Você está na página 1de 13
Educacional Lida xdamento bra - Design do BrasilfDuilio David Serok aes); Dbl e Westphal de Servigos Ltda. (Fabiola Werlang): Capel Geoffrey Blainey 2004 sma parte deste iveo pode ser arquivada, reproduzid fou por qualquer mei ‘sem permissio escrita do proprietirio dos direitos. sj eletronico ou mec: Dados Internacionais de Catalogagio na Pub Blainey, Geoffrey ‘Uma breve histéria do mando / Geoffrey Bl ‘editora] ~Sdo Paulo, SP: Editora Fundamento F al Ltda, 2012. "Titulo original: A very short history ofthe world 1. Mistéria do mando I. Titulo. on-6412 Indice para catélogo sistemstico: 1. Histéria mundial 909 Fandacio Biblioteca Nacional Depésito legal na Biblioteca Nacional, conforme Decr os reservados no Brasil por Editora Funds Brasil SUMARIO \dos da Africa 2. Quando os mares comega 3. A primeira Revolugdo Verde 4, A caipula da noite 5, As cidades dos vales 6, Maravilhoso mar 7. Senhor do Amarelo ~ Rei do Ganges 8, A ascensao de Roma 9, Israel e “O Ungido” 10. Depois de Cristo 11. O sinal da Lua crescente 12. Os gansos selvagens cruzam as montanhas 13. Em diregao a Polinésia Parte 2 14, Os mongéis 15, Os perigos do clima e das doengas 16. Novos mensageiros 17. A gaiola 18, Os incas e os Andes 19. A Reforma 20. Viagem a India 21. Os presentes que 0 Novo Mundo escondia 22. O olho de vidro da ciéncia 23. Destronando a colheita Parte 3 24. A queda das cartas 25, Além do Sara 60 aes e gatos e possivelmente tan galinhas ‘A ceramica era produzida em larga escala e os brinquedos feitos para as criangas inclufam vacas e bois que balangavam a cabeca. Orrio e suas enchentes anuais serviam como artéria dessa ci ‘mas essas mesmas artérias acabaram obstruidas. Aos poucos, as florestas foram climinadas pelos agricultores e, mais tarde, arvores isoladas eram cortadas para fornecer lenha para os fornos que coziam tijolos de barro. As enchentes provocaram erosio em algumas areas ¢encheram outras com sedi- mentos; as grandes cidades tinham de se erguer sobre montes para escapar das enchentes que, conforme o vale se sedimentava, subiam cada vez mais A cidade de Mohenjo-Daro foi reconstruida aproximadamente nove vezes, geralmente apés os danos e perigos trazidos pelas enchentes. ‘A vida do Indo, como um centro de poder, foi muito m: ado Nilo ou dos rios da Mesopota: da chegada das novas técnicas de trabalho em bronze e ferro, suas cidades estavam comegando a decair, O clima se tornava cada vez mais seco no ‘vale, € mais determinantes foram as invasdes pelos povos arianos que, durante séculos, vinham aumentando seu dominio no noroeste da India. A ctiagao de grandes vilarejos e a domesticagao de plantas e animais tinham sido um passo fundamental na histéria da raga humana. As pri- meiras civilizagGes dos vales deram outro passo. Situadas nos vales ricos em sedimentos do Oriente Médio e do Indo, elas trocavam experiéncias e serviam de estimulo umas as outras. Uma vantagem geogrifica 6b cutando o rio eos sedimentos, foi que uma das fronteiras de cada era prot contra os atacantes. O dl curta que Por volta de 1000 a.C., muito antes 1 dos vales dos rios era outro patriménio, pois ali se podiam plantar cereais que, por sua vez, eram féceis de preservat por longos periodos. O cultivo eficaz de griios era fundamental para a sobrevi- véncia das suas cidades — as maiores que o mundo havia conhecido, O fato CAPITULO 6 MaraviLHOSO MAR NJ Secteur Sem esse mar, suas qu: vida politica, econémica, social e cultural do mundo teria tomado rumo. Em uma época em que o mar, desde que fosse calmo, era dispendioso e mais rapido do que a terra para o transporte de car; passageiros, o Mediterraneo oferecia muitas vantagens. Estendia-se di Oceano Atlantico, a este, até quase duas enseadas do Oceano Indic leste: o proeminente Mar Vermelho e 0 Golfo Pérsico, O grand Mediterraneo, o Mar Negro, avangava para o interior da Asia. 1ragos menores, ladeando a peninsula itélica, chegavam até q das montanhas cobertas de neve dos Alpes europeus © mar unia Africa, Europa e Asia. Unia via maritima que ligava O Mediterraneo, sendo quase todo cercado por terra, podia perma- necer surpreendentemente calmo por longos periodos; em alguns dias, era um espelho plano e, no verao, era praticamente livre de tempestades, Aqui, os grandes barcosa remo, conhecidos como galeras, eram privilegiados em rte pela auséncia de vento em certas épocas do ano, Sob tempo calmo, os nos eram as tinicas forgas motoras e possibilitavam as galeras entrarem 10s portos estreitos que, sob vento contrrio, eram muito arriscados para proximagao de qualquer barco. Quando as raras tempestades chegavam © ondas de cristas brancas solapavam as praias de cascalho, essas galeras afundar em questo de minutos, esquadras inteiras podiam desa- fecer, € poucas vidas seriam poupadas. Em 480 a.C., quando os persas Wvam Atenas, o resultado da guerra foi parcialmente determinado pelo :mento de um vento que jogou os navios persas contra a costa rochosa Grécia. Século apés século, vidas famosas acabaram influenciadas por cessas tempestades ocasionais do Mediterraneo, r © Mediterraneo nao apresentava grandes variagbes de maré, O nivel Aguas mudava pouco durante o curso de 24 horas e, assim, os 0s podiam atracar no cais e nas docas e ser descarregados com relativa Jade. $6 em alguns portos rasos, os navios tinham de esperar pela de sui 3.0 MEDITERRANEO ann maré alta antes de poder entrar ou partir. A cidade de Veneza, com canais em vez de ruas, so era praticdvel porque a variacao das marés era minima. O registro mais antigo de uma embarcagao a vela é uma decoragao feita num vaso egipcio, por volta de 3100 a.C. A vela quadrada assemelhava-se a um grande quadro-negro suspenso em um cavalete e, sem divida, foi empregada num navio que navegava pelo tumultuado Rio Nilo. Couro ou pele bem podem ter sido usados para confeccionar as primeiras velas, mas jé em 2000 a.C. estavam sendo substituidos por linho, extraido das fortes fibras da planta de mesmo nome. O abastecimento garantido de linho continuou sendo um ingrediente essencial da forca naval até o sur- gimento do barco a vapor. O hasteamento das velas em mastros ¢ 0 uso mais habil das cordas andavam lado a lado com um conhecimento cada vez, maior dos ventos. Na época do poeta Homero, os gregos ja sabiam muito sobre os ventos € suas diregdes prevalecentes; de fato, quando ao mar, o conhecimento dos ventos e das estrelas era praticamente a tinica bussola existente, Assim, os marinheiros em alto-mar, numa noite escura, podiam verificar seu rumo, em parte, observando a dirego da qual vinham os ventos timidos, frios ¢ sibilantes. Conhecido como zéfiro, a origem desse vento geralmente apontava 0 ocidente. ‘As galeras eram dotadas de velas. Quando o vento soprava de um \drante favoravel, uma vela quadrada era levantada, porém, se 0 vento era brando, a tripulagdo usava os remos. Com o tempo, as pequenas ras deram espago as galeras maiores, que eram especialmente feitas ra combates no mar. Os remadores ficavam agora posicionados em conveses, em ver de em um sé. Mais tarde, o trirreme surgiu com ‘A combinagao de velas e remos permitiu que os navios atingissem uma velocidade que as velas sozinhas ou ape- ‘A COMBINAGAO DE VELAS E REMOS RMITIU QUE OS NAVIOS ATINGISSEM | 88 08 remos nao teriam conseguido. UMA VELOCIDADE Que | Assim sendo, umleve vento de popa per- AS VELAS SOZINHIAS OU. | mitia que a galera, quando totalmente APENAS OS REMOS NAO | _ tripulada, aumentasse sua velocidade de TERIAM CONSEG 4 para 6 nés, tornando desnecessérios os remos; se as velas fossem levantadas em dois mastros, o navio as vezes se inclinava tanto que 0 uso de remos se tornava impossivel. ee. deescravos: Em um dia calmo qualquer, dezenas de milhares de escravos deve ter sido vistos trabalhando nos remos de navios de propriedade das cidades e colénias gregas. Seus tornozelos eram presos por grilhdes que os impediam de sair da posi¢ao ao lado do remo; se 0 navio em que estavam de repente afundasse durante uma batalha ou tempestade, eles tinham pouca esperanga de escapar, ‘A regido mediterranea, principalmente sua margem norte, acabou e tornando o centro do poder e da criatividade. Sua crescente influéncia foi ajudada pelo lento e paulatino dominio dos homens de terra sobre os avios e por outro fendmeno que aos poucos se acercava: 0 advento do ferro barato. Os artefatos de ferro sempre tinham sido um luxo. O ferro, a prin- , nao vinha das rochas, onde era abundante, mas como uma dadiva dos céus. Por muito tempo, o meteorito era a tinica fonte de ferro em usos tendo origem celeste, freqtientemente era reservado para rituais sagrados. Com o passar do tempo, o minério de ferro foi encontrado nas rochas, cujos pedagos my faze pesados e mais ricos eram explorados de forma primitiva, nd se tentati aprenderam a fundir minério de ferro aumentando a temperatura do forno para mais de 1.500 graus centigrados, que era 400 graus mais alta que a temperatura necessiria para a fundigao do minério de cobre. Rapidamente, o ferro vindo da terra se tornou mais barato que o ferro vindo do céu; nfo obstante, o ferro metilico ainda era to caro que a maioria dos europeus nem mesmo possua um fragmento sequer desse metal, que seria capaz de revolucionar 0 cultivo da terra e 0 corte de érvores. como bronze como metal precioso a ser enterrado com os motos, Dois séculos depois, artefatos e armas feitas de ferro estavam sendo ampla- mente usados ao longo do Mar Egeu. Embora a madeira permanecesse mais importante, mesmo para a produgdo de ferramentas, a resisténcia € 0 poder de corte do ferro estavam mudando os conflitos de guerra, a agricultura e algumas outras artes. ‘A. LUZ BRILHANTE DE ATENAS Em tempos mais recentes, periodos de alguns poucos séculos tém jdo marcados por breves ciclos de vitalidade que, mesmo depois de supe rados, parecem continuar brilhando como uma luz ao longo de uma costa solitéria, Tais eras geralmente tém sido confinadas a uma pequena parte do mundo, embora o brilho de sua luz pudesse alcangar muito mais a seu redor. Os gregos acenderam esse tipo de luz: dia e noite, ela brilhava nos ‘os promontérios, dominando grandes extensdes de mar e, por muitos séculos, podia ser vista de longe. Os colonizadores gregos se disseminaram. Hoje, no Mar Negro, os turistas nos barcos de passeio que contornam a costa do porto russo de Sukhumi sio informados de que navegam sobre um colchao de areia cobre as ruinas de uma antiga cidade grega. Ja no século 6° a.C., izadores gregos ocupavam uma faixa de litoral no sul da Franga e um grande cinturdo do que hoje éa costa da Turquia. Essas cidades eram pequenas, mas a maioria fervilhava de vitalidade. Parte dessa vitalidade se refletia nas brigas violentas que travavam entre si; se tivessem se unido, em vez de terem entrado em conflito, teriam conquistado a maior parte do mundo ocidental. ‘Atenas emergiu: como a mais impressionante das cidades-estado gtegas. Seu territério de colinas secas, conhecido como Atica, nao era maior que a atual area urbana da grande Los Angeles. Sua populacao total mal passava dos 300 mil habitantes e, ainda assim, era o pedago de terra mais influente que o mundo havia visto até entéo, Depois de ter sido queimada e saqueada pelos invasores persas em 480 a.C., seus moradores revidaram e venceram o inimigo. A derrota e a humilhagao Thes deram teve inicio por volta de 447 a. RG HG ea ers ciceah ec a cA Gen A een Nes por Fidias e adornada com ouro e marfim. .-e terminouem e. Aprendendo com os egipcios, os artistas gregos também lucraram com seu clima intelectual confiantee de grande empolgacao. Possivelmente, o periodo mais fértil foi entre 520 e 420 a.C. quando a graca e a fluéncia marcaram tantas de suas construgées, pin- turas e esculturas. |A expansio do comércio exigiu algo mais organizado e menos incémodo queeseambo de wn conju de mereadorias por ote, En 670 aC. a ilha grega de Egina foi uma das primeiras a cunhar moedas. Feitas de prata, eram reconheciveis pela figura de uma tartaruga marinha cunhada em uma das faces. © dinheiro facilitou o comércio de bens, ja que os mercadores aceitavam as moedas quando nao havia outro artigo que eles desejassem. Demintisculos objetos a templos majestosos, nao havia limites para ahabilidade dos artistas gregos. Dois diminutos amuletos escarabeideos, rabo enquanto é conduzido por um jovem; 0 outro é um pequeno anel, quase da cor de groselha madura, representando um jovem nu raspando 6leo, sujeira e suor de sua perna com uma Kamina curva. ; peixes frescos, incluindo outras espécies pequenas, como a ascidia, eram um espeticulo e um cheiro comuns nos mercados. As aves foram introduzidas por volta de 600 a.C., vindas da India, mas a ave popular dos terreiros de fazenda gregos era a pequena codorna, Para os escravos e cidadaos mais pobres, os print cram 0 trigo, a cevada, 0 feijéo ¢ 0s frutos do carvalho que caiam no chit. A carne bovina era uma raridade. As vezes, até o azeite de oliva, w: como “manteiga” no pao e como éleo para cozinhar, tornava-se muito caro para os lares de nivel médio e, na verdade, a maioria das olivas cultivad nas cercanias de Atenas era amassada, espremida e seu dleo despachado para portos distantes em grandes jarros de cerimica, Para os pobres, beber vinho, sempre diluido em agua, nao era um prazer do dia-a-d is alimer O LuTADOR DE CROTONA m Olimpicos, abertos somente a cidadios do mundo grego, ‘Gente data especial do calendario a cada quatro anos. Segundo se d comegaram em776a.C. e, de inicio, eram uma festa de menores proporgies, Competindo como corredores, arremessadores, lutadores ou ci de carruagens, os atletas gregos inicialmente usavam roupas; mais tarde, ores todos preferiam ficar nus na arena abarr Algumas cida m bem se ganhasse de g 's mais ambiciosas recrutavam atletas e Ihes paga grega chamada Crotona, no extremo sul da Itélia, criou o desejo atual de ganhar a qualquer custo. Rica e gigantesca ~ andar em torno de sua ‘muralha requeria uma jornada de quase duas horas -, Crotona conseguit atrair atletas de outras cidades. Nos cem anos que comecaram em 588 a.C,, 08 corredores de Crotona foram vérias vezes vitoriosos. Um de seus atletas, Milo, trouxe ainda mais gloria a Crotona ao ganhar a luta livre olimpica por seis vezes consecutivas. Seus ombros macigos eram fortes 0 suficiente para carregar um boi vivo ao redor do estédio. Certa vez, devorou um boi inteiro num tinico dia. Quando cami- nhava pela cidade, respirando o ar do fim de tarde, sua presenca deve ter sido um foco de orgulho civico muito maior que 0 de outro dos imortais dessa cidade, o eminente matematico Pitégoras. vaticina-se que o esporte internacional se tornaré um substituto das guerras internacionais, mas a experiéncia das cidades gregas de Crotona que eram rivais, deixa dtividas quanto a essa previsio. Sibaris, com citimes da proeza de Crotona nos esportes, criou a propria festa esportiva por volta de 512 a.C. Crotona nio se impressionou. Por fim, despachou para Sibaris um exército sob 0 comando de ninguém menos ‘que Milo, o lutador. Gregos lutaram contra gregos, derramando sangue pelo piso dos templos e pela grama das arenas. A cidade da sensualidade ficou praticamente destruida, = Dando seus primeiros passos na democracia, Jevaram-na mais adiante que talvez.qualquer outra das primeiras socieda- des. B em constante mudanga. Seus membros eram escolhidos por sorteio ou loteria, enenhum membro podia servir por mais de dois anos. ava outro grupo, sendo um de seus membros ese no poder era surpreendentemente curta. Ele governava simplesmente do nascer do sol até o nascer do sol do dia seguinte. Na verdade, a assembléia_ de cidadaos arrendava seu poder aos oficiais superiores, dividindo-o em pequenos pedacos e, depois, juntava os pedacinhos e os inspecionava. Como poderia um estado pequeno, freqiientemente envolyido em guerras, ser governado com eficiéncia dessa forma? O chefe das forcas armadas era parcialmente isento do governo de curta duracao. No século 58, no auge da democracia de Atenas, o chefe militar era eleito diretamente, no mais por sorteio. Seger nee ema nk sir temas es criss oyenep Renny leritaina tomiada de decisbese, como a maioria das democracias dos tempos modernos, relutante na imposico dos impostos necessarios. Aristoteles, uma das notaveis mentes da Grécia, detectou as virtudes e falhas desse modo raro de governo, Ele lamentava 0 fato de ‘que, se muitos proprietirios de terra mais pobres freqiientassem a assembléia, suas reivindicagdes por subsidios para simes- mos sugariam todas as forgas do pais. Em sua opinio, “os pobres esto sempre recebendo e querendo mais e mais”, Ainda assim, ele defendia a idéia de que todos que possufam terra deveriam partilhar o direito de governar seu pais e o dever de pagar impostos. stair cracias. Mas a democracia de Atenas, como a estrada que ia da cidade ao porto de Pireu, era enclausurada por paredes. Somente aqueles classificados malmente como cidadaos tinham direito de falar e votar e, a partir do no 451 a.C,, um cidadio ateniense que se casasse com uma estrangeira aya, conseqtientemente, todos os filhos desse casamento do direito de Os pobres nao votavam, as mulheres e 0s intimeros escravos nao ‘A DEMOCRACIA GREGA ERA VULNERAVEL EM TEMPOS DE CRISE OU GUERRA E LENTA NA = TOMADA DE DECISOES. Num discurso de confronto, em 330 a.C., 0 orador Deméstenes demonstrou desdém a um orador rival, Esquines, acusando-o de provir de uma familia humilde: “Quando menino, voce foi ctiado em extrema pobreza, servindo com seu pai em sua escola, moendo tinta, limpando os bancos, varrendo as salas, fazendo as obrigagdes de um ctiado, ao contrério de um homem nascido livre.” Era como se o pasado humilde de uma pessoa nunca pudesse ser perdoado, Ahabilidade de falar e prender a atengio das pessoas, seja como um contador de histérias ou um poeta, um profeta ou um persuasor, tinha sido estimada por mais de mil sociedades tribais e analfabetas diferentes no espago de intimeros ano: - le (Poder: porque as assembléias ao ar livre, compostas de eleitores violentos ¢ temperamentais, ds vezes chegando a seis mil, podiam ser facilmente envolvidas por um orador eficaz. Mestras do debate, as cidades gregas que pontilhavam as margens do Mediterraneo também eram mestras da violéncia, quando necessé- Enquanto Atenas ouvia as doces palavras dos oradores, os gregos na estavam se massacrando e se torturando. Agatocles, governante da podlerosa cidade-Estado de Siracusa, matou quatro mil homens em um ia. Os romanos acabariam batendo esse recorde. |. Hoje, muitos estudiosos renomados sugerem que Platéo de Atenas foi o mais talentoso de todos 08 fildsofos, enquanto Aristételes é reverenciado no que hoje é chamado de ciéncia politica. Na arquitetura e nas artes, as cidades gregas, embora gratas ao Egito, abriram novos caminhos. Na medicina, um médico na pequena Ilha de Cés foi 0 primeiro no mundo ocidental e seu nome ‘eram como uma sucesso de luzes piscando na escuridao. A histéria, derivada de uma palavra grega, foi outra érea na qual os gregos foram desbravadores de caminhos; sua vitalidade e génio também se estenderam a0 teatro, esportes ¢ politica democratica, bem como idéias abstratas de grande complexidade. A-engenharia foi outra poténcia dos gregos. Na TIha de Samos, no século 6° a.C., um tunel de um quilémetro foi escavado através de um morro de calcério para drenar uma fonte de abastecimento de agua doce. Mais ou menos na mesma época, os pedreiros gregos foram os primeiros a.usar 0 formao dentado, tao itil nos trabalhos com marmore; seus cons- trutores provavelmente foram os primeiros a usar o guindaste para igar materiais até os muros elevados, ainda que os eseravos f0ssem preferidos a0 uso de guindastes. " Como um todo, gregosse sobressfraim maisna cigncia do que na tecnologia: Até suas armas mais engenhosas exigiam trabalho fisico em larga escala, Durante o cerco de Rodes, em 304 a.C,,uma torre portitile um arremessador de pedras que se movia sobre rodas foram construidos para auxiliar no ataque, mas varios milhares de homens foram necessirios para rebocé-lo até 0 local. nando a principal herdeira da tradigio ateniense, Fundada em 331 a.C.,.a cidade ascendente tornou-se a maquina intelectual do mundo ocidental. Uma notdvel biblioteca e museu foram construidos. 1m o anatomista Herdfilo, que dissecou o cérebro e 0 olho humanos no ano 285 a.C; um quarto de século depois, nascia uma escola médica de grande fama. Os judeus vieram para a cidade em grande ntimero para comerciar, € os estudiosos judeus os acompa- nharam e traduziram seu Antigo Testamento do hebraico para o grego. ssa verso era conhecida como Septuaginta, por ter sido o trabalho de 72 tradutores, ouvesse oa, Ale Te ysidade transform 08 esc ra todos os propésitos, Alexandria ¢ outras cidades gregas provavelmente foram capazes de dar varios Passos que Constituiram, mais de dois mil anos depois, arevolugdo industrial, porém, les nao precisavam de uma revolucao industrial, A odlerosa civilizacao helenistica, agora concentradaem Alexandria © nas antigas terras gregas, na Europa e na Asia Menor, nio tinha caréncia de auto-estima; era freqtientemente imitada. Mais de 2 mil anos depois, © mapa do mundo, incluindo terras nunca conhecidas pelos gregos, foi regado com vores e lembrancas da Grécia. Nos Estados Unidos, primeira “pital Filadélfia, trazia consigo um nome grego. No norte do Estado de Nova York, surgin Syracuse (Siracusa), Ithaca ({taca) eum conglomerado de cidades com nomes em homenagem a Grécia Antiga, Na Austrdli na década de 1850, os garimpeiros de ouro que salam de Melbourne em direvio as novas minas de ouro passaram por duas montanhas, Monte Macedénio e Monte Alexandre. Um arquipélago no Alasca ¢ uma ilha em frente a Antértida tém ambos o nome de Alexandre. No século 19, os trés maiore: périos do ‘mundo foram, por muito tempo, presididos por monarcas que tinkam Homes gregos: a rainha Alexandrina Vitoria, da Inglaterra; Alexandre I da Russia, e Luts Felipe, da Franca, wos, serviam como maquina pa cia exercida pela civilizacao helenistica tenha si g : ‘avam com alegria tudo que era grego, Admiravam a literatura, o teatro, * comida, a politica, as artes visuais, a oratéria e uma boa parte do estilo, Cultura que havia florescido e se moldado inicialmente em Atenas, Esse processo de imitacao foi comparado.a imitagao mundial da América ra popular de hoje, ica quand capITULO 7 SENHOR DO AMARELO — Rel Do GANGES ma estrada de campinas cobria praticamente toda a area, ; veres interrompida por montanhas e lagos, desde 0 cas Europa até o leste da Asia. Seguia desde as margens eae Dantibio as florestas da Manchtiria. Medida de costa a costa, essa ae : de grama ia quase do Mar Adridtico a0 Mar Amarelo. As terras ao longs x fissia, onde o desse corredor abrangiam solos ricos e pobres; no sul da Ri ie ima mais ameno, eram chamadas de estepe. Ali, logo solo era rico eo cee apés 0 ano 2000 a.C., as pessoas comecayam a conseguir uma impo conquista: estavam domando, ou domesticando, 0 cavalo que até entio havia sido cagado simplesmente pela carne. : ror Nao tao altos quanto 0 ponei tipico de hoje, esses ne pa nativos exam um patriménio, Quando treinados, eram aliados A a inteligentes; se perdiam seu cavaleiro, conseguiam achar oe 3 volta para casa, Forneciam leite para as criangas e, oe nee a aas maes parassem de amamentar os bebés ainda cedo. Co: ee espago entre uma gravidez outra se tornou menor ee ban lacdo das estepes teve a a de ae ner Heo c imente no inverno, a Pe setae ea etree weg cs 's arvores eram poucas. Gragas ao cavalo, as Jas acabaram abrigando mais pessoas do CAPITULO 8 A ASCENSAO DE RoMA oma foi construfda, como seus historiadores e escritores de em todas as colinas, no entanto, eram povoadas nessa jovem Roma. A cidade era muito pequena para que um tal espaco fosse necessario. Atrés da cidade murada, corria o Rio Tibre, que desaguava no Mediterraneo, ‘menos de 40 quildmetros de distancia, As vezes amarelado em decorrén- cia da lama arrastada pelas aguas desde as colinas ingremes apés chuva forte, o rio era usado por pequenos barcos que transportavam carga para cima e para baixo de sua desembocadura. Inicialmente, um monarca governava a cidade e 0 pequeno territorio ao redor, mas, em 509 aC. as familias proprietérias de terras foram vitoriosas, e sua repiblica veio a durar quase cinco séculos. ‘A pequena cidade de Roma ainda lutava para sobreviver. Em 390 a.C. foi sitiada durante sete meses por um exército de gauileses que, final- mente, entrou e destruiu metade da cidade. Roma ainda nao comandava nem metade da Peninsula Itélica. Em 300 a.C., nem mesmo controlava Milo ea regio de Veneza, que ainda nao era uma vila. Roma governava algumas das ihas do lado oeste do Mediterraneo, quase todas elas do lado rival ¢ sob influéncia de Cartago, a poderosa cidade na costa norte fabulas gostavam de proclamar, sobre sete colinass, ma estava na produgio de generais ¢ sole 0s, Esses gue os, tendo subjugado os vir sabinos, etruscos ¢ os picentinos, comegaram a desafiar 0 império terrestre e maritimo baseado em Cartago. Em 240 a.C., os romanos controlavam arrica ilha da Sicilia, outrora parte da civilizagao greg: capturaramailha cartaginesa de Sardenha. Em seguida, Anfbal,o grande general de Cartago, pareceu por algum tempo ter grande chance de veneer Roma, pois havia conduzido um exército vitorioso pela Espanha ¢ pelos [Alpes franceses, avangando Itlia dentro. Suasforgas, prem. foram final ‘mente derrotadas em 207 a.C. Eram os romanos que agora expandiam seu império no estrangeiro, facilmente penetrando no dominio de Cartago, no norte da Africa, Dessas novas posses no norte da Africa ¢ na Sicilia, vinha uma procissio de navios cujas cargas de gréos eram necessérias para alimentar a cidade de Roma, em franca expansio. 10 ano seguinte, as. Em 312 a.C., engenheiros romanos comegaram a construir a primeira de suas artérias, a Via Apia, que ia desde Roma ao porto de Tarento, no sul da costa italiana, regiao cujo Iitoral tem o formato do salto de uma bota. Em pouco tempo, a estrada foi ampliada atéa parte posterior desse salto, o porto de Brindisi, no Mar ‘Adriético, onde hoje pode ser vista a antiga coluna de pedra que celebra esse feito de engenharia. i - < onde ainda sobrevivem, sao conhe cidas como "esttadasromanas’jumaespéciedistinta,comona verdad 0 sho, Rasgando colinas,atravessando pamntanos sobre pedtas ou caminhos vlevados, foram descritas pelo novelista inglés Thomas Hardy como uma linha fina e continua, que divide o cabelo em duas partes. ‘As estradas romanas, para sua época, eram mais notavel stradas construidas na Europa, na era dos automoveis. QS se, como na China, podiam bem antes de uma mensagem enviada por mar. Nas anas A ponte romana era um trabalho de arte, embora os romanos tivessem predecessores talentosos na construgio de estradase pontes. Ver uma ponte romana hoje ainda resistindo ao tréfego é ter uma sensagdo de estupefagao; os engenheiros, os cortadores de pedras ¢ os pedreiros que construiram essas pontes ha muito tempo silenciaram, mas sua ponte resiste em toda a sua forga e elegancia. A ponte romana de Rimini, num brago do Mar Adriatico, ¢feita de blocos de caleério esbranquigado, com conchas e restos de alguns peixes ainda cravados na pedra branca; cons- truida por volta do ano 5 a.C., consiste de cinco arcos semicirculares sob 08 quais um rio, hoje mais estreito, flufa com forga na época das enchen- tes. Usada por carros ¢ Jambretas e realgada por uma saliéncia onde os pedestres podem passar com uma margem minima de seguranga, ponte, até hoje, tem travessia em uma s6 diregao. DENTRO DA CIDADE DE MARMORE s. Era.a meta dos andarilhos e dos indigentes sem lugar para ir, dos que queriam trabalho e diverséo e dos extremamente ambiciosos, que queriam as melhores oportunidades. As tuas de Roma, pavimentadas com pedra, ficavam abarrotadas de veiculos de roda e de gente, muitos chegando das terras aréveis italianas e outros chegando como prisioneiros da tiltima guerra. A cidade em expansao dependia de aquedutos, e as pontes de grandes arcos transportavam das 1s 0 fluxo continuo de égua que abastecia os banhos piibl com imimeras salas menores e muitas banheiras, tanto quentes quanto frias cavam, A cidade de Roma sozinha tinha cerca de 800 balnearios publicos. Muitos dos navios que carregavam pedra, madeira e graos para Roma eram maiores do que os que seriam construidos no mundo oci- dental nos mil anos seguintes ou mais. Podiam ter mais de 50 metros de lugar de conversas sobre coisas alheias e de prazer, eles se multipl comprimento e chegar a 15 metros de largura, fazendo com que pareces- sem um tonel, um pouco desajeitados para os atuais padrdes de projeto. Uma esquadra de navios, quase como os atuais navios graneleiros, foi construida especialmente para o transporte de pedras para construgio. sses grandes navios romanos dependiam do vento, em vez de remos; sua tarefa era transportar cargas a baixo custo. A rapidez era de somenos nportancia, ainda que, ocasionalmente, fizessem travessias rapidas. Hé relatos de um navio de carga que viajou do porto italiano de Népoles ao porto egipcio de Alexandria em apenas nove dias. Se acaso os marinheiros europeus, na época de Colombo, tives- sem visto os destrogos de um dos grandes navios romanos de madeira, revelados pelo deslocamento das areias, teriam ficado surpresos com © comprimento dele, A nau capitinia de Colombo, Santa Maria, tinha proximadamente 30 metros de comprimento, muito menor do que os avios romanos vindos do Egito, envolvidos no transporte de graos ou de pedras para construgao. Mesmo o impressionante barco a vapor de 1843, © Great Britain, com sua tinica chaminé e seis mastros, nao era tio largo, nem duas vezes mais comprido que os grandes navios de carga romanos que haviam navegado os mares, 2 mil anos antes. mente, podemos sentir o gosto das refeigdes das pessoas comuns: o pao integral, o queijo fresco prensado & os figos verdes de segunda safra e, & claro, o pequeno peixe de grande ridade, o arenque, Podemos caminhar pelas fazendas romanas, como trabalhar a terra, as & poe Assi a de Ving ava ua trazia sorte para lagar e ED domar 0 gado selvagem e, no verdo, o feno de um prado seco deveria set cortado depois do anoitecer, para melhores resultados, uma das regras da produgao de feno que era seguida com freqiiéncia na Itilia e que persiste na lembranga de muitos. uteri en as dezenas de milhares. Quando foi finalmente derrotado na Itilia, em 71 aC, aproximadamente 6 mil de seus seguidores foram capturados e ctucificados ao longo da Via Apia. Petiodos ivilizados se entrelagavam com periodosde violencia. Até mesmo com escravos podia haver civilidade e compaixio. No inicio do segundo século, o filho de um escravo morreu, e seus donos encomen- daram a escultura da cabega do menino morto em bloco de marmore, acrescentando a simples mensagem em latim: Ao querido Marcial Um pequeno escravo, Que viveu dois anos, dez meses e vito dias. A crianga tem um olhar inocente, orelhas longas e elegantes, boca pequena, cabelo aparado penteado até a metade da testa e ~ logo acima da orelha direita ~ um amuleto da sorte egipcio. A insignia nao denotava que a crianga vivesse no Egito, que na época era uma colonia romana. O império de Roma era cosmopolita e as idéias, rel com facilidade: a cabega dessa crianga pode ser vista ainda hoje num museu de Los Angeles. ies e modas fluiam ava a mais de um 1 Roma imitar a democracia grega e as reunides piiblicas de cidadaos que votavam ali na hora; assim, a urna secreta foi a alternativa romana. Por por ser democraticamente perigosa, de acordo com seus préprios padroes. Os chefes de estado eram eleitos, e nenhum politico ou general podia ‘ravos estavam sendo recrutados, a Roma, Até os generais que lutavam em fronteiras distantes nao eram faceis de manter sob vigilncia; eles precisavam de alguma independén- cia para lutar com sucesso, mas, se saissem muito vitoriosos e se fossem muito populares com 0 publico romano, representavam indiretamente um desafio aos lideres civicos que detinham o poder em Roma. Em 63 a.C., Augusto tornou-se nperador, enquanto afirmava ser simplesmente primeiro cidadao da velha repiblica; tinha controle militar e mantinha um pulso firme no senado, Aos poucos, o imperador romano tornou-se todo-poderoso em vida e venerado como um deus na morte. Cada imperador agora nomeava seu proprio sucessor. desfrutar aquele outro privilégio dos cidadaos: o direito de pagar impostos para um império que, freqiientemente, estava desprovido de receitas, Roma foi um império tio bem-sucedido, sua historia politica e seus modos de governo foram tao bem registrados que, quando Londres tornou-sea outra Roma, no século 18, seus lideres politicos e culturais ficaram obcecados pela AO LONGO DA ROTA DA SEDA nos ¢08 chinese; havin sm gad sSpgo gegréticosA rota por terra entre 0 oeste da China e os portos mais proximos do Mar Negro, mesmo antes da era crista, era a mais longa do mundo. Atravessava montanhas ¢ planaltos, planicies rochosas e desertos salgados, correntezas fortes, desfiladeiros ¢ imensas pastagens, A rota era mais como uma corrida de revezamento do que uma procissao, pois os bens comercializados eram passados de mercador para mercador, de bazar para bazar e, assim, eles Jentamente cruzavam seu caminho pelo continente em carrogas, a cavalo em camelos que se moviam em longos comboios. A principal carga transportada do Oriente era a seda, Os ricos de Roma e Alexandria veneravam artigos de vestuario feitos de seda e, por muito tempo, a China foi o unico fornecedor desses artigos. Os humil- des bichos-da-seda, alimentando-se das folhas cortadas de milhées de amoreiras da China, viviam apenas 45 dias, mas, durante essa curta vida, cada bicho-da-seda produzia um casulo esbelto de fios que, quando desemaranhados, podiam chegar a 900 metros. Os finos filamentos eram_ combinados formando um fio com o qual a seda era manufaturada a mao em muitas cidades chinesas. ‘Semyarrebentarsfacilmente tingida’cOm cores fortes, tais como a purpura de ido em contato com a pe ice de ps que tink era usada pelas pessoas comuns na China e, por ser bem mais cara a0

Você também pode gostar