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Sinopse
Calliope Thorne é uma boa menina. Uma aluna exemplar, uma
seguidora de regras e uma aspirante a bailarina.
Mas, acima de tudo, ela é uma boa irmã para seus quatro irmãos
mais velhos.
Irmãos que ela ama e adora um bocado. Irmãos que a amam e a
adoram também.
E que odeia apenas uma coisa - Reed Jackson.
Rico, arrogante e o cara mais popular de Bardstown High, Reed é o
inimigo dos irmãos de Callie e ela jurou ficar longe dele.
Até uma noite em que ela entra na floresta e se encontra em suas
garras. Um vilão com lindos olhos cinza e um sorriso sedutor.
Até que ele a pede para dançar para ele com um olhar que a faz
esquecer por que se apaixonar pelo inimigo de seus irmãos é uma má
ideia.
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Nota da Autora:
A temporada de futebol do colégio vai de agosto a outubro. Mas
por causa da história, a linha do tempo foi alterada.
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Ele tem lindos olhos cinza, cinza metálico que às vezes brilham à
noite.
Tanto que as pessoas os chamam de olhos de lobo.
Sua mandíbula é esculpida e angulada, um verdadeiro V, e sua pele
parece mármore de valor inestimável. Além disso, as pessoas dizem que
ele tem pele de vampiro invernal.
Dizem que ele tem magia, magia negra, correndo em suas veias.
Se uma garota olhar em seus lindos olhos de lobo, ninguém poderá
salvá-la de se apaixonar por ele.
Ninguém poderá salvá-la de ter seu coração partido também.
Porque ele nunca se apaixona. Ele é imponente. Todo mundo sabe
disso.
Ele é um destruidor de corações. Um conquistador.
As pessoas dizem que ele nem tem coração ou, se tem, ele está
escuro como breu.
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Mas ele sabe brincar com o seu.
Ele sabe como brincar com isso. Como jogá-lo para o alto apenas
por diversão e como amarrá-lo com cordas e brincar com ele como uma
marionete. E quando fica entediado, sabe como deixar escapar por entre
os dedos e cair no chão, quebrando-o em pedacinhos.
No entanto, as garotas não podem deixar de voltar para mais. Muitas
e muitas vezes.
Elas não podem deixar de voltar para o Wild Mustang.
Ou simplesmente o Mustang.
É assim que as pessoas o chamam. Esse é o apelido de futebol dele.
Ele joga futebol, sim.
O futebol é bastante popular na nossa cidade. Na verdade, ele é a
lenda do futebol de Bardstown High. E ele é tão majestoso e encantador
como um mustang indomado. Tão imprudente, nervoso e completamente
hipnotizante.
Embora eu não o chame assim.
O nome que dou a ele é algo completamente diferente, algo que
inventei depois de muita deliberação e pensamento: um vilão.
É assim que o chamo.
Um vilão lindo, na verdade. Porque, bem, ele é lindo, mas é um
vilão, e tenho bons motivos para acreditar nisso.
Quatro bons motivos.
Quatro motivos superprotetores, autoritários e mais velhos. Os meus
irmãos. Que o odeiam com todo o arsenal em seus corações.
Bem, nem todos eles o odeiam com
todo o arsenal em seus corações. Só um
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dos meus irmãos sabe, o Ledger. Os outros três simplesmente o odeiam
de uma forma normal.
Por que Ledger o odeia mais?
Porque o Vilão lindo é o rival de futebol do Ledger.
Meu irmão também joga futebol e é uma lenda de si mesmo. Eles o
chamam de Angry Thorn1, porque meu irmão é um cabeça quente e
nosso sobrenome é Thorne.
De qualquer forma, os dois jogam pelo mesmo time. E devem ser
potencialmente amigos e ter o mesmo objetivo.
No entanto, eles não são - amigos, eu quero dizer. E eles não têm o
mesmo objetivo, de forma alguma.
Provavelmente porque ambos são atacantes na Bardstown High. Um
é da esquerda e o outro da direita e, basicamente, eles deveriam ajudar
um ao outro.
Mas não se ajudam porque eles têm essa competição antiga e
contínua, em que quem marcar mais gols na temporada vence.
É uma questão de orgulho, honra e muita testosterona.
Não sei como começou essa competição, a rivalidade, ou como você
quiser chamar, mas os dois levam isso muito a sério. Todo o time deles,
que é dividida nos apoiadores do meu irmão, os apoiadores do Thorn, e
seus apoiadores e apoiadores do Mustang, levam isso a sério também.
A cidade inteira também.
2Amigas: ela está sendo irônica ao dizer que ele tem muitas amigas. É uma
insinuação como se tivesse muitas “amiguinhas”.
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quando a garota certa aparecer. Ele está apenas sendo um idiota agora.
— OK. – eu concordo. — É bom saber.
— É mesmo?
— O que?
Tempest se vira completamente para mim então. — Gosto de você.
Eu acho que você é legal. E acho... – ela abaixa a voz. — Que você tem
uma grande queda por meu irmão. E...
— Ah, meu Deus. Pare.
Olho ao redor para ter certeza de que ninguém está ouvindo nossa
conversa.
Embora o estádio esteja tão barulhento e as pessoas estejam tão
focadas no jogo, duvido que alguém pudesse escutar, mesmo que eu
quisesse.
Mas tudo bem.
Não posso correr nenhum risco. Se alguém desconfiasse do fato de
que eu estava falando sobre ele, que a irmã de Ledger e Conrad estava
falando sobre ter uma queda pelo inimigo, eu nem sei o que aconteceria.
Ledger definitivamente mataria Reed. Definitivamente.
E então ele me trancaria em algum lugar, sabe-se lá quanto tempo,
por traí-lo, e eu nem mesmo o culparia.
Porque é uma traição, não é?
— O que foi? – Tempest pergunta confusa.
— Nem fale sobre isso.
— Por que não?
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— Porque você não pode. E porque eu não posso.
— Você não pode o quê?
Olho em volta novamente. Até chego ao ponto de me inclinar em
sua direção e abaixar minha voz. — Eu não posso gostar do seu irmão.
Ela também se inclina. — O que? Por que você não pode?
— Porque eu não posso.
— Sim, você disse isso. Mas o que isso significa?
— Isso significa que eu não posso. Eu não sou... – eu procuro uma
palavra adequada. — Permitida.
— Você não tem permissão?
— Não.
— Bem, quem é que não deu permissão a você?
Eu a encaro por um momento antes de dizer: — Olha, você não
mora aqui, então não sabe.
— O que eu não sei?
— Há uma rixa entre meu irmão e o seu. – Ela franze a testa e eu
explico: — Meu irmão odeia o seu irmão e o sentimento é mútuo, ok?
Portanto, nem fale sobre essas coisas.
Sua confusão só aumentou. — O que? Por quê?
Eu vou explicar tudo para ela, mas descobri que não preciso.
Quando eu puder mostrar a ela.
Porque o que acontece em todos os jogos já está acontecendo em
campo. As duas estrelas do Bardstown High estão se enfrentando.
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Você pensaria que, desde que Ledger se tornou o capitão, ele
tentaria evitar todos os tipos de brigas e discussões. Pelo menos no
campo. Mas não evitou.
Porque Reed não evita.
Desde que Ledger se tornou o capitão, a agressividade de Reed em
campo só aumentou.
Não tenho certeza do que trouxe a discussão atual, mas eles estão se
encarando.
Não posso ver suas expressões daqui, então tudo que eu tenho são
suas linguagens corporais e isso não está parecendo bem.
Há ombros tensos e costas rígidas. Posturas amplas e prontas para a
briga e guarda baixa.
Posso ler meu irmão como um livro e sei que ele está com raiva. Eu
sei que a veia em sua têmpora deve estar pulsando enquanto ele diz algo,
ou melhor, grita com Reed.
Que, por sua vez, parece completamente a vontade.
Reed parece não se importar que Ledger esteja quase enfiando o
dedo na cara dele. Ele não se importa que Ledger pareça que pode bater
no Reed a qualquer momento.
Mas acho que é tudo para se mostrar.
É tudo para provocar Ledger, para mostrar a ele que ele não pode
afetar o Reed, para bagunçar sua cabeça.
Reed tem sucesso também porque no segundo seguinte, Ledger
estende a mão e empurra Reed para trás.
Ah, Deus.
E, finalmente, temos uma reação.
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Ela pulsa por Reed como uma corrente elétrica, destruindo a sua
personalidade relaxada, tornando-o rígido e implacável. E quando Reed
dá um passo ameaçador para mais perto de Ledger, Ledger faz o mesmo,
reconduzindo-os a se encarar, com seus corpos suados e suas cabeças
inclinadas em direção ao outro como se estivessem trocando
confidências em vez de ameaças.
As duas feras, o Mustang e o Thorn.
Bem quando penso que vão começar a se socar, alguém intervém.
Meu irmão mais velho e o treinador deles, Conrad.
Ele absolutamente odeia essa rivalidade. Odeia. Ele odeia a raiva de
Ledger. Ele odeia a imprudência de Reed.
Ele odeia o fato de que todos os times do ensino médio em todo o
maldito estado sabem disso. Sobre como os dois craques do Bardstown
High não conseguem parar de medir forças no campo - palavras dele,
não minhas - e eles sempre tiram vantagem disso.
Meu irmão mais velho se coloca entre os seus dois jogadores,
colocando uma palma em cada um de seus peitos e os empurra para
longe.
Quando ele consegue separar os dois caras ofegantes e de aparência
raivosa, Conrad envolve suas grandes mãos em volta de seus pescoços e
os puxa novamente, falando-lhes umas verdades.
Quando ele termina, Conrad se endireita e os prende com seu olhar
severo por alguns segundos antes de soltá-los. E assim o jogo recomeça.
— Aquele é meu irmão. – digo a ela, repetindo suas palavras. —
Aquele que estava claramente tentando espancar seu irmão. Ledger. E
aquele que ficou entre eles? O Treinador? Aquele é meu irmão também,
Conrad.
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— Ah, uau. – Tempest deixa escapar.
— Sim. – eu concordo. — Vê? Você não pode nem brincar com
isso. Não em Bardstown.
Ela continua olhando para o campo por alguns segundos antes de se
virar para mim. — Então... eu não acho que você vai gostar do que vou
dizer a seguir.
— O que?
— Que acho que tenho uma grande queda por seu irmão. – Seus
olhos cinza - tão inconfundivelmente como os de Reed - se arregalam.
— Eu nunca vi alguém enfrentar meu irmão assim. Ledger.
Ela sussurra o nome dele com uma voz sonhadora.
— Eu não...
— Ah, e você vem comigo. – ela fala por cima de mim.
— Vou com você para onde?
— Para a festa.
— Que festa?
— A festa de pós-jogo que Reed sempre dá.
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Ele está sentado no capô do carro, de costas para mim, olhando para
algo na escuridão.
Ele não está com o moletom - agora é maio, então ele não deve
sentir tanto frio, mas ainda está - e através do tecido fino de sua camiseta
de cor clara, posso ver as suas costas musculosas movendo com cada
respiração que ele dá.
Eu sabia que ele estaria aqui.
Neste local, na floresta.
Localizada na periferia da cidade, onde foi sua festa naquela noite.
É aqui também que geralmente acabamos quando ele me leva para
passear.
Ele parece tão quieto, tão imerso em seus pensamentos, que sinto
que estou me intrometendo. Que sinto que deveria deixá-lo em paz.
Mas eu não posso.
Ele não disse isso, mas sei que ele precisa de mim.
Eu sei que ele precisa de alguém ao seu lado.
Então aqui estou.
Acontece que é tarde demais para ir embora de qualquer maneira.
Porque eu já tenho sua atenção.
Ele já sabe que estou aqui e se vira
abruptamente, com os olhos fixos em mim.
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Eu respiro fundo então.
No momento em que vejo seu rosto.
Todo machucado e espancado, coberto de cortes. Tanto que ele está
usando o seu moletom meio embolado para fazer pressão em sua
mandíbula.
De volta ao campo, quando a briga continuou a aumentar e uma
multidão estava se formando, os professores foram chamados. Eles
fizeram todos nós sairmos enquanto Conrad e o grupo de treinadores
tentavam interromper a briga. No caos de tudo isso, eu não conseguia
vê-lo. Eu também não conseguia ver Ledger.
Tenho certeza de que ele parece o mesmo.
Meu coração aperta dolorosamente enquanto vejo seus hematomas
na luz da noite que desaparece rapidamente.
Futebol idiota.
Eu odeio futebol.
Meus pensamentos se dissipam quando ele se move.
Ele toma um grande gole da garrafa que eu não sabia que ele estava
segurando - uma garrafa de bebida, eu presumo; o líquido dentro dele
parece tão transparente quanto água - e a joga contra o capô.
Jogando o moletom de lado, ele se levanta com um salto. — Que
porra você está fazendo aqui?
Eu abraço a bolsa no meu peito. — Eu vim para...
Ele não me deixa falar. — Você não deveria estar no ensaio?
— O ensaio acabou. Eu...
Ele faz outra pergunta antes que eu
possa terminar, com seus olhos procurando
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algo além dos meus ombros. — Como diabos você chegou aqui?
— Eu, hum, peguei uma carona com um amigo.
Seu olhar volta para mim, todo hostil. — Que amigo?
— Da dança. Seu irmão a estava buscando e ela disse que poderia
me deixar aqui. Estava voltando.
Seu olhar fica ainda mais hostil. — O irmão dela.
— Sim. Você o conhece. Ele é um veterano também. Jonathan
Andrews.
Este pedaço de informação faz a mandíbula de Reed ficar tão tensa
que eu tenho que morder meu lábio com a força.
— Andrews te deu uma carona.
— Sim. Eu conversei com ele um pouco e ele parece legal. Ele está
no clube de teatro e...
— Foda-se o clube de teatro. E foda-se Jonathan Andrews. – Suas
narinas inflam. — Você vai ficar longe dele.
— O que?
— Ficar longe. Dele. – ele resmunga com raiva.
— Por quê?
— Porque ele está com tesão por você. É por isso.
É por isso que ele concordou tão facilmente?
Para não apenas me dar uma carona, mas também para manter isso
em segredo na escola. Sophie, sua irmã, não vai ser tão complacente, eu
sei. Mas vou lidar com isso mais tarde.
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Meu único objetivo era chegar até Reed.
Eu pisco. — Eu não... Ele não... Ele estava apenas tentando me
ajudar.
Reed muda de posição como se estivesse se preparando para a
batalha. — Eu não acho. O que ele estava tentando fazer era estabelecer
as bases para que pudesse dar em cima de você mais tarde. Então você
fica longe dele, entendeu? Ele é um maldito idiota.
— E se eu não ficar?
Seu peito move uma e outra vez, que eu posso ver os músculos
esculpidos de seus peitorais, suas costelas movendo sob a camiseta,
fazendo-o parecer ainda mais perigoso do que o normal.
Acho que o moletom afasta seu perigo e o envolve com uma falsa
suavidade.
Sem isso, ele é todo músculos e ossos duros.
Suas mãos estão fechadas, com as veias salientes em seus pulsos e
nas costas das mãos. — Então, eu vou bater tanto nele que ele não
conseguirá dirigir pelo resto da vida.
Abraço minha bolsa com força e esfrego os meus braços, tentando
afastar os arrepios que surgiram com seu tom possessivo e ameaçador.
Tentando não perder o fôlego de uma vez.
— Você soa como meus irmãos. – digo. — Quando eles falam sobre
você.
— Pela primeira vez, concordo com eles. – Seus olhos brilhantes se
estreitam. — Embora o que eu gostaria de saber é onde diabos eles
estavam quando você entrou no carro do Andrews? Como puderam
deixar isso acontecer? Do que valem eles
se não podem mantê-la segura?
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Minhas coxas apertam e digo a ele em um tom sem fôlego: — Eles
não sabem. Mandei uma mensagem para Con e disse a ele que ficaria até
mais tarde, como de costume. Ele acha que estou no auditório treinando
como sempre faço.
Eu faço.
Também foi fácil.
Ele já esperava por isso, depois de semanas e semanas mentindo e
dizendo que eu precisava de horas extras para treinar.
Eu precisava dessas horas.
Mas principalmente porque eu queria passá-las com ele.
Esse cara que está me encarando e que eu sabia que não iria
aparecer no meu ensaio como ele costuma fazer.
— Então, você mentiu para eles. – conclui. — Novamente.
Eu concordo. — Eu queria vir ver você.
E, neste momento, percebo que, embora eu odeie mentir para meus
irmãos e manter segredos deles, ainda vou fazer isso. Eu ainda vou
mentir por ele agora e para sempre.
Eu vou mentir e me esconder. Vou procurar, fugir incessantemente.
Eu irei para onde ele estiver.
— Você se tornou uma grande mentirosa, não é? Por mim.
— Eu...
— Eu acho que você deveria ir embora. – ele comanda em uma voz
baixa e determinada.
Suas palavras me fazem mover.
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Mas não faço o que ele me diz para fazer.
Eu não vou embora.
Eu ando em direção a ele, diminuindo a distância entre nós.
— Ouviu o que acabei de dizer para você, porra? – ele pergunta,
agitado, me observando caminhar em sua direção.
Não respondo. Eu apenas continuo andando, com a minha mochila
na mão e os meus olhos em seu rosto lindo. Lindo e familiar e tão
dolorosamente querido para mim.
— Vá para casa. – ele resmunga, e eu continuo ignorando-o.
E quando eu finalmente, finalmente o alcanço, seu rosto abaixa e
suas palavras se tornam grossas. — Afaste-se de mim, Fae.
Ele sabe que mesmo quando está sendo resmungão e teimoso e um
idiota como está sendo agora, ele ainda me chama de Fae?
Sua fada.
E se ele fizer isso, me chamar pelo nome que me deu, como poderei
ir embora?
Como posso impedir meu coração de dar uma cambalhota no peito
quando estico o pescoço para olhar para ele, para sua forma alta?
Eu balancei minha cabeça. — Não.
— Que parte de você deve ir embora agora, não entendeu? Eu
estou...
— Eu trouxe a bolsa de primeiros socorros. Para seus ferimentos. –
eu falo sobre ele.
— Eu não preciso do sua bolsa de
primeiros socorros.
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Eu sabia que ele diria isso.
Portanto, digo outra coisa que gostaria de dizer. — Eu sinto muito.
— O que?
— Pelo que Ledger disse. – eu dou um passo mais perto dele, de seu
calor, de seu peito que respira violentamente. — Ele provocou você e
não deveria ter feito isso. Você estava indo embora.
Ele me encara por um momento. — Sim, bem, ele não estava
mentindo, estava?
Levanto a minha mão para tocar sua mandíbula onde ele estava
pressionando seu moletom agora descartado. Mas ele agarra meu pulso
para me impedir. — E eu sinto muito pelo seu pai. Eu não sei o porquê
ou como ou qualquer uma dessas coisas. Mas Tempest compartilhou um
pouco disso comigo e...
— Tempest deve manter a boca fechada. – diz ele com os dentes
rangendo e seu polegar esmagando meu pulso.
Mesmo assim, eu não estou desanimada. — Eu... eu estou aqui, no
entanto.
— Você está aqui para quê?
— Se você quiser falar sobre isso.
Reed fica em silêncio por um segundo como se ele não pudesse
acreditar que eu disse isso. Como se não tivesse ocorrido a ele que
alguém diria isso. — Você quer que eu fale sobre isso.
— Sim. – eu dou a ele um aceno tranquilizador. — Falar ajuda.
Mais uma vez, ele fica em silêncio por alguns segundos antes de
responder: — Claro que não. Falar não era
o que eu tinha em mente. Então, você
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realmente deveria chamar um táxi e ir embora.
Ele solta meu pulso então, pronto para me dispensar.
Mas ele não sabe que sem nada me parando, eu tenho carta branca.
Tenho carta branca para chegar ainda mais perto dele, carta branca
para colocar minha mão em seu corpo.
Seu peito.
Liso, musculoso e duro sob sua camiseta de algodão. Irradiando
calor.
Assim que eu o toco, ele para de respirar. Seu peito cessa todo
movimento e ele abaixa os olhos para olhar minha mão em seu corpo.
— Então o que é? – eu sussurro e ele olha para cima, com os seus
olhos de lobo brilhando. — O que está em sua mente?
A raiva nele, a agitação, é palpável e quando ele volta a respirar,
fica ainda mais assustador de alguma forma.
É como tocar um animal selvagem, acariciando seu corpo duro e
letal.
Mas não estou com medo.
Porque, estranhamente, acho que posso domesticá-lo.
Estranhamente, eu acho que sou a garota para domar este mustang
indomável.
— Tem certeza que quer que eu responda isso? – ele pergunta.
Seu desafio só me faz acariciar seu peito com delicadeza, ternura, e
ele range os dentes. — Sim. Diga-me.
— Estou avisando, Fae, você precisa
ir embora agora.
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Seus músculos vibram sob os meus dedos.
Como se seu coração frio e negro estivesse tentando se libertar da
gaiola de suas costelas, mas ainda não soubesse como.
— Por quê?
Ele se inclina sobre mim, com seu peito empurrando contra minha
mão. — Porque minha cabeça está toda fodida agora. E esta aqui é a
minha segunda garrafa de vodka. Então, eu não estou exatamente
pensando...
Em retaliação, eu o empurro de volta com minha mão e diminuo o
último centímetro entre nós.
Até agora, minha bolsa estava agindo como uma parede entre nós,
mas a soltei agora. Ela escorrega por entre nossos corpos e cai no chão
com um baque surdo.
Nenhum de nós sequer olha para ela, não.
Estou muito ocupada finalmente juntando seu corpo alto e duro com
o meu e ele está muito ocupado estando chocado que nossos corpos
estão se tocando.
Esta não é a primeira vez que nos tocamos assim.
Claro que não.
Ele me ajuda com meu treino. Ele me levanta, me ajuda em meus
saltos e giros. Ele sabe como é o meu corpo. Sei como é o corpo dele
também, todo duro e plano.
Poderoso.
Como se ele pudesse empurrar montanhas para abrir espaço para
seu grande eu e abrir a terra com as mãos
nuas se quisesse.
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Eu sei de tudo isso, mas nunca senti seu corpo assim.
Só porque eu quero. Só porque eu posso.
E ele também não.
Apesar de toda a sua má reputação e intenções vis, ele nunca tentou
nada comigo. Ele me ajuda e pronto.
Ele sempre foi controlado.
Comedido.
Respeitoso até.
Eu me pergunto se eu contar aos meus irmãos sobre isso, sobre a
natureza cuidadosa de Reed, quais seriam suas reações.
— Eu não quero que você pense. – digo, com meu pescoço esticado.
Seu abdômen se contrai com uma grande respiração que ele exala
enquanto olha para mim. — Você sabe que está no meio do nada, não é?
— Sim.
— A milhas de distância da civilização.
— Eu sei.
— Então, se gritar por ajuda, ninguém vai te ouvir. Nem mesmo
seus quatro irmãos mais velhos e inúteis, cujo único trabalho era
proteger você, mas eles não podem nem fazer isso direito, podem?
Seu tom áspero faz meu coração disparar mais rápido. — Eu não
vou gritar.
Outra respiração escapa dele. — Você irá. Se eu quiser que você
faça. – Seus olhos escurecem, assim como o céu ao nosso redor. — Se
eu te obrigar. E posso obrigar você a fazer
muitas coisas. Nesta floresta, eu sou um
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deus, Fae, e minha palavra é a única. Então, se disser para você se
afastar de mim e sair dessa floresta, você precisa fazer isso.
Eu não o escuto.
Claro que não.
Ele deve saber agora. Só porque ele me diz para fazer algo, eu não
vou fazer.
Não se eu não quiser.
Não sou a boa menina Callie para ele.
Sou sua Fae e então coloco minha outra mão em seu peito também,
como se quisesse mostrar o quanto má eu posso ser, o quanto ansiosa.
— Vou fazer isso. – sussurro. — O que você quiser. Tenho pra...
praticado.
Isso o confunde, minha empolgação e minha ansiedade. O pouco de
informação que eu deixei escapar. Eu não posso dizer que fiz isso
acidentalmente. Ou que eu não tinha intenção de fazer isso.
Eu tive todas as intenções.
Eu tinha essa intenção há dias, mas não sabia como trazê-la à tona.
Eu não sabia se deveria tocar no assunto ou não.
Dado o fato de que eu não deveria ter praticado tudo o que venho
praticando há dias.
— O que? – ele pergunta.
Se eu contar a ele, não há como voltar atrás. Então, não há duas
maneiras sobre o que eu sinto por ele.
Ele vai saber.
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Reed Roman Jackson, Wild Mustang, deus do futebol, o destruidor
de corações de Bardstown High, sabe que a boa menina, não tão caloura,
acaba de fazer dezesseis anos de idade, o coração bate por ele; meu
aniversário foi na semana passada e ele me comprou cupcakes e agulhas
de tricô novas e muitos fios.
Antes que eu possa me decidir de qualquer maneira, meus lábios
selam meu destino enquanto deixo escapar: — Você me disse outro dia,
no armazém que... que você não é tão fácil de cuidar...
Apesar da minha determinação em contar a ele, minha coragem
vacila quando eu realmente digo as palavras.
E eu tenho que baixar meus olhos.
Eu tenho que agarrar sua camiseta e morder meu lábio enquanto
uma sensação de borboletas se agitam em meu estômago.
— O que tem isso?
Sua voz rouca faz apertar meu estômago. — Você disse que se eu
cuidasse de você, teria os joelhos machucados, então eu...
Deus, por que não posso simplesmente dizer isso?
Eu deveria ser capaz de dizer isso.
Eu comecei isso, não foi?
— Você o que? – ele pergunta com um sussurro abafado.
Finalmente eu olho para cima e todo o meu medo e timidez
simplesmente se dissipam.
Ele parece como quando me vê dançar. No limite, intenso e
animado. — Então fico de joelhos. À noite.
— De joelhos.
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— Sim. – Meus joelhos formigam com todo o abuso dos últimos
dias. — Temos pisos de madeira em casa. Então eu me ajoelho e... eu
fico lá.
Seus lábios se abrem então.
Apenas um pouco, mas eu sei que é porque ele começou a respirar
pesadamente. Seu corpo inteiro está se movendo com ele.
— Por quanto tempo? – ele pergunta rispidamente.
— Muito tempo. Até que eu... – eu pressiono meus joelhos em suas
pernas. — Até eles começarem a ficar dormentes. E doloridos.
Eles começam a ficar doloridos, depois de ficarem assim pelo que
parecem minutos, horas e dias.
Eles começam parecer machucados depois do que parece ser uma
adoração.
Como se eu estivesse orando a Deus.
Só que meu deus é um demônio.
Um vilão com olhos de lobo e pele de vampiro.
E eu sinto seu coração vilão acelerando sob meu punho. — Você fez
seus joelhos doerem. Por mim.
— Sim. – eu sussurro, pressionando-me contra ele. — Mas isso não
é tudo. Eu também pratico outra coisa.
— O que?
— Você disse que poderia... você poderia cuidar de mim duas
vezes. Mas então eu não vou deixar. Então pratico para que eu possa.
— Como?
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Minhas coxas se apertam. — Eu me toco.
— Onde?
— Eu... na minha... você sabe onde.
Por fim, ele inclina o rosto na minha direção, todo machucado e
inchado em alguns lugares, fazendo-o parecer um criminoso.
Um bandido de quem eu deveria fugir. Mas eu me aproximo mais.
— Boceta. – ele diz. — Você toca em sua boceta.
Sou inundada por uma onda de calor com a palavra obscena e eu
aceno. — Sim.
Mas ele não vai me deixar escapar tão facilmente.
Ao dizer isso a ele, desencadeei algo nele. Uma besta, um predador,
então tudo que eu posso fazer é aproveita do fato de que ele finalmente
escolhe me tocar.
Ele não apenas me toca, ele me pressiona contra ele.
Com suas mãos na minha cintura, seus dedos cravando em minha
pele macia, ele se inclina ainda mais, escurecendo o mundo ao nosso
redor.
— Diga. – ele resmunga.
— Eu…
Seus dedos no meu corpo tornam-se insistentes. — Diga “Eu toco
na minha boceta”.
Meus próprios dedos cravam em seu peito quando o obedeço. — Eu
toco na minha bo... boceta.
— “E eu me faço gozar”.
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— E eu me faço gozar.
— “Para Roman.”
— Para meu Roman.
— Quantas vezes?
Tenho que recuperar o fôlego antes de poder contar a ele. — Du...
duas, às vezes três.
Seus olhos arregalam. — Três.
— Sim.
— Porque você estava praticando.
Meus pés de bailarina não conseguem ficar parados, então fico na
ponta dos pés. — Sim. Eu queria estar... pronta.
— Pronta. – ele sussurra também. — Porque você sabe que se eu
chegar perto dessa coisa, o jogo acaba, não é? Você sabe que eu a
lamberia, chuparia e foderia com o dedo como se nunca tivesse fodido
uma boceta antes.
— Si... sim.
— E eu a comeria, a foderia com minha língua até que ela ficasse
toda dolorida e esfolada como seus joelhos. Você sabe disso, não é?
Eu quero dizer que ele não deveria dizer palavrões tanto.
Que ele não deveria usar esse linguajar indecente.
Mas então eu estaria mentindo porque quero que ele o use.
Quero que ele diga essas coisas, eu quero que ele fale assim comigo,
como se ele fosse o cara mais indecente do mundo e eu fosse a garota
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mais inocente que nunca ouviu essas coisas antes, a garota que ele quer
corromper.
— Sim, eu sei. – digo a ele.
— Sim, você sabe que eu me tornei o que eles me chamam. Que se
eu sentir o seu cheiro, vou enlouquecer. Vou me tornar um animal, eu
vou mostrar os dentes e rosnar. E nada me acalmaria exceto ela, exceto a
visão dela, o gosto dela. Você sabe que vou me tornar um vilão para sua
boceta de fada.
Minhas mãos sobem em seu peito e os meus dedos seguram sua
mandíbula machucada, com meus polegares esfregando sua barba por
fazer. — Um vilão lindo.
Ele pressiona os dedos na minha cintura, quase me levantando do
chão. — Então você a estava preparando. Como a boa menina que você
é. Você a estava a deixando pronta para mim.
Eu envolvo meus braços em volta do seu pescoço. — Uhum.
— Em seu quarto.
— À noite. – eu continuo.
— E o que seus irmãos estavam fazendo?
— Dormindo.
— Onde?
— No final do corredor. – Algo violento passa por seu rosto, então
explico: — Mas está tudo bem. Porque sou silenciosa. Mordo o meu
travesseiro. Quando eu gozo.
Sua mandíbula se move para frente e para trás antes que ele de
alguma forma abra a boca e murmure. —
Então eles não sabem.
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— Não.
— Eles não sabem que todas as noites sua irmãzinha inocente toca
sua boceta inocente por mim. Para o cara que eles odeiam.
— Eu não quero que eles te odeiem. – eu confesso.
Ele ignora minhas palavras e continua: — Eles não sabem que ela se
ajoelha para ele. Ela esfrega a boceta até pingar e depois morde o
travesseiro para ficar silenciosa. Assim, ninguém sabe o que ela faz
quando tranca a porta à noite. E ela faz tudo para se preparar para o cara
sobre o qual a alertaram. Para que ele possa abusar dessa boceta e fazê-
la gostar.
— Eu poderia. Eu gostaria. – digo a ele como se ele ainda não
soubesse.
Ele engole então. — Eu sei que você faria. Porque eu faria isso ser
bom para você. Eu faria isso ser tão bom que você ficaria viciada. Você
se tornaria uma viciada e me imploraria para resolver isso. Eu te disse
isso, não disse? Eu disse a você que toda garota implora e você também.
Minha coluna arqueia com o seu tom como se ele estivesse puxando
todas as minhas cordas e eu aceno.
— Sim. Eu vou. Farei qualquer coisa que você quiser que eu faça.
— Você vai me implorar para abrir suas pernas. Para usar esse
pequeno buraco de fada apertado e dizer para seus irmãos. Você vai me
implorar para acabar com você em seu quarto de boa menina enquanto
eles dormem no final do corredor. Enquanto eu te faço gemer em seu
travesseiro rendado e te faço trair seus irmãos todas as noites. E então,
me pergunte, o que eu vou fazer?
Minha respiração está quase perdida agora, mas de alguma forma eu
solto um suspiro. — O quê?
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— Eu direi a eles. – diz ele com um meio sorriso frio e sem humor.
— Vou dizer a eles como a irmã deles estava bonita quando abriu as
pernas para mim na noite passada. Vou me gabar de ter fodido com a
irmã deles debaixo dos seus narizes.
— Você não faria isso. – eu balancei a minha cabeça. — Eu confio
em você.
Talvez seja a coisa mais estúpida que já disse, ainda mais estúpida
do que todas as coisas que disse esta noite, mas eu digo.
Eu confio nele.
Ele teve todas as oportunidades, não foi?
Ele poderia ter contado a eles.
Ele poderia ter me usado contra Ledger. Ele poderia ter se gabado se
quisesse.
Mas ele não fez isso.
Ele manteve nosso segredo. Dia após dia, noite após noite.
Sei que ele está tentando me assustar, mas não vou a lugar nenhum.
Ele zomba. — Sim, isso é o que garotinhas estúpidas dizem antes de
entrar no carro com um estranho que as leva embora e as trancam em um
quarto pelo resto da vida.
— Eu...
— Então você precisa ir para casa, entendeu? – ele diz, me soltando.
— Você precisa me deixar em paz porque, como eu disse, não estou
pensando direito agora.
— Faça isso. – digo a ele, ignorando sua ordem pela milésima vez.
— Faça-me fazer coisas. Tudo o que você
disse. Todas elas. Por favor.
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— Fae...
— Por favor. Acabe comigo, Roman. – eu imploro como ele disse
que eu faria, e um arrepio passa por ele e por mim também.
Eu me estico então, tanto quanto posso, e encosto minha boca nele.
Em seu pomo de Adão.
Eu lambo a protuberância, sua barba áspera, e eu teria feito mais se
ele não tivesse enrolado minha trança em seu pulso e puxado minha
cabeça para trás.
Se ele não tivesse me feito olhar para ele.
Eu tremo ao olhar no rosto dele.
Eu tremo de medo e ansiedade.
Seus olhos ficaram escuros como a noite ao nosso redor e sua
mandíbula se transformou em um verdadeiro V. Com seus hematomas,
ele parece tão perigoso, tão lindo que sussurro novamente: — Por favor,
Roman.
Com o meu apelo, seu olhar desce para meus lábios e acho que ouço
um gemido.
Não posso ter certeza porque é baixo e rouco e, no próximo
segundo, eu não tenho capacidade mental para pensar nisso de qualquer
maneira.
Porque sua boca está em mim.
Seu sabor, todo de especiarias e com vodca, explode na minha
língua e Deus, é tão delicioso que eu quero continuar provando ele.
Quero continuar analisando outras nuances de seu sabor e sua boca
macia e quente, mas só então, o céu se
abre.
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Sem qualquer aviso ou previsão, começa a chover e nos separamos.
Ofegante, olhamos um para o outro e eu não sei o que ele está
pensando.
Eu não sei se ele sente a perda dos meus lábios como estou sentindo
a perda dos dele.
Mas, novamente, ele tira minha capacidade de pensar quando me
pega.
Ele me levanta do chão e, como já fizemos esse movimento mil
vezes antes, durante meu ensaio de dança, nem hesito em envolver
minhas pernas em volta de sua cintura fina. E assim que eu faço isso, ele
coloca sua mão grande na parte de trás da minha cabeça e me faz
encolher em seu peito.
Ele me faz buscar abrigo da chuva em seu grande corpo.
E tudo que posso fazer é pegá-lo e abraçá-lo com força.
Meu Roman.
Meu lindo vilão lindo.
Quando ele começa a se mover, murmuro: — Minha bolsa.
Eu normalmente não me importaria com isso, minha bolsa.
Mas tem algo dentro. Para ele - não o kit de primeiros socorros - e
eu não quero molhar.
Suavemente, enquanto ainda me carrega em seus braços, Reed se
abaixa para pegar minha bolsa. Quando ele pega, agradeço e beijo a veia
pulsante do lado de seu pescoço. Eu o ouço respirar fundo enquanto me
leva até a porta traseira de seu Mustang.
Ele abre e cuidadosamente me coloca
dentro do carro, longe da chuva, antes de
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entrar. Ele joga minha bolsa no chão e eu nem espero ele fechar a porta
direito antes de rastejar e montar nele.
É uma investida tão ousada, mas não me importo.
Eu realmente não me importo com nada esta noite, exceto estar
perto dele, cuidando dele.
Tirando toda a sua dor da briga e sua solidão.
Minhas mãos estão em seus ombros, agarrando sua camiseta úmida,
e as dele encontram o caminho de volta para a minha cintura, agarrando
meu vestido molhado. Fico olhando para as gotas de água que escorrem
de seu cabelo escuro até seu belo rosto. Elas escorrem por suas
bochechas e pela lateral de seu pescoço, desaparecendo no decote V de
sua camiseta.
E Deus, eu estava certa.
Ele tem muitos músculos.
Posso vê-los através de sua camiseta, as saliências de suas costelas e
no volume do seu peito e o se tanquinho, e me contorço em seu colo.
Espere um segundo. Eu estou no colo dele.
Como não percebi isso antes?
Minhas coxas abertas, mesmo cobertas pelo meu vestido molhado,
esfregam contra seu jeans úmido e, ah meu Deus, é glorioso, o tecido
áspero e minha pele macia. E então eu me contorço de novo, mas antes
que eu possa fazer isso mais uma vez, ele me impede.
Ele me impede fisicamente, colocando pressão na minha cintura e
me prendendo em um ponto, ordenando: — Segure seu vestido.
Eu franzo a testa. — O que?
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Ele olha para a barra do meu vestido. — Seu vestido. Segure-o.
Eu puxo sua camiseta. — Por quê?
— Apenas faça. Agora. – ele diz com os dentes rangendo e o seu
corpo pulsando com suas palavras.
Imediatamente solto sua camiseta e agarro a barra do meu vestido.
Ele não gostou de como fiz isso, então soltou minha cintura e posicionou
minhas mãos.
Ele cuidadosamente coloca minha mão - ambas as mãos - entre
minhas pernas e me faz segurar o tecido. E ele me obriga a fazer isso
com tanta força que meus dedos se projetam com a força.
Quando ele termina, ele olha para cima. — Não me deixe empurrá-
lo acima das suas coxas.
Meu coração está batendo forte contra meu peito. — Por que não?
Ele lambe os lábios, com a sua mão segurando a minha. — Porque
eu quero.
— Mas eu...
— Porque eu quero levantar o seu vestido e olhar sua calcinha.
Porque sei que você está excitada agora e eu quero ver. Quero olhar para
essa mancha e imaginar você gozando todas as noites para mim, em seu
quarto. E se eu fizer isso, se imaginar você, então vou perder qualquer
sanidade que me resta. Você entendeu? Então você vai protegê-la.
— Roman...
Ele solta minhas mãos e agarra o meu cabelo molhado.
Ele pressiona sua testa sobre a minha enquanto diz em uma voz
gutural: — Não, me escute, você vai
protegê-la. De mim. Você vai segurar seu
vestido e vai proteger sua boceta. Você
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não vai me deixar empurrar seu vestido para cima, não importa o que eu
faça, o que eu diga. Você não vai me deixar vê-la. Diga-me que você
entendeu.
— Mas...
— Diga-me que você entendeu, Fae.
É a Fae que faz isso.
É a maneira como ele diz isso como um apelo.
Como se ele estivesse implorando agora.
Ele é o bom e eu sou a má e o atormenta. E eu nunca quero fazer
isso. Eu o pressionei o suficiente esta noite, então olho para seus olhos
de animal que parecem quase angustiados. — Se eu disser que sim, você
vai me beijar então?
Sua mandíbula contrai e ele puxa meu cabelo. — Porra, sim.
Eu sorrio ligeiramente e seguro meu vestido com ainda mais força.
— OK. Vou segurar meu vestido. Eu não vou deixar você empurrar para
cima. Eu não vou deixar você vê-la. Não importa o que você disser.
Um suspiro de alívio escapa dele então. Um suspiro tão grande
quanto o vento ao nosso redor.
E então ele me beija como prometeu.
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7Intarsia: é uma técnica de tricô usada para criar tecidos coloridos que
muitas vezes lembram fotos, tamanha harmonia das cores e definição das
imagens com pontos básicos de tricô.
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E então ele me puxou para ele e pressionou sua boca na minha testa.
Ele não me beijou lá de novo, não.
Ele apenas... respirou com a boca aberta por alguns momentos como
se não pudesse respirar o suficiente e eu o deixei.
Isso foi tudo.
Isso foi tudo o que aconteceu noite passada.
Nós nos beijamos, ele me fez gozar, dei a ele seu presente e então
ele me levou de volta para a escola bem a tempo de Con me pegar no
estacionamento.
Eu não o vi desde então.
O que é compreensível, dado o fato de que seu grande jogo está em
andamento, e eu estive ocupada com o meu próprio ensaio para a
apresentação.
Talvez seja por isso que estou me sentindo desconfortável.
Por causa do jogo do campeonato.
Porque eu sei o quanto isso é importante para ele e para meu
Ledger. Ah, e também é o último jogo de sua carreira no ensino médio.
Para não mencionar seu último jogo juntos.
Isso deveria me deixar feliz que eles não vão mais bater de frente -
ambos estão indo para faculdades diferentes com bolsas de estudo por
causa do futebol - e este campeonato, não importa quem ganhe,
finalmente acabará.
Mas, estranhamente, estou inquieta.
Ledger está com a posse da bola e está
correndo pelo campo com ela. Justamente
quando ele chega a um ponto em que pode
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dar um chute e marcar o gol, o gol da vitória não menos, Reed a rouba.
Ele rouba a bola de Ledger e segue-se uma luta entre os dois astros
do Bardstown High.
Os dois brigam pela bola, tentando fazer o gol, de alguma forma
desviando dos jogadores do time rival também.
Não que eu tivesse dúvidas de que eles não seriam capazes.
Juntos, o Mustang e o Thorn podem derrotar todos os times do
estado e eles derrotaram. Eles são tão talentosos.
Não tenho medo que eles percam a bola.
Estou com medo de outra coisa.
Algo que acontece bem na frente dos meus olhos.
Enquanto brigam para pegar a bola, os dois estão se empurrando.
Até que Ledger para.
Ele para porque Reed disse algo.
Vejo seus lábios se moverem - os lábios que beijei ontem à noite na
chuva e depois em seu Mustang, os lábios que me fizeram sorrir e corar
nos últimos meses - e vejo Ledger paralisando.
Ao ponto em que Reed finalmente rouba a bola do meu irmão e faz
o gol.
Selando o campeonato e sua vitória sobre meu irmão.
Enquanto todo o estádio explode em gritos, risos e felicidade, eu
fico sentada tensa e chocada, com medo.
Tanto medo.
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Meus olhos estão grudados nas duas das pessoas mais importantes
da minha vida.
Ele é isso, não é?
De alguma forma, Reed Roman Jackson, meu Roman, se tornou
uma das pessoas mais importantes da minha vida e não quero mantê-lo
em segredo.
Isso é outra coisa que tenho sentido desde a noite passada.
Junto com essa premonição, tenho vontade de contar aos meus
irmãos sobre ele. Fazê-los entender que ele não é tão mau quanto todos
pensam que ele é.
Mas como ontem no treino quando eles brigaram, Reed não está
com humor para ser bonzinho.
Mesmo que ele tenha conseguido o que queria, o título de campeão,
seu humor está tão sombrio e amargo que até eu posso sentir isso daqui.
Até eu posso sentir sua fúria.
E a única coisa que combina com a fúria de Reed e sua respiração
agitada enquanto ele encara meu irmão enquanto o lado da equipe de
Mustang dá um tapinha nas costas dele, é Ledger.
Ele combina com o humor negro de Reed.
Na verdade, ele superou isso.
E não é nada novo, vê.
Reed sempre foi aquele que provocou meu irmão e o meu irmão
sempre foi aquele que se entregava a isso.
Portanto, esta cena não deveria ser muito alarmante, mas é por
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muitos motivos, e quando o Ledger diminui a distância entre eles, não
consigo ficar parada.
E nem Tempest, que também está grudada em seu lugar por meio de
toda a felicidade e entusiasmo ao nosso redor. Juntas, conseguimos
passar por entre a grande multidão feliz, e descemos correndo as escadas
para chegar à frente.
Então, podemos ver o que está acontecendo.
Para vermos se nossos irmãos estão bem.
Deus, por favor, deixe-os estarem bem.
Por favor.
Estou entoando em minha cabeça durante toda a jornada que deveria
ter durado apenas alguns segundos, mas leva uma eternidade devido à
multidão animada e saindo.
Quando chegamos ao nosso destino, exalo um suspiro de alívio.
Mas dura apenas alguns segundos.
Porque no momento em que chegamos à frente e temos uma visão
clara do campo, não sei como, de alguma forma, ele me vê.
Seus olhos pousam sobre mim através da multidão que chega,
através de todo o caos, e eu não sei o que vejo nas profundezas deles.
Eu não entendo a emoção intensa refletida neles e isso me assusta
ainda mais.
Me assusta que, enquanto ele percorre os olhos pelo meu corpo,
parece que é a última vez. Como se ele nunca mais me veria depois
disso.
Como se fosse um adeus.
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Antes que eu possa fazer algo a respeito, pular a cerca e correr para
ele ou algo assim, meu irmão se vira para olhar para mim também.
E assim que seus olhos pousam sobre mim, aquele castanho escuro
que eu conheço há muito tempo e que nunca me olhou com nada menos
que carinho mesmo quando nós brigamos, eu dou um passo para trás.
Meus joelhos tremem.
Existe tanto ódio neles.
Uma traição tão espessa e generalizada que não sei como respirar.
Eu não sei como viver para o próximo momento, e então ele se vira
e antes que eu possa piscar, ele dá um soco no rosto de Reed.
Esse soco é tudo o que preciso.
Isso faz com que a multidão já selvagem fique mais selvagem e
mais louca e uma revolta surge.
No campo, nas arquibancadas e como ontem no treino, todo mundo
está contra todo mundo. Só que isso é muito, muito maior em escala e
muito mais horripilante.
Tanto que acho que vou ser esmagada por ela.
Sob a multidão louca e a insanidade.
De alguma forma, não pensei, porque Tempest agarra minha mão e
me puxa para longe. Ela me arrasta no meio da multidão, desviando das
pessoas e segurando minha mão com firmeza.
Eu sou grata por isso.
Porque se não fosse por ela, eu estaria no chão. Minhas pernas não
me sustentavam sob o peso do olhar do meu irmão.
Sob o peso de seu olhar também.
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O cara por quem estou apaixonada.
Estou apaixonada por ele, não estou?
Eu amo Reed e Deus, eu não sei o que aconteceu e eu...
Finalmente, posso respirar porque estamos na entrada agora. Não é
como se a multidão tivesse diminuído, mas o espaço está mais aberto e o
ar é mais fácil de conseguir.
Vejo a segurança inundando o campo, onde a briga ainda está
acontecendo.
Não consigo ver Ledger ou Reed e me viro para Tempest, com o
coração disparado. — Eu preciso ir encontrá-los.
— Espere, e quanto a sua apresentação? – ela pergunta, ainda
segurando meu braço.
Ah.
Minha apresentação.
Ela vai começar em menos de dez minutos e devem estar se
perguntando para onde eu fui.
— Eu não... eu preciso descobrir o que aconteceu. Eu preciso... eu
preciso ir.
Solto sua mão e entro no campo.
Começo a correr em direção ao amontoado de pessoas, que está
lentamente sendo controlado por seguranças, professores e treinadores.
Mas não vou muito longe porque vejo alguém que reconheço.
Conrad.
Meu irmão mais velho.
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Ele de alguma forma saiu do amontoado de pessoas e agora está
marchando em minha direção.
Na verdade, ele está quase aqui e parece furioso. Estou acostumada
com ele parecendo intimidante e grande, mas quando ele usa um terno
com gravata - o que ele só faz em jogos de campeonato - ele parece
ainda mais assustador.
Mas eu não posso deixar isso me deter.
Preciso saber o que aconteceu. O que Reed disse e por que Ledger
olhou para mim como se me odiasse.
Quando Con me alcança, imediatamente começo a fazer minhas
perguntas. — O que aconteceu? Eu... – eu olho para a multidão. —
Ledger está bem? É... O que aconteceu, Con?
Meu irmão mais velho range o queixo enquanto olha para mim, e
mesmo que seus olhos azuis marinhos não tenham o mesmo ódio, meu
coração silencia ainda mais.
— Con, o que aconteceu? Por favor, diga. Eu...
Meu irmão agarra meu braço e começa a me arrastar para longe da
comoção.
Olho para trás, mas ainda não consigo ver Ledger ou Reed ou obter
qualquer indicação se eles vão ficar bem.
— O que você está fazendo? – pergunto ao meu irmão enquanto me
viro. — O que... Con.
Ele para em um local relativamente tranquilo e isolado ao longo das
arquibancadas, com o rosto todo tenso e contraído. — Você tem mentido
para nós. Você tem mentido para Ledger.
— O que?
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Ele me encara por um momento antes de balançar a cabeça. — Todo
esse tempo, nós confiamos em você. Eu confiei em você. Eu te dei tudo
que você pediu. Toda liberdade e todo conforto. E você tem mentido.
Todas aquelas horas de ensaio até tarde. – ele balança a cabeça
novamente. — Achei que você fosse mais inteligente do que isso, Callie.
Achei que minha irmã fosse...
Sua mandíbula contrai enquanto ele passa a mão pelo cabelo e eu o
observo, observo o rosto do meu irmão, banhado em decepção.
Eu vejo seu rosto se contrair de raiva e traição.
Traição que eu causei. Que ele descobriu de alguma forma.
Deus, ele descobriu.
Ele de alguma forma sabe.
E com lábios trêmulos, tenho que perguntar: — Como você...
— O garoto por quem você mentiu todo esse tempo, ele estava se
gabando de você no campo.
Vou me gabar de como sua irmã estava bonita no dia seguinte...
É por isso que Ledger parecia tão traído, não é?
É por isso que havia tanto ódio em seus olhos quando ele olhou para
mim.
Não, não, não.
Ele não faria isso. Ele me prometeu.
Ele prometeu.
Ele não iria quebrar sua promessa assim.
Ele não iria.
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De alguma forma, me recomponho e digo: — Tem que haver um
motivo. Tem que haver uma explicação.
— Explicação?
Recuo com a voz irritada de Con, mas ainda assim, agarro seu braço
e imploro a ele: — Con, ele não é assim. Ele não é. Eu sei que você o
odeia. Eu sei que Ledger o odeia também, mas ele não é de todo mau.
Ele não é. Você não o conhece como eu. Você não... – eu respiro
dispersamente novamente. — Eu ia te contar, eu juro. Eu ia. Eu só...
sinto muito ter mentido. Eu sinto muito. Mas Con, tem que haver uma
explicação para isso. Se eu pudesse apenas...
— Chega. – ele responde, me fazendo fechar minha boca e soltar
seu braço. Então ele respira fundo, como se quisesse se acalmar. —
Falaremos sobre isso mais tarde, entendeu? Volte para sua apresentação
agora. Você tem uma apresentação, lembra?
— Não me importo com a apresentação, Con. Preciso ver se Ledger
está bem e preciso conversar...
— Tudo que você precisa fazer é voltar para a apresentação. Você
precisa ir dançar e falaremos sobre isso mais tarde, entendeu? – ele
ordena. — Direto para sua apresentação, Callie. Já chega de desperdiçar
seu tempo com ele.
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