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O que é o dom da fé?

Certo dia, Pedro, fortemente impulsionado pelo Espírito Santo, se pôs a dizer:
“Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo”(cf. Mt 16, 16). Jesus, que o escutava,
respondeu: “Feliz és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne nem o
sangue quem e revelou isso, mas meu pai que está no céu”.(Mt 16, 17).A fé é
um dom do Espírito Santo, é graça de Deus, é algo sobrenatural que Ele faz
brotar dentro de nós. Sem a Graça para ajudá-lo, sem o Espírito Santo a
socorrê-lo interiormente, o ser humano não consegue mudar o próprio coração,
muito menos convertê-lo a Deus, não consegue tampouco se despertar
espiritualmente para ver o que é certo e confiar na verdade. Em outras
palavras, não pode se prover de fé. A fé é um dom de Deus, um carisma do
Espírito Santo. (p.16-17. Marcio Mendes. Fé e Milagres.2011. Canção Nova).

“A fé é algo que compromete a pessoa até seu último fio de cabelo.”(p.21.


Dons de fé e milagres. Marcio Mendes. Canção Nova. 2011).

“Do mesmo modo que a fé é dom de Deus, ela é também a resposta que lhe
damos por ter se compadecido de nós e vindo em nosso socorro. (p.22. Dons
de fé e milagres. Marcio Mendes. Canção Nova. 2011).

“Quando a fé é verdadeira, ela nos faz viver de maneira coerente aquilo em


que acreditamos. Ela transforma nosso modo de proceder a tal ponto que nos
tornamos capazes de assumir compromissos novos e difíceis por amor a Deus
e ao nosso próximo. Se aquilo a que chamamos fé não nos leva a tomar uma
atitude, é porque não é fé. De que aproveitará a alguém dizer que crê se isso
não o leva a agir? Acaso essa fé poderá salvá-lo?(cf. Tg 2, 14). A fé que não
apresenta sinais e não se torna evidente é como uma árvore de plástico: basta
chegar perto para ver que é falsa...Do mesmo modo que um corpo sem alma é
morto, a fé sem obras também é morta. (p.29-30. Dons de fé e milagres. Marcio
Mendes. Canção Nova. 2011).

Uma fé que não passa de uma idéia, crendice ou sentimento é como uma flor
sem perfume. Para fazer o papel que lhe cabe, ela deve contagiar as pessoas
e transformar as ocasiões. O segredo dos primeiros cristãos e a fonte da sua
força é que, depois de terem experimentado o poder do Espírito Santo, tinham
tanta confiança que estavam dispostos a arriscar a vida para fazer a vontade
de Deus. Quando a fé é verdadeira, leva a pessoa ao compromisso. (p.52.
Dons de fé e milagres. Marcio Mendes. Canção Nova. 2011).

“Engana-se quem pensa que a fé não é necessária para se conseguir o que há


de mais grandioso, sobretudo, a salvação. O Espírito Santo inspirou a Sagrada
Escritura de maneira que ficasse muito claro que, para ser salvo, é preciso crer.
“Porque é gratuitamente que fostes salvos mediante a fé. Isto não provém de
vossos méritos, mas é puro dom de Deus”(Ef 2, 8). “Se, pois, com tua boca
confessares que Jesus é o Senhor, e se em teu coração, creres que Deus o
ressuscitou dos mortos serás salvo(Rm 10, 9).  “Crê no Senhor Jesus e serás
salvo, tu e tua família”(At 16, 31) “Jesus disse: Vê! A tua fé te salvou”(Lc 18,
42). Portanto, quando se trata de uma pessoa adulta e esclarecida, a fé é uma
condição para se entrar na vida eterna; ela é o único meio para obtermos o
socorro espiritual que nos preservará da perdição. É preciso entender que não
se trata de ter ou não sucesso no que se faz. Sem a ajuda de Deus, nem
sequer conseguimos começar a fazer o bem, porque antes de fazer algo
precisamos primeiro acreditar nele. Não nos enganemos: a força divina que
move a pessoa de bem é a fé. (p.57-58. Dons de fé e milagres. Marcio Mendes.
Canção Nova. 2011).

Fé, neste caso, é acreditar, confiar e depender somente de Deus e de nada


mais; é , independentemente dos perigos e tribulações que se tenha que
enfrentar, esperar de Jesus a salvação com aquela segurança que nasce da
certeza de que Deus não volta atrás em suas garantias: “Se creres, verás a
glória de Deus”, disse Jesus á Marta e à Maria pouco antes de ressuscitar o
seu irmão. (cf. Jo 11, 40)...O ser humano não pode, por si mesmo, se
abastecer de fé. Ele não chega a crer sem que Deus o ajude. Só quem recorre
ao Senhor obterá essa graça. Este dom inestimável que o Pai Misericordioso
concede aos homens, podemos perdê-lo. (p.60. Dons de fé e milagres. Marcio
Mendes. Canção Nova. 2011).

Portanto, sem a ajuda de Deus não podemos ter fé. Mas esta ajuda é
concedida por Deus unicamente aos que rezam. Sendo assim, a oração é
indispensável para se obter, manter e crescer na fé; “Eu creio, mas ajuda-me
na minha falta de fé”(Mc 9, 24)...Marcio Mendes citando Santo Agostinho nos
ensina: “Deus concede algumas graças como o começo da fé, mesmo aos que
não pedem; outras, como a perseverança, reservou para os que pedem”.(p.61.
Dons de fé e milagres. Marcio Mendes. Canção Nova. 2011).

“O Senhor quis que o homem e a mulher necessitassem um do outro para


gerar um filho, quis também que os milagres nascessem do encontro entre a
sua bondade e a fé do homem. A fé, como já o dissemos, é um carisma. E o
carismático vive da fé.” (p.71. Dons de fé e milagres. Marcio Mendes. Canção
Nova. 2011).

“Quando um homem caminha revestido de fé, o mal não o atinge, com a fé,
muito mais do que com todas as outras virtudes, está bem protegido contra o
demônio, que é o mais forte e astuto inimigo. Contudo, não pode se defender
quem não tem por escudo a fé. Por essa razão, Jesus alerta que quem não crê
já está perdido porque recusou o socorro enviado da parte de Deus(cf.jo 3, 18).
São Mateus ensina algo parecido quando afirma que a falta de confiança fez
com que Jesus operasse poucos milagres entre a sua gente(cf. Mt 13, 58). E o
mesmo quer enfatizar São Lucas ao salientar que, quando Pedro foi
reivindicado por Satanás, dentre todas as coisas que Jesus poderia pedir ao
Pai por ele, nenhuma foi mais importante do que uma ‘fé que não desfaleça’(cf.
Lc 22, 32). É pela fé que se distingue o cristão. Nela está o princípio de tudo.
Ela é o começo da vida eterna: “Enquanto desde já contemplamos as bênçãos
da fé, como um reflexo no espelho, é como se já possuíssemos as coisas
maravilhosas, que um dia desfrutaremos, conforme nos garante a nossa fé”(S.
Basílio).(p.73. Dons de fé e milagres. Marcio Mendes. Canção Nova. 2011).

“Sem fé, o homem não quer correr riscos, de forma que faz sempre as mesmas
coisas a que está acostumado, torna-se escravo da rotina e aborrece a própria
vida. Vive para repetir o passado e não consegue dar um rumo que valha a
pena para o seu futuro. E por não saber dar um sentido para a sua vida, perde
o gosto por ela, e vive triste no presente. A vida alegre, transbordante de
entusiasmo, que todos queremos, chama-se fé. (p.74. Dons de fé e milagres.
Marcio Mendes. Canção Nova. 2011).

“Apenas quando nos arriscamos é que descobrimos. Somente quando


tentamos ir mais longe e ultrapassar os nossos limites é que ficamos sabendo
até onde somos capazes de chegar e aceitamos as nossas limitações. Quem
não quer tentar o que parece estar além do seu alcance morre sem saber se
teria conseguido caso tivesse tentado ou se esforçado um pouco mais. Jesus
afirma que “para Deus tudo é possível”(mc 10, 27) e esse mesmo Jesus
assegura que “tudo é possível para quem crê”(Mc 9, 23). Mas quem acredita
nisso a respeito de si próprio? Paulo só conseguiu fazer o que fez porque
ousou acreditar: “tudo posso naquele que me dá força”(Fl 4, 13). As pessoas
sempre conseguem fazer unicamente aquilo que acreditam que são capazes
de fazer. Ás vezes realizamos coisas que nunca havíamos imaginado, pela
simples razão de que alguém acreditou e investiu em nós. (p.75-76. Dons de fé
e milagres. Marcio Mendes. Canção Nova. 2011).

“Em verdade, em verdade, vos digo: quem crê em mim fará as obras que eu
faço, e fará ainda maiores do que estas. Pois eu vou para o Pai. E o que
pedires em meu nome, eu o farei, a fim de que o Pai seja glorificado no Filho.
Se pedirdes algo em meu nome, eu o farei”(Jô 14, 12-14). Não é justo imaginar
que, com suas promessas, Deus nos faça acreditar em fantasias. Tudo
podemos por meio da força do alto(cf. Fl 4, 13). Tudo é possível para quem
crê(cf. Mc 9, 23). Desde que coloque em prática aquilo em que acredita(cf. Jo
13, 17). Valendo-se de sua palavra, o Senhor nos exorta a fazer as coisas
fáceis com as habilidades que nos dá e a fazer as coisas difíceis, muitas vezes
consideradas impossíveis, com o poder do Espírito Santo que se manifesta
mediante a fé. Nas coisas simples, Deus nos orienta o que fazer. Nas coisas
difíceis, Ele nos orienta o que pedir. Pois a fé nos faz conseguir pela oração o
que não alcançamos pelos meios comuns. (p.82-83. Dons de fé e milagres.
Marcio Mendes. Canção Nova. 2011).

Nosso único escudo para apagar as flechas ardentes do maligno é a fé(cf. Ef 6,


16). Santo Agostinho reconheceu que ninguém pode ser casto, no corpo e no
coração, se não for dom de Deus. (p.85.Dons de fé e milagres. Marcio Mendes.
Canção Nova. 2011).

FÉ CARISMÁTICA

“Em um de seus ensinamentos, São Cirilo de Jerusalém explicava: ‘A fé é uma


só, mas se manifesta de uma forma dupla. Existe uma fé que diz respeito aos
dogmas e é o conhecimento e o consentimento da inteligência às verdade
reveladas. Mas há outro tipo de fé, que é dom de Cristo. Como está escrito: ‘A
um é concedida pelo Espírito a linguagem da sabedoria; a outro, por meio do
mesmo Espírito a linguagem da ciência; a um a fé, por meio do mesmo
Espírito; a outro  o dom de fazer curas’(cf. I Cor 12, 8-9). Esta fé, concedida
pelo Espírito como um dom, não se refere apenas aos dogmas, mas é também
causa de prodígios que superam todas as forças humanas. Quem tem essa fé
poderá dizer a este monte; ‘Sai daqui para lá, e ele se deslocará’(cf. MT 17,
20)’. O carisma da fé é um dom sobrenatural do Espírito Santo que se
manifesta em situações especiais para levar a cumprimento alguma obra de
Deus. De forma que o próprio Senhor, em alguma circunstância específica, faz
com que determinada pessoa aja com o seu poder e da maneira que Ele quer.
Ele a reveste de uma força sobrenatural que a capacita com a certeza de que
Deus manifestará sei poder e seu amor por meio de um sinal extraordinário.
Nessa hora, a pessoa, cheia de fé, percebe com uma clareza incontestável que
Deus quer realizar o milagre por meio dela. É crer no que ainda não vê, mas o
prêmio por isso é ver aquilo que acreditou acontecer. Sabemos que os dons se
manifestam, sobretudo, para patentear aos irmãos o amor misericordioso de
Deus. Alguém poderia perguntar: como a fé que está em nós poderá ajudar a
socorrer alguém? Como podemos, por este carisma, amparar a fraqueza do
irmão? Aqui está o importante: agindo como aquilo que somos, despenseiros,
distribuidores, ministros das diversas graças de Deus, tudo fazendo com um
poder divino, e não somente humano(cf. I Pd 4, 10-11). Não apenas nos
limitando a visitar o necessitado e repetir palavras vazias, inúteis, que não
mudam nada; palavras essas que, muitas vezes, desanimam ainda mais
aquele que está sofrendo: Paciência! A vida é assim mesmo. O melhor a fazer
é esquecer”. Devemos, ao contrário, animados por este espírito de fé, levar
conosco a força da ressurreição que se manifesta quando a palavra que
portamos é de Deus.  Somente o Espírito Santo fornece as energias capazes
de arrebentar as prisões espirituais e devolver a vida a quem caiu no vazio.
(p.96-98. Dons de fé e milagres. Marcio Mendes. Canção Nova. 2011).

“A fé é o fundamento da esperança, é uma certeza a respeito do que não se


vê. 2. Foi ela que fez a glória dos nossos, antepassados. 3. Pela fé
reconhecemos que o mundo foi formado pela palavra de Deus e que as coisas
visíveis se originaram do invisível. 4. Pela fé Abel ofereceu a Deus um sacrifício
bem superior ao de Caim, e mereceu ser chamado justo, porque Deus aceitou
as suas ofertas. Graças a ela é que, apesar de sua morte, ele ainda fala. 5.
Pela fé Henoc foi arrebatado, sem ter conhecido a morte: e não foi achado,
porquanto Deus o arrebatou; mas a Escritura diz que, antes de ser arrebatado,
ele tinha agradado a Deus (Gn 5,24). 6. Ora, sem fé é impossível agradar a
Deus, pois para se achegar a ele é necessário que se creia primeiro que ele
existe e que recompensa os que o procuram. 7. Pela fé na palavra de Deus,
Noé foi avisado a respeito de acontecimentos imprevisíveis; cheio de santo
temor, construiu a arca para salvar a sua família. Pela fé ele condenou o
mundo e se tornou o herdeiro da justificação mediante a fé. 8. Foi pela fé que
Abraão, obedecendo ao apelo divino, partiu para uma terra que devia receber
em herança. E partiu não sabendo para onde ia. 9. Foi pela fé que ele habitou
na terra prometida, como em terra estrangeira, habitando aí em tendas com
Isaac e Jacó, co-herdeiros da mesma promessa. 10. Porque tinha a esperança
fixa na cidade assentada sobre os fundamentos (eternos), cujo arquiteto e
construtor é Deus. 11. Foi pela fé que a própria Sara cobrou o vigor de
conceber, apesar de sua idade avançada, porque acreditou na fidelidade
daquele que lhe havia prometido. 12. Assim, de um só homem quase morto
nasceu uma posteridade tão numerosa como as estrelas do céu e inumerável
como os grãos de areia da praia do mar. 13. Foi na fé que todos (nossos pais)
morreram. Embora sem atingir o que lhes tinha sido prometido, viram-no e o
saudaram de longe, confessando que eram só estrangeiros e peregrinos sobre
a terra (Gn 23,4). 14. Dizendo isto, declaravam que buscavam uma pátria. 15.
E se se referissem àquela donde saíram, ocasião teriam de tornar a ela... 16.
Mas não. Eles aspiravam a uma pátria melhor, isto é, à celestial. Por isso, Deus
não se dedigna de ser chamado o seu Deus; de fato, ele lhes preparou uma
cidade. 17. Foi pela sua fé que Abraão, submetido à prova, ofereceu Isaac, seu
único filho, 18. depois de ter recebido a promessa e ouvido as palavras: Uma
posteridade com o teu nome te será dada em Isaac (Gn 21,12). 19. Estava
ciente de que Deus é poderoso até para ressuscitar alguém dentre os mortos.
Assim, ele conseguiu que seu filho lhe fosse devolvido. E isso é um
ensinamento para nós! 20. Foi inspirado pela fé que Isaac deu a Jacó e a Esaú
uma bênção em vista de acontecimentos futuros. 21. Foi pela fé que Jacó,
estando para morrer, abençoou cada um dos filhos de José e venerou a
extremidade do seu bastão. 22. Foi pela fé que José, quando estava para
morrer, fez menção da partida dos filhos de Israel e dispôs a respeito dos seus
despojos. 23. Foi pela fé que os pais de Moisés, vendo nele uma criança
encantadora, o esconderam durante três meses e não temeram o edito real.
24. Foi pela fé que Moisés, uma vez crescido, renunciou a ser tido como filho
da filha do faraó, 25. preferindo participar da sorte infeliz do povo de Deus, a
fruir dos prazeres culpáveis e passageiros. 26. Com os olhos fixos na
recompensa, considerava os ultrajes por amor de Cristo como um bem mais
precioso que todos os tesouros dos egípcios. 27. Foi pela fé que deixou o
Egito, não temendo a cólera do rei, com tanta segurança como estivesse vendo
o invisível. 28. Foi pela fé que mandou celebrar a Páscoa e aspergir (os
portais) com sangue, para que o anjo exterminador dos primogênitos poupasse
os dos filhos de Israel. 29. Foi pela fé que os fez atravessar o mar Vermelho,
como por terreno seco, ao passo que os egípcios que se atreveram a persegui-
los foram afogados. 30. Foi pela fé que desabaram as muralhas de Jericó,
depois de rodeadas por sete dias. 31. Foi pela fé que Raab, a meretriz, não
pereceu com aqueles que resistiram, por ter dado asilo aos espias. 32. Que
mais direi? Faltar-me-á o tempo, se falar de Gedeão, Barac, Sansão, Jefté,
Davi, Samuel e dos profetas. 33. Graças à sua fé conquistaram reinos,
praticaram a justiça, viram se realizar as promessas. Taparam bocas de leões,
34. extinguiram a violência do fogo, escaparam ao fio de espada, triunfaram de
enfermidades, foram corajosos na guerra e puseram em debandada exércitos
estrangeiros. 35. Devolveram vivos às suas mães os filhos mortos. Alguns
foram torturados, por recusarem ser libertados, movidos pela esperança de
uma ressurreição mais gloriosa. 36. Outros sofreram escárnio e açoites,
cadeias e prisões. 37. Foram apedrejados, massacrados, serrados ao meio,
mortos a fio de espada. Andaram errantes, vestidos de pele de ovelha e de
cabra, necessitados de tudo, perseguidos e maltratados,38. homens de que o
mundo não era digno! Refugiaram-se nas solidões das montanhas, nas
cavernas e em antros subterrâneos. 39. E, no entanto, todos estes mártires da
fé não conheceram a realização das promessas! 40. Porque Deus, que tinha
para nós uma sorte melhor, não quis que eles chegassem sem nós à perfeição
(da felicidade).”(Hebreus 11, 1-40).

Neste domingo, o evangelista Marcos apresenta-nos a narração de duas curas


milagrosas que Jesus realiza a favor de duas mulheres: a filha de um dos
chefes da Sinagoga, chamado Jairo, e uma mulher que sofria de hemorragia
(cf. Mc 5, 21-43). São dois episódios nos quais estão presentes dois níveis de
leitura; um puramente físico: Jesus inclina-se sobre o sofrimento humano e
cura o corpo; e outro espiritual: Jesus veio para curar o coração do homem,
para dar a salvação e pede a fé n’Ele. De facto, no primeiro episódio, ouvindo a
notícia de que a filha de Jairo morreu, Jesus diz ao chefe da Sinagoga: «Não
tenhas receio; crê somente» (v. 36), leva-o consigo onde estava a menina e
exclama: «Menina, Eu te digo, levanta-te!» (v. 41). E ela levantou-se e
começou a caminhar. São Jerónimo comenta estas palavras, ressaltando o
poder salvífico de Jesus: «Menina, levanta-te para mim: o facto de te teres
curado não depende da tua virtude» (Homilias sobre o Evangelho de Marcos,
3). O segundo episódio, o da mulher atingida por uma hemorragia, ressalta de
novo como Jesus tenha vindo para libertar o ser humano na sua totalidade. De
facto, o milagre realiza-se em duas fases: primeiro dá-se a cura física, mas ela
está estreitamente ligada à cura mais profunda, que confere a graça de Deus a
quem a Ele se abre com fé. Jesus diz à mulher: «Minha filha, a tua fé te salvou.
Vai em paz e fica sarada do teu mal!» (Mc 5, 34).
Estas duas narrações de cura são para nós um convite a superar uma visão
puramente horizontal e materialista da vida. A Deus nós pedimos muitas curas
de problemas, de necessidades concretas, e é justo, mas o que devemos pedir
com insistência é uma fé cada vez mais firme, para que o Senhor renove a
nossa vida, e uma confiança firme no seu amor, na sua providência que não
nos abandona.
Jesus que presta atenção ao sofrimento humano faz-nos pensar também em
quantos ajudam os doentes, em especial os médicos, os agentes da saúde e
aqueles que garantem a assistência religiosa nas casas de cura. Eles são
«reservas de amor», que dão serenidade e esperança aos sofredores. Na
encíclica Deus caritas est escrevi que, neste serviço precioso, é necessário
antes de tudo a competência profissional — ela é a primeira necessidade
fundamental — mas sozinha não é suficiente. Com efeito, trata-se de seres
humanos, que precisam de humanidade e da atenção do coração. «Por isso,
para tais agentes além da preparação profissional, requer-se também, e
sobretudo, a formação do coração: é preciso levá-los àquele encontro com
Deus em Cristo que neles suscite o amor e abra o seu íntimo ao outro» (n. 31).
Peçamos à Virgem Maria que acompanhe o nosso caminho de fé e o nosso
compromisso de amor concreto especialmente para com quantos se encontram
em necessidade, e invoquemos a sua intercessão materna para os nossos
irmãos que vivem o sofrimento no corpo e no espírito.
PAPA BENTO XVI
ANGELUS
Praça de São Pedro
Domingo, 1º de Julho de 2012
http://www.vatican.va/holy_father/benedict_xvi/angelus/2012/documents/
hf_ben-xvi_ang_20120701_po.html

Catecismo da Igreja Católica:

142. Pela sua revelação, «Deus invisível, na riqueza do seu amor, fala aos
homens como amigos e convive com eles, para os convidar e admitir à
comunhão com Ele» (1). A resposta adequada a este convite é a fé.
143. Pela fé, o homem submete completamente a Deus a inteligência e a
vontade; com todo o seu ser, o homem dá assentimento a Deus revelador (2).
A Sagrada Escritura chama «obediência da fé» a esta resposta do homem a
Deus revelador (3).
I. A «obediência da fé»
144. Obedecer (ob-audire) na fé é submeter-se livremente à palavra escutada,
por a sua verdade ser garantida por Deus, que é a própria verdade. Desta
obediência, o modelo que a Sagrada Escritura nos propõe é Abraão. A sua
realização mais perfeita é a da Virgem Maria.
ABRAÃO – «O PAI DE TODOS OS CRENTES»
145. A Epístola aos Hebreus, no grande elogio que faz da fé dos
antepassados, insiste particularmente na fé de Abraão: «Pela fé, Abraão
obedeceu ao chamamento de Deus, e partiu para uma terra que viria a receber
como herança: partiu, sem saber para onde ia» (Heb 11, 8) (4). Pela fé, viveu
como estrangeiro e peregrino na terra prometida (5). Pela fé, Sara recebeu a
graça de conceber o filho da promessa. Pela fé, finalmente, Abraão ofereceu
em sacrifício o seu filho único (6).
146. Abraão realiza assim a definição da fé dada pela Epístola aos Hebreus:
«A fé constitui a garantia dos bens que se esperam, e a prova de que existem
as coisas que não se vêem» (Heb 11, 1). «Abraão acreditou em Deus, e isto
foi-lhe atribuído como justiça» (Rm 4, 3) (7). «Fortalecido» por esta fé (Rm 4,
20), Abraão tornou-se «o pai de todos os crentes» (Rm 4, 11. 18) (8).
147. O Antigo Testamento é rico em testemunhos desta fé. A Epístola aos
Hebreus faz o elogio da fé exemplar dos antigos, «que lhes valeu um bom
testemunho» (Heb 11, 2. 39). No entanto, para nós, «Deus previra destino
melhor»: a graça de crer no seu Filho Jesus, «guia da nossa fé, que Ele leva à
perfeição» (Heb 11, 40; 12, 2).
MARIA – «FELIZ AQUELA QUE ACREDITOU»
148. A Virgem Maria realiza, do modo mais perfeito, a «obediência da fé». Na
fé, Maria acolheu o anúncio e a promessa trazidos pelo anjo Gabriel,
acreditando que «a Deus nada é impossível» (Lc 1, 37) (9) e dando o seu
assentimento: «Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra»
(Lc 1, 38). Isabel saudou-a: «Feliz aquela que acreditou no cumprimento de
quanto lhe foi dito da parte do Senhor» (Lc 1, 45). É em virtude desta fé que
todas as gerações a hão-de proclamar bem-aventurada (10).
149. Durante toda a sua vida e até à última provação (11), quando Jesus, seu
filho, morreu na cruz, a sua fé jamais vacilou. Maria nunca deixou de crer «no
cumprimento» da Palavra de Deus. Por isso, a Igreja venera em Maria a mais
pura realização da fé.
II. «Eu sei em quem pus a minha fé» (2 Tm 1, 12)
CRER SÓ EM DEUS
150. Antes de mais, a fé é uma adesão pessoal do homem a Deus. Ao mesmo
tempo, e inseparavelmente, é o assentimento livre a toda a verdade revelada
por Deus. Enquanto adesão pessoal a Deus e assentimento à verdade por Ele
revelada, a fé cristã difere da fé numa pessoa humana. É justo e bom confiar
totalmente em Deus e crer absolutamente no que Ele diz. Seria vão e falso ter
semelhante fé numa criatura (12).
CRER EM JESUS CRISTO, FILHO DE DEUS
151. Para o cristão, crer em Deus é crer inseparavelmente n'Aquele que Deus
enviou – «no seu Filho muito amado» em quem Ele pôs todas as suas
complacências (13): Deus mandou-nos que O escutássemos (14). O próprio
Senhor disse aos seus discípulos: «Acreditais em Deus, acreditai também em
Mim» (Jo 14, 1). Podemos crer em Jesus Cristo, porque Ele próprio é Deus, o
Verbo feito carne: «A Deus, nunca ninguém O viu. O Filho Unigénito, que está
no seio do Pai, é que O deu a conhecer» (Jo 1, 18). Porque «viu o Pai» (Jo 6,
46), Ele é o único que O conhece e O pode revelar (15).
CRER NO ESPÍRITO SANTO
152. Não é possível acreditar em Jesus Cristo sem ter parte no seu Espírito. É
o Espírito Santo que revela aos homens quem é Jesus. Porque «ninguém é
capaz de dizer: "Jesus é Senhor", a não ser pela acção do Espírito Santo» (1
Cor 12, 3). «O Espírito penetra todas as coisas, até o que há de mais profundo
em Deus [...]. Ninguém conhece o que há em Deus senão o Espírito de Deus»
(1 Cor 2, 10-11). Só Deus conhece inteiramente Deus. Nós cremos no Espírito
Santo, porque Ele é Deus.
A Igreja não cessa de confessar a sua fé num só Deus, Pai, Filho e Espírito
Santo.
III. As características da fé
A FÉ É UMA GRAÇA
153. Quando Pedro confessa que Jesus é o Cristo, o Filho do Deus vivo, Jesus
declara-lhe que esta revelação não lhe veio «da carne nem do sangue, mas do
seu Pai que está nos Céus» (Mt 16, 17) (16). A fé é um dom de Deus, uma
virtude sobrenatural infundida por Ele. «Para prestar esta adesão da fé, são
necessários a prévia e concomitante ajuda da graça divina e os interiores
auxílios do Espírito Santo, o qual move e converte o coração para Deus, abre
os olhos do entendimento, e dá "a todos a suavidade em aceitar e crer a
verdade"» (17).
A FÉ É UM ACTO HUMANO
154. O acto de fé só é possível pela graça e pelos auxílios interiores do Espírito
Santo. Mas não é menos verdade que crer é um acto autenticamente humano.
Não é contrário nem à liberdade nem à inteligência do homem confiar em Deus
e aderir às verdades por Ele reveladas. Mesmo nas relações humanas, não é
contrário à nossa própria dignidade acreditar no que outras pessoas nos dizem
acerca de si próprias e das suas intenções, e confiar nas suas promessas
(como, por exemplo, quando um homem e uma mulher se casam), para assim
entrarem em mútua comunhão. Por isso, é ainda menos contrário à nossa
dignidade «prestar, pela fé, submissão plena da nossa inteligência e da nossa
vontade a Deus revelador» (18) e entrar assim em comunhão intima com Ele.
155. Na fé, a inteligência e a vontade humanas cooperam com a graça divina:
«Credere est actas intellectus assentientis veritati divinae ex imperio voluntatis,
a Deo motae per gratiam» — «Crer é o acto da inteligência que presta o seu
assentimento à verdade divina, por determinação da vontade, movida pela
graça de Deus» (19).
A FÉ E A INTELIGÊNCIA
156. O motivo de crer não é o facto de as verdades reveladas aparecerem
como verdadeiras e inteligíveis à luz da nossa razão natural. Nós cremos «por
causa da autoridade do próprio Deus revelador, que não pode enganar-se nem
enganar-nos» (20). «Contudo, para que a homenagem da nossa fé fosse
conforme à razão, Deus quis que os auxílios interiores do Espírito Santo
fossem acompanhados de provas exteriores da sua Revelação» (21). Assim,
os milagres de Cristo e dos santos (22), as profecias, a propagação e a
santidade da Igreja, a sua fecundidade e estabilidade «são sinais certos da
Revelação, adaptados à inteligência de todos» (23), «motivos de
credibilidade», mostrando que o assentimento da fé não é, «de modo algum,
um movimento cego do espírito» (24).
157. A fé é certa, mais certa que qualquer conhecimento humano, porque se
funda na própria Palavra de Deus, que não pode mentir. Sem dúvida, as
verdades reveladas podem parecer obscuras à razão e à experiência humanas;
mas «a certeza dada pela luz divina é maior do que a dada pela luz da razão
natural» (25). «Dez mil dificuldades não fazem uma só dúvida» (26).
158. «A fé procura compreender» (27): é inerente à fé o desejo do crente de
conhecer melhor Aquele em quem acreditou, e de compreender melhor o que
Ele revelou; um conhecimento mais profundo exigirá, por sua vez, uma fé maior
e cada vez mais abrasada em amor. A graça da fé abre «os olhos do coração»
(Ef 1, 18) para uma inteligência viva dos conteúdos da Revelação, isto é, do
conjunto do desígnio de Deus e dos mistérios da fé, da íntima conexão que os
Liga entre si e com Cristo, centro do mistério revelado. Ora, para «que a
compreensão da Revelação seja cada vez mais profunda, o mesmo Espírito
Santo aperfeiçoa sem cessar a fé, mediante os seus dons» (28). Assim,
conforme o dito de Santo Agostinho, «eu creio para compreender e
compreendo para crer melhor» (29).
159. Fé e ciência. «Muito embora a fé esteja acima da razão, nunca pode haver
verdadeiro desacordo entre ambas: o mesmo Deus, que revela os mistérios e
comunica a fé, também acendeu no espírito humano a luz da razão. E Deus
não pode negar-Se a Si próprio, nem a verdade pode jamais contradizer a
verdade» (30). «É por isso que a busca metódica, em todos os domínios do
saber, se for conduzida de modo verdadeiramente científico e segundo as
normas da moral, jamais estará em oposição à fé: as realidades profanas e as
da fé encontram a sua origem num só e mesmo Deus. Mais ainda: aquele que
se esforça, com perseverança e humildade, por penetrar no segredo das
coisas, é como que conduzido pela mão de Deus, que sustenta todos os seres
e faz que eles sejam o que são, mesmo que não tenha consciência disso» (31).
A LIBERDADE DA FÉ
160. Para ser humana, «a resposta da fé, dada pelo homem a Deus, deve ser
voluntária. Por conseguinte, ninguém deve ser constrangido a abraçara fé
contra vontade. Efectivamente, o acto de fé é voluntário por sua própria
natureza» (32). «E certo que Deus chama o homem a servi-Lo em espírito e
verdade; mas, se é verdade que este apelo obriga o homem em consciência,
isso não quer dizer que o constranja [...]. Isto foi evidente, no mais alto grau,
em Jesus Cristo» (33). De facto, Cristo convidou à fé e à conversão, mas de
modo nenhum constrangeu alguém. «Deu testemunho da verdade, mas não a
impôs pela força aos seus contraditores. O seu Reino [...] dilata-se graças ao
amor, pelo qual, levantado na cruz, Cristo atrai a Si todos os homens (34)».
A NECESSIDADE DA FÉ
161. Para obter a salvação é necessário acreditar em Jesus Cristo e n'Aquele
que O enviou para nos salvar (35). «Porque "sem a fé não é possível agradar a
Deus" (Heb 11, 6) e chegar a partilhar a condição de filhos seus; ninguém
jamais pode justificar-se sem ela e ninguém que não "persevere nela até ao
fim" (Mt 10, 22; 24, 13) poderá alcançar a vida eterna» (36).
A PERSEVERANÇA NA FÉ
162. A fé á um dom gratuito de Deus ao homem. Mas nós podemos perder este
dom inestimável. Paulo adverte Timóteo a respeito dessa possibilidade:
«Combate o bom combate, guardando a fé e a boa consciência; por se
afastarem desse princípio é que muitos naufragaram na fé» (1 Tm 1, 18-19).
Para viver, crescer e perseverar até ao fim na fé, temos de a alimentar com a
Palavra de Deus; temos de pedir ao Senhor que no-la aumente (37); ela deve
«agir pela caridade» (Gl 5, 6) (38), ser sustentada pela esperança (39) e
permanecer enraizada na fé da Igreja.
A FÉ – VIDA ETERNA INICIADA
163. A fé faz que saboreemos, como que de antemão, a alegria e a luz da
visão beatifica, termo da nossa caminhada nesta Terra. Então veremos Deus
«face a face» (1 Cor 13, 12), «tal como Ele é» (1 Jo 3, 2). A fé, portanto, é já o
princípio da vida eterna:
«Enquanto, desde já, contemplamos os benefícios da fé, como reflexo num
espelho, é como se possuíssemos já as maravilhas que a nossa fé nos garante
havermos de gozar um dia» (40).
164. Por enquanto porém, «caminhamos pela fé e não vemos claramente» (2
Cor 5, 7), e conhecemos Deus «como num espelho, de maneira confusa, [...]
imperfeita» (1 Cor, 13, 12). Luminosa por parte d'Aquele em quem ela crê, a fé
é muitas vezes vivida na obscuridade, e pode ser posta à prova. O mundo em
que vivemos parece muitas vezes bem afastado daquilo que a ,fé nos diz: as
experiências do mal e do sofrimento, das injustiças e da morte parecem
contradizer a Boa-Nova, podem abalar a fé e tornarem-se, em relação a ela,
uma tentação.
165. É então que nos devemos voltar para as testemunhas da fé: Abraão, que
acreditou, «esperando contra toda a esperança» (Rm 4, 18); a Virgem Maria
que, na «peregrinação da fé» (41), foi até à «noite da fé» (42), comungando no
sofrimento do seu Filho e na noite do seu sepulcro (43); e tantas outras
testemunhas da fé: «envoltos em tamanha nuvem de testemunhas, devemos
desembaraçar-nos de todo o fardo e do pecado que nos cerca, e correr com
constância o risco que nos é proposto, fixando os olhos no guia da nossa fé, o
qual a leva à perfeição» (Heb 12, 1-2).
ARTIGO 2
NÓS CREMOS
166. A fé é um acto pessoal, uma resposta livre do homem à proposta de Deus
que Se revela. Mas não é um acto isolado. Ninguém pode acreditar sozinho, tal
como ninguém pode viver só. Ninguém se deu a fé a si mesmo, como ninguém
a si mesmo se deu a vida. Foi de outrem que o crente recebeu a fé; a outrem a
deve transmitir. O nosso amor a Jesus e aos homens impele-nos a falar aos
outros da nossa fé. Cada crente é, assim, um elo na grande cadeia dos
crentes. Não posso crer sem ser amparado pela fé dos outros, e pela minha fé
contribuo também para amparar os outros na fé.
167. «Eu creio» (44): é a fé da Igreja, professada pessoalmente por cada
crente, principalmente por ocasião do Baptismo. «Nós cremos» (45): é a fé da
Igreja, confessada pelos bispos reunidos em Concílio ou, de modo mais geral,
pela assembleia litúrgica dos crentes. «Eu creio»: é também a Igreja, nossa
Mãe, que responde a Deus pela sua fé e nos ensina a dizer: «Eu creio», «Nós
cremos».
I. «Olhai, Senhor, para a fé da vossa Igreja»
168. É, antes de mais, a Igreja que crê, e que assim suporta, nutre e sustenta a
minha fé. É primeiro a Igreja que, por toda a parte, confessa o Senhor («Te per
orbem terrarum sancta confitetur Ecclesia» – «A Santa Igreja anuncia por toda
a terra a glória do vosso nome» – como cantamos no «Te Deum»). Com ela e
nela, também nós somos atraídos e levados a confessar: «Eu creio», «Nós
cremos». É da Igreja que recebemos a fé e a vida nova em Cristo, pelo
Baptismo. No Ritual Romano, o ministro do Baptismo pergunta ao catecúmeno:
«Que vens pedir à Igreja de Deus?» E ele responde: – «A fé». – «Para que te
serve a fé?» – «Para alcançar a vida eterna» (46).
169. A salvação vem só de Deus. Mas porque é através da Igreja que
recebemos a vida da fé, a Igreja é nossa Mãe. «Cremos que a Igreja é como
que a mãe do nosso novo nascimento, mas não cremos na Igreja como se ela
fosse a autora da nossa salvação»(47). É porque é nossa Mãe, é também a
educadora da nossa fé.
II. A linguagem da fé
170. Não acreditamos em fórmulas, mas sim nas realidades que as fórmulas
exprimem e que a fé nos permite «tocar». «O ato [de fé] do crente não se
detém no enunciado, mas na realidade [enunciada]» (48). No entanto, é
através das fórmulas da fé que nos aproximamos dessas realidades. As
fórmulas permitem-nos exprimir e transmitir a fé, celebrá-la em comunidade,
assimilá-la e dela viver cada vez mais.
171. A Igreja, que é «coluna e apoio da verdade» (1 Tm 3, 15), guarda
fielmente a fé transmitida aos santos de uma vez por todas (49). É ela que
guarda a memória das palavras de Cristo. É ela que transmite, de geração em
geração, a confissão de fé dos Apóstolos. Tal como uma mãe ensina os seus
filhos a falar e, dessa forma, a compreender e a comunicar, a Igreja, nossa
Mãe, ensina-nos a linguagem da fé, para nos introduzir na inteligência e na
vida da fé.
III. Uma só fé
172. Desde há séculos, através de tantas línguas, culturas, povos e nações, a
Igreja não cessa de confessar a sua fé única, recebida de um só Senhor,
transmitida por um só Baptismo, enraizada na convicção de que todos os
homens têm apenas um só Deus e Pai (50). Santo Ireneu de Lião, testemunha
desta fé, declara:
173. «A Igreja, embora dispersa por todo o mundo até aos confins da Terra,
tendo recebido dos Apóstolos e dos seus discípulos a fé, [...] guarda [esta
pregação e esta fé] com tanto cuidado como se habitasse numa só casa; nela
crê de modo idêntico, como tendo um só coração e uma só alma; prega-a e
ensina-a e transmite-a com voz unânime, como se tivesse uma só boca» (51).
174. «Através do mundo, as línguas diferem: mas o conteúdo da Tradição é um
só e o mesmo. Nem as Igrejas estabelecidas na Germania têm outra fé ou
outra tradição, nem as que se estabeleceram entre os Iberos ou entre os
Celtas, as do Oriente, do Egipto ou da Líbia, nem as que se fundaram no
centro do mundo» (52). «A mensagem da Igreja é verídica e sólida, porque
nela aparece um só e o mesmo caminho de salvação, em todo o mundo» (53).
175. Esta fé, «que recebemos da Igreja, guardamo-la nós cuidadosamente,
porque sem cessar, sob a acção do Espírito de Deus, tal como um depósito de
grande valor encerrado num vaso excelente, ela rejuvenesce e faz
rejuvenescer o próprio vaso que a contém» (54).

“A outro é dado pelo Espírito, a fé(1 Cor 12, 9).  Esta é a vitória que vence o
mundo; a nossa fé.(1 Jo 5, 5).

O Dom da Fé ou o Dom da Fé Carismática é o fundamento de todos os outros


Dons Carismáticos. É o dom de mover a poderosa mão de Deus em nosso
favor de alguém, naquelas realidades que nos parecem impossíveis de
solução. Para pedir uma Cura ou Milagre, para receber uma palavra de
Sabedoria ou Ciência, é preciso ter uma Fé Carismática. O dom da Fé
Carismática é a certeza de que a destra do Senhor nos protege realiza
milagres em nosso favor, cura-nos enquanto doentes,  e guia a todos nós na
grande procissão da vida rumo à eternidade. Fé Carismática é crer que Deus
tudo pode, tudo vê e tudo sabe...Para aqueles que têm uma Fé Carismática,
nada é impossível. Há quem se sinta muito fraco na caminhada da fé. Quanto
mais você crer no amor e no poder, na ternura e na misericórdia de Deus, mas
verá a ação de Deus no seu cotidiano, no ordinário do seu dia-a-dia, mas
também nos seus impossíveis. Peçamos diariamente, a Deus, para que Ele
fortaleça a nossa fé.

A diferença entre o Dom da Fé Carismática e a virtude Teologal da Fé

O Dom da Fé Carismática é o poder de Deus agindo em nós, levando-nos a


uma confiança absoluta na manifestação de Deus. Um poder sobrenatural,
capaz de realizar obras extraordinárias, em nome de Jesus. Já a fé teologal, é
a virtude de crer nas verdades que nos foram reveladas. Através da Fé
Teologal, cremos em todas as verdades que estão contidas na oração do
Credo. E com a Fé Carismática. Somos capazes de crer na realização do
impossível, como andar sobre as águas, levantar paralíticos, curar cegos,
ressuscitar mortos...Em suma, a Fé Carismática e a Fé teologal caminham
sempre juntas!(p.77-79. Os dons carismáticos do Espírito Santo. Missão Sede
Santos editora2011).

“Se apenas os santos podem entrar no céu, então, como faremos nós? A essa
pergunta a fé responde: Pode-se entrar no céu, tomando posse e levando os
créditos de tudo o que Jesus fez. Pois, não podendo apresentar a nossa justiça
diante de Deus, porque somos falhos e injustos, então apresentamos, como
nossa, a Justiça de nosso Senhor Jesus Cristo. Não podendo apresentar a
própria castidade, a própria pureza, porque pecamos contra ela e somos
impuros, apoderamo-nos da castidade de Jesus e a apresentamos, como se a
nós mesmos tivéssemos vivido durante toda a nossa existência. Mas isso só é
possível porque era exatamente o que Jesus queria quando morreu por nós.
Cheio de misericórdia, Ele conquistou tudo isso para que nós pudéssemos
tomar posse e apresentar como se fosse obra nossa, apesar de ser d’Ele.(p.97-
98. Vencendo aflições alcançando milagres. Marcio Mendes. 34ª. Ed. 2005).

A nossa fé se desenvolve por estágios...a)Estágio 1:Só conseguimos crer se


Deus nos der um sinal ou um sentimento(Neste estágio a fé é verdadeira, mas
é imperfeita.)b)Estágio 2: Confiamos em Deus sem sinal ou sentimento que nos
ampare.(Neste estágio a fé já é mais madura). Estágio 3: Conseguimos crer
apesar das circunstâncias, dos sentimentos, das aparências, das pessoas e da
própria razão indicarem o contrário. (Esta é uma fé madura e muito agradável a
Deus). P.104. Vencendo aflições alcançando milagres. Marcio Mendes. 34ª.
Ed. 2005).

Só a fé pode unir seu coração ao de Deus. É por isso que ela é a primeira e
fundamental conversão. Não há pessoa mais agradável ao céu do que aquela
que, quando faz uma obra boa, dá graças a Deus e, quando age mal, assume
a responsabilidade. P.108. Vencendo aflições alcançando milagres. Marcio
Mendes. 34ª. Ed. 2005).

“São Bernardo diz que os que comentem a maledicência e os que a escutam


têm o demônio no corpo: aqueles, na língua, e estes, no ouvido. Peço-te
encarecidamente que nunca fales mal de ninguém nem direta nem
indiretamente. Guarda-te conscientemente de imputar falsos crimes ao
próximo, de descobrir os ocultos, de aumentar os desconhecidos, de interpretar
mal as boas obras, de negar o bem que sabes que alguém possui na verdade
ou de atenuá-lo por tuas palavras; tudo isso ofende muito a Deus. Não  incidas
nesta falta que, além de ser uma ofensa a Deus, poderia causar mil gêneros de
desgostos. Ouvindo falar mal do próximo, procura pôr logo em dúvida o que se
diz, se o podes fazer justamente. Ao menos desculpa a sua intenção ou, se
isso mesmo não for possível, manifesta a tua compaixão. Muda de assunto,
lembrando-te a ti mesmo e ás outras pessoas que quem não comete muitas
faltas só o deve à graça divina. Procura por algum modo delicado, que o
maldizente reconsidere e , se sabes dize francamente algum bem da pessoa
ofendida”.(p.117. Vencendo aflições alcançando milagres. Marcio Mendes. 34ª.
Ed. 2005).

 Palavras da Bíblia:

Em virtude da fé em seu nome foi que esse mesmo nome consolidou este
homem, que vedes e conheceis. Foi a fé em Jesus que lhe deu essa cura
perfeita, à vista de todos vós. (Atos dos Apóstolos 3,16)

sabemos, contudo, que ninguém se justifica pela prática da lei, mas somente
pela fé em Jesus Cristo. Também nós cremos em Jesus Cristo, e tiramos assim
a nossa justificação da fé em Cristo, e não pela prática da lei. Pois, pela prática
da lei, nenhum homem será justificado. (Gálatas 2,16)
mas a Escritura encerrou tudo sob o império do pecado, para que a promessa
mediante a fé em Jesus Cristo fosse dada aos que crêem. (Gálatas 3,22)

porque todos sois filhos de Deus pela fé em Jesus Cristo. (Gálatas 3,26)


  
porque temos ouvido falar da vossa fé em Jesus Cristo e da vossa caridade
com os irmãos, (Colossenses 1,4)
  
E desde a infância conheces as Sagradas Escrituras e sabes que elas têm o
condão de te proporcionar a sabedoria que conduz à salvação, pela fé em
Jesus Cristo. (II Timóteo 3,15)
  
Eis o momento para apelar para a paciência dos santos, dos fiéis, aos
mandamentos de Deus e à fé em Jesus. (Apocalipse 14,12)

Jesus respondeu-lhes: Por causa de vossa falta de fé. Em verdade vos digo: se
tiverdes fé, como um grão de mostarda, direis a esta montanha: Transporta-te
daqui para lá, e ela irá; e nada vos será impossível. Quanto a esta espécie de
demônio, só se pode expulsar à força de oração e de jejum. (São Mateus
17,20)

Disse o Senhor: Se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a esta


amoreira: Arranca-te e transplanta-te no mar, e ela vos obedecerá. (São Lucas
17,6)

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