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PNEUMOLOGIA - 6º período
Prof. Raquel
Obs1:
- Bronquiectasia: é a dilatação dos brônquios, com essa dilatação a
entrada de ar se torna mais difícil, o aparelho mucociliar passa a
não funcionar de maneira adequada então aumenta-se o muco, portanto,
o principal sintoma do paciente com bronquiectasia é a tosse com
expectoração.
- DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica): antigamente era
dividida em duas doenças a bronquite crônica e enfisema pulmonar. O
enfisema pulmonar consiste em uma dilatação da parede dos alvéolos e
bronquíolos terminais, onde ocorrem as trocas gasosas; ocorre perda
da elasticidade, pode ser observado na tomografia. O principal
sintoma apresentado pelo paciente é dispnéia.
- Síndrome do Overlap: paciente apresenta DPOC (enfisema) e asma.
Normalmente, trata-se de um paciente asmático que desenvolveu o
enfisema por causa do fumo.
- tosse seca: BK, asma.
1 - ÁRVORE RESPIRATÓRIA:
- Surfactante:
● Mantém os alvéolos abertos (ou impedem seu colabamento).
● Diminui a força de coesão entre moléculas de água localizada na
membrana alveolar.
● Mantém o interior dos alvéolos secos.
● Auxilia a difusão dos gases pela membrana alveolar, e facilita a
distensão alveolar.
- Aparelho mucociliar:
● Muco: Possui 2 porções a gelatinosa que está em contato com a luz
das vias aéreas (facilita a adesão de partículas) e aquosa (água e
eletrólitos) que é um fluido periciliar que está em contato com as
células.
*Existem tipos de profissões que favorecem a adesão de partículas:
mineiro, serralheiro, profissionais que trabalham com cimento ou
silicose, etc.
*Bronquite crônica: hipersecreção de muco.
*Fibrose cística causa diminuição da fase solúvel (aquosa) do muco,
é uma doença genética onde as secreções do paciente tornam-se
espessas. A doença completa atinge crianças, na doença parcial, o
paciente pode apresentar o problema já na fase adulta. Como a fase
aquosa está bem diminuída, a secreção torna-se espessa e, portanto,
o aparelho mucociliar funciona mal. Isso favorece infecções de
repetição nesse paciente.
- Ventilação:
Ventilação pulmonar: volume de ar atmosférico que entra ou sai dos
pulmões por unidade de tempo.
Ventilação alveolar: volume de ar atmosférico que entra nos pulmões
por unidade de tempo, efetivo para as trocas gasosas.
Espaço morto fisiológico: todo ar que não participa das trocas
gasosas (anatômico/alveolar). Esse espaço é importante como reserva,
se o paciente tiver alguma doença pulmonar, a partir de um
determinado momento ele começa a utilizar o ar que se encontra nesse
espaço morto.
- Difusão:
Equilíbrio entre sangue e gás alveolar: ocorrem em 1/3 do tempo de
contato ar/sangue nos alvéolos. Alterações difusionais só ocorrem em
graves espessamentos da membrana alvéolo-capilar. Isso pode
acontecer em casos de fibrose e de acúmulo de líquido como por
exemplo na insuficiência cardíaca congestiva descompensada, que leva
ao edema de pulmão. O gás carbônico se difunde melhor que o
oxigênio, para que ocorra a difusão do oxigênio será necessário um
certo gradiente de pressão.
● Hipotransparência
- (Estrutura densa. Ex: osso).
- Homogênea (Massa, pneumonia, derrame pleural, atelectasia).
- Heterogênea (Pneumonia, edema/infiltrado).
● Hipertransparência
- DPOC.
- Avascular (Pneumotórax).
- Cavitária ou cavidade com nível hidroaéreo (Abscesso).
1 - INCIDÊNCIA:
- PA: póstero-anterior
Coração próximo ao filme e escápula fora do campo pulmonar.
Localiza a imagem de estudo em direita e esquerda.
- AP: antero-posterior
Crianças e acamados.
Magnifica o coração, diafragma elevado.
- Perfil:
Rotineiramente utiliza-se o lado esquerdo,para não magnificar o
coração.
Localiza a imagem quanto aos lobos pulmonares.
Região hilar deve estar no centro da imagem.
- Ápico-lordótica:
Ápice pulmonar, lobo médio e língula.
“Paciente em pé e mão na cintura”.
Pode ser substituído por tomografia.
- Oblíquas de tórax:
Lesões da parede torácica, hilos e bifurcação brônquica.
Suprimir estruturas superpostas.
2 - PARÂMETROS TÉCNICOS:
- Dose de radiação adequada - Deve-se observar somente as 4/6
primeiras vértebras torácicas, demais encobertas pelas partes moles
do mediastino.
- Expansão pulmonar - Bem inspirado. Deve-se contar 10 arcos costais
posteriores descobertos pelo diafragma.
- Adequadamente centrado - clavículas equidistantes e escápula fora
de campo.
- Posição ortostática - bolsa de ar do estômago.
3 - PARÊNQUIMA PULMONAR:
- Divisão em lobos:
Direito: superior, médio e inferior
Eles são separados por duas fissuras: horizontal (pequena) e oblíqua
(grande). A horizontal divide o lobo superior dos lobos médio e
inferior. A oblíqua divide o lobo inferior dos demais lobos.
- Hilos pulmonares:
Nos hilos pulmonares encontram-se brônquios, artérias, veias e
linfáticos. O que visualizamos na radiografia é uma somatória destas
estruturas.
Perfil: localizado no centro da imagem.
Obs1: Diafragma:
Direito: pode ser visto passando por todo o tórax e
cruzando através da borda do coração.
Obs2: Radiografia:
PNEUMONIA
A pneumonia, uma infecção do parênquima pulmonar, é
classificada como adquirida na comunidade (PAC) ou associada aos
cuidados de saúde (PACS). A categoria PACS é subdividida em
pneumonia adquirida no hospital (PAH) e pneumonia associada ao
ventilador(PAV). (Harrison)
- Fisiopatologia:
Os microrganismos conseguem acesso ao trato respiratório
inferior pela microaspiração a partir da orofaringe (a via mais
comum), por inalação de gotículas contaminadas, por disseminação
hematogênica ou por extensão contígua de espaço pleural ou
mediastinal infectado.
1.1 - Causas:
• aspiração de secreções da orofaringe (sinusite crônica).
• inalação de aerossóis (micoplasma, através da tosse, H.
influenzae).
• disseminação hematogênica (paciente com infecção na perna, a
bactéria pode ganhar a circulação sanguínea e ir para o pulmão que é
extremamente vascularizado), a partir de um foco contigno.(S.
aureus)
• reativação local (CMV, P. carinii, Bk).
1.3 - Diagnóstico:
- Exame físico: Consolidação pulmonar (estertores: pois vai depender
da extensão da pneumonia e do local) e/ou derrame pleural.
Comum: FTV aumentado, percussão maciça ou submaciça e MV diminuído,
sobro tubário, estertores crepitantes.
- Outros:
• Hemocultura.
• Aspirado endo ou transtraqueal.
• Aspirado trancutâneo com agulha.
• Toracocentese (para derrame pleural >1 cm em decúbito lateral).
• Biópsia pulmonar.
• Broncoscopia + LBA (lavado broncoalveolar).
- Biomarcadores (prognóstico)
• Proteína C reativa (não é muito específica, pois pode estar
aumentada em qualquer processo inflamatório. Pode auxiliar no valor
prognóstico do tratamento).
<100 mg/dl – fator protetor;
>250 mg/dl – fator de risco;
Nas 72h se < 30mg/dl – fator preditivo positivo.
• Procalcitonina (mais especifico, melhor): É um marcador de
atividade inflamatória, níveis mais elevados em pacientes com
etiologia bacteriana.
Nas 72h se < 0,3 mg/dl – fator preditivo positivo.
• Critérios menores:
Frequência respiratória ≥ 30 irpm,
PaO2/FIO2 ≤ 250 mmHg,
Opacidades multilobares,
Confusão mental,
Ureia > 50 mg/dl,
Leucopenia < 4 mil céls/mm3,
Plaquetopenia < 100 mil céls/mm3,
Hipotermia (< 36°C de temperatura central),
Hipotensão (necessitando de ressuscitação).
1.5 - Tratamento:
- AMBULATORIAL:
• Anteriormente saudáveis e sem história de tratamento antibiótico
nos últimos 3 meses:
Macrolídeo: 1ª opção
[claritromicina (500mg VO 2x/dia, 7 dias) ou azitromicina (500mg V0
em dose única, 5 dias)].
Amoxacilina: 2ª opção
[amoxacilina (500mg VO 8/8h) ou (875mg VO 12/12h)].
• Broncoaspiração:
Betalactâmico + Betalactamase/ertapenem
[amoxacilina-clavulanato (875mg VO 12/12h)]
- INTERNADOS:
• Internados não graves:
Quinolona: 1ª opção
Betalactâmico + Macrolídeo: 2ª opção
[ceftriaxona/cefotaxima + azitromicina]
• Admitidos CTI:
- Sem Pseudomonas:
Betalactâmico + Quinolona
- Com Pseudomonas:
Piperacilina/tazobactan, cefepime (4ª geração), imipenem
(carbapenêmicos) ou meropenem/levofloxacina (750mg), ciprofloxacina
(500mg 2x/dia).
1 - Causas:
Os agente mais frequentes são os báculos gram-negativos, como
Pseudomonas, enterobactérias e Acinetobacter, esses correspondem a
55-85%; entre os gram-positivos destacam-se S. aureus.
As pneumonias precoces muitas vezes tem como agente etiológico
os mesmos da comunitária.
- Crianças em creches
● Enterobactérias:
- Moradia em asilo
- Internação no últimos 90 dias
- Doenças cardiopulmonares subjacente
- Comorbidades múltiplas
- Uso de antibiótico indiscriminado
- Provável aspiração
- Estado de higiene
● Pseudomonas:
- Bronquiectasia, fibrose cística, DPOC grave.
- Tratamento crônico com corticoides.
- Uso de antibiótico de amplo espectro por mais de sete dias.
- Desnutrição.
- Internação hospitalar.
2 - Fisiopatologia:
É a mesma da PAC, no entanto existem fatores que favorecem a
colonização da orofaringe, sendo eles: coma, hipotensão, acidose,
uremia, alcoolismo, doença pulmonar, uso de antibióticos, tubo
nasogástrica ou endotraqueal.
3 - Fatores de risco:
Os mais importantes são a necessidade de ventilação mecânica
por mais de 48 horas, o uso previo de antibiótico de amplo
espectro, o tempo de permanência no hospital ou UTI e gravidade da
doença de base, além de idade, uso de antibióticos nos últimos 3
meses, comorbidades, alteração do nível de consciência, dieta
enteral, cirurgia abdominal alta ou torácica, já que o paciente não
respirar adequadamente pela dor pós operatória acumulando então
secreção.
4 - Diagnóstico:
Quando o paciente não se encontra em ventilação mecânica o
diagnóstico é baseado na presença de uma síndrome infecciosa e da
observação de uma infiltração radiológica nova ou em progressão
desde admissão. No entanto se for PAVM, os critérios clínicos
usualmente utilizados são: febre ou hipotermia, leucocitose ou
leucopenia, presença de secreção purulenta nas vias aéreas e piora
ou surgimento de novo infiltrado pulmonar.
Existem escores para auxiliar no diagnóstico de PAH,
associando achados clínicos com exames de hemocultura, gram, cultura
do aspirado endotraqueal, e de acordo com o resultados são
relacionados pontos, porém uma escola americana define PAH como
infecção hospitalar após 72 horas de internação, na presença de
estertores, maciços à percussão, surgimento de infiltrado novo, mais
a associação de um dos seguintes:
a)escarro purulento;
b)agente infeccioso isolado no sangue, aspirado traqueal,
biópsia pulmonar;
c)isolamento de vírus nas secreções respiratórias;
d) títulos de anticorpos pR antígeno;
e) evidência histológica de pneumonia.
5 - Tratamento:
O tratamento inicial e empírico levando em consideração:
padrão de sensibilidade da flora local, condições subjacentes do
6 - Prevenção:
- Estratégias físicas: preferir entubação orotraqueal, com
circuitos novos para cada paciente, sendo trocado de tempo em tempo,
mais ou menos 5 a 7 dias, e tubo de drenagem subglótica para
pacientes que estejam com ventilação mecânica.
BRONQUIECTASIA
Dilatação e distorção permanente e irreversível de um ou mais
brônquios (proximais e de médio calibre, onde há sustentação) por
destruição dos tecidos musculares e elásticos de sustentação da
parede, com alteração da mucosa.
1 - Fisiopatologia:
2 - Classificação morfológica:
Feita a partir de imagens:
- cilíndricas: brônquios uniformemente dilatados, terminando junto à
superfície pleural.
Obs2: Tem algo que impeça que o paciente tenha tanto bronquiectasia
quanto enfisema (dilatação dos alvéolos)? Não, pois os mecanismos
para desenvolver essas doenças são diferentes.
3 - Localização:
As bronquiectasias ocorrem, preferencialmente, nos lobos
pulmonares com maior dificuldade de drenagem das secreções
brônquicas. Assim, o lobo inferior esquerdo é o mais acometido, pois
o brônquio esquerdo forma um ângulo mais agudo com a traqueia e seu
diâmetro é mais estreito, em razão do cavalgamento que sofre da
artéria pulmonar e da aorta. Todavia, a localização também depende
da sua etiologia; desta forma, as bronquiectasias restritas à
determinado segmento pulmonar geralmente estão relacionadas à
aspiração de corpo estranho, à obstrução por tumores ou adenopatias
ou à tuberculose, entre outras. Aquelas com envolvimento difuso do
parênquima pulmonar tendem a estar relacionadas às causas
sistêmicas, como imunodeficiência, fibrose cística, discinesia
ciliar, entre outras.
4 - Quadro clínico:
O típico paciente portador de bronquiectasia é aquele
indivíduo que apresenta, persistentemente, tosse produtiva, com
expectoração mucopurulenta, em grande quantidade, principalmente
pela manhã.
Dispneia (não é específica, pode ter) e hemoptise (pela tosse e
própria bronquiectasia pode lesar alguns vasos).
- Síndromes genéticas:
• Mounier Kuhn: excesso de cartilagem, então aquela parede que
deveria ser mais coesa estará mais frouxa.
• Williams Campbell: deficiência de cartilagem, sem parede de
sustentação. Bronquiectasia congênita.
• Kartagener: doença do situs inversus, paciente já nasce com
bronquiectasia e sinusite. Paciente consegue chegar aos 18-20 anos
com um bom acompanhamento, se não tiver acompanhamento deste
paciente morre por pneumonia de repetição.
• Fibrose cística: deficiência em glândulas exócrinas que torna a
secreção mais espessa, favorecendo as infecções de repetição. É
comum quando uma criança evolui com bronquiectasia fazer o
diagnóstico de fibrose cística, nos adultos seria a tuberculose.
Etiologia Exemplos
5 - Diagnóstico:
O diagnóstico é confirmado através do estudo, por microscopia,
do epitélio ciliar obtido por biópsia ou escovado do tecido
brônquico ou nasal. Através de método especial de microscopia
óptica, é analisada a frequência dos batimentos ciliares (reduzida
ou ausente), e, através da microscopia eletrônica, é avaliada a
estrutura dos cílios, que é anormal. O exame não deve ser feito na
6 - Tratamento:
A terapêutica dos pacientes portadores de bronquiectasias deve
ter como objetivos a melhora dos sintomas e evitar ou reduzir a
progressão da doença. Para isso é fundamental, sempre que possível,
identificar e remover o fator causal, tratar adequadamente os
processos infecciosos intercorrentes e potencializar a higienização
da árvore brônquica. É interessante ressaltar que a literatura é
extremamente pobre em estudos sobre bronquiectasias, o que torna
grande parte das condutas utilizadas sem, ainda, evidência
científica suficiente para recomendá-las.
ABSCESSO PULMONAR
É o resultado de um processo infeccioso localizado e
circunscrito ao parênquima pulmonar (como se fosse uma espinha) com
necrose de tecido, supuração e cavitação (>2cm), causado por germes
piogênicos. Se desenvolve 7-14 dias após a infecção.
Pode ser agudo (< 1 mês) ou crônico (4-6 semanas fazem a divisão),
primário (decorrente de uma pneumonia bacteriana, sem lesões
subjacentes ou doença sabida de imunossupressão) ou secundário
1 - Causas:
• Aspirativas: Supressão do reflexo da tosse ou comprometimento do
nível de consciência; Grande quantidade de microorganismos de
diversas espécies, com predomínios de anaeróbios; Chamado de
abscesso primário de pulmão; Lesão geralmente única nos segmentos
posteriores dos LS ou segmentos superiores dos LI.
Broncoaspiração, por isso pacientes mais idosos são mais
suscetíveis, acamados, etilista crônico.
• Pós-Pneumônicas: Pneumonia necrosante -> abscesso. (Klebsiella, S.
aureus).
• Obstrutivas: Conhecido como abscesso secundário. Associa-se a
obstrução brônquica.
- Intraluminar: neoplasias ou corpo estranho.
- Extraluminar: linfonodomegalia.
Nessa região de obstrução leva a um acúmulo de secreção que pode
virar uma pneumonia e isso não impede que a bactéria faça um
abscesso pulmonar.
• Hemática: quando já há uma infecção no organismo e chega até o
pulmão.
• Contiguidade: feridas, peritonite.
• Outras (traumas).
São causas que também podem levar a pneumonia.
2 - Incidência:
• H3:M1
• 30 a 50 anos
• 60% anaeróbios (Bacterioides fragilis)
• 30% flora mista
• 10% aeróbios (G-)
• Pacientes com maiores chances são os etilistas crônicos.
• Anaeróbios gengivais:
- Preptoestreptococos
- Prevotella
- Bacterioides (não fragilis)
- Fuso bacterium sp
3 - Patogenia:
- O abscesso se origina a partir de um foco infeccioso no parênquima
pulmonar.
4 - Clínica:
Fase aguda é semelhante a uma pneumonia: tosse produtiva,
febre geralmente alta, dispneia, expectoração abundante, distúrbios
gastrointestinais, dor ventilatória-respiratória, hemoptise.
Já a fase crônica: perda de peso, anemia, que pode ser por
resolução incompleta da pneumonia, é o que levou a seleção de
algumas bactérias e resultou no abscesso.
5 - Diagnóstico:
É fácil de diagnosticar, mas a pergunta deve ser porque o
abscesso foi desenvolvido.
6 - Complicações:
7 - Diagnóstico diferencial:
Sempre vai depender da localização da imagem.
Tuberculose cavitária, carcinoma brônquico escavado, hérnia de
hiato, abscesso subfrênico, empiema pleural com fístula
broncopleural, enfisema bolhoso (ou cistos) infectado, pneumatoceles
das estafilococcias, hematoma pulmonar.
8 - Tratamento:
90% dos casos são tratados clinicamente (antibiótico), onde o grande
objetivo é evitar a disseminação.
- Drogas de escolha:
• Penicilina G (EV) [200.000 UI/kg/dia, 4/4 horas] quase não é
utilizado.
9 - Drenagem externa:
Indicações para drenagem externa:
• Abscesso gigante (≥ 6cm).
• Imunossuprimido.
• Risco iminente de sepse.
• Não suportar ressecções.
• Obstrução brônquica.
- Riscos: empiema, pneumotórax e hemorragia podem surgir pelo
procedimento.
10 - Ressecção pulmonar:
Indicação para ressecção pulmonar:
• Necrose maciça.
• Hemoptise com risco de vida.
• Afastar neoplasia.
• Reinfecção.
DERRAME PLEURAL
1 - Anatomia - As pleuras:
As pleuras são membranas porosas aderentes que deslizam uma
sobre a outra com atrito mínimo, facilitado pela presença de uma
fina película de líquido de volume variável entre 1 a 20 mL.
- Pleura visceral: recobre o pulmão e se insinua através das
fissuras.
- Pleura parietal: reveste a face interna da parede torácica.
- Espaço/cavidade pleural: é o espaço virtual de pressão negativa
entre as pleuras visceral e parietal, quando ocorre o desequilíbrio
de forças, irá acumular líquido.
2 - Fisiopatogenia:
Na sua base fisiopatológica está um desequilíbrio entre o
processo de formação e de depuração/filtração do líquido na cavidade
pleural.
Recorda-se que o movimento de líquido através dos capilares pleurais
segue a lei de Starling variando com as pressões hidrostática e
coloidosmótica.
• Exsudatos:
Resultam de inflamação da pleura, com consequente aumento da
permeabilidade capilar com extravasamento de proteínas para o espaço
pleural.
Paciente com exsudato, já pensa em Pneumonia. O tratamento é tratar
a pneumonia e drenar o derrame, principalmente quando ele complica e
se torna empiema.
Aumento da proteína -> é um dado importante para análise do líquido.
- Características bioquímicas:
3 - Quadro clínico:
O derrame pleural evolui com sintomas diretamente relacionados
ao envolvimento da pleura associados àqueles decorrentes da doença
de base que o determinou, os quais muitas vezes predominam no quadro
clínico. Os principais sintomas decorrentes diretamente do
envolvimento pleural são dor torácica, tosse e dispneia.
A dor torácica pleurítica é o sintoma mais comum no derrame
pleural. Ela indica acometimento da pleura parietal, visto que a
visceral não é inervada, e geralmente ocorre nos exsudatos. Não
necessariamente indica a presença de líquido, pelo contrário, tende
a ser mais intensa nas fases iniciais da pleurite, melhorando com o
aumento do derrame pleural. Seu caráter é geralmente descrito como
"em pontada", lancinante, nitidamente piorando com a inspiração
profunda e com a tosse, melhorando com o repouso do lado afetado,
4 - Exame físico:
• Inspeção:
- Esforço respiratório.
- Assimetria torácica: nos de derrames de maior volume, pode ser
notado abaulamento do hemitórax acometido e de seus espaços
intercostais, que inicialmente perdem suas concavidades habituais,
podendo passar a apresentar convexidade;
- outros achados: desvio do ictus cardíaco e da traqueia.
• Palpação:
- Expansibilidade diminuída.
- Redução ou ausência do frêmito tóraco-vocal.
• Percussão:
- Maciça ou submaciça sobre a região com líquido.
• Ausculta:
- Redução ou abolição do murmúrio vesicular sobre a região com
líquido.
- Transmissão da voz – egofonia (broncofonia), outros ruídos
adventícios.
5 - Diagnóstico:
5.1 - Aspectos clínicos:
Anamnese e exame físico.
Obs1:
- derrames bilaterais é mais comumente relacionado a transudato,
tuberculose de disseminação hemática, neoplasia metastático e
colagenose.
- Derrames volumosos ocupando quase todo hemitórax, geralmente é
neoplásico.
- Derrame septado consuma ser infeccioso.
- Massa intrapulmonar, adenomegalia mediastinal e lesões
osteolíticas favorecem neoplasia.
- Lesões pulmonares em lobos superiores favorecem tuberculose.
- Critérios de Light:
Os critérios de Light são, sem dúvida, a melhor maneira de
diferenciação entre transudato e exsudato.
- Exame do LP:
Análise do líquido pleural:
- Citologia oncótica:
Sua sensibilidade diagnóstica é variável, dependendo muito da
experiência do citopatologista, enquanto a especificidade é alta,
acima de 97%. A sensibilidade descrita em diferentes estudos varia
de 40% a 90% e pode ser aumentada com repetidas punções e com a
centrifugação do material e confecção de bloco em parafina ("cell
block").
- Glicose:
Níveis baixos de glicose (<60 mg/dl) estão associados, entre
as causas mais comuns de derrame pleural, à derrame parapneumônico,
tuberculose pleural, neoplasia e artrite reumatóide. Nos derrames
parapneumônicos, quanto menor o nível da glicose, maior a
possibilidade de tratar-se de empiema. Da mesma forma, níveis mais
baixos de glicose nos derrames neoplásicos habitualmente indicam
- O pH:
A mensuração do pH no líquido pleural tem sua grande indicação
na suspeita de derrame parapneumônico. Outras condições que também
podem cursar com níveis baixos de pH são: ruptura de esôfago,
artrite reumatóide, tuberculose, neoplasia, hemotórax, lupus e
urinotórax.
- Amilase:
A amilase está aumentada nos derrames pleurais por
pancreatite, por ruptura de esôfago e nos neoplásicos. Sua dosagem
deve ser solicitada quando há suspeita dessas doenças e nos casos
sem diagnóstico após avaliação inicial.
6 - Tratamento:
Tratamento hospitalar + antibiótico no mínimo por 14 dias.
PNEUMOTÓRAX
Presença de ar no espaço pleural, afastando a pleura visceral
da parietal, levando ao aumento da pressão intratorácica, com
colapso do tecido pulmonar ipsilateral, resultando em grave
anormalidade da relação ventilação perfusão, redução da capacidade
vital, do volume-minuto e do retorno venoso, levando à hipóxia por
aumento do shunt pulmonar. Há uma “compressão” de ar sob o pulmão,
causando dispneia abrupta e progressiva.
É uma patologia que devemos diagnosticar, pois quem trata é o
cirurgião.
1 - Quadro Clínico:
2 - Exame físico:
- Inspeção: dispneia, cianose, tiragem intercostal, desvio da
traqueia para o lado contrário da lesão.
- Palpação: diminuição ou ausência da expansibilidade, FTV diminuído
ou ausente.
- Percussão: timpanismo, hiperressonância.
- Ausculta: MV diminuído ou ausente; ausência ou diminuição da voz
sussurrada.
3 - Exames diagnósticos:
- Radiografia de tórax em PA e perfil.
A característica radiológica do pneumotórax é o distanciamento
da pleura visceral da pleura parietal pela presença de ar no espaço
pleural. O ar na cavidade pleural aparece como área hiperlúcida, e a
pleura visceral é geralmente visualizada como uma linha fina que se
destaca pelo ar no espaço pleural de um lado e ar dentro do
parênquima pulmonar do outro. Quando as manifestações clínicas
sugerem fortemente um pneumotórax e não existem anormalidades ao
Hipertransparência avascular.
4 - Classificação:
• Traumático:
Pode não ocorrer na hora, pode demorar alguns dias. Pode ser por um
traumatismo torácico fechado ou perfurante (aberto).
Ex.: perfurante pode ser ferimento por arma branca, por arma de fogo
ou ferimentos complexos do tórax e o fechado na maioria das vezes
ocorre devido a uma fratura de costela com contusão pulmonar e
ruptura alveolar.
É válido lembrar que a perfuração deve ser maior que o diâmetro da
traqueia, pois assim na inspiração a entrada de ar e mais fácil por
ela do que pela traqueia,provocando desequilíbrio ventiladores.
Tratamento: toracotomia e inserção de tubo, a menos que sejam muito
pequenos.
• Iatrogênico:
É um tipo de pneumotórax traumático e vem ocorrendo em uma
frequência maior, por punção errada de veia profunda, ou se tiver
enfisema subcutâneo pode causar pneumotórax.
Principais causas: aspirações transtorácicas por agulha,
toracocentese e inserção de cateteres IV centrais, ventilação
mecânica, broncoscopia.
• Espontâneo:
- Primário:
Quando não sabe a causa. Não estão associados a doença pulmonar
coexistente. Ocorre geralmente devido a ruptura de bolhas pleurais
apicais, ocorre na maioria dos casos em fumantes e 50% das pessoas
que tiveram seu primeiro pneumotórax tem recidivas.
O tratamento inicial é a aspiração simples, se não houver melhora ou
muitas recidivas se indica a toracotomia com abrasão pleural.
- Secundário:
Associado a doenças pulmonares, na maioria dos casos DPOC. São
patologias que ocorrem no pulmão e que podem favorecer a formação de
uma fístula broncopleural (onde o ar sai do brônquio e vai para a
pleura) e evoluírem com pneumotórax.
• Pneumotórax hipertensivo:
Quando a pressão pleural ultrapassa a atmosférica, causando
diminuição do retorno venoso, débito cardíaco, sinais de hipoxemia
além de comprometimento hemodinâmico.
Na maioria dos casos o pneumotórax hipertensivo é de origem
traumática, e seu significado patogênico e mais danoso se for no
hemitórax direito, pois tem mais estrutura venosas, portanto é mais
fácil de colabar.
O quadro assemelha-se ao de tamponamento cardíaco.
- Motivo: aprisionamento progressivo de ar no espaço pleural, por um
mecanismo valvular que favorece a entrada de ar na inspiração, mas
dificulta sua saída na expiração.
- Clínica: turgência jugular, sudorese, taquicardia, cianose,
agitação e síndrome paradoxal com hipotensão arterial e hipertensão
venosa.
- Exame físico: ampliação do hemitórax sem MV, hipertimpanismo,
desvio do mediastino para o lado oposto.
- Tratamento: para resolver devemos fazer uma válvula de escape,
transformando em pneumotórax aberto, com uma agulha calibrosa deve
ser introduzida, no 2 EIC, na linha hemiclavicular do lado que tem o
pneumotórax.
5 - Tratamento:
• Clínico: observação e oxigenoterapia.
Vai depender do tamanho, geralmente quando o pneumotórax é pequeno
(<2cm) e o paciente não apresenta sinais clínicos como a dispneia.
1 - Incidência:
• 71 eventos em 100.000 hab/ano
- 48 eventos de TVP por 100.000 hab/ano
- 23 eventos de TEP por 100.000 hab/ano
- 50% dos pacientes com TVP vão desenvolver TEP, por isso o
objetivo maior é evitar a TVP.
2 - Fisiopatologia:
• Alteração da troca gasosa: inicialmente o trombo causa uma
obstrução local, impedindo o funcionamento adequado da pequena
circulação, com o tempo, substância são liberadas pelo êmbolo e
causam uma broncoconstrição e disfunção do surfactante local,
favorecendo a ocorrência de atelectasias causando deficiência na
3 - Trombose intravascular:
As situações em que prevaleçam um ou mais componentes da
tríade de Virchow são as propícias ao desenvolvimento da trombose:
- Estase venosa
- Dano endotelial vascular
- Estado de hipercoagulabilidade
4 - Fatores de risco:
A presença de fatores de risco para o tromboembolismo venoso é
a condição inicial para o estabelecimento de elevada suspeita
clínica e, também, para realização de adequada profilaxia.
• Congênitos:
Os fatores de risco congênitos são responsáveis por
aproximadamente um quinto dos casos de TEP.
• Adquiridos:
Redução da mobilidade (internado por muito tempo), neoplasia
maligna, cirurgia de grande porte, lesão medular, obesidade, AVE,
ICC, terapia de reposição hormonal e anticoncepcional oral, má
administração da heparina, trauma, quimioterapia, cateter, gestação
e puerpério, idade, tabagismo.
5 - Investigação de trombofilias:
Os principais tipos de trombofilia são a deficiência da
proteína C e S, a resistência a proteína C (fator V Leiden), a
deficiência de antitrombina III, a mutação da protrombina, o
anticorpo antifosfolipídio/antiocardiolipina, as desfibrinogenemias
e as desordens do plasminogênio.
A investigação de trombofilia deve ser realizada nas seguintes
situações:
- idade inferior à 50 anos no primeiro episódio.
- Caráter espontâneo/recidivante ou local não usual.
- História familiar, ocorrência de TEP em diversos membros da
família, em mais de uma geração.
- Associação de trombose com perda fetal.
Pacientes que não apresentam fatores de risco que justifiquem a TEP
sempre pesquisar primeiro por síndromes genéticas.
6 - Sinais e Sintomas:
O espectro da apresentação clínica é bastante amplo. Da mesma
forma, os sinais e sintomas são inespecíficos. No entanto eles são
importantes não só para sugerir o diagnóstico como também para
ajudar na estratificação de risco. Os sinais e sintomas dependem,
fundamentalmente, da localização e tamanho do trombo e do estado
cardiorrespiratório prévio do paciente
Em 90% dos casos a hipótese de TEP é sugerida pela presença de
dispneia, síncope, dor torácica e taquipneia, sozinhos ou em
associação. Além de tosse, edema e dor nas pernas, hemoptise,
palpitações, estertores, taquicardia, diminuição do MV, atrito
pleural, hipotensão, febre, cianose, B3 e B4.
• Morte súbita
8 - Diagnóstico:
É basicamente clínico.
O diagnóstico de TVP apenas com bases em dados de história e exame
físico não é fidedigno, pois os sintomas e sinais não apresentam
sensibilidade e especificidade adequadas, ou seja, podem estar
Diagnósticos diferenciais:
9 - Exames complementares:
A avaliação de um paciente em que a TEP é uma das hipóteses
diagnósticas inclui os seguintes exames complementares iniciais:
• D-dímero,
• gasometria arterial,
• radiografia de tórax.
Conforme a importância dos diagnósticos diferenciais outros
exames podem ser solicitados, como o hemograma na suspeita de
infecção, o eletrocardiograma, quando as doenças cardiovasculares
precisam ser descartadas ou confirmadas. Todos estes exames podem
ser úteis, aumentando ou reduzindo a possibilidade de TEP, mas
raramente serão definitivos, exceto quando, eventualmente, definem
um diagnóstico diferencial.
9.1 - D-dímero:
Produto da fibrinólise endógena, encontra se elevado nas
condições tromboembólicas. Este exame apresenta sensibilidade muito
maior do que especificidade, pois falsos-negativos podem ocorrer em
diferentes situações, como pacientes hospitalizados, pacientes
obstétricos, doença vascular periférica, câncer, várias doenças
inflamatórias e idade avançada, maior de 85 anos.
O D-dímero é muito mais útil para a exclusão do diagnóstico de
TEP do que para sua confirmação. Assim, não há sentido em se pedir a
dosagem de D-dímero em paciente com alta probabilidade clínica de
TEP, pois um resultado positivo não seria suficiente para confirmar
o diagnóstico e um negativo não seria suficiente para afastá-lo.
Em pacientes com baixa probabilidade, se der negativo, exclui TEP.
D-dímero normal = menor que 500 ng/ml.
9.2 - Gasometria:
Alterações:
hipoxemia (PaO2 <80 mmHg)
9.4 - Eletrocardiograma:
Padrão S1Q3T3 - presença de onda S em DI, presença de onda Q e
inversão da onda T em DIII.
Importância em diagnóstico diferenciais da área cardiaca, como IAM
ou pericardite.
9.6 - Angiotomografia:
Quando da ocorrência de TEP, o êmbolo no interior da artéria
pulmonar pode ser visto como um defeito de enchimento no vaso
(imagem de hipoatenuação), circundado completa ou parcialmente por
sangue contrastado, ou como um defeito completo de enchimento, com o
vaso totalmente não opacificado.
Tem nas emergências, por isso é uma boa escolha.
Se der negativo exclui TEP, exceto quando probabilidade clínica pré-
teste é alta.
Se der positivo com trombo segmentar ou mais proximal é TEP.
Desvantagem: não é bom para lesões periféricas, serve mais para
grandes eventos.
Pode auxiliar no diagnóstico diferencial quando a TEP foi
descartada.
Pode-se avaliar a fase venosa do contraste, estendendo o exame para
o estudo das veias pélvicas e de membros inferiores.
9.8 - Arteriografia:
Padrão ouro, mas envolve muitos riscos.
Contraindicações: gestação, insuficiência renal, PSPA> 40mmHg
Efeito em casos graves com baixa indicação tromboembólicas.
Fazer junto com trombectomia.
9.9 - Ecocardiograma:
10 - Tratamento:
Deve fazer tromboembólise ou manter anticoagulação.
- Heparinização do paciente:
A heparinização deve ser feita por via endovenosa, com uma
dose de ataque seguida da manutenção por infusão contínua. Embora a
administração intermitente da heparina, endovenosa ou subcutânea,
também seja possível, sua monitorização é mais difícil e os riscos
de sangramento ou de anticoagulação insuficiente são maiores.
A heparina deve ser mantida por um mínimo de 5 dias e não deve
ser suspensa até que se atinjam níveis adequados de anticoagulação
oral.
A principal complicação do tratamento com heparina é o
sangramento. Estando na dependência do nível do TTPA (Tempo de
Tromboplastina Parcial Ativada), da duração da heparinização e da
presença de co-morbidades. Quando se faz a heparinização
adequadamente, a frequência de sangramento grave é pequena, sendo um
risco amplamente suplantado pelos benefícios de se anticoagular um
paciente com TEP.
Outra complicação relativamente frequente é a trombocitopenia.
Geralmente ocorre entre o sétimo e o décimo quarto dia de uso da
heparina, sendo reversível com a suspensão do tratamento, que deve
- Anticoagulante oral:
O anticoagulante oral mais utilizado no tratamento da TEP é a
warfarina, na dose diária inicial de 5 mg. Deve ser começado já no
primeiro dia, o que permitirá uma obtenção mais rápida dos níveis de
anticoagulação, reduzindo assim o tratamento com heparina e
possibilitando alta hospitalar mais precoce.
Em pacientes instáveis, com possibilidade de serem submetidos
a procedimentos invasivos (ex: traqueostomias, punções venosas
profundas, inserções de cateteres, biópsias ou cirurgias), o início
do anticoagulante oral é protelado, pois a reversão de seu efeito é
mais difícil do que a da heparina.
A warfarina age inibindo a síntese dos fatores da coagulação
dependentes da vitamina K (fatores II, VII, IX e X). Portanto, seu
efeito surge apenas após o desaparecimento da circulação dos fatores
já previamente sintetizados, o que ocorre em até 72 horas. Em uma
fase inicial, por inibir também a síntese das proteínas C e S, que
têm uma vida mais curta que os fatores da coagulação, a warfarina
tem um paradoxal efeito pró-trombótico. Por isso, a anticoagulação
deve ter obrigatoriamente um período de superposição de heparina e
anticoagulante oral de no mínimo 4 dias. A dose da warfarina é
ajustada pelo tempo de protrombina.
O sangramento é a principal complicação do uso da warfarina,
estando associado com o nível obtido de RNI, com a idade do paciente
e com a presença de doenças que já predispõem a ele (ex: úlceras
pépticas, doença diverticular do cólon).
A warfarina não pode ser usada durante a gravidez, pois
malformações fetais podem ocorrer com o seu uso em qualquer período
da gestação (hipoplasia nasal, anormalidades em sistema nervoso
central). Além disso, hemorragias fetais ou neonatais e óbito intra-
- Trombolíticos:
A indicação absoluta de trombolíticos na TEP é a presença de
instabilidade hemodinâmica.
Algumas outras indicações têm sido propostas por alguns autores, mas
ainda não há consenso sobre elas:
· hipoxemia grave,
· envolvimento extenso (múltiplos segmentos ou um lobo inteiro),
· disfunção ventricular direita evidente ao ecocardiograma,
· trombose venosa profunda extensa.
- Medidas profiláticas:
As medidas profiláticas da TVP e da TEP são de extrema
importância, visto que sabidamente reduz a ocorrência dessas
condições. Algumas estratégias não farmacológicas são importantes e
devem ser usadas na medida do possível. Entre elas, a deambulação
precoce deve ser sempre recomendada. Outras medidas não
farmacológicas incluem as meias com compressão graduadas e
equipamentos de compressão pneumática intermitente. Em pacientes com
alto risco de sangramento, os dispositivos mecânicos podem ser a
única opção para a profilaxia de TVP e TEP, embora não haja
evidências de que esses métodos sejam capazes de reduzir o risco de
morte ou de TEP.
A profilaxia medicamentosa é a mais importante. Entre os
pacientes internados, a não utilização de profilaxia medicamentosa
praticamente constitui-se em uma situação de exceção.
Entre os pacientes clínicos internados, apenas aqueles com menos de
40 anos e que não apresentam nenhum fator de risco conhecido não
devem recebê-la. Entre os pacientes cirúrgicos, apenas aqueles com
TUBERCULOSE
A tuberculose (TB) é uma doença infecto-contagiosa bacteriana
grave, transmitida pelo ar e causada pela bactéria Mycobacterium
tuberculosis.
A OMS estima que exista 9 milhões de casos de tuberculose em todo o
mundo. Três milhões desses casos ainda não foram detectados e,
portanto, estão sem tratamento, disseminando a doença. Quanto mais
precoce o diagnóstico e o início do tratamento mais rápido
interrompe a cadeia de transmissão.
Tuberculose no Brasil:
- 71.123 mil casos novos de TB em 2013.
- Taxa de incidência: 35.4 novos casos por 100 mil habitantes.
- Queda da taxa de incidência de 20,3% (em 2003 era de 44,4%).
- Taxa de mortalidade: 2,3 óbitos por 100 mil habitantes.
- 22,4% dos pacientes são hospitalizados.
- 89% casos novos (paciente nunca teve TB).
- 84,4% acometimento pulmonar.
- 63,6% baciloscopia positiva.
- População indígena: incidência 3 vezes maior.
- Presidiários: incidência 28 vezes maior.
- Moradores de rua: incidência 44 vezes maior.
- Pessoas com HIV|aids: incidência 35 vezes maior.
CONFIRMADO:
Tuberculose Extrapulmonar -
Paciente com evidências clínicas, achados laboratoriais, inclusive
histopatológicos compatíveis com tuberculose extrapulmonar ativa, em
que o médico toma a decisão de tratar com esquema específico;
ou
Paciente com, pelo menos, uma cultura positiva para M. tuberculosis,
de material proveniente de uma localização extrapulmonar.
Critério clínico-epidemiológico:
- História e exame físico compatível.
- Dados epidemiológicos, principalmente, história de contato com
portadores de tuberculose (primordial para a suspeita diagnóstica).
Lembrar que…
- A TB pode acometer uma série de órgãos e/ou sistemas.
2 - Patogenia:
TRANSMISSÃO:
- A TB é transmitida principalmente por via aérea, de uma pessoa a
outra. A infecção ocorre, primeiramente, pela inalação de gotículas
que contenham os BKs expelidas pela tosse, fala ou espirro de uma
pessoa com a doença ativa nas vias respiratórias (pulmão ou
garganta).
- A TB não é transmitida através de apertos de mão, compartilhamento
de comida, bebida ou escovas de dente, contato com roupas de cama,
assentos sanitários ou beijo.
- A pessoa exposta respira a bactéria e se torna infectada. Bacilo
se deposita e não fica em suspensão.
- FISIOPATOGENIA -
Quando as bactérias causadoras da TB entram em contato com o
hospedeiro, três situações podem ocorrer: (1) a resposta imune do
hospedeiro elimina completamente o agente; (2) o sistema imune não
consegue controlar a replicação dos bacilos, causando a tuberculose
primária; ou (3) o sistema imune consegue conter as bactérias em
granuloma, de forma latente, podendo provocar a tuberculose pós-
primária ao escapar do sistema imune. A infecção começa, quando os
bacilos atingem os alvéolos pela via respiratória. Os BKs são
rapidamente fagocitados por macrófagos alveolares que frequentemente
podem matar a bactéria, devido à resposta imune inata do hospedeiro.
Se conseguirem passar por essa primeira linha de defesa, as
micobactérias começam a se multiplicar dentro dos macrófagos e se
difundem para as células vizinhas, como células endoteliais e
epiteliais. Podem também migrar para outros órgãos, através do
sistema linfático e circulatório. Assim, atingem uma alta carga
bacteriana em poucas semanas. Após essa primeira reação inflamatória
do sistema imune inato, o sistema imune adaptativo leva à migração
de neutrófilos, linfócitos e outras células imunes ao primeiro sítio
de infecção (pulmonar), formando um infiltrado celular que, depois,
assume a estrutura de um granuloma, com componentes fibróticos,
envolvendo-o e tornando-o calcificado. Os bacilos ficam protegidos e
latentes dentro do granuloma, mantidos pela resposta imune. Por
motivos não bem definidos, o sistema imune falha e os bacilos
começam a se replicar descontroladamente, tornando a doença ativa,
com a manifestação subsequente de sinais e sintomas.
IMUNIDADE:
1 - Imunidade natural: barreiras físicas, sistema mucociliar,
velocidade de desenvolver imunidade adquirida.
2 - Imunidade adquirida:
- A humoral é inexpressiva.
3 - Primo-infecção tuberculose:
Na primo-infecção tuberculosa o bacilo ultrapassa os
mecanismos de defesa e alcança os alvéolos pulmonares, o que vai
gerar uma resposta inflamatória, que pode ser resolutiva, causando a
depuração dos bacilos ou pode ocorrer uma falha no mecanismo, que
vai levar a progressão da inflamação ou a uma broncopneumonia
(inespecífica), ocorre um encapsulamento do bacilo, gerando um foco
pulmonar (granuloma).
Nesse foco de inoculação o bacilo começa a se dividir (organismo sem
resposta imunológica específica) gerando então um foco de Ghon (foco
de inoculação com 105 bacilos), pode ocorrer então uma disseminação
por via linfática até o linfonodo satélite (foco linfonodal ou
ganglionar) ou uma disseminação por via hematogênica (para todo o
organismo).
4 - Tuberculose primária:
● Forma pulmonar:
● Forma extrapulmonares:
- A maior parte dos casos ocorre a partir de disseminação
hematogênica do complexo pulmonar primário.
- Podem ser divididos em 2 grupos:
- As que ocorrem precocemente: até um ano após a primo-
infecção. As mais comuns são a TB pleural, pericárdica, peritônio e
meninges.
- As que ocorrem tardiamente: entre 1 e até 5 anos. As mais
frequentes são a TB ganglionar e do sistema geniturinário.
4 - Tuberculose secundária:
- Ocorre depois de 5 anos.
- Ocorre o implante do bacilo e forma um foco latente onde ocorre
uma reação granulomatosa, se ocorre nesse indivíduo qualquer tipo de
imunodeficiência vai levar a uma reativação endógena ocorrendo uma
ativação da doença.
- Mais comum entre adultos, na maioria das ocasiões apresenta lesões
cavitárias e fibrose.
- Pode ter origem endógena (reativação de um foco quiescente).
- Pode ser uma reinfecção/exógena: comprovado por técnica de
biologia molecular.
- Geralmente evolui para caverna pulmonar que pode evoluir para cura
ou complicação.
As Complicações da Cavitação:
5 - Diagnóstico:
O diagnóstico definitivo de TB se dá pela identificação dos
BKs de uma amostra biológica através da baciloscopia, da cultura ou
de método moleculares. As amostras geralmente encaminhadas para a
pesquisa de BK são escarro, lavado brônquico, lavado broncoalveolar
e outras relacionadas com o trato respiratório. Exames como
hemograma, bioquímicos e radiológicos podem auxiliar no diagnóstico,
direcionando o médico para os testes mais específicos.
- Baciloscopia direta:
É um exame barato, rápido (30 mim) e dá o diagnóstico.
- A pesquisa do bacilo álcool-ácido resistente (BAAR) pelo método de
Ziehl-Nielsen é a técnica mais utilizada em nosso meio.
- A baciloscopia do escarro permite detectar de 60% a 80% dos casos
de tuberculose pulmonar.
NEOPLASIA PULMONAR
De doença rara no passado, o câncer do pulmão transformou-se
em doença neoplásica comum e na mais mortal em todo o mundo. É o
mais frequente tipo de câncer em todo o mundo e sua incidência
continua aumentando (em torno de 0,5% ao ano), principalmente entre
as mulheres.
Atualmente, é a principal causa de morte, por neoplasia, entre
os homens e as mulheres, em todo o mundo. Desde os meados do século
passado é considerado, pela OMS, como uma epidemia mundial.
1 - Fatores de risco:
- Tabagismo:
A mortalidade pelo câncer do pulmão exibe uma relação inversa
com a idade do início do tabagismo. Aqueles que começaram a fumar na
adolescência têm maior risco de desenvolver a neoplasia do que
aqueles que iniciaram com mais de 25 anos.
Cerca de 90% dos tumores do pulmão poderiam ser evitados
simplesmente abandonando-se o fumo.
Mais de 90% dos pacientes com câncer do pulmão são fumantes,
incluindo aí aqueles não fumantes, mas expostos continuadamente à
fumaça do tabaco – os fumantes passivos.
- Outros fatores:
< 10%: fatores genéticos, poluição atmosférica e a exposição à
radiações ionizantes, asbesto e outras fibras minerais, sílica,
cromo, níquel, arsênico, aos hidrocarbonetos policíclicos, doenças
ocupacionais (Como a pneumoconiose, que é causada por inalação de
partículas de poeiras, sendo marcada pela perda de expansibilidade,
fibrose e pigmentação).
2 - Tipos histológicos:
Noventa a 95% dos tumores pulmonares são representados pelos
carcinomas broncogênicos: adenocarcinoma, carcinoma de células
escamosas, carcinoma de pequenas células e carcinoma de grandes
células.
● Adenocarcinoma:
Constitui o câncer do pulmão mais comum em mulheres e homens.
Com frequência manifesta-se na forma de massa periférica.
Seus aspectos microscópicos característicos incluem formação
glandular, geralmente com produção de mucina.
● Carcinoma broncogênico:
Carcinoma bronquioloalveolar.
Subtipo de adenocarcinoma que cresce ao longo dos alvéolos, sem
invasão, pode ser mostrar como uma massa única, lesão multinodular
difusa, uma infiltração difusa no raio-x e na TC como uma opacidade
em ‘vidro fosco’.
Com crescimento insidioso, surge nas paredes das vias aéreas
distais.
Disseminação através do septo alveolar, com preservação da
arquitetura alveolar (radiografia parecida com uma pneumonia).
● Tumor carcinóide:
São carcinomas neuroendócrinos. Esses tumores apresentam, em comum,
a capacidade de captação, metabolismo e produção de aminas e
polipeptídeos biologicamente ativos. Serotonina, histamina,
prostaglandina, bradicinina e calicreína são exemplos dessas
substâncias.
Os tumores carcinóides podem ser originados a partir de uma célula
tronco do tipo epitelial, o que explicaria sua ocorrência em outros
locais do organismo como pulmões, trato biliar e ovários.
Desenvolve-se preferencialmente nas regiões centrais do pulmão
(85%).
Diagnóstico diferencial com CA epidermóide e out cells (tumores
centrais).
Sintomas são inespecíficos, pode estar relacionado a qualquer uma
das substâncias liberadas por ele como calores, rubor facial.
3 - Manifestações clínicas:
Vai depender do crescimento local do tumor, se há metástases
intratorácicas ou à distância, pode ser ter uma síndrome
paraneoplásica.
● Derrame pleural:
O derrame pleural no paciente com câncer do pulmão ocorre em
aproximadamente 8-15% dos casos e é assintomático em 25% das vezes.
Está associado a mau prognóstico. Geralmente é consequência da
invasão neoplásica da pleura visceral e tem por característica ser
hemorrágico. Pode, porém, estar associado a obstrução linfática. As
principais queixas a ele relacionadas são: dispnéia, dor torácica e
tosse.
Como interfere diretamente com o estadiamento, a definição de
malignidade no líquido é obrigatória. A toracocentese com biópsia
pleural deve ser o método de escolha para a definição da natureza do
derrame pleural. Este procedimento define a etiologia do derrame
pleural em aproximadamente 80% dos casos.
● Derrame pericárdico:
As metástases para o coração e para o pericárdio ocorrem por
migração linfática retrógrada das células tumorais. Outras vias para
o implante das células neoplásicas nesses locais incluem a
disseminação hematogênica e a invasão tumoral direta.
O derrame pericárdico está presente em 15% dos casos e duas
das suas mais graves complicações são a arritmia – taquicardia
sinusal ou fibrilação atrial – e o tamponamento cardíaco. O derrame
pericárdio, que causa o tamponamento, é resultante de pericardite
carcinomatosa e coloca em risco a vida do paciente.
- Osso:
Metástases ósseas ocorrem em até 25% dos casos de câncer de
pulmão e 80% delas se localizam no esqueleto axial. A coluna, a
bacia, as costelas e os fêmures são os locais mais frequentemente
afetados.
- Fígado:
As metástases para o fígado aparecem nos estágios mais
avançados da doença, em 1% a 35% dos casos. O quadro clínico mais
característico é de anorexia, dor epigástrica e hepatomegalia
multinodular. A icterícia e a ascite são comuns. As enzimas
hepáticas geralmente estão elevadas.
- Adrenais:
O comprometimento das adrenais varia de 2% a 21% e, na maioria
das vezes, é assintomático. A tomografia computadorizada do abdome
superior tem um bom rendimento na sua identificação e deve ser
realizada de rotina em todo paciente com câncer do pulmão.
- Síndromes paraneoplásicas:
As síndromes paraneoplásicas são manifestações patológicas,
clínicas ou biológicas associadas a qualquer neoplasia de uma
maneira geral, mas que não se relacionam diretamente com o tumor
principal. Estão ligadas a mecanismos hormonais, humorais, tóxico
degenerativos e dismetabólicos. São incomuns e estão presentes em
menor de 5% dos pacientes com neoplasia pulmonar.
Muitas são as síndromes paraneoplásicas associadas ao câncer
do pulmão, sendo a mais comum delas a síndrome de Cushing. Outras
menos frequentes são a hipercalcemia não metastática e a síndrome da
secreção inadequada do hormônio antidiurético.
A osteoartropatia hipertrófica é caracterizada por
baqueteamento digital, proliferação periostal dos ossos longos e
artrite. É uma das síndromes paraneoplásicas mais comuns associadas
ao câncer do pulmão. Embora sua presença esteja associada à
4 - Exames:
- Radiografia de tórax.
- TC.
- Citologia do escarro: Seu rendimento depende da existência de
expectoração, do tamanho e localização do tumor e da experiência do
citopatologista. Sua sensibilidade para os tumores proximais está em
torno de 80%. Para os tumores periféricos e menores do que 3 cm, seu
rendimento é menor que 20%.
- Broncofibroscopia: é comumente utilizada para o diagnóstico e
estadiamento do câncer do pulmão. As alterações endoscopicamente
visíveis devem ser lavadas, escovadas e biopsiadas. Para afastar TU
oculto ou NPS > 2 cm.
- Punção aspirativa percutânea (melhor para tumor periférico).
- Ressonância (avaliar a parte vascular).
- USG (para verificar se algum tipo de invasão e realizar o
estadiamento e em casos em que é necessária uma TC, mas não se tem
acesso).
- Solicitar hemograma, eletrólitos, cálcio, fosfatase alcalina, GGT,
TGO, TGP.
- PET-scan, cintilografia.
- Mediastinoscopia (para biopsiar a cadeia de linfonodos do
mediastino): é indicada para pacientes portadores de carcinoma de
pulmão não pequenas células, candidatos a cirurgia, nos quais a TC
do tórax identificou, no mediastino, linfonodos > 1 cm no seu menor
diâmetro.
- Radiografia de tórax:
5 - Investigação de metástase:
A conduta estabelecida atualmente para a investigação de
metástases à distância em pacientes com câncer do pulmão é a
seguinte:
· A investigação de rotina dos doentes assintomáticos limita-se à
solicitação de hemograma, eletrólitos, cálcio, fosfatase alcalina e
gama GT.
· A cintilografia óssea e/ou radiografia estão indicadas nos
pacientes que tenham dor óssea e/ou fosfatase alcalina elevada.
· A ultra-sonografia hepática está indicada nos pacientes com gama
GT elevada.
· A tomografia de crânio e/ou ressonância magnética do crânio estão
indicadas para aqueles pacientes com sintomas ou sinais sugestivos
de metástase cerebral.
· Tomografia do andar superior do abdome – é uma conduta simples
para se avaliar o fígado e as adrenais. As adrenais com mais de 3 cm
devem ser exploradas com punção aspirativa com agulha fina.
- ESTADIAMENTO:
Estadiamento é a avaliação da extensão da doença neoplásica de
um paciente, permitindo seu agrupamento com outros pacientes com
extensão de doença semelhante e objetivando uniformizar os
tratamentos e facilitar a análise de dados epidemiológicos.
Baseia-se na avaliação do tamanho, da localização e do grau de
invasão do tumor primário, bem como na identificação da possível
presença de doença loco-regional ou metastática. O atual sistema de
estadiamento do câncer do pulmão se baseia naquele proposto por
Denoix, em 1946, em que se avalia o tumor (T), os linfonodos (N) e a
presença ou não de metástases a distância (M).
NÓDULO PULMONAR
Nódulo pulmonar é definido como uma opacidade pulmonar com
diâmetro menor ou igual a 3 cm (acima de 3 cm a imagem é considerada
massa) e completamente circundada por tecido pulmonar.
É importante comparar com exames anteriores, se tiver, e mesmo que
seja “antigo” deve ser acompanhado.
Na maioria dos casos é assintomático, mas caso seja bem
próximo da pleura pode gerar dor. A maioria dos nódulos são com
origem na tuberculose e histoplasmose, são benignos, mas devem ser
acompanhados, pelo menos anualmente. Todos tipos histológicos podem
se apresentar com nódulo primário, inclusive oat cell.
Na radiografia existem fatores que podem levar a confusão,
como um falso nódulo, como a sombra de mamilos, atelectasia
redondas, eletrodos cardíacos. A tomografia sempre deverá ser
solicitada, no entanto em hospital público o acompanhamento se faz
com o raio-x mesmo. Esse acompanhamento deve avaliar características
como tamanho, borda, calcificação, densidade, crescimento.
1 - Tamanho:
2 - Bordas:
- Bordas regulares ou lobuladas são mais comuns em lesões benignas.
- Bordas irregulares e espiculadas sugerem lesões malignas.
- Padrão denominado “coroa radiada”, em que múltiplas e finas
estriações partem perpendicularmente da superfície do nódulo – se
associa em alta probabilidade de malignidade (88-94% em diferentes
estudos).
3 - Calcificação:
- Central: padrão encontrado nas lesões granulomatosas.
- Difusa e homogênea: padrão das lesões benignas.
- Lâminas concêntricas: padrão também encontrado nas lesões
granulomatosas.
- Se for excêntrica, reticular ou puntiforme, com aspecto em
“pipoca”, levantam suspeita de malignidade.
4 - Densidade:
- Não existe uma definição, mas acha-se que os benignos são mais
densos - com maiores coeficientes de atenuação.
- A avaliação que é feita efetivamente, é a comparação da densidade
antes e após a injeção do contraste, pois como os malignos são mais
vascularizados, tendem a mudar de densidade.
5 - Crescimento:
- Lesões malignas apresentam um tempo de dobra de seu volume entre
20-400 dias (aumento de 26-30% no diâmetro da lesão).
- Lesões que dobram de volume em menos de 20 dias ou em mais de 400
dias geralmente são benignas.
6 - Outros exames:
- PET (Tomografia com emissão de pósitrons): faz medida do
metabolismo da glicose por marcador, lesão maligna capta mais; só
para NPS > 1cm; para pacientes como baixo risco de neoplasia – se a
PET for negativa eu devo confiar.
Falsos negativos podem ocorrer em tumores com baixa atividade
metabólica, como carcinoma bronquioloalveolar, carcinóides e alguns
adenocarcinomas bem diferenciados. Por outro lado falsos-positivos,
são descritos em condições inflamatórias e granulomatosas.
- PAP por agulha fina (punção aspirativa percutânea).
- Cirurgia.
- Broncoscopia.
1 - Prevalência:
- Relato do próprio paciente: 6%
- Resultado de estudos padronizados com espirometria = 25% dos
adultos com >40 anos têm algum grau de limitação ao fluxo aéreo.
- No Brasil >150 mil hospitalizações/ano.
- Segundo a OMS é a 6ª causa de morte no mundo em 1990.
- A 3ª causa em 2020(estimativa).
- A 4ª causa em 2030.
- Brasil 30.000 óbitos/ano.
- DataSUS: 5ª a 7ª causa de morte no Brasil.
2 - Etiologia:
A DPOC é resultado da interação entre exposição a partículas
e/ou gases nocivos e fatores genéticos e ambientais.
Dentre os fatores ambientais envolvidos na gênese da DPOC o
tabagismo é o principal. Mais de 95% dos casos de DPOC ocorrem em
fumantes, que geralmente fumaram mais de 20 maço/anos. Em nosso
meio, uma etiologia que não pode ser desprezada é a inalação da
fumaça originada da combustão da lenha, utilizada principalmente em
fogões domésticos.
3 - Causas:
- Tabagismo (95%).
- Charuto/cachimbo/tabagismo passivo
- Ocupacionais/pneumoconioses (poeira orgânicas e inorgânicas,
fumaça, agentes químicos).
- Fumaça da queima de lenha e carvão.
4 - Definições antigas:
- ENFISEMA PULMONAR:
O enfisema é considerado hoje como uma das anormalidades
anátomo-patológicas associadas à DPOC. O enfisema é definido
anatomicamente como um alargamento anormal, permanente, dos espaços
aéreos distais ao bronquíolo terminal, acompanhado de destruição de
suas paredes, sem fibrose óbvia.
Em termos fisiopatológicos, a inflamação existente na DPOC,
juntamente com participação do estresse oxidativo e do desequilíbrio
entre proteases e antiproteases levam à destruição da parede
alveolar e consequente perda dos pontos de fixação das vias aéreas
terminais aos alvéolos, com colapso expiratório dos mesmos,
limitação do fluxo aéreo e hiperinsuflação pulmonar.
Do ponto de vista clínico é comum associar-se o enfisema à
dispnéia da DPOC, embora essa seja resultado da combinação de
enfisema e bronquiolite obstrutiva.
Enfisema – região perfundida porém não ventilada.
- BRONQUITE CRÔNICA:
Enquanto o enfisema é definido primariamente em termos
anatômicos, a bronquite crônica é definida clinicamente, estando
associada à presença de expectoração. Classicamente a bronquite
crônica é definida pela presença de expectoração por tempo
prolongado, citado como pelo menos três meses ao ano, em dois anos
sucessivos, estando afastadas outras causas capazes de produzir
expectoração crônica.
5 - Quadro clínico:
Caracterizado pela presença de tosse produtiva e ou dispnéia
aos esforços, geralmente progressiva, determinada na maioria das
vezes pela exposição à fumaça do cigarro ou, eventualmente, a outras
substâncias inaladas.
No início da doença, os sintomas não são constantes e são
geralmente de baixa intensidade, mas intensificação dos mesmos pode
ocorrer em intervalos variáveis, principalmente nos meses frios,
caracterizando as exacerbações. Com o progredir da doença os
sintomas ficam mais intensos e frequentes e as exacerbações mais
comuns.
- Dispnéia:
Apresenta-se inicialmente aos grandes esforços, como subir
escada ou ladeira ou andar depressa. Nesta fase, em função do
- Sibilância:
É relatada em intensidade variável, podendo estar ausente em
alguns pacientes.
6 - Exame físico:
O exame físico do paciente com DPOC pode variar de normal, ou
quase normal, a acentuadamente alterado, dependendo da fase em que
se encontra a doença. No paciente com DPOC em estágio inicial da
doença são poucas as alterações observadas no seu exame.
A inspeção, a palpação e a percussão são normais na grande
maioria dos casos. Podem ser observados sibilos, principalmente à
expiração forçada (é importante não se esquecer deste recurso
propedêutico no exame de pacientes com doenças obstrutivas). A
ausculta sem expiração forçada pode ser completamente normal. Roncos
também podem estar presentes.
Aquele exame classicamente descrito de tórax em tonel, com
redução do espaço da fúrcula à cartilagem cricóide, com
hipersonoridade à percussão e murmúrio respiratório diminuído à
7 - Diagnóstico:
- História/ exame físico.
- Radiografia de tórax (1ª exame a se pedir).
- Tomografia de tórax.
- Prova de função pulmonar (espirometria).
- Gasometria arterial (se paciente estiver internado).
● Radiografia de Tórax:
A radiografia torácica é importante no sentido de excluir
outras condições que possam levar à confusão diagnóstica com a DPOC,
ou estarem associadas à mesma, principalmente câncer, tuberculose e
bolhas pulmonares. Outra condição em que a radiografia é útil é no
sentido de fazer o diagnóstico diferencial com insuficiência
cardíaca e doença intersticial pulmonar, principalmente naqueles
pacientes com crepitações basais. Nas agudizações graves que não
esteja respondendo ao tratamento habitual, é importante para
verificar a presença de pneumotórax ou consolidação pulmonar.
ENFISEMA:
- Sistema vascular: atenuação da periferia e coração em “gota” (com
a retificação das hemicúpulas, coração perde seu ponto de apoio e
ganha o aspecto de coração em gota).
- No parênquima: tórax em “tonel”, aumento do espaço intercostal,
horizontalização das costelas, hipertransparência retroesternal,
BRONQUITE:
- Sistema vascular: aumento da vascularização pulmonar.
- Parênquima: espessamento peribrônquico.
● Espirometria:
● Prova broncodilatadora:
É a determinação dos valores espirométricos após uso de
broncodilatador inalado, geralmente um beta-dois adrenérgico, embora
o teste possa também ser feito com um anticolinérgico. Um aumento do
VEF1 e/ou da CVF pós-broncodilatador em relação ao pré-
broncodilatador igual ou superior a 12% e com valor absoluto desta
variação igual ou superior a 200 ml caracteriza um teste positivo.
Isto indica que existe um grau de reversibilidade importante do
8 - Classificação de gravidade:
- Leve (GOLD1) = VEF1 ≥ 80%
- Moderada (GOLD2) = 50% ≤ VEF1 < 80%
- Grave (GOLD3) = 30% ≤ VEF1 < 50%
- Muito grave (GOLD4) = VEF1 < 30%
9 - Estadiamento da DPOC:
O estadiamento em níveis de gravidade tem por finalidade dar
uma idéia do prognóstico da doença e de propor condutas terapêuticas
de acordo com a gravidade da mesma. O estadiamento da DPOC leva em
consideração fatores clínicos, funcionais (espirométricos) e
gasométricos.
10 - Tratamento:
Os objetivos do tratamento da DPOC são:
· Prevenir a progressão da doença;
· Aliviar sintomas;
· Melhorar a tolerância aos exercícios;
· Melhorar a qualidade de vida;
· Prevenir e tratar as complicações;
· Prevenir e tratar as agudizações;
· Reduzir a mortalidade;
- TABAGISMO:
A cessação do tabagismo, junto com a oxigenoterapia, por muito
tempo, foram as únicas intervenções capazes de modificar a
progressão da DPOC. Assim, independente do estádio da DPOC o médico
deve insistir no combate ao tabagismo.
- MEDICAMENTOS:
A terapêutica farmacológica é usada para prevenir e controlar
os sintomas, reduzir a frequência e gravidade de exacerbações,
melhorar o nível de saúde e melhorar a tolerância ao exercício.
· Beta 2 agonistas:
- Curta ação (4-6 horas): Salbutamol, fenoterol, terbutalino.
- Longa ação:
12 Horas: formoterol, salmeterol (mais usado é o formoterol).
24 Horas: indacaterol, olodaterol, vilanterol (disponível
apenas em associação com fluticasona).
· Anticolinérgicos:
- Curta ação (6 horas): ipratrópio (Atrovent).
- Longa ação (24 horas): tiotrópio (espiriva).
· Xantinas:
- Aminofilina.
- Teofilina.
- Bamifilina.
· Inibidores da fosfodiesterase 4:
- Roflumilast –dachas
Controla o processo inflamatório, porém causa diarréia!
· Mucolíticos e antioxidantes:
- N-Acetilcisteína (fluimucil).
- Carbocisteína.
· Alfa-1 antitripsina.
· Vacinas
- gripe, pneumo23, prevenar 13
· Reabilitação pulmonar:
- Fisioterapia respiratória.
- Oxigênio – saturação em repouso a menos de 90-88%, PaO2 < 55.
· Cirurgia.
11 - Exacerbação da DPOC:
Exacerbação da doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) é
definida como um evento no curso natural da doença caracterizado por
uma mudança na dispnéia basal do paciente, tosse e/ou expectoração
● CONDUTA:
- Identificação:
Fatores pulmonares: infecção respiratória; tromboembolismo
pulmonar; pneumotórax; deterioração da própria doença de base.
Fatores extrapulmonares: alterações cardíacas (arritmias,
infartos, descompensação cardíaca); uso de sedativos e outras
drogas.
Os agentes etiológicos mais comuns são: Haemophilus
influenzae, Streptococcus pneumoniae, Moraxella catarrhalis e os
vírus respiratórios, havendo correlação entre o estádio da doença e
o agente etiológico envolvido na exacerbação
- Radiografia.
- Gasometria/Saturação.
● TRATAMENTO:
- Objetivos do tratamento da exacerbação da DPOC:
- Conduta na exacerbação:
- Sem necessidade de internação:
ASMA
Doença inflamatória crônica das vias aéreas em que várias
células e elementos celulares participam (principalmente os
eosinófilos o que diferencia da DPOC que é mediada por neutrófilos).
A inflamação crônica associa-se com hiperreatividade das vias
aéreas, que determina episódios recorrentes de sibilos, dispnéia,
1 - Epidemiologia:
A asma é uma doença comum e com distribuição universal entre
as diferentes regiões do mundo. Estimam-se 300 milhões de pessoas
acometidas pela doença. Apesar de universal, a ocorrência de asma
não é uniforme, com prevalências que variam de 1% a 18% da
população.
No Brasil, estima-se cerca de 20 milhões indivíduos são
acometidos pela asma. As taxas de hospitalização por asma em maiores
de 20 anos diminuíram em 49% entre 2000 e 2010. Em 2011 foi a quarta
causa de internações.
O número de óbitos anuais relacionados a asma foi estimado em
cerca de 250.000. Da mesma forma que ocorre com a prevalência, as
taxas de mortalidade por asma variam entre as diferentes regiões. De
forma interessante, não há, necessariamente, uma correlação direta
entre as áreas de maior prevalência com as de maior mortalidade por
asma. Apesar de trazer grande impacto sobre a qualidade de vida das
pessoas, a asma tem letalidade relativamente baixa,
2 - Fisiopatologia:
A inflamação é o principal fator envolvido na asma. Ela está
presente em toda via aérea, incluindo, na maioria dos pacientes, o
trato respiratório superior e a mucosa nasal, mas seus efeitos são
3 - História natural:
- Não são bem compreendidos e uma definição clara de prognóstico.
- Lactentes e pré-escolares: evoluem de formas diferentes e ainda
não é possível predizer o curso clínico da sibilância nessas faixas
etárias.
- Risco aumentado para persistência da sibilância na vida adulta:
gravidade da doença, presença de atopia, tabagismo e gênero
feminino.
- As principais características que têm sido utilizados para prever
se a sibilância recorrente na criança irá persistir na vida adulta
são as seguintes:
▪ Diagnóstico de eczema nos 3 primeiros anos de vida.
▪ Pai e mãe com asma.
4 - Diagnóstico:
- Clínico:
Dispnéia, tosse e sibilância torácica constituem a tríade
clássica de sintomas associados à asma. No entanto, não é incomum um
ou mais desses sintomas estarem ausentes ou o paciente apresentar
outras queixas, como, por exemplo, opressão ou desconforto torácico.
Caracteristicamente, os sintomas ocorrem de forma episódica
("crises"), recorrente e são mais intensos durante a noite ou nas
primeiras horas do dia. É comum a detecção de fatores precipitantes
ou agravantes: infecção respiratória viral, exposição a alérgenos
ambientais ou ocupacionais (polens, fungos, ácaros, pêlos de
animais, fibras de tecidos etc.), exposição a irritantes (fumo,
poluição do ar, aerossóis etc.), drogas (aspirina, antiinflamatórios
não hormonais, beta-bloqueadores), alterações climáticas, ar frio,
alterações emocionais (riso, ansiedade), exercícios.
Os sintomas costumam melhorar espontaneamente ou pelo uso de
medicações específicas como broncodilatadores e antiinflamatórios
hormonais (corticóide tópico ou sistêmico). Durante o período
intercrise, o paciente geralmente permanece assintomático ou
oligossintomático, embora nas formas graves da doença os sintomas
possam ser contínuos.
Os pacientes asmáticos freqUentemente têm manifestações de
outras atopias, sobretudo rinite alérgica, e, geralmente, têm
história familiar de asma ou de outra doença atópica.
- Exame físico:
As alterações de exame físico na asma estão diretamente
relacionadas com a obstrução ao fluxo aéreo. Assim, com a obstrução
sob controle, o exame físico pode ser absolutamente normal.
O principal achado de exame físico na obstrução ao fluxo aéreo
são os sibilos. Conforme a gravidade da obstrução eles podem ser
audíveis somente à expiração forçada, ou apenas na expiração, ou na
inspiração e na expiração (níveis crescentes de gravidade). Em
obstruções extremas, os sibilos podem desaparecer, em conjunto com a
redução do som vesicular (constituindo o “silêncio respiratório”) e
com outros sinais de gravidade. Outros achados observados na
ocorrência de obstrução ao fluxo aéreo são taquipnéia, prolongamento
do tempo expiratório e tiragens, estas presentes em formas mais
graves e em pacientes com parede torácica mais complacente (ex.
crianças).
Pacientes com asma grave ou durante crises graves podem
apresentar hiperinsuflação pulmonar, cujo exame físico pode
evidenciar: redução da altura laríngea (distância entre a
proeminência larínga e a fúrcula esternal), redução da
expansibilidade, hipersonoridade à percussão e redução do murmúrio
vesicular. Por fim, em razão da associação frequente com as doenças
atópicas, pode-se encontrar estigmas dessas patologias: rinorréia,
polipose nasal, eczema flexural, entre outros.
- Testes diagnósticos:
Nos casos em que há dúvida diagnóstica, a avaliação da função
pulmonar, com identificação do distúrbio obstrutivo e sua
reversibilidade, pode ser necessária.
A confirmação da suspeita clínica deve ser feita através dos
testes diagnósticos que são: espirometria (antes e pós uso do
broncodilatador), teste de broncoprovocação e medidas seriadas de
PFE.
▪ Espirometria:
A espirometria é o método recomendado para se caracterizar a
obstrução ao fluxo aéreo e sua resposta ao broncodilatador,
avaliação da gravidade da limitação ao fluxo aéreo, sua
reversibilidade e variabilidade, além de confirmar o diagnóstico de
asma.
A obstrução ao fluxo aéreo é caracterizada, na espirometria,
pela relação VEF1/CVF e a intensidade dessa limitação é determinada
pela redução percentual do VEF1 em relação ao seu previsto.
Além da detecção da limitação ao fluxo de ar, o diagnóstico é
dado pela demonstração de significativa reversibilidade (parcial ou
completa) após a inalação de um broncodilatador de curta ação.
A resposta ao broncodilatador é considerada significativa e
indicativa de asma quando o VEF1 aumenta, pelo menos:
- 200mL e 12% de seu valor pré-broncodilatador.
- Ou 200mL de seu valor pré-broncodilatador e 7% do valor
previsto.
Vale a pena lembrar que a espirometria pode ser normal em
períodos de estabilidade da doença, com ou sem medicação, ao mesmo
tempo que a resposta ao broncodilatador pode ser negativa em
pacientes já em uso desta classe de medicamento.
Além de auxiliar no diagnóstico, a espirometria permite
avaliar a gravidade da obstrução brônquica, auxiliando no
acompanhamento do paciente e de sua resposta ao tratamento, em
conjunto com os dados clínicos. Assim, idealmente, a espirometria
deve ser realizada na avaliação inicial do paciente (objetivo
diagnóstico), após a estabilização dos sintomas com o tratamento e a
cada um ou dois anos.
- Diagnóstico diferencial:
6 - Asma x DPOC:
Por serem duas doenças que se caracterizam por obstrução ao
fluxo aéreo, asma e DPOC têm várias características clínicas e
funcionais em comum, fazendo com que nem sempre seja fácil, ou mesmo
possível, a distinção entre as duas.
A despeito disso, calcula-se que aproximadamente 20% dos
pacientes com DPOC apresentem características asmáticas. Nessa
situação o tratamento da DPOC será praticamente igual ao tratamento
7 - Classificação:
- Segundo sua gravidade:
O GINA (Global Initiative for Asthma) classifica a asma,
conforme a gravidade, em quatro níveis: intermitente, persistente
leve, persistente moderada e persistente grave. Esta classificação
tem seu maior valor na avaliação inicial do paciente, pois ela não
leva em conta a possível resposta ao tratamento, que, sendo boa,
pode levar ao paciente para um nível menor de gravidade.
Asma leve: é aquela que, para ser bem controlada, necessita de baixa
intensidade de tratamento (etapa 2).
Asma moderada: é aquela que necessita de intensidade intermediária
(etapa 3).
Asma grave: é aquela que necessita de alta intensidade de tratamento
(etapa 4 e 5).
8 - Exacerbação:
Por definição: síndrome clínica caracterizada por aumento nos
sintomas respiratórios que usualmente determina atendimento médico.
As exacerbações da asma se associam com: dispnéia, tosse, sibilância
Pode ser:
- Leve: episódios fora da variação normal do asmático, sendo difícil
distingui-las da perda transitória do controle da asma.
- Moderada: evento que interrompe à atividade normal do paciente e
exige uma intervenção medicamentosa para resolução não sendo
obrigatoriamente grave.
- Grave: evento que exige uma ação urgente por parte do doente e do
médico para prevenir a ocorrência de um evento sério tal como
internação ou morte por asma.
1 - Parceria médico-paciente:
▪ Conteúdo educacional programático (ABCD da asma):
- Abordar os fatores desencadeantes e agravantes e orientar como
evitá-los.
- Buscar medicamentos apropriados e com técnica adequada (ensinar ao
paciente o modo correto de usar a bombinha).
- Colocar em prática a execução de um plano de ação, aprendendo a
monitorar o controle da asma.
- Descrever a diferença entre medicação controlada e de resgate,
conhecer os efeitos colaterais dos medicamentos usados e saber como
minimiza-los.
- ETAPAS DO TRATAMENTO:
Obs1:
- Iniciar o tratamento pela etapa 2 ou se o paciente estiver muito
sintomático, iniciar pela etapa 3.
- Independentemente da etapa de tratamento medicações de resgate
deve ser prescrita para o alívio dos sintomas conforme a
necessidade.
- Em crianças menores de cinco anos de idade, não é recomendado o
uso de Beta2 Agonista de ação prolongada, pois os efeitos colaterais
não são completamente conhecidos nessa faixa etária.
- Monitoramento do controle:
- O tratamento deve ser ajustado de acordo com o estado de controle.
Se a asma não estiver controlada com o tratamento atual, deve-se
subir uma etapa sucessivamente até que o controle seja alcançado.
- Asma controlada por pelo menos 3 meses → medicamentos podem ser
reduzidos.
- Ajustar tratamento periodicamente quando houver perda de controle
(piora dos sintomas ou exacerbação).
- O controle mantido por mais de um ano sob doses baixas de
corticoide inalatório: pode-se tentar suspender, mas o paciente deve
ser reavaliado periodicamente para verificar a manutenção ou a perda
de controle.
- RGE:
Em pacientes com asma não controlada a incidência de RGE é
maior.
- Exposição ocupacional:
Todo caso de asma iniciada ou agravado na idade adulta, deve-
se levantar a suspeita de asma ocupacional. A conduta é o
afastamento precoce da exposição e o tratamento é o mesmo.
No idoso é importante o diagnóstico diferencial de DPOC.
- Gestação e lactação:
A asma é a doença pulmonar mais comum na gestante. Durante a
gestação: 1/3 piora, 1/3 se mantém inalterada e 1/3 melhora. Os
1 - Epidemiologia:
- É causa de morbidade e mortalidade infantil em todo o mundo, com
maior incidência nas crianças menores do que 5 anos e idosos maiores
que 65 anos, sendo mais comum em homens.
- Com mortalidade aproximada 1-3% quando tratadas em ambiente
domiciliar, e cerca de 22%-51% dos pacientes com PAC precisam ser
internados - desses 5%-10% CTI (mais comum em países desenvolvidos).
- A mortalidade representa cerca de 5% a 12% dos pacientes que
precisam internar (50% ÚTI).
- Principal causa de óbito entre as doenças infecciosas e o Brasil
ocupa a 2ª causa de óbito em < 5 anos.
- Nas crianças: 4 a 6 IRA/ano (maioria viral e nas vias aéreas
superiores), cerca de 2 a 3% vão ter evolução para pneumonia (80%
das mortes por ira).
- Incidência mundial em < 5 anos: 0,29 episodios/ano (150,7 milhões
de casos novos/ano - 7 a 13% necessitam de internação).
- OMS: IRA (Infecções respiratórias agudas) são responsáveis por 1/3
da mortalidade em crianças na última década;
- Unicef: mais de 3 milhões de crianças morrem de pneumonia a cada
ano, sobretudo nos países em desenvolvimento;
2 - Etiologia:
- Pode ser não infecciosa por conta de: aspiração, corpo estranho,
substâncias lipóides, reações de hipersensibilidade, pneumonite
induzida por droga ou radiação.
- Ou pode ser infecciosa por conta de vírus (mais difícil de se
tratar), bactéria, mycoplasma, fungos, protozoários, etc.
- A etiologia das PAC é muito variada e o agente não é identificado
em até 60% dos casos, o que torna o conhecimento do perfil
3 - Fisiopatologia:
- Mecanismo de infecção: Aspiração de secreções das vias aéreas
superiores (micro e grosseira), é a causa mais comum de infecção,
via hematogênica, contiguidade, aerossolização/ inalação
- Mecanismo de defesa: sistema mucociliar, secreção de IgA
secretório, higiene das vias aéreas por mecanismo de tosse, presença
de macrófagos e imunoglobulinas nos alvéolos e bronquiolos.
4 - Fatores de risco:
Além de IVAS temos os defeitos congênitos, alterações
anatômicas (ex: paciente que tem bronquiectasia, má formação da
farínge – aspirador crônico), imunodeficiências, doenças genéticas
5 - Fatores de gravidade:
Nas pneumonias bacterianas há variações quanto a gravidade da
doença e quanto aos seus aspectos macroscópicos.
Estas variações são determinadas por: tipo do agente
etiológico causador da infecção (padrão comportamental e grau de
virulência); padrão de resposta imunitária (capacidade de defesa) do
hospedeiro; extensão e distribuição das lesões nos pulmões.
● Fase 4 (resolução):
- O aparecimento de anticorpos contra as bactérias (principalmente o
pneumococo) leva à resolução da infecção e eliminação do exsudato,
via fagocitose por macrófagos e eliminação pela tosse.
- Ocorre lise da fibrina e redução progressiva do exsudato,
permitindo a penetração de ar nos alvéolos.
- Pode ocorrer a resolução com uma cura progressiva ou uma
organização onde o exsudato se organiza com proliferação de
fibroblastos e substituição do tecido pulmonar destruído por
fibrose.
7 - Manifestações clínicas:
A suspeita clínica de pneumonia na criança deve ser feita com
a queixa de tosse e/ou dificuldade para respirar e a partir daí,
baseia-se na presença de taquipneia que é o sinal clínico com melhor
sensibilidade e especificidade para detectar pneumonia.
As síndromes respiratórias agudas apresentam sintomas muito
parecidos, e as pneumonias não se apresentam de maneira uniforme nem
quanto aos dados da história, sintomas e exame físico. Geralmente
essa pneumonia é precedida por um quadro de infecção viral alta
(50%), e a mudança dos sinais e sintomas pode não ser tão evidente.
Na PAC teremos um quadro clínico mais grave (febre mais alta,
prostração mais evidente, tosse mais produtiva)
Pode haver: Cefaléia, mal-estar, calafrios, sobretudo a dor
abdominal, que na primeira infância é bem característica, tosse,
taquipnéia, dispneia, prostração, toxemia, palidez, cianose,
irritabilidade, letargia, recusa alimentar, vômitos e diarreia
(lactente jovem).
- Exame físico:
- Avaliar a modificação do humor, a falta de atenção ao ambiente, a
habilidade de mamar e tomar líquidos, movimentação, sorriso e
vocalização.
- Paciente geralmente vai estar febril, hipoglicêmico, dispneia
variável.
- FR: A FR tem relação direta com a hipoxemia e a gravidade da PAC.
8 - Diagnóstico:
- Radiológico:
O diagnóstico das pneumonias é feito basicamente através dos
achados radiológicos. A radiografia de tórax vai confirmar o
diagnóstico de pneumonia, avalia a extensão do processo e identifica
complicações (indicada na falha terapêutica e piora clínica).
Auxilia no seguimento de casos graves e complicados.
- Laboratorial:
Não recomendado para casos não graves, sendo mais recomendado
para pacientes internados. Dificuldade em realizar esses exames está
na falta de material. E pouco auxilia na distinção entre processos
virais e bacterianos.
- Inespecíficos:
>Leucograma: solicitar para os internados
(eosinófilos/linfócitos/neutrófilos).
O desvio a esquerda fala mais a favor de uma infecção bacteriana, um
predomínio de linfócitos pode me dizer que é vírus, fungos e
Chlamydia trachomatis vão levar mais a uma eosinofilia.
> PCR: inespecífico.
> Gasometria: nos casos de dificuldade respiratória grave.
- Específicos:
> Hemocultura: deve ser feita apenas nas crianças internadas, pois a
positividade é baixa.
> Pesquisa de vírus respiratórios: previne o uso de ATB e auxilia no
controle da infecção hospitalar. (Ensaios enzimáticos, detecção de
AC por fluorescência indireta, cultura do vírus)
9 - Tratamento:
Ambulatorial ou hospitalar? Vai ser feito de acordo com a gravidade!
- Tratamento domiciliar: Manter o estado nutricional e o de
hidratação, antibiótico, antitérmico, manter a permeabilidade das
vias aéreas, fisioterapia respiratória (em alguns casos),
- Tratamento hospitalar: Cuidado com alimentação, manter o estado de
hidratação, antibiótico, desobstrução das vias aéreas,
oxigenoterapia, antitérmico, fisioterapia respiratória, etc.
- Tratamento ambulatorial:
- Tratamento hospitalar:
10 - Complicações:
TABAGISMO
Tratamento medicamentoso:
O uso de medicamentos é um recurso adicional no tratamento do
tabagismo quando a abordagem comportamental é insuficiente. Os
Cloridrato de bupropiona:
Seu mecanismo de ação poderia ser explicado pela redução do
transporte neuronal dos neurotransmissores — dopamina e
noradrenalina — ou do antagonismo aos receptores nicotínicos,
levando à redução da compulsão pelo uso de cigarros.
A bupropiona tem concentração plasmática máxima em 3 h, sua
meia-vida é de 19 h, sendo que sua metabolização é hepática e a
excreção renal, e atinge o estado de equilíbrio em cinco dias. O
tratamento com a bupropiona deve se iniciar uma semana antes de o
paciente parar de fumar. A dose máxima recomendada na cessação do
tabagismo é de 300 mg/dia. Em pacientes idosos com insuficiência
renal ou hepática a dosagem deve ser reduzida.
Tartarato de vareniclina:
A vareniclina foi desenvolvida para produzir efeitos
semelhantes à nicotina sobre os receptores colinérgicos nicotínicos.
A vareniclina tem sido considerada uma droga eficaz, segura e
bem tolerada nas doses recomendadas para os pacientes em processo de
Terapia combinada:
Certas combinações de fármacos de primeira linha, como a
bupropiona e a TRN, têm demonstrado efetividade na cessação do
tabagismo. Os resultados sugerem que, embora a terapia combinada
seja melhor do que a TRN sozinha, ela foi equivalente apenas à
monoterapia com bupropiona.
As combinações com comprovação de eficácia são:
• Uso prolongado de adesivos de nicotina (>14 semanas) + outra
terapia de substituição de nicotina (goma ou spray);
• Adesivos de nicotina + inaladores de nicotina;
• Adesivos de nicotina + bupropiona (aprovada pelo FDA).
Nortriptilina:
A nortriptilina é um antidepressivo tricíclico que bloqueia a
recaptação de noradrenalina na pré-sinapse aumentando sua
concentração na fenda sináptica. É considerada como droga de 2ª
linha no tratamento do tabagismo, pois ainda não foi aprovado seu
uso para o tratamento.
O modo de ação da nortriptilina na cessação do tabagismo é
independente de seu efeito antidepressivo e sua eficácia é similar à
obtida com a TRN ou com a bupropiona, além de promover redução dos
sintomas de abstinência, ação ansiolítica e efeitos colaterais
anticolinérgicos, como boca seca, tremores, visão turva e sedação.
Clonidina:
A clonidina é um agonista adrenoreceptor alfa-2 de ação
central usado primariamente como anti-hipertensivo e também no
controle dos sintomas de abstinência da dependência nicotínica.
Comparativamente, apresenta a mesma eficácia que a TRN e a
bupropiona. No entanto, seu uso é limitado pela elevada incidência
de efeitos colaterais, tais como boca seca, sedação, sonolência,
hipotensão ortostática, depressão, constipação e distúrbios do sono,
por isso é considerado de 2ª linha.
O paciente deve ser orientado a parar de fumar de dois a três
dias após o início da medicação, que deve ser mantida durante três a
quatro semanas ou até que alcance o controle dos sintomas de
abstinência. A retirada deve ser gradual para evitar hipertensão
rebote e hipoglicemia.
Imunoterapia:
As vacinas contra a nicotina agem estimulando o sistema
imunológico a produzir anticorpos específicos que se ligam com
grande afinidade à nicotina no plasma e em líquidos extracelulares.
A nicotina, ao ligar-se aos anticorpos, não consegue
atravessar a barreira hematoencefálica devido ao seu tamanho e assim
se rompe o círculo vicioso da gratificação produzida no nível
cerebral. Esse método ainda está em pesquisa.