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Figura 1 – Walking in New York. 2020, Julian Opie. Tinta sobre a madeira, 838 x 1422 cm
Julian Opie (1958) é considerado um dos mais importantes artistas
contemporâneos atualmente. As suas obras são imediatamente reconhecidas pelo seu
traço formal e distinto, pela simplicidade na representação retratista, paisagista e
figurativa. Muitas das vezes utiliza métodos de reprodução digitais de modo a tornar sua
obra mais elaborada.
Trata os seus trabalhos de uma maneira estilizada, inspirado pela corrente do Pop Art
britânico. As obras são pintadas com cores sólidas, contornos negros fortes e espessos
para destacar as figuras que representa. Inspirou-se também nas gravuras japonesas, no
design e na linguagem dos retratos do século XVII-XVIII. Com a sua obra Opie procura
trazer toda esta variedade artística para o século XXI.
A sua obra foi exposta individualmente no dia 18 de março de 2020 com a duração até
agosto do mesmo ano, pela primeira vez em Lisboa em colaboração com o Museu
Coleção Berardo e Mosteiro dos Jerónimos. O artista incluiu no seu projeto a praça em
frente ao Mosteiro dos Jerónimos, os pátios e jardins do CCB e as galerias dedicadas à
arte contemporânea do Museu.
A maioria das obras que o artista apresenta no Museu Coleção Berardo foram produzidas
especialmente para esta exposição e galeria, permitindo tirar partido não só das paredes,
de oito metros de altura do museu, como também do teto, ainda mais alto.
No início da sua obra, Benjamin aborda as etapas de reprodutibilidade pelos quais a arte
passou ao longo do tempo. Se nos tempos antigos era muito difícil copiar uma escultura
ou outro objeto qualquer, feito por artista, posteriormente mais e mais artistas foram
perdendo a sua unicidade por estarem a reproduzir obras semelhantes ou terem influências
que foram seguindo. No entanto, hoje em dia praticamente toda a arte passou pelo
processo de massificação. Juntamente com essa questão da reprodutibilidade, ao mesmo
nível posiciona-se o problema da destruição da aura. Aura, como afirma Benjamin, pode
ser identificada como sensação única do afastamento do objeto, não interessando o qual
perto ele se encontra perante ao observador. Cada obra de arte nasce e adquire esta noção
de inacessibilidade, essência que apenas aquela obra possui. Mas com a reprodutibilidade
infinita, com a reprodução de cópias, essa essência áurea acaba por se perder. Nos
capítulos seguintes o autor analisa de como as técnicas de reprodução tornaram possível
a reprodução ilimitada das obras do passado que, desde até então apenas possuíam
existência por unidade. Dotadas desta nova omnipresença, as obras deixaram o seu lugar
e o seu tempo para se aproximarem do ouvinte e do espetador. Estas novas técnicas
também impulsionaram o aparecimento de novas obras de arte, por natureza,
reprodutíveis como a fotografia e o cinema.
Nesse sentido, o ponto de vista de Benjamin pode ser interligado com a perceção
de Boris Groys, crítico de arte russo, também de inspiração marxista. Aborda essa
temática da infinita produção e reprodução da arte no seu ensaio “Art on the Internet”,
do livro “On the Flow”.
O que toca à massificação da arte, mas na perspetiva atual, trocando a
reprodutibilidade pela acessibilidade que a internet oferece ao observador comum. Tal
como Benjamin compara a múltipla reprodutibilidade das obras à perda da aura, Groys
afirma que as obras de arte e as obras literárias foram perdendo o seu valor devido à sua
fácil acessibilidade e difusão na internet. O aumento da documentação de arte através e
do uso das instituições culturais da Internet como o principal local da sua representação
e globalização do autor torna-se num problema ainda maior da contemporaneidade do
controlo na Internet. Groys afirma que se o museu, com as suas obras autênticas, tornou-
se no cemitério das utopias modernas.
Deste modo, como se relaciona a difusão e técnica na arte com o seu valor? Será a
massificação da cultura algo benéfico para a nossa sociedade? Sem dúvida, sim. O
exemplo de Julian Opie neste caso é utilizado para demonstrar, mais uma vez, o poder da
difusão dos artistas na internet, como o caso da exposição no Museu Coleção Berardo, a
quem muitas pessoas provavelmente não teriam nem acesso nem conhecimento se não
fosse a sua partilha nas redes sociais e nas plataformas como Google Arts and Culture,
por exemplo. Reforçando o ponto de vista anterior, é importante mencionar que para além
da democratização da arte, fruto da internet e dos massmedia, a evolução da técnica sem
dúvida foi um passo enorme na cultura contemporânea. O poder por parte do artista de
dar uso a qualquer material/objeto para torna-lo numa obra de arte é excecional, e nesse
aspeto é importante sublinhar o porque da exposição mencionada tem um grande valor,
tanto como tem imensa importância a arte da performance, reproduzida unicamente.
As obras de Julian Opie utilizam enorme variedade de materiais, desde os habituais como
tinta e madeira, até as esculturas de metal para representar as metrópoles, painéis LED ou
instalações escultóricas e xilogravuras. O seu estilo é único, portador de traços
minimalistas preenchidos com cores sólidas, que se assemelham com modelo de anúncio
e arte pop. É indubitável a sua importância no campo artístico, o artista continua a ampliar
os seus horizontes, tentando sempre fugir da prática artística “tradicional” e é isso que faz
das suas obras serem tão especiais, tanto que a compreensão do seu contexto está ligada
à cultura de massas, de leitura muito simples, destinada a qualquer público.