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O PIBID
NO IFES
reflexões sobre
práticas pedagógicas
no contexto da
pandemia da Covid-19
(2020-2022)
Volume 8
Série de Cadernos Pedagógicos Pibid/Ifes
Aldieris Braz Amorim Caprini
Alex Jordane de Oliveira
Antonio Donizetti Sgarbi
Cezar Henrique Manzini Rodrigues
Claudinei Andrade Filomeno
Cleiton Kenup Piumbini
Danielle Piontkovsky
Fernanda Borges F. de Araújo
Jaime Bernardo Neto
Jaquelini Scalzer
Jorge Henrique Gualandi
Luiz Otavio Buffon
Maria das Graças Ferreira Lobino
Monique Moreira Moulin
Priscila de Souza Chisté Leite
Selma Lucia de Assis Pereira
Tatiana Aparecida Moreira
(organizadores)
O PIBID
NO IFES
reflexões sobre
práticas pedagógicas
no contexto da
pandemia da Covid-19
(2020-2022)
Volume 8
Edifes
2022
Vitória
Instituto Federal do Espírito Santo – Ifes
Reitor
Jadir Jose Pela
Pró-Reitoria de Ensino
Pró-Reitora
Adriana Pionttkovsky Barcellos
Comitê Científico
Adriano de Souza Viana • Adriano Goldner Costa • Alexandre Cristiano Santos Júnior • Antônio
Donizetti Sgarbi • Ayandara Pozzi de Moraes Campos • Bruna Zution Dalle Prane • Carlos Alberto
Nascimento Filho • Carlos Eduardo Deoclécio • Carlos Roberto Pires Campos • Caroline Delgado
Charlini Contarato Sebim • Ellen Kênia Fraga Coelho • Fernanda Zanetti Becalli • Flávia Nascimento
Ribeiro • Jardel da Costa Brozeguini • Júlio de Sousa Santos • Leonidio Joaquim Alves Junior •
Luciano Rodrigues Perini • Marcelo Esteves de Andrade • Marcelo Monteiro dos Santos • Mayra
Silva de Melo Trancoso • Organdi Mongin Rovetta • Ramon Teodoro do Prado • Renan Oliveira
Altoé • Robson Vinícius Cordeiro • Rodrigo Borges de Araujo Gomes • Rosana Dos Reis Abrantes
Nunes • Rúbia Carla Pereira • Sabrine Lino Pinto • Sanandreia Torezani Perinni • Shirley Vieira •
Tiago Dalapicola • Weverson Dadalto
Revisores
Daniel Gonçalves de Souza • Érika Almeida Furtado • Fernanda Valandro Rodrigues • Jenaffer
Paula Silva Melo • Jussara Silva Campos • Luciana Rodrigues do Nascimento • Marco Aurélio Furno
Oliveira • Raquel Camargo Trentin • Rosana de Castro Januário Murayama • Sanandreia Torezani
Perinni Sheila Cristina Trevisol Guimarães • Soraya Ferreira Pompermayer • Viviana Leite Pimentel •
Wanderson Pereira Neves • Welliton de Resende Zani Carvalho
P584
O PIBID no Ifes [recurso eletrônico]: reflexões sobre práticas pedagógicas no contexto
da pandemia da Covid-19 (2020-2022) / Aldieris Braz Amorim Caprini … [et al.],
organizadores. – Vitória: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do
Espírito Santo, 2022.
425 p. : il. – (Série de Cadernos Pedagógicos Pibid/Ifes; 8)
Livro digital.
ISBN: 978-85-8263-580-3
homenagem que o Pibid do Ifes fez para o centenário de Paulo Freire. A quarta formação
teve como título “A Didática que emerge da Pedagogia do Oprimido” e ocorreu no dia 24
de setembro de 2021. A quinta formação, intitulada de “Metodologia de Ensino a partir
de Paulo Freire”, ocorreu no dia 8 de outubro de 2021. Todas essas ações de formação
ocorreram de modo virtual, sendo que as duas últimas estão disponíveis no canal do Pibid
do Ifes no YouTube.
Diante dos desafios apontados, considero que este livro representa muito esforço
coletivo na tentativa de contribuir para a melhoria da Educação Básica, mesmo em meio a
uma pandemia. Esta produção é fruto de muito empenho de todos os participantes. Deixo
aqui o meu muito obrigada a todos os envolvidos em mais esta conquista!
Priscila Chisté
Coordenadora Institucional do Pibid do Ifes
11
1 | AGROECOLOGIA: DA EDUCAÇÃO
AMBIENTAL AOS PRIMEIROS
PASSOS PARA PROMOÇÃO DA
SUSTENTABILIDADE GLOBAL
1 INTRODUÇÃO
O estudo das Ciências é de grande importância, pois é através do seu ensino que
se desenvolve o conhecimento sobre a vida e como ela perpassa dentre os processos
evolutivos, das relações ecossistêmicas, da sociedade, cultura e o desenvolvimento da
tecnologia aliada às ações humanas. A partir do conteúdo de Ciências, direcionado ao
processo de ensino-aprendizagem, o indivíduo se desenvolverá como um agente ativo
na sociedade, sendo capaz de tomar decisões e de agir criticamente (CAVALCANTI NETO,
2011).
A Ciência utiliza como fonte de construção do conhecimento os métodos da
observação, a prática, a experiência, a investigação e o pensar crítico, que muito remete
ao sentido da educação. Sendo esta um ato que envolve os processos sistemáticos e
assistemáticos que estão ligados aos aspectos formativos do indivíduo (HAYDT, 2011)
como parte da sociedade.
Diante disso, o papel da escola é fundamental, pois ela é o espaço de integração e
compartilhamento de saberes sociais e científicos por meio do ensino, sendo a educação
escolar uma prática social, que utiliza a partir dos conhecimentos e experiências adquiridas
FERREIRA, B. C. | CARVALHO, G. S. | ROCHA, D. R. | HENRIQUE, E. P. | JACOB, M. E. R. | SILVA, L. C. |
CAPRIOLI, A. A. | BELONI, L. S. | JERÔNIMO, T. S. | ANDRADE, P. R. L. | CARVALHO, R. C. B. | MOULIN, M. M.
15
2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
O presente trabalho foi realizado na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio
“Professora Célia Teixeira do Carmo” - (CTC), no distrito de Rive, na cidade de Alegre, Espírito
Santo, entre os meses de julho e agosto de 2021. Este, foi desenvolvido remotamente pelos
bolsistas do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid) do curso de
Licenciatura em Ciências Biológicas do Instituto Federal do Espírito Santo - Ifes Campus de
Alegre, juntamente com a professora supervisora Regiane Carla Bolzan Carvalho. O estudo
FERREIRA, B. C. | CARVALHO, G. S. | ROCHA, D. R. | HENRIQUE, E. P. | JACOB, M. E. R. | SILVA, L. C. |
CAPRIOLI, A. A. | BELONI, L. S. | JERÔNIMO, T. S. | ANDRADE, P. R. L. | CARVALHO, R. C. B. | MOULIN, M. M.
foi realizado com as turmas dos 8º e 9º Anos do Ensino Fundamental, que estavam divididas
em grupos A e B devido a pandemia e aos protocolos de segurança sanitária.
Os procedimentos instrumentais para o desenvolvimento desta pesquisa foram
fundamentados a partir de um planejamento inicial, por meio de reuniões pela plataforma
Google Meet para alinhamento e direcionamento da organização para facilitar os métodos,
tendo em vista a pandemia causada pelo vírus Sars Cov-2. Dessa forma, pensou-se numa
sequência didática, dividida em cinco etapas:
Etapa 1: De modo a averiguar os conhecimentos dos alunos sobre a temática, foi
realizada a aplicação de um questionário qualitativo (Quadro 1). A partir desse levantamento,
foram elaboradas as propostas das aulas e das práticas voltadas à introdução do conteúdo.
17
3 ANÁLISE DOS RESULTADOS
A problemática da sustentabilidade tem um papel central na reflexão em torno das
dimensões do desenvolvimento e das alternativas que se configuram (JACOB, 2021). Desse
modo, a escolha da linha de pesquisa central envolve, dentre os aspectos fundamentais,
articular sobre a agroecologia de modo a associar o ensino geral da ecologia com a
educação ambiental.
FERREIRA, B. C. | CARVALHO, G. S. | ROCHA, D. R. | HENRIQUE, E. P. | JACOB, M. E. R. | SILVA, L. C. |
CAPRIOLI, A. A. | BELONI, L. S. | JERÔNIMO, T. S. | ANDRADE, P. R. L. | CARVALHO, R. C. B. | MOULIN, M. M.
A Educação Ambiental deve ser trabalhada na escola não por ser uma
exigência do Ministério da Educação, mas porque acreditamos ser a
única forma de aprendermos e ensinarmos que nós, seres humanos, não
somos os únicos habitantes deste planeta, que não temos o direito de
destruí-lo, pois da mesma forma que herdamos a terra de nossos pais,
deveremos deixá-la para nossos filhos. (SANTOS, 2009).
Por conseguinte, é notório que uma das maiores preocupações da atualidade seja
buscar opções sustentáveis para a melhoria das condições do consumo desenfreado. No
Brasil, uma das alternativas é a reutilização ou o reaproveitamento de resíduos sólidos e
materiais orgânicos por meio da implementação de leis e decretos que buscam uma melhor
finalidade para os resíduos, como defendido pela Lei 12.305/2010.
O composto, ou a compostagem, já é uma prática utilizada desde muito tempo,
nela o(a) agricultor(a) utiliza restos de produtos orgânicos, tanto de origem animal
como vegetal, para incorporação ao solo, objetivando melhorar suas capacidades físicas
e químicas em busca de melhores produções. (DINIZ FILHO, et al, 2007). Portanto, “é o
processo de transformação de materiais grosseiros, como palhada e estrume, em materiais
orgânicos utilizáveis na agricultura” (SOUZA & REZENDE, 2006).
Esses movimentos de agricultura orgânica têm como base a utilização eficiente
dos recursos, a diversidade de cultivos, a preservação do meio ambiente e a participação
ativa dos atores sociais envolvidos na geração e difusão de tecnologias (RODDA et al.,
2006). Sendo as técnicas de compostagem, uma das protagonistas desses movimentos de
agricultura orgânica.
Diante do exposto, para análise dos conhecimentos prévios dos alunos sobre o
tema da agroecologia, a partir das questões trabalhadas (Quadro 1), pôde-se perceber
que grande maioria dos alunos não tinham domínio ou conhecimento sobre o tema e as
questões propostas, já que o resultado de aproximadamente 100 alunos que participaram
deste primeiro questionário, apresentou que essa maioria respondeu de forma negativa
quanto às questões sobre o conhecimento da agroecologia (Quadro 3). Quando solicitado
aos alunos “Fale um pouco sobre o que você entende ser a agroecologia” um número
expressivo de alunos fez a assimilação da junção da palavra “agroecologia”, como algo
que envolve o campo e os estudos do meio ambiente. A grande maioria percebe que é
“algo referente ao trabalho do campo”, “com o plantar”, “cuidado com a terra”, “algo
relacionado com o meio ambiente”, “algo relacionado à natureza”, “algo relacionado com
o cuidar da natureza”. Um número considerável também relacionou a agroecologia com
o “sistema da agropecuária e estudo da ecologia”, e uma parcela bem menor relatou ser
18
“um meio de produção sustentável” e “algo que estuda a agropecuária ou agricultura
juntamente com os seres vivos”.
AGROECOLOGIA: DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL AOS PRIMEIROS PASSOS
PARA PROMOÇÃO DA SUSTENTABILIDADE GLOBAL
Não
Perguntas Sim Não
respondeu
uma quantidade menor, tendo algumas das respostas repetidas, o que mostra que apenas
parte do conteúdo trabalhado tenha sido alcançado. Diante disso, demonstra-se que dos
métodos pedagógicos utilizados tiveram, de certo modo, resultados positivos, visto que
a grande maioria dos estudantes compreenderam parte do que foi exposto. Esse sucesso
se deu graças ao fato de que a grande maioria dos alunos são da zona rural, sendo assim,
muitos possuem as vivências necessárias para melhor compreensão do tema agroecologia.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
As atividades desenvolvidas contribuíram para que os alunos desenvolvessem o
pensar social a partir da agroecologia desenvolvida por meio da educação ambiental e, do
quão é necessário a mudança do nosso pensar em ações que causem menos impactos à
natureza e na busca por meios de interação e produção que não esgotem os recursos que
o ambiente nos oferece. O uso da compostagem é um meio que inibe a causa de danos
ao ambiente, pois é uma forma de destinação, descarte e reaproveitamento dos resíduos
que são descartados de modo insustentável, mas que possuem um potencial de reuso
como forma de biocomposto que são utilizados em canteiros, vasos de plantas e jardins,
por exemplo. De modo geral, a proposta pensada para ser trabalhada na escola, obteve
resultados satisfatórios, pois instigou a curiosidade, a participação e o interesse dos alunos
ao assunto e a prática executada. Alinhar os conhecimentos teóricos e experimentais
é uma estratégia positiva de desenvolver o processo de ensino-aprendizagem e de
instigar o pensamento crítico, político e social do aluno. Por outro lado, como pibidianos,
desenvolver esta prática estando de forma remota foi algo desafiante, pois não é fácil
pensar em um conteúdo quando não conhecemos de fato quem são os alunos e qual é
este público que faz parte da escola, sendo o papel da professora Regiane fundamental
para que pudéssemos construir este trabalho, quanto a aplicação e escolha do que poderia
ser desenvolvido com seus alunos.
AGRADECIMENTO E CRÉDITOS
Agradecemos ao Instituto Federal do Espírito Santo, Campus de Alegre, que nos trouxe
a oportunidade da experiência vivida no programa Pibid. As professoras-orientadoras que
nos auxiliaram durante todo o processo. À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal
de Nível Superior (CAPES), pela concessão de bolsa. À EEEFM “Profª Célia Teixeira do 21
Carmo”, pela parceria.
REFERÊNCIAS
ALTIERI, M. Agroecologia: bases científicas para uma agricultura sustentável. 3. Ed. São
Paulo, SP: Rio de Janeiro, RJ: Expressão Popular, AS-PTA, 2012.
FERREIRA, B. C. | CARVALHO, G. S. | ROCHA, D. R. | HENRIQUE, E. P. | JACOB, M. E. R. | SILVA, L. C. |
CAPRIOLI, A. A. | BELONI, L. S. | JERÔNIMO, T. S. | ANDRADE, P. R. L. | CARVALHO, R. C. B. | MOULIN, M. M.
23
2 | O PAISAGISMO FUNCIONAL NA
AGROECOLOGIA: AS PANCS NA
HARMONIZAÇÃO DO ESPAÇO ESCOLAR
1 INTRODUÇÃO
De acordo com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC, 2018), a educação básica
tem como algumas de suas competências desenvolver os conhecimentos que envolvam a
reflexão ética das práticas e saberes sociais e culturais, colocando em prática a cidadania de
forma responsável, consciente humanamente e socioambientalmente, na qual o indivíduo
é levado a pensar não apenas no cuidado de si mesmo mas de todos os organismos que
habitam o planeta. Diante disso, a escola, em todos os seus níveis, tem papel fundamental
na promoção da conscientização social sobre preservação do ambiente e educação
ambiental (BRASIL, 1988). A educação ambiental tem grande importância a nível social,
político e de âmbito educacional, sendo suas atividades diversificadas em múltiplas áreas
que se relacionam com as demandas geradas pelas mudanças do meio rural para as
questões das práticas ambientais (CARVALHO, 2001).
Como uma das práticas da educação ambiental, temos a agroecologia, que é uma
prática transdisciplinar que tem como foco as atividades de uma agricultura social e
FERREIRA, B. C. | SILVA, L. C. | CAPRIOLI, A. A. | HENRIQUE, E. P. | ROCHA, D. R. | CARVALHO, G. S. |
BELONI, L. S. | JERÔNIMO, T. S. | JACOB, M. E. R. | ANDRADE, P. R. L. | AMBOROSIM, J.
F. | OLIVEIRA, A. F. B. L. | ABREU, K. M. P. | CARVALHO, R. C. B. | MOULIN, M. M.
2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
27
O trabalho foi realizado de forma remota pelos alunos bolsistas e voluntários do
programa Pibid, do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas do Instituto Federal do
Espírito Santo - IFES Campus de Alegre, e foi executado pela professora Regiane Carla
Bolzan Carvalho com os alunos da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio:
“Professora Célia Teixeira do Carmo”, no distrito de Rive, pertencente ao município de
Alegre, Espírito Santo. Foram escolhidas quatro turmas de ensino fundamental, duas do 8º
ano e duas do 9º ano, sendo que cada turma de alunos foi dividida em dois grupos (A e B),
que funcionavam na forma de revezamento por conta do momento de pandemia.
FERREIRA, B. C. | SILVA, L. C. | CAPRIOLI, A. A. | HENRIQUE, E. P. | ROCHA, D. R. | CARVALHO, G. S. |
BELONI, L. S. | JERÔNIMO, T. S. | JACOB, M. E. R. | ANDRADE, P. R. L. | AMBOROSIM, J.
F. | OLIVEIRA, A. F. B. L. | ABREU, K. M. P. | CARVALHO, R. C. B. | MOULIN, M. M.
28
O PAISAGISMO FUNCIONAL NA AGROECOLOGIA: AS PANCS
NA HARMONIZAÇÃO DO ESPAÇO ESCOLAR
29
FERREIRA, B. C. | SILVA, L. C. | CAPRIOLI, A. A. | HENRIQUE, E. P. | ROCHA, D. R. | CARVALHO, G. S. |
BELONI, L. S. | JERÔNIMO, T. S. | JACOB, M. E. R. | ANDRADE, P. R. L. | AMBOROSIM, J.
F. | OLIVEIRA, A. F. B. L. | ABREU, K. M. P. | CARVALHO, R. C. B. | MOULIN, M. M.
5 DESENVOLVIMENTO DA PRÁTICA
Para a elaboração da prática como forma de complementação dos conceitos
trabalhados com os alunos, foram elaborados slides de apresentação, retomando o
que seria a Agroecologia, quais as suas bases e conceitos principais, além de relembrar
conceitos relacionados às PANCs e monstrar as imagens das plantas utilizadas para a
construção do canteiro.
Foram desenvolvidas várias atividades com alunos, dando continuidade ao trabalho,
como a construção de mapas mentais e conceituais, além de desenhos que abordassem
o que os alunos tiveram como conhecimento sobre as temáticas (Figura 4). Para isso, os
alunos trabalharam de forma individual, de modo a ressaltar a importância ambiental,
os benefícios biológicos e ecológicos que as plantas oferecem ao ambiente onde são
encontradas ou utilizadas, a questão da melhora paisagística que estas proporcionam
ao ambiente, entre outros. Todos esses tópicos foram aliados na construção dos mapas
mentais confeccionados pelos alunos, no intuito de compreender melhor a aplicação e
conceitualização das PANCS no ambiente escolar (Figura 5).
30
convencionais”, uma parcela um pouco menor, responderam que PANCs “são plantas
que normalmente não são vendidas no mercado” ou “plantas que não são encontradas
facilmente em nosso cotidiano”. Uma pequena parcela disse que “são plantas que podem
ser comestíveis”. Já em relação à pergunta “Acredita que as PANCs são uma alternativa
sustentável de biodiversidade com valores nutricionais?”, 95,70% dos alunos responderam
que “sim”, enquanto 4,30% disseram que “não”, o que demonstrou que os resultados
obtidos foram satisfatórios. No entanto, nota-se uma necessidade desse tema ser mais
frequentemente abordado.
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O desenvolvimento das atividades, juntamente com a palestra e a construção do
canteiro teve grande importância, pois é necessário valorizar os saberes culturais e sociais
para a formação dos conhecimentos que são transmitidos por gerações. A escola como
espaço social e político, tem um importante papel na promoção dos saberes sustentáveis
para desenvolver o pensamento crítico do aluno sobre as relações que fazem parte
do cotidiano deste alunado. Práticas que sensibilizam o olhar dos estudantes sobre
determinados aspectos são uma das formas de construção do saber cognitivo. Dessa
forma, percebe-se o quão é importante o desenvolvimento de aulas mais interativas e,
que mesmo diante à pandemia, é possível adaptar os métodos para o desenvolvimento de
práticas, tomando sempre os cuidados necessários.
AGRADECIMENTO E CRÉDITOS
Agradecemos ao Instituto Federal do Espírito Santo, Campus de Alegre, que nos trouxe
a oportunidade da experiência vivida no programa Pibid. As professoras-orientadoras que
nos auxiliaram durante todo o processo. À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal
de Nível Superior (CAPES), pela concessão de bolsa. À EEEFM “Prof.ª. Célia Teixeira do
Carmo”, pela parceria. Além do nosso muito obrigado pela atenção, acolhimento e apoio
da Prof.ª. Karla, Júlia e Amanda, que tiveram um papel fundamental para a construção
deste capítulo.
REFERÊNCIAS 33
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BACKES, M. A. T. Paisagismo para celebrar a vida – jardins como cura da paisagem e das
pessoas. Porto Alegre: Paisagem do Sul, 2012. 163p.
FERREIRA, B. C. | SILVA, L. C. | CAPRIOLI, A. A. | HENRIQUE, E. P. | ROCHA, D. R. | CARVALHO, G. S. |
BELONI, L. S. | JERÔNIMO, T. S. | JACOB, M. E. R. | ANDRADE, P. R. L. | AMBOROSIM, J.
F. | OLIVEIRA, A. F. B. L. | ABREU, K. M. P. | CARVALHO, R. C. B. | MOULIN, M. M.
BARROS, Liliane Costa de; DAMBROS, Gabriela; MACHADO, Dilma Terezinha Moraes.
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Monografias Ambientais. v. 5, n°5, p. 1032-1037, 2012.
BICA, Gabriela Schenato; MENGARELLI, Rodrigo Rosi; ALVARES, Suzana Marques
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Caderno de metodologias. Universidade Federal do Paraná, 2020.
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2018.
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CESAR, L.P.M.; CIDADE, L.C.F. 2013. Ideologia, visões de mundo e práticas socioambientais
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DE MELHORIAS AO ENSINO, À SAÚDE E AO AMBIENTE. Ensino, Saúde e Ambiente, v. 3, n.
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DOWBOR, Ladislau. Educação e apropriação da realidade local. Estudos avançados, v. 21,
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EPAMIG. Flores Comestíveis. EPAMIG Sul. Lavras, MG. 2018.
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35
3 | VIVÊNCIAS DOS PIBIDIANOS
E IMPACTOS DAS ATIVIDADES
PEDAGÓGICAS NÃO PRESENCIAIS
NO ENSINO DE CIÊNCIAS NA ESCOLA
PROFESSOR ETHEVALDO DAMAZIO
RESUMO
Devido aos eventos pandêmicos do novo coronavírus, o programa de iniciação à
docência foi obrigado a sofrer uma nova remodelação, reinventando-se e adaptando-se
de acordo com o restante do país. Com decretos para suspensão de aulas presenciais,
as escolas tiveram que encontrar medidas tempestivas para solucionar esse problema e
implementar soluções não presenciais que atendessem todos os alunos. Dessa maneira, os
pibidianos também tiveram que se adaptar ao novo formato de ensino, enquanto tinham
que lidar com as mudanças em suas vidas pessoais. Devido à urgência da implementação,
diversos obstáculos surgiram, como docentes não preparados/capacitados para o ensino
remoto, bem como alunos que não possuíam ferramentas tecnológicas e/ou acesso
à internet, para os quais houve, na tentativa de remediar a situação, a distribuição de
materiais impressos, entregues nas residências dos estudantes. Nosso grupo de pibidianos
também encontrou dificuldades para essa adaptação, uma vez que não se conseguiu
contato com os alunos, tendo a interação com estes limitada à produção das atividades
propostas pelo nosso supervisor, sem se conseguir mensurar se entre os estudantes havia
algum com necessidades específicas. Todo esse contexto ocasionou prejuízo a boa parte
da nossa experiência pedagógica que o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à
Docência (PIBID) nos proporcionaria. Este trabalho tem o propósito de relatar as vivências
experimentadas até o momento e de como todos esses eventos e mudanças impactaram
no processo pedagógico do ensino de Ciências na Escola Professor Ethevaldo Damazio, em
CARVALHO, A. O. | MENINI, D. M. | TORRES, S. G. | SIMÕES, S. | HOMEM, F. C. | SCALZER, J.
1 INTRODUÇÃO
Com os desdobramentos que o novo coronavírus trouxe para a comunidade
educacional, os professores tiveram que renovar tanto as suas práticas de ensino quanto
as suas ferramentas para ensinar. Nesse contexto, os autores deste artigo, Aldo de Oliveira
Carvalho, Debora Martins Menini, Shirlei Gomes Torres e Stefany Simões, iniciaram a sua
jornada no Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), um programa
voltado para a valorização dos futuros docentes durante o seu processo de formação,
visando ao aperfeiçoamento da formação de professores e à melhoria na qualidade da
educação pública.
O início dos trabalhos como pibidianos ocorreu na escola E.M.E.F. Professor
Ethevaldo Damazio, localizada em Santa Teresa-ES, estando sob a responsabilidade do
Professor Supervisor Flávio Homem e da Coordenadora Jaqueline Scalzer.
No decorrer desse período de pandemia do novo Coronavírus, a forma que foi
encontrada para não haver uma paralisação completa da educação no nosso país foi a
utilização de um ensino remoto, sendo ele feito por plataformas oferecidas pelas escolas,
por videoaulas gravadas pelos professores, materiais enviados por meio do WhatsApp ou
por outros meios on-line, ou por material impresso.
Levando todos esses fatores em consideração, a proximidade que deveria ter sido
obtida por uma experiência como o PIBID não foi alcançada por diversos motivos, como a
falta de contato com os alunos e com o ambiente escolar, a falta de contato entre professor
e pibidiano, mas, dentre todas as dificuldades que foram passadas até o momento, a maior
delas é a falta do “fator humano” que essa experiência deveria ter nos proporcionado.
Convém, no entanto, ressaltar que o grupo pibidiano não mediu esforços para
extrair aprendizados desse contexto, bem como buscou superar os desafios impostos.
Conteúdos e atividades foram cuidadosamente pensados, visando principalmente ao
impacto que teria nos estudantes que tinham pouco ou nenhum acesso a tecnologias,
além de buscar alternativas para materiais didáticos, o que proporcionou conhecimento e
estudo de ferramentas online, a fim de proporcionar aos discentes atividades mais lúdicas,
que pudessem prender-lhes a atenção durante os estudos, mesmo a distância.
38
2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
O programa PIBID, no curso de Ciências Biológicas do IFES Santa Teresa, no decorrer
dos dezoito meses, entre 2020 e 2021, permitiu desenvolver atividades com estudantes do
ensino fundamental, como também com o professor Flavio Homem.
Com a pretensão de avaliar os danos acadêmicos sofridos com a suspensão das
aulas presenciais e as limitações de locomoção por causa do estado de pandemia, o grupo
VIVÊNCIAS DOS PIBIDIANOS E IMPACTOS DAS ATIVIDADES PEDAGÓGICAS NÃO PRESENCIAIS
NO ENSINO DE CIÊNCIAS NA ESCOLA PROFESSOR ETHEVALDO DAMAZIO
oportunidade de um primeiro contato com as salas de aula, não como alunos, mas como
profissionais da educação. Ouvimos diversos relatos e conversas sobre as experiências de
pibidianos anteriores de como tiveram vivências únicas com o programa e como os ajudou
a compreenderem melhor a prática de docência. Para nós, em específico, fica a sensação
de uma experiência incompleta ou que ainda começará a acontecer. Mesmo após um
ano, não nos parece que tivemos as experiências pedagógicas que o programa poderia
nos proporcionar, o sentimento de frustração paira entre os estagiários. O fator humano,
a interação com os alunos, a percepção de suas reações, a observação da docência do
professor e as trocas de vivências são exemplos de experiências que ainda não tivemos, e
sentimos falta. Porém, entendemos que nenhuma dessas frustrações se deve à escola ou
ao programa. A pandemia foi uma surpresa desagradável e que afetou intimamente nossas
vidas e de pessoas muito próximas a nós, sendo assim tínhamos o dever, como cidadãos,
de fazer nosso papel, protegendo-nos e protegendo os próximos a nós.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A pandemia mudou o paradigma de todo o mundo nesses quase dois anos. Foram
necessárias mudanças drásticas em todos os níveis do sistema educacional para minimizar
os danos causados pela suspensão das aulas presenciais. As APNP foram uma das formas
de tentar remediar/amenizar a situação, mas ao mesmo tempo expôs de forma clara os
problemas estruturais presentes no atual sistema educacional brasileiro, como a falta de
acesso às tecnologias digitais e a falta de formação dos professores para lidar com o método
de ensino remoto. As atividades produzidas tentavam focar nos principais problemas que
vieram com a suspensão das aulas: a falta de interação entre professor-aluno, o acesso a
meios tecnológicos e a compreensão dos conteúdos. Entretanto, para o grupo pibidiano,
a dificuldade de comunicação com o professor fez com que a produção dos conteúdos se
tornasse um desafio maior ainda. O desenvolvimento do Programa gerou, nesse contexto
de pandemia, a sensação de uma experiência incompleta. Fica para o grupo a expectativa
de que, com o retorno à normalidade e, assim, ao retorno presencial das aulas nas escolas
de forma segura para todos os envolvidos, possamos ter a experiência da docência que
esperávamos ter inicialmente, havendo interações diretas com os estudantes, podendo
ajudar de forma mais eficiente o professor em suas aulas, além de observar de forma direta
o processo docente em ação.
41
TERMO DE RESPONSABILIDADE DE AUTORIA
As informações contidas neste artigo são de inteira responsabilidade de seus autores.
As opiniões nele emitidas não representam, necessariamente, a missão e os documentos
orientadores do Instituto Federal do Espírito Santo e do PIBID/CAPES.
CARVALHO, A. O. | MENINI, D. M. | TORRES, S. G. | SIMÕES, S. | HOMEM, F. C. | SCALZER, J.
AGRADECIMENTOS E CRÉDITOS
Gostaríamos de, inicialmente, agradecer imensamente à Capes pelo apoio financeiro
aos estagiários do PIBID. Esse financiamento ajuda milhares de estudantes de licenciatura
a se sentirem motivados a permanecerem nos cursos.
Agradecemos à E.M.E.F. ‘Ethevaldo Damazio’ e ao prof. Flávio Homem por terem nos
aceitado como estagiários.
Nosso agradecimento se estende à Coordenadora da área e professora Jaquelini
Scalzer pela oportunidade, pelos conselhos e pelos ensinamentos dados nesse mais de um
ano do programa.
Por fim, contudo não menos importante, nossos agradecimentos ao colega de
turma e grande amigo, Thiago Almenara, pelo apoio, pelas longas conversas (ou podcasts)
e conselhos de vida que ajudaram muito esse momento por que passamos. Pode ter
parecido algo pequeno, mas fez grande diferença.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Educação. Gabinete do Ministro. Portaria nº 343, de 17 de março
de 2020. Dispõe sobre a substituição das aulas presenciais por aulas em meios digitais
enquanto durar a situação de pandemia do Novo Coronavírus - COVID-19. Diário Oficial da
União, Brasília, DF, ed. 53, 18 mar. 2020. Seção 01, p. 39.
CAMPOS, Maria. Importância da Comunicação na Gestão do Trabalho Pedagógico. Acervo
Digital UFPR, 2016. Disponível: <https://acervodigital.ufpr.br/bitstream/handle/1884/53364/R%20
-%20E%20-%20MARIA%20CAROLINA%20CAMPOS.pdf?sequence=1&isAllowed=y/>. Acesso em
23 de Outubro de 2021.
ESPÍRITO SANTO. Secretaria da Educação. Secretaria da Educação cria Programa de
Atividades Pedagógicas Não Presenciais para alunos da Rede Estadual. Sedu, 2020. Disponível:
<https://sedu.es.gov.br/Notícia/secretaria-da-educacao-cria-programa-de-atividades-
pedagogicas-nao-presenciais-para-alunos-da-rede-estadual-2> Acesso em 25 Outubro de 2021.
GESTRADO, Grupo de Estudos sobre Política Educacional e Trabalho Docente. Docência na
Educação Básica Privada em Tempos de Pandemia. Gestrado, 2020. Disponível: <https://
gestrado.net.br/wp-content/uploads/2020/08/RELATORIO-COMPLETO-1011.pdf> Acesso
42 em 22 Outubro de 2021.
PIBID. O que é o Pibid?. Disponível em: <http://pibid.uemg.br/o-pibid.php/>. Acesso em 20
Outubro de 2021.
QUEIROZ, Francisco. Relação Professor/Aluno: Importância dos Vínculos Afetivos ao
Processo de Ensino Aprendizagem. Monografias Brasil Escola, 2017. Disponível: <https://
monografias.brasilescola.uol.com.br/educacao/relacao-professor-aluno-importancia-dos-
vinculos-afetivos-ao-processo-de-ensino-aprendizagem.htm/> Acesso em 24 Outubro de 2021.
VIVÊNCIAS DOS PIBIDIANOS E IMPACTOS DAS ATIVIDADES PEDAGÓGICAS NÃO PRESENCIAIS
NO ENSINO DE CIÊNCIAS NA ESCOLA PROFESSOR ETHEVALDO DAMAZIO
43
4 | A CONSTRUÇÃO E DESENVOLVIMENTO
DO ENSINO EAD E PRESENCIAL E
AS SUAS DIFERENÇAS NO ÂMBITO
ESCOLAR
RESUMO
Tem-se a ideia de que as modalidades de ensino presencial e a distância são opostas
a ponto de uma invalidar a outra, contudo não é assim de fato. Ambas possuem suas
características próprias, como também cada qual tem suas vantagens e desvantagens.
Sendo assim, são formas distintas, mas que podem contribuir igualmente a depender do
perfil do estudante e do conteúdo a ser estudado. No ensino presencial, professor e aluno
se encontram em um mesmo espaço físico de forma simultânea, o que proporciona uma
experiência de imersão e de interação ao ambiente escolar; já o ensino a distância acontece
com o auxílio das tecnologias digitais, geralmente com aulas gravadas e material didático
on-line sendo os meios mais utilizados nessa modalidade, tendo o âmbito escolar não
limitado apenas a um espaço físico. Este trabalho aborda a construção e o desenvolvimento
de ambas as modalidades, evidenciando suas diferenças e características, e como usadas
em conjunto podem proporcionar uma melhor qualidade de ensino.
Palavras-Chave: Ensino a distancia, Ensino presencial, Tecnologia.
1 INTRODUÇÃO
A modalidade de aula presencial é a forma padrão de ensinar, é o meio mais
comum ainda visto, mas com o avanço da tecnologia se abriram novos caminhos e novas
perspectivas, emergindo a necessidade de um meio em que se propusesse a flexibilização
do tempo e que rompesse com as barreiras geográficas, dando origem ao chamado ensino
a distância (EAD). Cada modalidade possui construções distintas e são desenvolvidas
por meios diferentes: na presencial, a construção e o desenvolvimento do ensino
acontecem com a interação entre os sujeitos presentes, enquanto na modalidade EAD a
ABREU, D. M. | HOMEM, F. | SCALZER, J.
2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Este artigo é resultado de uma pesquisa bibliográfica, com buscas em livros e
artigos por meio do acesso digital, tendo caráter de abordagem qualitativa. Os objetivos
são apresentados em um formato descritivo, com a análise das modalidades do ensino
presencial e do EAD em sua forma de construção e desenvolvimento, abordando as
diferenças entre ambos em razão da proposta que as modalidades apresentam. Ainda,
será analisada a forma como ocorre a interação do professor com os alunos, bem como a
do aluno com o meio escolar em ambas as modalidades.
4 A CONSTRUÇÃO E O DESENVOLVIMENTO DO
ENSINO PRESENCIAL NO ÂMBITO ESCOLAR
Na modalidade de aula tradicional, a ideia do ensino parte da figura central
do professor como mestre do saber. “Considerados como os únicos detentores do
conhecimento, cabe a eles cumprir o papel de transmissão desse conhecimento”(Ishitani,
2009), assim o compartilha com os alunos, constituindo uma hierarquia entre a relação de
ambos.
A construção do ensino presencial ocorre não somente pela aula em si, mas pela
estrutura e ambiente, propõe a imersão intensa de uma vivência do ambiente escolar, com
experiências mais ricas e diversificadas, embora nessa modalidade o aluno é, na maioria
das vezes, receptor de informação, sendo um indivíduo passivo no desenvolvimento da
educação. É possível o conteúdo abordado pelo professor ser debatido com os alunos e
entre os alunos, assim exercendo uma troca de ideias entre si, intensificando o ensino e
compreendendo melhor o conteúdo.
As aulas acontecem por meio das exposições verbal e não verbal, são com
horários e dias marcados, possuindo um percentual obrigatório de frequência de 75% (o
descumprimento resulta na reprovação do aluno). 47
É fato que na educação tradicional não houve grandes mudanças em sua construção
desde a criação da escola. Com o passar do tempo, algumas tecnologias digitais foram
inseridas, tornando a forma de ensinar mais didática, porém a pedagogia utilizada não
teve grandes alterações, permanecendo a ideia do professor como indivíduo central.
ABREU, D. M. | HOMEM, F. | SCALZER, J.
O intuito, porém, nessa seção, é discutir como a relação íntima entre essas
modalidades pode ampliar a qualidade do ensino. Ambos os meios de ensino têm suas
características próprias, entretanto não são as duas em sua totalidade distintas.
Levando em consideração as características benéficas de cada modalidade,
entenderemos como por meio do EAD é possível a ideia de uma vivência acadêmica
ampliada fora das dependências escolares.
A inserção das tecnologias digitais auxiliando no ensino presencial tem possibilitado
aos alunos qualidade maior do ensino, ao mesmo tempo trouxe a possibilidade da
implementação do EAD como um novo método de ensino.
Algumas instituições já trabalham com a ideia de uma extensão do ensino por meio
de um ambiente virtual, contudo fazendo uso não como método principal, mas como
apoio ao ensino oferecido na modalidade presencial.
No ensino a distância, ocorrem encontros com a presença ou não do professor, cujo
objetivo é ter o conteúdo a ser estudado. Ele é debatido entre professor e aluno, bem
como entre aluno e aluno, sendo uma forma de possibilitar a interação entre sujeitos, que
a modalidade não tem como base.
ao aluno a qualquer momento, o que cria uma flexibilidade quanto ao horário de estudo
e a possibilidade de revisão do material. Junto a isso, soma-se a autonomia do estudante,
sendo ele agora o responsável por sua rotina de estudo.
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Cada modalidade de ensino – aulas presenciais ou EAD – possui características
próprias, mas não se opõem uma à outra. O uso das ferramentas em conjunto que essas
modalidades dispõem aprimora a forma do ensino, podendo ser complementares entre si.
O EAD é pensado para um grupo de pessoas em que a flexibilidade de horário ou
o fator geográfico proporcionam uma rotina de ensino mais adequada ao indivíduo. O
presencial, por sua vez, é atraído por estudantes que preferem a interação com o professor,
com os colegas e também com a unidade de ensino.
No resumo, é importante considerar que tanto uma modalidade como outra,
executadas de forma exclusiva ou em conjunto, devem visar sempre à melhoria da 49
qualidade do ensino, afinal se trata da formação acadêmica de uma pessoa.
AGRADECIMENTOS E CRÉDITOS
Agradeço a coordenação de aperfeiçoamento de nível superior (CAPES)
primeiramente pela oportunidade de estar integrado ao programa PIBID que proporciona
uma experiência de qualidade sobre a formação acadêmica.
A minha professora Jacqueline scalzer por sempre estar presente e disposta a ajudar,
como também ao Lucas e a Vera que sempre me auxiliaram e me apoiaram nos inúmeros
ocasiões de dificuldades, e por fim a minha mãe que me apoia e me incentiva aos estudos.
REFERÊNCIAS
ISHITANI, Lucila. Aprendizagem colaborativa no ensino presencial: TICs ajudam ou
atrapalham?. Belo Horizonte, 2009.
MALTTAR, João. Educação a distância o estado da arte. São Paulo, 2014. Pág 117
MAGALHÃES, Ligia karam Corrêa de, LEHER , Elizabeth Menezes Teixeira. As tecnologias
da informação e da comunicação na formação de professores. 2006.
NUNES, Ivônio Barros. Educação a distancia o estado da arte. São Paulo, 2014. Pág
SILVA, Isamael Gonçalves da. Avaliando o aprendizado a distância versus o presencial: a
que distância a educação on-line se encontra do ensino presencial? 2013.
SILVA, Wanderley da. A educação a distância é a questão da singularidade. Rio de Janeiro,
2010.
MENEZES, Ebenezer Takuno de. Verbete ensino presencial. Dicionário Interativo da
Educação Brasileira - EducaBrasil. São Paulo: Midiamix Editora, 2001. Disponível em
<https://www.educabrasil.com.br/ensino-presencial/>. Acesso em 02 nov 2021.
50
5 | METODOLOGIAS APLICADAS AO ENSINO
REMOTO DE CIÊNCIAS E BIOLOGIA E OS
DESAFIOS NO CENÁRIO EDUCACIONAL
EM TEMPOS DE PANDEMIAS
RESUMO
O presente trabalho teve como objetivo analisar as metodologias aplicadas no ensino
remoto, na área de Biologia, em um novo cenário educacional em tempos de pandemia,
nos anos de 2020 e 2021. Foi discutido como os professores se reinventam nessa nova
sala de aula, bem como seus desafios no cenário profissional e no ambiente educacional.
As estratégias adotadas no ensino remoto foram elaboradas de forma dinâmica, como
laboratórios virtuais com experimentos acessíveis à comunidade escolar aplicada, jogos
científicos, construção de aulas com texto, slides e exercícios para melhor entendimento do
conteúdo, respeitando sempre as limitações do cenário sanitário da covid-19. Os resultados
encontrados sobre as metodologias de ensino adaptadas e os desafio enfrentados foram
de forma contribuinte do programa para promover uma formação inicial e continuada dos
envolvidos, em uma perspectiva que valoriza a prática cotidiana como lugar de construção
de saberes, mediante a análise crítica dessas práticas e da ressignificação das teorias a
partir dos conhecimentos da prática.
Palavras-chave: Metodologia, Desafio educacional, Ensino remoto, Ciências
Biológicas.
1 INTRODUÇÃO
O desenvolvimento de novas metodologias para as atividades remotas no ensino de
Ciências e Biologia foi necessário e de grande importância. Devido ao cenário da pandemia
do vírus Sars-Cov-2, grande parte da comunidade escolar foi inserida em um novo ambiente
CRUZ, H. D. V. | SINFRÔNIO, L. L. | DEGASPERI, L. A. | LIMA, S. B. | SCALZER, J.
educacional – o virtual – de forma repentina e por um longo tempo, o que trouxe defasagens
ao ensino. A falta de investimento em tecnologias digitais nos ambientes escolares para uso
tanto de estudantes como profissional docente e a falta de qualificação dos professores
para o uso dessas tecnologias foram grandes motivadores de diversos impactos nos
processos de aprendizagem durante esse contexto de pandemia. Por outro lado, os
docentes, sem uma alternativa mais viável, acabaram por desenvolver novas habilidades
com esse uso das plataformas virtuais, impulsionado de forma obrigatória. O Programa
Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) possibilitou que diversos bolsistas se
reinventaram junto com os professores, aprendendo sobre ambiente educacional virtual e
tecnologias integradas ao ensino.
2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
O programa PIBID, no curso de Ciências Biológicas do IFES Santa Teresa, no decorrer
dos dezoito meses, entre 2020 e 2021, permitiu desenvolver atividades com estudantes
do ensino fundamental e médio, como também com os professores da escola básica
de ensino. Com a pretensão de unir o meio acadêmico com a orientação integrativa
nas escolas, foi elaborado, em uma instituição pública de ensino do município de Santa
Teresa, a EEEFM José Pinto Coelho, um trabalho baseado em atividades semanais, que
eram organizadas em materiais como slides, lista de exercícios e sugestões de vídeo ou
documentário. Ao decorrer desse semestre foi realizada uma pesquisa com os alunos
do 9 ano do fundamental. Em que foi disponibilizado na plataforma google forms um
questionário onde os alunos descreviam sua satisfação sobre as Apnps e metodologias
aplicadas durante o ensino a distância.
subsidiado à internet em domicílio, o levantamento feito pelo Inep mostrou que 15,9% da
rede estadual adotaram medidas nesse sentido, e na rede municipal, o número registrado
foi de 2,2%. A diversidade de realidades educacionais, sociais e econômicas dentro do
Estado é, por si só, um grande desafio mesmo em cenários não emergenciais, durante
a pandemia a situação ficou ainda mais desafiadora e que precisa ser compreendida de
maneira analítica, a fim de gerar novos conhecimentos e mapear possibilidades de ações
para o presente e para o futuro.
Conforme o terceiro levantamento realizado pela Fundação Lemann, Itaú Social e
Imaginable Futures junto a familiares de estudantes do ensino fundamental e médio da rede
pública, é evidente a desigualdade de acesso à internet: enquanto nas regiões Sul e Sudeste
o percentual de pessoas com acesso à internet chega a 62% e 58%, respectivamente, na
região Norte esse percentual chega a apenas 32%. Outro fator importante é que, enquanto
98% dos estudantes com renda familiar superior a cinco salários-mínimos informaram que
tinham acesso a computadores ou notebooks com acesso à internet para seu próprio uso,
essa proporção cai para 74% referente a estudantes com renda entre 2 e 5 salários-mínimos,
e que não ultrapassou de 30% nas famílias com renda de até 2 salários mínimos, faixa de
renda esta que concentra grande parte dos estudantes da rede pública.
Em observação ao novo ambiente educacional, a EEEFM José Pinto Coelho
disponibilizou aos alunos do 9º ano, turma com a qual o grupo de pibidianos trabalhou,
um questionário, pela plataforma Google Forms, sobre o acesso às tecnologias durante
a execução das aulas remotas. Seguem abaixo os resultados e os relatos obtidos desses
estudantes.
Por qual meio digital você acompanhava as aulas remotas e o material de ensino?
Fonte: Autores
53
CRUZ, H. D. V. | SINFRÔNIO, L. L. | DEGASPERI, L. A. | LIMA, S. B. | SCALZER, J.
Fonte: Autores
Fonte: Autores
Justificativa de alguns alunos sobre as defasagens no ensino de forma remota:
• “[...] Estar longe de um auxílio profissional de um professor dificultou muito.” -
Aluno A.
• “[...] atraso de matérias (matérias que eram pra ser estudadas no ano anterior) e
muita coisa não foi passada, fazendo que meu ensino fique lento, tendo que dar
conta de tudo agora sozinha.” - Aluna B.
• “[...] Pois não tivemos uma das partes mais importantes do ensino, a explicação.”
54 - Aluno C.
escola). Nessa, as coisas estão organizadas e você se sente mais abraçado pelo
professor.” - Aluno A.
• “[...] Eu gostei bastante da forma de ensino – me beneficiei bastante.” - Aluno B.
• “[...] Como não podíamos tirar a dúvida na hora, acaba atrasando, presencial eu
aprendo mais. Porém remoto podemos fazer a aula de qualquer lugar e a qualquer
horário, mas remoto acaba sendo mais fácil fazer os afazeres domésticos, porém
não consigo aprender muito e manter uma motivação para fazer as atividades.” -
Aluno C.
Ao observar os relatos dos alunos, o grupo teve uma reflexão que foi sendo construída
com apoio do debate teórico sobre os sentidos e as funções da educação, do espaço escolar,
dos processos de construção de conhecimento, assim como das práticas pedagógicas.
Parte dos resultados da pesquisa teve como evidência a importância da retomada, ainda
que de forma remota, das atividades pedagógicas, bem como as desigualdades de acesso
às tecnologias. No caso particular da turma observada, notou-se um nível satisfatório
de participação e de interesse por parte dos estudantes. Em contrapartida, observou-se
a necessidade de distinguir-se educação de processos de ensino aprendizagem, já que
o espaço virtual foi a única solução durante a pandemia, sendo um espaço que requer a
necessidade de outras metodologias para aulas em espaço virtual.
57
5 IMPORTÂNCIA DO PIBID NA FORMAÇÃO DE
ESTUDANTES DE LICENCIATURA
Implementado pela Capes, a partir de 2007, o PIBID é uma ação que engloba a
Política Nacional de Formação de Professores do Ministério da Educação, tendendo
a estimular o processo de formação prática nos cursos de licenciatura e proporcionar a
união entre a educação básica e a educação superior, consequentemente adiantar seu
CRUZ, H. D. V. | SINFRÔNIO, L. L. | DEGASPERI, L. A. | LIMA, S. B. | SCALZER, J.
elo com a vivência na escola, que dali em diante será sua área de atuação. Nesse cenário,
o programa mostra-se na qualidade de uma metodologia importante em direção a uma
excelente formação de professores, posto que o programa estabelece uma colaboração
com as escolas de educação básica da rede pública, gerando, assim, bolsa aos graduandos
dos cursos de licenciaturas, como também dispõe de uma vitalidade para desenvolver
avanços no meio acadêmico dos discentes e docentes, trazendo às escolas públicas de
ensino meios de estimular os professores a ensinarem e apresentarem aulas mais lúdicas,
assim contribuindo no aprendizado dos alunos. Levando tais questões em consideração,
Assis (2016) afirma que
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Durante o projeto, foram adotadas estratégias no ensino de forma dinâmica, como:
laboratórios virtuais com experimentos acessíveis à comunidade escolar aplicada, jogos
científicos, construção de aulas com texto, slides e questões de fixação para melhor
entendimento do conteúdo, respeitando sempre as limitações do cenário sanitário da
covid-19.
Dada a relevância do assunto, é de grande importância tornar público o quanto o
corpo docente foi essencial na instrução dos estudantes diante de um novo paradigma
educacional no cenário escolar, imposto repentina e inesperadamente pela pandemia
do vírus SARS-COV-2. Avaliar os discursos dos professores de Ciências e de Biologia no
ensino fundamental quanto à criatividade, eficiência, significados e aspectos emocionais,
contribuirá na divulgação da importância dessa classe de trabalhadores durante a
pandemia, enfatizando que o professor precisa ser cada vez mais reconhecido, pois,
mesmo não estando preparados profissional e psicologicamente, estão sempre em busca
de se reinventar e instruir os alunos. Relatar as experiências desses profissionais ajudará na
58 valorização do trabalho desempenhado pelos professores, pelos alunos e pela comunidade
escolar, e servirá de exemplo ou apoio para os licenciandos que não tiveram vivência com
ensino na pandemia.
O PIBID é de fundamental importância para formação de futuros docentes. A
oportunidade da análise crítica diante de uma sala de aula no início da licenciatura
oportuniza uma mente observadora e crítica referente ao futuro das pesquisas que podem
ser desenvolvidas no ambiente escolar.
A formação inicial dos docentes deixa lacunas quanto ao uso de tecnologias, por
isso a formação continuada deve estar presente no ideário formativo do profissional
METODOLOGIAS APLICADAS AO ENSINO REMOTO DE CIÊNCIAS E BIOLOGIA E OS
DESAFIOS NO CENÁRIO EDUCACIONAL EM TEMPOS DE PANDEMIAS
AGRADECIMENTOS E CRÉDITOS
Agradecemos, primeiramente, a Deus, por ter nos dado oportunidade, força, saúde,
sabedoria e por guiar nosso caminho. Agradecemos também à professora coordenadora
do projeto, que nos mostrou a magnitude de sermos professores, com ensinamentos
valiosos, ajuda e educação, principalmente pela compreensão ao longo do processo. À
professora supervisora da escola contemplada, nosso agradecimento pelo apoio e subsídio
para o desenvolvimento do trabalho, auxiliando-nos com seu conhecimento e sua vivência.
A todos os entrevistados, fica também nosso agradecimento, por cederem um tempo e
uma generosa contribuição ao nosso trabalho. Por último, mas não menos importante, à
Capes, pelo suporte financeiro, sem o qual inviabilizaria a experiência vivida.
REFERÊNCIAS
59
AMBROSETTI, Neusa Banhara et al. Contribuições do Pibid para a formação inicial de
professores. Educação em Perspectiva, v. 4, n. 1, 2013.
AZEVEDO, Maria Cristina P. Stella de. Ensino por investigação: problematizando as
atividades em sala de aula. In: CARVALHO, Anna Maria Pessoa de (Org.). Ensino de ciências:
unindo a pesquisa e a prática. São Paulo: Cengage Learning, 2009.
AZEVEDO, Paula Regina do Nascimento. Reflexões sobre as práticas de ensino de ciências
em uma turma do 4° ano de uma escola estadual no município de Alegrete, RS. 2020.
CRUZ, H. D. V. | SINFRÔNIO, L. L. | DEGASPERI, L. A. | LIMA, S. B. | SCALZER, J.
DA SILVA ALVES, Tamires Rayane et al. O Pibid e sua contribuição na formação docente.
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DA SILVA FILHO, Lourival Gomes; DA SILVA, Iara da Glória Maria; JÓFILI, Zélia Maria Soares.
Construtivismo–teoria e prática: um estudo na faculdade de formação de professores da
Mata Sul–Palmares–PE.
DE ASSIS, Alessandra Santos. O PIBID como política pública para a formação docente.
Revista Thema, v. 13, n. 2, p. 2-3, 2016.
DE FREITAS ZÔMPERO, Andréia; PASSOS, Adriana Quimentão; DE CARVALHO, Luiza
Milbradt. A docência e as atividades de experimentação no ensino de ciências nas séries
iniciais do ensino fundamental. Experiências em Ensino de Ciências, v. 7, n. 1, p. 43-54, 2012.
DE OLIVEIRA, Michelly Queiroga. Docência na Educação Básica em tempos de pandemia:
ações, estratégias pedagógicas e desafios enfrentados no ano letivo de 2020 da Escola
Integral Professora Ana Cristina Rolim Machado. Research, Society and Development, v.
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e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira - INEP, Brasília, 8 de Julho de 2021. Disponível em:
<https://www.gov.br/inep/pt-br/assuntos/noticias/censo-escolar/divulgados-dados-sobre-
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Famílias passam a valorizar mais o trabalho dos professores. FUNDAÇÃO LEMANN, São
Paulo, 22 de outubro de 2021. Disponível em: <https://fundacaolemann.org.br/releases/
familias-passam-a-valorizar-mais-o-trabalho-dos-professores>. Acesso em: 31 de outubro
de 2021.
Inep regionaliza análises do Censo Escolar 2019 por unidades da Federação. Instituto
Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira - INEP, Brasília, 1 de Junho
de 2021. Disponível em: <https://www.gov.br/inep/pt-br/assuntos/noticias/censo-escolar/
divulgados-dados-sobre-impacto-da-pandemia-na-educacao >. Acesso em: 31 de outubro
de 2021.
LUZ, Aurilene Matias. O ensino de ciências por investigação e o uso da experimentação na
prática docente. 2018. Trabalho de Conclusão de Curso. Universidade Tecnológica Federal
do Paraná.
60
SOCZEK, Daniel. PIBID como Formação de Professores: reflexões e considerações
preliminares. Formação Docente–Revista Brasileira de Pesquisa sobre Formação de
Professores, v. 3, n. 5, p. 57-69, 2011.
6 | ENSINO REMOTO: OS ENTRAVES
CAUSADOS AOS PIBIDIANOS EM 2021
E A FALTA DE CONHECIMENTOS E DE
TECNOLOGIAS PARA A EXECUÇÃO DE
ATIVIDADES ONLINE
RESUMO
O presente artigo tem como objetivo a discussão dos problemas encontrados pelos
pibidianos em 2021, uma vez que tudo no ambiente escolar, assim como na sociedade
em geral, precisou ser alterado pela pandemia, para que a segurança dos alunos e dos
docentes prevalecesse. O artigo retrata, também, a escassez de conhecimentos no uso
das tecnologias digitais e na falta de acesso a elas que algumas pessoas possuem, muitas
vezes resultante da não necessidade do uso constante, porém atualmente torna-se
necessário o bom manuseio dessas ferramentas online, por isso muitos são pressionados
a se adaptarem. Desse modo, esse texto foi elaborado levando em consideração as
experiências vivenciadas de forma totalmente remota na escola José Pinto Coelho,
localizada no município de Santa Teresa- ES, cujo objetivo é fazer com que o leitor entenda
o cenário atual da educação em meio à pandemia.
Palavras-chave: Educação ; ensino remoto; pibid; tecnologias.
1 INTRODUÇÃO
O presente artigo propõe uma discussão teórica, que tem como base as pesquisas
realizadas de acordo com as experiências vivenciadas na EEEFM José Pinto Coelho,
localizada em Santa Teresa-ES, e observando outras escolas ao nosso redor. Logo, visa-
se nortear uma análise sobre as estruturas tecnológicas, a falta de conhecimento sobre
elas e os entraves acarretados aos pibidianos, apresentando um olhar crítico sobre tal
BELLO, H. D. | SILVA, R. F. F. | LIMA, S. B. | SCALZER, J.
2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
O presente artigo trata a respeito das experiências vividas na EEEFM “José Pinto
Coelho”, localizada em Santa Teresa- ES. Tais relatos foram registrados entre novembro de
2020 a outubro de 2021, durante o período da pandemia, tendo as aulas sido desenvolvidas
de forma totalmente remota, devido ao distanciamento social. No período de Novembro
a Dezembro de 2020, trabalhou-se com a turma da 1ª série do ensino médio do turno
vespertino, e de Fevereiro a Outubro de 2021 com a turma da 3ª série do ensino médio,
também do turno vespertino. Durante esse tempo, fomos orientados pela professora
Silvana, cujas propostas solicitadas por ela eram adaptadas.
Nesse viés, vale salientar que muitos docentes não possuíam determinados
conhecimentos tecnológicos, por isso foi notório e compreensível uma certa demora no
processo de adaptação para uso das tecnologias digitais, além da demora na aquisição de
equipamentos para o ensino por diversos fatores, acarretando no atraso dos conteúdos
necessários para o curso. Soma-se a essas situações uma outra problemática, advinda por
parte dos alunos, uma vez que nem todos tinham acesso amplo à internet. Surgia, então,
mais esta questão: “Como levar a educação para quem não tem acesso às tecnologias?”.
Muitos alunos têm às mãos ferramentas tecnológicas que permitem usos diversos,
como os aparelhos celulares, que serviram de integração entre professor-aluno por meio de
grupos do WhatsApp. Além disso, algumas plataformas de ensino gratuitas disponibilizadas
pelo Google foram constantemente utilizadas, como o Google Classroom e o Google Meet.
Tais recursos tecnológicos supriram as necessidades que se tinham mediante o ensino
63
remoto, visto que o Estado do Espírito Santo não tinha uma plataforma de ensino remoto
própria para disponibilizar. Entretanto, mesmo com o mundo tecnológico em que vivemos,
muitos alunos ainda sofrem com a falta de tecnologias, logo não conseguem acessar
ambientes de estudos. MORAN (2018, p. 13) aponta que
Devido a essa situação de falta de acesso à internet por parte de alguns alunos,
uma das metodologias aplicadas na Escola Pinto Coelho foi a do material impresso. O
aluno quinzenalmente recebia uma gama de conteúdos e atividades, para serem feitas e
devolvidas nesse mesmo espaço de tempo. Esse modo de ensino manifesta uma enorme
limitação, uma vez que o discente não consegue ter um contato direto com o professor,
logo, ao surgirem dúvidas durante seus estudos, elas na maioria das vezes ficam sem ser
respondidas, acarretando a falta de entendimento completo e adequado dos conteúdos
passados.
64
5 BNCC NA PRÁTICA
Durante o ensino remoto, observou-se que as devolutivas dos alunos eram quase
de 100%, mas em relação às aulas síncronas, na maioria das vezes havia um público muito
baixo. Ainda assim, houve o cumprimento da BNCC com o currículo do nosso Estado. Em
2020 houve orientações sobre o que se trabalhar em sala de aula, e ainda hoje elas são
disponibilizadas a cada trimestre, podendo-se constatar o fechamento por completo do
conteúdo a ser ofertado em cada série escolar.
ENSINO REMOTO: OS ENTRAVES CAUSADOS AOS PIBIDIANOS EM 2021 E A FALTA DE
CONHECIMENTOS E DE TECNOLOGIAS PARA A EXECUÇÃO DE ATIVIDADES ONLINE
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
É fato que a pandemia modificou a forma de ensinar. Vimos que utilizando
ferramentas digitais, ainda que gratuitas, não deixam de ser de qualidade, tornando o
ensino por esse meio possível. Entretanto, pudemos constatar que, mesmo com a grande
BELLO, H. D. | SILVA, R. F. F. | LIMA, S. B. | SCALZER, J.
oferta de tecnologias digitais, muitos ainda não têm acesso ao mínimo oferecido, mesmo
assim a escola não deixa de ofertar o ensino a todos, principalmente àqueles que mais
precisam, produzindo materiais alternativos para aqueles que não têm acesso à internet.
O ensino remoto trouxe consigo uma lentidão considerável quando falamos de
ensino. Atividades tiveram que ser replanejadas; cronogramas, grades curriculares,
tudo foi adaptado para ser ofertado dentro do prazo letivo programado, porém foi um
planejamento um tanto demorado. Além dessa delonga, o uso de ferramentas digitais que
eram desconhecidas por muitos passou a ser rotina na vida de jovens educandos, tendo
que aprender a utilizá-las de forma rápida, ainda que dificultosa.
Diante de tudo que foi vivenciado no ensino escolar nesse período de pandemia,
vale salientar que o ensino remoto remete a organização, o que leva muitos jovens a não
conseguirem se adequar, manter o foco, principalmente fora do ambiente da sala de aula,
que é um local onde se tem um profissional capacitado para sanar as dúvidas que surgem
durante o estudo.
Desse modo, é perceptível que o ensino remoto acarretou diversos malefícios ao
ambiente escolar, uma vez que, com a escassez de recursos digitais para as aulas online,
muitos discentes foram desanimando dos estudos, encontrando-se cada vez mais à
margem da sociedade.
Mais uma vez o que se constata é o quão a educação escolar ainda carece de
investimentos dos mais variados. A situação vivida, embora atípica, acentuou esse
problema que se arrasta há muito tempo. A escola é, muitas vezes, o único espaço em
que o jovem estudante tem acesso às tecnologias digitais, portanto é necessário um olhar
cuidadoso e atenciosos para com essa instituição, uma vez que seu objetivo é atender a
toda a população, oferecendo uma educação igualitária, inclusiva, gratuita e de qualidade.
AGRADECIMENTOS E CRÉDITOS
66 Agradecemos...
... à escola EEEFM “José Pinto Coelho”;
... à Secretaria de Educação do Espírito Santo;
... ao Ifes Santa Teresa;
... à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
ENSINO REMOTO: OS ENTRAVES CAUSADOS AOS PIBIDIANOS EM 2021 E A FALTA DE
CONHECIMENTOS E DE TECNOLOGIAS PARA A EXECUÇÃO DE ATIVIDADES ONLINE
REFERÊNCIAS
SANTOS, Cristina ; MIRANDA. O uso das tecnologias na educação: os desafios frente
à pandemia da Covid-19 / The use of technologies in education: the challenges facing
the COVID-19 pandemic. Brazilian Journal of Development, v. 6, n. 9, p. 70070–70079,
2020. Disponível em: <https://www.brazilianjournals.com/index.php/BRJD/article/
view/16897/13779>. Acesso em: 20 Oct. 2021.
ABBAD, Gardênia da Silva; ZERBINI, Thaís; SOUZA, Daniela Borges Lima de.
Panorama das pesquisas em educação a distância no Brasil. Estudos de Psicologia
(Natal), v. 15, n. 3, p. 291–298, 2010. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/epsic/a/
QjjjT53cFhNJJDxw8LyhgDL/?lang=pt>. Acesso em: 7 Dec. 2021.
BIANCONCINI DE ALMEIDA, Maria. Educação à distância no Brasil: Diretrizes políticas,
fundamentos e práticas. [s.l.: s.n., s.d.]. Disponível em: <https://www.igm.mat.br/
igm/igm1/HD-antigo/igmmat/ovidio-antigo/igm_2006/profweb/sala_de_aula/mat_
computacional/2006_2/artigos/artigo2.pdf>. Acesso em: 7 Dec. 2021.
MORAN, José. Metodologias ativas para uma aprendizagem mais profunda. [s.l.: s.n.,
s.d.]. Disponível em: <http://www2.eca.usp.br/moran/wp-content/uploads/2013/12/
metodologias_moran1.pdf>.
FRONTEIRAS DO PENSAMENTO. O digital é o novo normal. Fronteiras do pensamento.
Disponível em: <https://www.fronteiras.com/leia/exibir/o-digital-e-o-novo-normal>. Acesso
em: 10 Dec. 2021.
67
7 | A INSERÇÃO DE ATIVIDADES PRÁTICAS
NO ENSINO REMOTO PARA OBTENÇÃO
DE UMA APRENDIZAGEM EFICAZ
RESUMO
O presente artigo relata a importância da inserção de atividades práticas no ensino
remoto, com o fito de um aprendizado qualitativo e de uma formação sólida. O objetivo
deste documento é relatar como o processo prático das atividades experimentais
proporcionam um aprendizado mais significativo aos discentes, pois elas instigam o
senso reflexivo e criativo de cada aluno em seu desenvolvimento. Sendo mais eficaz que
as metodologias “tradicionais”, a aplicação prática disponibiliza uma fixação significativa
quando trabalhada junto à teoria, estimulando o aluno a ser mais ativo e autônomo durante
os trabalhos assim ofertados.
Palavras-chave: Atividades práticas, Atividades não presenciais, Ensino remoto.
1 INTRODUÇÃO
Sabe-se que, antes do fenômeno da pandemia, as estratégias de ensino utilizadas
pelos professores eram, teoricamente, uma metodologia “tradicional” de se ensinar,
porém, com a necessidade do ensino remoto, os educadores precisaram de um novo
método de ensino para tentarem proporcionar um aprendizado qualitativo dos alunos,
principalmente porque um dos maiores desafios encontrados nesse período foi a quase
impossibilidade de aplicar um ensino prático-teórico a distância.
2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Diante do cenário de desafios advindos da pandemia, foi realizada uma pesquisa com
os alunos da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio José Pinto Coelho, localizada
no município de Santa Teresa-ES, à Avenida Barão Orlando Bonfim, n° 987, Bairro Vila
Nova. Utilizou-se como ferramenta para a pesquisa o Google Forms, tendo por objetivo
saber como foi o aprendizado desses estudantes durante o ensino remoto e se, com a
inserção de atividades práticas, o conteúdo seria absorvido mais facilmente. A seguir serão
explanados os procedimentos metodológicos utilizados para a execução deste trabalho.
Abaixo estão os questionamentos que foram levantados aos estudantes das turmas
do 9° ano e da 1ª à 3ª série do ensino médio. Obteve-se a participação de 56 alunos, no
período de 4 semanas.
70
A INSERÇÃO DE ATIVIDADES PRÁTICAS NO ENSINO REMOTO PARA
OBTENÇÃO DE UMA APRENDIZAGEM EFICAZ
Gráfico 2 - Resultado da pergunta número 2: “Você acha que com atividades práticas
o conteúdo é absorvido de maneira mais fácil? Justifique a sua resposta.”.
71
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste trabalho, abordamos a importância da inserção de tarefas/aulas práticas nas
atividades remotas, com o fito de um aprendizado qualitativo e de uma formação sólida.
Trata-se de uma metodologia das “escolas inovadoras”, que consideram a inteligência
em todos os aspectos, não somente o acadêmico, mas também o social, emocional,
comportamental. Assim, concluímos que, para haver uma aprendizagem significativa e
mais eficaz, não basta apenas que o aluno tenho o contato autônomo com os fundamentos
teóricos aplicados, faz-se necessário o acompanhamento dos professores e colegas no
desenvolvimento de práticas pedagógicas, unindo a teoria à prática, pois são essas trocas
que permitem a aquisição de competências e habilidades mais qualitativas no processo de
ensino aprendizagem.
Cumprimos todos os objetivos que havíamos proposto, uma vez que foi realizado um
levantamento de dados a fim de relatar o impacto dessa metodologia de uso de práticas
na realidade dos alunos e como elas influenciam em seu aprendizado. Este trabalho
foi muito importante para a nossa compreensão de tal importância, além de permitir o
aprofundamento de novas metodologias integrativas do ensino prático em tempos
remotos.
As metodologias ativas e as ferramentas tecnológicas adotadas potencializam o
aprendizado e trazem resultados comprovados e eficazes. Acima de tudo, promovem uma
educação mais colaborativa, instigante e participativa, em que os alunos são protagonistas
de sua jornada de aprendizagem.
74
TERMO DE RESPONSABILIDADE DE AUTORIA
As informações contidas neste artigo são de inteira responsabilidade de seu(s)
autor(es). As opiniões nele emitidas não representam, necessariamente, a missão e os
documentos orientadores do Instituto Federal do Espírito Santo e do Pibid/Capes.
A INSERÇÃO DE ATIVIDADES PRÁTICAS NO ENSINO REMOTO PARA
OBTENÇÃO DE UMA APRENDIZAGEM EFICAZ
AGRADECIMENTOS E CRÉDITOS
Nós agradecemos primeiramente à nossa coordenadora de área, Jaqueline Scalzer,
por estar sempre disponível a ajudar e a tirar nossas dúvidas. Agradecemos também à
escola EEEFM José Pinto Coelho e à Professora Silvana por esses meses, durante os quais
trabalhamos juntos, e por ela nos ajudar a compartilhar a pesquisa com seus alunos. Não
podemos deixar de agradecer também a cada um que respondeu ao questionário.
Estendemos nossas gratificações à Capes pelo apoio financeiro, e também ao IFES
Santa Teresa e à Secretaria de Educação do Espírito Santo por essa oportunidade de
estarmos aprendendo na prática a rotina e as responsabilidades da nossa futura profissão
de ensinar, mesmo que em tempos tão difíceis como os que passamos durante essa
pandemia.
REFERÊNCIAS
APPENZELLER, S. et al. Novos Tempos, Novos Desafios: Estratégias para Equidade de
Acesso ao Ensino Remoto Emergencial. Revista Brasileira de Educação Médica, v. 44, n. 1,
2020. Disponível em: (https://www.scielo.br/j/rbem/a/9k9kXdKQsPSDPMsP4Y3XfdL/?lang=
pt&format=html). Acesso em: 27/10/2021.
LUCENA, Guilherme Leocárdio; SANTOS, Vandeci Dias dos; SILVA, Afranio Gabriel da.
Laboratório virtual como alternativa didática para auxiliar o ensino de química no ensino
médio. Revista Brasileira de Informática na Educação, v. 21, n. 02, p. 27-36, 2013. Disponível
em: (https://www.br-ie.org/pub/index.php/rbie/article/view/1427). Acesso em: 30/10/2021.
LUZ, P. S. da; LIMA, J. F. de; AMORIM, T. V. Aulas práticas para o ensino de biologia:
contribuições e limitações no ensino médio. Revista de Ensino de Biologia da SBEnBio, [S.
l.], v. 11, n. 1, p. 36-54, 2018. DOI: 10.46667/renbio.v11i1.107. Disponível em: https://renbio.
org.br/index.php/sbenbio/article/view/107. Acesso em: 6 jul. 2022.
METODOLOGIAS ativas no ensino remoto. SAE Digital, 2020. Disponível em: (https://sae.
digital/metodologias-ativas-no-ensino-remoto/). Acesso em: 28/10/ 2021.
Secretaria da Educação cria Programa de Atividades Pedagógicas Não Presenciais
para alunos da Rede Estadual. SEDU, 2020. Disponível em: <https://sedu.es.gov.br/
Not%C3%ADcia/secretaria-da-educacao-cria-programa-de-atividades-pedagogicas-nao- 75
presenciais-para-alunos-da-rede-estadual-2>. Acesso em: 9/12/2021.
VICTÓRIA, Camila et al.. Ensino remoto e a pandemia de covid-19: os desafios da aplicação
de aulas práticas. In: Congresso Nacional de Educação, n°7, 2020, Campina Grande. Anais
VII CONEDU. Campina Grande: Editora Realize, 2020. Disponível em: (https://editorarealize.
com.br/artigo/visualizar/68524). Acesso em: 27/10/2021.
8 | O USO DE HISTÓRIAS EM QUADRINHOS
NO ENSINO DE FÍSICA: RELATO DE
EXPERIÊNCIA DE UMA INTERVENÇÃO
PEDAGÓGICA REMOTA EM TEMPO DE
PANDEMIA
RESUMO
Este artigo relata a construção e a aplicação de uma intervenção pedagógica remota,
na forma de Histórias em Quadrinhos (HQs), como uma atividade diversificada lúdica para
o Ensino de Física. A intervenção foi realizada no contexto do Programa Institucional de
Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID), do curso de Licenciatura em Física do Instituto
Federal do Espírito Santo (IFES), campus Cariacica. O conteúdo abordado foi a Mecânica
Newtoniana, com exemplos sugeridos à luz da primeira e da segunda Leis de Newton,
para duas turmas de 2ª série do Ensino Médio da escola EEEFM Maria de Novaes Pinheiro,
localizada na cidade de Viana no estado do Espírito Santo, no ano de 2020, durante a
pandemia de COVID-19 causada pelo novo coronavírus SARS-CoV-2. Os resultados da
aplicação mostraram que o uso das HQs relacionadas a situações do cotidiano conseguiu
despertar o interesse da maioria dos alunos, fazendo-os refletirem sobre os fenômenos
físicos e escreverem explicações sobre os mesmos. Foi possível perceber que os alunos
se sentiram descontraídos diante das atividades, assim o uso das HQs pode representar
uma forma de tornar o ensino mais prazeroso e divertido, melhorando dessa forma o
aprendizado. Em relação às respostas das questões, a maioria dos alunos conseguiu
responder de forma esperada, apesar de usarem uma linguagem mais do cotidiano,
indicando a importância de se abordar questões mais contextualizadas nas aulas.
Palavras-chave: Ensino de Física, Histórias em Quadrinhos (HQs), Atividades Lúdicas,
Leis de Newton.
VIEIRA, L. F. | APOLINARIO, L. F. A. | SILVA, M. G. | SOARES, D. N. | PIUMBINI, C. K. | BUFFON, L. O.
1 INTRODUÇÃO
É consenso entre professores e estudantes que a disciplina de Física no ensino médio
não é facilmente assimilada pelos discentes. Para Testoni (2003, p. 02):
[...] a História em Quadrinho pode ser vista como uma fonte acessível,
um instrumento que faz parte do cotidiano do discente, o que, em uma
primeira fase, causaria um contato mais direto entre o aluno e o material
utilizado” (TESTONI, 2003, p. 02).
vida dos estudantes, visto que as aulas presenciais foram substituídas por aulas remotas.
Os discentes tiveram que passar pelo processo de adaptação para progredirem em seus
estudos de forma autônoma, o que não foi uma tarefa fácil. Diante dessa situação, as
atividades diversificadas com HQs poderiam representar uma forma de contribuir com o
processo de aprendizagem, tornando mais atrativas e lúdicas as Atividades Pedagógicas
Não Presenciais (APNPs).
Nas próximas seções deste capítulo, são apresentados os procedimentos
metodológicos, o relato de experiência com os resultados e discussões e por último as
conclusões finais.
2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
O presente trabalho foi desenvolvido, totalmente de forma remota, em duas turmas
de 2ª série do Ensino Médio da escola EEEFM Maria de Novaes Pinheiro, localizada no
Bairro de Vila Bethânia, no município de Viana no estado do Espírito Santo. A realização das
atividades foi voluntária por parte dos alunos.
Todo o processo de realização do trabalho durou nove meses – novembro de 2020 a
julho de 2021 – desde a escolha do tema de pesquisa, junto aos professores coordenadores
e o professor supervisor, até a conclusão da análise dos resultados. No entanto, as
aplicações dos questionários em si, duraram um mês (entre maio e junho de 2021), sendo
esse período extenso por causa das agendas de atividades escolares, que precisavam
se reajustar conforme as demandas da Secretaria Estadual de Educação (SEDU) e as
exigências provocadas pela pandemia.
A metodologia adotada foi a construção, pelos autores deste trabalho, de duas
HQs aplicadas separadamente, juntamente com dois questionários investigativos. Para a
criação das HQs, utilizou-se a plataforma Storyboard That1, na qual foram usados apenas
os recursos gratuitos que a plataforma disponibilizou. Em ambas as HQs tivemos um
personagem que narrava a história dialogando com o leitor, buscando relacionar a Física
com situações do cotidiano.
A HQ1, mostrada na figura 1, tratou da observação de duas moças fazendo compras
em um supermercado e empurrando carrinhos com quantidades diferentes de compras.
Através da HQ1 e de um questionário investigativo, foi possível trabalhar a Segunda Lei de
Newton.
79
1 https://www.storyboardthat.com/storyboards/beki1234/brasil
VIEIRA, L. F. | APOLINARIO, L. F. A. | SILVA, M. G. | SOARES, D. N. | PIUMBINI, C. K. | BUFFON, L. O.
Fonte: Os autores.
Já a HQ2, mostrada na figura 2, relatou o comportamento de dois passageiros
num ônibus em movimento freando e acelerando e, através dela e de um questionário
investigativo, foi possível estudar a Primeira Lei de Newton. Ao final da intervenção,
os alunos responderam um questionário de opinião sobre as atividades realizadas e a
metodologia adotada.
80
O USO DE HISTÓRIAS EM QUADRINHOS NO ENSINO DE FÍSICA: RELATO DE EXPERIÊNCIA
DE UMA INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA REMOTA EM TEMPO DE PANDEMIA
81
Fonte: Os autores.
Por causa do ensino híbrido (modalidade escolhida pela SEDU - ES), muitos estudantes
sentiram dificuldades com o processo de aulas remotas e as APNP. A plataforma Google
VIEIRA, L. F. | APOLINARIO, L. F. A. | SILVA, M. G. | SOARES, D. N. | PIUMBINI, C. K. | BUFFON, L. O.
Forms (ou Formulários do Google), mostrou-se bem aceita pelos participantes, pois
apresentava um layout simples e “leve” para “carregar” em seus dispositivos móveis,
principalmente. Vale ressaltar que o manuseio pelo docente também é simples e amigável,
sendo suficiente para interagir com os discentes, e preparar bons materiais. A apresentação
das HQs aos estudantes, deu-se por meio dos questionários 1 e 2, enviados separadamente
na plataforma do Google Forms, com as respectivas HQs em seus cabeçalhos.
Outra ferramenta muito útil utilizada foi o aplicativo WhatsApp, o qual ajudou
bastante na manutenção da comunicação com os alunos, além de aumentar a adesão em
responder aos questionários. Com a ajuda dos próprios estudantes, foi possível incentivar
outros colegas de turma a realizarem a leitura das HQs e responderem às perguntas. Isso
inclusive mostrou como a interação entre eles pode ser aproveitada pelo professor.
do cotidiano; “não esperadas”, quando eram sem sentido ou equivocadas; e “não soube
responder”, quando foram deixadas em branco. A seguir serão apresentadas as análises
das respostas dos questionários:
• “Segundo a lei de newton se a força resultante sobre um corpo for nula (igual a
zero), esse corpo estará em repouso ou em movimento retilíneo uniforme.”
• “Eu percebo que o ônibus está parado pelo aspecto que os passageiros estão, eles
estão calmos, equilibrados e retos, inclusive tem um passageiro que está em pé.”
• “Que nenhuma força está agindo sobre ele e o motorista não ter ligado o motor.”
As duas primeiras respostas se baseiam quase que literalmente na primeira Lei de
Newton, não dando uma explicação mais específica ao caso abordado. Já a terceira e a
quarta respostas tentam explicar analisando a figura em si, indicando alguma investigação
da situação.
Questão 4: Em seu cotidiano, você já passou por alguma experiência parecida? Qual(is)
decisão(ões) tomou, e porquê?
Do total de 37 respostas obtidas, 32 foram classificadas como esperadas, 4 como não
esperadas e 1 como não soube responder. Como exemplos de respostas esperadas, têm-se:
• “Sim, eu me segurei em algo que estava próximo a mim, para assim evitar um pouco
do impacto.”
• “Sim, estava em pé no ônibus e ele estava em uma velocidade muito rápida quando
foi frear automaticamente me desloquei para frente, por conta do impulso do
ônibus.”
• “Quando o carro acelerar e rapidamente freia, aí a decisão é colocar o cinto de
segurança.”
“Andando de bicicleta na estrada e frenado na descida para não bater em veículos
que estão subindo.”
“Sim. Segurar com mais força nos apoios que tem no ônibus.”
Foi possível perceber que os alunos conseguiram associar o conteúdo com o
cotidiano, visto que as situações apresentadas nas HQs são comuns para grande parte
deles. É notório também que eles não usaram somente o exemplo do ônibus, mas também
estenderam seus conhecimentos aos outros meios de transportes, o que significa que
assimilaram o conteúdo.
Questão 5: Qual(is) outra(s) situação(ões) do dia a dia você consegue imaginar como a
da HQ2?
Do total de 37 respostas obtidas, 16 foram classificadas como esperadas, 10 como
não esperadas e 11 como não soube responder. Como exemplos de respostas, têm-se:
• “Quando você está no carro por exemplo sem cinto de segurança.”
• “Quando andamos de bicicleta, estamos nos movimentando. Se tentarmos frear,
86 enquanto descemos um morro, o nosso corpo será arremessado para frente, se não
estivermos segurando, seremos arremessados para longe.”
• “Quando estamos andando de carro ou de moto, são situações bem parecidas.”
• “Andar de bicicleta ou skate.”
• “Eu correndo muito rápido em uma descida de morro e não conseguindo parar.”
Nas primeira, segunda e quinta respostas, os alunos demostraram entendimento
descrevendo situações análogas à da HQ2. Já na terceira e na quarta respostas, os alunos
só citaram outros meios de transporte análogos, mas não descreveram as situações
apresentadas na HQ2.
O USO DE HISTÓRIAS EM QUADRINHOS NO ENSINO DE FÍSICA: RELATO DE EXPERIÊNCIA
DE UMA INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA REMOTA EM TEMPO DE PANDEMIA
Questão 1: De que forma o uso de HQs nas aulas de Física pode contribuir positivamente
para a sua aprendizagem?
Do total de 37 respostas obtidas, 29 afirmaram que as HQs podem contribuir sim e 8
não responderam. Seguem algumas respostas obtidas:
• “Na minha opinião, com histórias em quadrinhos, é melhor para entender a matéria, 87
porque tem a simulação e tal, acho que isso vai contribuir bastante para a minha
aprendizagem.”
• “Demonstrar visualmente um exemplo de reação simples do dia a dia para
associarmos a física ao nosso cotidiano.”
Percebe-se que a utilização de HQs pode contribuir positivamente na aprendizagem
dos alunos, estando de acordo com De Araújo (2020, p. 164), para quem “as HQs são
recursos adequados para o processo de ensino e aprendizagem”.
VIEIRA, L. F. | APOLINARIO, L. F. A. | SILVA, M. G. | SOARES, D. N. | PIUMBINI, C. K. | BUFFON, L. O.
Questão 2: Caso você já tenha utilizado HQs anteriormente nas suas aulas de Física, o
que foi trabalhado nessas estorinhas?
Do total de 37 respostas obtidas, 17 afirmaram já terem utilizado, 12 não utilizaram e
8 não responderam. Algumas respostas dos alunos foram:
• “Meus professores de Física nunca utilizaram esse método antes.”
• “Não, me lembro.”
• “Na última foi uma HQ que se passava em um supermercado que a gente tinha que
descobri situações onde a física podia ser aplicada.”
• “Foram estudados sempre os conteúdos da física como o movimento repouso e etc.”
As respostas dos estudantes foram bem divididas; alguns responderam que já
utilizaram HQ, porém na resposta também falavam sobre as HQs aplicadas na intervenção.
Questão 3: Na sua opinião, como essa forma de mostrar um conteúdo pode ajudar na
aprendizagem?
Do total de 37 respostas obtidas, 27 afirmaram que pode ajudar, 1 afirmou que não
pode ajudar e 9 não responderam. Algumas respostas dos alunos foram:
• “Pois é mais fácil a compreensão, do que apenas comparar fatos.”
• “Por ser uma forma divertida, isso ajuda a estimular na aprendizagem.”
• “Acho que pode me ajudar bastante a entender o conteúdo.”
A maioria dos participantes respondeu que o uso da HQ ajuda a entender o conteúdo
e estimula a aprendizagem.
Questão 4: Você gostaria de ter mais aulas com o uso de HQs? E sobre as estorinhas,
você acha mais interessante com menos quadrinhos, uma quantidade próxima das que foram
usadas, ou mais quadrinhos?
Do total de 37 respostas obtidas, 33 afirmaram que sim, 2 afirmaram que não
gostariam e 2 não responderam. Algumas respostas dos alunos foram:
• “Sim, eu gostei e acho que podem acrescenta mais quadrinhos.”
• “Sim, gostaria sim, sempre de ter o uso de HQs, o tanto que foi usado está ótimo.”
• “Sim, menos quadrinhos.”
A maioria dos alunos gostariam de mais aulas como essa. Este dado mostrou que eles
gostaram dessas aulas diferentes e lúdicas, que saíram do modelo tradicional. Apenas um
aluno sugeriu menos quadrinhos do que foi apresentado.
Questão 5: Você gostaria de fazer alguma crítica, elogio ou sugestão sobre o uso de HQs
no ensino de Física? Sinta-se à vontade e contribua.
Todas as 37 respostas foram classificadas como satisfeitos com a atividade. Algumas
88 respostas estão a seguir:
• “Queria elogia porque eu achei mais fácil de entende em imagem.”
• “Por causa dessa utilização da HQ, isso me ajudou a interpretar a atividade de uma
forma mais facilitada.”
Nessa pergunta muitos alunos elogiaram e outros preferiram não opinar respondendo
apenas estarem satisfeitos. Dois estudantes escreveram a seguinte sugestão:
• “Na minha opinião apenas queria estar sugerindo que as HQs sejam mais usadas em
sala de aula assim como estão sendo usadas hoje.”
• “Sugerir, de abordar mais estorinhas em HQs, é divertido estudar assim.”
O USO DE HISTÓRIAS EM QUADRINHOS NO ENSINO DE FÍSICA: RELATO DE EXPERIÊNCIA
DE UMA INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA REMOTA EM TEMPO DE PANDEMIA
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
As HQs apresentadas conseguiram abordar de forma simples e direta os conceitos
presentes nas primeira e segunda Leis de Newton, tratando de dois cenários bastante
comuns no cotidiano dos estudantes, que são a ida ao supermercado para fazer compras
com um carrinho e a viagem de ônibus. Os estudantes deram um bom retorno com os
questionários aplicados e conseguiram visualizar com facilidade as HQs, e, a partir delas,
utilizar melhor a Física ensinada na escola em seu dia a dia.
Em relação à HQ1, os alunos tiveram mais facilidade no entendimento por abordar
uma situação onde o senso comum ajuda na compreensão e assim a maioria das respostas
foram esperadas. Já na HQ2, apesar de ser abordada uma situação bastante comum do
cotidiano, a explicação física baseada no princípio da inércia se mostrou mais difícil para os
alunos e somente a metade deles deu respostas esperadas. No geral, a grande quantidade
de respostas consideradas “esperadas” com algum grau de acerto indicou um bom
aproveitamento da atividade e um bom potencial das HQs para o ensino de Física.
Através do questionário de opinião verificamos que a maioria dos alunos aprovaram
o uso das HQs como uma ferramenta de ensino e afirmaram que elas facilitam a visualização
dos fenômenos, tornando o estudo mais divertido, estimulando a aprendizagem. Eles
também afirmaram desejar um uso mais frequente das HQs nas aulas.
Os resultados obtidos nessa aplicação sugerem o bom potencial das HQs como um
material introdutório para atividades investigativas contextualizando situações e também
podendo serem utilizadas para diagnóstico dos conhecimentos prévios dos alunos.
AGRADECIMENTOS E CRÉDITOS
Agradecemos ao Instituto Federal do Espírito Santo (IFES) Campus Cariacica, ao
Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) e à Capes por financiá-lo.
VIEIRA, L. F. | APOLINARIO, L. F. A. | SILVA, M. G. | SOARES, D. N. | PIUMBINI, C. K. | BUFFON, L. O.
REFERÊNCIAS
DE ARAÚJO, Jhonatha Mike Menezes; CASTILHO, Weimar Silva; DA SILVA, Humberto José
Gama. O uso de história em quadrinhos como estratégia metodológica para o ensino de
física. Revista Integralização Universitária. Palmas, v. 14, n. 22, p. 153-165. Jan – Jul 2020.
MORAES, R. Análise de conteúdo. Revista Educação. Porto Alegre, v. 22 n. 37, pp. 7-32.
1999.
MOREIRA, Marco A. Linguagem e aprendizagem significativa. Encontro Internacional sobre
Aprendizagem Significativa, 4. Maragogi, AL, 08 a 12/09/2003. (v. rev. ampl.); Encontro
Internacional Linguagem, Cultura e Cognição, 2. Belo Horizonte, MG, 16 a 18/07/2003.
TESTONI, Leonardo A.; ABIB, Maria L. V. dos S. A utilização de histórias em quadrinhos
no ensino de física. Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências (ENPEC),
4. Marco Antonio Moreira (Org.). Atas do IV ENPEC. Bauru, SP: Associação Brasileira de
Pesquisa em Educação em Ciências (ABRAPEC), 25 a 29/11/2003.
VIEIRA, Edimara F.; HIGA, Ivanilda. Histórias em quadrinhos: uma proposta para o ensino
de física. In: Congresso Nacional de Educação (EDUCERE), 9.; Seminário Internacional de
Representações Sociais, Subjetividade e Educação (SIRSSE), 2.; Seminário Internacional
sobre Profissionalização Docente (SIPD/CÁTEDRA UNESCO), 4. Anais [...]. Curitiba:
Pontifícia Universidade Católica do Paraná, 23 a 26/09/2013.
VILLELA, Gabriel de Carvalho; DE OLIVEIRA, Sarah; LAUDARES, Francisco Antônio Lopes.
Histórias em quadrinhos para o Ensino de Física: um método simples de construção.
In: Congresso Nacional de Educação (EDUCERE), 13.; Seminário Internacional de
Representações Sociais, Subjetividade e Educação (SIRSSE), 4.; Seminário Internacional
sobre Profissionalização Docente (SIPD/CÁTEDRA UNESCO), 6. Anais [...]. Curitiba:
Pontifícia Universidade Católica do Paraná, 2017.
90
9 | UM ESTUDO SOBRE A CONSERVAÇÃO DE
ENERGIA NO ENSINO MÉDIO DURANTE
A PANDEMIA DE COVID-19 ATRAVÉS DO
MÉTODO DO ENSINO SOB MEDIDA
RESUMO
Este artigo tem como objetivo relatar o planejamento e a aplicação de uma
intervenção didática, baseada na metodologia ativa do Ensino sob Medida (EsM), realizada
no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid), envolvendo o estudo
da conservação de energia, em turmas do segundo ano do ensino médio da escola estadual
EEEFM São João Batista, localizada no município de Cariacica-ES. A atividade foi planejada
e executada pelo subprojeto do Curso de Licenciatura em Física do Ifes – Campus Cariacica.
A intervenção ocorreu de forma online em duas etapas, sendo a primeira realizada através
da apresentação de uma tarefa de leitura e de um questionário inicial, e a segunda por
meio de um vídeo para sanar as dúvidas dos alunos, seguido de um questionário final. Após
a intervenção houve a aplicação de uma pesquisa de opinião. As análises dos resultados
confirmaram as dificuldades dos alunos com o ensino online implementado devido à
pandemia de Covid-19, porém foi possível constatar um aumento na participação dos
alunos com essa atividade.
Palavras-chave: Ensino sob medida. Ensino de Física. Pibid. Pandemia de Covid-19.
Conservação de energia.
1 INTRODUÇÃO
São de conhecimento geral as dificuldades que a maioria dos alunos do ensino médio
apresentam na disciplina de Física, e essa situação se agravou com a pandemia de Covid- 19
SILVA, G. G. | MOREIRA, M. G. | ARAGÃO, R. M. | TRABACH, A. R. S. | PIUMBINI, C. K. | BUFFON, L. O.
Nos questionários procuramos estimular uma postura mais investigativa dos alunos
para se aproximar da competência específica 3 da BNCC, que trata de:
Para que isso ocorra de maneira satisfatória, deve-se considerar a importância dos
professores não mais como os únicos emissores de informação e os alunos como sujeitos
passivos. De acordo com Moreira (2012), deve-se ensinar colocando-se o aluno no centro
SILVA, G. G. | MOREIRA, M. G. | ARAGÃO, R. M. | TRABACH, A. R. S. | PIUMBINI, C. K. | BUFFON, L. O.
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Essa atividade foi desenvolvida e aplicada pelos alunos do Curso de Licenciatura em
Física do Ifes – Campus Cariacica, que são bolsistas do subprojeto do Programa Institucional
de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid) da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior (CAPES). Este programa possibilita aos estudantes de cursos de licenciatura
o planejamento e execução de atividades pedagógicas diferenciadas em escolas públicas.
Pelo fato de ter sido aplicada no formato online, devido à pandemia de Covid-19, do
total de alunos das turmas houve a participação voluntária de 24 alunos. No quadro 1, a
seguir, é apresentado um resumo das etapas da aplicação.
Datas de
Etapas Atividades Duração
realização
94 De 15/05/2021
Envio do material de leitura, dos
1ª 10 dias
vídeos e do questionário inicial a 25/05/2021
4 RELATO DA INTERVENÇÃO
Na 1ª etapa de leitura e consulta do material introdutório, apenas 24 alunos
responderam, sendo que boa parte deles foi contactada para entregar a atividade por
meio de mensagens e email, havendo a prorrogação do prazo de entrega por dois dias. As
questões iniciais foram escolhidas de acordo com o conteúdo visto no texto e nos vídeos.
Houve também um monitoramento das possíveis dúvidas pelo WhatsApp.
Na 2ª etapa, baseado no resultado do questionário inicial, foi feito um vídeo que foi
disponibilizado no YouTube6 com o intuito de explicar as partes em que os alunos tiveram
Fonte: phet.colorado.edu
Devido a dificuldades financeiras, alguns alunos não puderam entregar a atividade,
pois precisavam trabalhar para complementar a renda familiar e nesses casos foi necessário
estender o prazo para a entrega das atividades. Abaixo, na figura 2, há uma mensagem
privada enviada por um dos alunos que relatou essa dificuldade:
96
Fonte: WhatsApp Web do grupo
Neste período, sem a realização de aulas presenciais, os alunos sentiram muitas
dificuldades no entendimento do conteúdo e no empenho nas atividades; isso pode ter
contribuído para o baixo índice de acertos no questionário final, sendo necessário rever
essa abordagem nas próximas aplicações. Este fato pode ser percebido ao verificar as
respostas do questionário de opinião quando os alunos demonstraram certa impaciência
com alguns aspectos da atividade, como, por exemplo, na figura 3.
UM ESTUDO SOBRE A CONSERVAÇÃO DE ENERGIA NO ENSINO MÉDIO DURANTE A
PANDEMIA DE COVID-19 ATRAVÉS DO MÉTODO DO ENSINO SOB MEDIDA
QUESTIONÁRIO INICIAL
Q1 Q2 Q3 Q4 Q5 Q6 Q7 Q8 Q9 Q10
Correta 13 14 13 3 4 22 10 5 16 6
Parcialmente
5 7 6
correta
Incorreta 11 10 11 9 7 2 14 6 8 18
Copiada 4 2 3
Não respondeu 0 1 1
Não entendeu 3 3 3
Grau de confiança
8 7 8 11 8 14 11 10 14 4
alto
Grau de confiança
13 10 8 8 9 7 8 9 7 15
razoável
Grau de confiança
3 7 8 5 7 3 5 5 3 5
baixo
Fonte – Elaborado pelos autores
Nas questões Q2, Q6 e Q9, os alunos tiveram um melhor desempenho, com mais de
58% de acertos na turma, sendo que nas Q6 e Q9 foram observados os graus de confiança
mais altos com 14 respostas cada. Em média, no questionário inicial, os níveis de confiança
foram: alto (9,5 respostas), razoável (9,4 respostas) e baixo (5,1 respostas), indicando
uma certa segurança por parte dos alunos. Diante disso, no questionário final foi decidido
repetir somente as outras 7 questões com acerto menor do que 58%, para verificar se as
98 atividades seguintes proporcionaram algum ganho conceitual.
Entretanto, após a análise das respostas do questionário final, cujo resultado não
será mostrado aqui, não foi possível detectar melhora no desempenho das 7 questões e
do nível de confiança, sendo um resultado de certa forma surpreedente. Mesmo assim,
tal resultado não invalida o êxito da proposta que conseguiu a participação voluntária
dos alunos numa situação de ensino remoto emergencial provocado pela pandemia de
Covid-19.
Um dos principais fatores que pode ter contribuído para a não evolução no
aprendizado dos alunos pode ter sido a mudança abrupta do ensino presencial para o
UM ESTUDO SOBRE A CONSERVAÇÃO DE ENERGIA NO ENSINO MÉDIO DURANTE A
PANDEMIA DE COVID-19 ATRAVÉS DO MÉTODO DO ENSINO SOB MEDIDA
online, devido ao inesperado isolamento social. Essa dificuldade mostrada pelos dados
está de acordo com a afirmação de Bacich, Neto e Trevisani (2015, p. 51):
Não adianta querer mudar, da noite para o dia, toda uma cultura escolar,
como proposto em uma abordagem disruptiva. O papel do professor é
essencial na organização e no direcionamento do processo. O objetivo
é que, gradativamente, o profissional planeje atividades que possam
atender às necessidades da turma.
A dificuldade dos alunos no ensino online ficou evidente na fala de um aluno a seguir:
Aluno 1 - “Entendi muita coisa não, mal entendo na escola imagina vendo vídeo”.
Diante da não evidência de aprendizado na comparação dos questionários, decidimos
tentar identificar as dificuldades que os alunos tiveram na intervenção e propor sugestões
para melhorar o material didático utilizado para serem usadas em futuras intervenções.
99
SILVA, G. G. | MOREIRA, M. G. | ARAGÃO, R. M. | TRABACH, A. R. S. | PIUMBINI, C. K. | BUFFON, L. O.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A intervenção, por meio do ensino sob medida, teve como objetivo principal
engajar os alunos na participação das atividades online. Por meio da pesquisa de opinião,
percebemos que os alunos, de uma forma geral, gostaram da experiência de terem
participado de uma metodologia ativa; a quantidade de alunos participantes foi satisfatória
em comparação à baixíssima participação dos alunos nas atividades curriculares da escola
durante a pandemia. No início tivemos 24 participações e no final esse número caiu para
22, mas este era aproximadamente o nível de engajamento esperado por nós e, portanto,
este objetivo do trabalho foi atingido.
Contudo, a comparação entre os questionários inicial e final e a investigação a respeito
dos graus de confiança nas respostas não conseguiu mostrar indícios de aprendizado.
Apesar de esperarmos alguma evolução no conhecimento dos alunos, acreditamos que isso
não deve ser considerado um resultado ruim em si, diante das circunstâncias complicadas
que os alunos das escolas públicas vivenciaram durante a pandemia de Covid-19. Em parte,
as dificuldades que os alunos tiveram podem estar relacionadas ao tempo relativamente
curto das atividades aplicadas, às dificuldades de acesso à internet, ou ainda a um certo
desânimo com o ensino online.
Por fim, conclui-se que atividades deste tipo podem ser usadas com o objetivo de
melhorar a participação dos alunos e que, mediante algumas correções e ajustes, podem
promover melhores resultados. Dentre essas modificações, percebemos que não é
adequado repetir questões em questionários, pois isso desestimula os alunos que acabam
respondendo sem muito empenho. Além disso, deve-se ter o cuidado de produzir vídeos
que despertem o interesse do aluno e que não sejam muito longos.
AGRADECIMENTOS E CRÉDITOS
101
Agradecemos ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo
(Ifes), Campus Cariacica, pela oportunidade de participarmos do Programa Institucional de
Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid) e à CAPES por financiá-lo. Agradecemos também à
escola da rede pública estadual EEEFM São João Batista.
SILVA, G. G. | MOREIRA, M. G. | ARAGÃO, R. M. | TRABACH, A. R. S. | PIUMBINI, C. K. | BUFFON, L. O.
REFERÊNCIAS
ARAÚJO, Ives Solano; MAZUR, Eric. Instrução pelos colegas e ensino sob medida: uma
proposta para o engajamento dos alunos no processo de ensino- aprendizagem de Física.
Caderno brasileiro de ensino de física. Florianópolis. Vol. 30, n. 2 (ago. 2013), p. 362-384,
2013.
BRANCO, Emerson Pereira; ADRIANO, Gisele; ZANATTA, Shalimar Calegari. Educação e
TDIC: contextos e desafios das aulas remotas durante a pandemia da COVID-19. Debates
em Educação, v. 12 (2020): Número Especial 2.
BRASIL, Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular (BNCC). 2017. Acesso
em: 17 de julho de 2021.
BRASIL. Medida Provisória nº 934, de 01 de abril de 2020. Brasília. Disponível em http://
www.planalto.gov.br. Acesso em: 13 jul. 2020.
BACICH, Lilian; NETO, Adolfo Tanzi; TREVISANI, Fernando de Mello. Ensino híbrido:
personalização e tecnologia na educação. Penso Editora, 2015.
CORDEIRO, Karolina Maria de Araújo. O Impacto da Pandemia na Educação: A Utilização da
Tecnologia como Ferramenta de Ensino. 2020.
IDOETA, Paula Adamo. Pandemia deve intensificar abandono de escola entre alunos mais
pobres . BBC News Brasil, São Paulo, 23 julho 2020. Disponível em: <https://www.bbc.com/
portuguese/brasil-53476057>. Acesso em: 10 dez. 2021.
MORAES, Roque. Análise de conteúdo. Revista Educação, Porto Alegre, v. 22, n. 37, p. 7-32,
1999.
MOREIRA, Marco Antônio. Desafios no ensino da física. Revista Brasileira de Ensino de
Física, v. 43, 2021.
MOREIRA, Marco Antônio. O Que é Afinal Aprendizagem Significativa? Instituto de Física
– UFRGS, Campus, Porto Alegre – RS, 2012.
102
10 | ENSINO DE FORÇA GRAVITACIONAL:
UMA PROPOSTA UTILIZANDO O
SIMULADOR PHET
RESUMO
Este trabalho apresenta um relato de experiência acerca de uma atividade
desenvolvida e aplicada, de forma remota, em duas turmas do segundo ano do Ensino
Médio da escola EEEFM Maria de Novaes Pinheiro, localizada em Viana - ES, abordando
o conteúdo sobre Força Gravitacional. Essa intervenção foi planejada e aplicada pelo
subprojeto da Licenciatura em Física do Ifes de Cariacica do Programa Institucional de
Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID). O objetivo geral desta proposta foi analisar as
contribuições do uso de simuladores computacionais no ensino de Força Gravitacional,
sobretudo no contexto das aulas remotas. Os resultados obtidos indicam que intervenções
pedagógicas como esta têm potencial de gerar interesse nos alunos pelo conteúdo em
questão, além de apontar a possibilidade de tornar o estudante um pouco mais ativo no
processo de formação do conhecimento.
Palavras-chave: Força Gravitacional. Simuladores PhET. Ensino de Física. Aulas
Remotas. PIBID.
1 INTRODUÇÃO
A pandemia da COVID-19 trouxe aos estudantes do mundo inteiro uma nova
realidade, as aulas presenciais foram suspensas e com isso as aulas remotas se tornaram
parte do cotidiano. Com os estudantes brasileiros não foi diferente, milhares de alunos
tiveram que se adaptar a esse novo contexto, que trouxe consequências para a educação
do país. Se presencialmente as aulas de Física eram consideradas de difícil compreensão,
no novo contexto esse pensamento ficou cada vez mais forte. Os alunos tiveram que
desenvolver uma maior responsabilidade e autonomia nos estudos, mas diversos fatores
COUTINHO, L. L. | NASCIMENTO, R. S. | SOARES, D. N. | PIUMBINI, C. K. | BUFFON, L. O.
contribuíram para que isso não acontecesse de forma satisfatória; e alguns desses jovens e
adolescentes acabaram por não acompanhar o ritmo da disciplina.
Para reduzir esse impacto, tornou-se muito importante que o professor utilizasse
mecanismos que facilitassem a aprendizagem do conteúdo. Foi pensando nisso que os
bolsistas do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) da Licenciatura
em Física do Ifes de Cariacica, junto com o supervisor e os coordenadores de área,
desenvolveram uma atividade utilizando o simulador PhET Colorado (Physics Education
Technology Project) intitulado “Gravidade e Órbitas”1 e a aplicaram em duas turmas da
escola EEEFM Maria de Novaes Pinheiro, localizada em Viana - ES. Um dos objetivos de
utilizar o simulador virtual é tornar o estudante mais ativo no processo de aprendizagem,
observando o modelo físico, formulando hipóteses e coletando dados. Procuramos
desenvolver uma proposta em que o aluno pudesse visualizar o comportamento da força
gravitacional, ou seja, buscamos alinhar a teoria e a prática.
O presente artigo está dividido em quatro seções. Na seção 1, é apresentada a
fundamentação teórica que embasou o desenvolvimento da atividade. Na seção 2, são
apresentados os procedimentos metodológicos que foram seguidos para desenvolver
e aplicar a proposta pedagógica. Na seção 3, é apresentado o relato de como ocorreu
a intervenção, bem como os materiais desenvolvidos e utilizados. Na seção 4, é feita a
discussão acerca dos resultados obtidos. Ao término são feitas as considerações finais.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Muitos estudantes da educação básica brasileira consideram a Física como uma
das disciplinas mais difíceis da grade curricular. Essa dificuldade é apontada pelos alunos
muitas vezes por não conseguirem compreender os fenômenos estudados ou por não
relacionarem a disciplina com o seu cotidiano.
A geração atual está imersa na tecnologia, e desta forma, uma possibilidade de
facilitar a aprendizagem da Física é inserir essas tecnologias na sala de aula. A pandemia
causada pelo novo Corona vírus (SARS-CoV-2) fez com que os professores acelerassem
esse processo de inserção das Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDIC)
em seus planos de aula, visto que as aulas passaram a ser remotas. Com isso, tornou-se
necessário utilizar diversas ferramentas tecnológicas, como por exemplo os simuladores
virtuais.
De acordo com Rutten et al. (2012, p.136):
104
Em comparação com livros didáticos e palestras, um ambiente de apren-
dizagem com simulação computacional oferece as vantagens de que os
alunos podem explorar sistematicamente situações hipotéticas, inte-
ragir com uma versão simplificada de um processo ou sistema, alterar a
escala de tempo de eventos e praticar tarefas e resolver problemas em
um ambiente realista sem estresse.
1 https://phet.colorado.edu/pt_BR/simulations/gravity-and-orbits.
ENSINO DE FORÇA GRAVITACIONAL: UMA PROPOSTA UTILIZANDO O SIMULADOR PHET
O uso de simuladores no ensino permite ao aluno explorar situações além das que
podem ser vistas em livros didáticos, podendo torná-los ativos e protagonistas no processo
de ensino-aprendizagem (JÚNIOR, 2021). Um dos simuladores mais conhecidos é o PhET,
criado pela Universidade do Colorado, que permite alunos e professores acessarem
gratuitamente diversas simulações de Física, Química, Biologia e Matemática. Nesses
simuladores, os alunos conseguem interagir trocando os parâmetros dos fenômenos e
analisando cada situação. De acordo com Carraro e Pereira (2014, p.10):
Além disso, o uso de simuladores nas aulas de Física é contemplado pela habilidade
4 da competência específica citada, a saber:
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
O presente trabalho foi desenvolvido seguindo o cronograma apresentado no
quadro 1, a seguir:
momento, foram enviados aos alunos o vídeo e o roteiro3 com as instruções de uso do
simulador. Depois disso, no quinto momento, foram disponibilizados o pós-teste e o
questionário de opinião4 juntos, enquanto que, no sexto momento, houve a análise e a
discussão dos resultados junto ao supervisor e coordenadores de área.
4 RELATO DA INTERVENÇÃO
A proposta pedagógica em si foi aplicada em três etapas. A primeira etapa consistiu
num pré-teste, disponibilizado através de um formulário feito pela plataforma Google
Formulários, com o objetivo de identificar os conhecimentos prévios dos alunos sobre a
Força Gravitacional.
A segunda etapa consistiu no envio de um vídeo, do canal Pura Física5 da plataforma
YouTube, abordando o conteúdo de Força Gravitacional. Utilizamos o recurso do vídeo,
pois os alunos ainda não tinham estudado o conteúdo em questão; então precisávamos
que eles tivessem um conhecimento introdutório sobre o assunto. Nessa mesma etapa,
disponibilizamos um roteiro com o passo a passo para que os alunos utilizassem o simulador
PhET “Gravidade e Órbitas” mostrado na figura 1. Toda a mediação entre os pibidianos e os
alunos do Ensino Médio foi feita pelo professor da disciplina de Física através da plataforma
Google Sala de Aula, com a postagem dos materiais e as devidas orientações para realizar
a atividade.
107
Figura 1: Print de tela do simulador PhET “gravidade e órbitas”
utilizado na intervenção. Fonte: Os autores
3 https://drive.google.com/drive/folders/1vJWa2xXv1lRj8B8shgh_ZDmgQFc6ya46
https://drive.google.com/drive/folders/1PEE-09MnuMjEQgK63eVxPsvbr2k04DhT
4 https://drive.google.com/drive/folders/1DiC2SXTxkollWcTUewMWj2fMyOJOd521
5 disponível em: https://youtu.be/ZMb93bV3oFI2
COUTINHO, L. L. | NASCIMENTO, R. S. | SOARES, D. N. | PIUMBINI, C. K. | BUFFON, L. O.
havia sido abordado com eles na série anterior (primeira série do Ensino Médio).
Já na questão 2, tivemos somente duas respostas PC e percebemos uma interpretação
errada da pergunta, sendo uma das possíveis causas a forma como colocamos a pergunta
no formulário. Muitos alunos interpretaram os subitens da questão como se fossem opções
de uma questão objetiva, já outros deram respostas que fugiram totalmente do objetivo
da pergunta, e isso indica a necessidade de reformularmos a pergunta caso a intervenção
seja reaplicada.
Na terceira questão, tínhamos como objetivo saber se os alunos reconhecem que a
força gravitacional é o agente físico que mantém o planeta Terra em órbita ao redor do Sol.
Nessa pergunta, não obtivemos respostas C e PC.
Na última questão, o objetivo era saber se os alunos reconhecem que a força
gravitacional age em pares, do tipo ação e reação. Como pode ser observado na tabela 1,
somente 2 alunos responderam C ou PC.
Classificação das
Questão 1 Questão 2 Questão 3 Questão 4
respostas
Correta 2 0 2 1
Parcialmente correta 0 3 2 0
Incorreta 0 2 1 5
Pesquisada na internet 5 2 2 1
Não soube responder 1 1 1 1
Fonte: os autores
Analisando a tabela 3, percebemos que, na questão 1, tivemos cinco alunos que
pesquisaram as respostas na internet e dois alunos que responderam corretamente com suas
próprias palavras. Na questão 2, observamos que 3 alunos responderam PC, mas também
houve um erro de interpretação assim como ocorreu na segunda questão do pré-teste.
Na terceira questão, obtivemos duas respostas corretas e duas parcialmente
corretas. As duas respostas que foram pesquisadas na internet, fugiram totalmente do
objetivo da pergunta. Já na última questão, seis alunos não identificaram corretamente
por qual ponto a Terra passaria numa situação hipotética em que não houvesse mais a ação
da gravidade. Apesar de realizarem uma situação parecida no simulador, apenas um aluno
respondeu corretamente essa questão. Muitos alunos responderam que a Terra passaria
pelo ponto E, ou seja, que a Terra seria atraída para perto do Sol mesmo não tendo a ação
da gravidade.
Comparando-se os resultados da tabela 1(respondida por 8 alunos) com as tabelas
2 e 3 juntas (respondidas por 14 alunos), vemos que houve indícios de aprendizado, pois o
percentual de respostas C ou PC nas questões 1, 2, 3 e 4, na tabela 1, variou de 25%, 25%, 0%
e 25%, para 50%, 28%, 35% e 21%, respectivamente, nas tabelas 2 e 3 juntas, indicando uma
melhora nas questões 1, 2 e 3.
Fonte: os autores
É possível notar que a maioria dos estudantes (11 de 14) avaliaram de forma positiva o
uso do simulador, visto que, ao todo, onze alunos afirmaram ter gostado ou gostado muito
do que foi proposto nesta atividade. Havia a opção de justificar a resposta dada a esta
questão, se assim desejassem, e um dos alunos afirmou ter achado interessante utilizar o
simulador. Este comentário é um indicativo de que é válido elaborar propostas pedagógicas
com uso de simuladores, visto que desperta o interesse dos alunos. Em outra justificativa
dada, um aluno respondeu: “me ajudou a responder às perguntas anteriores”, o que indica
que o simulador facilitou a elaboração das respostas para as questões relacionadas à Força
Gravitacional.
Quando questionados se a simulação facilitou a compreensão do conteúdo estudado,
as respostas indicam que a atividade tende a auxiliar o entendimento dos alunos, pois doze
estudantes responderam “Sim” ou “Parcialmente” para a segunda questão, conforme
mostrado no gráfico 2.
Um dos alunos justificou sua resposta dizendo: “tirou as minhas dúvidas que eu
tinha”. Tal comentário foi feito por um estudante que respondeu apenas ao pós-teste. O
interessante foi notar que, para a parte do questionário referente ao conteúdo abordado,
este aluno respondeu de forma parcialmente correta duas questões e corretamente uma;
um desempenho que pode ser considerado bom. 111
Outra pergunta feita no questionário de opinião tinha o intuito de saber dos alunos se
os mesmos já haviam utilizado simuladores em aulas de alguma disciplina anteriormente.
Todos responderam que nunca haviam utilizado. Isso mostra a importância do uso de tais
instrumentos.
COUTINHO, L. L. | NASCIMENTO, R. S. | SOARES, D. N. | PIUMBINI, C. K. | BUFFON, L. O.
Fonte: os autores
Foi solicitado ainda que os estudantes apontassem aspectos positivos da atividade e
que indicassem também o que poderia ser alterado para aperfeiçoá-la. Algumas respostas
apresentadas como pontos positivos são destacadas a seguir:
• Serve para que os alunos tenham uma maior busca pelo compreendimento da
matéria. (Aluno 16)
• Os pontos positivos são que falamos das coisas que não somos muito de ver “né”.
(Aluno 13)
• Bom, eu aprendi coisas sobre o universo que eu nunca pesquisei e isso foi bem legal.
Vou até tentar aprender mais sobre isso. (Aluno 1)
É possível perceber, de acordo com este retorno dado, que o uso de simuladores
pode fazer com que os alunos tenham uma inclinação para pesquisarem sobre o conteúdo,
o que é algo positivo. Mesmo que os objetivos principais dos dois formulários sejam:
primeiro, o de saber o que os estudantes possuem de conhecimento (antes e depois
de utilizarem o simulador) e, segundo, o de que eles respondessem com suas próprias
palavras – não se pode deixar de citar que vários alunos se empenharam em pesquisar
sobre o tema.
Sobre os aspectos da atividade que podem ser modificados a fim de obter uma
melhora, vários estudantes responderam que não há o que melhorar e que a atividade está
112 ideal desta forma. Alguns outros responderam com certo desinteresse, alegando que tanto
faz ou que bom mesmo seria ter aulas presenciais. Seguem abaixo mais algumas respostas:
• Seria melhor que as questões continuassem sendo objetivas. (Aluno 16)
• Exemplos sobre o assunto. (Aluno 17)
• Poderiam ter sido abordados alguns assuntos. (Aluno 6)
A preferência por questões objetivas pode ser justificada pela maior facilidade com
que este tipo de pergunta pode ser respondida, visto que estas podem demandar menos
esforço dos alunos. Além disso, os dois últimos comentários levam a crer que os estudantes
ENSINO DE FORÇA GRAVITACIONAL: UMA PROPOSTA UTILIZANDO O SIMULADOR PHET
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Um dos objetivos deste trabalho foi verificar as contribuições dos simuladores
para o ensino de força gravitacional. Apesar de os resultados terem sido somente
parcialmente bons em relação à aprendizagem do conteúdo, foi notório que muitos alunos
se interessaram por assuntos que envolvem o Universo em que vivemos e que aprovaram
o uso do simulador. O desafio maior desta atividade foi em relação à sua aplicação aos
alunos, pois o ensino remoto trouxe diversos obstáculos para a educação, com os alunos
se sentindo mais desmotivados a realizarem as atividades.
Além disso, a mudança de uma postura passiva para uma postura ativa requer
tempo, e a maioria dos alunos estão acostumados a ser sujeitos passivos do processo de
ensino e aprendizagem. A atividade proposta apresentou grande potencial para contribuir
no processo de tornar o aluno mais ativo ao longo da construção do conhecimento; esse
resultado está de acordo com Carraro, Pereira (2014), pois uma atividade utilizando um
simulador computacional possibilita ao estudante compreender os conceitos envolvidos,
levando-o a participar de forma ativa do processo de aprendizagem.
AGRADECIMENTOS E CRÉDITOS
Agradecemos ao Instituto Federal do Espírito Santo - Ifes por nos proporcionar a
oportunidade de participar do Pibid e à EEEFM Maria de Novaes Pinheiro por permitir
nossa atuação junto ao supervisor. Agradecemos também à CAPES por financiar todo esse
projeto.
113
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2018.
CARRARO, F. L.; PEREIRA, R. F. O uso de simuladores virtuais do PHET como metodologia
de ensino de eletrodinâmica. Os Desafios da Escola Pública Paranaense da perspectiva do
Professor PDE, v. 1, 2014.
COUTINHO, L. L. | NASCIMENTO, R. S. | SOARES, D. N. | PIUMBINI, C. K. | BUFFON, L. O.
114
11 | A FÍSICA POR TRÁS DOS ACIDENTES DE
AUTOMÓVEIS: UMA ABORDAGEM ONLINE
DURANTE A PANDEMIA DE COVID-19
RESUMO
Esse artigo tem o intuito de analisar a construção e a aplicação de uma intervenção
didática para o ensino das Leis de Newton aos alunos de turmas de primeiro ano do ensino
médio da escola estadual EEEFM São João Batista, localizada em Cariacica Sede/ES. Esta
ação fez parte do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) e foi
realizada pelos estudantes do Curso de Licenciatura em Física do Instituto Federal do
Espírito Santo (IFES), campus Cariacica. Entendemos que é possível ensinar os conceitos
da Física, em particular da Mecânica, relacionando-os com assuntos de grande importância
e repercussão em nossa sociedade, como, por exemplo, os problemas e acidentes
no trânsito. Assim, a atividade proposta foi inspirada numa abordagem CTS (Ciência,
Tecnologia e Sociedade) e a metodologia usada foi investigativa. Toda a intervenção foi
realizada no primeiro semestre de 2021 em meio ao contexto da pandemia de Covid-19;
e, por conta dos problemas enfrentados pelos alunos sem as atividades presenciais, a
intervenção foi realizada de maneira online, utilizando o aplicativo WhatsApp, atingindo
um total de 34 alunos. As análises da aplicação e os resultados obtidos mostraram
indícios de aprendizagem e, principalmente, de uma participação mais ativa dos alunos,
principalmente diante das dificuldades do ensino não presencial.
Palavras-chave: Leis de Newton. Contextualização. Acidentes no Trânsito. PIBID.
Pandemia de Covid-19.
1 INTRODUÇÃO
No ensino médio, já é conhecido que a Física é uma das disciplinas em que os alunos
possuem mais dificuldades e desinteresse. Em parte, isso se deve à falta de contextualização
SIMÕES, B. S. | SILVA, M. P. | TRABACH, A. R. S. | PIUMBINI, C. K. | BUFFON, L. O.
que relacione a Física com acontecimentos cotidianos, como é dito por Silva e Santos
(2017). Abordagens da Física no ensino médio, demasiadamente centradas nas teorias e
modelos matemáticos, tornam essa uma ciência muito difícil e até desestimuladora para
grande parte dos alunos; assim se faz necessário utilizar abordagens mais centradas nos
fenômenos em si.
A abordagem CTS (Ciência, Tecnologia e Sociedade) defende a introdução de questões
relevantes para a sociedade dentro do ensino como uma forma de contextualização e
conscientização dos alunos secundaristas em relação aos possíveis problemas sociais.
De acordo com Carvalho, Moreira e Júnior (2015, p.2) “o movimento CTS tem colaborado
para que a educação científica se consolide no propósito de formação como exercício de
cidadania”. Reforçando o que foi dito acima, a abordagem CTS permite que o ensino de
ciências prepare o aluno para atuar de forma crítica e plena na sociedade, como um sujeito
capaz, pois tem como objetivo
Um tema com grande potencial de ser desenvolvido pela abordagem CTS são os
problemas e acidentes no trânsito, como uma aplicação das Leis de Newton (SILVA, 2012).
A relevância social do tema reside no fato de que os acidentes de trânsito com vítimas
fatais ou com sérias sequelas representam um grave problema social no Brasil. Como dito
por Silva (2019, p.8):
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA, 2020) indica que entre os anos de
2007 e 2018 o país contou com um total de 479.857 vidas perdidas no trânsito e afirma que
a maior parte dessas vítimas são jovens a partir de 18 anos.
Além de uma abordagem contextualizada e com importância social, outro importante
ingrediente com potencial para a melhoria do ensino da Física é o ensino por investigação,
que visa a desenvolver o protagonismo do aluno no seu processo de aprendizagem na
realização das atividades. Inclusive, um método mais investigativo é defendido na Base
116 Nacional Comum Curricular (BNCC) de 2018:
2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Esta intervenção didática fez parte do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à
Docência (PIBID), que possibilita aos estudantes de cursos de licenciatura o planejamento
e a execução de atividades pedagógicas diferenciadas em escolas públicas. Ela foi realizada
pelos licenciandos do Curso de licenciatura em Física do Instituto Federal do Espírito Santo
(IFES), campus Cariacica, e aplicada a alunos de quatro turmas de primeiro ano do ensino
médio da escola da rede pública estadual EEEFM São João Batista, localizada no município
de Cariacica, Espírito Santo. Pelo fato de ter sido aplicada no formato online, devido à
pandemia de Covid-19, do total de alunos das 4 turmas, tivemos a participação voluntária
de 34 alunos.
Durante a pandemia, a escola estava utilizando a ferramenta Google Forms para
enviar materiais e questionários aos alunos, mas percebemos que a participação mesmo
assim era baixa. Então, em acordo com o professor regente das turmas, decidimos utilizar
o aplicativo de conversa WhatsApp, como uma forma direta de nos comunicar com os
alunos e de enviar materiais. Para tal utilizamos um grupo em que os alunos das turmas
foram convidados a entrar. Como instrumentos de coleta de dados, foram aplicados
questionários aos alunos com links do Google Forms enviados via WhatsApp.
A seguir, é apresentado no quadro 1 o cronograma da intervenção:
Figura 3: Imagem do caso 3 - uma colisão sem Figura 4: Imagem do caso 3 - uma colisão com
equipamento de segurança. Fonte: os autores equipamento de segurança. Fonte: os autores
118
Figura5: Imagem do caso 4 - uma colisão sem Figura 6: Imagem do caso 1 - uma colisão com
equipamento de segurança. Fonte: os autores equipamento de segurança. Fonte: os autores
3 RELATO DA INTERVENÇÃO
Na intervenção, primeiramente abrimos um grupo no WhatsApp para reunir os alunos
voluntários e facilitar o processo de expor os passos do trabalho. Para tal, pedimos o nome
e o número de telefone dos alunos ao professor e, com o apoio de todos os envolvidos,
abrimos o grupo. O grupo foi utilizado para a realização das atividades; e, através dele,
enviamos as instruções, o vídeo base e o questionário da atividade 1. Para reforçar a
necessidade de os alunos participarem, enviamos, também no privado, as questões que
eles deveriam responder.
O vídeo base com os casos de acidentes de trânsito é uma compilação de trechos
de quatro testes de colisão distintos. Foi feito desta forma para facilitar aos alunos e
nele inserimos um código de confirmação para conferir se os alunos que respondiam
ao questionário de fato assistiram ao vídeo. No questionário, as questões podiam ser
respondidas da forma como eles desejassem, através de áudio ou foto das respostas
escritas, mas de maneira privada.
Com a finalização da primeira atividade, de forma privada, enviamos as instruções e
o texto de apoio para a realização da atividade 2. Enviamos lembretes sobre a necessidade
da realização desta atividade através do grupo; e, para tal, o WhatsApp foi determinante.
O texto de apoio foi feito com a intenção de passar as noções básicas das Leis de
Newton, da forma mais objetiva possível, a fim de não desestimular os alunos com uma
tarefa de leitura trabalhosa, apresentando assim apenas conceitos gerais das leis de
Newton e alguns exemplos de fixação.
Após o prazo final de término da segunda atividade, enviamos para os alunos
o vídeo de correção, construído pelos autores, baseado nas respostas dos alunos. Este
119
vídeo foi gravado pelos bolsistas como uma tentativa de esclarecer as principais dúvidas.
Diferentemente do vídeo com os acidentes, não inserimos neste um código de confirmação,
pois no formulário de opinião questionamos se esse vídeo final foi assistido ou não. O vídeo
também foi enviado no privado, além do grupo de WhatsApp, para os alunos voluntários.
Por fim, enviamos de forma individual o formulário de opinião a fim de coletar as
informações referentes aos vídeos, aos materiais e à atividade como um todo. Quanto ao
prazo, consideramos justo colocar o limite máximo para dois dias após a sua abertura.
Os alunos demonstraram muitas dificuldades quanto à organização e à realização
das tarefas neste período de ensino remoto nas próprias atividades da escola. Notamos
isso junto ao professor supervisor por conta das inúmeras solicitações de adiamento.
Desta forma, na nossa aplicação não foi diferente e tivemos que estender os prazos das
atividades diversas vezes.
Consideramos importante relatar que, antes da criação do grupo no WhatsApp,
tentamos divulgar o projeto de forma mais ampla, porém obtivemos baixíssima adesão
dos alunos. Apenas após a criação de um grupo de WhatsApp, focado nas atividades do
PIBID, foi que conseguimos a adesão de uma quantidade satisfatória de alunos.
1 0 2 29 3 34 5 4 15 1 25
2a 0 10 23 1 34 4 7 13 1 25
2b 1 10 20 3 34 4 7 11 3 25
120
3a 2 3 28 1 34 4 5 15 1 25
3b 2 3 28 1 34 3 10 12 0 25
4 0 2 32 0 34 4 3 16 2 25
Fonte: os autores
Abaixo apresentaremos as questões e as comparações entre os dois questionários:
Questão 1: Explique a origem das forças que causam a destruição do carro na colisão do
caso 1.
A FÍSICA POR TRÁS DOS ACIDENTES DE AUTOMÓVEIS: UMA ABORDAGEM
ONLINE DURANTE A PANDEMIA DE COVID-19
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após analisarmos as respostas dos alunos nos dois questionários, constatamos que
os alunos não possuíam conhecimento aprofundado sobre o assunto das Leis de Newton e
muito menos em como associá-los aos problemas no trânsito. Contudo, após a intervenção,
houve um aumento na quantidade de respostas certas ou parcialmente certas, de 17% para
40%, o que pode estar indicando um aprendizado.
122
Constatamos que os alunos tiveram interesse no tema de problemas do trânsito e
também nos vídeos apresentados, pois 65% relataram gostar da atividade. Esse interesse
não deixou de existir quanto aos questionários, porém uma maior variedade de questões
teria sido mais adequada para não confundir os alunos e ainda para alcançar uma maior
adesão.
O projeto mostrou que, de fato, é importante relacionar a Física aos problemas no
trânsito, visto que os alunos possuem dificuldades de relacioná-los. De fato, atingir essa
associação entre a Física e os problemas sociais vai ao encontro dos ideais do movimento
A FÍSICA POR TRÁS DOS ACIDENTES DE AUTOMÓVEIS: UMA ABORDAGEM
ONLINE DURANTE A PANDEMIA DE COVID-19
AGRADECIMENTOS E CRÉDITOS
Agradecemos ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo
(IFES), Campus Cariacica, pela oportunidade de participarmos do Programa Institucional
de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) e à CAPES por financiá-lo. Agradecemos também
à escola da rede pública estadual EEEFM São João Batista.
REFERÊNCIAS
AIKENHEAD, Glen S. et al. Collective decision making in the social context of science. [S.
l.: s. n.], 1985.
BRASIL. Medida Provisória nº 934, de 01 de abril de 2020. Brasília, 2020. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br. Acesso em: 13 jul. 2020.
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2018.
CARVALHO, Alfredo Melk de; MOREIRA, Adelson Fernandes; JÚNIOR, Orlando Aguiar.
Avaliação de estudantes sobre uma sequência de ensino de termodinâmica orientada por
uma abordagem CTS. ENPEC, SP, 2015.
INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA (IPEA). Brasil gasta 132 bilhões por ano
com acidentes de transporte. Brasília: IPEA, 2020. 123
SANTOS, Wildson Luiz Pereira dos; MORTIMER, Eduardo Fleury. Uma análise de
pressupostos teóricos da abordagem C-T-S (Ciência - Tecnologia - Sociedade) no contexto
da educação brasileira. Ensaio Pesquisa em Educação em Ciências, [s. l.], 2000.
SILVA, Jade Souza da; SANTOS, Antonio Marques dos. Leis de Newton: Relevância e
aplicabilidade na vida cotidiana. JOIN, [s. l.], 2017. Disponível em: editorarealize.com.
br/editora/anais/join/2017/TRABALHO_EV081_MD4_SA77_ID2499_15092017213748.pdf.
Acesso em: 13 jul. 2021.
SIMÕES, B. S. | SILVA, M. P. | TRABACH, A. R. S. | PIUMBINI, C. K. | BUFFON, L. O.
SILVA, Laerte Gonçalves. A física na prevenção dos acidentes de trânsito em uma abordagem
com os alunos do 1º ano do ensino médio. UFERSA, [s. l.], 2019. Disponível em: https://
mnpes.ufersa.edu.br/wp-content/uploads/sites/94/2019/08/DISSERTA%C3%87%C3%83O-.
pdf. Acesso em: 13 jul. 2021.
SILVA, Paulo Henrique de Sousa. Trânsito e a primeira Lei de Newton. In: VIANNA, Deise
Miranda et al. Temas para o ensino de física com abordagem CTS: (ciência, tecnologia e
sociedade). 1. ed. Rio de Janeiro: Bookmakers, 2012.
124
12 | A IMPORTÂNCIA DA
CONTEXTUALIZAÇÃO DOS CONTEÚDOS
NA GEOGRAFIA ESCOLAR: REFLEXÕES A
PARTIR DA EXPERIÊNCIA NO PIBID EM
TEMPOS DE PANDEMIA
RESUMO
Partindo da premissa que a maior contribuição da Geografia Escolar à formação
humana e cidadã dos educandos demanda uma abordagem contextualizada dos conteúdos
dessa disciplina, aproveitando as experiências/vivências dos educandos ao longo do
processo educativo de forma a dotá-lo de maior concretude e sentido para os estudantes
bem como potencializar seu caráter dialógico, o presente artigo, fruto da experiência dos
seus autores no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação e Docência (PIBID) em uma
escola rede municipal de Nova Venécia/ES, discorre sobre os desafios e adversidades à
construção de uma abordagem contextualizada dos conteúdos da Geografia Escolar no
contexto de pandemia da Covid-19, quando as possiblidades de atuação na referida escola
se restringiram às chamadas Atividades Pedagógicas Não-Presenciais.
Palavras-chave: Geografia Escolar. Conteúdos. Contextualização. Adversidades.
Pandemia.
1 INTRODUÇÃO
“A educação não transforma o mundo. Educação muda as pessoas. Pessoas
transformam o mundo.” É com essa citação do professor/educador/filósofo Paulo Reglus
Neves Freire, um dos maiores educadores de nossa história, que iniciamos este texto,
cujo principal objetivo é socializar as experiências de nossa participação no Programa
Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID), visando a fomentar o debate sobre
ALMEIDA, G. B. | SOUZA, G. A. B. | JORGE, M. C. | NETO, J. B.
o papel da educação na vida dos educandos, sobre como ela pode (e deveria de fato)
ser um mecanismo de transformação tanto da realidade imediata dos sujeitos, e através
destes sujeitos transformados, conscientes, e críticos, de transformação do mundo.
As experiências sobre as quais essas reflexões foram construídas são fruto das
ações de seus autores no âmbito do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à
Docência (PIBID), no qual têm atuado desde outubro de 2020, na Escola Municipal de
Ensino Fundamental Veneciano, situada no município de Nova Venécia/ES, como parte
do Subprojeto Geografia-Nova Venécia, composto por 8 (oito) bolsistas do curso de
Licenciatura em Geografia do IFES Campus Nova Venécia, ao qual também é vinculado
o Coordenador de Área, professor Jaime Bernardo Neto, bem como a docente Marlene
Correia Jorge - educadora efetiva da referida rede municipal de ensino que, no período
mencionado, foi a docente responsável pela disciplina de Geografia nas turmas de sextos e
sétimos anos do turno matutino da referida escola - na função de supervisora do subprojeto.
A mencionada experiência de acompanhamento e colaboração com o trabalho
didático da supervisora ocorreu durante a pandemia no novo coronavírus, impondo-nos
uma série de desafios e situações novas no âmbito do programa, os quais suscitaram boa
parte das reflexões expostas neste texto, dentre as quais destacamos a adversidade a se
construir uma abordagem contextualizada dos conteúdos ante uma conjuntura sanitária
adversa à interação direta entre educadores e educandos, com prevalência do ensino
remoto.
2 METODOLOGIA
Na escola campo, a EMEF Veneciano, não houve atividades presenciais de nenhuma
natureza entre outubro de 2020 e maio de 2021. Entre outubro de 2020 e março de
2021, as atividades pedagógicas restringiram-se ao envio de materiais impressos, cujas
atividades eram lidas/avaliadas pelos educadores, sem nenhuma interação direta com os
educandos. A partir de março de 2021, entretanto, foi instituído um momento síncrono
online para atendimento aos educandos, mas visando apenas sanear dúvidas referentes às
atividades impressas que lhes eram enviadas – não se tratava, portanto, de “aulas” online
propriamente ditas.
Apenas a partir de maio do mesmo ano houve o retorno de algum tipo de atividade
presencial, mas que a princípio consistia no mesmo tipo de atendimento para saneamento
de dúvidas que vinha sendo feio online em vez de aulas ou qualquer outro tipo de dinâmica.
126
Foi somente em agosto de 2021 que as aulas presenciais foram de fato retomadas
na rede municipal de ensino de Nova Venécia. Todavia, por conta das restrições sanitárias
ainda em vigor, os educandos passaram a alternar uma semana de trabalhos na escola e
uma semana de trabalhos em casa, de forma a diminuir o número de pessoas no espaço
escolar, visando à manutenção dos protocolos de segurança, sobretudo no que tange ao
distanciamento entre as pessoas quando no interior na instituição de ensino.
Desta forma, a retomada de atividades presenciais nesses moldes não permitiu
de fato um retorno às dinâmicas usuais do espaço-tempo escolar e tampouco pôs fim
A IMPORTÂNCIA DA CONTEXTUALIZAÇÃO DOS CONTEÚDOS NA GEOGRAFIA ESCOLAR:
REFLEXÕES A PARTIR DA EXPERIÊNCIA NO PIBID EM TEMPOS DE PANDEMIA
descontextualizada, que não dialoga com a realidade do educando, e cujo trabalho docente
praticamente se resume a uma “Narração de conteúdos que, por isso mesmo, tendem a
petrificar-se ou a fazer-se algo quase morto, sejam valores ou dimensões concretas da
realidade” (FREIRE, 1987, p. 33). Tal tipo de educação é conceituada por Paulo Freire como
uma educação bancária, tendo em vista que em tal concepção “a educação se torna um
ato de depositar [informações], em que os educandos são os depositários e o educador, o
depositante”. (FREIRE, 1987, p. 33).
Essa educação desconexa do contexto social dos educandos tende a se mostrar
uma prática que preserva o status quo da sociedade em que vivemos, transformando os
educandos, principalmente aqueles pertencentes às camadas mais baixas da sociedade, em
meras engrenagens que têm como função perpetuar o sistema em vez de transformá-lo.
Entendemos que a educação pública e de qualidade é parte primordial dos pré-
requisitos para a diminuição das desigualdades sociais do Brasil, haja vista o papel da
escola em democratizar o acesso ao conhecimento crítico e científico, corroborando
o desenvolvimento de capacidades intelectuais e contribuindo com a formação da
personalidade dos sujeitos, tornando-os mais aptos a intervir e transformar a realidade em
que se inserem.
Todavia, tendo em vista que a escola é um ambiente culturalmente diverso, com
pessoas oriundas de diferentes contextos sociais, ignorar tal realidade e partir da premissa
que os educandos compõem um conjunto homogêneo de sujeitos não corrobora o
cumprimento de seu papel social, sendo necessário que a educação formal supere a ideia
de seguir um currículo com enfoque exclusivamente no conteúdo, distante do contexto de
vida dos sujeitos em processo educativo.
Para que a escola possa atingir os propósitos aqui elencados, o educador deve
ser mais que um mero expositor ou depositário do conteúdo. Ele deve atuar como um
mediador dos educandos em seu processo de construção do conhecimento, cuja finalidade
é desenvolver as habilidades e capacidades com intuito de torná-los sujeitos proativos
capazes de intervir e transformar a realidade em que se inserem. Ou seja, deve-se ter
clareza que os conteúdos são um meio para tal fim (que é o desenvolvimento cognitivo e
social dos educandos, visando à transformação social, como afirma Machado [2002]) e que
eles devem ser abordados a partir do contexto de vida dos estudantes, do seu aqui e agora,
com dialogicidade, de forma a dotá-los de concretude e sentido, o que além de ampliar
a inteligibilidade destes conteúdos, acaba por ter também maior potencial motivacional,
como se constata a partir de autores como Freire (1987) e Libâneo (2015).
128 Dessa forma, a organização da escola não pode ser centrada de forma excessiva nas
disciplinas, nos conteúdos em si mesmos. Cabe ao docente nortear seu planejamento de
forma a garantir que a disciplina que ministra contribua nesse processo compreendendo
que (1) os conteúdos não são um fim em si mesmos e (2) que eles devem ser abordados a
partir das experiências prévias e da realidade imediata dos sujeitos em processo educativo,
cujo objetivo deve ser garantir que eles sejam capazes de interpretar e transformar sua
realidade de forma a desconstruir/superar as adversidades que lhes impedem de “ser mais”.
“Ser mais” é um termo usado nas obras de Paulo Freire (1987) para se referir à
verdadeira vocação humana, à libertação do ser humano de toda e qualquer relação de
A IMPORTÂNCIA DA CONTEXTUALIZAÇÃO DOS CONTEÚDOS NA GEOGRAFIA ESCOLAR:
REFLEXÕES A PARTIR DA EXPERIÊNCIA NO PIBID EM TEMPOS DE PANDEMIA
130
4 A EXPERIÊNCIA DO PIBID
Dentro do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid), já durante
a pandemia do novo Coronavírus, os bolsistas do IFES Campus Nova Venécia, estudantes
do curso de Licenciatura em Geografia, foram direcionados à EMEF Veneciano, ficando
encarregados de acompanhar e auxiliar uma das educadoras de Geografia que compõe o
corpo docente de tal instituição (a supervisora do subprojeto).
Devido à pandemia e às normas sanitárias adotadas pelo IFES e pela Secretaria
A IMPORTÂNCIA DA CONTEXTUALIZAÇÃO DOS CONTEÚDOS NA GEOGRAFIA ESCOLAR:
REFLEXÕES A PARTIR DA EXPERIÊNCIA NO PIBID EM TEMPOS DE PANDEMIA
5 DESAFIOS/ADVERSIDADES E LIMITAÇÕES
À PERMANÊNCIA ESTUDANTIL E À
CONTEXTUALIZAÇÃO DOS CONTEÚDOS EM TEMPOS
DE PANDEMIA E ENSINO REMOTO
Uma questão que precisa ser destacada e comentada é a forma como ocorreu toda
a interação e comunicação durante esse período, tanto entre os bolsistas, coordenador e
supervisora do subprojeto, como entre esta e os educandos, que foi totalmente “online”,
o que teve impactos significativos sobre a relação educador-educando e limitou a interação
dos bolsistas com ambos.
Essa questão deve ser tratada com grande atenção e seriedade, haja vista afetar
negativamente o desenvolvimento educacional e os processos de construção do
conhecimento que lhe são inerentes. Para além das questões interpessoais, deve-se
enfatizar que muitos educandos não possuíam os recursos mínimos para acompanhar os
atendimentos online ofertados pela escola, por não disporem de computador com acesso
à internet, com câmera, microfone e outras ferramentas digitas que se fizeram essenciais
para tal fim, sendo excluídos desse momento. O trabalho pedagógico para esses educandos
restringia-se, portanto, apenas ao acesso ao material impresso que lhes era enviado, sem
nenhum tipo de mediação.
Além disso, deve-se mencionar que não existia um momento propriamente para
interação e explicação dos conteúdos, com um diálogo entre educador e educando, com
debates e discussões sobre o que estava sendo estudado, uma vez que os encontros
síncronos com os educadores serviriam apenas para a correção de atividades previamente
feitas e para saneamento de dúvidas referentes àquelas que estavam a ser executadas.
Vale ressaltar que alguns educadores, como é o caso da educadora supervisora que
estávamos (e ainda estamos) acompanhando, ao perceberem como essa metodologia
afetaria diretamente o desenvolvimento de seus educandos, tentaram se reorganizar,
fazendo encontros mais longos e tentando promover, previamente a essa correção dos
exercícios, uma abordagem/explicação (ainda que sucinta) dos conteúdos que estavam
sendo trabalhados. Todavia, poucos educadores pareciam ter essa preocupação e, mesmo
nesses casos, apesar do esforço, isso ainda era claramente insuficiente para garantir a boa
formação dos educandos ante esse contexto de ensino remoto.
Nesse sentido, deve-se também enfatizar que a pouca interação e contato entre
educador e educandos prejudicou diretamente o processo de construção do conhecimento, 133
pois para que a educação seja de fato um instrumento de transformação e libertação,
é necessário que haja contextualização, e é impossível fazer uma contextualização
verdadeira sem interação, sem conhecer os sujeitos, sem conhecer suas realidades, sua
subjetividade, sem entender a forma como enxergam o mundo.
O ponto de partida para uma verdadeira contextualização é antes a forma como
os educandos pensam o mundo do que o mundo propriamente dito, em sua concretude.
Desta forma, para que a educação e aquilo que está sendo trabalhado faça real sentido
ALMEIDA, G. B. | SOUZA, G. A. B. | JORGE, M. C. | NETO, J. B.
para o educando e sirva para que estes possam realmente construir conhecimento e
transformar o mundo, é necessário conhecer não apenas a realidade material em que eles
se inserem, mas sua própria visão de mundo, o que demanda interação, algo que se tornou
impossível nas circunstâncias dessa experiência aqui descrita.
Para a elaboração do material didático mencionado, conhecíamos bem o município
onde vivem os educandos, mas muito pouco (quiçá nada!) sabíamos sobre como esses
educandos enxergam esse espaço onde vivem, onde desenvolveram suas experiências de
vida.
Por essas questões, no atual momento, quando as aulas estão retornando quase
totalmente ao modelo presencial, faz-se necessário um movimento de compensação,
visando a resgatar (ou ao menos mitigar) o que foi comprometido durante o período de
ensino remoto. E isso envolve atividades e debates que busquem de fato trazer um sentido
aos conteúdos que foram abordados nas atividades remotas, dialogando com a realidade
dos educandos, buscando fazer com que de fato estes vejam sentido no que foi trabalhado.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante das questões levantadas anteriormente, fica clara a importância de uma
abordagem contextualizada na Geografia Escolar, assim como ficam evidentes as
adversidades a tal finalidade no contexto de ensino remoto, tendo em vista a dificuldade
de contextualizar um conteúdo sem conhecer previamente os sujeitos cujo processo de
construção do conhecimento se está a mediar.
O pouco contato dos bolsistas e da própria supervisora com os educandos tornou-
se um grande empecilho para o desenvolvimento dos materiais didáticos, sendo também
uma adversidade o modelo de ensino remoto adotado no município, que priorizou a
correção das atividades nos poucos momentos de contato com os educadores, limitando
as possibilidades de interação.
Quando pensamos na contextualização dos conteúdos, buscando dar significado ao
que é proposto no currículo oficial, é necessário que se parta não apenas do lugar onde estes
estão inseridos, mas da realidade dos educandos, e para isso deve-se conhecer os sujeitos
que fazem parte do processo de construção do conhecimento. Portanto, entendemos que,
apesar dos esforços para tentar produzir um material didático contextualizado, carecíamos
de muitos elementos necessários a tal fim.
Todavia, para além das dificuldades elencadas acima, a produção de um material
134
contextualizado foi de um grande aprendizado para os futuros docentes do projeto,
fomentando a reflexão sobre a importância dos conteúdos trabalhados fazerem sentido
para os educandos, demonstrando-se sua presença e sua relevância no cotidiano dos
sujeitos, compreendendo melhor, portanto, seu papel enquanto educador.
A IMPORTÂNCIA DA CONTEXTUALIZAÇÃO DOS CONTEÚDOS NA GEOGRAFIA ESCOLAR:
REFLEXÕES A PARTIR DA EXPERIÊNCIA NO PIBID EM TEMPOS DE PANDEMIA
AGRADECIMENTOS E CRÉDITOS
Os Bolsistas do Núcleo Geografia do PIBID do Instituto Federal do Espírito Santo
(Ifes), campus Nova Venécia, agradecem a todas as pessoas e as instituições que
contribuíram para a concepção e realização desse relato de experiências, e a oportunidade
de experimento da docência para a formação de vivências e de saberes pedagógicos dos
licenciandos, particularmente à Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Veneciano
e à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), financiadora
do Pibid.
REFERÊNCIAS
CALLAI, Helena Copetti. Estudar o lugar para compreender o mundo. In: Castrogiovanni, A.
(org.). Ensino de Geografia: práticas a textualizações do cotidiano. Porto Alegre: Editora
Mediação, 2002.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. São Paulo: Paz e Terra, 1987. Disponível em: http://
www.letras.ufmg.br/espanhol/pdf/pedagogia_do_oprimido.pdf
LIBÂNEO, José Carlos. Didática e práticas de ensino e a abordagem da diversidade
sociocultural na escola. In: Cavalcante, M. et al. (org.). Didática e a prática de ensino:
diálogos sobre a escola, a formação de professores e a sociedade.– Fortaleza: CE: EdUECE,
2015.
MACHADO, Nilson José. Sobre a ideia de competência. In: Perrenoud, P. e Thurler, M. As
competências para ensinar no século XXI. Porto Alegre: Artmed Editora, 2002.
SANTOS, Milton. A Natureza do Espaço. São Paulo: HUCITEC, 1996.
135
13 | SOBRE CONTEÚDOS E COMPETÊNCIAS
NO ÂMBITO DA GEOGRAFIA ESCOLAR:
REFLEXÕES A PARTIR DA EXPERIÊNCIA
PIBIDIANA NO TRABALHO SOBRE AS
REGIÕES BRASILEIRAS (COM ÊNFASE NA
REGIÃO NORDESTE)
RESUMO
Os conteúdos escolares não são fins em si mesmos. Eles são antes um caminho para
o desenvolvimento de competências e habilidades a serem fomentadas pelo processo de
escolarização, com vistas à formação integral dos sujeitos, o que engloba sua preparação
ao mundo do trabalho e, sobretudo, sua formação humana e sua capacitação ao exercício
da cidadania. Partindo dessa premissa, o presente artigo, fruto da experiência dos seus
autores no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação e Docência (PIBID) em uma
escola rede municipal de Nova Venécia/ES, discorre sobre o papel da Geografia Escolar
na desconstrução dos preconceitos de natureza de natureza étnico-geográfica/regional,
com foco no caso da Região Nordeste do Brasil, consistindo em experiências e reflexões
fruto do trabalho de elaboração de material didático para atividades remotas em função
do contexto de pandemia da Covid-19.
Palavras-chave: Geografia Escolar. Cidadania. Discriminação Étnico-regional. Nordeste.
1 INTRODUÇÃO
Libâneo (2014) aponta o predomínio de abordagens descontextualizadas dos
conteúdos escolares como um dos problemas mais sérios da educação brasileira na
atualidade. Todavia, dever-se-ia acrescentar neste rol de problemas capitais da educação
OLIVEIRA, I. R. V. | OLIVEIRA, J. R. V. | PAULA, G. P. P. | JORGE, M. C. | NETO, J. B.
brasileira - como provável corolário deste problema apontado pelo referido autor - o
fato de recorrentemente o planejamento e as práticas docentes no Brasil tomarem
os conteúdos como fins em si mesmos, em vez de entendê-los como um meio de se
desenvolver as competências necessárias à formação integral dos sujeitos escolares, o
que inclui seu preparo para o mundo do trabalho, mas também – e principalmente – sua
formação humana e cidadã.
A educação escolar e a disciplina de Geografia, particularmente, têm, dentre seus
objetivos fundamentais, a formação humana e cidadã dos sujeitos escolares, propósito
para o qual é necessário, dentre outras coisas, promover a ruptura de quaisquer aspectos
de cunho preconceituoso e discriminatório, buscando reconhecer e valorizar a pluralidade
sociocultural inerente à realidade brasileira, aspectos que são amplamente trabalhados no
ensino escolar dessa disciplina.
No ensino fundamental, por exemplo, a abordagem sobre as regiões brasileiras
e sua diversidade natural e cultural, conteúdos previstos pela Base Nacional Curricular
Comum para o sétimo ano, pode ser um caminho para se fomentar o desenvolvimento
dessas competências. Foi com base nessa premissa que desenvolvemos essa experiência,
entendendo esse conteúdo – o território brasileiro e suas regiões, seus contrastes -
como um meio para se compreender as diferenças e desigualdades existentes no espaço
geográfico brasileiro e desconstruir, por corolário, os preconceitos associados a algumas
partes do território nacional e às pessoas que ali vivem, particularmente o Nordeste, que é
a região que mais sofre com essa estigmatização.
Discorreremos aqui sobre a experiência de planejar e construir material didático
para ensino remoto de forma a tratar desse tema - a Região Nordeste e os estigmas e
preconceitos associados a ela e aqueles que são dela oriundos - em um lugar com forte
influência cultural nordestina, como é o caso do município de Nova Venécia/ES, o que, diga-
se, é um aspecto que facilita bastante a contextualização deste conteúdo específico no
trabalho com os estudantes do município.
O presente artigo tem como objetivo, portanto, refletir sobre tal questão,
particularmente no que tange à Geografia Escolar, tendo sido pensado e desenvolvido
a partir das experiências vivenciadas no âmbito do Programa Institucional de Bolsas
de Iniciação à Docência (Pibid), as quais englobam também os estudos mediados pelo
Coordenador de Área do subprojeto PIBID IFES-Geografia (Nova Venécia), professor Jaime
Bernardo Neto, e pela Coordenação Institucional do programa junto ao IFES.
138
2 METODOLOGIA
Nesta experiência de iniciação à docência, além dos estudos sobre educação e ensino
de Geografia e do acompanhamento ao trabalho desenvolvido pela professora supervisora,
Marlene Correia Jorge, junto às turmas do sexto e sétimo ano do ensino fundamental
na Escola Municipal de Ensino Fundamental Veneciano, localizada no município de
Nova Venécia/ES, atuamos também no planejamento e elaboração das atividades não
presenciais realizadas nesse contexto de pandemia da Covid-19 por meio da produção
SOBRE CONTEÚDOS E COMPETÊNCIAS NO ÂMBITO DA GEOGRAFIA ESCOLAR:
REFLEXÕES A PARTIR DA EXPERIÊNCIA PIBIDIANA NO TRABALHO SOBRE AS
REGIÕES BRASILEIRAS (COM ÊNFASE NA REGIÃO NORDESTE)
Hoje, parece mais claro que o desenvolvimento científico não pode ser
considerado de forma desvinculada do projeto a que serve, que ele se
realiza em um cenário de valores socialmente acordados. As ciências
servir às pessoas e a organização da escola deve visar, primordialmente,
ao desenvolvimento das competências pessoais. As ciências não são um
fim em si, nem podem ser consideradas um obstáculo ao desenvolvi-
mento pessoal, mas precisão ser vista na perspectiva de meios, instru-
mentos para realização dos projetos pessoais. E é nessa perspectiva que
as escolas precisam organizar-se, reestruturando seus tempos e seus
espaços. (MACHADO, 2002, p.139)
A Geografia, como uma Ciência Social, acaba por ser de grande importância
enquanto disciplina escolar que visa ao desenvolvimento das habilidades e competências
necessárias ao exercício da cidadania, pois possibilita aos sujeitos analisar e entender a
sociedade a partir de sua espacialidade. Estar apto ao exercício da cidadania é um dos pré-
requisitos para a busca pela emancipação, individual e coletiva, haja vista ela demandar a
transformação dessa realidade e a desconstrução de um processo de desumanização dos
indivíduos que vem se intensificando na Modernidade (FREIRE, 1987).
Para que seja alcançado esse objetivo (a emancipação), Freire afirma que é necessária
uma “pedagogia que faça da opressão e de suas causas objeto da reflexão dos oprimidos,
de que resultará o seu engajamento necessário na luta por sua libertação, em que esta
pedagogia se fará e refará” (FREIRE, 19, p.17).
Desta forma, assim como em âmbito social algumas classes são subalternizadas,
estigmatizadas e discriminadas, o que as impede de se relacionar de forma horizontal com
outras classes, algo semelhante ocorre em âmbito geográfico entre as diversas porções
do espaço e os sujeitos a elas vinculados por meio de suas identidades, como ocorre
claramente no Brasil em relação à Região Nordeste e aos nordestinos, por exemplo.
Nesse sentido, compreender uma região demanda entender como ela se relaciona com
outras porções do espaço geográfico, uma vez que, como nos ensina Milton Santos (1996),
o conhecimento em Geografia é construído a partir de uma abordagem multiescalar dos
fenômenos. É preciso, portanto, interpretar as regiões em sua historicidade e entendê-la como
parte de uma totalidade que a transcende – neste caso específico, as escalas nacional e global.
Por essa razão, a Geografia Escolar tem papel capital na desconstrução desses
preconceitos e estigmas étnico-regionais, pois este componente curricular pode ser um
caminho para a construção de um entendimento processual da formação das regiões
do território nacional, “desnaturalizando”, por assim dizer, o aspecto de subalternidade
que paira sobre os espaços periféricos e os sujeitos a eles associados, sobre os quais tais
discursos estigmatizantes e práticas discriminatórias se fundamentam.
141
Foi nesse sentido que direcionamos o planejamento das ações e a produção de
materiais didáticos para as atividades pedagógicas remotas referentes à região Nordeste
durante a experiência no PIBID, no início de 2021.
OLIVEIRA, I. R. V. | OLIVEIRA, J. R. V. | PAULA, G. P. P. | JORGE, M. C. | NETO, J. B.
que esse conteúdo referente ao território e às regiões brasileira está previsto, segundo a BNCC
– não continha qualquer conteúdo sobre a formação do estado do Espírito Santo, tampouco
da cidade de Nova Venécia, não viabilizando a contextualização deste e de outros conteúdos.
Trata-se de algo recorrente na Geografia Escolar, haja vista os materiais didáticos da
maior parte das editoras serem elaborados visando o mercado nacional de forma ampla,
não dialogando assim com as escalas locais, onde se desenvolvem de fato a vida e as
experiências dos sujeitos. Isso reforçou a importância de elaborarmos o material didático
para um trabalho específico sobre esse conteúdo para os estudantes venecianos, trazendo
esse tema para mais próximo de suas vidas, de seu cotidiano, imbricando-o às origens de
Nova Venécia e de sua população.
Sob esse prisma, a Geografia Escolar pode ser uma importante ferramenta também
para se desconstruir o estigma de que a cidade de Nova Venécia é apenas o resultado da
imigração de europeus para a região, visibilizando outras matrizes étnicas da população local.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em suma, essa experiência fomentou reflexões importantes sobre o trabalho
docente em Geografia, sobretudo à razão pela qual é importante se trabalhar essa ciência
em âmbito escolar e quais são - ou deveriam ser - as finalidades de seus conteúdos, de
forma não tratá-los como um fim em si mesmos. Além disso, também fomentou reflexões
sobre como fazer essa abordagem em âmbito escolar, com destaque para a importância de
promover uma contextualização desses conteúdos adequada ao público-alvo.
Nesse sentido, deve-se frisar que a construção de um Brasil mais justo e democrático
demanda sujeitos capazes de exercer sua cidadania, de reconhecer e efetivar seus direitos
e deveres, e para isso, é fundamental que educação escolar atue na desconstrução de
preconceitos e estigmas não apenas raciais e de classe, mas também de natureza étnico-
regional, e a Geografia Escolar tem um potencial enorme em contribuir com esse processo,
assim como em muitos outros aspectos relacionados à formação dos sujeitos com foco em
sua capacidade de exercício da cidadania em uma sociedade democrática, que demanda o
convívio e o respeito às diferenças.
O desenvolvimento das competências necessárias ao exercício da cidadania é o
propósito maior desta disciplina e, sob nosso prisma, da própria educação escolar como um
todo, o qual é atingido com maior eficácia se os conteúdos, além de não serem tomados
como um fim em si mesmos, forem abordados de forma contextualizada, de forma a
145
explicitar sua relevância no cotidiano do cidadão em formação.
No caso específico dos estigmas associados à Região Nordeste, é preciso “desconstruir”
essa representação hegemônica que naturaliza sua condição periférica dentro do
território brasileiro, compreendendo sua historicidade, os processos que a engendraram.
Além disso, é preciso enxergá-la por outra perspectiva e reconhecer a contribuição
cultural do Nordeste na formação da população e da cultura brasileira. Sua influência
está presente no campo da literatura, por nomes como Castro Alves, Rui Barbosa, Rachel
de Queiroz, Jorge Amado, dentre outros; no campo da música, com inúmeros nomes,
OLIVEIRA, I. R. V. | OLIVEIRA, J. R. V. | PAULA, G. P. P. | JORGE, M. C. | NETO, J. B.
tais quais Caetano Veloso, Luiz Gonzaga, Belchior, Chico Science, Olodum etc; além de
figuras históricas como: Virgulino Lampião, Maria Bonita, Antônio Conselheiro, Zumbi dos
Palmares, Dandara e muitos outros.
Particularmente no caso dos estudantes venecianos, a compreensão acerca da
Região Nordeste e dos processos que resultaram em sua formação geográfica também
é algo imprescindível à compreensão do próprio município de Nova Venécia, de sua
população, de si mesmos, haja vista a história do município estar intimamente relacionada
à história do Nordeste brasileiro, de onde boa parte de sua população pioneira é oriunda.
AGRADECIMENTOS E CRÉDITOS
Os Bolsistas do Núcleo Geografia do PIBID do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes),
campus Nova Venécia, agradecem a todas as pessoas e as instituições que contribuíram para
a concepção e realização desse relato de experiências, e a oportunidade de experimento
da docência para a formação de vivências e de saberes pedagógicos dos licenciandos,
particularmente à Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Veneciano e à
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), financiadora do Pibid.
REFERÊNCIAS
CALLAIS, Helena Copetti. Estudar o lugar para compreender o mundo. In: Castrogiovanni,
A. (org.). Ensino de Geografia: práticas a textualizações do cotidiano. Porto Alegre: Editora
Mediação, 2002.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. São Paulo: Paz e Terra, 1987.
LIBÂNEO, José Carlos. Didática e práticas de ensino e a abordagem da diversidade
146 sociocultural na escola. In: Cavalcante, M. et al. (org.). Didática e a prática de ensino: diálogos
sobre a escola, a formação de professores e a sociedade. Fortaleza: CE: EDUECE, 2015.
MACHADO, Nilson José. Sobre a ideia de competência. In: Perrenoud, P. e Thurler, M. As
competências para ensinar no século XXI. Porto Alegre: Artmed Editora, 2002.
PRADO JUNIOR, Caio. História Econômica do Brasil. São Paulo: Editora Brasiliense, 1976.
SANTOS, Milton. A natureza do espaço: técnica e tempo: razão e emoção. São Paulo:
Hucitec, 1996.
14 | TRABALHANDO COM O GEOGEBRA EM
UMA PRÁTICA DE ENSINO ON-LINE
RESUMO
Este texto relata uma experiência vivenciada pelas alunas bolsistas/licenciandas
em matemática do Instituto Federal do Espírito Santo – Campus Cachoeiro de Itapemirim
e participantes do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid). As
experiências descritas neste relato envolvem a elaboração e o desenvolvimento de uma
aula na Escola Estadual de Ensino Médio - EEEM “CEI Áttila de Almeida Miranda”, localizada
também no município de Cachoeiro de Itapemirim. Da aula participaram, presencialmente,
onze alunos da 3ª série do ensino médio. A participação das pibidianas ocorreu de forma
on-line por meio da plataforma do Google meet, enquanto a professora de matemática, que
é supervisora do Pibid, encontrava-se presencialmente junto com os alunos. Objetiva-se
com este relato apresentar as principais impressões que as pibidianas tiveram durante a
experimentação. Para essa atividade, construiu-se uma sequência didática, baseando-se
nas ideias de Zabala sobre o conteúdo de relações métricas no triângulo retângulo e o
Teorema de Pitágoras; pensou-se em trabalhar com o software denominado GeoGebra. Para
essa pesquisa aplicada, utilizou-se como procedimento metodológico, numa abordagem
qualitativa, o estudo de campo. Percebeu-se que seis alunos não conseguiram acompanhar
os comandos, comprometendo a compreensão e o desenvolvimento da tarefa proposta.
Com isso, evidenciou-se que o contato de forma on-line prejudicou a interação entre
bolsistas e estudantes. Apesar disso, a experiência proporcionou às pibidianas o primeiro
contato com a sala de aula, além da percepção de que é preciso superar a histórica
concepção dicotômica entre teoria e prática.
Palavras-chave: GeoGebra. Plano de aula. Relações métricas no triângulo retângulo.
Sequência didática.
NUNES, J. R. | MARVILA,L. G. | GRÓLA, M. G. | DIAS, T. F. | AZEVEDO, G. C. M. | GUALANDI, J. H.
1 INTRODUÇÃO
O objetivo deste trabalho é o de relatar uma experiência vivenciada pelas bolsistas do
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid), com auxílio da supervisora
e do coordenador de área do subprojeto de matemática do Ifes - Campus Cachoeiro de
Itapemirim. A aplicação da atividade se deu com alunos da 3ª série do ensino médio da
Escola Estadual de Ensino Médio - EEEM CEI “Áttila de Almeida Miranda”, localizada
em Cachoeiro de Itapemirim-ES. Inicialmente, a supervisora apresentou uma lista de
conteúdos que poderiam ser trabalhados com os alunos da 3ª série do ensino médio. As
bolsistas deveriam preparar um plano de aula (PA), a partir do conteúdo selecionado, e
desenvolvê-lo em uma das turmas. Dentre as opções de conteúdos, foram escolhidos o
de relações métricas no triângulo retângulo e o Teorema de Pitágoras; a escolha se deu
por afinidade com os referidos conteúdos e pela possibilidade de trabalhar com auxílio de
recursos tecnológicos.
Como o contexto foi pandêmico (Pandemia da Covid-19), a possibilidade de se
desenvolver uma atividade com auxílio de recursos tecnológicos foi essencial. Para tanto,
juntamente com a supervisora do projeto, planejou-se uma aula presencial no laboratório
de informática da escola, já que o retorno dessa modalidade já estava acontecendo de
forma gradativa. No dia do desenvolvimento da aula, os alunos estavam sob a supervisão
da professora de matemática parceira do projeto, e as pibidianas; o desenvolvimento da
aula aconteceu de forma on-line.
Neste texto, serão apresentados o referencial teórico, os procedimentos
metodológicos para o desenvolvimento da aula, a produção dos dados, as experiências
vivenciadas, bem como as principais considerações.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
A interação entre bolsistas e alunos ocorreu de forma on-line. De acordo com
Morgado (2001), o ensino on-line é:
Assim, como citado por Morgado (2001), a comunicação entre alunos e bolsistas
foi mediada por computador e aconteceu em tempo real. Essa experiência possibilitou o
primeiro contato das bolsistas com a sala de aula.
TRABALHANDO COM O GEOGEBRA EM UMA PRÁTICA DE ENSINO ON-LINE
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A pesquisa aplicada é do tipo qualitativa e o procedimento metodológico é o
estudo de campo, que, baseado em Gil (2002, p. 53), é uma pesquisa desenvolvida por
meio da análise das informações obtidas pelo grupo estudado, realizando entrevistas com
o intuito de captar explicações e interpretações ocorrentes no grupo. Este trabalho foi
desenvolvido em duas aulas de 50 minutos cada. Vale ressaltar que o retorno do ensino
presencial estava começando; dessa forma, a aula foi planejada para ser desenvolvida no
laboratório de informática, pois as bolsistas ainda se encontravam de forma remota. A
proposta de trabalho era a de usar recursos tecnológicos. O laboratório de informática
da escola parceira possui 40 computadores, o que proporcionou o desenvolvimento da
aula planejada. Com o intuito de atender os protocolos de distanciamento em função
da Covid-19, neste dia estavam presentes 11 alunos, acompanhados pela professora de
matemática, supervisora do subprojeto. Dessa forma, foi possível o desenvolvimento da
experiência aqui relatada.
Durante o processo formativo das bolsistas, juntamente com o coordenador e
a professora supervisora, foi estudada a importância do planejamento de uma aula e a
organização de uma sequência didática. Os autores Ponte, Quaresma e Mata-Pereira
(2015), no texto “É mesmo necessário fazer planos de aula?”, definem que o PA é [...]
um plano detalhado que envolve não só a descrição das atividades a realizar, como uma
previsão dos acontecimentos que podem ter lugar e das respostas que lhes podem ser
dadas pelo professor” (2015, p. 26). Nesse sentido, o PA é uma ferramenta importante,
que auxilia a organização e o desempenho do professor em sala de aula. Foi elaborada uma
sequência didática, que, segundo Zabala (1998, p. 18), é “[...] um conjunto de atividades
149
ordenadas, estruturadas e articuladas para a realização de certos objetivos educacionais,
que têm um princípio e um fim conhecidos tanto pelos professores como pelos alunos”.
Apresentam-se, no quadro 1, os momentos organizados para a aula, bem como a descrição
desses momentos e o tempo estimado para cada um deles.
NUNES, J. R. | MARVILA,L. G. | GRÓLA, M. G. | DIAS, T. F. | AZEVEDO, G. C. M. | GUALANDI, J. H.
Organização Tempo
Descrição
da aula estimado
Apresentação de um vídeo com a demonstração do
1º Momento 10min
Teorema de Pitágoras.
Apresentação e instruções sobre o software
2º Momento 5min
GeoGebra.
Construção do triângulo retângulo no GeoGebra
3º Momento 25min
orientada pelas bolsistas.
Análise e observação das relações métricas no
4º Momento triângulo retângulo construído e realização do 20min
questionário proposto.
Orientação para continuar a construção do triângulo
5º Momento com o propósito de demonstrar as relações métricas 20min
no triângulo retângulo.
Análise das relações e generalização do padrão
6º Momento 20min
observado.
Fonte: Organizado pelas bolsistas (2021).
A questão das tecnologias, do ensino híbrido e do ensino remoto tem feito parte das
relações sociais de forma mais intensa e vem mudando consideravelmente a maneira de
se ensinar. Assim, visto que no momento de aplicação da aula ainda estávamos passando
por um momento de pandemia mundial e que não seria possível nos reunirmos de forma
presencial com os alunos da escola em questão, as pibidianas entenderam, na etapa do
planejamento, que seria importante a utilização de um software para maior interação com
os estudantes. Para tanto, foi feita uma busca sobre qual ferramenta seria mais adequada
para o desenvolvimento da aula.
Entre as ferramentas digitais já conhecidas pelas bolsistas e outras que foram
apresentadas pela professora supervisora, como as apresentações google, o Jamboard,
150
Pear Deck, GoConqr, Kahoot, bingo cards, word wall, GeoGebra, entre outros softwares e
plataformas, optou-se pelo uso do software GeoGebra, para que fossem desenvolvidas
as atividades propostas com uma alternativa metodológica mais visual e dinâmica. As
bolsistas intencionavam que os educandos pudessem utilizar a ferramenta e observar as
relações com o conteúdo trabalhado, bem como provocar o interesse e a curiosidade deles
para as atividades propostas.
Criado em 2001 pelo matemático austríaco Markus Hohenwarter, em sua tese
de doutorado na Universidade de Salzburgo, o GeoGebra é um software dinâmico de
TRABALHANDO COM O GEOGEBRA EM UMA PRÁTICA DE ENSINO ON-LINE
A aula teve como objetivo geral desenvolver a capacidade dos alunos para trabalhar
com as relações métricas e o Teorema de Pitágoras, além da interpretação de problemas
cotidianos interdisciplinares, envolvendo o conteúdo em questão. Na Base Nacional Comum
Curricular - BNCC, a habilidade 308 de matemática para o ensino médio (EM13MAT308)
orienta que o aluno seja capaz de “Aplicar as relações métricas, incluindo as leis do seno e
do cosseno ou as noções de congruência e semelhança, para resolver e elaborar problemas
que envolvem triângulos, em variados contextos” (BRASIL, 2018, p. 536).
Durante o desenvolvimento da aula, buscando a interação com os alunos e a
verificação de como estava a construção feita por eles, as pibidianas apresentaram o
seguinte questionamento: “Que figura geométrica obtivemos?”. Esperava-se que os
alunos construíssem com o auxílio do software GeoGebra uma figura semelhante à figura 1.
151
Fonte: Plano de aula das licenciandas. Acervo pessoal dos autores (2021).
NUNES, J. R. | MARVILA,L. G. | GRÓLA, M. G. | DIAS, T. F. | AZEVEDO, G. C. M. | GUALANDI, J. H.
152
Fonte: Plano de aula das licenciandas. Acervo pessoal dos autores (2021).
Para analisar a aprendizagem dos alunos, aos questionamentos citados acima
acrescentamos outras questões, tais como:
4) “Existe uma relação entre as áreas dos quadrados formados pelos lados do
triângulo? Qual?”
TRABALHANDO COM O GEOGEBRA EM UMA PRÁTICA DE ENSINO ON-LINE
5) “O que ocorreu com as áreas dos quadrados, após mover os pontos do triângulo
retângulo? A relação observada anteriormente prevalece?”
Esperava-se que, após a construção da figura geométrica representada na figura 2,
os alunos identificassem os elementos de um triângulo retângulo, bem como suas relações
métricas, e utilizassem os conceitos de área para compreender o Teorema de Pitágoras.
4.3 RESULTADOS
lado é a hipotenusa é igual à soma das áreas dos quadrados cujos lados são os catetos”,
demonstrando sua compreensão quanto ao conteúdo trabalhado.
Acredita-se que, se tivesse sido concluída a aula conforme o planejamento, mais
alunos conseguiriam responder a esse questionamento e generalizar o padrão ali
observado.
Apesar dessa constatação, evidenciou-se uma grande dificuldade por parte dos
alunos em manipular o software GeoGebra, o que comprometeu o desenvolvimento da
aplicação da tarefa no tempo destinado para essa experimentação, que era de 2 aulas de
50min cada.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A experiência relatada proporcionou às pibidianas o primeiro contato com os alunos,
mesmo de forma on-line, favorecendo a percepção de que é preciso superar a histórica
concepção dicotômica entre teoria e prática.
Os conhecimentos relacionados ao software GeoGebra foram de suma importância
para o desenvolvimento da aula planejada; além disso, contribuiu para aprimorar e propiciar
descobertas de novas possibilidades de ensino.
Conclui-se que o contato de forma on-line prejudicou a interação entre bolsistas
e estudantes. Também foi possível observar que os alunos participantes tinham uma
grande dificuldade em manusear o software, o que evidencia que essa ferramenta é
pouco utilizada. Dessa forma, houve dificuldade em mobilizar os alunos a participarem da
aula, o que demonstra a necessidade de o professor conhecer bem seus alunos e utilizar
metodologias conforme sua realidade.
Levando em consideração tudo que foi exposto acima, durante a aula percebeu-se
que o tempo estimado no PA era menor que o necessário para o desenvolvimento da aula
proposta; com isso, entende-se que o planejamento é flexível e que o professor deve estar
preparado para lidar com as adversidades que porventura surgirem no decorrer da aula.
AGRADECIMENTOS E CRÉDITOS
Agradecimentos e créditos a instituições de financiamento deverão aparecer no final
do texto e antes do item Referências. O Art. 65 da Portaria 175 regulamenta que todos os
trabalhos publicados devem fazer menção expressa ao apoio financeiro da Capes.
TRABALHANDO COM O GEOGEBRA EM UMA PRÁTICA DE ENSINO ON-LINE
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2018.
GEOGEBRA. GeoGebra. Disponível em: https://www.geogebra.org/. Acesso em: 29 ago.
2021.
INSTITUTO SÃO PAULO GEOGEBRA. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Sobre
o GeoGebra. São Paulo, 2021. Disponível em: https://www.pucsp.br/geogebrasp/. Acesso
em: 29 ago. 2021.
GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002.
ISBN 85-224-3169-8.
MORGADO, Lina. O papel do professor em contextos de ensino online: Problemas e
virtualidades.Univ. Aberta, 2001.
PEREIRA, Caroline Conrado; LEIVAS, Dr. José Carlos Pinto. Descobrindo relações métricas
no triângulo retângulo por meio do uso de materiais manipuláveis. XX EREMAT - Encontro
Regional de Estudantes de Matemática da Região Sul, Fundação Universidade Federal do
Pampa (UNIPAMPA), Bagé/RS, 13-16 nov. 2014, p. 531-538.
PONTE, João Pedro da.; QUARESMA, Marisa; MATA-PEREIRA, Joana. É mesmo necessário
fazer planos de aula?. Educação e Matemática, Revista da Associação de Professores de
Matemática, n. 133, p. 26-35, 2015.
WAGNER, Eduardo. Teorema de Pitágoras e Áreas. Rio de Janeiro: IMPA, 2015.
ZABALA, Antoni. A Prática Educativa: Como Ensinar. Porto Alegre, Artmed, 1998.
155
15 | O USO DA HISTÓRIA DA MATEMÁTICA
PARA O ENSINO DE ÁREA DAS FIGURAS
PLANAS E PERÍMETRO: UMA EXPERI-
ÊNCIA COM ALUNOS DO ENSINO MÉDIO
RESUMO
O presente relato é de uma atividade realizada por bolsistas participantes do
Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid), do Instituto Federal do
Espírito Santo (IFES), Campus Cachoeiro de Itapemirim. O objetivo deste relato é o de
apresentar a experiência dos pibidianos ao desenvolverem uma atividade com alunos da
1ª série do ensino médio, bem como o de detalhar como foi desenvolvida essa atividade.
A referida atividade foi idealizada e proposta para o ensino remoto devido à pandemia
do novo coronavírus, que impediu a participação dos pibidianos de forma presencial.
Foi aplicada uma sequência didática sobre Área das Figuras Planas e Perímetro para
alunos da 1ª série do ensino médio da escola E.E.E.M. “CEI Áttila de Almeida Miranda”,
pertencente ao município de Cachoeiro de Itapemirim/ES. Para revisar o conteúdo,
com o intuito de atribuir um novo contexto ao que os alunos já sabiam, foi elaborado
um plano de aula com a utilização de um material didático para aplicação do conteúdo
selecionado. Por meio de videoaulas previstas na sequência didática elaborada, optamos
por utilizar fragmentos da história da matemática para apresentar, no contexto do Antigo
Egito, o conteúdo em questão, abordando curiosidades acerca da temática. Apesar das
dificuldades encontradas, trabalhar com essa sequência didática permitiu que as aulas
fossem mais interessantes, despertando o interesse e a atenção dos alunos, deixando-os
mais estimulados a participarem de forma interativa e a fazerem perguntas sempre que
necessário. A aula realizada proporcionou aos participantes momentos de ampliação e de
atualização de conceitos, uma vez que foi possível associar o que é estudado na graduação
ao desenvolvimento de uma prática de aula para/com alunos do ensino médio.
COSTA, D. A. | SOUZA, F. O. C. | DALFIOR, K. P. | SILVA, R. V. B. | AZEVEDO, G. C. M. | GUALANDI, J. H.
1 INTRODUÇÃO
O objetivo deste texto é o de relatar a experiência vivenciada pelos bolsistas
do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência - PIBID, no processo de
planejamento e desenvolvimento de uma aula realizada no dia 02 de julho de 2021. No
atual contexto instaurado pela pandemia da Covid-19, o planejamento e a aplicação da
aula foram organizados pelos pibidianos, com a supervisão da professora de matemática
e do coordenador do subprojeto de matemática do IFES Campus Cachoeiro de Itapemirim.
O desenvolvimento dessa aula aconteceu de forma síncrona, por meio da plataforma do
Google Meet. A aula foi realizada na Escola Estadual de Ensino Médio CEI “Áttila de Almeida
Miranda”, com alunos da 1ª série do Ensino Médio.
Com o propósito de promover o envolvimento dos alunos, usou-se a história da
matemática no contexto do Antigo Egito como elemento motivador na compreensão
do conteúdo de Geometria Plana, mais especificamente no que tange aos conceitos de
áreas e perímetros. Entende-se que é importante proporcionar momentos de discussões
que desenvolvam no aluno o pensamento crítico e o interesse pela descoberta, de modo
que o professor seja o mediador do processo de ensino e de aprendizagem, utilizando
recursos tecnológicos para inovar suas práticas e promover a participação de todos. No
desenvolvimento da aula, foi perceptível a dificuldade, por parte dos estudantes, em
solucionar as questões propostas, de maneira que foi preciso uma retomada de conteúdos.
Assim, a experiência aqui relatada foi utilizada para complementar os conhecimentos dos
alunos, por meio de revisão e sistematização de conteúdos.
2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Descrevem-se nessa seção os procedimentos de planejamento, organização e
desenvolvimento da experiência que foi realizada com uma turma da 1ª série do ensino
médio da escola E.E.E.M. CEI “Áttila de Almeida Miranda”, com duração de duas aulas de
55 minutos cada. Para a escolha do conteúdo a ser abordado, a professora de matemática,
que é supervisora do Pibid, elencou alguns temas que poderiam ser trabalhados, dentre
158 eles a geometria plana. Os pibidianos estavam estudando a disciplina de História da
Matemática, o que despertou o interesse em abordar o conteúdo de geometria plana,
mais especificamente áreas e perímetros, em correlação à história da matemática do
Antigo Egito. Em seguida, realizaram-se pesquisas a respeito do tema para subsidiar o
desenvolvimento de atividades que aproximassem cotidiano e sala de aula. A abordagem
histórica teve a intenção de proporcionar aos alunos o entendimento de que os egípcios
utilizavam seus conhecimentos para resolver problemas cotidianos, tais como a divisão
de terras e a agricultura, bem como seus métodos de resolução. Elaborou-se um
O USO DA HISTÓRIA DA MATEMÁTICA PARA O ENSINO DE ÁREA DAS FIGURAS
PLANAS E PERÍMETRO: UMA EXPERIÊNCIA COM ALUNOS DO ENSINO MÉDIO
Imagem 2 - Paralelogramos
Imagem 4 - Quiz
3.2 RESULTADOS
Aluno 6 1ªM1 11
Aluno 7 1ªM1 3
Aluno 8 1ªM1 8
Aluno 9 1ªM1 2
Fonte: acervo dos autores, 2021
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O programa do Pibid proporciona aos seus participantes a experiência de dirimir a
histórica visão dicotômica que envolve teoria e prática. Mesmo no contexto da pandemia
da Covid-19, tivemos momentos de aprendizagem bastante interativos, mesmo pela nova
ótica do ensino a distância. O uso da sequência didática proporcionou aos pibidianos
envolvidos uma maior versatilidade no momento de aplicação em aula, pois é possível se
preparar para as adversidades que podemos encontrar no ambiente escolar.
Destaca-se que a devolutiva do questionário respondido pelos alunos foi muito
importante, uma vez que os discentes se mostraram participativos, confirmando que aulas
desta natureza podem despertar nos estudantes a vontade de se aprofundarem no que
tange ao estudo da matemática. A experiência revelou que aulas mais interativas, planejadas
com o uso de sequências didáticas, podem influenciar positivamente na interação dos
discentes em relação à proposta de aula. Portanto, são muito importantes propostas de
ensino que despertem no aluno o pensamento crítico e o interesse pela descoberta, de
modo que o professor seja o mediador do processo de ensino e aprendizagem, utilizando
recursos tecnológicos para levar práticas inovadoras à sala de aula.
AGRADECIMENTOS E CRÉDITOS
163
Agradecemos à Capes pela oportunidade de participar de um programa importante
para a formação docente e para a produção científica. Agradecemos também à escola
parceira CEI “Áttila de Almeida Miranda” por “abrir as portas” aos pibidianos.
COSTA, D. A. | SOUZA, F. O. C. | DALFIOR, K. P. | SILVA, R. V. B. | AZEVEDO, G. C. M. | GUALANDI, J. H.
REFERÊNCIAS
FERREIRA, G. S. S.; LIMA , F. J.; ALVES, M. W..Mediação de Aprendizagem em Matemática
Através de Tópicos de História da Matemática: uma prática de ensino. Congresso Norte
Nordeste de Pesquisa e Inovação,Juazeiro do Norte, 2013.
JANOWSKA, I.Tarefa - Um conceito-chave da perspectiva nacional. Tradução: Eduardo
Nadalin e José Carlos Moreira. Revista X, Paraná, vol.2, n. 0.2014, 2014.
PONTE, J. P.; QUARESMA, M.; MATA-PEREIRA, J. É mesmo necessário fazer planos de
aula?. Educação e Matemática, Lisboa, v. 133, n. 26, p. 26–35, 2015.
RODRIGUES, F. C.; GAZIRE, E. S. Reflexões sobre uso de material didático manipulável no
ensino de matemática: da ação experimental à reflexão. Revemat. Florianópolis, v. 07, n.
2, p. 187-196, 2012.
ZABALA, A. A prática educativa: como ensinar. Tradução: Ernani F. da F. Rosa. Porto Alegre:
ArtMed, 1998. 224 p. ISBN 857307-426-4.
TOLEDO, M.; TOLEDO, M. Didática de matemática: como dois e dois: a construção da
Matemática. São Paulo: FTD, 1997.
164
16 | ENSINANDO PROBABILIDADE A PARTIR
DE UM JOGO MATEMÁTICO
RESUMO
O presente texto trata-se de um relato de experiência de uma aula realizada pelas
pibidianas na Escola Estadual de Ensino Médio CEI “Áttila de Almeida Miranda”. Também
apresenta as etapas realizadas para elaborar e realizar a aula. O principal objetivo é o de
detalhar como foi planejada e realizada a aula, além de compartilhar o aprendizado adquirido.
Algumas das etapas do planejamento e da realização da aula que serão aprofundadas no
decorrer do texto são: a divisão dos temas, a elaboração do jogo, plano de aula e atividade
de avaliação; a aplicação do jogo seguindo o plano de aula; a formalização do conteúdo;
a aplicação do exercício e os resultados obtidos. Como resultado dessa aplicação, foi
perceptível a participação e o interesse dos alunos em trabalhar com a proposta elaborada.
Para as pibidianas, essa aplicação representou o primeiro contato com a sala de aula, o que
é essencial para obtenção de experiência profissional.
Palavras-chave: Jogo; Matemática; Material Didático Manipulável; Probabilidade;
Problema Gerador.
1 INTRODUÇÃO
Este relato está associado a uma experiência vivenciada pelas bolsistas do
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid) em uma turma da 3ª série
do Ensino Médio, no turno matutino, da Escola Estadual de Ensino Médio CEI “Áttila de
Almeida Miranda”, localizada na cidade de Cachoeiro de Itapemirim-ES. Foi elencada
pela supervisora do Pibid uma lista de conteúdos para planejamento de uma aula a ser
ministrada pelas bolsistas, sob a supervisão da professora regente da turma. Por afinidade
das pibidianas, escolheu-se o conteúdo de probabilidade, mais especificamente espaço
amostral e eventos.
BITENCOURT, M. M. | GARCIA, M. S. | SILVA, S. C. | VALDIERO, K. S. | GUALANDI, J. H.
2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A tarefa foi desenvolvida em uma turma da 3ª série do Ensino Médio, no turno
matutino, da Escola Estadual de Ensino Médio CEI “Áttila de Almeida Miranda”, localizada
na cidade de Cachoeiro de Itapemirim-ES. A experimentação foi organizada para ser
aplicada em duas aulas de 50 (cinquenta) minutos cada, no dia 22 de Junho de 2021.
No momento da aula, a professora e supervisora do Pibid organizou o laboratório de
166 informática e direcionou os 12 alunos para que pudessem participar da aula, seguindo os
protocolos de distanciamento da Covid-19; as pibidianas participaram de forma on-line. De
acordo com Galasso (2013, p. 29):
Para tanto, a organização dessa tarefa se deu por meio da apresentação descrita no
quadro 1.
Tempo
Etapa Detalhes da etapa Objetivos da etapa Aula
programado
Tempo destinado à
- Organizar a turma
abertura da aula por
de forma que se
Preparação e meio da plataforma
possa ensinar e 10min 1ª
organização da aula. Google meet e para
aplicar o conteúdo
a organização da
de forma eficaz.
turma.
Tempo destinado
- Sanar dúvidas
à explicação das
Explicação de como sobre o
regras do jogo e de
funciona o jogo e funcionamento do 40min 1ª
como
sua aplicação. jogo;
trabalhá-lo
- Aplicar o jogo.
em sala de aula.
- Formalizar o
Tempo destinado
Apresentação conteúdo;
à formalização do
e exposição - Vincular a realidade
conteúdo através da
do conteúdo, prática (percebida 25min 2ª
atividade realizada e
relacionando-o ao através do jogo)
também tirar as
jogo. com a teoria (o
possíveis dúvidas.
conteúdo formal).
- Sanar dúvidas
Explicação e
sobre o conteúdo
aplicação do
e sobre a
exercício de fixação Tempo destinado
interpretação do
e a explicar sobre o
exercício; 25min 2ª
avaliação por meio exercício e a sua
- Sistematização do
de um formulário na aplicação.
conteúdo;
plataforma “google
- Avaliar o
forms”.
aprendizado.
Fonte: Elaborado pelos autores (2021).
3 A EXPERIMENTAÇÃO
No decorrer do procedimento formativo das bolsistas, foram realizados estudos sobre
a importância da elaboração de um PA e da construção de um MD para direcionar a aula
168
de acordo com sua finalidade. Conseguinte, trabalhamos a partir do tema Probabilidade,
especificamente o conteúdo de espaço amostral e eventos, e foi utilizado o jogo como
problema gerador, que é definido por Onuchic e Alevatto (2016) como uma etapa para se
iniciar uma aula por meio de uma tarefa, questão ou jogo, buscando relacionar o conteúdo
ao conhecimento prévio da turma e formalizá-lo.
A professora responsável pela turma conduziu os alunos até o laboratório de
informática e as pibidianas se encontravam de forma on-line. Ao iniciarmos a aula, tivemos
um imprevisto com o dado do jogo, o que ocasionou um atraso para o desenvolvimento
ENSINANDO PROBABILIDADE A PARTIR DE UM JOGO MATEMÁTICO
da aula proposta, porém esse imprevisto foi solucionado, uma vez que os alunos tinham
dados disponíveis na sala de aula.
Para o início da aula, solicitamos que a turma se dividisse em trios e apresentamos
aos alunos o funcionamento do jogo de tabuleiro, que contém um dado e uma cartela
numerada com seis colunas e seis linhas, dividida em quadrados coloridos (8 quadrados
verdes, 12 quadrados rosa e 16 quadrados azuis); os discentes deveriam escolher uma das
cores presentes e em seguida lançar o dado duas vezes, sendo a 1ª vez para definir a linha e
a 2ª para definir a coluna. Feito isso, solicitamos aos alunos que encaminhassem, por meio
do whatsapp, as respostas obtidas. Ilustramos no quadro 3 as respostas dos grupos A, B e C.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Foi descrito neste relato de experiência, numa turma de ensino médio na EEEM “CEI
Átilla de Almeida Miranda”, o processo de aplicação do MD produzido e da aula planejada.
Primeiro planejamos e construímos o MD, o plano de aula e o formulário, para que fosse
possível aplicar na sala de aula; para o desenvolvimento da experimentação, foi preciso
explicar aos alunos como funciona o jogo, relacioná-lo com o conteúdo e ao final verificar a
aprendizagem a partir de formulário disponibilizado via google docs. Foi muito importante
esse primeiro contato com a sala de aula, mesmo que realizado de forma on-line, pois os
alunos se mostraram muito participativos e interessados, e as respostas enviadas por eles
evidenciaram a apropriação do conteúdo em questão. O Pibid proporciona essa experiência
que confirma a não dicotomia entre a prática e o que aprendemos teoricamente na
Licenciatura.
AGRADECIMENTOS E CRÉDITOS
Agradecemos à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(Capes) pela oportunidade de participar do Pibid.
REFERÊNCIAS
FARVES, Aline Mendes Penteado; GASPAR, José Carlos Gonçalves e BASTOS, Marcelo
Silva. Labem: Contribuições para formação inicial e continuada de professores que
170 ensinam matemática. In: SILVA, Daniela Mendes Vieira da; ARQUIERES, Darling Domingos
(org.). Laboratório de Ensino de Matemática na Educação Básica e na Formação Inicial e
Continuada de Professores. 1. ed. Curitiba, PR: Bagai, 2020.
GALASSO, Bruno José Betti. Do Ensino em Linha ao Ensino Online: Perspectivas para a
educação online baseada na mediação professor-aluno. São Paulo, 2013.
LORENZATO, Sérgio. (Org.). O Laboratório de Ensino de Matemática na Formação de
Professores. Campinas-SP, Autores Associados. 3. ed. 2012.
ENSINANDO PROBABILIDADE A PARTIR DE UM JOGO MATEMÁTICO
APÊNDICES
172
173
174
17 | CONSTRUINDO E INTERPRETANDO
GRÁFICOS COM AUXÍLIO DO JOGO
TORRE DE HANÓI
RESUMO
O presente texto é um relato de experiências vivenciadas pelos bolsistas do Programa
Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid) na Escola Estadual de Ensino Médio
CEI “Áttila de Almeida Miranda”, em Junho de 2021, de forma on-line, sob supervisão da
professora responsável pela classe e também supervisora do Pibid. O principal objetivo do
Pibid é elevar a qualidade da formação dos futuros docentes, não só por meio de novas
experiências, mas também pela aproximação entre a educação superior e a educação
básica. Como a aula foi realizada em meio à pandemia do novo coronavírus, a maioria dos
alunos estava estudando de forma remota. Pensando nisso, os pibidianos organizaram
uma aula e que foi desenvolvida de forma on-line; houve a construção e análise de
gráficos a partir do jogo “Torre de Hanói”, com o propósito de despertar nos estudantes o
interesse para a atividade em questão. Ao finalizar a aula, foi possível notar uma troca de
conhecimento e aprendizado, além de articulação entre as teorias estudadas e a prática.
Palavras-chave: Construção de gráficos. Experiência. Formação docente. PIBID.
1 INTRODUÇÃO
Este texto relata a experiência obtida pelos autores, enquanto participantes do
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid), por meio da aproximação
dos bolsistas com os alunos da educação básica, o que ajuda no processo de formação dos
futuros professores. Como Subprojeto de matemática – Campus Cachoeiro de Itapemirim,
uma das atividades propostas foi o planejamento e aplicação de uma aula. Os bolsistas
puderam escolher o tema das aulas de acordo com a lista de conteúdos disponibilizada
pelas professoras supervisoras; estatística foi, pelo critério de afinidade, a temática
VOLPASSO, G. B. | FRANKLIN, K. S. | MOULIN, L. G. | ALTOÉ, K. S. V. | GUALANDI, J. H.
escolhida por este grupo de pibidianos. Como o conteúdo de estatística é extenso e exige
mais de uma aula para concluí-lo, os autores resolveram focar no tema a ser desenvolvido,
ou seja, a construção e a análise de gráficos. O planejamento teve início em abril de 2021 e
culminou em junho de 2021.
Durante o processo formativo, junto do coordenador e professoras supervisoras
do Pibid, foi estudado o texto “É mesmo necessário fazer plano de aula?”, de Ponte,
Quaresma e Mata-Pereira (2015, p. 26); no texto, os autores destacam que “uma boa aula
depende de muitos fatores – de uma boa preparação, de uma forte inspiração por parte do
professor, e também do interesse e disponibilidade manifestados pelos alunos”. A partir
dos estudos, os bolsistas iniciaram a elaboração do plano de aula, que abrange, além da
descrição das atividades que serão realizadas, uma previsão das possíveis intercorrências,
bem como as respostas que podem ser efetuadas pelo professor (PONTE, QUARESMA e
MATA-PEREIRA, 2015), ajustando o objetivo e explorando a tarefa proposta com a intenção
de construir e socializar os conhecimentos produzidos na aula em questão.
Para o desenvolvimento da aula, organizou-se uma sequência didática (SD),
fundamentada em Zabala (1988, p. 18), que define uma SD como “um conjunto de atividades
ordenadas, estruturadas e articuladas para a realização de certos objetivos educacionais,
que têm um princípio e um fim conhecidos tanto pelos professores como pelos alunos”.
Os pibidianos utilizaram a lenda “A Torre de Hanói”, que está de acordo com o
descrito pela Base nacional Comum Curricular (BRASIL, 2018), ao recomendar o uso da
História da Matemática a fim de despertar interesse e representar um contexto significativo
para aprender e ensinar Matemática.
Entende-se que o uso de material didático (MD) nas aulas pode provocar o interesse
dos alunos e promover a aprendizagem matemática. Lorenzato (2012, p. 18) define MD
como “qualquer instrumento útil ao processo de ensino e aprendizagem”, como o giz,
calculadora, jogos, cartaz, caderno, caneta e etc. Em meio a essa variedade de materiais,
o autor destaca, em especial, o material didático manipulável, que, de acordo com ele,
pode ter duas interpretações: “uma delas refere-se ao palpável, manipulável e a outra,
mais ampla, inclui também imagens gráficas”. (LORENZATO, 2012, p. 22).
Decidiu-se utilizar o jogo “A Torre de Hanói” de forma on-line e, a partir dos resultados
obtidos, trabalhar com os alunos a construção e a leitura dos gráficos de setor circular e
de barras. Conforme os Parâmetros Curriculares Nacionais, os jogos são importantes no
processo de apropriação do conhecimento:
Portanto, a utilização de jogos como material didático dentro da sala de aula pode
trazer inúmeros benefícios não só para os alunos, mas também para o professor que
CONSTRUINDO E INTERPRETANDO GRÁFICOS COM AUXÍLIO DO JOGO TORRE DE HANÓI
souber manipulá-los de forma adequada. Partindo da ideia do jogo Torre de Hanói para
construção e análise de gráficos, foi desenvolvido um plano de aula, especificando todas
as etapas para alcançar o objetivo proposto pelos autores.
2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Os bolsistas reuniram-se de forma on-line para organizar o plano de aula, nos moldes
apresentados por Ponte, Quaresma e Mata-Pereira (2015); a SD foi elaborada a partir das
orientações definidas por Zabala (1988). Após finalizar o planejamento, foi realizada uma
reunião com os bolsistas, o coordenador e as professoras supervisoras para discutir e
ajustar o plano de aula que seria aplicado. Realizados os ajustes, a aula foi marcada para o
dia 25/06/2021, com duração de dois tempos de 50 minutos cada. A aula seria desenvolvida
com uma turma de alunos da primeira série do ensino médio da Escola Estadual de Ensino
Médio CEI “Átilla de Almeida Miranda”, seguindo o seguinte cronograma apresentado no
quadro 1.
ROTEIRO DE AULA
PROPOSTA TEMPO (min)
Apresentação dos bolsistas. 5
Iniciar com uma conversa sobre o uso de gráficos para socializar o
10
tema e diagnosticar como os alunos interpretam gráficos.
Apresentar aos alunos o jogo “Torre de Hanói” contando
brevemente sua história, como o jogo funciona e como ele será
20
utilizado para nossa aula. Obs.: o jogo será disponibilizado para os
alunos de forma on-line.
Cada aluno irá manipular o jogo da “Torre de Hanói”, anotando
20
seus resultados via formulário do Google Forms.
Organizar gráficos de setor circular e de barras, explicando como eles
são feitos e suas funcionalidades, e pedir para que os alunos façam 25
um gráfico a partir dos dados obtidos no jogo “Torre de Hanói”.
Projetar os gráficos com dados obtidos no jogo “Torre de Hanói”
10
para que os alunos possam conferir com seus próprios gráficos.
Os alunos deverão responder a um questionário via google forms
10
para a verificação do conhecimento obtido.
177
Fonte: Elaborado pelos autores (2021)
3 DESENVOLVIMENTO
O objetivo principal da aula era o de proporcionar a interpretação de gráficos por
meio do resultado dos alunos no Jogo “Torre de Hanói”, dando ênfase à ludicidade, com o
propósito de desenvolver uma aula mais dinâmica e que proporcionasse o envolvimento e
VOLPASSO, G. B. | FRANKLIN, K. S. | MOULIN, L. G. | ALTOÉ, K. S. V. | GUALANDI, J. H.
178
CONSTRUINDO E INTERPRETANDO GRÁFICOS COM AUXÍLIO DO JOGO TORRE DE HANÓI
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Foi possível perceber, por meio da aula desenvolvida, como os alunos se envolveram
de forma mais participativa com o conteúdo da disciplina; durante a realização das
atividades, houve bastante envolvimento dos alunos. Trabalhar com os dados produzidos
pelos próprios alunos gerou uma interação natural na construção do conhecimento,
o que permitiu a compreensão dos termos do conteúdo e um melhor entendimento na
construção dos gráficos.
A necessidade da adequação do plano de aula devido aos imprevistos que surgiram
mostrou como é importante que o professor seja flexível para adaptar o planejamento
enquanto a aula acontece. Os Parâmetros Curriculares Nacionais dissertam sobre a
importância de o professor ter a competência de fazer ajustes:
AGRADECIMENTOS E CRÉDITOS
Agradecemos à Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior), Instituição financiadora do Pibid, que tem nos auxiliado ao longo de nossa
participação no programa.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Cínthia Soares de. Dificuldades de aprendizagem em Matemática e a percepção
dos professores em relação a fatores associados ao insucesso nesta área. Brasília: UCB,
2006. Disponível em: <https://repositorio.ucb.br:9443/jspui/bitstream/10869/1766/1/
Cinthia%20Soares%20de%20Almeida.pdf>. Acesso em 18 de janeiro de 2022.
BRASIL. Ministério da Educação (MEC), Secretaria de Educação Média e Tecnológica
(Semtec). PCN + Ensino médio: orientações educacionais complementares aos
Parâmetros Curriculares Nacionais – Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias.
Brasília: MEC/Semtec, 2002. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/
CienciasNatureza.pdf>. Acesso em 15 de dezembro de 2021.
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2018.
LORENZATO, Sergio. O laboratório de matemática na formação de professores. 3. ed.
Campinas, SP: Autores Associados, 2012.
MANOEL, Luís Ricardo da Silva. A Torre de Hanói. IBILCE/UNESP, São José do Rio Preto,
s/d. Disponível em: <https://www.ibilce.unesp.br/Home/Departamentos/Matematica/
labmat/torre_de_hanoi.pdf>. Acesso em 18 de janeiro de 2022.
PONTE, João Pedro da; QUARESMA, Marisa; MATA-PEREIRA, Joana. É mesmo necessário
182 fazer planos de aula?. Educação Matemática, Lisboa, n. 133, p. 26-35, maio-junho, 2015.
Torre de Hanói. Só Matemática. Disponível em: <https://www.somatematica.com.br/jogos/
hanoi/>. Acesso em 18 de janeiro de 2022.
ZABALA, Antoni. A Prática Educativa: como ensinar. Porto Alegre: Artmed, 1988.
18 | DESAFIOS ENFRENTADOS EM TEMPOS
DE PANDEMIA: DIFICULDADE DOS
ALUNOS EM RESOLVER PROBLEMAS
ENVOLVENDO AS QUATRO OPERAÇÕES
BÁSICAS DA MATEMÁTICA
RESUMO
O presente trabalho busca entender a dificuldade dos alunos do 6° ano da escola EMEF
Padre Anchieta relacionadas às quatro operações básicas da matemática. Com o retorno
das aulas presenciais, após a diminuição no número de novos contágios do coronavírus
na cidade de Vitória, essa dificuldade foi observada durante uma avaliação diagnóstica.
Realizou-se uma análise, na qual se busca entender quais foram os erros e suas causas,
além de qual a proporção destes erros entre os alunos. É notório que o rendimento dos
alunos no ensino remoto não corresponde ao mesmo rendimento no ensino presencial.
Os alunos não tinham em casa, em sua maioria, outro auxílio a não ser o dos pais, que nem
sempre podiam ajudá-los. Com o retorno às aulas presenciais, ficou mais claro o quanto
esse período prejudicou grande parte dos alunos, mesmo em relação às operações básicas
de matemática. Foi possível concluir que o afastamento, devido à pandemia, causou um
atraso no aprendizado, e os resultados dos alunos foram inferiores até o que é esperado
de alunos do 4° ano.
Palavras-chaves: Dificuldade. Ensino à distância. Operações básicas de matemática.
Rendimento.
CRUZ, D. S. G. | DUARTE, J. V. N. G. | PINTO, J. W. S. | AZEVEDO, M. L. A. | FREDERICH, G. V. | JORDANE, A.
1 INTRODUÇÃO
Desde março de 2020, o mundo se deparou com a pandemia do novo Coronavírus.
Como primeira medida, foi estabelecido o isolamento social, que atingiu a todos. As escolas
foram fechadas, e o ensino remoto foi inserido; algo novo, desafiador e principalmente
assustador. Na Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Padre Anchieta não foi
diferente, entretanto a vida e os projetos não podem parar, muito menos o ensino, por isso
surgiu a necessidade de inovar, seja no ensinar ou no aprender.
O Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência PIBID também não parou,
apesar das inúmeras dificuldades o programa continuou. Uma das turmas que os pibidianos
acompanham, o 6º ano da EMEF Padre Anchieta de 2021, se encontra, desde o começo da
pandemia, com grande dificuldade ao acesso às atividades remotas. Muitos alunos não
conseguiam pegar as atividades impressas e, após a volta das aulas presenciais, muitos não
retornaram para a sala de aula.
As atividades propostas não tinham obrigatoriedade, devido às diversas realidades
de cada turma. Esse e muitos outros fatores, como a não participação dos alunos, a falta
de interesse, a falta de material, os problemas pessoais que agora têm maior influência
na vida dos alunos e professores etc., aumentaram a dificuldade no processo de ensino-
aprendizagem.
Em meio a esse novo contexto no qual o estudante está inserido, surge o seguinte
questionamento: como os alunos aprenderam as quatro operações básicas de matemática
durante a pandemia da Covid-19 e quais os reflexos disso após o período de isolamento?
Ferreira et al. (2020, p. 6) destacam que
3 METODOLOGIA
Para realizar essa análise, ao retornarmos ao sistema híbrido, optamos por dois
momentos distintos, explicitados nas seções que seguem. O primeiro momento foi a
aplicação de uma avaliação diagnóstica, e o segundo momento uma tarefa proposta
aos alunos em duas turmas do 6º ano. A avaliação diagnóstica baseou-se na resolução
de cálculos de adição, subtração, multiplicação e divisão no conjunto dos naturais. Já a
186 tarefa proposta pelos pibidianos, envolveu operações de adição e subtração de números
decimais, além de relacioná-las ao cotidiano dos alunos.
A tarefa foi aplicada em duas turmas de 6º ano em uma aula. Estavam presentes em
torno de vinte alunos em cada turma. Iniciamos explicando como seria a tarefa, para isso
apresentamos o problema e um esquema desenhado no quadro. O problema envolvia a
escolha de uma loja para comprar um aparelho celular. A professora regente acompanhou
e orientou os pibidianos ao longo de todo o tempo. A tarefa foi executada, em cada turma,
em uma aula de cinquenta minutos. A proposta era que o aluno pudesse mobilizar o
DESAFIOS ENFRENTADOS EM TEMPOS DE PANDEMIA: DIFICULDADE DOS ALUNOS EM RESOLVER
PROBLEMAS ENVOLVENDO AS QUATRO OPERAÇÕES BÁSICAS DA MATEMÁTICA
pensamento crítico, mediante a cada situação, analisando qual seria a melhor escolha para
ele no momento.
Nosso objetivo era analisar as dificuldades dos alunos do 6º ano com as quatro
operações básicas da matemática.
4 A AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA
Antes de apresentarmos a nossa avaliação diagnóstica, gostaríamos de fazer
algumas considerações sobre o papel dela. A avaliação na escola tem, frequentemente,
apenas a função de examinar o desempenho do aluno. Usamos a avaliação para saber
quem aprendeu ou não, quem pode ser aprovado. Neste estudo, a avaliação diagnóstica
é considerada a partir do ponto de vista de uma busca de evidências que nos ajudem a
tomar decisões sobre os objetivos do ensino para um grupo específico de alunos e de um
instrumento orientador que nos ajudem a conhecer melhor os resultados de nossa ação
pedagógica. Para descrever o desenvolvimento da compreensão na resolução das quatro
operações básicas no conjunto dos números naturais, expomos, conforme o quadro 1, um
exercício que solicitava aos alunos que armassem e efetuassem oito operações:
187
Fonte: imagem produzida pelos autores a partir das tarefas resolvidas pelos alunos.
CRUZ, D. S. G. | DUARTE, J. V. N. G. | PINTO, J. W. S. | AZEVEDO, M. L. A. | FREDERICH, G. V. | JORDANE, A.
1) Perguntamos ao Aluno 1 como ele resolveu a conta. Ele respondeu que “armou”
de frente para trás, porque é assim que se faz primeiro.
2) Perguntamos à Aluna 2 como ela chegou ao resultado 28 sem armar a conta. Ela
respondeu que fez palitinhos de 5+3+10+3+2+5. Ou seja, somou o valor absolutos dos
algarismos que estão circulados pelos pesquisadores.
3) Perguntamos ao Aluno 3 por que posicionou os números dessa maneira.
Ele respondeu que ia sobrar espaço de qualquer lado, então escolheu as posições
aleatoriamente.
Fonte: imagem produzida pelos autores a partir das tarefas resolvidas pelos alunos.
188
1) Perguntamos ao Aluno 1 como ele resolveu a conta. Ele respondeu que fez a conta
da esquerda para a direita. Perguntamos também por que 0-2=2, 0-8=8, 0-9=9. Ele
respondeu que quando o zero não consegue “tirar” o número tem que repetir.
2) Perguntamos ao Aluno 2 por que 0-7=2. Ele respondeu que o zero pediu emprestado,
portanto valeu 9; que 9-2=7 e que todos os zeros valem 9 e preservou o 2.
3) Perguntamos ao Aluno 3 por que 0-7=0, 0-8=0, 0-9=0, 0-1=0. Ela respondeu que como
zero não “tira” sete, então a resposta é zero. Também questionamos se ela tinha
percebido que 20.000-1987 tinha dado o mesmo valor do minuendo, 20.000. Ela
DESAFIOS ENFRENTADOS EM TEMPOS DE PANDEMIA: DIFICULDADE DOS ALUNOS EM RESOLVER
PROBLEMAS ENVOLVENDO AS QUATRO OPERAÇÕES BÁSICAS DA MATEMÁTICA
respondeu que achou que a continha estava errada e que 1987 deveria estar em cima e
o 20.000 embaixo, porque zero não tirava 7, 8, 9, etc.
4) Perguntamos ao Aluno 4 por que 0-7=7,0-8=8, 0-9=0. Ele respondeu que o zero não
pode “tirar”, então repete os números de baixo.
5) Perguntamos ao Aluno 5 por que 5-9=0, 4-8=0. Ele respondeu que quando um número
pequeno não “tira” o grande, a resposta é zero.
6) Perguntamos ao Aluno 6 por que o último 0 valeu 9. Ele respondeu que todos os outros
pegaram emprestados uns dos outros, e o último deveria valer 9 também.
7) Perguntamos ao aluno 7, por que 5-9=0. Ele respondeu que pegou emprestado o
“quatro” da esquerda e somou com 5 resultando 9, então 9-9=0
5 A TAREFA
Partimos do pressuposto de que nossos alunos precisam desenvolver o raciocínio
lógico, o espírito de investigação e a capacidade de produzir argumentos convincentes,
recorrendo aos conhecimentos matemáticos para compreender e atuar no mundo. Desta
maneira, propomos a seguinte tarefa:
189
Supondo que você queira muito comprar um celular. Você tem um capital de R$1.200,00,
e dentre as opções de lojas e preços que você encontrou foram: (Capital: é o valor do dinheiro
no momento atual).
Vale destacar que não classificaremos as respostas como certa ou errada, mas, sim,
como argumentos justificáveis.
LOJA A:
Fica localizada no bairro próximo ao seu, o valor do celular era R$1.323,00, mas agora
está R$1.199,99 (9% de desconto aproximadamente).
CRUZ, D. S. G. | DUARTE, J. V. N. G. | PINTO, J. W. S. | AZEVEDO, M. L. A. | FREDERICH, G. V. | JORDANE, A.
LOJA B:
Fica localizada no Shopping em outra cidade, para isso você precisaria fazer uma viagem
de aproximadamente 3 horas (ida e volta, sem contar com imprevistos). A passagem do
ônibus ida e volta custará o valor de R$8,00. A loja está com uma promoção desse celular, de
R$1.323,00 por apenas R$1.189,99 (10% de desconto aproximadamente).
LOJA C:
É uma loja com venda pela internet. O celular está no valor de R$1.099,99. O valor do
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LOJA D:
É uma loja com venda pela internet. O celular está no valor de R$1.164.99. O valor do
frete é de R$30,00, a entrega é domiciliar, entretanto a primeira compra neste site sai com o
frete grátis, e o prazo de entrega é de 7-10 dias úteis.
Já neste grupo, percebeu-se que os alunos não sabiam como posicionar as vírgulas
(na armação do algoritmo deve-se colocar vírgula debaixo de vírgula), o que dificultava
ainda mais para o aluno chegar no resultado esperado. Além das ideias já apontadas na
avaliação diagnóstica, aqui podemos perceber que a dificuldade também está relacionada
à natureza do ensino, mais especificamente aos “aspectos sintáticos e semânticos da
matemática” (TEIXEIRA, 2004, p. 9).
Alguns estudos têm mostrado que certas crianças podem ter dificul-
dades especiais para conservar informação numérica na memória de
trabalho, bem como aquelas que apresentam problemas de atenção
podem ter dificuldades para empregar estratégias ordenadas e hierar-
quizadas, o que acarreta consequências negativas para a aprendizagem
em matemática.
6 CONCLUSÃO
Destarte, o distanciamento social mostrou que os alunos do 6° ano da Escola
Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Padre Anchieta estavam com muitas dificuldades.
Todos os novos desafios acrescentados ao novo cenário desses estudantes influenciaram
sua construção de conhecimento de divisão e multiplicação e engessou a confirmação dos
conhecimentos de adição e subtração.
As principais diferenças notadas foram com números decimais em casos de adição,
subtração e multiplicação e a divisão num todo. Ademais, também tivemos a problemática
do que fazer com esses alunos, a discussão de repeti-los ou não tem tomado o seu lugar,
e o questionamento de como os professores terão de se desdobrar para lidarem com esse
período pós-pandemia tem se tornado uma preocupação em meio às escolas.
A experiência vivenciada aponta a necessidade de pensar estratégias de ensino
que busquem resolver as dificuldades apontadas. Tais estratégias devem passar, além
da atuação docente em sala de aula, por uma valorização do magistério. Inclui-se nessa
valorização a estrutura física das escolas, as condições de trabalho e remuneração dos
docentes, aliados à formação constante.
AGRADECIMENTOS E CRÉDITOS
Agradecemos a escola EMEF Padre Anchieta, por permitir que a tarefa fosse aplicada
na instituição, a Secretaria Municipal de Educação de Vitória, ao Ifes Campus Vitória e à
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES.
REFERÊNCIAS
ARRUDA, Eucidio Pimenta. EDUCAÇÃO REMOTA EMERGENCIAL: elementos para políticas 193
públicas na educação brasileira em tempos de Covid-19. EmRede, v. 7, n. 1, p. 257–275, 2020.
BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais:
Matemática. Brasília: DF MEC/SEF, 1998.
CIEB, Centro de Inovação para a Educação Brasileira. Planejamento das Secretarias de
Educação do Brasil para Ensino Remoto. 2020. Disponível em: https://cieb.net.br/pesquisa-
analisa-estrategias-de-ensino-remoto-de-secretarias-de-educacao-durante-a-crise-da-
covid-19/. Acesso em: 21 fev. 2022.
CRUZ, D. S. G. | DUARTE, J. V. N. G. | PINTO, J. W. S. | AZEVEDO, M. L. A. | FREDERICH, G. V. | JORDANE, A.
FERREIRA, Leonardo Alves; CRUZ, Brasiliana Diniz da Silva; ALVES, Aureliano de Oliveira;
LIMA, Ivoneide Pinheiro de. ENSINO DE MATEMÁTICA E COVID-19: práticas docentes
durante o ensino remoto. Em Teia - Revista de Educação Matemática e Tecnológica
Iberoamericana, v. 11, n. 2, p. 1–15, 2020.
RBA, Rede Brasil Atual. #AdiaEnem: 60% das residências das classes D e E não têm internet.
2020. Disponível em: https://www.redebrasilatual.com.br/educacao/2020/05/adiaenem-
estudantes-manifestacao-redes/. Acesso em: 21 fev. 2022.
SANTOS, José Elyton Batista Dos; ROSA, Maria Cristina; SOUZA, Denize da Silva. O ENSINO
DE MATEMÁTICA ONLINE: UM CENÁRIO DE REFORMULAÇÃO E SUPERAÇÃO. Interacções,
n. 55, p. 165–185, 2020.
TEIXEIRA, Leny Rodrigues Martins. Dificuldades e erros na Aprendizagem da Matemática.
In: VII EPEM ENCONTRO PAULISTA DE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA 2004, São Paulo. Anais
[...]. São Paulo p. 1–14.
194
19 | ÁREA E PERÍMETRO: UMA PROPOSTA
PEDAGÓGICA A PARTIR DA ATIVIDADE
ORIENTADORA DE ENSINO
RESUMO
O seguinte relato refere-se a uma intervenção sobre os conceitos de área e
perímetro, realizada por pibidianos, em uma turma do 8° ano do Ensino Fundamental. Foi
desenvolvida uma tarefa planejada junto ao coletivo do Clube de Matemática, com base
no movimento lógico-histórico dos conceitos de área e perímetro. Temos como referencial
teórico-metodológico a Teoria Histórico-Cultural, a Teoria da Atividade e a Atividade
Orientadora de Ensino. Com a intervenção foi objetivado proporcionar a aprendizagem
de área e perímetro a partir da gênese desses conceitos para além do que ocorre na
maioria das vezes, o ensino de fórmulas. Para a coleta de dados foi utilizada a observação
ao longo do desenvolvimento da tarefa registrada em anotações e fotografias. Por conta
da pandemia do Covid-19 a turma estava separada em dois grupos. É notório a diferença
entre os dois grupos. Tal diferença pode estar associada ao baixo retorno das atividades na
plataforma online utilizada pela escola e pouca participação nas aulas online. Mesmo com
as dificuldades citadas, os alunos conseguiram participar da tarefa de forma satisfatória.
Palavras-chave: Área. Perímetro. Atividade Orientadora de Ensino. Ensino
Fundamental.
1 INTRODUÇÃO
O relato de experiência é oriundo de uma intervenção realizada pelo Programa
Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) do Instituto Federal do Espírito
Santo (IFES) subprojeto de Matemática-Vitória.
O ensino dos conteúdos de área e perímetro tem sido, na maioria das vezes, de forma
procedimental, realizado apenas por meio de fórmulas para o cálculo dessas grandezas.
Buscamos com essa intervenção abordar esses conceitos a partir de sua gênese, a fim de
HELMER, G. E. | SANTOS, J. M. | NUNES, R. L. F. | JORDANE, A.
que os alunos possam ir além da memorização das fórmulas, mas principalmente, apropriar
do conteúdo.
2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A intervenção ocorreu na Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) “São
Vicente de Paulo”, localizada no centro de Vitória em uma turma de 8° ano do Ensino
Fundamental. A intervenção foi realizada em dois momentos pois a turma estava dividida
em dois grupos -azul e laranja- que frequentavam em dias alternados, devido as medidas
adotadas por causa da pandemia da Covid-19.
Na primeira semana, a tarefa foi desenvolvida com o grupo Azul. Estavam
presentes: 10 alunos, 2 pibidianos (alunos bolsistas do PIBID), a professora supervisora e o
coordenador de área do subprojeto de matemática Vitória. Na semana seguinte, a tarefa
foi desenvolvida com o grupo laranja, constando a presença de: 16 alunos, 2 pibidianos e
a professora supervisora. As propostas de ensino e aprendizagem foram trabalhadas em
duas aulas de 50 minutos cada.
As tarefas foram planejadas durante a pesquisa de Iniciação Científica de um dos
autores, Guilherme Escarpini Helmer, pibidiano e participante do Grupo de Pesquisa em
Práticas Pedagógicas de Matemática (Grupem).
3 REFERENCIAL TEÓRICO-METODOLÓGICO
O planejamento, organização e desenvolvimento da tarefa teve como referencial
teórico-metodológico a Atividade Orientadora de Ensino (AOE), Teoria Histórico-Cultural,
a Teoria da Atividade e o Movimento Lógico-Histórico do conceito. A tarefa foi planejada e
pensada em coletivo no Clube de Matemática (Clumat), que entendemos como sendo “o
lugar da realização da aprendizagem dos sujeitos orientado pela ação intencional de quem
ensina” (CEDRO e MOURA, 2017).
O homem, assim como todos os seres vivos, busca na natureza a satisfação de
suas necessidades básicas, para sobreviver, porém, tem a capacidade de criar novas
necessidades, que não são essenciais para sua existência. Com isso, a humanidade produz
e aperfeiçoa, até os dias atuais, conhecimentos, instrumentos, técnicas, que com o passar
do tempo se tornaram fundamentais para a existência humana. Essas criações humanas
196 constituem a cultura.
Portando, o homem, ser genérico, ao se apropriar da cultura por meio das interações
sociais em diferentes espaços, se constitui como humano: “o conceito de necessidade,
originalmente biológico, transforma-se para o homem em necessidade histórico-cultural”
(RIGON; ASBAHR; MORETTI, 2016, p.19).
Durante toda sua existência o indivíduo busca sanar suas necessidades e nesse
movimento entra em atividade. Leontiev aponta alguns elementos que constituem a
atividade, são eles: motivos, necessidades, objetos, objetivos, ações e operações. Assim,
ÁREA E PERÍMETRO: UMA PROPOSTA PEDAGÓGICA A PARTIR DA ATIVIDADE ORIENTADORA DE ENSINO
o autor entende por atividade como “os processos psicologicamente caracterizados por
aquilo a que o processo como um todo, se dirige (seu objeto), coincidindo sempre com
o objetivo que estimula o sujeito a executar esta atividade, isto é, o motivo” (2017, p.68).
Tanto o ensino como a aprendizagem, quando organizados para tal, se tornam
atividades, de ensino do professor como seu trabalho, e de aprendizagem do aluno como
estudo. A unidade entre essas duas atividades resulta no que chamamos de atividade
pedagógica.
Com o objetivo de proporcionar um modo de organização do ensino, que faça com
que o processo educativo se estabeleça como atividade para todos que participam deste
processo, Moura et al. (2016) propõe a Atividade Orientadora de Ensino (AOE) baseando-
se na teoria da atividade, mantendo, assim, a estrutura de atividade proposta por Leontiev
(2017).
Na AOE o professor deve, de forma intencional, organizar o ensino de modo que o
ensino e a aprendizagem se concretizem como atividades, ou seja, deve gerar no aluno a
necessidade de apropriar-se dos conceitos. Portanto, com esse objetivo surge a Situação
Desencadeadora de Aprendizagem (SDA), que é organizada pelo professor de forma
intencional com base nos seus objetivos de ensino.
Moura e Moura (1998 apud MOURA et al, 2016) apresentam três recursos
metodológicos que possibilitam a materialização das SDA’s: o jogo, a história virtual do
conceito e as situações emergentes do cotidiano. Neste artigo destacaremos a história
virtual do conceito. Para os autores “é a história virtual do conceito porque coloca o sujeito
diante de uma situação-problema semelhante àquela vivida pelo homem (no sentido
genérico)” (MOURA E MOURA, 1998, p.12-14 apud MOURA et al, 2016, p. 121). Dessa forma,
A SDA deve contemplar a gênese do conceito, ou seja, a história dos conceitos, que “não é
a história factual, mas sim aquela que está impregnada no conceito ao considerar que esse
conceito objetiva uma necessidade humana colocada historicamente” (MORETTI; MOURA,
2011, p.443). Para isso é necessário o estudo do movimento Lógico-Histórico dos conceitos.
Conforme o tempo se passou tais criações humanas vão sendo aperfeiçoadas. Tudo
o que temos atualmente está em sua forma mais aprimorada. Buscando entender os
principais momentos da história dos conceitos é necessário que se faça o estudo de seu
movimento Lógico-Histórico. Kopnin (1978) afirma que:
É a partir das ideias de histórico e lógico, apontadas por Kopnin (1978), que nos
fundamentamos neste artigo ao discutir o movimento lógico-histórico da geometria.
HELMER, G. E. | SANTOS, J. M. | NUNES, R. L. F. | JORDANE, A.
Disseram-me que este rei (Sesóstris) tinha repartido todo o Egito entre
os egípcios, e que dado a cada um uma porção igual e retangular de
terra, com a obrigação de pagar por ano um certo tributo. Que se a
porção de algum fosse diminuída pelo rio (Nilo), ele fosse procurar o
rei e lhe expusesse o que tinha acontecido à sua terra. Que ao mesmo
tempo o rei enviava medidores ao local e fazia medir a terra, a fim de
saber de quanto ela estava diminuída e de só fazer pagar o tributo
conforme o que tivesse ficado de terra. Eu creio que foi daí que nasceu
a Geometria e que depois ela passou aos gregos. (HERÓTODO, apud
CARAÇA, 2003, p.32)
4 ADAPTAÇÕES
Para a aplicação da tarefa foram necessárias adaptações, visto que inicialmente
foi desenvolvida para outro público-alvo - professores da educação básica - e aplicada de
forma remota, sendo que no nosso caso, envolvia a aplicação presencial, no 8º ano do
Ensino Fundamental, da rede pública de ensino.
Para as adaptações foram consideradas as limitações do momento de pandemia
(como compartilhamento do material, distanciamento etc.), as limitações de recursos da
escola (projetores), uma forma que possibilitasse que a história virtual fosse mais atraente
para os alunos e, principalmente, materiais que eles pudessem manipular, para maior
participação e envolvimento na tarefa.
O primeiro desafio foi pensar em uma alternativa para o momento da história que
contextualizasse o problema, pois como a primeira versão foi aplicada de forma remota,
a história foi desenvolvida em slides. Desta forma, seria necessário um projetor para
apresentá-la ao aluno. Porém, ao conversarmos sobre essa questão com a professora
regente da EMEF, ela disse que seria complexo conseguir o equipamento, por ter poucas
198 unidades e uma demanda muito grande. Contudo, a alternativa para esse contratempo foi
imprimir os slides em folhas A3 e escrever alguns detalhes (como o preço e tamanho dos
terrenos) no quadro, posto que seria possível todos visualizarem a história.
ÁREA E PERÍMETRO: UMA PROPOSTA PEDAGÓGICA A PARTIR DA ATIVIDADE ORIENTADORA DE ENSINO
5 APLICAÇÃO
A aplicação ocorreu em dois momentos diferentes, porque nesse período as escolas
da Prefeitura Municipal de Vitória estavam adotando o esquema de revezamento semanal,
composto por dois grupos. Deste modo, na primeira semana a tarefa foi desenvolvida com
o grupo azul e na semana seguinte, com o grupo laranja. Em ambas as semanas, a dinâmica
da tarefa foi preservada. Portanto, foram utilizados os mesmos materiais devidamente
higienizados.
A tarefa iniciou com os pibidianos contando a história que se passava no Antigo Egito
sobre o jovem Arqueles, estirador de cordas. Arqueles precisava medir, com uma corda de
200 dezenove nós, quatro terrenos retangulares de mesma área, de forma que os impostos, a
serem pagos, referentes a cada terreno, fossem o mesmo. Durante a história, foi solicitado
que os alunos utilizassem a corda e o papelão (Figura 3) para ajudar Arqueles a medir
os terrenos, de forma intencional, a turma foi conduzida a criar terrenos retangulares
ÁREA E PERÍMETRO: UMA PROPOSTA PEDAGÓGICA A PARTIR DA ATIVIDADE ORIENTADORA DE ENSINO
e perímetros diferentes. Para tal, utilizaram o Geoplano e contaram com auxílio dos
pibidianos.
1 Aprende Vix é nome dado à plataforma Google Sala de Aula utilizado pela Prefeitura Municipal
de Vitória. Esta é utilizada pelos professores para a postagem de tarefas, provas, trabalhos e avisos,
referente a sua disciplina.
ÁREA E PERÍMETRO: UMA PROPOSTA PEDAGÓGICA A PARTIR DA ATIVIDADE ORIENTADORA DE ENSINO
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Podemos concluir que a tarefa desenvolvida, segundo o referencial da Atividade
Orientadora de Ensino, despertou a curiosidade nos alunos a respeito dos conteúdos que
foram envolvidos na aplicação e a oportunidade revisarem o conteúdo de forma mais
dinâmica e autônoma.
Portanto, mesmo com as dificuldades relacionadas aos conteúdos, os alunos
conseguiram responder corretamente aos problemas propostos quando auxiliados pelos
pibidianos e professores presentes.
AGRADECIMENTOS E CRÉDITOS
Agradecemos a escola EMEF São Vicente de Paulo, por permitir que a tarefa fosse
aplicada na instituição, a Secretaria Municipal de Educação de Vitória, ao Ifes Campus
Vitória e à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES.
203
REFERÊNCIAS
CARAÇA, Bento de Jesus. Conceitos fundamentais da matemática. 5. ed. Lisboa: Gradiva,
2003.
CEDRO, Wellington Lima; MOURA, Manoel Oriosvaldo de. Uma perspectiva histórico-cultural
para o ensino de álgebra: o clube de matemática como espaço de aprendizagem. Zetetike,
Campinas, SP, v. 15, n. 1, p. 37–56, 2009. DOI: 10.20396/zet.v15i27.8647015. Disponível em:
HELMER, G. E. | SANTOS, J. M. | NUNES, R. L. F. | JORDANE, A.
204
20 | PIBID REMOTO – DESAFIOS NO
CONTEXTO DA PANDEMIA DO COVID-19
DIANTE DO ISOLAMENTO SOCIAL
RESUMO
O artigo pretende discutir as experiências vividas pelos pibidianos neste período
de pandemia, no qual se levantou reflexões acerca da atividade docente e desafios na
modalidade de ensino remoto. A pouca experiência que estamos tendo com os alunos de
uma escola pública municipal nos remete a algumas perguntas que buscamos desenvolver
neste relato: Como caminhar metodologicamente? Como adequar o trabalho docente
às realidades e necessidades dos alunos? Como desenvolver um trabalho para formação
e desenvolvimento humano em tempo de pandemia? Os desafios apontam para uma
reflexão do trabalho docente em tempo de pandemia. Neste momento, percebemos a
diferença existente entre o estudo remoto e o presencial e que a figura do professor é
peça fundamental na aprendizagem. Ressignificar o processo de ensino-aprendizagem se
tornou o problema mais importante para todos. Elaborar as Atividades Pedagógicas não
Presenciais, com criatividade e ludicidade, foi um fator determinante para que os alunos
conseguissem estudar desacompanhados de seus professores. Nosso objetivo é mostrar
os desafios que encontramos ao lidar com essa circunstância para preparar as tarefas para
alunos do ensino fundamental sem ter contato com eles. Isso porque a nossa única ligação
é a professora supervisora, que nos dava a devolutiva de como essas tarefas estavam sendo
desenvolvidas. De certa maneira, essa aprendizagem de preparar as tarefas com os resultados
obtidos nos aproxima da perspectiva docente de muitos professores, que hoje estão nessa
contenda entre a prática remota e a prática presencial. Os resultados nos mostram uma
constante preocupação por parte dos professores regentes e dos pibidianos em conhecer e
interpretar a realidade sociocultural dos alunos e da comunidade onde está inserida a escola.
Palavras-chave: Pibidianos, Formação Humana, Humanização, Pandemia, Tecnologia
ELEUTÉRIO, J. N. P. | PRADO, M. M. | MACEDO, E. R. | JESUS, L. D. | FREDERICH, G. V. | JORDANE, A.
1 INTRODUÇÃO
No Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência - PIBID de Matemática1 -
buscamos desenvolver tarefas, em ensino remoto, junto aos alunos de uma escola pública
municipal de Vitória, a Escola Municipal de Ensino Fundamental Pe. Anchieta (EMEF Pe.
Anchieta). Neste ano letivo de 2021, a supervisora2, também autora deste relato, lecionava
matemática em três turmas do ensino fundamental, duas turmas de 6° ano e uma turma do 7° ano.
Para o desenvolvimento das tarefas a serem realizadas na escola, os pibidianos foram
informados, pela professora, sobre o conteúdo matemático que deveria ser trabalhado
em cada turma. Com base nisso, os conteúdos produzidos foram aprofundados com um
roteiro de estudos contendo conceitos, exemplos resolvidos e sugestão de exercícios.
Esses roteiros foram disponibilizados na plataforma AprendeVix3, impressos e entregues
às famílias que não possuíam recursos tecnológicos.
Além das tarefas que eram desenvolvidas pelos pibidianos, aconteciam reuniões virtuais
com o objetivo de informar as devolutivas das tarefas para os alunos. Além disso, observou-
se uma baixa participação dos alunos por diversos motivos socioeconômicos e culturais.
Essa situação com a qual nos deparamos não foi muito satisfatória. Trouxe um
cenário de incertezas e desafios para o professor, para os alunos e para os pibidianos,
sendo urgente a atribuição de novas formas de ensinar. A pouca experiência que os
pibidianos tiveram com os alunos dessa escola pública municipal nos remeteu aos seguintes
questionamentos: Como caminhar metodologicamente? Como adequar o trabalho docente
às realidades e necessidades dos alunos? Como desenvolver um trabalho para formação e
desenvolvimento humano em tempo de pandemia?
Contudo, precisamos levar em consideração os aspectos sociais que compõem
o indivíduo em sua totalidade no processo de ensino-aprendizagem. Parece importante
que se busque respostas a tais questões na Teoria Histórico-Cultural, que trata o estudo
e a compreensão da origem e desenvolvimento da psique humana, relacionando o
Materialismo Histórico-Dialético de Marx e Engels com os ensinamentos de Vigotski.
A Teoria Histórico-Cultural considera o homem como um ser social cujo
desenvolvimento se condiciona pela atividade que o vincula à natureza. Um ser que possui
habilidades e procedimentos comportamentais, como: assimilação da experiência de toda
humanidade, retirada no processo cultural e transmitida no processo de aprendizagem,
ou seja, por processos educativos (REGO, 2014). “Condição imprescindível ao processo
de transformação de um ser humanizado - que dispõe de certas propriedades naturais
206 filogeneticamente formadas em um ser humanizado, isto é, que se transforma por
apropriação da cultura” (MARTINS, 2016, p. 14).
2 PANDEMIA E TECNOLOGIA
Em vista de que o ser humano, em sua história, tem grandes feitos que demonstram
a beleza da capacidade de se desenvolver, humanizar faz parte de envolver as pessoas ao
processo de enculturação tal que “a educação reproduz, assim, em seu plano próprio, a
estrutura dinâmica e o movimento dialético do processo histórico de produção do homem.”
(FREIRE, 1968, p. 18). A promoção de interações que produzem significados ao saber
específico, ligado à convivência da prática pedagógica como atividade de ensino, promove
nos alunos uma apropriação da cultura, diversificando o contexto em que promova o saber.
Nessa ótica do fazer-se humano, é necessário comprometimento cultural para realizar
o desenvolvimento humano na educação. Assim como demonstra Silva e Silva (2021):
Tais concepções levam a reconhecer que, embora a espécie humana tenha uma
relativa estabilidade genética nos últimos milhares de anos, houve uma expressiva
mudança cultural, que se apressou excessivamente nesse último século.
A apropriação do conhecimento científico por parte do sujeito ofereceu a ele
oportunidade de compreender novos significados para o mundo, permitindo-o transformar
a forma e o conteúdo do seu pensamento. Em outras palavras, o conhecimento científico:
a percepção da matéria estudada, e com isso poderá assimilar de forma mais prazerosa
aquilo que muitas vezes é difícil de entender somente nas explicações do professor. Além
de esse aluno estar aprendendo, ele também estará se divertindo e interagindo com os
demais colegas e, principalmente, com o seu professor.
Após o retorno do ensino remoto e do ensino híbrido, estivemos com os alunos
do 6º ano, turma B (6ºB), para conhecer a turma e a maneira de interação deles. É muito
importante relatar que foi evidente perceber a participação interativa às indagações
levantadas em aula pela Profª. Glaziéla. A partir dessa primeira aula, levantamos a
possibilidade de aplicar um jogo nas turmas do 6º ano. Esse jogo, que foi preparado antes
do retorno à escola, foi construído sobre os conceitos de Geometria Espacial e Geometria
Plana (Euclidiana). O objetivo dessa atividade era recordar esse conteúdo, que os alunos
estudaram com a professora Glaziéla antes do retorno integral das aulas.
O primeiro momento se deu em apresentar o jogo e suas regras, tendo 4 grupos de
5 pessoas numa sala de 20 alunos. O jogo compunha-se em 49 peças, podendo jogar em
7 pessoas no máximo, dando 7 peças a cada jogador. Deixamos a leitura das regras aos
alunos, depois de ditadas, o jogo acontecia de acordo com o jogo dominó tradicional, com
uma simples diferença: os nomes dos polígonos e sólidos geométricos só ligam com as
figuras corretas dos polígonos e sólidos geométricos. De início, com as peças em mesa e
os alunos tendo o primeiro contato com o material, o primeiro momento do jogo se situou
em deixar manipular o jogo e assimilar a maneira de como se joga, para poderem ter uma
compreensão mais clara do jogo.
Assim que familiarizados com o jogo, fizemos uma competição interna entre os
alunos para ver quem ganhava primeiro entre os grupos. Essa competição gerou uma
atuação mais ativa entre os alunos, acontecendo trocas de informações entre os alunos
com dificuldade de lembrar o conteúdo de geometria. Tal fato possibilitou que eles
discutissem sobre o conteúdo, criando um cenário de aprendizagem em que há produção
de conhecimento durante o desenvolvimento da atividade de ensino, utilizando o jogo
Dominó Geométrico.
Entende-se que a atividade de ensino é um “objeto de trabalho do professor que age
com intencionalidade objetivando um fim, [...]. O trabalho do professor, nessa perspectiva,
tem a dimensão de práxis” (MOURA, 2013, p. 88), junto ao objeto de ensino que se refere ao
conteúdo da atividade, se visa que os alunos interajam de maneira conjunta e se apropriem
dos objetos como o modo de operar e utilizar desses objetos. (MOURA, 2013)
Ficou evidenciado que no processo de interação, os alunos se ajudavam para atingir
o objetivo (como demonstrado na figura 1), tirando dúvidas entre si sobre quais peças se 211
encaixam e como dispor as peças corretas. Quando alguns alunos confundiam os signos de
alguns polígonos e sólidos geométricos, os colegas ajudavam apresentando os conceitos
relacionados.
ELEUTÉRIO, J. N. P. | PRADO, M. M. | MACEDO, E. R. | JESUS, L. D. | FREDERICH, G. V. | JORDANE, A.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A atividade pedagógica sendo uma atividade humana que se dá no desenvolvimento
e apropriação de conhecimentos fundamentais e da cultura, parte do processo de formação
212
humana na escola, que se garante na formação, interação cultural e contato humano. O
Projeto de Iniciação a Docência (PIBID), que parte desta intencionalidade, justifica as ações
obtidas no cenário criado em sala de aula com práticas e tarefas tidas no desenvolvimento
dessa criação sofisticada que é a educação escolar. É notório, que na pandemia a dimensão
das ações de formação humana se perdeu, contribuindo muito para desestabilizar os
parâmetros e instituições de reprodução científica e cultural.
Percebemos que as dificuldades de aprendizagem geradas pela pandemia, ainda
se encontram e continuam dentro das escolas, reflexo das situações sociopolítica
PIBID REMOTO – DESAFIOS NO CONTEXTO DA PANDEMIA DO COVID-19 DIANTE DO ISOLAMENTO SOCIAL
AGRADECIMENTOS E CRÉDITOS
Agradecimentos ao Ifes por proporcionar a oportunidade a todos os licenciandos
que participam do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID)
- Núcleo Matemática/Vitória, ao apoio financeiro organizado pela Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES, à escola EMEF Padre Anchieta
que abraçou esse projeto, à Secretaria Municipal de Educação de Vitória, aos professores
e coordenadores responsáveis por manter o projeto vivo e cada vez mais desenvolvido
buscando a experiência e a dedicação que todos os docentes, atuais e futuros prezam à
Educação.
REFERÊNCIAS
ASBARH, F. da S. F. A pesquisa sobre a atividade pedagógica: contribuições da teoria da
atividade. Revista Brasileira de Educação. n. 29, p. 108-119, 2005.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Base Nacional Comum
213
Curricular: educação é a base – Ensino Fundamental. Brasília: MEC, 2018
DAVIDOV, V. La ensenãnza escolar y el desarrolho psíquico. Prefácio. Moscou: Editorial
Progresso, 1988.
LEONTIEV, A. N. Atividade, Consciência, Personalidade. Habana, Cuba. 1978. Editora
Pueblo Y Educacion.
KAPP, K. The gamification of learning and instruction: game-based methods and strategies
for training and education. San Francisco: Wiley, 2012.
ELEUTÉRIO, J. N. P. | PRADO, M. M. | MACEDO, E. R. | JESUS, L. D. | FREDERICH, G. V. | JORDANE, A.
214
21 | O PIBID NA EMEIEF SÃO MARCOS:
SOBRE “CONTAR E ENCANTAR” COM
HISTÓRIAS NO ENSINO FUNDAMENTAL
RESUMO
O texto apresenta como proposta relatar um pouco das experiências vividas pelos
acadêmicos do Curso de Pedagogia do Ifes - Campus Itapina durante a execução do
Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência - PIBID - na EMEIEF “São Marcos”
durante o contexto pandêmico da Covid-19. O presente artigo destaca a importância
da educação para a sociedade e para os processos de aprendizado de cada estudante,
contribuindo de forma singular para a sua formação enquanto cidadão. Ressalta que
durante a pandemia, diante de um contexto totalmente inesperado, foi necessário que
licenciandos e professores enfrentassem suas angústias/incertezas e buscassem outras
experiências didático-pedagógicas capazes de estimular a continuidade dos estudos
por parte dos alunos do ensino fundamental, de forma mais prazerosa e significativa,
mediante o ensino remoto. Nesse sentido, compreendendo que a ludicidade deveria ser
considerada nas atividades realizadas com os estudantes do quinto ano, aposta no recurso
da “leitura deleite”, proposta pelo Ministério da Educação, por meio de um programa
denominado Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa - PNAIC, como atividade
a ser desenvolvida permanentemente nas práticas escolares cotidianas. Utiliza o aporte
teórico de autores como QUEIROZ, BORGES e SOUZA (2017) para o entendimento da
“leitura deleite” como auxiliadora no processo de aprendizagem da leitura e da escrita,
ressaltando a importância de uma leitura que estimule a imaginação e a curiosidade das
crianças e transcenda a função escolar ao propiciar ao aluno a ação de ler prazerosamente.
Descreve, ainda, as experiências realizadas pelos licenciandos na criação de “vídeos de
contação de histórias” – por meio da técnica de reprodução eletrônica de imagens em
movimento – em que foi possível romper a timidez e estabelecer uma conexão com os
alunos do ensino fundamental, buscando, sobretudo, vivenciar uma prática antes realizada
BONADIMAN, M. | LAGASSE, I. P. | SANTOS, M. A .A | SILVA, T. R. E. | SILVA, J. P. A | PIONTKOVSKY, D.
em sala de aula e com o objetivo de estimular a leitura pelo prazer. Conclui, desse modo, que
os recursos metodológicos utilizados e as experiências vivenciadas contribuíram de forma
significativa para os processos de ensino-aprendizagem dos alunos do ensino fundamental
– observando-se que as crianças demonstraram maior interesse pela leitura e interagiram
com as histórias apresentadas – assim como para o processo formativo dos acadêmicos do
Curso de Pedagogia que superaram desafios pessoais e coletivos, vivenciaram processos
criativos e expandiram conhecimentos.
Palavras-chave: PIBID; Contação de histórias; Leitura deleite; Ensino remoto.
1 INTRODUÇÃO
A partir das orientações recebidas da coordenadora de área, professora dra. Danielle
Piontkovsky, e do professor supervisor, José Paulo Araújo, a versão atual do PIBID (2020-
2022) teve início, de forma online, em outubro de 2020, com oito pibidianos atuando de
forma remota na escola. Foi um grande desafio enfrentar a realidade de uma sala de aula,
pela primeira vez e de forma virtual, considerando as inúmeras dúvidas e anseios para se
chegar até o momento, conforme apresentamos nesse artigo.
O trabalho foi efetuado na EMEIEF São Marcos, que fica localizada no bairro Novo
Horizonte, situado em Colatina-ES. Foram trabalhados diversos conteúdos com as crianças
do 5º ano do Ensino Fundamental, sendo as atividades do PIBID, nesse período, bastante
diversificadas. Durante esse tempo, participamos de encontros virtuais, periodicamente,
para o planejamento das ações e com momentos destinados a formação (estudos, oficinas,
seminários, etc), assim como desenvolvemos inúmeras atividades, tais como: planos de
aulas, projetos interdisciplinares, atividades orientadas, relatórios, resumos, confecção de
materiais e contação de histórias, principal intuito deste artigo.
Buscamos destacar, nessa escrita, o impacto da contação de histórias no aprendizado
e desenvolvimento cognitivo do discente, além de defender essa prática como um recurso
estimulador que pode ser utilizado como ferramenta de estudo. Em destaque trazemos a
“leitura deleite” e de que forma pode ser utilizada com as crianças que estão no final do
Fundamental 1.
216
Compreendemos, assim, que o lúdico faz parte do cotidiano das crianças e que as
atividades lúdicas podem se constituir como situações de aprendizagem. No caso das
práticas de leitura, “[...] se forem realizadas escolhas de textos interessantes ao público
infantil, a situação será lúdica” (BRAINER, et. al., 2012, p.17). De maneira semelhante, O 217
PNAIC propõe a “leitura deleite” como atividade permanente a ser realizada tanto pelo
professor como pelo aluno, individual ou coletivamente, como estratégia prazerosa e lúdica.
Desse modo, a prática “leitura deleite” se dá com a utilização de “estratégias
de leitura – antes, durante e depois, pode ser uma leitura individual, dupla, coletiva ou
protocolada – com continuidade no dia seguinte”, conforme defendem QUEIROZ, BORGES
e SOUZA (2017, p. 1) e como uma estratégia capaz de contribuir significativamente para
a melhoria do rendimento dos alunos, uma vez que podem desenvolver capacidades de
leitura, interpretação e escrita de maneira hábil. Os autores ainda acrescentam:
BONADIMAN, M. | LAGASSE, I. P. | SANTOS, M. A .A | SILVA, T. R. E. | SILVA, J. P. A | PIONTKOVSKY, D.
218
Desse modo, Martins (2019) destaca ainda que “[...] as crianças não precisam entrar
em contato com as histórias somente quando adquirirem o sistema de representação da
língua escrita, podem e devem sempre estar ouvindo histórias para que assim tomem
para si o reconhecimento das palavras escritas nos livros”, o que nos leva a destacar a
importância da leitura/contação de histórias ser feita por parte do professor, inclusive para
as crianças em processo de alfabetização.
Outro aspecto importante a ser considerado, de acordo com as abordagens do Pacto
Nacional pela Alfabetização na Idade Certa - PNAIC, é que as estratégias de leitura sejam
utilizadas como operações para abordar o texto, contribuindo para a compreensão do
mesmo por parte dos estudantes, tornando-os capazes de entendê-lo e interpretá-lo. De
acordo com Brandão e Rosa apud SILVA, CRUZ e MANZONI (2012) “[...] para que a criança 219
compreenda a leitura como uma atividade de construção de sentidos, em que é preciso
interagir ativamente com o texto, é importante que, após a atividade de leitura, ocorram
conversas sobre o texto lido”. Desse modo, o professor adquire um papel primordial como
mediador das ações e como “leitor mais experiente”, sendo aquele ator que poderá fazer
a leitura e também disparar a conversa sobre o texto lido.
Nesse contexto, e com base nas ideias apresentadas pelos autores, fomos
compreendendo a relevância da disposição do docente para a efetivação das práticas
de leitura nos cotidianos escolares, com destaque para a necessária organização e
planejamento dessas ações, de modo que seja possível estimular a leitura pelo prazer e
a criação de novos significados de mundo, por parte das crianças, ao estabelecerem esse
contato com o mundo da leitura e da escrita.
2 De acordo com a Wikipédia, o YouTube é uma plataforma de compartilhamento de vídeos com sede na
Califórnia. O serviço foi criado por três ex-funcionários do PayPal - Chad Hurley, Steve Chen e Jawed Karim -
em fevereiro de 2005. A Google comprou o site em novembro de 2006 e, desde então, o YouTube funciona como
uma das subsidiárias da Google. Informações disponíveis em https://pt.wikipedia.org/wiki/YouTube .
O PIBID NA EMEIEF SÃO MARCOS: SOBRE “CONTAR E ENCANTAR”
COM HISTÓRIAS NO ENSINO FUNDAMENTAL
sentimentos na criança ouvinte. Por meio do lúdico, a criança imagina um mundo onde
tudo é possível, uma nova realidade, cria fantasias e, com isso, amplia significados, obtendo
um maior desenvolvimento intelectual e dos processos de aprendizagem, de modo geral
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com a experiência vivenciada por meio do PIBID foi possível entender como a
contação de histórias pode mudar o universo infantil e estimular a imaginação das crianças,
transportando-as para um mundo de fantasias e novos sentidos. É surpreendente e
fantástico mergulhar nesse mundo de imaginação.
Vale destacar também que as escolas, muitas vezes, não oferecem ao professor
subsídios para desenvolver um trabalho educacional mais eficiente, assim desestimulam
professores e alunos, porém é necessário que o professor não desista de seus objetivos.
Para ser um leitor/contador de histórias infantis, o docente precisa ser dinâmico, criativo e
desenvolver algumas técnicas para que o ouvinte se prenda à história contada.
Assim, reafirmamos que a “leitura deleite” se constitui numa metodologia lúdica
e prazerosa, proporcionando conhecimento e criticidade, bem como despertando a
imaginação, outros sentidos e sentimentos no estudante, de modo que a leitura não é
entendida como algo obrigatório. Portanto, como lembram Queiroz, Borges e Souza (2017,
p. 2), a efetivação da “leitura deleite” além de apresentar a leitura como algo agradável,
poderá levar o estudante a “criar possibilidades sobre o que vai ser lido e para o desfecho
da história, por isso, auxilia também no raciocínio lógico, na cognição e na criatividade”.
Enfim, a partir das atividades realizadas, concluímos que os recursos metodológicos
utilizados e as experiências vivenciadas contribuíram de forma significativa para os
processos de ensino-aprendizagem dos alunos do ensino fundamental, pois observamos
que as crianças demonstraram maior interesse pela leitura e interagiram com as histórias
apresentadas. De igual maneira, também destacamos os avanços para o processo
formativo dos acadêmicos do Curso de Pedagogia que superaram desafios pessoais e
coletivos, vivenciaram processos criativos e expandiram conhecimentos.
AGRADECIMENTOS E CRÉDITOS
Agradecemos todo o apoio concedido para que a nossa participação no PIBID
fosse possível. Primeiramente, deixamos nosso agradecimento à EMEIEF São Marcos,
O PIBID NA EMEIEF SÃO MARCOS: SOBRE “CONTAR E ENCANTAR”
COM HISTÓRIAS NO ENSINO FUNDAMENTAL
REFERÊNCIAS
ABRAMOVICH, Fanny. Literatura infantil: gostosuras e bobices. São Paulo: Scipione, 1997.
BRAINER, Margareth; TELES, Rosinalda; LEAL, Telma Ferraz; CAVALCANTE, Tícia Cassiany
Ferro. Que brincadeira é essa? E a alfabetização? In: Pacto Nacional pela Alfabetização na
Idade Certa. Ano 1, Unidade 4. Brasília: Ministério da Educação. Secretaria da Educação
Básica – SEB. Diretoria de Apoio à Gestão Educacional, 2012.
SILVA, Adriana M. P. da; CRUZ, Magna do Carmo Silva; MANZONI, Rosa Maria. Planejamento
no ciclo de alfabetização: objetivos e estratégias para o ensino relativo ao componente
curricular Língua Portuguesa. In: Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa: a
organização do planejamento e da rotina no ciclo de alfabetização na perspectiva do
letramento. Ano 2: unidade 2. Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica,
Diretoria de Apoio à Gestão Educacional. Brasília: MEC, SEB, 2012.
MARTINS, Cosma C. B. A contação de histórias como ferramenta de aprendizagem na educação
infantil. 2019. [Online]. Disponível em: https://cosminha.jusbrasil.com.br/artigos/662369409/a-
contacao-de-historias-como-ferramenta-de-aprendizagem-na-educacao-infantil . Acesso em 05
de janeiro de 2022.
QUEIROZ, Frederico Mendes; BORGES, Jaqueline Francisco; SOUZA, Raquel Martins. A
importância da leitura deleite no processo de alfabetização e letramento. In 11º FEPEG 2017.
Anais (on-line). Montes Claros-MG: Unimontes, 2017. Disponível em http://www.fepeg2017.
unimontes.br/anais/download/1467. Acesso em 07 de janeiro de 2022.
223
22 | O PIBID NA PANDEMIA... OU SOBRE O
USO DE FERRAMENTAS VIRTUAIS NO
ENSINO DA MATEMÁTICA
RESUMO
O presente artigo relata a experiência dos licenciandos do Curso de Pedagogia
do Instituto Federal do Espírito Santo - Ifes - Campus Itapina, inseridos pelo Programa
Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) na EMEF “Bairro Colúmbia”. Nesse
trabalho são apresentadas algumas observações e considerações advindas de propostas
pedagógicas dinamizadas para o contexto escolar e desenvolvidas em tempos pandêmicos
por meio das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs). O estudo ressalta a
importância desses recursos no ensino da Matemática, a fim de aproximar a criança do
pensar e fazer matemático de modo mais concreto, lúdico e interativo. Busca promover
reflexões aos educadores acerca de ferramentas gratuitas disponibilizadas pela plataforma
Google e outros aplicativos, apostando em seu uso como recurso potencial para o
aprendizado dos estudantes, tornando as aulas mais dinâmicas e interessantes, bem como
apontando para a necessidade de cada educador se atualizar e buscar novas estratégias
a favor de um trabalho pedagógico planejado, orientado e significativo. O percurso
metodológico apresenta-se de caráter qualitativo, baseado em pesquisa de campo, análise
bibliográfica, capacitações/formações virtuais e aplicação dos conhecimentos adquiridos
nas produções de jogos virtuais envolvendo conceitos matemáticos. Defende que as
contribuições alcançadas pelo Programa na formação acadêmica dos futuros docentes vão
muito além de um registro histórico de reinvenção diante do cenário atual de pandemia,
pois mesmo não estando inseridos presencialmente na rotina da escola, os licenciandos
foram incluídos no cotidiano escolar a partir do trabalho desenvolvido. Nesse sentido,
os resultados alcançados indicam que os estudantes de Pedagogia puderam expandir
horizontes e percepções acerca da interdependência dos processos teórico-práticos
APOLINÁRIO, D. S . S. | SILVA, D. R. L. | SILVA, G. R. | BISPO, K. G. | MEIRELES, M. S. | PIONTKOVSKY, D.
1 INTRODUÇÃO
O Programa Institucional de Iniciação à Docência (PIBID) proporciona um conjunto
de conhecimentos, aprendizados e oportunidades a fim de agregar aspectos importantes
à formação acadêmica dos licenciandos, ampliando o olhar para além da teoria
assimilada pelos estudos acadêmicos. A participação em atividades científicas contribui
significativamente durante a graduação e fortalece a relação entre a universidade e a
educação básica.
No caso do PIBID realizado junto aos licenciandos do Curso de Pedagogia do Instituto
Federal do Espírito Santo - Ifes - Campus Itapina, destacamos como uma importante
alternativa de formação, a possibilidade de criação de grupos de estudos com professores
(supervisora e coordenadora) para debates e socializações de saberes durante nossas
reuniões, favorecendo o desempenho na escola e o desempenho acadêmico.
Considerando a parte mais “prática” do Programa, de atuação dos licenciandos nos
contextos da escola, nessa versão da oferta do PIBID (2020-2022), vale destacar que o
contexto pandêmico1 deu origem a um ambiente diferente no que se refere às atividades
regularmente realizadas, pois fomos inseridos numa realidade de ensino remoto/ensino
à distância. Portanto, as atividades do Programa foram reinventadas para que as ações
de ensino-aprendizagem na Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) “Bairro
Colúmbia” pudessem continuar contemplando todos os sujeitos envolvidos.
Esse processo de readaptação foi desafiador, uma vez que as escolas “de portas
fechadas” não podiam receber os licenciandos para a realização presencial do PIBID. Para
não interromper as atividades do projeto, visto que o projeto é de grande relevância para
a formação dos graduandos e para o dia a dia da escola e dos alunos, uma nova estratégia
foi implantada para dar continuidade ao processo, na qual tivemos o compromisso de
reformular as ações por meio de ferramentas digitais para a realização eficaz de nosso
trabalho.
Dentre as possibilidades de inclusão efetiva das práticas do PIBID por meios
tecnológicos, em nossa experiência junto a EMEF “Bairro Colúmbia”, podemos citar:
226
1) diário de bordo; 2) relatórios mensais digitais, utilizados para registrar experiências e
eventos ao longo do período do projeto; 3) grupos de WhatsApp (aplicativo multiplataforma
2 PROCEDIMENTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS
Devido à pandemia do novo coronavírus, o Programa foi sendo realizado de forma
remota, com as atividades desenvolvidas virtualmente. Foram realizadas reuniões por
videoconferência e também solicitada a participação dos bolsistas, na edição 2020-2022
do Programa, em “Webinários” que foram de extrema importância para a formação dos
futuros profissionais na docência. Além disso, ocorreu a construção de diversos materiais
pedagógicos para serem utilizados pelos alunos da EMEF “Bairro Colúmbia”.
Segue a descrição de algumas atividades desenvolvidas pela equipe:
Elaboração de materiais pedagógicos:
• Realização de vídeos de contação de histórias que retratam valores humanos;
• Confecção de materiais para montagem de um mural de “boas-vindas” para a
escola;
• Elaboração de planejamentos interdisciplinares segundo temáticas solicitadas;
• Produção de vídeos para tratar de temas contemporâneos transversais;
• Montagem de um vídeo para despedida dos alunos antes das férias;
• Elaboração de atividades envolvendo música e movimento, lateralidade e
percepção espacial, com enfoque na valorização da cultura popular brasileira;
• Produção de jogos interativos explorando conceitos matemáticos.
Participação em reuniões síncronas e web conferências:
• Acompanhamento de web conferências, “Webinários” e elaboração de relatórios
sobre os temas dos encontros;
• Participação de encontros de planejamento e estudos síncronos realizados
227
através do “Google Meet”.
'[…] o jogar pode ser visto como uma das bases sobre a qual desen-
volve o espírito construtivo, a imaginação, a capacidade de sistematizar
e abstrair e a capacidade de interagir socialmente. Entendemos que a
dimensão lúdica envolve desafio, surpresa, possibilidade de fazer novo,
de querer superar os obstáculos iniciais e o incômodo por não controlar
todos os resultados. Esse aspecto lúdico faz o jogo um contexto
natural para o surgimento de situações-problema cuja superação exige
do jogador alguma aprendizagem e certo esforço na busca para sua
solução.
228
Nesse sentido, a ludicidade se apresenta como uma grande alternativa para
potencializar e desenvolver as possibilidades de aprendizagens por parte dos alunos, não
somente no pensar matemático e no raciocínio lógico, como também nas mais diversas
áreas de conhecimento.
Os jogos que mantém seu caráter lúdico garantem assim que a criança
possa interagir de forma espontânea, e o professor tem condições de
realmente avaliar o crescimento do seu aluno. Com o emprego desses
jogos, e de outros criados a partir desses que possam ser realizados
O PIBID NA PANDEMIA... OU SOBRE O USO DE FERRAMENTAS VIRTUAIS NO ENSINO DA MATEMÁTICA
É notório também que o ensino remoto passou a exigir muito dos profissionais da
educação e dos alunos, no que diz respeito à inovação, ressignificação e à interação. A
oficina de ferramentas virtuais gratuitas nos mostrou um importante aparato de recursos
interativos que podem ser utilizados a favor da apendizagem de forma lúdica e significativa.
Percebemos que, muitas vezes, o professor não inova por falta de informação, pela 229
dificuldade em acompanhar o avanço tecnológico e por falta de investimento na formação
docente. Entretanto, torna-se urgente utilizar esses recursos junto aos estudantes, pois
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Durante todo o processo foi possível perceber o quanto o PIBID se torna indispensável
para a formação de professores. Podemos citar inúmeros aprendizados que, sem a sua
existência, não teríamos adquirido. Mesmo com a maioria das atividades sendo realizadas à
distância, conhecemos a realidade de uma escola que tem como objetivo fornecer um ensino
significativo e de qualidade aos alunos. A relação entre família e escola é valorizada e juntos
buscam formar cidadãos com senso crítico e valores necessários para a vida em sociedade.
Assim, a EMEF “Bairro Colúmbia”, juntamente com a execução do Programa,
marcou, sem sombra de dúvidas, não só a nossa vida acadêmica como também a nossa
vida pessoal. O ensino, mesmo de maneira remota, encontrou na inovação um agente
motivador para a realização das atividades. Notamos dedicação e compromisso em todo o
230
processo de ensino. A supervisora Michelli sempre nos falou com muito carinho e respeito
da instituição a qual pertence.
Nesse contexto, os resultados alcançados indicam, de modo especial, que nós,
estudantes de Pedagogia, conseguimos expandir horizontes e percepções acerca da
interdependência dos processos teórico-práticos vividos junto aos estudantes do ensino
fundamental e compreender o compromisso docente com a ampliação da aprendizagem
no que tange, nesse trabalho específico, aos conceitos matemáticos por meio do uso de
diversas ferramentas virtuais.
O PIBID NA PANDEMIA... OU SOBRE O USO DE FERRAMENTAS VIRTUAIS NO ENSINO DA MATEMÁTICA
REFERÊNCIAS
FANTACHOLI, Fabiane das Neves. A Importância do Brincar na Educação Infantil. 2009.
Disponível em: https://monografias.brasilescola.uol.com.br/educacao/a-importancia-
brincar-na-educacao-infantil.htm . Acesso em 04 de janeiro de 2022.
LUDKE, Menga; ANDRÉ, Marli E. D. A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São
Paulo: EPU, 1986.
MOURA, M. O. de. (2018). A séria busca no jogo: do lúdico na matemática. Educação
Matemática Em Revista, 17-24. Recuperado de http://sbem.iuri0094.hospedagemdesites.
ws/revista/index.php/emr/article/view/1323
ROSAMILHA, Nelson. Psicologia do jogo e da aprendizagem infantil. São Paulo: Pioneira, 1979.
SMOLE, K. S; DINIZ, M. I; CÂNDIDO, P. Jogos de matemática. Caderno do Mathema. Porto
Alegre, Editora: Artmed. 2007.
231
23 | O PIBID NA PANDEMIA... OU SOBRE
UM OLHAR ACERCA DA PRODUÇÃO DE
MATERIAIS AUDIOVISUAIS
RESUMO
O texto apresenta parte do trabalho desenvolvido pelos licenciandos do Curso de
Pedagogia do Instituto Federal do Espírito Santo - Ifes - Campus Itapina junto à EMEF
“Bairro Colúmbia”, diante do contexto pandêmico da Covid-19 vivenciado. A partir de
uma metodologia de caráter qualitativo, baseada em pesquisas de campo, análises
bibliográficas, capacitações/formações com diversos profissionais, interações virtuais
e produção de materiais pedagógicos, busca reafirmar a importância do Programa
Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência - PIBID - para a formação profissional do futuro
docente, uma vez que mediante a inserção do licenciando no cotidiano escolar, amplia-se
a sua compreensão sobre a dinâmica do “fazer pedagógico” em todos os seus aspectos,
como também o entendimento da indissociabilidade entre fundamentação teórica e
prática pedagógica. Ressalta o percurso do Programa diante do novo formato exigido, os
obstáculos e desafios enfrentados e a superação deles a partir do trabalho em equipe,
diálogo e engajamento para a realização das atividades propostas. Dentre as experiências
vivenciadas, enfatiza a produção de materiais audiovisuais como recurso pedagógico e
destaca a interação proporcionada entre as crianças e suas famílias, em um momento de
trabalho exclusivamente remoto, promovendo maior aproximação entre os sujeitos no
processo educativo por meio de ludicidade, criatividade, interação e ressignificação dos
conteúdos curriculares. As atividades e reflexões realizadas comprovam que o uso de
recursos audiovisuais no processo de ensino-aprendizagem produz um efeito motivador
na prática pedagógica e, de modo especial, contribui para a ampliação e a potencialização
do conhecimento por parte dos educandos.
Palavras-chave: PIBID; Recursos audiovisuais; Interação; Cotidiano escolar.
CARNEIRO, E. R. O. | SALES, J. B. | CARNEIRO, K. O. | OLIVEIRA, Y. J. A. | MEIRELES, M. S. | PIONTKOVSKY, D.
1 INTRODUÇÃO
O relato de experiência apresentado foi produzido por bolsistas do Programa Institucional
de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID), estudantes do Curso de Licenciatura em Pedagogia
ofertado pelo Instituto Federal do Espírito Santo - Ifes/Campus Itapina, sob a orientação
da professora supervisora e da professora coordenadora de área do referido Programa.
Por meio de estudos de diversos autores, participação em palestras e “webinários”,
pesquisas de campo, acompanhamento pedagógico, socializações e produção de
materiais e recursos educativos, a versão atual do Programa (2020-2022) vivenciada da
junto à EMEF “Bairro Colúmbia” – escola pública municipal de Colatina-ES –, a proposta foi
inserir os alunos bolsistas em formação docente no contexto educacional contemporâneo,
oportunizando-os experimentar, de forma real e contextualizada, os conhecimentos
adquiridos nas salas de aula do ensino superior. Como descrito no site do Ministério da
Educação, o objetivo do PIBID é “antecipar o vínculo entre os futuros mestres e as salas de
aula da rede pública”, propiciando “uma articulação entre a educação superior (por meio
das licenciaturas), a escola e os sistemas estaduais e municipais”1.
Assim, partindo do pressuposto de que a formação docente desvinculada da prática
docente não prepara o estudante da licenciatura para a realidade do ambiente escolar,
defendemos que para a concretização de uma formação crítica e libertadora, é imprescindível
que o aluno em formação possa ser incluído, o mais breve possível, dentro do ambiente
em que irá trabalhar enquanto docente após a sua formação e, por isso, o Programa de
Iniciação à Docência é ferramenta eficaz para a realização desses processos formativos.
2 PROCEDIMENTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS
Essa versão do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência iniciou seus
trabalhos em outubro do ano de 2020. Mesmo em contexto de pandemia, o Programa
não parou em momento algum. Foi realizado, durante grande parte do período, de forma
remota, ou seja, as atividades foram “reinventadas” através de reuniões, planejamentos,
eventos, estudos e socialização de textos de diversos autores, produção de materiais
pedagógicos e audiovisuais, dentre outros, proporcionando um imenso movimento
teórico-prático e formativo.
Assim, buscando outras possibilidades para o “fazer docente”, o PIBID passou
a utilizar novas estratégias, como os aplicativos de videoconferência3. As reuniões
tinham frequência semanal e, nessas reuniões, a professora supervisora, a partir dos
encaminhamentos anteriormente planejados com a coordenação de área, auxiliava e
direcionava as atividades a serem realizadas pelos bolsistas, bem como as discutia de
forma pormenorizada. Tais atividades eram executadas, normalmente, em duplas de
licenciandos.
No decorrer da trajetória de vivências do PIBID, principalmente em atividades de
produção de vídeo, tivemos orientações e reflexões que colaboraram para melhoria dos
materiais produzidos. Como bem assevera Evandro Ghedin:
3 Nos referimos aqui às “conferências por vídeo”, ou seja, um recurso que permite que pessoas se
conectem por meio de um aplicativo e possam conversar por vídeo em tempo real com uso da Internet.
CARNEIRO, E. R. O. | SALES, J. B. | CARNEIRO, K. O. | OLIVEIRA, Y. J. A. | MEIRELES, M. S. | PIONTKOVSKY, D.
As contribuições de Mileo Filho (1994), Ghedin (2002) e Rohrer; Oliveira (2007) trazem
o entendimento do papel dos recursos audiovisuais no ensino como potencializadores das
aprendizagens, assim como norteadores de diversas ações do processo educacional.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O PIBID confirmou que as atividades realizadas durante o Programa trouxeram
benefícios muito importantes, tanto para nós, graduandos, como também para a EMEF
“Bairro Colúmbia”. Foi possível observar a ampliação das aprendizagens no cotidiano
escolar diante das estratégias de trabalho desenvolvidas, o que possibilitou também
vivenciar experiências relacionadas ao que é se tornar um educador nos tempos atuais.
Proporcionou reflexões de como é estar inserido em uma sala de aula e do papel do
professor para criar formas de intervenção mais eficazes a fim de contribuir para uma
aprendizagem significativa e contextualizada, com o olhar para além das paredes da sala
de aula, com o pensamento na formação integral do indivíduo.
Pudemos observar de outra forma a realidade escolar e o papel do professor regente
no desenvolvimento de práticas pedagógicas, diretamente pelo acompanhamento
da professora supervisora Michelli e suas intervenções com os alunos da EMEF “Bairro
Colúmbia”. Um dos maiores desafios foi lidar com a proposta de uma interação “síncrona”
com os alunos, uma vez que nem todos têm acesso à internet e aos meios digitais. Também
podemos citar a “pane” dos aparelhos eletrônicos pessoais, que não suportaram a
sobrecarga de memória devido ao uso excessivo, e os problemas psicológicos e emocionais
238
cada vez mais frequentes diante da dificuldade em administrar tantas demandas em meio
a uma situação caótica e repleta de inseguranças como se configurou a pandemia da
Covid-19.
AGRADECIMENTOS
Agradecemos à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(Capes) pela inciativa de manutenção desse Programa e pelo investimento na formação
docente ao longo desses anos junto ao Ministério da Educação. À Secretaria de Educação
do Município de Colatina por aderir ao PIBID e propiciar essa oportunidade aos licenciandos
do curso de Pedagogia. À EMEF “Bairro Colúmbia” que nos recebeu de braços abertos
para ampliar nossos olhares e nosso aprendizado. Ao Ifes - Campus Itapina por prestar um
serviço e ensino de qualidade. À Coordenadora de Área, professora Danielle Piontkovsky,
e à Supervisora, professora Michelli da Silva Meireles, pelo acompanhamento atencioso
nessa trajetória.
REFERÊNCIAS
FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. 44 ed. Rio de Janeiro/São Paulo: Paz
e Terra, 2018.
GASPARIN, João L. A infância e seu processo educativo em Comenius. In: BOTO, C., ed.
Clássicos do pensamento pedagógico: olhares entrecruzados [online]. Uberlândia: EDUFU,
2019, p. 27-42.
GHEDIN, E. Professor reflexivo: da alienação da técnica à autonomia da crítica. In: PIMENTA,
S. G.; GHEDIN, E. (Orgs.) Professor reflexivo no Brasil: gênese e crítica de um conceito. São 239
Paulo: Cortez, 2002, p.129-150.
GODOY, Arilda Schmidt. Introdução à pesquisa qualitativa e suas possibilidades. Revista de
Administração de Empresas, São Paulo, v.35, n.2, p.57-63, mar./abr. 1995.
LUDKE, Menga; ANDRÉ, Marli E. D. A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São
Paulo: EPU, 1986.
MILEO FILHO, Pedro Romano. Os meios audiovisuais no ensino de Física: produção,
CARNEIRO, E. R. O. | SALES, J. B. | CARNEIRO, K. O. | OLIVEIRA, Y. J. A. | MEIRELES, M. S. | PIONTKOVSKY, D.
240
24 | O USO DOS FORMULÁRIOS DO
GOOGLE COMO ENSINO EMERGENCIAL
RESUMO
Trata-se de um relato de experiência das ações realizadas em conjunto com o Pibid e
entre o Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes), Campus Vila Velha, em parceria com uma
Unidade Municipal de Educação Infantil (Umei), situada no Município de Vila Velha, durante
os meses de outubro de 2020 a Dezembro de 2021. A experiência transcorreu no contexto de
isolamento social devido à pandemia da covid-19, que forçou o ensino não presencial, fato
inédito para a escola de Educação Infantil. Tal experiência foi analisada à luz de referenciais
teóricos, bem como o próprio Projeto Político Pedagógico da escola, que está embasado
em educadores como Paulo Freire - com sua educação libertadora - e Vygotsky - ao qual, o
início da vida da criança é marcado pela intensidade do desenvolvimento intelectual, físico,
emocional e moral, quando assim, ela passa a construir um processo de humanização.
Conclui-se então, que essa estratégia teve um resultado significativo na Educação Infantil,
pois o formulário como recurso emergencial, buscou otimizar o aprendizado e minimizar
a distância.
Palavras-chave: Formulários Google; covid-19; Tecnologia; Educação Infantil; Ensino
Emergencial.
1 INTRODUÇÃO
O Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid) é um programa
que articula os cursos de Licenciatura do Ensino Superior à rede de Ensino Básico municipal
e estadual, a fim de melhorar o desempenho de escolas que tenham baixos índices de
ensino, além de promover o incentivo ao magistério na Educação Básica (BRASIL, 2018).
Este trabalho é um relato de experiência das ações realizadas em conjunto entre Pibid e
o Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) Campus Vila Velha, em parceria com a Umei
ALMEIDA, A. P. S. | LIMA, I. E. F. | SILVEIRA, J. V. M. | MELLO, M. V. L. | PASOLINE, S. P. | MOREIRA, T. M.
Luiz Augusto Aguirre Silva, localizada no mesmo município, durante os meses de Outubro
de 2020 a Dezembro de 2021. Diante do contexto vivenciado nos anos de 2020 e 2021
até à atualidade, em relação a pandemia da covid-19, o ensino remoto foi uma realidade
enfrentada pelos alunos da Umei e do Ifes, surgindo assim a necessidade de intervenção
das tecnologias no processo de ensino-aprendizagem, todavia, um grande desafio para o
ensino na Educação Infantil e anos iniciais do Ensino Fundamental.
A partir das demandas postas pelo contexto de pandemia, com o lockdown e outras
medidas de biossegurança, os pais dos alunos buscavam as atividades na escola para
serem realizadas à distância, porém com o agravamento da pandemia no Espírito Santo,
o Governador do Estado emitiu o decreto 042/2020 (VILA VELHA, 2020) que estipulou o
fechamento total de todas as unidades de ensino, até mesmo para a entrega e devolutiva
de atividades impressas. Sendo assim, as professoras supervisoras do Pibid que trabalham
como professoras regentes na Umei, sugeriram o uso dos formulários do Google para
realizar as atividades de maneira totalmente on-line e à distância, além da comunicação entre
escola e os pais dos alunos permanecer via WhatsApp e plataforma Google Sala de Aula.
A partir da sugestão das atividades, os alunos pibidianos ficaram responsáveis pela
execução das atividades no Google Formulário, com o objetivo de aplicar os princípios de
aprendizagem no ensino remoto, numa perspectiva de planejamento estratégico para o
ensino em situação emergencial. Sendo assim, as atividades realizadas tiveram o objetivo
de continuar ofertando conhecimento com o uso do formulário como recurso emergencial.
Esta ferramenta foi utilizada como instrumento de apoio para facilitar a elaboração e
aplicação de atividades suprindo assim a necessidade da escola, portanto a utilização dessa
tecnologia foi de grande importância para os professores.
Contudo, este relato tem por objetivo narrar e avaliar a experiência do uso de
formulários virtuais como atividade emergencial na Educação Infantil no contexto da
pandemia do covid-19, ao qual coincidiu com o tempo de atuação do Pibid na escola. O
cumprimento do objetivo deste relato ocorreu em dois momentos: a metodologia utilizada
durante as atividades e a descrição da experiência em conjunto com resultados alcançados.
2 METODOLOGIA
A partir do objetivo proposto e dos desafios enfrentados no cenário descrito até
aqui, as atividades de aplicação, observação e pesquisa que englobam e permeiam este
relato, ocorreram da seguinte forma:
242
Diante da situação em que a Umei esteve na pandemia e no decreto de fechamento
das unidades escolares, foi preciso buscar formas de atender os objetivos de ensino de
maneira remota. Portanto, foi proposto pelo corpo docente, em conjunto com a equipe
pedagógica, o uso do Google Formulário como maneira de alcançar as famílias, ao mesmo
tempo que cumpria os protocolos impostos pela pandemia.
Foi proposto pela Professora 1 e pela Professora 2 um cronograma que distribuiu
os pibidianos em grupos de dois ou três alunos para a elaboração das atividades. Todas
as atividades propostas seguiram o projeto institucional da escola para aquele ano
O USO DOS FORMULÁRIOS DO GOOGLE COMO ENSINO EMERGENCIAL
3 REFERENCIAL TEÓRICO
De acordo com Vygotsky (1988), o início da vida da criança é marcado pela intensidade
do desenvolvimento intelectual, físico, emocional e moral, assim, é construído o seu
processo de humanização. A criança, ao se relacionar com a sociedade e seus costumes,
se apropria do mundo desenvolvendo uma forma de refletir sobre ele e aprendendo
a atuar no mesmo. Assim, a Educação Infantil mostra-se fundamental na construção de
uma consciência humanizada, que valoriza o ser humano e que ensina como atuar na
sociedade. É neste mesmo contexto que objetivamos atender os alunos da Educação
Infantil buscando romper com a desigualdade social, além de pensar em estratégias que
incluam e atendam às necessidades dos alunos na vivência pandêmica. Sabe-se, contudo,
que nem todos possuem em casa os equipamentos necessários para o ensino remoto
como computadores, notebooks e tablets; mas em relação ao aparelho celular é diferente,
este já é utilizado como recurso principal de comunicação. Portanto, para estreitar as
243
relações entre as famílias e a escola no processo educativo, o celular foi uma ferramenta
imprescindível neste processo, visto que este é o recurso tecnológico principal utilizado
para comunicação na maioria das famílias.
Soffner (2013) traz uma interlocução entre as concepções de Paulo Freire (1921-1997)
e Seymour Papert (1928-2016) sendo que, Freire advoga que o pleno entendimento da
tecnologia humaniza os homens e os torna aptos a transformar o mundo, o que é práxis
de fato; além de comentar os aspectos dos usos das tecnologias pela visão política da
educação e do que chamou de modelo bancário do conhecimento. Nessa perspectiva, Freire
ALMEIDA, A. P. S. | LIMA, I. E. F. | SILVEIRA, J. V. M. | MELLO, M. V. L. | PASOLINE, S. P. | MOREIRA, T. M.
acredita que o modelo escolar tem sido usado por estruturas sociais como base para todo
o tipo de conservadorismo e políticas de opressão. E Papert completará este raciocínio,
mostrando que a tecnologia pode ser a arma das crianças e dos jovens justamente para
recusar tais políticas de opressão e manter sua curiosidade natural e poder intelectual, que
lhe garantem autonomia de vida.
4 DESCRIÇÃO DA EXPERIÊNCIA
Foram necessárias diversas formas de inovar e buscar uma educação de qualidade em
detrimento da pandemia do covid-19 para com o ensino presencial, impondo a necessidade
de continuarmos o ensino/aprendizagem na modalidade de ensino remoto de maneira
emergencial. Para tanto, em decorrência do lockdown e outras medidas de biossegurança,
precisamos mais do que nunca utilizar a tecnologia para alcançar as famílias.
Para Soffner e Barbosa (2012), as tecnologias modernas podem ser utilizadas como
substitutas de alguns dos recursos escolares tradicionais, num ambiente educacional e de
propósitos pedagógicos, e também no aumento da produtividade de aulas expositivas
tradicionais - mesmo que mantendo o caráter instrucionista desta prática; pode, ainda,
prover recursos para a ação criativa em comunidades de prática e de aprendizagem (dentro
de processos de desenvolvimento e uso da criatividade, da reflexão sistemática, da solução
de problemas e de atividades colaborativas).
E nesse contexto, para que o Pibid pudesse atuar de forma ativa na Umei, foram
necessárias estratégias que buscassem atender e levar a um encontro de respostas eficazes
na aprendizagem das crianças. E por isso, umas das propostas das supervisoras da Umei Luiz
Augusto Aguirre Silva foi a utilização do Google Formulários como estratégia emergencial
para o ensino remoto, objetivando desenvolver conteúdos com interdisciplinaridade e
transversalidade, envolvendo na forma lúdica, de acordo com a especificidade de cada
faixa etária, mas sobretudo visando os conteúdos dos campos de experiências da
Educação Infantil: Espaço, Tempos, Quantidades, Relações e transformações; Escuta, Fala,
Pensamento e Imaginação; O Eu, o Outro e o Nós.
Ao todo, são cinco campos de experiências para a Educação Infantil de acordo com a
BNCC: Eu, o outro e o nós; Corpo, gestos e movimentos; Traços, sons, cores e formas; Escuta,
fala, pensamento e imaginação; e Espaço, tempo, quantidades, relações e transformações.
Cada um desses campos possui objetivos específicos para cada grupo etário. As atividades
desenvolvidas foram baseadas em valores como Amizade, Amor, Honestidade, Esperança,
244
Bondade, Paciência e outros, vinculando ao projeto institucional “O que cabe e o que não
cabe no meu mundo: Construindo valores através da literatura” com o auxílio de vídeos,
histórias infantis e jogos educativos.
A partir do cenário construído até aqui, a fim de atender com êxito aos alunos no
ensino remoto e ao mesmo tempo incluir os pibidianos na participação das atividades
propostas para os alunos de 5 e 6 anos da Umei, a Professora 1 e Professora 2, numa
perspectiva dialógica, buscaram estratégias de como ensinar remotamente, foi então que
a Professora 2 teve a ideia dos formulários, e juntamente com a Professora 1 orientou os
O USO DOS FORMULÁRIOS DO GOOGLE COMO ENSINO EMERGENCIAL
pibidianos na confecção deste recurso, sendo assim aplicados pelas professoras aos seus
respectivos alunos.
A utilização e a performance dos formulários foram pensadas de diversas formas,
porém, os formulários não abrangeram todos os campos de experiências do ensino e
aprendizagem, e também não possuíam vasta amplitude de edição na execução, todavia,
foi uma das diversas ferramentas que a escola encontrou como forma de experienciar a
educação de maneira lúdica e interativa.
Baseado nos conteúdos do projeto institucional, vinculado ao conteúdo das turmas do
Infantil 5, foi elaborado um cronograma para que os pibidianos realizassem os formulários
conforme a demanda estabelecida, contextualizando de maneira interdisciplinar os valores,
as letras e os numerais a partir dos campos de experiência. Então, as sequências didáticas
abarcavam histórias infantis definidas pelas professoras supervisoras, sendo enviadas
aos pais dos alunos após análise pedagógica da atividade construída, sempre obtendo
um diálogo entre pibidianos-pibidianos, professores-pibidianos e professores-pedagogos,
para que todas as partes sentissem o movimento linear desta proposta. Cada formulário
foi concebido de uma maneira e com uma proposta singular devido ao cronograma de
valores, letras e números, mas sempre com um guia base a ser seguido.
A elaboração dos formulários teve início na estruturação das atividades com a
temática proposta; a partir daí, devia-se acessar o Google Formulários; abrir o documento
e em cada seção distribuir as atividades anexando imagens e vídeos. Ao atribuir a atividade
na seção, contamos com uma barra de ferramentas para a escolha do tipo de resposta,
se longa ou curta, múltipla escolha e etc. Além de barras de ferramentas para inserção de
vídeos ou imagens, clicando nesta ferramenta, somos direcionados para o armazenamento
do dispositivo ou no próprio Google Imagens e/ou através do Youtube. O formulário conta
também com uma ferramenta para a visualização do trabalho, podendo assim visualizar
possíveis alterações. A ferramenta ainda conta com o recurso de alteração das cores do
formulário para que este fique atrativo e lúdico às crianças da Educação Infantil. Após a
confecção deste, é compartilhado com as professoras e pedagogas para avaliação. Depois
de avaliados, os formulários são enviados às crianças através dos grupos de pais via
Whatsapp e Plataforma Google Sala de Aula. Assim, as crianças, com o auxílio das famílias,
realizam as atividades e as devolutivas on-line.
Terminada a aplicação das atividades propostas às crianças, foi aplicada uma
avaliação do aproveitamento dessas, pela ótica das famílias. Sendo assim, as estatísticas
de aceitação foram bastante positivas, como descritas nos Gráficos 1, 2 e 3, mas ainda assim
as famílias sentiram falta e preferem a modalidade presencial. 245
ALMEIDA, A. P. S. | LIMA, I. E. F. | SILVEIRA, J. V. M. | MELLO, M. V. L. | PASOLINE, S. P. | MOREIRA, T. M.
246
O USO DOS FORMULÁRIOS DO GOOGLE COMO ENSINO EMERGENCIAL
5 RESULTADOS
O uso do Google Formulário como recurso emergencial para a Educação Infantil,
integrado ao aplicativo WhatsApp e Google Sala de Aula, foi um ótimo recurso utilizado
no contexto da pandemia da covid-19, pois o aplicativo Whatsapp é muito utilizado pelas
famílias como meio de comunicação. A ferramenta do Google foi de suma importância,
pois é de fácil acesso e utilização, já que nem todos os pais dos alunos têm contato com
a tecnologia, sendo assim, contribuiu para o sucesso dos formulários. Ela também traz
vários recursos de inserção de imagens e vídeos, o que contribui para a maior ludicidade
nas atividades, auxiliando assim a aprendizagem das crianças.
Essa experiência foi enriquecedora, pois através dela percebeu-se a complexidade
de trabalhar à distância, sobretudo na Educação Infantil no contexto pandêmico, porém,
foi observado que as crianças constroem uma relação com os conhecimentos de maneira
mais efetiva quando existe a socialização, sobretudo através do brincar.
247
6 CONCLUSÃO
Após as pesquisas realizadas, bem como a conclusão das atividades no formato
virtual apresentadas neste relato, podemos concluir que essa estratégia teve um resultado
muito significativo na Educação Infantil dentro do contexto da pandemia do covid-19. Os
formulários como recurso emergencial, buscaram otimizar a aprendizagem e minimizar a
distância entre a escola e as crianças/famílias, pois, além do isolamento e distanciamento
ALMEIDA, A. P. S. | LIMA, I. E. F. | SILVEIRA, J. V. M. | MELLO, M. V. L. | PASOLINE, S. P. | MOREIRA, T. M.
REFERÊNCIAS
BRASIL. PIBID - Apresentação. Brasília, Ministério da Educação, 2018. Disponível em: http://
portal.mec.gov.br/pibid. Acesso em: 03 fev. 2022.
VILA VELHA. Decreto nº 042/2020. Vila Velha: Diário Oficial do Município de Vila Velha, n.
898, 17 mar. 2020. Disponível em: https://www.vilavelha.es.gov.br/midia/paginas/Diario_
Oficial_VilaVelha_17-03-2020_898_extra_1(2).pdf. Acesso em: 03 fev. 2020.
CUNHA, Nylce Helena Silva. Brinquedoteca: um mergulho no brincar. São Paulo: Vetor, 2001.
SOFFNER, Renato Kraide; BARBOSA, Anderson Luiz. Tecnologia educacional e o enfoque
sociocomunitário. Revista de Ciências da Educação, Americana, ano XIII, n.25, 2011, p. 333-341.
SOFFNER, Renato. Tecnologia e educação: um diálogo Freire–Papert. Tópicos Educacionais
- UFPE, Recife, v.19, n.1, jan/jun. 2013
VYGOTSKY, Lev Semenovich et al. Aprendizagem e desenvolvimento intelectual na idade
escolar. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem, v. 10, p. 103-117, 1988.
248
25 | AS MUDANÇAS IMPOSTAS PELA
PANDEMIA NO CONCEITO DE ROTINA
DA EDUCAÇÃO INFANTIL
RESUMO
Iniciamos a nossa jornada no PIBID em um período em que o mundo enfrentava
uma crise sanitária em virtude do novo coronavírus. Fora da sala de aula e em isolamento
social, estudantes de todos os níveis de ensino precisaram se adaptar a uma rotina
desconhecida. Para os alunos da Educação Infantil, a relação professor-aluno garantida
pela presencialidade é fator essencial nessa fase do desenvolvimento infantil e o ensino
remoto trouxe mudanças significativas no cotidiano escolar cujos impactos estão sendo
estudados pelos pesquisadores, mas fartamente observáveis no início da volta às aulas
em regime híbrido, recentemente. Esse relato tem como objetivo analisar o impacto das
mudanças na rotina das crianças do Infantil V, da UMEI Luiz Augusto Aguirre Silva, situada
em Vila Velha/ES. Utilizamos como metodologia, além de uma pesquisa bibliográfica, uma
pesquisa qualitativa, que utilizou como instrumento de coleta de dados uma entrevista
através de questionário semiestruturado cujas respondentes são as professoras regentes
das turmas de 5/6 anos e que serão analisadas à luz da literatura pertinente, ancoradas nos
estudos de Barbosa e Vygotsky sobre os princípios de rotina, desenvolvimento infantil e
interação social. A rotina escolar é um dos aspectos fundamentais na Educação Infantil,
sendo compreendida como a organização do ambiente e das tarefas realizadas, bem
como as ações didáticas pedagógicas que potencializam o desenvolvimento psíquico
infantil. Desse modo, a estrutura física da escola deve ser organizada com materiais, livros,
brinquedos, cartazes com números e letras, entre outros, que incentivem a aprendizagem,
além da realização das atividades do dia a dia, como a alimentação, brincadeiras e
exercícios físicos, em horários definidos e com regras que auxiliam na construção da
rotina. Posto isso, a escola, sobretudo na infância, ao assumir um processo educativo
consciente e intencional, apresenta um papel fundamental na elevação dos níveis de
CARDOSO, G. M. | FIGUEIREDO, L. M. | BARROS, N. C. | NASCIMENTO, T. R. | MOREIRA, T. M. | LOBINO, M. G. F.
1 INTRODUÇÃO
A nossa jornada no Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência - PIBID
coincide com a crise pandêmica enfrentada pelo mundo desde o início de 2020, ocasionada
pelo novo coronavírus, e que tirou do ensino presencial os alunos de todos os níveis da
educação. Como licenciandas do curso de Pedagogia, ansiando estar presentes no dia-a-
dia da Educação Infantil, trilhar esse caminho de forma remota nos trouxe um novo viés
de experiência e um novo olhar sobre a rotina do cotidiano, alterada de forma incisiva para
todos: alunos da licenciatura, professores da Educação Infantil e, principalmente, para as
crianças.
Trabalhamos junto às turmas do Infantil 5, supervisionadas pelas professoras
supervisoras Tatiane Marques Moreira e Rosiane Aguiar Novelli, na UMEI Luiz Augusto
Aguirre Silva. Impossibilitadas de estar em sala de aula, atuamos auxiliando as professoras
na produção de atividades como: os formulários de ensino das letras, vídeos de
contação de histórias com as temáticas trabalhada no ano letivo, participação nas lives e
acompanhamento de reuniões para estarmos cientes do planejamento pedagógico.
O ensino remoto era uma realidade distante da Educação Infantil e, “presenciar”
crianças de 5 e 6 anos sendo tiradas do seu cotidiano escolar, da socialização dentro de
250
sala de aula, da afetividade que tanto necessitam nessa fase do desenvolvimento, nos fez
olhar com um cuidado maior para a mudança abrupta na rotina a qual todos tiveram que
se adaptar. Para dialogar com as nossas percepções sobre essas alterações que perpetuam
até hoje, na volta às escolas através do ensino híbrido, nos baseamos nos conceitos de
rotina estudados por Barbosa, bem como nos estudos de Vigotski sobre o desenvolvimento
infantil, mediação e interação social.
Esse relato de experiência tem como objetivo relacionar o conceito de rotina e
de aprendizagem no desenvolvimento das crianças em fase da Educação Infantil com
AS MUDANÇAS IMPOSTAS PELA PANDEMIA NO CONCEITO DE ROTINA DA EDUCAÇÃO INFANTIL
as mudanças trazidas pela pandemia no cotidiano dos alunos do Infantil 5 da UMEI Luiz
Augusto Aguirre Silva.
2 METODOLOGIA
Para compor este estudo, realizamos uma pesquisa qualitativa, através de
formulário on-line enviado às professoras que lecionam nas turmas de Educação Infantil.
O questionário teve como objetivo coletar informações breves a respeito das mudanças
na rotina dos alunos, e analisar de que forma a falta do cotidiano escolar afeta o dia a
dia dessas crianças em casa, com relação ao comportamento e ao desenvolvimento do
processo de ensino e aprendizagem. Além dos formulários, foi realizada uma pesquisa
bibliográfica para reunir elementos para o embasamento teórico, que, junto aos dados
coletados e a nossa experiência como alunas do PIBID, nos possibilitou trazer um novo
olhar sobre o cotidiano da sala de aula antes, durante e, possivelmente, pós pandemia.
3 DESENVOLVIMENTO
Segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LEI Nº 9.394/96), a
Educação Infantil compreende a primeira etapa da educação básica e tem como finalidade
o desenvolvimento integral da criança de até 5/6 (cinco/seis) anos, em seus aspectos físico,
psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade. No
entanto, a história da Educação Infantil no país nem sempre teve como objetivo educar,
ensinar e promover o desenvolvimento infantil nesta etapa de ensino, prevalecendo a
visão assistencialista, de modo que as crianças eram deixadas em instituições escolares
como alternativa para que seus tutores pudessem trabalhar, recebendo cuidados de
alimentação e higiene pessoal (Paschoal e Machado, 2006). Com a obrigatoriedade deste
ensino proposto na Constituição Federal de 1989 e discussões acerca da Educação Infantil
no campo da educação e da contribuição de grandes autores como Vigotski, é que se
passou a compreender a importância desta etapa escolar e de, principalmente, contribuir
para um ensino que promova a aprendizagem e o desenvolvimento integral e humanizado
dos estudantes.
No dia a dia das escolas a rotina está presente em vários aspectos que estruturam
e organizam o trabalho pedagógico. Barbosa (2000) destaca que na prática educativa da
educação infantil essa rotina de trabalho pode vir de diversas áreas: do sistema de ensino,
da burocracia, dos profissionais da instituição e até mesmo da participação das próprias
crianças. Para a mesma autora, “As rotinas podem ser vistas como produtos culturais
criados, produzidos e reproduzidos no dia-a-dia, tendo como objetivo a organização da
cotidianeidade.” (Barbosa, 2000, p.43). Dentro da Educação Infantil, a prática de se
CARDOSO, G. M. | FIGUEIREDO, L. M. | BARROS, N. C. | NASCIMENTO, T. R. | MOREIRA, T. M. | LOBINO, M. G. F.
estabelecer uma rotina se faz necessária para organizar o cotidiano escolar e possibilitar uma
segurança para as crianças. É importante que essas rotinas sejam flexíveis e considerem o
contexto escolar, social e temporal ao qual as crianças e a escola estão inseridas, de forma
a atender as especificidades de cada escola e de cada aluno. A organização do espaço, o
uso do tempo, a seleção de materiais e atividades, são algumas das características que
compõem uma rotina escolar.
Ainda segundo Barbosa (2000), a rotina não refere-se somente aos cuidados e
atividades em sala de aula, de modo que a entrada e saída, a higiene, recreio, jogos e tantos
outros momentos são constituintes da rotina escolar, conforme também aponta a revisão
bibliográfica e a pesquisa de campo, sendo compreendida como “a seleção, articulação,
delimitação de todas as atividades de vida cotidiana” (Barbosa, 2000, p.133). Conforme a
autora, a rotina escolar diária, que também pode ser semanal ou anual, segue um “padrão
fixo e universal na sua formulação, na sua estrutura e no modo de ser representada.”
(Barbosa, 2000, p.200).
252
3.3 A ROTINA ESCOLAR E A PANDEMIA DE COVID-19
livros infantis e outros materiais que incentivem a curiosidade (Chaves e Franco, 2016),
além das atividades do dia a dia, como os momentos de brincadeiras, exercícios físicos e
alimentação. No entanto, com o fechamento das escolas devido a pandemia da Covid-19,
adaptar a rotina escolar para o ensino remoto foi, e continua sendo, uma das maiores
dificuldades para a realização e/ou construção das tarefas onlines. Esse quadro é agravado
pela carência de acesso à internet e de aparelhos eletrônicos, bem como em razão do
horário de trabalho dos responsáveis pelas crianças.
3.4 RESULTADOS
do retorno às aulas presenciais. A insegurança, por exemplo, é um fator que foi notório
na volta às aulas, uma vez que os alunos se acostumaram com a assistência/ajuda dos pais
para realização das atividades, e agora que estão em sala de aula, se sentem inseguras de
fazerem sozinhas ou até mesmo com receio de perguntar a professora. Comportamentos
como ansiedade, medo, preocupação, também foram visíveis. Muitas crianças choravam
por não quererem continuar na escola, sentiam saudade dos pais e tinham medo de
permanecer naquele ambiente. Esse retorno “repentino” para elas, pode ser difícil,
considerando que algumas crianças precisam de um tempo de adaptação maior e mais
lento, aos poucos, até que se tornem novamente confortáveis em uma rotina diferente.
4 CONCLUSÃO
Concluímos, através deste relato de experiência, o quanto a pandemia alterou de
forma significativa a rotina na educação infantil. Ao trazermos os conceitos de rotina
estabelecidos por Barbosa e os estudos relativos ao desenvolvimento infantil de Vigotski,
entendemos que estabelecer uma organização dentro das salas de aula, possibilitam que as
crianças adquiram uma segurança no aprender e os professores tenham uma segurança no
fazer pedagógico. Tendo como base as respostas das professoras ao questionário online,
foi possível compreender como se organizava a rotina escolar das turmas do Infantil 5
antes da pandemia, bem como os impactos que ela trouxe durante o período pandêmico,
e agora, com o retorno ao ensino presencial.
REFERÊNCIAS
BARBOSA, M. C. S. Por amor & Por força: Rotinas na Educação Infantil. Campinas, SP: [s.n.],
2000.
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, LDB. 9394/1996.
MARTINS, L. M., ABRANTES, A. A., FACCI, M. G. D. (Org.). Periodização histórico-cultural do
desenvolvimento psíquico: do nascimento à velhice. Campinas: Autores Associados, 2016.
PASCHOAL, Jaqueline Delgado; MACHADO, Maria Cristina Gomes. A história da educação
infantil no Brasil: avanços, retrocessos e desafios dessa modalidade educacional. Revista
254 Histedbr on-line, v. 9, n. 33, p. 78-95, 2009.
VIGOTSKI, Lev S. A formação social da mente. 7.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
VIGOTSKII, L. S.; LURIA, A. R.; LEONTIEV, A. N. Linguagem, Desenvolvimento e
Aprendizagem. São Paulo, Ícone: Edusp, 1988.
AS MUDANÇAS IMPOSTAS PELA PANDEMIA NO CONCEITO DE ROTINA DA EDUCAÇÃO INFANTIL
APÊNDICE
ENTREVISTA PROFESSORES
1) Nome completo
2) Turma
4) Descreva um pouco como era o cotidiano escolar das turmas em que leciona.
10) Outras observações a respeito do tema (Rotina antes e depois da pandemia) deixe seu
comentário nesse tópico.
255
26 | IMPACTOS DAS AULAS ON-LINE NO
ÂMBITO DA EDUCAÇÃO INFANTIL
RESUMO
O presente texto tem como propósito discutir os impactos do uso de metodologias
de ensino fundamentadas em tecnologias digitais em turmas da educação infantil, cujo
público-alvo são estudantes de cinco e seis anos, no ano de 2021, durante o qual muitas
ações on-line tiveram que ser realizadas. Tais ações foram justificadas pela pandemia da
Covid-19. O lócus deste trabalho situa-se na escola U.M.E.I Luiz Augusto Aguirre Silva,
Vila Velha, no Espírito Santo onde os pibidianos do curso de Pedagogia do IFES-campus
Vila Velha têm acompanhado os planejamentos e as ações da referida escola, ainda
que remotamente, desde 2020. Nesse contexto, os pibidianos através do Programa
Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência-PIBID, tiveram oportunidade de se envolver
colaborativamente na elaboração de estórias infantis, assim como na construção de
materiais didáticos, propostos pelas professoras-regentes para serem disponibilizados
às crianças matriculadas na instituição, através de suas famílias. As atividades eram
disponibilizadas no Google Classroom, onde as crianças poderiam realizar as atividades
em sua maioria com intermédio dos celulares dos pais. A pesquisa em tela discute tais
ações, considerando a singularidade do momento e a excepcionalidade da utilização das
estratégias didático-pedagógicas citadas, analisando-as à luz de pesquisas dos princípios
da educação infantil (vide DCN’s da Educação Básica), bem como o Projeto Pedagógico
da Escola e algumas pesquisas realizadas no campo educacional e em áreas correlatas.
Tal experiência tem sua pertinência, já que discutem a experiência de educação infantil
diante da maior tragédia sanitária da humanidade nos últimos cem anos. Concluiu-se que,
as atividades desenvolvidas durante esse período, contribuíram de forma positiva tanto
em nossa formação quanto no seguimento das atividades das crianças. Todavia, trabalhar
de forma remota foi uma experiência desafiadora e muito enriquecedora.
Palavras-chave: PIBID. Ensino Remoto. Educação infantil. Pandemia.
PATROCÍNIO, A. M. | SILVA, E. N. | AZEVEDO, S. D. | NOVELLI, R. A. | LOBINO, M. G. F.
1 INTRODUÇÃO
Em outubro de 2020, muitas eram as expectativas que nós alunas do curso de
licenciatura em Pedagogia do Ifes campus Vila Velha tínhamos em relação ao Programa de
Iniciação à Docência - PIBID na escola de educação infantil UMEI Luiz Augusto Aguirre da
Silva, frente a realidade pandêmica da covid-19, que ocasionou o fechamento das escolas
por tempo indeterminado, prevalecendo o ensino remoto em todos os níveis da educação
como protocolo de biossegurança e de distanciamento social. Neste período, atuamos com
as turmas infantil 5 juntamente com as professoras supervisoras Rosiane Aguiar Novelli e
Tatiane Marques Moreira, no qual elaboramos diversas atividades on-line, como contação
de histórias em vídeos, formulários de exercícios com letras e números com a temática
de valores a partir da literatura infantil, além da participação em lives e nas reuniões de
planejamento pedagógica.
No plano de ação inicial foram traçadas diversas interações para o decorrer do ano
letivo, tais como: Projeto Institucional (O que cabe e o que não no meu mundo); Subprojeto
(projeto de sala); Horta escolar; Evolução do grafismo; Ciranda com as famílias; Dia da
família na escola; Sexta Cultural e Aulas de campo. Conforme o projeto político pedagógico
da escola, todos as atividades desenvolvidas e trabalhadas com crianças, buscam
O inciso II, Art.10 da Res.nº5/2009 que fixa as Diretrizes Curriculares Nacionais para a
Educação Infantil, afirma que
2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Para realizar esta pesquisa, os pibidianos foram separados em grupos para produzir
diferentes atividades on-line referentes ao planejamento pedagógico das professoras da
unidade concedente. Entre os envolvidos estão os bolsistas, coordenadores e supervisoras
do programa. No primeiro momento as atividades ocorreram de forma remota com
acompanhamento dos infantil 5F e 5G, de modo que através das reuniões via plataforma
Meet, tornou-se possível a realização do diagnóstico escolar com o intuito de conhecer a
realidade das crianças e do corpo pedagógico da escola.
Os 20 (vinte) bolsistas realizaram este trabalho e conheceram a relação dos
funcionários do corpo administrativo, professores e alunos.
Vale reforçar que o planejamento metodológico estava todo sendo feito num
contexto da pandemia do COVID-19, o que trouxe muitas preocupações e desafios. Dentre
elas estão o acesso das crianças às tecnologias no contexto da educação infantil, utilizando
a plataforma google classroom de aula com postagens regulares das atividades e como
monitoramento da participação dos alunos.
O diagnóstico aconteceu em duas etapas: na primeira realizou-se levantamento do
número de alunos do infantil 5F, que no período estavam matriculadas 25 crianças. Já a
segunda etapa implicou na busca pelos resultados do processo de ensino-aprendizagem
de cada aluno, investigando os desempenhos e participação nas atividades não presenciais.
As atividades não presenciais eram disponibilizadas aos alunos semanalmente para
serem realizadas remotamente ou impressas, com o objetivo de atender toda a demanda
e realidade escolar, porém a realidade da devolutiva de acordo com a professora regente
era desgastante. Durante a experiência aqui relatada, os pibidianos organizavam o
259
material didático atendendo ao cronograma de atividades estabelecido pelas professoras
supervisoras, elaborando material didático e exercícios a partir do google formulários, que
foi um grande aliado no período de isolamento. Os formulários foram construídos a partir
dos temas abordados nos planejamentos em conformidade com o projeto institucional
da Umei: O que cabe e o que não cabe no meu mundo “Construindo valores através da
literatura” e o subprojeto: Trabalhando Valores e Ética, desenvolvido pelas professoras
regentes. As atividades propostas abordaram temas como: Amizade, Amor, Honestidade,
Esperança, Bondade, Paciência, Solidariedade e outros, contendo também, vídeos
PATROCÍNIO, A. M. | SILVA, E. N. | AZEVEDO, S. D. | NOVELLI, R. A. | LOBINO, M. G. F.
260
IMPACTOS DAS AULAS ON-LINE NO ÂMBITO DA EDUCAÇÃO INFANTIL
261
Para tanto, buscamos identificar por meio de pesquisa qualitativa, através das
respostas extraídas do formulário on-line construídos para os alunos e em reunião
com a professora supervisora que atua na sala do infantil 5F os impactos das aulas on-
line no âmbito da educação infantil, uma vez que as crianças não possuem autonomia,
nem tampouco celulares próprios para realizarem as interações por meios digitais,
necessitando do acompanhamento dos responsáveis na realização das atividades. Em
relação às atividades desenvolvidas pelos pibidianos para as crianças, as bolsistas notaram
que apenas alguns alunos deram retorno das atividades, desse modo, observa-se que o uso
das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC’s) na educação infantil, bem como em
outros momentos do texto onde são registrados mais elementos no uso das tecnologias
digitais, naquelas circunstâncias, acarretou dificuldades de aprendizagens e ainda
potencializando as desigualdades sociais junto às camadas mais vulneráveis da sociedade,
notadamente das crianças de 4 e 5 anos que foi o público objeto do estudo.
No PPP da escola são explicitados os projetos educacionais “[...] que tem como eixo
integrador as interações e brincadeiras” (PPP, 2018-2019, p.24), alguns deles são: projeto
institucional “Descobrindo o Mundo através da Música” e tem como objetivo descobrir
o mundo através da música, a horta escolar permite o diálogo sobre a natureza e sua
preservação, ciranda em família tem o intuito de garantir vivências valiosas entre filhos e
pais, etc. As reuniões de pais acontecem todo final de semestre e a avaliação do aluno é
variada e contínua.
Os projetos são intencionalmente utilizados de forma a levar o aluno a desenvolver
habilidades que implicam no processo de ensino-aprendizagem passando introduzir a
alfabetização no cotidiano das crianças que posteriormente iniciarão o 1 ano do ensino
fundamental, reconhecendo então que esse processo pode ser compreendido em
diferentes dimensões, ou seja, pode-se trabalhar a leitura e a escrita utilizando como ponto
de partida o cotidiano das crianças e aquilo que está ao seu redor para assim alcançar
o objetivo comum de formar alunos leitores de mundo e uma cidadania sustentável,
consciente e crítica. Os objetivos e pressuposto descritos no PPP escolar dialogavam com
vários autores, com destaque para Gontijo (2005, p. 66), ao afirmar que
que o acompanhamento dos responsáveis em relação à rotina escolar dos alunos não foi
suficiente ou em alguns casos tal auxílio não ocorreu. Desse modo, deve haver comunicação
entre ambas as partes para que ocorra o desenvolvimento integral da criança.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Depreende-se que, aqueles alunos das camadas mais vulneráveis socialmente, no
qual o acesso à internet é precário e geralmente não possuem dispositivos tecnológicos,
ficaram, mais uma vez, à margem da sociedade. E esta era a situação das turmas nas quais
a experiência foi vivenciada.
Foi nesse contexto que se realizou a referida experiência. Sem possibilidades de
suceder a pesquisa na escola-campo a iniciação à docência foi desenvolvida de maneira não
presencial utilizando das novas tecnologias na U.M.E.I Luiz Augusto Aguirre Silva. Portanto,
264 as professoras regentes Tatiane Marques Moreira e Rosiane Aguiar Novelli solicitaram a
colaboração dos pibidianos para a elaboração dos formulários on-line.
Enfim, a partir dos desdobramentos da referida prática pedagógica desenvolvida ao
longo do PIBID foi possível perceber mediante a análise realizada que estes meios, assim
como as aulas on-line, colaboraram para que as crianças do infantil 5F pudessem ter ainda o
acesso à educação, mas por outro ângulo o processo de ensino-aprendizagem acontece de
forma mais significativa quando o ensino é presencial, visto que as crianças não possuem
autonomia para se auto educarem, a turma da educação infantil, apesar dos impasses,
participaram das atividades remotas e das aulas on-line com êxito e disposição.
IMPACTOS DAS AULAS ON-LINE NO ÂMBITO DA EDUCAÇÃO INFANTIL
265
AGRADECIMENTOS E CRÉDITOS
Nossos agradecimentos à Capes que, através da concessão de bolsas aos pibidianos
e aos professores-regentes, cognominados de supervisores. Também estendemos nossa
gratidão especial ao curso de pedagogia do Campus Vila Velha através dos professores
Wilson Camerino dos Santos Junior, Antonio Donizetti e Maria das Graças Lobino pelas
orientações e apoio no processo de formação da iniciação à docência e a instituição de
ensino IFES.
PATROCÍNIO, A. M. | SILVA, E. N. | AZEVEDO, S. D. | NOVELLI, R. A. | LOBINO, M. G. F.
REFERÊNCIAS
BAKHTIN, Mikhail. Marxismo e Filosofia da Linguagem, São Paulo, Hucitec, 1988.
BRASIL. Educação inclusiva: v. 3: a escola / coordenação geral SEESP/MEC; organização
Maria Salete Fábio Aranha. – Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação
Especial, 2004.
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para a Educação Básica. Brasília, DF: MEC/SEB, 2013.
FREIRE, Paulo. A educação na cidade. São Paulo: Primavera, 1991.
_______, Paulo. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005.
GADOTTI, Moacir. Alfabetização e Letramento: Como negar nossa história. Disponível em:
acesso em: 02 de abr. 2014.
GONTIJO, C. M. M. Alfabetização e a questão do letramento. Cadernos de Pesquisa em
Educação, Universidade Federal do Espírito Santo, Centro de Educação, Programa de Pós-
Graduação em Educação, Vitória: PPGE, v. 11, n. 21, p. 42-72, jan./jun. 2005
JARDIM, A. P. Relação entre Família e Escola: Proposta de Ação no Processo Ensino
Aprendizagem. Presidente Prudente: Unoeste, 2006.
KRAMER, S; NUNES, M.F. Linguagem e Alfabetização: Dialogando com Paulo Freire e
Mikhail Bakhtin. Revista Contemporânea de Educação N º 11 - janeiro/julho de 2011.
NÓVOA, Antônio. Novas disposições dos professores: A escola como lugar da formação.
Disponível em http://repositorio.ul.pt/bitstream/10451/1/21205-ce.pdf. Acesso em 27 de
outubro de 2021.
OLIVEIRA, Antonia Soares Silveira; NETO, Augusto Brito Araújo; OLIVEIRA, Lygia Maria
Silveira e. Processo ensino aprendizagem na educação infantil em tempos de pandemia e
isolamento. Belo Horizonte, Ciência Contemporânea v. 1 n. 6, 2020.
PIAGET, J. Para onde vai a Educação. Rio de Janeiro: José Olympio, 1972-2000.
PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO. U.M.E.I Luiz Augusto Aguirre Silva, Espírito Santo: Vila
Velha, 2018-2019.
266
27 | BOLSA ALUNO: UM RELATO SOB
A PERSPECTIVA DOS PAIS E DAS
PROFESSORAS DE UMA UMEI DO
MUNICÍPIO DE VILA VELHA
RESUMO
Em 2020 vivenciamos um período atípico devido à pandemia de Covid-19. Na tentativa
de conter o avanço do vírus, foi necessária a implantação de medidas de distanciamento e
isolamento social. As crianças deixaram de ir à escola e posteriormente, o ensino passou
a ser ofertado de forma remota. O ano letivo de 2021 se iniciou nesse mesmo contexto
pandêmico e o município de Vila Velha/ES implementou em 05 de abril de 2021, através
da Lei municipal Nº 6.436, a “Bolsa Aluno”, um repasse financeiro para os estudantes
matriculados na rede pública municipal de ensino. Neste relato de experiência, buscamos
analisar os impactos que a “Bolsa Aluno” gerou em três turmas do infantil 5 de uma
Unidade Municipal de Educação Infantil (Umei) da cidade de Vila Velha, sob a perspectiva
dos pais e das professoras. Identificamos através dos relatos que os impactos da “Bolsa
Aluno” foram diferentes para a escola e a família. Para as professoras, a “Bolsa Aluno”
não conseguiu atingir seu objetivo no que compete à participação ativa das crianças, posto
que não identificaram mudanças significativas no desenvolvimento da aprendizagem.
Relataram que houve sobrecarga de trabalho após a implementação da Bolsa, pois
gerou muitas dúvidas nos pais que tiveram que ser sanadas pelas docentes por meio
do WhatsApp, além do preenchimento de novos relatórios. Já os pais, relataram que os
impactos foram positivos, principalmente no que tange a um direito básico e fundamental
à vida, à alimentação. Concluímos que apesar da “Bolsa Aluno” não ter cumprido seu
objetivo na dimensão pedagógica, na dimensão social foi um importante instrumento que
beneficiou famílias em vulnerabilidade social, uma vez que foi aplicado para alimentação
não só das crianças, mas também de seus familiares.
Palavras-chave: Bolsa Aluno. Educação Infantil. Pandemia. Vila Velha.
DAMACENO, B. E. C. | MACIEL, M. A. R. B. | GOMES, M. A. S. | COTT, N. G. S. | NOVELLI, R. A. | SGARBI, A. D.
1 INTRODUÇÃO
O ano de 2020 foi bem atípico devido à pandemia do novo Coronavírus. Na tentativa
de conter a pandemia com crescimento exponencial, foram necessárias medidas de
distanciamento e isolamento social, alterando a rotina da sociedade. A dinâmica escolar
foi fortemente impactada, as crianças deixaram de ir à escola e posteriormente, o ensino
passou a ser ofertado de forma remota. Nesse sentido, o Programa Institucional de Bolsa
de Iniciação à Docência (Pibid) também precisou se adequar à nova realidade. No Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo (Ifes) Campus Vila Velha, os
licenciandos em Pedagogia, que ingressaram no Programa no mês de outubro de 2020,
iniciaram suas atividades remotamente em turmas do Infantil 5 de uma Unidade Municipal
de Educação Infantil (Umei) na cidade de Vila Velha. A princípio, foram ofertados cursos de
extensão promovendo a formação inicial dos bolsistas para atuação junto às professoras
regentes no desenvolvimento das atividades relativas ao processo de ensino e aprendizagem
nesse contexto excepcional. O ano de 2021 se iniciou sob esse mesmo cenário. Na tentativa de
minimizar os impactos negativos causados pela pandemia, a cidade de Vila Velha implementou
em 05 de abril de 2021, através da Lei municipal Nº 6.436, a “Bolsa Aluno”, um repasse financeiro
para os estudantes matriculados na rede pública municipal de ensino. A Bolsa se instituiu com a
finalidade de reduzir a evasão e reprovação escolar, aumentar a participação e o desempenho
dos alunos, bem como promover a qualidade do estudo. Dessa maneira, surgiu o seguinte
questionamento: De que forma essa Bolsa contribuiu para a aprendizagem das crianças da
Educação Infantil? Para responder a essa indagação, enquanto bolsistas do Pibid com atuação
em uma Umei, realizamos uma pesquisa junto às professoras e aos pais para investigar como
ocorreu esse processo sob a perspectiva pedagógica e social. Sendo assim, este trabalho tem
como objetivo analisar quais foram os impactos da “Bolsa Aluno” em três turmas do Infantil 5
de uma Umei da cidade de Vila Velha. Esta pesquisa é importante para a compreensão de como
o contexto histórico, político e social vivenciado pelas crianças e seus familiares influencia
diretamente o processo de ensino e aprendizagem. Está organizada em cinco seções, além
da introdução e das considerações finais. A primeira seção apresenta os procedimentos
metodológicos, a segunda seção traz a fundamentação teórica da pesquisa, a terceira seção
refere-se à contextualização da “Bolsa Aluno”; a quarta seção consiste na visão dos pais
sobre a “Bolsa Aluno” e a quinta seção aborda a “Bolsa Aluno” sob a ótica das professoras
Escolha do tema
Estruturação do
trabalho
Levantamento
bibliográfico
Elaboração
das entrevistas
semiestruturadas
Realização das
entrevistas com os
pais
Realização da roda
de conversa com as
professoras
Transcrição das 269
entrevistas e da roda
de conversa
Escrita do relato de
experiência
Divulgação dos
resultados
Fonte: Elaborado pelas autoras, 2021.
DAMACENO, B. E. C. | MACIEL, M. A. R. B. | GOMES, M. A. S. | COTT, N. G. S. | NOVELLI, R. A. | SGARBI, A. D.
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Considerando que este relato de experiência realizou-se no campo educacional e,
portanto, está inserido nas Ciências Humanas, para sua realização utilizamos o aporte
teórico bakhtiniano de linguagem. Desse modo, foi necessária uma postura dialógica das
pesquisadoras frente aos enunciados escritos e orais, porque:
Esse processo dialógico exige uma atitude responsiva das pesquisadoras diante
dos discursos materializados na Lei N. 6.436 que institui a “Bolsa Aluno”, bem como nas
entrevistas com os pais e na roda de conversa com as professoras, pois o “[...] diálogo, visa
à resposta do outro (...) uma compreensão responsiva ativa, (...) sua apreciação crítica,
influir sobre êmulos e continuadores, etc. [...]” (BAKHTIN, 1997, p. 298).
Nessa perspectiva, para compreensão dos discursos sobre a “Bolsa Aluno”,
foi necessário ir além da leitura de aspectos nítidos no texto da Lei que a instituiu e da
escuta atenta dos pais nas entrevistas e das professoras na roda de conversa. Foi preciso
compreender o contexto histórico, social e político em que os textos escritos e orais foram
produzidos, posto que no “[...] exame de seu histórico, qualquer problema científico (quer
seja tratado de modo autônomo, quer faça parte de um conjunto de pesquisas sobre o
problema em questão) enseja uma confrontação dialógica (de enunciados, de opiniões
[...]” (BAKHTIN, 1997, p. 354).
4 A “BOLSA ALUNO”
Com o propósito de reduzir os impactos negativos causados pela pandemia da
Covid-19, durante a gestão de Arnaldinho Borgo, a prefeitura da cidade de Vila Velha
criou em 05 de abril de 2021 a “Bolsa Aluno” através da Lei municipal No 6.436. A “Bolsa
Aluno” consistiu em um repasse financeiro no valor de quatrocentos e cinquenta reais
direcionados a todos os alunos matriculados na rede pública municipal de ensino de Vila
Velha, atendendo aos integrantes da Educação para Jovens e Adultos (EJA), inclusive o
270 pagamento foi realizado em três parcelas mensais de cento e cinquenta reais, por meio
de um cartão magnético em nome do aluno ou de seu responsável legal, para ser utilizado
em compras em estabelecimentos comerciais da cidade de Vila Velha. A Bolsa foi instituída
com objetivo de diminuir a evasão e reprovação escolar, estimular a participação e o
desempenho dos alunos, bem como promover a qualidade do estudo proporcionando
aos estudantes o acesso à internet, a materiais pedagógicos e alimentação. A Bolsa
visava também a redução dos índices de vulnerabilidade social, bem como fortalecer a
inclusão digital dos educandos. Como requisito para recebimento da Bolsa, os estudantes
BOLSA ALUNO: UM RELATO SOB A PERSPECTIVA DOS PAIS E DAS
PROFESSORAS DE UMA UMEI DO MUNICÍPIO DE VILA VELHA
precisavam estar matriculados na rede pública municipal de Vila Velha, serem assíduos na
entrega das atividades e firmarem o Termo de Adesão com assinatura do responsável legal.
Haja vista que a Bolsa se constituiu como uma medida reparatória para os danos sofridos
na educação em virtude da pandemia e que envolveu pais, estudantes e professores,
decidimos, por meio desse relato, investigar os impactos causados pelo benefício.
Haja vista que a Bolsa se constituiu como uma medida reparatória para os danos
na educação causados pela pandemia, em nossas entrevistas, pudemos constatar que,
independentemente de necessitar ou não do dinheiro, todos os pais foram unânimes
em concordar com a importância da “Bolsa Aluno” para as famílias, principalmente para
aquelas mais vulneráveis.
Quanto à utilização do dinheiro da Bolsa, todos os entrevistados relataram que
gastaram com a compra de alimentos. Apesar de não haver restrições quanto ao uso da
Bolsa, notamos que com a pandemia e a crise econômica, muitos pais perderam seus
empregos, o que desencadeou uma dificuldade financeira dentro do lar. Desse modo, a
Bolsa supriu uma das necessidades básicas das crianças e seus familiares: a alimentação.
No que se refere ao recebimento de benefícios assistenciais durante a pandemia,
grande parte dos pais afirmaram que não foram contemplados por outros além da “Bolsa
Aluno”, conforme o Gráfico 1:
271
DAMACENO, B. E. C. | MACIEL, M. A. R. B. | GOMES, M. A. S. | COTT, N. G. S. | NOVELLI, R. A. | SGARBI, A. D.
Gráfico 1: Pais que receberam outros benefícios de assistência social durante a pandemia
Por fim, nenhuma das docentes avaliou a Bolsa como válida da forma que foi, pois
não conseguiram identificar o impacto positivo dela diretamente na área educacional. Elas
enfatizaram a necessidade de investimentos efetivos na educação, seja na formação dos
professores e/ou na melhoria das estruturas das escolas. Entendemos que poderia haver
uma relação dialógica (BAKHTIN, 1997) entre os órgãos públicos e a comunidade escolar,
para compreender as reais necessidades que as pessoas estavam enfrentando naquele
momento, e desse modo, formular propostas de políticas públicas mais abrangentes.
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A “Bolsa Aluno” foi um repasse financeiro, instituído pela cidade de Vila Velha em
05 de abril de 2021 destinado aos estudantes matriculados na rede pública municipal.
Para compreendermos os impactos da Bolsa, realizamos entrevistas com dezoito pais e
uma roda de conversa com três professoras de turmas do Infantil 5 de uma Umei, onde
desenvolvemos atividades do Pibid. Verificamos através dos relatos que a Bolsa foi avaliada
de forma distinta pelas famílias e pela escola.
Na visão das professoras, a “Bolsa Aluno” não cumpriu sua finalidade, pois não
observaram mudanças consideráveis em relação ao aprendizado, além de receberem uma
sobrecarga de trabalho devido às dúvidas dos pais em relação a mesma. Já na perspectiva
dos pais, a Bolsa contribuiu positivamente na renda familiar, visto que a crise econômica
gerou impactos dentro dos lares.
Consideramos primordial, enquanto futuras docentes, compreendermos que o
processo de ensino e aprendizagem depende de vários fatores como o contexto histórico,
político e social. Na esfera social a “Bolsa Aluno” beneficiou as crianças e seus familiares,
que estavam em situação de vulnerabilidade, no entanto, na dimensão pedagógica não
conseguiu atingir seus objetivos para o desenvolvimento escolar das crianças.
274
AGRADECIMENTOS E CRÉDITOS
Agradecemos a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior
(Capes) que por meio do Pibid possibilitou o desenvolvimento deste trabalho. A Umei que
nos recebeu para realização das atividades, às professoras e aos pais que contribuíram
para esse relato.
BOLSA ALUNO: UM RELATO SOB A PERSPECTIVA DOS PAIS E DAS
PROFESSORAS DE UMA UMEI DO MUNICÍPIO DE VILA VELHA
REFERÊNCIAS
BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1997.
GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 2. ed. 2010.
MOURA, Adriana Ferro; LIMA, Maria Glória. A Reinvenção da Roda: Roda de Conversa, um
instrumento metodológico possível. Universidade Federal da Paraíba. Revista Temas em
Educação, v. 23, n. 1, p. 98-106, 2014. Disponível em: https://www.proquest.com/openview
/23ac2587640666ea1799b2197c7b1f00/1?pq-origsite=gscholar&cbl=4514812 Acesso em: 30
out 2021.
UNICEF. Cenário da Exclusão Escolar no Brasil: Um alerta sobre os impactos da pandemia
da COVID-19 na Educação. Abril, 2021. Disponível em: cenario-da-exclusao-escolar-no-brasil.
pdf (unicef.org) Acesso em: 30 out. 2021.
275
28 | PROGRAMA DE INICIAÇÃO À
DOCÊNCIA: O RELATO DE EXPERIÊNCIA
DOS PIBIDIANOS NO CONTEXTO DE
PANDEMIA
RESUMO
Este artigo tem como título “Programa de Iniciação à Docência: o relato de
experiência dos pibidianos no contexto de pandemia”. O objetivo central do trabalho é
descrever as atividades que foram desenvolvidas com os alunos de uma escola municipal
durante o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid). Cabe destacar
que a maior parte delas se desenvolveu a distância. O foco da ação em sala de aula foi
a abordagem dos gêneros textuais junto aos educandos, de forma a contribuir para o
conhecimento sociocultural, por meio de leituras e exercícios interativos, com o objetivo de
torná-los leitores-sujeitos críticos. Além disso, também ressaltamos a importância do Pibid
para o crescimento pessoal e intelectual dos acadêmicos de Letras, a partir da elaboração
de estratégias didáticas que os trouxeram grandes desafios, uma vez que a pandemia,
causada pelo coronavírus, não os permitiu ter contato direto com os alunos munícipes.
Palavras-chave: Atividades. Didática. Experiência. Pibid.
1 INTRODUÇÃO
O Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência, financiado pela
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), é um programa
que oferece bolsa para estudantes de cursos de licenciatura plena, para que eles exerçam
atividades pedagógicas em escolas públicas de ensino básico, de maneira a aprimorar sua
formação e contribuir para a melhoria de qualidade dessas escolas.
PINTO, E. E. O. | BATISTA, E. S. | CANDEIA, J. L. | SILVESTRI, J. J. S. | ARAÚJO, F. B. F. | MOREIRA, T. A.
2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Devido à eclosão da Covid-19 e, consequentemente, ao fechamento das escolas,
grande parte do trabalho dos acadêmicos participantes do Pibid junto a turma do 6°
ano B da escola Padre Anchieta foi desenvolvido a distância. Portanto, foram utilizados
os recursos das tecnologias digitais, a fim de que os estudantes não perdessem o ritmo
escolar.
Sendo assim, criou-se uma sala de aula no Classroom, juntamente com a professora
Júnia, bem como um grupo de WhatsApp, para compartilhamento de ideias e postagens
278
das atividades produzidas conforme o planejamento semanal feito com os pibidianos,
acerca dos conteúdos a serem trabalhados em cada ano, em especial, os gêneros textuais.
Tais exercícios foram elaborados no Google Forms, no Word, Jamboard, infográficos
online e YouTube, com o propósito de utilizar múltiplas ferramentas de ensino para os
alunos interagirem e, por consequência, construir o aprendizado.
Dentre os assuntos abordados encontram-se: história em quadrinhos e tirinhas,
conscientização sobre o descarte correto do lixo no meio ambiente, o uso correto dos
substantivos e “porquês”, caça-palavras, interpretação de texto, ortografia, abordagem
PROGRAMA DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA: O RELATO DE EXPERIÊNCIA
DOS PIBIDIANOS NO CONTEXTO DE PANDEMIA
No entanto, não se pode negar que ensinar uma criança a ler e escrever, em sala
de aula, é visto como uma das atividades mais desafiadoras para professores e alunos,
PINTO, E. E. O. | BATISTA, E. S. | CANDEIA, J. L. | SILVESTRI, J. J. S. | ARAÚJO, F. B. F. | MOREIRA, T. A.
uma vez que é um trabalho que demanda tempo e envolve questões extraclasse, como
as condições de vida dos educandos. Observa-se que a prática da leitura reflexiva,
exploratória e paradidática se mostra distante no cotidiano do aluno, devido a fatores
como ambiente físico precário, carência de equipamentos que favoreçam a pesquisa e
a informação, além da falta de apoio de muitos familiares. Convém mencionar, também,
que o sistema educacional apresenta falhas, pois não oferece o suporte necessário a
professores e alunos, dificultando o acesso de muitos estudantes ao desenvolvimento da
leitura crítica, que os leve a questionar a realidade que os cerca.
É relevante ressaltar que o processo de ensino-aprendizagem deve ser fundamentado
no diálogo e voltado para leitura e escrita, tomando como base a vida real, a fim de que
o aluno se identifique como protagonista de seu meio social, de forma a despertar o
sentimento de pertencimento; sendo assim:
Para isso, cabe enfatizar, também, que despertar no aluno esse interesse envolve a
tomada de medidas amplas, que envolvam todos os participantes do processo educacional
– discentes, docentes, familiares, gestores etc. Políticas públicas que objetivam inserir o
estudante no cenário social contemporâneo como um sujeito crítico e atuante, que pensa
os seus ideais, devem ser implementadas.
Estar na sala de aula ainda no processo de formação do profissional de Letras permite
ao acadêmico vivenciar a realidade de muitos estudantes, embora não consiga alcançar
todas as possibilidades e/ou necessidades que o cercam. Contudo, podemos afirmar que
estar no Pibid é, de alguma forma, contribuir para a formação desses alunos e experienciar
como futuros docentes toda a amplitude de significações que envolve os agentes aluno-
professor, ensino-aprendizagem.
Foi oportunizada, durante o programa, a participação dos licenciandos em palestras e
oficinas, como a live “Ensino de língua portuguesa, gêneros textuais e variação linguística”,
oferecida pela Abralin (Associação Brasileira de Linguística), na qual os ministrantes
expuseram suas perspectivas acerca da BNCC (Base Nacional Comum Curricular) e do
ensino de Língua Portuguesa. Destacaram que a escola seria responsável por proporcionar
280 a formação do indivíduo na sociedade e a língua deveria ser quesito importante ao se
avaliar a educação, uma vez que ela é o objeto de estudo das relações humanas.
De modo correspondente, na live “Reflexões sobre os estudos bakhtinianos e o
ensino de língua portuguesa, tendo como foco, em especial, a BNCC: Bakhtin tem algo a
dizer ao ensino de português?”, o ministrante Carlos Faraco destacou que, desde os PCNs
até a atual BNCC, tanto a concepção de linguagem quanto a sua organização por meio dos
gêneros do discurso são sustentadas e alimentadas pelo pensamento de Bakhtin.
A oficina “Ferramentas Google - utilizando as ferramentas Google na Educação”
foi ministrada pela professora Gisely Costa. Na ocasião, ela apresentou aos pibidianos
PROGRAMA DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA: O RELATO DE EXPERIÊNCIA
DOS PIBIDIANOS NO CONTEXTO DE PANDEMIA
ferramentas como Pear Deck, Google Apresentações e Jamboard, a fim de que pudessem
entender tais recursos tecnológicos e aplicá-los durante a produção das atividades. Além
disso, foi explanado acerca da importância de se conhecer o perfil dos alunos e o contexto
em que estão inseridos, a fim de descobrirmos qual é a melhor atividade a ser utilizada e,
consequentemente, exercer o papel de facilitador no processo de aprendizagem.
Além da oficina, os licenciandos também participaram, como ouvintes, da live da
Abralin “Leitura da BNCC: ensino de gramática no currículo nacional e em livros didáticos”,
cujo debate teve como foco o ensino de gramática e a BNCC, bem como as reflexões gerais
sobre o processo de aprendizagem. Destacaram-se conceitos relevantes, como língua,
linguagem, competências, habilidades e as implicações da base conceitual para o ensino
de gramática e de língua portuguesa, assim como discussões acerca da abordagem que os
livros didáticos oferecem e como isso tem favorecido o trabalho pedagógico.
Já a oficina referente à escrita acadêmica abordou a importância da valorização dos
conhecimentos adquiridos por meio do saber científico, bem como os tipos de artigos;
por exemplo, artigo de revisão teórica, artigos experimentados e artigos empíricos, que
visam sintetizar uma obra e divulgar informações sobre determinada questão em uma área
específica. Por fim, explanou-se a estrutura do artigo científico, que consiste em: título,
autores, epígrafe, resumo, palavras-chaves, conteúdo — introdução, desenvolvimento e
conclusão —, referências e anexos, tal como a importância de escolher como autores de
área escritores conhecidos e renomados.
Em síntese, a participação nas lives, oficinas e palestras permitiu aos participantes
do Pibid refletir acerca dos recursos diversificados que podem ser aplicados na sala de aula
ou até mesmo nas produções de atividades online, contribuindo para o desenvolvimento
intelectual dos estudantes de licenciatura e futuros professores.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conclui-se o relato de experiência com a reiteração da importância do Programa
Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid) para a formação dos alunos da
graduação do Ifes. Durante a atuação dos pibidianos, todos os trabalhos desenvolvidos,
inclusive as reuniões com a supervisora e com as coordenadoras de área, relatórios e
atividades, contribuíram significativamente para o desenvovimento da experiência em
sala de aula. A vivência da escola pública por meio do Pibid remeteu os alunos de Letras,
de maneira prática e efetiva, a uma realidade que não conheciam: as particularidades
281
do ensino fundamental municipal. Pode-se afirmar que não é apenas uma experiência
acadêmica ou profissional, mas também um aprendizado de vida.
Acrescenta-se, também, que a permanência no programa é imprescindível para
que os futuros docentes tenham a oportunidade de vivenciar as demandas existentes no
ambiente educacional, tornando-se mais sensíveis à realidade educacional brasileira, uma
vez que lhes é permitido pensar como um professor, ainda que sejam graduandos. Por
isso, essa alternância de posição é de grande proveito para o aprendizado e formação do
magistério.
PINTO, E. E. O. | BATISTA, E. S. | CANDEIA, J. L. | SILVESTRI, J. J. S. | ARAÚJO, F. B. F. | MOREIRA, T. A.
AGRADECIMENTOS E CRÉDITOS
Os agradecimentos são direcionados a todos os responsáveis pela formação teórica
e prática dos acadêmicos participantes do Pibid, que os permitiram vivenciar a realidade da
escola, mais especificamente, da sala de aula, pelo desenvolvimento docente:
À Escola Municipal de Ensino Fundamental Padre Anchieta;
À Secretaria Municipal de Educação de Vitória;
À Secretaria de Educação do Espírito Santo;
Ao Ifes campus Vitória;
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
REFERÊNCIAS
ABRALIN. Leitura da BNCC – Ensino da gramática no currículo nacional e em livros didáticos.
2021. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=4Qgt5AT0tmw&t=7725s. Acesso
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CAMPOS, Elísia Paixão de. Por um novo ensino de gramática: orientações didáticas e
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LIMA, Élida Valeria da Silva. CARIA, Josiano Regis. A crônica: Formação de leitores no 9º ano
do Ensino Fundamental. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano
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https://youtu.be/9_JfmI_085Y. Acesso em: 05 fev. 2022.
282
PROGRAMA DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA: O RELATO DE EXPERIÊNCIA
DOS PIBIDIANOS NO CONTEXTO DE PANDEMIA
ANEXOS
284
285
29 | LÍNGUA PORTUGUESA: PRÁXIS DO
PIBID EM PLENA PANDEMIA
RESUMO
A experiência “Língua Portuguesa: Práxis do Pibid em plena pandemia” relata o que
foi trabalhado na turma do 6º ano A, da EMEF São Vicente de Paulo, no turno matutino.
Foram feitas práticas didáticas voltadas para o ensino da disciplina Língua Portuguesa,
discussão esta que se ancora teoricamente em Antunes (2003), Marcuschi (2002), Giovedi
(2021) e na Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Observaram-se que as dificuldades
extrassala de aula dos alunos, dos professores e dos pibidianos foram acentuadas no
contexto de situação pandêmica. Por esse motivo, as atividades foram desenvolvidas
dentro da escola e transitaram da modalidade presencial para a modalidade remota. Isso
impactou, sobretudo, a vivência escolar de crianças e adolescentes do Ensino Fundamental
II. Dito isso, os chamados Recursos Educacionais Digitais (REDs), nomenclatura adotada
pelo Ministério da Educação (MEC), tornaram-se imprescindíveis no que tange à abordagem
de conceitos da disciplina trabalhada. A metodologia de ensino utilizada buscou ser a mais
humanizada possível, entendendo os desafios sociais e a transição entre as modalidades
de ensino. Dentre os resultados obtidos, foi possível perceber que a atividade com o
gênero textual carta despertou sentimentos, vivências e nos trouxe diagnóstico sobre a
proficiência em leitura e escrita dos alunos.
Palavras-chave: Ensino de Língua Portuguesa. Recursos Educacionais Digitais.
Gêneros Textuais.
1 INTRODUÇÃO
O presente relatório intenciona demonstrar a experiência no Programa Institucional
de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid) e o percurso de ensino-aprendizagem empregado
em tempos de pandemia de Covid-19. Neste tempo, dirigido pelas coordenadoras de
SILVA, L. S. | BERTOL, P. S. | VANZELER, S. B. | LYRIO, P. S. | ARAÚJO, F. B. F. | MOREIRA, T. A.
área, Fernanda Borges Ferreira de Araújo e Tatiana Aparecida Moreira, bem como pela
supervisora, Patrícia Seibert. As atividades foram desenvolvidas em uma turma de sexto
ano do Ensino Fundamental II, da escola municipal “São Vicente de Paulo” do município
de Vitória- ES. Mesmo sendo a instituição citada uma das mais antigas da rede municipal
de Vitória, observa-se o acesso limitado de internet, bem como os múltiplos desafios que
envolvem as tentativas de um ensino público de qualidade
O grupo de alunos é bastante diverso no que diz respeito às especificidades sociais
e de aprendizagem; existem os discentes habitantes de comunidades periféricas e os de
classe média. Havendo, portanto, uma mistura de realidades sociais que reverberam na
educação pública. Nesse sentido, cada estudante possui um meio de acessar as plataformas
da escola, as atividades e os recursos utilizados pela escola. Notam-se, também, outras
particularidades como: um aluno possui transtorno opositivo desafiador (TOD), outro
possui uma deficiência auditiva, outros têm facilidade em apreender os conteúdos,
enquanto muitos se esforçam para alcançar o conhecimento ofertado.
As questões de ensino-aprendizagem propostas consideram essas demandas
específicas, exemplo disso foi quando, no mês de fevereiro, o trimestre se iniciou em
curriculum continuum, ou seja, dois anos em um; havendo, desse modo, convergência das
atividades propostas de dois anos em apenas um. Foi considerado o contexto de pandemia
da Covid-19 que ainda se faz presente em território nacional, bem como de políticas para
a área da educação cada vez mais contingenciadas pelas atuais instâncias governamentais
de âmbito municipal, estadual e nacional.
Outro fator relevante foi o contato construído entre os pibidianos, a supervisora e
as coordenadoras, principalmente, via Whatsapp e todo o feedback recebido era veiculado
por foto, vídeo ou falas durante as reuniões pela plataforma Google Meet. Desse modo, a
articulação entre as atividades e os resultados ocorreram a partir do retorno fornecido pela
supervisora de área aos pibidianos.
Faz-se importante dizer que as tarefas propostas foram elaboradas com vislumbre em
quatro modalidades: o ensino remoto, integralmente ofertado pelas plataformas digitais,
o ensino híbrido com alternância entre atividades remotas e presenciais, o ensino por meio
de materiais impressos e o ensino presencial alternado, dia sim e dia não. No retorno às
atividades presenciais, no município de Vitória, as turmas foram repartidas em grupo azul
e grupo laranja para facilitar o funcionamento do ensino-híbrido que é uma modalidade de
ensino flexionada entre ambientes virtuais de aprendizagem e entre o modelo presencial.
Havendo, respectivamente, tanto para a supervisora do projeto, Patrícia Seibert, quanto
288 para pibidianos três frentes de trabalho: o Whatsapp educativo somada à Plataforma
Google Sala de Aula, o material impresso e a sala de aula presencial.
Nesse sentido, o emprego desses mecanismos tiveram por objetivos: promover a
aprendizagem dos conteúdos de língua portuguesa, incentivar os alunos a estudarem no
momento de pandemia contextualizando as questões pandêmicas, com intuito de gerar
interação e proximidade entre os alunos, os pibidianos e os professores, além de atrair a
atenção dos alunos por meio de atividades contextualizadas por meio de slides interativos
com o uso de imagens e de vídeos do YouTube do canal Pibid Letras-Ifes, Campus Vitória
- criado especialmente para atender a demandas decorrentes do ensino remoto -, bem
LÍNGUA PORTUGUESA: PRÁXIS DO PIBID EM PLENA PANDEMIA
como do Google Formulário e da plataforma Padlet. Desse modo, os pibidianos não tiveram
contato direto com os estudantes, mas, mesmo assim, tentou-se, através dessas atividades,
atrair a atenção dos discentes, objetivando empregar, nos materiais desenvolvidos, uma
linguagem clara e objetiva, repleta de recursos imagéticos e audiovisuais para facilitar o
acesso dos estudantes aos conteúdos.
Assim, para dar continuidade a nossa explanação, este escrito está dividido
nas seguintes seções: “Procedimentos Metodológicos”, “Revisão Teórica”, “Práticas
pedagógicas em situação remota”, “Considerações finais”, “Termos de responsabilidade e
autoria”, “Agradecimentos e créditos” e “Referências”.
2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Nas atividades e nas pesquisas, foram empregadas as seguintes metodologias:
bibliográfica e pesquisa de campo. Ambas dialogam, visto que foram realizadas: i) palestras
e cursos organizados pela coordenação do Pibid, tais como a oficina “Ferramentas Google
-utilizando as ferramentas Google na Educação”, ministrada pela professora Gisely Costa;
Oficina de Escrita Acadêmica, apresentada pela professora Shirley Vieira, que contribuíram
para o processo de formação dos participantes do programa; ii|) pesquisa de campo remota
que se deu através das observações, das anotações, das inferências que culminaram na
organização, na produção e na avaliação das atividades dos alunos, principalmente por
meio de repasses da supervisora, responsável por transmitir aos pibidianos as falas dos
alunos da EMEF sobre as dificuldades enfrentadas e os desafios vencidos, haja vista a
ausência de contato entre pibidianos e alunos da escola, por conta do distanciamento
social, gerado pela pandemia.
3 REVISÃO TEÓRICA
No que tange à função do professor e da formação de professores estão as palavras
de Valter Martins Giovedi:
Ser professor é estar dentro de uma prática social que envolve uma
posição ético-política, visto que não existe educação sem opção política.
A opção política educacional expõe as opções políticas realizadas pelo
educador, de modo mais ou menos consciente, existem escolhas entre
as concepções ético-políticas. (PIBID IFES, 2021) 289
Portanto, em diálogo com a perspectiva acima está Marcuschi, quando diz que “[...]
texto é uma entidade concreta realizada materialmente e corporificada em algum gênero
textual.” (2002, p. 5).
Assim, na sequência, vamos apresentar algumas práticas, no contexto de uma
educação remota.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em síntese, notamos uma boa adesão dos estudantes por meio dos formulários que
envolviam o gênero carta, visto que continham imagens, memes, tirinhas e uma linguagem
facilitada à beira do informal contribuindo para aceitabilidade do processo e mesclando
aprendizagens. De mesmo modo, aconteceu uma boa recepção dos vídeos produzidos pelos
pibidianos pelo fato de os vídeos conterem uma linguagem visual e sonora, além dos slides que
intensificaram o processo de interação e despertaram de forma produtiva a atenção dos alunos.
Quando os alunos estavam no contexto presencial, mesmo com todos os cuidados
de biossegurança, conseguiram assistir e, decerto, apreender o conteúdo ali exposto. No
entanto, o acesso aos REDs não foi uma realidade para a maioria dos discentes. A falta de
internet, de computador e a dificuldade de concentração por parte dos alunos reverberou
em um baixo acesso às práticas pedagógicas programadas, visto que o recorte social dos
alunos da Escola São Vicente é muito destoante.
Dessa forma, poucos alunos acessavam aos momentos síncronos e logo essa
metodologia foi posta à margem e as tarefas constavam no WhatsApp, que, no ápice do
período pandêmico, se mostrou o maior aliado dos estudantes, mesmo com limitações,
tais quais um aparelho celular por família e horários de estudo quase inexistentes. Assim,
as tarefas postadas no Google Sala de Aula, os formulários e as demais ferramentas digitais,
foram pouco acessados, mesmo estando em ação, pois os alunos, pelos mais diversos
motivos, foram impedidos de consolidar os processos e as aprendizagens de forma mínima.
Destarte, encontrou-se, no trabalho com os gêneros textuais, principalmente o
gênero carta, uma forma de conhecer os estudantes e seus sentimentos diante do momento
e aplicar os conteúdos dentro das experiências cotidianas dos alunos, considerando os
diversos textos que circulam na sociedade. Além de vídeos sobre temáticas gramaticais e
do trabalho com livros de literatura universais e popularizados pelos filmes.
293
Em conjunto, propomos temas, bem como novas abordagens adaptadas à situação
dos mais variados meios de ensino. Isso demonstra certa destreza em adaptar-se às
situações adversas e mostrando o quão essencial é o processo de ensino-aprendizagem
para pibidianos, docentes e alunos. A escola parceira, no sentido pedagógico, acolheu o
projeto e, na medida do possível, deu abertura para pôr em prática as tarefas propostas.
Vale a pena ressaltar que tudo o que era anotado era compartilhado com os colegas
e vice-versa. O momento de correção das produções textuais dos alunos foi bastante
complexo, foram visualizadas inadequações de escrita (da coerência e da coesão),
SILVA, L. S. | BERTOL, P. S. | VANZELER, S. B. | LYRIO, P. S. | ARAÚJO, F. B. F. | MOREIRA, T. A.
contudo, várias situações pessoais, de sentido psicológico e do campo dos afetos, foram
detectadas. Tentou-se escrever uma devolutiva para cada aluno com um respaldo gentil e
ao mesmo tempo pedagógico, visto que, para
AGRADECIMENTOS E CRÉDITOS
À escola “EMEF São Vicente”, a Secretaria de Educação do Espírito Santo. Ao IFES
Campus Vitória. À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
LÍNGUA PORTUGUESA: PRÁXIS DO PIBID EM PLENA PANDEMIA
REFERÊNCIAS
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2003, p. 1 -90.
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ABRALIN. Leituras da BNCC - ensino de gramática no currículo nacional e em livros
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BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2018. Disponível em:
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COSTA, Gisely. Oficina: Ferramentas Google - utilizando as ferramentas Google na Educação.
Google Meet. 2021. (2h).
GED, Grupo de Estudos Discursivos. Bakhtin tem algo a dizer ao ensino de português? Youtube.
2020 (2h 2 min). Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=9_JfmI_085Y>. Acesso
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GIOVEDI, Martins, SILVA, Itamar Mendes da, AMARAL, Débora Monteiro do. A didática que
emerge da pedagogia do oprimido. Revista E- Curriculum. São Paulo. 2018, v. 16., n. 4, p.
1110-1141. Disponível em: <https://revistas.pucsp.br/curriculum/article/view/39362>. Acesso
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MARCUSCHI, Luiz Antônio. Gêneros textuais: definição e funcionalidade. In:_______ Gêneros
textuais e ensino. Rio de Janeiro. Lucerna. 2002, p. 1-16. Disponível em: <https://edisciplinas.
usp.br/pluginfile.php/133018/mod_resource/content/3/Art_Marcuschi_G%C3%AAneros_
textuais_defini%C3%A7%C3%B5es_funcionalidade.pdf>. Acesso em: 06 ago. 2021.
PIBID IFES. A didática que emerge da pedagogia do oprimido. Youtube. 2021. (1h 59 min).
Disponível em: <www.youtube.com/watch?v=o8lvTS2VXT4>. Acesso em: 24 set. 2021.
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Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=2OxS6em9g4U>. Acesso em: 08 out. 2021.
295
RODAS de conversa do Pibid. A BNCC sob uma perspectiva histórica e dialógica: um
olhar bakhtiniano. Youtube. 2020. (1h 54 min). Disponível em: <http://www.youtube.com/
watch?v=fMG-n9UX56Q>. Acesso em: 09 fev. 2021.
VIEIRA, Shirley. Oficina de Escrita Acadêmica. Drive. 2021. (2h 1min). Disponível em:
<https://drive.google.com/file/d/123HcFPmCZ0BGEgBXV28peNOWnHFjl5oG/view>. Acesso
em: 06 ago. 2021.
SILVA, L. S. | BERTOL, P. S. | VANZELER, S. B. | LYRIO, P. S. | ARAÚJO, F. B. F. | MOREIRA, T. A.
ANEXOS
Imagem 1 - Padlet
296
I
LÍNGUA PORTUGUESA: PRÁXIS DO PIBID EM PLENA PANDEMIA
297
SILVA, L. S. | BERTOL, P. S. | VANZELER, S. B. | LYRIO, P. S. | ARAÚJO, F. B. F. | MOREIRA, T. A.
298
30 | SEQUÊNCIA DIDÁTICA: NARRAÇÃO,
QUIZ ONLINE E PRODUÇÃO TEXTUAL
RESUMO
Este relato apresenta uma sequência didática embasada em Dolz, Dorrevaz e
Shneuwly (2004), desenvolvida para o projeto PIBID (Programa Institucional de Bolsa de
Iniciação à Docência) do IFES, campus Venda Nova do Imigrante - ES, subprojeto do curso
de licenciatura em Letras com habilitação em Português, sendo destinada aos alunos do 9°
ano da Escola Estadual de Ensino Fundamental Domingos Perim. A proposta pedagógica
abordou leitura e interpretação de texto e introdução aos conectivos. A sequência didática
foi desenvolvida para ser ministrada em seis aulas de cinquenta e cinco minutos. Utilizou-se,
na formulação da sequência, seis das dez competências específicas e seis das habilidades
específicas que estão na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e priorizou- se a utilização
de texto literário para o ensino de Língua Portuguesa. Isso posto, buscamos priorizar a
individualidade de aprendizagem de cada aluno, por métodos que vão de livros a plataformas
digitais, como o Quiz Kahoot. Além dos recursos utilizados, este trabalho também valoriza
os pensamentos e o protagonismo dos discentes, levando-os a aguçar a curiosidade e a
criatividade. Para tanto, privilegiamos a oralidade, a leitura, a análise linguística, a interação
ativa como leitor, ouvinte ou espectador, como a BNCC nos propõe. Foi possível observar
que os alunos responderam bem às atividades e às temáticas propostas. Além disso,
destacamos aspectos positivos também no uso do aplicativo Kahoot, que foi empregado
com o objetivo de consolidar/firmar as aprendizagens construídas nas atividades.
Palavras-chave: Leitura. Interpretação de textos. Sequência didática. Língua
Portuguesa
1 INTRODUÇÃO
Para Dolz, Norrevaz e Schunewly (2004) a sequência didática é uma excelente forma
de ensinar novos conteúdos aos alunos, visto que ela torna possível desenvolver atividades
com níveis de dificuldades diferentes, mas de uma maneira que os discentes desenvolvam o
PACHECO, L. H. A. | FIM, S. G. | VARGAS, L. H. G | PEREIRA, S. L. A.
2 METODOLOGIA
Propusemos atividades e analisamos o desempenho dos alunos, por intermédio do
professor supervisor (responsável pela aplicação da sequência didática em sala de aula),
Luís Henrique Gonçalves Vargas. Porém, houve uma adequação da proposta de ensino
idealizada para momentos exclusivamente presenciais para o modo como ela foi aplicada
de fato. Essas mudanças ocorreram devido à alternância entre aulas presenciais e remotas,
determinada pelo mapa de risco estadual durante a pandemia da Covid-19.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Concluímos, após a análise da devolutiva do professor responsável pelo projeto
PIBID na Escola Estadual de Ensino Fundamental Domingos Perim, que a sequência
SEQUÊNCIA DIDÁTICA: NARRAÇÃO, QUIZ ONLINE E PRODUÇÃO TEXTUAL
didática, mesmo não sendo completamente trabalhada da forma que foi pensada (para
o ensino presencial e com seis aulas), teve uma grande contribuição para a aprendizagem
dos discentes. É notável que a proposta desenvolvida pelo professor, mesmo diferente
da proposta inicial, incentivou os alunos a lerem obras literárias, a identificarem os tipos
de narradores em textos narrativos, a compreenderem melhor um texto narrativo e a
identificarem a importância de entender o significado das palavras para a compreensão do
texto, atendendo, desse modo, a algumas das habilidades e competências propostas na
BNCC para o ensino de Língua Portuguesa no Ensino Fundamental.
Sabemos que só apresentar fragmentos de textos literários não é a melhor forma de
propor a leitura dessas obras, porque é importante que incentivemos que os alunos as leiam
na íntegra. Mesmo assim, ressaltamos que o modo utilizado pelo professor foi brilhante,
uma vez que ele trouxe uma ilustração da cidade descrita no capítulo escolhido. Isso fez
com que o fragmento se destacasse, que ficasse mais interessante e que apresentasse sua
característica de “texto dentro do texto” (texto descritivo). (MARCUSCHI, 2008; DIANA, 2021).
Cabe mencionar ainda que, devido às circunstâncias educacionais causadas pela
pandemia, alguns passos da sequência didática não puderam ser postos em sala pelo
professor supervisor. Porém, o esforço do profissional responsável para, ainda assim,
propor parte do conteúdo produzido por nós foi encorajador. Além disso, possibilitou
que vislumbrássemos, por meio dos exercícios desenvolvidos por ele, o resultado da
proposição desse tipo de aula, quando o ensino retornar a ser completamente presencial.
AGRADECIMENTOS E CRÉDITOS
Agradecimentos especiais pelo apoio financeiro da Coordenação de Aperfeiçoamento
de Pessoal de Nível Superior (Capes), por meio do Programa Institucional de Bolsa de
Iniciação à Docência (Pibid) e pelo apoio do Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia do Espírito Santo – Campus Venda Nova do Imigrante.
Agradecemos também aos colaboradores do projeto Pibid- Venda Nova do Imigrante: 303
a coordenadora de área, Selma Lúcia de Assis Pereira, o professor supervisor, Luís Henrique
Gonçalves Dias e os demais responsáveis pela realização do projeto, que foram de suma
importância para a constituição de novos aprendizados, ao mediarem e promoverem o
ensino de uma forma magistral. Agradecemos ainda a todo o corpo docente do curso de
Letras do IFES, campus Venda Nova do Imigrante, que foi primordial para a constituição da
sequência didática e deste artigo, visto que foi por meio dos incentivos desses professores
e dos conteúdos que ministraram em sala, que tornaram possível a escrita dos trabalhos.
PACHECO, L. H. A. | FIM, S. G. | VARGAS, L. H. G | PEREIRA, S. L. A.
REFERÊNCIAS
ARAÚJO, Aleandra Ribeiro de; LEAL, Moyanne André de Amorim; SPADETO, Samara Côra.
Sequência Didática: Editorial e Artigo de Opinião. Trabalho de Conclusão de Disciplina em
Letras-Portuguesa. Espírito Santo: Instituto Federal do Espírito Santo, 2019.
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2018.
CALVINO, Italo. As cidades Invisíveis. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.
DIESEL, Aline; SPOHR, Marlene Isabel Bruxel; HILGEMANN, Clarisse Marlene. In: BUBLITZ,
Grasiela Kieling; FORNECK, Kári Lúcia; SPOHR, Marlene Isabela Bruxel (org.). O verbo no 7°
ano do ensino fundamental: abordagem morfossintática e discursiva, através do gênero
textual notícia. Linguagens: Múltiplos olhares. Rio Grande do sul: Univates, v. 2., 2015, p.
54-63. Disponível em: https://www.univates.br/editora-univates/media/publicacoes/147/
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DOLZ, Joaquim; NOVERRAZ, Michèle; SCHNEUWLY, Bernard. Sequências didáticas para
o oral e a escrita: apresentação de um procedimento. In: SCHNEUWLY, Bernard.; DOLZ,
Joaquim. e colaboradores. Gêneros orais e escritos na escola. [Tradução e organização
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FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. 25ª. Edição, São Paulo: Editora Paz e Terra, 1996.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 11ª. Ed. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra, 1987.
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https://revistas.pucsp.br/curriculum/article/view/39362. Acesso em: 25 jul. 2021.
GOMES, Fabiana da Silva; KALLARRARI, Celso. Gramática no Texto: análise das atividades
referentes às classes de palavra substantivo e adjetivo no manual didático do 2° ano do
ensino médio”. Niterói: Linguagem em (Re)vista, v.14, n 27/28, 2019.
KOCH, Ingedore Villaça; ELIAS, Vanda Maria. Ler e Escrever: estratégias de produção
textual. São Paulo: Contexto, 2009, p. 13-52.
LUCKESI, Cipriano Carlos. O Que é Mesmo o Ato de Avaliar a Aprendizagem?. Porto Alegre:
ARTMED, ano 3, n. 12, fev./abr. 2000.
304 MARCUSCHI, L. A.. Produção textual: análise de gêneros e compreensão. São Paulo:
Parábola Editorial, 2008.
VYGOTSKY, L. S. Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1989.
31 | APRENDIZAGEM E LETRAMENTO: RAP
NA SALA DE AULA
RESUMO
Este artigo tem por objetivo apresentar as contribuições do Rap para o ensino, por
meio de propostas diversificadas. Primeiramente, discorremos sobre o contexto histórico
desse estilo musical e, na sequência, apresentamos atividades desenvolvidas e aplicadas
de forma diferenciada aos alunos do 9º ano do ensino fundamental II, da Escola Estadual
de Ensino Fundamental Domingos Perim, no município de Venda Nova do Imigrante –
ES. Realizamos este trabalho por meio do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação
à Docência (PIBID), vinculado ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do
Espírito Santo, campus Venda Nova do Imigrante, subprojeto de licenciatura em Letras-
Português. A metodologia utilizada trata-se de uma sequência didática embasada em Dolz,
Noverraz e Schneuwly (2004), ministrada em quatro aulas pelo supervisor do projeto. Este
trabalho remete também à pedagogia de Paulo Freire (1987) e à competência e habilidade
pautadas na BNCC (2019), que visa os meios de aplicação de música na escola. Como
resultados alcançados, os alunos obtiveram a percepção de que o gênero textual música
pode ser aplicado não somente como método de distração, mas também estar vinculado
ao ensino-aprendizagem. Assim, de maneira geral, as atividades aplicadas produziram
efeito positivo nos discentes e alcançaram os objetivos propostos na sequência didática.
Palavras-chave: Letramentos. Sequência Didática. Gênero Textual. Rap.
1 INTRODUÇÃO
Em tempos de pandemia da Covid-19, a escolarização dos alunos passou por uma série
de dificuldades, uma vez que o índice de contágio do vírus aumentava dia após dia. Desse
modo, para evitar o aumento do número de casos, o governo decretou o fechamento dos
estabelecimentos e das escolas. Assim, alunos e professores que estavam aptos a participar
de aulas presenciais, com a quarentena sofreram uma mudança drástica em suas rotinas
escolares para se adaptarem ao novo cenário. Nesse contexto, Lamosa (2021) defende
BENTO, A. A. | SILVA,C. S. | VARGAS, L. H. G. | PEREIRA, S. L. A.
2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A metodologia utilizada para o desenvolvimento do trabalho foi a elaboração de
uma sequência didática que seria desenvolvida em seis aulas de cinquenta e cinco minutos,
distribuídas em três módulos, cada um, contendo duas atividades. Contudo, o último
módulo não pôde ser aplicado, visto que houve a necessidade de priorizar as oficinas
306
das Olimpíadas de Língua Portuguesa. Cabe mencionar que a aplicação da sequência foi
realizada parcialmente no formato de APNP (Atividades Pedagógicas Não Presenciais) e
parcialmente em sala de aula.
Dolz, Noverraz e Schneuwly ( 2004) postulam que “sequência didática trata-se de
um conjunto de atividades escolares organizadas, de maneira sistemática, em torno de um
gênero textual oral ou escrito” (DOLZ, NOVERRAZ, SCHNEUWLY, 2004, p.96). Ainda de
acordo com os pesquisadores, “as sequências didáticas servem, portanto, para dar acesso
aos alunos a práticas de linguagem novas ou dificilmente domináveis” (DOLZ; NOVERRAZ;
APRENDIZAGEM E LETRAMENTO: RAP NA SALA DE AULA
SCHEUWLY, 2004, p.3). Além disso, tem, precisamente, a finalidade de ajudar o aluno a
dominar melhor um gênero de texto, permitindo-lhe, assim, escrever ou falar de uma
maneira mais adequada numa dada situação de comunicação.
Para uma melhor compreensão dos métodos utilizados para o desenvolvimento e
aplicação da sequência didática que será exposta a seguir, destacamos que o projeto foi
aplicado aos alunos do nono ano do ensino fundamental II da escola Domingos Perim,
localizada no município de Venda Nova do Imigrante, sob mediação do professor Luís
Henrique Gonçalves Vargas. Os objetivos centrais da sequência didática são aperfeiçoar
os conhecimentos dos alunos acerca do gênero musical rap, estimulá-los na interpretação
de texto, no desenvolvimento do pensamento crítico e da escrita e na análise contextual.
Nessa perspectiva, Dolz, Noerraz e Scheuwly afirmam que,
Uma proposta como esta tem sentido quando se inscreve num ambiente
escolar no qual múltiplas ocasiões de escrita e de fala são oferecidas aos
alunos, sem que cada produção se transforme, necessariamente, num
objeto de ensino sistemático. Criar contextos de produção precisos,
efetuar atividades ou exercícios múltiplos e variados: é isto que permi-
tirá aos alunos apropriarem-se das noções, técnicas e instrumentos
necessários ao desenvolvimento de suas capacidades de expressão oral
e escrita, em situações de comunicação diversas (DOLZ; NOVERRAZ;
SCHEUWLY, 2004, p. 1-2).
3 PRÁTICAS DE ENSINO
Todas as atividades planejadas foram pensadas e desenvolvidas com cautela,
levando em consideração a realidade de cada um dos discentes, a fim de fazer com que
se identificassem com os assuntos abordados na sequência e se sentissem representados
pelas escritas ali encontradas. As atividades postas em práticas nada mais são do que
meios de avaliação. Pensar nesse processo requer primeiramente compreender os
conceitos que se referem a ele. Paulo Freire é um dos autores que se dedicou a pesquisar
sobre a avaliação que além de inclusiva, buscava evidenciar o bem de todos os discentes
levando também em consideração sua realidade social, traçando estratégias que poderiam
ser utilizadas para uma educação abrangente e de qualidade. O autor faz uma crítica à
educação bancária, na qual se tem o professor como detentor de todo o conhecimento e,
consequentemente, os discentes são vistos apenas como receptores. Assim, entende-se
que a defesa de Freire consiste na crítica à aplicação desse método visto como excludente.
Segundo Giovedi, Silva e Amaral (2018) para Paulo Freire, o ideal seria a construção de
conhecimento em conjunto com o aluno, para tanto, o professor, mediador da classe, deve
levar em consideração a realidade social de seus alunos, compreendendo suas possíveis
dificuldades e limitações. Assim, o professor deve construir conhecimento junto com o
aluno, tomando como ponto de partida elementos de sua realidade social e fazendo com
que o discente pense sobre isso. Cabe ao docente mediar com o discente o conhecimento
308
crítico acerca de sua realidade, compreendendo e naturalizando a troca de conhecimentos
entre o educador e o educando, rompendo com a educação bancária e a substituindo por
uma educação inclusiva e vigente a todos, método esse definido por Paulo Freire como
Pedagogia do Oprimido. A maior defesa do pesquisador é a educação como prática social
que necessariamente agrega valores. Dessa maneira, deve ser considerada um processo
de humanização nos quais os indivíduos desfrutam da liberdade, como condição dialógica
(GIOVEDI; SILVA; AMARAL, 2018). Para a efetivação de tais conceitos está o diálogo como
exigência primordial entre o educador e o educando.
APRENDIZAGEM E LETRAMENTO: RAP NA SALA DE AULA
No que se refere aos gêneros, fica evidente que “a comunicação verbal só é possível
por algum gênero textual” (MARCUSCHI, 2003, p.3), isso é o que o teórico e pesquisador
Marcuschi defende em seu texto “Gêneros textuais: Definição e funcionalidade”. Essa
definição é preservada por autores que tratam a língua em seus aspectos discursivos e
enunciativos. Vista também como forma de ação social e histórica que constitui a realidade.
Já Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004) desenvolveram métodos para a composição
de sequências didáticas. Segundo os pesquisadores “é possível se ensinar a escrever
textos e a exprimir-se oralmente em situações públicas escolares e extraescolares” (DOLZ,
NOVERRAZ, SCHNEUWLY, 2004, p.95).
Uma proposta como esta tem sentido quando se inscreve num ambiente
escolar no qual múltiplas ocasiões de escrita e de fala são oferecidas aos
alunos, sem que cada produção se transforme, necessariamente, num objeto
de ensino sistemático. (DOLZ; NOVERRAZ; SCHEUWLY, 2004, p. 95– 96).
Algumas das atividades propostas aos discentes foram formuladas pensando em dois
objetivos específicos, sendo eles: o desenvolvimento da escrita e a interpretação de texto.
Reproduzindo os autores citados acima, “é isto que permitirá aos alunos apropriarem-se
das noções, técnicas e instrumentos necessários ao desenvolvimento de suas capacidades
de expressão oral e escrita, em situações de comunicação diversas (DOLZ; NOVERRAZ;
SCHEUWLY, p. 95 – 96).
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
De modo geral, podemos afirmar que o trabalho aqui exposto atingiu todos os
objetivos desejados, tendo em vista que por meio da aplicação da sequência didática
percebemos que trabalhar com gêneros textuais distintos em sala de aula é de grande valia
para com os discentes. Assim, o que fica visível é que o trabalho realizado deve ser atrativo
ao público-alvo, daí a importância de desenvolver sequências que visam contribuir com os
educandos de modo positivo para sua realidade social e de forma inclusiva. Salientamos
também que trabalhar com módulos permite ao educador tematizar diversos conteúdos
interligando o conteúdo proposto ao trabalho desenvolvido.
Em decorrência do vírus Covid-19, a aplicação da sequência não ocorreu da maneira
desejada. Entretanto, os resultados alcançados foram satisfatórios para nós e, podemos
dizer que para os discentes também, visto que atingimos nossos objetivos. Desenvolver
a sequência nos proporcionou uma experiência que apesar de trabalhosa, nos trouxe 309
conhecimentos acerca do tema selecionado para ser trabalhado. Além disso, nos permitiu
entender o quão amplo é, e possivelmente irá contribuir para outros trabalhos em sala de
aula, como, por exemplo, o desenvolvimento de outras sequências didáticas ou projetos
relacionados a questões sociais.
Inicialmente escolhemos trabalhar com o gênero canção, dando ênfase ao rap, pois
além de ser algo próximo aos adolescentes, é muito rico em conteúdo se for analisado
corretamente. O rap é um estilo musical abrangente e faz críticas explícitas a diversas
BENTO, A. A. | SILVA,C. S. | VARGAS, L. H. G. | PEREIRA, S. L. A.
AGRADECIMENTOS E CRÉDITOS
Agradecimentos especiais pelo apoio financeiro da Coordenação de Aperfeiçoamento
de Pessoal de Nível Superior (Capes), por meio do Programa Institucional de Bolsa de
Iniciação à Docência (Pibid) e pelo apoio do Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia do Espírito Santo – campus Venda Nova do Imigrante.
Além disso, agradecemos às escolas vinculadas durante o projeto: Escola Municipal
de Ensino Fundamental Atílio Pizzol e Escola Estadual de Ensino Fundamental Domingos
Perim, ao nosso supervisor Luís Henrique Gonçalves Vargas e à nossa coordenadora
de área Selma Lúcia de Assis Pereira por todo o enriquecimento pessoal e acadêmico
proporcionado e pela força durante essa caminhada.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, MEC/CONSED/
UNDIME, 2017.
DOLZ, J.; NOVERRAZ, M.; SCHNEUWLY, B. Sequências didáticas para o oral e a escrita:
apresentação de um procedimento. In: DOLZ, J.; SCHNEUWLY, B. e colaboradores. Gêneros
310
orais e escritos na escola. Trad. e org. de R. R. e G. S. C. Campinas, SP: Mercado das Letras, 2004.
Em papo na laje, Projota fala sobre seu passado antes do sucesso [S. l.: s. n.], 2018. 1 vídeo
(7 min). Publicado pelo canal Programa da Sabrina. Disponível em: https://www.youtube.
com/watch?v=FP14i56wIk0&ab_channel=ProgramadaSabrina. Acesso em 02 abr 2021.
GIOVEDI, Valter Martinsi; SILVA, Itamar Mendes da; AMARAL, Débora Monteiro do. A
didática que emerge da Pedagogia do Oprimido. E-curriculum, São Paulo, v. 16, n. 4, p.
1110-1141, out./dez. 2018.
APRENDIZAGEM E LETRAMENTO: RAP NA SALA DE AULA
KOCH, Ingedore Villaça; ELIAS, Vanda Maria. Ler e escrever: estratégias de produção
textual. São Paulo: Contexto, 2017.
LAMOSA, Rodrigo. O trabalho docente no período de pandemia: ataques, lutas e
resistências. In: MAGALHÃES, Jonas et al. (org.). Trabalho docente sob fogo cruzado. Rio
de Janeiro: UERJ, LPP, 2021, p. 104-117. E-book.
MARCUSCHI, Luiz Antonio. Gêneros textuais: definição e funcionalidade. In: DIONISIO,
Ângela P.; MACHADO, Anna R.; BEZERRA, Maria Auxiliadora (org.). Gêneros textuais &
ensino. Rio de Janeiro: Lucerna, 2003, p. 19-36.
Rashid - Gratidão (clipe oficial) [S. l.: s. n.], 2017. 1 vídeo (5 min). Publicado pelo canal Revista
Vaidape. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=uAFdpW05xVw&t=1s&ab_
channel=RashidOficial. Acesso em: 02 abr 2021.
Rashid - O que é o Rap? [S. l.: s. n.], 2017. 1 vídeo (6 min). Publicado pelo canal Revista
Vaidape. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=oR80oItZ75Y&ab_channel=
RevistaVaidape. Acesso em: 02 abr 2021.
311
32 | PRÁTICAS DE LETRAMENTOS A PARTIR
DE POEMA-CANÇÃO
RESUMO
O presente artigo visa analisar a compreensão dos alunos em relação ao tema
imigração, sob as concepções dos termos diáspora e refugiados, por meio da aplicação de
atividades de produção e interpretação textuais envolvendo gêneros, como reportagem,
notícias e letra de música. A proposta é destinada aos alunos dos 6º, 7º e 9º anos da Escola
Estadual de Ensino Fundamental Domingos Perim, no município de Venda Nova do Imigrante
– ES, realizado por meio do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid),
vinculado ao IFES campus Venda Nova do Imigrante, subprojeto de licenciatura em Letras-
Português. A metodologia aplicada trata-se de uma sequência didática a partir dos estudos
de Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004), com atividades mediadas pelas competências e
habilidades da BNCC, pela Matriz de Referência de Língua Portuguesa do SAEB e de autores
como Topel (2015) e Rosinski et al. (2021). Devido ao cenário pandêmico e a volta às aulas
presenciais no formato flexível, a proposta sofreu algumas alterações e adaptações. De
acordo com o supervisor, foi possível constatar que a maioria dos discentes, à princípio,
manifestou um desinteresse pela temática, porque não possuíam conhecimento sobre ela.
No entanto, com as discussões, as pesquisas e as leituras, observou-se um efeito positivo,
de modo que os educandos ficaram atentos em relação à gravidade dos problemas
decorrentes dos fluxos migratórios. Por fim, destaca-se que, como resultado, o principal
objetivo de reflexão foi alcançado, despertando novas perspectivas para a questão
da imigração, que ainda está presente e é realidade em diversas regiões do mundo.
Palavras-chave: Imigração. Diáspora. Letramento. Língua Portuguesa.
1 INTRODUÇÃO
O Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID), financiado pela
CAPES, promove aos alunos universitários oportunidades de conhecer perspectivas e
temáticas de iniciação à docência através de experiências nas escolas envolvidas, sendo
PEREIRA, F. | THOMAZELLI, V. M. | VARGAS, L. H. G. | PEREIRA, S. M. A.
2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
314
As atividades do projeto sobre a imigração foram planejadas para seis aulas de
cinquenta minutos, com a finalidade de desenvolver o conhecimento dos alunos acerca da
temática. Além disso, visamos alertá-los sobre a situação atual de refugiados pelo mundo,
por meio de diversos gêneros textuais, como música, notícia, poesia, carta e entrevista.
Cabe mencionar ainda que, devido à pandemia e à inserção do ensino remoto, o supervisor
Luís Henrique Gonçalves Vargas fez algumas modificações e adaptações nos exercícios.
Os principais objetivos da proposta envolviam a identificação das perspectivas sobre
a imigração, por meio dos termos diáspora e refugiados, trabalhados a partir de gêneros
PRÁTICAS DE LETRAMENTOS A PARTIR DE POEMA-CANÇÃO
Recursos
Aulas expositivas;
Slides;
Vídeos do Youtube (para contextualização das aulas);
Imagens;
Notebook.
Avaliação
Análise das atividades de interpretação de texto de forma individual;
Análise das atividades de produção textual de acordo com os critérios
pré-estabelecidos;
Observação da participação dos alunos nos debates e discussões.
Fonte: Elaborado pelas autoras
As atividades de produção de texto tinham por finalidade aproximar os alunos da
realidade dos refugiados. Para tanto, incentivamos a pesquisa e sugerimos que eles se
colocassem como protagonistas, que viveram histórias de imigração como aquelas vistas
e discutidas em sala de aula. No entanto, essas atividades não puderam ser aplicadas pelo
supervisor devido ao ensino remoto.