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Este texto foi feito para dar dicas para quem não tem experiência em provas de
FT (Field Target). Está pressuposto que o atirador está começando agora, tem
ou vai comprar uma arma de mola e não quer fazer grandes investimentos
iniciais.
Ou seja, um texto simples a acessível, dentro da realidade de quem está
começando na modalidade. Não vai abranger armas do tipo PCP, técnicas
como estimativa de distância com lunetas e tabela de clicks de compensação.
O FT tem alguns fatores que tornam a prova mais interessante: As distâncias
não são conhecidas, são realizadas em ambiente externo, exposto aos
elementos, em especial o vento e a luminosidade variada.
Escolha do calibre
Os calibres comuns são: 4.5 ou 5.5mm.
O calibre 5.5 tem chumbos mais pesados, e por isto possuem mais retenção de
energia. O que significa que ao longo da distância, vai perdendo menos
velocidade por conta do arrasto aerodinâmico.
No entanto, com a mesma potência, uma arma no calibre 4.5 vai disparar o
projétil com mais velocidade. Afinal a potência é massa x velocidade2.
Exemplo: Digamos duas armas de mola com os mesmos 16J de potência. Em
ambas o esforço para armar é praticamente o mesmo, assim como o tranco ao
disparar, afinal a potência é a mesma.
No calibre 5.5, com um chumbo de 1,03gramas, ele sairá da arma a 176m/s.
No calibre 4.5, o chumbo equivalente tem 0,547gramas. Ele sairá da arma a
241 m/s
Desta forma, a trajetória fica “mais tensa”, ou seja, existe menos queda com a
distância. Como no FT você não sabe a distância dos alvos, se você errar
muito esta estimativa, a compensação da queda do chumbo será incorreta, e
pode errar o alvo.
Escolha da carabina
No FT, o equipamento é muito exigido:
- Deve ter potência suficiente para desarmar um alvo de FT a 50 metros;
- Deve ter precisão suficiente para por exemplo, acertar um Kill Zone (KZ) de
40mm a 49 metros.
No caso, armas que são perfeitas para atirar em alvos de papel a 10m vão
sofrer com falta de energia para acertar os alvos mais distantes.
Por outro lado, não adianta ter aquela arma “magnum” que praticamente
precisa dos dois braços para armar, que pode ser divertida para atravessar
latas a 10m, mas não acerta nada depois dos 30m.
Conclusão:
Como dizia aquela propaganda de pneus: “Potência não é nada sem controle”.
Mas, se você já tem a sua arma e está feliz com ela, aproveite. Mais tarde você
pode ficar mais exigente, então pode usar destas informações para auxiliar na
sua escolha.
Escolha da munição:
Costuma-se dizer que “Quem escolhe o chumbo é a arma, não o atirador”.
Então você deve pode escolher os chumbos que a arma mais gosta, dentro do
seu orçamento é claro.
O melhor é fazer um teste com a máxima variedade de chumbos que você tiver
disponibilidade, para saber quais chumbos sua arma melhor se adapta. Tendo
esta relação pronta, você sabe os limites da sua arma, e pode escolher a
munição de acordo com seu orçamento.
Algumas dicas para economizar na escolha dos chumbos para seus testes:
Chumbos bons para distâncias maiores normalmente são os de ponta
arredondada. Chumbos de ponta chata são muito precisos a 10m, mas tem um
coeficiente balístico que não ajuda na precisão depois de uns 25m. Os de
ponta bicuda ou com ponta oca, são bons para penetração ou expansão, mas
são ruins em precisão.
Mais uma variável a considerar para deixar os seus testes mais direcionados:
Chumbos muito pesados não irão agrupar bem em armas não tão potentes. Via
de regra, em armas de mola, chumbos mais pesados resultam em menos
potência, (massa x velocidade2), apesar de parecer o contrário.
Por outro lado, chumbos leves demais em armas magnum são disparados
muito mais rápidos (>275m/s) e a turbulência vai atrapalhar a precisão.
Use uma mesa que seja firme e um ponto de apoio confiável, como uma
estativa ou sandbags.
Faça pelo menos 5 tiros no alvo. Não se preocupe se não acertar exatamente
onde você está apontando, o que vale aqui é o agrupamento.
Depois, meça a distância dos dois furos mais distantes um do outro. Meça a
partir do centro a centro (C-T-C) dos buracos. Anote este valor para comparar
com os outros chumbos.
Repita o teste para cada tipo de chumbo do mesmo jeito. Encontre os chumbos
que melhor agruparam e repita o teste até se sentir confiante na consistência
dos resultados.
Com este entendimento, você pode escolher uma determinada distância para
zerar a luneta, por exemplo, 30m. Isto vai depender da sua arma e sua
estratégia de compensação. Se você deixar a luneta zerada mais próxima,
pode ficar mais fácil (menos compensação) nos alvos nesta região. Por outro
lado, os alvos mais distantes vão ficar mais difíceis, pelo mesmo motivo.
Então na hora de atirar, pelo exemplo acima, quando você estimar que um alvo
esta a 15m, deve apontar para baixo (em relação ao centro do KZ), 20mm.
Este método serve para mira aberta e para luneta.
Existem outros métodos para fazer esta compensação:
Para cada distância/zoom da luneta v. estima quantos “mil-dots” tem que
compensar.
E o mais trabalhoso, mas mais sofisticado, é fazer uma tabela de clicks
da luneta, seguindo uma lógica semelhante.
Treinamento para FT
Pelas etapas anteriores, você já sabe os limites do seu equipamento (arma –
mira – munição), agora vamos conhecer os limites que fazem a diferença, o
atirador.
Visada
Para realizar essa tarefa com maior precisão, criou-se o “aparelho de pontaria”,
que no nosso caso é composto da alça de mira e da massa de mira.
Cabe lembrar, que é essencial que a sua empunhadura física esteja pronta, de
forma que obter o alinhamento alça/massa seja uma tarefa fácil e natural (ver
artigo sobre empunhadura).
Visto isso, vou arriscar um palpite: 99 % dos atiradores que estão lendo esse
artigo iniciaram atirando em um alvo normal, tiro real, tentando montar a figura
de visada com três elementos, alça/massa/alvo, e acionando o gatilho no
momento em que os três objetos se alinhavam. Vou arriscar outro palpite: 90 %
continua “tentando” atirar assim.
Nossa tarefa, por conseguinte, ficou mais simples: basta manter a figura
alça/massa alinhada, dentro da zona de visada, antes, durante e depois do
disparo. Conseguindo isso, a amplitude do seu arco de movimento e a
qualidade do seu acionamento determinam o tamanho do seu agrupamento no
alvo.
Vamos analisar então, quais são os requisitos para se cumprir essa tarefa e
que exercícios devemos fazer para melhorar nossa capacidade de realizá-la.