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E a graça foi concedida a cada um de nós segundo a proporção do dom de Cristo. Por isso, diz: Quando ele
subiu às alturas, levou cativo o cativeiro e concedeu dons aos homens. Ora, que quer dizer subiu, senão que
também havia descido às regiões inferiores da terra? Aquele que desceu é também o mesmo que subiu
acima de todos os céus, para encher todas as coisas. E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para
profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres, com vistas ao aperfeiçoamento dos
santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo. Ef 4:7-12
Nesse texto de Efésios lemos a respeito dos cinco ministério dados a Igreja. O objetivo desses cinco
ministérios é a edificação do corpo. O plano deles é usar todos os membros do corpo. O trabalho deles está
indicada no verso 12: eles foram levantados com vistas ao “[...] aperfeiçoamento dos santos para o
desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo”.
Os cinco ministério foram constituídos pelo senhor para treinar os santos e não para fazer o trabalho no lugar
dos membros do corpo. Infelizmente esses ministérios foram transformados num tipo de neo-clericalismo.
As cinco funções se tornaram numa espécie de hierarquia espiritual.
Precisamos rejeitar o clericalismo porque ele destrói a edificação do corpo. O clericalismo é aquele
entendimento de que dentro da igreja que existem pessoas que estão mais próximas de Deus, ou que existem
pessoas que são mais capacitadas espiritualmente e por isso servem de intermediários entre Deus e os
homens. Isso é algo contrário a palavra de Deus. A palavra do Senhor diz claramente em 1. Pedro 2.9 que
cada crente é um sacerdote.
Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de
proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz. I Pe. 2:9
Não há mais intermediários entre o homem e Deus. Todos nós temos um único acesso por meio do Senhor
Jesus. O problema é que os crentes ainda procuram intermediários. Já que eu não posso orar para o Santo
Expedido, porque eu sou crente, vou pediu o pastor Aluízio para orar por mim. E você me transforma no
santo Aluizio. Infelizmente continuam com a antiga mentalidade religiosa do intermediário mais santo.
Existem irmãos que dizem para mim: “Pastor eu peço para você, porque você está mais perto de Deus.”
Isso tudo é lamentável. Não ficamos perto de Deus por causa de nossa justiça, mas unicamente por causa do
sangue de Jesus que nos aproximou.
A vontade de Deus é que cada um dos seus filhos seja um ministro! Quando você confessa, que o sangue te
lavou e purificou, você tem acesso a presença de Deus e os milagres podem acontecer através de você.
Portanto, apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres não são um tipo de hierarquia religiosa, onde o
apóstolo agora é maior de todos. Na verdade o apóstolo Paulo falou que Ele é o menor de todos os Santos
(Ef. 3:8). Ele não se viu como alguém especial. Na verdade ele dizia que era o principal dos pecadores (I
Tm. 1:15).
Quando ele diz que é o menor dos Santos não está sendo modesto. Ele está apenas falando a verdade. Ele é o
menor mesmo. E o menor dos Santos foi enviado como apóstolo. Portanto o apóstolo não significa ser o
maioral. Dentro da igreja não existe esse tipo de hierarquia.
Esses ministério não são títulos, mas são funções ministeriais. É evidente que existem dentro da igreja
pastores, mestres, evangelistas, profetas e apóstolos. Há irmãos entre nós que são mestres e outros são
evangelistas e profetas, no entanto não devemos chamá-los de mestres, evangelistas ou profetas. O Senhor
Jesus disse que não deveríamos chamar ninguém de mestre, pai ou guia.
Vós, porém, não sereis chamados mestres, porque um só é vosso Mestre, e vós todos sois irmãos. A
ninguém sobre a terra chameis vosso pai; porque só um é vosso Pai, aquele que está nos céus. Nem sereis
chamados guias, porque um só é vosso Guia, o Cristo. Mt. 23:8-10
O Senhor mesmo constituiu alguns para serem mestres, mas ele nos advertiu a não transformar a função num
título. Paulo diz que Timóteo era seu filho nma fé, mas Timóteo não podia chamar o apóstolo de pai. Os
títulos são um grande impedimento para a edificação da Igreja.
Não adianta muito tentar mudar a mentalidade dos irmãos, por causa da tradição de longos anos. Mas aquilo
que já é ruim, não precisa ser piorado. Já é ruim alguém ser chamado de pastor dentro da igreja, então não
vamos criar mais títulos contrariando claramente a ordem do Senhor Jesus.
Nós somos um reino de sacerdotes, onde cada um é um ministro. Eu sou ministro e sou sacerdote. A unção
da cabeça está sobre cada membro. Se os Senhor me instituiu, me levantou para ser benção na sua vida, eu
sou apenas instrumento Dele! Eu não sou dono de ninguém, eu não sou dono desta igreja nem sou dono do
rebanho.
Vivemos uma época terrivelmente perversa onde homens se colocam como donos da igreja. Infelizmente há
até irmãos que pensam que o pastor é dono da igreja. Eu não tenho igreja. Não fui eu quem morreu pelos
irmãos. Eu não derramei meu sangue pela salvação deles e nem entrei na morte para salvação de ninguém.
Você foi comprado por Jesus de Nazaré. Você é dele, como eu também sou dele. Ele, porém, me colocou na
igreja para cuidar de você por um tempo. Mas eu sempre tenho que me lembrar que o rebanho não é
meu.Sou apenas um servo cuidando dos conservos.
O trabalho de Profetizar
O segundo aspecto é que cada crente deve ser treinado como profeta. Em 1 Coríntios 14.3, Paulo fala sobre a
função do profeta. Para nós, profeta é quem prevê o futuro, mas não é necessariamente assim. Profeta só tem
revelação do futuro se for necessário para edificar, exortar e consolar. Profeta é o que edifica, exorta e
conforta. Então, um irmão está desanimado, cansado e querendo desistir. O Senhor usa outro para lhe dizer:
“Irmão, permaneça no Senhor, porque no final você será recompensado. Essa luta é apenas momentânea,
persevere porque Ele tem uma grande obra para você”. Ao fazer isso ele estará edificando o irmão de
maneira profética.
Nenhuma profecia do Velho Testamento foi dada com o intuito de satisfazer curiosidade humana.
Normalmente, ela era dada para confortar e motivar o povo. O povo estava cansado, desmotivado; Deus
levantava Isaías e dizia: “Eis que o teu Redentor vem e de Sião virão os resgatados do Senhor e virão de
Sião cantando”. Quando Isaías fala aquilo, Ele não queria satisfazer a curiosidade dos israelitas. Ele diz:
“Persevere e creia no Senhor, porque o tempo da luta é breve”. Mas em nosso conceito natural a profecia é
apenas uma adivinhação dos crentes. O alvo da profecia é mais um diagnóstico do que um prognóstico.
O profeta é quem fala da parte de Deus, portanto nós todos devemos ser os profetas de hoje. Todo crente
deve ser um profeta. Nem todo crente terá o dom de cura, dom de discernimento de espírito, dom de fé, de
sinais e maravilhas; mas todo crente deve profetizar. Paulo não disse que profetizar era apenas um dom, mas
sim uma matéria que precisamos aprender para o desempenho do nosso serviço.
Pedro afirma que nos somos sacerdócio real. O ministério profético é uma extensão do ministério sacerdotal.
No Velho Testamento, Deus escolheu a tribo de Levi como sacerdotes. Deus queria que essa tribo se
achegasse diante dEle em favor dos homens, porque é isso que os sacerdotes fazem. Ao interceder, o
sacerdote oferecia sacrifício a Deus em favor dos homens, mas também era plano de Deus que o sacerdote
levasse Sua palavra ao homem.
A partir de Eli, o ministério sacerdotal entrou em decadência em Israel. Deus, então, chama Samuel, e
Samuel foi um daqueles homens que mudaram as épocas. Ele estabeleceu algo inédito em Israel, uma escola
de profetas. E a partir de Samuel, vemos profetas em ação o tempo inteiro. Depois de Samuel, parecia haver
duas instituições em Israel, a instituição dos profetas e a dos sacerdotes; mas na verdade não era assim. Em
Êxodo, capítulo 19.6, vemos que Deus queria fazer da nação de Israel, uma nação de sacerdotes. Esse era o
alvo de Deus. A profecia deveria ser parte do ministério do sacerdote. Como todo crente é um sacerdote,
todos podem também profetizar.
O ministério profético e o ministério sacerdotal são apenas dois lados de uma mesma moeda. O sacerdote é
aquele que vai diante de Deus em favor dos homens. O profeta é aquele que vai aos homens para falar o que
Deus disse. Mas só pode falar aos homens o que Deus falou quem esteve diante de Deus. E quem é que
esteve diante de Deus? O sacerdote.
No Novo Testamento, quando se chama alguém de sacerdote, também está chamando-o de profeta. Nós
somos a voz profética hoje no mundo. Quando me refiro a “nós”, não é só o “pastor” ou quem tenha o titulo
de “profeta”. Voz profética hoje é a igreja, todos os crentes, todos devem profetizar.
Paulo diz que todos devem profetizar (I Cor. 14:31 e 39). Moisés falou: “Oxalá todos profetizassem” (Nm.
11:29). Se Moises tinha esse coração, Deus não o teria também? Um homem seria capaz de pensar algo bom
que Deus não tivesse pensado primeiro? A Igreja é uma nação de sacerdotes e, um aspecto do sacerdócio é
profetizar. Temos que treinar a Igreja para isto, a falar para as pessoas em nome do Senhor.
O trabalho de evangelizar
O terceiro ministério é evangelizar, o trabalho de ganhar alguém para Cristo. É evidente que se tivermos um
evangelista para treinar os irmãos será melhor; mas se não, temos pelo menos a matéria para fazer. Está
escrito que a obra do ministério inclui evangelizar. Portanto ninguém pode se eximir de evangelizar porque
não tem o dom de evangelista. Evangelismo não é uma questão de dom, é uma questão de obra do
ministério. Se você é ministro, está escrito que deve ganhar almas.
O trabalho de pastorear
Em seguida vem o trabalho do pastor. Cada crente deve entender que ele tem que consolidar quem ele
ganha. Esse é um trabalho pastoral. Já fui acusado várias vezes de querer levar a igreja a fazer o meu
serviço. Todas as vezes, minha defesa é a mesma, sempre digo: “É verdade, eu estou aqui para isso mesmo,
para ensinar você a fazer o que eu faço. Eu não estou aqui para fazer no seu lugar, eu sou um treinador”. É
isso que eu sou. Sou como um técnico do time. Minha função não é chutar a bola, mas, se fizermos gol ou
não, a culpa será minha. Se o time ganhar ou perder, quem vai pagar o pato sou eu. Cada um joga de um
jeito, mas preste atenção, é função nossa levar o povo a fazer o que nós fazemos.
O trabalho de ensinar
Em último lugar, o mestre é aquele que treina. Após ganhar e consolidar alguém, é preciso treinar essa
pessoa. Vamos entender isso na prática. A irmã Maria é empresária. Ela precisa antes de qualquer coisa
entender que é uma empresária enviada por Deus. O chamado dela é este e ela deve ser empresária. Todo
crente tem um chamado, isso é solene.
Então a irmã Maria tem convicção do seu chamado e tem alegria, prazer e satisfação em realizá-lo. Como
empresária enviada por Deus, ela está no seu trabalho e ela tem um relacionamento de amizade com seus
fornecedores. Um belo dia, um fornecedor diz algo para ela: “Olha, meu casamento está difícil, o dinheiro
está curto, faltando. Estou passando por dificuldades. Não sei o que eu faço”. Nesse momento ela, que foi
treinada para profetizar, irá liberar uma palavra para ele. Ela dirá: “Olha, a sua vida pode mudar, saiba que
eu oro por você e que sua vida vai mudar” O profeta também é sacerdote por isso ele intercede. Samuel
disse: “enquanto a mim longe de mim deixar de orar por vocês”. Samuel era profeta, mas também sacerdote
porque era da tribo de Levi. Samuel era o padrão, como também João Batista.
Nós somos como João Batista e estamos aqui preparando o caminho para o Senhor. Do mesmo jeito que
João Batista preparou para a primeira vinda, nós temos preparado para a segunda. Somos também, como
João, sacerdotes e profetas. Jesus diz que não houve nenhum profeta maior do que ele. E não há nenhum
profeta maior que nós também, nós somos o João Batista de hoje. Nós também estamos no espírito de Elias,
também convertemos os corações dos pais aos filhos e dos filhos aos pais, nós fazemos tudo isso. Esse é o
nosso trabalho na verdade.
Mas aí a empresária chamada por Deus pergunta ao fornecedor: “Você quer que eu ore por você? A sua
história pode ser mudada por Deus”. Então ela o abençoa. Até aí ela não evangelizou, mas ela já está lá
enviada, falando da parte de Deus. Na oportunidade seguinte, ela começa e evangelizá-lo falando do amor
de Deus.
Após ele se converter, o próximo passo é consolidá-lo. Chegou o momento de pastorear essa pessoa e firmá-
la na Igreja. Mas ainda não será o fim do seu trabalho, ela terá de treiná-lo. O ideal é que cada um tenha seu
pai espiritual, tenha seu discipulador que lhe treine para que ele repita todo o processo novamente. No final
ele será enviado para repetir o processo com outros.
É natural que nesse processo alguns façam algumas coisas melhor do que outras. É possível que alguns, por
exemplo, sejam muito bons para profetizar e nem tanto para consolidar. Todavia nada os exime de
consolidar. Nós temos tudo à nossa disposição. Uma pessoa pode ser melhor para treinar e, devido a uma
particularidade, goste mais de exercer esse ministério. Contudo, nada o exime de evangelizar. Se ele ganhou,
deve ir até o fim. Essa é a obra do ministério. Quando falamos que cada crente é um ministro, estamos
falando disso, que esse é o treinamento do ministro. Logo, se o ministro não faz isso, não importa o que ele
faça, ele está fora do coração de Deus. Porque não é o seu trabalho que vai gerar a Igreja. Paulo é bem claro
ao afirmar que é a obra do ministério que edificará a Igreja. Podemos fazer o que quisermos: tocar apito,
soltar pipa dentro do prédio da igreja, o que quer que seja. O Senhor não se importa com isso desde que você
faça essas cinco coisas.
É preciso enfatizar que existem pessoas dentro da Igreja que são apóstolos, outras que são profetas,
evangelistas, pastores e mestre. Tais funções são reais, mas a minha ênfase aqui é no trabalho que todos os
santos d[fazem na Igreja.
É função de todos os membros fazer as cinco tarefas. Mas como ficam os dons? A Bíblia diz: “por acaso
todos falam em línguas, por acaso são todos apóstolos?” É obvio que não. Mas você tem que entender que o
contexto é diferente. Em Efésios, fala-se de um trabalho que é obrigação de todo crente; em Coríntios, fala-
se de dons que Deus dá aos crentes, segundo o critério da Sua graça, visando o serviço mútuo.
A mentalidade comum é que no corpo uns curam, outros têm fé, outros têm discernimento de espírito, outros
têm palavra de sabedoria, outros palavra de conhecimento. Quando todo mundo faz uso de seus dons, então
temos o corpo funcionando. Essa é a visão comum, fruto da mentalidade moderna de departamentos. É
evidente que esses dons existem, mas o principal é que há um serviço para todo crente para a edificação do
corpo de Cristo.