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Capítulo 4
A secagem de materiais húmidos por remoção de um solvente, é uma operação frequente nos
processo químicos de fabrico, efectuando-se imediatamente antes da embalagem dos sólidos
ou em pontos intermédios do processo. Assim, por exemplo, os grânulos de propileno
que ao serem produzidos arrastam uma razoável quantidade de solvente (n-hexano) têm de
ser secos com azoto, antes de sofrerem a extrusão e a transformação em "pellets" de
polipropileno.
Com excepção da desumidificação parcial dos sólidos por prensagem, todos os processos de
secagem implicam a vaporização do solvente, por fornecimento de calor ou por redução de
pressão. No caso comum dos secadores de sólidos, a remoção do solvente evaporado é
realizada por arrastamento por ar ou gases quentes que circulam no secador, sendo a
capacidade de secagem dos gases determinada pela temperatura e pressão e pelo teor de
vapor já existente na mistura gasosa. Assim, o projecto de secadores requer o conhecimento
das propriedades do sistema gás-vapor, utilizando-se diversos parâmetros para a
caracterização deste tipo de sistemas: saturação absoluta, saturação molar, percentagem de
saturação, etc.
De entre os sistemas gás-vapor com interesse industrial, o sistema ar-vapor de água
assume uma importância particular pelas muitas e variadas situações em que está presente:
secagem de sólidos, condicionamento de ar industrial e doméstico, etc. Este facto justifica a
existência de terminologia própria sempre que os processos envolverem misturas ar-vapor de
água. Assim, relativamente aos parâmetros anteriormente citados, a palavra saturação é
substituida por humidade, mantendo-se no restante uma completa analogia.
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associada à tensão superficial da interface líquido-gás. As gotículas de condensado são
instáveis, vaporizando-se assim que formadas. Trata-se pois de um estado meta-estável que
se pode prolongar por largos períodos, como acontece, por exemplo, no caso dos nevoeiros.
- Saturado, o que significa que a substância se encontra em equilíbrio
termodinâmico, pelo que a sua pressão parcial na mistura gasosa é igual à pressão de vapor, à
temperatura de equilíbrio. Neste caso, possuindo o sistema dois constituintes e co-existindo
duas fases em equilíbrio, o sistema possui dois graus de liberdade, pelo que dois parâmetros
são suficientes para caracterizar completamente o sistema (temperatura+pressão ou teor de
vapor+temperatura, etc.).
- Não saturado, quando a pressão parcial do vapor na mistura gasosa é inferior
à pressã de vapor, à temperatura de trabalho. Estando o sistema afastado do equilíbrio e
apresentando três graus de liberdade, torna-se necessário conhecer três parâmetros para
caracterizá-lo completamente: por exemplo, pressão + temperatura + fracção molar do vapor
na mistura gasosa. No entanto, para caracterizar este tipo de sistemas é também usual
empregarem-se outros parâmetros, habitualmente designados por índices de saturação e que
são definidos como:
i) Saturação (ou Humidade) molar, Sm (ou Hm) - é a razão entre o número de moles
de vapor e o número de moles de gás seco (i.e, isento de vapor):
nv Pa
Sm = = (4.1)
n g P − Pa
ii) Saturação (ou Humidade) absoluta, Sa (ou Ha) - é a massa de vapor por unidade de
massa de gás isento de vapor:
m v n v PM v PM v
Sa = = × = Sm × (4.2)
m g n g PM g PM g
iii) Percentagem de Saturação (ou de Humidade), % S (ou % H), é a razão entre a massa
de vapor existente numa unidade de massa de gás isento de vapor e a massa de vapor
que existiria, na mesma massa de gás, se a mistura estivesse saturada nesse vapor à
temperatura e pressão de trabalho. Podemos então escrever:
Sm Sa
%S = × 100 = × 100 (4.3)
S m sat S asat
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Pa
P − Pa
%S = × 100 (4.4)
Pv (T)
P − Pv (T)
nv Pa
* Nas condiçoes operatórias reais: = (4.5 a)
V RT
n v sat Pv (T)
* Nas condiçoes de saturação: = (4.5
V RT
b)
nv nv Pa
Pelo que: %S R = sat × 100 = × 100 (4.5 c)
V V Pv (T)
Para além da utilização destes quatro índices de saturação, é ainda frequente caracterizar
os sistemas gás-vapor pelo ponto de orvalho e pela temperatura de termómetro húmido.
p v (P.O.) = p a (4.6)
vi) O conceito de temperatura de termómetro húmido não é fácil de enunciar, pelo que
habitualmente se recorre à descrição do procedimento experimental para a sua determinação,
como forma de apresentação. Assim, quando se faz passar uma corrente gasosa a alta
velocidade sobre um termómetro cujo bolbo está envolvido por uma substância porosa
embebida num líquido (por exemplo, algodão humedecido), verifica-se um abaixamento da
temperatura medida pelo termómetro. Este abaixamento de temperatura deve-se à absorção de
energia necessária à vaporização parcial do líquido, energia esta que é fornecida
simultaneamente pelo arrefecimento do gás e pelo arrefecimento espontâneo do líquido.
Dado que a temperatura do líquido diminui de forma mais rápida que a do gás, (tornando-se
portanto inferior à deste, se ambos os fluidos estiverem inicialmente à mesma temperatura)
dá- se transferência de calor do gás para o líquido até se atingir a situação de equilíbrio. A
temperatura lida então no termómetro, designada como temperatura de termómetro
húmido, h, será tanto mais baixa e afastada do valor inicial (temperatura de termómetro
seco) quanto menor fôr o grau de saturação inicial do sistema.
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O tempo necessário para se atingir o equilíbrio depende da temperatura inicial e da
velocidade de passagem do gás pela superfície do líquido. Se esta velocidade fôr elevada e se
a área de contacto gás/líquido fôr pequena, não ocorrerá qualquer alteração significativa na
temperatura e na saturação da corrente gasosa. Note-se também que se o gás estiver já
saturado, a sua passagem pelo líquido não provocará modificações no sistema, caso estejam
ambos à mesma temperatura.
Para traduzir a velocidade de transferência de calor do gás para o líquido, podemos então
escrever:
Q = h A (T - Tl ) (4.7)
onde pa é a pressão parcial do vapor. Podemos então escrever a Eq. 4.8 do seguinte modo:
A PM a (Pao − Pa )
hD
W= (4.9)
RT
W=
h D A PM a
[S ao (P − Pao ) − S a (P − Pa )] (4.10)
RT
Quando pa0 e pa sáo próximas, (ρ – ρa0) ≈ (p – pa) ≈ ρgás = RT(ρ/PM)gás pelo que a Eq. 4.10 se
pode simplificar a:
W = hD A (Sao – Sa) ρgás (4.11)
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Q = h D A (S ao − S a ) ρ gás ∆H
ˆ v To
L (4.12)
No equilíbrio, as velocidades de transferência de calor dadas pelas Eqs. 4.7 e 4.12 tornam-
se iguais, o que permite estimar o declive das linhas de termómetro húmido.
S a − S ao h
=− (4.13)
T − To h D ρ gás ∆H
ˆ v To
L
No caso do sistema ar-vapor de água, o quociente h / (hD × ρgás) toma o valor de 0,25
cal/(gAr Seco,ºC), pelo que a equação anterior se escreve:
S a − S ao 0,25
=− (4.14)
T − To ∆Hˆ v To
L
vii) Finalmente, como último índice de saturação podemos ainda considerar a entalpia
específica do sistema, descrita por:
∆H { [
ˆ = C p Tgás,Tref (T − Tref ) + S m C p Tvapor
,Tref
]
( g ) (T − Tref ) + ∆Hv L
ˆ Tref } (4.15)
onde o recurso à saturação molar ou absoluta depende apenas das unidades em que as
capacidades caloríficas e a entalpia de vaporização vêm expressas.
Exemplo 4.1
RESOLUÇÃO
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Hm
6) % Humidade, %H = × 100
H m sat
Pv(60º C) 149,38
→ H m sat. = = = 244,64 × 10 − 3 molA / molAS
P − Pv(60º C) 760 − 149,38
8,68
pelo que: %H = × 100 = 3,5 %
244,64
∆H {
ˆ AH = C p 60
AS
, 25 º C
[ ]}
(60 − 25) + H m ∆Hˆ v 25A º C + Cp60A (,g25) º C (60 − 25)
Dado que:
C p 60
AS
, 25 º C
= 6,983 cal / mol , K ; C p 60 , 25 º C
A(g) = 8,052 cal / mol , K ; ∆Hv A25ºC = 10519,5 cal / mol
Se num sistema gás-vapor não saturado fixarmos a pressão de trabalho, o número de graus de
liberdade reduz-se a 2, sendo assim possível construir diagramas a duas dimensões (ábacos
ou cartas) que permitem relacionar os vários índices de saturação do sistema. Estes
ábacos encontram larga aplicação no projecto de torres de humidificação e de secadores
desde que se admita que a pressão se mantém praticamente constante (aproximação que
corresponde a desprezar a perda de carga dos gases nos equipamentos).
Na construção destas cartas, representam-se as temperaturas segundo o eixo das abcissas
e como ordenadas a saturação molar ou a saturação absoluta. Assim, segundo o eixo das
abcissas, localizam-se as temperaturas de termómetro seco, ts, de termómetro húmido, θh, e
de ponto de orvalho (P.O.).
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Sobre o sistema de eixos representado na Fig. 4.1, traçam-se então linhas de igual
percentagem de humidade (% H) ou de igual percentagem de humidade relativa (% HR),
sendo esta opção tomada por quem desenha o ábaco. Seleccionando um valor de % H
correspondente a uma linha que se deseja representar sobre o gráfico, resolve-se a Eq. 4.3 em
ordem a Sm (ou a Sa), para diferentes valores de temperatura (para os quais foi obviamente
necessário obter os valores da pressão de vapor requeridos pela equação). A união dos vários
pontos assim obtidos reproduz a curva desejada.
Na saturação, as curvas de % H = % HR = 100%, coincidem, delimitando a zona em que o
sistema está sub-saturado no vapor.
Os valores da entalpia específica de cada sistema gás-vapor são facilmente calculados a
partir da Eq. 4.15. No entanto, dado que a representação sobre a carta das entalpias de
todos os estados não é possível (por resultar num gráfico saturado em informação e como tal
ilegível) é usual indicar apenas a entalpia específica correspondente ao sistema saturado,
completando esta informação com o traçado das linhas de saturação adiabática (ou linhas de
igual entalpia).
Para exemplificar a génese das linhas de saturação adiabática vamos considerar, por exemplo,
a humidificação de um gás (Fig. 4.2) que circula numa torre em contra-corrente com um
líquido que sofre vaporização parcial. Este gás é caracterizado à entrada da torre pela
temperatura TE e por uma saturação absoluta SmE.
Como hipóteses de trabalho considera-se que:
- A temperatura do líquido à entrada da torre é T.
- O sistema é adiabático.
- A massa de líquido em circulação é muito maior do que a massa a evaporar, o
que é equivalente a considerar que a massa de líquido e a sua temperatura não variam.
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Figura 4.2 - Torre de humidificação adiabática
Admitindo também que a torre tem altura infinita, podemos considerar que a corrente gasosa
que abandona a torre está em equilíbrio com o líquido, à temperatura T. Assim, durante o seu
percurso na torre, o gás irá arrefecer desde a temperatura de entrada, TE até à temperatura do
líquido. Por outro lado, a sua saturação aumentará desde SaE até ao valor de equilíbrio, SaS,
que se admite ser atingido à saída da torre.
Face às hipóteses de partida anteriormente mencionadas, é pois possível afirmar que a
entalpia do gás à saída e à entrada da torre é a mesma. Escolhendo então como estado de
referência para o gás e para o líquido, tref = T e pref = p, as entalpias específicas do gás
húmido (GH), à entrada e à saída da torre, escrevem-se respectivamente como:
∆H
ˆ GH
E
{
= C p TgásE ,T (TE − T ) + S aE ∆H [
ˆ v TL + C p TLE( g,T) (TE − T ) ]}
∆H
ˆ GH
E
= {C p T ,T
gás (T − T) + S Sa [∆Hˆ v TL + Cp TL,(Tg ) (T − T)] } = S Sa ∆Hˆ v TL
S Sa − S aE C p TgásE ,T + S Sa C p TLE(g,T)
=− (4.16)
T − TE ∆Hˆ v TL
Esta equação permite calcular o declive das linhas de saturação adiabática, em pequenos
intervalos de temperatura. Para intervalos largos, a influência da temperatura sobre as
propriedades termofísicas não pode ser desprezada e o andamento deixa de ser linear.
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0,241 + 0,446H Sa
α=− (4.17)
∆Hˆ v água
T
Finalmente, para concluir a representação gráfica dos índices de saturação resta ainda discutir
o traçado das linhas de temperatura de termómetro húmido, cuja dedução foi anteriormente
apresentada. Dado que na saturação as temperaturas de termómetro seco e húmido coincidem,
bastaria conhecer o declive da linha de termómetro húmido para completar o seu traçado. No
entanto, para a maioria dos sistemas não é fácil quantificar os coeficientes de transferência de
massa e calor, pelo que nem sempre estas linhas figuram nos ábacos. No caso do sistema ar-
vapor de água, sistema para o qual estes valores são conhecidos, verifica-se uma grande
semelhança entre os declives da linha de saturação adiabática e de termómetro húmido,
tal como se pode observar comparando as Eqs. 4.17 e 4.14. A fim de se evitar a acumulação
excessiva de informação sobre o ábaco, utilizam-se então as linhas de saturação adiabática do
sistema ar-vapor de água com um duplo objectivo: tornar simultaneamente possível a leitura
da entalpia específica do sistema e da sua temperatura de termómetro húmido.
Assim, em resumo, dispondo de dois dados independentes sobre um sistema gás-vapor torna-
se possível obter, com um mínimo de cálculo analítico, todos os outros índices de
saturação, desde que se utilize uma carta traçada à pressão a que o sistema se encontra.
Os ábacos, cujo traçado acabámos de descrever, são utilizados com grande frequência na
resolução de problemas que envolvem o sistema ar-vapor de água, sendo então
designados como cartas psicrométricas, pois, tal como já foi referido, a importância deste
sistema justifica uma terminologia própria. A grande divulgação do uso das cartas
psicrométricas em cálculos de secagem de sólidos ou de condicionamento de ar deve-se em
grande parte à coincidência (fortuita) dos declives das linhas de saturação adiabática com os
das linhas de temperatura de termómetro húmido entre 10 a 70 ºC. Este facto confere às
cartas uma grande versatilidade na sua utilização.
Vejamos agora alguns exemplos de leituras possíveis de realizar neste tipo de gráficos.
Para isto, vamos utilizar uma carta psicrométrica para baixas temperaturas (-10 a 55 ºC), à
pressão de 101,325 kPa, traçada pela empresa Carrier, United Technologies Corporation
(http://www.alder.co.za/psy_02.pdf), embora existam publicadas muitas outras versões deste
ábaco: para temperaturas superiores a 55 ºC, pressões barométricas diferentes de 1 atm, no
Sistema Inglês de unidades, etc.
Exemplo 4.2
Uma mistura ar-vapor de água, a 45 ºC e pressão barométrica de 101,325 kPa, apresenta uma
10
humidade molar de 0,0096 mol vapor/ mol ar seco. Situar sobre a carta psicrométrica o ponto
que representa a mistura gasosa e obter os seguintes índices de saturação: Humidade absoluta;
ponto de orvalho; % de humidade relativa; temperatura de termómetro húmido; entalpia
específica do sistema.
RESOLUÇÃO
A conversão de humidade molar, 0,0096 mol vapor/ mol ar seco, em humidade absoluta
é feita usando a Eq. 4.2:
PM V 18
Ha = Hm × = 0,0096 × = 0,006 kg de vapor / kg de ar sec o
PM g 28,9
Temos agora dois dados que já permitem situar a mistura ar-vapor, (ponto A), sobre a carta
psicrométrica Carrier representada na Fig. 4.3, pela intersecção de duas linhas:
* O ponto de orvalho obtém-se na intersecção da linha horizontal (linha a cheio) que passa
pelo ponto representativo do sistema, com a linha de saturação (100 % HR). Neste exemplo, o
ponto de orvalho (traduzido pelo ponto C) é ≈ 6,5 ºC.
Esta temperatura pode ser lida no eixo dos xx’ ou na escala existente sobre a linha de
saturação (valores mais espaçados). [Nota: Embora a generalidade das cartas psicrométricas
designe o eixo dos xx’ como eixo da temperatura seca (“dry bulb temperature”) qualquer
temperatura pode obviamente ser lida neste eixo].
11
Figura 4.3 – Leituras de índices de saturaçãosobre uma carta Psicrométrica Carrier
(livremente acessível em http://www.alder.co.za/psy_02.pdf)
O valor lido 62 kJ/kg ar seco, corresponde à entalpia específica que o sistema A teria caso
estivesse saturado em vapor de água, tendo como referência as seguintes condições: Ar -
gás, água líquida - 0 ºC e pressão de 1 atmosfera absoluta. No entanto, neste exemplo, tal
como em muitos outros casos o ar húmido não se encontra saturado pelo que a obtenção
da entalpia específica de um qualquer sistema requer a correcção do valor lido. Esta
correcção da entalpia resulta da diferença entre a massa de vapor de água que existe no
12
sistema e a que existiria se a mistura estivesse saturada.
∆H
ˆ = ∆H ˆ correção (θ S , H a )
ˆ saturação + ∆H
O valor desta correcção, em geral muito pequena, pode ser estimado a partir de linhas
apropriadas existentes nas cartas psicrométricas. No exemplo apresentado, a mistura ar vapor
de água está localizada entre duas destas linhas (-1,0 e -0,8 kJ/kg ar seco), pelo que podemos
admitir uma correcção de cerca de -0,9 kJ/kg ar seco. Assim,
∆H
ˆ = 62 − 0,9 ≅ 61,1 kJ / kg ar sec o
Tal como foi anteriormente referido, o traçado de uma carta psicrométrica implica a definição
prévia do valor da pressão, pelo que a sua utilização para outros valores de pressão
total não é válida, dado que os índices de saturação dependem directa ou indirectamente da
pressão. Assim, quando a diferença entre a pressão total no sistema e o valor para o qual a
carta psicrométrica foi construida exceder ± 10 mmHg, deixa de ser possível a utilização
dessa carta (alguns ábacos fornecem métodos gráficos de correcção dos índices em função da
pressão, mas estes métodos obrigam a um procedimento iterativo e moroso, pelo que
na maioria dos casos não se justifica o seu emprego).
Assim, sempre que a pressão total do sistema for diferente da pressão da carta
psicrométrica de que se dispõe, é necessário obter os índices de saturação do sistema
por cálculo. No entanto, dado que a temperatura de termómetro húmido não é fácil de
calcular, é ainda aceitável a sua obtenção directa a partir desta carta, desde que a pressão
absoluta do sistema se situe entre 750 e 770 mm Hg.
A grande variedade de índices de saturação obtidos a partir das cartas psicrométricas torna
também possível representar sobre estas alguns processos de condicionamento ou
humidificação do ar, realizados a pressão constante. Assim, por exemplo, tendo em atenção a
Fig. 4.4, verificamos que o arrefecimento de um sistema ar-vapor de água pode ser
representado pelo segmento de recta A B , ou pelo segmento C D se a saturação for atingida.
De forma idêntica um aquecimento do sistema poderá ser representado pelo segmento
EF .Por outras palavras, um aquecimento ou um arrefecimento sem condensação realiza-se
sem alterar a composição do sistema pelo que a humidade absoluta se mantem constante
durante o processo.
No entanto, se este arrefecimento tiver sido suficientemente intenso para provocar a
condensação parcial do vapor, o percurso sobre a carta será agora representado por G H I ,
dado que durante a condensação se dá uma diminuição da saturação absoluta.
13
Por último, a humidificação adiabática do ar (entalpia do ar constante) representa-se por um
deslocamento JK , segundo uma linha de saturação adiabática ou de temperatura de
termómetro húmido constante.
Exemplo 4.3
14
quantidade total de água a evaporar. O ar efluente deste secador (com 80% de humidade
relativa) é aquecido e introduzido no secador I de onde sai com 90% de humidade relativa.
Admite-se, como aproximação, que a humidificação do ar nos dois secadores é adiabática.
Esta corrente gasosa é seguidamente comprimida, num compressor de dois andares com
arrefecimento intercalado, de forma a remover por condensação toda a água evaporada nos
dois secadores. A temperatura do ar sofre um aumento de 8ºC durante a compressão. O caudal
horário de material sólido a tratar é de 1800 kg. Na descarga, o material celulósico não pode
conter mais de 3% de humidade.
RESOLUÇÃO
* Localização da corrente (4) sobre a carta (Fig. 4.6), a partir dos dados do problema (ts = 40
ºC; P.O.= 1,0 ºC) e obtenção dos restantes índices de saturação da corrente, por leitura directa
15
ou por cálculo:
(Ha)4 θ ≈ 0,004 kgVA /kgAS
θh ≈18 ºC
(Hm)4 = (0,004) ×(28,9 / 18) ≈ 0,0064 molVA/molAS
θh = 18 ºC
% HR = 80
P.O.= 17 ºC; (Ha)6 = 0,012 kgVA /kg AS; (Hm)6 = 0,0193 mol VA/mol AS
16
que é necessário quantificar primeiro alguns índices da corrente (7), de forma a localizá-la
sobre a carta psicrométrica. É importante recordar que, tendo-se considerado que a
humidificação do ar nos secadores é adiabática, os pontos correspondentes as correntes (6) e
(7) estão sobre a mesma linha de termómetro húmido.
Determinação do caudal de ar seco circulando no processo, QAS, (inerte gasoso), a partir da
massa de água evaporada no Secador II, MII:
* Cálculo da humidade absoluta na corrente (7), por balanço de massa à água evaporada no
Secador I:
(Água)7 = (Água)6 + (Água evaporada)I → (Ha)7 = (Ha)6 + [(Água evaporada)I / QAS]
(Ha)7 = 0,012 + 413,58 / 39000 = 0,0226 kgVA /kgAS
17
* Recorrendo adicionalmente ao valor da humidade absoluta de (6) já calculado anteriormente
(0,012 kgVA /kgAS), podemos localizar este ponto sobre a carta (ver Fig. 4.7) e responder à
questão a) : tS ≈ 53,5 ºC
onde y é a fracção mássica da água no material celulósico inicial. Da resolução deste sistema,
obtém-se:
Q3 = 1074,42 kg/h e y = 0,421
Por outro lado, esta corrente está saturada em vapor de água, dado que houve
condensação de água durante a compressão:
% HR = %H = 100
tS = θh = P.O. = 36,5 ºC
Pressão parcial = Pressão de vapor (36,5 ºC)
Atendendo a que a condensação remove toda a água evaporada nos dois secadores, a
humidade absoluta e a humidade molar de (8) têm de ser idênticas às de (4):
18
Pv (36,5º C ) 45,799 mmHg
( H m ) 8 = 0,0064 = =
P − Pv (36,5º C ) P − 45,799 mmHg
40 + 273,15
( VM ) 4 = × 22,4 = 25,68 L
273,15
obtém-se um caudal volumétrico (PTT) de 9,7 m3/s, como resposta à questão d).
III – Um caudal de ar húmido, à pressão de 2,5 atm rel. e com ponto de orvalho de 6 ºC, é
alimentado a um equipamento onde a perda de pressão é de 500 mmHg. Qual o ponto de
orvalho do ar efluente?
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IV – A secagem de têxteis num secador, considerado adiabático, operando à pressão
atmosférica, é realizada por circulação em contra-corrente com ar a 66 ºC e ponto de orvalho
de 14 ºC. Admitindo que a temperatura o sólido não sobre alteração na passagem pelo
secador, determine qual a temperatura de termómetro húmido do ar efluente do secador.
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