GRADUAÇÃO EM DIREITO
ADVOGADO PARTICULAR
SÃO PAULO-SP
2020
JOÃO BATISTA LIMA DO NASCIMENTO
NADIA APARECIDA POSSO
TALES LADEIA
ADVOGADO PARTICULAR
SÃO PAULO-SP
2020
Resumo:
2.1 CONCEITUAÇÃO
Toda convivência em grupo impõe uma certa ordem, determinada por regras
de conduta. São restrições que limitam a atividade dos indivíduos componentes de
diversos grupos sociais. Este é exatamente o fim do direito, determinar regras
permitindo então que os homens possam viver em sociedade. No entanto no que
tange a conceituar direito, não há um consenso. A palavra direito vem do latim
directum, significando aquilo que é reto, que está de acordo coma a lei. Da
necessidade da justiça nas relações humanas é que nasce o direito, assim a criação
do direito tem como objetivo essencial a realização da justiça. Para Aristóteles, “a
justiça é a perpétua vontade de dar a cada um o que é seu, segundo uma
igualdade”.
“A palavra direito, é usada, na acepção comum, para designar o conjunto de
regras com que se disciplina a vida em sociedade, regras essas que se
caracterizam pelo caráter genérico, concernente à indistinta aplicação a todos
os indivíduos, e jurídico, que as diferencia da demais regras de
comportamento social e lhes confere eficácia garantida pelo Estado”
(Francisco Amaral in Carlos Roberto Gonçalves).
Tais regras supracitadas são as normas de conduta encontradas nas leis, nos
costumes, na jurisprudência, nos princípios gerais do direito, constituindo assim, o
direito objetivo e positivo, imposto à sociedade por vontade superior.
Para Washington de Barros Monteiro, direito “é o conjunto das normas gerais
e positivas, que regulam a vida social”.
Para Caio Mário da Silva Pereira, direito “é o princípio de adequação do
homem à vida social. Está na lei como exteriorização do comando do Estado;
integra-se na consciência do indivíduo que pauta sua conduta pelo
espiritualismo do seu elevado grau de moralidade; está no anseio de justiça,
como ideal eterno do homem; está imanente na necessidade de contenção
para coexistência”.
Tem-se que o direito é a ciência do “dever ser”, pois este no mundo jurídico
caracteriza-se pela liberdade na escolha da conduta.
2.2 MORAL E DIREITO
A convivência em sociedade, exige mais do que a observância das normas de
conduta. A ética, de conteúdo mais abrangente do que o direito, compreende as
normas jurídicas e morais. O ponto em comum entre as normas jurídicas e as morais
é o fato das duas, constituírem regras de comportamento. Entretanto o que as
distingue é a sanção e o campo de ação que na moral é bem mais amplo. Sanção
no direito: imposta pelo Estado para constranger os indivíduos à observância da
norma. Sanção moral: assenta-se somente na consciência do homem, traduzida
pelo remorso, pelo arrependimento, porém sem coerção.
Pode-se dizer que o princípio moral envolve a norma jurídica, pois, toda ação
juridicamente condenável, é também moralmente condenável. No entanto, tal
coincidência não pode ser considerada como absoluta, sendo que a justiça é apenas
uma parte do objeto da moral. A moral é bem mais abrangente, contém todas as
normas reguladoras da vida em sociedade, já o direito abarca somente aquelas
normas dotadas de força coercitiva.
Tem-se assim, que a principal diferença entre a regra moral e a regra jurídica
é a sanção. A regra moral repousa no foro íntimo do indivíduo, a reprovação é
interna, na sua consciência, já a jurídica, enseja medidas repressivas impostas pelo
Estado quando violado, é de foro exterior. Em alguns casos, tem acontecido de o
direito trazer para sua esfera de atuação, preceitos morais, merecedores de sanção,
como é o caso do art. 17 da LICC e dos arts. 557, 1.638 e 1.735, V, CC.
2.3 DIREITO POSITIVO E DIREITO NATURAL
Direito positivo: “é o conjunto de princípios que pautam a vida social de
determinado povo em determinada época” (Caio Mário da Silva Pereira), ou seja, é o
ordenamento jurídico em vigor num determinado país e numa determinada época.
Assim a referência se faz ao direito romano, ao direito inglês, ao direito
alemão, ao direito brasileiro, não importando que seja escrito ou não, de elaboração
sistemática ou jurisprudencial.
“O fundamento de sua existência está ligado ao conceito de vigência”
(Henri Capitant in Carlos Roberto Gonçalves).
O que importa é o que está em vigor, num determinado povo e lugar, são as
leis votadas pelo poder competente, os regulamentos, as disposições normativas.
Direito natural: modernamente desenvolve-se sob nome de jusnaturalismo, sendo
visto como a “expressão de princípios superiores ligados à natureza racional e social
do homem”, ou seja, consagração de um conjunto amplo de princípios referentes à
dignidade humana, a partir dos quais o legislador deverá compor a ordem jurídica.
Tais princípios são: direito à vida, à liberdade, à participação na vida social,
igualdade de oportunidades, à união entre os seres para criação da prole, entre
outros (Paulo Nader, Introdução ao Estudo do Direito).
O jusnaturalismo foi defendido por Sato Agostinho e São Tomás de Aquino,
assim como os doutores da igreja e pensadores dos séculos XVII e XVIII. No século
XVI, Hugo Grócio, fundador da nova Escola de Direito natural, já defendia a
existência de um direito ideal e eterno ao lado do direito positivo. Ensina Francisco
Amaral que, “direito natural é o conjunto de princípios essenciais e permanentes
atribuídos à natureza (na antiguidade greco – romana), a Deus (na idade Média), ou
a razão humana (na época moderna) que serviram de fundamento e legitimação ao
direito positivo, o direito criado por uma vontade humana”. O jusnaturalismo é
refutado pela Escola Positivista e Histórica, pois está se atém à realidade concreta
do direito positivo, no entanto defende Caio Mário da Silva Pereira que uma é a fonte
de inspiração da outra, não exprimem idéias antagônicas, “mas ao revés, tendem a
uma convergência ideológica, ou ao menos, devem procurá-la, o direito positivo
amparando-se na sujeição ao direito natural para que a regra realize o ideal, e o
direito natural inspirando o direito positivo para que este se aproxime da perfeição”.
Assim como acontece nas normas morais, o direito natural tende a se
converter em direito positivo, ou modificar o já existente. Tem-se que para o direito
positivo, o pagamento de dívida prescrita e dívida de jogo (arts. 814 e 882, CC), no
entanto para o direito natural esse pagamento é obrigatório.
2.4 DIREITO OBJETIVO E DIREITO SUBJETIVO
Direito objetivo: “é o conjunto de normas impostas pelo Estado, de caráter
geral, a cuja observância os indivíduos podem ser compelidos mediante
coerção” (Carlos Roberto Gonçalves).
“É a norma da ação humana, isto é, a norma agendi" (Sílvio Rodrigues).
Direito subjetivo: “é a faculdade individual de agir de acordo com o direito
objetivo, de invocar a sua proteção” (Carlos Roberto Gonçalves).
Trata-se da faculdade conferida ao indivíduo de invocar a norma em seu
favor, ou seja, da faculdade de agir sob a sombra da regra, isto é, facultas
agendi (Sílvio Rodrigues).
“É o poder que a ordem jurídica confere a alguém de agir e de exigir de
outrem determinado comportamento” (Francisco Amaral).
Caso o direito positivo venha a ser modificado, tal alteração atingirá o direito
subjetivo, assim se diz, por exemplo, que o direito impõe a todos o respeito à
propriedade (direito objetivo) e que o proprietário, tem o direito de repelir a agressão
à coisa que lhe pertence (direito subjetivo). A teoria pura do direito de Kelsen, não
admite a existência do direito subjetivo, para ele só existe o direito objetivo, assim, a
obrigação jurídica não é senão a própria norma jurídica. Entretanto, a doutrina
afirmativa é a que predomina, admitindo-se a existência do direito subjetivo, tanto no
aspecto técnico como no histórico. Há que se afirmar, que o direito subjetivo e o
direito objetivo são aspectos da mesma realidade, ou seja, direito subjetivo é a
expressão da vontade individual, e direito objetivo, é a expressão da vontade geral.
O direito subjetivo “é um poder atribuído à vontade do indivíduo, para a
satisfação dos seus próprios interesses protegidos pela lei, ou seja, pelo direito
objetivo” (Carlos Roberto Gonçalves).
2.5 DIREITO PÚBLICO E DIREITO PRIVADO:
O direito deve ser visto como um todo, a divisão entre direito público e direito
privado apenas deve ser observada por motivos didáticos, pois, encontra-se com
muita frequência nos diplomas reguladores dos direitos privados, normas de direito
público e vice-versa. Didaticamente, cabe conceituar direito privado como o que
disciplina as relações entre pessoas singulares, nas quais predomina imediatamente
o interesse de ordem particular e direito público. O direito que tem por finalidade
regular as relações do Estado com outro Estado, ou as do Estado com seus súditos,
quando procede em razão do poder soberano, e atua na tutela do bem coletivo
(Roberto de Ruggiero in Caio Mário da Silva Pereira). Integram hoje o direito
privado, o direito civil, o direito comercial, o direito agrário, o direito marítimo, bem
como o direito do trabalho, o direito do consumidor e o direito aeronáutico. Apesar
destes últimos conterem uma expressiva quantidade de normas de ordem pública,
conservam a natureza privada, uma vez que tratam das relações entre particulares
em geral.
Ao direito público pertencem, o direito constitucional, o direito administrativo, o
direito tributário, o direito penal, o direito processual (civil e penal), o direito
internacional (público e privado) e o direito ambiental. “Digno de nota o fenômeno,
que se vem desenvolvendo atualmente, da acentuada interferência do direito público
em relações jurídicas até agora disciplinadas no Código Civil, como as contratuais e
as concernentes ao direito de propriedade, por exemplo. Tal interferência foi
observada inicialmente na legislação especial (ECA, Lei das Locações, CDC, etc.) e,
posteriormente, na própria Constituição federal de 1988, a ponto de se afirmar hoje
que a unidade do sistema deve ser buscada, deslocando para tábua axiológica da
Carta da República o ponto de referência antes localizado no Código Civil” (Gustavo
Tepedino, Premissas metodológicas para a constitucionalização do direito civil in
Carlos Roberto Gonçalves).
As normas de ordem pública são cogentes (absolutamente imperativas), de
aplicação obrigatória, impõem-se de modo absoluto, não sendo possível sua
derrogação por vontade das partes. As normas de ordem privada, no entanto,
vigoram enquanto a vontade dos interessados não convencionar de forma diversa.
Nota: Ordem pública é o conjunto de normas que regulam os interesses
fundamentais do Estado, ou que estabelecem no direito privado, as bases jurídicas
da ordem econômica ou social. São imperativas (ação) ou proibitivas (abstenção).
As normas de ordem privada distinguem-se em dispositivas e supletivas.
Dispositivas: quando permitem que os sujeitos disponham como lhes aprouver.
Supletivas: quando se aplicam na falta de regulamentação privada, preenchendo, no
exercício de uma função integradora, as lacunas por ela deixadas. Exemplos mais
comuns são as encontradas principalmente no direito das obrigações, sendo
aplicada na ausência de manifestação das partes, por exemplo, arts. 244 e 252, CC.
No direito civil predominam as normas de ordem privada, no entanto
encontram-se as normas imperativas de ordem pública, em grande número no
direito de família, no das sucessões e nos direitos reais.
3. DIREITO PENAL
3.1 DEFINIÇÃO
O Direito Penal, ou Direito Criminal, é um ramo do Direito Público que é
composto por um conjunto de normas jurídicas que qualificam e tipificam atitudes em
crimes. Ele permite que o Estado, diante da legalidade jurídica, aplique sanções
penais a quem cometer crimes que perturbem a ordem.
“As regras estão sujeitas a ser violadas. Pode-se mesmo dizer que é
da natureza do Direito essa possibilidade de infração, a qual, quando
se reveste de gravidade, por atentar a valores considerados
necessários à ordem social, provoca uma reação por parte do Poder
Público, que prevê sanções penais aos transgressores”.
Miguel Reale
” Direito Penal é “o conjunto de princípios e leis destinados a
combater o crime e a contravenção penal, mediante a imposição de
sanção penal (pena ou medida de segurança)”.
leber Masson (2014)
O direito penal varia de acordo com a jurisdição, e difere do direito civil, onde
a ênfase se concentra principalmente na resolução de litígios e compensação de
vítimas do que na punição. História do direito penal passou por várias fases de
evolução, sofrendo influência do direito romano, grego antigo, canônico e também
de outras escolas como a Escola Clássica do Direito Penal e a positiva. Essas
influências serviram de base para o direito penal moderno, justificando a criação de
princípios penais atuais sobre o erro, culpa, dolo, entre outros, daí, a importância do
conhecimento da história do direito penal.
3.2 FUNÇÃO DO DIREITO PENAL
Tradicionalmente, entende-se que o direito penal visa a proteger os bens
jurídicos fundamentais (todo valor reconhecido pelo direito). No crime de furto, por
exemplo, o resultado é representado pela ofensa ao bem jurídico. "patrimônio"; no
homicídio, há lesão à bem jurídica “vida humana"; na coação, uma violação à
liberdade individual. Essa seria a tríade fundamental de bens jurídicos tutelados
coativamente pelo Estado: vida, liberdade e propriedade. Além de proteger os bens
jurídicos vitais para a sociedade, também existe o entendimento de que o direito
penal garante os direitos da pessoa humana frente ao poder punitivo do Estado.
Esta forma de encarar as funções do direito penal vem da tradição liberal, como
explicitada pelo penalista espanhol Dorado Montero.
Ainda que alguns questionem sua função garantista de direitos individuais,
deve ela ser levada em conta na formulação das normas penais, a fim de poder
evitar que o Estado de polícia se manifeste e se sobreponha ao Estado de direito.
Como diz Zaffaroni, em toda ordem jurídica, ainda que democrática, o Estado de
Polícia está sempre presente e pode conduzir, a qualquer momento, a um regime
autoritário, seja de direita ou de esquerda, em detrimento das liberdades humanas.
3.3 CRÍTICA À FUNÇÃO PROTETIVA DE BENS JURÍDICOS FUNDAMENTAIS
Em face de algumas investigações no campo da criminologia e ainda das
contribuições da sociologia, da ciência política e da filosofia, especula-se que essa
função protetiva é meramente simbólica. Não há comprovação empírica de que,
efetivamente, o direito penal proteja valores ou bens jurídicos, nem de que a
referência a essa tarefa protetiva possa servir de fundamento legitimante de sua
atuação. Da mesma forma, não é comprovado o contrário.
Diante dessa situação, a doutrina penal tem posto em dúvida a validade
dessas normas, na medida em que apenas se fundamentem em finalidades
programáticas, sem correspondência com a realidade de um Estado democrático de
direito, que exige que as normas interventivas sejam precedidas de ampla discussão
e só possam ser editadas se vinculadas a elementos concretos de legitimação. Essa
afirmação, no entanto, encontra o argumento de que a produção das leis que
determinam tais normas, sobre as quais está fundamentado o Estado democrático
de direito, foram produzidas justamente através do que alegam não ter havido, ou
seja, a ampla discussão. É bem verdade que a evolução do pensamento humano
não pode aceitar que as leis sejam inflexíveis frente a argumentos novos e mais
apropriados, não obstante, o Estado democrático de direito só pode existir se as leis
vigentes são respeitadas. Os novos argumentos precisam, então, serem avaliados e
discutidos amplamente, sem casualidades, vícios e principalmente sem prejuízo do
que já há estabelecido em lei.
Buscando sedimentar as normas penais em substratos apreensíveis, o
professor Wolfgang Naucke, catedrático da Universidade de Frankfurt (Alemanha),
postula pela substituição dos bens ou valores jurídicos pelo conceito de "direito
subjetivo". A incriminação, dessa forma, só estaria legitimada se voltada à proteção
de direitos subjetivos reconhecidos, mas não de bens ou valores jurídicos
simbólicos. A proteção à pessoa por meio da incriminação do homicídio, por
exemplo, estaria legitimada porque a ela se reconhece em todos os continentes o
direito subjetivo à vida. O conjunto desses direitos subjetivos constituiria, segundo
Wolfgang Naucke, a base de toda ordem jurídica democrática. Embora sob outros
enfoques, a crise da função protetiva do direito penal vem sendo também discutida
na América Latina, principalmente por Eugenio Raúl Zaffaroni na Argentina e Juarez
Tavares no Brasil: o primeiro, catedrático da Universidade de Buenos Aires; o
segundo, catedrático da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Mesmo, porém,
que se adote a noção de bem jurídico como objeto de proteção do direito penal,
parece ser necessário proceder-se a uma redução de seu conceito, a fim de
diferenciá-lo das simples funções, com as quais não deve ser confundido.
Não se enquadrariam, assim, no conceito de bem jurídicos meros
sentimentos, sensações, opiniões, moralidade como tal, amor, ódio, fidelidade,
controle do tráfego, controle de circulação de pessoas etc. Portanto, segundo essa
óptica, não se deve falar de função ético-social do direito penal, ao alegarem que o
direito penal, como dizem, qualquer direito deveria separar com bastante nitidez as
linhas divisórias do que seja legal e do que seja ético ou moral; sendo que, dessa
forma, só o que possa ser legal como contribuição do consenso exercido em um
Estado democrático pode ser legitimamente exigido.
Entretanto, esse pensamento ignora que as diretrizes morais e éticas
dominantes, sob as quais se fundamentam todas as sociedades desde os primórdios
da civilização, hoje eleitas democraticamente na forma de legisladores, devem
prevalecer, ou a sociedade e sua função deixaria de existir, instalando-se a
desordem anárquica, não sendo portanto edificante para a evolução do pensamento
e condutas humanas, e impossibilitando a manutenção da vida, liberdade e
propriedade, deveres atuais do Estado. Outra corrente conclui que, sem um código
de conduta moral, não há sociedade, apenas caos.
3.4 CRÍTICA À FUNÇÃO DE GARANTIA DO INDIVÍDUO
Há pensadores que entendem que, embora seja louvável a política de
controle da criminalidade, como recurso a assegurar a todas as pessoas o pleno
exercício de seus direitos subjetivos, não pode ela, porém, iludir, dizem, a população
com a ideia de que com a simples incriminação de certas condutas se construirá
uma sociedade verdadeiramente protegida e livre de qualquer mazela ou
perturbação.
Dizem que a sociedade será protegida na medida em que o Estado atenda
aos direitos dos cidadãos, dentre os quais se incluem, indistintamente, todas as
pessoas. Este pensamento, entretanto, é combatido por outra corrente que entende
ser o indivíduo responsável por seus atos nos termos da lei, e o Estado tem a
obrigação de zelar para que as leis possam ser aplicadas para regular as relações
entre os indivíduos, ou seja, preservar a sociedade e o Estado de direito, sendo que
a tutela excessiva do Estado mostrou-se desastrosa e, quando aguda, produz
ditaduras de direita ou de esquerda. O direito penal, como arma jurídica do Estado,
não pode ser o principal meio de controle e garantia dos direitos individuais e
coletivos, pois a repressão e a força do Estado não conseguem, quando única
política aplicada, diminuir o nível de criminalidade dentro de uma nação.
O Estado democrático de direito tem outros meios de se evitar o alto índice de
criminalidade, como o investimento em educação e segurança pública, sendo o
direito penal o ramo do direito de extremo poder quando todos os outros ramos nada
conseguiram fazer. Enquanto alguns pensam que a sociedade não deve esperar que
as penas severas sancionadas pelo Juízo criminal venham causar temor nos
indivíduos ao ponto de respeitarem entre si seus direitos individuais e coletivos,
outros defendem que o indivíduo imputável perante a lei consegue medir de forma
pragmática a gravidade de determinadas ofensas através do peso que a sociedade
imputa a essas condutas.
O poder executivo do Estado tem o dever constitucional de garantir e executar
os direitos individuais e coletivos das pessoas na sociedade, sendo sua a real
competência de trabalhar para garantir o direito a educação, saúde mental e
corporal, direitos trabalhistas, a manutenção dos bens públicos, o incentivo ao lazer
e os diversos meios de se evitar a atuação do direito penal.
4. CONCLUSÃO