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CENTRO UNIVERSITÁRIO CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

GRADUAÇÃO EM DIREITO

ADVOGADO PARTICULAR

JOÃO BATISTA LIMA DO NASCIMENTO


NADIA APARECIDA POSSO
TALES LADEIA

SÃO PAULO-SP
2020
JOÃO BATISTA LIMA DO NASCIMENTO
NADIA APARECIDA POSSO
TALES LADEIA

ADVOGADO PARTICULAR

Trabalho de avaliação continua


apresentado à UniDrummond, para o
Curso de Direito, turma: 182000.
Orientado por: Profa. Ms. Drª Regina

SÃO PAULO-SP
2020
Resumo:

O Direito Constitucional possui normas de hierarquia superior frente a outras


normatizações existentes no Estado. O Direito Civil lida com as relações jurídicas
das pessoas físicas e jurídicas dentro da sociedade. O Código Civil,
especificamente, lida com as questões da família, da vida e da morte da pessoa
física, com a relação de propriedade, do casamento, entre outras. Todo o conjunto
de normas jurídicas que têm por finalidade estabelecer as infrações de cunho penal
e suas respectivas sanções e reprimendas. O Direito Penal é um ramo do Direito
Público (que diz respeito a função ou dever do Estado). Há que se acrescentar que o
Direito Penal é formado por uma descrição, em série, de condutas definidas em lei,
com as respectivas intervenções do Estado (na aplicação de sanções e eventuais
benefícios), quando da ocorrência do fato delituoso, concreto ou tentado.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO.............................................................................................................................5
1.1. DIREITO CONSTITUCIONAL...................................................................................5
1.2. NATUREZA DO OBJETO.........................................................................................6
1.3. CONSTITUCIONALISMO.........................................................................................7
1.4. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS................................................................................7
2. DIREITO CIVIL..........................................................................................................................11
2.1 CONCEITUAÇÃO...................................................................................................11
2.2 MORAL E DIREITO................................................................................................11
2.3 DIREITO POSITIVO E DIREITO NATURAL...........................................................12
2.4 DIREITO OBJETIVO E DIREITO SUBJETIVO.......................................................13
3. DIREITO PENAL.......................................................................................................................16
3.1 DEFINIÇÃO................................................................................................................. 16
3.2 FUNÇÃO DO DIREITO PENAL...................................................................................17
3.3 CRÍTICA À FUNÇÃO PROTETIVA DE BENS JURÍDICOS FUNDAMENTAIS...........17
3.4 CRÍTICA À FUNÇÃO DE GARANTIA DO INDIVÍDUO...............................................19
3.5 LIMITAÇÕES AO DIREITO PENAL............................................................................20
3.6 FONTES DO DIREITO PENAL...................................................................................21
3.7 PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL............................................................................21
3.8 CLASSIFICAÇÕES DO DIREITO PENAL..................................................................23
4. CONCLUSÃO............................................................................................................................24
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................................25
1. INTRODUÇÃO

1.1. DIREITO CONSTITUCIONAL


O Direito Constitucional é o ramo do Direito que expõe, interpreta e
sistematiza os princípios e normas fundamentais do Estado. Tem por objeto o
estudo do Poder, sua organização, estruturação, limitação. Conforme nos ensina o
professor Miguel Reale (2002):
O Direito Constitucional tem por objeto o sistema de regras referente à
organização do Estado, no tocante à distribuição das esferas de competência
do poder político, assim como no concernente aos direitos fundamentais dos
indivíduos para com o Estado, ou como membros da comunidade política.
No conceito do professor José Afonso da Silva (2002), Direito Constitucional é
o ramo do Direito Público que expõe, interpreta e sistematiza os princípios e normas
fundamentais do Estado. Seu conteúdo científico abrange as seguintes disciplinas:
Direito constitucional positivo ou particular: é o que tem por objeto o estudo dos
princípios e normas de uma Constituição concreta, de um Estado determinado,
compreende a sistematização e crítica das normas jurídico-constitucionais desse
Estado, configuradas na Constituição vigente, nos seus legados históricos e sua
conexão com a realidade sociocultural. Direito constitucional comparado: é o estudo
das normas jurídico-constitucionais positivas (não necessariamente vigentes) de
vários Estados, preocupando-se em destacar as singularidades e os contrates entre
eles ou grupo deles. Direito constitucional geral: delineia uma série de princípios,
conceitos e instituições que se encontram em vários direitos positivos, ou um grupo
deles, para classificá-los e sistematizá-los numa visão unitária; é uma ciência que
visa generalizar os princípios teóricos do direito constitucional particular e, ao
mesmo tempo, constatar pontos de contato e independência do direito constitucional
positivo dos vários Estados que adotam formas semelhantes de governo.
No Direito atual, os poderes do Estado são estatuídos em função dos
imperativos da sociedade civil, isto é, em razão dos indivíduos e dos grupos naturais
que compõem a comunidade. Por outras palavras, o social prevalece sobre
o estatal. Esta é a orientação seguida na Constituição de 1988, que está vigente no
Brasil. De outro lado, se prevalecem a atenção dispensada aos órgãos estatais,
segundo a forma de Estado adotada (Federação, ou Estado unitário) ou a forma de
governo vigente (Presidencialismo, ou Parlamentarismo, por exemplo) os direitos
individuais são tratados com grande amplitude. Não se determinam apenas os
direitos de cidadania, mas também os direitos sociais, desde os que protegem a vida
até os relativos à comunicação (Miguel Reale, 2002).
Esse ramos do Direito que estuda de maneira aprofundada e sistematizada as
normas jurídicas, tendo como seu objeto de estudo a Constituição Federal. A
Constituição é a norma de maior importância dentro do ordenamento jurídico
brasileiro, todas as leis lhe devem obediência, por isso encontra-se sempre  no topo
da hierarquia das leis e demais atos normativos.
1.2. NATUREZA DO OBJETO
O Direito Constitucional é, em termos de estudo, já que o Direito é uno, o
ramo do Direito Público que se refere à organização e funcionamento do Estado, sua
estrutura, seus fundamentos, objetivos, organização e, ainda, das garantias e
direitos dos seus indivíduos. O Direito Constitucional, com efeito, atine ao estudo
das normas jurídicas de maior importância no ordenamento jurídico, pois essas
normas são o fundamento de validade de todas as demais normas existentes e, até
mesmo, das que já existiam antes da atual Constituição e, também, das que vierem
a existir. O Direito Constitucional, conforme mencionado, objetiva, de imediato, o
estudo da constituição política do Estado. Entretanto, devemos ter em mente um
maior campo de abrangência ou três ramos do Direito Constitucional.
Assim, temos o Direito Constitucional Particular que se refere ao estudo da
Constituição de um estado determinado. Podemos falar em Direito Constitucional
Brasileiro, Português, Espanhol, Alemão etc. Direito Constitucional Comparado que
é o estudo sistematizado das normas jurídico-constitucionais dos diversos estados,
verificando-se as suas coincidências, singularidades e especificações. É mais um
método de estudo do que uma posição efetiva de enfoque dogmático. Direito
Constitucional Geral busca estabelecer princípios, conceitos, instituições
encontradas em vários sistemas constitucionais particulares, dando-lhe uma visão
unitária. Tende-se à universalização da ciência. Visa, na visão de Afonso Arinos,
generalizar os princípios teóricos do Direito Constitucional Particular e, ao mesmo
tempo, constatar pontos de contato e interdependência do direito de vários estados
que adotam formas semelhantes de governo.
A designação Direito Constitucional surgiu no início do Século XIX na Itália,
depois na Espanha. Em 1834, foi criada a cadeira na Faculdade de Direito de Paris.
Em 1820, Benjamin Constant publicou Curso de Política Constitucional. No Brasil,
criou-se a cadeira de direito público constitucional, em substituição à antiga Análise
da Constituição e desdobrada, a partir de 1940, em Teoria Geral do Estado e Direito
Constitucional.
1.3. CONSTITUCIONALISMO
O Direito Constitucional está ligado aos movimentos constitucionalistas, que
são movimentos políticos e históricos decorrentes dos antigos abusos encetados
pelos governantes. Diz Canotilho que o constitucionalismo é "uma teoria que ergue o
princípio do governo limitado indispensável à garantia dos direitos em dimensão
estruturante da organização político-social de uma comunidade. Neste sentido, o
constitucionalismo moderno representará uma técnica específica de limitação do
poder com fins garantísticos. O conceito de constitucionalismo transporta, assim, um
claro juízo de valor. É, no fundo, uma teoria normativa da política, tal como a teoria
da democracia, ou teoria do liberalismo".
Por sua vez, André Ramos Tavares dá várias acepções ao
constitucionalismo: "numa primeira acepção, emprega-se a referência ao movimento
político-social com origens históricas bastante remotas que pretende, em especial,
limitar o poder arbitrário. Numa segunda acepção, é identificado com a imposição de
que haja cartas constitucionais escritas. Tem-se utilizado, numa terceira acepção
possível, para indicar os propósitos mais latentes e atuais da função e posição das
constituições nas diversas sociedades. Numa vertente mais estrita, o
constitucionalismo é reduzido à evolução histórico-constitucional de um determinado
Estado."
1.4. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
Os princípios constitucionais têm função ordenadora e ação imediata
funcionando como critério de interpretação e de integração, dando coerência ao
sistema, como ensina Jorge Miranda, em seu "Manual de Direito Constitucional". Os
princípios são normas-síntese ou normas-matriz.
Há três tipos de princípios:
1. Princípios políticos constitucionais são os que traduzem as opções políticas
fundamentais conformadoras da Constituição, dito de outra forma, são decisões
políticas fundamentais sobre a forma de existência da Nação.
2. Princípios jurídicos constitucionais são aqueles que informam a ordem jurídica
constitucional, constituem desdobramentos dos princípios fundamentais.
3. Princípios institucionais ou regionais são os que regem e modelam o sistema
normativo das instituições constitucionais.
Assim, ensina Canotilho e Vital Moreira que os princípios fundamentais são
variados e visam essencialmente a definir e caracterizar a coletividade política, o
Estado e a enumeração das principais opções político-constitucionais. São, também,
a síntese de todas as normas constitucionais. Segundo José Afonso da Silva, podem
ser assim discriminados: princípios relativos à existência, forma e tipo de Estado, à
forma de governo, à organização dos poderes, à organização da sociedade, à vida
política, ao regime democrático, às prestações positivas do Estado e, por fim, à
comunidade internacional.
O primeiro princípio fundamental diz respeito à forma de Estado. O Brasil é
uma federação, isto é, um Estado Federal composto de diversos outros Estados-
membros que se unem para formar uma unidade nova. Essa unidade nova é a
Federação. Nesse Estado, a União se apresenta externamente como Estado unitário
(Federal). Os Estados-membros gozam de autonomia política e administrativa, mas
não de soberania. Incluem-se na federação o Distrito Federal e os Municípios.
No sistema federativo, as populações dos Estados estarão representadas
numa das câmaras legislativas, em número proporcional. É o que acontece na
Câmara dos Deputados, composta de representantes do povo. O art. 45 da
Constituição estabelece essa forma de representação e o § 1º diz que a lei
complementar estabelecerá o seu número, procedendo-se aos ajustes necessários
para que nenhum estado tenha mais de 70 representantes nem menos de 8. A Lei
Complementar nº 78, de 30/12/93 fixou o número de deputados em 513. No ano
anterior às eleições o IBGE fornecerá os dados estatísticos das populações e o
Tribunal Superior Eleitoral estabelecerá o número de deputados por Estado e Distrito
Federal.
Nesse sistema é necessária também uma segunda câmara legislativa, o
Senado Federal que é composto de representantes dos Estados-membros e do
Distrito Federal, em número igualitário. O art. 46 estabelece que cada Estado e o
Distrito Federal terão 3 senadores, eleitos pelo sistema majoritário. O mandato dos
senadores é de 8 anos, renovando-se a representação a cada 4 anos, por um e dois
terços. Desse modo, a Câmara dos Deputados traz uma representação proporcional
às populações dos Estados e o Senado Federal cuida do equilíbrio federativo. O
segundo princípio refere-se à forma de governo. A forma de governo adotada é a
República. Isso significa que somos uma coletividade política com características de
república, isto é, coisa pública, ou coisa do povo e para o povo. Isso traduz forma de
governo, com características específicas inerentes à República:
1) O governante demanda ser legitimado por eleições populares;
2) Eleições são periódicas;
3) Temporariedade dos mandatos;
4) Existência de câmaras legislativas;
5) Igualdade de todos, sem qualquer vantagem própria das monarquias em que
existe a nobreza e a plebe.
Os demais princípios estão estabelecidos nos incisos do art. 1º da
Constituição e são:
1) Soberania – O fundamento soberania está inserido no conceito de Estado.
2) Cidadania – O fundamento da cidadania traduz que o titular dos direitos políticos
é o povo, o cidadão que se integra na sociedade estatal. O governo, assim, está
submetido à vontade popular.
3) Dignidade da pessoa humana – A dignidade da pessoa humana é outro
fundamento essencial. Daí todo o capítulo dos direitos e garantias fundamentas, os
dados referentes à ordem econômica que busca assegurar a todos uma existência
digna, os fundamentos da ordem social, da educação, do exercício da cidadania.
4) Valores sociais do trabalho e da livre iniciativa – Isso quer dizer que todo trabalho
é digno, consagrada a liberdade de iniciativa na atividade econômica. Isso insere o
Brasil nas economias abertas, em que não há dirigismo do Estado, em que os
indivíduos serão os condutores da atividade econômica.
5) Pluralismo político – Refuta-se a ideia de partido único. Todas as doutrinas, idéias
políticas ou filosóficas podem ser livremente manifestadas e constituídas e partidos
políticos, desde que respeitado o sistema democrático.
Finalmente, estabelece-se que todo o poder emana do povo que deverá
exercê-lo diretamente ou através de representantes eleitos. Aí está explicitado quem
é o verdadeiro titular da soberania nacional: o povo.
Objetivos do Estado brasileiro estão relacionados no artigo 3º da Constituição
e construir uma sociedade livre, justa e solidária, garantir o desenvolvimento
nacional, erradicar a pobreza e a marginalização, reduzindo as desigualdades
sociais e promover o bem de todos, sem quaisquer preconceitos ou outras formas
de discriminação.
Esses objetivos são os fundamentais, não todos, à toda evidência. Os
enumerados são os fundamentais e que valem como prestações positivas e que
deverão concretizar a democracia econômica, social e política. Todos esses
objetivos do Estado se dirigem à dignificação da pessoa humana. O art. 4º propõe o
que deve ser o Brasil na ordem internacional. Assim, estão estabelecidos
compromissos com a independência nacional e autodeterminação de todos os
povos, a igualdade entre os Estados e a solução pacífica dos conflitos. Nessa linha,
preconiza-se a não-intervenção e a defesa da paz. De todas essas posturas frente a
ordem internacional, sobreleva a referente à prevalência dos direitos humanos. Vale
dizer que em todos os litígios, em todas as questões, a garantia dos direitos
humanos é essencial para a postura que o Brasil deva adotar. Assim, registram-se
também dentre as preocupações o progresso da humanidade através da
cooperação entre os povos e a concessão de asilo político.
Por fim, importante salientar, consoante lição de José Afonso da Silva
que “algumas são normas-síntese ou normas-matrizes cuja relevância consiste
essencialmente na integração das normas de que são a súmula, ou que as
desenvolvem, mas têm eficácia plena e aplicabilidade imediata, como as que contêm
os princípios de soberania popular e de separação de Poderes.
2. DIREITO CIVIL

2.1 CONCEITUAÇÃO
Toda convivência em grupo impõe uma certa ordem, determinada por regras
de conduta. São restrições que limitam a atividade dos indivíduos componentes de
diversos grupos sociais. Este é exatamente o fim do direito, determinar regras
permitindo então que os homens possam viver em sociedade. No entanto no que
tange a conceituar direito, não há um consenso. A palavra direito vem do latim
directum, significando aquilo que é reto, que está de acordo coma a lei. Da
necessidade da justiça nas relações humanas é que nasce o direito, assim a criação
do direito tem como objetivo essencial a realização da justiça. Para Aristóteles, “a
justiça é a perpétua vontade de dar a cada um o que é seu, segundo uma
igualdade”.
“A palavra direito, é usada, na acepção comum, para designar o conjunto de
regras com que se disciplina a vida em sociedade, regras essas que se
caracterizam pelo caráter genérico, concernente à indistinta aplicação a todos
os indivíduos, e jurídico, que as diferencia da demais regras de
comportamento social e lhes confere eficácia garantida pelo Estado”
(Francisco Amaral in Carlos Roberto Gonçalves).
Tais regras supracitadas são as normas de conduta encontradas nas leis, nos
costumes, na jurisprudência, nos princípios gerais do direito, constituindo assim, o
direito objetivo e positivo, imposto à sociedade por vontade superior.
Para Washington de Barros Monteiro, direito “é o conjunto das normas gerais
e positivas, que regulam a vida social”.
Para Caio Mário da Silva Pereira, direito “é o princípio de adequação do
homem à vida social. Está na lei como exteriorização do comando do Estado;
integra-se na consciência do indivíduo que pauta sua conduta pelo
espiritualismo do seu elevado grau de moralidade; está no anseio de justiça,
como ideal eterno do homem; está imanente na necessidade de contenção
para coexistência”.
Tem-se que o direito é a ciência do “dever ser”, pois este no mundo jurídico
caracteriza-se pela liberdade na escolha da conduta.
2.2 MORAL E DIREITO
A convivência em sociedade, exige mais do que a observância das normas de
conduta. A ética, de conteúdo mais abrangente do que o direito, compreende as
normas jurídicas e morais. O ponto em comum entre as normas jurídicas e as morais
é o fato das duas, constituírem regras de comportamento. Entretanto o que as
distingue é a sanção e o campo de ação que na moral é bem mais amplo. Sanção
no direito: imposta pelo Estado para constranger os indivíduos à observância da
norma. Sanção moral: assenta-se somente na consciência do homem, traduzida
pelo remorso, pelo arrependimento, porém sem coerção.
Pode-se dizer que o princípio moral envolve a norma jurídica, pois, toda ação
juridicamente condenável, é também moralmente condenável. No entanto, tal
coincidência não pode ser considerada como absoluta, sendo que a justiça é apenas
uma parte do objeto da moral. A moral é bem mais abrangente, contém todas as
normas reguladoras da vida em sociedade, já o direito abarca somente aquelas
normas dotadas de força coercitiva.
Tem-se assim, que a principal diferença entre a regra moral e a regra jurídica
é a sanção. A regra moral repousa no foro íntimo do indivíduo, a reprovação é
interna, na sua consciência, já a jurídica, enseja medidas repressivas impostas pelo
Estado quando violado, é de foro exterior. Em alguns casos, tem acontecido de o
direito trazer para sua esfera de atuação, preceitos morais, merecedores de sanção,
como é o caso do art. 17 da LICC e dos arts. 557, 1.638 e 1.735, V, CC.
2.3 DIREITO POSITIVO E DIREITO NATURAL
Direito positivo: “é o conjunto de princípios que pautam a vida social de
determinado povo em determinada época” (Caio Mário da Silva Pereira), ou seja, é o
ordenamento jurídico em vigor num determinado país e numa determinada época.
Assim a referência se faz ao direito romano, ao direito inglês, ao direito
alemão, ao direito brasileiro, não importando que seja escrito ou não, de elaboração
sistemática ou jurisprudencial.
“O fundamento de sua existência está ligado ao conceito de vigência”
(Henri Capitant in Carlos Roberto Gonçalves).
O que importa é o que está em vigor, num determinado povo e lugar, são as
leis votadas pelo poder competente, os regulamentos, as disposições normativas.
Direito natural: modernamente desenvolve-se sob nome de jusnaturalismo, sendo
visto como a “expressão de princípios superiores ligados à natureza racional e social
do homem”, ou seja, consagração de um conjunto amplo de princípios referentes à
dignidade humana, a partir dos quais o legislador deverá compor a ordem jurídica.
Tais princípios são: direito à vida, à liberdade, à participação na vida social,
igualdade de oportunidades, à união entre os seres para criação da prole, entre
outros (Paulo Nader, Introdução ao Estudo do Direito).
O jusnaturalismo foi defendido por Sato Agostinho e São Tomás de Aquino,
assim como os doutores da igreja e pensadores dos séculos XVII e XVIII. No século
XVI, Hugo Grócio, fundador da nova Escola de Direito natural, já defendia a
existência de um direito ideal e eterno ao lado do direito positivo. Ensina Francisco
Amaral que, “direito natural é o conjunto de princípios essenciais e permanentes
atribuídos à natureza (na antiguidade greco – romana), a Deus (na idade Média), ou
a razão humana (na época moderna) que serviram de fundamento e legitimação ao
direito positivo, o direito criado por uma vontade humana”. O jusnaturalismo é
refutado pela Escola Positivista e Histórica, pois está se atém à realidade concreta
do direito positivo, no entanto defende Caio Mário da Silva Pereira que uma é a fonte
de inspiração da outra, não exprimem idéias antagônicas, “mas ao revés, tendem a
uma convergência ideológica, ou ao menos, devem procurá-la, o direito positivo
amparando-se na sujeição ao direito natural para que a regra realize o ideal, e o
direito natural inspirando o direito positivo para que este se aproxime da perfeição”.
Assim como acontece nas normas morais, o direito natural tende a se
converter em direito positivo, ou modificar o já existente. Tem-se que para o direito
positivo, o pagamento de dívida prescrita e dívida de jogo (arts. 814 e 882, CC), no
entanto para o direito natural esse pagamento é obrigatório.
2.4 DIREITO OBJETIVO E DIREITO SUBJETIVO
Direito objetivo: “é o conjunto de normas impostas pelo Estado, de caráter
geral, a cuja observância os indivíduos podem ser compelidos mediante
coerção” (Carlos Roberto Gonçalves).
“É a norma da ação humana, isto é, a norma agendi" (Sílvio Rodrigues).
Direito subjetivo: “é a faculdade individual de agir de acordo com o direito
objetivo, de invocar a sua proteção” (Carlos Roberto Gonçalves).
Trata-se da faculdade conferida ao indivíduo de invocar a norma em seu
favor, ou seja, da faculdade de agir sob a sombra da regra, isto é, facultas
agendi (Sílvio Rodrigues).
“É o poder que a ordem jurídica confere a alguém de agir e de exigir de
outrem determinado comportamento” (Francisco Amaral).
Caso o direito positivo venha a ser modificado, tal alteração atingirá o direito
subjetivo, assim se diz, por exemplo, que o direito impõe a todos o respeito à
propriedade (direito objetivo) e que o proprietário, tem o direito de repelir a agressão
à coisa que lhe pertence (direito subjetivo). A teoria pura do direito de Kelsen, não
admite a existência do direito subjetivo, para ele só existe o direito objetivo, assim, a
obrigação jurídica não é senão a própria norma jurídica. Entretanto, a doutrina
afirmativa é a que predomina, admitindo-se a existência do direito subjetivo, tanto no
aspecto técnico como no histórico. Há que se afirmar, que o direito subjetivo e o
direito objetivo são aspectos da mesma realidade, ou seja, direito subjetivo é a
expressão da vontade individual, e direito objetivo, é a expressão da vontade geral.
O direito subjetivo “é um poder atribuído à vontade do indivíduo, para a
satisfação dos seus próprios interesses protegidos pela lei, ou seja, pelo direito
objetivo” (Carlos Roberto Gonçalves).
2.5 DIREITO PÚBLICO E DIREITO PRIVADO:
O direito deve ser visto como um todo, a divisão entre direito público e direito
privado apenas deve ser observada por motivos didáticos, pois, encontra-se com
muita frequência nos diplomas reguladores dos direitos privados, normas de direito
público e vice-versa. Didaticamente, cabe conceituar direito privado como o que
disciplina as relações entre pessoas singulares, nas quais predomina imediatamente
o interesse de ordem particular e direito público. O direito que tem por finalidade
regular as relações do Estado com outro Estado, ou as do Estado com seus súditos,
quando procede em razão do poder soberano, e atua na tutela do bem coletivo
(Roberto de Ruggiero in Caio Mário da Silva Pereira). Integram hoje o direito
privado, o direito civil, o direito comercial, o direito agrário, o direito marítimo, bem
como o direito do trabalho, o direito do consumidor e o direito aeronáutico. Apesar
destes últimos conterem uma expressiva quantidade de normas de ordem pública,
conservam a natureza privada, uma vez que tratam das relações entre particulares
em geral.
Ao direito público pertencem, o direito constitucional, o direito administrativo, o
direito tributário, o direito penal, o direito processual (civil e penal), o direito
internacional (público e privado) e o direito ambiental. “Digno de nota o fenômeno,
que se vem desenvolvendo atualmente, da acentuada interferência do direito público
em relações jurídicas até agora disciplinadas no Código Civil, como as contratuais e
as concernentes ao direito de propriedade, por exemplo. Tal interferência foi
observada inicialmente na legislação especial (ECA, Lei das Locações, CDC, etc.) e,
posteriormente, na própria Constituição federal de 1988, a ponto de se afirmar hoje
que a unidade do sistema deve ser buscada, deslocando para tábua axiológica da
Carta da República o ponto de referência antes localizado no Código Civil” (Gustavo
Tepedino, Premissas metodológicas para a constitucionalização do direito civil in
Carlos Roberto Gonçalves).
As normas de ordem pública são cogentes (absolutamente imperativas), de
aplicação obrigatória, impõem-se de modo absoluto, não sendo possível sua
derrogação por vontade das partes. As normas de ordem privada, no entanto,
vigoram enquanto a vontade dos interessados não convencionar de forma diversa.
Nota: Ordem pública é o conjunto de normas que regulam os interesses
fundamentais do Estado, ou que estabelecem no direito privado, as bases jurídicas
da ordem econômica ou social. São imperativas (ação) ou proibitivas (abstenção).
As normas de ordem privada distinguem-se em dispositivas e supletivas.
Dispositivas: quando permitem que os sujeitos disponham como lhes aprouver.
Supletivas: quando se aplicam na falta de regulamentação privada, preenchendo, no
exercício de uma função integradora, as lacunas por ela deixadas. Exemplos mais
comuns são as encontradas principalmente no direito das obrigações, sendo
aplicada na ausência de manifestação das partes, por exemplo, arts. 244 e 252, CC.
No direito civil predominam as normas de ordem privada, no entanto
encontram-se as normas imperativas de ordem pública, em grande número no
direito de família, no das sucessões e nos direitos reais.
3. DIREITO PENAL

3.1 DEFINIÇÃO
O Direito Penal, ou Direito Criminal, é um ramo do Direito Público que é
composto por um conjunto de normas jurídicas que qualificam e tipificam atitudes em
crimes. Ele permite que o Estado, diante da legalidade jurídica, aplique sanções
penais a quem cometer crimes que perturbem a ordem.

“As regras estão sujeitas a ser violadas. Pode-se mesmo dizer que é
da natureza do Direito essa possibilidade de infração, a qual, quando
se reveste de gravidade, por atentar a valores considerados
necessários à ordem social, provoca uma reação por parte do Poder
Público, que prevê sanções penais aos transgressores”.
Miguel Reale
” Direito Penal é “o conjunto de princípios e leis destinados a
combater o crime e a contravenção penal, mediante a imposição de
sanção penal (pena ou medida de segurança)”.
leber Masson (2014)

“Trata-se de um “conjunto de normas jurídicas voltado à fixação dos


limites do poder punitivo do Estado, instituindo infrações penais e
sanções correspondentes, bem como regras atinentes a sua
aplicação”.
Guilherme Nucci (2008)

O direito penal varia de acordo com a jurisdição, e difere do direito civil, onde
a ênfase se concentra principalmente na resolução de litígios e compensação de
vítimas do que na punição. História do direito penal passou por várias fases de
evolução, sofrendo influência do direito romano, grego antigo, canônico e também
de outras escolas como a Escola Clássica do Direito Penal e a positiva. Essas
influências serviram de base para o direito penal moderno, justificando a criação de
princípios penais atuais sobre o erro, culpa, dolo, entre outros, daí, a importância do
conhecimento da história do direito penal.
3.2 FUNÇÃO DO DIREITO PENAL
Tradicionalmente, entende-se que o direito penal visa a proteger os bens
jurídicos fundamentais (todo valor reconhecido pelo direito). No crime de furto, por
exemplo, o resultado é representado pela ofensa ao bem jurídico. "patrimônio"; no
homicídio, há lesão à bem jurídica “vida humana"; na coação, uma violação à
liberdade individual. Essa seria a tríade fundamental de bens jurídicos tutelados
coativamente pelo Estado: vida, liberdade e propriedade. Além de proteger os bens
jurídicos vitais para a sociedade, também existe o entendimento de que o direito
penal garante os direitos da pessoa humana frente ao poder punitivo do Estado.
Esta forma de encarar as funções do direito penal vem da tradição liberal, como
explicitada pelo penalista espanhol Dorado Montero.
Ainda que alguns questionem sua função garantista de direitos individuais,
deve ela ser levada em conta na formulação das normas penais, a fim de poder
evitar que o Estado de polícia se manifeste e se sobreponha ao Estado de direito.
Como diz Zaffaroni, em toda ordem jurídica, ainda que democrática, o Estado de
Polícia está sempre presente e pode conduzir, a qualquer momento, a um regime
autoritário, seja de direita ou de esquerda, em detrimento das liberdades humanas.
3.3 CRÍTICA À FUNÇÃO PROTETIVA DE BENS JURÍDICOS FUNDAMENTAIS
Em face de algumas investigações no campo da criminologia e ainda das
contribuições da sociologia, da ciência política e da filosofia, especula-se que essa
função protetiva é meramente simbólica. Não há comprovação empírica de que,
efetivamente, o direito penal proteja valores ou bens jurídicos, nem de que a
referência a essa tarefa protetiva possa servir de fundamento legitimante de sua
atuação. Da mesma forma, não é comprovado o contrário.
Diante dessa situação, a doutrina penal tem posto em dúvida a validade
dessas normas, na medida em que apenas se fundamentem em finalidades
programáticas, sem correspondência com a realidade de um Estado democrático de
direito, que exige que as normas interventivas sejam precedidas de ampla discussão
e só possam ser editadas se vinculadas a elementos concretos de legitimação. Essa
afirmação, no entanto, encontra o argumento de que a produção das leis que
determinam tais normas, sobre as quais está fundamentado o Estado democrático
de direito, foram produzidas justamente através do que alegam não ter havido, ou
seja, a ampla discussão. É bem verdade que a evolução do pensamento humano
não pode aceitar que as leis sejam inflexíveis frente a argumentos novos e mais
apropriados, não obstante, o Estado democrático de direito só pode existir se as leis
vigentes são respeitadas. Os novos argumentos precisam, então, serem avaliados e
discutidos amplamente, sem casualidades, vícios e principalmente sem prejuízo do
que já há estabelecido em lei.
Buscando sedimentar as normas penais em substratos apreensíveis, o
professor Wolfgang Naucke, catedrático da Universidade de Frankfurt (Alemanha),
postula pela substituição dos bens ou valores jurídicos pelo conceito de "direito
subjetivo". A incriminação, dessa forma, só estaria legitimada se voltada à proteção
de direitos subjetivos reconhecidos, mas não de bens ou valores jurídicos
simbólicos. A proteção à pessoa por meio da incriminação do homicídio, por
exemplo, estaria legitimada porque a ela se reconhece em todos os continentes o
direito subjetivo à vida. O conjunto desses direitos subjetivos constituiria, segundo
Wolfgang Naucke, a base de toda ordem jurídica democrática. Embora sob outros
enfoques, a crise da função protetiva do direito penal vem sendo também discutida
na América Latina, principalmente por Eugenio Raúl Zaffaroni na Argentina e Juarez
Tavares no Brasil: o primeiro, catedrático da Universidade de Buenos Aires; o
segundo, catedrático da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Mesmo, porém,
que se adote a noção de bem jurídico como objeto de proteção do direito penal,
parece ser necessário proceder-se a uma redução de seu conceito, a fim de
diferenciá-lo das simples funções, com as quais não deve ser confundido.
Não se enquadrariam, assim, no conceito de bem jurídicos meros
sentimentos, sensações, opiniões, moralidade como tal, amor, ódio, fidelidade,
controle do tráfego, controle de circulação de pessoas etc. Portanto, segundo essa
óptica, não se deve falar de função ético-social do direito penal, ao alegarem que o
direito penal, como dizem, qualquer direito deveria separar com bastante nitidez as
linhas divisórias do que seja legal e do que seja ético ou moral; sendo que, dessa
forma, só o que possa ser legal como contribuição do consenso exercido em um
Estado democrático pode ser legitimamente exigido.
Entretanto, esse pensamento ignora que as diretrizes morais e éticas
dominantes, sob as quais se fundamentam todas as sociedades desde os primórdios
da civilização, hoje eleitas democraticamente na forma de legisladores, devem
prevalecer, ou a sociedade e sua função deixaria de existir, instalando-se a
desordem anárquica, não sendo portanto edificante para a evolução do pensamento
e condutas humanas, e impossibilitando a manutenção da vida, liberdade e
propriedade, deveres atuais do Estado. Outra corrente conclui que, sem um código
de conduta moral, não há sociedade, apenas caos.
3.4 CRÍTICA À FUNÇÃO DE GARANTIA DO INDIVÍDUO
Há pensadores que entendem que, embora seja louvável a política de
controle da criminalidade, como recurso a assegurar a todas as pessoas o pleno
exercício de seus direitos subjetivos, não pode ela, porém, iludir, dizem, a população
com a ideia de que com a simples incriminação de certas condutas se construirá
uma sociedade verdadeiramente protegida e livre de qualquer mazela ou
perturbação.
Dizem que a sociedade será protegida na medida em que o Estado atenda
aos direitos dos cidadãos, dentre os quais se incluem, indistintamente, todas as
pessoas. Este pensamento, entretanto, é combatido por outra corrente que entende
ser o indivíduo responsável por seus atos nos termos da lei, e o Estado tem a
obrigação de zelar para que as leis possam ser aplicadas para regular as relações
entre os indivíduos, ou seja, preservar a sociedade e o Estado de direito, sendo que
a tutela excessiva do Estado mostrou-se desastrosa e, quando aguda, produz
ditaduras de direita ou de esquerda. O direito penal, como arma jurídica do Estado,
não pode ser o principal meio de controle e garantia dos direitos individuais e
coletivos, pois a repressão e a força do Estado não conseguem, quando única
política aplicada, diminuir o nível de criminalidade dentro de uma nação.
O Estado democrático de direito tem outros meios de se evitar o alto índice de
criminalidade, como o investimento em educação e segurança pública, sendo o
direito penal o ramo do direito de extremo poder quando todos os outros ramos nada
conseguiram fazer. Enquanto alguns pensam que a sociedade não deve esperar que
as penas severas sancionadas pelo Juízo criminal venham causar temor nos
indivíduos ao ponto de respeitarem entre si seus direitos individuais e coletivos,
outros defendem que o indivíduo imputável perante a lei consegue medir de forma
pragmática a gravidade de determinadas ofensas através do peso que a sociedade
imputa a essas condutas.
O poder executivo do Estado tem o dever constitucional de garantir e executar
os direitos individuais e coletivos das pessoas na sociedade, sendo sua a real
competência de trabalhar para garantir o direito a educação, saúde mental e
corporal, direitos trabalhistas, a manutenção dos bens públicos, o incentivo ao lazer
e os diversos meios de se evitar a atuação do direito penal.

3.5 LIMITAÇÕES AO DIREITO PENAL


Prevalecem, no Direito Penal, exigências ético-sociais da plena garantia do
respeito aos direitos humanos do indivíduo. Assim sendo, são necessários: o
respeito à dignidade da pessoa humana (princípio da dignidade da pessoa humana
e humanidade das penas); o caráter estritamente pessoal da pena (princípio da
pessoalidade); o respeito ao princípio da proporcionalidade; e a ampla e
contraditória defesa (princípio do devido processo legal da instrução criminal). Deve-
se, sempre, ter em mente que o direito penal, por ser o mais gravoso meio de
controle social, deve ser usado sempre em último caso (ultima ratio) e visando
sempre ao interesse social, não podendo transformar-se em instrumento de
repressão à serviço dos governantes, a exemplo do que ocorre nos Estados
policiais.
O direito penal, sendo a última ratio, não deve ser acionado para reprimir atos
ilícitos insignificantes para a sociedade, de caráter estritamente privado e sem valor
para a sociedade local. Isso quer dizer que o crime deve ser necessariamente uma
conduta ilícita geradora de um dano a algum bem jurídico público ou privado capaz
de despertar a fúria do interesse coletivo, de forma a movimentar o Poder Judiciário
e aplicar o devido processo legal.
O direito penal não deve ser usado para punir crimes como furtos de
alimentos em pequenas quantidades por ocasião de fome do delinquente, por
exemplo, devendo ser invocados os princípios da insignificância e proporcionalidade
na análise dos crimes e imputamento de penas.
3.6 FONTES DO DIREITO PENAL
O Estado é a fonte material do direito penal, uma vez que é o legislador quem
cria as normas penais; essas normas, por sua vez, são dadas a conhecimento por
meio de leis, denominadas fontes formais imediatas do direito penal. As principais
fontes do direito penal são o Código Penal e o Código de Processo Penal de cada
país, bem como a legislação penal complementar. Entre as fontes auxiliares, estão a
doutrina (conjunto de teses e correntes jurídicas defendidas por juristas e estudiosos
do Direito) e a jurisprudência (conjunto de decisões judiciais concretas, formando os
precedentes judiciais), acumuladas em determinada jurisdição.
Dentro do chamado direito material, aquele derivado das leis, essas são as
fontes primordiais do direito penal. No Brasil, esta ideia é reforçada pelo chamado
"princípio da reserva legal", que estabelece: na Constituição Federal de 1988, artigo
5º, II: "Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em
virtude de lei", no Código Penal, artigo 1.º "Não há crime sem lei anterior que o
defina. Não há pena sem prévia cominação legal". As fontes secundárias do direito
penal são:
1. Os costumes;
2. A analogia;
3. A equidade;
4. Os princípios gerais do Direito; e
5. Os tratados e convenções internacionais.
3.7 PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL
Antes de especificar cada um dos princípios que regem o Direito Penal,
importante lembrar que o princípio é o fundamento de uma norma jurídica. Ou seja,
são os pilares que sustentam o Direito e que não estão definidas em nenhum Lei.
Eles inspiram os legisladores ou o0utros agentes responsáveis pela criação da
norma, a tratarem de certos assuntos por causa de certos motivos, segue abaixo os
princípios do direito penal:
ANTERIORIDADE DA NORMA OU PRINCÍPIO DA LEGALIDADE: Esse princípio é
baseado no artigo 1º do Código Penal, que diz que há a exigência de uma lei
anterior que defina a prática de um ato reprovável como crime. Caso o ato não seja
caracterizado crime, então o praticante não será condenado. Devido Processo
Legal: Um juiz não pode condenar um acusado qualquer, de maneira arbitrária, pois
quem praticou o crime tem o direito de ter um julgamento justo. Apenas após o
julgamento e todo processo legal é que poderá ser definido o destino do criminoso.
PRINCÍPIO DA INOCÊNCIA: Diz que todo cidadão é inocente, até que se prove o
contrário. Ou seja, o indivíduo é considerado inocente enquanto a Justiça não o
considera culpado.
RETROATIVIDADE DA LEI MAIS BENÉFICA: Uma lei penal pode retroagir apenas
se for para benefício do réu. Entretanto, em caso contrário, se a lei se tornar mais
severa, não será aplicada ao réu.
DIREITO À DEFESA: Diz que qualquer pessoa tem direito à defesa,
independentemente do crime praticado e das suas circunstâncias. Caso a pessoa
não tenha como pagar pela sua defesa, o Estado a proporcionará.
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE: Limita o poder punitivo do Estado, não havendo
crime, caso não haja lei que defina a infração penal e lhe imponha uma pena. Ou
seja, o Estado não poderá punir o indivíduo, caso o ato praticado por ele não for
considerado crime perante a lei.
PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA: O Direito Penal deve intervir de maneira
mínima na sociedade. Se recorre a ele apenas quando os meios de controle estatal
e jurídicos não forem suficientes.
PRINCÍPIO DA FRAGMENTARIEDADE: Estabelece que nem toda ameaça de lesão
ou lesão praticada são proibidas de acordo com a lei penal, como da mesma forma,
nem tudo tem sua proteção. O Código Penal se limita aos fatos mais graves e que
sugerem maior importância, tendo caráter seletivo de ilicitude.
PRINCÍPIO DA CULPABILIDADE: Diz que só há crime se o ato causar
reprovabilidade.
PRINCÍPIO DA HUMANIDADE: O Estado é vedado de aplicar penas cruéis, como a
capital e a prisão perpétua, pois essas sanções atingem a dignidade da pessoa
humana. Prioriza-se a ressocialização do condenado através da execução penal, e
não a sua degradação. Princípio da Dignidade da Pessoa Humana: Previsto na
Constituição Federal de 1988, esse princípio defende a dignidade do homem, que o
protege de ações indevidas e arbitrárias do Estado.
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA: Analisa a proporção entre a gravidade da
conduta do criminoso, e a necessidade da intervenção estatal sobre isso. Fatos que
não acarretam perigo à vida, à segurança e à integridade humana são ignorados
pela lei.
PRINCÍPIO DA ADEQUAÇÃO SOCIAL: Condutas socialmente permitidas,
adequadas ou até mesmo toleradas não devem ser tipificadas pela lei penal, mas
somente aquelas condutas de relevância social. O princípio seleciona os
comportamentos, além de determinar valores aos mesmos.
PRINCÍPIO DO IN DÚBIO PRO REO: Caso haja dúvida sobre a acusação da prática
de uma infração penal, o acusado, em seu julgamento final, deverá ser absolvido.
Quando não houver provas suficientes, acata-se a interpretação mais favorável ao
réu.
PRINCÍPIO DA IGUALDADE: Este princípio prioriza a igualdade material acima da
formal, buscando a não discriminação e proibindo diferenças de tratamento, como
está prescrito na Constituição Federal de 1988.
PRINCÍPIO DA EXCLUSIVA PROTEÇÃO DOS BENS JURÍDICOS:
Conhecido como da ofensividade ou da lesividade, ocorre quando há lesão ou
ameaça ao bem jurídico protegido por lei. Esse bem jurídico poder ser a vida, a
liberdade e a propriedade.
PRINCÍPIO DA EFETIVIDADE: O Direito Penal, quando na sua intervenção, deve
sempre ser eficaz e agindo de maneira preventiva e, se necessário for, repreensiva.
PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE: Diz que pena aplicada deverá ser
proporcional a prática antijurídica cometida. Ou seja, a punição para o indivíduo
deve ser na mesma proporção do crime praticado por ele.
PRINCÍPIO DO NE BIS IN IDEM: Segundo este princípio, o indivíduo não poderá ser
julgado ou punido mais de uma vez pelo mesmo crime.
3.8 CLASSIFICAÇÕES DO DIREITO PENAL
O direito penal objetivo é o conjunto de normas impostas pelo Estado, a cuja
observância os indivíduos podem ser compelidos mediante coerção. É o conjunto de
normas que a todos vincula, constituindo um padrão de comportamento, em razão
do qual se dirá se uma conduta é correta ou incorreta no plano jurídico.
Por outro lado, o direito penal subjetivo refere-se à titularidade única e
exclusiva do Estado de punir as condutas elencadas como criminosas. Dessa forma,
o Estado é o único titular do "direito de punir" (jus puniendi). O direito penal
comparado se ocupa do estudo comparativo e analógico entre as legislações e
sistemas jurídicos dos diversos países na área penal.
O Direito penal material é onde se encontras as leis penais, ou seja, é o
próprio Código Penal. O direito Penal formal define como será o processo que vai
desde às investigações do crime até o julgamento do réu. O direito Penal comum
pune e julga pessoas comuns da sociedade. O Direito Penal Especial pune e julga
pessoas de esperas especiais da sociedade, como políticos e militares.

4. CONCLUSÃO

Entendemos que compreender o Direito Constitucional, civil ou penal tende a


capacita o ser humano a refletir sobre a vida em sociedade, permitindo uma
convivência mais plausível e razoável. Existem muitas diferenças, históricas,
filosóficas, religiosas, antropológicas, econômicas, políticas e tantas outras, em
diversos países e até mesmo dentro de um mesmo País, mas o ser humano é
assim, precisa respeitar e compreender discernindo os limites de sua atuação,
evitando assim confrontos desnecessários. A aplicação da lei penal no tempo, a
regra é a lei no tempo do ato o ocorrido, e a territoriedade, independente do agente.
E por fim, o Direito como ciência consegue demonstrar que se trata de uma
área do conhecimento onde podemos compreender a organização do Estado civil e
penal e o seu funcionamento Os seus direitos e garantias fundamentais, seus
valores e sua perspectiva para enfrentamento das diferenças, buscando soluções
plausíveis e que não fraudem as estruturas que construíram o Estado, a partir do
século XVIII.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1 - KHALED h.SALAH, Introdução aos fundamentos do direito penal, Disponível em:


https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-penal/introducao-aos-fundamentos-do-
direito-penal/>. Acesso em 14. out. 2020.

2 - BULOS, Uadi Lammêgo. Direito Constitucional ao alcance de todos. Editora


Saraiva, 2018.

3 - BARRETO, Tobias. Estudos de Direito. Fundamentos do Direito Penal de Punir.


Campinas: Bookseller, 2015.

3 - NUCCI, Guilherme de Souza. Código Penal Comentado. 10ª ed. São Paulo:


Revista dos Tribunais, 2019.
4
5 - BRASIL. Constituição (1988). Constituição de República Federativa do Brasil.
Brasília, DF: Senado, 1988. Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao>. Acesso em 14. out. 2020.

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