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Primeiramente, é importante ressaltar que Edwin foi um sociólogo

estadunidense, e tal fato é necessário discorrer, pois o EUA é um país importante de


para o entendimento da criminologia. Então, entende-se por sociólogo alguém que
observa a realidade e dela começa a entender e questionar. A partir disso, Edwin cria
então sua teoria: Teoria da Associação Diferencial.
Sob esse viés, a política criminal dos EUA é de encarceramento, e partindo
desse entendimento, Edwin Sutherland observa que o Direito Penal nunca observou
alguns sujeitos como seus clientes. Sutherland observa isso tendo em vista o padrão
da população carcerária: pessoas de baixo padrão socioeconômico. Porém, é
imprescindível ressaltar que Edwin não relaciona o baixo padrão socioeconômico com
a prática do crime, Sutherland vai dizer que, na verdade, há ambientes que são mais
propícios ao aprendizado do comportamento criminal e que isso ocorre também com
indivíduos de alta classe socioeconômica, porém o Direito Penal não os observa como
clientes.
Edwin Sutherland, então, relaciona o crime com as atividades econômicas, o
que o torna o primeiro a empregar a expressão “crime de colarinho branco”, referindo-
se ao crime que ocorre na classe alta (empresários, professores, etc). Partindo disso,
ele compara, então, o crime ocorrido nas classes mais altas com o que ocorre nas
classes mais baixas para desenvolver teorias sobre o comportamento do criminoso.
Recapitulando, portanto, o que foi dito anteriormente, Edwin Sutherland
observou que nos EUA, a população encarcerada, em sua maioria, é de classe baixa,
e presa por crimes como homicídio, lesão corporal, violência, roubo. Tendo em vista
isso, muitos criminólogos acabam associando a criminalidade com a baixa renda, e
Sutherland diz que isso tem muito mais a ver com o ambiente, pois sujeitos de alta
classe também cometem crimes.
Logo, os criminosos de classe alta são os chamados “criminosos de colarinho
branco”, que nos dias atuais, podem ser representados, por políticos envolvidos em
corrupção, por exemplo o ex governador da Paraíba Cássio Cunha Lima, que foi
cassado por uso indevido do dinheiro público.
John Flynn diz que “O político convenial é um mísero amador na fina arte da
corrupção se comparado com seu irmão no campo dos negócios”. Isto é, aponta que
se na política há corrupção, no ramo empresarial há muito mais. Com isso,
percebemos que a taxa de criminalidade de colarinho branco não é tão distante da
criminalidade na classe baixa.
Edwin Sutherland também destaca a medicina, tendo em vista que possui uma
menor incidência criminal do que outras profissões. Nesse sentido, há venda ilegal de
remédios, abortos, tratamentos desnecessários, violência obstétrica, entre vários
outros.
A questão crucial da análise desse sociólogo tem a finalidade de trazer esses
crimes para a Criminologia, para a condenação criminal. Os critérios para os crimes de
uma classe, portanto, devem ser consistentes com os crimes de outra classe. Na visão
de Edwin, os delinquentes do colarinho branco não são devidamente punidos e, ele
afirma que são três os fatores que colabora nessa diferenciação: o status dos
executivos (amizade com sujeitos de classe alta, deputados, etc) pois há um certo
medo em confrontá-los; Em decorrência do status social que usufruem, eles possuem voz
ativa para determinar o que é introduzido na legislação e como o direito penal, na medida em
que os afeta, é criado e aplicado. a tendência à diminuição das punições penais
(preferem que paguem do que serem presos, pois “não faria sentido prendê-los”); e a
dificuldade da população de ressentir em tais crimes (não há vítima direta – golpe no
sistema financeiro nacional). Quando são vítimas difusas, não há uma solidariedade,
como acontece em outros tipos de crimes: homicídio, lesão corporal, etc.
Edwin defende que, outras agências, além das Cortes, devem ser incluídas.
Pois adolescentes filhos de pobres, são lidados pela Vara de Infância e Juventude. “A
Comissão Federal de Comércio ordenou recentemente que várias companhias do ramo
automobilístico parassem de divulgar suas taxas de juros para a aquisição de veículos em 6%,
uma vez que eram de 11,5%. Também registrou uma reclamação contra a Good Housekeeping,
uma das publicações da Hearst, acusando-a de induzir o público a acreditar que todos os
produtos possuindo seus selos foram testados em laboratórios, o que não era verdade. Cada
uma delas envolve uma acusação de prática desonesta, que poderia ser conduzido a uma corte
criminal como fraude. Uma considerável parcela dos casos destes conselhos deve ser incluída
na base de dados dos criminólogos. Não fazê-lo é a principal razão para o viés de suas
amostras e os erros em suas generalizações.”

A possibilidade de condenação ao invés da condenação efetiva deve ser o


critério de aferição da criminalidade.
A análise do critério de colarinho branco resulta na conclusão de que uma
descrição da criminalidade de colarinho branco em termos gerais também será uma
descrição da criminalidade de classe baixa. Se diferem principalmente na aplicação
das leis penais.

Os crimes da classe baixa são conduzidos por policiais, promotores e juízes, com penas
de multa, prisão e de morte. Os crimes da classe alta não resultam em nenhuma ação oficial ou
em ações indenizatórias em cortes civis ou conduzidos por fiscais e por conselhos ou
comissões administrativos, com sanções penais na forma de advertências, ordens para cessar
uma atividade, ocasionalmente, a perda de uma licença e, somente em casos extremos,
aplicação de multas ou penas privativas de liberdade. Por isso, os criminosos de colarinho
banco são segregados administrativamente dos demais e, em larga medida, como uma
consequência disso, não são considerados como verdadeiros criminosos por eles mesmos, pelo
público em geral ou pelos criminólogos.

Entre 1879 e 1906, 140 projetos de lei que regulavam a matéria foram propostos no
Congresso e todos fracassaram em decorrência da importância das pessoas que seriam
afetadas. Foi necessária uma dramática manifestação de Dr. Wiley, em 1906, para persuadir o
Congresso a promulgar a lei. Essa lei, entretanto, não criou um novo crime, assim como a Lei
Lindbergh12 não o fez; apenas conferiu uma execução mais eficiente do que já havia sido
formulado anteriormente nas legislações estaduais. Quando uma proposta para reformular
esta lei, a qual traria para o campo de atuação dos seus agentes as declarações fraudulentas
feitas no rádio ou na imprensa, foi apresentada no Congresso, os editores e anunciantes se
organizaram e fizeram lobby em Washington, que combateu com sucesso a proposta
principalmente sob os slogans de “liberdade de imprensa” e “perigos da burocracia.”

O testemunho de Daniel Drew, um velho vigarista, descreve o direito penal com certa
precisão: “A lei é como uma teia de aranha; é feita para moscas e outros insetos menores, por
assim dizer, mas deixa os zangões rompê-la. Quando os tecnicismos da lei ficam no meu
caminho, sempre consigo me livrar deles facilmente.”

Edwin destaca que a classe alta possui maior influência na configuração e na


aplicação da lei penal. É importante ressaltar que, enquanto os criminosos de
colarinho branco têm influência no direito penal, e dessa forma, muitas das vezes
ficam impunes, suas vítimas são vulneráveis: consumidores, investidores.
Já os crimes de classe baixa, são praticados contra pessoas mais influentes.
Devido a esta diferença de poder, os criminosos de colarinho branco têm relativa
imunidade.
“Um segundo processo geral é a desorganização social na comunidade. A associação
diferencial culmina no crime porque a comunidade não é organizada o bastante contra aquele
comportamento. A lei age em uma direção, enquanto outras forças atuam em sentido
contrário. No mercado, as “regras do jogo” entram em conflito com as regras jurídicas. Um
empresário que busca obedecer à lei é impelido por seus competidores a adotar os métodos
deles. Isto é bem evidenciado pela persistência da corrupção privada em que pese os esforços
extenuantes de organizações econômicas para eliminá-la. Grupos e pessoas são individualistas;
eles estão mais preocupados com os próprios interesses do que com o bemestar comum.
Consequentemente, não é possível para a comunidade oferecer uma firme oposição ao crime.
Os órgãos de defesa do consumidor15 e comissões de prevenção ao crime, compostas por
empresários e outros profissionais, combatem furtos, roubos e fraudes inexpressivas, mas são
negligentes em relação aos os crimes de seus próprios membros. As forças que incidem sobre
a classe baixa também estão em conflito. A desorganização social afeta as duas classes de
maneira semelhante.”

*Falar da escola de chicago

A Sociologia Criminal é uma invenção já dentro da criminologia, se dá pelo


autor: Enrico Ferri (Positivista). Ele faz uma crítica aos penalistas, pois eles não
estudavam o delinquente, estudavam o crime. Ou seja, um estudo superficial. Para
Ferri, o que os penalistas fazem é uma negação da profundidade que a sociologia
criminal teria a ofertar as construções do direito penal.
Sociologia Criminal emerge no discurso positivista através de Ferri. Ela
também tem uma construção do pensamento da sociologia de um autor relevante na
sociologia ocidental: Durkheim.
Para Durkheim o crime é social, uma coisa que você não pode dissociar da
ideia de sociedade, onde há relações sociais há crime. Portanto, essas ideias
constroem as teorias sociológicas criminais:
*Desorganização social: Foi desenvolvida pela Escola de Chicago e se diz
que o crime surge por causa de uma desorganização social, há uma ruptura com a
ideia de confiança que as instituições podem resolver os problemas da sociedade, de
que há uma ideia de uma flexibilização deu ma estrutura moral das relações sociais.
Espaço propício para construir o crime. De acordo com tal teoria, os criminosos são
influenciados pelo ambiente e não por suas características.
Henry Mackey e Clifflord Shawn, dois autores da Escola de Criminologia de
Chicago, desenvolveram uma teoria que indica que o ambiente físico e social em que
um indivíduo cresce é a principal razão de todos os comportamentos que ele executa.
Segundo esta teoria, crimes são cometidos em más condições de vida: alto
nível de pobreza e baixas condições de saúde.
Edwin Sutherland adaptou os princípios da teoria da desorganização para
explicar o crescimento do crime nas sociedades.
*Subcultura delinquente: Construídas por autores como Albert Cohen (Delinquent
boys) e Ferracuti. É um conceito importante dentro das sociedades complexas e
diferenciadas existentes no mundo contemporâneo.
A Teoria da Subcultura Delinquente, desenvolvida por Wolfgand e Ferracuti
defende a existência de uma subcultura da violência, alguns grupos passam a aceitar
a violência como um modo de vida, algo natural para a resolução de conflitos. Além
disso, sustentam que algumas culturas valorizam a violência.
*Detalhar os autores
Pode-se ressaltar algumas questões que propiciam o nascimento desse
pensamento. No final da Segunda Guerra Mundial, os norte-americanos estavam
confiantes e orgulhosos em relação a suas instituições, mas no final do ano 50,
começam a ter problemas em grandes cidades, pois alguns jovens não tiveram
acessibilidade aos valores consagrados por essa sociedade. Então, o choque entre a
cultura e a estrutura social, na qual não fornecia essas condições, criou uma desilusão
ao sistema de vida americana.
A subcultura delinquente, sociologia criminal, seria a ideia de que há uma
aceitação da violência como resolução de conflito. Haveria modelos sociais que
utilizariam a violência como instrumento da resolução ou à procura e para conflitos
sociais, para as relações que se traduziram conflituosas e, portanto, essa ideia nesses
modelos sociais faz uso da violência para reconstrução do equilíbrio.
Aqui, cabe citar a situação que se encontra o Brasil, no qual, áreas já são
conhecidas por serem “criminosas”, como o Rio de Janeiro, que observando a história,
os sujeitos da favela foram marginalizados, no sentido de deixado de lado, desde a
própria criação da favela, relacionando com o caso dos jovens americanos, de
desilusão. E além disso, como falado anteriormente, a valorização da prática do crime,
pois muitos, como não tem acesso digno à educação, à saúde, ou seja, estão em um
ambiente desorganizado, acabam vendo a criminalidade como a única forma de vida,
e assim, a normalizando.
*Mostrar posicionamento crítico

*Anomia:
Antes de tudo, é preciso saber que anomia significa ausência de lei, isto é, a
falta de normas numa sociedade.
De acordo com Robert King Merton, na sociologia criminal americana, o crime
é um ente social, mais do que isso, uma necessidade social, útil socialmente, para
Merton, inventor dessa expressão, a anomia, nas teorias criminológicas de caráter
sociológico criminal, o crime é útil ao modelo social.
Merton, então, afirma que toda sociedade desenvolve metas culturas que
expressam os valores que guiam a vida dos indivíduos em sociedade. Para ele, o
insucesso em conseguir atingir metas culturais, que não são possíveis devido à
insuficiência dos meios institucionalizados, provoca a anomia, um abandono das
regras do jogo social “foda-se o sistema”. Dessa forma, o sujeito não respeita as
“regras de comportamento” socialmente aceitas.
É importante ressaltar que as ideias de Merton se somam com as de Durkheim.
A anomia, logo, fala sobre o desvio da conduta dos indivíduos. Para isso, cabe a
importância de entender os fatos sociais de Durkheim, que são caracterizados por
exteriores, coercitivos e gerais, isto é, pertencem à realidade, existem fora dos
indivíduos; exercem influência nos sujeitos, dessa forma, se sentem coagidos a agir de
tal forma; e ervem para todos que compões a sociedade, respectivamente.
Durkheim entende que a anomia é um fato social patológico que é causado
pelo avanço da sociedade em razão da especialização profissional dos sujeitos. De
acordo com o autor, após essa especialização (trabalho social) o indivíduo perde a
noção de conjunto e se isola.
A teoria geral da anomia de Merton parte do pressuposto de que a causa da
anomia está na sociedade, quando é imposto determinadas metas culturais e quando
uma parcela da sociedade não consegue alcança-las.
A eficácia das normas instituídas pelo Direito é uma consequência da validade do
próprio direito, uma vez que ela diz respeito à força do direito e a sua capacidade para
produzir os efeitos desejados. Contudo, nem sempre as normas jurídicas apresentam eficácia
social e não correspondem aos anseios e expectativas da sociedade, tornando-se ineficazes e
sendo descumpridas por grande parte dos indivíduos. Assim, ao invés de gerar efeitos
positivos e cumprir a sua função social, as normas jurídicas podem gerar efeitos negativos e,
em determinados momentos, são desconsideradas pela própria sociedade – essa é uma das
grandes causas da anomia (MERTON, 1938; 1970).

Robert King Merton compreendeu que a causa da anomia está no fato de a


sociedade pressionar alguns indivíduos a atingirem metas culturais propostas e não
disponibilizar condições para tal. Esse sociólogo identificou cinco tipos de
comportamento: conformista, inovacionista, ritualista, rebelião e evasivo.
*Estudar esses comportamentos por cima msm

(Luciano citou isso YT) Tobias Barreto critica esses sociólogos, com o texto
“varrições anti-sociológicas” e, nesse texto, o autor faz duas provocações sobre a ideia
de sociologia como ciência, a primeira delas é “a concepção de sociologia
especialmente, especialmente a concepção de direito ainda hoje corrente entre nós
são um pedaço de metafísica, é um resto de mitologia em estado embrionária.
verdade é que a sociedade, na qualidade de um organismo de ordem superior, na
qualidade não de uma antítese, mas de uma continuação da natureza deve ter a sua
mecânica, mas essa mecânica, ainda não encontrou o seu “caffler”? , “a sociologia é
apenas o nome de uma aspiração tão elevada tão pouco realizável, o estudo dos
fenômenos sociais considerados sem sua totalidade, e reduzidos a unidade lógica de
um sistema científica daria em resultado uma estupenda pandosomia(?), uma ciência
que realmente tal não tem necessidade de fazer sua própria existência a primeira
questão que se cumpre resolver.”
Tobias Barreto critica Lombroso na sua obra “Menores e loucos”, ele diz que a
problemática da criminalidade juvenil faz necessário de cunho verdadeiramente
científico e não metafísico sobre as ações, as condutas e os comportamentos juvenis.
Essa obra (vulgo primeira obra criminológica do Brasil) critica a escola positivista do
direito penal italiano.

Em meados do século XVIII, a legislação criminal na Europa era de um direito


gerador de privilégios, no qual se julgava os homens de acordo com sua condição
social. Nesse sentido, as correntes iluministas, que atingiram seu apogeu na
Revolução Francesa, que tem como representantes: Voltaire, Montesquieu e Rosseau,
fizeram severas críticas aos excessos da legislação penal, propondo a individualização
da pena, à proporcionalidade, além da necessária diminuição da crueldade.
O Iluminismo foi um movimento muito importante na sociedade, que interferiu
no Direito Penal, antes do iluminismo houve penas muito bárbaras, essas condutas
não tinham tipicidade, não estavam escritas. Ocorria de alguém cometer uma conduta
que era considerada inadequada por um determinado tribunal, que muitas das vezes,
tinha influência da Igreja, com isso, confundia-se crime com pecado, moral com direito.
E, dessa forma, o sujeito sofria penas muitos cruéis, como a tortura e a pena de morte.
Nessa época, as pessoas eram presas apenas para aguardar a pena
(sofrimento corporal) e não como conhecemos hoje, que é apenas a reclusão.

• Eugênio – Teoria da Tipicidade Conglobante


• Evita a intervenção penal
Dessa forma, cabe falar sobre um dos principais clássicos do Direito Penal:
Cesare Beccaria. Beccaria foi o primeiro a apresentar um delineamento consistente e
lógico sobre uma teoria da pena: “Dos Delitos e das Penas – 1764”. Constituindo-se o
percursor da escola clássica.
A crueldade que comandava as sanções criminais em meados do século XVII
exigia uma verdadeira revolução no sistema punitivo então reinante. A partir da
segunda metade desse século “os filósofos, moralistas e juristas, dedicam suas obras
a censurar abertamente a legislação penal vigente, defendendo as liberdades do
indivíduo e enaltecendo os princípios da dignidade do homem”.
Sob esse viés, temos os primeiros princípios de direito penal: a proibição da
tortura, a presunção da inocência (as pessoas são consideradas inocentes até haver
prova de que foi culpada), princípio da humanidade, princípio da legalidade (devido
processo legal, a apuração do fato), princípio da celeridade.
Então, percebe-se a valorização dos direitos humanos frente ao Estado. O
Estado começa a ter um poder ilimitado. Só se pode punir aquilo que já foi dito.
Tipificação do que é crime.
Desse movimento filosófico resultara duas teorias: o jusnaturalismo, resultante
da própria natureza humana, imutável e eterno; e o contratualismo, de Rousseau, e
sua concepção de que o Estado, resulta de um grande acordo entre os homens pela
ordem. São doutrinas opostas, a primeira, decorria da eterna razão e a segunda o
acordo de vontades.

Antes de tudo, é importante de dizer que a construção da denominação “Escola


Clássica” foi dada pela escola posterior, a escola positivista, então tendo em conta
isso, não existiu de fato uma escola chamada escola clássica, os positivistas deram
esse nome de forma pejorativa. Nesse período, os juristas não possuíam conteúdo
homogêneo.
A Escola Clássica, então, partiu do Iluminismo Europeu, pois, em meados do século
XVIII a crueldade comandava as sanções criminais, no qual as penas não tinham
tipicidade, os sujeitos eram presos apenas para esperar sua pena, que seria realizada
por meios cruéis como lesões corporais graves, tortura e morte. Com o apogeu do
iluminismo, as penas passaram a ter tipicidades, e aqui se destaca Eugênio, com
a Teoria da Tipicidade Conglobante, isto é, só é crime o que está explícito em lei,
dessa forma evitando uma intervenção penal.
Aqui, já se entende que a Escola Clássica é italiana e se deu no apogeu do Iluminismo
Europeu para a humanização das penas, nessa época, os juristas dedicam então suas
obras a censurar a legislação penal vigente, defendendo a liberdade do indivíduo.
Os postulados consagrados pelo iluminismo foram sintetizados pela obra “dos delitos e
das penas, de 1764, de Beccaria, e essa obra serviu de fundamento para a nova
doutrina.
Foi daqui que surgiram duas teorias: o jusnaturalismo, de Grócio, com uma ideia de
direito natural e eterno, e o contratualismo de Rosseau, na concepção de que o
Estado, resultado de um grande acordo entre os homens, que cedem seus direitos no
interesse de ordem e segurança.
Beccaria fala sobre o contrato social nos primeiros capítulos de sua obra, tal teoria
pressupõe a igualdade absoluta entre todos os homens. Sob essa ótica, houve um
questionamento sobre a imposição das penas, o livre-arbítrio. Se um indivíduo
rompesse com esse pacto social, ele vira inimigo da sociedade. E essa inimizade o
levará ao castigo.
Em vista disso, é importante ressaltar que a teoria do Contrato Social representou um
marco ideológico para a proteção da burguesia, pois, recompensava a atividade
proveitosa e castigava a prejudicial. Legitimou, então, as modernas formas de tirania.
A Escola Clássica se distinguiu em dois períodos:
A: teoríco-filosófico, sob a influência do Iluminismo, de cunho utilitarista (Contrato
Social) Direito Penal como necessidade social.
E o étnico jurídico, numa segunda fase, período em que a metafísica jusnaturalista
passou a dominar o Direito Penal, acentua-se a exigência ética de retribuição,
representada pela sanção penalização.
Os dois maiores expoentes dessa escola foram Carrara e Beccaria. Carrara simboliza
a lógica jurídica, o poder da dialética com que expõe e justifica a capacidade de
sistematização. Para ele, o crime era composto de uma força física e uma força moral,
isto é, elemento objetivo e elemento subjetivo. Ele tinha como fundamento o Direito
Natural, de direitos e deveres, cujo equilíbrio cabe ao Estado. Para Carrara “a pena
não é mais do que a sanção do preceito ditado pela lei eterna: a qual sempre visa à
conservação da humanidade e à tutela dos seus direitos, sempre procede da norma
do justo: sempre corresponde aos sentimentos da consciência universal”.
Os princípios fundamentais da escola de Carrara eram: o crime ser um ente jurídico:
pois busca encontrar uma fórmula para sintetizar o seu pensamento. Ele afirma que o
crime não é um ente de fato, não é uma ação, é uma infração. “É um ente jurídico
porque sua essência deve consistir necessariamente na violação de um direito.
Mas o direito é congênito ao homem, porque foi dado por Deus à humanidade
desde a sua criação, para que aquela pudesse cumprir seus deveres na vida
terrena”. E o segundo princípio fundamental é o livre-arbítrio como fundamento de
punibilidade. A responsabilidade penal somente é admissível quando estiver
embasada no livre-arbítrio, na culpa moral. Precisa de uma manifestação da vontade.
O terceiro “a pena como meio de tutela jurídica e retribuição da culpa moral” A pena
como objetivo de restauração da ordem da sociedade. E o quarto princípio é o da
reserva legal. Quem infringe a tutela social, infringe a lei.
Aqui ele desmistifica Durkheim.

O surgimento da Escola positivista, no século XIX, coincide com o nascimento de


estudos biológicos e sociológicos. Essa escola italiana vai surgir no contexto de um
desenvolvimento acelerados das ciências sociais (antropologia, psiquiatria, psicologia,
etc). Esse fato determina de forma significativa uma nova forma de estudo da
criminologia. Diferenciando-se da Escola Clássica, na qual observava-se
individualmente, a escola positiva se opõe a ideia de defender o corpo social
contra a ação do delinquente, priorizando os interesses sociais em relação aos
individuais.
Nessa escola se destaca Cesare Lombroso, com influência de Darwin, foi o fundador
da escola positivista biológica. Ele parte da ideia da existência de um criminoso nato,
isto é, do determinismo biológico, cujas anomalias constituiriam um tipo antropológico
específico. Lombroso reconhecia que o crime pode ser consequência de muitas
causas
É nessa escola que a ressocialização do delinquente passa a um segundo plano. A
aplicação da pena passou a ser concebida como uma reação natural do organismo
contra atividade anormal dos seus componentes. Aqui admite o delito e o delinquente
como patologias sociais.
Essa corrente pretendeu aplicar ao Direito os mesmos métodos de observação e
investigação que se utilizavam em outras disciplinas (antropologia e biologia). Porém,
essa metodologia foi refutada pois a norma jurídica é circunstancial. E isso levou os
positivistas a concluírem que a atividade jurídica de não era científica, nesse sentido, a
análise criminológica foi substituída por sociologia ou antropologia do delinquente,
surgindo a verdadeira criminologia.
O criminoso nato de Lombroso seria reconhecido por uma série de estigmas físicos:
dentição anormal, orelhas grandes, tatuagens, etc; Uma das contribuições mais
importantes dos estudos de Lombroso foi trazer para as ciências criminais a
observação do delinquente através do estudo indutivo-experimental.
*Cesare Lombroso: “o homem delinquente”, ele vem com um discurso do
determinismo biológico, ou seja, do criminoso nato que nasce com certas
características. A literatura jurídica diz que ele realizou diversas experiências, e que
inclusive construiu uma máquina com uma espécie de capacete que se colocava na
cabeça do sujeito para descobrir se ele ela ou não criminoso.
>delinquente louco: aquele que navega entre sanidade e insanidade, ou seja, ele
prática suas condutas em um momento de crise da sua doença psíquica
>delinquente habitual: o meio no qual ele está inserido contribui para suas práticas
delituosas
>delinquente ocasional: a oportunidade faz surgir o sujeito ativo do delito
>sujeito passivo: decorrente de emoções incontroladas
Rafael Garofalo foi o jurista da primeira fase da Escola Positiva, cuja obra fundamental
foi “Criminologia” publicada em 1885. Não muito diferente de Lombroso, ele também
tem influência de Darwin. Garofalo dá uma sistematização jurídica à Escola Positiva,
partindo das ideiasd e Darwin, aplicava a seleção natural ao processo social, sugere a
necessidade de aplicação da pena de morte aos delinquentes que não tivessem
capacidade de adaptação, que seria os “criminosos natos”. Sua preocupação não era
a correção, mas a incapacitação do delinquente. Enfatizava a necessidade da
eliminação do criminoso.
A Escola Positiva teve enorme repercussão, destacando-se como algumas de suas
contribuições: a descoberta e os novos fatos e a realização de experiências ampliaram
o conteúdo do direito; o nascimento da criminologia; a preocupação como delinquente
e com a vítima; melhor individualização das penas; desenvolvimento de institutos
como a medida de segurança e o tratamento tutelar do menor.

Escola Moderna Alemã


*Franz Von Liszt
*da origem ao sistema penal causal naturalista (por um texto “o fim do Direito Penal”)
*essa escola se preocupa com o fim do direito penal, a partir do Programa de Mar
Burgo: nele Liszt inventa a expressão enciclopédia das ciências criminais
(criminologia, política criminal, dogmática criminais e bem jurídico tutelado)
*se preocupa também com uma ideia transdisciplinar do direito penal, e traz ideias
como o determinismo e livre-arbítrio
*tem a ideia de punibilidade, sistema repressivo, intervenção penal: a pena tem
diversas funções, mas a principal é a ideia intimidatória, para que as pessoas não
pratiquem ações omissivas ou comissivas, tipificadas como crime ou delito

dividida em italiana (F. Gramatica) e francesa (M. Angel)


O crime para esta escola é concebido como um fenômeno social e individual. O fim da
penal é a defesa social, aqui há a preocupação com a sociedade independente do
fenômeno ou sujeito. Essa corrente surgiu com a terza scuela italiana, a partir do
artigo “Uma Terza Scuola di Diritto Penale in Italia”. Em 1981. De Manuel Carnevale.
Essa escola acolhe o princípio da responsabilidade moral e consequente distinção
entre imputáveis e inimputáveis, mas não aceita que a responsabilidade moral se
fundamente no livre arbítrio: o homem é determinado pelo motivo mais forte, sendo
imputável quem tiver a capacidade de se deixar levar. A quem não tem a capacidade
deverá ser aplicada medida de segurança e não pena.
Então, a terza escola vai defender a pena como a finalidade da defesa social, e não a
medida de segurança. Essa escola contribuiu para a criação da maioridade penal e
imputabilidade penal.
A Defesa social aparece somente no final do séxulo XIX com a revolução positivista.
Em 1945, Felipe Grammatica(italiano) funda o Centro Internacional de estudos da
defesa sociail, o objetivo de adaptar “o indivíduo à ordem social”, ele objetivava
renovar os meios de combate à criminalidade.
Esse movimento pregava uma nova postura em relação ao delinquente: filosofia
humanista, análise crítica do sistema existente, valorização das ciências humanas.

*filippo gramatica (italiano): cria um centro internacional de estudos da defesa social.


*preocupada com mecanismo de proteção da sociedade: a ideia de que a pena tem
que ter uma política humanitária para o enfrentamento da criminalidade -> política
criminal humanitária da pena, a pena só aparece no sistema quando se traduzir por
uma política criminal humanitária

*Escola “da correção”


*correção x ressocialização
*o ser humano tem que ser corrigido
*Por isso não há penas mínimas ou máximas, para melhorar o humano nas suas
ações
*ela não se preocupa com o castigo, nem com a ressocialização do apenado/
reintegração do sujeito ao convívio social. Ela se preocupa com a correção do humano
através da pena
*corrige-se o homem por duas perspectivas: proteção do homem e tratamento do
homem
Para os correcionalistas, a pena não se dirige ao homem em abstrato, mas ao homem
real, vivo e concreto. A sua finalidade é trabalhar sobre a causa do delito. Tem fundo
ético-panteísta, apresentou-se como uma doutrina cristã, tendoem conta a moral e o
Direito natural.
Para os correcionalistas, o delinquente é um ser anormal incapaz de uma vida jurídica
livre. Então, a punição seria um direito e não um dever, a sanção penal servia vista
como um bem. O importante não é a punição, mas a cura. O juiz deve ser visto como
um médico social.
As principais características dos correcionistas são: pena idônea é a privação de
liberdade, que deve ser indeterminada, o arbítrio judicial deve ser ampliado em relação
à individualização da pena; a função da pena é de uma verdadeira tutela social; a
responsabilidade coletiva.

*a ideia de que a pena é um instituto de violência institucional: a pena é uma violência


na mão do estado moderno contra o homem livre. Os órgãos da justiça estão a serviço
de determinados grupos de poder/ de determinados grupos dominantes, que
determinam pelos órgãos oficiais como devem ocorrer as relações sociais (como se
construir a teoria da sociedade)
*essa escola também constrói o funcionamento da justiça pela ideia de seletividade:
seja aos bens jurídicos (o que é relevante para ter uma tutela penal por um
ordenamento jurídico), seja os processos de criminalização (processos de produção
dos tipos penais, aquilo que Alessandro Barata chamou de “a clientela do direito
penal”)

•Crítica Europa:
Alessando Baratta sugere algumas soluções ao problema da delinquência. Antes de
tudo, é importante ressaltar que esse autor não acredita na ressocialização, e sim
numa reforma, acredita que o sistema deu errado e precisa de uma transformação
radical.
Partindo desse ponto, Baratta sugere que a política criminal não pode ser uma polícia
com uma perspectiva vagamente reformista e humanitária. As circunstâncias
requerem uma política que propicie a igualdade social, a democracia, mudanças de
vida, etc.
A política criminal que Baratta propõe visa a total substituição do sistema social. Essa
teoria produz algumas problemáticas, quais as políticas criminais a seguir depois da
reforma? O que se fará com quem está recluso
Cezar Roberto Bittecourt diz que tais ideias de Baratta podem ser realizadas dentro do
sistema capitalista, porém com dificuldades. Mas sem necessidade de uma revolução.
Alessando Baratta defende a revolução ao mesmo tempo que critica a ressocialização,
pois ele enxerga que depois que um sujeito vai preso consiga ter uma vida digna, e
acredita que precisa de uma transformação radical da opinião pública em relação ao
delinquente para ele ter a oportunidade de se ressocializar.
Ele sugere a abolição da instituição carcerária, os muros da prisão devem ser
derrubados. (Assim como a psiquiatria acredita que precisam derrubar os muros dos
manicômios)
Essa ideia supõe o desenvolvimento de formas alternativas de autogestão da
sociedade no controle da delinquência. Defende as prisões abertas, nas quais evita o
isolamento social que sofre o infratos quando é recolhido.
Portanto, Baratta sugere para a Criminologia Crítica um novo modelo de
ressocialização. Parte do pressuposto que os desvios criminais dos indivíduos
pertencentes à classe baixa é uma resposta individual, e não política, {as condições
que impões as relações de produção e distribuição capitalista. Para Baratta, a
verdadeira reeducação será aquela que permita transformar essa reação ndividual e
irracional na consciência política dentro da luta de classes. Percebe-se então, uma
influência marxista.
Então, ele acredita na mínima intervenção estatal penal como “última ratio”. ele deve
primeiro construir um programa de direitos sociais para conceber a ideia de dignidade,
cidadania, desenvolvimento humano ao sujeito individual. Pode ocorrer quando todos
tiverem os direitos fundamentais, pois aí nesse momento é que pode usar o DP
constar essas pessoas
>Política criminal humanitária das penas: a pena privativa de liberdade não faz sentido
no sistema penal da modernidade
Ele construiu dentro deste programa propostas nomeadas como paradigma jurídico
crítico do minimalismo: intervenção mínima como método para construção de outros
processos sociológicos penais sem a “primeira intervenção”

•Crítica EUA
*EDWIN SUTHERLAND (Estados Unidos): “white color crime” (crime do colarinho
branco) e teoria da diferenciação social
>ele analisa o crime não pela ideia dos fatores sociais e nem fatores individuais,
psíquicos, biológicos. E sim pela estrutura do ambiente no qual o sujeito está inserido,
ele analisa perspectivas sociais e físicas do ambiente, negando a ideia de
individualidade psicológica e antropológica (da escola positivista)
>sociologia do interacionismo simbólico
>teoria da diferenciação criminal: o crime se aprende por processos de comunicação.
Ele constrói uma ruptura com o pensamento de que “a miséria é um espaço para a
produção do crime”, na riqueza também há o crime
>os crimes se definem por duas perspectivas: por necessidades e valores. No caso da
pobreza seria por necessidade, no caso da riqueza seria por valores

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