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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

O CLIMA URBANO DA ILHA DO FUNDÃOIRJ - ILHA DE CALOR,


QUALIDADE DA ÁGUA DA CHUVA E POLUIÇÃO
ATMOSFÉRICA

Thiago Souza Silveira

UFRJ I CCMN I IGEO

Monografia

Rio de Janeiro

Julho 1 2010
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
CCMN - Centro de Matemática e Ciências da Natureza

IGEO - Instituto de Geociências

Departamento de Geografia

CLIMAGEO - Laboratório de Climatologia Geográfica e Análise Ambienta1

O CLIMA URBANO DA ILHA DO FUNDÃO I RJ - ILHA DE


CALOR, QUALIDADE DA ÁGUA DA CHUVA E POLUIÇÃO
ATMOSFÉRICA

Monografia submetida ao
Departamento de Geografia da
Universidade Federal do Rio de
Janeiro como requisito para obtenção
do grau de Bacharel em Geografia

Orientadora: Profa. Dra. Ana Maria de Paiva Macedo Brandão

Rio de Janeiro

Julho 12010
Ficha Catalográfica

Silveira, Thiago Souza

O Clima Urbano na Cidade Universitária - Ilha do Fundão / RJ - Ilha de


Calor, Qualidade da Agua da Chuva e Poluiçáo Atmosférica.

Thiago Souza Silveira. - - Rio de Janeiro: UFRJIIGEO, 2010.

x, 73 f.: il. ; 31 cm.

Orientadora: Ana Maria de Paiva Macedo Brandão

Monografia - Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Geociências,


Departamenfo de Geografia, 2010.

I.Clima Urbano 2. Geografia Física - Monografia. I. Brandão, Ana


Maria de Paiva Macedo. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instifuto de
Geociências, Departamento de Geografia.
Termo de Aprovação

THIAGO SOUZA SILVEIRA

O CLIMA URBANO NA CIDADE UNIVERSITÁRIA - ILHA DO FUNDÃO I RJ - ILHA DE


CALOR, QUALIDADE DA ÁGUA DA CHUVA E POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA

Monografia aprovada pelo Departamento


de Geografia da Universidade Federal do
Rio de Janeiro, pela Comissão Julgadora
abaixo identificada.

Rio de Janeiro, ........ de ............................. de 2010.

Prof. DP. Ana Maria de Paiva Macedo Brandão


Professora Orientadora

Prof. Dr. Rafael Silva de Barros


Professor Avaliador
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Agradecimentos

Agradeço a Deus, meus pais e minha irmã pelo apoio e atenção dadas a mim por
toda essa caminhada, aos meus parentes por perdoar o não comparecimento as reuniões
de família.

Aos meus amigos e aos meus companheiros do CLIMAGEO - Laboratório de


Climatologia e Análise Ambiental, que estão ou que tomaram outros rumos, e que foram
decisivos para a continuidade da pesquisa, a Professora Dra. Ana Maria de Paiva Macedo
Brandão pelo incentivo e ajuda em todos esses anos.

Aos amigos da Universidade que tanto ouviram sobre o projeto, sobre as ânsias e
dúvidas na realização desta pesquisa. Ao companheiro Fellipe Figueiredo, amigo e
parceiro de pesquisa que ajudou a escrever as muitas jornadas e eventos, penar atrás de
soluções e recursos para que tudo estivesse certo.

Gostaria de agradecer aos demais professores e técnicos por ajudar todos esses
anos e impulsionar a minha carreira acadêmica. Todos os que de alguma forma me
ensinaram algo e me acrescentaram nessa estrada da vida, e que também contribuíram
para que essa monografia pudesse ser feita.

Um agradecimento especial ao Departamento de Segurança, Decania do CCMN,


Prof. Dr. Antonio Guerra da UFRJ, a Prof. Msc. Maria Glória Castro de São Paulo, ao Prof.
Dr. Nelson de Jesus Ferreira e sua equipe do INPE e a ex-aluna da UFRJ e agora
doutoranda do INPE Daniela França, sem todos esses, a conclusão desta pesquisa seria
mais penosa.

Aos grandes amigos do curso de alemão - Thiago Nunes, Guilherme Quaresma,


Maria Angélica Motta, Luiz Alexandre Gomes e Marcos Serrão - pelo incentivo, amizade,
paciência e solidariedade quando foi necessário. E aos do curso de russo por sempre
entender a necessidade das viagens nos trabalhos de campo.

Aos amigos de infância Brunno Alves e Julio Magalhães por me lembrarem de


sair do ambiente de trabalho e ter alguma vida social.

Aos possíveis leitores dessa pesquisa científica e aos anônimos que me


ajudaram a pesquisar e escrever o meu MUITO OBRIGADO.
"No que diz respeito ao
empenho, ao compromisso, ao
esforço, à dedicação, não existe
meio termo. Ou você faz uma
coisa bem feita ou não faz."

(Ayrton Senna)
RESUMO

O presente trabalho se propõe a fazer um estudo sobre o clima na Ilha


do Fundão, na cidade do Rio de Janeiro, abordando os canais de percepção
ambiental, termodinâmico e físico-químico, incluindo a qualidade da água da
chuva.

Também há nesse estudo uma abordagem histórica sobre a evolução


do bairro, os acontecimentos climáticos mais marcantes e análise anual sobre
o ritmo climático do período de 1985 a 1993.

O crescimento do bairro e os planos de torná-lo como um pólo de


produção intelectual para o país, com a aproximação de indústrias de ponta
dos cursos universitários, justificaram a elaboração desse estudo. Uma vez que
a implantação de novos prédios pode impactar na paisagem e no meio
ambiente.

Após três anos de pesquisa, constatou-se que o bairro nã'o sofre de


degradação ambiental grave, no âmbito da qualidade da água da chuva,
apesar de já ter sido aferido chuvas ácidas em 2008. Com relação a ilha de
calor na Ilha do Fundão, aferiu-se grau de moderado a forte intensidade.

Contando a dimensão reduzida do bairro, com o alto diferencial


térmico entre os pontos, a falta de investimentos na criação e conservação de
áreas verdes, verificou-se como um dos maiores problemas climáticos do
bairro, sendo motivo de desconforto para os frequentadores.

A elaboração de mapas de uso da terra, pesquisa sobre a ilha de calor


e a qualidade da água da chuva pode servir de alicerce para pesquisas futuras
no sentido de oferecer elementos de comparação desses aspectos de
qualidade climática desta parcela da cidade do Rio de Janeiro.
ABSTRACT

This study presents a research about the climate of Fundao Island, in


the city of Rio de Janeiro, through the ways of environmental perception,
physical and chemical and thermodinamical, including the air and rainfall quality
on the region.

There is also an historical touch about the evolution of the


neighborhood, the most important climate happenings and annual analysis
about the climate rhythm from 1985 to 1993.

The neighborhood growing and the goal to be a center of intellectual


production of the country, through the industrial and university approach,
justifies this study. Once construct new buildings can impact the landscape and
the environment.

After three years researching, concluded that the area do not suffer of
serious environmental degradation about the rainfall quality, although there are
reports of acid rain there in 2008. With regard to archipelago of heat in the
Island, was measured among moderate and strong to the area.

Considering the reduced dimension of Fundao Island, the great


differential thermal between the points, the non-investment on creating and
conserving green areas, was pointed like the most climate problems of the
neighborhood, causing uncomfortable for most part of the users.

Building maps of use of the territory, allied to research about heat


island and rainfall quality can be used to support futures researches to offer
elements to compare these climate qualities features of that part of the city of
Rio de Janeiro.
Indice

Resumo 8
Abstract 9
1- Introdução 13
2- Objetivos 14
3- Justificativa e Área de Estudo 15
3.1- Histórico do Bairro 16
4- Histórico do Bairro e Suas Implicações 18
4.1- Episódios Clássicos de Problemas com Poluição Aérea e a
Situação Atual 19
5- A Geografia na Problemática da Poluição Atmosférica 21
6- Referencial Teórico-Conceitual 23
7- A Poluição do Ar e as Ilhas de Calor nas Cidades 29
8- Metodologia 32
8.1- Ilhas de Calor 32
8.2- Poluição do Ar 34
8.3- Qualidade da Água da Chuva 35
9- Discussão dos Resultados 36
9.1- Ilhas de Calor no Bairro da Cidade Universitária 37
9.1 .I- O Uso da Terra Como Instrumento de Aferição de
Ilhas de Calor 37
9.1.2- Ilhas de Calor em 2007 40
9. I.3- Ilha de Calor em 1997 43
9.2.1- O Conforto Térmico 44
9.2.2- Análise dos Números Absolutos do Gráfico 46
9.2.2. I- Comparação Pluviométrica de 1985-1990 com a
Série 2004-2008 51
9.2.3- Relação de Série Histórica com Fatos Históricos 52
9.2.4- Percepção da População com Relação a Ilha de Calor 53
9.3- Qualidade da Água da Chuva 54
9.3.1- Qualidade da Água da Chuva na Região Metropolitana do
Rio de Janeiro (RMRJ) 54
9.3.1.1 - Comparação dos Levantamentos Climáticos
com o Relatório de Qualidade do Ar de 2008 55
9.3.2- Espacialização do pH no Espaço-Tempo 58
9.3.3- Análise Estatística dos Dados de 2008 59
9.3.4- Importância das Condições Atmosféricas para a Característica
da Precipitação 61
9.3.5- A Distribuição Semanal do pH nas Precipitações 62
9.3.6- A Experiência da Qualidade da Agua da Chuva em 2009 63
9.3.6.1 - Análise Estatística dos Dados de 2009 64
9.3.6.2- A Condutividade Elétrica dos Experimentos de
2009 66
9.3.6.3- Distribuição Semanal das Amostras 66
9.4- Qualidade do Ar na Cidade Universitária - 2009 67
10- Considerações Finais 69
11- Referências Bibliográficas 71
12- Anexos 74
Lista de Figuras

Figura 1- Localização da Cidade Universitária 16


Figura 2- Linha do Tempo da Cidade Universitária 17
Foto 1- Serra de Teresópolis Encoberta pela Poluição 23
Mapa 1- Mapa de Uso da Terra da Cidade Universitária -
Rio de JaneiroIRJ 38
Figura 3- Croqui de Uso da Terra no Fundão 39
Figura 4- lha de Calor - Transeto MóvelIManhã 42
Gráfico I - Variação da Temperatura e da Umidade Relativa do Ar
no Almoxarifado Central nos Dias 04/07 a 09/07 42
Gráfico 2- Variação da Temperatura e da Umidade Relativa do Ar
na Prefeitura Universitária 43
Gráfico 3- Variação da Temperatura e da Umidade Relativa do Ar
na Estação de Tratamento de Esgoto da Escola Politécnica nos
Dias 04/07 a 09/07 43
Mapa 2- Intensidade das Ilhas de Calor da Cidade Universitária -
09/01197 - Manhã 44
Gráfico 4- Estimativa de Conforto Térmico Mensal no Período de
1985-1993 45
Gráfico 5- Dados Climatológicos Ilha do Fundão 1985-1993 48
Gráfico 6- Variação Mensal Conjugada dos Elementos do Clima -
Ilha do Fundão - 1990 50
Gráfico 7- Comparação Anual da Série 51
Gráfico 8- Precipitação Acumulada Mensal para os
Últimos 5 anos - RMRJ 52
Foto 2- Rua Jardim Botânico - Rio de JaneiroIRJ - 1988 53

Gráfico 9- Precipitação 2008


Gráfico 10- Rosa dos Ventos de 1/01/08 a 31112/08
Gráfico 11- Número de Sistemas Frontais que Atingiram o
Estado do RJ em 2008
Gráfico 12- Distribuição do pH no Espaço-Tempo
Gráfico 13- Gráfico de Tendência Geral de 2008
Gráfico 14- Gráfico Box plot 2008
Esquema 1- Esquema Semanal de Distribuição da
Qualidade da Chuva - 2008
Gráfico 15- Gráfico de Tendência Geral de 2009
Gráfico 16- Gráfico Box plot de 2009
Gráfico 17- Gráfico de Dispersão de pH - Ilha do Fundão - 2009
Gráfico 18- Pluviosidade Inverno-Primavera - Ilha do Fundão - 2009
Esquema 2- Esquema Semanal da Distribuição da
Qualidade da Chuva - 2009
Gráfico 19- Evolução Média Anual de Partículas Inaláveis
Foto 3- Pluma de Poluição
Lista de Tabelas

Tabela 1- Intensidade da Ilha de Calor


Tabela 2- Variabilidade de Conforto Estimado Ano a Ano
Tabela 3- Sensação Térmica da População
Tabela 4- Dados Estatísticos Obtidos a partir de Análise em
Gabinete do pH 2008
Tabela 5- Tabela de Frequência da Chuva 2008
Tabela 6- Dados Estatísticos Obtidos a partir de Análise em
Gabinete do pH 2009
Tabela 7- Tabela de Frequência Geral da Chuva 2009
I - Introdução

O bairro da Cidade Universitária vem passando nesses últimos anos


por uma expansão no número de estudantes e frequentadores. A chegada
desse contingente induz a construção de novas instalações, prédios e aumento
no número de veículos, além da maior urbanização do bairro.

O estudo sobre o clima urbano na área da Cidade Universitária é


baseado nessa expansão urbano-populacional e no comparativo da evolução
da formação de ilhas de calor no bairro. Esses fatos, que foram registrados nos
últimos anos, serviram para uma pesquisa sobre a evolução da região da Ilha
do Fundão - onde se localiza a UFRJ - e para estudo sobre ilhas de calor,
através de trabalhos de campo realizados em outras épocas pela Professora
Dra.Ana Maria de Paiva Macedo Brandão.

Essa mesma expansão da massa populacional urbana levou também


ao estudo de poluição atmosférica, pois ela é um dos fatores de formação de
ilhas de calor, agravada com a urbanização desordenada e pelo uso de
materiais que absorvem calor, além das outras fontes de calor e poluição como
os veículos. (Brandão, 1996; Lombardo, 1985).

As áreas que tem calor intenso, como aquelas onde se localizam as


ilhas de calor mais fortes, geram diferenças de pressão atmosférica. Essa
diferença de pressão, por sua vez, induz a precipitação. Como são nas áreas
urbanas que as ilhas de calor em geral ocorrem e é lá que existe uma grande
concentração de poluentes atmosféricos, abriu-se outra ramificação do estudo,
a qualidade da água da chuva na Cidade Universitária. A poluição que paira
sobre as áreas urbanas se mistura ao vapor d'água e a modifica na ordem
físico-química, alterando o seu pH e condutividade, por exemplo. Outros fatores
como o spray marinho, natural em partes costeiras, também podem fazer esse
efeito, mas de forma contrária a poluição, tornando-a mais alcalina e não ácida.

O estudo de forma ampla sobre o clima na Ilha do Fundão é o principal


assunto dessa monografia. Abrangendo os conhecimentos de climatologia
geográfica, ilhas de calor, qualidade da água da chuva e poluição atmosférica.
Além de abranger os conhecimentos sobre a evolução do bairro e sua história.
2 - Objetivos

O objetivo dessa monografia é elaborar um perfil espaço-temporal


sobre a Cidade Universitária no aspecto da climatologia geográfica. Busca-se
responder algumas hipóteses-chave que motivaram o estudo em outros anos e
que é aqui reunido e aprofundado. Tais como:

Verificar se os problemas de qualidade da água da chuva, poluição


atmosférica e ilhas de calor estão interligados, se fazem parte do sistema local
de circulação atmosférica e se afeta o meio ambiente local, incluindo o homem.

Com relação aos problemas de ilhas de calor, tem-se por objetivo


saber quais os pontos mais quentes do bairro da cidade universitária, observar
a evolução na quantidade e intensidade desses pontos, que foram levantados
por trabalhos de campo. Além de estabelecer um parâmetro de comparação
entre eles, levando em conta o próprio desenvolvimento do bairro e
incrementar a eles, os resultados de conforto térmico obtidos do período
histórico de 1985 a 1993.

Se há alguma diferença de temperatura, verificar se ela é percebida no


ambiente através da aplicação de questionários de percepção ambiental nos
frequentadores da Ilha do Fundão.

Caso ocorra problemas, se isso é um impacto ambiental significativo,


quais as soluções cabíveis para eliminar ou mitigar a ilha de calor no bairro?

Com relação a qualidade da água da chuva, pensou-se nas condições


diversas para os diferentes níveis de qualidade da precipitação. Saber qual
seria o padrão mais frequente para a Cidade Universitária, verificar se esse
padrão é uniforme ou heterogêneo do resto das bacias aéreas e se for, por quê
elas são diferentes. Verificar se o homem está envolvido nesse processo e em
que grau.

Paralelamente, saber quais variáveis naturais colaboram para o


processo e se já há medições deles. Ao mesmo tempo procurar saber a
dinâmica desses ciclos, tanto de poluição, como de chuva para o bairro e de
poluição do ar.
Verificar se a Cidade Universitária têm muitas atividades poluidoras
que possam gerar altos níveis locais de poluição ou, se a escala regional (na
interligação dos demais bairros da cidade) pode ter contribuição para a
possível degradação da qualidade do ar na Ilha. Desse modo, pode-se verificar
se há interferência da escala regional para a local sobre poluição.

Se a precipitação provoca o fenômeno de "lavagem" ou washout


atmosférica, então a qualidade da água da chuva deve ser parecida com a
qualidade do ar momentos antes da precipitação, se isso for verdade, elas
estariam então associadas?

Havendo problemas na qualidade da água da chuva, e se ela for


agravada por problemas de poluição atmosférica, será que há alguma forma de
mitigar esses problemas relacionados?

Segundo o relatório de qualidade do ar da FEEMA de 2006, 2007 e


2008, a região da Bacia Aérea III, aquela a qual pertence a Cidade
Universitária, é a mais poluída de todo o Estado do Rio de Janeiro. Observando
a localização do bairro e a importância estratégica que ele se situa, além de ser
o lugar onde a maior parte dos estudantes da UFRJ mora (Plano Diretor UFRJ
2020, 2009), como fazer com que essa parte da cidade continue sendo
importante e ao mesmo tempo com o ar mais limpo?

Ao longo dessa pesquisa, tem-se como objetivo responder essas


hipóteses de forma a associar os diversos problemas climáticos na área da
Cidade Universitária.

3 - Justificativa e Área de Estudo

Visando contribuir para análise geral da Região Metropolitana do Rio


de Janeiro, esse trabalho apresenta através da geografia e da climatologia
geográfica, aprofundamento do conhecimento da Cidade Universitária, sua
dinâmica no clima, na história e na interação homem-ambiente.
Para compreender a dinâmica da região metropolitana, deve-se
entender as suas partes menores, seus município e seus bairros, enfim, as
diferentes unidades de escala para montar o macro através da compreensão
do micro.

A área Ilha do Fundão, onde está situada a Cidade Universitária, no


município do Rio de Janeiro se situa na Zona Norte do município do Rio de
Janeiro, é cercada de vias arteriais de suma importância para a região, como a
Linha Amarela, Linha Vermelha e Avenida Brasil. Ligando, respectivamente,
Zona Norte - Sul, Centro - Baixada Fluminense e Zona Norte - Oeste.

1 Localização da Cldade Universitária

Oceano Atlãntico

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Imagem IKONOS 2009


cortesia da Geoeye I Space Irnaging do B a s i @ GeoEyc

3. I - Histórico do Bairro
A Ilha do Fundão teve maior importância para a cidade a partir do
início do aterramento do arquipélago de oito ilhas, sendo uma delas a própria
Ilha do Fundão, para a construção, ali, da Cidade Universitária em 1945. Os
planos iniciais eram de concentrar todos os cursos da Universidade do Brasil -
atual Universidade Federal do Rio de Janeiro - num único espaço.
O Hospital Universitário, prédio mais alto do bairro, ficou pronto em
1959, cinco anos depois do início das obras. Mas hoje, suas dependências
infelizmente não estão sendo exploradas completamente, sendo área de
hospital, propriamente dita, apenas a metade do prédio. A outra se encontra
abandonada.

O Centro de Pesquisa da Petrobrás, o CENPES, chegou em 1973,


marcando o interesse de outros setores do poder público e da iniciativa
privada, pois no campus se concentra um grande número de mão de obra
especializada que mais tarde renderiam frutos nas parcerias públicolprivada.

Com a expansão da área metropolitana em direção a baixada e a


Serra do Mar, foi inaugurada em 1992 a Linha Vermelha e em 1997 a Linha
Amarela, essa, para atender a região da Barra da Tijuca e adjacências. Através
dessas vias, o fluxo de veículos na Ilha e seu entorno aumentou bastante, e por
conseqüência, engarrafamentos e seus problemas.

Uma obra de grande porte realizada no bairro foi a expansão do


CENPES, iniciada em 2004 e ocupará boa parte da ilha. Esse prédio pretende
ser um dos centros mundiais de referência em pesquisas na área de petróleo e
gás, sua inauguração está prevista para 2010 e ocupa uma área significativa
da Cidade Universitária.

Para visualizar têmporo-espacialmente a evolução da Ilha do Fundão,


organizou-se uma linha do tempo do bairro (Silveira et al., 2007), como pode
ser visualizada abaixo.

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I
I
I
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1945
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1949
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1950
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1959
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1964
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Linha do tempo da Cidade Universitária (Silveira et al., 2007).


4 - Histórico do Bairro e suas Implicações

Um problema enfrentado pela população mundial, principalmente


aquela que vive em grandes centros urbanos é a poluição do ar. Essa questão
tem sido objeto de estudos por vários cientistas e em comum todos apresentam
a periculosidade para os seres vivos que substâncias lançadas no ar podem
causar a saúde, a qualidade de vida e a deterioração de certos materiais.

A poluição do ar também é definida por qualquer substancia que torne


o ar puro em impróprio, nocivo ou perturbar o bem-estar público (Resolução
CONAMA, 0311990).

Gases e partículas poluentes podem ter causa pela própria natureza,


através das tempestades de areia comuns nos desertos, pelo lançamento de
gases e fuligem vulcânica, além da erosão do solo e queimadas naturais, que
deixam partículas em suspensão quando venta e da atuação do spray marinho.

Através de lançamento de fuligem, gases e material particulado pelas


chaminés das fábricas, pelas queimas de vegetação e pelo escapamento dos
automóveis, o homem contribui para a poluição aérea.

Desde a Antiguidade se têm relatos sobre poluição do ar, tanto que o


filósofo romano Sêneca escreveu sobre o "Ar Carregado de Roma" em 61 a.C.,
mas somente depois da Revolução Industrial esse problema se tornou assunto
de saúde pública, quando ficou tão grave que populações inteiras ficava'm
doentes ou morriam por conta das emissões (apud Russo, 2002).

Wellbaum (1990) e Park (1987) apontam que no século XIXI em


Manchester e Londres na Inglaterra, os cientistas passaram a associar morte
de pessoas as condições do ar. Naquela época, a cidade era
permanentemente coberta pelo "smogs" (smoke and fog), devido a emissão de
ácido sulfúrico pelas chaminés das fábricas locais. A partir daí, as autoridades
começaram a exigir providências dos fabricantes, como aumentar a altura das
chaminés.

Com torres emissoras de gás mais altas o problema local foi resolvido,
algumas delas mediam até 150 metros, mas na verdade o que estava
acontecendo era uma exportação de poluentes para outras áreas. Certos
lugares nos Estados Unidos, no Canadá e na Europa presenciaram morte de
florestas inteiras e lagos porque seus poluentes contaminavam o solo e as as
águas matando animais e plantas.

4.1 - Episódios clássicos de problemas com poluição aérea e a situação atual

Os problemas com poluentes atmosféricos são difíceis de resolver,


pois envolve questões econômicas, investimentos pesados em tecnologia e
conseqüentemente encarecimento dos produtos. Por isso, Estado e
empresários muitas vezes relutam em implementar essas melhorias, e acabam
resultando em alguns episódios de morte e doenças em massa, como nos
exemplos:

Em 1930 na Bélgica, uma névoa cobriu o distrito industrial e a


população passou a sentir tosse, dores no peito e irritação nas mucosas.

Em 1948 no vale do Rio Monongahela, na Pensilvânia, EUA, fatores


naturais como inversão térmica concentrou um smog amarelado de poluição na
cidade, no vale havia uma fábrica que emitia ácido sulfúrico. 20 pessoas
morreram e 6000 pessoas foram internadas de uma cidade de apenas 14000
almas.

Em 1952 aconteceu uma das piores tragédias relacionadas a


poluentes atmosféricos. Uma névoa negra tomou conta da cidade de Londres e
nos dias seguintes, pessoas que sofriam de doenças cardíacas e circulatórias
ficaram doentes e morriam. Disparando para 4000 o número de óbitos a mais
do normalmente registrado na cidade. No final de 2 meses, já extrapolavam
8000 sem vida, e só então a situação começou a voltar ao normal.

Relacionada ainda com poluição atmosférica e talvez a mais recente


de grandes proporções tenha sido o vazamento de material radioativo na
explosão da Usina Nuclear de Chernobyl em 1989. Quando uma nuvem
radioativa se espalhou por quase toda a Europa e causou um grande incidente
diplomático, acelerando inclusive o colapso da União Soviética. Ainda hoje os
índices de radiação no local são muito perigosos e uma área grande em volta
da usina teve de ser evacuada permanentemente.

No Brasil um bom exemplo é o de Cubutão/SP, que nos anos 70 e 80


era um dos municípios mais poluídos do país, remontando a Inglaterra do
século XIX as vezes. Mas alguns anos atrás ele passou por uma grande
mudança e hoje apresenta melhoras significantes.

Outro exemplo brasileiro, mas esse ainda por resolver está em Minas
Gerais, onde as obras do grande artista barroco Aleijadinho passam por
degradação pela ocorrência de chuva ácida, causada pela poluição das
grandes cidades.

Problemas dessa envergadura provocam uma série de impasses


diplomáticos, uma vez que o fenômeno poluição não obedece fronteiras,
podendo ser espalhado por centenas de milhares de quilômetros.

Organizações internacionais como a ONU e a Comissão Mundial sobre


Meio Ambiente e tentam regulamentar a situação. O IPCC (Intergovernmental
Pane1 of Climate Changing) realiza estudos científicos sistemáticos para
monitorar a situação de poluentes na Terra. Os seus resultados são
contestados por alguns países e a situação continua sem consenso nos
gabinetes da Organização das Nações Unidas e seus órgãos responsáveis.

Na reunião ocorrida em Copenhagem, na Dinamarca, em Dezembro


de 2009, o Brasil adquiriu responsabilidade primordial na postura dos países
em desenvolvimento, além de cobrar providências dos países desenvolvidos na
redução de poluentes. Infelizmente na reunião, os demais países apresentaram
propostas muito tímidas e não se chegou a nenhum acordo formal, de âmbito
mundial, para a redução de poluentes globalmente. Mas o Brasil se
comprometeu a reduzir em quase 20% o desmatamento da floresta amazônica.

O problema da poluição do ar carece de solução urgente uma vez que


há comprovação dos males que causa nos seres vivos. Partículas em
suspensão, produto da poluição podem entrar no trato respiratório e provocar
doenças, bem como podem ser núcleos de condensação de vapor d'água, que
interage e modifica sua estrutura físico-química, causando chuvas ácidas e
contribuindo para formação de ilhas de calor.

A questão ambienta1 e o problema que os diversos tipos de poluição


exercem no planeta não são questionáveis entre os líderes governamentais,
mas o principal argumento dos que são contra, é o poder de desenvolvimento
de seus países sob as metas de redução de poluição. Sendo, portanto, um
assunto de ordem econômica.

5 - A Geografia na Problemática da Poluição Atmosférica

A distribuição desses poluentes no espaço com relação a sua forma,


intensidade, impacto ou conseqüências indiretas são parte da geografia e seus
estudos para poder de alguma forma mitigar, controlar ou anular o problema.

Para a geografia, analisar como se dá a dispersão desses gases e


partículas, permite o melhor planejamento da dinâmica humana para a área, e
permite o monitoramento dos impactos na região.

A verificação de como o problema afeta o meio ambiente para criar


formas de conviver minimamente com ele, sem que cause danos ao bem-estar
humano também está dentro do escopo da pesquisa geográfica. Assim sendo,
através da elaboração de mapas, balanços e painéis, o geógrafo pode auxiliar
na gestão pública e exercer papel fundamental por dominar ao mesmo tempo a
climatologia dinâmica local e a dinâmica econômico-social da região.

Com isso, a rapidez na tomada de decisões e a chance de acerto


aumentariam, pois a formação do geógrafo favorece esse tipo de associação e
permitiria uma melhor integração entre as diversas áreas do conhecimento.

Para o caso desse estudo, a Região Metropolitana do Rio de Janeiro


(RMRJ) apresenta um sítio urbano de grande movimentação de pessoas,
veículos, instalação de muitas indústrias e depauperação de áreas verdes ao
longo de sua história. Suas características climáticas e geomorfológicas se
apresentam de forma muito peculiar, com distribuição irregular de chuvas e
topografia com mares de morros e grandes baixadas.

Por apresentar essas características singulares e com intuito de


minimizar os impactos negativos, a RMRJ é objeto de uma série de estudos
referentes a qualidade do ar, da precipitação e também sobre ilhas de calor
(Brandão, 1996; de Melo, 2000; Almeida, 2001; Russo, 2002; de Souza, 2006;
Farias, 2006; e Gregório, 2008). O governo, por sua vez, também contribui
produzindo uma série de bases de dados relativos aos estudos atmosféricos,
dentre eles, se destaca o INMET (Instituto Nacional de Meteorologia), INPE
(Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais e INEA (Instituto Estadual do
Ambiente).

Em geral, esses estudos concluem que na metrópole carioca há uma


série de problemas ambientais, alguns deles graves. A poluição atmosférica em
alguns locais é preocupante, em outros extrapolam o recomendado pela
Organização Mundial de Saúde (OMS).

A poluição também é parte integrante da paisagem urbana desde a


Revolução Industrial, ela se faz presente de diversas formas, as vezes a
poluição é visível, como na pluma que se forma principalmente no pôr-do-sol,
mostrada na foto abaixo. Por outras, percebemos apenas os seus efeitos,
como o aumento de doenças respiratórias e cardíacas.
Foto: Carlos Magalhães - Serra de Teresópolis encoberta pela poluição.

6 - Referencial Teórico-Conceitual

Para dar alicerce a monografia foi elaborado um referencial teórico-


conceitual através de revisão bibliográfica pertinente ao assunto.

Segue-se definindo poluição atmosférica que segundo a Resolução


003190 do CONAMA (Conselho Nacional de Meio Ambiente) de 1990, é a
mudança em sua composição ou em sua propriedade que afeta seres vivos
quando fica em estado nocivo, impróprio ou inconveniente a saúde e ao bem-
estar público, causando danos materiais, a flora ou a fauna.

A poluição aérea que ocorre principalmente nas grandes cidades


acaba por desencadear uma série de outros fenômenos, como a chuva ácida, a
formação de ilhas de calor e males no trato respiratório e cardíaco dos
humanos.

Uma forma de estabelecer padrões para a espacialização dos


elementos poluentes é a classificação de suas fontes. Elas podem ser, Fixas
como uma indústria isolada, em Linha como uma avenida engarrafada ou em
Zona, quando concentra-se de tal forma que não se distingue, a não ser por
uma grande mancha de poluição. Nos modelos baseados em sensoriamento
remoto, são exemplos, as regiões metropolitanas (Russo, 2002; Lombardo,
1985; Silveira, 2008).

Essa espacialização e a necessidade de delimitações de áreas tanto


emissoras como de influência dos elementos poluidores necessitam ser
acompanhadas também da delimitação de escala de trabalho para a realização
mais abrangente e ao mesmo tempo precisa do estudo. Logo, tomou-se como
referência as obras de Monteiro em "Teoria e Clima Urbano" (1975) e retomada
em 2003, onde ele monta classificações possíveis para se denominar tal
dimensão quando se deseja expressar a real área onde se dá um fato
qualquer.

Segundo o autor, nesse estudo, onde se aborda apenas o bairro da


Cidade Universitária, categoriza-se como topoclimática e local. A primeira por
se tratar de um bairro específico e a segunda por ele sofrer e causar
externalidades a metrópole, com algumas dezenas de quilômetros quadrados.
Na sua obra, Monteiro tentou definir a escala certa procurando equilíbrio entre
área, categoria e estratégia de abordagens, sendo justamente as questões
abordadas nesse estudo. Embora o mesmo autor diga que essa classificação é
flexível, ela serviria para nortear os eventos estudados, oferecendo alguma
dimensão aos estudos.

Seabra é citado na obra de Mendonça e Monteiro (2003) sobre a


questão dos bairros, que possuem dinâmica própria e por isso são
denominados de Ecossistemas. Eles têm suas próprias razões para
apresentarem partes mais quentes, outras mais frias e outras para serem mais,
ou menos arborizadas.

Para entender o porquê dessas peculiaridades locais, leva-se em


conta sua história e a dinâmica atual, como a arquitetura, uso e função e etc.
sofrida pelo bairro. Eles são tratados como unidades pequenas dentro de uma
área de estudo, as vezes são as melhores para se levantar um perfil parcial do
todo, como a área metropolitana.
Esse Ecossistema que se desenha de forma singular em cada bairro,
também pode ser a causa de problemas, como na eficiência na dispersão de
poluentes, calor e densidade populacional.

O conceito de Ecossistema, porém, não exclui a interligação dessas


áreas, uma vez que a circulação aérea mesmo diferenciada localmente, ocorre
a todo o momento e, com maior ou menos intensidade, a renovação do ar.
Logo, o conceito de bacia aérea foi usado para inferir os limites em escala mais
ampla da atuação de poluentes e seus fenômenos relacionados.

Para tanto, definiu-se como Bacia Aérea a regra denominada pelo


INEA, Instituto Estadual do Meio Ambiente (a antiga FEEMA) que é toda a
quantidade de ar que se situa entre relevos até a cota de 100 metros, com
características similares em termos de topografia, meteorologia e fontes de
emissões.

O sítio urbano do Rio de Janeiro se encontra cercado de mares de


morros e baixadas, portanto, nessas bacias aéreas se encontram em regiões
altamente urbanizadas, que por sua vez, criam um clima diferenciado,
nomeado de Clima Urbano. Esse conceito foi assunto base dos estudos
realizados por Monteiro (1976) e reforçado por Brandão (1996; 2003) como um
clima próprio, e é teorizado como:

"Resultante da interferência de todos os fatores que se


processam sobre a camada limite urbano e que agem no sentido de
alterar o clima em escala local. Seus efeitos mais diretos são
percebidos pela população através de manifestações ligadas ao
conforto térmico, a qualidade do ar, aos impactos pluviais e a outras
manifestações capazes de desorganizar a vida de seus habitantes"
(Monteiro, 1976).

Obedecendo a definição de bacia aérea e clima urbano, e


considerando que os prédios muito altos dos centros urbanos podem
influenciar na dinâmica do vento, e cobertura do céu, o Sky View Fator, ou,
fator de visão do céu, se torna importante para o estudo de clima urbano.

Embora muitos não percebam no dia-a-dia, arranha-céus obstruem a


visão do horizonte e gera problemas na dispersão dos poluentes, na incidência
de luz e modifica a temperatura local. É medida através de fotografias com
lentes de visão 180" (olho de peixe), onde se extrai a quantidade (em por
cento) da visão do céu que se consegue observar (Brandão, 1996; 2003).

Na prática pode-se analisar o Sky View Factor sobre o ângulo de visão


que se tem do local de medida, quando se consegue ver uma menor porção de
céu, ou seja, quanto menor o ângulo de visão, menos ventilado será o local,
pois estará sujeito apenas aos ventos dos Canyons urbanos, que são ventos
balizados pelos prédios.

Ponderando que a topografia, inclusive a urbana, pode influenciar a


dinâmica da circulação de ar, envolvendo também a condição de dispersão de
poluentes, logicamente também será fator para análise da qualidade da água
precipitada. E com relação a isso, pretende-se estabelecer parâmetros para
analisar qualitativamente e apontar hipóteses para sua classificação.

Adotou-se para tanto, estudos anteriores realizados por diversos


autores relativos ao assunto que mostram que foram usados parâmetros para a
definição de qualidade em torno do pH, entre as faixas ótimas de 5,6 a 7,O
dado que o índice de 5,6 expressa a chuva considerada neutra, e o 7,O indica a
substância neutra ideal dentro da faixa de oscilação de pH (Galloway et al.,
1978; Park 1987; Wellbaum, 1990; Castro 1993; Roos, 1998; De Mello, 2001;
Goldemberg & Villanueva, 2003; De Souza, 2006; Almeida, 2006; Marques,
2006).

A água da chuva possui uma característica naturalmente acidificada,


por conta dos ciclos biogeoquímicos de elementos como o Nitrogênio, Enxofre
e Carbono, que geram substâncias como o Amônio (NH4') e Ácido Carbônico
(H2CO3)que são os mais comuns, além dos íons de ~ 0e NO^-,
~ por~ isso
- a
faixa de "neutralidade" decresce para valores próximos a 5,6. (Galloway et al.,
1978; Goldemberg & Villanueva, 2003).
Devido a esse processo de acidificação natural, faixas mais restritivas
foram adotadas tanto para o sentido da acidificação (abaixo de 5,6 foi
considerado ácido) quanto para o sentido da alcalinização (acima de 6,5 foi
considerado alcalino).

No caso de cidades litorâneas, como o Rio de Janeiro, há


apontamentos científicos que justificam os resultados do pH majoritariamente
alcalino dado a tendência de neutralização da acidez das chuvas pelo spray
marinho, devido ao sítio urbano sofrer influência pela maresia e salinidade em
suspensão na atmosfera local (Castro, 1993; De Mello, 2001; De Souza, 2006).

Outro assunto que se estudou conjuntamente com qualidade da água


da chuva e poluição é o de Ilha de Calor. Eles são fenômenos que ocorrem
predominantemente em tipos de tempo diferenciados, porém com algumas
condições meteorológicas similares e todos acarretam problemas para a
sociedade em maior ou menor proporção, que se explicará adiante.

Ilhas de Calor são formações climáticas intra-urbanas advindas das


diferenças de temperatura do sítio urbano das áreas ao redor, sendo área
agrícola ou áreas verdes (Mendonça, 2003). Dependendo da quantidade
encontrada também pode ganhar o termo de Arquipélago de Calor (Monteiro,
2003).

Elas são, dependendo de sua intensidade, causa de desconforto


térmico, que pode gerar na população problemas de produtividade e mal-estar.

Materiais que absorvem muito calor nas cidades, a falta de áreas


verdes, prédios altos evitando ventilação e concentrando poluentes são as
principais causas de desconforto e formação de ilhas de calor.

As ilhas de calor merecem uma classificação, pois a urbe também se


apresenta de diversos tamanhos, com seus conjuntos de ecossistemas nos
bairros de forma singular e moríologias distintas.

Observando esse fato, Gomez pesquisando a cidade de Madri, citado


por Brandão (2003), apontou hierarquias para as ilhas de calor, sendo descritas
na tabela abaixo:
Intensidade da Ilha de Calor

Intensidade Graus ("C)

Fraca Oa2

Moderada 2a4

Forte 4a6

Muito Forte acima de 6

Na dinâmica da difusão de poluentes, os agentes poluidores não


podem ser contidos após sua emissão, portanto, a dinâmica local quando não
se ordena, como por exemplo, regulando seus emissores de poluentes (carros
e indústrias) seu ecossistema contamina os demais. A única solução para se
evitar tal inconveniente é o controle na fonte de origem. (Monteiro, 2003).

A questão acima descrita também se inclui para ilhas de calor, porque


as diferenças de temperatura e pressão .causam distúrbios no regime de
precipitação. E muito importante levar em consideração também os fatores de
dispersão dos poluentes, pois ele é tão importante quanto a própria emissão.
Esses dois elementos devem estar em relativo equilíbrio, porque se não há
dispersão, a taxa de poluição não pode ser muito alta, sob pena de concentrar-
se e causar malefícios. Ao contrário, a vazão de dispersão pode não ser
suficiente e causar o mesmo problema.

Fatores de dispersão envolvem questões antrópicas e naturais, como


exemplo, podemos citar a arquitetura, a escolha de matrizes energética e de
transporte, e planejamento urbano. Os naturais seriam: sítio, frequência de
inversões térmicas no ambiente, geomorfologia local, tipo de solo, clima e
fatores biológicos da população.

Os diversos estudos já realizados sobre poluição e suas


conseqüências diretas, como a qualidade da água da chuva, ilhas de calor,
conforto térmico e sobre a saúde humana diagnosticam problemas e apontam
para soluções parecidas das quais são listadas abaixo (Brandão, 1996; Castro,
1993; Farias, 2006; Gregório, 2008; Lombardo, 1985; Marques, 2006; Monteiro
et al., 2003; Park, 1987; Roos, 1998; Russo, 2002; Wellbaum, 1990).

Plantio de árvores nas áreas urbanas;

Criação de parques para estabelecer ilhas de frescor;

Evitar construções espelhadas e mal ventiladas;

Diminuir as taxas de poluição nas fontes;

Melhorar a eficiência dos distritos industriais, visando menor


poluição aérea;

Gestão pública focada no meio ambiente, incluindo trabalhos


conjuntos e de visão integrada com outras cidades;

e Monitoramento contínuo da qualidade do ar e água.

7 - A Poluição do Ar e as Ilhas de Calor nas Cidades

Uma associação que geralmente não fica muito clara ou que não se
faça uma ligação imediata por parte das autoridades ambientais é a poluição
atmosférica com o problema das ilhas de calor nas cidades.

Lombardo em 1985 apontava no seu estudo que esses dois problemas


estariam interligados profundamente. E aconteciam de forma encadeada,
enquanto a poluição aumentava, a ilha de calor a seguia, e vice-versa.

Definida por ela mesma, a cidade seria a maior expressão social do


espaço produzido e sua realidade, a mais complexa e transformada.
Logicamente, a cidade é uma paisagem produzida pelo homem, estabelecida
para atender as suas necessidades e por isso se apresenta como heterogênea
da paisagem natural. Sendo assim, a comparação urbano - rural, se torna
pertinente e corrobora também com a definição de ilha de calor usada por
Brandão (1996; 2003).
No caso da Ilha do Fundão, localizada na área urbana mais poluída do
Estado e, portanto, mais propícia as ilhas de calor severas, pontos como o
Bosque da Prefeitura Universitária e a Floresta do Catalão, servem de ilhas de
frescor para amenizar o clima degradado pela urbanização do bairro.

Como já definido acima, o espaço urbano e a atmosfera têm uma série


de ações dependentes,. impactantes e pontos modificadores do clima em
escala topoclimático (até dezenas de quilômetros).

Um esquema clássico de representação da dimensão da ilha de calor


é a distribuição das isotermas aumentando de acordo com a proximidade do
centro da metrópole (em geral os CDBs - Central District Business) e depois
diminuem conforme a metrópole chega na sua franja e áreas rururbanas.
Provando assim que a instalação de cidades pode influir na circulação
atmosférica.

Seguindo a dinâmica metropolitana, a ilha de calor pode ser maior ou


menor, assim como a poluição, emitida pelos carros e indústria. Sendo essas
indústrias, instrumentos de produção para a sociedade, eles estão inclusos
dentro do ritmo de produção, poluindo mais nos dias úteis e menos nos fins de
semana, o mesmo a longo prazo, dependendo do ritmo econômico (Castro,
1993; Lombardo, 1985, Brandão, 1996). Portanto, ilha de calor e poluição
andam juntas.

Mas elas também vivem em dependência, uma vez que a poluição


aérea também possui materiais particulados, e como toda a matéria, possui
reflectância. Essa propriedade pode funcionar como uma cortina sobre a
cidade que reflete a luz do sol não deixando o total dela penetrar até o solo.

Com a diminuição da incidência de luz, haveria decaimento da


temperatura e dos ventos, pela falta de diferença entre temperatura e pressão.
Mas as fontes de calor na cidade são inúmeras e isso não permite uma
atenuação do calor pela falta da luz, já que eles não são dispersos por causa
da nuvem de poluição formada. Os materiais usados nas construções e a
própria caloria terrestre absorvem muito calor, que é retransmitido para o
ambiente aumentando em muito a temperatura. Além disso, a altura que essa
"nuvem" de poluição se encontra, permite muito mais aprisionar o calor emitido
na altura do solo do que refletir a luz enviada do Sol.

A geometria dos prédios também influencia na passagem do ar pelas


ruas. Nos CDBs, eles são geralmente mais altos, formando um "canyon
urbano", como chamou Brandão (1996) que canalizam o ar, fazendo-o circular
com mais intensidade e gerando redemoinhos, além de desconforto para os
transeuntes.

Esse deslocamento de ar é gerado pela diferença de pressão e


temperatura, justamente por causa daquelas fontes de calor urbanas e da
rugosidade que a cidade apresenta (prédios altos, pouco espaço entre eles e
arquitetura que impede entrada de ar pelos andares). Oke (apud Lombardo,
1985) definiu a ilha de calor como fenômeno resultante de modificações nos
parâmetros entre supetfície e atmosfera pela urbanização.

Fechando esse ciclo de formação de ilha de calor, a disposição dos


prédios não permite a dispersão do calor porque o vento só passa pelos
canyons e dificulta a evaporação. Provocando calmaria, acumulação de
poluentes e falta de renovação do ar novamente. Os casos de ilhas de calor
devem ser estudados levando-se em conta também as particularidades do
terreno, pois a topografia, tipo de solo e vegetação influem na sua formação,
bem como uso da terra, clima e situação sinótica regional.

A linha de pensamento pode também passar pela quantificação para


encontrar mais parâmetros de controle e aplicar-se de forma mais técnica.
Estudos anteriores, destacando-se os de Yonetani (1983) e citado por
Lombardo (1985) chegou a conclusão, obedecendo modelos numéricos que
uma ilha de calor de 2°C seria suficiente para causar distúrbios atmosféricos,
gerando precipitação.

Se poluição antigamente era tida como sinal de progresso, ela agora é


um mal que desencadeia outros males como a ilha de calor, chuva ácida e etc.
Seguindo a lógica, quanto mais máquinas trabalham, mais poluem. Elas têm
que ser resfriadas e esse calor é jogado para o ambiente, junto com partículas.
O calor vira ilha de calor, pois no entorno, onde não há fontes desse tipo, é
tecnicamente mais frio.

Quanto ao material particulado, atuaria como agente-nocivo para a


saúde, virariam chuvas ácidas ou deposição seca de caráter tóxico, inaláveis
para o homem. Durante esse processo, existem atenuantes e fatores de
dispersão, além de outros pontos que não serão discutidos completamente
nesse estudo.

Junto com essa dispersão de gases e partículas, destacou-se o


Monóxido de Carbono (CO), o responsável por mais de 50% de todos os
poluentes.

Ele é um importante gás critério, pois além de contribuir para ilhas de


calor, causa problemas de saúde, impedindo a troca de C02 por 0 2 nos
pulmões. O C 0 atua como um ocupante definitivo das hemácias (responsáveis
por essa troca nos pulmões e células), dificultando a capacidade respiratória,
invalidando a hemácia que só será destruída pelo fígado 120 dias depois.

8 - Metodologia

Após embasamento teórico, foram realizados experimentos para poder


aferir a qualidade da água da chuva na Cidade Universitária e também a Ilha
de Calar no bairro.

A experiência seguiu metodologias já usadas e tem o intuito de


corroborar ou refutar a teoria literária. Embora tenha-se considerado a
influência de todos esses fenômenos atuantes em conjunto, será destacada de
forma separada para melhor organização.

8. I - Ilhas de Calor

Através da análise dos dados climatológicos mensais extraídos do


Boletim de Dados da Estação Meteorológica da Ilha do Fundão no período de
1985 a 1993, operado pelo Departamento de Meteorologia da Universidade
Federal do Rio de Janeiro, obtivemos os fatos de temperatura e umidade
relativa do ar no local para posterior análise de conforto térmico.

Para comparação entre passado e presente, foi realizando no ano de


2007 um questionário entre os alunos da Universidade para verificar a
percepção climato-ambienta1 que os frequentadores do bairro tinham. Para isso
um contingente de 100 pessoas foram entrevistadas para saber a opinião
pública.

Continuando no processo de comparação entre passado e presente,


novos dados foram levantados através de trabalho de campo realizado no dia
04/07/2007, com o uso de dataloggers, para 23 pontos em diferentes
ambientes na ilha. Eles foram divididos entre três pontos fixos e vinte móveis,
os fixos continuaram medindo até o dia 9/07/2007 para observação da variação
de temperatura e umidade na semana.

O conhecimento do ambiente também foi necessário para poder saber


da evolução urbana do bairro, logo, fotos e informações de arquivo da UFRJ
foram usados e embasaram a linha do tempo destacada em capítulo próprio.

Organizando esses dados em gráficos, tabelas e esquemas, além de


usar estimativas a partir do índice de Temperatura-Umidade - adaptado de
Thom e Terjung et al. (apud Ayoade, 1986 e apud Vasconcellos 1983) -
estabeceleu-se o conforto térmico na área (Anexo 1 e 2).

O resultado dessa análise foi espacializado em croqui da Cidade


Universitária para melhor visualização, nele aponta-se a temperatura pontual, a
característica dos arredores e a diferença dele para o ponto mais frio da área
de estudo (hot spot). Também é identificado o uso e cobertura da terra e as
vias pelas quais passou-se para coletar os dados.

No ano de 1997 houve um experimento de ilhas de calor na Cidade


Universitária que serviu para comparação com o estudo de mesma natureza e
metodologia para o ano de 2007, assim, com um espaço de 10 anos, pôde-se
comparar a evolução da ilha de calor no bairro. Do mesmo modo feito em 2007,
os dados de 1997 também foram plotados em croqui para melhor visualização
e comparação.

8.2 - Poluição do Ar

O levantamento da qualidade do ar é importante para aferição das


ilhas de calor e também da qualidade da água da chuva. Embora para o ano de
2007 não se conseguiu os dados da qualidade do ar dos dias de trabalho de
campo, obteve-se a média anual dos anos de 2006 e 2007 de material
particulado, esse gráfico mostra a concentração de substâncias totais que
ajudariam na concentração de calor e refração dos raios solares.

Para os anos de 2008 e 2009, usou-se além das cartas sinóticas, os


dados do modelo CCATT-BRAMS fornecidos pelo INPE (Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais) para verificação da qualidade do ar em escala regional,
neles, são vistos as concentrações de poluentes de material particulado
(25pm), poluição de gases critério - aqueles que são mundialmente
controlados para efeito de inventário mundial e colaboradores no efeito estufa
(como o CO, COZI CH4),- e eles auxiliam também na análise da qualidade da
água da chuva.

Ainda relacionado com poluição atmosférica, verifica-se que os


poluentes sofrem emissão, transporte e deposição e isso se deve as condições
atmosféricas de momento, tanto no seu zênite como na circulação local e
regional. O levantamento desses dados, portanto, são fundamentais para
compreensão da qualidade do ar, da água e também da instalação de ilhas de
calor em determinado sítio. Para atender a essas necessidades, fez-se uso de
cartas sinóticas e radiossondas.

Assim sendo, o caráter insignificante do potencial poluidor do bairro,


além da sua localização no meio da cidade do Rio de Janeiro, ao lado do
centro e incluso na Bacia Aérea III, a mais poluída, optou-se pela escolha do
gás C 0 para maior período de avaliação (2008 e 2009), porque a sua emissão
é, em maior parte, produzida pela queima de combustível fóssil e representa
mais de 50% de toda a poluição atmosférica, principalmente nas cidades (Hill,
1997).

8.3 - Qualidade da Água da Chuva

A qualidade da água da chuva foi feita por aferição e qualificação do


pH da água recolhida durante os eventos chuvosos. Ela se deu no bairro, pois
os níveis de pH aferidos no ano de 2008 foram os mais baixos dentre os
coletados na Região Metropolitana do Rio de Janeiro naquele ano (Silveira et
al. 2008).

Repetindo a mesma metodologia usada anteriormente desde o estudo


feito por Castro (1993) para chuvas ácidas em São Paulo, usou-se recipientes
limpos para coleta, que posteriormente eram armazenados em geladeira ou
iam para medições em até 24 horas com o pHmetro Analyser pH300 ou o
DIGIMED DM-20.

Embasando essa metodologia, também se apresenta o estudo de


Galloway e Likens, onde relata que as amostras da água da chuva preservadas
a 25°C durante 7 meses tanto na presença quanto na ausência de luz não
apresentam alterações nas concentrações de íons majoritários (1978, apud De
Souza et al., 2006). Outro estudo de Karlson et al. (2000) mostra que as
amostras de deposição total não filtradas e armazenadas em refrigerador
(aproximadamente no caso desse estudo) a 4"C, se mantiveram inalteradas
por 7 semanas ao passo que o pH, condutividade e NH4' se mantiveram
estáveis nos 6-7 primeiros dias que se seguiram a coleta (apud De Souza et al.
2006).

Tendo nossos prazos sido cumpridos com no máximo 24 horas, pode-


se assegurar o embasamento técnico para análise de pH da chuva e início da
parte de classificação, da qual se voltou para a literatura para encontrar a
melhor forma e preferiu-se pelo viés qualitativo de fixação de faixas de
classificação, ÁCIDAS, NORMAIS e ALCALINAS, segundo o pH medido.
Também foram usadas nessa fase, para comprovação da análise, as
cartas sinóticas e modelo CCATT-BRAMS dos eventos, tanto dos dias
chuvosos como dos imediatamente anterior e posterior a eles. Adianta-se que a
maior parte dos eventos coletados foi de aproximação de frentes frias polares.

Os gráficos de radiossonda foram necessários para observação do


corte vertical da atmosfera, aproveitando a proximidade do aeroporto Antonio
Carlos Jobim, onde é lançado a sonda, da Cidade Universitária para saber se
houve alguma inversão térmica no período.

O trabalho dos resultados de forma estatística também é parte do


estudo para melhor visualização dos resultados do pH da chuva na Ilha do
Fundão.

Como já relatado anteriormente, a poluição atmosférica obedece o


ritmo da produção das indústrias, esses por sua vez, seguem o da economia e
assim, pode ter o seu ritmo de produção acelerado ou recessivo. Em escalas
mais cotidianas, durante os dias úteis, a poluição tende a ser maior por ter mais
pessoas transitando com veículos e produzindo poluentes. Já nos fins de
semana, os níveis de poluição tendem a cair pela queda no ritmo de trabalho.

Por esse motivo, os dias da semana em que ocorreram precipitação


também foram registrados na planilha e depois contabilizado por dia da
semana o dia que mais choveu. Em caso de chuvas por mais de um dia,
contou-se o primeiro dia de evento.

Os resultados da pesquisa de 2008 realizada pelo Laboratório de


Climatologia e Análise Ambienta1 da UFRJ (CLIMAGEO) foram usados também
para efeito comparativo, ainda que na pesquisa anterior a área de abrangência
tenha sido toda a Região Metropolitana do Rio de Janeiro (RMRJ), o bairro da
Cidade Universitária está incluso, donde podem ser retirados os dados
comparativos.

9 - Discussão dos Resultados


9. I - Ilhas de Calor no Bairro da Cidade Universitária

9.I . I - O uso da terra como instrumento de aferição de ilhas de calor

O bairro da Cidade Universitária, já descrito no capítulo 1, foi formado


por um aterro sobre as 8 ilhas que compunham o arquipélago. Sendo assim, a
ilha artificial que se formou, já tinha previamente um projeto de ocupação do
solo e uso da terra. No projeto inicial, seria para se atender a população
através do Hospital Universitário e aos estudantes, a entrada das empresas no
campus da universidade só aconteceu nos anos de 1970, e se acentuou com a
expansão do CENPES (Centro de Pesquisa da Petrobrás) a partir de 2004.

Através de trabalho de campo, verificou-se que não há atividades de


grandes impactos atmosféricos no bairro, sendo assim, os supostos altos níveis
de poluição são produzidos em local extra-Cidade Universitária. O que se
verifica de atividades são a caldeira do Hospital Universitário, um incinerador
da Usina Verde, que é de caráter experimental, e os equipamentos do
CENPES, também experimental, e estão instaladas na periferia da Ilha com
dispersão majoritariamente para a Baía de Guanabara.

As ilhas de calor necessitam, por definição, de diferença de


temperatura, e elas podem ser obtidas pela diferença de calor específico de
cada material que compõe o ambiente - grama, árvore, cimento, telhas de
barro, amianto, etc. Com a necessidade de se conhecer mais detalhadamente
o bairro, as construções, suas disposições e suas particularidades, elaborou-se
um mapa temático para o uso da terra da Ilha do Fundão.
Ma"' Mf "'
-
Mapa de Uso da Terra da Cidade Universitária Rio de JaneirolRJ

Mapa TernOtico
Projeção UTM
Daturn WGS84
Base: Imagens Ikonos
FevI2009

- Metros

Fonte: Organizado pelo autor, 2009.

Segundo os arquivos da universidade, citado anteriormente por Silva


et al. (2008), a ilha é ocupada em cerca de 30% para uso urbano, e circulam
aproximadamente 60 mil pessoas por dia. No entanto, com a entrada das
novas empresas no campus, esses números podem certamente aumentar,
justificando uma atualização sistemática dos mapas de uso da terra no bairro.

Com o aumento no número de pessoas e instalações, pode-se então


constatar que o número de veículos também aumente e por isso um mapa mais
atualizado sobre o uso da terra foi elaborado, visando substituir o anterior,
realizado em 2007 com o uso do Google Earth e as informações oferecidas da
Prefeitura do Campus, abaixo disponível.
Croqui de Uso da Terra no Fundão

I A C- ?A P(UCAG WLSSCRANI
YPARADACT 4A ROTAT4RWREI7WZU SWPLlhWOtEPPES 48 WADEJhO 2 E S l 1 0 0 M I i E U i O MSEG
YLREITORU õ1i CEIFIi SSED F I S J U 68 UOIU.ENT0 3ES1IWTRAlEXPMEHiOTiD
? AMPPL*O M E S T ~ N T r ) F f € I 7 U ? U tBOCS R
98PREFElNRI 1- CFNPES
L.FmndWUF~b): I D L V U WJOEHO*L
P ~ W&b
O
Mdio b h o
, COMIIU@O
Uw R n L 6 n C L J
&rmarn*~(o
YbbP-U=* e wnpo-
hpiaraó.

Fonte: Organizado pelo autor, 2007.

Apesar das limitações do uso de croqui, por conta ainda do não-


domínio dos programas de GIS (Sistema de Informação Geográfica) na época,
pode-se perfeitamente estabelecer uma diferença no uso da terra entre 2007 e
2009. Como por exemplo: O surgimento do restaurante universitário onde antes
era solo exposto (construção) e em 2009 já há o prédio construído, o mesmo
acontece com a portaria do CENPES e a expansão dele para o outro lado da
Av. Horácio Macedo - a que passa longitudinalmente pela ilha.

As áreas perto da Vila Residencial das quais apresentam área em


construção em 2007, já tem alguma vegetação baixa em 2009. Porém, pelas
amostras das penínsulas da ilha - atrás do alojamento e atrás do COPPEAD -
podemos constatar, também através de observações em campo na data da
imagem (FevereiroMOO9), que a vegetação estava alta em todo o campus, e
por isso não se pode afirmar que houve regeneração da área verde no bairro.

A parte central da Ilha sofreu o desaparecimento quase completo do


bosque ao lado do terreno de expansão do CENPES, perto da rotatória central
da Av. Horário Macedo, na altura do CCMN. Duas manchas verdes detectadas
em 2007 se reduziram, além da já citada, outra área ainda maior ao lado do
prédio da Faculdade de Letras - a nordeste e sudeste da rotatória.

Outra importante área verde que se reduziu é a parte sul, após o bloco
H do prédio do CT (Centro de Tecnologia), ou, para melhor orientação, seguido
a Av. Horácio Macedo e após o prédio do CT virando a direita e seguindo em
frente. Lá há uma grande expansão do Instituto de Tecnologia com a
construção de diversos laboratórios, e continuando até o próximo retorno,
próximo ao Instituto de Pesquisas Nucleares, há outra grande obra sendo
realizada que necessitou da remoção de extensa área verde.

Não se pode deixar de relatar os episódios de queimada que


acontecem ocasionalmente no bairro, como já testemunhados pelo autor nas
proximidades de todas essas áreas citadas de desmatamento, inclusive em fins
de semana.

9.1.2 - Ilhas de Calor em 2007

O croqui acima contém também alguns pontos com códigos de letra e


número, esses códigos estão descritos na legenda e representam os pontos de
coleta de temperatura e umidade, tanto dos transcetos como dos pontos fixos
de controle.

De 04 a 09 de Julho de 2007 foi realizado, com o apoio da divisão de


segurança e os membros do Laboratório de Climatologia e Análise Ambienta1 -
CLIMAGEO, um trabalho de campo para poder levantar os pontos quentes da
Ilha do Fundão, seguindo a metodologia já discriminada em capítulo específico
e carta sinótica do dia de trabalho de campo em anexo (IA). Escolhendo-se um
dia para realização de levantamento dos pontos do transcetos.

Nesse trabalho de campo, constatou-se a parte centro-sul da ilha


como uma das mais quentes. Entre os pontos fixos, em todos os horários, a
Prefeitura Universitária se apresentou como a mais fresca, enquanto o mais
quente foi o Almoxarifado Central - próximo a Vila Residencial. Nos pontos
móveis, a Prefeitura Universitária também foi a mais fresca e o CCMN o mais
quente, no entanto, problemas com os medidores não permitiram fazer
medições na parte centro-sul, restando com parâmetro apenas o ponto fixo do
Almoxarifado Central.

Algumas hipóteses para o Almoxarifado Central ser o ponto mais


quente, seria o seu entorno, com um pátio em cimento e sem árvores no
entorno, paisagem cotidiana naquela parte do bairro até a Vila Residencial,
enquanto isso, para a Prefeitura ser mais fresca, o bosque e o horto que
existem lá, explicariam.

A maior diferença entre os pontos dos transcetos móveis foi de 3,9"C,


registrado na parte da manhã. E nos pontos fixos, que ficaram por mais tempo
registrando, a diferença entre máxima e mínima em toda a semana foi de
aproximadamente 13°C na Prefeitura, 17°C na Estação Experimental de
Tratamento de Esgoto e 15°C no Almoxarifado Central.

Com relação aos índices de umidade relativa do ar para os pontos de


coleta, não há muita diferença entre os pontos, pois há muita água no entorno,
oferecendo umidade constante para todos os pontos da ilha, o fator diferencial
nesse caso seria a temperatura, a qual é influenciada diretamente pelo
ambiente no entorno dos pontos de coleta. Os ventos durante o dia foram
constantes de nordeste. Nota-se também uma tendência geral de aumento de
temperatura, explicada pela carta sinótica em anexo (IA) que mostra uma
célula de alta pressão na região, portanto, a escala regional influenciou a local.
Ilha de Calor - Transeto Móvel / Manhã
I Legenda:
TransetoA

D P m p .?atem
-
(Aknda mais ina)
+Me". da-
IdentMoa@ do Ponto

Temperatura CC)
I B -24.2

28 - 23,O

38 -21.8

10B-21.5

4BeQB-21,2 1

Pontos M6veis:
I A CCMN
MPARADACT
M REITORIA
TACOPPEAD
9A D N I W ORAFICA
2A PRAÇAG M A S S M I
4A ROTATORIA REITORIA
6A CETEM
8A ESTACIONAMENTOREITORIA
10AVILA RESIDENCIAL

Fonte: Organizado pelo autor, 2007


16 RETORNO CCMN
3 B A M P m O CENPES
SB ED F~SICA
7B CCS
98 PREFEITURA
28 BOSQUE INST M F~SICA
48 BANDEJA0
68 ALOJAMENTO
8B H W UNIVERSITARIO
106 CENPES
58, 6B e 7B 20.7 -
88 - 20,3
Dados Ngo ~isponlveis I
Variação da Temperatura e da Umidade Relativa do Ar no Almoxarifado Central nos dias 04/07 a
09/07.

U m i d a d e Relativa -Temperatura
Variação da Temperatura e da Umidade Relativa do Ar na Prefeitura Universitária nos dias 04/07 a
09/07.
(%I
100 .

I U m i d a d e Relativa -Temperatura I

Variação da Temperatura e da Umidade Relativa do Ar na Estaçáo de Esgoto da Escola Politécnica


nos dias 04/07 a 09107.
(%I

/ U m i d a d e Relativa -Temperatura 1
Fonte: Organizado pelo autor, 2007.

9.1.3 - Ilha de Calor em 1997

No verão de 1997 foi realizado no mesmo bairro da Cidade


Universitária um levantamento sobre ilhas de calor. Os resultados foram
plotados num mapa de pontos para representar a temperatura pontual durante
o transceto feito durante o trabalho de campo.
- 0910111 997 - Manhã

Projeção UTM
Datum SAD69
Ano 2009

Fonte: Dados registrados pelo CLIMAGEO em 1997.

O mapa mostra que a parte centro-sul da Ilha do Fundão é mais


quente que a porção norte da Ilha. Comparando o mapa acima com o croqui
feito em 2007 sobre o trabalho de campo de mesmo motivo, conclui-se que
mesmo no verão (no caso de 1997) como no inverno (em 2007) as mesmas
áreas do bairro se apresentaram como as mais quentes. Nota-se também que
os transcetos feitos em 1997 obedecem aos arruamentos da Cidade
Universidade, bastante parecidos com os dois transcetos de 2007.

Não é possível uma comparação absoluta entre os dados dos dois


trabalhos de campo, pois, apesar da semelhança de horários (manhã) há
diferença de estação do ano, uma no verão e outra no inverno. Sabe-se que as
condições para configuração de ilhas de calor são mais favoráveis no inverno
(Brandão, 1996), e como foi relatado em julho de 2007, realmente há maior
intensidade em comparação com janeiro de 1997.

9.2.1 - O Conforto Térmico

Depois de analisar a situação momentânea daquela semana de


inverno de 2007, procurou-se analisar também como estava a questão do
conforto térmico em uma série histórica para melhor entender a dinâmica
climática na Cidade Universitária. Para isso, levantou-se a série de 1985 a
1993, como não houve levantamento de ilhas de calor naquele tempo para a
área, usou-se o índice de temperatura e umidade, adaptado de Thom e Terjung
et al. (apud Ayoade, 1986 e apud Vasconcellos et al. 1998) (vide anexos 1 e 2).

O quadro abaixo mostra como se deu, de forma qualitativa o conforto


térmico mês a mês entre 1985 a 1993.

Variabilidade de Conforto Estimado Ano a Ano

1985119861198711988119891199011991119921 1993
Janeiro N / .
Fevereiro N/D
Março N/D
Abril N/D
Maio N/D
Junho N/D
Julho I
Agosto I I
Setembro H I
Outubro
Estimativa do Conforto Térmico Mensal no período de
1985 a 1993.

1 .Sensaçãode Frio

Ameno

Pouco Desconfortável

iDesconfortável

iMuito Desconfortável

Não Há Dado

Fonte: Silva et al., 2008.

Observando o diagrama, pode-se notar que os anos de 1986, 1988 e


1990 formam os mais importantes da série por serem os mais desconfortáveis.
De forma geral podemos apontar a Cidade Universitária, entre os anos de 1985
a 1993, como desconfortável na maior parte do tempo. Pois, os meses de
outubro a abril foram considerados desconfortáveis (com as variações) pelo
calor, no mês de julho há sensação de frio, portanto, pode ser considerado um
desconforto também. Apenas os meses de maio, junho e setembro foram os
mais amenos.

Considerando o total, 53% do tempo da série foram de desconforto e


21% de frio. Se incluirmos os dias de "sensação de frio" no hall dos
desconfortáveis e ver todos os desconfortáveis (com suas variações) que
ocorreram na série, tem-se um total de 3287 dias, onde desses, 2432 dias de
desconforto - inclusos os dias bissextos.

9.2.2 - Análise dos Números Absolutos do Gráfico

Analisando os números absolutos, os valores médios foram de 20" a


28°C no período, a pluviosidade e a umidade relativa acompanhou a variação
sazonal e como era esperado, não houve grande oscilação de umidade para a
cidade devido ao seu caráter litorâneo.
Analisando a série sazonalmente, observam-se dois momentos muito
peculiares no verão. Nota-se que do verão de 1986 até o de 1990 ouve uma
escalada nas temperaturas máximas, e essa forte tendência de aumento
culminou nos anos de 1986, 1988 e 1990 como os mais desconfortáveis. De
1990 para 1991, houve queda de temperatura no verão e de 1991 até
dezembro de 1993 houve uma redução grande nas temperaturas máximas,
mas ainda assim com tendência de aumento anual.

Analisando os invernos, todos os meses de julho dos anos de 1985,


1986, 1988 e 1990, eles foram bastante rigorosos, e de 1991 a 1993 foram
mais amenos. A escalada observada no aumento de temperatura nos verões
de 1986 a 1990 não ocorreu para o inverno no sentido de queda brusca, pois
as temperaturas mínimas não oscilaram tanto de ano para ano. A partir de
1991 pode-se ver que as temperaturas mínimas são maiores que as
registradas até 1990, sendo, portanto, uma sessão de invernos fracos.

Observando todas as temperaturas, verifica-se uma divisão também


com relação a oscilação maior entre verão e inverno no período de 1985 a
1990. Verificou-se também que os anos de 1988 e 1990 foram os mais
desconfortáveis com médias máximas de 31" a 35°C.

Ao mesmo tempo, 1990 não teve estação chuvosa regular, com o mês
de fevereiro registrando 3,6 mm de chuva e o de abril 237 mm. Constata-se
assim um deslocamento da estação chuvosa de verão para outono naquele
ano. Sendo 1990 um ano tão peculiar dessa série, resolveu-se destacar em um
gráfico a parte para melhor visualização, como segue abaixo.
Variação Mensal Conjugada dos Elementos do Clima -
Ilha do Fundão 1990
-

Fonte: Silveira et al., 2009


Com relação aos dados de pluviosidade e umidade relativa do ar, e
seguindo a variação rítmica climatológica da cidade do Rio de Janeiro, com
verões chuvosos e invernos secos (Brandão, 1996), estabeleceu-se esse
parâmetro segundo as normais climatológicas para poder comparar ano a ano
a série em estudo, das quais se destacam como fora de padrão os seguintes:

Comparação Anual da Série


1 I I I 1
1 Ano
1985 1 Estacão
verão ~
Inverno
I
Seco
Pluvios.
D 1 Observacões:

Verão Seco Chuvas Distribuídas


1986

1 1987 1 Inverno
verão
Inverno
Chuvoso
~ ~ U V O S O

Seco
1 Bastante Chuvoso

Chuvas Concentradas -
Grandes Enchentes
I I ~nvernoI seco I
Verão Chuvoso Chuvas Distribuídas
1989
Inverno Chuvoso
Verão Chuvoso Chuvas no Outono
Inverno Chuvoso
Verão Chuvoso Chuvas Concentradas
Inverno Chuvoso
Verão I Chuvoso
1 1992 1 Inverno I
Seco
Chuvas Distribuídas
I
Verão Seco Chuvas Concentradas
1993
I
Inverno Seco I

Tabela: Organizado pelo autor.

Como excepcionalidades pode-se apontar as chuvas de janeirol87,


maiol90, fev&birq e abril190, feverdrrj/92 (maior da série) e abri1193. Todos
/
esses com marcas acima de 225 mm
/Il//'L $023
ensais.

I - Comparação Pluviométrica de 1985-1990com a Série 2004-


9.2.2.

Segundo dados das estações no INEA (Instituto Estadual do


Ambiente), a precipitação acumulada nos 5 anos mensais, como segue abaixo:
Precip~taçdoAcuniuludn Mensal para os Últ~naot;5 anos - RMRJ

pn fev mr abr mi jun jul ago sei out nov dez


MEs da Ano

Fonte: Relatório de Qualidade do Ar - INEA - 2008.

O gráfico mostra que nos últimos 5 anos, o mês de março foi o mais
chuvoso na RMRJ, somando mais de 2000 mm de chuva, e o mês de agosto o
menos chuvoso do ano. Agosto só não foi o mês menos chuvoso em 1985 e
1990, esse último tido como o mais atípico de todos.

Com relação ao mês mais chuvoso, de 2004 a 2008 foi março, mas na
série de 1985-1993 houve 4 exceções, janeiro11987, fevereiro11989, abri111990
e novembroll992. No entanto, ressalta-se que a maior marca histórica de
chuvas foi em março de 1993 com quase 300 mm no bairro da Cidade
Universitária.

O intuito desse comparativo é mostrar que as escalas de trabalho (de


bairro e de região metropolitana ou topoclimática e local) estão relacionadas,
porém não são iguais, pois fatores locais podem influenciar nos dados
climatológicos.

9.2.3 - Relação de Série Histórica com Fatos Históricos

A pesquisa não deve se referir apenas ao bairro da Cidade


Universitária, a escala local está contida na regional. Lembrando essa questão,
aborda-se o ano de 1988, que para a Cidade Universitária um ano "Muito
Desconfortável" em janeiro, e com poucas chuvas durante o verão, tendo um
mês de fevereiro sem chuva e grandes temporais em março e abril, sendo um
verão fora do normal. Para a cidade do Rio de Janeiro, onde ocorreu uma das
maiores enchentes registradas, não foi diferente (Brandão, 1997).

Fonte: http://fotolog.terra.com.br/luizd:245 acessado em 08/01/2010

9.2.4 - Percepção da População com Relação a Ilha de Calor

Para a ilha de calor ser considerado impacto ambienta1 negativo, é


necessário que o meio ambiente se modifique, de modo que atinja o ser
humano prejudicialmente, e que esse sinta suas conseqüências, sofrendo
algum mal com isso. (Sanches, 2006)

Segundo o estudo de Lombardo (1985) onde cita Yonetani (1983),


apenas 2°C de intensidade de ilha de calor já seriam suficientes para causar
algum distúrbio atmosférico. Sendo assim, no inverno de 2007, houve
condições para que isso tivesse acontecido.

Por isso, resta saber se a população tem percepção sobre o fato. Se


eles sentem o ambiente desconfortável e quanto tempo eles permanecem
nesse ambiente. Então foi aplicado em 2007 um questionário para 100
pessoas, sendo esses técnicos, estudantes e professores, enfim,
frequentadores e moradores da Cidade Universitária, que resultou na
corroboração com os outros dados levantados.

O resultado da pesquisa de opinião, que segue abaixo, mostrou que a


maior parte sofre com sensação de calor (34%), fica no bairro 5 dias por
semana (64%) e no mínimo 8 horas por dia (77%). A maior parte dos
entrevistados foram homens e pessoas com mais de 22 anos.

A sensação térmica é muito subjetiva, variando de acordo com


características físicas e sócio-culturais dos indivíduos, entre elas: Idade, sexo,
tipo de trabalho que desenvolvem, estado de saúde, dieta, estado emocional,
grau de ajustamento as condições climáticas predominantes etc. (Farias,
2006).

Sensação Térmica da População

Sensação Térmica (%) Tempo de Permanência (%)


Muito Calor 19 Não Dispon. 3 Dias 4 Dias 5 Dias
14 5 17 64
Calor 34
2 horas 4 horas 8 horas Mais de 8 h
Pouco Desconfortável 23 O 20 40 37
Confortável 20 Sexo (%) Idade (%)
Frio 4
Muito Frio O

9.3 - Qualidade da Água da Chuva

9.3.I - Qualidade da Água da Chuva na Região Metropolitana do Rio


de Janeiro (RMRJ)

O lançamento de poluentes na atmosfera é um grande problema que a


sociedade pós-industrial tem enfrentado, principalmente, nas grandes
metrópoles e tem provocado danos ao ambiente e a qualidade de vida da
população (PARK, 1987).

Segundo a afirmação de Park e a análise do perfil da Região


Metropolitana do Rio de Janeiro, sendo a segunda mais importante do país,
rica em empresas prestadoras de serviços e indústrias diversas, foi realizado
em 2008 um levantamento sobre a qualidade da água da chuva e do ar. E sua
integração com o bairro da Cidade Universitária se deve ao fato da principal
estação de medição estar no bairro.

O tempo de coleta para a pesquisa nos Experimentos de 2008, foi de


14 de junho a 31 de agosto de 2008, contemplando justamente o período de
outono-inverno. Houve um total de 23 amostras das quais foram retiradas o pH
e a quantidade precipitada, dos quais não ultrapassaram 18 mm de chuva
acumulada, por acaso registrada na própria Cidade Universitária. Essa
quantidade de chuva é comparável aos índices de 1985-1993 e 2004-2008,
corroborando com o ritmo climático da RMRJ (Monteiro, 1978; grandão, 1996)

Deve-se observar que na frequência dos eventos chuvosos teve-se


homogeneidade com relação ao espaço, chovendo quase a mesma altura em
todas as áreas levantadas e heterogeneidade com relação ao tempo, com um
período de estiagem no auge do inverno (de 4/07/08 a 05/08/08).

9.3.I . I - Comparação dos Levantamentos Climáticos com o Relatório


de Qualidade do Ar de 2008

O relatório de Qualidade do Ar do estado do Rio de Janeiro de 2008,


fornecido pelo INEA (Instituto Estadual do Ambiente) mostra que segundo as
normais climatológicas (1961-1990), no Estado há um período de menos
chuvas no inverno e a variação da umidade relativa não ultrapassa os 3% de
variação anual.
I ea

180

140

,
- - 120
E
E

g
b!
"r
a0

80

40

20

o
j
a fev naar abr mai jun jul ago set iwt nov dez
Meses a%< Ano

Fonte: Fonte: Relatório Qualidade do Ar 200811NEA.

O vento, que é importante agente dispersor dos poluentes, não foi


medido diretamente na experiência de 2008, e é aqui levantado como de
direção Sul - Sudoeste (SSE), que justificaria a dispersão da poluição vinda do
centro da cidade para a Cidade Universitária. Com esse tipo de vento, traria
também uma quantidade significante de ar vinda da Baía de Guanabara,
melhorando o ar local. Mas, pela velocidade que ele atua (até 3m/s), não é
suficiente para avançar mais e dispersar a poluição da Baixada Fluminense,
que está na mesma direção e é a parte mais poluída do Estado.
Fonte: Fonte: Relatório Qualidade do Ar 2008lINEA.

A quantidade de frentes frias também foi levantada pelo relatório, na


experiência de 2008 todas as amostras foram recolhidas através de
precipitação por chegadas de frentes frias vindas do sul do país, como
registrado no acompanhamento das cartas sinóticas. O relatório mostra o total
de frentes que chegou a cidade por mês.
Número de Astemasfrontois que atingiram o Estado d o Rio de Janeiro ein 2008

Janeiro Fevereiro Maqo &ri1 Maio Junho Julho Pgosto Setembro


Meses
Fonte: Fonte: Relatório Qualidade do Ar 2008lINEA.

Como mostra o gráfico, o mês de julho teve uma chegada de frente


fria, mas não houve chuva registrada na Ilha do Fundão, enquanto isso, junho e
agosto onde ocorreram todas as coletas, ocorreram 7 chegadas de frentes, que
somadas, geraram 23 episódios chuvosos.

9.3.2 - Espacialização do pH no Tempo-Espaço

Essa distribuição, de quantidade e localização da chuva, permite


visualizar um ritmo na sucessão de tipos de tempo, que associado com outros
instrumentos, reforçando a teoria proposta por Monteiro (1978) e os estudos de
Brandão (1996) para o ritmo climático na cidade do Rio de Janeiro, uma vez
que todos os pontos também se encontram na mesma bacia aérea.
Diagrama de Distribuiçi30 do pH da Chuva -
Diaarema de Distribuiçiio de Chuva
na Cidade do Rio de Janeiro na Cidade do Rio de Janeiro

kin
~lhaâo irei MIO Penha ~ g u a Rio BeiFord &ua rEo ~ajfon~
Fundão Irsbel Santa Comprido Rom bdso k.Bcl Santa Comprido Roxa

Diagrama de distribuição do pH e quantidade de chuva elaborado no SURFER 8.0. - Fonte:


Silva et al., 2008.

O diagrama se mostra importante para o estudo, pois a quantidade


volumétrica de chuva e o índice de pH podem ser expressos no tempo e no
espaço, reforçando o uso da Concentração Média Volumétrica (CMV),
estabelecendo uma associação indireta entre os valores por meio de uma
correção a partir de uma fórmula matemática, explicitada abaixo, para
encadear as variáveis pH com volume de chuva.

9.3.3 - Análise Estatística dos Dados de 2008

Fórmula CMV ou MPV:

A não utilização dos cálculos da CMV, acarreta erros na obtenção das


médias das concentrações de íons (nitrato, sulfato ou qualquer outro composto
analisado), pH ou condutividade elétrica [...I No caso do cálculo de pH, primeiro
converte-se o valor do pH para o seu valor em concentração de íons de
Hidrogênio, pondera-se a média volumétrica em H' e o resultado final da CMV
de H' é novamente convertido para o valor em unidade de pH (Marques, 2006;
pp. 44 e 45).

A seguir apresenta-se uma tabela com valores estatísticos


relacionadas as amostras:

I Dados
- .- - - Estatísticos
- .. -- Obtidos a Partir da Análise em Gabinete do DH I
MA I MPV ou CMV I Md I Mo I Distribuição t-student (p, 95%) 1 Mín. I Máx.
6,49 1 6,27 1 6,65 1 6,67 (3x) I (16,16<p<6,82) 1 4,12 1 7,67
n = 23 amostras. Coef. de variação = 11,75%.
Dados estatísticos obtidos a partir da análise em gabinete do pH

Através das amostras levantadas, obteve-se um quadro de tendências,


de forma a classificar e quantificar as amostras e organizá-las num Box Plot de
forma matemática.

Tendência Geral Tabela de Freauência

i Normal
L
H I
Frequência Tendência

7,l a 7,s 6 Alcalino 13


i 7.6 a 8.0 1

Grafico Box Plot

- ü m k I m m o Superior

. ln&,"o -i

- Limite Drtemo Infwiw

- 4.12 = Outliw Leve


*e há Outliers Extremos
Como se observa acima, as quantidades de amostras alcalinas e
normais formam a grande maioria dos eventos. O fenômeno ocorrido no Rio de
Janeiro é diferente, por exemplo, do que acontece em São Paulo e outras
metrópoles, onde há muitas ocorrências de chuva ácida e tem os níveis de
poluição também altos.

Nota-se também acima que a Média Aritmética (MA) das amostras foi
de 6,49, um pouco diferente da CMV - Concentração Média Volumétrica (6,27),
que é considerada a média de pH para as amostras. A Mediana (Md) é 6,65 e a
Moda (Mo) foi de 6,67 por 3 vezes. Os valores mínimos e máximos foram de
4,12 e 7,67, respectivamente. Para ajudar na organização dos valores, a
distribuição t-student (v, 95%) se concentrou entre 6,16 e 6,82, que demonstra
uma distribuição bastante homogênea dos valores de pH, com variação de
apenas 11,75%.

Um fator que explicaria o teor basicamente alcalino das amostras é o


spray marinho que espalha o sal marinho, que é básico, no ar e neutraliza a
acidez dos gases poluentes.

A interação do solo com o ar, pela poeira, também pode ocorrer no


sentido de neutralizar a qualidade da água da chuva. Como no caso do
noroeste da índia, onde os íons de Cálcio ( ~ a ' ~ )Amônio
, (NH'~) e Magnésio
( ~ g ' ~ que
) , estão no solo, neutralizam e alcalinizam a chuva (Marques, 2006),
porém esse tipo de fenômeno é raro na natureza.

9.3.4 - Importância das Condições Atmosféricas para a Característica


da Precipitação

A interação dos elementos em suspensão na atmosfera é fundamental


para a caracterização final da precipitação, pois a química formada nas
camadas mais altas se mistura ao vapor d'água e modificam-na em caráter
físico-químico.

Por isso, antes dos eventos de chuva, observou-se as cartas sinóticas


da região, a qualidade do ar - através do modelo CCATT-BRAMS - e o corte
vertical da atmosfera, pelas radiossondas.
A qualidade da chuva está diretamente envolvida com o meio em que
ela estava depositada anteriormente, no caso, a atmosfera. Quanto mais
poluída, pior será. Além disso, o corte vertical pode determinar a concentração
desses poluentes no ar, portanto, mesmo se houver pouca poluição, mas uma
forte inversão térmica - típica no inverno - esses poluentes podem ser
concentrados em baixa altitude e acidificar a chuva.

A análise da qualidade do ar durante a experiência de 2008 será


reportada em capítulo específico.

9.3.5 - A Disfribuição Semanal do pH nas Precipifações

Como relatado no capítulo de Referencial Teórico-Conceitual, a


poluição atmosférica segue a dinâmica político-econômica da região. No
exemplo como a RMRJ, normalmente as indústrias produzem nos dias úteis e
descansam suas máquinas e funcionários nos sábados e domingos. Em
épocas de recessão, a produção é diminuída, portanto, são diminuídos também
os níveis de poluição pela planta produtora. Em caso de superaquecimento, o
processo inverso ocorre.

Com relação aos anos de 2008 e 2009, mundialmente houve uma


grande recessão econômica, o que forçaria uma diminuição do ritmo produtivo,
porém, no Brasil não houve grandes impactos, logo, considera-se o nível de
poluição normal para esses dois anos.

Segundo Castro (1993) e Marques (2006), como os níveis de poluição


atmosférica tendem a aumentar durante a semana, a química da chuva
tenderia a ser alterada por conta disso.

Observando essa hipótese, para as amostras de 2008, realizou-se


uma distribuição semanal segundo o esquema:

Indice de Normalidade: NORMAL (N); melhor que ALCALINO (AI);


melhor que ÁCIDO (Ac). (N;AI;Ac) - O numero representado entre parênteses
pertence ao seu respectivo índice segundo a sua posição dentro dele. Portanto,
quanto mais chuvas NORMAL ocorrer, melhor, em seguida, quanto menos
ALCALINO e ÁCIDO, melhor, respectivamente.
Dias da Semana - ordenados pela normalidade de pH seguindo os
critérios acima. Por conta da impossibilidade de coleta nos fins de semana,
considera-se o dia de sábado e domingo agrupados em "Fim de Semana". Para
os demais, o dia a ser classificado será considerado como o último dia da
chuva.

Esquema Semanal da Distribuição da Qualidade da Chuva - 2008

Fim de Semana > Quarta > Terça > Quinta > Sexta
(3,3,1) @ , I,o) (2,4,0) (1,4,0) (ollll)
A distribuição mostra que há uma recuperação da atmosfera durante o
fim de semana, quando ocorrem eventos de chuva, elas são as mais normais
da série. Não houve evento que terminasse na própria segunda, por isso esse
não foi relacionado.

Quarta feira surpreendeu por ser meio de semana e ser melhor que
terça feira, porém reparando a taxa de alcalinidade, podemos supor que entre o
fim de semana e terça, há acumulo de sais na atmosfera, que tende a baixar a
partir de quarta, talvez por conta da poluição emitida.

Quinta e Sexta apresentam-se como dias de grande desvio da chuva


normal, e oscilando alcalino e ácido.

9.3.6 - A Experiência da Qualidade da Água da Chuva em 2009

Para o ano de 2009 planejou-se repetir o mesmo experimento, porém


tomando como base apenas o bairro da Cidade Universitária, uma vez que
esse apresentou os dois episódios de chuva ácida da RMRJ.

As amostras foram colhidas de 21 de agosto a 15 de outubro de 2009,


contemplando o inverno e a primavera (anexo 5). Todas as amostras ficaram
entre Normal e Alcalina.

Para o ano de 2009 passou-se a contabilizar também a condutividade


da chuva, pois ela é um indicativo do tipo de sal que se encontra dissolvido na
água, e associando com o pH, pode-se dizer que tipo de substâncias
majoritárias podem estar nela, entre poluentes e spray marinho.
Com relação ao nível de pluviosidade, houve um evento chuvoso que
extrapolou os 160 mm (8,9 e 10/10/09), de resto nenhum ultrapassou os 40 mm
e houve possibilidade de coleta nos fins de semana, assim, diminui o tempo de
exposição da água a evaporação.

9.3.6.1 - Análise Estatística dos Dados de 2009

Dados Estatísticos Obtidos a Partir da Análise em Gabinete do pH


MA CMV ou MPV Md Mo Distribuição t-student (p, 95%) Min. Máx. Desvio Padrão
6,54 5,78 6,53 Nenhuma (16,1004<p<6,8796) 5,64 7,33 0,58
Número de amostras = 11 Coef. de variação: 8,86%

TendCncia Geral - Qualidade da Água da Chuva 2009

Ácido
A,,,

r Alcalin Normal
45%

6,6 a 7,O 1
-- --
2
- I Alcalino ( 5
I
Gráfico Box Plot 2009 -
8.13 Limite Mhximo

7,17 ...-.--------
6 53 --.Q2
"...
""""
6,1

4 , 4 9 5 - -- - Limite Mlnimo
Não Há Outliers
Gráfico de Dispersão de pH - Ilha do Fundão - 2009
7,5

II
6,5

.V
VI
G
r4
X
L
R
5,5
m
I
n 5

4,5

Úmero do Evento Chuvoso

Pluviosidade Inverno - Primavera - Ilha do Fundão -

Os dados da qualidade da água da chuva em 2009 mostraram uma


média aritmética de 6,54, sem modas, ou seja, sem valores repetidos, mediana
de 6,53 e com valores mínimos e máximos de 5,64 e 7,33 respectivamente.

O desvio padrão é de 0,58 e novamente foi feita a Concentração


Média Volumétrica (CMV) para as amostras, que mostrou um valor de 5,78.
Deve-se considerar que as chuvas nesse período foram irregulares, com um
episódio atípico de 160 mm de chuva acumulada em três dias, o que seria
capaz de mudar as formulações matemáticas das coletas.
A distribuição t-student se encontrou entre +6,1004<p<6,8796,
mostrando pouca variação e um intervalo que coloca o total de amostras entre
normal e alcalino, com coeficiente de variação de 8,86% para as 11 amostras.

O gráfico Box Plot não mostrou nenhuma amostra em outlier e todos


estão concentradas entre 5,6 e 7,5, ao contrário do que ocorreu em 2008.

Não se fez necessário o uso do diagrama feito com o software Surfer


8.0, pois, nesse caso não há variação espacial, todos os dados foram colhidos
no mesmo bairro.

9.3.6.2 - A Condutividade Elétrica nos Experimentos de 2009

A condutividade elétrica foi realizada nesse ano, pois no ano de 2008


houve uma grande quantidade de amostras de caráter alcalino, onde se
explicou pela quantidade de spray marinho na atmosfera. Esse spray marinho
contém muito sal e, portanto, pode alterar a condutividade elétrica das
amostras, uma vez que a água destilada não é condutora de eletricidade.

A condutividade não é capaz de definir qual substância está dissolvida,


mas é capaz de indicar a quantidade e o caráter do sal dissolvido quando
associado ao pH. No caso do Rio de Janeiro, pela proximidade com o mar e
pela circulação atmosférica própria, pode-se afirmar que em 2009 os sais
dissolvidos na água eram de caráter básico.

Os valores de condutividade variaram entre O e 9,4 mV, os valores na


casa dos 7,8 até 9,4 foram analisados conforme as cartas sinóticas disponíveis,
e apresentaram grande perturbação atmosférica, como linhas de instabilidade e
grande gradiente de pressão sob o setor Charlie, onde está o Rio de Janeiro.
Enquanto os valores mais baixos mostraram menos perturbações como
passagens simples de frentes frias, sem muita intensidade.

9.3.6.3 - Distribuição Semanal das Amostras

Para estabelecer parâmetros comparativos, sejam eles semanais no


ano de 2009 ou até mesmo entre as amostras de 2009 e 2008, realizou-se o
mesmo esquema (capítulo 9.3.5 - " A Distribuição Semanal do pH nas
Precipitações3 de dias da semana por qualidade da água da chuva que segue
abaixo.

Esquema Semanal da Distribuição da Qualidade da Chuva - 2009

Quarta > Quinta = Sábado > Domingo = Segunda > Terça = Sexta
(7_,0,0) '1 1 (1,oro) ('1 ,110) (7,110) (011,O) (0,110)

O resultado da distribuição mostra que não houve chuvas ácidas, que


alguns dias da semana choveram com o mesmo parâmetro - o que não
aconteceu em 2008, mesmo com um número maior de amostras.

9.4 - Qualidade do Ar na Cidade Universitária

A qualidade do ar se tornou importante para a avaliação de ilhas de


calor e qualidade da água da chuva, pois ela é responsável por carregar
partículas poluentes, chuvas e o spray marinho.

Para o estudo sobre ilhas de calor, a qualidade do ar é apontada como


um dos principais agentes influenciadores de intensidade da ilha de calor.
Quanto pior a qualidade e mais baixa a circulação de ar, mais intensa será.

Para o caso do estudo de ilha de calor na Cidade Universitária, os


pontos mais quentes ficaram próximos dos pontos mais poluídos do bairro
(Silveira, 2009a. Apesar de não haver medição sobre a poluição aérea nesses
pontos, todos eles se situam nas margens dos principais corredores viários da
cidade, ou ainda, sob influencia da poluição gerada no centro da Cidade do Rio
de Janeiro e sua zona portuária.

No caso da qualidade da água da chuva, teve-se disponível um


modelo de previsão de poluição do ar, o CCATT-BRAMS, que leva em
consideração a emissão, transporte e atividade química dos elementos em
suspensão na atmosfera.

Sabendo que a composição química da atmosfera pode alterar no


sentido físico-químico a composição da chuva, saber quais gases estão em
suspensão é importante para pré-determinar, com certa chance de acerto, a
qualidade final da água da chuva. Assim a importância da qualidade do ar se
faz muito relevante para esse estudo, sendo apresentada em forma de prancha
(em anexo 6 e 7).

A necessidade do monitoramento da qualidade do ar para o estudo de


qualidade da precipitação se faz relevante pelos processos fotoquímicos de
transformação de oxigênio em ozônio, por exemplo, ou de ácido sulfúrico em
sulfídrico.

Para os anos de 1998 a 2008, o INEA fez relatórios anuais sobre


qualidade do ar e eles foram usados para complementar os resultados desta
pesquisa. Para o caso da Ilha do Fundão, deve-se tomar por referência a
estação padrão de Bonsucesso (linha amarela no gráfico), a mais próxima do
bairro.

Evolução média anual de partículas inaláveis. Fonte: Relatório de Qualidade do Ar 2008lINEA.

A poluiçilo atmosférica pode ser mais visível principalmente quando o


Sol se encontra num ponto mais baixo no c6u. Como no caso da fotografia
abaixo, tirada na passarela da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro na
dirego da Ilha do Fundão. Nela, é retratada a pluma de poluição e fumaça
acumulada durante o dia.
Fonte: Arquivo Pessoal 03/09/2009.

-
10 Considerações Finais

Corroborando com a teoria de Monteiro (1973, apud Monteiro et al.


2003), sistemas naturais e atmosféricos estão relacionados com a dinâmica
humana e influi diretamente nas suas decisões, adaptações e resposta ao
fenômeno. O grau de eficiência para resolução desses problemas nem sempre
é satisfatório, mas as soluções já existem e serão relacionadas.

10. I - Qualidade do Ar
No caso desse estudo, observou-se que as condições atmosféricas e
as ações do homem estão relacionados com as configurações de ilhas de calor
e qualidade da água da chuva, obedecendo uma dinâmica atmosférica rítmica
tanto dos sistemas meteorológicos (nas passagens de frentes frias, por
exemplo) como dos antropogênicos, como a emissão de poluentes no ar.
Como visto nas pranchas do modelo CCATT-BRAMS, as regiões
metropolitanas sofrem mais com a poluição aérea, mesmo com esforço de
diminuição de gases e partículas prejudiciais, ainda se presencia ilhas de calor
intensas e ocorrências de chuvas ácidas.

10.2 - Ilhas de Calor

As ilhas de calor no bairro da Cidade Universitária foram constatadas


desde 1997 e reaferido dez anos depois, nesse período notou-se o aumento da
área urbana acompanhado de desmatamento dos bosques que ali estavam
desde antes da criação do bairro, em alguns casos. O reordenamento do sítio
seguindo um crescimento sustentável e a criação de ilhas de frescor com áreas
verdes se faz urgente. Entende-se também que esse é o meio mais fácil de
contornar o problema da ilha de calor e do desconforto térmico.

O projeto do Plano Diretor já está em fase de conclusão, porém obras


nesse sentido ainda caminham devagar, ao contrário do ritmo das construções
dos prédios das empresas que se instalam no bairro, agravando o desconforto.

Mesmo sendo relativa a mensuração de conforto térmico (Farias,


2006), no caso dos frequentadores da Cidade Universitária, houve uma
convergência de opiniões, tempo de permanência e número de dias, facilitando
assim a tomada de decisões, já que foi considerado desconfortável pelas
pessoas que passam dias inteiros lá.

Na relação com os fatos históricos, eles mostram como a natureza é


cíclica e seus fenômenos interagem com as diversas escalas de geográficas,
da local a continental. O resgate desses registros é importante para sermos
sempre condicionados a nos prevenir de eventos naturais extremos no futuro,
mas por enquanto não é o que observamos se levarmos em conta o número de
medidas preventivas e as emergenciais, além da preservação do ambiente que
pode mitigar estragos materiais nesse sentido.
10.3 - Qualidade da Água da Chuva

A qualidade da água da chuva no Fundão se apresentou como a pior


de toda a RMRJ com 3 eventos de chuva ácida em 2008, ponderando que ela
está também na bacia aérea de pior qualidade, deve-se pensar nas medidas
ambientais para atenuar esse problema.

Em 2009 não houve evento classificado como ácido, e os índices de


poluição atmosférica, que estão diretamente relacionados as chuvas ácidas,
caíram de forma geral. Porém ainda é um prazo muito pequeno para considerar
o problema extinto na cidade do Rio de Janeiro.

Uma fiscalização paulatina com metas progressivas de redução de


poluentes, campanhas educativas e punições mais severas as empresas e
automóveis poluidores ajudariam a eliminar esse problema da região.

Da parte acadêmica conclui-se que há soluçóes para eliminação ou


reduções dos problemas tratados aqui. A implementação deles pode exigir
bastante esforço e também investimentos contínuos para se alcançar as metas.
Mas os benefícios como qualidade de vida para toda a população, longevidade,
economia de tempo e energia, além do melhor funcionamento da dinâmica
urbana são apenas alguns fatores para que decisões menos poluentes sejam
tomadas e incentivadas.

11 - Bibliografia

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ANEXOS
Anexo 7 - índice de Umidade Relativa do Ar

RELATIVE H U M I D I M TABLES FOR WHIRLING PSYCHROMETER


DRY BULB READINGS
"C -5-d-3-2-1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 1112 13 14
0.5 8 8 8 9 8 9 9 0 9 1 9 1 9 1 9 2 9 2 9 2 93 93 93 94 94 94 94 94 95 95
I.O 77 78 79 80 81 82 83 84 84 85 86 86 87 87 88 88 88 89 89 90
1.5 66 67 69 70 72 73 75 76 77 78 79 79 80 81 82 82 83 83 84 84
2.0 54 57 59 6 1 63 65 66 68 69 70 7 2 7 3 7 4 7 5 7 6 7677 787979
2.5 43 46 49 52 54 56 58 60 62 63 65 66 67 69 70 7 1 72 73 74 74
3.0 32 36 39 42 45 48 50 52 54 56 5 8 6 0 6 1 6 3 6 4 6566686970
3.5 26 27 29 33 36 39 42 45 47 49 5153555758 6061626465
d.0 20 22 23 24 27 31 34 37 40 42 4 5 4 7 4 9 5 1 5 3 54565759 60
4.5 19 19 21 24 26 30 33 35 38 41 43 45 47 49 51 53 54 56
5 .O 17 18 19 22 26 29 32 35 37 40 42 44 46 48 49 5 1

5.5 15 17 20 23 24 29 3 1 34 36 39 41 43 45 46 48 50 5 1 53 54 55 56 57 58 59 60 61 62 62 63 64 64 65 66 66 66 67 67 67 68 68 69 69 69 70 70 70 7 1 7 1 7 1
6.0 1517 1 9 2 3 2 6 2 9 3 1 3 4 3 6 3 8 4 0 4 2 4446474950 5152545556 5 7 5 8 5 9 5 9 6 0 6161626364 6464656566 6 6 6 7 6 7 6 8 6 8 6 8 6 8 6 9 6 9 7 0
6.5 15 18202326 2 9 3 1 3 3 3 6 3 8 4042434546 4849505153 5455555657 5 8 5 9 6 0 6 0 6 1 6161626263 6 3 6 4 6 4 6 5 6 5 6 5 6 6 6 6 6 6 6 7
7 .O 10 12 14 18 21 24 26 29 31 33 36 37 39 41 43 44 46 47 48 49 50 52 52 53 54 55 55 56 58 58 59 59 60 60 61 61 62 62 63 63 64 64 65 65 66
7.5 10 13 16 19 22 24 27 29 32 34 36 37 39 41 42 44 45 46 47 48 50 50 51 52 53 54 55 56 56 57 58 58 58 59 59 60 60 61 62 62 62 62 63
8 .O 11 14 17 20 23 25 27 30 32 34 36 37 39 40 42 43 44 46 47 48 49 50 50 51 52 53 54 55 55 56 57 57 57 58 58 59 59 60 60 61 61
8.5 10 12 16 18 21 23 26 28 30 32 34 36 37 39 40 41 43 44 45 46 47 48 49 50 51 51 52 53 53 54 54 55 56 56 57 57 57 58 58 58
9 .O 11 14 17 2022242729 30 32 343637 3 8 4 0 4 1 42 43 4445464747 4 9 5 0 5 1 5152 525354 5455 5556 5657 57
9.5 12 16 18 21 23 25 27 29 31 33 34 36 37 38 40 41 42 43 44 45 46 47 48 48 48 50 50 51 51 52 53 53 54 54 55 55
10.0 12 15 17 20 22 24 26 28 30 31 33 34 36 37 38 39 40 41 42 42 44 45 46 46 48 48 49 49 50 51 51 52 52 53 53
To calculate r e l a t ~ ehumidity deduct the wet bulb fromtha d y bulb temperature and read of the difference on the Ieít of thetable againstthe actual d y bulb temperature on the top of
the table
e.g. D y Bulb = 29°C & Wet Bulb = 24.5'C DWerence = 4.5' at2QUC= 8 9 % RH
issus du site:
http:!/ww.cis-online.co.za/tableslrh-tables. htm.
Anexo I A - Cara Sinótica do Dia de Trabalho de Campo

I SEA LEVE1 PRESSURE CHART CARTA DE PRESIAO AO N~VEL


DO MAR
-- I

Fonte: Marinha do Brasil


Anexo 2- índice de Estresse por Calor Excessivo ou índice de Desconforto (ID)

Este é um índice muito útil para a região tropical pode leva em conta a umidade relativa
do ar.

Onde:
ID é o índice de desconforto em (" C)
T é a temperatura do bulbo seco (" C) e
UR é a umidade relativa (%).

1 Temperatura I hurnidade Relativa [%) 1


- - --
~ ~ ~ c i d do d e ( kmlh ]
a Vento

Tabela 1: Indice de Temperaturelhidade I Tabela 2: fndice de Temperatura Equivalente

Fonte: http:/lfisica.ufpr.brlgdmmlaposmeteolcap3/cap3-4.html
Anexo 3 - índice de Qualidade do Ar - CONAMA 003/1990
-

0-50 1 0-80 1 0-4.5 1 0-100 1 0-80 Praticamente não há riscos a saúde.


1 I
Pessoas de grupos sensíveis (crianças, idosos e pessoas com
doenças respiratórias e cardíacas), podem apresentar sintomas
50-150 80-160 4,5-9 100 - 320 80 - 365
como tosse seca e cansaço. A população, em geral, não é
afetada.

Toda a população pode apresentar sintomas como tosse seca,


cansaço, ardor nos olhos, nariz e garganta. Pessoas de grupos
150 - 250 160 - 200 9 - 15 320 - 365 - 800
sensíveis (crianças, idosos e pessoas com doenças respiratórias e
cardíacas), podem apresentar efeitos mais sérios na saúde.

Toda a população pode apresentar agravamento dos sintomas


como tosse seca, cansaço, ardor nos olhos, nariz e garganta e
1 250 - 420 200 - 800 15 - 30 1130 - 2260 800 - 1600 ainda apresentar falta de ar e respiração ofegante. Efeitos ainda
mais graves a saúde de grupos sensíveis (crianças, idosos e
pessoas com doenças respiratórias e cardíacas).

Toda a população pode apresentar sérios riscos de manifestações


Péssima 299 >2260 21600 de doenças respiratórias e cardiovasculares. Aumento de mortes
prematuras em pessoas de grupos sensíveis.
I
Anexo 4 - Tabela de Controle de Chuva Acumulada, p H e Coleta

LOCAL DA CHUVA
EPISÓDIO DIA (S) REFERIDO (S) DIA DA SEMANA DIA DA COLETA DIA DA SEMANA 25°C
COLETA ACUMULADA (rnm) pH I
1O 14 e 15/6/2008 Sab e Dom 16/6/2008 Seg Ilha do Fundão 11 6,34

2O 21 e 22/6/2008 Sab e Dom 22/6/2008 Dom Penha 4 6,67


21 e 22/6/2008 22/6/2008 Belford Roxo 1,5 6,40

23 e 24/6/2008 Seg e Ter 24/6/2008 Ter Vila Isabel 15 7,02


23 e 24/6/2008 24/6/2008 Ilha do Fundão 8 6,67
23 e 24/6/2008 241612008 irajá 12 6,06

24 e 25/6/2008 Ter e Qua 25/6/2008 Qua Penha 16 7,44


24 e 25/6/2008 25/6/2008 lrajá 11 5,55
24 e 25/6/2008 251612008 Vila Isabel 15 6,47

25 e 26/6/2008 Qua e Qui 26/6/2008 Qui Rio Comprido 11 6,67


25 e 26/6/2008 26/6/2008 irajá 2 6,57
25 e 26/6/2008 261612008 Vila Isabel 3,5 7,04

24,25 e 26/6/2008 Ter Qua e Qui 26/6/2008 Qui Ilha do Fundão 18 6,36

3O 03 e 04/7/2008 Qui e Sex 4/7/2008 Sex Rio Comprido 9 7,13


03 e 04/7/2008 4/7/2008 Ilha do Fundão 17 4,12

4O 04 e 5/8/2008 Seg e Ter 6/8/2008 Qua Ilha do Fundão 1 634


04 e 5/8/2008 5/8/2008 Ter irajá 1,5 7,67
04 e 5/8/2008 6/8/2008 Qua Água Santa 1 6,OO

5O 9 e 10/08/2008 Sab e Dom 11/8/2008 Seg lrajá 16 7,lO


9 e 10/08/2008 11/8/2008 Ilha do Fundão 18 6,04

6' 13 e 14/08/2008 Qua e Qui 15/8/2008 Sex irajápp


6 7,12

7O 23 e 24/08/2008 Sab e Dom 25/8/2008 Seg Fundão 15 5,35

8' 30 e 31/08/2008 Sab e Dom 1/9/2008 Seg Fundão 1O 6,65


Anexo 5 - Tabela de Controle de Chuva Acumulada, pH e Coleta

Dia da Semana

Hmetros usados
Fabricante Modelo
Anal ser
DIGIMED DM-20
Anexo 6 - Pranchas de Circulação Atmosférica e Qualidade do Ar 2008

Episódio de Chuva Alcalina Episódio de Chuva Normal


Eventos de Chuva com pH 7.67 (Dias 0445/Ago108) 852 (Dias 2b25JwrJ08)

Episódio de Chuva Acida


Eventes de Chuva com pH
L.,,....
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-
Anexo 8 Prancha de Avaliação das Condições AtmosfBncas - Rio de Janeiro (2WOW2009-12h)
-

k W A DE PRESSA0 AO NIVEL DO MAR I : F $ z ; k ; i ? * ~:".C .!Z$n: :: Perfil de T e Td


- - CHART
EA LEVEL PRESSURE - Local RIO DE rAmiio [armo)
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Fonte: Marinha do Brasil (Carta Sinótica); INMET (Radiossonda); INPE (CCATT-BRAMS)

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