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Trata-se de ação indenizatória em que alega a parte autora, em síntese, ter adquirido passagens aéreas para
o trecho Maringá - Curitiba, para os dias 16/10/2020 a 18/10/2020, pelo valor de R$ 701,17. Em razão da
pandemia e questões pessoais, os autores buscaram alterar a data do voo por diversas vezes, sendo
informados que deveriam arcar com o pagamento de taxa de remarcação. Ao solicitar a restituição do
valor pago, tiveram o pedido negado. Postulam a devolução do valor pago, além de indenização por danos
morais.
Sobreveio sentença julgando parcialmente procedentes os pedidos iniciais, condenando as rés à restituição
do valor de R$ 701,17 no prazo de 12 meses, conforme preconiza a Lei 14.034/2020.
Inconformada, a parte autora interpôs recurso inominado, requerendo a restituição imediata dos valores
pagos e a condenação das requeridas ao pagamento de indenização por danos morais.
Em síntese, é o relatório.
Passo ao voto.
Satisfeitos os pressupostos processuais viabilizadores da admissibilidade deste recurso, tanto os objetivos
quanto os subjetivos, deve ser ele conhecido.
O caso em tela se trata de uma típica relação de consumo, pois as partes enquadram-se nos conceitos de
consumidor e fornecedor constantes nos artigos 2º e 3º do Código de Defesa do Consumidor.
No mérito, tem-se por incontroversos os fatos arguidos pela parte autora, eis que devidamente
demonstrados pelos documentos de mov. 1.7 – 1.9.
Acerca do reembolso das passagens, importante destacar o que a legislação prevê para o caso de
cancelamento/adiamento de viagem durante o período de pandemia do coronavírus.
Sobre o tema, foi editada a Lei nº 14.034/2020 e alterada pela Lei nº 14.174/2021, que em seu artigo 3º
prevê:
Assim, como destacou a sentença, a consumidora tem interesse na restituição do valor pago, de modo que
aplicável o art. 3º da Lei 14.034/2020, onde a devolução deverá ocorrer em até 12 meses.
Acerca dos danos morais, propriamente ditos, consistem na lesão de um direito causado por um ato ilícito
que fere o sentimento mais íntimo da pessoa, abalam a sua honra, a sua personalidade, de modo que para
a comprovação do dano moral, é imprescindível a presença de condições nas quais ocorreu a ofensa à
moral, à honra, à personalidade, à dignidade do ofendido.
No caso presente, a situação narrada não ultrapassou o mero dissabor, não ficando demonstrado que a
cobrança indevida de taxa de remarcação ou negativa de reembolso tenha gerado danos de ordem
extrapatrimonial, eis que ausente qualquer prova neste sentido.
Ante o exposto, voto pelo desprovimento do recurso interposto, conforme razões expostas acima,
devendo ser mantida a sentença por seus próprios fundamentos.
Não logrando êxito no recurso, condeno a parte recorrente ao pagamento de verba de sucumbência, que
fixo em 20% sobre o valor da condenação. Custas devidas na forma do artigo 4º da Lei nº 18.413/2014.
Observada a concessão do benefício de justiça gratuita, na forma do artigo 98, § 3º, CPC.
Ante o exposto, esta 5ª Turma Recursal dos Juizados Especiais resolve, por unanimidade dos votos, em relação
ao recurso de David Junes da Silva, julgar pelo(a) Com Resolução do Mérito - Não-Provimento, em relação ao
recurso de Alessandra Carlessi Uejo, julgar pelo(a) Com Resolução do Mérito - Não-Provimento nos exatos termos
do voto.
O julgamento foi presidido pelo (a) Juiz(a) Manuela Tallão Benke, com voto, e dele participaram os Juízes
Fernanda De Quadros Jorgensen Geronasso (relator) e Camila Henning Salmoria.
Juíza Relatora