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14.

COMPETÊNCIAS E HABILIDADES

Educadores,

Esperamos que estes estudos sejam um trabalho compensador e agradável para


você. Vamos a mais um estudo do nosso segundo Módulo! Vamos iniciar nosso estudo
refletindo, de que maneira as competências podem contribuir com o desenvolvimento
integral humano e com a aprendizagem?

Na Base Nacional Comum Curricular (BNCC)1, competência é definida como a


mobilização de conhecimentos (conceitos e procedimentos), habilidades (práticas,
cognitivas e socioemocionais), atitudes e valores para resolver demandas complexas da
vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do mundo do trabalho.

Sendo assim, competências, para a Base Nacional Comum Curricular, como


também para a Proposta Curricular da Paraíba para o Ensino Médio (PCEM/PB), a qual
chamaremos tão somente de Currículo da Paraíba, expressam as aprendizagens básicas e
essenciais a serem desenvolvidas ao longo de todas as etapas do ensino básico.

Ao longo da Educação Básica, as aprendizagens essenciais definidas na BNCC


devem concorrer para assegurar aos estudantes o desenvolvimento de dez competências2
gerais, que consubstanciam, no âmbito pedagógico, os direitos de aprendizagem e
desenvolvimento. São elas:

1
Site com material de apoio com a Base Nacional Comum Curricular
2
Saiba mais em BNCC - As 10 Competências
F

onte: Dimensões e Desenvolvimento das Competências Gerais da BNCC

É imprescindível destacar que as competências gerais da Educação Básica,


apresentadas, inter-relacionam-se e desdobram-se na didatização do ensinar e do
aprender e, portanto, elas devem perpassar por todas as áreas de conhecimento e
componentes curriculares.

A relação entre o ensino por competências e as áreas de conhecimento no Ensino


Médio

O Novo Ensino Médio, enquanto última etapa da Educação Básica, contribui na


formação do estudante ao estabelecer competências específicas para cada uma das quatro
áreas de conhecimento, intimamente conectadas com as competências gerais.

Há diversas concepções de competências e certamente concordaremos e


discordaremos de várias delas. O conceito ainda evoca debates e discursões, mas
podemos observar certa afinidade com a ideia de competência como um “constructo
teórico, que

se supõe como uma construção pessoal, singular, específica de cada um. É única e
pertence, exclusivamente, à pessoa, exprimindo-se pela adequação de um indivíduo a
uma situação. Não se visualiza, observam-se os seus efeitos” (Dias apud Rey, Carette,
Defrance, & Kahn, 2005).

A definição acima traz três aspectos importantes a serem destacados, os quais


estão intimamente alinhados com o Novo Ensino Médio:

1. Sendo um constructo pessoal, todo processo está centrado no sujeito que desenvolverá
as competências;
2. É expresso pela adequação do sujeito a situações. Assim, o ambiente escolar precisa
proporcionar situações em que possa exercitar a expressão de suas competências; 3. Não
se visualiza a competência no sujeito, mas seus efeitos são observáveis, ou seja,
ao lidar com situações desafiadoras no ambiente escolar, a forma como expressa suas
competências são passíveis de análise e avaliação.

Um currículo orientado por competências agrega intencionalidade pedagógica a


um amplo espectro de ações possíveis no âmbito escolar, principalmente em situações
problemas envolvendo diversas áreas de conhecimento.

Dessa maneira, planejar a partir das competências pode constituir uma espécie de
língua comum, por meio da qual professores, gestores e estudantes poderão construir
projetos e se desafiarem em situações que demandem o exercício de suas competências.

Mas vamos a uma hipótese prática:

A. Em uma comunidade rural, um pequeno córrego corta várias propriedades,


pequenas e grandes. Há uma inquietação e comentários sobre o mal cheiro da
água e a professora de sociologia aborda a questão em sala de aula.
Conjuntamente decidem fazer um levantamento sobre o curso e a importância do
rio naquela comunidade e de suas fronteiras. A ação contribui para o
desenvolvimento direto de duas competências específicas de Humanas.

2. Analisar a formação de territórios e fronteiras em diferentes tempos e espaços, mediante a


compreensão dos processos sociais, políticos, econômicos e culturais geradores de conflito e negociação,
desigualdade e igualdade, exclusão e inclusão e de situações que envolvam o exercício arbitrário do
poder.
3. Contextualizar, analisar e avaliar criticamente as relações das sociedades com a natureza e seus
impactos econômicos e socioambientais, com vistas à proposição de soluções que respeitem e promovam
a consciência e a ética socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional, nacional e
global.

Fonte: BRASIL, 2018, p. 568.

B. Para conhecer a natureza dos dados a serem produzidos, assim como para serem
capazes de analisá-los e tirar conclusões, professores, estudantes e gestores
podem solicitar o engajamento de outras áreas como a de matemática,
contribuindo com a prática e expressão de outras competências.
2. Articular conhecimentos matemáticos ao propor e/ou participar de ações para investigar desafios do
mundo contemporâneo e tomar decisões éticas e socialmente responsáveis, com base na análise de
problemas de urgência social, como os voltados a situações de saúde, sustentabilidade, das implicações da
tecnologia no mundo do trabalho, entre outros, recorrendo a conceitos, procedimentos e linguagens
próprios da Matemática.

Fonte: BRASIL, 2018, p. 481.

C. As áreas das ciências da natureza e linguagem poderiam igualmente ser


envolvidas na situação problema, acionando outras competências específicas.
2. Compreender os processos identitários, conflitos e relações de poder que permeiam as práticas sociais
de linguagem, respeitar as diversidades, a pluralidade de ideias e posições e atuar socialmente com base
em princípios e valores assentados na democracia, na igualdade e nos Direitos Humanos, exercitando a
empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, e combatendo preconceitos de qualquer
natureza.
3. Utilizar diferentes linguagens (artísticas, corporais e verbais) para exercer, com autonomia e
colaboração, protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva, de forma crítica, criativa, ética e solidária,
defendendo pontos de vista que respeitem o outro e promovam os Direitos Humanos, a consciência
socioambiental e o consumo responsável, em âmbito local, regional e global.

Fonte: BRASIL, 2018, p. 481.

Tanto numa situação que se amplia e pode acionar competências específicas de


outras áreas, como no planejamento prévio de tais situações, as competências assumem
um lugar de grandes potencializadoras de uma educação mais integral, uma vez
promovem a possibilidade de atravessamento e de conexão entre aprendizagens nos
diversos processos e atividades existentes nas escolas.

REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Educação (MEC). Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
Conselho Nacional de Educação: Brasília, 11 de maio de 2018.

DIAS, Isabel Simões. Competências em educação: conceito e significado pedagógico.


Psicologia Escolar e Educacional [online]. 2010, v. 14, n. 1 [Acessado 14 Março 2022],
pp. 73-78. Disponível em:

<https://doi.org/10.1590/S1413-85572010000100008>. Epub 19 Out 2010. ISSN 2175-


3539. https://doi.org/10.1590/S1413-85572010000100008.

PARAÍBA. Proposta Curricular da Paraíba para o Ensino Médio. SEECT: Paraíba, 2021.

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