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w SCHOPENHAUER “a vida feliz” 1 ‘A corte dos Milagres. Sabe-se ~ mais precisamente desde que Nietzsche estabeleceu a teoria no Preficio de A gaia cifncia — que a filosofia de um autor sem- pre se confuunde com sua autobiografia; ela remete a incapacidades, forcas, caréncias e riquezas, apoia-se também em emogdes de inflincia c em toda uma sé- rie de causalidades obscuras e misteriosas a partir das quais um ser constitu-se tal como ‘Com Schopenhauer, porém, essa hipotese mostra -se mais acertada do que com qualquer outro autor: seu pensamento trigico parece uma confissio de suas dores pessoais, uma tentativa de sublimar sofri- ‘mentos existenciais ¢ um esforco de transformar es de crianca e de adolescente, se nao suas dificuldades de jovem adulto, em pensamento coe rente € em sistema filos6lico, Com 0 caos dos anos jento ele compe uma visio de mundo que 169 [AS RADICALIDADES EXISTENCIAIS se apresenta como uma obra de arte, um ‘pera romantica com um baixo continuo e um ranhado de leitmotiven — muito antes de nibelungos, do schopenhaueriano Richard Na biografia de Arthur Schopenhauer ~ ofl classicamente chamado “do pessimismo” trasse, de fato, uma familia patogénica com, dol Paterno, dois tios internados, uma avé louca, um depressivo que alterna periodos de violéncia plicéveis com longos periodos de mutismo aut durante os quais no reconhece ninguém. O- tor de Arthur & um ser angustiado, com tendéi suicidas que sio consumadas. Schopenhauer vera frequentemente ~ um de seus intimeros ‘ven... ~ que 0 pai transmite carster contra 0 nada se pode fazer... Ou: como tornar-se um. dor tragico. A esse tema recorrente da origem heredit acrescenta que a mae transmite o intelecto, Johan foi uma esposa mediocre, uma mie ruim, uma Iher histérica, agressiva ¢ colérica, terrivelmente: mundana. Sua irma mais nova sera tentada mas de uma vez pelo suiefdio; viverd toda sua existén sob as saias da mae, sem marido, sem amores, se filhos, sem familia, feia ¢ rejeitada por todos. Ouz ‘como tornar-se um filésofo miségino, ‘Tendo comecado mal na existéncia, mal-amado, ortanto mal amante, Schopenhauer faz-se notar or seus professores, seus préximos e seus colegas a0 desempenhar, mais do que seria desejavel, o papel do personagem detestivel: rabugento, agressivo, cF nico, irdnico, peremptdrio, defensor dos fracos € idos e inclinado a dar ligdes. Amou mulheres SCHOPENHAUER Js. iscriadas, as camareiras, as semimundanas is Ihe festejou, a0 ee Pe ere eee Pee =e pane ce ee eee Bo eee te poo eee erence oe eter are 2 Arthur, 0 cosmopolita. Arthur Schopenhauer nasce em Dantzig em 22 de fevereiro de 1788, ano em que a7 | RADICALIDADES EXISTENCIAIS € publicada a Critica da raz prtica de Kant. 0: Heinrich Floris, € atacadista, a mie descende uuma familia de magistrados renomados. Vinte separam 0 marido de sua jovem esposa, que tem 2oito anos na época do casamento. Um easam que nao é por amor. Johanna pretende aproveit sua situagao de esposa para levar uma vida de guest mundana facilitada pela fortuna acum por Heinrich Floris. © pai planeja o nascimento do filho em Londre ‘onde, acredita, a carreira do comércio é facil pela nacionalidade inglesa. O casal parte, entao, capital. A futura mie alegra-se com o que a ‘um pouco sua existéncia monétona a sombra dos: ‘mazéns. Heinrich Floris parece suportar malo eli de Londres e sua perpétua neblina que o deprit Pode-se vélo no cais do porto experimentar Poltrona sustentada por cabos, antes de convidar: mulher para se instalar nela a fim de isla para o barco que os levaré para 0 outro lado da Mancha, ‘Todo o mundo zomba dele, inclusive sua mulher. © comerciante lera Rousseau e queria fazer do fe tho um cidadao do mundo. Nessa perspectiva, cha ‘ma-o de Arthur porque esse nome pronunciase ‘mais ou menos do mesmo modo na maior parte das iguas da Europa. A preocupacio com o passapor te inglés e o nascimento sob os auspicios eosmopoli- tas nao enganam: Heinrich Floris destina Arthur | 20s negécios da familia. Nio ha necessidade, por tanto, de longos estudos iniiteis. Basta o primério, Schopenhauer assentiu a vontade do pai Em 1797, ele tem dez anos quando uma irma cha- ‘mada Adele chega a casa. Naquele ano, cle viaja com © paia Paris © a0 Havre, onde fica sozinho por dois 172 SCHOPENHAUER yon como pensionista, A familia que o hospeda cer fe feito, ele ea lagos de amizade com 0 me- ino da casa aprende francs rapidamente,esquece lemio, escreve 208 pals e depois retorna a Ham “burgo, para a casa da familia, onde, aos doze anos, Mscobre air. 7 Na fata de escola secundaria, educagio passa por uma viagem pela Europa, Com quinze anos de Mite, o rapar esti na estrada com os pase rma ‘Nemanih, Holanda, Inglaterra, France, Sie, Su fae Austria, Ee comeca um Didredriagem no qual fnowra uma bela capacidade de observaro mundo e fe dencrevélo. No fim do caderno, inventa 0 guia fastronbmico e far avaliagBesacerea dos albergues Em que sua familia hospedou-se, Sua pros simples fal tet a0 ponto, Ela serd a mesma em sia obra Filosofia: fier, legamte direta. 3 Enforcados, surdos e mudos. Em seu Diério de viagem, Schopenhauer no se contenta em fazer anotacdes sobre osalbergues ou contar 0 cotidiano de cada des- Tocamento em detalhes. Ele conta como é tomado pelo sublime durante a visita ao Hotel de Ville, em Patis, os espeticulos a que assiste: pela mana, assiste a0 enforcamento de trés homens; 2 noite, a um espe- téculo de ventriloquia. Em outra parte, fala de um zo0l6gico e de um jardim botinico. Em Amsterdam, fem uma loja de poreelanas, depara com uma imagem dde Buda, que faz sorrir quem 0 vé, diz ele, ainda que cesteja de mau humor. No Louvre, vé a tapecaria da rainha Matilde; considera-a mal executada e conchii ‘que é auténtica, Na Opera, nota Bonaparte na sala. 173 ‘AS FADICALIDADES EXISTENCIAIS Sébastien Mercier, o autor do Tableau de Pars io de Paris}, serve de guia a sua familia na francesa. O rapaz esti entre os espectadores as tropas sito passadas em revista nas Tull dia seguinte, encontra Bonaparte no teatro ‘gunda vez, No Instituto de Surdos-Mudos, luma aula publica do abade Sicard e descreve em Jornal o método que permite ao padre ensinar a 'municagao por gestos. Na Suica, vai ao Instituto, talozzi ¢ estuda atentamente © novo modo ped co de aprender sem a ajuda da meméria, Em Vi interessa-se pelas gemas do gabinete de min do imperador; depois, de i vai as salas onde estao, colecdes de animais. Na cidade de Mozart, consi uim uma representacio de A flauta magica Em todas as cidades, visita os monumentos, 40s museus, aos espeticulos: o adolescente cor entio sua visio de mundo. Nada em seu diario dei transpirar dor, softimento ou tédio. Nao ha nad: ‘que mostrasse algun desentendimento entre o pai a mae, ausente de suas anotagées ~ uma ver ela. doente e ele sai com o pai pela cidade, Naquele pee iodo de sua vida - quinze anos -, acumula conhece ‘mentos que serdo reunidos em O mundo como vontade ¢ mpresentacio: a misica e o teatro, a arquitetura ea pintura, 0 Laocoonie e Rafael, a mineralogia e as iéncias naturais, Mozart © Rossini. E sempre sem nenhum traco de melancolia Dois momentos sao igualmente importantes na formacao intelectual e espiritual de Schopenhauer: visita as galés de Toulon, onde se amontoavam seis mil condenados, e a escalada de alguns picos dos Alpes. Pois dai extraira duas metiforas vivas para _ seu pensamento: aquela da miséria da condigao hi 174 SCHOPENHAUER jana e da necessaria piedade; aquela da altitude, os cuumes € do sublime consolador oferecido pelo peticulo da natureza. O sublime como remédio 1/a miséria, op¢ao romantica ideal, 4 ’ Gaterianas geleiras. Nos Pensament, Pascal fia vo de uma inagem volentae eloguente para ate fara misériadowhomem sem Deus homens acorren fades condenadosa morte vam cada diam eaee- fer retirar um dels para deyolo vista de todos Aepois pata e retornara no dia aegunt para cor: Bf a ous; en cane Gude dele vege tompanbeiros de infortino com dor sem espe: tanga, aguardando sua ver que io deisard de che fi Foe dle sonic haa aver, ese Pascal sen Dew, vita 0 are- pat one os condenados so forados aoe trabalon Imis penowos, Os bacos desatadon nos qual Pathan equivalem a pristo ou calabouco pascal ner repogantes de tanta indi, gale no tterecema0 infer sno uma bua de infor qh Ihe serve de assento para ear, dormir oc ther uma rago asqurosa, Acorremados uns 408 Ou tos corner pe rato bron dec pagar all uma penagle um quart deséculo sem ESperanca de abrandamento dus condiges de de- Teneo, Apenas a morte os iberta. © sofimento, a dove a more como lberiago: eis uma sintere dix filo que espera 08 homens desde sempre e para Por outro ldo, Schopenhauer reata alguns pas sei nas montana, eva, expetculos maga 175 ficos quando se chega ao cume das montanl estado de beatitude no qual se encontra @ ante liberto de si mesmo, cansado, eerta mas inteiro a0 desfrutar do espetéculo de um dde um céu puro, de um pr dosol, de uma: ‘montanhas percebida ao longe. Imimeras cena das no caminho que leva a0 alto das mont ‘maream seu espirito: cascatas que se p riachos, reflexos das montanhas sobre a s lisa da agua de um lago, torrente que jorra dos chedos, ravinas sem fundo e cascatas esetmat ccumes perdidos nas nuvens, cimos nevados, thos escarpados ladeando precipicis, florestas Pinheiros negros vskumbradias mais abaixo, neve bre os pieos, estrondo de cataratas, luzes dos fusio da neve, fissuras das geleiras, neves pétuas, brancoazulado do gelo, monticulos de elas avalanches, riachos de gelo derretio, vale a luz do lar, céu coberto de estrelas, monta transformadas em muralhas que, a noite, escon metade do firmamento, sem falar na qualidade silencio. Em julho de 1796, Hegel também experimen © sublime das montanhas e relatara suas impres «em um Didria de wma viagem nes Alpes berneses, © pode conv a0 penimiaio do ate ue malta puro aburdo tigen de odo acontecimento, Hagel ¢igualmente célcbre por aa anlie da ne pivcade e su papel fundamental na dala que rite sujetarse a idea de progresoe upertigoa Ppenio, de tnjew para a realimgio do Abeolo: 0 nt neg seem en wp a sigaifico, mesmo que no se compree fl nem porque. Asvias do Senor so insondaels i tro faz seido no curso da histri, inclusive, © Moire, © Mal, no qual Schopenhauer exbara Nomento.em um movimento part Hegel, ocerne da sn par Scopes acon do Ma de fora alguma'a mesma nos dols pensamen a Morte as “hegeliarias”! Deixemos de lado as Pessouis pelas quais Schopenhauer agride vi ‘mente o autor de Fenomenologia do espitto em = filosofi ia universitaria’, € vejamos o que separa ficamente os dois pensacores. Schopenhaver tum diagnéstico errado quando reduz a total sistema hegeliano a uma formulagio nebulosa tho conterido cristi... O julgamento é duro, ‘mpiedoso, incrivelmente violento, mas tio Les, de fato, nos artigos péstumos de Hegel Iuterano e quero continuar'a sé-4o.” E, acreseen esta frase da Encilopédia: “O contetido da fi © da religio sio os mesmos", tudo estard dit, os 227 AS RADICALIDADESEXISTENCIAIS cstcjam carregados de conceitos, os sofia do direito defendem no fim das contas: nal visio de mundo extremamente legitimista ¢ compativel com as Elogio do Estado, do Direito, da Casamento, da Propriedade, da Religiéo, da submissio do individuo ao coletivo. Um ctistio, uma colecio de virtudes imperiais, 33 q 0 expirito de corpo filosifico. Os professores t sitdrios revinem-se para se solidarizarem i ‘mais facilmente sua visio das coisas, Para reenderam como poderiam utilizar da neira possivel as feiras, os jornais e as instiuiio universiria permit ao natin funcionar plenamente ¢ produir os resultados rados. Schopenhauer ~ que descjava que O. fosse publicado para.a feira de Sio Miguel gaa mania que determina que um livro seja do... para uma feira! Dirfamos hoje em dia: ‘ova temporada literéria. Em seu contrato com 04 tor, ele estipula que nenhuma publicidade sera € que, caso seja necessirio algum reclame, se lis a fazer mengao ao titulo e ao autor ¢ nada A moda obriga a producio de livros ruins. A sofia ndo escapa desse defeito da época em qi intimeras atividades, ent quais a edigdo de livros. Esses livros lancados midiatico da feira sio objeto de recens focres como cles, mas, ao fazer isso, ‘mentam suas forcasao constituirem matilhas. Of 230 ‘SCHOPENHAUER cio de muldades prods apenas via. grande ade lidar. reteot rina da eis permite também uma e vege dominacio do capo cukural — un A ica do moment rofessoressem Pe- ena lnass -SToe OS uaa como genio um ago mediO- Ho Paros e praia anim uma etatéia de Glia profes ptomads ue nsinarn eae fala bem de uma brad qual 0 cn nada, tamana sa verborria,entio nome do argumento de ida mio ovo rim, sor recall 0 te anulario ts pawns ° qi bridade ecolocarto em di tn rsa nigeca © poe a ua opera de incest Mecstmibso ana transformado cm sua vero wri, que a8 vo ccanium que opera plno vapor desde 2 Te, Mn queenrevia. oso de Frankfort en i yenhauer parte para a Pensar por si mesmo. Schop Ps gucrra contra aqueles que pensam a partir de suas Fibtioteas ¢fazem livros com Hivos ¢ io com a Ke berdade de pensar. A enica que utiliza ass These a uma montagem de citacoes, uma colagem de pardgrafos ou de ideias emprestadas de outros pensadores. A verdade nio sai disso ilesa,¢ os err re meticos por um encontram-se multiplicados pelos rros de carga atarefados em copiar € no preoct- dos em meditar € pensar . 7" professor também nio tem nenhuna preocups ‘do com a verdade quando consti seu discurso € 0 281 AS RADICALIDADES EXISTENCIAIS. SCHOPENHAUER ticular; Assim comoa melhor maneira de proibir ‘sso A felicidade € procurécla com insisténcia, a ilhor forma de produzir verdades validas para to- os & procursélas para si. A licdo de Montaigne e de us Ensaios perdura na atitude schopenhaueriana: stir da introspeccio, aumentar sua presenca no undo, experimentar, olhar, viver, sentir, meditar, sat, observar, Aquilo que um fil6sofo termina or encontrar para si mesmo, em se tratando da ver lade, tornar-se-i, de fato, mas de modo secundario, lum Universal suscetivel de verdadeira consistencia. sre Seer ae de seu sakirio, obtidc ios ‘mada em pretexto. Pt 48 filosofi Partir de livros consultados em uma bibliot som ee font Roar rs face aes 4s coisas. O lugar da reflextio nie € by gem do quadro de Caspar David ress. 40 0 viajante sore 0 mat de mdse eich i umes, rete a ene com os ce jevem Schopenhauer fer, como dissemes, tm fe pach i ea 6 Um catecismo miségino. De Platio a Freud, passan- ‘lo por Rousseau ¢ Nietzsche, a filosofia ocidental dlominante pretende falar para o universal, ao passo que, de fato, negligencia a metade da humanidade so fazer das mulheres um subcontinente de seres i responsive, fiteis, infantis. Nos Parerga, Schopen hhauer esereve um texto intitulado Sobre as mulheres — tembora o titulo mais adequado talvez fosse Contra as ‘mulheres... = no qual di a impressao de ter concen -ado todos os argumentos do lugar-comum mis6gi- no que o precederam, Decerto a critica tedrica faz pensar no acerto de contas pritico com sua mae, a partir do qual ele -xtrapola paraa Mulher, que se torna entio um pre- texto para derramar todo seu 6dio, desprezo € res- sentimento, Contudo, para além do fator desenca- deante autobiografico, Schopenhauer fax de seu ddiscurso sobre as mulheres uma das cem portas pe- las quais se entra em sua Tebas filos6fica. A tirada violenta contras as mulheres faz parte da economia ros jamais consultados,.. vrai Para si mesmo também: em outras » nio se preocupar com o universal, mas exam 232 te AS RADICALIDADES EXISTENCIAIS de um stn de pemameno no qual lesempenhaplenatnente seu pape ‘Ora sabes que, quando o stcawo cheg sim como a iad que, como todos saben as faculdades genésicas -, o fildsofo encontrow 1 Theres que no imitavatm sou mundo a al de nem sas conversa folocase menercon de Zinha do imterioe Mulheres que nao nba nico objeto na vda comprar chapeas, ex tar vestidos ou gastato dinheiro tos marion, mulheres que no eram cortesis wolves striae lecionadoras de amante, ou prosttuta ¢ edn vicosrecorreu com frequéncia Dizem ae ene pero de ua ita su nia atenuouse- O encontro com a jovem Ney. que fer seu bust de mirmore em 1850 fo damental. O mesmo se pode diver das vitae das de Roma, Hamburgo c Amsterdam com asq tem verdadelras conversasfilosias A Maida ciardque ainda nio ise sata plea sob imuereseesdarece que no caso de agua fur levaraeacima da massa ase colocaré dos homens... Porm, eu desgo de acrescentar tos aos Parga nio tera tempo neces para concretizar aso contro, aver dipusésemog onsideraes pastels de tornar Schopenhauer ho culo em eu esentimento ‘Naépoca misogina els 0 que Schopenhauer ‘dan mulhere: io to aps nem ns grande balhos corporis, que seria comprecnte sua fisioogi, conto, nem aos grandes tl intletuain, poss intlgencalntada ped dese ivrarem de sa condo, que € repre 234 SCHOPENHAUER espécie. Elas pagam a divida da vida pelo sofrimento do parto, Seu destino reside no casamento, em ser- virao marido e familia e na maternidade... Devem obedecer aos homens e contentarse com futilida- des, eis sua vinica perspectiva. Se reunirmos todos os motivos de queixa, cis a lis: ta obtida: inferiores, ridiculas, fracas, dissimuladas, mentirosas, pérfidas, interesseiras, ingénuas, esban- jadoras, eaprichosas, inaptas @ criacao, fiteis, pue- ris, perduldrias,irritadicas, irrealistas,injustas, ari sas, mas, infigs, ingratas, evianas, ciumentas,feias, vaidosas, arrogantes, incultas... Tudo em um infimo punhado de paginas. Além das mulheres, apenas Hegel recebeu tantos insultos, 36 Feias e tolas. Schopenhauer tem o cuidado de de- senwolver tudo isso ¢, ponto por ponto, conduzir as mulheres diante de seu tribunal pretensamente filo- séfico, Daf consideracdes sobre a idade mental, que cle limita a dezoito anos, ou afirmagdes sobre seu estado intermediario entre a crianca © o homem, {que encarna o sucesso do género, Elas sio, mane ra delas, inacabadas, incompletas. ‘A beleza feminina também é vitima da andlise do fildsofo: se sto belas, isso dura pouco, ¢ apenas 0 tempo da procriacao. De fato, essa beleza € rara, pois, na maioria das vezes, se olharmos com aten- ‘cio, como € possivel falar do “belo sexo” sem medo do tidiculo? Julguemos por nés mesmos: pequenas, pernas curtas, ancas largas, ombros estreitos, clas io “inestéticas’. 285 ASRADIOALIDADES EXISTENCIAIS eur ae Nelas, a natureza comanda, pois seu iil arte de dissimular e sew incrivel talento para funde-se com a violéncia da Von ea get at ee cancar sua finalidade. A prova, continua oat ta das mulheres, € que apés duas ow trés des a beleza desaparece e a feiura toma conta, como os insetos que perdem o artificio das asas uma vez terminada a cépula. Além do no poupa de seu édio e de sua repulsa as: velhas, isto é, mulheres em menopausa que j podem desempenhar seu papel na natureza, A visio feminina das coisas reduz-se ao, falta de inteligéncia impede-as le se lembrare assado e dele tirar ligdes, bem como de Consequéncias de seus gestos ou de seus atos, Dat cevidéncia: elas nao consideram que 0 dinheire que dispdem possa desaparecer € compram a mi cheias. Na maior parte do tempo, gastam o dinl que o marido ganha. Essa imprevidéncia deveria var os homens a nunca permitir que elas herd: tm capital seria preciso Timitarse a dathes renda e deixara gestio de seus bens aos homens, sabem fazer essas coisas. O mesmo vale para o dit de tutela, que thes deveria ser proibido. Esse mesmo traco de cariter ~ a ineapacidade viver além do presente ~ faz com que se desta na injustica. Faltamdhes a razio e a reflexio, e, isso, nao imaginam as consequéncias de seus atos palavras. Assim, os homens $6 deveriam hes tirprestar juramento nos tr se no com circunspeccio. A falta de forea fisica ob a7 eas Os omens cons schopenate, sh naturainene evades oear nore as aulheres, por ia vez nao. Essa eal Mg tem ans paps que hes fram designe ec atrerton homens inserinam a IN, a atimento,owtroracacandy hoje, Weir enquanoa, a mers arrears patent, peanecem em es Pra 6 OCU {Resa daar el ata por oie a anes que ficaram com ela em co ae em seguranca, Nomadinme do car Ghucheesedentariamo da mie femea. ae nomen obtem agilo que ques satments cet rec ete cle 8 aera a mater, ao contro, elas apenas Peer, sprite glo que ina de a saree yar procrar onto vente parse ea er amber fr aqullo para o al ret Ponda ocuparse da grade que precise eB ero naam de obedecet a um pote Vets terval ft an para perm ae ease sc perpeue. Schopenhauer conch que ere ec Sstade de cof, infidelidade de wna

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