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Batatais
Claretiano
2013
© Ação Educacional Claretiana, 2010 – Batatais (SP)
Versão: dez./2013
981 C84h
ISBN: 978-85-8377-057-2
CDD 981
Preparação Revisão
Aline de Fátima Guedes Cecília Beatriz Alves Teixeira
Camila Maria Nardi Matos Felipe Aleixo
Carolina de Andrade Baviera Filipi Andrade de Deus Silveira
Cátia Aparecida Ribeiro Paulo Roberto F. M. Sposati Ortiz
Dandara Louise Vieira Matavelli Rodrigo Ferreira Daverni
Elaine Aparecida de Lima Moraes Sônia Galindo Melo
Josiane Marchiori Martins
Talita Cristina Bartolomeu
Lidiane Maria Magalini
Vanessa Vergani Machado
Luciana A. Mani Adami
Luciana dos Santos Sançana de Melo
Luis Henrique de Souza Projeto gráfico, diagramação e capa
Patrícia Alves Veronez Montera Eduardo de Oliveira Azevedo
Rita Cristina Bartolomeu Joice Cristina Micai
Rosemeire Cristina Astolphi Buzzelli Lúcia Maria de Sousa Ferrão
Simone Rodrigues de Oliveira Luis Antônio Guimarães Toloi
Raphael Fantacini de Oliveira
Bibliotecária Tamires Botta Murakami de Souza
Ana Carolina Guimarães – CRB7: 64/11 Wagner Segato dos Santos
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, a transmissão total ou parcial por qualquer
forma e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição na
web), ou o arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito do
autor e da Ação Educacional Claretiana.
CRC
Ementa––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Da Proclamação da República à consolidação do regime (1889-1894): dispu-
tas políticas, conflitos sociais e quadro econômico. A República das Oligarquias
(1894-1930): as estruturas sociais, econômicas e políticas, o contexto internacio-
nal, movimentos sociais e culturais. A Revolução de 1930 e a Era Vargas (1930-
1945): o Governo Provisório e a Revolução dos paulistas, em 1932; a Constitui-
ção de 1934 e o Governo Constitucional; os extremismos da década de 1930
e o golpe do Estado Novo; a Constituição de 1937 e as estruturas política e
econômica; a Segunda Guerra e o fim da ditadura varguista.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
1. INTRODUÇÃO
Seja bem-vindo!
O principal objetivo deste estudo é resgatar e analisar o pro-
cesso histórico brasileiro que se estende da Proclamação da Re-
pública, em 1889, até o fim da Era Vargas, em 1954. Pretendemos
situá-lo de uma perspectiva o mais ampla possível, levando em
conta uma abordagem econômica, política, social e cultural.
10 © História do Brasil III
Abordagem Geral
Prof. Ms. Rodrigo Touso Dias Lopes
Glossário de Conceitos
O Glossário de Conceitos permite a você uma consulta rá-
pida e precisa das definições conceituais, possibilitando-lhe um
bom domínio dos termos técnico-científicos utilizados na área de
conhecimento dos temas tratados no Caderno de Referência de
Conteúdo História do Brasil III. Veja, a seguir, a definição dos prin-
cipais conceitos:
1) Positivismo: corrente filosófica de grande repercussão
na Europa e no Brasil, não só ao longo do século 19, mas
também em parte do 20. O pensamento positivista foi
sistematizado pelo francês Auguste Comte (1789-1857).
Comte acreditava que a fonte principal de organização
da sociedade está na fórmula “amor, ordem e progres-
so”, ou seja, “o amor procura a ordem e a impele para o
progresso; a ordem cosolida o amor e dirige o progresso;
o progresso desenvolve a ordem e reconduz ao amor”
(RIBEIRO JR., 1984, p. 31).
2) Jacobinismo: termo surgido no contexto da Revolução
Francesa (1789-1799), relativo aos revolucionários de
origem pequeno-burguesa que defendiam medidas re-
publicanas mais radicais. Os jacobinos propunham pro-
fundas transformações nas estruturas econômica, políti-
ca e social. Posteriormente, o termo foi empregado em
outros momentos da História. Entre eles, na conjuntura
da transição da Monarquia para a República no Brasil.
Para o “jacobinismo” brasileiro, “não bastava que o re-
gime fosse republicano e federativo. Deveria ser presi-
dencialista sobretudo, já que esta era a fórmula mais
diretamente oposta ao parlamentarismo da Monarquia”
(QUEIROZ, 1986, p. 90).
3) Oligarquia: termo de origem grega e que significa “go-
verno de poucos”. Foram os próprios gregos que apli-
Conflitos e Militares Consolidação
cisões internas do regime
Economia Oligarquias Coronelismo
rural
Novos grupos Transição para a
Era Vargas economia
no poder
urbano-industrial
Trabalhismo
+
Populismo
+
Intervencionismo
+
Autoritarismo
Figura 1 Esquema dos Conceitos-chave do Caderno de Referência de Conteúdo História do
Brasil III
O Esquema dos Conceitos-chave é mais um dos recursos de
aprendizagem que vem se somar àqueles disponíveis no ambiente
virtual, por meio de suas ferramentas interativas, bem como àqueles
relacionados às atividades didático-pedagógicas realizadas presen-
cialmente no polo. Lembre-se de que você, aluno EaD, deve valer-se
da sua autonomia na construção de seu próprio conhecimento.
Questões Autoavaliativas
No final de cada unidade, você encontrará algumas questões
autoavaliativas sobre os conteúdos ali tratados, as quais podem ser
de múltipla escolha, abertas objetivas ou abertas dissertativas.
Responder, discutir e comentar essas questões, bem como re-
lacioná-las com a prática do ensino de História, pode ser uma forma
de você avaliar o seu conhecimento. Assim, mediante a resolução de
questões pertinentes ao assunto tratado, você estará se preparando
para a avaliação final, que será dissertativa. Além disso, essa é uma
maneira privilegiada de você testar seus conhecimentos e adquirir
uma formação sólida para a sua prática profissional.
Você ainda encontrará, no final de cada unidade, um gabari-
to que lhe permitirá conferir as suas respostas sobre as questões
autoavaliativas (as de múltipla escolha e as abertas objetivas).
Bibliografia Básica
É fundamental que você use a Bibliografia Básica em seus
estudos, mas não se prenda só a ela. Consulte, também, as biblio-
grafias complementares.
Dicas (motivacionais)
O estudo deste Caderno de Referência de Conteúdo convida
você a olhar, de forma mais apurada, a Educação como processo
de emancipação do ser humano. É importante que você se atente
às explicações teóricas, práticas e científicas que estão presentes
nos meios de comunicação, bem como partilhe suas descobertas
com seus colegas, pois, ao compartilhar com outras pessoas aqui-
lo que você observa, permite-se descobrir algo que ainda não se
conhece, aprendendo a ver e a notar o que não havia sido perce-
bido antes. Observar é, portanto, uma capacidade que nos impele
à maturidade.
Você, como aluno do curso de Graduação na modalidade
EaD e futuro profissional da educação, necessita de uma forma-
ção conceitual sólida e consistente. Para isso, você contará com
a ajuda do tutor a distância, do tutor presencial e, sobretudo, da
interação com seus colegas. Sugerimos, pois, que organize bem o
seu tempo e realize as atividades nas datas estipuladas.
É importante, ainda, que você anote as suas reflexões em
seu caderno ou no Bloco de Anotações, pois, no futuro, elas pode-
rão ser utilizadas na elaboração de sua monografia ou de produ-
ções científicas.
Leia os livros da bibliografia indicada, para que você amplie
seus horizontes teóricos. Coteje-os com o material didático, discuta
a unidade com seus colegas e com o tutor e assista às videoaulas.
No final de cada unidade, você encontrará algumas questões
autoavaliativas, que são importantes para a sua análise sobre os
conteúdos desenvolvidos e para saber se estes foram significativos
para sua formação. Indague, reflita, conteste e construa resenhas,
pois esses procedimentos serão importantes para o seu amadure-
cimento intelectual.
Lembre-se de que o segredo do sucesso em um curso na
modalidade a distância é participar, ou seja, interagir, procurando
sempre cooperar e colaborar com seus colegas e tutores.
EAD
A Proclamação da
República:
O Acontecimento
e o Conhecimento
1
1. OBJETIVOS
• Retomar e apresentar as origens da ideia de República no
Brasil desde o final do período colonial até as circunstân-
cias que culminaram com a Proclamação da República, no
dia 15 de novembro de 1889.
• Situar, historicamente, a proclamação da República a
partir do fim da Guerra do Paraguai e do lançamento do
Manifesto Republicano de 1870, marco da propaganda
republicana.
• Mapear as interpretações das diversas correntes historio-
gráficas que procuraram analisar os significados da Pro-
clamação da República.
• Resgatar os depoimentos e testemunhos da Proclamação
da República, procurando relacioná-los às diversas cor-
rentes republicanas.
32 © História do Brasil III
2. CONTEÚDOS
• A ideia de República no Brasil: do período colonial à pro-
paganda da 2a metade do século 19.
• O Brasil da 2a metade do século 19: do fim da Guerra do
Paraguai à decadência das instituições monárquicas.
• A Proclamação da República: testemunhos e interpretações.
Saldanha Marinho
Quintino Bocaiúva
Lopes Trovão
Aristides Lobo
Campos Salles
Francisco Glicério
Rui Barbosa
Joaquim Nabuco
Alberto Salles
Benjamim Constant
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Vamos para mais uma etapa de estudos sobre a História do
Brasil. Para iniciar, trataremos das origens do pensamento republi-
cano no Brasil, desde os tempos coloniais até o processo histórico
que culminou com o dia 15 de novembro de 1889, quando um
golpe, encabeçado pelo Marechal Deodoro da Fonseca, colocou
fim à experiência monárquica iniciada logo após a independência
política em 1822. Como vimos no Caderno de Referência de Con-
teúdo História do Brasil II, dos sessenta e sete anos de existência
do regime monárquico, o reinado de Pedro II foi o mais longo, atin-
gido, praticamente, cinquenta anos, período no qual o Brasil viveu
grandes transformações no campo econômico e social.
Sob esse reinado, o café tornou-se o produto-chave da
economia brasileira, ligando-a aos mercados internacionais, que
passaram a consumi-lo em grande quantidade. Acompanhando
o ritmo de crescimento da demanda por café no exterior, houve
o aumento dos negócios internos ligados ao "ouro verde": novas
fronteiras agrícolas foram abertas, alargando o território produti-
vo que se iniciou no Vale do Paraíba e atingiu seu auge no Oeste de
São Paulo; a necessidade por mão de obra facilitou a entrada em
número cada vez maior de trabalhadores livres vindos da Europa;
a riqueza gerada possibilitou a modernização do sistema de trans-
© U1 - A Proclamação da República: O Acontecimento e o Conhecimento 37
7. O 15 DE NOVEMBRO DE 1889
A marcha dos fatos que culminou com o 15 de novembro
remonta a uma reunião na casa do Marechal Deodoro da Fonse-
ca, ocorrida quatro dias antes, na qual tomaram parte Francisco
Glicério, Quintino Bocaiúva, Aristides Lobo, Benjamim Constant,
Major Frederico Sólon Sampaio Ribeiro e Rui Barbosa. No encon-
tro, discutiu-se e planejou o desencadeamento do golpe contra a
Monarquia, prevendo, inclusive, a data de 20 de novembro para
sua realização.
Nos dias seguintes à reunião conspiratória, intensificou-se a
agitação nos quartéis e batalhões, agitação essa encampada pelo
Major Sólon, responsável pela divulgação de boatos segundo os
quais o governo havia ordenado a prisão dos principais oficias do
Exército, entre eles o Marechal Deodoro e Benjamim Constant,
provocando, com isso, indignação ainda maior na tropa. Notícias
8. TEXTO COMPLEMENTAR
A historiadora paulista Maria de Lourdes Mônaco Janotti
discorda da versão historiográfica dominante, segundo a qual não
houve contestação à implantação da República em novembro de
1889. Na obra Os Subversivos da República (1986), ela propõe uma
revisão historiográfica sobre os primórdios da República no Brasil,
Os subversivos da República–––––––––––––––––––––––––––
Após a proclamação da República consagraram-se dois mitos sobre o aconteci-
mento: o do consenso nacional e o da indiferença da população. E ambos reali-
zaram uma mesma função, ou seja, obscureceram os conflitos que se travaram
entre os grupos políticos e sociais. Generalizou-se assim, a partir de então, a
versão, veiculada inclusive pelos manuais didáticos, de que não houve oposição
ao novo regime nem houve discordâncias entre os republicanos sobre o modelo
de República adotado.
Todavia, os primeiros anos republicanos caracterizaram-se pelas várias decre-
tações de estado de sítio, pelo arbítrio e violência como formas de resolver os
desentendimentos da classe dominante e neutralizar as manifestações das con-
tradições entre as diferentes classes sociais.
O estudo do comportamento dos monarquistas recupera para a História do Brasil
a visão dos destituídos do poder, bem como revela aspectos da violência como
prática de dominação.
Na realidade dois grupos de opinião delinearam-se entre os políticos da Monar-
quia frente ao novo regime: o dos que achavam que a situação era reversível e o
daqueles que aderiram à situação; restauradores de um lado e neo-republicanos
de outro. Os dois grupos foram tratados com rigor pelos primeiros cronistas da
história republicana, a exemplo de Felício Buarque. Aos restauradores atribuíam
todas as maquinações tendentes a desmoralizar a imagem do país no exterior,
a confundir a opinião pública e a semear a discórdia entre os patriotas; e aos
neo-republicanos, ou adesistas, atribuíam um comportamento caracterizado pelo
oportunismo e pela ausência de princípios. Em nenhum instante, porém, tentou-
-se compreender as profundas divergências que já grassavam nos partidos do
Império sobre a eventualidade de um terceiro reinado, e que sem dúvida, aliadas
a outras razões de ordem estrutural, haviam desatado os laços de solidariedade
dos políticos para com a Monarquia.
Com o passar dos anos, foram esmaecendo na historiografia as tintas fortes com
que os primeiros críticos retrataram os restauradores e os adesistas; vencidos os
primeiros, sobre eles desceu a pecha de visionários; vencedores os segundos,
amalgamaram-se aos personagens republicanos.
Logo de imediato à proclamação da República aparece o grupo dos inconforma-
dos – no exílio e no Brasil. As formas que eles encontraram de contestação ao
regime variaram: pronunciamentos pessoais, manifestos coletivos, conspirações
em parceria com grupos republicanos descontentes e, principalmente, sustenta-
ção de uma imprensa combativa.
Vozes isoladas inicialmente foram, pouco a pouco, se arregimentando em peque-
nos grupos que, com o tempo, mantiveram estreitos contatos entre si. Organiza-
ram-se em torno de políticos influentes do Império, cercaram-se de jornalistas
© U1 - A Proclamação da República: O Acontecimento e o Conhecimento 53
9. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
Sugerimos que você procure responder, discutir e comentar
as questões a seguir, que tratam da temática desenvolvida nesta
unidade, ou seja, a decadência das instituições monárquicas no
Brasil, a Proclamação da República e as interpretações que esse
fato teve na posteridade.
A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para
você testar o seu desempenho. Se você encontrar dificuldades em
responder a essas questões, procure revisar os conteúdos estuda-
dos para sanar as suas dúvidas. Esse é o momento ideal para que
você faça uma revisão desta unidade. Lembre-se de que, na Edu-
cação a Distância, a construção do conhecimento ocorre de forma
cooperativa e colaborativa; compartilhe, portanto, as suas desco-
bertas com os seus colegas.
Confira, a seguir, as questões propostas para verificar o seu
desempenho no estudo desta unidade:
1) Aponte as contradições internas que tiveram papel decisivo para a derroca-
da do Segundo Reinado.
2) Explique com suas próprias palavras quem eram os grupos atuantes na con-
juntura política de 1889 e quais eram seus respectivos projetos de república.
10. CONSIDERAÇÕES
Vimos nesta unidade que a Monarquia chegou ao fim no ano
de 1889 por fruto de suas próprias contradições internas, na me-
dida em que suas instituições não foram capazes de dar conta das
novas necessidades que emergiram a partir do desenvolvimento
econômico do país, verificado na segunda metade do século 19
e alavancado em grande parte pelo café. Com o progresso mate-
© U1 - A Proclamação da República: O Acontecimento e o Conhecimento 55
11. E-REFERÊNCIAS
Lista de figura
Figura 1 – Texto da lei que aboliu a escravidão: disponível em: <http://www.
coolegiosaofrancisco.com.br/alfa/abolicao-da-escravidao-no-brasil/im>. Acesso em: 26
mar. 2009.