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Resumo: Diante da relevância e importância dos Direitos Humanos, que possuem natureza de
princípios e estão previstos na nossa Constituição Federalpossuindo grande importância dentro do
plano formal, e também material,necessário se faz a análise da efetivação destes direitos. Busca-
se meios a todotempo para inserir estes direitos na sociedade, busca-se formas de garantir estes
direitos, primeiro em um panorama interno, para que possam tornar-se tangíveistambém a nível
global, dentro do plano social. Não é diferente no sistema prisional, local onde direitos minimos
são a todo tempo desrespeitados, pelas mais variadas situações. O estudo foi desenvolvido a partir
do método hipotético-dedutivo, por meio de pesquisa bibliográfica.
Keywords: Given the relevance and importance of Human Rights, which have aprincipled nature
and are provided for in our Federal Constitution, having great importance within the formal and also
material plan, it is necessary to analyze theeffectiveness of these rights. Means are constantly being
sought to insert these rights in society, ways are being sought to guarantee these rights, first in an
internal panorama, so that they can also become tangible at a global level, withinthe social plane.
The study was developed from the hypothetical-deductive method, through bibliographical
research.
1Bacharela em Direito pela Univesc, Lages/SC (2015); Pós graduanda em Direito Civil e Processo Civil pela
universidade Legale. Mestranda pelo Programa de Pós-Graduação em Direito da Universidade de Passo Fundo. Passo
Fundo-RS. Advogada; e-mail: thaisfernandasilva.adv@gmail.com.
Introdução
Certamente o que possibilita uma vida em sociedade digna e harmônica são os direitos de
cada cidadão. Os Direitos Fundamentais diferente dos Direitos Humanos, são aqueles
estabelecidos na Constituição de cada estado.
Muitos desses direitos fundamentais para serem efetivados, precisam de uma norma
complementar, e ações que regulem, por vezes através de políticaspúblicas, tendo a participação
do Poder Legislativo e Executivo, e até mesmo doPoder Judiciário como co-autor.
Assim, necessário ter um olhar especial para as reformas que surgem através das
possibilidades previstas dentro da própria Constituição, para que estes direitos sejam de fato
efetivados, e que não corram o risco de serem esquecidos.
Contudo, nos parece que a realidade do carcere é ainda mais distante dos direitos, diante
da falência da pena.
Esse estudo nos faz pensar que seja por questões relacionadas ao custo pecuniário, a pena
privativa de liberdade é ainda uma “solução” cara e ineficiente.
Assim, diante dos pontos aqui levantados, iremos discorrer de forma brevesobre as questões
que buscam a efetividade dos Direitos Humanos, olhando de forma especial para a realidade do
carcere..
O presente trabalho foi construído tendo como base a vasta doutrina acerca dos Direitos
Fundamentais, bem como sobre o choque de conflitos, aplicando a análise na crise do sistema
prisional sob a otica da analise economica do direito.
Desenvolvimento
1 Direitos Fundamentais e a distinção dos Direitos Humanos.
Importante de início, que seja trazido à tona a diferença entre Direitos Humanos e Direitos
Fundamentais, muito embora ambos resguardem um conjunto de direitos, a diferença está no
aspecto espacial- como leciona Ingo Wolfgang, vez que os Direitos Humanos está no âmbito global
e os Direitos Fundamentais no âmbito interno de cada estado.
Ingo Wolfgang Sarlet, identifica o aspecto espacial como o principal fator de distinção, como:
Neste compasso, muito embora haja uma classificação de direitos humanos e dos direitos
fundamentais, a doutrina brasileira majoritária entende que tanto um quanto o outro possuem a
mesma finalidade, pois objetivam a promoção da dignidade da pessoa humana.
Quem deve garantir tais direitos são de responsabilidade e competência dos três poderes
que compõe nosso Estado, são: Executivo, Legislativo e Judiciário, cada qual com sua
competência, elencadas na Constituição Federal.
A maior ameaça aos direitos dos cidadãos, advém do próprio Estado, ou melhor, da
incapacidade do estado de assegurar e mais, de efetivar a garantia dos direitos fundamentais.
Muitas vezes, para se ter esse direito garantido é necessário pedir socorro ao judiciário,
diante de uma colisão entre direitos, para que então, seja viabilizado o acesso à ordem jurídica,
efetiva, real e justa, e aplicado o direito.
Isso quer dizer que duas possibilidades de legitimação maior daJustiça devem
ser imediatamente consideradas: 1ª) a sériadiscussão sobre a reforma radical
nas práticas processuais, ou seja, uma revisão na organização geral do Poder
Judiciário e nasleis que garantem o acesso à Justiça; 2ª) a consciência de que
o julgamento não pode estar distanciado da realidade dos intérpretes da
Constituição, que não são apenas os formalmentedestinados a isso.
Contudo, mesmo sabendo das mazelas do judiciário, a luta diária é pela efetivação dos
Direitos Fundamentais, e por consequência os Direitos Humanos,isso porque, para se ter a solução
no macro, precisa-se “tratar” a micro, dentro do ordenamento interno de cada Estado.
E de acordo esse histórico de violações, PIOVESAN, nos diz que nasceu anecessidade de
elaboração de um instrumento jurídico que transformasse realmente o acordo político-social
representando o novo momento que se iniciava, de modo que, neste contexto, surgia a
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.
E esclarece:
Através dos Direitos Fundamentais trazidos pela Constituição de 1988, instaurou-se a partir
de então um novo momento político no país, eis que garantiua democracia e reconquistou o Estado
de Direito.
Pela interpretação de nossa Carta Magna, todas as pessoas nascem essencialmente iguais,
e portanto, com direitos e garantias iguais, ao mesmo tempo em que nascem livres. O direito a
Liberdaade é fundamental, inerente à condição humana, se privados de liberdade, seja por
imposição de uma condenação ou infração penal, surgem inumeras questões, contudo, a que
merece destaque é ao limite do poder de punir do Estado, no que se refere aos direitos humanos
do apenado.
A década de 1980 foi marcada por inúmeras crises, que foram além de problemas
conjunturais.
E fora por meio desta transição democrática, e a pequenos passos, que seconseguiu vencer
o período de pouco mais de duas décadas de autoritarismo militar, que se formou um controle civil
sob as forças militares.
Flavia Piovesan nos diz que, a Carta de 1988 pode ser concebida como o marco jurídico da
transição democrática e da institucionalização dos direitos humanos no Brasil. Introduz indiscutível
avanço na consolidação legislativa dasgarantias e direitos fundamentais e na proteção de setores
vulneráveis da sociedade brasileira. A partir dela, os direitos humanos ganham relevo
extraordinário, situando-se a Carta de 1988 como o documento mais abrangentee pormenorizado
sobre os direitos humanos jamais adotado no Brasil.
Por ser assim, que a Constituição de 1988, deve ser compreendida como uma unidade e
como um sistema que privilegia determinados valores sociais, elegendo em especial o valor da
dignidade humana como essencial que lhe doaunidade de sentido, uma característica particular.
Em analise a todo conjunto, se observa que a Constituição Federal de 1988se caracteriza por
ser amplamente democrática e liberal – no sentido de garantirdireitos aos cidadãos.
Canotilho5, fala que a tarefa da Constituição é: “em sempre como tarefa a realidade:
juridificar constitucionalmente essa tarefa ou abandoná-la à política, éo grande desafio”.
Já em relação a matéria, tem-se que está se traduz a partir da relação existente entre os
direitos fundamentais e os axiomas da Carta Magna, principalmente os princípios elencados nos
artigos 1º, 2º, 3º e 4º de tal diploma e, em especial o princípio da dignidade da pessoa humana,
princípios estes queforam o resultado dos valores trazidos pelo constituinte a rigor da história que
antecedeu à promulgação da Constituição, ou seja, em virtude das necessidades sociais mais
importantes que clamavam por proteção do Estado, no momento pós ditadura militar. 28
Nesse sentido, o texto de 1988 não apenas é instituto de proteção das relações existentes,
mas é Constituição de uma sociedade em devir. Surge o problema da realidade como tarefa e do
Direito como antecipador das mudanças.
Todos os seres humanos sofrem influencias da educação que recebem e do meio social em
que vivem ou viveram, mas isso não acaba com a liberdade, que é essencial à uma vida com
dignidade e é também indispensável que todos tenham, concretamente, a mesma possibilidade
de gozar dos direitos humanos e fundamentais.
O que vemos é um pensamento hipocrita da sociedade, que ousa julgar aquelas pessoas
privada de liberdade, sob uma justificativa bem comum, sendo a de que um sujeito que comete
um delito, seja qual for, deve ser abandonado ee privado de qqualquer direito, por n ão ser mais
um “sujeito de direitos”.
Talvez aqui possamos trazer ´para discussão também a questão do poder da comunidade
politica exercer uma violência programada sobre um de seus integrntes, mas qual a base, é justo,
justificável ou aceitável?
Ferrajoli, entende que só é possível uma única justificativa como justificativa, sendo que:
Assim, diante de tal contexto, paara termos um sistema penal que aggregue a estrutura
jurridica e que busque a efetivação dos Direitos humanos, deve ser o resultado prático de um
ordenamento juridico que tutele bens juridicos os meios necessários para realização do homem
em coexistência.
Nesse sentido e em uma visão crítica do sistema penal, o autor supracitado (2000, p. 63)
refere que:
O que se nota, é que por vezes os encarcerados buscam através dos motins e rebeliões o
respeito aos seus direitos, os quais são almejados por todos quando se fala em Estado
democrático, contudo tais revoltas são mal vistas pelo Estado o qual usa muitas vezes de força
excessiva para conter tais conflitos em busca da disciplina e da ordem.
Diante das situações graves geradas pelo sistema punitivo brasileiro, que busca muitas
vezes de maneira errônea, impor limites aos detentos, gerando ainda mais violência, onde já existe
violência, necessário se faz a imposição de uma medida tanto política como normativa, assim
como uma reflexão em torno do texto constitucional quanto aos direitos humanos, para assim,
buscar e tentar chegar perto do modelo de Estado Democrático de Direito projetado
constitucionalmente.
A eficácia do bem estar social, por meio da eficiência, que é um dos principios da Analise
Economica do Direito é considerado aspecto-chave para a boa formulação inclusive, de politicas
públicas, pois possibilitará que o Estado possua capacidade de alocar seus recursos de modo a
assegurar retornos sociais.
E o papel da AED por meio de uma perspectiva enxerga o Direito como uma instituição que
deve buscar e promover a eficiência e, com isso almejar o bem-estar social e, corrigir aspectos de
distribuição ou desigualdade social.
Nos últimos dez anos, havia pelo menos 50% mais presos do que vagas existentes, com
pico de quase duas pessoas por vaga no primeiro semestre de 2016 (1,87 de ocupação). O número
de pessoas presas por 100 mil habitantes subiu 37,9% na década. A população prisional aumentou
continuamente desde
os anos 1980, com desaceleração do crescimento desde 2016, mas com patamares ainda
elevados e pequena redução em 2020, com o início da pandemia de Covid-19.
De acordo com dados publicados no painel dinâmico do Ministério da Justiça, entre 2016 e
2020, houve uma discreta redução no número de vagas no sistema prisional: em 2016 havia 446,8
mil vagas, enquanto em 2020 esse número caiu para 446,7 mil.
Com efeito, fica claro e evidente que o custo do encarcerammento é elevadissímo quando
comparado a outros campos que reclamam investimento em públicas como educação, saúde,
moradia, etc. A questão torna-se ainda pior quando percebemos que o investimento em educaçãao
e saúde promovem profundas mudanças positivas na sociedade, sendo que o investimento no
carcere produz um indice considerável de reincidencia e não afigura minimamente relevante para
aplacar os indices de violência.
Portanto, resta claro que na maioria dos países o sistema prisional não está preparado para
receber essas pessoas, pois muitas vezes é lotado de irregularidades e precariedades, as quais
acabam por violar os direitos humanos e fundamentais dos detentos, os quais acabam perdendo
tais diretos ao ingressar nesse sistema.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os avanços que surgem ao longo das constituições, nos coloca de frente com novos
desafios e também necessidades de se pensar em formas de complementar nossa Constituição.
No entanto, mais importante que isso, é um olhar sensível, para que não esqueçamos dos
direitos mínimos, bem como o zelo pelo Sistema Constitucionalde origem.
Assim, concluímos que não basta apenas a criação normativa que priorizem a população,
mas deve-se priorizar por meio de um caráter intransponível, onde não venha a suplantar.
Na nossa realidade do sistema prisional, dificil fica garantir estes direitos humanos, as
transformações necessárias não passam pela construção de estabelecimentos prisionais e
investimento público para cobrir o défict de vagas, mas antes disso, impede atuar em duas frentes,
a ressocialização para evitar a reincidencia, bem como o uso desmedido de prisões provisórias.
ALEXY, Robert. Teoria dos Direitos Fundamentais. Tradução de VirgílioAfonso da Silva. São
Paulo: Malheiros, 2008.
BATISTA, Nilo. Introdução crítica ao direito penal brasileiro. Rio de Janeiro: Revan, 2007, p.
25.3
COASE, Ronald H. The Problem of Social Cost. The Journal of Law and Economics, v. 3, n. 1,
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Mártires Coelho, Paulo Gustavo Gonet Branco. – 4. ed. rev.e atual. – São Paulo : Saraiva, 2009.
SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais. 6ª ed., Porto Alegre: Livraria do
Advogado, 2006.