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Projeto: Folclore em Soledade: História e Memória

Justificativa

Folclore enquanto manifestação cultural de um povo, traz em seu bojo uma


ideia meio etérea, meio inconsistente, de difícil conceituação concreta.
Adotando-se a ideia presente em Almeida (1974, pg. 28), tem-se um
sentido para o que se tenta definir, dizendo que é “O conjunto das
manifestações não institucionalizadas da vida espiritual e das formas de
cultura material delas decorrentes ou a ela associada”... E Cascudo (1978),
afirmando como elementos característicos do folclore, a antiguidade e
persistência, o anonimato e a oralidade.
Em decorrência dessas características, a perpetuação das manifestações
culturais tornam-se difíceis num mundo que como a firma Baumam (2001)
se pauta pelo efêmero e pelo mutável, e o que não é registrado, embora
com profundas raízes culturais, corre o risco de se perder, até mesmo por
que a característica da persistência não consegue concorrer com “as
profundas mudanças no modo de ser da sociedade, influenciada pelos
processos de globalização ... e pela proliferação de desigualdades, violência
e discriminações...”(Longhi e Dalmoro, 2010, pg.02), que sofrem
principalmente os grupos populares onde as manifestações folclóricas são
mais ricas.
Por outro lado a região a que se voltam as ações deste projeto, a pesar de
todos os esforços ser ressente, ainda, de índices de analfabetismo e
escolarização precárias, especialmente nas camadas populares. Sobre isso
Santos e Silva (2010, pg. 165) ao desafiarem em estudo próprio as
consolidações de políticas públicas de alfabetização e escolarização de
adultos afirmam que as mesmas “...devem prever formas de registros
escritos e digitais da história e cultura ... consolidando o patrimônio
cultural imaterial...
As precárias fontes de registros na região vem deteriorando imensas
riquezas culturais e do patrimônio cultural imaterial que este projeto
propõem resgatar, estudar, aprofundar, dar a conhecer sobre origens e
trajetórias, de manifestações que ainda subsistem.
Alguns registros foram efetivados pelos então alunos do curso de Pós-
Graduação em Folclore da Faculdade de Música Palestrina que ocorreram
com um grande número de professores na sede do município de Soledade.
No entanto, o conteúdo coletado não está acessível a contemporaneidade, a
não ser através dos registros de Antônio Augusto Fagundes e Paixão Cortês
em obras como: Mitos e lendas do Rio Grande do Sul: folclore, 1992,
Folclore gaúcho: festas, bailes, música e religiosidade rural. Front Cover. J.
C. Paixão Côrtes. CORAG, 2006. Folclore Gaúcho: Festas, Bailes, Música
E Religiosidade Rural, J. C. Paixão Côrtes, Editora: Corag, 1987.
Algumas iniciativas isoladas procuram registrar a gastronomia, o
artesanato, mas de pouca repercussão.
Urge que se desenvolvam ações que perenizem essas manifestações e que
envolvam a comunidade como um todo, inclusive com envolvimento
pedagógico de escolas e CTG’s, grupos de diversão, esportes, lazer e
cultura, pois nesses espaços existem ricas e indeléveis experiências
culturais.
A presente proposta se fundamenta em questões que consolidam a
sociedade, a cidadania e a comunidade.
Propõem-se, portanto abordar:
- O resgate e a pesquisa;
- O registro e a catalogação;
- Divulgação.

O Folclore Soledadense

O folclore do povo soledadense é muito diversificado há uma grande


variedade de manifestações culturais tendo em vista a miscigenação dos
povos que aqui habitam trazendo consigo um vasto conjunto de
significações culturais possibilitando a formação folclórica do nosso povo.
Festas populares: Carnaval, festas religiosas, fandangos em CTGs;
Lendas e Mitos: lenda da Nossa Senhora da Soledade, Morto da Produção,
criança que chora no são bento, o correntão de ouro no paredão do
espraiado, soldado morto do combate do fão, lendas de assombração do
IEE Maurício Cardoso, Prefeitura Municipal, Centro Cultural, IEE
Polivalente, Noiva do cemitério, etc...
Música e Dança: Serenata dos Cristais, Candeias da Soledade, Fandango
em Soledade, Bailão da Neca, Panelão de Ouro etc....
Cantigas de roda: Atirei o Pau no Gato, Escravos de Jó, Ciranda-
cirandinha, O Cravo e a Rosa, Sapo Cururu, Caranguejo, balaio, etc...
Benzeduras: Benzedeiras e curandeiras (conhecedoras de chás e ervas)
Artesato: A expressão artesanal é bastante diversificada, inúmeras técnicas
são desenvolvidas transformando os materiais existentes na região em
peças utilitárias ou decorativas. Temos o fazer artesanal ligado ao campo e
atividades campeiras tais como: relhos, laços, sovéus, peças de encilha,
pelegos, entre outros. Artesanato ligado ao uso doméstico e pessoal como:
Crochê, tricô, Grampado, bordados, macramê (herança Portuguesa)
peneiras, gamelas, porôngo, Roca, costura, cobertores, ponchos, fuxicos,
frivolité (herança francesa) etc. E também decorativas onde destacamos o
artesanato com pedras que até hoje é uma das nossas principais economia,
pinturas, madeira, ferro, couro, instrumento musicais, confecções de
calçados etc...
Gatronomia: Doce de jaracatiá, bolinho de qualhada, bolinho de Chuva,
churrasco, carreteiro de charque, quirera, polenta, vaca atolada, pinhão, pão
de torresmo, entre outros.
Bebida: Chimarrão onde destacamos o carijó na produção da erva-mate
devido as grandes quantidades de ervais públicos que soledade tinha
antigamente, cachaça, mate doce, café de chaleira, chás e especiarias, etc...
Jogos e brincadeiras: cinco marias, pião, bolita, carrinho de rolimã,
sapata, bonecas de pano, bilboquê, pandorgas, peteca, jogo do osso, etc...
Crenças: Recomenda da alma, ladainha, terno de reis, arte tumular, entre
outros.

Objetivo Geral
Proporcionar aos munícipes o resgate e divulgação histórica do
folclore municipal e regional, bem como suas origens. Sendo assim o
projeto possibilitará trabalhar com todas as expressões folclóricas
preservando e mantendo viva a nossa cultura.
Objetivos Específicos

● Resgatar a manifestações culturais de Soledade por meio do folclore;


● Resgatar o folclore regional;
● Organizar exposições folclóricas temáticas (vestuário, brinquedos,
comidas, bordados, brincadeiras, etc...)
● Organizar oficinas folclóricas;
● Organizar Oficinas de Gastronomia típica;
● Criar grupo de pesquisa em folclore;
● Proporcionar palestras técnicas referentes ao folclore;
● Elaboração de artigos, revistas, livros, a partir dos estudos referentes
ao folclore.
● Criar o “Causos de Galpão” (evento que reúne pessoas da
comunidade em volta de um fogo de chão que contarão fatos da nossa
história);
● Desfile temático sobre o Folclore
● Festival do Folclore
● Aquisição de acervo para o Museu
● Semana do Folclore (uma semana em que o município de Soledade
estará comemorando e fomentando o folclore no município (desfile
temático, exposições, festival do Folclore, Oficinas culturais, Oficinas
gastronômicas, entre outros).

Bibliografia

ALMEIDA, Renato. Inteligência do folclore. 2.ed. Rio de Janeiro: Ed.


Americana, 1974.

BAUMAN, Zygmunt. Modernidade líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar


Ed., 2001.

CASCUDO, Luis da Camara: Literatura Oral no Brasil. 2.ed. Rio de


Janeiro: Ed. J. Olympio, 1978.

LONGHI, Solange Maria, DALMORO, Selina Maria, Analfabetos: Por que


é tão difícil não tê-los?. AMPAE, Goiânia, 2010. Disponível em:<
http://www.anpae.org.br/website/>. Acesso em: setemb. 2018

SANTOS, Maria Lêda Lóss; SILVA, Juliano Tonezzer. (Orgs).


Analfabetismo, cidadania e desenvolvimento humano: um soa da região da
Serra do Botucaí. Passo Fundo: Ed. Universidade de Passo Fundo, 2010.

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