DE FORMADORES
MÓDULO I
FORMADOR: SISTEMA, CONTEXTOS E PERFIL
MÓD I – FORMADOR: SISTEMA, CONTEXTOS E PERFIL
ÍNDICE:
ENQUADRAMENTO: ..................................................................................................................................................................3
PARTE I ......................................................................................................................................................................................4
FORMADOR: CONTEXTOS DE INTERVENÇÃO ......................................................................................................................4
I.1. ENQUADRAMENTO LEGAL DA FORMAÇÃO PROFISSIONAL.....................................................................................4
I.2. CONCEITOS E FUNDAMENTOS DA FORMAÇÃO PROFISSIONAL .............................................................................5
I.3. FORMAÇÃO INSERIDA NO SISTEMA EDUCATIVO VS. FORMAÇÃO INSERIDA NO MERCADO DE TRABALHO ...6
I.4. O SISTEMA DE EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO PORTUGUÊS ..........................................................................................8
I.5. TIPOS DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL ........................................................................................................................9
I.6. FORMAS DE ORGANIZAÇÃO DA INTERVENÇÃO FORMATIVA ..................................................................................9
I.7. POLÍTICAS EUROPEIAS E NACIONAIS DE EDUCAÇÃO/FORMAÇÃO: O Sistema Nacional de Qualificações e o
Catálogo Nacional de Qualificações .....................................................................................................................................10
I.8. MODALIDADES DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL: Principais ofertas formativas disponíveis ....................................18
I.9. O PAPEL DO FORMADOR NO CONTEXTO DA FORMAÇÃO PROFISSIONAL .........................................................24
I.10. LEGISLAÇÃO DE ENQUADRAMENTO DA ATIVIDADE DO FORMADOR ................................................................30
I.11. CÓDIGO DEONTOLÓGICO: DIREITOS E DEVERES DO FORMADOR ....................................................................33
PARTE II ...................................................................................................................................................................................34
APRENDIZAGEM, CRIATIVIDADE EEMPREENDEDORISMO ...............................................................................................34
II.1. APRENDIZAGEM – DEFINIÇÃO E CONCEITO ............................................................................................................34
I.2 - DIMENSÕES DO PROCESSO DE APRENDIZAGEM ...................................................................................................36
II.3. CARACTERÍSTICAS DO PROCESSO DE APRENDIZAGEM.......................................................................................37
II.4. TEORIAS DA APRENDIZAGEM ....................................................................................................................................38
II.5. FATORES INTERVENIENTES NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM ......................................................................50
II.6. CONDIÇÕES FACILITADORAS DO PROCESSO DE APRENDIZAGEM ....................................................................55
II.7. ANDRAGOGIA VS. PEDAGOGIA .................................................................................................................................56
II.8. PEDAGOGIA DIFERENCIADA E DIFERENCIAÇÃO PEDAGÓGICA ..........................................................................59
II.9. A APRENDIZAGEM ATRAVÉS DA PROGRAMAÇÃO NEUROLINGUÍSTICA .............................................................63
II.10. EMPREENDEDORISMO E CRIATIVIDADE PEDAGÓGICA ......................................................................................64
Bibliografia ................................................................................................................................................................................67
ENQUADRAMENTO:
A Formação Profissional assume um papel de importância crescente perante os novos desafios que
surgem no país e na União Europeia: globalização, envelhecimento da população, emergência e
utilização crescente de novas tecnologias e consequente necessidade de atualização e aquisição de
competências.
A evolução da Formação Profissional nos últimos anos tem vindo a aumentar a exigência dos cursos e
ações de formação tal como a amplitude do contexto de desenvolvimento da atividade de Formador.
Alterações à legislação que regulamenta a Formação Profissional, a introdução do Catálogo Nacional
de Qualificações e a crescente diferenciação ao nível das Modalidades de Intervenção Formativas
(com a crescente utilização de metodologias de formação à distância) remetem o formador para redes
formativas cada vez mais complexas.
Neste sentido, é imperativo que numa fase inicial do curso se dê especial atenção ao enquadramento
da atividade dos futuros formadores, aos contextos em que intervêm, aos novos desafios a que estão
expostos (por exemplo, ações de formação mais criativas e empreendedoras), entre outros.
OBJETIVOS:
Caracterizar os sistemas de qualificação com base nas finalidades, no público-alvo, nas
tecnologias utilizadas e no tipo e modalidade de formação pretendida;
Identificar a legislação, nacional e comunitária, que Regulamenta a Formação Profissional;
Enunciar as competências e capacidades necessárias à atividade de formador;
Discriminar as competências exigíveis ao formador no sistema de formação;
Identificar os conceitos e as principais teorias, modelos explicativos do processo de
aprendizagem;
Identificar os principais fatores e as condições facilitadoras da aprendizagem;
Desenvolver um espírito crítico, criativo e empreendedor.
PARTE I
FORMADOR: CONTEXTOS DE INTERVENÇÃO
A Lei de Bases do Sistema Educativo (LBSE) – Lei n.º 46/86 define o sistema educativo português
como “o conjunto de meios pelos quais se concretiza o direito à educação”. Distingue a educação pré-
escolar, a educação escolar e a educação extraescolar. Na educação escolar, a LBSE diferencia a
modalidade normal e a modalidade especial. A primeira integra o ensino básico, o ensino secundário e
o ensino superior, politécnico e universitário. A formação profissional compreende a iniciação, a
qualificação, o aperfeiçoamento, a especialização e a reconversão.
O Decreto-Lei n.º 401/91 e o Decreto–Lei nº405/91 veio introduzir ainda uma outra nomenclatura, esta
dita específica da “formação profissional”, que distingue a formação profissional inserida no sistema
educativo e a formação profissional inserida no mercado de emprego.
Formação Profissional
Entende-se por Formação Profissional o conjunto de atividades que visam proporcionar a aquisição de
conhecimentos (Saber), capacidades práticas (Saber - Fazer), atitudes e formas de
comportamento (Saber - Ser), exigidas ao bom desempenho de uma determinada profissão ou grupo
de profissões num determinado contexto de organização produtiva económica e social.
Uma das principais características da formação profissional é que, para além de complementar a
preparação para a vida ativa iniciada no sistema básico, visa uma integração dinâmica no mundo de
trabalho pela aquisição de conhecimentos e de competências profissionais.
Cada vez mais, as transformações técnicas, económicas e organizativas têm conduzido a uma
constante alteração do conteúdo de trabalho e das respetivas competências a que aquele apela,
gerando desatualizações e desadaptações que acentuam a necessidade de aprendizagem ao longo da
vida. Os tempos atuais exigem assim capacidades de flexibilização, de adaptação da mudança,
reclamando maior:
Rapidez nas decisões;
Criatividade na procura de soluções;
Capacidade de assumir riscos e responsabilidades;
Capacidade de compreensão e integração nos sistemas de trabalho;
Autonomia.
Ensino:
Objetivo: é a obtenção de um diploma;
Programas: são rígidos e não adaptados à população;
Mensagem: transmite-se o Saber - Saber e o Saber Ser / Estar;
Grupo: é pouco incentivado à participação;
Sistema de avaliação: é feito em comparação com os alunos, descurando-se a avaliação
dos processos e métodos de ensino.
Formação:
Objetivo: Saber, Saber - Fazer e Saber Ser;
Programas: vão de encontro às necessidades dos formandos;
Mensagem: pretende-se que seja prática;
Grupo: é incentivado a participar em todo o processo;
Sistema de avaliação: incide sobre o sistema de resultados.
2 Realidades = 2 Terminologias
Empresa
Escola
Local (ou posto) de Trabalho
Universidade
Centro de Formação
Preparar para...
Ensinar Integrar para...
Socializar Aperfeiçoar o desempenho para...
Reconverter/reciclar para...
Visa:
Visa:
- O “saber - saber”, para aplicar.
- O “saber - saber”, para saber...
- O “saber - fazer”, para produzir.
- O “saber - ser - estar”, na vida...
- O “saber - agir”, no trabalho e na vida.
Sala de Formação
Sala de Aula
Local (ou posto) de trabalho
Formador
Professor
Monitor
Docente
Animador
Formando
Aluno
Participante
Turma Grupo
Trabalho Individual
Exercício Trabalho de Grupo
Trabalho Prático
Teste
Trabalho
Prova
Trabalho de Aferição
Exame
Em traços gerais podemos dizer que o Sistema Educativo, habitualmente designada apenas por
Educação Escolar, abrange o ensino pré-escolar, básico, secundário e o ensino superior. Faz também
parte do Sistema Educativo toda a educação extraescolar, como é o caso da alfabetização de adultos.
A grande inovação deste Sistema Nacional de Qualificações reside precisamente no facto de meter sob
o mesmo “chapéu” os dois subsistemas - Educação e Formação, estabelecendo assim uma ponte entre
dois mundos que até então pareciam separados.
Se pesquisarmos a literatura acerca desta temática, podemos verificar que se multiplicam as formas de
classificar e categorizar os tipos de formação profissional existentes.
Quanto à sua forma de organização, a formação pode desenvolver-se através de várias combinações
de situações, que vão desde:
Formação em sala / Formação presencial
Formação em contexto de trabalho, também designada por “on job”
E-learning (à distância)
B-learning (misto)
A formação b-learning / mista (presencial + online) consiste na combinação das novas tecnologias de
aprendizagem com as técnicas tradicionais presenciais, ou seja, a formação assenta no recurso ao e-
learning e à formação presencial enquanto modalidades complementares.
O SNQ assumiu como principal desígnio aumentar o nível de qualificação da população portuguesa,
dando prioridade à generalização do nível secundário como qualificação mínima da população, bem
como a aposta na qualificação de dupla certificação, quer através do aumento e generalização da
oferta de cursos de educação e formação profissional (jovens e adultos), quer através do
reconhecimento, certificação e validação de competências de aprendizagens formais, informais e não
formais.
Podemos afirmar que, sobretudo na sua fase inicial, o processo de reforma centrou muito do seu olhar
na oferta de formação dirigida a adultos. Neste sentido, procurou, para além da diversificação da oferta
de cursos profissionalizantes, possibilitar a progressão escolar e profissional organizando os percursos
de educação e formação em unidades de curta duração certificadas, encorajando e facilitando o
envolvimento dos ativos empregados em trajetos de qualificação.
É também à luz desta reforma e de recomendações políticas da União Europeia e da OCDE que
Portugal, em 2009, consagrou a escolaridade obrigatória até aos 18 anos.
Este processo de reforma procurou assegurar a expansão das ofertas de dupla certificação, tanto na
perspetiva de promoção da escolarização de nível secundário como na promoção da empregabilidade.
Desta forma, estreitou-se a relação entre as duas dimensões da aprendizagem, associando sempre,
nos percursos que conduzem à obtenção de uma qualificação profissional, a progressão na
escolaridade à formação profissional.
No início de 2017, o Catálogo integra 305 qualificações, distribuídas por 39 áreas de educação e
formação de acordo com a Classificação Nacional de Áreas de Educação e Formação (portaria n.º
256/2005, de 16 de março).
Cada qualificação tem associados três instrumentos/referenciais, permitindo estabelecer a ligação entre
as necessidades do mercado de trabalho e o sistema formativo: o perfil profissional, o referencial de
formação e o referencial para reconhecimento, validação e certificação de competências (escolar e
profissional), como se apresenta na figura abaixo:
1 Ligação: http://www.catalogo.anqep.gov.pt/
FORMAÇÃO PEDAGÓGICA INCIAL DE FORMADORES FORMADOR/A:ANA TEIXEIRA PÁGINA 12 de 67
MÓD I – FORMADOR: SISTEMA, CONTEXTOS E PERFIL
Portugal, à semelhança dos restantes países da Europa e por recomendação da Comissão Europeia,
adotou um referencial de qualificações, tendo um conjunto de pressupostos comuns com o Quadro
Europeu de Qualificações para a Aprendizagem ao Longo da Vida2.
O Quadro Europeu de Qualificações (QEQ), adotado em 2008 pelo Parlamento Europeu e pelo
Conselho, consiste num quadro de referência comum que permite fazer corresponder e comparar os
sistemas de qualificações de vários países. Na realidade, funciona como um dispositivo de
tradução/comparação dos níveis de qualificação de diferentes países, que visa tornar as qualificações
mais claras e compreensíveis entre sistemas e promover a mobilidade dos aprendentes e
trabalhadores entre países.
Desde 1 de outubro de 2010 que está em vigor o atual Quadro Nacional de Qualificações. Este
constitui-se como um quadro de referência único para classificar todas as qualificações produzidas no
âmbito do sistema educativo e formativo nacional, independentemente do nível e das vias de acesso.
O Quadro Nacional de Qualificações está estruturado, à semelhança dos da maioria dos países
europeus, em oito níveis de qualificação.
Estes oito níveis de qualificação abarcam todas as qualificações atualmente produzidas no sistema
educativo e formativo português, sejam as obtidas no ensino básico, secundário, superior, ou na
2 http://ec.europa.eu/education/pub/pdf/general/eqf/leaflet_pt.pdf
Níveis de
Qualificações
qualificação
Nível 1 2.º Ciclo do ensino básico
Nível 2 3.º Ciclo do ensino básico obtido no ensino básico ou por
percursos de dupla certificação
Nível 3 Ensino secundário vocacionado para prosseguimento de
estudos de nível superior
Nível 4 Ensino secundário obtido por percursos de dupla certificação
ou ensino secundário vocacionado para prosseguimento de
estudos de nível superior acrescido de estágio profissional -
mínimo de 6 meses
Nível 5 Qualificação de nível pós-secundária não superior com
créditos para prosseguimento de estudos de nível superior
Nível 6 Licenciatura
Nível 7 Mestrado
Nível 8 Doutoramento
Fonte: Portaria n.º 782/2009, de 23 de julho
É também criado o Sistema Nacional de Créditos do Ensino e Formação Profissionais que vem permitir
a atribuição de pontos de crédito às qualificações que integram o CNQ, bem como a outra formação
certificada não integrada no Catálogo, desde que esta esteja registada no Sistema de Informação e
Gestão da Oferta Educativa e Formativa e cumpra os critérios de garantia da qualidade em vigor. É
acomodada a norma que cria o instrumento de orientação e registo individual de qualificações e
competências, permitindo o registo de todas as qualificações e competências que o indivíduo adquire
ou desenvolve ao longo da vida, referidas no CNQ, bem como as restantes ações de formação
concluídas, distintas das que deram origem a qualificações e competências registadas.
É ainda adaptada a norma relativa aos centros especializados em qualificação de adultos, enquanto
instrumentos essenciais na estratégia de qualificação de adultos, tendo como premissa fundamental
não só a valorização das aprendizagens que foram adquirindo ao longo da vida, mas também a
possibilidade efetiva de aumentarem e desenvolverem competências através de formação qualificante.
C. Passaporte Qualifica
O Programa Qualifica é um programa vocacionado para a qualificação de adultos que tem por objetivo
melhorar os níveis de educação e formação dos adultos, contribuindo para a melhoria dos níveis de
qualificação da população e a melhoria da empregabilidade dos indivíduos. O Programa Qualifica
assenta numa estratégia de qualificação que integra respostas educativas e formativas e instrumentos
diversos que promovem a efetiva qualificação de adultos e que envolve uma rede alargada de
operadores.
Um dos eixos fundamentais para a concretização do Programa Qualifica passa pela ativação de uma
rede nacional de centros especializados em educação e formação de adultos, vocacionados para o
atendimento, aconselhamento, orientação e encaminhamento para percursos de aprendizagem, com
base nas reais necessidades de qualificação existentes nos diferentes territórios e setores económicos.
Nesse sentido, são regulamentados os Centros Qualifica (Portaria n.º 232/2016 de 29 de agosto),
FORMAÇÃO PEDAGÓGICA INCIAL DE FORMADORES FORMADOR/A:ANA TEIXEIRA PÁGINA 17 de 67
MÓD I – FORMADOR: SISTEMA, CONTEXTOS E PERFIL
São várias as modalidades das ofertas formativas disponíveis. Seguidamente centrar-nos-emos nas
que, no momento atual, apresentam maior preponderância:
Educação e Formação de Jovens
Cursos de Aprendizagem
Educação e Formação de Adultos
Formações Modulares Certificadas
Cursos de Especialização Tecnológica
Formação para Públicos diferenciados (p.e., com incapacidade ou deficiência,
estrangeiros, etc.)
Formação em Contexto de Trabalho (empresa e outras organizações)
Tal como no anterior, também este tipo de cursos integram uma componente de formação em contexto
real de trabalho, visando consolidar as competências adquiridas ao longo da formação teórico-prática.
Informação adicional acerca desta modalidade poderá ser consultada através da seguinte ligação da
internet: http://www.anqep.gov.pt
Cursos de Aprendizagem
Estes cursos têm como principal objetivo a formação de jovens com uma qualificação inicial
indispensável ao desempenho de uma profissão qualificada. Os candidatos devem reunir,
cumulativamente, as seguintes condições: idade inferior a 25 anos, escolaridade ao nível do 3º ciclo do
ensino básico ou equivalente (ou habilitação superior ao 3.º ciclo do ensino básico ou equivalente, sem
conclusão do ensino secundário ou equivalente)
Nesta tipologia de formação, a aprendizagem é feita em alternância entre o Centro de Formação, onde
se realiza a formação teórico-prática (sociocultural, científico e tecnológica) e uma empresa, na qual os
formandos têm formação prática em contexto real de trabalho (daí ser considerada Aprendizagem em
Alternância). Esta última característica constitui um dos fatores de sucesso desta modalidade no que
diz respeito à integração dos formandos no mercado de trabalho.
Informação adicional acerca desta modalidade poderá ser consultada através da seguinte ligação da
internet: http://www.iefp.pt/formacao/ModalidadesFormacao/CursosAprendizagem/Paginas/CursosAprendizagem.aspx
Em comum todos estes cursos, para além de partilharem a formação em contexto real de trabalho,
partilham as componentes de formação sociocultural que visa a aquisição de competências e atitudes
que permitam o desenvolvimento pessoal, profissional e social, e científico-tecnológica que visa a
aquisição de competências técnicas essenciais ao desenvolvimento de uma nova atividade profissional
(apesar de ambos existirem com outra nomenclatura nos cursos de Educação e Formação de Adultos).
Informação adicional acerca desta modalidade poderá ser consultada através da seguinte ligação da
internet: http://www.anqep.gov.pt
As formações modulares são capitalizáveis para a obtenção de uma ou mais qualificações constantes
do Catálogo Nacional de Qualificações e permitem a criação de percursos flexíveis de duração variada,
caracterizados pela adaptação a diferentes modalidades de formação, públicos-alvo, metodologias,
contextos formativos e formas de validação.
Informação adicional acerca desta modalidade poderá ser consultada através da seguinte ligação da
internet: http://www.anqep.gov.pt
Podem frequentar um Curso de Especialização Tecnológica, os indivíduos que reúnam uma das
condições apresentadas de seguida:
Titulares de um curso de ensino secundário, ou de habilitação legalmente equivalente;
Os que tendo obtido aprovação em todas as disciplinas dos 10.º e 11.º e tendo estado inscritos no
12.º ano de um curso de ensino secundário ou de habilitação legalmente equivalente não o tenham
concluído;
Titulares de uma qualificação profissional de nível 4;
Titulares de um Diploma de Especialização Tecnológica (DET) ou de um grau ou diploma de
ensino superior que pretendam a sua requalificação profissional;
Podem igualmente candidatar-se à inscrição num curso de especialização tecnológica num
estabelecimento de ensino superior os indivíduos com idade igual ou superior a 23 anos, aos quais,
com base na experiência, aquele reconheça capacidades e competências que os qualificam para o
ingresso no curso em causa.
Informação adicional acerca desta modalidade poderá ser consultada através da seguinte ligação da
internet: http://www.anqep.gov.pt
Informação adicional acerca desta modalidade poderá ser consultada através da seguinte ligação da
internet:
http://www.iefp.pt/formacao/Prog_Qualif_Pessoas_Def_Incap/Paginas/ProgramadeQualificacaodePessoascomDeficienciaseIncapacidade
s.aspx
Informação adicional acerca desta modalidade poderá ser consultada através da seguinte ligação da
internet: https://www.iefp.pt/programa-ppt-portugues-para-todos
RVCC Escolar
O que é o RVCC Escolar? É um processo que permite reconhecer, validar e certificar as
competências adquiridas pelos adultos ao longo da vida, com vista à obtenção de uma certificação
escolar de nível básico (4.º, 6.º ou 9.º ano de escolaridade) ou de nível secundário (12.º ano de
escolaridade).
A quem se destina? A todos os adultos com mais de 18 anos que não frequentaram ou concluíram um
nível de ensino básico ou secundário e que tenham adquirido conhecimentos e competências; através
da experiência em diferentes contextos, que possam ser formalizadas numa certificação escolar.
Que nível de escolaridade é possível obter? O RVCC Escolar confere uma certificação equivalente
ao 1.º, 2.º ou 3.º ciclo do ensino básico (4.º, 6.º ou 9.º ano de escolaridade), bem como uma
certificação equivalente ao ensino secundário (12.º ano de escolaridade), válidas para todos os efeitos
legais.
Como se desenvolve o processo? O processo é desenvolvido ao longo de um conjunto de sessões
durante as quais os candidatos são apoiados, por técnicos e formadores, na identificação e
reconhecimento das respetivas competências escolares, na recolha de evidências que as comprovem
ou na respetiva demonstração.
Estas competências são avaliadas face ao Referencial de Competências Chave de Educação e
Formação de Adultos pretendido pelos candidatos.
Caso se verifique que os candidatos têm competências em falta serão desenvolvidas formações de
curta duração ajustadas às necessidades dos adultos. O processo culmina com a apresentação do
candidato perante um Júri que valida as competências detidas e formaliza a certificação escolar.
RVCC Profissional
O que é o RVCC Profissional? É um processo que permite reconhecer, validar e certificar as
competências que os adultos adquirem pela experiência de trabalho e de vida, através da atribuição de
um Certificado de Formação Profissional.
A quem se destina? A ativos empregados e desempregados, com mais de 18 anos, que adquiriram
saberes e competências através da experiência de trabalho ou noutros contextos e pretendam vê-las
reconhecidas através de uma certificação formal.
Quais as profissões abrangidas pelo RVCC Profissional? Neste momento, o RVCC Profissional
abrange uma grande diversidade de profissões.
O trabalho de um formador envolve uma enorme complexidade. O seu papel na formação profissional,
ainda que não seja o único elemento do processo nem nele se deva centrar toda a formação, é crucial
para o atingir dos objetivos e para o bom desenvolvimento de uma ação de formação.
Qual, então, o papel que o formador deve desempenhar? Existem competências específicas
que deva possuir para desenvolver um bom trabalho como formador?
É fundamental que, ao longo do processo, sublinhe a importância do papel dos formandos, sobretudo
do seu empenhamento para o sucesso ou insucesso de uma formação, co-responsabilizando-os pelos
seus fracassos e pelos seus êxitos.
Contudo, o papel de facilitador só poderá ter lugar com o estabelecimento de uma relação pedagógica,
na qual irá assentar todo o processo de formação, mediante a criação de estreitos laços com os
formandos. É esta relação que sustenta o processo e que permite a prossecução da formação.
No entanto, para que o formador desempenhe a sua atividade com sucesso, deve desenvolver uma
série de competências que lhe permitam cumprir com os objetivos da formação e proporcionar aos
seus formandos as perspetivas necessárias ao seu próprio desenvolvimento e realização, tanto a nível
profissional como pessoal ao longo do seu contínuo profissional.
Competências Pedagógicas
Estas competências dizem respeito às capacidades de planeamento, preparação, animação e
avaliação de uma ação de formação e que envolvem uma série de parâmetros, essenciais ao
desenvolvimento da formação e à intervenção no sistema de formação:
3. Avaliação da Formação
A avaliação final da aprendizagem realizada pelos formandos;
Avaliação do processo formativo;
Reestruturação do plano de desenvolvimento da formação.
Competências Psicossociais
Referem-se às capacidades de saber-ser e estar, isto é, as competências de relacionamento com o
próprio, com os outros e com o objeto de trabalho:
Criatividade;
Flexibilidade;
Espírito de Iniciativa e abertura à mudança.
Competências Técnicas
As competências técnicas dizem respeito à capacidade do formador se integrar e adaptar ao contexto
técnico e organizacional da sua atividade:
1. Ser capaz de compreender e integrar-se no contexto técnico em que exerce a sua atividade:
A população ativa, o mundo do trabalho e os sistemas de formação;
O domínio técnico-científico e/ou tecnológico objeto da formação;
O papel e perfil do formador;
Os processos de aprendizagem e a relação pedagógica;
A conceção e organização de cursos ou ações de formação.
2. Ser capaz de adaptar-se a diferentes contextos organizacionais e a diferentes grupos de
formandos.
Em forma de síntese, pode, pois, afirmar-se que o formador é e deve ser um profissional multitarefas.
As principais competências para o exercício da função de formador encontram-se sistematizadas no
esquema seguinte:
O Instituto do Emprego e formação Profissional (IEFP) foi designado entidade certificadora responsável
pela certificação de formadores. Nesta qualidade, o IEFP iniciou o processo de certificação da aptidão
pedagógica dos formadores, cabendo, complementarmente à entidade formadora, verificar se as
competências técnicas dos seus formadores são adequadas aos conteúdos e ao nível de formação,
das ações que desenvolvem.
Cabe ainda ao IEFP gerir uma Bolsa Nacional de Formadores. Assim, todos os formadores
devidamente certificados podem solicitar a sua integração na bolsa de formadores, a qual estará
disponível para as entidades gestoras, formadoras e beneficiárias de formação (http://netforce.iefp.pt/).
O Decreto Regulamentar n.º 66/94, de 18 de Novembro, e de acordo com o estabelecido nos Decretos-
Lei nº 401/91 e 405/91, ambos de 16 de Outubro, procura regulamentar o exercício da atividade de
formador no âmbito da formação inserida no mercado de emprego, sabendo-se que a qualidade da
formação deve ser alicerçada na consolidação e dignificação da função de formador. » neste Decreto
que encontramos claramente definido o que legalmente se entende por Formador:
«(...) o profissional que, na realização de uma ação de formação, estabelece uma relação pedagógica
com os formandos, favorecendo a aquisição de conhecimentos e competências, bem como o
desenvolvimento de atitudes e formas de comportamento, adequados ao desempenho profissional»•
(n.º 1 do Art.º 2º)
De acordo com o diploma legal em vigor (Portaria nº 214/2011 de 30 de maio), para aceder à atividade
de Formador é necessário ser titular de um Certificado de Competências Pedagógicas (CCP) – que
veio substituir o antigo Certificado de Aptidão Pedagógica, CAP - que pode ser obtido
através de uma entidade formadora certificada, mediante uma das vias ilustradas no esquema
seguinte:
Outros requisitos:
Conhecimento consistente do Sistema Nacional de Qualificações, nomeadamente das
diferentes modalidades de educação e formação profissional;
Preparação psicossocial e equilíbrio emocional, por forma a prosseguir com eficácia a função
cultural, social e económica da formação.
O esquema seguinte pretende ilustrar os requisitos ao nível das qualificações e experiência profissional
que o Formador deve possuir para o exercício, com sucesso, da sua atividade:
i. Qualificação académica e/ou profissional na área em que pretende desenvolver a sua atividade
de Formador (p.e., um Formador de informática deverá possuir uma licenciatura na área da
Informática);
ii. Experiência profissional relevante na área de formação de base, que lhe permita ter um
contacto realista com o mercado de trabalho e consequentemente conhecer os principais
desafios da profissão (p.e. técnico de informática); e
iii. Formação pedagógica que lhe permita obter o CCP.
Apesar de não se limitarem aos aspetos seguidamente enunciados, os direitos e deveres do formador
foram considerados no Regulamentar n.º 267/94 série I-B de 18 de Novembro.
Direitos do formador
Segundo o Decreto Regulamentar n.º 267/94 série I-B de 18 de Novembro, são direitos do formador:
Apresentar propostas com vista à melhoria das atividades formativas, nomeadamente através da
participação no processo de desenvolvimento e nos critérios de avaliação da ação de formação;
Obter comprovação documental, pela entidade promotora da ação, relativa à atividade
desenvolvida como formador, do qual conste o domínio, a duração e a qualidade da sua
intervenção;
Ser integrado em bolsas de formadores.
Apesar de não legislados, podem ainda identificar-se outros direitos do formador, tais como:
Ser remunerado de acordo com a função desempenhada
Solicitar o apoio necessário ao desenvolvimento das suas funções
Deveres do formador
Ainda segundo o Decreto Regulamentar n.º 267/94 série I-B de 18 de Novembro, são deveres do
formador:
Fixar os objetivos da ação e a metodologia pedagógica a utilizar;
Cooperar com a entidade formadora, bem como com outros intervenientes do processo formativo,
no sentido de assegurar a eficácia da ação de formação;
Preparar, de forma adequada e prévia, cada ação de formação;
Participar na conceção técnica e pedagógica da ação;
Zelar pelos meios materiais e técnicos;
Ser assíduo e pontual;
Cumprir a legislação e os regulamentos aplicáveis à formação;
Avaliar cada ação de formação e cada processo formativo em função dos objetivos fixados e do
nível de adequação conseguido.
PARTE II
APRENDIZAGEM, CRIATIVIDADE EEMPREENDEDORISMO
Aprender é adquirir:
Conhecimentos;
Capacidades;
Atitudes.
A Aprendizagem é:
Um processo – pois a ação de aprender não é fugaz nem momentânea, realiza-se num tempo
que pode ser mais ou menos longo.
Uma construção pessoal – pois nada se aprende verdadeiramente, senão através de uma
experiência pessoal de quem aprende, numa procura de equilíbrio entre o adquirido e o que
falta adquirir e através de mecanismos de assimilação e acomodação;
Experiência, Interior à Pessoa – pois a aprendizagem tem um carácter pessoal que mobiliza,
simultaneamente, as estruturas cognitivas, emocionais e motivacionais dos indivíduos;
Modificação no Comportamento Observável Relativamente Estável – é através das
manifestações exteriores (atitudes e comportamento) que se vê se o formando aprendeu, mas
estas só se revelam se no seu interior tiver havido um processo de transformação e mudança.
Constroem-se novos comportamentos e novas reações que vão integrar o reportório comportamental
do sujeito. É pela aprendizagem que adquirimos saberes, desenvolvemos capacidades, e
competências, ocorrendo uma mudança pessoal.
Segundo Jacques Ardoino, podemos definir diferentes planos de aprendizagem, segundo os diferentes
níveis de saber a atingir, e que deverão ser alvo principal no processo de aprendizagem:
Processo Global
Qualquer comportamento humano é global, incluiu sempre aspetos de conhecimentos, atitudes e
habilidades. Portanto, a aprendizagem, envolvendo uma mudança do comportamento, terá de exigir a
participação total e global do indivíduo, para que todos os aspetos constitutivos da sua personalidade
entrem em atividades no ato de aprender.
Processo Dinâmico
A Aprendizagem não é um processo de absorção passiva, pois a sua característica mais importante é a
atividade daquele que aprende. Portanto, a aprendizagem só se faz através da atividade do formando.
É evidente que não se trata apenas da atividade externa, física, mas também de atividade interna,
mental e emocional, porque a aprendizagem é um processo que envolve a participação total e global
do indivíduo, nos seus aspetos físicos, intelectuais, emocionais e sociais.
Por isso, os métodos de aprendizagem deverão ser ativos, suscitando o máximo de atividade por parte
do formando em face da caracterização da aprendizagem, como um processo dinâmico.
Processo Pessoal
Ninguém pode aprender por outra pessoa, pois a aprendizagem é intransferível de um indivíduo para
outro. O formador, apresentando o conteúdo a ser aprendido, realizando os movimentos necessários,
não leva o formando necessariamente à aprendizagem. A compreensão do carácter pessoal da
aprendizagem. A compreensão do carácter pessoal da aprendizagem levou o ensino a concentrar-se
no ser que aprende, considerando-o o centro da aprendizagem.
Portanto: A APRENDIZAGEM DEPENDE ESSENCIALMENTE DO SER QUE APRENDE.
Processo Gradativo
O aluno deverá aprender inicialmente as operações mais simples passando então às operações mais
complexas.
Processo Contínuo
A aprendizagem acha-se presente, desde o início da vida, acompanhando o indivíduo do nascimento
até à morte. O homem integra-se ao meio físico e social através do processo de aprendizagem,
atendendo, assim às suas necessidades físicas, biológicas, psicológicas e sociais. Essas necessidades
constituem os OBSTÀCULOS ou DIFICULDADES que tem ele tem que transpor ou vencer para
aprender. Assim, o professor Neici afirma: “O homem aprende quando defronta obstáculos e sente que
precisa vencê-los. Aprender não é mais do que um vencer de obstáculos”. A aprendizagem é um
processo que se realiza através de operações crescentemente complexas, porque cada nova situação
envolve maior número de elementos.
Processo Cumulativo
Analisando-se o ato de aprender, verifica-se que, além da maturação, a aprendizagem resulta da
atividade anterior, ou seja, da experiência individual. Ninguém aprende senão por si em si mesmo, pela
automodificação. Desta maneira, a aprendizagem constitui um processo cumulativo, em que a
experiência atual se aproveita das experiências anteriores. A acumulação das experiências leva à
organização de novos padrões de comportamento. Daí afirmar-se QUEM APRENDE MODIFICA O
SEU COMPORTAMENTO.
Perspetiva Comportamentalista
Perspetiva Cognitivista
Perspetiva Construtivista
Perspetiva Humanista
PRINCÍPIOS PSICOPEDAGÓGICOS
Apresentação de estímulos
Condicionamento
Reforço das reações desejadas
Conhecimento dos resultados, objetivos finais.
Apresentação da matéria em sequências curtas
Exercitação
TÉCNICAS DE ENSINO
Exercícios de repetição
Ensino individualizado de tipo programado
Demonstrações para imitação
Memorização
Segundo esta teoria, aprender seria acumular associações estímulo-resposta cada vez mais
complexas, isto é, respostas passivas a estímulos, pressupondo repetição e exercício.
O que condiciona a ação é a natureza do estímulo e o que a dirige é o reforço. Na sequência de uma
resposta e em função do seu resultado é fornecido um estímulo (reforço) que confere à resposta um
efeito agradável ou desagradável. Este estímulo vai aumentar ou extinguir a probabilidade de resposta
do sujeito.
Dado o sujeito constituir um agente passivo no processo, será necessário “forçá-lo” a aprender através
da criação de uma situação externa. A aprendizagem é feita por “modelagem” mediante determinados
objetivos que se pretendem alcançar. O indivíduo constitui apenas a matéria-prima que vai ser
“trabalhada”.
I) Condicionamento Clássico
Quando apresentava a carne ao animal ele salivava – Resposta incondicionada (R1), isto é, não
aprendida, inata. O estímulo que a provocou chama-se Estímulo incondicionado (E1). Posteriormente,
Pavlov fez acompanhar a carne (E1) de um toque de campainha – Estímulo neutro (E2) e verificou que
o cão salivava. Repetiu várias vezes esta associação de estímulos, o que fez com que o cão esperasse
que a carne aparecesse ao toque da campainha. Passado algum tempo o cão salivava ao ouvir o toque
da campainha (R2).
O cão aprendeu a dar uma resposta (salivar) a um estímulo não adequado. Foi condicionado a salivar
como reação ao som de uma campainha. Este tipo de aprendizagem é muito pouco utilizado em
formação. É, contudo, muito utilizada na publicidade e constitui uma forma das formas de
aprendizagem que está presente na nossa vida quotidiana. Por exemplo: se fui vítima
de um assalto posso sentir medo (resposta condicionada) quando perceciono determinados tipos de
pessoas ou determinados locais (estímulos condicionados).
Skinner foi um dos grandes mentores desta vertente da perspetiva comportamental. Ela distingue-se
da perspetiva anterior pelo papel do indivíduo no processo de aprendizagem (condicionamento).
Segundo o autor, o nosso organismo adota certos comportamentos de forma a obter uma determinada
resposta. O sujeito opera sobre o ambiente de forma voluntária e com o objetivo de obter satisfação ou
evitar o desconforto. Há assim um papel ativo que é desempenhado pelo sujeito.
Albert Bandura verificou que alguns comportamentos não seriam aprendidos da forma como
defendiam os anteriores teóricos. Muitos dos comportamentos aprendidos seriam adquiridos muito
mais rapidamente do que seria possível por condicionamento. A única explicação que encontraria seria
a de que muitos dos nossos comportamentos e a maior parte das nossas aprendizagens, são feitas por
observação, isto é, resultante da interação e imitação social de um modelo. É através da
observação que aprendo a serrar uma tábua, a cozinhar, a pintar…
O observador observa e imita o modelo, adquirindo novas formas de comportamento, novas respostas,
que não implicam a imitação do modelo – cópia exata ou reprodução passo a passo, mas antes o
desenvolvimento de uma maior variedade de respostas.
Esquematicamente:
Comparação da Performance a um
Modelo
Claro está que para desenvolvermos e adquirirmos estes comportamentos e aptidões necessitamos de
prática, sem a qual, afirma Bandura, não será possível a aprendizagem. Este tipo de aprendizagem
pode ser seguida mediante um reforço direto, um elogio pelo desempenho observado, por ter imitado o
comportamento desejado. Esta teoria coloca a ênfase no indivíduo que deixa de desempenhar um
papel passivo, passando a responder aos estímulos em função da interpretação que faz dele.
Será ainda importante refletir sobre as implicações que a perspetiva / teoria comportamentalista na
formação:
B. TEORIA COGNITIVISTA
O expoente máximo desta corrente foi Jean Piaget, secundado por outros autores Bruner e Ausubel.
Trata-se de uma abordagem centrada na mente humana e na estrutura de pensamento de cada
indivíduo quando está a aprender: a aprendizagem humana é vista como um processo de codificação,
processamento e recodificação de informações.
A abordagem Cognitivista contrapõe-se à Comportamentalista. Estes teóricos defendem que os
indivíduos têm uma postura ativa perante a aprendizagem e que somente iniciam o processo quando
se apercebem que os benefícios são compensatórios.
PRINCÍPIOS PSICOPEDAGÓGICOS
Motivação
Desenvolvimento de expectativas
Condições de conhecimento intuitivo
Compreensão
Relacionação do “novo” com o “adquirido”
Sistematização
Transferência para situações novas idênticas
TÉCNICAS DE ENSINO
Ensino pela descoberta
Apresentação de objetivos
Introduções
Sumários
Questionários orientadores
Esquemas
Debates, discussões, estudos de caso, etc.
Técnicas de ensino:
Descoberta;
Descoberta guiada;
Apresentação dos objetivos;
Sumários, esquemas;
Questionários orientadores;
Questionários de revisão.
C. TEORIAS HUMANISTAS
Autores como Maslow e Carl Rogers, entre outros, vieram defender a importância dos aspetos
psicológicos e sociais inerentes ao processo de aprendizagem de qualquer indivíduo, reconhecendo
que a motivação e a empatia são as “alavancas” fundamentais. Para estes autores, a aprendizagem é
um processo único e pessoal do sujeito que aprende, em função das suas vivências e experiências:
depende essencialmente da sua motivação intrínseca mas também de um ambiente favorável à sua
volta. O indivíduo que aprende tem um papel ativo no seu processo de aprendizagem, sendo este um
processo espontâneo.
PRINCÍPIOS PSICOPEDAGÓGICOS
Aprendizagem centrada no aluno (único, singular mas complexo)
Auto-aprendizagem e auto-avaliação
Aprendizagem dos sentimentos, dos conceitos, necessidades e das habilidades
Sublinha o carácter único da experiência pessoal
Atmosfera emocional positiva e empática
TÉCNICAS DE ENSINO
Ensino individualizado
Discussões
Debates
Simulações
Jogos de papéis
Resolução de problemas, etc.
Estas teorias centram-se no estudo da especificidade do ser humano perante uma determinada tarefa.
Segundo esta perspetiva, a aprendizagem é um processo cognitivo, mas o formando cresce e adquire
experiência com uma atitude livre, num processo de auto-realização ativo e pessoal. Para que a
aprendizagem se dê é necessária a implementação de um clima social propício ao desenvolvimento do
trabalho. É necessário estimular o trabalho em conjunto e o desenvolvimento afetivo do grupo, para
assim favorecer a aprendizagem.
Para isso, será igualmente necessário que o formando aceite as suas diferenças inter-individuais,
compreendendo e aceitando realidades diferentes das suas.
Quais serão pois as implicações da perspetiva / teoria humanista na formação? Vejamos os principais
aspetos:
Técnicas de ensino:
Ensino individualizado
Discussões
Debates
Painéis
Simulações
Jogos de papeis
Resolução de problemas…
Existem muitas outras teorias e perspetivas sobre o processo de aprendizagem que defendem um
maior ou menor papel ativo do indivíduo no processo (ex. teorias do processamento de informação).
Aprender pode ser tratar, escolher informação, reunir, estruturar e integrar informações pertinentes em
detrimento de outras informações consideradas parasitas ou prejudiciais ao processo de
aprendizagem. Mas, muitas destas teorias complementam outras perspetivas e apenas a sua
compreensão como um todo permitirá a facilitação do processo de ensino-aprendizagem.
D. TEORIAS CONSTRUTIVISTAS
Para os autores como Ausubel, Bandura e De Bono, a aprendizagem é um processo dinâmico em que
os indivíduos são processadores ativos da informação, construindo as respostas ao meio. O
conhecimento processa-se pela tomada de consciência, pela sua integração no projeto pessoal dos
sujeitos. Estes autores referem que a aprendizagem é um processo de construção pessoal e interativo,
que apela às experiências passadas, condiciona a atuação no presente e possibilita as reestruturações
cognitivas.
Nesta teoria dá-se ênfase a utilização de métodos ativos e experiências, centrados na compreensão
dos dados, no desenvolvimento das funções mentais, no interesse e participação dos formandos.
Esta perspetiva centra-se, sobretudo, na procura de um sentido. É essencial que o indivíduo se sinta
ativo e interessado ao longo de todo o processo. Não importa memorizar e reproduzir o conhecimento
ou o sentido atribuído por outros, mas sim que o próprio formando construa um sentido ao longo da
aprendizagem.
Em síntese, pode-se afirmar que as várias Teorias da Aprendizagem, enquanto linhas gerais de
interpretação do processo, têm em comum as seguintes ideias-força:
Nenhum conhecimento pode ser adquirido se o sujeito não tiver determinadas condições de
organização do pensamento.
Nenhum conhecimento se efetiva sem que o indivíduo atue sobre o meio envolvente.
São inúmeros os fatores que influenciam de forma mais ou menos direta a aprendizagem,
nomeadamente quando se trata de formação de adultos: motivação, estilos próprios de pensar e sentir,
reforço, conhecimento dos objetivos, a familiaridade dos conteúdos… Vamos aqui apenas abordar
alguns destes fatores, considerados importantes no domínio da formação de adultos.
I) Motivação
A motivação é algo que desencadeia a ação, que permite dirigi-la em função das metas que
pretendemos atingir. Constituem forças internas relativamente temporárias ou reversíveis que nos
imprimem energia em direção a determinado comportamento.
A motivação pode ter diversas implicações ao nível da formação. É preciso ter em atenção que cada
indivíduo possui diferentes valores, intenções, experiências e motivações. Determinadas experiências e
reforçadores da aprendizagem adquirem uma valorização específica em função de aprendizagens
anteriores, sendo que o que é significativo para um indivíduo pode não o ser para outro. O investimento
do formando no processo de aprendizagem dependerá da sua motivação e do significado que ele vai
atribuir ao próprio processo.
Estes fatores contribuirão para uma melhor integração da informação nas estruturas cognitivas. A
motivação facilita, assim, a aprendizagem, mas pode acontecer que, se muito elevada ou muito baixa,
gere um estado de ansiedade tão elevado ou uma passividade que iniba a aprendizagem. Será
essencial um nível de motivação ótimo – quanto mais motivados no processo de aprendizagem mais
facilmente e mais aprendemos.
Fatores Motivadores:
Facilidade de comprovar eficiência pessoal
Autonomia/iniciativa
Responsabilidade
Convívio saudável
Assertividade
Objetivos conhecidos, aceites e realizáveis
Autoestima
Utilidade
Dinamismo
Fatores Desmotivadores:
Rotina
Falta de reconhecimento
Impossibilidade de progresso
Falta de responsabilidade
Demora na resolução de problemas
Frustração
Falta de comunicação
Motivar um grupo:
Cabe ao formador desencadear o estado de motivação dos seus formandos…
Conheça os seus formandos
Prepare e desenvolva as sessões de formação de forma estimulante
II) Memória
A aprendizagem está intimamente ligada à memória, dado que o que se aprende tem de se conservar.
É a memória que permite que as modificações alcançadas com a aprendizagem se mantenham ao
longo do tempo. Não podemos aprender sem recordar nem recordar sem aprender. São os
conhecimentos, as experiências anteriores, que nos permitem selecionar, organizar e reconhecer as
informações atuais.
Em situações de perigo esta seleção é mais rápida, automática, através de reflexos motores.
No entanto, a vida quotidiana nem sempre requer formas de atenção tão complexas e em diferentes
situações a nossa atenção flutua entre a discriminação de perceções sensoriais, a memorização de
certas informações e a realização de novas aprendizagens (motoras ou cognitivas). Em todas estas
situações a atenção vai depender do grau de motivação do sujeito.
Da mesma forma, o conhecimento dos resultados obtidos permite que o formando obtenha informação
sobre o que aprende e como aprende. Constitui um reforço para o facilitar do processo de
aprendizagem.
VI) Reforço
O reforço, tal como defendido pelas teorias comportamentalistas, constitui, em situação de formação
um estímulo à aprendizagem. Tem por efeito aumentar a frequência das respostas, nomeadamente,
reforçar respostas adequadas ocorridas numa determinada situação de aprendizagem. A ausência de
reforço, corresponde à diminuição do rendimento e pode dificultar o processo de aprendizagem.
VII) Idade
A idade é uma variável muito importante como fator de aprendizagem. A criança e o adolescente
encontram-se num período de desenvolvimento das suas capacidades cognitivas e de maturação
neurofisiológica, consequentemente, têm menos facilidade em aprender do que um jovem adulto ou um
adulto. Já o idoso, em fase de declínio das suas capacidades cognitivas tem mais dificuldade em
registar a nova informação. Estas informações revestem-se, assim, de extrema importância no
VIII) A perceção
A perceção não é uma fotografia da realidade. Esta é uma construção da realidade, baseada em pouca
informação; o que nos chama a atenção para a necessidade de sermos tolerantes com a forma de os
outros percecionarem os objetos e as situações. Essas perceções podem ser diferentes das nossas; o
que não significa que estejam erradas.
Características da perceção:
Perceção Social:
A forma como percecionamos objetos e pessoas é semelhante no entanto a segunda é mais complexa
pelo facto de o objeto percecionado não ser inerte e percecionar também ele o observador. Trata-se de
uma situação relacional e interativa.
As Primeiras Impressões: Quando encontramos uma pessoa pela primeira vez, formamos
rapidamente uma primeira impressão, com base em informações insuficientes, que correspondem mais
às nossas crenças e valores do que propriamente à realidade da pessoa que estamos a conhecer. Esta
primeira impressão é positiva na medida em que nos permite rapidamente, com base em alguma
informação, agir perante determinada pessoa. No entanto, este processo apresenta insuficiências pelo
que devemos evitar que as suas influências negativas interfiram no nosso relacionamento com os
outros.
X) As Diferenças Individuais
As diferenças individuais estão relacionadas com:
Idade
Inteligência
Estado emocional
Estilos de aprendizagem
Maturidade
Estado emocional:
Na segunda metade do séc. XIX, o sistema educativo de crianças e jovens começou a sofrer grandes
alterações com as constantes descobertas da evolução do desenvolvimento humano, a revolução
industrial e as constantes mudanças tecnológicas. Surge assim, a necessidade de fazer os adultos
“regressar à escola”, como forma de dar resposta a uma sociedade em constante evolução. Surge
assim a Formação Profissional.
No entanto, é necessário constatar que os adultos constituem uma população com características
diferentes das crianças e dos jovens o que levou ao desenvolvimento da ANDRAGOGIA, bem como à
constituição de um sistema de ensino diferente do da escola-tradicional.
PEDAGOGIA ANDRAGOGIA
CRRIIAANNÇÇAASS ADDUULLTTO
OSS
Com o avançar da idade vão-se deteriorando mais ou menos lentamente das capacidades sensório-
motoras, como a visão, audição, tempos de reação... No entanto, ao contrário do que possa parecer ao
senso comum, as capacidades intelectuais tendem a melhorar (capacidade de resolução de problemas,
racionalização, vocabulário…).
1. Princípios da Andragogia
Portanto, poderíamos dizer que a grande diferença incide, principalmente, sobre o papel mais
responsável do adulto em todo o processo de aprendizagem, mas ao mesmo tempo na utilidade que
uma formação terá para um adulto. Espera-se que este seja o principal orientador no seu processo de
aprendizagem, isto é, que seja responsável pelas suas próprias decisões.
Será igualmente importante salientar que a andragogia implica uma diferente orientação do processo,
consequentemente também ao nível de métodos e técnicas necessárias ao seu desenvolvimento e ao
alcançar dos objetivos de formação.
Na andragogia, a aprendizagem deve focar mais no processo do que no conteúdo, sendo que
constituem técnicas de sucesso o role-playing, o estudo de casos, simulações pedagógicas e a auto-
avaliação. O formador deverá, por isso, exercer um papel de animador, mais do que mero expositor da
matéria.
Princípios Pedagógicos
O adulto aprende por si e consigo próprio, respeitando o seu ritmo e de acordo com as
suas experiências anteriores;
O adulto só aprende o que quer e com quem quer;
O adulto aprende melhor aquilo que sente necessidade;
O adulto aprende resolvendo problemas ligados à realidade quotidiana;
O adulto aprende sobretudo pela prática;
O adulto tem uma capacidade de atenção e concentração limitada;
O adulto resiste, sobretudo às avaliações.
Invariantes da Andragogia
“Ninguém ensina ninguém, as pessoas é que aprendem.”
“Ninguém forma ninguém! A formação pertence, de facto, a quem se forma.”
“O adulto só aprende o que quer e com quem quer.”
“Aquilo que não é desejado dificilmente é integrado”
2. Motivação no Adulto
Naturalmente que estas novas necessidades catapultam a formação e os seus sistemas para assumir
novos protagonismos e novas missões. Novos protagonismos porque tem um papel de destaque no
desafio da qualificação pessoal e social dos cidadãos aos vários níveis; novas missões porque tem que
garantir não só a igualdade de oportunidades a todos os cidadãos mas, mais do que isso, tem que
garantir o direito a uma formação de qualidade a todos os cidadãos.
Ora, esta missão não é fácil de cumprir pois os modelos vigentes estão ainda muito próximos dos
escolares, tratando os formandos como se fossem todos muito iguais. Contudo, esta realidade mudou
drasticamente. Hoje convivem, no mesmo grupo de formação, pessoas com níveis de qualificação,
pertenças étnicas e interesses muito diferentes. Torna-se mais difícil (se alguma vez foi fácil)
normalizar estes grupos. O dilema está aí e urge resolvê-lo: ou se adotam procedimentos do passado,
excluindo quem não seja igual em termos dos seus ritmos de aprendizagem ao comum do grupo de
formação, ou se inova criando ambientes de formação capazes de responder de forma eficaz a estes
grupos cada vez mais heterogéneos, fazendo da formação um instrumento garante do direito à
formação de todos os cidadãos que dela precisam. É nesta última perspetiva que a presença desta
temática no âmbito da formação inicial de formadores pretende ser um contributo – apoiar quem deseja
assumir uma formação de qualidade para todos independentemente das suas diferenças.
Esta nova conceção da pedagogia coloca ao formador grandes desafios: em vez da preocupação em
ensinar, o foco deverá ser a criação de condições para que os formandos aprendam. A pedagogia
diferenciada significa romper com o ensino tradicional. Um bom formador deve ter presente que os
formandos não aprendem todos do mesmo modo, nem as suas dificuldades são sempre as mesmas.
Assim, o formador deve procurar ajustar as práticas de ensino / formação aos formandos, às suas
características pessoais e coletivas, aos seus pontos fortes bem como aos menos conseguidos.
Porquê diferenciar? Porque cada formando apresenta características próprias, tipos de inteligência
variados, interesses e necessidades diferentes, contextos de vida diversos, estilos de aprendizagem
variados… Atenção que a pedagogia diferenciada… não é ensino individualizado! Não é o caos! Não é
outra forma de conseguir grupos homogéneos! Assim, a diferenciação pedagógica é a adequação de
estilo de ensino aos estilos de aprendizagem.
A base teórica da pedagogia diferenciada tem origem em diversas teorias / modelos, dos quais
destacamos: A teoria das inteligências múltiplas; A Conceção de diferentes estilos de aprendizagens;
Vejamos então sinteticamente algumas das conceções destes modelos, especificamente, no que
respeita às questões da diferenciação pedagógica.
Gardner (1983) apresenta o modelo das inteligências múltiplas. O principal pressuposto desta teoria é o
de que além da tradicional inteligência lógica-matemática e linguística, cada indivíduo pode
desenvolver outros tipos de inteligências, de caraterísticas distintas. Gardner identifica, para além das
já referenciadas (Inteligência Lógico-Matemática e Inteligência Linguística), outros tipos de inteligência,
a saber, Inteligência Musical, Inteligência Corporal-Cinestésica, Inteligência Visuo-espacial, Inteligência
Interpessoal, Inteligência Intrapessoal, Inteligência Naturalista e Inteligência Existencialista.
Não existe uma única forma de aplicação dos princípios da pedagogia diferenciada, mas os processos
envolvidos podem sistematizar-se nos seguintes:
Diferenciar conteúdos (p.e.: diferentes tipos de documentos e textos sobre determinado tema)
Diferenciar processos: (p.e.: selecionar estratégias e atividades de acordo com o perfil dos
formandos)
Diferenciar produtos (p.e.: utilizar diferentes instrumentos de avaliação)
Diferenciar ambientes (p. e. variar a constituição dos grupos de trabalho)
Como se faz? Mais uma vez não há receitas mágicas, mas podem identificar-se algumas
características de um processo de aprendizagem em conformidade com os princípios da pedagogia
diferenciada, a saber:
Atitude flexível e “sensibilidade” por parte do formador
Gestão aberta / semiaberta do tempo letivo
Análise dos estilos de aprendizagem dos aprendentes
Reconhecimento de que há diferentes estilos de aprendizagem e que todos devem ser
valorizados
Realce para os conteúdos que são considerados essenciais;
Papel ativo dos participantes no seu próprio processo de aprendizagem;
Valorização do trabalho autónomo dos aprendentes bem como do trabalho em equipa
Negociação entre formador e formando/aprendente
Formadores e formandos colaboram conjuntamente no processo de aprendizagem, redefinindo
objetivos e analisando o sucesso e os fracassos
Diversificação de estratégias, atividades e materiais
Os desafios/atividades propostos têm que ser moderados e exequíveis;
Utilização de novas e diferentes formas de avaliação
…
Quais serão então as competências do formador no contexto da formação profissional? De acordo com
Perrenoud (2005) podem elencar-se as seguintes competências:
Planear e animar situações de aprendizagem
Gerir a progressão das aprendizagens
Conceber e fazer evoluir os dispositivos de diferenciação
Envolver os formandos nas suas aprendizagens
Trabalhar em equipa
Participar na gestão da formação
Informar e envolver os responsáveis
Utilizar novas tecnologias
Enfrentar os deveres e os dilemas éticos da profissão
Gerir a sua própria formação contínua.
A Programação Neurolinguística (PNL) tem dado recentemente alguns contributos para o entendimento
do processo de aprendizagem. Dediquemo-nos inicialmente à análise dos principais conceitos
envolvidos na programação neurolinguística.
Neuro: Relacionado com o sistema nervoso. Todos os comportamentos nascem dos processos
neurológicos da visão, audição, olfato, paladar, tato e sensação. Percebemos o mundo através dos 5
sentidos.
Programação: A forma como organizamos o que captamos através dos nossos sentidos
Linguística: utilizamos linguagem verbal e não verbal para ordenar os nossos pensamentos e
comportamentos e comunicarmos com os outros
A PNL é considerada uma metodologia ou uma tecnologia, que aborda sistemas, comportamentos,
liderança, gestão, motivação, aprendizagem e outros. A PNL recorre a diversos conhecimentos de
diversas áreas, inter-relaciona-os, de forma simples e com resultados práticos. De acordo com a PNL
existem três sistemas fundamentais: o Sistema Visual, o Sistema Auditivo e o Sistema Cinestésico
Certamente que há diversas variáveis que facilitam a aprendizagem, mas acontece muitas vezes que o
formador/professor, inconsciente dos diversos tipos de preferências sensoriais, explica o assunto
(sempre da mesma maneira) no tipo de linguagem sensorial que lhe é querida a si. Pode tornar-se
assim, ele mesmo, a origem do “fracasso” do aprendente. É fundamental que os formadores
desloquem a extrema atenção do conteúdo para a forma de aprender. Há que respeitar e conhecer as
pessoas e suas características próprias em vez de as massificar.
Numa sociedade em constante mudança, a exigência de trabalhadores mais flexíveis é crescente, pelo
que as competências de inovação, criatividade e empreendedorismo são cada vez mais importantes no
atual mercado laboral.
Assim, não é possível, no momento atual, conceber um “bom” formador que não
apresente estas características de empreendedorismo e criatividade pedagógica. De acordo com o
referencial de
Já no que respeita ao empreendedorismo este tem vindo a ser identificado como uma competência
transversal, fundamental para o desenvolvimento humano, social e económico.
O espírito empreendedor caracteriza-se fundamentalmente pelo desejo e energia para agir, de forma
persistente, sobre a realidade envolvente. Essa dinâmica é útil, seja no âmbito da vida pessoal, na vida
comunitária, na vida das organizações, seja na criação de iniciativas de carácter empresarial. Pessoas
empreendedoras produzem novas soluções, criam inovação, resolvem problemas, correm riscos,
falham e aprendem a ser mais eficazes; mobilizam recursos e pessoas em torno de ideias e, em toda
essa dinâmica, existe sempre a procura da criação de valor para si e para os outros.
Na perspetiva do empreendedor, a realidade que o envolve não é estática e inalterável, mas algo que
pode ser “perturbado”, que pode ser alterado; nesse sentido, um empreendedor é um “visionário”
porque tem a capacidade de imaginar novas realidades futuras.
É importante que os formadores treinem as suas competências para que se tornem aptos a agir, no
exercício das suas funções, como agentes facilitadores no processo de aquisição e desenvolvimento
inicial de competências de empreendedorismo.
Bibliografia
Santos, Maria Antónia; Estratégia inteligente: saber utilizar todo o potencial do cérebro,
Lisboa, edição Monitor, 1992
Legislação de Enquadramento.