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Súmula 642-STJ: O direito à indenização por danos morais transmite-se com o falecimento do
titular, possuindo os herdeiros da vítima legitimidade ativa para ajuizar ou prosseguir a ação
indenizatória.
STJ. Corte Especial. Aprovada em 02/12/2020, DJe 07/12/2020.
Imagine a seguinte situação:
Francisco foi diagnosticado com tumor cerebral maligno.
O plano de saúde recusou-se a custear o tratamento, mesmo estando coberto pelo contrato.
Diante disso, Francisco ajuizou ação de obrigação de fazer cumulada com indenização por danos morais.
O juiz concedeu a tutela provisória de urgência determinando que o plano de saúde custeasse a cirurgia.
Os herdeiros de Francisco pediram para serem admitidos no processo como sucessores do falecido.
O plano de saúde se insurgiu contra isso afirmando que os danos morais se constituem em direitos da
personalidade e, portanto, não podem ser transmitidos.
Art. 943. O direito de exigir reparação e a obrigação de prestá-la transmitem-se com a herança.
Enunciado 454-CJF: Art. 943. O direito de exigir reparação a que se refere o art. 943 do Código Civil
abrange inclusive os danos morais, ainda que a ação não tenha sido iniciada pela vítima.
Embora a violação moral atinja apenas o plexo de direitos subjetivos da vítima, o direito à respectiva
indenização transmite-se com o falecimento do titular do direito. Logo, os herdeiros possuem legitimidade
ativa ad causam para ajuizar ação indenizatória por danos morais, em virtude da ofensa moral suportada
pelo de cujus. Caso a ação já tenha sido ajuizada pela vítima em vida, os herdeiros detêm a legitimidade
para prosseguir com ela figurando no polo ativo.
Vale ressaltar, mais uma vez, que não é o direito de personalidade da pessoa morta que é transmitido com a
herança. O direito da personalidade extingue-se com a morte do titular. O que se transmite, nesse caso, é
apenas o direito patrimonial de requerer a indenização.
O direito à indenização por danos morais é transmissível aos sucessores do falecido por ter caráter
patrimonial.
• Se ainda não foi aberto inventário: o espólio é representado pelo administrador provisório (art. 613 do CPC).
A doutrina ensina que, enquanto não há partilha, é do espólio a legitimidade ativa ad causam para pleitear
bem jurídico pertencente ao de cujus. Transitada em julgado a sentença que homologa a partilha, cessa o
condomínio hereditário e os sucessores passam a exercer, exclusiva e plenamente, a propriedade dos bens e
direitos que compõem o seu quinhão. Com a sentença que homologa a partilha, não há mais que se falar em
espólio, sequer em representação em juízo pelo inventariante, de tal forma que a ação deve ser proposta ou
continuada por aqueles que participaram da partilha, na condição de herdeiros.
O STJ, em todos os julgados que embasaram a edição da súmula, afirmou que o direito à indenização por danos
morais “transmite-se com o falecimento do titular do direito, possuindo o espólio ou os herdeiros legitimidade
ativa ad causam para ajuizar ação indenizatória por danos morais, em virtude da ofensa moral suportada pelo de
cujus” (STJ. 1ª Turma. AgInt no AREsp 1446353/SP, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 16/09/2019).
Nesse sentido, veja alguns exemplos:
A posição atual e dominante que vigora nesta c. Corte é no sentido de embora a violação moral atinja
apenas o plexo de direitos subjetivos da vítima, o direito à respectiva indenização transmite-se com o
cujus.
STJ. Corte Especial. AgRg nos EREsp 978651 SP, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 15/12/2010.
Embora a violação moral atinja apenas o plexo de direitos subjetivos da vítima, o direito à respectiva
ofensa moral
STJ. 3ª Turma. REsp 1040529/PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 02/06/2011.
O espólio e os herdeiros possuem legitimidade ativa ad causam para ajuizar ação indenizatória por danos
STJ. 4ª Turma. AgInt no AREsp 1567104/SP, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 29/06/2020.
Essa é a redação também de uma das teses do STJ:
Jurisprudência em Teses do STJ (Ed. 125)
Tese 5: Embora a violação moral atinja apenas os direitos subjetivos do falecido, o espólio e os
herdeiros têm legitimidade ativa ad causam para pleitear a reparação dos danos morais suportados
pelo de cujus.
O STJ, contudo, sem que o tema tenha sido debatido com profundidade em algum precedente posterior aos
julgados acima transcritos, decidiu excluir da redação da súmula a legitimidade do “espólio”, deixando
apenas a dos “herdeiros”.
Diante disso, a solução mais “segura”, por enquanto, é considerar tão somente os herdeiros como
legitimados. No entanto, será necessário aguardar os novos julgados a serem proferidos após o enunciado
para podermos ter certeza se o objetivo do STJ, ao mencionar apenas os herdeiros, foi realmente o de negar
a possibilidade do espólio continuar ou ajuizar a ação.