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SEÇÃO 2
ESTABELECENDO UM RUMO
Capítulo 4
Como organizar um experimento #
Capítulo 5
Cadernos de Laboratório #
Capítulo 6
Apresentação de dados e de você mesmo #
Na Bancada - Kathy Barker Capítulo 4 2
CONSIDERAÇÕES FILOSÓFICAS
Tenha em mente a importância dos seus experimentos. Muitas vezes, quando você
começa a trabalhar, não há muita oportunidade em pensar conscientemente sobre a
relevância universal do seu experimento. Mas, à medida que for organizando os seus
experimentos, será importante lembrar porque você está fazendo o que está fazendo.
Pense sobre a Ciência. Algumas vezes o trabalho de laboratório parece tedioso e o fato
de lembrar porque você está repetindo o mesmo experimento pela décima vez faz com
que persista. Ter em mente o grande contexto também vai ajudá-lo a manter a
integridade da sua abordagem.
Lembre-se de que você deve publicar os resultados dos seus experimentos. As
publicações são importantes - você não pode sobreviver sem elas. Se você considerar
cada experimento como uma entidade separada e passível de publicação, é mais
provável que você lembre de todos os “... os cientistas sempre colocam, no
controles e variáveis necessários. Pensar sobre mínimo, muito peso tanto em relação
cada experimento como uma publicação em a reputação de trabalho cuidadoso e
potencial pode ajudá-lo a manter o foco do seu meticuloso de um pesquisador, quanto
experimento. É muito fácil desviar-se para nos detalhes técnicos de um
outra áreas e parte da investigação é seguir por experimento, ao avaliar se os dados
novas avenidas. Mas a exploração deve ser constituem evidências confiáveis.”
feita rigorosamente e não com negligência. (Reproduzido de Woodward e
Posicione-se como um investigador Goodstein 1996, com permissão, da
cuidadoso e perfeccionista. Você vai fazer a revista American Scientist, da Sigma
sua reputação não somente com os resultados Xi, The Scientific Research Society,
que obtém, mas também pela maneira como
executa os seus experimentos. Algumas pessoas são conhecidas como bons cientistas
“de bancada”, significando que seus experimentos são bem planejados e bem
executados. Crie a sua reputação desde cedo e qualquer dado não ortodoxo que você
produzir provavelmente será acreditado. Se os seus colegas de laboratório confiam nos
Na Bancada - Kathy Barker Capítulo 4 4
se você vai submeter os seus dados a análise estatística - é muito tarde fazer isto
ao final do experimento.
3. Organize o experimento
Obtenha e prepare um protocolo.
Prepare os reagentes, reserve o equipamento, ponha as células para crescer e
esteja certo de que você dispõe de todos os elementos necessários.
Execute mentalmente o protocolo, para certificar-se de que não esqueceu de
nada.
Se este é um experimento complicado, com reagentes caros, primeiro execute na
prática o protocolo, omitindo estes reagentes. Isto vai garantir que as
manipulações que você planejou são exeqüíveis.
Observe outra pessoa fazer o experimento. Se você vai usar uma nova técnica,
peça a outra pessoa que já tenha feito um experimento semelhante se você pode
olhar na próxima vez, ou se ela pode lhe ajudar.
4. Faça o experimento. Esteja certo de que você Não fale enquanto estiver
têm tempo suficiente para fazê-lo e acrescente planejando ou fazendo um
mais uma hora além do que estimou. Anote os experimento complicado, e não
resultados e observações assim que eles tenha medo de pedir às outras
acontecerem. pessoas para não falar com você.
5. Colete e analise os dados. Examine todos os Algumas pessoas usam um certo
seus dados assim que for possível - antes de boné ou usam um headphone para
fazer os próximo experimento! indicar aos colegas que elas
Não deixe acumular lâminas sem serem precisam ficar concentradas.
observadas ou pontos sem serem plotados em
gráfico. Este é um bom momento para consultar outro cientista do laboratório ou da
área sobre os resultados, se eles são “bons” ou “ruins”.
Não refletir sobre cada controle para estar certo de que o experimento poderá ser
interpretado.
Não checar se todos os reagentes estão preparados e disponíveis antes de começar o
experimento.
REFERENCIAL TEÓRICO
CONTROLES
Teoricamente, um controle mostra o que aconteceria se você não tivesse feito nada;
portanto, ele mostra o que os seus lindos resultados significam. Deve haver um controle
para cada variável distinta do experimento. Não é incomum ter mais controles do que
amostras experimentais num experimento. Os controles não são extras, não são uma perda
de tempo, eles são absolutamente fundamentais para a interpretação de cada experimento.
Os controles não são feitos uma vez - eles devem ser repetidos a cada experimento.
Isto inclui curvas padrão para ensaios enzimáticos e pesos moleculares padrão para gel de
eletroforese. É absolutamente inválido voltar a um experimento anterior e usar os dados
dos seus controles, assumindo que os controles seriam os mesmos.
Tipos de controles
segundo ou minuto, mas você deve obter a amostra (e o seu respectivo controle) o mais
próximo possível do Agora.
Para um tempo zero, pode ser que faça mais sentido se ele for obtido DEPOIS dos
outros tempos iniciais, desde que a “idade” das amostras não seja importante. Se você
deseja coletar células em 0, 5, 10 e 30 minutos depois da adição do fator X, adicione o
fator X às amostras dos tempos 5, 10 e 30 e ponha-as para incubar. Então, adicione o fator
X para a amostra do tempo 0 e imediatamente colete a amostra ou pare a reação.
ESTATÍSTICA
computação. Chame uma das várias companhias que vendem pacotes de programas de
estatística ou visite um site on line para perguntar. Coloque o problema num grupo de
discussão.
Muito do que você está fazendo
Tenha cuidado, pois algumas fórmulas
consiste em estabelecer se os seus dados são
são às vezes diferentes para populações
devidos à manipulação experimental ou
e para amostras. É por isso que você
devidos ao acaso, e se os dados são
não pode simplesmente abrir um livro e
consistentes com a hipótese. Você pode querer
pegar uma fórmula, a menos que você
predizer as características de uma amostra
entenda o que está fazendo. É melhor
baseado na informação sobre a população, ou
nenhuma estatística do que estatística
pode querer predizer as características da
ruim.
população baseado na amostra.
Para estimar as características de uma população com base nas informações sobre as
amostras: o test t de Student permite que você estabeleça um intervalo de confiança
para a média de uma população pequena com O valor de P, ou probabilidade,
distribuição normal. Você pode, então, obter a testa se os desvios observados
probabilidade de uma tabela. em relação à hipótese podem ter
Para predizer as características de uma amostra ocorrido ao acaso. Se o valor de
com base na informação sobre a população: P é muito pequeno, pode-se
encontre a probabilidade usando uma curva de dizer que a hipótese é
distribuição normal. verdadeira.
Para ver se a diferença entre as médias de dois
conjuntos de observações, como antes e depois de um tratamento, podem ser
explicadas pelo acaso: use o escore de diferenças para amostras de tamanho grande
(mais de 30) e o teste t para amostras de tamanho pequeno.
desvio padrão e o erro padrão são às vezes (e erroneamente) usados alternadamente, com o
erro padrão sendo escolhido porque ele fornece valores menores e aparentemente minimiza
a dispersão dos dados.
Use o desvio padrão para mostrar o quão reproduzível um dado é, baseado em
múltiplas amostras.
coeficiente de correlação. O uso mais ANOVA e o teste t) não devem ser usados se
USO DE PROTOCOLOS
2. Leia o protocolo para ver se ele faz sentido para você. Faça de conta que está
fazendo o experimento e procure por passos que estejam obviamente faltando em
relação à lógica (sua ou da fonte) ou em relação à funcionalidade. Muitas presunções
são feitas na maioria dos protocolos, mas elas podem não ser óbvias para você. Por
exemplo, “extração com fenol” sempre significa uma extração com fenol saturado em
tampão com pH ajustado, seguido por duas extrações com fenol:clorofórmio:álcool
isoamil.
3. Mude o protocolo conforme as suas necessidades e rescreva-o. Isto é para tornar os
passos mais compreensíveis para você ou para alterar algum equipamento conforme a
necessidade. Se um protocolo diz que uma amostra é centrifugada a 13.000g, você deve
procurar pela centrífuga apropriada para usar e anotar isto no protocolo.
4. Prepare todos os reagentes listados no protocolo e certifique-se que você tem tudo
o que precisa. Tudo! Nada é tão óbvio. Seria extremamente chato se você corresse até
a centrífuga com os seus tubos apenas para
Você deve usar um kit? Os
descobrir que alguém recém começou uma
reagentes estão preparados, as
centrifugação de uma hora. Consiga outra ou
instruções são claras e, sim, na
reserve a centrífuga. A reserva é um pouco
maioria dos casos você deve usar
arriscada nos primeiros experimentos, pois é
um kit, desde que o preço não seja
difícil de definir a hora que você vai precisar,
proibitivo. Mas, um alerta
portanto é mais seguro ter um plano de reserva.
importante: não deixe o kit
Esteja particularmente certo de que você tem o
substituir o seu raciocínio.
radioisótopo que precisa. Pode levar semanas
Conheça cada componente do kit e
desde a sua encomenda até que chegue para o
esteja certo de que compreende o
seu experimento.
que o kit faz.
5. Siga o protocolo exatamente na primeira vez
que fizer o experimento. Porque? Se alguém lhe dá um protocolo e você não o seguir
exatamente, aquela pessoa não poderá (e talvez não queira) ajudá-lo a interpretar os
dados. Você deve ser capaz de reproduzir os resultados típicos do protocolo antes que
começar a fazer variações nele. Você deve entender que está medindo o efeito de uma
variável, não a sua técnica. Você deve tentar não ser uma variável do seu próprio
experimento!
Na Bancada - Kathy Barker Capítulo 4 15
Exemplos de protocolos
ELETROPORAÇÃO DE M. SMEGMATIS
B. Jacobs, Meth. Enzymol:204,527, 1991
1. Inocular 1 litro de caldo M-ADC-TW e incubar aproximadamente 48 h até A 200 alcançar 0,5-
1,0.
2. Coletar em frascos de 250 ml por centrifugação por 10 minutos a 10.000 rpm a 4°C.
3. Re-suspender cada pélete em 250 ml de glicerol 10% e centrifugar conforme acima.
4. Re-suspender cada pélete em 10 ml de glicerol 10% gelado, colocar em 2 tubos cônicos de
polipropileno de 50 ml e aumentar o volume para 50 ml com glicerol 10%. Centrifugar por 10
min a 3000 a 4°C.
5. Repetir a lavagem do item 4.
6. Re-suspender cada pélete até um volume final de 1 ml em glicerol 10%.
7. Colocar DNA (5 pg- 5ug em 5 l de volume máximo; conferir se o DNA foi lavado em etanol
70%) e 50 l de células num tubo Eppendorf e misturar pipetando para cima e para baixo.
Manter em gelo por 1 min.
8. Ajustar a voltagem do pulsador (Bio-Rad) para 2500 V, 25 F, e o controlador de pulso para
1000 ohms.
9. Transferir a solução contendo as células e o DNA para uma cubeta com um eletrodo de 0,2 cm
de espaço. Bater a cubeta contra o balcão várias vezes para as células irem para o fundo e
remover as bolhas.
10. Colocar a cubeta no pulsador e expor a um pulso (as constantes de tempo são geralmente entre
15,0 e 25,0 mseg).
11. Adicionar 1 ml de caldo M-ADC-TW, re-suspender as células e transferir para tubos de
polipropileno de 15 ml com fundo arredondado. Incubar a 37°C por 3 h.
12. Espalhar 300 l de células em meio seletivo.
* Alíquotas dos “bugs” podem ser colocadas em tubos Eppendorf, congeladas rapidamente em gelo
seco-etanol e estocadas em nitrogênio líquido ou a -70°C. Para usar, descongelar lentamente em
temperatura ambiente. Lavar as células duas vezes em glicerol 10%.
Protocolo 1.
Uma cópia do protocolo pode ser usada como um modelo no qual podem ser feitas
anotações sobre o experimento e as alterações no procedimento.
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PROTOCOLO DE IMUNOPRECIPITAÇÃO
Protocolo 2.
Estes protocolos de imunoprecipitação são do mesmo laboratório. O primeiro é de um
manuscrito publicado (Rosen et al., J. Biol. Chem. 264:9118-9121), o outro de um
protocolo efetivo usado no laboratório. (Cortesia de Alan Aderem, Universidade de
Washington, Seatle.)
3200 ASA vão levar aproximadamente 15-30 segundos, e de 160 ASA levam mais do que 3
minutos.
Deslizar o filtro (atrás da objetiva) para bloquear a fluorescência. Usar este filtro, junto com o
botão de luz visível (à esquerda, atrás) para tirar fotos em luz visível.
Tirar o filme da câmera:
Desencaixar o corpo da câmera
Usar a manivela para rebobinar o filme completamente
Para desligar:
Desligar a lâmpada fluorescente
Desligar o microscópio
Limpar as objetivas gentil e completamente apenas com papel para lentes
Protocolo 3.
Um protocolo pode ser feito para um procedimento, assim como para um experimento, e
pode ser fixado próximo ao equipamento do qual descreve o uso.
INTERPRETAÇÃO DE RESULTADOS
Você deve examinar os seus dados com a mesma atenção para detalhes que você
dedica aos experimentos de um concorrente. Exponha os seus dados e pergunte a si
mesmo:
1. O experimento funcionou? Cheque os seus controles. Olhe para os seus
procedimentos de controle primeiro para estar seguro de que o seu experimento
funcionou. As células se nutriram? Os marcadores de peso molecular correram como
você esperava? Examine os seus controles positivos. Se eles funcionaram,
provavelmente o seu experimento foi executado apropriadamente. Agora olhe para os
controles negativos. Se houve um efeito onde você não esperava, você deve decidir se
isto é um efeito real ou background. Se o seu controle negativo parece negativo,
provavelmente tudo está bem. Se ele está positivo, ou o experimento não foi planejado
corretamente ou outra variável manifestou-se por si própria durante o experimento.
2. Quais são os resultados? Comparados com o controle, e tirando o background, você
conseguiu algum efeito? O quanto de efeito? Duas vezes? Cinco vezes? Faça todos os
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cálculos e gráficos, de tal forma que você compare dados ao invés de efeitos subjetivos.
Dois efeitos são sinérgicos ou aditivos? O efeito variou com o tempo?
3. O que o experimento significa? O resultado faz sentido? O resultado é o que você
esperava? Você tem alguma explicação para resultados espúrios? Algum controle
adicional poderia ajudar para uma melhor compreensão?
4. Outros investigadores vão entender o experimento? Fale com outros membros do
laboratório. Discuta os resultados com a pessoa que lhe forneceu o protocolo, ou outra
pessoa versada na técnica. Recue e leia os artigos fundamentais novamente. Não fique
muito animado ainda, até que os resultados tenham sido repetidos.
5. O resultado pode ser repetido? Faça o experimento de novo. Inclua controles que
possam reforçar o resultado e resolva quaisquer dúvidas que você tenha sobre o
resultado.
Troca de projetos
A maioria dos projetos iniciam com confiança e excitação. À medida que eles são
implementados e explorados, e à medida que muitas horas vão se passando, o investigador
pode perder a perspectiva. Emoção e ego são envolvidos no sucesso de um projeto. Muitas
vezes parece impossível que o projeto dê certo.
Uma idéia sempre precede a
É imperativo que, como um cientista, você
tecnologia disponível. Não
aprenda quando parar um projeto. E desde que, com
interessa o quão espetacular e
tal investimento emocional, não consiga tomar tal
importante é a idéia. Se você não
decisão, você deve pedir e aceitar conselhos.
pode prová-la com confiança, você
Perceber quando parar um projeto nem
não deve trabalhar nela.
sempre é claro. De fato, isto raramente fica
evidente. Algumas indicações são:
Os dados não são reproduzíveis. Se você não pode replicar os seus resultados, mesmo
que acredite neles do fundo do coração, você não pode continuar o projeto. Pode ser
que haja problemas com um ensaio em particular ou com algum equipamento, e isto
deve ser investigado antes de abandonar o projeto. Pode ser, também, que as variações
sejam inerentes ao sistema, ou que o efeito não é importante, ou que o efeito que está
estudando é muito pequeno para ser explorado com a tecnologia disponível.
Na Bancada - Kathy Barker Capítulo 4 22
“Esperando pelo ônibus na chuva” ou “eu investi muito tempo neste projeto para
desistir agora”.
Você chega no ponto de ônibus. Espera pelo ônibus. Ele está atrasado. Você olha
para o seu relógio, olha para a rua molhada de chuva, olha para o seu relógio. Este ônibus
nunca se atrasa - geralmente. Mas está atrasado hoje. Existe outro ônibus que você pode
pegar se correr para a outra esquina. Mas... você investiu tanto tempo neste ônibus, e se ele
chegar assim que você for embora?
Bem, e se isto acontecer? O que você vai perder se pegar o outro ônibus? A
pesquisa é como esperar o ônibus na chuva. Não existe nenhum sinal de néon dizendo
quando trocar de projetos, mas você deve tomar uma decisão informada. Você não deve se
preocupar com o tempo que pensa ter perdido se trocou de projeto. Pense sobre o tempo
que você perde se não trocar no momento certo.
FONTES DE CONSULTA
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