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3º ano/1º semestre

Caderno do Estudante
Uma parceria entre a
SEEDUC/RJ e o Instituto
Ayrton Senna

Projeto de Vida
Um pé na escola, outro no mundo do trabalho: ações e
reflexões em um período de transição.

Introdução p. 2

Ficha 1 p. 3

Ficha 2 p. 5

Ficha 3 p. 9
Sumário

Ficha 4 p. 14

Ficha 5 p. 17

Ficha 6 p. 18

Ficha 7 p. 20

Ficha 8 p. 27

Ficha 9 p. 29

Caderno do Estudante Projeto de Vida – 3ºano/1º bimestre 1


Introdução
Caro jovem,

Este Caderno do Estudante é um instrumento fundamental para a sua participação nos


encontros de Projeto de Vida do 1º semestre do 3º ano. Nele estão dispostas fichas de
atividades quem complementam a mediação do professor orientador. Elas apresentam
textos de referências, orientações para as atividades e sugerem dicas e estratégias
para você fortalecer a sua formação como estudante protagonista. Para utilizá-lo, siga
sempre as indicações do professor ao longo do semestre.

Uma das competências socioemocionais mais importantes para o século 21 é a


responsabilidade, ou seja, a capacidade de agir de forma organizada e eficiente. Para
os encontros de Projeto de Vida ser responsável é fundamental, a começar pela
importância de gerir bem seus materiais para participar ativamente da aula. Por isso,
tenha sempre com você este Caderno, para estar a postos sempre que o orientador
solicitá-lo.

Bom trabalho!

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Projeto de Vida
Ficha 1

Colhendo rastros

Ao longo da vida deixamos rastros por toda parte. Uma caminhada na areia da praia e
lá estão nossas pegadas, únicas, que logo se vão com as ondas do mar. Transitamos
pela cidade, somos vistos por muita gente. Vimos tantas outras. Navegamos pelas
redes sociais, compartilhamos pensamentos, curtimos postagens dos amigos. Mas o
que guardamos das experiências que vivenciamos a cada dia? Como fazer para que
nossos sentimentos, ideias, conhecimentos, sonhos permaneçam em nossa memória?

Imagem: Cynthia Sanches


Perguntinhas difíceis essas! Afinal, com o tempo,
acabamos nos esquecendo de muitas coisas
mesmo. Por isso, as pessoas criam maneiras de
registrar aquilo que é importante para elas. Na
escola, fazemos diversos tipos de registro –
entre eles, anotações dos conteúdos das aulas e
resumos de textos. Essas estratégias facilitam a
incorporação de conhecimentos. Nas atividades
de Projeto de Vida, também será essencial
adotar uma estratégia eficiente e prazerosa de
registrar as descobertas, os rastros e as marcas
das experiências vivenciadas. Por quê? Para
que cada um de vocês possa acompanhar o
próprio desenvolvimento, ter evidências dos
conhecimentos aprendidos, das experiências
vividas, dos desafios que enfrentaram e das
conquistas que certamente vão alcançar.

Como vai ser isso?

Vocês vão, em duplas, customizar um caderno, transformando-o no Álbum de


Cartografia Pessoal. Mas, antes de pensar na customização do Álbum, parem por um
minuto e tentem responder: o que é “cartografia” mesmo? Lembraram? Esse termo
vem do grego (chartis = mapa e graphein = escrita) e, segundo a Wikipedia, remete
à “ciência que trata da concepção, produção, difusão, utilização e estudo dos mapas”.
Isso quer dizer que ao longo desse ano, em Projeto de Vida, vocês investigarão seus
territórios pessoais, compondo mapas de pensamentos, emoções, sonhos etc.
utilizando palavras e imagens nesse registro.

Como cada um é uma pessoa única em seu modo de pensar, sentir e de ser, cada
Álbum deverá ter uma “cara”. Para tanto, vocês devem customizar a capa de seus
cadernos que serão transformados nesse instrumento de registro, pensando que eles
acompanharão vocês durante o ano. Para se alimentarem de ideias e possibilidades,

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conheçam alguns livros de artista, que são cadernos nos quais os artistas registram,
com imagens, palavras, frases, textos etc., ideias, emoções e pensamentos para
transformar tudo isso em arte. Uma pesquisa na internet pode ser legal para conhecer
alguns livros de artista. Vejam abaixo links para sites interessantes que tratam de
livros de artistas e inspirem-se!

Imagem: livro de artista de Constança Lucas


Pesquisem!

bit.ly/livrosdeartista

bit.ly/livrosdeartista2

bit.ly/livrosdeartista3

O desafio, então, é o de transformar os cadernos comuns que vocês têm em mãos em


álbuns que tenham a ver com vocês. Para começar, cada um faz a sua capa, de modo
que ela tenha a ver com vocês. Cores, formas, palavras, desenhos, fotografias...
Sejam criativos!

Vocês estão trabalhando em duplas e podem e devem colaborar um com o outro


durante este trabalho, dando ideias e palpites. Lembrem-se de que é necessário
cuidar:

 da capa e da contracapa: a capa tem que ter a cara do dono! Utilizem


materiais diversos para criar o design da capa – uma boa dica pode ser cobrir
a capa que já existe com um papel colorido ou com retalhos de pano, fazendo
uma base para a criação que vem por cima. Usem e abusem de papéis
coloridos, imagens de revista, fotografias, desenhos, barbante, botões, linhas
etc. Escolham cuidadosamente as cores, inventem formas, frases, equilibrem
os materiais no espaço. A contracapa pode seguir a mesma linha de design
da capa ou ter estilo próprio;
 do miolo: o miolo do Álbum precisa atender às necessidades de registro.
Vocês podem criar seções, tais como “O que tenho feito”, “Aprendi” ou “Ideias
inesquecíveis”.

Pronto! O Álbum da Cartografia Pessoal está criado e vocês já têm o que precisam
para guardar aquilo que de mais significativo acontecer nas atividades de Projeto de
Vida!

Cuidem bem de seus Álbuns!

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Projeto de Vida
Ficha 2

O MUNDO OU O MERCADO LÁ FORA

Quem já ouviu dizer...

Na universidade é
O mercado hoje O mercado
fácil, mas, depois que O mercado de
está super exige
você se forma e vai trabalho exige
competitivo, experiência e
para o mercado de profissionais
principalmente conhecimento!
trabalho, as coisas dinâmicos!
complicam! para os jovens!

Quem é que nunca ouviu frases como essas da boca do pai e da mãe, de parentes,
amigos e professores? E o que dizer das chamadas dos telejornais e das capas de
revistas que prometem apresentar os segredos e desafios para ingressar e se manter
no mercado de trabalho?

É sobre tudo isso e mais um pouco que o trio discutirá agora! Antes de seguir em
frente, escolham um líder para organizar as ações que serão feitas e estimular a
participação de todos!

Esse tal de “mercado de trabalho”...

O tão temido, desejado e difamado mercado de trabalho parece ser daquelas coisas
sobre as quais todo mundo fala, mas ninguém sabe dizer exatamente o que é. Então,
vamos pesquisar e conversar sobre isso?

1. Acessem um site de buscas e digitem “mercado de trabalho” para ver o que


aparece. Com os computadores ou smartphones em mãos, busquem no Google
algumas imagens, vídeos e textos sobre a expressão “mercado de trabalho”. Não
é necessária uma leitura aprofundada dos resultados, mas tentem encontrar
semelhanças e diferenças entre os vários resultados obtidos.

2. Em seguida, discutam sobre os resultados que encontraram: Segundo esses


exemplos, o que seria o mercado de trabalho? Como ele é representado nas
imagens e vídeos? A quais outros temas ele se relaciona?

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Mercado de trabalho ou Mundo do trabalho?

Atualmente, não se fala só em mercado, mas também em mundo do trabalho. Mas, o


que é isso?

Leiam o trecho a seguir atentamente. Ele foi extraído do livro Encontros e Travessias –
o adolescente diante de si mesmo e do mundo (2001), de Antônio Carlos Gomes da
Costa:

“O mundo do trabalho, que está nascendo com a globalização e o início da era pós-
industrial, requer um trabalhador polivalente e flexível, detentor de habilidades
básicas, específicas e de gestão, mais preocupado com a sua empregabilidade que
com seu emprego.

Boa parte das profissões em que os jovens estarão trabalhando daqui a dez anos
simplesmente ainda não existe. Muitas das profissões que conhecemos hoje estão
com os dias contados. Já se foi o tempo em que o trabalhador aprendia a exercer um
determinado ofício e dele sobrevivia até o fim de sua vida profissional.”

É interessante observar que a previsão feita há mais de dez anos sobre as mudanças
das profissões é uma realidade hoje. Quem imaginaria, há décadas atrás, que
profissões e habilidades tão apreciadas socialmente simplesmente desapareceriam? E
quantas outras estão sendo “inventadas” enquanto vocês leem este texto?

É por isso que, para o mundo do trabalho de hoje, não basta apenas dominar as
técnicas de determinadas profissões. É preciso ser um profissional investigador de
conhecimento, uma pessoa que aprimora suas habilidades e competências, ou seja, a
sua empregabilidade.

Ao longo de todo o 3º ano, reforçaremos essas questões, já problematizadas em


outros semestres de Projeto de Vida, na tentativa de desvendar os sentidos do mundo
do trabalho e suas implicações para quem quer ingressar, permanecer e progredir
nele. Vocês descobrirão como os seus projetos de vida que estão sendo construídos,
desde o 1º ano do Ensino Médio, são um instrumento para aliar desejos e
necessidades, planejamento e urgências.

A banda Legião Urbana gravou uma canção chamada “Música de Trabalho”. Em tom
contestador, eles cantavam assim:

Sem trabalho eu não sou nada / Não tenho dignidade


/ Não sinto o meu valor / Não tenho identidade / Mas
o que eu tenho / É só um emprego / E um salário
miserável ...

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Na perspectiva apresentada pela canção, o trabalho não deve ser apenas uma fonte
de renda, mas também uma atividade conectada à autorrealização pessoal e à
identidade. Essa dicotomia fica clara na diferença de sentido que os termos “trabalho”
e “emprego” adquirem nesse trecho. Que tal ouvir a música mais tarde e refletir
sobre isso?

Lá fora: o mundo do trabalho

Agora, com a turma toda reunida em roda, criem, juntos, uma representação
imagética, um grande painel, do que vocês acreditam ser o mundo do trabalho. Nem
de longe se trata de uma tentativa de elaborar um significado correto ou definitivo para
o mundo do trabalho... Muito pelo contrário! Esse é um exercício lúdico, para todo
mundo pensar junto e construir um entendimento mais ou menos comum.

A dinâmica funciona assim:

O mundo lá fora

O objetivo da turma é criar, no quadro, uma representação imagética do que seria o


mundo do trabalho. Uma espécie de mapa em grande escala.

Para isso, cada um de vocês deve pensar em um elemento para compor esse mapa.
Elementos comuns, do cotidiano, que vocês veem em um dia comum. A diferença é
que todos eles devem ter alguma relação com a temática do mundo do trabalho. Mas
não basta eleger um elemento: vocês devem justificar as escolhas feitas! Por
exemplo:

• Elemento: Escola
• Justificativa: A escola faz parte da trajetória da maioria das pessoas que
habitam o mundo do trabalho. É onde elas aprendem conteúdos de diferentes
áreas do conhecimento, desenvolvem competências e estabelecem redes de
relações que vão além da família e conhecidos do bairro. As experiências que
cada pessoa vive na escola e as competências que desenvolve fazem toda a
diferença no mundo do trabalho.

Assim, nesse mapa pode existir tudo: casas, pessoas, ruas, empresas, escritórios,
árvores, animais e assim por diante. Os sentidos que esses elementos adquirem no
mundo do trabalho são vocês que definem!

Para começar a construção do mapa, um jovem se voluntaria para desenhar seu


elemento no quadro. Após desenhar, a pessoa deve explicar o porquê da sua
escolha. Logo em seguida, outro estudante faz o mesmo, e a dinâmica segue assim,
até que todos tenham feito seu desenho. Se acharem que o tempo do encontro não é
suficiente para que um estudante desenhe de cada vez, até três pessoas podem estar
no quadro ao mesmo tempo. E lembrem-se: não tem essa de “eu não sei desenhar!”.
Façam o melhor que puderem, o importante é o sentido que o desenho de vocês

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ganha no conjunto da obra!

Agora que vocês já terminaram de construir o mapa “O mundo lá fora”, que tal
conversar um pouco sobre ele? Com a turma em roda, conversem tendo em vista as
questões abaixo. O professor será o mediador dessa discussão!

 A partir do processo de construção do mapa, o que vocês diriam que é o


mundo do trabalho para vocês?
 Como mundo do trabalho e projetos de vida se relacionam?
 O que você acha que faltou ou sobrou no mapa representado pela turma?

Após essa conversa, finalizamos nossa atividade Que tal cada um anotar suas
impressões sobre o mapa “Mundo lá fora” e a discussão posterior em seu Álbum de
Cartografia Pessoal? Na medida em que as discussões sobre o mundo do trabalho se
aprofundarem, vocês poderão acompanhar seus desdobramentos e fazer
comparações a partir do que escreveram.

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Projeto de Vida
Ficha 3
HISTÓRIAS DE VIDA

A história de cada um

O mundo do trabalho apresenta desafios para todos os jovens. O mais interessante,


porém, é que cada um encontra saídas diferentes para superá-los. Por isso as
trajetórias de vida são tão diversas – influem nelas nossos desejos, vontades,
competências e necessidades.

Logo abaixo, vocês poderão conhecer os perfis de dois jovens que se deram bem
nesse processo, conseguindo fazer escolhas responsáveis, mesmo encarando
algumas dificuldades.

Nathalie Brito – rumo à cidade grande

O “clique”

Quando estava no Ensino Médio, Nathalie Brito foi a uma biblioteca de sua cidade
para cumprir um desafio de leitura proposto em um projeto escolar. Durante a visita,
ela tomou contato com O Diário de Anne Frank, livro em que uma garota holandesa
descreve o cotidiano de sua família judaica que vivia escondida em Amsterdã,
durante a ocupação nazista no país. Foi do contato com esse livro que algumas de
suas dúvidas quanto à profissão que gostaria de seguir foram esclarecidas: “Decidi
que queria fazer psicologia, que assim poderia mudar o mundo e aliviar todo o
sofrimento das pessoas”.

Lapidando as ideias

Nathalie colocou na cabeça que gostaria de cursar a faculdade de psicologia e com o


tempo descobriu mais informações sobre essa carreira. No fim das contas, percebeu
que a psicologia não poderia resolver todos os problemas do mundo, mas que ainda
assim era uma profissão fascinante. Junto às várias pesquisas que fez para entender
como o curso funcionava, quais eram as disciplinas e como poderia se inserir no
mundo do trabalho depois de formada, ela tinha que superar um desafio ainda maior:
na sua cidade não havia nenhuma faculdade, e a região em que morava não possuía
nenhuma universidade pública. Nathalie é de Apiaí, localizada no Vale do Ribeira,
região com um dos piores Índices de Desenvolvimento Humano do estado de São
Paulo.

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Desafios da Universidade

“Algumas competências que desenvolvi na escola foram essenciais para que eu


pudesse dizer: sou capaz. Fiz do estudo e da leitura grandes aliados”, conta Nathalie.
Ela explica que pesquisar sobre o curso que queria fazer e sobre as universidades foi
fundamental. Só dessa maneira ela descobriu que as instituições federais oferecem
subsídios para alguns de seus estudantes, o que possibilitou que ela pudesse sair do
interior de São Paulo e ir para Curitiba, onde hoje cursa o último ano de Psicologia na
Universidade Federal do Paraná. Nesse intervalo de tempo, Nathalie conta que o
planejamento foi fundamental para seu percurso, o que permitiu que ela lidasse com
os vários desafios que encontrou pela frente. “Sair de uma cidade pequena para uma
metrópole e ter que morar sozinha foi um baita desafio. Também idealizamos muito a
Universidade, mas quando entramos percebemos que é preciso correr atrás do
conhecimento para nos atualizarmos”, ela diz. Numa constante avaliação de suas
escolhas, Nathalie pesa na balança tudo que deu certo ou errado em suas escolhas e
tenta entender os motivos disso. Atualmente, ela deseja seguir na carreira acadêmica,
para realizar Mestrado e Doutorado.

Alisson das Neves e seu arsenal de ferramentas

Mudanças

Alisson das Neves mora no Distrito Federal, tem 28 anos e hoje é professor de
Educação Física. Para ele, o percurso escolar foi recheado de mudanças. No Ensino
Fundamental ele era enxergado como um “aluno problema”, pois discutia com os
professores e era “danado”, como ele mesmo diz. Já no Ensino Médio, ele adotou
outra postura. “Comecei a ser mais rigoroso com meus compromissos, mais
autônomo, e passei a me integrar à vida escolar”, conta. Para isso, foi fundamental o
seu envolvimento com a cultura hip hop, o que conferiu a ele uma habilidade de se
conectar com as pessoas, de falar bem em público, de se expor e se colocar nos
momentos necessários. O outro foi a decisão de participar ativamente da escola. Isso
lhe conferiu reconhecimento e fortaleceu sua identidade política, ou seja, sua vontade
de participar das decisões e melhorias do que era comum aos alunos.

Momento de fazer escolhas

Alisson conta que, na esteira da sua atuação na escola, considerou fortemente a


possibilidade de cursar Direito. Essa vontade provinha de sua relação com a questão
da identidade negra. “Quando tive contato com o meu lado afrodescendente, com as
minhas raízes e as histórias dos meus ancestrais, comecei a entender com mais
clareza o preconceito, como a minha cor incomodava alguma pessoas e como isso
exigia que eu fosse forte”. Como advogado, Alisson gostaria de atuar na resistência
ao histórico de abuso e violência contra a população negra.

Mas, no turbilhão de dúvidas e opções a seguir, Alisson terminou por escolher a


profissão de educação física. “Aos poucos fui percebendo que tudo o que eu gostava
de fazer, do hip hop à minha atuação no grêmio, tinha a ver com o corpo e com essa

Caderno do Estudante Projeto de Vida – 3ºano/1º bimestre 10


vontade de estar junto com outras pessoas, contribuindo para a construção de novas
visões sobre a escola e a comunidade”. Alisson acreditava, por experiência própria,
no potencial transformador da escola e da educação física, e gostaria de partilhar isso
com outros jovens.

Entre a escola e o ensino superior

Alisson não foi direto pra faculdade. Fazer um curso em uma Universidade Federal
não era uma opção, pois ele precisava trabalhar e garantir uma renda. Ele começou
então a trabalhar em um projeto de formação de outros jovens, que buscava estimular
que estes se tornassem autônomos e protagonistas. “Criei muitas responsabilidades
e uma nova rotina, era um emprego que exigia de mim autonomia, responsabilidade e
planejamento. Ao mesmo tempo, me abri para novos horizontes e experiências.”

Quando entrou para a faculdade de Educação física, Alisson viu que sua experiência
de trabalho enriquecia sua postura como estudante. Ele se saía bem nos trabalhos e
se destacava como aluno da turma. Ao se formar, logo conseguiu trabalho em uma
academia e, em seguida, em escolas, nas quais é professor de Educação Física do
Ensino Médio. Alisson pensa em continuar estudando, fazendo cursos e
especializações, e se esforça para realizar o sonho de dar aula em escolas públicas.
Ele resume todo esse percurso, em que foi desenvolvendo suas competências e
conhecimentos, em uma rica metáfora: “No Ensino Médio eu tinha algumas
ferramentas em meu bolso. Na faculdade, as carregava em uma maleta. Agora, no
mundo do trabalho, tenho um grande arsenal de ferramentas.”

Contar novas histórias

Como contado nos perfis acima, a passagem do Ensino Médio para o mundo do
trabalho demanda dedicação, iniciativa, planejamento, responsabilidade... São várias
ações e competências que complementam as escolhas feitas e determinam um futuro
de realização pessoal e profissional.

Para ter uma ideia ainda melhor de jovens que seguiram seus próprios caminhos, que
tal pesquisar sobre mais alguns deles? Na próxima etapa da atividade, cada trio deve
escolher um jovem (ou grupo de jovens), pesquisar um pouco sobre sua história e, ao
final, escrever um perfil jornalístico sobre essa pessoa, como os apresentados acima.

O que é um perfil jornalístico?

“Muniz Sodré e Maria Helena Ferrari, no livro Técnica de reportagem – notas sobre a
narrativa jornalística (1986), explicam que perfil, em jornalismo, ‘significa dar enfoque
na pessoa – seja uma celebridade, seja um tipo popular, mas sempre o focalizado é
protagonista da história: sua própria vida’.

O perfil pode ser leitura saborosa quando consegue contar passagens relevantes da
vida e carreira do entrevistado, colher suas opiniões em assuntos importantes, ouvir o

Caderno do Estudante Projeto de Vida – 3ºano/1º bimestre 11


que dizem dele os amigos e os inimigos, mostrar como faz o que faz.

Sérgio Vilas Boas, no livro Perfis – e como escrevê-los (2003), diz que,
diferentemente das biografias em livro, em que os autores têm de enfrentar os
pormenores da história do biografado, os perfis podem focalizar apenas alguns
momentos da vida da pessoa. É uma narrativa curta tanto na extensão (no tamanho
do texto) quanto no tempo de validade de algumas informações e interpretações do
repórter.”

Trecho retirado do texto “O Personagem em destaque”, publicado por Hérica Lene em 26/09/2006 no
Observatório da Imprensa. Disponível em: http://bit.ly/perfiljornalistico.

Ao todo, vocês terão o restante do encontro de hoje e mais 25 minutos da próxima


aula para pesquisar, apurar e até mesmo entrevistar o jovem selecionado por vocês,
conforme as instruções que o orientador irá apresentar em breve. O restante do tempo
será destinado à escrita do perfil, que deverá ser feita no quadro da próxima página.

O tempo é curto, mas suficiente, e ninguém pode ficar para trás!

Aí vão dois exemplos de jovens com histórias inspiradoras cuja trajetória vocês podem
pesquisar na internet.

Bel Pesce – jovem empreendedora que já trabalhou em empresas como Microsoft e


Google.

Família de Rua – Coletivo urbano de Belo Horizonte voltado para a cultura urbana e
do Hip Hop.

Mas não se limitem a elas: busquem histórias de outros jovens que também mereçam
ser contadas, sejam eles famosos ou do círculo de convívio de vocês.

Bom trabalho!

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Projeto de Vida
Ficha 4

O ROLEZINHO DA JUVENTUDE NAS RUAS DO CONSUMO E DO PROTESTO*

Os “rolezinhos” levaram para dentro do paraíso do consumo a afirmação daquilo que


esse mesmo espaço lhes nega: sua identidade periférica. Se quando o jovem vai ao
shopping namorar ou consumir com alguns amigos ele deve fingir algo que não é, com
os rolezinhos ele afirma aquilo que é!

por Renato Souza de Almeida**

Os jovens têm criado formas cada vez mais interessantes de manifestação. Desde as
jornadas de junho de 2013 – que levou às ruas milhares de brasileiros – até os
chamados “rolezinhos” – que também vêm colocando centenas em circulação – se
instalou uma crise na análise daqueles que insistiam em afirmar uma possível apatia
dessa geração juvenil.

“Sair de rolê...” significa dar uma circulada despretensiosa pela vila ou pela cidade. É
possível dar um rolê de trem, de ônibus ou a pé. Geralmente, o rolê está ligado ao
lazer ou a alguma prática cultural. Sai de rolê o pichador, o skatista, o caminhante... O
que vem chamando a atenção de muita gente é como um simples gesto de sair e
circular de forma livre tem ocupado um papel central nas principais mobilizações
juvenis na cidade de São Paulo nos últimos tempos.

Não é por menos que o estopim das manifestações de junho foi a luta do Movimento
Passe Livre (MPL). O passe livre é uma reivindicação em favor da possibilidade de dar
um rolê sem que a catraca – e o tributo que a acompanha – possa impedir. Quando a
Polícia Militar decidiu impedir o rolê de uma pequena multidão na Avenida Paulista
(ainda antes de as manifestações se alastrarem como chama pelo país), alguns dias
depois uma imensa quantidade de pessoas tomou o Largo da Batata e seguiu de rolê
para a mesma Avenida Paulista, para o Palácio dos Bandeirantes e para muitas outras
ruas da cidade. O direito a dar um rolê foi a principal reivindicação daquele histórico
movimento de junho de 2013.

Quem não é mais jovem e sempre morou nas periferias de São Paulo, com raras
exceções, vai se recordar que a rua era o espaço por excelência da sociabilidade, do
lazer e da convivência. Com a chegada do asfalto, vieram também muitos carros e se
instituiu como verdade o discurso de que a rua é lugar perigoso e violento. Para muitos
adultos, as políticas culturais só se justificam se for para “tirar os jovens das ruas”.
Para os jovens, ao contrário, suas ações culturais só têm força e sentido quando
acontecem na rua, no espaço público.

*Artigo editado e adaptado para esta atividade a partir do texto de Renato Souza de Almeida, publicado
no Le Monde Diplomatique Brasil, disponível em http://bit.ly/1NYij33
**Mestre em Antropologia, professor da Faculdade Paulista de Serviço Social (Fapss), assessor do
Instituto Paulista de Juventude (IPJ) e coordenador do Programa de Valorização de Iniciativas Culturais
(VAI) da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo.

Caderno do Estudante Projeto de Vida – 3ºano/1º bimestre 14


A condenação da rua como espaço da violência veio acompanhada da chegada dos
shopping centers também às periferias. Muita gente vai ao shopping tentar encontrar
um vazio deixado pelo “fim” das ruas. Para além do consumo, busca-se num shopping
um passeio mais livre, solto, e a possibilidade de encontro com pessoas de fora do
círculo mais próximo, familiar. No entanto, esse encontro não acontece. Tampouco a
livre circulação. As pessoas só encontram uma multidão “sem rosto e coração” – nos
dizeres dos Racionais MC’s –, e a circulação no interior do shopping não pode ocorrer
de forma livre e espontânea. Ela tem regras claras e rígidas: os pobres podem circular
pelo shopping, contanto que finjam pertencer a outra classe social. Mesmo que
circulem no shopping sem recursos para consumir, eles devem desejar consumir. Da
mesma forma, os negros podem circular pelo shopping tranquilamente, desde que
finjam ser brancos nas vestimentas, nos cabelos, no comportamento etc.

Os rolezinhos em shoppings – da periferia ou das áreas abastadas –, que se tornaram


um fenômeno neste verão, têm características muito semelhantes com os pancadões
de rua realizados de forma espontânea e congregam um número significativo de
jovens que se reúnem, sobretudo, em torno da expressão cultural do funk. O polêmico
e famigerado funk é um dos principais mobilizadores dos jovens na metrópole
paulistana. E um dos segredos da sua força não está necessariamente no apelo
sexual de algumas músicas ou na sua batida envolvente, mas na forma como
ressignificou as ruas para esses jovens. “No dia em que tem pancadão, a rua é
nossa!” E se a rua é “nossa”, pode-se fazer qualquer coisa, inclusive não fazer nada...
E, se o “som é de preto, de favelado e, quando toca, ninguém fica parado”, não há
necessidade de fingir ser outra coisa, como exigem os shoppings centers. Ao
contrário, é um momento de afirmação dessa mesma identidade periférica.

Nesse sentido, estar no shopping – no local que a sociedade estabeleceu para


substituir a rua – é bastante provocador. Os rolezinhos levaram para dentro do paraíso
do consumo a afirmação daquilo que esse mesmo espaço lhes nega: sua identidade
periférica. Se quando o jovem vai ao shopping namorar ou consumir com alguns
amigos ele deve fingir algo que não é, com os rolezinhos ele afirma aquilo que é! E
quando faz essa afirmação ele revela a contradição na lógica dos shopping centers.
Ou seja, os rolezinhos põem por terra a aparente circulação livre e o espaço aberto
que os shoppings dizem proporcionar. Quando o jovem afirma, por meio do rolezinho,
sua identidade de negro e pobre, a contradição se evidencia e a polícia é acionada, e
tão logo o paraíso do consumo e do prazer se revela como o inferno do preconceito
racial e da violência.

Esses jovens que hoje mobilizam os rolezinhos são intitulados “geração shopping
center”, consumista, por parte dos mais velhos. Porém, a prática dos rolezinhos nos
shoppings está revelando a contradição mais aguda desse espaço que tentou tomar o
locus simbólico da rua. Nos rolezinhos, os jovens não são consumidores, mas
produtores. Produzem um novo jeito de circular pelo shopping. Produzem uma prática
cultural que se contradiz com esse lugar. Produzem contradição e desordem no
sistema. E produzem uma nova gramática política ao afirmar sua classe num espaço
que existe para negá-la.

É significativo que os rolezinhos nos shoppings se iniciem num momento em que um


projeto de lei que proibia as festas de rua, sobretudo os bailes funks, apresentado por
representantes da “bancada da bala”, se encontrava para sanção ou veto do prefeito.
O prefeito vetou. Mas as ruas ainda estão longe de pertencer aos jovens. Por isso, os
rolezinhos continuaram e aumentaram. Os jovens querem as ruas de volta. O
pancadão é só um exemplo dessa demanda. Para demonstrarem que o desejo dos
shoppings de assumir o lugar da rua fracassou, os jovens resolveram levar a rua para

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dentro dos próprios shoppings e escancararam a luta de classes na cidade. É como se
o povo não estivesse mais na rua para exigir seus direitos. A própria rua virou um
direito que esses jovens exigem.

Uma das respostas encaminhadas pelo governo federal por conta das manifestações
de junho foi a aprovação, no mês de agosto, do Estatuto da Juventude. Entre os
“novos” direitos apontados em seus artigos, alguns enfatizam a importância da
circulação e mobilidade dos jovens, seja no espaço urbano ou no campo. Esse direito,
ao lado do direito à produção cultural e da ampliação dos espaços públicos de lazer,
está no centro das reivindicações dos jovens, seja nos rolês nos shoppings ou nas
jornadas das grandes avenidas.

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Projeto de Vida
Ficha 5

Disponível em: bit.ly/mapario.

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Projeto de Vida
Ficha 6
AS MARCAS DO MUNDO DO TRABALHO

Quem já ouviu dizer...


Nesse ponto da nossa trajetória escolar, já sabemos que trabalhar não é apenas
realizar uma função. Ser um profissional demanda, também, entre tantas coisas,
estabelecer diálogo e encontro com outras pessoas, sejam elas chefes, clientes,
colegas de trabalho e assim por diante.
O relacionamento com outras pessoas no trabalho pode ser agradável, dar origem a
grandes amizades, mas também pode ser bastante complicado. Hoje vamos abordar
aquilo que chamamos de “marcas do trabalho”. Por essa expressão nos referimos aos
modos como as relações estabelecidas no mundo do trabalho – relações profissionais,
mas também afetivas e sociais – podem imprimir diferentes experiências e memórias
na trajetória profissional e pessoal de cada um. Estamos falando do aprendizado
conquistado quando estamos trabalhando, da realização que sentimos quando
alcançamos bons resultados, da colaboração e do diálogo com os colegas, mas
também da pressão, do conflito e da competitividade que estão presentes em vários
ambientes e relações de trabalho.
Em uma reportagem sobre juventude e carreira, a revista Exame.com apresentou
alguns dados sobre a importância das relações estabelecidas no ambiente
profissional. Intitulado “14 números sobre a importância das amizades no trabalho”1, o
material se baseia em um relatório publicado pela Globoforce em parceria com a
MarketTool. A pesquisa ouviu mais de 700 trabalhadores em período integral nos
Estados Unidos e algumas de suas conclusões são as seguintes:

1 O material apresentado aqui foi apropriado e editado a partir da reportagem “Metade dos jovens
brasileiros sofre bullying no trabalho”, disponível no link bit.ly/bullyingtrabalho. Acessado em 03/03/2015.

Caderno do Estudante Projeto de Vida – 3ºano/1º bimestre 18


Se, por um lado, é importante lembrar que essa pesquisa retrata uma realidade
diferente da brasileira, não dá para deixar de lado números que mostram de forma tão
clara os modos como as relações no ambiente de trabalho podem nos marcar.

Essas marcas podem ser positivas (como o diálogo e a amizade) e negativas (como o
abuso e o assédio). Mas podem também estar no meio do caminho, influenciando de
distintas maneiras a vida profissional e pessoal das pessoas. A pressão no trabalho,
por exemplo, quando comedida, pode impulsionar bons resultados e incentivar boas
performances. Mas, se a pressão for excessiva e exceder as demandas de trabalho do
funcionário, pode até se caracterizar como abuso de poder.

Para que vocês se aproximem um pouco mais da realidade brasileira, assistam a dois
vídeos. O primeiro é uma reportagem do Fantástico intitulada “Operadores de
telemarketing”, que revela uma rotina de abusos e faz denúncias a algumas empresas
de relacionamento com o cliente (disponível em bit.ly/telemarketingabusos). O
segundo vídeo, Conheça o novo escritório do Google, foi produzido pela revista Veja
São Paulo e traz imagens de onde trabalham os funcionários do Google na capital
paulista (disponível em bit.ly/googlescritorio). Essas produções trazem perspectivas
opostas sobre o mundo do trabalho, por isso nunca é demais lembrar que se deve
assistir a esses materiais de forma crítica. Nem tudo no mundo do trabalho é lindo e
colorido, nem tampouco terrível; por isso, é preciso balancear as informações
apresentadas e tomar cuidado na generalização dos exemplos mostrados.

E fiquem atentos às instruções do(a) professor(a)! Após a exibição dos vídeos, ele
trará questões para que os trios discutam o que foi visto.

Internet, trabalho e humor


Vocês conhecem a página do Facebook, “Colega aqui do trabalho”
(bit.ly/colegaaquidotrabalho)? Ela não está ativa, mas durante muito tempo satirizou
as situações vividas no ambiente profissional a partir de um personagem fictício. O
conteúdo é divertido e, pelos comentários e curtidas da página, parece bem
pertinente à realidade de muita gente...

Caderno do Estudante Projeto de Vida – 3ºano/1º bimestre 19


Projeto de Vida
Ficha 7

Caderno do Estudante Projeto de Vida – 3ºano/1º bimestre 20


O DESAFIO DAS CONFERÊNCIAS

Existem mil e uma formas de compartilhar vivências e aprendizados, e várias outras


ainda estão para ser criadas. Mas algumas delas são tão eficazes e fazem tanto
sucesso que terminam por ser replicadas e viram referência para muitas pessoas e
instituições.

Esse é o caso das conferências TED Talks, que ficaram famosas em todo o mundo
como um exemplo bem sucedido para a divulgação de ideias e experiências de vida.
Abaixo estão algumas informações sobre elas – como surgiram, seu formato e seu
sucesso.

Mas por que elas aparecem aqui como um desafio?

A proposta é que a turma de vocês faça uma rodada de conferências inspiradas nas
TED Talks, seguindo seu formato. É um desafio aos times incorporarem esse modo
específico de compartilhar ideias à ação que será realizada.

1. O que são as Ted Talks?

“TED” é a sigla em inglês para “Tecnologia, entretenimento, design”. Ela denomina


uma fundação sem fins lucrativos que foca seus esforços, principalmente, no
compartilhamento e divulgação de boas ideias ao redor do mundo. Sediada nos
Estados Unidos, as principais ações da Ted são as TED Talks (“talk” significa
conversa, em inglês), conferências com pessoas criativas que são amplamente
divulgadas na internet, sendo que seus vídeos contam com milhões de acessos.

Não por acaso, o slogan da Ted pode ser traduzido como “ideias que merecem ser
disseminadas”. Na onda dessa premissa, foi criado, em 2009, o TEDx, um programa
de eventos locais, organizados de maneira independente por grupos e pessoas ao
redor do globo que visam construir experiências tão ricas quanto as TED Talks. Cada
um desses eventos conta com uma série de conferências, realizadas por pessoas com
boas ideias para compartilhar – não importando se são famosas ou anônimas.

2. Qual é o formato de uma Ted Talk?

Não há um manual explicando como as TED Talks são feitas, mas assistindo a uma
série de conferências, é possível notar certa regularidade entre elas. Alguns
especialistas descrevem dicas e processos que conformam as TED Talks, vamos ver
alguns deles?

As conferências

Não há como compartilhar ideias ou inspirar pessoas se a conferência é maçante e


põe todo mundo para dormir, não é mesmo? É importante manter o público atento,

Caderno do Estudante Projeto de Vida – 3ºano/1º bimestre 21


curioso e motivado. Para isso, pode-se destacar alguns pontos:

 Clareza

As conferências devem ser claras e simples, em uma linguagem próxima à do


cotidiano, de modo que todo o público possa compreender e se conectar à fala
do conferencista. Nada de linguagens técnicas, palavras difíceis, frases muito
longas ou que desafiem a compreensão do público.

 Encantamento

Os conferencistas não têm muito tempo para falar e é importante ir direto ao


ponto. Além disso, é importante que, o argumento central da fala seja
instigante, curioso e novo – capaz de produzir encantamento no público. Em
um evento como esse, ninguém quer ouvir algo que já sabe!

 Consistência

É importante que a conferência seja bem embasada, seja em uma experiência


de vida, seja em dados de pesquisas, seja em um argumento filosófico (isso
vai depender da proposta de cada pessoa). O fundamental é entender que
não basta só prender a atenção do público – as boas ideias devem ser
compartilhadas, e elas só são boas quando bem articuladas e argumentadas.

O tempo

Não há um tempo exato estipulado para as conferências TEDx, mas o indicado é que
elas nunca tenham menos de 10 minutos ou mais de 18 minutos. É tempo suficiente
para que uma pessoa possa contar uma pequena história ou apresentar seus
argumentos e explicações para determinada questão – sem perder a atenção do
público, é claro!

Os motes

Os eventos TEDx têm um mote, ou seja, um tema ou assunto que orienta as


conferências e dá “liga” a elas, de modo que as falas de todos os convidados tenham
um denominador comum, abordando por diferentes ângulos uma mesma questão.

Abaixo estão alguns dos motes de eventos TEDx que aconteceram no Brasil:

 TEDx São Paulo – 2009 - "O que o Brasil tem a oferecer ao mundo hoje?".

 TEDx Sudeste – 2010 - "Colaborando para transformar".

 TEDx Ver-o-Peso (realizado em Belém do Pará. O nome é uma alusão ao


famoso mercado da cidade, chamado Ver-o-Peso) – 2013 - “Atitudes que
Renovam”.

Caderno do Estudante Projeto de Vida – 3ºano/1º bimestre 22


Já se familiarizaram um pouco melhor com as TED Talks? Por que não procuram na
internet algumas dessas conferências para entenderem melhor como esse formato
funciona?

Essa pesquisa será importante para os próximos passos da atividade. No decorrer


dela, tomem nota das observações e ideias que surgirem no trio.

Observações sobre o modelo de conferências TED Talk

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Agora que já sabem um pouco mais sobre as TED Talks, vocês devem selecionar um
convidado para vir à escola num dia a ser combinado com o(a) professor(a)
orientador(a) e realizar uma conferência relacionada à temática dos direitos humanos
no formato das TED Talks. Será, na verdade, uma rodada de conferências, já que
cada trio convidará um palestrante.

Pesquisem na internet por grupos, coletivos e movimentos sociais de sua cidade


envolvidos com a temática escolhida pelo trio. A partir dessa seleção inicial, escolham
a pessoa que consideram mais interessante para participar da conferência e
pesquisem um pouco mais sobre sua atuação relacionada aos direitos humanos. E
não se esqueçam: é sempre importante ter um plano B, caso o convidado eleito como
primeira opção não possa participar da ação.

Vocês terão o próximo encontro inteiro destinado ao planejamento da rodada de


conferências e ao contato com o convidado escolhido por vocês. Se não conseguirem
selecionar um palestrante neste encontro, pesquisem durante a semana e dialoguem
com amigos e parentes buscando sugestões, para que, na próxima aula, os nomes já
esteja definidos.

Caderno do Estudante Projeto de Vida – 3ºano/1º bimestre 23


Planejando as conferências

Chegou a hora de planejar a rodada de conferências e deixar tudo no eixo para que
elas aconteçam. Abaixo estão algumas dicas de como os integrantes do trio podem
ser organizar em diferentes funções de planejamento e também de como os trios
devem dialogar entre si.

Leiam as dicas com atenção e também atentem-se às direções do orientador, que


trará informações complementares, importantes para as decisões que serão tomadas
hoje.

Como os integrantes do trio podem se dividir em diferentes funções?

Contato:
Definição do jovem que fará contato com o conferencista, convidando-o para a
visita à escola, sanando suas dúvidas, confirmando sua presença no dia do
evento. Será responsável, também, por acertar com o convidado o formato da
conferência, seguindo o formato das Ted Talks.
Esse jovem também será responsável por receber e acompanhar o visitante no
dia em que ele for à escola, além de fazer a apresentação do convidado no dia
das conferências. Oriente que cada jovem responsável pelo contato com os
convidados tente uma primeira abordagem por telefone ainda durante a aula,
de modo que possam ter uma resposta prévia sobre o convite.

Planejamento:
Em diálogo com os representantes dos outros times, serão responsáveis por
planejar, em conjunto, a rodada de conferências. Será na sala de aula ou no
auditório? Como as cadeiras estarão dispostas? Haverá computador, projetos,
caixas de som e microfone para os conferencistas ou eles deverão fazer
apresentações mais simples, sem utilizar de recursos tecnológicos? Como será
a disposição das cadeiras no dia das conferências? Qual será a ordem de
apresentação dos conferencistas? Haverá uma roda de conversas depois, para
que os jovens possam dialogar com os convidados? Se sim, como ela será?

Debate:
Caso os times optem pela realização de uma roda de conversas após as
conferências, deverão elaborar perguntas para os convidados, pesquisar sobre
as temáticas que serão apresentadas e fomentar o debate no dia da visita
(lembrando, claro, que o debate é aberto a todos).

Esse planejamento vai demandar agilidade e organização dos times. Ao final


da aula, todos esses passos já devem estar encaminhados e o convite inicial
aos conferencistas, feitos.
É provável que os convidados demorem algum tempo para dar a resposta
definitiva se poderão ou não comparecer ao evento. Lembrem-se de terem um
“plano B” caso o convidado inicial não possa comparecer. Esses arranjos
deverão ser feitos pelos líderes de cada time responsáveis pelo contato ao

Caderno do Estudante Projeto de Vida – 3ºano/1º bimestre 24


longo da semana. Uma mudança de convidado pode acarretar mudanças
também para o planejamento e para o debate.

Façam também um checklist com tudo que vocês julgarem necessário para que o
arranjo saia perfeito no dia das conferências. Aí vão algumas dicas!

Antes das conferências:


 Organizar os materiais necessários com antecedência.
 Definir claramente quem serão os responsáveis pelo quê.
 Pesquisar e se informar sobre as temáticas que serão abordadas nas
conferências.

Durante a Intervenção
 Envolverem-se nas ações e dividirem tarefas para que todos participem.
 Conversar com o professor antes de mudar algo que estava planejado,
dialogando sobre os motivos que levam o time a alterar o planejamento.
 Cuidar para não fazer bagunça durante s conferências.
 Cuidar das regras de convivência do ambiente em que a intervenção for
realizada.
 Executar as ações prezando pelo trabalho colaborativo, mantendo o bom
convívio no time e com as demais pessoas.
 Conversar com o professor quando encontrarem desafios não previstos no
planejamento.
 Tomar notas da Álbum de Cartografia Pessoal e produzir fotos. Este material,
além de uma lembrança para vocês, é importante para a etapa de avaliação!

É hora de avaliar!

Agora, depois de suar a camisa para realizar a rodada de conferências, é o momento


de olhar com calma para todo o processo realizado por vocês ao longo das últimas
semanas e identificar erros, acertos, desafios e aprendizados.

Nessa primeira parte do encontro, cada trio faz um exercício autoavaliativo sobre o
processo. As conclusões oriundas dessa dinâmica serão compartilhadas em seguida,
em uma roda de conversas.

Aqui vão algumas perguntas para instigar o pensamento crítico de vocês! Anotem no
quadro abaixo os principais pontos da avaliação. Para relembrar tudo que ocorreu,
recorram a anotações e observações feitas no Álbum de Cartografia Pessoal.

1. As conferências cumpriram os objetivos propostos? Qual a avaliação


geral do time?
2. Como vocês avaliam a recepção do público presente na Intervenção?

Caderno do Estudante Projeto de Vida – 3ºano/1º bimestre 25


3. Como se deu a colaboração estre os integrantes dos trios? E entre os
trios?
4. Quais foram os maiores desafios enfrentados pelo time?
5. Quais foram as soluções mais eficazes e criativas para esses desafios?
6. Olhando para o passado, vocês conseguem identificar os principais erros
e acertos feitos nesse processo? Quais são eles e por quê?
7. Quais os principais aprendizados desse processo?

Avaliação
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Projeto de Vida
Ficha 8
SAINDO DA ZONA DE CONFORTO

Como é minha Como é minha Como construir minha


ZONA DE CONFORTO? ZONA DE PÂNICO? ZONA MÁGICA?

DESAFIOS DA ENTRADA NO MUNDO DO TRABALHO

O Ensino Médio já está chegando ao fim, aproximando você do mundo do trabalho e


das escolhas que estão em jogo no caminho da inserção profissional. São muitos os
sonhos e projetos para essa nova etapa da vida, mas será que também existem
inseguranças, dúvidas e incertezas quanto a ela?

Se a sua resposta foi “sim”, não se preocupe: as dúvidas e incertezas relativas a esse
momento de transição da vida são comuns a boa parte dos jovens e envolvem
diferentes dimensões do cotidiano. Será que vai dar tudo certo para eu seguir os
caminhos que sonhei? Será que vou receber o apoio da família? Será que minhas
habilidades e competências são suficientes para chegar aonde eu quero? Será que
meus projetos se adequam às necessidades financeiras da minha família?

Caderno do Estudante Projeto de Vida – 3ºano/1º bimestre 27


Veja só alguns depoimentos de jovens que estão nesse momento de vida:

- “O maior desafio é ingressar no mercado de trabalho.”

- “Gostaria de estar em um estágio remunerado”

- “Quero estar num emprego melhor, oferecer mais conforto para minha mãe...”

E alguns dados relativos a eles:

- O grande foco destes jovens, ao final do Ensino Médio, é permanecer estudando.

- Há comportamentos diferentes entre os perfis dos jovens. Aqueles que só estudam


têm como foco a faculdade. Para os que trabalham, a responsabilidade com a
manutenção da família tem peso forte em suas decisões.

- Alguns jovens conseguem conciliar a rotina de trabalho com os estudos da


faculdade. Para outros, pesa mais a necessidade de contribuir financeiramente com a
família.

- Muitos jovens apresentam dificuldades básicas relacionadas à informática,


português, matemática e outras disciplinas quando entram no Ensino Superior ou no
primeiro emprego.

E para você? Quais são as principais incertezas que às vezes fazem o futuro
parecer uma Zona de Perigo?

Caderno do Estudante Projeto de Vida – 3ºano/1º bimestre 28


Projeto de Vida
Ficha 9
O ENEM ESTÁ NA BOCA DO POVO

Parte 1 – Enem: planejamento e autogestão

Não é só na escola e durante as aulas que se fala sobre o Enem: ele está na boca do
povo. Basta observar que, à medida que a data de realização do exame se aproxima,
mais as mídias, as famílias e a multidão de usuários das redes sociais falam sobre ele.
As pautas são as mais diversas, e vão desde debates acalorados sobre os aspectos
positivos e negativos desse instrumento de avaliação até as piadas sobre as questões
presentes na prova.

Mas o Enem não é uma prova qualquer. Para muitos jovens, ele é uma das etapas
que devem ser cumpridas para a concretização de seus projetos de vida – seja para o
ingresso numa universidade pública, seja para a participação em outros programas
governamentais voltados para a educação, como o Fundo de Financiamento
Estudantil (Fies), o Programa Universidade para Todos (Prouni) e o Ciência sem
Fronteiras.

Além de estudar e compreender os conteúdos das disciplinas, uma boa performance


no Enem exige planejamento e autogestão. Caso contrário, qualquer pessoa pode
virar manchete de jornal ou figurar em um viral da internet:

“Meme” que circulou em 2015 após a realização do Enem.

Caderno do Estudante Projeto de Vida – 3ºano/1º bimestre 29


Portal Terra, disponível em: bit.ly/eliminadosenem.

Portal UOL, disponível em: bit.ly/atrasadosenem.

Para aprofundar um pouco quanto a esse aspecto tão definitivo do Enem, conversem
sobre as seguintes questões:
 O que o Enem tem a ver com nossos projetos de vida?
 Comparando com aquilo que ouvimos falar na mídia sobre o Enem e com os
relatos que circulam nas redes sociais, o que já temos planejado e o que ainda
pode nos pegar de surpresa na realização da prova?
 Quais cuidados devemos ter para não virarmos “memes” do Enem?

Desafio Relâmpago!

Agora que vocês já conversaram um pouco sobre a importância do planejamento para


o Enem, terão 15 minutos para produzir um “meme” sobre o assunto. Pode ser uma
foto, uma montagem ou um vídeo curtinho! Só não vale utilizar os exemplos já
expostos aqui!

Para quem ainda não sabe o que é isso, “memes” são imagens, vídeos e textos que
se propagam pela internet, ganhando grande visibilidade e popularidade. Em geral,
são carregados de humor e só podem ser compreendidos por aqueles que entendem
o contexto geral ao qual eles se referem.

Assim que finalizarem o desafio relâmpago, compartilhem com a turma a produção do


trio. Pode ser mais legal ainda se vocês conseguirem postar o “meme” no WhatsApp,
Facebook, Twitter ou Instagram. Quem sabe eles não ganham popularidade e
“viralizam” na internet?

Caderno do Estudante Projeto de Vida – 3ºano/1º bimestre 30


Parte 2 – Quando redações são polêmicas!

É provável que todo jovem do 3º ano do Ensino Médio fique com aquela dúvida: “Qual
será a temática da redação do Enem deste ano?”. Não dá para saber a resposta antes
do dia do exame, mas é possível se preparar para a prova mesmo sem saber
exatamente qual assunto será abordado nela. Acontece que, ao longo dos últimos
anos, as propostas de redação do Enem tiveram especificações semelhantes quanto à
estrutura do texto a ser elaborado e seus objetivos. Vejam só o que diz o Guia do
Participante, elaborado pelo Ministério da Educação (MEC) e o Instituto Nacional de
Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP):

A Redação no Enem 2013 – Guia do Participante, disponível em: bit.ly/aredacaoenem

Dá para ver que a redação do Enem não é um bicho de sete cabeças e que, com bastante
dedicação, é possível se aperfeiçoar na escrita de textos dissertativos-argumentativos sobre os
mais diversos assuntos. Vejam só quais foram os temas propostos nos últimos anos:

Enem 2009: O indivíduo frente à ética nacional


Enem 2010: O trabalho na construção da dignidade humana
Enem 2011: Viver em rede no século XXI: os limites entre o público e o privado
Enem 2012: O movimento imigratório para o Brasil no século XXI
Enem 2013: Efeitos da implantação da Lei Seca no Brasil
Enem 2014: Publicidade infantil em questão no Brasil

Mas, se as propostas de redação têm sempre uma mesma base e os temas são parte do nosso
cotidiano – das conversas entre amigos e em família, ou das notícias e textos que circulam nos
mais diferentes meios de comunicação – como explicar manchetes como essas a seguir?

Caderno do Estudante Projeto de Vida – 3ºano/1º bimestre 31


Notícia do site Guia do Estudante, disponível em: bit.ly/zeraredacao.

Notícia do site G1, disponível em: bit.ly/zeroredacao.

Para entenderem, basta ver esses quadros:


Competências avaliadas na redação do Enem:
 Demonstrar domínio da norma padrão da língua escrita.
 Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de
conhecimento para desenvolver o tema dentro dos limites estruturais do texto
dissertativo-argumentativo.
 Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e
argumentos em defesa de um ponto de vista.
 Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários à
construção da argumentação.
 Elaborar proposta de intervenção para o problema abordado, respeitando os
direitos humanos.

No Enem de 2014, mais de 529 mil alunos tiraram zero na redação. Desses, 284.903
entregaram a prova em branco. Os outros tiveram a redação anulada pelos seguintes
motivos:

Dados do INEP. Tabela retirada de notícia do site Brasil Escola, disponível em:
bit.ly/motivoszerarredacao.

Após a leitura de todos esses dados, vocês conversarão a partir de algumas


questões que o(a) professor(a) problematizará. Boa discussão!

Caderno do Estudante Projeto de Vida – 3ºano/1º bimestre 32

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