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ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL

XXX EXAME DE ORDEM UNIFICADO


PROVA PRÁTICO-PROFISSIONAL Aplicada em 01/12/2019
ÁREA: DIREITO CONSTITUCIONAL
“O gabarito preliminar da prova prático-profissional corresponde apenas a uma expectativa de resposta,
podendo ser alterado até a divulgação do padrão de respostas definitivo.”
Qualquer semelhança nominal e/ou situacional presente nos enunciados das questões é mera coincidência.”

PADRÃO DE RESPOSTA – PEÇA PROFISSIONAL

Enunciado

Após a tramitação do respectivo processo administrativo, foi indeferido o pedido de reconsideração formulado
pela sociedade empresária WW, relativo à decisão proferida pelo Secretário de Estado de Ordem Pública do
Estado Alfa, que proibira a exploração de sua atividade econômica. Essa atividade consistia no reparo e no
conserto de veículos automotores, sob a forma de unidade móvel, em que a estrutura da oficina, instalada em
micro-ônibus, se deslocava até o local de atendimento a partir de solicitação via aplicativo instalado em aparelhos
de computador ou de telefonia móvel.
Ao fundamentar a sua decisão originária, cujos argumentos foram reiterados no indeferimento do pedido de
reconsideração, o Secretário de Estado de Ordem Pública informou que embasara o seu entendimento no fato de
a referida atividade não estar regulamentada em lei. Nesse caso, a Lei estadual nº 123/2018, que dispunha sobre
suas competências, autorizava expressamente que fosse vedada a sua exploração.
Por ver na referida decisão um verdadeiro atentado à ordem constitucional, a sociedade empresária WW
impetrou mandado de segurança contra o ato do Secretário de Estado perante o Órgão Especial do Tribunal de
Justiça, órgão jurisdicional competente para processá-lo e julgá-lo originariamente, conforme dispunha a
Constituição do Estado Alfa. Para surpresa da impetrante, apesar de o Tribunal ter reconhecido a existência de
prova pré-constituída comprovando o teor da decisão do Secretário de Estado, a ordem foi indeferida, situação
que permaneceu inalterada até o exaurimento da instância ordinária. A situação se tornara particularmente
dramática na medida em que a proibição de exploração da atividade econômica iria inviabilizar a própria
continuidade da pessoa jurídica, que não conseguiria saldar seus débitos e continuar atuando no mercado, o que
exigiria a imediata demissão de dezenas de empregados.
A partir da narrativa acima, elabore a petição do recurso cabível contra a decisão proferida pelo Tribunal de
Justiça do Estado Alfa. (Valor: 5,00)
Obs.: a peça deve abranger todos os fundamentos de Direito que possam ser utilizados para dar respaldo à pretensão. A
simples menção ou transcrição do dispositivo legal não confere pontuação.

Gabarito Comentado
O recurso a ser manejado é o ordinário.

A petição deve ser endereçada ao Presidente do Tribunal de Justiça do Estado Alfa.

O recorrente é a sociedade empresária WW.

A legitimidade da recorrente decorre do fato de ser parte na relação processual, enquanto o seu interesse
processual está associado ao fato de não ter tido a sua pretensão acolhida.

O recorrido é o Estado Alfa.

A legitimidade do Estado Alfa decorre do fato de ser o titular do direito envolvido.

O cabimento do recurso ordinário, a ser julgado pelo Superior Tribunal de Justiça, decorre do disposto no Art.

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Prova Prático-Profissional – XXX Exame de Ordem Unificado
ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL
XXX EXAME DE ORDEM UNIFICADO
PROVA PRÁTICO-PROFISSIONAL Aplicada em 01/12/2019
ÁREA: DIREITO CONSTITUCIONAL
“O gabarito preliminar da prova prático-profissional corresponde apenas a uma expectativa de resposta,
podendo ser alterado até a divulgação do padrão de respostas definitivo.”
Qualquer semelhança nominal e/ou situacional presente nos enunciados das questões é mera coincidência.”

105, incio II, alínea b, da CRFB/88, já que a decisão do Tribunal de Justiça em única instância denegou a ordem.

O examinando deve indicar, no mérito, que a lei estadual, na qual se embasou o Secretário de Estado, incursionou
em matéria afeta ao interesse local, de competência legislativa dos Municípios, nos termos do Art. 30, inciso I, da
CRFB/88, sendo formalmente inconstitucional. Além disso, é materialmente inconstitucional, na medida em que
permitiu fosse vedado o exercício de uma atividade econômica por não estar disciplinada em lei, enquanto a
regra é a liberdade, ressalvados os limitadores legais, nos termos do Art. 170, parágrafo único, da CRFB/88. A
inconstitucionalidade da lei estadual nº 123/2018 deve ser incidentalmente reconhecida.

O ato do Secretário de Estado violou direito líquido e certo da recorrente de explorar a atividade econômica, o
que justificaria o acolhimento do mandado de segurança, nos termos do Art. 5º, LXIX, da CRFB/1988.

O examinando deve sustentar que, além do fundamento relevante do direito da recorrente, há o risco de
ineficácia da medida final se a liminar não for deferida, tendo em vista a urgência da situação, já que a vedação ao
exercício de sua atividade econômica pode impedir a continuidade da pessoa jurídica.

A peça deve conter os requerimentos de (i) concessão de tutela provisória ou liminar para a concessão de efeito
suspensivo ativo ao recurso ordinário, permitindo a continuidade do exercício da atividade econômica enquanto
não apreciado o mérito; e (ii) reforma do acórdão recorrido, com a concessão da ordem, atribuindo-se caráter
definitivo à tutela liminar. O examinando ainda deve qualificar-se como advogado.

PADRÃO DE RESPOSTA – QUESTÃO 01

Enunciado

A sociedade empresária X foi autuada pela fiscalização tributária do Estado Alfa sob o argumento de ter
apresentado informações falsas por ocasião do lançamento tributário, daí resultando a constituição de um crédito
inferior ao devido. O tributo devido, de acordo com a autuação do fiscal responsável, ultrapassava o montante de
um milhão de reais.
Ao ser comunicada da autuação, a sociedade empresária tomou conhecimento de que a interposição de recurso
administrativo estava condicionada ao prévio depósito do referido montante. Embora tenha recorrido às
instâncias superiores contra a exigência de depósito prévio, todas foram uníssonas em mantê-lo.
Por não dispor da referida importância e ter plena consciência de que não fornecera qualquer informação falsa, a
sociedade empresária contratou seus serviços.
Sobre o caso narrado, você, como advogado(a), deve responder aos itens a seguir.
A) É compatível com a Constituição da República a exigência de depósito prévio do montante constante da
autuação para a interposição do recurso administrativo? (Valor: 0,65)
B) Há alguma medida passível de ser ajuizada, perante Tribunal Superior, para que a administração tributária
do Estado Alfa seja compelida a examinar o recurso administrativo independentemente do depósito prévio?
(Valor: 0,60)
Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere pontuação.

Gabarito Comentado
A) Não, por violar a garantia da ampla defesa (Art. 5º, inciso LV, da CRFB/88), sendo a impossibilidade de ser
exigido o depósito prévio reconhecida pela Súmula Vinculante 21 do STF.
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Prova Prático-Profissional – XXX Exame de Ordem Unificado
ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL
XXX EXAME DE ORDEM UNIFICADO
PROVA PRÁTICO-PROFISSIONAL Aplicada em 01/12/2019
ÁREA: DIREITO CONSTITUCIONAL
“O gabarito preliminar da prova prático-profissional corresponde apenas a uma expectativa de resposta,
podendo ser alterado até a divulgação do padrão de respostas definitivo.”
Qualquer semelhança nominal e/ou situacional presente nos enunciados das questões é mera coincidência.”

B) Considerando o exaurimento das instâncias administrativas, é possível o ajuizamento de reclamação perante o


Supremo Tribunal Federal, nos termos do Art. 7º, caput e § 1º, da Lei nº 11.417/06 ou do Art. 103-A, § 3º, da
CRFB/88.

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Prova Prático-Profissional – XXX Exame de Ordem Unificado
ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL
XXX EXAME DE ORDEM UNIFICADO
PROVA PRÁTICO-PROFISSIONAL Aplicada em 01/12/2019
ÁREA: DIREITO CONSTITUCIONAL
“O gabarito preliminar da prova prático-profissional corresponde apenas a uma expectativa de resposta,
podendo ser alterado até a divulgação do padrão de respostas definitivo.”
Qualquer semelhança nominal e/ou situacional presente nos enunciados das questões é mera coincidência.”

PADRÃO DE RESPOSTA – QUESTÃO 02

Enunciado

Com o objetivo de conter o avanço das organizacões criminosas em algumas associações de moradores, o Estado
Alfa editou a Lei XX/2018, veiculando as normas a serem observadas para a confecção dos estatutos dessas
associações e condicionando a posse da diretoria de cada associação à prévia autorização do Secretário de Estado
de Segurança Pública, que verificaria a vida pregressa dos pretendentes.
À luz da situação hipotética acima, responda aos itens a seguir.
A) A Lei XX/2018 do Estado Alfa, ao veicular normas sobre a confecção dos estatutos das associações de
moradores, é compatível com a Constituição da República? (Valor: 0,70)
B) A exigência de que a posse da diretoria de cada associação de moradores seja antecedida de autorização do
Secretário de Segurança Pública do Estado Alfa é materialmente compatível com a Constituição da
República? (Valor: 0,55)
Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere pontuação.

Gabarito Comentado
A) Não. Ao dispor sobre a confecção dos estatutos das associações de moradores, a Lei XX/2018 afrontou a
competência privativa da União para legislar sobre direito civil (Art. 22, inciso I, da CRFB/88), sendo formalmente
inconstitucional.
B) Não. A exigência de que a posse da diretoria da associação seja antecedida de autorização do Secretário de
Segurança Pública afronta a vedação à interferência estatal no funcionamento das associações (Art. 5º, inciso
XVIII, da CRFB/88).

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ÁREA: DIREITO CONSTITUCIONAL
“O gabarito preliminar da prova prático-profissional corresponde apenas a uma expectativa de resposta,
podendo ser alterado até a divulgação do padrão de respostas definitivo.”
Qualquer semelhança nominal e/ou situacional presente nos enunciados das questões é mera coincidência.”

PADRÃO DE RESPOSTA – QUESTÃO 03

Enunciado

A Lei XX/2015 do Estado Alfa isentou os usuários do serviço de telefonia móvel residentes no Estado, cuja renda
familiar não superasse o valor de dois salários mínimos, do pagamento do respectivo serviço. No final de 2018, a
Lei XX foi expressamente revogada, sendo ainda determinada a desconsideração de qualquer efeito que tenha
produzido durante a sua vigência.
À luz da situação hipotética acima descrita, responda aos itens a seguir.
A) A Lei XX/2015 era compatível com a ordem constitucional? (Valor: 0,70)
B) A determinação, por ocasião da revogação da Lei XX/2015, de que deveria ser desconsiderado qualquer
efeito que tenha produzido durante a sua vigência, afronta algum direito adquirido dos usuários, oponível
às concessionárias do serviço? (Valor: 0,55)
Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere pontuação.

Gabarito Comentado
A) Não. A Lei XX/2015 é formalmente inconstitucional, pois compete privativamente à União legislar sobre
telecomunicações, conforme o Art. 22, inciso IV, da CRFB/88. Além disso, é materialmente inconstitucional, pois
compete à União explorar os serviços de telecomunicações, o que impede que o Estado Alfa conceda isenções,
segundo o Art. 21, inciso XI, da CRFB/88.
B) Não. Para que um direito seja incorporado ao patrimônio do usuário do serviço, consubstanciando um direito
adquirido, é preciso que tenha sido instituído por uma lei válida, o que não foi o caso da Lei XX/2015.

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PROVA PRÁTICO-PROFISSIONAL Aplicada em 01/12/2019
ÁREA: DIREITO CONSTITUCIONAL
“O gabarito preliminar da prova prático-profissional corresponde apenas a uma expectativa de resposta,
podendo ser alterado até a divulgação do padrão de respostas definitivo.”
Qualquer semelhança nominal e/ou situacional presente nos enunciados das questões é mera coincidência.”

PADRÃO DE RESPOSTA – QUESTÃO 04

Enunciado

Maria, paraguaia naturalizada brasileira, foi eleita Deputada Federal. Após a posse, foi condenada, por sentença
judicial transitada em julgado, por conduta que comprometia a soberania nacional, com o correlato cancelamento
da nacionalidade brasileira.
A partir da hipótese mencionada, responda aos itens a seguir.
A) A condenação de Maria produz algum efeito em relação à sua capacidade de votar e de ser votada?
(Valor: 0,65)
B) O mandato eletivo de Maria deve ser preservado? (Valor: 0,60)
Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere pontuação.

Gabarito Comentado
A) Sim. Com o cancelamento da naturalização por sentença judicial transitada em julgado, Maria perdeu os seus
direitos políticos, o que a impede de votar e de ser votada, segundo o Art. 15, inciso I, da CRFB/88.
B) Não. Maria deve perder o mandato de Deputada Federal, segundo o Art. 55, inciso IV, da CRFB/88, o que deve
ser declarado pela Mesa da Câmara dos Deputados, nos termos do Art. 55, § 2º, da CRFB/88.

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Prova Prático-Profissional – XXX Exame de Ordem Unificado

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