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TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DE SERGIPE https://www.tjse,jus.br/tinet/jurisprudencia/relatorio. wsp?tmp.numpr TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DE SERGIPE ACORDAO: 202032499 RECURSO: Apelacao Criminal PROCESSO: 202000308102 RELATOR: ANA LUCIA FREIRE DE A. DOS ANJOS APELANTE ANTONIO DOS SANTOS ALVES Advogado: WEVANY ALVES NASCIMENTO, Advogado: JOSE WELLINGTON APELANTE — EDILSON VIEIRA DOS SANTOS NASCIMENTO APELANTE JOSE ADELSON DOS SANTOS Advogado: THEO RIBEIRO E SILVA SANTOS: APELANTE ROBSON SANTOS HONORATO ‘Advogado: EVANDRO LUIS ROCHA MINISTERIO PUBLICO DO ESTADO DE ‘APELADO SERGIPE EMENTA APELACOES CRIMINAIS - CRIME CONTRA ° PATRIMONIO, ORGANIZAGAO CRIMINOSA E RECEPTACAO QUALIFICADA - ART. 155, §4°, INCISO IV, DO CP C/C ART. 2°, CAPUT, DA LEI 12.850/2013 C/C ART. 180, §§ 1° E 2°, DO CP - RECURSOS EXCLUSIVOS DAS DEFESAS - PLEITO DE ANULACAO. DO JULGAMENTO . FORMULADO PELO REU ROBSON SANTOS HONORATO,, COM LASTRO NA IMPOSSIBILIDADE DE UTILIZACAO DA 1 of 60 02/08/2022 0 TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DE SERGIPE https://www.tjse,jus.br/tinet/jurisprudencia/relatorio. wsp?tmp.numpr PROVA EMPRESTADA - INACOLHIDO - POSSIBILIDADE DE UTILIZACAO DA PROVA EMPRESTADA, AINDA QUE NAO EXISTA IDENTIDADE DE PARTES, DESDE QUE ASSEGURADO AS PARTES PROCESSUAIS © CONTRADITORIO E A AMPLA DEFESA_ - DEFESA DO REU INTIMADA, POR DUAS VEZES, ACERCA DA UTILIZACAO DA PROVA EMPRESTADA - INEXISTENCIA DE COMPROVACAO DE PREJUiZO - INTELIGENCIA Do ART. 563, DO CPP - PAS NULLITE SANS GRIEF — DO DELITO DE FURTO QUALIFICADO - PLEITOS ABSOLUTORIOS, COM LASTRO NA FRAGILIGADE PROBATORIA - INACOLHIDO - AUTORIA E MATERIALIDADE DELITIVAS TESTIFICADAS PELO ARCABOUCO PROBATORIO - EDITO CONDENATORIO TEVE POR LASTRO 2 of 60 02/08/2022 0 TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DE SERGIPE https://www.tjse,jus.br/tinet/jurisprudencia/relatorio. wsp?tmp.numpr ELEMENTOS PROBATORIOS AQUILATADOS NAS DUAS FASES- DA PERSECUGAO PENAL, OS QUAIS REVELAM A PARTICIPACAO DOS ACUSADOS - INAPLICABILIDADE DO PRINCIPIO DO IN DUBIO PRO REO - DO DELITO ~ DE ORGANIZACAO CRIMINOSA TIPIFICADO NO ART. 2°, DA LEI 12.850/2013 - TESE DE _ATIPICIDADE DA CONDUTA POR AUSENCIA DOs REQUISITOS = INACOLHIDA - REQUISITOS TESTIFICADOS PELOS ELEMENTOS PROBATORIOS COLIGIDOS AOS AUTOS - — CRIME FORMAL - PRESCINDIBILIDADE DA PRATICA DOS DELITOS - EXISTENCIA DE PROVAS SEGURAS E SUFICIENTES QUANTO A ASSOCIACAO PARA A PRATICA DE FURTOS E RECEPTACGAO DE BOVINOS E EQUINOS -— 3 of 60 02/08/2022 0 TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DE SERGIPE https://www.tjse,jus.br/tinet/jurisprudencia/relatorio. wsp?tmp.numpr DO_DELITO _—DE RECEPTACAO, QUALIFICADA PRATICADO PELO REU EDILSON VIERA DOS SANTOS -_ PLEITO ABSOLUTORIO COM LASTRO NA FRAGILIDADE PROBATORIA- IMPOSSIBILIDADE - ARCABOUCO PROBATORIO . TESTIFICA QUE O REU OCULTOU, SABENDO DA ORIGEM ILICITA DOS BOVINOS’ E EQUINO | - MANUTENGAO DE TODAS) | AS CONDENAGOES - DOSIMETRIA - PLEITO DE REDUCAO DA PENA BASILAR FORMULADOS _ PELOS REUS ROBSON SANTOS HONORATO ANTONIO DOS SANTOS ALVES = POSSIBILIDADE - EXCLUSAO DA VALORACGAO NEGATIVA Dos VETORES DA CULPABILIDADE, MOTIVOS DO CRIME E COMPORTAMENTO DA ViTIMA - FUNDAMENTAGAO 4 of 60 02/08/2022 0 TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DE SERGIPE https://www.tjse,jus.br/tinet/jurisprudencia/relatorio. wsp?tmp.numpr INIDONEA - MANUTENCAO DA VALORAGAO NEGATIVA DAS CONSEQUENCIAS DO CRIME DO FURTO QUALIFICADO - FUNDAMENTAGAO VALIDA - ELEVADO VALOR PATRIMONIAL (APROXIMADAMENTE R$ 130.000,00) - PRECEDENTES DO STJ - COMPLEMENTACAO DA FUNDAMENTACAO - NAO OCORRENCIA DA REFORMATIO IN PEJUS . - JURISPRUDENCIA DO sTJ - REDIMESIONAMENTO DA PENA DEFINITIVA - MODIFICACAO DO REGIME INICIAL DO CUMPRIMENTO DA PENA PARA oO SEMIABERTO, NOS TERMOS DO ART. 33, §2°, ALINEA “B’, DO CP -— EXTENSAO, DE OFicIo, Do REDIMENSIONAMENTO DA PENA DEFITINIVA Dos CORREUS EDILSON E JOSE ADELSON, NA FORMA DO ART. 580, DO CPP - RECURSOS CONHECIDOS, 5 of 60 02/08/2022 0 TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DE SERGIPE https://www.tjse,jus.br/tinet/jurisprudencia/relatorio. wsp?tmp.numpr IMPROVIDOS ,OS APELOS DOS- REUS EDILSON VIERA SANTOS E JOSE ADELSON DOS SANTOS E PARCIALMENTE PROVIDOS OS APELOS Dos ACUSADOS ANTONIO DOS SANTOS ALVES E ROBSON SANTOS HONORATO. EXTENSAO, DE oFicio, Do REDIMENSIONAMENTO DA PENA DENITIVA AOS CORREUS EDILSON VIERA SANTOS E JOSE ADELSON Dos SANTOS. ACORDAO Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, decidem os membros que compdem a CAmara Criminal do Tribunal de Justica do Estado de Sergipe, por unanimidade de votos, conhecer dos recursos, NEGAR PROVIMENTO AOS APELOS INTERPOSTOS POR EDILSON VIEIRA DOS SANTOS E JOSE ADELSON DOS SANTOS e, por igual votacdo, DAR PARCIAL PROVIMENTO AOS RECURSOS INTERPOSTOS POR ANTONIO DOS SANTOS E ROBSON SANTOS HONORATO, redimensionando a pena definitiva de ambos, e, DE OFICIO, estender os efeitos da deciséo aos corréus, EDILSON VIEIRA DOS SANTOS E JOSE ADELSON DOS SANTOS, nos termos do art. 580, do CPP, redimensionando também a pena definitiva destes, em conformidade com o relatério e voto constantes dos autos, integrantes deste julgado. Aracaju/SE, 23 de Outubro de 2020. DESA. ANA LUCIA FREIRE DE A. DOS ANJOS. RELATOR. 6 of 60 02/08/2022 0 TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DE SERGIPE https://www.tjse,jus.br/tinet/jurisprudencia/relatorio. wsp?tmp.numpr RELATORIO 0 Ministério Pablico do Estado de Sergipe, por seu representante em exercicio na 19 Vara Criminal da Comarca de Propria/SE, emendou a deniincia anteriormente ofertada, a fim de denunciar JOAO PAULO DOS SANTOS, EDILSON VIEIRA DOS SANTOS, JOSE FRANCISCO DOS SANTOS (“ZE BRACINHO”), MAGNO BALBINO DOS SANTOS ("DINHO”), WELLINGTON DA SILVA SANTOS (IEIE”), ANTONIO DOS SANTOS ALVES (“TONTOM”) E ROBSON SANTOS HONORATO ("PRETO"), pela prética dos delitos tipificados nos artigos 155, §4°, incisos II e IV c/c art. 288, caput, na forma dos artigos 29 e 71, todos do Cédigo Penal, como também JOSE ARNALDO BARROS LIMA, JOSE CICERO DOS SANTOS (“CISSO DE FIDELIS”) E JOSE ADELSON DOS SANTOS ("ZE DE FALATE”), pela pratica dos crimes previstos nos art. 180, §1° e §2° c/c art. 288, caput, na forma dos artigos 29 € 71, todos do Cédigo Penal, e JOAO PAULO DOS SANTOS, incurso no art. 307, do CP. Auto de Exibigo de Apreensio de n° 22/2016, anexado a fl. 182. A dentincia fora recebida em 16 de abril de 2016 (fl, 406). Recebimento da emenda e do aditamento da deniincia, fls. 408/409, Devidamente citados, os réus apresentaram resposta & acusagéo (fls. 413/414; 489/491; 494/496; 499/507; 524/525; 530/532 e 1683/1688) © magistrado de primeiro grau, as fis. 661/662, determinou a separacéo dos processos em relacio aos réus, Anténio dos Santos Alves, José Edelson dos Santos, José Francisco dos Santos, Magno Balbino dos Santos e Robson Santos Honorato, por tratar-se de réus em local incerto e ndo sabido. Na audiéncia de instrucdo e julgamento, foi procedida a oitiva das testemunhas arroladas. Apés, foi procedido ao interrogatério dos réus. © representante do Ministério Publico e a defesa dos réus, José Arnaldo Barros Lima; Robson Santos Honorato; Edilson Vieira Santos; José Cicero Santos, Jodo Paulo dos Santos; Anténio dos Santos Alves, José Adelson dos Santos e Wellington da Silva Santos, apresentaram alegacées finais, conforme se vé 3s fis, 2340/2403; 2464/2466; 2468/2474; 2476/2479; 2480/2481; 483/2486; 2500/2505; 2507/2514 e 2530/2534, respectivamente. Em sentenca (fis. 2596/2658), 0 magistrado sentenciante julgou parcialmente procedente a pretensdo punitiva estatal, condenando os réus, Jofo Paulo dos Santos, Edilson Vieira dos Santos, José Adelson dos Santos, Anténio dos Santos Alves e Robson Santos Honorato, pela pratica do delito tipificado no art. 155, §4°, inciso IV, do Cédigo Penal, em relaco 8 vitima Esmeralda Sousa Tavares, bem como os réus Joao Paulo dos Santos pela prética do crime previsto no art. 155, §4°, inciso 1V, do CP e Edilson Vieira dos Santos, como incurso nas sangdes 0 art. 180, §§1° e 2°, do CP, ambos em relacSo as vitimas Jucimar Bezerra dos Santos e Claudemir Pereira de Andrade. 7 of 60 02/08/2022 0 TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DE SERGIPE |https://www.tjse jus. br/tinetjurisprudencia/relatorio.wsp?tmp.numpr Condenou também os réus Joao Paulo dos Santos, Edilson Vieira dos Santos, José Adelson dos Santos; Anténio dos Santos Alves e Robson Santos Honorato pela pratica do delito tipificado no art. 2°, caput, da Lei 13.850/2013, na forma do art. 383, do Cédigo Proceso Penal, absolvendo os acusados José Arnaldo Barros Lima, Wellington da Silva Santos; José Cicero dos Santos e Joao Paulo dos Santos, com fulcro no art. 386, inciso VI, do CPP. ‘As penas definitivas dos réus, Joo Paulo dos Santos; Edilson Vieira dos Santos; José Adelson dos Santos; Anténio dos Santos Alves e Robson Santos Honorato, foram fixadas em 16 (dezesseis) anos, 09 (nove) meses e 13 (treze) dias de reclusio; 16 (dezesseis) anos, 10 (dez) meses e 03 (trés) dias de reclus8o; 08 (oito) anos ¢ 06 (seis) meses de reclusio; 08 (olto) anos e 06 (seis) meses de reclusdo © 08 (ito) anos e 03 (trés) meses de recluséo, todas a serem cumpridas, inicialmente, no regime fechado. Irresignada com a sentenca, a defesa do réu, Edilson Vieira dos Santos, interpés APELACAO CRIMINAL (fi. 2701) e em suas razées recursais (fis. 2829/2834), pugna pela absolvicdo do acusado, com lastro na fragilidade probatéria, invocando a aplicagéo do Principio do In Dubio Pro Reo. De igual modo, a defesa do réu, Anténio dos Santos Alves, interpds APELAGAO CRIMINAL (fl. 2711) © em suas razées (fis. 2986/2993), pugna pela absolvicao do acusado, com lastro na fragilidade probatéria, invocando a aplicacio do Principio do In Dubio Pro Reo. Subsidiariamente, requer a fixacdo da pena no seu patamar minimo. A defesa do réu, José Adelson dos Santos, também interpés APELAGAO CRIMINAL (fl. 2718) e em suas razées (2996/3009), requer a absolvigo do acusado quanto a pratica do delito de furto qualificada, nos termos do art, 386, inciso VII, do CPP. Sustenta ainda a atipicidade do crime de organizacao criminosa Por fim, a defesa do réu, Robson dos Santos Honorate, igualmente, interpés APELAGAO CRIMINAL (fl, 2708) e nas razGes ‘anexadas ao SCP, requer a absolvicdo do apelante, com lastro na fragilidade probatéria, nos termos do art. 386, inciso VII, do CPP. Subsidiariamente, pelo redimensionamento da pena privativa de liberdade e de multa representante do Ministério Publico apresentou contrarrazées, pugnando pelo improvimento dos apelos interpostos, mantendo incélume a sentenca objurgada, Instada a se manifestar, a Douta Procuradora de Justica, em parecer da lavra do Promotor de Justica Convocado Luis Claudio Almeida Santos, manifestou-se pelo conhecimento e improvimento dos recursos interpostos. Eo relatério. A Revisao. 8 of 60 02/08/2022 0 TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DE SERGIPE https://www.tjse,jus.br/tinet/jurisprudencia/relatorio. wsp?tmp.numpr voTo Cuidam os autos de APELAGOES CRIMINAIS interpostos pelos réus Edilson Vieira dos Santos; José Adelson dos Santos; Anténio dos Santos Alves e Robson Santos Honorato, em face da sentenca condenatéria prolatada na Acdo Penal tombada sob 0 n° 201656000927. Conhego dos recursos, porque satisfeitos seus requisitos de admissibilidade recursal, Analisando as razées recursais, vislumbro, inicialmente, que, to somente, a defesa do réu Robson Santos Honorato sustentou a impossibilidade da utilizago da prova emprestada dos autos de n° 201756000637, sob a assertiva de que o aludido acusado na foi parte deste proceso, pugnando, portanto, pela anulaco do julgamento. Em que pese as alegacées declinadas pela defesa técnica, 0 Superior Tribunal de Justica tem jurisprudéncia pacifica no sentido de que é possivel a utilizaco da prova emprestada, desde que seja garantido as partes do processo 0 contraditério e a ampla defesa, ainda que nao exista identidade de partes com relacao ao processo na qual foi produzida. A propésito: HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL. ROUBO MAJORADO, SUPOSTA AUSENCIA DE INTIMAGAO DA DATA DESIGNADA PARA O INTERROGATORIO DE CORREU. SUPRESSAO DE INSTANCIA. PROVA EMPRESTADA, AUSENCIA DE IDENTIDADE DE PARTES NO PROCESSO EM QUE A PROVA FOI PRODUZIDA. NULIDADE. NAO OCORRENCIA. ART. 155 DO CODIGO DE PROCESSO PENAL. ELEMENTOS DE INFORMACAO CONFIRMADOS EM JU{ZO. PREJUIZO NAO DEMONSTRADO. ORDEM DE HABEAS CORPUS PARCIALMENTE CONHECIDA E, NESSA EXTENSAO, DENEGADA. 1. Sob pena de indevida supresséo de instancia, esta Corte n&o pode apreciar a suposta nulidade decorrente da alegada falta de intimac&o da Defesa do Paciente para participar do interrogatério dos Corréus. 2. "Conforme entendimento desta Corte Superior, uma vez garantido as partes do processo 0 contraditério e ampla defesa por meio de manifestacdo quanto ao teor da prova emprestada, como no caso dos autos, nao ha vedacdo para sua utilizacao, ainda que ndo exista identidade de partes com relacdo ao processo na qual foi produzida" (AgRg no AREsp 1.104.676/SP, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 11/12/2018, DJe 01/02/2019). 3. Na hipétese, a Defesa, em suas alegacées finais, rebateu as informacdes contidas na _prova emprestada, 0 que demonstra que teve acesso ao referido conteido e péde exercer o direito ao contraditério, inexistindo, assim, qualquer ilegalidade 4. A Corte de origem no fundamentou a condenagéo com base apenas em elementos colhidos no inquérito policial, sendo certo que estes foram devidamente corroborados pelas demais provas produzidas na fase judicial, em especial pelos depoimentos dos Corréus e pela citiva de uma das testemunhas, 5, Independentemente do grau da nulidade, a teor do art. 563 do Cédigo de Processo Penal, "nenhum ato sera declarado nulo, se da nulidade ndo resultar prejuizo para a acusacio ou para a defesa." E a consagrago, entre nés, do principio do prejuizo, também conhecido pela expresso pas de nullité sans grief 9 of 60 02/08/2022 0 VAL DE JUSTICA DO ESTADO DE SERGIPE |https://www.tjse jus. br/tinetjurisprudencia/relatorio.wsp?tmp.numpr 6. Nao esté demonstrado 0 suposto prejuizo sofride pelo Paciente, pois ele foi condenado também com base em outros elementos probatérios dos autos, suficientes, por si sés, para manter a condenacao (elementos de informagio produzidos na fase pré-processual ¢ prova testemunhal colhida no curso da instrugéo) 7. Ordem parciaimente conhecida e, nessa extensdo, denegada. (HC n° 446.296/ES, Ministra Relatora Laurita Vaz, Data do Julgamento: 23.04.2019, DJe: 30.04.2019) — Destaquei. E, no caso sub judice, 0 magistrado sentenciante, as fis. 2407 e 2444, portanto, mais de uma vez, intimou a defesa dos réus acerca do pleito de utilizaco dos elementos de conviccdo da Ago Penal, registrada sob 0 n° 201756000637, produzidos na fase de inquérito e na instrugdo criminal, na Ago Penal de n° 201656000927, a titulo de prova emprestada Todavia, conquanto devidamente intimada, a defesa do referido réu manteve-se inerte, vindo a refuté-la, tGo somente, no presente apelo. Com efeito, vé-se que 0 magistrado de primeiro grau garantiu 8s partes processuais 0 contraditério © a ampla_defesa acerca da utilizacdo da prova emprestada, inexistindo qualquer macula passivel de anulago por esta inst&ncia revisora. Em arremate, néo hé como prosperar o pleito atinente 4 nulidade do julgamento também por nao haver nos autos provas da existéncia de qualquer prejuizo concreto ao réu Robson Santos Honorato. Eventual nulidade dos atos processuais somente restaré caracterizada quando resultar efetivo prejuizo a parte, consoante dispe o artigo 563, do Cédigo de Processo Penal, tendo em vista que o processo nao pode se apegar a formalismos exacerbados que nao Ihe agreguem qualquer utilidade solucéo do conflito de interesses. Endossando nosso entendimento, colaciono mais uma vez julgado do Superior Tribunal de Justica PENAL E PROCESSO PENAL. RECURSO EM HABEAS CORPUS. 1, ACORDO DE COLABORAGAO PREMIADA. PRINCIPIO DO PROMOTOR NATURAL. ATUACAO CONJUNTA DO MPPB E DO MPRN. AUSENCIA DE VEDACAO. ILICITUDE NAO CONFIGURADA. 2. INVESTIGACAO REALIZADA NA PARAIBA. PRISAO EFETUADA NO RIO GRANDE DO NORTE. AUSENCIA DE DESIGNAGAO SELETIVA OU CASUISTICA DE PROMOTOR DE JUSTICA. 3. COMPARTILHAMENTO DE INFORMACOES ENTRE AS AUTORIDADE POLICIAIS. INVESTIGACOES CONEXAS.PROVA EMPRESTADA. LEGALIDADE. 4. ATUACAO CONJUNTA DE ORGAOS MINISTERIAIS. PREJUiZO. NAO DEMONSTRADO. 5. AUSENCIA DE NULIDADE.PREJUIZO INEXISTENTE. ATUACAO CONJUNTA. MAIOR LEGITIMIDADE. 6.RECURSO EM HABEAS CORPUS A QUE SE NEGA PROVIMENTO. 10 of 60 02/08/2022 0 TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DE SERGIPE https://www.tjse,jus.br/tinet/jurisprudencia/relatorio. wsp?tmp.numpr 3. Ademais, é manifesta a possibilidade de "compartilhamento de informacdes entre as autoridades policiais que presidiam os inquéritos em Jo&o Pessoa e Natal, diante da conexdo entre as investigacdes" Da mesma forma, conforme explicitado pela Corte local, € amplamente admitida no ordenamento patrio a prova emprestada, desde que respeitado o contraditério e ampla defesa. Dessarte, quer como prova origindria quer como prova emprestada, n&o se verifica mécula na prova advinda da colaboracao premiada 4, Prevalece no moderno sistema processual penal que eventual alegacao de nulidade deve vir acompanhada da demonstragao do efetivo prejuizo. De fato, ndo se prociama uma nulidade sem que se tenha verificado prejuizo concreto 4 parte, sob pena de a forma superar a esséncia. Vigora, portanto, o principio pas de nulitté sans grief, a teor do que dispde o art. 563 do Cédigo de Processo Penal, in verbis: "nenhum ato sera declarado nulo, se da nulidade néo resultar prejuizo para a acusacao ou para a defesa’ 5. Além de no se ter verificado ofensa a nenhum dispositivo legal ou constitucional, tem-se manifesta a auséncia de prejuizo ao recorrente na atuaco conjunta dos Ministérios Piblicos da Paraiba e do Rio Grande do Norte, no acordo de colaborago premiada do corréu, 0 que na verdade Ihe atribui maior legitimidade. 6. Recurso em habeas corpus a que se nega provimento . (RHC 111.882/PB, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 13/10/2020, DJe 20/10/2020) - Destaquei Destarte, a meu sentir, néo merece agasalho o pleito de nulidade do julgamento almejado pela defesa do réu Robson Santos Honorato. Ultrapassa a andlise da aludida nulidade, passo a insurgéncia do mérito recursal. I — DO DELITO DE FURTO QUALIFICADO EM FACE DA VITIMA ESMERALDA SOUSA TAVARES: Analisando as razées recursais, observo que todos os apelantes pugnaram pela absolvigéo, declinando idéntica fundamentacao, qual seja, a fragilidade probatéria, nos termos do art. 386, inciso VII, do CPP, invocando a aplicagio do Principio do In Dubio Pro Reo. Desta forma, conquanto patrocinados por patronos diferentes, os apelos sero analisados conjuntamente. Conforme consta da peca acusatéria, 0s denunciados constituiram associaco criminosa especializada nos crimes de furto de gado e receptagdo, atuando nos Municipios de Proprid, Neépolis e Cedro de Séo Joao tendo sido a responsdvel por sucessivos delitos cometidos, durante o periodo compreendido entre 2015 a 2016. Exsurge das provas coligidas aos autos de n° 201756000637 e 201656000927 que os denunciados, Jodo Paulo dos Santos; Edilson Vieira dos Santos, José Francisco dos Santos (°ZE BRACINHO"); José Adelson dos Santos ("ZE DO FALATE"), Anténio dos Santos Alves (“TOMTOM”) e Robson Santos Honorato (PRETO), subtrairam 68 (sessenta e oito) reses da vitima Esmeralda Souza Tavares, a qual sé tomou conhecimento da pratica delitiva em abril de 2016, quando da prisdo em flagrante do acusado Joo Paulo 11 of 60 02/08/2022 0 TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DE SERGIPE https://www.tjse,jus.br/tinet/jurisprudencia/relatorio. wsp?tmp.numpr dos Santos e apés deflagrada investigagéo em face de Edilson Vieira e José Francisco dos Santos, ‘oportunidade em que compareceu em sua propriedade e descobriu que a Fazenda Curral Falso havia se tornado a sede da associaco criminosa Perscrutando, detidamente, 0 arcabouco probatério, a meu sentir, 0 pleito atinente & fragliidade probatéria nao merece prosperar. Explico, A testemunha de acusacio, Anténio Vieira Santos, na Acdo Penal registrada sob 0 n° 201756000637, asseverou que ficou sabendo que os responsaveis pelo furto das reses da Sra. Esmeralda foram José Francisco dos Santos, conhecido por “Zé Bracinho", vaqueiro da propriedade da vitima, o qual teve a sua condenacgo mantida, quanto pratica do aludido furto, no julgamento da Apelacao Criminal de n° 201900306343, desta Relatoria, e José Adelson dos Santos, conhecido por “Zé Falate”, Vejamos: “Doutor, Eu jé tive com minha irmé na Delegacia, que ela J foi uma trés vezes depois, foi um gado que foi puxado dela ld que ela tinha no assentamento e eu descobri esse gado em Sao Francisco, um garrote ea gente foi a0 Delegado e nada dele resolver, ai eu mandei ela perguntar se a gente podia tirar outro gado no lugar do gado que fol roubado. A gente sabia quem tinha sido responsavel pelo roubo, que foram os dois JOSE, JOSE BRACINHO e JOSE DE FALATE, foi descoberto na época, isso j tem um bocado de tempo, ai a gente depois de muita confusdo tiramos 0 gado e ainda o JOSE DE FALATE ainda quis matar um sobrinho meu, foi que ai tinha uns trabalhador falou deixa o rapaz passar, deixa o rapaz ir embora, ai foi que ele deixou passar. A gente ficou calado um negécio quieto, mas que ele na época juraram que iam voltar o gado de volta, e af foi sumindo mais gado, sumindo mais gado, sé que ai a gente no tinha definitivamente, a minha propriedade fica aqui onde’era de Jackson Guimaraes, a da minha irma também, nao fica perto da fazenda de ESMERALDA, meu lote é bem de frente a fazenda de seu OSANO, a gente nunca procuramos, em de vez enquanto ia sumindo gado, era que o pessoal daqui nao prestava queixa mas muito gado foi roubado aqui na regiao, no sei se 0 pessoal néo li inha medo, eu mesmo até ameacado fui dessa Ultima vez agora, essa ltima vez foi esse da minha irmd, agora hd pouco dias, o gado da minha irma foi recuperado, rapaz onde eu cheguei que encontrei o gado foi confessado que foi JOSE BRACINHO e JOSE FALATE que vendeu 0 garrote la, nao foi nem vendido foi pago numa divida que ele j4 devia de gado 14, a gente conseguiu recuperar 0 gado Id, dos outros nao foram recuperados nenhum. Em Sdo Francisco eu no perguntei nem quem era, que o cara era de familia, que era do pessoal do seu ZUINO. No sei se ele era casado com a sobrinha do seu ZUINO. Ele ainda pediu: olhe, seu ANTONIO, leve, leve ai. Eu falei, nao, tenha calma, se eu puder tirar 0 gado Id, eu nao vou ter trabalho de pegar cé, se trouxeram agora, que va levar né, ai eu deixei o gado ld, € 0 nome do rapaz que eu entrei em conversa, para eu descobri foi um negécio muito interno, tomei café Id, prometi que iria trabathar com eles Id na roga, essas coisas a gente no pode conversar na frente de todo mundo, mas. Ai, depois eu puxei a conversa que queria saber quem era que teria pegado 0 gado de ld, & © rapaz falou que queria saber mesmo, porque estava entrando muito gado Id. Eu achei melhor vir cobrar dele aqui. Ai eu nem cheguei a tomar satisfacdo, quem foi a dona do gado, foi minha irma, mas quando ele descobriu que fui eu, se colocou gente atras de mim a cavalo, eu nao quis atender. Depois 0 menino de seu Rodrigo falou: olhe, Tonho, nao va no, que Id tem gente que pode Ihe matar. Ndo, eu ndo voltel para ld para buscar, eu peguei outro gado do JOSE FALATE, o gado que foi da gente eles deram fim. 0 responsavel mesmo foi JOSE FALATE, e JOSE BRACINHO estava encostado, o nome de JOSE FALATE eu nio sei, s6 conheco ele por esse nome. E rapaz agora hd poucos dias eu e minha irma fol ameacado, minha irma de levar uma boa surra, e eu foi ameacado pelo irmao de JOSE FALATE, 0 CELSO, ele falou: esta sabendo que vocé vai morrer? - af eu disse a ele de morrer eu sei que vou morrer, que eu t6 vivo, mas homem da sua qualidade nao vai me matar no, ainda chamei ele, quer ir all para me matar, ai ele ficou todo amarelo, af falei e vocé tome cuidado para eu nao te colocar onde esté seu irmao, que vocé td dizendo que seu irm&o néo volta e seu irmao voltou; meu gado e 0 da minha irma era ferrado, conhecido pela Emdagro e tudo. Quem ameagou minha irmé foi a filha de JOSE FALATE, foi uma morena forte. Cavalo eu td fora; nao entendo do negécio de cavalo; quem era envolvide era JOSE DE FALATE e JOSE BRACINHO nesse roubo do gado, eu jé falei claramente aqui no depoimento como eu tomei conhecimento do JOSE BRACINHO. Vou ser bem claro agora com 0 advogado, o 12 0f 60 02/08/2022 0 TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DE SERGIPE https://www.tjse,jus.br/tinet/jurisprudencia/relatorio. wsp?tmp.numpr problema desse gado era que eu morava aqui na rua e todo clarear de dia, e quando eu estava indo para © terreno topei com minha irma saindo de um beco dos terrenos, ai com o perddo da palavra, eu achei até que ela estava com um homem ali dentro. Af pensei oxente, minha irma, tao velha metida com esse negécio, chega tomei um susto, perguntei o que esta fazendo por aqui? Ai ela falou que o gado tinha sumido ai eu disse vamos para casa que ja ja eu olho, ai nés foi para casa e quando fui olhar, todas as pistas 56 dava para propriedade de JOSE FALATE, ai fui até o curral dele e perguntei a ele, e Id tava JOSE BRACINHO e JOSE FALATE, eles ficaram assustados e pelo olhar eu conhec esses caras devem alguma coisa, inventaram até que a Federal tinha levado 0 gado. Fui até Aracaju atrés do gado e nao encontramos, ai eu montei a cavalo e fui procurar pelas fazendas por ai.” (Destaquei) O policial militar, Jo Evangelista de Oliveira Lima, sob o crivo do contraditério, relatou que José Francisco dos Santos (*ZE BRACINHO") e Magno Balbino dos Santos ("DINHO") exerciam 0 comando das aces criminosas e Joo Paulo dos Santos e Edilson Vieira dos Santos eram auxiliares: “Eu sou o condutor; ¢ foi o seguinte, eu estava em servico com o batalhdo, quando 0 corpo da guarda recebeu 0 comunicado que dois individuos teriam adentrado a fazenda que JOSE BRACINHO trabalha com um elemento aparentemente para execugSo 18 dentro, entrou com ele pelo popular gogd; e nés acionamos a viatura de Cedro e tinha outra viatura do interior la no momento, fomos la, cercamos e conseguimos vé-los, ao chegarmos, ndo vimos ele agarrado mas vimos um forcando o outro a dizer onde estava 0 cavalo dele, 0 qual era o suposto dono do cavalo, eu no lembro o dono do cavalo néo, ele disse © apelido, sei que ele mora ali naquela regido do matadouro; e perguntava onde estava o cavalo dele e 0 outro dizia que estava ali, e a gente resolveu ir com os dois atras desse cavalo, ¢ nunca a gente encontrava, 86 via cabeca de gado, essas que jé tinha visto outras ocasiées, e nao encontrou 0 cavalo, af fomos até a sede da fazenda, quando chegamos Id tinham algumas pessoas, pessoas essas que j4 responderam por roubo de gado aqui no batalhdo, lembro o nome deles, 0 JOAO PAULO tinha ido comigo, ele bem citado aqui envolvendo esse tipo de crime e além dele, estava 0 Joao Galego que é pai do EDILSON, 0 EDILSON, um cidadao conhecido como Ieié, 0 JOSE BRACINHO. Nao me recordo 0 nome do proprietério do cavalo mas parece que foi dito 18, Jucimar, procuramos muito esse cavalo, quase o terreno todo mas no encontramos o cavalo, mas em outras vezes estive la e encontrei umas cabecas de cavalo, 0 JOSE BRACINHO é um eterno acusado um suspeito e af ndo podia dar outra; varias vezes eu o encontrei e 0 DINHO que na época era o vaqueiro na época de Dr. Licio e depois ele faleceu, ai ele ficou trabalhando para mulher e af ele se declarou a furtar animais. O JOAO PAULO reconheceu e dizia que cavalo estava la, e a gente andava e nao encontrava esse cavalo, mas ele no atribuiu 2 ninguém alguma participaco; 0 JOAO PAULO tinha relaggo com 0 JOSE BRACINHO convivia na fazenda tinha brincadeira lé de pega no mato, tinha dois currais é um eu achei até bem estranho que ficava bem dentro do mato 0 outro ficava vizinho a fazenda do entéo finado Dr. Lucio. Doutor, os cabecas, esses dois eram auxiliares (JOAO PAULO e EDILSON), os mentores era o da fazenda de Dr. Laclo, o DINHO, e 0 Bracinho; ha um tempo atrds 0 rapaz um colega meu Id, que eu tenho um terreno meu préximo 13, € 0 rapaz mandou pegar uma res ld e se confundiram chegaram no terreno do outro e pegou uma res, era uma res idéntica, ai pegou € levou, a gente pensou que essa res teria sido roubada, a gente ali com terreno perto ai ja fica com a orelha em pé, eu sai fazendo umas di formacées em Telha, Iélé, e o pessoal todo ali me disse ‘onde supostamente todo esse gado foi matado, é em um curral de um terreno ali em Cedro de S80 Jo&o, digo porque, a partir do momento que eu estive préximo, a partir de entdo eles acabaram a matanga de gado 14, eu estive 14 pegando informacao, nesse local andava o DINHO, 0 JOSE BRACINHO, e outra tem muita gente do Cedro envolvida, e outra eu peguei o depoimento dele e ele disse que tangeu 60 cabecas de gado nessa regiéo, e devido a alguns furtos a gente fez um pequeno sistema de seguranca, como as vezes o pessoal telefonava pro batalhao e no conseguia falar com eles que o telefone estava congestionado e tenho 0 telefone de muitos policiais ali e um outro telefone do batalhdo, ai eu orientei o pessoal para entrar em contato comigo, seja qual for a hora da noite se ver qualquer coisa estranha é tanto que &s vezes que 0 telefone toca 4 horas da 13 of 60 02/08/2022 0 TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DE SERGIPE https://www.tjse,jus.br/tinet/jurisprudencia/relatorio. wsp?tmp.numpr manhé, falando que os cachorros esto latindo, e eu mando ligar pro batalhao ou pego a viatura e vou lé, para manter uma seguranca minima se ele estivesse de dia ele nao iria fazer isso que ele pode ser o que formas doido ele nao é, @ se fosse a noite eu saberia; a questéo do cavalo, a propriedade que JOAO PAULO ficou detido foi a propriedade Joao Tavares, parece que a dona é Margarida; sei de outras propriedades que foram alvo do grupo - as da regido. Até hoje se vocé for passar na frente da propriedade dela tem uma estradazinha que dé acesso, hoje 0 pessoal nao esté andando ld nao porque o riacho encheu e ta muito alto né ai o pessoal no anda Id no, mas se vocé vé do lado direito da pista o senhor vé 0 que tem de cabeca de gado e outra ndo & normal porque hoje em dia tudo se aproveita, 0 marchante mata a res e leva a cabeca, porque para vender, nao é normal pegar a cabeca de gado e jogar fora. Doutor, mandei o pessoal ir pro batalhdo e 14 eu mandei que confeccionasse o ROP, a situacéo, porque eu percebi que tinha alguma coisa estranha, apesar de ter dado flagrante, mas tinha algo estranho pela reuniio daquelas pessoas que eram todas suspeitas, ai eu mandei que confeccionasse 0 ROP, e mandasse para delegacia. Que conhece que eu ja trabalhei naquela regio e estive préximo a um local s6 queria acrescentar quanto 2 esse matadouro localizado na ilha do urubu, conhecido lé como matadouro do Rinaldo, a partir de entao jé acabou o matadouro que era 0 que JOSE BRACINHO junto ‘com DINHO frequentava. Eu no fui o condutor dessa situagdo dessas 15 cabecas de gado, essa situagdo a gente ficou sabendo no local. Eu nao participel da conducdo deles até @ delegacia. Eu fiquel no batalhao, ld a gente ficou sabendo o seguinte: o cidado que estava forcando o outro de dizer onde estava 0 cavalo foi quem disse, “ainda semana passada ele roubou 15 cabecas de gado de outro cidadao I do matadouro e 0 rapaz por informagao achou 0 gado preso aqui no curral, justamente nesse curral dentro do mato”, A gente ficou sabendo disso lé, JOSE BRACINHO, segundo a mulher dele, era o vaqueiro da fazenda, ento ele sabia, 0 cavalo nao foi encontrado. Ele dizia que o cavalo estava numa baixa e ndo estava ai ia na outra e nao tava e ia na outra e ndo encontrou.” (Destaquei) 0 acusado, José Francisco dos Santos (“Zé BRACINHO"), perante & autoridade policial, narrou que: “Eu trabalhei para a viliva ESMERALDA depois que 0 marido dela faleceu. Eu fiquei prestando servicos durante aproximadamente quatro anos. Um dia, de cuja data eu ndo me lembro, mas quinze dias antes de o problema chegar na policia, DINHO (que era vaqueiro da médica Marlene) nos chamou para furtar 0 gado de ESMERALDA. Eram sessenta reses. Além de mim, DINHO chamou também para participar do furto EDILSON (filho de Jodo Galego), Zé DE FALATE, TONTONHO, (que é residente em Cedro e é marchante e tangedor de gado) e PRETO. Quando DINHO chegou a fazenda da vitiva ESMERALDA, ja veio acompanhado desse pessoal e ele me disse que havia planejado tudo. DINHO falou que pagaria seis mil reais para cada um que ajudasse no furto do gado. Diante disso, eu topel. Entao o grupo saiu tangendo o gado atravessando a pista e pegando a vargem. Quando chegamos & vargem DINHO mandou que eu retornasse, dizendo que dali por diante era com o resto da equipe. Eu obedeci a DINHO porque ele estava armado com um revélver. Ele sempre andava armado e eu tive medo. Nao sei dizer se os outros estavam armados. Toda essa turma corria gado na fazenda de ESMERALDA e recebi um dinheiro por isso. Ele até guardava uma vaca e um bezerro no terreno, com a autorizaco da dona da fazenda. Eu néo sabia que a policia tinha achado o ferro de PRETO na fazenda de ESMERALDA, mas isso era possivel porque PRETO costumava deixar algumas coisas dele na fazenda. Eu nunca recebi os seis mi FALATE receberam algo, Seis dias depois do furto PRETO foi até a fazenda de ESMERALDA e me perguntou se eu tinha recebido algum dinheiro. Eu disse que nao tinha recebido nada e nao questionel a PRETO se ele tinha recebido algo, pois PRETO estava meio chateado. PRETO me disse que © gado ficou com dois caras de Cedro de So Joao. Um deles era BINHO (que ¢ marchante e trabalha no mercado de Cedro). O outro comprador teria sido outro marchante de Cedro que se chama EDILSON (que também trabalha no mercado de Cedro, que é branco e baixo). PRETO nao me disse por quanto eles compraram 0 gado e nem com quanto cada um ficou. Esse EDILSON é outro cara, que tem o mesmo nome do que nos ajudou a furtar 0 gado de ESMERALDA. JOAO PAULO no participou desse furto Quando JOAO PAULO foi preso ele apareceu com gado e pediu para eu deixar no pasto de ESMERALDA. Ai a policia apareceu e ele foi preso, O gado tinha sido tomado de NENEM DO MATADOURO, Néo é verdade que 2 fazenda da viva fosse usada para esconder gado furtado. Eu nunca fiz isso e nem permiti que reais prometidos por DINHO, Nao sei dizer se PRETO, EDILSON, TONTONHO e ZE DE 14 0f 60 02/08/2022 0 TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DE SERGIPE |https://www.tjse jus. br/tinetjurisprudencia/relatorio.wsp?tmp.numpr fizessem. Eu vendi trés reses da vidiva ESMERALDA, que estdo fora das sessenta reses que foram tangidas a mando de DINHO, para CISSO DE FIDELIS. CISSO me pagou trés mil reais pelas reses que eu vendi. Eu acho que ele nao sabia que era gado furtado. Eu nao tive conhecimento de que 0 gado que eu vendi tivesse sido achado com CISSO DE FIDELIS. O senhor ARNALDO néo participou do furto. Nao & verdade que parte do gado eu tenha passado para o policial ERILDO vender no mercado dele. Quando eu ful preso, agora neste sébado, um policial me perguntou sobre essa estéria de que parte do gado tivesse passada a Erildo, mas isso ndo é verdade. Ele me arrumou um advogado porque minha mulher RAQUEL trabalhava para ele. Ful a nica vez que eu furtei 0 gado. Pensando bem, eu j4 respondi por um processo por furto de gado, mas isso foi culpa de ZE DE FALATE. Eu fui tanger gado a mando de ZE DE FALATE e ai depois ele acabou sendo preso, pois havia gado furtado que ele misturou com gado dele. DINHO e ZE DE FALATE gostam de furtar gado. EDILSON também gosta de furtar gado. Depois que eu fugi eu fiquel foragido em Gararu.” (Destaquei) Em juizo, 0 referido acusado apresentou verséo diametralmente oposta dquela apresentada na fase investigativa, uma vez que afirmou nao conhecer quaisquer dos denunciados, Avitima, Esmeralda Sousa Tavares, nos autos de n° 201756000637, asseverou que "Esse rapaz era meu funcionério, 0 nome dele era JOSE Francisco dos Santos, e o apelido dele era JOSE BRACINHO, porque ele tinha um problema no brago. Nao sé eu, nao, ld todo mundo conhece ele por esse nome; entéo, eu tinha um irmao meu que trabalhava ld. Como meu irmao deu para beber, ai ele saiu, € eu disse: fique aqui porque ele sempre ajudava meu Irmo. Entdo ele ficou assim na cerca de 4 (quatro) 5 (cinco) anos, eu pagava um saldrio a ele. Agora cumpria com todas as minhas obrigacdes. Quando eu chegava la no inicio no houve problema nenhum, eu chegava ld ele me mostrava meu gado, tudo, eu passei a ter a confianca. Sobre as cabecas que tinha em minha propriedade, quando eu comprava a vacina eu comprava 60 (sessenta) tubinho, porque cada tubinho daquele dé para 10 cabecas, ai eu comprava 6 (seis). Quando eu cheguei ld, ele falou ndo dona ESMERALDA, sao 63 (sessenta ¢ trés), af eu disse ento da préxima vez que vacinar ¢ das duas vezes eu vou comprar 7 (sete) nem que o resto voc8 jogue no mato. Foi quando ocorreu este problema eu tinha, certeza que era 63 (sessenta e trés), af ele disse agora nao é 63 (sessenta e trés) mas nao sao 68 (sessenta e cito). Ai eu disse oxente j4 nasceu to répido as 5 (cinco), ele disse foi nasceu 5 (cinco); mas perante de tudo isso eu achava que tudo isso eu tinha 14, mas como eu descobri, quem descobriu nao ful eu; eu chegava Id, e dizia: ZE, cadé meu gado? ai ele dizia: ta aqui na frente da lagoa, porque na frente tem uma lagoa, ele mostrava, alguns passava ai ele falava em umas ovelhas que ele tinha comprado. Antes eu passava de ir oito em oito dias, depois comecei a ir de quinze em quinze, porque eu tenho outros problemas, eu trabalho. Passei a ter confianga nele, ai quando foi um dia eu recebi um telefonema do Delegado que ele queria conversar comigo, porque jd estava tendo coisas Id dentro. No final de semana, que nao estava sendo do meu conhecimento, ele estava fazendo Ié dentro, era correndo mato, é uma vaquejada que tem que é correr mato, jé ia muita gente, dizem, eu no vi, dizem que tinha gente que saia Id doente. No fim sumiu um gado de uma pessoa, sé pergunta quem é essa pessoa eu ndo sei, por isso que tem muita gente al, af pegaram o gado la dentro, o ZE BRACINHO esse JOSE, entdo disse que ndo fui era de fulano ndo mas eu coloquei porque foi arrendado. Ai o dono do gado foi para a Delegacia e foi prestar queixa que queria o gado dele, que 0 gado dele estava Id que tinha desaparecido. Ai quando pegaram o gado que devolveram ao homem, entéo vamos fazer uma busca de tudo I4, ai a cidade aqui ja tava o comentério que 14 dentro eu j4 ndo tinha mais nada. ZE BRACINHO estava fazendo uma baderna com esses amigos que so esses todos ai, me localizaram, ai eu fui 1S. Quando cheguei ld 0 que eu fiz, no fui logo em cima dele, fui e falei: ZE BRACINHO, eu quero ver meu gado, que eu quero tirar uns para vender, uns garrote que jd esté velho ai e tenho um irm&o que quer uns novinhos. Eu tenho 63, né? Ele falou: no, a senhora tem 68. Af disse jé nasceu 5, ele disse j8; mas eu ja estava sabendo, O Delegado tinha falado chame ele para contar seu gado, ai eu disse onde esté meu gado ZE? Ele falou nao tem nenhum aqui, ai eu perguntel e est&o aonde? Ai ele disse estd no lote, que Id tem lamas de arroz, ai disse como, vocé nem me falou que ia botar meu gado Id, ai disse nao, eu conheco 0 dono do lote e ele me deu. E vocé esta tomando conta desse lote? Porque a gente as vezes compra palha 15 of 60 02/08/2022 0 TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DE SERGIPE https://www.tjse,jus.br/tinet/jurisprudencia/relatorio. wsp?tmp.numpr de arroz e traz para cd para dar comida quando é no vero na seca. Ai ele disse o gado esta ld, eu disse vamos 18, mas choveu, mothou ai ndo deu para chegar perto. Ai cadé o gado? Ai ele esté ali é aquele dali; eu nao podia passar que tinha o lamacal af eu disse que com dois ou trés dias eu néo me lembro mais que ja esté caminhando para dois anos, ai eu disse eu venho aqui ele disse esta certo, ai quando eu ful eu disse ZE cadé 0 gado? Aj ja teve gente que disse ESMERALDA esse gado nao é seu, cadé o gado? TA uma lama o gado esta ld, a gente no pode passar; procure fulano de tal af eu ful a FAVORITA (é um marchante) ai fui até o dono de uma rédio que tem em Proprié que é 0 dono do lote ai o homem disse ndo, eu falel ZE de quem é esse lote? Ele disse € de fulano de tal, Ele Ihe deu para vocé colocar o gado Id dentro de graca e ele disse nao ele é meu amigo, o homem disse que ndo tem nada a ver, falou que arrendou a FAVORITA, FAVORITA disse: olhe, ESMERALDA, 0 gado que esta I4 é meu, se vocé quiser eu vou mostrar de um por um, agora vocé jé esté sabendo que vocé ndo tem nenhuma cabeca de gado que ZE BRACINHO deu fim com tudo, aqui jé teve gente até que sé nao foi Ihe avisar que néo sabe seu telefone nem nada. Eu disse nao estou acreditando, ai ele disse se vocé quiser vé mais para frente que vacé vai ver, se qi gado é meu. Eu também nao voltei mais ld para o dono do lote porque ele néo tem nada a ver porque ele arrendou. Teve gente que disse que o gado que estava Id era todo de FAVORITA, ESMERALDA; ndo era meu, mas eu nao disse nada a ele, porque vai que eu falasse ¢ ele me apresentasse 0 gado em outro lugar, e eu chamasse ele de ladrao, ai eu disse o ZE eu quero vir aqui para dar um remédio no gado de mosca, e venho com um sobrinho meu para tirar uns bezerros que esto mais bonitos para vender e esses garrotes que estéo mais velhos eu quero vender que é um gado do tempo do meu marido. Quero renovar 0 gado, ai ele disse ta certo, quando foi na segunda para terca ai liguei ZE eu posso ir? Ai disse no venha ndo que minha mae adoeceu e quem tem que levar no hospital em colégio sou eu mais meu irm8o, ZE entéo eu vou sbado, té certo venha sdbado. Quando foi no sébado, que eu estava me arrumando o celular toca era a mulher dele, e nisso eu tentando telefonar nele durante a semana e nada, isso em oito dias, af no sébado eu disse olha RAQUEL mande o seu menino olhar se o gado esté pelo vargem ai solto, porque soube que ele esté com uma namorada e homem quando esté com namorada fica com a cabega doida, mas eu sabia que nao era nada disso, ai falei procure direito, até uma pessoa; ai.quando eu cheguei ld a mulher dele chorando e disse meu filho jé esteve Id na casa dona ESMERALDA, 2 ninguém sabe por onde anda, o menino encontrou a chave na porta da casa, ela chorando ai disse nao chore nao. Ai ele ndo me entregou gado nenhum, ele fugiu, desapareceu. E esses que o Delegado pegou primeiro para dar conta de uns gados que tinha ld ai o Delegado soltou porque depois que entrou o gado, eu nao sei porque ele fez, fez porque achou que devel fazer, ai mandou chamar para eu ir lé de novo, vocé que vivia l4 com o ZE vocé agora vai me contar, Ai foi ele que abriu o jogo de tudo, néo me lembro 0 nome no depois que tive um derrame nesse olho estou ruim para decorar os nomes, mas minha filha sabe o nome de todos; ai nisso o Delegado disse vou pegar ele, e ai fez uma corda de caranguejo, realmente cinco cabecas de gado eu foi levar em tal lugar que foi trocado por ovelha, até eu chegava Ié na fazenda e ele falava com o filho menino va olhar as ovelhas, af dizia e vocé estd criando ovelha? Ai ele falava ¢ dona ESMERALDA tomel um dinheiro emprestado e estou criando essas ovelhas. Que & posso falar, ndo é nada demais ele criar umas ovelhas Id dentro. Ai ja era as ovelhas que foram trocadas pelas cinco cabecas de gado meu. Foi esse rapaz que falou, fui eu que tirei Id de dentro e fui levar a esse outro, e trouxe as 5 cabegas ovelhas, ai quando FAVORITA foi disse I que 0 gado era dele, ai vai outros e diz ele vendeu ao marchante tal a0 marchante tal, e por isso que 0 processo estd desse tamanho esse processo, mas 0 culpado de tudo; os outros pode até ter culpa, por ter comprado, teve gente envolvido do caminho que foi buscar, tinha um que ainda esté foragido que era o dono, que trabalhava numa fazenda la vizinha de DR. LUCIO ele foi embora para Séo Paulo ninguém conseguiu pegar; a responsabilidade é toda de JOSE BRACINHO, meu gado era entregue a ele; até hoje eu nao recuperei nada, até porque ele ndo tem nada, eu warou nesse prejuizo; e sobre essas cinco cabegas de gado ai eu fui ld e reconheci que era minha, nao estava ferrada, porque eu tinha gado I sem ferro, 0 que até nao é certo, mas hoje é amanha, sou sozinha; af eu trouxe; recuperei 5; cheguei ao Delegado, ai eu disse assim Dr. WELLINGTON eu quero vender, ai ele disse a senhora pode até vender mas nao pode usar o dinheiro, a senhora vai colocar 0 dinheiro numa conta que tem na justica, nao sei que conta & essa, mas sei que o dinheiro ta Id, ta Id guardado, nao sei se a justica j4 usou para ele mesma nao sei para que foi que fez, mas eu nao peguei em dinheiro; e se fizer caridade também, eu jé tomei tanto prejuizo, é bom até dar a um negécio de crianga, de velho, de idoso; eu as vendi por 5 mil porque ninguém queria comprar, sé valia 10 mil mas sé consegui vender por cinco. Porque eu encontrei uma pessoa que era amigo de meu marido, e ele me disse olhe dona ESMERALDA eu to vendo seu sofrimento e eu venho para aqui para dentro no para trabalhar, porque ele ndo precisa, ele precisa de trabalhar, mas nés estamos com uma parceria, agora com esse gado aqui dentro eu nao quero nao; Ai eu 16 of 60 02/08/2022 0 TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DE SERGIPE https://www.tjse,jus.br/tinet/jurisprudencia/relatorio. wsp?tmp.numpr disse a0 Delegado, ele disse a senhora vai vender e val colocar 0 dinheiro aqui; ai depois velo uma histéria que tinham conseguido 3 cavalos cada 1 no preco de 5.000; que ZE BRACINHO tinha cavalos de cinco mil, eu e meu marido nunca teve cavalo de cinco mil, eu disse para que para trazer para aqui? para ser roubado de novo? no quero nao, onde o cavalo estiver deixe para lé mesmo; Entéo a culpa de tudo foi de ZE BRACINHO, porque eu entreguel o que é meu foi a ZE BRACINHO; ele era meu funciondrio, agora € assim doutora, como ele tem o brago cortado ai ele disse olhe dona ESMERALDA eu no posso deixar a senhora assinar minha carteira, porque tem medo né, mas eu pagava o salério. Ai eu disse como meu irméo é alcodlatra que eu ndo vou menti, o level para clinica de repouso para depois voltar; ai nisso © deixei 14, esperando meu irmao se recuperar. N3o esse ZE BRACINHO esté preso; os homens da caatinga pegaram ele, em Porto da Folha; Olha, eu vou falar a verdade, eu estava com’a filha minha se formando, foi tanta coisa, que 0 Delegado, o homem da caatinga fol quem o pegou e 0 colocou na mao do delegado, e 0 Delegado foi quem fez tudo, e se a senhora acreditar que eu nunca perguntel a ANTONIO WELLINGTON, ANTONIO 0 que foi que ele disse ai, ele confirmou a ANTONIO WELLINGTON que realmente foi ele que vendeu meu gado, agora, justo né, ele vai dizer que meu gado era um gado fraco nao vale esse dinheiro todo; a defesa dele né, mas ele confessou que vendeu o gado. Sim ai depois disso Dr. sabe 0 que aconteceu, ai a gangue toda, foi gente que apareceu, derrubaram metade de minha casa, tocaram fogo, tinha as fotos antiga de minha familia, um mével antigo Id ai tocaram fogo em tudo.” (Destaquel) A filha da vitima, Alice Sousa Tavares, em juizo, que acompanhou de perto as investigagées realizadas na DERPOL de Proprid, relatou que: “Minha mae que é a proprietéria da fazenda. Fica em Proprié. Fazendo Curral Falso. QUE ZE BRACINHO trabalhava na fazenda, eu acho que o nome dele é JOSE FRANCISCO, mas sé conhecia ele por ZE BRACINHO. Ele era vaqueiro da propriedade de minha mae. Ele era o vaqueiro, tomava conta do gado e administrava. A gente ia de 15 em 15 dias. Eu tinha uma clinica em Propria e estava ld praticamente todos os dias. Mas minha mae mesmo ia sempre de 15 em 15 dias, uma vez ao més, porque como a gente tinha uma avé minha que era acamada, nem sempre ia. Mas ela ia de 15 em 15 ou uma vez ao més. Eu o pagava, o pagamento dele é feito toda semana, se nao feito pessoalmente era mandado o pagamento dele. QUE ele trabalhava com a gente de 4 a 5 anos, até o roubo. Eu estava em casa quando recebi uma ligacdo do Delegado, Dr Antonio WELLINGTON, pedindo para eu e minha mae comparecer & Delegacia, Eu perguntei: Doutor, pode ser préxima semana? ele disse: no, ALICE, prefiro que seja amanha porque é Um caso muito urgente. Daf eu ful com minha mae. Ele me falou por telefone mais ou menos o que estava se passando e como minha mae tem problema de pressio alta e é doente nao quis aprofundar muito com ela, ... Ful 4 Delegacia na sexta-feira. Chegando na Delegacia, Dr WELLINGTON comunicou a gente 0 que estava se passando. Isso fol ano passado, finalzinho de abril, inicio de maio, em 2016. Ele disse primeiramente que estavam acontecendo uns furtos de gado e que inclusive tinha sido pego, primeiramente, que tudo comecou porque tinha sido pego gado dentro da fazenda de minha mie de outras pessoas. QUE, inclusive, foi chamada a Policia, que a Policia entrou Id, resgatou esse gado de outra pessoa, nao era o de minha me, furtado de outras pessoas e era guardado ld... teve até luta, briga deles I e isso ele contou conversando 14 e minha mae Perguntou do gado dela. Ele disse: olhe, Dona ESMERALDA, vou Ihe ser sincero, a senhora praticamente no tem mais cabeca de gado nenhum. Minha mae ficou sem acreditar, para ser sincera. Minha mée disse assim: Doutor, 0 senhor tem certeza do que esté dizendo? Ele disse: j4 foi apurado, e a fazenda da senhora jé foi varrida toda percorremos a fazenda por policials e eu tenho certeza do que estou Ihe dizendo, QUE tinha controle da quantidade de cabecas. A gente vacinava o gado, o gado de minha me tem cadastro na Minha mae que é a proprietaria da fazenda. A gente vacinava 0 gado, o gado de minha mae tem cadastro na junto com 0 vaqueiro da propriedade vizinha de minha mae, que é 0 DINHO que esta fugido. Propriedade de Dra MARLENE. Furtou umas reses dela, mas ela conseguiu capturar. QUE entre o terreno da mae e de Dona MARLENE, ZE BRACINHO abriu uma passagem e minha mae nao sabia, A gente ficou sabendo nao sé dessa, tinham outras que a fazenda de minha mae é grande. La para dentro tinha uns currais que ele praticava vaquejada de mato. A gente ngo sabia de nada disso. Quando a gente ficou sabendo que o Delegado contou para 17 of 60 02/08/2022 0 TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DE SERGIPE https://www.tjse,jus.br/tinet/jurisprudencia/relatorio. wsp?tmp.numpr gente essas vaquejadas eram praticadas em feriados e dia de domingo. Entéo o que fazia, parava dnibus, topics para ocorrer as partidas 14 deles no meio do mato. La dentro, quando a gente descobriu tudo tinha uns 3 a 4, néo me recordo muito bem, inclusive tirei foto, mandei Para 0 Delegado e tudo e realmente tinha essa passagem. E os prémios da vaquejada, segundo outra versao, eram os garrotes de minha mie. QUE tudo isso era coordenado e administrado pelo ZE BRACINHO e DINHO, QUE essa passagem existia e foi derrubada, Nao sé ela, como as outras, também. Tem o do caminhao, que é 0 ANTONIO ALVES SANTOS, o TONTOM. QUE transportava ‘0s gados roubados, néo sé de minha mae, como também de outras pessoas. Também estd fugido, Esse HONORATO, que é 0 do ferro que foi encontrado na propriedade de minha mie. Esse FIDELIS que ¢ 0 rapaz que foi encontrado as reses. IEIE, que segundo disseram foi quem levou as ovelhas, pegou as ovelhas, que fez a troca com o gado furtado, a gente tentou até procurar ele, que ele & muito amigo de ZE BRACINHO, conversar com ele, que ele sabia de alguma coisa, mas nao deu resultado nenhum. As tinicas pessoas que conheco nesse processo so ZE BRACINHO e ARNALDO e o que eu falei que era amigo de meu pai, FAVORITA. Ele nao estava envolvido em furto, mas sabia de tudo por ser vizinho. E procuramos ele e tudo ¢ ele disse que nao quis falar porque talvez a gente néo acreditaria. ele se envolveu no processo porque o gado dele é quem estava Id na vargem. Segundo os comentarios depois eu vi quando tudo foi se encaixando, os comandantes, segundo diz a ele (2E BRACINHO) e o DINHO. QUE com certeza a fazenda de sua mde era a sede onde se reuniam ja que foi pego gado de outras pessoas no local. Tudo comegou porque tinha um gado Ié que nao era de minha mae e 0 proprietério desse gado entrou em contato com os pol dizendo que estava l4, que tinha sido furtado e estava la. Sé que a gente nao sabia de nada. (Destaquei) Dos depoimentos acima transcritos, depreende-se que os denunciados, comandados por José Francisco dos Santos, conhecido por “Zé Bracinho", que era vaqueiro e detinha total confianca da vitima Sra. Esmeralda, e por Magno Balbino dos Santos, conhecido por “DINHO’", subtrairam as reses da ofendida. O aludido furto, diante das provas coligidas aos autos, ocorreu gradativamente, retirando os gados da Fazenda Curral Falso & medida que era comercializados, sem que a ofendida percebesse, uma vez que, além de nao frequentar a sua propriedade diariamente, confianca sobremaneira em José Francisco dos Santos, ja condenado nos autos de n° 201900306343. Vale ressaltar que o édito condenatério baseou-se numa anélise conjunta dos elementos de convicgdo ‘com as provas angariadas em Juizo. Assinala-se que nada impede que sejam valorados os elementos de informacao colhidos na fase de investigacdes, desde que em cotejo com a prova judicializada, orientando-se pela prevaléncia desta Ultima, nos termos estatuidos pelo art. 155 do CPP, llustrando, colaciona-se o seguinte julgado do Superior Tribunal de Justica PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO ESPECIAL. INADEQUACAO. TORTURA. CARENCIA DE PROVAS PARA A CONDENACAO. AUSENCIA DE EXAME DE CORPO DE DELITO DIRETO. CADAVER DESAPARECIDO POR ACAO DOS REUS. AUTORIA E MATERIALIDADE DELITIVAS ATESTADAS POR EXAMES PERICIAIS E TESTEMUNHOS. JUIZO CONDENATORIO BASEADO EM PROVAS PRODUZIDAS NA FASE INQUISITORIAL E DURANTE A FORMAGAO DA CULPA. LIVRE CONVENCIMENTO MOTIVADO. WRIT NAO CONHECIDO. 18 of 60 02/08/2022 0 TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DE SERGIPE https://www.tjse,jus.br/tinet/jurisprudencia/relatorio. wsp?tmp.numpr 1. Esta Corte e 0 Supremo Tribunal Federal pacificaram orientagéo no sentido de que n&o cabe habeas corpus substitutivo do recurso legalmente previsto para a hipétese, impondo-se 0 ndo conhecimento da impetrago, salvo quando constatada a existéncia de flagrante ilegalidade no ato judicial impugnado. 2. © habeas corpus no se presta para a apreciacdo de alegacdes que buscam a absolvigéo do paciente, por suposta caréncia de provas para a condenagio, em virtude da necessidade de revolvimento do conjunto fético-probatério, o que é invidvel na via eleita. 3. Caso existam elementos a indicarem a pratica de ocultagdo de cadaver, ainda que no tenha havido dentincia quanto a tal crime, nao se revela razodvel exigir a localizagdo do corpo da vitima, sendo possivel reconhecer a pratica de crime de tortura com estelo em outros elementos comprobatdrios, jé que tal vestigio material teria desaparecido em razio de conduta comissiva dos réus, 0 que néo os poderd favorecer. Mais: como corpo delito deve ser entendido 0 conjunto de todos os vestigios materiais, da infrago penal, 0 que nao se restringe ao cadaver da vitima. 4, Malgrado o exame de corpo de delito seja essencial quando o crime houver deixado vestigios, se estes desapareceram, a materialidade do crime poderé ser comprovada por outros meios de prova. Na hipdtese, o decreto condenatério reconheceu a existéncia de depoimentos prestados por testemunhas presenciais das préticas delitivas e pela vitima Anténio, bem como de provas periciais, que seriam aptos a demonstrar ndo sé a materialidade do crime no que se refere ao ofendido Ronaldo, mas, também, a participacio de todos os pacientes na pratica delitiva. Ademais, 0 desaparecimento do cadaver n&o implicou omisséo quanto ao exame de corpo de delito, que restou realizado sobre os vestigios materiais deixados na cena do crime. 5. In casu, a vitima Anténio foi efetivamente submetida a exame de corpo de delito, que atestou a presenca de lesdes condizentes com o crime de tortura. Ainda, embora tenha sido ouvido pela autoridade policial, o retrocitado ofendido nao prestou depoimento durante a instrugo porque velo, em seguida, a Sbito. 6. A teor do art. 155 do Cédigo de Processo Penal, no se mostra admissivel que a condenacéo do réu seja fundada exclusivamente em elementos de informagao colhidos durante o inquérito nao submetidos ao crivo do contraditério e da ampla defesa, ressalvadas as provas cautelares e nao repetiveis. Contudo, mister se faz reconhecer que tais provas, em re persuasao motivada do juiz, desde que corroboradas por elementos de conviccao produzidos na fase judicial, podem ser valoradas na formacao do juizo condenatério, 7. Hipstese na qual a condenagao baseou-se em elementos de informacao colhidos no curso do inquérito, consistentes em provas periciais e testemunhos, que foram em sua maior parte reproduzidos em juizo, no havendo se falar em nulidade da sentenca. 8. No sistema da persuasao racional ou do livre convencimento motivado adotado pela Constituicao Federal (CF, art. 93, IX), inexiste hierarquia entre os elementos probatérios, ndo sendo possivel afirmar que uma prova testemunhal ostente menor valor probante que a de outra espé que o juiz formard sua conviccao pela livre apreciagao de todos os elementos de conviccdo alheados no curso da persecugao penal (CPP, art. 155, caput). Demais disso, a conviccao do julgador nao foi fundada apenas em depoimentos prestados em juizo, pois os testemunhos foram corroborados por provas periciais realizadas na fase inqu no conhecido. (HC 350.906/RJ, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 20/06/2017, Dle 28/06/2017) - Destaquel. Diante de todo o exposto e a luz do principio da livre apreciagdo da prova, entendo que restou suficientemente demonstrado que os acusados praticaram o delito que Ihes estd sendo imputado. 19 of 60 02/08/2022 0 TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DE SERGIPE |https://www.tjse jus. br/tinetjurisprudencia/relatorio.wsp?tmp.numpr II ~ DO DELITO DE ORGANIZAGAO CRIMINOSA TIPIFICADO NO ART. 2°, DA LEI 12.850/2013 Quanto ao delito de organizacao criminosa ado no art. 2°, caput, da Lei 12.850/2013, sustentam os apelantes que, diante da comprovagéo dos requisitos exigidos pelo tipo penal, a conduta é atipica. Sabe-se que 0 crime de organizagéo criminosa cuida-se de delito que envolve a associagéo de agentes, com carater estével e duradouro, para o fim de praticar infracdes penais, Para a configuracdo da organizacio, n&o se faz necessdria a prética da mesma conduta por todos os integrantes do grupo, mesmo porque a organizac3o se caracteriza pela estrutura organizada com divis&o de tarefas a ser partilhada entre os seus integrantes. Por Sbvio, se hé a divisao de tarefas entre os agentes, ¢ bem provavel que nem todos exercergo as mesmas atividades na societas delinquentium. Acerca do tema, Renato Brasileiro acrescenta que "pouco importa que os componentes da organizacéo criminosa no se conhecam reciprocamente, que haja um chefe ou lider, que todos participem de cada aco delituosa ou que cada um desempenhe uma tarefa especifica. Na verdade, basta que 0 fim almejado pelo grupo seja o cometimento de infragdes penais com pena maxima superior a 4 (quatro) anos, ou de cardter transnacional. ” (LIMA, Renato Brasileiro de. Legisiacao criminal especial comentada: volume nico, 48 ed, ver, atual. e ampl.Salvador: JusPODIVM, 2016, p.490). Por oportuno, vejamos a redagio do aludido tipo penal: Art. 2°. Promover, constituir, financiar ou integrar, pessoalmente ou por interposta pessoa, organizagio criminosa: Pena- reclusdo, de 3 (trés) a 8 (oito) anos, e multa, sem prejuizo das penas correspondentes as demais Infracdes penals praticadas. Quanto as condutas incriminadas pelo dispositivo legal, 0 renomado doutrinador consigna que séo 04 (quatro) as condutas incriminadas pelo dispositivo legal, quais sejam, "a) promover: consiste em gerar, dar origem a algo, fomentar; 6) constituir: formar, organizar, compor; ¢) financiar: significa sustentar os gastos, custear, bancar, prover o capital necessério para 0 desenvolvimento de determinada atividade; e d) integrar: tomar parte, juntar-se, completar”. Outrossim, por ser um delito formal ou de consumacdo antecipada, para a sua consumacao independe a pratica de qualquer ilicito pelos agentes reunidos na organizacao criminosa No caso concreto, a meu sentir, 0 crime de organizacao criminosa restou devidamente testificado nos autos, haja vista que os elementos probatérios, angariados na fase investigativa e judicial, revelam que o comando da aludida associacao, elemento este, registre-se, prescindivel a sua configuracdo, era exercido por José Francisco dos Santos (*ZE BRACINHO") e Magno Balbino dos Santos (“DINHO"). 20 of 60 02/08/2022 0 TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DE SERGIPE |https://www.tjse jus. br/tinetjurisprudencia/relatorio.wsp?tmp.numpr Os apelantes, José Adelson dos Santos; Edilson Vieira dos Santos; Anténio dos Santos Alves e Robson Santos Honorato, eram auxiliares daqueles que exerciam 0 comando. Frise-se que 0 agente & punido simplesmente por figurar como integrante do grupo, sendo despiciendo que pratique qualquer delito A filha de uma das vitimas da organizaco criminosa, Alice Sousa Tavares, a qual, consoante alhures mencionado, acompanhou de perto a investigacao policial, em julzo, asseverou que: “Minha me que é a proprietéria da fazenda. Fica em Proprié. Fazendo Curral Falso. QUE Zé BRACINHO trabalhava na fazenda, eu acho que o nome dele ¢ JOSE FRANCISCO, mas sé conhecia ele por ZE BRACINHO. Ele era vaqueiro da propriedade de minha mae. Ele era 0 vaqueiro, tomava conta do gado administrava. A gente la de 15 em 15 dias. Eu tinha uma clinica em Proprid e estava Id praticamente todos os dias, Mas minha mae mesmo ia sempre de 15 em 15 dias, uma vez ao més, porque como a gente tinha uma avé minha que era acamada, nem sempre ia, Mas ela ia de 15 em 15 ou uma vez ao més. Eu o pagava, o pagamento dele é felto toda semana, se ndo felto pessoalmente era mandado o pagamento dele. Que ele trabalhava com a gente de 4 2 5 anos, até o roubo, Eu estava em casa quando recebi uma ligac8o do Delegado, Dr. Anténio Wellington, pedindo para eu e minha m&e comparecer a Delegacia. Eu perguntel: Doutor, pode ser préxima semana? Ele disse: no, Alice, prefiro que seja amanha porque é um caso muito urgente. Dai eu fui com minha mae. Ele me falou por telefone mais ou menos 0 que estava se passando e como minha mae tem problema de presséo alta e é doente no quis, aprofundar muito com ela. ... Ful 8 Delegacia na sexta-feira. Chegando na Delegacia, Dr Wellington comunicou a gente 0 que estava se pasando. Isso foi ano pasado, finalzinho de abril, inicio de maio, em 2016, Ele disse primeiramente que estavam acontecendo uns furtos de gado e que inclusive tinha sido pego, primeiramente, que tudo comesou porque tinha sido pego gado dentro da fazenda de minha me de outras pessoas. Que, inclusive, foi chamada a Policia, que a Pol entrou 14, resgatou esse gado de outra pessoa, no era o de minha mde, furtado de outras pessoas e era guardado ld... teve até luta, briga deles Ia e isso ele contou conversando I e minha mae perguntou do gado dela. Ele disse: olhe, Dona Esmeralda, vou Ihe ser sincero, a senhora praticamente ndo tem mais cabeca de gado nenhum. Minha mée ficou sem acreditar, para ser sincera. Minha mée disse assim: Doutor, 0 senhor tem certeza do que esté dizendo? Ele disse: j4 foi apurado, e a fazenda da senhora jé foi varrida toda percorremos a fazenda por policiais e eu tenho certeza do que estou Ihe dizendo. Que tinha controle da quantidade de cabecas. A gente vacinava 0 gado, 0 gado de minha mae tem cadastro na EMDAGRO. Que inclusive os veterinarios iam na residéncia de minha mae aqui em Aracaju, porque quando passa da data, eles lembravam a gente e quando foi tudo roubado, a gente foi instruida a ir na Emdagro dar baixa. Tinha em torno de 60 a 70 cabegas de gado, com os bezerrinhos. Minha mae tinha muita confianca a ele, Tinha bastante confianca mesmo. Minha mae tinha ele como se fosse filho dela, Sempre a gente passava, porque a fazenda de minha mae é na beira da pista, as vezes passava e via realmente 0 gado. Minha mae contava 0 gado, mas no era de 15 em 15 dias, ela contava, mas no era com frequéncia porque tinha muita confianca nele. Isso para ser sincera eu nao sei, 85 vezes que presenciel ele mostrava assim no pasto. Nunca desconfiou, Quando a gente foi chamada na Delegacia 0 Delegado disse: Dona Esmeralda, a senhora infelizmente no tem mals cabeca de gado. Minha mae nao acreditou no Delegado. ... 0 Delegado disse: Dona Esmeralda a senhora quer que a gente vd na sua propriedade, enquanto esta em poder dele, para efetuar a priséo? Ela ndo queria, pela questao da confianca. Dai eu disse: Mainha, vamos averiguar, vamos averiguar, até porque 0 patriménio também é nosso, meu e de minha irma, Quando chegamos ao denominador final, chegamos para ele, eu e minha m&e e disse: a gente quer contar o gado. Sé que ele ja tinha ido prestar depoimento na Delegacia, ele ja estava com a orelha de molho, como diz a histéria. O que foi que aconteceu, ele disse: té bom, vamos contar 0 gado. O gado ta onde? Perguntamos eu e minha mae, ele disse: estd na vargem. Esté certo, estou indo ai domingo e a gente vai contar esse gado. Fui no domingo, eu, minha mae e meu ex marido. Quando chegamos ld, realmente tinha um gado na vargem, 58 que como tinha chovido muito estava impossibilitado de poder passar. Estava muita lama e realmente tinha 21 of 60 02/08/2022 0 TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DE SERGIPE https://www.tjse,jus.br/tinet/jurisprudencia/relatorio. wsp?tmp.numpr muito gado. © gado era praticamente igual ao de minha me, porque o gado de minha mae era mestico. Nao era nelore, aquele gado branquinho. Como a gente viu de longe realmente entava ser o gado de minha mae, af ele falou, o ZE BRACINHO: Dona ESMERALDA, a gente nao tem como passar para lé Porque est impossibilitado, porque tem muita lama, Eu e minha mae questionamos: de quem é esse terreno que 0 gado esté? Ele disse: esse terreno é de um dono de uma radio 14, esqueci o nome, mas est ai porque ele também prestou depoimento ld. QUE nao era vizinho ao nosso. Perguntei: de quem é esse gado? Ele disse que era do dono dessa rddio. Peguei e fui atrés do dono da radio. Com certeza ele ja sabia que sabiamos, Doutor. Eu fui atrés do dono da rédio, chegado no dono da rédio conversei com ele, expliquei ¢ questionei a ele se algum funciondrio de minha mae teria arrendado, como ele falou, pedido para colocar 0 gado dela Id. Porque na fazenda de minha mae estava sem comida, segundo ele disse, & tinha ido colocar Id por causa das palhas. O proprietério da radio disse que nem conhecia ele e que aquele gado nao era o de minha mae, que aquele gado que ele supostamente mostrou como sendo de minha mie era de um marchante, FAVORITA. Fui procurar FAVORITA, amigo de meu pai h muitos anos, meu pai j8 falecido, ele falou: olhe Dona ESMERALDA e ALICE, realmente, esse gado nao é da senhora, esse gado que esta I4 é meu. No terreno do dono da radio, Até entao ele no sabia que estévamos indo atrés, Ligamos para ele no outro dia e quando ligamos jé no conseguiamos falar mais com ele, ele ja tinha fugido. Ele morava no Conjunto, mas ele dormia Id. Passei um dia ligando ¢ ele nao atendia. Passei © outro dia ligando ¢ ele nao atendia. Passel a ligar para a esposa dele. A esposa dele disse que ele tinha saido, tinha viajado, sé que eu ja sabia que ele tinha fugido. Nesse intermédio, minha mae estava fazendo umas cercas, ele tinha pedido um remédio para botar no gado, pegou em maos esse remédio e na verdade nao era para gado nenhum. Um dia recebemos uma ligaco da Delegacia dizendo que umas reses de minha mae foram encontradas em um sitio de um rapaz, que eu também n&o conheco, pedindo que a gente fosse até Id pare poder reconhecer essas reses. Um feriado antes 0 Delegado entrou em contato com a gente perguntando se tinha autorizacdo deles entrarem Id para conferir algumas coisas. Nessa vistoria que eles fizeram encontraram um ferro, de um rapaz chamado no sei o que Ié Honorato. . Eles j4 tinham ido Ié no terreno dessa pessoa, jé tinham levado outras pessoas que conheciam 0 gado de minha me e disseram que era de Dona ESMERALDA. Se me perguntar também quem foram essas pessoas eu no sei. Foram 4 reses e um bezerrinho. Quando a gente chegou IA foi com um Policial, para Ihe ser sincera eu no tive comunicacao... foi o pai dele quem estava ld e parece que passou mal, nao tive comunicagdo, foi 14, verificamos as reses, os policiais levaram para o terreno de minha mae. Chegando lé, 0 filho desse ZE BRACINHO e companhias comecaram a sacanear com a gente. Derrubaram a casa de minha mae, tocaram fogo, comecaram a roubar postes, todos os dias eram ligagdes e ligacdes, minha mae ja estava assustada, eu assustada, a gente jé estava assustada de ir I. Eu disse: minha mae, nao vai dar certo essas reses aqui, 0 prejuizo que a senhora est tendo, isso aqui no é nada. Vamos entrar em contato com a Justiga e vamos ver como é que a gente faz. Foi quando 0 Delegado WELLINGTON chegou e disse: vamos fazer o seguinte, melhor do que estar aqui, vamos pedir autorizag3o para poder vender essas reses. Essas reses foram vendidas e foram depositadas em julzo, vinculado 20 proceso. Eu tentei vender essas reses a todo mundo que conhecia e até fora de Proprid, s6 que ninguém em Proprié queria comprar e com toda razéo. Teve gente que queria até pagar valor maior que o pretendido, mas quando sabia que tinha que ir até a Delegacia ninguém queria ir, Eles | arrumaram a quem vender e depositaram em Juizo, eu no sei a quem foi vendido. Foram varias conversas e a gente no sabe qual que é a verdade. As conversas eram que ele vendia a um policial que tinha um mercadinho no conjunto, ele abatia e vendia a carne ja. Outra versio foi que vendia para os marchantes em Cedro de Séo Jogo. Outra versao é que trocou numas ovelhas com um rapaz que esté af no processo e que outro rapaz foi fazer o tramite de poder se destocar com essas ovelhas... entéo assim, foram varias conversas. A real, até onde estou sabendo, que foi do depoimento dele, do ultimo, que ele assumiu que tinham furtado e que tinham vendido e que era junto com o vaqueiro da propriedade vizinha de minha mae, que é 0 DINHO que est fugido, Propriedade de Dra MARLENE. Furtou umas reses dela, mas ela conseguiu capturar. QUE entre o terreno da mae e de Dona MARLENE, ZE BRACINHO abriu uma passagem e minha mée nao sabia. A gente ficou sabendo ngo sé dessa, tinham outras que a fazenda de minha mée é grande. La para dentro tinha uns currais que ele praticava vaquejada de mato. A gente no sabia de nada disso. Quando a gente ficou sabendo que o Delegado contou para gente essas vaquejadas eram praticadas em feriados e dia de domingo. Entao o que fazia, parava Snibus, topics para ocorrer as partidas lé deles no meio do mato, La dentro, quando a gente descobriu tudo tinha uns 3 a 4, ndo me recordo muito bem, inclusive tirei foto, mandei para o Delegado e tudo e realmente tinha essa passagem. E os prémios da vaquejada, segundo outra verso, eram os garrotes de minha mae. Que tudo isso era coordenado e administrado pelo ZE BRACINHO e DINHO. Que essa passagem existia e foi derrubada. Nao sé ela, como as outras também 22 of 60 02/08/2022 0 TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DE SERGIPE https://www.tjse,jus.br/tinet/jurisprudencia/relatorio. wsp?tmp.numpr Tem o do caminhao, que é o ANTONIO ALVES SANTOS, 0 TONTOM. QUE transportava os gados roubados, nao sé de minha mae, como também de outras pessoas. Também esta fugido. Esse HONORATO, que € 0 do ferro que foi encontrado na propriedade de minha mae. Esse FIDELIS que é 0 rapaz que foi encontrado as reses. IEIE, que segundo disseram foi quem levou as ovelhas, pegou as ovelhas, que fez a troca com o gado furtado, a gente tentou até procurar ele, que ele & muito amigo de ZE BRACINHO, conversar com ele, que ele sabia de alguma coisa, mas nao deu resultado nenhum. As Unicas pessoas que conheco nesse proceso séo ZE BRACINHO e ARNALDO e 0 que eu falei que era amigo de meu pai, FAVORITA. Ele ndo estava envolvido em furto, mas sabia de tudo por ser vizinho. E procuramos ele e tudo e ele disse que nao quis falar porque talvez a gente nao acreditaria. E ele se envolveu no processo porque o gado dele é quem estava Id na vargem. Segundo os comentarios e depois eu vi quando tudo foi se encaixando, os comandantes, segundo diz a histéria, seria ele (ZE BRACINHO) e 0 DINHO. Que com certeza a fazenda de sua mée era a sede onde se reuniam ja que foi pego gado de outras pessoas no local. Tudo comegou porque tinha um gado I que nao era de minha mie e o proprietério desse gado entrou em contato com os pol dizendo que estava la, que tinha sido furtado e estava la. S6 que a gente néo sabia de nada. ” (Destaquei) Do depoimento prestado pelo acusado José Francisco dos Santos, o qual deixo de transcrevé-lo, com 0 desiderato de evitar repeticdes desnecessérias, infere-se que, quanto ao furto perpetrado em face da vitima Esmerada Sousa Tavares, 0 acusado José Adelson dos Santos, conhecido por “Zé de Falate’, também fora chamado para participar, tendo todos os apelantes aceitado a proposta, sob a promessa de receber a quantia de R$ 6.000,00 (seis mil reais). A esposa do acusado José Francisco dos Santos, Maria Raquel dos Santos, em juizo, afirmou que o seu marido conversava muito por telefone com Edilson, Jodo Paulo e Dinho, contrariando a assertiva declinada por aquele de que no conhecia nenhum dos acusados, como também que as conversas eram sobre gado, cavalo e vaquejada, Asseverou ainda que "IEIE sé aparecia na minha casa em época de vaquejada, ele ia para correr mato, ai ia IEIE, meu menino que tem 16 anos e o ZE BRACINHO. O PRETO foi umas 2 vezes, mas era mais por telefone. TOMTOM eu ouvia por ligacdo, mas em pessoa nao conhego. O ZE BRACINHO mentia muito. Quando 0 policial meu amigo veio saber disso tudo, foi quando tudo foi descoberto. Na fazenda de Dona ESMERALDA, eu jé fui com ela Id, mas de morar Id no. Tinha uma amizade com ela no sentido que ela ajudava, tava pagando o tratamento do meu filho de dente, e recebia um dinheiro, era 100 reais por semana. Ligavam muito, mas eu nao sabia dizer nada, porque eu néo vivia na fazenda. Nao sei dizer se 0 gado de Dona ESMERALDA foi recuperado. A fazenda de Dona ESMERALDA é vizinha a de Dona MARLENE. ” Como se vé, 0 grupo criminoso obteve vantagem ilicita, mediante a pratica de infracdes penais (furtos e receptaco de bovinos e equinos), cujas penas maximas so superiores a 4 (quatro) anos. Deve-se, ainda, registrar a estabilidade e permanéncia do grupo criminoso, considerando-se os diversos crimes acima mencionados, bem como o lapso temporal, j4 que as provas coligidas aos autos revelam que aco criminosa iniciou-se em 2015 até o primeiro semestre de 2016, quando entao a organizacao foi desarticulada A esse respeito, é cristalino 0 fato de que, no presente caso, os integrantes do grupo nao apenas constituiram um concurso de agentes para a pratica de furtos e receptagdo, mas permaneceram 23 of 60 02/08/2022 0 TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DE SERGIPE https://www.tjse,jus.br/tinet/jurisprudencia/relatorio. wsp?tmp.numpr associados no cometimento de praticas delitivas, conforme a vasta documentagao acostada ao feito assim ‘0 demonstra. Desta forma, nao ha como acolher a tese defensiva de atipicidade do crime de organizacao criminosa almejada pela defesa dos apelantes. III - DO DELITO DE RECEPTACAO QUALIFICADA PRATICADO PELO REU EDILSON VIEIRA DOS SANTOS: Conforme relatado, a defesa almeja, mais uma vez, a absolvicgo do apelante, lastreando-se novamente na assertiva da fragilidade probatéria, nos termos do art. 386, inciso VII, do CPP, invocando a aplicagao do Principio do In Dubio Pro Reo. Vejamos o que preceitua 0 tipo penal aqui discutido (art. 180, §1°, do CP) Art. 180 - (...) Receptacao qualificada § 1° - Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depésito, desmontar, montar, remontar, vender, expor & venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito préprio ou alheio, no exercicio de atividade comercial ou industrial, coisa que deve saber ser produto de crime, Pena - reclusdo, de trés a olto anos, e multa. Do arcabouco probatério produzido nos autos, restou devidamente testificado que o apelante praticou 0 delito de receptagio qualificada em face das vitimas Claudemir Pereira Andrade e Jucimar Bezerra Santos. \Vejamos o depoimento da vitima Claudemir Pereira Andrade: “Bom dia, me chamo CLAUDEMIR PEREIRA DE ANDRADE. Foi em 2016, tem mais ou menos 1 ano e meio. Eu vivo de pastorar, tenho um gadinho vive pastorando, quando dé 11h30min, eu prendo meu gado para quando der 13h, eu sair com o gado de novo. Deu 13h eu fui no curral pegar 0 gado, chegando 14 o gado no estava, a porteira estava aberta. Corri para um lado e para 0 outro perguntando para um e para o outro e disseram que nao viram, isso pelas bandas de 14. Quando vim pelas bandas de cé, vi um senhor que conheso, perguntei se ele viu o gadinho passando, ai ele disse que passou dois rapazes com um gado, perguntei pra qual banda eles foram, ele disse que foi para banda de lé, ai perguntei se ele viu onde o gado entrou e ele disse “olha, o gado té nessa fazenda ai", tem uns cacadores que caca nessa mata € viu um gado preso no curral. Eu fui Id, em ponta de pé, por dentro da mata com medo deles, chamei meu irméo e outro rapaz fui la, quem estava la era o EDILSON, ai ele se espantou dizendo que néo tinha sido ele, tinha sido o amigo dele o JOAO PAULO. Eu falei que nao queria saber, pois tinha achado o gado na mao dele e na do outro, ai fui na Delegacia e dei queixa. Eu tenho um terreno lé no matadouro, eles ficam 14, sé faco prender e nos dias faco pastorar nos becos, all na linha do trem no ferro velho, quando é no verdo eu pego palha de arroz ai boto no curral para eles ficarem comendo. Quando percebi e encontrei em posse do EDILSON na propriedade de ESMERALDA, Prestei queixa ai a Policia foi e prendeu o JOAO PAULO, depois que ele abriu 0 jogo foi e prendeu o EDILSON também. Eu peguei meu gado e fui me embora. Nao tenho ‘conhecimento de nenhum furto de cavalo, Doutor, eu nao sei quem é esse homem citado nao, vejo falar, mas nao sei, tenho ele como gente boa, nunca me fez mal. Nao sei dizer referéncia nenhuma dele. N&O sei se ele trabalha ou ja trabalhou para Dona ESMERALDA nao. Néo acompanhei se esse 24 of 60 02/08/2022 0 TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DE SERGIPE https://www.tjse,jus.br/tinet/jurisprudencia/relatorio. wsp?tmp.numpr pessoal esta envolvido em alguma coisa de outro furto e nem sei dizer nem por “ouvi dizer’ S6 sei que meu gado estava em posse deles, do EDILSON e do JOAO PAULO. Nao sei nada de Dona ESMERALDA, nao conheco ela, nao sei nada da rotina dela, JOAO PAULO foi o que levou 0 gado, EDILSON foi que pegou o gado na mata e estava em poder dele. Nao conheco nenhum DINHO, nem NHENHE, nem TOMTOM, nem PRETO. Nao conheco o JOSE ARNALDO, nem o CICERO, nem JOSE ADELSON. Recuperei todo o gado. Meu gado chegou todo cortado de arame, botei remédio € sarou, o prejuizo que tive foi que gastei 300 reais com remédio para 0 gado. Esse JOAO PAULO é muito perigoso, ele é traicoeiro, além de fazer isso comigo passa pelo terreno mangando de mim, a ultima vez foi na segunda-feira da semana passada. Nao quero gente desse tipo, ndo quero coluio, ladrao vai pra 14, ai manga de mim, passa por dentro do meu terreno para passar pela pista, eu e meus irmdos j4 pedimos e & 0 mesmo que nada. 0 EDILSON nao me diz nada. 0 gado foi encontrado dentro do curral na mata, que nao dava pra ver nada. 0 EDILSON disse que no foi ele, nesse terreno nao tem cerca, s6 se esto fazendo agora, mas na época era sé mato, Nao sei dizer quem tomava conta do terreno néo, Fle sai Perguntando ao povo, ai viram ele entrando na fazenda; Quando cheguei, ele estava lé na frente, ele ndo estava ld com gado, ele tinha levado 0 gado. Nao conheco nenhum desses citados, Foram subtraides 15 gados, dava uns 10 , fiquei uns 3 a 4 dias sem elas, cagando, Ach 15, eu que fui pegar todas elas. Eu fui mais meu irmao, peguei o gado sem a Justica, eu peguei © gado e depois dei queixa na Delegacia. 0 EDILSON que me entregou. Eu nao tinha contato nenhum com 0 JOAO PAULO, eu acho que ele estava me investigando para fazer o roubo. Eu no 0 conhecia, foi depois do roubo que ele comecou a passar por dentro do terreno. Meu irm&o mora la, disse, “olha, culdado, 0 JOKO PAULO esté pasando por aqui". Ele sorri, me achando um abestalhado, ai ele passou umas 3 vezes, ai meu irmao pediu e ele parou. Nao sei dizer se ele passa armado, nunca vi. Ele passa sé. Eu estava no curral s6. Ali é uma rua sé, a entrada e sai na rua da linha do trem, ele passava no sei para onde ia, passava pra ir para os fundos, era em torno de 10h da manha. Nao tenho conhecimento que ele tenha dito em algum momento que era menor de idade. ” (Destaquei) Outrossim, quanto ao delito de receptagdo praticado em face da vitima Jucimar Bezerra Santos, as provas carreadas aos autos revelam que 0 cavalo fora subtraido por Joao Paulo dos Santos, tendo os réus, Edilson Vieira dos Santos, Magno Balbino dos Santos e José Francisco dos Santos, recebido e ocultado a res furtiva, na Fazenda Joo Tavares, estando cientes de que se tratava de produto de crime. A aludida vitima, perante a autoridade policial (Termo de Depoimento - fl, 74), relatou que teve o seu cavalo furtado e que, apés alguns dias, teve conhecimento, por amigos, que 0 aludido animal estava em poder de um individuo conhecido por Jogo Paulo. Ao procurar saber onde poderia encontré-lo, obteve a informagao de dois possiveis lugares, um deles era a residéncia de Edilson, que era amigo dele Asseverou que, na casa de Edilson n&o encontrou nada, mas, ao chegar na Fazenda Jodo Tavares, encontrou Edilson e gados que pertenciam ao Senhor Claudemir. Todavia, no encontrou o cavalo de sua propriedade e quando Jogo Paulo o avistou, saiu correndo. Em seguida, ao alcangé-lo, entraram em luta corporal e depois que a policia chegou, Joo Paulo foi conduzido a delegacia. Em juizo, 0 policial militar Joo Paulo Rocha de Andrade Brito, em juizo, confirmou a verséo apresentada pela vitima na fase investigativa: “N3o sou parente dos acusados, prometo em dizer a verdade. QUE eu lembre, participel da ecorréncia envolvendo o JOAO PAULO, na Fazenda de Joao Tavares. Na hora tinham dito que ele tinha roubado um cavalo. Nao lembro o nome do dono do cavalo, Atuaram comigo o Tenente Evangelista e o Sargento Armstrong. Quando chegamos no local, nés vimos uma zoada muito grande. Tinham varias pessoas 14, inclusive o vaqueiro da fazenda, vulgo ZE BRACINHO, e estavam acusando esse JOAO PAULO de ter roubado esse cavalo. Perguntamos onde estava esse cavalo, ele disse que estava no meio do mato, saimos entao para procuré-lo, sem obter éxito, simplesmente assim. Nés encaminhamos 0 pessoal para a Delegacia para tomarem providéncias. Quando chegamos I4, 0 JOAO PAULO jé estava detido pelos presentes, pela vitima e por outras pessoas. No momento, nao tinha mais ninguém sendo acusado por esse fato. A atitude do ZE BRACINHO era apatico, normal, nem defendia e nem acusava o JOAO PAULO. Por nome eu no lembro, no sei identificar. A propriedade conhecemos como "Fazenda de Joao Tavares’ nao sel quem & 0 proprietério. Nao lembro quem falou, mas uma das pessoas daquele melo 25 of 60 02/08/2022 0 TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DE SERGIPE https://www.tjse,jus.br/tinet/jurisprudencia/relatorio. wsp?tmp.numpr falou que o JOAO PAULO ja tinha subtraido algumas reses e que escondia naquele mato, daquela fazenda, fora isso nao sei. Logo apés esse fato, ficamos sabendo que esse ZE BRACINHO € quem ocultava as reses I4, que participava desse esquema. Nao participel da investigacao, s6 tomei conhecimento, a ocorréncia Id sé foi isso. O JOAO PAULO tinha reconhecido que tinha furtado 0 cavalo quando saimos em busca. Ndo lembro como era para ter acesso a essa fazenda, porque se nao me engano a porta estava aberta, nao lembro se era cercada. O cavalo nao fol encontrado, pelo meu conhecimento, investigagdo no é mais com a gente. (Destaquei No mesmo sentido, foi o depoimento do agente de seguranca ARMSTRONG ANDRADE, que estava presente na dilig&ncia que culminou na priso em flagrante de JOAO PAULO DOS SANTOS: “Nao tenho nenhum grau de parentesco com os envolvidos, prometo dizer a verdade. Participei de uma dilig€ncia na fazenda de ESMERALDA no ano de 2016, de um furto de um cavalo, de reses nao. Eu estava no patrulhamento normal da cidade, fomos solicitados via 190 e eles passaram para nés que dois elementos tinham amarrado outro elemento e tinha adentrado naquela fazenda, na mata, e que estavam no intuito de matar esse elemento, a primeira dendncia foi essa. Ciente do caso, nos dirigimos com a viatura composta pelo soldado Brito e Ionasse, ai paramos de frente para a porteira solicitamos 0 dono da fazenda, o encarregado, o vaqueiro, pedi permissdo para entrar, expliquei que dois elementos passaram com um outro amarrado, pela BR, e que esse cara seria executado dentro da fazenda, dentro do mato, aio cara liberou para que entréssemos. Por sinal, um cara chamado JOAO PAULO estava sendo acusado de furtar um cavalo do senhor JUCIMAR BEZERRA, e eles realmente tinham amarrado esse elemento para que tomasse conta do cavalo, Eu tomei a frente e pedi para que desamarrasse o JOAO PAULO, pois ele iria mostrar onde estava localizado esse cavalo que estava dentro do mato dessa fazenda. Ali é uma mata virgem muito extensa e densa. Ai comecamos a fazer junto dele, com ‘© dono do cavalo mais meus pol buscas por dentro do mato, onde ele deixado 0 cavalo. Nés rodamos a fazenda toda, ficamos quase 3h dentro do mato atrés do cavalo, voltamos para sede, informei ao Tenente Evangelista que era 0 oficial do dia e ele que nos orientou a fazer 0 procedimento e levasse para a Delegacia, tendo em vista também que 0 JOAO PAULO estava com umas escoriacées, acho que devido a alguma luta, nao sei, por ter sido amarrado, mas que o cavalo nao foi encontrado, a verdade é essa. Fizemios 0 procedimento esse sentido, pois era o dono do cavalo mais algumas testemunhas acusando-o de ter furtado esse cavalo contra a palavra dele, ent&o no achei outro caminho, além de o encaminhar para a Delegacia e informar a0 Delegado. Nao lembro o nome das testemunhas que estavam |. Quem mobilizou 0 JOA PAULO foi 0 JOSEMAR. Pelo nome nao lembro quem estava 18, mas sei que tinham mais pessoas alm do JOSEMAR e 0 JOAO PAULO. A gente conhece essa fazenda por nome de "Fazenda Doutora”, fica as margens da BR. Ficamos lé por 3h e ele negando a gente onde o cavalo estava amarrado, chegava em determinado ponto que ele dizia que estava e nao estava, fazendo a gente de jota, de 11h até 13h. J4 ouvi dizer que essa fazenda era usada para ocultar animais de propriedades vizinhas. Nao sei dizer se houve participacdo de outras pessoas. O cavalo nao foi recuperado. Além do dono havia na faixa de umas 6 pessoas, um grupo razodvel de pessoas. (Destaquei). Outrossim, & pacifico na doutrina ¢ na jurisprudéncia de que a apreensdo de bens em poder do acusado determina a inverséo do énus da prova, impondo a ele o dever cabal de explicar os fatos e provas que alega, com 0 desiderato de elidir o delito ou demonstrar a aquisicdo licita daqueles bens, 0 que, in casu, no ocorreu A respeito desse assunto, segue o julgado: APELACAO CRIMINAL. RECEPTAGAO, PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO COM NUMERAGAO RASPADA E PORTE DE DROGAS PARA CONSUMO PESSOAL. ABSOLVICAO QUANTO AO CRIME PATRIMONIAL. IMPOSSIBILIDADE. DOLO. COMPROVADO. BEM DE ORIGEM ILICITA ENCONTRADO NA POSSE DO REU. INVERSAO DO ONUS DA PROVA, CONDUTA TIPICA. ROUBO MAJORADO. ABSOLVIGAO. INVIABILIDADE. RECONHECIMENTO FOTOGRAFICO PELA VITIMA. PROVA ADMISSIVEL. REGIME INICIAL SEMIABERTO EM RELACAO A RE PRIMARIA MAIS ADEQUADO A ESPECIE OFICIAR. 1. Em se tratando de crime de receptaao, em que o bem é apreendido na posse do réu, inverte-se o é6nus da prova, competindo ao acusado provar o desconhecimento quanto a 26 of 60 02/08/2022 0 TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DE SERGIPE |https://www.tjse jus. br/tinetjurisprudencia/relatorio.wsp?tmp.numpr origem ilicita da res. 2. Quando a vitima afirma categoricamente reconhecer a acusada, em todas as fases em que é ouvida, sua palavra é bastante para fundamentar 2 condenagéo, mormente quando corroborada por outros elementos de prova. 3, O reconhecimento, como uma extensio da prova testemunhal, é habil a formacdo do livre convencimento motivado do julgador, inclusive quando realizado por meio de fotografia. 4. Em se tratando de ré primédria e tendo sido a pena aplicada em patamar inferior @ 08 anos, nao obstante a anélise desfavoravel de duas circunstancias judiciais previstas no art. 59 do CP, 0 regime inicial intermediario deve ser aplicado quando se revelar mais adequado as peculiaridades do caso concreto. 5. Oficiar. (TI/MG - AC 1.0231,16.010345-4/002, Des. Relator Marcilio Eustaquio Santos, Data do Julgamento: 11.12.2019, DJe: 18.12.2019) ~ Destaquei. Destarte, diante do acervo probatério produzido nos autos, a meu sentir, o réu tinha conhecimento da origem ilicita dos bens subtraidos por Joo Paulo, subsumindo-se sua conduta no art. 180, §1°, do CP, no merecendo acolhimento a assertiva de fragilidade probatéria declinada pela defesa. IV- DA DOSIMETRIA: Subsidiariamente, a defesa dos réus, Anténio dos Santos Alves e Robson Santos Honorato, refutam a dosimetria penal fixada pelo magistrado de primeiro, pugnando pela fixagéo da pena no seu patamar minimo. DA ANALISE DA DOSIMETRIA QUANTO AO REU ANTONIO DOS SANTOS ALVES: Inicialmente, colaciono a dosimetria fixada em relaco ao acusado ANTONIO DOS SANTOS ALVES: 3.1.¢ - DO REU ANTONIO DOS SANTOS ALVES: a) DO CRIME DE FURTO QUALIFICADO EM QUE FOI VITIMA ESMERALDA SOUZA TAVARES. Culpabilidade: Restou desfavordvel, uma vez que € nitida a reprovabilidade de sua conduta. Vale ainda ressaltar, que caminha nesse mesmo sentindo a teoria das janelas quebradas ou "broken windows theory". Um modelo norte-americano de politica de seguranca publica no enfrentamento e combate ao crime, tendo como viséo fundamental a desordem como fator de elevacao dos indices da criminalidade. Nesse sentido, apregoa tal teorla que, se nao forem reprimidos, os pequenos delitos ou contravencées, conduzem, inevitavelmente, as condutas criminosas mais graves, em vista do descaso estatal em punir 0s responsavels pelos crimes menos graves. Torna-se necesséria, ento, a efetiva atuacéo estatal no combate & criminalidade, seja ela 2 microcriminalidade ou a macrocriminalidade. Por esses e outros motivos situados nos presentes autos, verifico ser desfavordvel a conduta praticada pelo réu; Antecedentes: 0 réu nao possui maus antecedentes; Conduta social: poucos elementos foram coletados a respeito de sua conduta social, razio pela qual deixo de valord-la; Personalidade do agente: valoro como neutra, ante a auséncia de informacdes nos autos relativas & personalidade do réu Motivos do crime: constituem-se pelo desejo de obtengdo de lucro facil, motivo pelo qual ndo deve ser 27 of 60 02/08/2022 0 TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DE SERGIPE |https://www.tjse jus. br/tinetjurisprudencia/relatorio.wsp?tmp.numpr valorada em favor do réu; Circunstancias: so naturais 8 espécie, nada tendo a valorar; Consequéncias extrapenai causado a vitima; do crime: foram desfavoraveis, tendo em vista o prejuizo patrimonial Comportamento da vitima: a vitima do delito em nada contribuiu para a pratica do delito, assim, nao milita em favor do condenado. ‘Apés a anélise das circunstdncias judiciais, infere-se que existem 03 (trés) circunst&ncias negativas, razo pela qual fixo a pena base em 04 (quatro) anos e 03 (trés) meses de reclusdo. Inexiste nos autos circunstancias agravantes e atenuantes, razio pela qual mantenho a pena intermedigria em 04 (quatro) anos e 03 (trés) meses de reclusdo No se encontram presentes causas de diminuigéo, nem de aumento de pena motivo pelo qual, fixo a pena em definitivo em 04 (quatro) anos e 03 (trés) meses de reclusao. Passo a dosar a pena de multa. Levando-se em conta as circunst&ncias judiciais jé analisadas (art. 59 do CP), observadas as diretrizes do art. 68 do CP e guardando proporcionalidade com a pena-base jé delineada, fixo a pena de multa em 10 dias-multa b) DO CRIME DE ORGANIZACAO CRIMINOSA Culpabilidade: Restou desfavordvel, uma vez que é nitida a reprovabilidade de sua conduta. Vale ainda ressaltar, que caminha nesse mesmo sentindo a teoria das janelas quebradas ou "broken windows theory”. Um modelo norte-americano de politica de seguranca publica no enfrentamento e combate ao crime, tendo como visao fundamental a desordem como fator de elevacao dos indices da criminalidade. Nesse sentido, apregoa tal teoria que, se no forem reprimidos, os pequenos delitos ou contravengées conduzem, inevitavelmente, as condutas criminosas mais graves, em vista do constituem-se pelo desejo de obtengdo de lucro facil, bem como pela especial perniciosidade e vilaneza da organizagio criminosa integrada pelo acusado, motivo pelo qual nao deve ser valorada em favor do réu; Quanto aos antecedentes crimi verifica-se no haver condenacies anteriores em desfavor do réu; Conduta social: poucos elementos foram coletados a respeito de sua conduta social, razo pela qual deixo de valoré-la; Personalidade do agente: valoro como neutra, ante 2 auséncia de informacées nos autos relativas & personalidade do réu. Motivos do crime: constituem-se pelo desejo de obtencao de lucro facil, bem como pela especial perniciosidade e vilaneza da organizagio criminosa integrada pelo acusado, motivo pelo qual néo deve ser valorada em favor do réu; Circunstancias: so naturais 8 espécie, nada tendo a valorar; Consequéncias do crime: foram préprias do tipo; Comportamento da vitima: em nada contribuiu para a produgdo do resultado, dessa forma no beneficia 0 denunciado. Apés a anélise das circunstancias judiciais, infere-se que ha quatro circunstancias negativas, raz3o pela qual fixo a pena base em 04 (quatro) anos e 03 (trés) meses de reclusdo. Verifico que n&o hé atenuantes, nem agravantes, razéo pela qual mantenho a pena intermediaria em 04 (quatro) anos e 03 (trés) meses de recluséo. N3o se encontram presentes causas de diminuicSo, nem de aumento de pena, motivo pelo qual mantenho a pena definitiva em 04 (quatro) anos e 03 (trés) meses de recluséo. Passo a dosar a pena de multa. Levando-se em conta as circunstancias judiciais j4 analisadas 28 of 60 02/08/2022 0

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