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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIDOMBOSCO


DIREITO DO CONSUMIDOR NA ERA DIGITAL

LUCAS DOS SANTOS ROZARIO

A INCIDÊNCIA DO PRINCÍPIO DA VULNERABILIDADE E O MERCADO VIRTUAL


DE CONSUMO

Feira de Santana- BA
2020
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LUCAS DOS SANTOS ROZARIO

A INCIDÊNCIA DO PRINCÍPIO DA VULNERABILIDADE E O MERCADO VIRTUAL


DE CONSUMO

Trabalho de conclusão de curso


apresentado como requisito para obtenção
do título de pós graduado em Direito do
consumidor na era digital pelo Centro
Universitário Unidombosco.

Feira de Santana, 03 de julho de 2020

Banca Examinadora:

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A incidência do princípio da vulnerabilidade no mercado virtual de consumo

Lucas dos Santos Rozario

Resumo: A vulnerabilidade do consumidor consiste na sua fragilidade em


relação ao fornecedor em uma relação de consumo. Nesse diapasão, constata-se
que, pelo fato destas compras serem feitas por meio eletrônico, a vulnerabilidade já
existente pode ser acentuada e acarretar diversos problemas para essa parte mais
fraca. Nesse contexto procurou-se observar a incidência do princípio da
vulnerabilidade no mercado virtual de consumo; analisar os mecanismos jurídicos
existentes para a proteção dos consumidores, além de uma contextualização da
inserção da internet na rotina consumerista do brasileiro. Por meio de pesquisa
exploratória, descritiva e análise qualitativa, buscou-se contextualizar o tema de forma
sucinta, de maneira que foi possível analisar a condição de vulnerabilidade dos
consumidores no mercado virtual, abordando acerca do princípio da vulnerabilidade
previsto no CDC e seus desdobramentos, posteriormente uma abordagem acerca do
uso da internet com o objetivo de realizar compras e por fim uma exposição e análise
dos mecanismos de proteção desses consumidores virtuais. Desta maneira foi
possível concluir que o panorama atual de compras online coloca o consumidor numa
posição de vulnerabilidade ainda maior do que a habitual, ou seja, constata-se uma
hiper vulnerabilidade do consumidor na modalidade de compras feitas de forma digital.

Palavras-chave: internet; mercado virtual; vulnerabilidade; consumidor;


fornecedor.

The incidence of the principle of vulnerability in the virtual consumer market

Abstract: Consumer vulnerability is measured according to the weakness


presented on the relationship with the supplier. Considering purchases made
electronically, it seems that the already existing vulnerability can be accentuated and
cause several problems for this weaker party. In this context, this work intends to
observe the incidence of the principle of vulnerability in the virtual consumer market,
analyzing the existing legal mechanisms for the protection of consumers, in addition to
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a contextualizing of the insertion of the internet in the Brazilian consumerist routine.


Through exploratory, descriptive research and qualitative analysis, the paper intends
to contextualize the theme in a succinct way, making it possible to analyze the
condition of consumer vulnerability in the virtual market, addressing the principle of
vulnerability provided for the Consumers Defense Brazilian Code (Código de Defesa
do Consumidor – CDC) and its developments. The paper also shows an approach on
the use of the internet in order to make purchases, and finally an exhibition and
analysis of the protection mechanisms of these virtual consumers. In this way it was
possible to conclude that the current scenario of online purchases places the consumer
in a position of vulnerability even greater than usual, that is to say there is a hyper
consumer vulnerability when purchases are made online.

Keywords: internet ; virtual market ; vulnerability ; consumer ; provider

1 Introdução
O consumidor é qualificado como vulnerável, pois é aquele que é considerado
mais frágil numa relação de consumo com fornecedor. Desta maneira, observa-se
que, pelas compras serem feitas por meio eletrônico, a vulnerabilidade já existente,
pode aumentar e resultar em diversos problemas para essa parte mais fraca.
Comprova-se a relevância do princípio da vulnerabilidade com a sua previsão
no Código de Defesa do Consumidor:

Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o


atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua
dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a
melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia
das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios:

I - reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de


consumo; (BRASIL, Código de Defesa do Consumidor, LEI Nº 8.078, DE 11
DE SETEMBRO DE 1990.)

Nesta conjuntura, este trabalho buscou precipuamente observar a incidência


do princípio da vulnerabilidade no mercado virtual; observar a relevância do advento
da internet no mercado brasileiro, além de analisar os mecanismos jurídicos existentes
para proteção de consumidores.
Para isto, o presente artigo traz uma contextualização do tema, com a
definição de alguns conceitos importantes, por meio de pesquisa exploratória, com o
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objetivo de obter afinidade com o tema. No capítulo seguinte, é apresentada atual


situação do domínio da internet no mercado de consumo, devido a seu poder de
romper barreiras geográficas e temporais de forma eficaz, tudo isso realizado por meio
de pesquisa descritiva. Por fim, no capítulo ulterior, uma exposição da condição de
hiper vulnerabilidade do consumidor e proteção no mercado virtual, sendo utilizada
nessa fase, a análise de dados de forma qualitativa, ou seja sem levar em
consideração aspectos objetivos, de forma que são analisados dados que não podem
ser quantificados e determinados numericamente.

2 O princípio da vulnerabilidade nas relações de consumo


2.1 Conceito de Vulnerabilidade e suas modalidades

O princípio da vulnerabilidade está disposto no inciso I do artigo 4º do código


de defesa do consumidor, indicado como um dos princípios que fazem parte da
Política Nacional das Relações de Consumo.

Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o


atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua
dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a
melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia
das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios: (Redação dada
pela Lei nº 9.008, de 21.3.1995)

I - reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de


consumo; ; (BRASIL, Código de Defesa do Consumidor, LEI Nº 8.078, DE 11
DE SETEMBRO DE 1990.)

De acordo com NUNES (2018), entende-se que o consumidor é a parte frágil


de uma relação de consumo, visto que é fácil constatar que e a empresa fornecedora
de serviços ou produtos tem diversos artifícios que os blindam e os fazem estar em
ampla vantagem em relação a este consumidor.
Desta maneira, existem várias espécies de vulnerabilidade, podendo ser
técnica, jurídica, socioeconômica e informacional. A vulnerabilidade técnica ocorre
quando o consumidor tem pouco ou nenhum conhecimento técnico sobre o produto
ou serviço que acabou de adquirir. Deve-se mencionar que se presume o fornecedor
é especialista, visto que detém o conhecimento acerca do produto em todas fases de
fabricação. Já a vulnerabilidade jurídica consiste do não conhecimento do consumidor
acerca das implicações jurídicas que aquele negócio pode gerar, desta maneira
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percebe-se que o comprador não tem capacidade apurada para analisar contratos,
assim como as empresas geralmente tem, com equipes de advocacia preparadas
para a resolução de qualquer demanda envolvendo este fornecedor.
Outro tipo de vulnerabilidade, a vulnerabilidade socioeconômica indica que o
fornecedor é superior monetariamente em relação ao seu consumidor, desta forma,
detém poder sobre o mesmo. Esta modalidade de vulnerabilidade pode abranger
consumidores que além de falta de recursos financeiros, também tem pouca
escolaridade e acesso à informação. E por fim, a vulnerabilidade informacional, que
indica que as informações disponíveis não são suficientes ou são complexas para que
o consumidor compreenda de forma plena todas as informações que o objeto de
consumo traz.

2.2 Vulnerabilidade x hipossuficiência

No mundo jurídico é comum existir uma confusão acerca do instituto da


vulnerabilidade e o da hipossuficiência, visto que ambos tratam acerca da fragilidade
do consumidor perante o fornecedor.
Em busca de diferenciar estes institutos, BOLZAN (2020), deixa claro que a
vulnerabilidade se trata de um fenômeno de direito material e sua presunção é
absoluta, já a hipossuficiência faz parte do direito material e sua presunção relativa.
Ou seja, nesta ótica, todos os consumidores são vulneráveis, pois são sempre a parte
mais frágil da relação, porém, nem todos são hipossuficientes, devendo esta condição
ser observada caso a caso. Como forma de ilustrar essa diferença, em sua obra, este
autor traz a posição doutrinaria prevalecente:
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Fonte: BOLZAN, 2020, p. 343

2. 3 Hiper vulnerabilidade

A hiper vulnerabilidade ocorre em situações que se constata uma


vulnerabilidade elevada devido a condição do consumidor que contém um alto nível
de fragilidade em relação ao fornecedor. Em síntese, de acordo com Fabio Schwartz:
A hiper vulnerabilidade pode ser definida como uma situação social fática e
objetiva de agravamento da vulnerabilidade da pessoa física consumidora,
em razão de características pessoais aparentes ou conhecidas pelo
fornecedor. (SCHWARTZ, 2016)

Geralmente os sujeitos considerados hiper vulneráveis são idosos, crianças,


deficientes, analfabetos, gestantes, turistas, entre outros. Ressalta-se que essas
causas podem ser permanentes, em caso de deficiência física irreversível, por
exemplo; ou transitórias, como a condição da criança. Desta maneira, essas
categorias tem direito a maiores cuidados se comparados aos outros consumidores

3 A internet no mercado de consumo


3.1 Inserção da internet no comércio brasileiro

A internet chegou no Brasil a aproximadamente 30 anos atrás num sistema


ainda primitivo, que foi evoluindo aos poucos até chegar no sistema de internet
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aperfeiçoado que temos hoje em dia, que se comparado com alguns países ainda é
lento e frágil, porém, comparado ao sistema que tínhamos antes, é fácil observar um
sistema muito mais avançado.
Dessa forma, com um mundo globalizado e com a internet a todo vapor a
economia foi se transformando e passou a habitar também o mundo digital, diminuindo
a distância entre os lugares e facilitando as relações. Assim, observa-se que as
contratações feitas por meio real passam a acontecer por meios de contratos virtuais,
em que as partes podem estar em distancias imensuráveis e assim realça o papel da
internet como meio para que esse processo seja realizado.
Seguindo esta linha, constata-se que o mercado virtual representa uma
parcela importante do mercado de consumo brasileiro, no nosso cotidiano usamos a
internet para realizar diversos tipos de compras, que variam de aplicativos para
solicitar alimentação ou transporte, até grandes aquisições, como um automóvel.
Já em âmbito diverso, nota-se que o fluxo do mercado de consumo virtual está
relacionado a quantidade de pessoas que possui internet e com a velocidade e
qualidade que essas pessoas detém, desta maneira, conclui-se que vivemos no maior
fluxo de compras virtuais, e com o avanço da tecnologia e da internet no país, a
tendência é aumentar cada vez mais e tomar proporções gigantescas.

3.2. Tipos de mercado virtual

O mercado virtual de consumo já faz parte da rotina do brasileiro, esse


comercio eletrônico pode ser dividido em categorias, de acordo com Márcio Eugenio
o seu artigo “Exemplos de Comércio Eletrônico: conheça os tipos e como funciona”.
Inicialmente trataremos do B2C (Business to consumer), que é o tipo de
negociação que ocorre entre as empresas e os consumidores finais, como nós, sendo
assim, o tipo de contratação mais fácil, dinâmico e comum que existe, onde o comércio
de tipo varejo atua fortemente. Neste tipo de serviço busca-se as informações do
produto e assim obtê-lo de forma rápida e rentável.
Em seguida, há o B2B (Business to Business) que trata de uma rede de
comércio realizado entre empresas, em cooperação, onde uma coloca deixa a
disposição bens que podem ajudar na produção de outras empresas. Em resumo, é
ume relação de empresa para empresa que não envolve o consumidor final.
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Há também O C2C ( Consumer to Consumer), é uma modalidade de consumo


que ocorre entre consumidores, que geralmente é realizada por meio de plataformas
digitais, como mercado livre, OLX, entre outras que conhecemos e são famosas no
nosso país, além de anúncios feitos em rede sociais. Já a famosa P2P (Peer to Peer),
é um tipo de comercio virtual que consiste no compartilhamento de arquivos entre
computadores, em que cada máquina tem a função de servidor e cliente
simultaneamente, assim, se torna um mercado marcado por ser descentralizado.
O M- Commerce é o comercio realizado através de dispositivos móveis, como
celulares e tablets através de seus aplicativos, já o S- commerce (Social Commerce -
Comércio Social, em português), é a modalidade que utiliza as redes sociais para
integrar consumidores e assim viabilizar as compras e vendas. E por fim o T-
Commerce, que consiste na interação feita a partir de aparelhos de TV digital, que
realiza a comunicação e possibilita a publicidade entre consumidores e fornecedores.

3.3 O atual domínio do comercio eletrônico

É inegável que a internet faz parte do dia a dia e de todas atividades das
pessoas, há todo momento estamos conectados realizando pesquisas em busca de
produtos com qualidade e com o melhor preço possível para adquirirmos. Ressalta-
se que não há limitação acerca do que é comprado por meio virtual, há compras de
coisas simples como roupas e livros, de produtos alimentícios, assim como de
produtos como maquinas para desenvolver um trabalho e até automóveis.
Tal sucesso das compras realizadas em meio eletrônico se deve a ruptura de
barreiras geografias, visto que um consumidor, independentemente de onde esteja
pode consumir o produto de um fornecedor de qualquer local do mundo. Este êxito
deve-se também ao fato que atividades voltadas vendas virtuais utilizam uma
quantidade bem menor de pessoas na equipe, por não ser utilizado vendedores,
seguranças, equipe de limpeza, além de aluguel de espaço, entre outras funções e
atividades que são primordiais para o andamento de uma loja física tradicional.
Outro ponto que merece menção é o da atemporalidade, ou seja, as compras
podem ser realizadas a qualquer momento, não importa se ocorre em horário
comercial ou não, além da comodidade de poder comprar do conforto do seu lar.
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Vale citar também que compras virtuais nos trazem possibilidade de realizar
negociações mais rentáveis, pela facilidade em realizar comparações e assim
encontrar facilmente o produto com o menor valor do mercado.
As compras virtuais também são marcadas pelas variadas formas de
pagamento, que podem ser realizadas por meio de cartão de crédito, boleto bancário,
transferência bancária, além do fato de existir a opção de devolução do dinheiro em
caso de algum problema com o produto fornecido, entre outros.
Apesar de todos benefícios, podemos citar como desvantagens das compras
realizadas via internet, como a vulnerabilidade de dados de cartões de créditos e
documentos; a probabilidade maior de erros no momento do envio do produto ou erro
em relação aos tamanhos dos produtos, em especial as roupas e os calçados; atrasos
e danificação de produtos no transporte.
Desta maneira, percebe-se que apesar de alguns riscos, as compras virtuais
trazem aos consumidores vantagens e facilidades em busca da obtenção de produtos
de seu interesse.
Em resumo:

VANTAGENS DESVANTEGENS
Ruptura de barreiras geográficas Insegurança da privacidade de dados
Atemporalidade Probabilidade de erros no envio dos
produtos
Diminuição de gastos com pessoal e Atrasos e danificações de produtos no
estrutura momento do transporte
Facilidade na negociação
Diversidades na forma de pagamento

4 Hiper vulnerabilidade e proteção do consumidor virtual

Conforme o artigo 49 do CDC e seu parágrafo único:


Art. 49. O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de 7 dias a contar
de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviço, sempre
que a contratação de fornecimento de produtos e serviços ocorrer fora do
estabelecimento comercial, especialmente por telefone ou a domicílio.
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Parágrafo único. Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento


previsto neste artigo, os valores eventualmente pagos, a qualquer título,
durante o prazo de reflexão, serão devolvidos, de imediato, monetariamente
atualizados. (BRASIL, Código de Defesa do Consumidor, LEI Nº 8.078, DE
11 DE SETEMBRO DE 1990.)

No artigo mencionado, há apenas referência as compras feitas por meio de


telefone ou a domicílio, porém a palavra “especialmente” nos faz perceber que outros
tipos de compras está incluso neste rol, e é evidente que as compras feitas por internet
estão inclusas, desta maneira, para esta categoria de compras também será
concedido o prazo de 7 dias para que o consumidor possa se arrepender e exercer
seu direito de devolução do produto.
Nesse contexto, o decreto número 7.962, de 15 de março de 2015, que
regulamenta a lei nº 8.078 de 11 de setembro de 1990, para dispor sobre a contratação
no comercio eletrônico, no seu artigo 5º traz que:
Art. 5º O fornecedor deve informar, de forma clara e ostensiva, os meios
adequados e eficazes para o exercício do direito de arrependimento pelo
consumidor.
§ 1º O consumidor poderá exercer seu direito de arrependimento pela mesma
ferramenta utilizada para a contratação, sem prejuízo de outros meios
disponibilizados.
§ 2º O exercício do direito de arrependimento implica a rescisão dos contratos
acessórios, sem qualquer ônus para o consumidor.
§ 3º O exercício do direito de arrependimento será comunicado
imediatamente pelo fornecedor à instituição financeira ou à administradora do
cartão de crédito ou similar, para que:
I - a transação não seja lançada na fatura do consumidor; ou
II - seja efetivado o estorno do valor, caso o lançamento na fatura já tenha
sido realizado. (BRASIL,

Assim, percebe-se que aliado ao direito de arrependimento de 7 (sete) dias


fornecido ao consumidor virtual há também o dever do fornecedor de informar da
melhor maneira possível os meios que este consumidor tem para exercer seu direito.

De acordo com BOLZAN (2020), os prazos de arrependimento nas compras


realizadas fora do estabelecimento comercial são divididos em fundamentos principais
e acessórios, Os fundamentos principais tratam-se de tentar proporcionar ao
consumidor um prazo para pensar melhor na compra que está fazendo e não agir
irracionalmente, comprando algo irrelevante para o momento, visto que no momento
da compra este consumidor pode ter se precipitado na compra. Já os fundamentos
para o prazo de arrependimento classificados como acessórios, consistem em auxiliar
o consumidor, dando benefícios como:
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■ testar pessoalmente determinado produto ou serviço;


■ compará-los com outros de modelos e marcas diferentes;
■ esclarecer dúvidas presencialmente com o fornecedor, apesar de estar bem
evoluído o atendimento imediato on-line ou por telefone;
■ trocar experiências presencialmente com outros consumidores.” BOLZAN,
2020, p. 1035 e1036

Um dos grandes problemas relacionados as compras realizadas no mundo


virtual esta relacionado a (falta) segurança dos dados dos consumidores
Acerca da problemática, Sante (2015) afirma que:

“Esta insegurança pode ser vista de diversos ângulos e diante disto surgem
diversas indagações tais como: Até que ponto realmente está celebrando
com determinada empresa ou com determinado consumidor? Será que este
consumidor possui capacidade civil para os atos ou é um adolescente que
conseguiu o cartão de crédito de seus pais e a senha e por isso está
realizando aquela compra? Se realmente é aquela determinada empresa que
está vendendo ou se trata de uma empresa de fachada com o escopo de
realizar um estelionato virtual? A informação repassada chegará na íntegra e
fielmente como estava na tela do consumidor sem adulteração ou
modificação e o seu retorno também? Poderá haver interceptação das
informações enviadas? São várias as indagações e diante disso busca-se as
soluções.”

Constata-se assim, que o fornecedor vive em posição de desigualdade e de


vulnerabilidade em relação ao fornecedor, visto que ele “está nas mãos” desde, que
detém informações crucias, como nome completo, RG, CPF, dados bancários,
endereço, dentre outros dados importantíssimos para a vida de uma pessoa, que caso
caiam em mãos erradas podem ocasionar problemas incalculáveis para a vida destes
consumidores.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Consumidor, naturalmente, é a parte mais fraca da relação de consumo,


por sua fragilidade em diversos aspectos, este é considerado vulnerável em relação
ao fornecedor. O princípio da vulnerabilidade está previsto no artigo 4º do CDC, que
informa que a política nacional do meio ambiente busca atender os consumidores,
respeitando sua dignidade, saúde e assim o progresso na qualidade de vida do
consumidor, atendendo sempre princípios, entre eles o da vulnerabilidade, princípio
que se potencializa quando se fala em mercado de consumo eletrônico.
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Constata-se que a vulnerabilidade pode ser técnica, que ocorre quando o


consumidor não tem conhecimento técnico sobre o produto comprado, a
vulnerabilidade jurídica consiste no não conhecimento por parte do consumidor de
questões jurídicas relacionadas a relação, além da vulnerabilidade socioeconômica
que mostra que o consumidor tem menos poder aquisitivo que o fornecedor de bens
ou serviços.
Importante ressaltar que há grande confusão entre os conceitos de
vulnerabilidade e hipossuficiência. A vulnerabilidade trata-se de uma presunção
absoluta, uma característica inerente ao consumidor, já a hipossuficiência consiste
numa presunção relativa, ou seja, depende da situação para que esse consumidor
seja enquadrado como hipossuficiente.
Outro ponto importante trata-se da hiper vulnerabilidade. Que ocorre quando
a situação de vulnerabilidade é potencializada, ou seja, a fragilidade do consumidor
aumenta dependendo do fato concreto.
Observou-se também, que com o advento e desenvolvimento da internet no
país, trouxe o comercio do país para um novo panorama, visto que uma parcela
relevante e compras no país são feitas por meio da internet, constatando a relevância
disso para a economia do país,
Nesse contexto, este mercado é dividido em mercados virtuais, como o B2C
(Bussiness to consumer); B2B (Business to Business); C2C (Consumer to Consumer)
e P2P (Peer to Peer), além do M- Commerce.
O comercio eletrônico traz diversas vantagens, como a quebra de barreiras
geográficas e temporais com objetivo de aproximar os personagens da relação de
consumo, também constata-se a facilidade numa compra feita por meio da internet,
tanto na forma de pagamento, como no método de escolha, porém, este método de
compras também é dotado de algumas desvantagens como vulnerabilidade de dados
bancários e pessoais , possibilidade de erro no envio de produtos e vícios na
qualidade, além de danificação em relação ao transporte.
Por fim, em virtude do mencionado, conclui-se que, apesar do processo de
compras pela internet estarem cada vez mais aperfeiçoados e seguros, ainda trata-se
de um sistema frágil, que deixa o consumidor numa posição de vulnerabilidade ainda
maior do que a habitual, ou seja, constata-se uma hiper vulnerabilide do consumidor
em compras feitas de forma digital. Desta maneira, trabalha-se arduamente para que
esta atividade se torne mais segura e também os mecanismos de proteção para os
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problemas que essa atividade gera, estejam cada dia mais qualificados e preparados
para receber a essa demanda de forma mais eficaz e satisfatória.
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