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ILUSTRÍSSIMA AUTORIDADE DE TRÂNSITO DO MUNICÍPIO DE NAVEGANTES-SC

NOME DA PESSOA, brasileiro, casado, inscrita no CPF sob


o nº xxxxxxxxxxxxxxx, residente e domiciliado a Rua xxxxxxxxxxx,
vem, mui respeitosamente à presença de Vossa Autoridade, com base
na Lei 9.503 de 23/09/1997, art. 17, inciso I, interpor
tempestivamente a presente:

DEFESA DA AUTUAÇÃO AO AUTO DE INFRAÇÃO

Notificação n.º xxxxxxx, Auto nº xxxxxxxxx, que indica infração


ao Art. 181, inciso VIII do Código de Trânsito Brasileiro
“Estacionar sobre ciclovia ou ciclofaixa”.

DOS FATOS

Na data de xxxxxxx, às xxxxx, a requerente foi autuado na


Avenida xxxxxxxxxxxx por estacionar sobre ciclovia ou ciclofaixa.
DO DIREITO

I) PRELIMINAR - DOS VÍCIOS DE FORMA

A) Vício documental

Primeiramente, entende a recorrente o total descabimento da


referida multa, vez que a AUTUAÇÃO não veio acompanhada do
devido documento probante que comprove a suposta infração,
fazendo com que a notificação mereça total cancelamento uma vez
que foi emitida sem qualquer comprovação, o que deixa pairar
dúvidas a respeito de sua aferição e consequente ocorrência da
infração apontada, fato este que contraria frontalmente o
disposto no artigo 280, § 2º do CTB (regulamentado pela
Resolução nº 23/98 do CONTRAN).
Logo conclui-se que a cobrança pelo Poder Público de multas
provenientes de aparelhos eletrônicos (radares, semáforos,
lombadas eletrônicas, etc.) sobre infrações cometidas por
motoristas condutores de veículos automotores, terá como
condições indispensáveis para a exigência do tributo que a
notificação seja acompanhada de: foto do veículo infrator ou
laudo de aferição do equipamento.
De mais a mais, a prevalecer a versão dos fatos descritos
no referido Auto de Infração, verificar-se-á outra ilegalidade
ainda mais grave, na medida em que neste caso concreto, houve
total inversão do ônus da prova, demonstrada pela ofensa ao
princípio constitucional da presunção de inocência (artigo 5º,
inciso LVII da CF/88), ou seja, além de não ter havido Agente
para determinar que o veículo parasse e identificasse o
condutor, bem como, por inexistir prova da infração (o que de
fato não ocorreu), o recorrente tem que lançar mão do presente
recurso para provar sua inocência.
Assim, merece total cancelamento a multa precitada, uma vez
que foi emitida sob o manto do equívoco, já que o órgão/agente
atuador, inadvertidamente, deixou de observar alguns
procedimentos que lhe obrigam o ofício e preceitos legais que
regulam a matéria.
Não merece, portanto, prosperar o presente auto de
infração, eis que restou descumprido um quesito primordial e
elementar para sua validade.
Notadamente pelo fato de que a autuação não veio
acompanhada do devido documento probante, que lhe dê sustentação
fática, ou seja, não há nenhum elemento apto que venha a
caracterizar a conduta transgressora, fato este que contraria
frontalmente o disposto no artigo 280, §
2º do CTB (regulamentado pela Resolução nº 23/98 do CONTRAN).

B) Falta de abordagem ou sua respectiva justificativa.

É oportuno destacar que a finalidade da abordagem do


condutor do veículo é a de cientificá-lo da infração cometida,
bem como sensibilizá-lo a refletir sobre a infração de trânsito
praticada.
Pois bem. Os questionamentos que surgem a respeito do tema
são dissipados pelo próprio Código de Trânsito. Prescreve o art.
280, § 3º, do Código de Trânsito, que:

“Art. 280. Ocorrendo infração prevista na legislação de trânsito, lavrar-se-


á auto de infração, do qual constará:

§ 3º Não sendo possível a autuação em flagrante, o agente de trânsito


relatará o fato à autoridade no próprio auto de infração, informando os
dados a respeito do veículo, além dos constantes nos incisos I, II e III,
para o procedimento previsto no artigo seguinte.”

Do texto legal exposto, tem-se que a lavratura de auto de


infração poderá se dar sem a abordagem do condutor do veículo.
Entretanto, a prática de tal ato por agentes de trânsito,
conforme digressões do próprio normativo, não deve ser a regra,
mas sim a exceção. Somente em casos tais, quais sejam, onde
ressoa impossível a autuação em flagrante (no momento do
cometimento da infração ou logo após cometê-la - flagrante
próprio), o agente autuador deve lavrar o auto de infração sem a
abordagem do condutor, relatando os fatos à autoridade máxima de
trânsito.
Ainda quanto à necessidade de, sempre que possível, realizar
a abordagem do infrator para lavratura da autuação foi o
Parecer/Cetran/SC nº 138/11:

Abordar o infrator para preenchimento do auto de infração é uma regra


elementar, importante não só para identificar e cientificar o acusado
acerca da imputação que lhe coube, mas também para inibir a
continuidade delitiva e sensibilizar o transgressor quanto a nocividade e
ilicitude da conduta praticada. A autuação sem abordagem é exceção, e
como tal deve se restringir aos casos em que a autuação em flagrante
realmente não seja possível, hipótese em que o agente deverá relatar
este fato à autoridade de trânsito no mesmo expediente utilizado para a
autuação, como manda o §3º do art. 280 do CTB.

A falta de abordagem sem justificativa, relato ao órgão de


trânsito caracteriza vício insanável, ensejando na anulação e
arquivamento da respectiva autuação.
Portanto, verificada existência de vícios de forma
insanáveis, posto que ferem disposições constitucionais e
infraconstitucionais elementares, não há outra solução, senão a
declaração de nulidade de pleno direito do referido auto de
infração com seu consequente arquivamento, tendo seu registro
julgado insubsistente nos termos do art. 281, parágrafo único,
inciso I da Lei 9503/97 (CTB).

II) MÉRITO

A) Inexistência do cometimento de infração

Informa o Recorrente perante este Douto Órgão Julgador que,


na forma pela qual se encontra a suposta infração de trânsito
pelo agente autuador merece ser anulada.
Com respeito à alegada infração, a mesma não procede, posto
que de fato o veículo ora autuado não estava estacionado sobre
faixa de pedes. Ressalte-se, contudo, que não há prova
irrefutável da presumida transgressão à norma de trânsito,
tampouco não resta claro que houve descumprimento de qualquer
norma, inquestionável a nulidade da autuação.
Consoante tais fundamentos, permissa vênia, a presente
autuação não poderá ser mantida, já que a ora autuada, não
desrespeitou qualquer norma do Código de Trânsito Brasileiro.
Como Vossa Senhoria bem o sabe, para a configuração de uma
infração são requisitos básicos a materialidade e autoria,
conforme preceitua a mais balizada doutrina vigente. Ausentes
tais condições o ato é nulo de pleno direito não surtindo
quaisquer efeitos jurídicos.
Caso não se leve em consideração a verdade dos fatos que
ora se expõe, estar-se-á perpetrando uma enorme injustiça, vez
que se estará punindo a um inocente (a recorrente).
Ora, restou evidente que o auto fora emitido sem
embasamento, e portanto, tem-se que o mesmo é nulo de pleno
direito, pois há completa ausência de materialidade a dar
suporte à suposta infração.

B) Atipicidade da conduta

O veículo não estava estacionado no local e hora


determinados na infração, apenas PARADO por alguns instantes. O
Auto de Infração foi preenchido por erro de interpretação do
agente fiscalizador que deve ter entendido que o veículo estava
estacionado, mas que na verdade não estava.
No momento em que o veículo ficou parado em poucos
instantes, vale destacar que o Condutor e o passageiro estavam
dentro do veículo.
É alarmante e abusiva a conduta do autuador pois se o
veículo realmente estivesse parado ele deveria ter abordado e
identificado o condutor. Assim não o fez por dois motivos: ou
autuou de maneira contrária a lei por câmera de vigilância ou
pela impossibilidade de identificação por este estar ausente ou
ter se evadido do local.
Ademais, compreende-se também que não havia nenhuma
sinalização aduzindo que seria proibido PARAR, bem como ser
proibido ESTACIONAR, como há de se ver em determinadas
localizações a sinalização correta pela cidade.
É importante completar que o Requerente sempre tentou ao
máximo seguir as normas de trânsito, dessa forma, não merece
prosperar um fato no qual o mesmo sabe que não infringiu nenhuma
norma.
Pelo exposto, houve uma má interpretação do Agente
fiscalizador por não compreender a diferença estabelecida pelo
código de trânsito brasileiro entre as condutas de ESTACIONAR E
PARAR.

C) Conclusão

Destarte, permissa vênia, a presente autuação não poderá


ser mantida. Diante do exposto, requer que Vossa Senhoria,
tomando conhecimento das razões ora expendidas, principalmente
dos vícios insanáveis que o Auto Infração apresenta,
PRELIMINARMENTE determine seu arquivamento, julgando
insubsistente o seu registro, nos termos do artigo 281, § único,
inciso I, do CTB.
Quanto ao MÉRITO não lhe deve restar outra sorte, pelo que
postula pelo provimento do presente recurso cancelando-se a
imposição da multa pecuniária e os demais efeitos dela
decorrentes.
Contando com o alto discernimento jurídico e o elevado
senso de justiça que certamente norteiam as decisões de Vossa
Senhoria.

DO PEDIDO
1) o DEFERIMENTO do presente recurso, tornando o auto de
infração irregular, levando ao cancelamento da multa e o seu
arquivamento, sendo o seu registro julgado insubsistente,
conforme art. 281, parágrafo único, inciso II do CTB;

2) a extinção da pontuação que a infração gerou;

3) o benefício do efeito suspensivo no caso do recurso não ter


sido julgado em até 30 dias da data de seu protocolo na
conformidade do artigo 285 § 3º do CTB;

4) caso o recurso não seja julgado dentro do prazo de sessenta


dias, o cancelamento da penalidade aplicada, não gerando nenhum
efeito e seus registros devidamente arquivados, de acordo com
o § 4º do art. 285 do CTB;

5) Por fim, que a decisão seja fundamentada para fins de


prequestionamento constitucional, a fim de que, também, possa
garantir o amplo direito de defesa assegurado pela Constituição
Federal.

6) A recorrente protesta poder provar o alegado pela produção de


provas, especialmente documental, depoimento das partes e
testemunhas, com ampla produção de prova, inclusive, requisição
e exibição de documentos, e tudo mais que seja necessário à fiel
comprovação dos fatos aqui narrados.

7) Que seja o requerente notificado da decisão da Autoridade.

Certo de vossa compreensão, pede e espera deferimento.

CIDADE, SC xx de xxxxxxxx de 20xx


________________________________
(nome e assinatura)

ROL DE ANEXOS

1) Cópia da CNH do Condutor;


2) Cópia do auto de infração;
3) Cópia CRLV veículo autuado.

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