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SUMÁRIO
Apresentação ................................................................................................3
1. Introdução .................................................................................................6
1.1. Entendendo a situação ...............................................................................6
2. Pensando estratégias para o retorno .........................................................8
2.1 Orientações pós-pandemia, na perspectiva da Educação Especial Inclusiva ..........8
3. Concluindo ...............................................................................................15
Referências ..................................................................................................16
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Apresentação
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partida para a reinserção dos jovens nas discussões, no contexto escolar. Acreditamos que a
própria pandemia pode mobilizar esse público em ações que culminem em desenvolvimento de
competências relevantes para esse segmento. Nos concentramos em apoiar as reflexões em
torno do desafio: como podemos, como profissionais da educação, minimizar os impactos e
oferecer maneiras eficazes de concluir os conteúdos programados para o ano letivo?
No sexto e-book, trazemos indicações para o público de Educação de Jovens e Adultos.
Consideramos, na maior parte das vezes, senão em sua integralidade, que esse público já está no
mercado de trabalho, e o aprimoramento educacional é uma importante ferramenta, não só para
maximizar o exercício da cidadania, mas também para ajudar esse público a se reposicionar no
mercado de trabalho tão severamente agredido pelas consequências, nunca antes sentidas pela
sociedade, na economia mundial.
Neste sétimo e-book, destacamos questões próprias da Educação Especial com pontos
de atenção para possibilitar a reflexão acerca de propostas flexibilizadas que deverão ser
realizadas no retorno das atividades presenciais, desde que cuidadosamente planejadas e
considerando o direito de todos à Educação.
Para finalizar, refletiremos sobre o Processo Avaliativo e como poderemos repensar a
avaliação e seus instrumentos, nesse processo de retorno às Unidades Escolares e à prática
pedagógica presencial.
Gostaríamos de dar destaque à participação das famílias nas decisões das escolas como
elemento de profunda empatia e exercício de gestão democrática. Essa estratégia pode se
mostrar uma ferramenta importante nesse momento no qual necessitamos tanto da escuta
atenta, do olhar afetivo e das tomadas de decisões de maneira ponderada, organizada e
consistente.
Esperamos que este material agregue valor à sua rede/escola. Colocamo-nos à
disposição.
Bom trabalho!
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1. Introdução
1.1. Entendendo a situação
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próximas semanas, e se o sistema de saúde dará conta de um aumento de pessoas necessitando
de atendimento em consequência de uma flexibilização.
Há outro grupo de opiniões, sustentado por cientistas e médicos ligados às ações
efetivas do sistema de saúde, que indicam que a proteção das crianças, dos profissionais da
Educação e seus familiares deve durar mais tempo. Este grupo, inclusive ironiza a pressa de
outros, fazendo uma metáfora face a um isolamento social parcial, dizem que este seria tão
eficiente quanto determinar um canto da piscina para que todos possam fazer xixi, ou seja, todos
ao cabo seriam contaminados... Opiniões divergentes à parte, a orientação que as escolas têm
seguido é a do isolamento e fechamento de suas portas por enquanto, com algumas iniciativas
de utilização de plataformas on-line.
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2. Pensando estratégias para o retorno
2.1 Orientações pós-pandemia, na perspectiva da Educação Especial Inclusiva
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Fonte: <http://conselho.saude.gov.br/recomendacoes-cns/1095-recomendacao-n-019-de-06-
de-abril-de-2020>. Acesso em: 8 jul. 2020.
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Deficiência, que foi recepcionada com status de emenda constitucional, e ressalva, entre outras
coisas:
1) que o Estado tomará “todas as medidas necessárias para assegurar a proteção e a
segurança das pessoas com deficiência, inclusive as que se encontrarem em situação de risco...”;
2) que, segundo o Censo de 2010, são “... 45,6 milhões de pessoas que declaram ter ao
menos um tipo de deficiência...”;
3) “... que são poucos dados sobre a infecção por Covid-19 em pessoas com deficiência...”
e outras condições debilitadoras;
4) que várias das condições físicas observadas nas pessoas com deficiência “podem
dificultar a recuperação destas pessoas” ou aumentar “o risco de contágio dessa população”.
Assim, o Pleno do Conselho Nacional de Saúde fez várias recomendações aos vários
Ministérios que atuarão nesse sentido, dando as prioridades necessárias a cada área, para o
atendimento da população com deficiência.
No que se refere às atividades pedagógicas dos alunos submetidos à Educação Inclusiva,
os alunos com altas habilidades/superdotação, com deficiência ou com transtorno do espectro
autista serão atendidos pela modalidade de Educação Especial Inclusiva (por vezes chamada
apenas de Educação Especial ou de Educação Inclusiva), de maneira a assegurar a adoção de
práticas educativas e de acolhimento segundo as medidas de acessibilidade em vigor. Devemos
nesse momento assumir que, no período de isolamento, mesmo que tenham sido instituídas
atividades on-line, estas não atingiram seus objetivos em se tratando de alunos com deficiência.
As tecnologias digitais não são plenamente acessíveis. Alunos surdos têm dificuldade, pois as
plataformas podem não ter legendas ou traduções em Libras. Se fazem leitura labial, em sala de
aula, esta pode ter sido prejudicada pelo tamanho da tela. Os cegos também podem ter sofrido
com o ‘visocentrismo’ que impera nas mídias: aulas com apelos visuais, fotos, desenhos, sem ter
a correspondente audiodescrição não permitem ao cego “ver” o conteúdo. Além desses
exemplos, todos os outros casos de deficiência, como deficiências intelectuais e autismos vão
sempre demandar um apoio para o acompanhamento das aulas em casa. Os familiares se
esforçam, mas muitas vezes, principalmente pensando num recorte socioeconômico menos
privilegiado, terão muita dificuldade em colaborar. Lembremos que o artigo 9º da Lei Brasileira
de Inclusão ─ LBI (Lei 13.146/2015)2 garante a igualdade de condições às pessoas com
deficiência, logo essas ações devem ser feitas sempre de forma equânime.
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Fonte: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm>. Acesso
em: 8 jul. 2020.
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Assim, admitindo que o prejuízo para os alunos com deficiência foi grande durante a
pandemia, as instituições de ensino devem estar atentas à devida compensação nesse sentido
e devem estar mais atentas aos cuidados que a volta ao convívio social vai exigir em relação aos
que têm alguma deficiência. É o que nos traz o artigo 10 da LBI (2015):
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surdos e com ouvintes, muito bem habilitado para a compreensão das orientações que serão
dadas sobre os cuidados que deverão ter para prevenir-se à contaminação pela Covid-19. O
outro, por seu lado, diferentemente do primeiro, tem bastante dificuldade de comunicação,
inclusive denotando alguma deficiência cognitiva. Também nesse caso em que dois alunos com
deficiência têm muita coisa parecida, inclusive a própria deficiência, as diferenças cognitivas e
de comunicação determinam procedimentos bastante diferentes no cuidado com cada um
deles.
Mesmo quando consideramos deficiências físicas, não sensoriais, podemos nos
surpreender com a radicalidade das diferenças, no que tange à preocupação com a pandemia.
Dois cadeirantes inteligentes, socialmente integrados, participantes ativos da comunidade
escolar: um teve paralisia infantil, mas é capitão do time de basquete sobre rodas, nadador de
travessias marítimas, saudabilíssimo, sem qualquer comorbidade; o outro é o melhor aluno da
classe, mas sua paraplegia vem de uma doença autoimune chamada neuromielite óptica,
crônica, degenerativa, e por ser autoimune é uma comorbidade gravíssima quando se trata da
Covid-19.
Estudantes com Transtorno do Espectro Autista (TEA) têm muita diferenciação dentro
do nível do Espectro do Autismo. Teremos os que possuem uma compreensão de realidade
muito boa, que compreendem os perigos da contaminação e atendem às regras, para seu
autocuidado. No entanto, muitos casos de autistas, até pelo seu estado de voltar-se para si
mesmo e de terem, constantemente, de realizar atos e movimentos de autorregulação, muitas
dessas estereotipias podem estar ligadas a colocar objetos ou as próprias mãos à boca. Nesse
momento de volta ao social, esses atos podem ser muito preocupantes. Também a equipe
responsável pela Educação Especial Inclusiva deve se dedicar a estratégias referentes à mudança
nas rotinas dos estudantes com TEA, pois, por terem ficado tanto tempo em suas casas e na
companhia dos familiares mais próximos, todo um esquema de reacolhimento na escola para a
readaptação desses alunos deve ser desenvolvido.
Também é importante considerarmos que uma parcela significativa dos alunos, devido
ao período de isolamento social, muitas vezes em ambientes familiares nada salutares física e
psicologicamente, irão desenvolver sintomas de estresse pós-traumático. Esses alunos,
somados aos que podem ter agravados outros quadros de doença mental, de deficiência mental
ou de deficiência intelectual, devem ser devidamente tratados ou cuidados por uma assistência
profissionalizada, em parceria com as famílias. Esses segmentos certamente serão constituídos
pelos alunos que mais necessitarão da atenção de todos, pela complexidade particular de cada
quadro e pelas dificuldades de soluções no ambiente escolar no curto prazo, pois as respostas
desses tipos de tratamentos e intervenções raramente são rápidas como essa empreitada exige.
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Então, teremos que avaliar coletivamente cada situação e, se for o caso, na práxis, desenvolver
outros procedimentos que deem conta de minimizar a instabilidade emocional e o sofrimento
dos alunos.
Todas as ações específicas relativas à pandemia, à educação e ao cuidado com cada
aluno com deficiência devem ser bem planejadas e contar com a colaboração e cooperação de
todos, inclusive do corpo discente. Para tanto, é fundamental que todos os alunos da escola
sejam bem esclarecidos sobre o vírus e a pandemia e, também sejam esclarecidos sobre cada
aluno com deficiência da sua sala e sobre as formas de ajudá-los a se protegerem. Obviamente,
tudo isso com a anuência dos alunos com deficiência, sem constrangimentos, com soluções
criadas coletivamente estimulando a participação de todos.
As informações sobre a pandemia devem ser adaptadas para cada faixa etária e
para cada tipo de deficiência, segundo seus universos de referência, seus repertórios, suas
habilidades e capacidades de compreensão.
Em todos esses casos, a lida dos educadores deverá ter como característica
principalmente dois aspectos: 1) Foco disciplinado e comprometido nos princípios que
nortearão a segurança máxima possível dos alunos face à pandemia e 2) Criatividade para poder
desenvolver todas essas demandas importantíssimas exigidas pelo momento e, ao mesmo
tempo, ministrar os conteúdos programáticos para o ano letivo no tempo que restou para
contemplá-los.
Sobre o conteúdo obrigatório referente a cada ano, as Secretarias da Educação irão
orientar os professores sobre adaptações do currículo que poderão ser realizadas neste ano de
2020, de maneira que seja exequível pelo professor e o menos prejudicial possível aos alunos.
Sem dúvida, a criatividade aqui será fundamental.
Outro fato a ser considerado como certo e que também exigirá grande criatividade,
tanto por parte da gestão escolar, como por parte dos professores em sala de aula, é a queda
abrupta na arrecadação de tributos por parte do poder público, resultado da recessão
provocada pela queda na receita da indústria, do comércio e, principalmente do setor de
serviços, responsável por quase dois terços do PIB. Espera-se, portanto, que os investimentos
em Educação, para este restante de 2020, remonte a níveis baixíssimos, basicamente à folha de
pagamento e merenda escolar. A esperança é que as verbas destinadas à Educação Especial
sejam mantidas, e isso ocorrerá de formas diferentes nas diferentes localidades. No entanto,
será necessário nessa hora acionar toda a experiência, energia e criatividade para desenvolver
atividades interessantes, inovadoras, alternativas sem custo, para que o processo de ensino e
aprendizagem ocorra satisfatoriamente, em ambiente seguro e salutar.
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Diante dessa realidade de 2020 imposta pela pandemia, logicamente é
compreensível que os objetivos de aquisição de conhecimentos e de desenvolvimento de
habilidades e posturas atitudinais éticas e esteticamente desejáveis requerem tempo. Assim,
não é uma questão de comprimir os conteúdos num espaço de tempo exíguo e... matéria dada!
Temos que pensar menos em horas e conteúdos e mais em processos nos quais seria
interessante que os alunos fossem habilitados, pensando prioritariamente em seu
desenvolvimento geral. É reorganizar a demanda que tínhamos no início do ano, apropriando-a
na medida da nova situação, com novos procedimentos e novos objetivos. Essa reorganização
pode até incluir uma parte importante de atividades a serem desenvolvidas fora da escola,
preferencialmente em casa, mas não nos esqueçamos de que as condições das casas e das
famílias de muitos dos alunos não favorecem esse tipo de ação. Portanto, tem que ser algo
importante, para ser estimulante, e de realização rápida, que não necessite de recursos nem de
auxílio de familiares, pois esses no período pós-isolamento voltarão aos seus trabalhos e talvez
numa rotina mais atribulada, para tentar compensar o tempo que ficaram parados.
De qualquer maneira, a comunidade escolar deve se reunir e estudar uma forma
de fundir 2020 e 2021, tanto no tempo dedicado à educação dos alunos, como nas metas
estipuladas para cada período letivo, tornando-os como que complementares. No caso dos
estudantes dos anos finais das etapas, que chegaram ao fim de um ciclo e têm a perspectiva da
continuidade dos estudos, não deve haver dificuldades em se pensar em uma alternativa
satisfatória. Nesses casos, os estudantes já estão há mais tempo convivendo no ambiente
escolar e terão menos dificuldade em relação a readaptações do que aqueles que participam a
menos tempo do ambiente escolar.
O Conselho Nacional de Educação, respondendo à questão sobre como deverá ser feita
a reposição das aulas perdidas neste período de isolamento social, diz que as decisões devem
ser tomadas no âmbito dos estados e municípios, pois são nessas esferas que são sopesadas as
possibilidades de solução, em vista da realidade concreta de cada cidade e cada escola.
Não podemos desconsiderar, apesar de toda tensão do momento, que o fato de estar
havendo a volta às aulas vai ser importantíssimo para todos, alunos, familiares e profissionais
da educação, supondo-se que o retorno será em momento adequado. O contato com os colegas,
a sensação de normalidade, o alívio de toda a família que experimentou longo período de
exceção, por vezes de opressão, o retorno ao trabalho dos que puderem retornar, dos que
tiverem um trabalho para o qual retornar, e também, sem dúvida, o retorno para o espaço
privilegiado para o estudo, para o aprendizado.
Independentemente das condições estruturais da escola, ela é um ambiente seguro e
acolhedor para a maioria dos alunos, principalmente para os que não têm uma situação familiar
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agradável e, mais ainda, para aqueles em situação de rua. Este, inclusive, é um momento
psicológico que pode ser muito bem aproveitado pelos professores para favorecer o processo
de ensino-aprendizagem. Muitos especialistas em Educação têm discutido essas novas questões
que este vírus nos obriga a encarar:
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Fonte: <globo.com/sociedade/coronavírus-servico/covid-19-especialistas-discutem-rumos-da-
educacao-brasileira-após-fim-do-isolamento-social-1-24364206>. Acesso em: 8 jul. 2020.
4
Fonte: <http://www.scielo.br/pdf/ep/v40n4/15.pdf>. Acesso em: 8 jul. 2020.
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3. Concluindo
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Referências
MEC. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação esclarece principais dúvidas sobre
o ensino no país durante pandemia da Covid-19. Matéria disponível em:
<http://portal.mec.gov.br/busca-geral/12-noticias/acoes-programas-e-projetos-
637152388/87161-conselho-nacional-de-educacao-esclarece-principais-duvidas-sobre-o-
ensino-no-pais-durante-pandemia-do-coronavirus>. Acesso em: 8 jul. 2020.
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