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na Psicologia Perinatal
Brasília-DF.
Elaboração
Produção
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7
UNIDADE I
A ABORDAGEM COGNITIVO-COMPORTAMENTAL................................................................................... 9
CAPÍTULO 1
A ORIGEM DA ABORDAGEM COGNITIVO-COMPORTAMENTAL................................................. 12
CAPÍTULO 2
A ABORDAGEM COGNITIVO-COMPORTAMENTAL NO HOSPITAL............................................... 17
CAPÍTULO 3
CONTRIBUIÇÕES DA ABORDAGEM COGNITIVO-COMPORTAMENTAL NA PSICOLOGIA PERINATAL....... 24
UNIDADE II
PSICOLOGIA HOSPITALAR..................................................................................................................... 31
CAPÍTULO 1
A PSICOLOGIA E A OBSTETRÍCIA.............................................................................................. 33
CAPÍTULO 2
A INFLUÊNCIA DA CULTURA MÉDICA........................................................................................ 46
UNIDADE III
ACOMPANHAMENTO CLÍNICO COGNITIVO-COMPORTAMENTAL........................................................... 51
CAPÍTULO 1
O ACOMPANHAMENTO DE GESTANTES COM TRANSTORNOS DE PERSONALIDADE.................... 53
CAPÍTULO 2
O ACOMPANHAMENTO DE GESTANTES DE ALTO RISCO E/OU COM BEBÊS DE ALTO RISCO ...... 61
CAPÍTULO 3
O ACOMPANHAMENTO DE DEPRESSÃO PÓS-PARTO................................................................. 72
CAPÍTULO 4
O ACOMPANHAMENTO DA MÃE DE NATIMORTO..................................................................... 80
CAPÍTULO 5
O ACOMPANHAMENTO DA MÃE DE UTI................................................................................... 86
REFERÊNCIAS................................................................................................................................... 90
Apresentação
Caro aluno
Conselho Editorial
4
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos
Cadernos de Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Atenção
5
Saiba mais
Sintetizando
6
Introdução
A abordagem cognitivo-comportamental vem ganhando visibilidade e adeptos devido
a alguns fatores relacionados aos seus princípios básicos, tais como: ser uma proposta
limitada no tempo, visando início, meio e fim; ser breve, focada em objetivos, atuando
incialmente sobre questões problemáticas atuais do paciente; ser colaborativa,
enfatizando a participação ativa do paciente no processo e na prevenção de recaídas,
entre outros.
A Psicologia Perinatal é uma área que vem recebendo atenção com práticas que
valorizam a mulher (e familiares) neste momento de tamanha alteração em seus
aspectos cognitivos, emocionais, comportamentais e fisiológicos. Nesse cenário,
explicitaremos os cuidados com gestantes nas situações de vulnerabilidade que
englobam as doenças ou casos peculiares prévios à gestação, uso de medicamentos,
medicações a serem evitadas, tratamentos e cuidados exigidos.
Ademais, refletiremos sobre a gravidez de alto risco e o bebê nesta situação e sobre
significados e possibilidades de intervenções psicológicas.
Objetivos
»» Apresentar informações importantes sobre a origem e a prática da
abordagem cognitivo-comportamental no contexto da Psicologia da
saúde, Hospitalar e Perinatal.
7
8
A ABORDAGEM
COGNITIVO- UNIDADE I
COMPORTAMENTAL
Os pensamentos automáticos são assim chamados pelo fato de que aparecem numa
situação específica sem que haja controle do sujeito, eles podem aparecer na forma de
palavras ou até mesmo de imagens. O conteúdo de um pensamento automático está
ligado às crenças centrais e intermediárias que o sujeito possui, estas, também, por sua
vez, possuem uma origem (BECK, 2013).
maleável, estão embasadas nas crenças centrais. Ao buscar por ideias como essa,
o terapeuta vai encontrar regras, atitudes e pressupostos, pois é dessa forma
que as crenças intermediárias se apresentam. As atitudes funcionam como um
posicionamento diante de algo, enquanto as regras, como uma determinação, e os
pressupostos envolvem uma complementaridade entre um “se” e um “então” (BECK,
2013). Podemos perceber esta colocação nos seguintes exemplos:
Conforme descrito por Beck (2013), as pessoas são propensas a fazer atribuições de
sentido falhas. Para esse fenômeno, é dado o nome de vulnerabilidade cognitiva. Dessa
forma, as crenças centrais e intermediárias podem ter uma correspondência fraca
com a realidade, fazendo com que os pensamentos automáticos sejam distorcidos e
tendo como consequência emoções negativas, respostas fisiológicas inadequadas e
comportamentos mal adaptativos (BECK, 2013).
Crenças centrais
↓
Crenças intermediárias (regras, atitudes, pressupostos)
↓
Situação
↓
Pensamentos automáticos
↓
Reação (emocional, comportamental, fisiológica)
Fonte: Beck, 2013 (com adaptações).
10
A ABORDAGEM COGNITIVO-COMPORTAMENTAL │ UNIDADE I
Tendo como base o modelo cognitivo apresentado por Beck (2013), o terapeuta se apoia
em técnicas que visam a corrigir a distorção nos pensamentos automáticos e flexibilizar
as crenças nucleares e intermediárias do sujeito. Ao fazer esse trabalho, espera-se
que os pacientes possam experimentar emoções pautadas em visões mais próximas
da realidade, ter reações fisiológicas condizentes e adequadas com a situação e adotar
comportamentos adaptativos, aumentando a saúde e a qualidade de vida.
11
CAPÍTULO 1
A origem da abordagem cognitivo-
comportamental
A partir dos resultados positivos emitidos pelos seus pacientes depressivos, Back
passou a ensinar o método de identificação-avaliação-modificação de pensamentos
12
A ABORDAGEM COGNITIVO-COMPORTAMENTAL │ UNIDADE I
dos pacientes depressivos aos seus residentes. Diante do sucesso quanto à melhora das
pacientes a partir desse modelo, o também psiquiatra e residente-chefe Augustus John
Rush juntou-se a Beck e ambos partiram para mais pesquisas nessa linha. Qual a real
eficácia do tratamento cognitivo? Com essa pergunta inicial, foi possível, pela primeira
vez, a associação experimental entre a terapia e a medicação, pois, buscando a resposta
da pergunta inicial, percebeu-se que a terapia cognitiva era tão eficaz quanto o uso de
psicofármacos em pacientes depressivos (BECK, 2013).
Essa pesquisa permitiu com seus resultados não somente saltos em relação à
cientificidade do processo psicoterapêutico, mas, também, um novo olhar sobre
a depressão e o surgimento de uma nova abordagem teórica da psicologia: a teoria
cognitivo-comportamental.
A depressão foi a patologia inicial de estudo dessa nova abordagem e base do seu
fundamento teórico, porém os estudos e a aplicabilidade do modelo se expandiram
para o tratamento de outros transtornos. Essa nova abordagem traz à psicologia um
modo particular de atuação direcional e sistematizado, elevando, assim, o status
científico dessa ciência na atualidade. Essa padronização favoreceu a ampliação,
a teorização e a adaptação também para outros problemas psicológicos na ordem
psiquiátrica.
Partindo dessa ideia, Beck e seus alunos residentes, envolvidos nas pesquisas com a
terapia cognitiva, foram percebendo que, à medida que entendiam a descrição da pessoa
depressiva com relação a si mesma e suas experiências, esta realizava construções
negativas sobre si, deixando de considerar aspectos positivos e suas experiências de
vida. Para isso, Beck deu o nome de distorções cognitivas (ou erros de pensamento),
que nada mais são que distorções da realidade.
13
UNIDADE I │ A ABORDAGEM COGNITIVO-COMPORTAMENTAL
Presumir, sem evidências, que sabe o que os outros estão pensando, desconsiderando outras
LEITURA MENTAL
hipóteses possíveis.
Colocar um rótulo global, rígido em si mesmo, em uma pessoa ou situação, em vez de rotular a
ROTULAÇÃO
situação ou o comportamento específico.
Experiências positivas e qualidades que conflitam com a visão negativa são desvalorizadas porque
DESQUALIFICAÇÃO DO POSITIVO
“não contam” ou são triviais.
MINIMIZAÇÃO Características e experiências positivas em si mesmo, no outro ou nas situações são minimizadas,
MAXIMIZAÇÃO enquanto o negativo é maximizado.
Assumir a culpa ou responsabilidade por acontecimentos negativos, falhando em ver que outras
PERSONALIZAÇÃO
pessoas e fatores também estão envolvidos nos acontecimentos.
Perceber num evento específico um padrão universal. Uma característica específica numa situação
HIPERGENERALIZAÇÃO
específica é avaliada como acontecendo em todas as situações.
IMPERATIVOS Interpretar eventos em termos de como as coisas deveriam ser em vez de simplesmente
considerar como as coisas são. Demandas feitas a si mesmo, aos outros e ao mundo para evitar as
(DEVERIA, TENHO QUE) consequências do não cumprimento dessas demandas.
Considerar-se injustiçado ou não entendido. A fonte dos sentimentos negativos é algo ou alguém,
VITIMIZAÇÃO
havendo recusa ou dificuldade de se responsabilizar pelos próprios sentimentos ou comportamentos.
QUESTIONALIZAÇÃO Focar o evento naquilo que poderia ter sido e não foi. Culpar-se pelas escolhas do passado e
(E SE?) questionar-se por escolhas futuras.
O que os achados das pesquisas revelaram é que, quando uma meta tangível é
alcançada, isso pode exercer poder sobre os sintomas de depressão, possibilitando
a alteração do autoconceito e das expectativas irrealistas.
Dito de outra forma, “[...] o modelo cognitivo propõe que o pensamento distorcido ou
disfuncional (que influencia o humor e o comportamento do paciente) seja comum a
todos os distúrbios psicológicos. A avaliação realista e a modificação no pensamento
produzem uma melhora no humor e no comportamento” (BECK, 2005, p. 78).
A abordagem desenvolvida por Beck propõe que as crenças centrais são desenvolvidas
na infância ou no início da adolescência, a partir de experiências significativas para
o sujeito, somado aos seus componentes hereditários, ambientais e personalidade,
englobando informações referentes à forma como o indivíduo interpreta o mundo ao
seu redor, suas relações, os outros, o futuro e a si.
14
A ABORDAGEM COGNITIVO-COMPORTAMENTAL │ UNIDADE I
Por sua vez, temos ainda as crenças intermediárias que são regras, atitudes e/ou
pressupostos criados para lidar com as situações específicas aflitivas. Essas crenças
guiam nossas ações, criam condições e descrevem as ideias que a pessoa faz sobre
si mesma, sobre os outros e o mundo. São entendimentos mais profundos de que a
pessoa não costuma ter muita consciência e estão presentes em praticamente todas as
situações, influenciando nos pensamentos automáticos específicos.
A terapia cognitiva tem como base o modelo cognitivo, desenvolvido por Beck para
explicar como elaborou a teoria que embasa sua prática. Portanto, temos que o
modelo cognitivo explica como os pensamentos influenciam as emoções, que, por
sua vez, influenciam nos comportamentos subsequentes (KNAPP; BECK, 2008).
Ou seja, não se trata aqui de um determinismo, mas de uma relação em que os
componentes envolvidos se influenciam mutuamente e fortemente.
Entende-se por esse modelo que não é uma situação/evento em si que determina
como uma pessoa irá se sentir/comportar, mas a forma que ela interpreta tal
situação/evento. Portanto, toda resposta emocional ou comportamental é mediada
pela interpretação (cognição) que a pessoa faz a respeito da situação.
E parece que essa ideia não é muito nova, veja o que Epiteto (filósofo grego)
dizia em sua época, partilhando das mesmas ideias de Beck:
“Não é o fato que desorienta as pessoas, mas os juízos que fazem dos fatos”.
Referência: http://www.filosofia.com.br/historia_show.php?id=36
15
UNIDADE I │ A ABORDAGEM COGNITIVO-COMPORTAMENTAL
Situação
Pensamentos Automáticos
Reação
(fisiológica, comportamental, emocional)
Fonte: Elaboração própria da autora com base em Beck (2013).
Figura. 5
Pensamento
Emoção Comportamento
Além disso, um outro fator tem colaborado fortemente para a expansão de pesquisas
nos mais diversos transtornos, a terapia cognitiva tem apresentado em seus estudos,
além de uma resposta mais duradoura em relação ao tratamento apenas com
psicofármacos, proposta de prevenção de recaídas (POWELL et al., 2008).
16
CAPÍTULO 2
A abordagem cognitivo-
comportamental no hospital
17
UNIDADE I │ A ABORDAGEM COGNITIVO-COMPORTAMENTAL
Pesquisas têm apontado que diferentes fatores relacionados à doença (tipo de doença,
localização, estágio evolutivo, tratamento, etc.) e ao sujeito (personalidade, estratégias
de coping, apoio social, entre outros) interferem diretamente no ajustamento emocional
e comportamental da pessoa em face do diagnóstico. Nesse sentido, a psicologia no
contexto hospitalar trabalha também para auxiliar o sujeito na compreensão do seu
quadro, do diagnóstico, e na melhor forma de enfrentar a situação em colaboração com
os profissionais envolvidos.
18
A ABORDAGEM COGNITIVO-COMPORTAMENTAL │ UNIDADE I
É possível afirmar que existe uma escassez de artigos que abordem os aspectos
psicológicos, assim como as cognições, os comportamentos e as emoções de pacientes
internados, em face do adoecimento e da hospitalização, por parte da Psicologia e, mais
precisamente, à luz da teoria cognitivo-comportamental (FONTELES, 2019). Alguns
livros já foram lançados com essa temática, pesquisas e artigos se debruçam sobre o tema
e nos basearemos no que temos de mais atual para abordar esse assunto. Focaremos
naquilo que a abordagem cognitivo-comportamental pode oferecer com intervenções,
técnicas e estratégias para serem aplicadas no ambiente hospitalar, nas mais diversas
situações, dentro desse contexto.
19
UNIDADE I │ A ABORDAGEM COGNITIVO-COMPORTAMENTAL
20
A ABORDAGEM COGNITIVO-COMPORTAMENTAL │ UNIDADE I
Aliança terapêutica segura: significa que o psicólogo deverá se esforçar para que o
paciente se sinta confortável em falar de suas dificuldades, será prioritário desenvolver
confiança. Para se atingir isso, o foco do trabalho do psicólogo envolve desenvolver
uma escuta empática, ou seja, livre de julgamentos e preconceitos, oferecer atenção
àquilo que é dito, por meio de demonstrações de interesse genuíno no paciente, além
de respeito e sigilo. O sigilo é um aspecto delicado no ambiente hospitalar, pois, muitas
vezes, o paciente será ouvido/atendido em meio a outros pacientes e profissionais.
Contudo, é necessário esforço e dedicação para que, minimamente, isso seja
respeitado, dentro das possibilidades de cada ambiente.
Enfatiza o presente: portanto, aqui mais uma vez temos a ideia de que não serão
trazidas dificuldades da vida do paciente como um todo, mas questões atuais, relacionadas
ao estar hospitalizado, ao estar doente e como melhor conduzir o tratamento.
Educativa: essa abordagem objetiva ensinar o paciente a ser seu próprio terapeuta
e enfatizar a prevenção da recaída, ou seja, habilidades de resolução de problemas.
Os ganhos obtidos nesses aprendizados o ajudarão a dar seguimento à sua vida e ao
tratamento, minimizando as dificuldades encontradas e, desse modo, diminuindo a
probabilidade de recaídas.
Tempo limitado: tem como foco planejar um início, meio e fim do tratamento. Assim,
será possível atender às expectativas de brevidade que vão ao encontro de uma proposta
hospitalar de atendimento, por exemplo.
21
UNIDADE I │ A ABORDAGEM COGNITIVO-COMPORTAMENTAL
Esses são alguns dos princípios que claramente se adéquam ao ambiente hospitalar,
oferecendo para o paciente possibilidades de lidar melhor com o processo de
adoecimento.
Para essa abordagem, os transtornos são desenvolvidos por uma forma distorcida de
interpretar as situações vividas; essa interpretação influencia fortemente o afeto e
o comportamento. Trata-se de influência no processo de se desenvolver, não de um
determinismo, como é considerado por outras abordagens.
22
A ABORDAGEM COGNITIVO-COMPORTAMENTAL │ UNIDADE I
23
CAPÍTULO 3
Contribuições da abordagem
cognitivo-comportamental na
Psicologia Perinatal
Figura 7. Perinatal.
O período neonatal vai desde o nascimento até o 27º dia de vida, ou seja, do dia 0 a 27
dias de nascido, podendo, ainda, ser dividido entre neonatal precoce e neonatal tardio.
Tal divisão contribui para as correspondentes intervenções e cuidados profissionais,
pois, no primeiro, neonatal precoce, as intervenções são mais focadas na assistência
obstétrica e, no neonatal tardio, incidem sobre a sobrevida (PEREIRA; PENIDO, 2010).
E temos um terceiro período, pós-neonatal, que se inicia após o 28º dia de vida,
encerrando-se após o bebê completar um ano de vida.
24
A ABORDAGEM COGNITIVO-COMPORTAMENTAL │ UNIDADE I
uma declaração de nascido vivo (DNV) que serve para registro no banco de dados do
Ministério da Saúde, o Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC).
Óbito fetal: é o óbito que ocorre durante o período fetal (a partir de 13 semanas
gestacionais), antes do nascimento, e independentemente da duração da gravidez, o
feto não apresenta nenhuma das características citadas no item anterior.
Natimorto (nascido morto): refere-se aos casos em que ocorre óbito intraútero, de
um feto com 22 semanas ou mais de gestação (154 dias). Aqui também a emissão de
declaração de óbito (DO) é obrigatória.
Princípio Descrição
Não ser medicalizado Significa que o cuidado fundamental deve ser previsto, utilizando-se um conjunto mínimo de
intervenções que sejam realmente necessárias.
Ser baseado no uso de tecnologia apropriada Direcionado a reduzir o uso excessivo de tecnologia ou a aplicação de tecnologia
sofisticada, ou complexa, quando procedimentos mais simples podem ser suficientes ou,
ainda, ser superiores.
Ser baseado em evidências Embasado pela melhor evidência científica disponível.
Ser regionalizado Baseado em sistema eficiente de referência de centros de cuidado primário para centros de
cuidado secundário e terciário.
Ser multidisciplinar Envolver a participação de profissionais da saúde como parteiras tradicionais, obstetras,
neonatologistas, psicólogos, enfermeiros, etc.
Ser integral Considerar as necessidades intelectuais, emocionais, sociais e culturais das mulheres, seus
filhos e famílias, e não somente um cuidado biológico.
Centrado nas famílias Orientar suas ações para as necessidades não só da mulher e seu filho, mas do casal.
Ser apropriado Atentar às diferenças culturais.
Levar em conta a tomada de decisão das mulheres Respeitar e potencializar as decisões e escolhas da mulher.
Respeitar a privacidade, a dignidade e a Esses princípios asseguram fortemente a proteção, a promoção e o suporte necessários
confidencialidade das mulheres para se atingir um cuidado perinatal efetivo. Eles estão sendo incorporados nos materiais
técnicos e nas ferramentas de monitorização e avaliação da OMS.
25
UNIDADE I │ A ABORDAGEM COGNITIVO-COMPORTAMENTAL
Com todo avanço da ciência que temos presenciado nas mais diversas áreas da saúde,
tem sido possível a aplicação, na obstetrícia, de procedimentos mais seguros para a
mulher gestante (PERON; SARTES, 2015). Todavia, tais práticas aplicadas de forma
isolada não garantem a amplitude da efetividade que se espera, pois devem ser levados
em consideração outros aspectos tão importantes quanto as práticas médicas, tal como
a compreensão dos processos psicológicos que permeiam o período grávido-puerperal,
que, no caso das gestantes, é o aspecto fortemente relacionado à sobrecarga emocional
que a gravidez pode trazer.
Em toda e qualquer situação que a gestante esteja passando, é possível – e muitas vezes
necessário – o auxílio de um profissional de saúde. Em termos emocionais, é salutar
26
A ABORDAGEM COGNITIVO-COMPORTAMENTAL │ UNIDADE I
que se possa prover o devido apoio e orientação sobre o que está acontecendo em razão
das alterações próprias dessa fase (SILVA; NARDI, 2011).
A proposta de trabalho lastreada na TCC para o contexto perinatal não envolve a prática
psicoterapêutica tradicional, mas sim um trabalho psicoeducativo permeado pelos
princípios da abordagem cognitivo-comportamental, vejamos alguns:
27
UNIDADE I │ A ABORDAGEM COGNITIVO-COMPORTAMENTAL
É nesse sentido que será realizado o trabalho da TCC no contexto perinatal: ensinar o
levantamento das crenças e dos pensamentos disfuncionais relacionados aos papéis
materno e paterno, do parto, da amamentação, da sexualidade, e as expectativas
irrealistas sobre os filhos.
Imaginemos um bebê que nasce a termo, por exemplo, a mãe e os familiares podem
rapidamente ter o bebê em mãos, iniciar seu convívio e aprender como aplicar os
cuidados necessários. No caso do bebê prematuro, existe uma separação abrupta de
sua mãe para ser encaminhado à UTI-Neonatal, além dos outros prejuízos, como
ter ficado menos tempo no útero, ser cuidado exclusivamente pela equipe de saúde,
receber cuidados parentais em situações não habituais, levando algum tempo para este
primeiro contato e não ser amamentado ao seio (BRASIL, 2002).
Pensando na situação como um todo, a mãe envolvida nesses aspectos precisa receber
apoio, ser cuidada e cuidar. Essa mãe, não raras vezes, pode vivenciar labilidade
28
A ABORDAGEM COGNITIVO-COMPORTAMENTAL │ UNIDADE I
»» Idade gestacional
»» Pré-termo
»» Termo
»» Pós-termo
»» Período perinatal
»» Período neonatal
29
UNIDADE I │ A ABORDAGEM COGNITIVO-COMPORTAMENTAL
mortes neonatais tardias, que ocorrem após o sétimo dia, mas antes de 28 dias
completos de vida.
30
PSICOLOGIA UNIDADE II
HOSPITALAR
31
UNIDADE II │ PSICOLOGIA HOSPITALAR
Percebemos que a Psicologia Hospitalar ainda hoje busca maior definição de seu
espaço teórico-prático. Na atualidade, ainda vemos psicólogos hospitalares sendo
chamados a responder a grandes demandas de saúde relacionadas às consequências da
maior expectativa de vida, à incidência de doenças crônicas, à promoção de hábitos de
vida saudáveis e, sobretudo, ao desenvolvimento de competências que estão além da
demanda terapêutica.
32
CAPÍTULO 1
A Psicologia e a Obstetrícia
O parto, por mais que seja um momento crítico na vida da mulher, pode ser uma
experiência única. Entende-se que, para o parto ser um momento de maior satisfação,
será essencial a gestante poder fazer sua escolha fundamentada em suas crenças e seus
valores, sendo esclarecida sobre os procedimentos que irá enfrentar, sendo orientada
sobre possíveis complicações, objetivos do procedimento e riscos envolvidos.
33
UNIDADE II │ PSICOLOGIA HOSPITALAR
A atenção geralmente é voltada apenas ao alívio da dor, mas este não é o único
fator que deve ser levado em consideração no trabalho de parto. O psicólogo pode,
ainda, contribuir na identificação dos níveis de ansiedade da parturiente, realizando
psicoeducação, anteriormente a esse momento, os trabalhos de orientação sobre
emoções intensas interferem nas reações fisiológicos do nosso corpo e como as
técnicas podem ajudá-la no momento do parto (DA CUNHA et al., 2012). A atuação
tem por objetivo minimizar os efeitos exacerbados do momento do parto, trazendo a
parturiente para uma vivência mais controlada e estável e, assim, contribuindo para
um parto tranquilo. Portanto, a intervenção contribui para a redução da ansiedade
e para seu empoderamento.
34
PSICOLOGIA HOSPITALAR │ UNIDADE II
35
UNIDADE II │ PSICOLOGIA HOSPITALAR
36
PSICOLOGIA HOSPITALAR │ UNIDADE II
Desde 2011, contamos com a Rede Cegonha, que, por sua vez, propõe a organização
e a qualificação da atenção e gestão materna e infantil em todo âmbito nacional, com
incentivos técnicos e com financiamento atrelados às mudanças do modelo obstétrico
e neonatal (BRASIL, 2010).
»» Modelo humanista.
»» Modelo holístico.
Características básicas:
1. Separação corpo-mente.
Modelo humanista
Características básicas:
1. Conexão corpo-mente.
38
PSICOLOGIA HOSPITALAR │ UNIDADE II
Modelo holístico
Características básicas:
39
UNIDADE II │ PSICOLOGIA HOSPITALAR
As fronteiras existentes entre os três modelos não são rígidas e vários profissionais
médicos e outros profissionais de saúde transitam em um e outro modelo. Alguns
tecnocráticos estão incorporando elementos do humanismo e começando a incorporar
elementos holísticos por meio da prática (BRASIL, 2002). A medicina holística
certamente também engloba muitas dimensões da prática humanista e tecnocrática.
A Política Nacional de Humanização, mais conhecida por PNH, é uma política pública
no Sistema Único de Saúde (SUS) voltada à ativação de dispositivos que favoreçam
ações de humanização no âmbito da atenção e da gestão da saúde no Brasil (BORGES;
MENDES, 2009). Essa política pública tem por base objetivos, princípios e métodos
específicos. Nesse sentido, são propósitos:
40
PSICOLOGIA HOSPITALAR │ UNIDADE II
41
UNIDADE II │ PSICOLOGIA HOSPITALAR
Humanizar se traduz, então, como inclusão das diferenças nos processos de gestão e
de cuidado (BORGES; MENDES, 2009). Tais mudanças são construídas não por uma
pessoa ou grupo isolado, mas de forma coletiva e compartilhada. Incluir para estimular
a produção de novos modos de cuidar e novas formas de organizar o trabalho.
»» As rodas de conversa.
Essas são ferramentas experimentadas nos serviços de saúde a partir das orientações
da PNH. Incluir os trabalhadores na gestão é fundamental para que eles, no dia a dia,
reinventem seus processos de trabalho e sejam agentes ativos das mudanças no serviço
de saúde. Incluir usuários e suas famílias nos processos de cuidado é um poderoso
42
PSICOLOGIA HOSPITALAR │ UNIDADE II
43
UNIDADE II │ PSICOLOGIA HOSPITALAR
Defesa dos direitos dos usuários – todos os usuários de saúde possuem direitos
garantidos por lei, e os serviços de saúde devem incentivar o conhecimento desses
direitos e assegurar que eles sejam cumpridos em todas as fases do cuidado, desde a
recepção até a alta (TOCCI; COSTA, 2018).
Todo cidadão tem direito a uma equipe que cuide dele, de ser informado sobre sua
saúde e de decidir sobre compartilhar ou não sua dor e alegria com sua rede social.
44
PSICOLOGIA HOSPITALAR │ UNIDADE II
Quer entrar em contato com a coordenação da PNH? Os canais para contato são
estes:
Websites: http://www.saude.gov.br/; http://www.redehumanizasus.net.
E-mail: humanizasus@saude.gov.br
Nessa página, os itens do acervo estão destacados também de acordo com sua
tipologia, o que permite diferentes maneiras de explorar a memória da nossa
rede.
45
CAPÍTULO 2
A influência da cultura médica
46
PSICOLOGIA HOSPITALAR │ UNIDADE II
Originariamente, a atividade clínica (do grego klinê – leito) é a do médico que, junto
ao paciente, examina sinais e sintomas da doença para fazer um diagnóstico, um
prognóstico e prescrever um tratamento, e, para isso, ele faria uso da observação e
da entrevista. Esses procedimentos já suscitam reflexões acerca da influência do saber
médico sobre o fazer “psi”. No saber médico que sustenta a prática médica, é impossível
diagnosticar sem antes descrever os sintomas/sinais e conhecer os antecedentes da
enfermidade.
A Psicologia da saúde não está interessada diretamente na situação que cabe ao foro
médico. Seu interesse está na forma! Como é que esse sujeito vivencia o seu estado de
saúde/doença, como isso se reflete na sua percepção de si e nas relações. Ela tem por
objetivo fomentar nas pessoas a inclusão de comportamentos que possam contribuir
para a saúde e a prevenção das doenças.
Nesse sentido, são as variáveis psicológicas em relação à saúde que serão estudadas.
47
UNIDADE II │ PSICOLOGIA HOSPITALAR
Como contribuir para a melhoria do bem-estar das pessoas e das comunidades? Esse é
o objetivo da Psicologia da saúde. Fomentar intervenções que priorizem a promoção e
a manutenção da saúde, além da prevenção à doença.
48
PSICOLOGIA HOSPITALAR │ UNIDADE II
A psicologia médica tem como principal objetivo o estudo das relações humanas no
contexto médico. A compreensão do homem em sua totalidade, no diálogo mente e
corpo, dentro de uma perspectiva biopsicossocial.
Entende-se, portanto, que a psicologia da saúde não deverá estar vinculada a uma
relação de pertencimento nem à psicologia clínica tampouco à psicologia social.
Como já não se encontra em relação à medicina comportamental, conforme conceitos
abordados nesta seção.
49
UNIDADE II │ PSICOLOGIA HOSPITALAR
O filme “The Doctor”, em português com o nome “Um golpe do destino”, retrata
a relação médico-paciente. Relata a história de um médico frio e distante que se
mostra indiferente ao sofrimento humano e passa por uma reviravolta quando
se vê na situação de paciente de uma doença grave.
Dados:
Direção: Randa Haines.
Nacionalidade: EUA.
50
ACOMPANHAMENTO
CLÍNICO UNIDADE III
COGNITIVO-
COMPORTAMENTAL
Figura 12. Acompanhamento cognitivo-comportamental.
»» O planejamento do tratamento.
estar atento para demonstrar que compreende o paciente, por meio de afirmações
empáticas, escolha das palavras, tom de voz, expressões faciais e linguagem corporal.
Além das explicações sobre como funciona o tratamento, objetivos e expectativas.
Será necessário compreender o cenário do paciente, da forma como faz sentido para
ele, e, assim, planejar o que poderá ser melhorado, na perspectiva do contexto em
que se está inserido. Ajudá-lo a se responsabilizar pelo seu tratamento e melhora e
participar ativa e colaborativamente com o terapeuta.
Para facilitar esse processo, serão utilizadas diversas técnicas e intervenções que
auxiliarão o paciente a enxergar o mundo ao seu redor de outra forma, mais flexível
e realista, alcançando, em alguma medida, a reestruturação cognitiva. A prática, os
princípios norteadores e outros aspectos da abordagem cognitivo-comportamental
serão apresentados em vários momentos da disciplina.
52
CAPÍTULO 1
O acompanhamento de gestantes com
transtornos de personalidade
Atualmente e cada vez mais, temos mais consciência do quanto as mulheres foram
e são prejudicadas e negligenciadas em vários setores da nossa sociedade, seja em
questões profissionais, como receber salários mais baixos em relação ao do homem,
para os mesmos cargos, seja sofrendo abusos físicos e psicológicos de toda ordem.
Da mesma maneira, percebemos que isso também ocorre em relação à saúde de
forma geral.
Pesquisas mais recentes têm identificado que transtornos mentais não diagnosticados
ou subdiagnosticados, portanto não tratados, podem ocasionar graves prejuízos
inclusive durante o trabalho de parto. Além do fato já conhecido de que gestantes que
53
UNIDADE III │ ACOMPANHAMENTO CLÍNICO COGNITIVO-COMPORTAMENTAL
sofrem com depressão ou ansiedade têm alta possibilidade de ter sintomas depressivos
no puerpério.
Existe uma lacuna nas pesquisas brasileiras sobre os transtornos que afetam a
mulher na gravidez. A maioria das pesquisas é realizada baseando-se no diagnóstico
de depressão, havendo, assim, necessidade de conhecermos mais sobre as variáveis
que interferem nessa fase tão importante da vida de uma mulher. Desse modo,
poderemos desenhar as melhores estratégias de promoção e prevenção da saúde
da gestante. Sabe-se que dificuldades nessa fase levarão a problemas futuros não
somente para a mãe, mas para o filho também.
Dessarte, precisamos ver a gestação como uma fase repleta de mudanças físicas,
emocionais e sociais na mulher, as quais podem gerar expectativas e frustrações
e consistir em um momento de alegria ou tristeza. Não suficiente, as alterações
hormonais possibilitam o aparecimento ou mesmo a piora de quadros psiquiátricos,
principalmente transtornos depressivos e ansiosos. Isto é, o limiar que difere a
patologia da alteração fisiológica é bastante estreito, colocando os envolvidos numa
delicada situação que exige atenção e cuidado.
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A. Um padrão persistente de experiência interna e comportamento que se desvia acentuadamente das expectativas da cultura do indivíduo. Esse
padrão manifesta-se em duas (ou mais) das seguintes áreas:
1. Cognição (i.e., formas de perceber e interpretar a si mesmo, outras pessoas e eventos).
2. Afetividade (i.e., variação, intensidade, labilidade e adequação da resposta emocional).
3. Funcionamento interpessoal.
4. Controle de impulsos.
B. O padrão persistente é inflexível e abrange uma faixa ampla de situações pessoais e sociais.
C. O padrão persistente provoca sofrimento clinicamente significativo e prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas
importantes da vida do indivíduo.
D. O padrão é estável e de longa duração, seu surgimento ocorre pelo menos a partir da adolescência ou do início da fase adulta.
E. O padrão persistente não é mais bem explicado como uma manifestação ou consequência de outro transtorno mental.
F. O padrão persistente não é atribuível aos efeitos fisiológicos de uma substância (p. ex., droga de abuso, medicamento) ou a outra condição
médica (p. ex., traumatismo craniencefálico).
É um padrão relativamente estável, que tende a não mudar muito ao longo da vida.
Geralmente é acompanhado por comorbidades como outros transtornos do tipo
depressão, ansiedade, pânico e alta probabilidade de envolvimento com uso e abuso
de substâncias, agravando, muitas vezes, o quadro. É muito comum, inclusive,
que as pessoas com transtorno da personalidade busquem auxílio em função das
comorbidades (ansiedade, depressão, ou dificuldades nas relações interpessoais), pois
não enxergam seu funcionamento com algum problema, muitos dos problemas surgem
quando outras pessoas passam a reclamar de seu modo de ser e agir disfuncional.
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Esse cenário que se apresenta em relação às mulheres gestantes não é muito tranquilo,
não é mesmo?
Realmente não o é. Estão os profissionais de saúde preparados para lidar com tantas
dificuldades? O que você acha? Estamos longe do modelo ideal de promoção e prevenção
(e tratamento) de saúde, mas temos caminhado para algo melhor do que já foi.
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Segue trecho de uma entrevista feita por Frederico Amedée Péret, membro da
diretoria da associação de ginecologistas e obstetras de Minas Gerais, com o Dr.
Joel Rennó Júnior, Coordenador da Comissão de Estudos e Pesquisa da Saúde
Mental da Mulher, da Associação Brasileira de Psiquiatria.
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CAPÍTULO 2
O acompanhamento de gestantes de
alto risco e/ou com bebês de alto risco
A gestação de alto risco compreende uma situação em que a vida ou a saúde da mãe
e/ou do feto (ou recém-nascido) tem maiores possibilidades de serem afetadas; dessa
forma, um pré-natal de alto risco está diretamente relacionado ao acompanhamento
intensivo que será realizado com a gestante que tem uma condição prévia ou durante a
sua gravidez, necessitando de cuidados especiais.
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O ideal seria que as pacientes portadoras dessas condições compartilhassem com seu
médico sobre a vontade de engravidar e, assim, optassem por ter uma gravidez mais
tranquila. O médico, por conseguinte, teria mais chances de adequar o tratamento
(exames, medicações, sessões extras, outros profissionais, etc.) antes mesmo da
concepção e durante a gestação.
A avaliação pré-natal para mulheres com condições específicas de saúde será sempre
diferenciada de uma avaliação normal, havendo que se fazer mais consultas do que uma
mulher sem essa condição, por exemplo.
Um pré-natal dito normal deve ter programado uma consulta por mês,
começando o mais cedo possível, até a 32a semana. A partir de então e até
a 36a semana, uma consulta a cada 15 dias e, depois, até o parto, uma consulta
semanal.
Vamos listar as principais condições que podem afetar a saúde da gestante e do bebê,
principalmente se não diagnosticadas e tratadas ainda no pré-natal. Os principais
fatores de risco gestacionais presentes anteriormente à gestação se dividem em:
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A fase da adolescência, por si só, não representa ser um fator de risco para a
gestação. Contudo, existem os riscos associados, como a possibilidade de
risco psicossocial, ligado à aceitação ou não dessa gravidez, trazendo diversas
reflexões sobre a vida da adolescente que podem resultar em melhor ou pior
adesão ao acompanhamento pré-natal. Profissionais da área da saúde que
trabalham com esse público devem estar cientes das variações que perpassam
essa fase da vida, como imaturidade emocional, e, nesse sentido, providenciar o
acompanhamento psicológico quando necessário.
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Abortamento habitual.
Morte perinatal explicada e inexplicada.
História de recém-nascido com crescimento restrito ou malformado.
Parto pré-termo anterior.
Esterilidade/infertilidade.Intervalo interpartal menor que dois anos ou maior que cinco anos.
Nuliparidade e grande multiparidade.
Síndrome hemorrágica ou hipertensiva.
Diabetes gestacional.
Cirurgia uterina anterior (incluindo duas ou mais cesáreas anteriores).
Hipertensão arterial.
Cardiopatias.
Pneumopatias.
Nefropatias.
Endocrinopatias (principalmente diabetes e tireoidopatias).
Hemopatias.
Epilepsia.
Doenças infecciosas (considerar a situação epidemiológica local).
Doenças autoimunes.Ginecopatias.
Neoplasias.
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Pré-eclâmpsia e eclampsia.
Diabetes gestacional.
Amniorrexe prematura.
Hemorragias da gestação.
Insuficiência istmo-cervical.
Alo imunização.
Óbito fetal.
3. Intercorrências clínicas:
Doenças infectocontagiosas vividas durante a presente gestação (ITU, doenças do trato respiratório, rubéola, toxoplasmose, etc.).
Doenças clínicas diagnosticadas pela primeira vez nessa gestação (cardiopatias, endocrinopatias).
Fonte: (BRASIL, 2010).
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Quadro 11. Principais agentes químicos com risco teratogênico significativo em humanos.Ácido valproico
Fluconazol
Anti-inflamatórios
Inibidores da prostaglandina
Sintetase
Hormônios androgênicos
Alquilantes (ciclofosfamida/bussulfano)
Inibidores da enzima conversora da angiotensina
Captopril/Enalapril
Anticoagulantes cumarínicos (varfarina)
Aminopterina/metotrexato
Bifenis policlorados
Carbamazepina
Chumbo
Cocaína
Dietilestilbestrol
Etanol
Fenitoína
Isotretinoína/Etretinato
Lítio
Mercúrio orgânico
Misoprostol
Metimazol/Carbamizol
Propiltiouracil
Talidomida
Tetraciclina e derivados
Fonte: Elaboração própria da autora com dados de SCHÜLER-FACCINI et al. (2011).
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Conforme evolução da medicina, podemos contar com técnicas e exames cada vez mais
especializados. Atualmente, há vários recursos para proteger o bebê ainda no útero da
mãe, eis alguns deles:
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Os cuidados com a gestantes não são as únicas preocupações nessa fase, o feto ou o já
recém-nascido vai requerer atenção especializada a depender de várias condições da
mãe ou dele próprio.
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A gestação de alto risco é uma condição que dificulta qualquer adaptação emocional
associada às novas vivências da mulher. Provoca, ainda, muitas vezes, uma
hospitalização indesejada, que constitui outro estressor, predispõe a gestante a
outras dificuldades relacionadas ao momento.
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Temos muito que melhorar. Estamos longe de oferecer um atendimento nos moldes
recomendados.
Rede Cegonha
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»» Pré-natal.
»» Parto e nascimento.
Caderneta da Gestante
http://www.saude.gov.br/acoes-e-programas/rede-cegonha/sobre-o-
programa.
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CAPÍTULO 3
O acompanhamento de depressão
pós-parto
Estudos têm apontado que mulheres apresentam um risco duas vezes maior de
desenvolver depressão do que homens. Nesse aspecto, encontramos evidências de
que há mais predisposições para desenvolvimento de depressão só pelo fato de serem
mulheres, pois as condições de vida, de uma forma geral, são diferentes entre homens
e mulheres nos mais diversos aspectos (POWELL et al., 2008).
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Você teve um bebê há pouco tempo e gostaríamos de saber como você está se
sentindo nos últimos sete dias e não apenas hoje:
[ ] De jeito nenhum.
2. Eu sinto prazer quando penso no que está por acontecer em meu dia
a dia:
[ ] De jeito nenhum.
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[ ] Pouquíssimas vezes.
[ ] Sim, na maioria das vezes eu não consigo lidar bem com eles.
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[ ] De vez em quando.
10. A ideia de fazer mal a mim mesma passou por minha cabeça:
[ ] Nenhuma vez.
Pontuação:
Questões 1, 2 e 4
Questões 3, 5, 6, 7, 8, 9 e 10
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A base da TCC está em analisar os pensamentos e as emoções que a pessoa tem sobre si
mesma e que se encontram distorcidos, trazendo como consequência comportamentos
disfuncionais ou mal adaptativos.
Um fator que merece relevância é a questão de a depressão pós-parto ser uma condição
que exige tratamento com urgência, o que nos faz pensar em uma ação rápida e eficaz,
uma intervenção pode, ao mesmo tempo, ser eficaz e breve.
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CAPÍTULO 4
O acompanhamento da mãe de
natimorto
Nosso contexto social atual dissemina uma ideia de gravidez entendida como “um
caminho de plenitude e realização feminina” (VELASCO, 2013, p.16).
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Essa perda traz para os pais a interrupção de um planejamento, de uma nova realidade
que foi frustrada, alimenta ideias sobre incapacidade, culpa, vergonha, raiva, negação,
etc. Tal situação propicia que o processo de luto seja individual, demandando um
tempo individual para a elaboração, que precisa ser respeitado, para que quem passa
pela situação consiga se entender e se aceitar, reorganizar suas representações acerca
do ocorrido (LIMA; FORTIM, 2015).
Como parte da reação à perda gestacional, essa mãe poderá manifestar diversos
sinais e sintomas, cognitivos, emocionais e comportamentais, como também reações
fisiológicas, necessitando receber atendimento especializado, pois entende-se que
existe a possibilidade de desenvolvimento de diferentes transtornos (luto, depressão,
estresse pós-traumático – TEPT, etc.), inclusive, que, por sua peculiaridade,
demandarão tratamentos diferentes. Devido às particularidades da perda gestacional,
o luto nessas situações pode ter duração mais longa que o definido como normal para
o luto em geral.
É também frequente a busca por serviços de emergência pelas pessoas que sofreram
perdas recentes (VELASCO, 2013). Tais pacientes parecem ter maiores necessidades de
atendimentos médicos do que a população geral e maior número de internações, assim
como maior vulnerabilidade a problemas psicossomáticos, pelo menos nesse período.
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Um outro estágio refere-se à raiva, pois fica clara a ideia de que não é mais possível
negar o ocorrido, causando revolta e indignação com a realidade e, muitas vezes, com
pessoas próximas, profissionais de saúde e familiares.
O penúltimo estágio pode ser entendido como aquele em que o sentimento de tristeza
profunda ou depressão se instala, quando a consciência de que tudo que podia ser feito
já fora realizado. A perda, nessa fase, é vividamente sentida e associada a ideias de
incapacidade.
Finaliza-se na aceitação, que, para algumas pessoas, pode demorar um tempo maior
para chegar, permanecendo mais sofrimento até conseguir atingi-la, mas é quando
a pessoa se apropria de sua realidade. As emoções estão mais elaboradas e uma
consciência sobre a realidade é aceita, não é de alegria, mas um estágio importante
para reequilíbrio da saúde mental/psíquico da pessoa (KLÜBER-ROSS, 2017).
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Para Bromberg (1998), o luto pode ser entendido enquanto crise, pois o impacto da
morte exige uma energia psíquica – em dimensões emocional e relacional – maior do
que os familiares habitualmente estão acostumados ou têm condições de lidar. Julga
ser necessário o desenvolvimento de um novo arranjo nas relações pessoais (FARIA-
SCHÜTZER et al., 2014).
Iaconelli (2007) relata que outro fator pode agravar a complexa dinâmica vivenciada
com o luto, o fato de que, muitas vezes, o desejo dos pais de realizarem procedimentos
ritualísticos, que fazem parte da sua cultura, nem sempre são permitidos ou nem
mesmo escutados, e, quando realizados, acabam por criar constrangimento. A morte
de um filho é uma situação que inverte a ordem natural esperada da vida, criando um
cenário onde esses pais se percebem geralmente sem referências temporais.
As mães dos bebês que têm uma gestação sem intercorrências até o final da gravidez e
recebem a notícia de morte a recebem como algo impossível de ocorrer. Diferentemente
daquelas que já vêm lidando com um diagnóstico negativo e considerando desfechos
ruins, recebem a notícia da morte com uma maior aceitação, o que não significa
menos sofrimento. Velasco (2013), em seu estudo com gestantes, aponta que a perda
gestacional é repleta de sofrimento levando a mulher a se sentir “inferior e fracassada
em sua missão social de perpetuar a espécie”. Nessa direção, entende-se que a família
representa um papel essencial na elaboração saudável da perda.
Um outro estudo com gestantes realizado por Lovato e Kruel (2012) demonstrou que as
dores do parto, da amamentação e da perda de um filho podem se refletir em alterações
psíquicas na mãe e nos familiares. Essas dores podem ser consideradas extremamente
intensas para a mulher, demandando auxílio na compreensão do processo pelo qual se
está passando e orientação sobre como minimizar ou manejar melhor a situação, sendo
nessas situações relevante o acompanhamento de um psicólogo. Nesse sentido, o luto
perinatal merece uma atenção diferenciada, apontada pela literatura.
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UNIDADE III │ ACOMPANHAMENTO CLÍNICO COGNITIVO-COMPORTAMENTAL
Sendo esse um campo pouco investigado, mas muito fértil em temas para pesquisas que
contribuam com melhores compreensões e práticas.
Nesse sentido, nota-se que a psicologia pode favorecer alguns norteadores que auxiliam
no atendimento e que ajudam quanto à elaboração do sofrimento, à prevenção de
traumas futuros e à instalação de um luto patológico. Os norteadores do atendimento
psicológico consistem em:
»» Dar voz ao sofrimento quanto à dor dos pais e familiares que perderam o
bebê, reconhecendo e valorizando o que está sendo vivenciado.
»» Cuidar para que não haja estímulo à pressa para uma nova gestação.
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Torna-se essencial garantir a essas famílias o ambiente seguro para expressão dos
sentimentos, para que o luto possa ser elaborado e cursar saudavelmente, sem deixar
maiores sequelas emocionais nos pais, familiares e bebês futuros.
Entende-se que inserir a equipe de saúde nesse processo é uma ferramenta facilitadora
para se oferecer uma assistência mais humanizada, preparar as equipes para esse
processo envolvendo uma ação mais humanizada em todos as áreas.
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CAPÍTULO 5
O acompanhamento da mãe de UTI
Sendo a literatura a respeito desse tema escassa, o trabalho dos psicólogos, de forma
geral, fica a critério das demandas que aparecem, e o atendimento pode estar sendo
prejudicado em função de não haver uma rotina/estrutura preestabelecida (SANTOS
et al., 2011).
Essa organização permitiria, por exemplo, que famílias e bebês que demandam
acompanhamento regular fossem ordenados de acordo com a demanda,
disponibilizando o atendimento necessário e programado para cada um.
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ACOMPANHAMENTO CLÍNICO COGNITIVO-COMPORTAMENTAL │ UNIDADE III
Não se trata de uma função específica da psicologia, mas é comum ficar a cargo dos
psicólogos a prestação de orientações básicas sobre comportamentos adequados e
regras da unidade (DE SOUZA, 2014).
A UTI é um local nada agradável, que pode causar impacto negativo, impressionando
visitantes. No intuito de minimizar a situação, as famílias também devem ser orientadas
na realização do contato físico, respeitando as particularidades de cada paciente,
estimular a fala, a interação, mesmo em pacientes sedados ou comatosos.
As rotinas das UTIs Neonatal tradicionais impedem, de certa forma, que o bebê receba
os cuidados que o bebê a termo e saudável teria. Essa vivência poderá influenciar no
desenvolvimento do bebê. Contudo, por meio de mudanças nos cuidados na UTIN,
pode ser possível a obtenção de melhorias de diversos aspectos do desenvolvimento do
bebê internado.
O principal instrumento que deve ser utilizado para minimizar o impacto negativo
da internação são os sinais do bebê, identificá-los, tornando-o, assim, um parceiro
competente na interação, sendo papel do psicólogo ajudar a equipe e aos pais a
reconhecer essas pistas (CARVALHO; PEREIRA, 2017).
É importante lembrar que, mesmo sendo bebê, este deve ser considerado como
sujeito dotado de emoções, que sente dor e possui sua própria individualidade que
deve ser respeitada. Como psicólogos, devemos ajudar a equipe e a família na busca
da segurança psíquica do bebê, minimizando ao máximo o sofrimento. Os bebês são
capazes de manifestar prazer, dor, de buscar contato e de fugir do contato quando
não suportam o excesso de dor, de estimulação ou de estresse. É preciso estar atento
a essa comunicação do bebê, identificá-la ajudará no seu melhor desenvolvimento,
pois receberá cuidado a respeito do que esteja incomodando.
Da mesma forma que ocorre com aquele bebê que nasceu sem intercorrências, o bebê
internado na UTIN precisa ter seu desenvolvimento afetivo preservado e, para que
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UNIDADE III │ ACOMPANHAMENTO CLÍNICO COGNITIVO-COMPORTAMENTAL
isso ocorra, vai precisar da presença dos pais. O psicólogo poderá apresentar o bebê
aos pais, mostrar a eles as habilidades já existentes no seu bebê, tais como se virar na
direção de suas vozes, apresentar alterações notadas na presença deles, a sensibilidade
ao toque, etc.
Privar os pais desse contato inicial tão delicado pode acarretar mais dificuldades, pois
podem ter dificuldades em demonstrar emoções espontaneamente em relação ao bebê.
Até pelo fato de que, se o bebê nasce prematuro, os pais também estão prematuros na
aquisição de suas habilidades de pai e mãe, assim o contato com o filho contribuiria
também nesse sentido para ambos.
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em consideração a idade desse irmão no intuito de organizar uma visita que seja
adequada à estrutura cognitiva dele.
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