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Sumário
NOSSA HISTÓRIA ..................................................................................................................................... 2
INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................... 3
TECNOLOGIA DE INFORMAÇÃO, COMUNICAÇÃO DIGITAL E SOCIABILIDADE ........................................ 5
Tecnologia da Informação ....................................................................................................................... 5
CULTURA DIGITAL E EDUCAÇÃO ........................................................................................................... 11
Conceito e Características ..................................................................................................................... 11
As Três Leis da Cibercultura .................................................................................................................. 13
A Cultura Digital e a Educação .............................................................................................................. 15
TICS e TDICs ........................................................................................................................................... 18
As TDICs no Contexto da Educação Atual ............................................................................................. 20
A Sala de Aula Invertida ........................................................................................................................ 21
As Contribuições das TDICs para a Sala de Aula Invertida .................................................................... 24
O USO PEDAGÓGICO DAS MÍDIAS SOCIAIS ........................................................................................... 27
Troca de Informação ............................................................................................................................. 27
Características da Comunicação On-Line .............................................................................................. 28
Mídias Sociais e Comunidade Escolar ................................................................................................... 30
Possibilidades Pedagógicas com as Mídias Sociais ............................................................................... 31
A tecnologia precisa estar presente na sala de aula ............................................................................. 35
A importância do Web currículo ........................................................................................................... 36
Como encontrar o equilíbrio no uso da tecnologia na sala de aula ...................................................... 36
Autoria................................................................................................................................................... 37
Entusiasmo ............................................................................................................................................ 38
Ensinar é Simples: 4 tendências tecnológicas que os educadores devem observar ............................ 39
15 passos para adotar tecnologias em sala de aula .............................................................................. 41
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................................. 44
1
NOSSA HISTÓRIA
2
INTRODUÇÃO
3
Figura 1: Mudança Cultural.
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TECNOLOGIA DE INFORMAÇÃO, COMUNICAÇÃO DIGITAL
E SOCIABILIDADE
Tecnologia da Informação
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ruptura, devido aos estudos relacionados à inteligência artificial ligados à cognição. É
o peopleware, e o conhecimento humano como artifício imprescindível na era atual.
b) Para Laudon e Laudon (2004), a tecnologia da informação pode ser
entendida como um conjunto formado por hardware e software e utilizado para
coletar, processar, armazenar, disseminar informação para suporte às decisões.
A TIC é o resultado da fusão das telecomunicações, da informática, e das
mídias eletrônicas e servem de ferramentas mediadoras do processo educacional
como um todo (BOHN, 2011).
A escolha da tecnologia está relacionada ao meio mais apropriados para uma
situação específica de ensino e aprendizagem e pela elaboração de um assunto
pedagógico adequado a eles. Embora seja simples dizer que a tecnologia vem
proporcionado avanços na humanidade, não é tão simples conceituar a tecnologia.
Analisando a etimologia dessa palavra, verifica-se que é constituída de duas palavras
gregas: “tecnhos” e “logia”. Enquanto a primeira palavra significa o processo de se
fazer algo, a segunda significa o sistemático entendimento sobre algo. Então,
tecnologia pode ser entendida como o conhecimento de se fazer algo, ou melhor, o
conhecimento da manipulação da natureza para finalidades humanas (BETZ, 1997).
Segundo Turban, Rainer e Potter (2005), a Tecnologia da Informação em si
geralmente não é mais o motivo de vantagem competitiva, mas pode ser a base para
o uso estratégico da informação, que poderá se constituir nessa vantagem.
O novo cenário que se vale das tecnologias da informação e comunicação para
educar exige uma estratégia de gestão que contemple aspectos antes não avaliados
na busca pela qualidade educacional. O processo ensino e aprendizagem carece,
agora, de uma infraestrutura mais especializada que ofereça condições de pôr em
prática um aprendizado colaborativo e construtivista ao mesmo tempo. Complementa
esse raciocínio a autora Belloni (2005), ao dizer que com o uso de novas ferramentas
tecnológicas o gestor da educação deve formular uma nova midiatização do processo
ensino e aprendizagem:
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Essa conjunção de “tecnologias da informação e comunicação com sólidas
bases pedagógicas”, exige uma adequada infraestrutura que, valendo-se de um
ambiente virtual de aprendizagem colaborativo, se paute pela qualidade e não
somente pela quantidade (BOHN, 2011).
Lévy (1996) afirma que vem ocorrendo um movimento de virtualização, o qual
atinge os indivíduos, a economia, a sensibilidade coletiva e não só a informação e
comunicação. Para o autor, essa virtualização afeta até mesmo a maneira de “estar
junto ‟, caracterizados pelas comunidades virtuais, empresas virtuais, cultura virtual,
ou seja, a era dominada pelo virtual. Para constatar isso, Levy (2009, p. 31) disserta:
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com uma aproximação mais efetiva, em termos de maior aprofundamento e processos
de aprendizagem ao longo da vida. Segundo os autores, a tecnologia tem mostrado
ser capaz de dar o apoio às pessoas quanto à organização, transferência, e
administração de informações. Dessa forma, a tecnologia tem contribuído para
promover um amplo espaço para o estudo individual, interação em aula e experiências
de aprendizagem mais ricas.
Atualmente, os recursos tecnológicos de suporte a cursos on-line permitem
estender o acesso à informação e explorar modos de comunicação síncronos e
assíncronos, sendo que a seleção e a combinação destes recursos tecnológicos
dependerão do modelo adotado, dos objetivos do curso e das características do
público-alvo (RAMOS, 2005).
No que se refere à comunicação síncrona e assíncrona, Ramos (2005)
esclarece que a primeira supõe a comunicação entre pessoas de diferentes
localidades por meio da Internet em tempo real, tendo como ferramentas de apoio
nesta comunicação os chats (bate-papo), comunicadores instantâneos (msn, skype),
vídeo conferência e vídeo chat. Enquanto que o segundo tipo supõe a comunicação
entre pessoas de locais diferentes, independentemente do tempo, utilizando-se de
ferramentas como o e-mail e o fórum de discussão.
As TICs estão nos celulares, radinhos portáteis, televisores domésticos, em
livros, em carros, no gps, nas câmeras dos celulares, no cybercafé da esquina, nos
meios que podem minimizar a distância entre professores e estudantes na construção
do conhecimento. Shapiro e Varian (1999) afirmam que as mudanças que vêm
acontecendo são consequência dos avanços da tecnologia.
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Pode-se dizer que sistema de comunicação e interatividade continuará
crescendo alterando a cultura da humanidade, transformando rapidamente a
sociedade atual.
Segundo Chui et al. (2009), as tecnologias da web 2.0 ramificaram rapidamente
entre os usuários nos últimos anos. Redes sociais como o Facebook, Linkedin têm
atraído milhões de usuários.
Os autores resumem os principais tipos tecnológicos utilizados, apresentando
uma breve descrição por função e a categoria de tecnologia que estão inseridos,
conforme apresentado na seguinte tabela:
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Rede social, Aproveita a conexão
mapeamento de redes entre pessoas para Grafo social
oferecer novas
aplicações
Fonte: Adaptado de Chuí et. al. (2009).
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CULTURA DIGITAL E EDUCAÇÃO
Conceito e Características
A cultura digital é uma nova cultura que surge a partir da digitalização das
tecnologias analógicas, com o uso do microcomputador, além do desenvolvimento da
cibernética, linguagens de programação, e ainda recebe influências de fatores sociais,
políticos, econômicos, etc.
Para entender melhor as características da cibercultura, usaremos o teórico
Lévy (1999), que utiliza termos como ciberespaço e cibercultura, que surgem no
cenário digital. De acordo com ele:
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[...] ciberespaço é o novo meio de
comunicação que surge da interconexão
mundial dos computadores. O termo
especifica não apenas a infraestrutura
material da comunicação digital, mas também
o universo oceânico de informações que ela
abriga, assim como os seres humanos que
navegam e alimentam esse universo. Quanto
ao neologismo "cibercultura", especifica o
conjunto de técnicas (materiais e
intelectuais), de práticas, de atitudes, de
modos de pensamento e de valores que se
desenvolvem juntamente com o crescimento
do ciberespaço (LÉVY, 1999, p. 14).
12
cibercultura surge a partir da interação entre ciberespaço e cultura (GEERTZ, 2000).
A cibercultura reúne formas de significar e de atuar/interagir no ciberespaço, formas
que são diferentes das que existiam antes de sua chegada. (CERVERÓ, 2007).
13
A liberação do polo de emissão ainda atende a uma comunicação de auto--
organização, e também de nível sociopolítico, independentes da mediação do sistema
de mídia tradicional. Cabe mencionar aqui o exemplo das manifestações a partir do
ano de 2010 contra a ditadura nos países árabes, fato que ficou mundialmente
conhecido como “Primavera árabe”, em que cidadãos comuns utilizaram as redes
sociais para multiplicar rapidamente mensagens vindas de pequenos grupos,
sensibilizando o mundo todo. Aqui vemos princípios de coletividade e colaboração,
que também estão muito presentes na cultura digital.
b) A segunda lei: princípio de conectividade generalizada (conexão em rede)
— lei que caracteriza a cibercultura atenta para o princípio de conexão em rede. “[...]
É preciso emitir em rede, entrar em conexão com os outros, produzir sinergias, trocar
pedaços de informação, circular, substituir” (LEMOS, 2009, p. 40).
Essa troca em rede potencializa o cenário de inteligência coletiva - um conceito
de Pierre Lévy, que é um alicerce importante da cultura digital. A inteligência coletiva
é moldada por meio das tecnologias digitais de forma colaborativa. As conexões
sociais, estabelecidas pela utilização das redes abertas na internet, possibilitam um
processo em que as inteligências individuais são somadas, compartilhadas e
potencializadas. Essa rede de troca mútua só é possível pela lei de conectividade
generalizada. Ou seja, a cibercultura é formada por uma rede interativa, de troca e
compartilhamento entre pessoas, comunidades, grupos, etc.
Podemos citar como exemplo as redes de ensino a distância, que se favorecem
desse princípio e desenvolvem sistemas de aprendizagem colaborativa em rede.
Estudantes do mundo inteiro trocam ideias, conhecimentos, interesses, etc.
c) A terceira lei: lei da reconfiguração sociocultural — a cultura digital,
formada pela postura ativa do usuário como produtor de conteúdo, em um ambiente
colaborativo e de conexão generalizada, contribui com mudanças significativas quanto
a práticas e instituições sociais e culturais.
A cultura digital reconfigura a indústria cultural massiva, e modifica as redes de
sociabilidade da sociedade industrial. A cultura trazida pelas tecnologias digitais tem
enriquecido a diversidade cultural mundial. O cenário de comunicação em rede se
contrapõe aos modelos massificados de indústrias e de comunicação, trazendo à tona
as culturas locais em meio ao global supostamente homogeneizante. Com a
possibilidade trocar e compartilhar os mais diversos conteúdos, amplia-se o acesso
aos mais variados tipos de produção artística, cultural, etc.
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SAIBA MAIS ...
A web 2.0 é uma geração da internet que permitiu consideráveis avanços e
enriqueceu a cultura digital. A internet, na sua primeira geração, chamada de web
1.0, colocava os usuários apenas na condição de consumidores, que acessavam
o conteúdo divulgado por empresas que “dominavam” essa época da web. Não
havia comunicação de duas vias, a interação era mínima. O número de usuários
conectados nessa grande teia de rede virtual, até o ano de 2003, ainda era
inexpressivo. A internet, nessa época, funcionava como uma televisão: o conteúdo
vinha pronto, apenas permitindo navegar por meio dos links. A partir dos anos
2000, o surgimento da web 2.0 desenvolve uma série de ferramentais digitais que
permitem ao usuário abandonar a condição de mero consumidor de informações
para se tornar também produtor de conteúdo — o que muda a forma de
comunicação com os outros e nossa experiência on-line, que se torna muito mais
interativa. Ou seja, você não precisa mais saber linguagem de programação para
criar o seu próprio site: começam a surgir ferramentas prontas para isso. Os blogs,
por exemplo, são exemplos clássicos dessa geração da história da internet.
Facebook, YouTube, Twitter, são exemplos de ferramentas da internet 2.0. A
produção e o compartilhamento da informação são pilares essenciais dessas
novas ferramentas, que formam as principais redes sociais da atualidade.
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Ser alfabetizado hoje, em meio à cultura digital, inclui saber ler e escrever não
só pelos meios tradicionais, mas também através das tecnologias digitais. Tirar
proveito educativo e como cidadão desse cenário digital vai muito além de atuar
apenas como mero consumidor de conteúdo.
Observa-se que os alunos, em sua maioria, chegam às escolas repletos de
habilidades associadas à cultura digital. Muitos sabem manusear dispositivos móveis
desde cedo, fazer buscas básicas em motores de busca on-line, sabem filmar,
fotografar, fazer edições básicas, usar editores de textos, jogos, etc.
No entanto, o principal desafio da escola não é somente garantir o acesso a
essas tecnologias e à formação técnica, mas a formação para o uso ético e crítico da
própria tecnologia, engajando o aluno na cultura digital como participante ativo, crítico
e cidadão.
Mas, quando falamos de alfabetização para a cultura digital, que tipo de
alfabetização falamos?
A Unesco, em um relatório de 2013 (WILSON et al., 2013), resolveu unir todas
as alfabetizações necessárias para o desenvolvimento de habilidades importantes
para o cenário digital. A essa reunião de várias áreas a Unesco nomeou de
“alfabetização midiática e informacional (AMI)”, conforme a Figura 1, a seguir:
16
isolada, e sim holística. A seguir, no Quadro 1, vamos apresentar as principais
habilidades que consideramos relevantes para o ambiente de cultura digital.
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NAVEGAÇÃO TRANSMÍDIA .A capacidade de acompanhar o fluxo
de informações através de múltiplas
modalidades.
NETWORKING A capacidade de procurar, sintetizar
e disseminar informações
NEGOCIAÇÃO A capacidade de se envolver em
diversas comunidades on-line,
discernindo e respeitando múltiplas
perspectivas, e seguindo normas
alternativas que visam o respeito
mútuo
Fonte: Adaptado de Lewis (1997).
TICS e TDICs
De acordo com Kenski (2012), a palavra tecnologia nos remete muito além de
uma máquina. O conceito de tecnologia é amplo e diz respeito à totalidade de coisas
que o cérebro humano é capaz de criar e construir, em todas as épocas. Os óculos
são uma tecnologia, a escrita é uma tecnologia, e assim por diante. As tecnologias
têm
1. suas formas de uso;
2. suas aplicações.
Visam a atender as necessidades humanas.
São geradas a partir da utilização de:
1. diversos recursos;
2. de técnicas;
3. conhecimento científico.
Se tornam ferramentas instrumentais e simbólicas.
Para Kenski (2012, p. 24), o conjunto de “[...] conhecimentos e princípios
científicos que se aplicam ao planejamento, à construção e à utilização de um
equipamento em um determinado tipo de atividade, chamamos de tecnologia”.
Cada época da história humana foi marcada por suas revoluções tecnológicas.
Sem dúvida, a era em que estamos é marcada pela tecnologia digital, que abrange
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um conjunto de tecnologias que revolucionou as últimas décadas. As tecnologias
digitais, diferentemente das analógicas, permitem transformar dados em números
binários, isto é, em “zeros” e “uns” (0 e 1). Ou seja, um texto ou uma imagem são
“lidos” pelos dispositivos digitais em linguagem numérica e aparecem para nós na
forma final de uma linguagem que conhecemos. A tecnologia digital supera em vários
aspectos a tecnologia analógica, que funciona por meio do sinal analógico,
considerado hoje inferior ao sinal digital.
Essas tecnologias digitais revolucionaram a indústria, a comunicação, a
economia e a sociedade de forma geral. Com elas, as formas de armazenamento e
de difusão de informação se expandiram, a comunicação passou a ser em rede e a
informação passou a ser descentralizada.
A tecnologia digital gera vários outros tipos de tecnologias, como as TDICs, que
são o cerne desse processo de revolução digital e surgem no contexto da Revolução
Informacional, chamada também de Revolução Telemática ou, ainda, Terceira
Revolução Industrial, que acontecem a partir da segunda metade da década de 1970
e avançam nos anos 1990.
As TDICs envolvem tanto dispositivos quanto softwares relacionados à
comunicação e à disseminação de informação:
• Telefones celulares,
• Smartphones,
• Programas de acesso à internet
• Conteúdos midiáticos como podcasts, blogs, etc.
Belloni (2008) indica dois principais componentes que formam o conceito de
TDICs: a comunicação e a informação. Ela considera a comunicação como processo
que pode se articular por meio das redes multisserviços, capazes de proporcionar
interações mais efetivas. Já a informação se relaciona com o conteúdo, que pode
estar em vários formatos e linguagens: vídeos, textos, imagens, etc.
19
Fonte: Wilson et al. (2013, p. 19).
20
do conhecimento pelo aluno. Porém, além disso, o que se tem enfatizado também é
a forma como as TDICs têm contribuído para desenvolver metodologias de
aprendizagem abertas que
AS METODOLOGIAS ATIVAS
estão associadas a
O modelo mais conhecido e praticado nas
concepções mais
instituições de ensino é aquele em que o
construtivistas do processo de aluno acompanha a matéria lecionada
aprendizagem de sujeitos pelo professor por meio de aulas
expositivas, com aplicação de avaliações
autônomos (BELLONI, 2008). e trabalhos. Esse método é conhecido
como passivo, pois nele o docente é o
protagonista da educação. Já na
Nessa perspectiva, são
metodologia ativa, o aluno é personagem
muitas as possibilidades principal e o maior responsável pelo
pedagógicas com as TDICs processo de aprendizado. Sendo assim, o
objetivo desse modelo de ensino é
que podem trazer melhorias no incentivar que a comunidade acadêmica
processo de ensino- desenvolva a capacidade de absorção de
aprendizagem, o que se torna conteúdos de maneira autônoma e
participativa.
fundamental à integração delas
na educação. Além da simples inserção dessas tecnologias no ambiente escolar, o
que se espera é que sejam criadas novas formas e técnicas para a adoção de
metodologias de aprendizagem abertas e ativas, como a sala de aula invertida, ou
flipped classroom, que vamos detalhar no próximo tópico.
Considerada uma metodologia ativa, a sala de aula invertida (ou fl ipped class-
room) se delineia por uma abordagem pedagógica que faz a inversão do espaço
escolar tradicional, e tem se apoiado na utilização das TDICs.
De maneira geral, em uma aula convencional, o professor é quem vai
transmitir a informação para o aluno. Este, por sua vez, após a aula, deve estudar o
material que foi transmitido ou realizar alguma atividade/exercício sobre o conteúdo
para reforçar o que foi aprendido.
Na abordagem da sala de aula invertida, o aluno estuda o conteúdo antes da
aula presencial. O encontro presencial entre alunos e professores se torna um
espaço de aprendizagem ativa, em que há questionamentos, discussões e atividades
21
práticas, geralmente em grupo. O professor fica focado não mais em expor o
conteúdo, mas sim trabalhar as dificuldades dos alunos.
Embora já exista, há um tempo, esse tipo de metodologia ganha bastante
espaço na era digital, especialmente em cursos semipresenciais ou mesmo a
distância. Na ocasião, os alunos estudam o conteúdo em ambiente on-line, antes de
frequentar a aula presencial, que passa a ser o momento para trabalhar os conteúdos
já vistos.
Nessas aulas presenciais, o professor vai mediar atividades práticas de caráter
colaborativo que podem envolver resolução de problemas e projetos, discussão em
grupo, práticas laboratoriais, etc. Becker (1997 apud SACCOL et al., 2011, p. 103)
enfatiza o modelo pedagógico relacional que se forma na sala de aula invertida, em
que o professor possibilita o acesso às informações, permitindo que o educando se
aproprie dessas informações e experimente o processo de aprendizagem. O professor
abandona seu papel principal de transmissor de conteúdos
e passa atuar, na sala de aula presencial junto aos alunos, como mediador,
problematizador, instigador, orientador e articulador do processo.
Esse modelo pedagógico favorece condições para que o aluno construa seu
conhecimento em qualquer ambiente, a qualquer momento, por meio de dispositivos
móveis, tendo acesso a conteúdo midiáticos diversos, como material de estudo.
Para Moran (2012, p. 30), “[...] as tecnologias podem trazer, hoje, dados,
imagens, resumos de forma rápida e atraente. O papel do professor — o papel
principal — é ajudar o aluno a interpretar esses dados, a relacioná-los, a contextualizá-
los”.
Os conteúdos teóricos da tradicional aula expositiva agora “ganham vida” por
meio de outras plataformas em formatos e linguagens diversos no ambiente digital.
São vídeos, jogos, podcasts, e-books, etc.
Para Belloni (2008), a utilização e o acesso desses conteúdos digitais “[...] é
sobretudo uma atividade de consulta, de busca de conhecimentos em fontes diversas,
e se assemelha à consulta bibliográfica a livros, enciclopédias, documentos, etc.”
(BELLONI, 2008, p. 72).
A sala de aula invertida é uma metodologia ativa de ensino-aprendizagem
considerada inovadora, pois, além de demandar do docente uma mudança de postura
e abordagem, engaja o aluno para participar mais em atividades que visam à
construção do seu conhecimento.
22
A abordagem ainda propõe uma reformulação dos espaços de aula
presenciais (Figura 6 e 7).
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A Figura 8 mostra uma realocação dos alunos e do professor, que agora
trabalham em grupo, em mesas conjuntas, sendo o professor o mediador do processo
e a tecnologia o auxílio no acesso e estudo dos conteúdos disciplinares.
Destacamos algumas características que devem fazer parte da sala de aula
invertida, conforme pontuam Bennett et al. (2012):
As discussões devem ser levadas pelos próprios alunos à sala de aula após
estudo do conteúdo disciplinar;
O trabalho colaborativo deve ocorrer entre os alunos;
Os estudantes podem desafiar ou questionar uns aos outros durante a aula, em
função do conhecimento adquirido;
Os alunos devem trazer perguntas exploratórias e têm a liberdade de ir além
do currículo básico da disciplina;
Os estudantes se mostram ativamente engajados na resolução de problemas
e no desenvolvimento do pensamento crítico.
Assim, com a sala de aula invertida percebemos que os estudantes deixam seu
papel limitado de apenas receber conteúdos como ouvintes passivos e passam a atuar
como alunos ativos no processo de ensino-aprendizagem. Além disso, o estudante se
torna sujeito no contexto do aprendizado, se engaja em atividades práticas e
colaborativas em grupo e acaba interagindo mais com o professor.
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No espaço virtual, o professor pode contar com várias ferramentas, softwares,
comunidades on-line e plataformas de estudo que vão “abrigar” conteúdos diversos.
A pretensão é que o docente distribua o conteúdo aproveitando a potencialidade de
cada mídia e linguagem, conforme o conteúdo disciplinar. Para isso, é importante que
o professor compreenda algumas das principais contribuições que cada mídia on-line
e suas linguagens podem ter como material de estudo para a sala de aula invertida.
A seguir, vamos falar de vídeos, podcasts, e-books e comunidades on-line, mas
há vários outros conteúdos e ferramentas que podem ser explorados.
Os vídeos recorrem à linguagem do audiovisual e exploram vários sentidos:
visão, audição, etc.
Os vídeos são ótimos materiais de estudo, pois podem auxiliar o estudante a
compreender conceitos de forma mais visual do que por meio da linguagem verbal.
Pode ser usado para demonstrações de aplicações, exemplos, conhecimentos mais
práticos e procedimentos. Permitem usar imagens fixas ou em movimentos para
ilustrar conteúdos teóricos e podem variar quanto ao gênero:
Podem ser videoaulas;
Documentários;
Em formato de entrevista, etc.
O importante é que o vídeo não seja monótono nem muito longo, lembrando
que será acessado no ambiente on-line. Um mesmo assunto pode ser dividido em
vários vídeos, em gêneros diferentes. O professor pode criar seus próprios vídeos,
editá-los ou mesmo buscar por conteúdos prontos. Por exemplo, um professor de
história pode usar documentários reunindo relatos, imagens e notícias de um período
histórico. É muito mais estimulante e interessante que uma aula teórica. Ele pode
ainda recorrer a vídeos de canais on-line, como o canal da TV Escola no YouTube,
que traz vídeos de acesso gratuito com caráter educativo. O aluno terá contato com
esses conteúdos e depois vai levar as discussões para a sala de aula presencial.
Os podcasts são arquivos digitais de áudio, geralmente em formato .mp3, que
podem ser acessados on-line e também arquivados nos aparelhos celulares ou
computadores pessoais, por exemplo, para serem ouvidos posteriormente. O
potencial do podcast é a linguagem sonora, que estimula o aluno a ouvir atentamente
o conteúdo, incentivando a criatividade e a imaginação. O professor pode recorrer ao
podcast para expor pequenos resumos de um tema de aula, ou mesmo criar narrativas
cativantes sobre um determinado assunto, somente utilizando a voz, com linguagem
25
simples e curta duração. Um podcast pode ter de 1 a 3 minutos. O professor pode
fazer vários podcasts com trilha sonora e efeitos sonoros, para tornar o material mais
interessante. O podcast é um recurso atrativo para a educação, pois pode ser
acessado de dispositivos móveis a qualquer momento e lugar, e permite uma
linguagem mais informal.
Exemplo: o professor pode combinar videoaulas sobre vários conceitos e
depois trazer um resumo destes nos podcasts.
Pode, ainda, usar os podcasts para narrar e criar histórias envolvendo o
conteúdo da disciplina, com objetivo de cativar o aluno e estimular sua imaginação.
O professor de geografia, por exemplo, pode usar os vídeos para demonstrar os
biomas brasileiros, por meio de imagens. Como complemento, pode usar os podcasts
para criar histórias de personagens em meio a esses biomas, com objetivo de
incentivar a imaginação e “transportar” o aluno para um bioma de uma região
específica.
Por exemplo, a caatinga: o docente pode criar uma história de um personagem
que vive na caatinga por meio do podcast e, assim, estimular a imaginação do
estudante para dentro daquele bioma.
Os e-books são livros adaptados para o ambiente on-line, que podem suportar
conteúdos mais teóricos e completos. Podem trazer imagens, links para outras
páginas na web, etc. O interessante do e-book no meio virtual é que ele pode ser
interativo e hipertextual ao permitir a interligação com outros conteúdos. O e-book
pode ser ponto de partida para que o aluno complemente sua leitura com esses links,
que podem levar a vídeos, podcasts, etc. O e-book não pode ser muito extenso,
considerando a leitura em ambiente on-line. O professor pode indicar e-books na
internet para leitura ou criar os seus. Esse material pode ser a principal base da
disciplina, complementado por outros materiais. Os temas podem ser divididos em
capítulos.
Um bom exemplo de utilização e aproveitamento do material é o professor de
qualquer área disponibilizar o conteúdo completo da disciplina no formato de e-book
e depois criar materiais complementares.
Tanto as redes sociais quanto as comunidades on-line são ótimos recursos para
estudo dos alunos na sala de aula invertida. Eles podem se reunir nesses grupos on-
line para trocar ideias sobre o material, promover discussões e sanar dúvidas, de
forma colaborativa.
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Por exemplo, os professores podem criar grupos e comunidades on-line para
discussão e eventuais dúvidas sobre o estudo individual. É uma boa forma de sanar
as dúvidas durante o momento de estudo, tanto com o próprio docente como os outros
colegas.
O professor ainda pode usar esses ambientes de comunidade on-line para
divulgar mais materiais, deixar avisos e outras informações referentes à disciplina.
Em uma proposta de sala de aula invertida, vimos que o estudo e o acesso a
esses materiais acontecem individualmente por cada aluno.
E como garantir que eles realmente estudaram e exploraram o material, já que
o professor estará ausente fisicamente nesses processos?
Existem várias formas de acompanhar esse estudo por meio de:
Questionários aleatórios e diferentes para cada aluno, que valem pontos e
testam os conhecimentos aprendidos;
Realização de tarefas, como resumos e resenhas críticas dos conteúdos vistos,
que devem ser enviados ao professor antes da aula presencial;
Discussão e fórum on-line, em que o professor deve instigar os alunos a
exporem os conceitos apreendidos e avaliar a participação de cada um.
Troca de Informação
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Facebook;
YouTube;
Instagram;
Twitter, entre outras.
As mídias sociais nascem na Web 2.0, que é a fase histórica da internet que
permite que o usuário não só receba conteúdo ao acessar as redes, mas produza seu
próprio conteúdo e compartilhe.
A Web 2.0 reconfigura o cenário entre emissor e receptor, o que Lemos (2005)
chama de liberação do polo de emissão. Nessa perspectiva, surge uma variedade de
mídias sociais com esse propósito.
Conforme expõe Hardagh (2009), a expansão e o sucesso das mídias sociais,
que também são redes sociais, comprovam necessidades humanas anteriores ao
surgimento da internet: os desejos de estar junto, se comunicar, compartilhar e
colaborar, que são inatos do homem. O advento da internet reforça essas
necessidades e abre mais possibilidades de interação, troca da informação e
colaboração jamais vistas.
As mídias sociais atraem facilmente milhares de pessoas, pois atendem a
necessidades inerentes ao ser humano e criam espaços muito úteis em vários setores
sociais, um deles é a educação. As comunidades escolares, assim como os docentes
em sala de aula, podem usar essas mídias para promover a discussão e o
compartilhamento de ideias e experiências, de interesse de toda a comunidade e
também sobre temas tratados em aula.
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sociais favorecem esta troca mútua, em que todos ganham voz para opinar, diferente
de canais institucionais ou tradicionais de comunicação, em que se estabelece uma
relação mais hierarquizada.
A produção autoral nesses canais é estimulada através das ferramentas de
publicação de texto, imagem, vídeo, etc. Essas plataformas já são elaboradas visando
a atividade de produção e comunicação de ideias dos seus usuários. Isso é muito
favorável para engajar os alunos, fazendo com que eles colaborem compartilhando
conteúdos de interesse para toda a comunidade escolar.
Esses aspectos acabam facilitando a aproximação da escola com seu público, e
permite que se gerem discussões sobre temas diversos, inclusive trabalhados em sala
de aula.
O trabalho com as mídias sociais, nessa perspectiva, deve ser mediado pela
direção e gestores da instituição, a fim de acompanhar as interações promovidas
pelos alunos e restante do público da escola. O acompanhamento deve ter objetivo
de trazer um feedback para a escola sobre o que os alunos estão discutindo e
trocando ideias, mas não deve virar uma forma de controlar nem monitorar os alunos.
Deve-se ainda mediar as discussões para resolver eventuais conflitos e evitar
qualquer comportamento intolerante que pode surgir, visto que o ambiente de redes
sociais é marcado pela diversidade e divergência de opiniões e posicionamentos.
Fique Atento!
Redes sociais e mídias sociais são termos comuns que costumam ser usados
como sinônimos, mas existem diferenças. O termo rede social já existe mesmo
antes da internet e faz referência ao relacionamento com as pessoas, que se
agrupam em redes e comunidades que compartilham valores e objetivos em
comum. Ninguém precisa estar conectado à internet para fazer parte das redes
sociais. Já o termo mídias social se relaciona com as novas mídias de informação
e comunicação que nascem no bojo da Web 2.0 e permitem gerar e disseminar
conteúdo. Toda rede social on-line, que permite conexão com outras pessoas, ao
fornecer ferramentas de publicação e compartilhamento de conteúdo também é
uma mídia social. Ou seja, o Facebook pode ser uma mídia social e rede social ao
mesmo tempo — a rede social é uma parte integrante da mídia social Facebook.
Contudo, nem sempre uma plataforma on-line com interatividade vai ser uma rede
social. O YouTube é uma rede social ou uma mídia social? É uma mídia social,
pelo fato de o foco principal não ser a comunicação entre as pessoas, e sim o
compartilhamento de conteúdo em vídeo.
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Mídias Sociais e Comunidade Escolar
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alcançar seu público e mantê-lo mais participativo e informado quanto às atividades
que acontecem na escola.
A escola pode usar as mídias sociais para a função de “jornal-mural”, só que
agora on-line, com notícias, fotos, etc. Pode-se usar uma ou mais mídias sociais,
combinando-as e explorando as especificidades de cada uma.
Essas redes ainda podem ser muito úteis para as escolas no sentido de
favorecer a formação de um registro histórico. Fotos, textos e vídeos postados nessas
mídias podem render um material rico para a memória escolar.
O trabalho com as mídias sociais ainda favorece o debate de temas rela-
cionados à escola. Pode-se criar enquetes, petições on-line, etc., que engajam a
comunidade para assuntos de interesse. Por exemplo, uma escola pode usar as
mídias sociais para avaliar a satisfação dos pais e alunos quanto aos serviços
prestados pela escola, além de “colher” novas ideias, e assim, de forma colaborativa,
todos podem contribuir para melhorias às escolas. Pois, como diz Lévy (2003), as
ferramentas da Web 2.0 potencializaram a ação dos indivíduos nesse ciberespaço e
de inteligência coletiva, que propicia atitudes colaborativas em rede.
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plataforma é interativa e proporciona uma estrutura horizontal de comunicação, se
oferece ferramentas para a geração de conteúdo por parte de todos os envolvidos e
a colaboração. Esses aspectos ajudam a compor o que Henry Jenkins (2006) chama
de cultura participativa, sendo que o trabalho com essas mídias fortalece o propósito
de inserir os alunos como participantes ativos nessa cultura.
Bruner (1999) ressalta que quando a aprendizagem está ligada a atividades
que envolvem a atitude e postura participativas, proativas, colaborativas,
comunitárias, cooperativas, etc., se favorece uma aprendizagem significativa e
construtiva.
Digital Storytelling
Além de promover a discussão de temas de aula de forma colaborativa e em
rede, as mídias sociais têm um grande potencial para mudar a forma com que os
conteúdos são expostos em sala pelo professor. As mídias sociais abrem espaço para
narrativas mais interessantes do que a exposição de conteúdos de forma tradicional,
com uso de lousa ou PowerPoint.
Por estarem em um ambiente convergente, que reúne várias linguagens, o
professor pode usar essas mídias para preparar seus conteúdos pedagógicos,
garantindo uma experiência transmídia (em que os alunos podem explorar o conteúdo
da disciplina através de várias plataformas, linguagens e formatos). Além disso, os
conteúdos podem ser construídos de forma conjunta com os alunos, que podem
interagir.
Essas novas mídias favorecem novas formas de narrar as aulas, em uma
proposta chamada de digital storytelling. Segundo Frazel (2010), a narração de
histórias ou conteúdos diversos agora tem novos meios de se expressar na era
contemporânea. Assim, digital storytelling se baseia na estratégia de narração que
utiliza os recursos oferecidos pelas novas mídias.
O digital storytelling representa uma nova forma de organizar os conteúdos
didáticos, sem depender de estruturas clássicas e hierárquicas. Vamos apresentar
alguns exemplos de como isso pode ser feito:
Facebook, Twitter e Instagram: é possível utilizar uma ferramenta muito
comum no Facebook que é a linha do tempo, que apresenta uma evolução da
narrativa. Assim, pensando no contexto educacional, o professor pode expor o
conteúdo das aulas através de postagens, formando uma linha do tempo de
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acontecimentos. Pelo fato de ser uma plataforma interativa, os alunos podem ajudar
a construir as narrativas junto com o professor.
Através desse recurso, pode-se explorar um fato histórico, ou mesmo a
evolução de um conceito, a biografia de uma personalidade, etc. O professor pode
criar “perfis” no Facebook com este propósito, deixando aberto para que os alunos
acrescentem comentários, reajam com diversas expressões (tristeza, raiva, surpresa),
e contribuindo com outros conteúdos.
Além do Facebook, o Instagram e o Twitter também fornecem ferramentas para
a narração de conteúdos de forma didática, interativa e atrativa. Por exemplo, no
Instagram pode-se explorar a ferramenta “Stories” que permite sintetizar assuntos em
pequenas histórias. O Twitter, que é um microblog, permite narrar conteúdos de forma
sintética, através de pequenas frases e com palavras-chave que podem ajudar a fixar
o conteúdo, já que o uso de hashtags é muito comum nessa mídia social. O Instagram,
que preza por uma comunicação que valoriza imagens e vídeos, pode ser usado para
desenvolver a explicação de conceitos com uma série de imagens, de forma sintética
e com o intuito de fazer o aluno pensar através da linguagem do não verbal.
Youtube: é uma mídia social que explora o potencial da linguagem audiovisual,
que pode ser incorporado como recurso didático. Por ser muito popular na internet,
tem uma gama de materiais didáticos em vídeo à disposição do professor, que
também pode criar seus vídeos e fazer o upload de seu material para que os alunos
acessem
Uma estratégia pode ser fazer vídeos curtos e esporádicos, em uma sequência
de “série”. Cada vídeo aborda um pequeno conceito, que se liga a outro, que é uma
continuação da narrativa. Dessa forma, o professor pode manter a audiência ativa,
sem ter que expor vídeos muito longos e que fazem os alunos perderem o interesse
facilmente, já que estão em um ambiente on-line que gera a dispersão da atenção.
Compartilhar vídeos no YouTube é uma forma, também, de garantir mais
dinamicidade aos conteúdo. Voltado para esse propósito, o YouTube disponibiliza o
canal exclusivo, o YouTubeEdu! (YouTube Educação), que abre espaço para a
submissão de videoaulas para publicação.
Tumblr: menos conhecido, também pode ser explorado pelo docente como
estratégia de digital storytelling, pois se trata de uma plataforma de blosg que permite
aos usuários publicarem textos, imagens, vídeo, links, citações, áudios e até diálogos.
O Tumblr prioriza postagens de textos curtos. Os usuários se conectam a uma rede
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em que seguem outros usuários de seu interesse, e podem acompanhar suas
postagens. Também é possível “favoritar” ou “reblogar” outros blogs. O Tumblr ainda
permite personalizar os conteúdos dos usuários.
Assim como outras mídias sociais, essa plataforma também pode ser usada
para que o professor divulgue seus conteúdos didáticos de forma atrativa e dentro de
uma proposta de linguagem de blog, podendo personalizar o tema, conteúdo, etc.
Flickr e Pinterest: voltada exclusivamente para hospedar e compartilhar
imagens e fotografias, o Flickr é uma mídia social mais específica para o trabalho com
a linguagem não verbal. Estimula que seus usuários compartilhem suas próprias
imagens e fotografias, ou ilustrações. É uma boa forma de criar álbuns de fotografias
para explicar um determinado conceito, sem precisar usar quase nada de texto. Pode-
se pensar em livros digitais compostos somente por imagens. Outro exemplo de cunho
didático: o professor de biologia pode pedir aos alunos que exemplifiquem, por meio
de imagens, as fases do crescimento de uma planta, indicando nas legendas essas
etapas das fotos tiradas. Forma--se uma narrativa digital conforme as fotos são
encadeadas em uma sequência coerente, sendo um ótimo recurso didático.
O Pinterest também é uma mídia social voltada para a linguagem não verbal,
no entanto prioriza o compartilhamento de fotos e imagens de maneira geral. O intuito
é que o usuário forme um quadro de inspirações, com imagens temáticas diversas,
autorais ou não. Cada usuário pode compartilhar suas imagens, e também
recompartilhar imagens de outros usuários, acrescentando em suas coleções ou
quadros (boards). O site ainda se vincula com o Twitter e Facebook.
Apesar de não ser tão popular, o Pinterest pode ser uma ótima ferramenta para
o professor buscar as melhores imagens ou ilustrações para compor sua narrativa.
Pode ainda estimular os alunos a criarem seus quadros de imagens que melhor
representem aspectos trabalhados em sala de aula. Por exemplo, o professor de
história pode pedir aos alunos para criar narrativas com imagens que melhor
representem o tema da Segunda Guerra Mundial. Com a variedade de imagens
disponíveis, pode-se criar narrativas bem atrativas recorrendo a essa mídia social.
Esses são alguns exemplos de como associar as mídias sociais como
ferramentas didáticas de apresentação de conteúdo dentro da estratégia de digital
storytelling. Contudo, é importante ressaltar que se deve considerar a diversidade de
plataformas e conteúdo, considerando as particularidades de cada mídia social, de
cada linguagem, de acordo com o conteúdo curricular e área disciplinar. As mídias
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sociais são ótimas fontes de informação, conteúdo e espaços para explorar conteúdos
didáticos, mas não são as únicas nem as mais importantes. Por isso, vários meios
devem ser combinados, e mesmo o livro impresso tradicional não pode ser
descartado.
FIQUE ATENTO!
O termo storytelling, que significa “boa narração de histórias”, existe
mesmo antes do boom da internet. O objetivo é criar narrativas que
tenham o potencial de envolver os usuários em experiências com
estímulos sensoriais, emocionais, etc. Ou seja, o storytelling é uma
estratégia para que o professor crie um bom fio condutor na apresentação
de conteúdo, por meio de um roteiro atrativo, capaz de engajar o aluno,
reforçando a memorização e compreensão dos fatos e conceitos. Com
as tecnologias digitais e mídias sociais, o termo se amplia em um terreno
fértil para a narração de histórias e conteúdo de forma mais atrativa e
significativa.
"A tecnologia precisa estar à mão para a produção de conhecimento dos alunos
à medida que surja a necessidade", diz a professora Maria Elizabeth Bianconcini de
Almeida
Em um mundo cada vez mais globalizado, utilizar as novas tecnologias de
forma integrada ao projeto pedagógico é uma maneira de se aproximar da geração
que está nos bancos escolares. A opinião é de Maria Elizabeth Bianconcini de
Almeida, coordenadora e docente do Programa de Pós-Graduação em Educação:
Currículo, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).
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atividade: qual foi a contribuição? O que não poderia ser feito sem a tecnologia? Se
ele não consegue identificar claramente, significa que não houve um ganho efetivo",
explica.
Nesta entrevista para NOVA ESCOLA, a especialista no uso de novas
tecnologias em Educação, formação docente e gestão falou sobre os problemas na
formação inicial e continuada dos professores para o uso de TICs e de como integrá-
las ao cotidiano escolar.
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Caro aluno, nesse módulo abriremos uma discussão o uso da tecnologia seus
limites e suas possibilidades para a sala de aula. A escola ainda precisa entender que
o benefício da tecnologia não está no equipamento, mas na possibilidade de os alunos
criarem suas próprias narrativas. Leia o texto e assista aos vídeos e bons estudos.
Não ignorar que a tecnologia chegou para ficar, mas também não deixar que o
aluno fique à mercê das informações efêmeras. A partir dessas duas certezas,
começa-se a desenhar o que pode ser feito em sala de aula para que a educação
continue cumprindo seu papel de formação, tendo como recurso não só novos
aparatos tecnológicos, mas uma nova forma de ensinar e aprender.
O primeiro desafio talvez seja justamente o de abandonar velhas maneiras de
educar. "A educação está acostumada a modelos estruturados, sólidos, previsíveis.
Não estamos mentalmente preparados para incorporar todo o potencial de
flexibilidade, colaboração e personalização que as tecnologias trazem para a escola",
acredita José Moran, professor aposentado de novas tecnologias da USP.
A primeira mudança é técnica. A pesquisa Juventude conectada, realizada pela
Fundação Telefônica Vivo em parceria com o Ibope e a Escola do Futuro, da USP,
mostra que apenas 7% dos jovens entrevistados acessam a internet na escola - o
motivo da maioria é que os celulares são proibidos em sala de aula. É em casa, com
a liberdade oferecida pelos pais e uma conexão garantida, que eles fazem o uso mais
intenso, seja via computador de mesa, celular ou, a minoria, pelo tablet.
O segundo ponto é conceitual. Não é mais possível ver os alunos como meros
receptores de conteúdo. Há tempos que Nelson Pretto, professor de educação da
Universidade Federal da Bahia (UFBA), brada que a internet não precisa estar nas
escolas, mas as escolas precisam estar na internet. Os alunos não deveriam apenas
clicar no Google em busca de respostas, mas construir suas próprias histórias no
universo virtual. Ou seja, produzir a informação e não apenas recebê-la. "O que as
pessoas que lidam com a educação em geral ainda não entenderam é que para trazer
as tecnologias para a sala de aula não é preciso colocar conteúdo pedagógico dentro
de iPad", critica Pretto. "O que precisamos é de um belo computador e uma ótima
conexão para que os próprios alunos criem suas narrativas, sejam elas em textos,
vídeos, gráficos ou imagens."
Autoria
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Um professor preparado para lidar com esse cenário é o terceiro e mais
importante ponto na mudança dos paradigmas. É ele, afinal, quem vai seguir
conduzindo os alunos no universo da aprendizagem. "Fortalecer o professor, com
melhores salários e formação contínua, precede a questão da tecnologia", ressalta
Márcia Pretto(USP). "A formação por caixinhas de conteúdo que não dialogam entre
si não funciona mais", sentencia.
Pensando nessa formação, um grupo de pesquisadores em educação de São
Paulo criou o Laboratório de Experimentações Didáticas, o LED, como uma forma de
propor iniciativas docentes que incorporam a cultura digital. Márcia Padilha, uma das
idealizadoras do LED, conta que o projeto traz para a formação dos professores
aspectos que são inerentes às demandas que surgiram ao longo das últimas décadas.
"A internet muda a questão da autoria, da legitimidade de quem fala, do poder da fala",
diz a educadora. "Não é nova a questão do protagonismo do aluno, mas ela nunca
esteve tão latente."
Nas jornadas do LED, grupos de professores dos mais variados - jovens e mais
velhos, de escolas privadas e públicas, de todos os níveis da educação -, munidos de
seus aparatos tecnológicos, se juntam em torno de questões em comum e propõem
soluções em conjunto. "Em momento algum damos a solução", explica Márcia. A
autonomia e a colaboração na forma de encontrar as resoluções para as questões
propostas são fundamentais para mostrar aos docentes a essência dos novos tempos.
Outra preocupação é dar retornos instantâneos, e não só ao final da jornada - o que
a educadora chama de avaliação formativa, que é feita ao longo do processo, em
oposição à somativa, que só é dada ao final, como é feita nas escolas atualmente.
Criar o LED foi uma forma de responder aos anseios dos educadores, que
querem e precisam mudar a forma como trabalham, mas não sabem por onde
começar, uma vez que não têm suporte das instituições - muito lentas nesta
transformação - e menos ainda das políticas públicas. "É consenso na educação que
é preciso rever a prática dos docentes e que a educação vive um momento de crise",
destaca a criadora do Laboratório. "Agora, um consenso que existe e se provou errado
é o de que os professores são acomodados. Isso é mentira. Dê uma chance de ele
fazer diferente e ele o fará."
Entusiasmo
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Se o cenário todo é muito recente e cheio de telas brilhantes, uma coisa
certamente continua a mesma: jovens, os de ontem, os de hoje e os de amanhã,
gostam de ser desafiados. O aluno vai pensar duas vezes antes de checar o Facebook
pela milésima vez se estiver sendo convocado a responder, resolver ou refletir sobre
algo que o intriga. "Os professores, em sua grande maioria nascidos na era analógica,
não precisam de formação específica para o manuseio das ferramentas, eles
precisam de formação continuada e reflexões sobre como se ensina e como se
aprende. A tecnologia tem de ser sua aliada, não sua inimiga", aconselha Ricardo
Falzetta(Gerente de conteúdo do Todos pela Educação). A ONG formulou um
documento com dicas para soluções no uso de tecnologia em sala, disponível em sua
página na internet.
Por fim, é preciso ressaltar que o professor não precisa ser um blogueiro ou
tuiteiro, e menos ainda um programador de mão cheia. O que ele precisa é estar
aberto à possibilidade do uso de novas mídias, se entusiasmar com outros caminhos.
"Os melhores professores, hoje e no passado, não são os que sabem muito conteúdo,
mas os que estão sempre abertos ao novo, aos desafios, e que sabem provocar o
aluno", indica Pretto.
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Shutterstock
Realidade aumentada
Para tornar a aprendizagem uma experiência mais interativa, muitas
instituições estão adotando a tecnologia de realidade aumentada integrada a
conteúdos didáticos. Trata-se de um recurso que permite aos alunos visualizarem
animações e interagirem com elementos gráficos apontando um smartphone ou tablet
para a página de um livro, por exemplo. Aliando a tecnologia a técnicas de
“gamificação”(GAMES) é possível levar para o dia a dia do estudante uma forma mais
lúdica e natural de aprender.
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dia a dia mais fácil. As chamadas casas inteligentes, por exemplo, podem ser
automatizadas e ter suas principais funções controladas por meio de um tablet.
Wearables
Chamados de “tecnologia para vestir”, eles tomam a forma de gadgets usados
no dia a dia, como relógio inteligente (smart watch), óculos de realidade aumentada e
pulseiras para monitoramente de exercícios físicos, por exemplo. Atualmente, o
mercado de wearables está em acelerado crescimento: estimativas da empresa
de Business Inteligence Berg Insight apontam para um total global de venda de 64
milhões de dispositivos vestíveis no ano de 2017. Na área educacional, os óculos de
realidade aumentada têm alto potencial para o ensino técnico, pois são capazes de
trazer para o ambiente real elementos gráficos interativos, reforçando o aprendizado
a respeito de maquias e equipamentos.
Nesse módulo vamos subsidiar o educador que não tem medo do universo
digital. Seguem alguns passos para o uso das “TICDIS”- Tecnologias de Informação,
Comunicação Digital e Sociabilidades. Leia os textos e assista ao vídeo. Bons
estudos!
Para um professor que só foi se relacionar com a internet apenas depois de
adulto, as tecnologias digitais, tão familiares para crianças e adolescentes, podem até
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parecer um universo hostil. Mas, de acordo com Luciana Allan, diretora do Instituto
Crescer para a Cidadania e especialista em tecnologias aplicadas à educação, não
há o que temer. Para ajudar a estreitar esses laços entre professor e tecnologia, ela e
sua equipe acabam de lançar o livro digital Crescer em Rede –Um guia para promover
a formação continuada de professores para adoção de tecnologias digitais no contexto
educacional, que está disponível para download gratuito.
“Com a adoção das tecnologias digitais dentro e fora das salas de aula, o
processo de ensino e aprendizagem vem se tornando, rapidamente, um grande
desafio para uma geração de professores que estudou e aprendeu a ensinar em uma
era pré-digital”, afirma a especialista. Segundo ela, a intenção do guia é ajudar o
professor nesse momento de transformação e compartilhar insumos para que ele seja
capaz de promover a chamada educação 3.0.
Com um viés bastante prático, o guia visa ajudar o professor a inserir diferentes
recursos de maneira orgânica em seu dia a dia. Dividido em seis capítulos, o livro vai
discutir a importância da assimilação significativa da tecnologia pelo professor, vai
propor atividades em que ele possa desenvolver novas abordagens do ensino e ter
contato com alguns objetos digitais de aprendizagem que podem ser ferramentas úteis
nesse processo. Para Allan, mais do que aprender a usar as ferramentas, é importante
que o professor possa entender como gerir o conhecimento – já que não é mais o
“dono” dele – e a estimular trabalhos colaborativos.
A pedido do Porvir e para dar um gostinho do conteúdo do guia, Allan enumerou
15 passos para que os professores adotem tecnologias digitais como ferramentas
pedagógicas na sala de aula.
1. Acredite que as tecnologias digitais podem colaborar para promover novas
práticas pedagógicas;
2. Entenda como estes recursos podem ser incorporados à rotina escolar;
3. Conheça algumas possibilidades que fazem sentido dentro da sua área de
trabalho e se aproprie de algumas ferramentas tecnológicas;
4. Planeje novas estratégias de ensino que tenham o aluno no centro do
processo de aprendizado e o professor como mediador da construção do
conhecimento;
5. Pense em um ensino mais personalizado e uma avaliação que leve em
consideração as necessidades de cada aluno, visto que o conhecimento está
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disponível e o foco da educação não é mais a transmissão de conteúdo, mas sim o
desenvolvimento de competências e habilidades;
6. Incentive os alunos a pesquisar na internet. Oriente-os a pesquisar fazendo
uso de palavras-chave e símbolos. Além disso, indique bibliografias e sites úteis para
que desenvolvam com qualidade o trabalho;
7. Permita que os alunos comparem informações e discutam sobre os temas
pesquisados, sinalizando a confiabilidade da informação;
8. Estimule os alunos a produzir seus próprios textos, em diferentes formatos,
a partir das pesquisas realizadas na internet e em outras mídias, bem como a
mencionar autores e fontes pesquisadas;
9. Motive os alunos a participar de projetos colaborativos, inclusive com
estudantes de outras escolas no Brasil e no exterior;
10. Crie ou estimule seus alunos a criarem um espaço virtual exclusivo para
produção de trabalhos colaborativos (uma página no Facebook, um perfil no Twitter,
um blog, um disco virtual);
11. Incentive os alunos a compartilhar seus trabalhos na internet para que
qualquer pessoa possa ter acesso, contribuir e fazer críticas;
12. Valorize o uso de diferentes recursos tecnológicos para produção de
trabalhos escolares, como vídeos, fotos, podcasts, blogs, slides, gráficos, banco de
dados, ou seja toda e qualquer ferramenta que possa ser utilizada no dia a dia escolar
ou futuramente no mercado de trabalho;
13. Permita diferentes formas de manifestação e expressão no
desenvolvimento dos trabalhos, dando espaço à criatividade e pró-atividade;
14. Engaje os alunos em tarefas desafiadoras, que façam sentido para suas
vidas, que proporcionem o trabalho em equipe e administração do tempo;
15. Propicie a produção de games, estimulando o raciocínio lógico, com o uso
de softwares de programação.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BEHRENS, M. O paradigma emergente e a prática pedagógica. Curitiba:
Champagnat, 2000.
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