERMAGEM- UPENET/UPE-2018) Prescrever e administrar
um medicamento não são um ato simples, pois exigem responsa-
23 - (PREFEITURA DE JUIZA DE FORA-MG- AOCP- ENFERMEI- bilidade, conhecimentos em geral e, principalmente, os cuidados
RO-2018) Paciente chega à UBS e, após a coleta de exames e anam- inerentes à enfermagem. Sobre isso, analise as afirmações abaixo:
nese, observa-se uma cervicite mucopurulenta e o agente etiológi- I. Na administração por via sublingual, é importante oferecer
co encontrado no exame foi a Chlamydia trachomatis. O possível água ao paciente, para facilitar a absorção do medicamento.
diagnóstico médico para essa paciente é II. A vantagem da via parenteral consiste na absorção e ação
(A) gonorreia. rápida do medicamento, e o medicamento não sofre ação do suco
(B) sífilis. gástrico.
(C) lúpus. III. A via intradérmica é considerada uma via diagnóstica, pois
(D) difteria. se presta aos testes diagnósticos e testes alérgicos.
(E) tularemia. IV. Hipodermóclise é uma infusão de fluidos no tecido subcutâ-
neo para a correção de distúrbio hidroeletrolítico.
24 - (PREF. PAULISTA-PE- ASSISTENTE DE SAÚDE - TÉCNICO DE
ENFERMAGEM- UPENET/UPE-2018) Sobre as doenças cardiovascu- Somente está CORRETO o que se afirma em
lares, analise as afirmativas abaixo: (A) I e II.
I. A Aterosclerose é uma doença arterial complexa, na qual (B) I, II e III
deposição de colesterol, inflamação e formação de trombo de- (C) II, III e IV
sempenham papéis importantes. (D) I e IV..
II. A Angina é a expressão clínica mais frequente da isquemia (E) I e III
miocárdica; é desencadeada pela atividade física e aliviada pelo
repouso. 27 - PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO BERNARDO-MA- TÉCNI-
III. O Infarto Agudo do Miocárdio é avaliado, apenas, por mé- CO EM ENFERMAGEM- INST. MACHADO DE ASSIS- 2018). Assinale
todos clínicos e eletrocardiográficos. a alternativa que apresenta apenas artigos médic o hospitalares
classificados como não-críticos:
Está(ão) CORRETA(S) (A) Espéculo nasal e bisturi.
(A)I e II, apenas. (B) Termômetro e cubas.
(B) I e III, apenas. (C) Ambu e mamadeiras.
(C) II e III, apenas. (D) Inaladores e tecido para procedimento cirúrgico.
(D)I, II e III.
(E) III, apenas 28 - São vias parenterais utilizada para a administração de me-
dicamentos e imunobiológicos, EXCETO:
25 - (PREF. PAULISTA/PE- ASSISTENTE DE SAÚDE - TÉCNICO (A)Sublingual.
DE ENFERMAGEM- UPENET/UPE-2018) O paciente cirúrgico rece- (B) Intramuscular.
be assistência de enfermagem nos períodos pré, trans e pós-opera- (C) Intradérmica.
tório. Sobre o período pré-operatório e pós-operatório, analise as (D) Subcutânea.
afirmativas abaixo:
I. O preparo pré-operatório, mediante utilização dos instru- 29 - (PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO BERNARDO-MA- TÉCNI-
mentos de observação e avaliação das necessidades individuais, CO EM ENFERMAGEM- INST. MACHADO DE ASSIS- 2018). Analise
objetiva identificar alterações físicas e emocionais do paciente, as afirmativas abaixo sobre o Aleitamento materno
pois estas podem interferir nas condições para o ato cirúrgico, I. O aleitamento materno deve ser exclusivo até os seis meses
comprometendo o bom êxito da cirurgia ou, até mesmo, provocar de vida. Isso significa que, até completar essa idade, o bebê deve
sua suspensão. receber somente o leite materno, não deve ser oferecida qualquer
II. São fatores físicos que podem diminuir o risco operatório outro tipo de comida ou bebida, nem mesmo água ou chá.
tabagismo, desnutrição, obesidade, faixa etária elevada, hiperten- II. O leite materno contém todos os nutrientes essenciais para
são arterial. o crescimento e o desenvolvimento ótimos da criança pequena,
III. No pós-operatório, os objetivos do atendimento ao pa- além de ser mais bem digerido, quando comparado com leites de
ciente são identificar, prevenir e tratar os problemas comuns aos outras espécies.
procedimentos anestésicos e cirúrgicos, tais como dor, náuseas, III. O leite do início da mamada é mais rico em energia (calo-
vômitos, retenção urinária, com a finalidade de restabelecer o seu rias) e sacia melhor a criança.
equilíbrio.
IV. No pós-operatório, aos pacientes submetidos à anestesia
geral recomenda-se o decúbito ventral horizontal sem travesseiro,
com a cabeça lateralizada para evitar aspiração de vômito.

258
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

O número de afirmativas INCORRETAS corresponde a:


(A) Zero.
ANOTAÇÕES
(B) Uma.
(C) Duas. ______________________________________________________
(D) Três.
______________________________________________________
30 - (PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO BERNARDO-MA- TÉCNI-
CO EM ENFERMAGEM- INST. MACHADO DE ASSIS- 2018) No Brasil, ______________________________________________________
o Programa Nacional de Imunização (PNI) se destaca por ser um dos
melhores programas de imunização do mundo, atuando na preven- ______________________________________________________
ção e na erradicação de várias doenças. São doenças que podem
______________________________________________________
ser prevenidas através da vacinação, EXCETO:
(A) Hanseníase. ______________________________________________________
(B) Rubéola.
(C) Tuberculose. ______________________________________________________
(D) Coqueluche.
______________________________________________________

GABARITO ______________________________________________________

______________________________________________________

1 E ______________________________________________________
2 B ______________________________________________________
3 B
______________________________________________________
4 D
5 C ______________________________________________________
6 E ______________________________________________________
7 E
______________________________________________________
8 B
______________________________________________________
9 C
10 D ______________________________________________________
11 E ______________________________________________________
12 E
______________________________________________________
13 D
14 E ______________________________________________________

15 E ______________________________________________________
16 C
______________________________________________________
17 B
_____________________________________________________
18 A
19 D _____________________________________________________
20 E ______________________________________________________
21 B
______________________________________________________
22 C
23 A ______________________________________________________

24 A ______________________________________________________
25 B ______________________________________________________
26 C
______________________________________________________
27 B
28 A ______________________________________________________
29 B ______________________________________________________
30 A
______________________________________________________

259
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÉCNICO DE ENFERMAGEM

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