Você está na página 1de 39

Manual de

Contratação Pública
em Moçambique
2º ANO

UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE


CENTRO DE ENSINO À DISTÂNCIA
2012
Direitos de autor
Reservados todos os direitos. É proibida a reprodução desta obra por qualquer meio sem o
consentimento escrito do autor, abrangendo esta proibição o texto, a ilustração e o arranjo
gráfico. A violação destas regras será passível de procedimento judicial, de acordo com o
estipulado no Código do Direito de Autor e dos Direitos Conexos.

Centro de Ensino à Distância

Av/Rua Correia de Brito


Nº 613, Beira
Moçambique
2012
Dr. Mário Faustino Samananga
Mestre em Administração, Economia e Gestão

Chefe do Departamento do Património do Estado


Direcção Provincial do Plano e Finanças de Sofala

Fax/Serviço: 23326107
E-mail: samananga@yahoo.com.br

Contactos: 82 59 76 070, e 84 59 76 072.


Agradecimentos
À minha família, meus amigos e colegas de serviço, que, por sua inestimável colaboração
sempre incentivaram os meus propósitos e me ajudaram em todos os sentidos.

À Direcção Provincial de Plano e Finanças de Sofala, pelo apoio dado na disponibilização do


material bibliográfico, através do qual permitiu a elaboração deste manual.

O curso nacional de Formadores sobre Procedimentos de Contratação Pública e a Gestão


Patrimonial do Estado, decorrido em Maputo, Setembro de 2011, orientado pelo Ministério
das Finançass, as discussões profundas sobre os temas nele abordados ajudou bastante a
desenvolver o quadro conceptual deste manual.
Contratação Pública em Moçambique

Índice Página

VISÃO GERAL 1
OBJECTIVOS DO CURSO ................................................................................................................ 1
QUEM DEVERIA ESTUDAR ESTE MÓDULO ...................................................................... 2
COMO ESTÁ ESTRUTURADO ESTE MÓDULO .................................................................. 2

Unidade 01: CONTRATAÇÃO PÚBLICA EM MOÇAMBIQUE 5


1.1. Introdução .......................................................................................................................... 5
1.2 .Objectivos ............................................................................................................................ 5
1.3 Quadro Legal Anterior ao Actual Regulamento de Contratações Públicas ...................................... 5
1.4 Quadro Legal Actual de Contratações Públicas .......................................................................... 5
1.5 Princípios de Contratação Pública ............................................................................................ 6
1.6 Exercícios............................................................................................................................. 8

Unidade 02: PLANIFICAÇÃO E MODALIDADES DE CONTRATAÇÃO PÚBLICA 9


2.1. Introdução .......................................................................................................................... 9
2.2 .Objectivos ............................................................................................................................ 9
2.3 Planificação ........................................................................................................................... 9
2.4 Modalidades de Contratação ................................................................................................. 10
2.5 Exercícios........................................................................................................................... 15

Unidade 03: PROCEDIMENTOS ADMINISTRATIVOS PARA CONTRATAÇÃO PÚBLICA 16


3.1. Introdução ..................................................................................................................................... 16
3.2 .Objectivos ..................................................................................................................................... 16
3.3 Requisitos Gerais ........................................................................................................................... 16
3.4 Critérios de Avaliação e Decisão .................................................................................................... 17
3.5 Roteiro Prático de Contratação ...................................................................................................... 17
3.6 Exercícios...................................................................................................................................... 26

Unidade 04: TRANSPARÊNCIA, ÉTICA E DIREITOS DE RECURSO 27


4.1. Introdução ..................................................................................................................................... 27
4.2 .Objectivos ..................................................................................................................................... 27
4.3 Transparância e Ética ..................................................................................................................... 27
4.4 Direito de Recurso .......................................................................................................................... 28
4.5 Exercícios....................................................................................................................................... 28

Unidade 05: REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 279


Contratação Pública em Moçambique
Contratação Pública em Moçambique

Nota Prévia
O presente manual trata de procedimentos para a contratação de empreitada de obras,
fornecimento de bens e prestação de serviços ao Estado, nos termos do Decreto nº. 15/2010,
de 24 de Maio.

Ele tem como base o princípio de que utilizadores bem informados poderão mais facilmente
agir em conformidade com a lei, e na convicção de que o direito é a melhor garante da
propriedade e do desenvolvimento ordeiro e sustentável.

Todavia, o presente Manual não substitui o Decreto e a legislação sobre a matéria. Desta
forma, deverá ser utilizado pelos estudantes e outros pesquisadores como material de
consulta, para esclarecer as dúvidas mais comuns que ocorrem no desenvolvimento das
actividades sobre contratações públicas.

Grande parte da legislação citada neste manual está disponível no site da Internet da Direcção
Nacional do Património do Estado, Unidade Funcional de Supervisão das Aquisições (UFSA),
no site da internet: “ www.concursospublicos.gov.mz”.
Contratação Pública em Moçambique

Visão geral

Objectivos do curso
Dotar os estudantes e demais utilizadores de um enquadramento jurídico
dos novos conceitos e instrumentos da contratação pública introduzidos
pelo Decreto 15/2010, de 24 de Maio, bem como de um guião de leitura
que os oriente na interpretação e aplicação das regras relativas à
tramitação dos procedimentos pré-contratuais públicos.

Todavia, ao terminar o estudo deste módulo espera-se atingir os seguintes


objectivos:

i. Aumentar a transparência nos processos de contratações


públicas;

ii. Desconcentrar e descentralizar o processo de aquisições, até ao


órgão ou instituição do Estado de escalão mais baixo que tiver
uma tabela orçamental para executar;
Objectivos
iii. Garantir a participação de Pequenos Fornecedores de Bens e
Prestadores de Serviços nos Concursos;

iv. Ampliar o âmbito de participação de micro, pequenas e médias


empresas;

v. Fomentar a participação de empresas nacionais nos concursos,


através da aplicação de margens de preferência;

vi. Adoptar Documentos de Concursos Padronizados, obedecendo


princípios internacionalmente aceites;

vii. Permitir maior celeridade, flexibilidade e transparência nos


processos de contratações públicas realizados pelos órgãos e
instituições do Estado;

viii. Simplificar os procedimentos de contratação pública;

ix. Melhorar o nível de realização da despesa pública; e

x. Contribuir para a melhoria do ambiente de negócios em


Moçambique.
2 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Quem deveria estudar este


módulo
Este Módulo foi concebido para todos aqueles que terminarem as
cadeiras curriculares do 3° ano do curso de Direito Público e Privado.

Como está estruturado este


módulo
Todos os módulos dos cursos produzidos por UCM - CED encontram-se
estruturados da seguinte maneira:

Páginas introdutórias

 Um índice completo.

 Uma visão geral detalhada do módulo, resumindo os aspectos-chave


que você precisa conhecer para completar o estudo. Recomendamos
vivamente que leia esta secção com atenção antes de começar o seu
estudo.

Conteúdo do módulo

O módulo está estruturado em unidades. Cada unidade incluirá uma


introdução, objectivos da unidade, conteúdo da unidade incluindo
actividades de aprendizagem.

Outros recursos

Para quem esteja interessado em aprender mais, apresentamos uma lista


de recursos adicionais para você explorar. Estes recursos que inclui
livros, artigos ou sites na internet podem serem encontrados na página de
referências bibliográficas.

Tarefas de avaliação e/ou Auto-avaliação

Tarefas de avaliação para este módulo encontram-se no final de cada


capítulo ou unidade. Sempre que necessário, inclui-se na apresentação
dos conteúdos algumas actividades auxiliares que irão lhe ajudar a
perceber a exposição dos restantes conteúdos.

Comentários e sugestões

Esta é a sua oportunidade para nos dar sugestões e fazer comentários


sobre a estrutura e o conteúdo do módulo. Os seus comentários serão
úteis para nos ajudar a avaliar e melhorar este módulo.

Dr. Samananga, Mário F.


Contratação Pública em Moçambique

Habilidades de estudo
Para suceder-se bem neste módulo precisará de um pouco mais da sua
dedicação e concentração. A maior dica para alcançar o sucesso é não
ignorar os textos que são apresentados como descrição para obter as
figuras assim como, tentar sempre que resolver uma tarefa apresentar a
descrição de todo o processo. Não ignore as actividades auxiliares pois as
restantes actividades podem depender delas!

Precisa de apoio?
Em caso de dúvidas ou mesmo dificuldades na percepção dos conteúdos
ou resolução das tarefas procure contactar o seu professor/tutor da
cadeira ou ainda a coordenação do curso.

Avaliação
As avaliações serão feitas tendo em conta as matérias dadas e exercícios
constantes no fim de cada unidade temática.
Contratação Pública em Moçambique

Unidade 01: CONTRATAÇÃO PÚBLICA EM MOÇAMBIQUE


1.1. Introdução

Nesta unidade terás a oportunidade de conhecer o quadro legal anterior e actual


Regulamento de Contratação Pública em Moçambique. .

No fim desta unidade deves ser capaz de:

 Distinguir o quadro legal actual do anterior do Regulamento de


1.2 .Objectivos Contratação Pública.

 Conhecer a evolução histórica de Contratação Pública em


Moçambique.

1.3 Quadro Legal Anterior ao Actual Regulamento de Contratações Públicas

Um conjunto de textos legislativos forma o contexto legal e os


antecedentes do sistema de aquisições em Moçambique. Estes textos
incluem o Regulamento de Contratações Públicas de 2010, a legislação
da administração estatal e municipal, e a legislação contra a corrupção.
Além disso, outras áreas de legislação, como os Códigos Comercial,
Notarial e Tributário também têm impacto nos procedimentos de
aquisições públicas.

1.4 Quadro Legal Actual de Contratações Públicas


Em 2010, o Governo de Moçambique introduziu nova legislação para
regulamentar a contratação de obras públicas e o fornecimento de bens e
prestação de serviços ao Estado. O Regulamento (Decreto 15/2010, de 24
de Maio, chamado em todo este manual o Regulamento de Contratações
Públicas) foi introduzido com a intenção de actualizar o Decreto 54/2005,
de 13 de Dezembro, que por seu turno foi criado para optimizar os
procedimentos que anteriormente tinham sido objecto de várias
disposições legais, por vezes sobrepostos, e de harmonizar as aquisições
públicas com as normas e padrões internacionais, e centraliza contratação
nos Ministérios das Finanças e das Obras Públicas.
6 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Com a introdução do novo Regulamento de Contratações Públicas em


2010, como na versão de 2005, todas as obras públicas, bens e serviços
obtidos pelo Estado a todos os níveis (central, provincial, distrital e
municipal bem como empresas nas quais o Estado detém 100% do capital,
onde as actividades financeiras de quaisquer das entidades supracitadas
estão ligadas ao orçamento estatal1) incluindo as aquisições que usam
fundos de governos doadores, devem ser realizadas de acordo com os
requisitos descritos no Regulamento.

O Regulamento de Contratações Públicas também regulamenta locações,


consultorias e concessões2. Embora continuem haver algumas excepções,
em geral o Regulamento de Aquisições orienta todas as relações
comerciais entre o sector privado e o sector público.

Diplomas Ministeriais 141 e 142/2006, de 05 de Setembro, estabelecem a


Unidade Funcional de Supervisão das Aquisições – UFSA, (o órgão
governamental responsável pela supervisão do Regulamento de
Contratações Públicas) na Direcção Nacional do Património do Estado e
aprova a estrutura das Unidades Gestoras Executoras das Aquisições
(UGEA). O Regulamento de Contratações Públicas exige que todos os
procedimentos das aquisições cumpram um conjunto de princípios
incluindo a legalidade, interesse público, transparência, publicidade,
igualdade, concorrência, imparcialidade e boa gestão financeira3. Além
disso, os processos das aquisições devem ser descentralizados excepto
aqueles itens em que haja interesse na garantia de harmonização de tipos
ou ganhos de economia de escala, sob indicação da UFSA4.

1.5 Princípios de Contratação Pública

São directrizes que norteiam e orientam a aplicação de uma norma ou o


exercício de uma actividade.

A contratação pública, enquanto procedimento administrativo, é aplicável


a generalidade dos princípios da actividade administrativa (por exemplo: o
princípio da legalidade, o princípio da proporcionalidade, o princípio da
imparcialidade e o princípio da boa fé).

Destacam-se, no entanto, três princípios que são especialmente aplicáveis


à matéria da contratação pública, os quais enformaram as soluções
jurídicas criadas pelo legislador do Regulamento de Contratações Públicas

1
Decreto 15/2010, de 24 de Maio (o Regulamento de Aquisições), Artigo 2.
2
Regulamento de Aquisições, Artigo 1.
3
Regulamento de Aquisições, Artigo 4, número 1.
4
Regulamento de Aquisições, Artigo 4, número 2, alíneas a) e b).

Dr. Samananga, Mário F.


Contratação Pública em Moçambique

(RCP) e aos quais se deve fazer apelo aquando da interpretação das suas
normas, discriminadamente:
(i) o princípio da transparência - promovido pela regra da
desmaterialização total e obrigatória dos procedimentos pré-
contratuais,
(ii) o princípio da igualdade - que opera, particularmente, ao nível da
participação dos interessados nos procedimentos; e
(iii) o princípio da concorrência - potenciado pela utilização de
mecanismos mais rigorosos, como por exemplo, o modelo de
avaliação das propostas.
Contratação Pública - diz respeito à fase de formação dos contratos
públicos, a qual se inicia com a decisão de contratar e termina com a
celebração do contrato.

Contratos Públicos - são todos aqueles que sejam celebrados pelas


entidades adjudicantes previstas no RCP, independentemente da sua
designação (por exemplo: protocolo, acordo, etc.) e da sua natureza
(pública ou privada).

Preço base é o parâmetro base do preço, quando este constitui um aspecto


da execução do contrato submetido à concorrência. O preço base não é um
preço estimado, nem tem natureza meramente indicativa. Pelo contrário, o
preço base é um limite máximo que funciona como fundamento de
exclusão das propostas que o ultrapassem.

Sempre que o contrato a celebrar implique o pagamento de um preço pela


Entidade Contratante (EC), o preço base é o preço máximo que a EC se
dispõe a pagar pela execução de todas as prestações que constituem o seu
objecto.

Preço contratual - corresponde ao preço a pagar, pela EC, em resultado


da proposta adjudicada, pela execução de todas as prestações que
constituem o objecto do contrato. Por um lado, o preço contratual só
“nasce” após a adjudicação, uma vez que decorre do preço constante da
proposta adjudicada.

Por outro lado, refere-se a um preço concretamente fixado por referência


ao preço proposto pelo

adjudicatário. Por fim, apenas está em causa o preço a pagar pela EC (não
abrangendo preço a pagar por terceiros, contraprestações ou vantagens
directas).

No preço contratual está expressamente incluído o preço a pagar pela


execução das prestações objecto do contrato na sequência de qualquer
prorrogação contratualmente prevista, expressa ou tácita, do respectivo
prazo.
8 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

1.6 Exercícios
(i) O que entende por Contratação Pública?
(ii) O que se pretende que seja alcansado com a aplicação do
Regulamento de Contratações Públicas?
(iii) Em que órgãos estão centralizados os procedimentos de
Contratações públicas?
(iv) Qual é o órgão governamental responsável pela supervisão do
Regulamento de Contratações Públicas em Moçambique?
(v) Quais são os princípios que devem ser observados nos processos de
Contratações Públicas?
(vi) Marque com V (verdadeira) ou F (Falsa) nas afirmações abaixo que
servirão de base para análise das propostas dos concorrentes do
concurso de fornecimento de bens e serviços à Direcção Provincial
do Plano e Finanças de Sofala:

a) O preço contratual pode coincidir com o preço base___;


b) O preço contratual não pode ser superior ao preço base___;
c) O preço contratual pode ser superior ao preço base____; e
d) Se da análise de uma proposta revelar que o preço contratual
dela resultante seria superior ao preço base, a proposta deve ser
excluída___.

Dr. Samananga, Mário F.


Contratação Pública em Moçambique

Unidade 02: PLANIFICAÇÃO E MODALIDADES DE


CONTRATAÇÃO PÚBLICA

2.1. Introdução

Os recursos públicos devem ser gastos de acordo com os princípios de


economia, efeiciência e eficácia. Ou seja, o gasto dos recursos deve ser
optimizado. Para tal, deve haver uma preocupção com a planificação das
contratações, o agrupamento dos bens para se obter ganhos de economia
de escala, a escolha do período mais adequado para o lançamento dos
concursos e, principalmente, a adequação das contratações com os recuros
orçamentais disponíveis.

Para o efeito, dispõe o artigo 10 do Rgulamento que “ A Entidade


Contratante só pode abrir concurso desde que o valor para a contratação
tenha cabimento no orçamento ” .

No fim desta unidade deves ser capaz de:

 Conhecer a importância de planificação de Contratação Pública;


2.2 .Objectivos
 Distinguir modalidades e regimes de Contratação Pública.

2.3 Planificação

De acordo com o Peter Danker, a planificação é:

 Acção que assinala a vontade da empresa em agir sobre o futuro,


que consiste na introdução do futuro as decisões de hoje;

 Conceber um futuro desejado e os meios de aí chegar;

 Um instrumento de coerência e de motivação.

Uma boa planificação das contratações garante a realização dos objectivos


traçados. Contudo, a má planificação trará insucesso, morosidade,
disperdício e/ou duplicação de recursos e fornecimentos indevidos.
10 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

A Entidade Contratante deve encaminhar ao Ministério das Finanças, na


Direcção Nacional do Património do Estado o respectivo plano de
contratações, indicando a programação das contratações a serem realizadas
para o exercício, o qual deve ser actualizado trimestralmente, até ao
décimo dia do mês subsequente ao encerramento do trimestre.

O Plano de contratação deverá ser apresentado em conformidade com o


Modelo apropriado.

2.4 Modalidades de Contratação

O Regulamento de Contratações Públicas estipula alguns tipos diferentes


de concursos em circunstâncias diferentes, como vem descrito mais à
diante. Contudo, os procedimentos para cada modalidade de concurso e
para concorrer neles, depende dos regimes jurídicos de contratação.

O Decreto nº. 15/2010, de 24 de Maio, estabelece no Art. 6, três (3)


regimes jurídicos para contratação pública, nomeadamente:
 O Regime Geral
Para contratação de empreitada de obras públicas, fornecimento de bens e
de prestação de serviços ao Estado é o Concurso Público. No Decreto em
refrência está claro que esta é a modalidade que sempre deve ser usada,
salvo nos casos de circunstâncias excepcionais5.
 O Regime Especial
O Regime Geral como está patente no Regulamento de Contratações
Públicas é considerado obrigatório para todas as instituições estatais e
municipais e empresas estatais. Contudo, em certas circunstâncias o
Regulamento de Contratações Públicas não se aplica.

Entretanto, há situações em que o Regulamento prevê a possibilidade da


aplicação de outras normas e procedimentos. Estas situações estão
previstas no Regulamento como “Regime Especial”, e exigem o
cumprimento de requisitos especiais de acordo com o seguinte:

5
Regulamento de Aquisições, Artigo 7, Guia de Procedimentos, Parte II, Secção 2.2.

Dr. Samananga, Mário F.


Contratação Pública em Moçambique

Aplicabilidade (nº 1 do artigo 8) Requisitos

(a) Contratação decorrente de Tratado ou de outra


forma de acordo internacional entre Moçambique e
outro Estado ou organização internacional, que  Autorização do Ministro que
exijam a adopção de regime específico. superintende a área das Finanças,
mediante fundamentação por
(b) Contratação realizada no âmbito de projectos escrito (nº 2 do artigo 8)
financiados, total ou substancialmente, com
recursos provenientes de financiamento ou doação
oriundos de agência oficial de cooperação  Informação no Anúncio e nos
estrangeira ou organismo financeiro multilateral, Documentos de Concurso das
quando a adopção de normas distintas conste, regras adoptadas (nº 3 do artigo 8)
expressamente, como condição do respectivo
acordo ou contrato.

Em ambos casos a entidade contratante deve primeiro procurar aprovação


do Ministério das Finanças e os anúncios do concurso devem fazer
referência explícita ao tipo de procedimentos de aquisições que será
seguido. Isto não isenta o concorrente da necessidade de satisfazer todos os
requisitos gerais referidos acima, além de quaisquer requisitos adicionais
decorrendo do tipo especial de procedimentos de aquisições a ser usado.
 O Regime Excepcional
Este regime é seguido sempre que o Regime Geral não for o método mais
apropriado para fazer as aquisições. A adopção de qualquer um dos tipos
de processos de concursos previstos por este regime baseia-se numa
aprovação prévia do Autoridade Competente.

Todos os requisitos gerais para concursos públicos ao abrigo do Regime


Geral aplicam-se aos concursos ao abrigo do Regime Excepcional, a não
ser que uma disposição específica em contrário consta do Regulamento de
Contratações Públicas.

As modalidades de contratação em Regime Excepcional são as seguintes:

Concurso com Prévia Qualificação - é usado quando a natureza das


aquisições é suficientemente complexa do ponto de vista técnico para
justificar o uso de uma lista de potenciais concorrentes pré-qualificados. O
concurso é realizado em duas etapas, onde os concorrentes são convidados
a apresentar documentos que provam a sua qualificação para concorrer, na
base das especificações técnicas. Depois faz-se uma lista de concorrentes
pré-qualificados que seguidamente são convidados a apresentar uma
proposta formal.
12 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Na primeira fase do processo os concorrentes apenas têm vinte dias para


manifestar o seu interesse em participar e apresentar documentos de
qualificação. Elabora-se uma lista de concorrentes pré-qualificados e os
concorrentes excluídos têm o direito de apresentar uma reclamação e
recurso. A segunda fase do processo de aquisições com prévia qualificação
segue as normas fixadas para concursos públicos como foi descrito acima.

Concurso Limitado - restringe-se às aquisições de indivíduos, médias,


pequenas e micro empresas registados no Cadastro Único na data em que
as propostas e documentos de qualificação devem ser submetidos.
 Empresas médias são aquelas com 50-100 trabalhadores e volume
anual de negócios entre 14,700,000Mt e 29,970,000Mt e que não
têm mais de 25% de quotas pertencendo a empresas grandes ou ao
Estado;

 Empresas pequenas são aquelas com 5-49 trabalhadores e volume


anual de negócios entre 1,200,000Mt e 14,700,000Mt e que não
têm mais de 25% de quotas pertencendo a empresas grandes ou ao
Estado;

 Empresas Micros são aquelas com menos de 4 trabalhadores e


volume de negócios anual menos de 1,200,000Mt e que não têm
mais de 25% de quotas pertencendo a empresas grandes ou ao
Estado.
O Concurso Limitado aplica-se em contractos de:
 obras públicas cujo valor não seja superior a 3,500,000 Mt; e
 bens e serviços cujo valor não seja superior a 1,750,000 Mt.
Fora disso, o Concurso Limitado de aquisições segue as normas fixadas
para concursos públicos como foi descrito acima.

Concurso de Pequena Dimensão - é uma forma simplificada dum


processo de aquisições e é concebido para ser usado quando os valores
envolvidos são baixos e o objecto a ser contratado seja de pequena
complexidade técnica.

O Concurso de Pequena Dimensão aplica-se nos seguintes casos:


 obras públicas cujo valor seja de 15% de 3,500,000Mt ou menos;
e
 bens e serviços cujo valor seja de 15% de 1.750.000Mt ou menos.
Participação em Concursos de Pequena Dimensão é restrita a indivíduos, e
pequenas, médias e micro empresas.

Concurso em Duas Etapas - é usado quando a natureza das obras, bens


ou serviços por serem adquiridos não está suficientemente clara para
permitir à entidade contratante
definir com exactidão a

Dr. Samananga, Mário F.


Contratação Pública em Moçambique

natureza do documento de concurso.

Neste caso convidam-sem os concorrentes a submeter uma proposta


técnica provisória na primeira fase. Na base disso elaboram-se
Documentos de Concurso mais detalhados e seguidamente convidam-se os
concorrentes a submeter uma proposta técnica definitiva juntamente com
os documentos gerais exigidos para o regime geral de concursos, como foi
descrito acima.

Concurso por Lances - esta modalidade de concurso restringe-se a bens e


serviços de disponibilidade imediata. Os concorrentes participam numa
espécie de hasta pública aberta, na qual os concorrentes apresentam as
melhores propostas técnicas ao preço mais baixo. O uso deste método
ainda não foi especificamente regulamentado.

Ajuste Directo - pode ser usado quando outros procedimentos são


considerados inconvenientes ou inviáveis.

As seguintes circunstâncias justificam o uso desta modalidade:


 Quando o objecto da contratação só pode ser obtido de um único
concorrente;

 Quando o objectivo é a renovação dum contrato existente e a


continuação do uso do mesmo fornecedor traz vantagens
substanciais;

 Numa situação de emergência, ou de guerra ou de perturbação da


ordem pública;

 Se em concurso anterior o mesmo ficou deserto por falta de


comparência de concorrentes, ou por desclassificação de todos os
concorrentes e não possa ser repetida sem prejuízo do interesse
público;

 Em casos de segurança nacional;

 Quando o valor estimado a contratar for inferior a 5% do valor


para Concursos Limitados, e devem ser recolhidas três (3)
cotações.
O Ajuste Directo deve sempre que possível garantir que o custo do
contrato esteja de acordo com os preços gerais do mercado, e a UFSA deve
sempre ser notificada do uso deste tipo de contratação. Não é permitido o
fraccionamento do valor estimado para a contratação com a finalidade de
aplicar o Ajuste Directo.
14 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

De forma resumida, relativamente ao valor estimado da contratação, os


regimes e modalidades são os seguintes:

Fundamento
Regime Modalidade Aplicabilidade
Legal

Regime Geral Concurso Público Qualquer valor Art. 61

Regime Especial Específica Qualquer valor Art.8

Concurso com Prévia-


Art. 85
Qualificação
Modalidades de Uso

Específico Concurso em Duas Etapas Art.94

Concurso Por Lances Art.99

Empreitada de Obras :

3.500.000,00Mt

n.2 do Art. 90
Bens e Serviços :
Concurso Limitado

1.750.000,00Mt
Regime Exepcional
Empreitada de Obras :

525.000,00Mt

Art. 106
Concurso de Pequena
Bens e Serviços :
Dimensão
262.500,00Mt

Empreitada de Obras :

175.000,00Mt

Ajuste Directo n.3 do Art. 113


Bens e Serviços :

87.500,00Mt

Dr. Samananga, Mário F.


Contratação Pública em Moçambique

2.5 Exercícios
(i) Dê um exemplo concreto de sua autoria, de uma má planificação de
contratação pública.

(ii) O que entende por regime jurídico?

(iii) Dos regimes jurídicos que conheces, qual é o mais usado nas
contratações públicas? Porquê?;

(iv) Em que critérios se basea o concurso com pré-qualificação?

(v) Diferencie o concurso limitado do de pequena dimensão.

(vi) Em que circunstâncias se aplica o ajuste directo? Porque se


recomenda a recolha de três (3) cotações?;

(vii) Qual é o valor limite aplicado no concurso público? Argumente a


sua resposta.
16 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Unidade 03: PROCEDIMENTOS ADMINISTRATIVOS PARA


CONTRATAÇÃO PÚBLICA

3.1. Introdução

Na aplicação do RCP estão envolvidos diferentes intervenientes, com


responsabilidades específicas. O Decreto nº. 15/2010, de 24 de Maio,
estabelece uma série de procedimentos, passos e formalidades, tanto nas
fases do concurso quanto na fase de execução do contrato.

No fim desta unidade deves ser capaz de:

 O aluno deve ser capaz de conhecer os requisitos gerais para


3.2 .Objectivos contratação pública.

 O aluno deve conhecer os critérios de avaliação e decisão para


contratação pública.

 O aluno deve conhecer os passos práticos da contratação


pública.

3.3 Requisitos Gerais

Qualquer pessoa singular ou colectiva, nacional ou estrangeira, que


satisfaz os critérios de elegibilidade definidos no RCP é elegível a
concorrer em concursos de aquisições do Estado.

As condições para qualificação do concorrente estrangeiro estão indicadas


no Art. 27, do Regumento das Contratações Públicas.

É sempre permitida a participação, nos concursos, de concorrentes


constituídos em Consórcios ou Associações, desde que estes cumpram as
exigências previstas nos Arts. 28, 29 e 30.

Os concorrentes devem satisfazer uma série de requisitos de qualificação


como prova de que estão

Habilitados a concorrer e para garantir que a sua proposta seja


considerada. Estes incluem critérios legais, (i) financeiros, (ii) técnicos e
(iii) fiscais, bem como, em

Dr. Samananga, Mário F.


Contratação Pública em Moçambique

certos casos, critérios de nacionalidade.

Além do referido acima, os concorrentes que pretendem participar em


contratações públicas deverão registar-se no Cadastro Único para
poderem concorrer em contratações públicas. A UFSA emite um
certificado de registo às entidades no Cadastro Único, cuja validade é de
um ano.

Além do Cadastro Único, a UFSA também gere um registo de


concorrentes que estão explicitamente impedidos de concorrer para
concursos públicos de aquisições

Os concorrentes são responsáveis por garantir que os dados registados no


Cadastro Único estejam actualizados, e a UFSA é responsável por garantir
que o registo esteja aberto para consulta por qualquer pessoa interessada,
bastando aceder o site da Internet: “www.concursospublicos.gov.mz”.

3.4 Critérios de Avaliação e Decisão

A avaliação dos concursos somente deve ser feita com base em em um dos
seguintes critérios de Avaliação e Decisão:

Critério de Menor Preço – é a regra geral aplicável aos concursos (Art. 35,
nº 1). É o critério de avaliação em que podem ser levadas em consideração
o preço e as condições de pagamento.

Critério Conjugado – é o critério de avaliação de uso excepcional e que é


baseado na conjugação da avaliação técnica e do preço (Art. 37, nº 1).

Na avaliação podem ser considerados um ou mais dos factores, além do


preço, conforme consta no Art. 37, nº 4. É obrigatório que o Documento de
Concurso indique previamente os factores que serão considerados na
avaliação e a forma como estes factores serão calculados na avalição.

3.5 Roteiro Prático de Contratação

Para facilitar a compreensão das fases para o lançamento de concurso


apresentamos a seguir um roteiro prático para o Concurso Público, considerando-
se que os procedimentos administrativos do Concurso Público são aplicáveis de
forma subsidiária a todas as demais modalidades.
18 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Preparação

A UGEA prepara e/ou providencia os documentos e as aprovações internas para o


posterior lançamento do concurso.

A Preparação compreende as seguintes tarefas:

(i). A UGEA recebe uma solicitação do interessado a indicar a


necessidade de contratação de obras, fornecimento de bens ou prestação
de serviços, ou a própria UGEA identifica a necessidade de uma
contratação.

Ao encaminhar uma solicitação para a UGEA, o interessado deve:

(a) Indicar a necessidade e a finalidade pretendida,

(b) Apresentar as especificações das obras, bens ou serviços desejados;

(c) Indicar a estimativa da contratação (detalhada) e a respectiva previsão


no orçamento;

(d) indicar as exigências de qualificação que devem ser requeridas dos


concorrentes;

No caso em que a identificação da necessidade de contratação ser por


iniciativa da própria UGEA estas informações são da sua própria
responsabilidade.

(ii). A UGEA analisa as informações recebidas, verifica o cabimento


orçamental

(iii). A UGEA providencia:

(a) a abertura do processo administrativo e numeração do processo


administrativo;

(b) a elaboração do Documento de Concurso de acordo com o modelo


padronizado que seja aplicavel, e

(c) a preparação do respectivo Anúncio, de acordo com as exigências


pertinentes.

(iv). Após a emissão do Documento de Concurso e da elaboração do


respectivo Anúncio a UGEA encaminha estes Documentos para
aprovação da Autoridade Competente (AC), propondo a autorização para
a instauraçao do procedimento de contrataçao e lançamento do concurso.
Na mensagem de encaminhamento para a AC, a UGEA deve solicitar a
autorização expressa para os seguintes itens:
a) Objecto;
b) Finalidade da aquisição (interesse público a ser atendido);
c) Valor estimado;

Dr. Samananga, Mário F.


Contratação Pública em Moçambique

d) Cabimento no Orçamento;
e) Modalidade de contratação a ser adoptada;
f) Critério de avaliação e de decisão (Critério do Menor Preço ou
Critério Conjugado), no caso de Concurso Público;
g) Critério do Menor Preço (no caso de Concurso Limitado);
h) Factores de avaliação, além do preço (quando for o caso);
i) Cotação em moeda estrangeira (quando for o caso); e
j) Solicitação da designação do Júri.
(v). A AC recebe a proposta de autorização para a instauraçao do
procedimento de contrataçao e lançamento do concurso e, se estiver de
acordo:
a) Autoriza a instauraçao do procedimento de contrataçao e
lançamento do concurso;
b) Aprova o Documento de Concurso e o respectivo Anúncio;
c) Devolve o processo para a UGEA, para lançamento e
acompanhamento do processo.

Lançamento

A UGEA, após receber a aprovação da AC deverá realizar os seguintes


procedimentos administrativos:
a) Providenciar a numeração do Concurso;
b) Providenciar a publicação do Anúncio do Concurso no jornal de
maior circulação e/ou na Rádio (aplicável ao Concurso);
c) Providenciar a colocação de cópia do Anúncio na sede da Entidade
Competente (EC), num local de acesso público;
d) Providenciar um exemplar do Documento de Concurso para a
consulta pública, desde a data da publicação do Anúncio até a
abertura das propostas (Art. 64);
e) Em simultâneo com a publicação, deve colocar para venda ou
distribuição os Documentos de Concurso;
f) Providenciar o envio de correspondência para todos os membros do
Júri e para o Presidente, informando sobre a sua designação e a data,
hora e local em que ocorrerá a sessão pública para recepção das
propostas;
g) Enviar uma cópia do Anúncio para a UFSA;
h) Informar a AC sobre eventuais impedimentos da AC ou do Júri;
i) Informar a AC sobre os eventos ocorridos que possam ocasionar o
cancelamento ou a invalidade do concurso; e
j) Providenciar que toda a documentação esteja perfeitamente junta e
numerada no respectivo processo.
Apresentação das Propostas

A UGEA, deve observar com rigor, a data e o horário máximo que foi definido
nos Documentos de Concurso e no Anúncio para a respectiva entrega.

A UGEA deve elaborar uma lista dos concorrentes que entregaram propostas
contendo:
20 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

i. a ordem de entrega das propostas;


ii. a identificação do concurso,
iii. o nome e o endereço do concorrente,
iv. a data e a hora em que a proposta foi entregue.
No acto da entrega da proposta deve ser entregue ao concorrente o comprovativo
da sua recepção.

Depois de terminado o prazo de entrega das propostas, a UGEA, deverá entregar


para o Júri as propostas recebidas acompanhadas da respectiva lista de entrega. A
partir deste momento a responsabilidade pelas propostas é assumida pelo Júri,
com o apoio admnistrativo da UGEA.

Abertura das Propostas

Júri, em posse das propostas recebidas, deverá abri-las publicamente no horário


definido para o acto, na presença dos concorrentes e de outros interessados que
desejarem assistir a sessão. O representante do concorrente não é obrigado a
assistir a sessão. O Júri deve preparar uma lista de presenças para registar a
presença dos interessados.

A sessão de abertura deve ser presidida pelo Júri. O Juri deve estar presente com
a maioria dos seus membros designados.

A sessão de abertura deve observar o seguinte procedimento (Art. 73):


a) A identificação do concurso;
b) A leitura da lista dos concorrentes, pela ordem de recepção das propostas;
c) A abertura dos invólucros contendo os documentos de qualificação e as
propostas;
d) A leitura dos dados principais, nomeadamente:
i. o nome dos concorrentes;
ii. os preços cotados;
i. a existência ou não de garantia provisória (quando exigida);
ii. a presença de propostas com variante (se tiverem sido
permitidas nos Documentos de Concurso);
iii. a declaração de descontos oferecidos;
e) A rubrica pelos membros do Júri em todas as páginas dos documentos e
das propostas apresentadas; e
f) A elaboração e assinatura da acta pelos membros do Júri que estejam
presentes na sessão e pelos concorrentes presentes. A acta deve ser
elaborada e assinada na própria sessão.
Na sessão de abertura das propostas não deve declarar-se a desclassificaçao das
propostas visto a desclassificação é um acto de deliberação do Júri, que deve ser
realizado em sessão reservada.

Avaliação das Propostas

Logo após à sessão de abertura das propostas, o Júri deve providenciar a remessa
ao sector financeiro, dos originais

Dr. Samananga, Mário F.


Contratação Pública em Moçambique

das garantias provisórias para registo e arquivo. Uma cópia das garantias e do
comprovativo da recepção pelo sector financeiro será junta no processo.

A avaliação das propostas deve seguir estritamente os critérios e factores


indicados previamente nos Documentos de Concurso (Art. 73-6). Se o Júri
considerar necessário, poderá solicitar esclarecimentos aos concorrentes, por via
do saneamento, de acordo com o ponto a seguir.

As deliberações do Júri devem ser registadas em acta.

Se for necessário, o Júri poderá solicitar o parecer de técnicos especializados na


matéria. Para o efeito, o presidente do Júri deve enviar a solicitação escrita para a
AC. O técnico especializado emitirá o parecer com recomendação para o Júri.
Contudo, a deliberação é acto do Júri.

Durante a avaliaçao das propostas, e obrigaçao da UGEA prestar apoio


administrativo ao Juri. Para o efeito, a UGEA deve atender a todas as solicitaçoes
que forem feitas pelo mesmo.

Saneamento

Se o Júri verificar que existem falhas e/ou omissões de natureza formal, poderá
autorizar o saneamento da falha e/ou omissão pelo concorrente. Para o efeito, o
Júri deverá enviar uma notificação escrita para o concorrente, a indicar o prazo
em que o concorrente deve fazer a correçao da falha ou do omitido. O prazo a
indicar não pode ser inferior a dois dias úteis.

São consideradas falhas e omissões sanáveis:


a) A falta de apresentação de documentos (Art. 74), pelo concorrente, cuja
pré-existência possa ser confirmada pelo Júri, os quais, por engano ou
esquecimento do concorrente, não foram juntos na proposta. São
exemplos a falta de inclusão na proposta de cópia de certidões, diplomas
e balanços previamente publicados na imprensa; e

b) Erros de cálculo na proposta (Art. 76-2). Neste caso, o Júri deve


providenciar a correcção dos cálculos e deve informar a todos os
concorrentes o novo cálculo. O concorrente com a erros a sanar deve
obrigatoriamente manifestar-se sobre o novo cálculo. Não é permitido ao
concorrente rectificar os preços, excepto no caso de enganos do Júri na
correcção dos cálculos. Se o concorrente não aceitar a correcção, a sua
proposta deve ser desclassificada e a sua garantia provisória (se houver)
deve ser retida pela EC.
Não podem ser sanadas as falhas e omissões relacionadas com preços que não
foram cotados, bem como a falta de apresentação da garantia provisória, sendo
tais actos nulos e de nenhum efeito.

Classificação e Recomendação do Júri

Após o saneamento (se houver) o Júri deve promover a classificação e


desclassificação das propostas, de acordo com o que está estabelecido nos
Documentos de Concurso.
22 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Todas as decisões de desclassificação devem estar devidamente fundamentadas.

O Júri deve preparar o Relatório de Avaliação das propostas, que deve conter no
mínimo as seguintes informações:
a) Os dados do concurso (número, modalidade e objecto);
b) A fundamentação das decisões de classificação ou desclassificação;
c) A recomendação de adjudicação; e
d) A assinatura do Júri.
Adjudicação e Despacho

O Júri deverá encaminhar o Relatório de Avaliação para decisão da AC, com a


recomendação sobre a adjudicação do contrato, de acordo com o Critério de
Decisão e com os factores que tenham sido indicados nos Documentos de
Concurso.

O Relatório de Avaliação, contendo a recomendação de adjudicação, deve ser


enviado para a Decisão da AC através da UGEA. É responsabilidade da UGEA
fazer o acompanhamento da situação do processo e zelar pelo cumprimento dos
prazos.

AC deve examinar a documentação enviada pelo Júri e emitir o despacho de


adjudicaçao. Se houver falhas que impeçam a adjudicaçao, os documentos serão
devolvidos para o Júri fazer as correcções necessárias.

A UGEA, após a decisão proferida pela AC, deve providenciar:


a) A comunicação da adjudicação para todos os concorrentes, por escrito,
no prazo não superior a dois dias úteis contados a partir da data do
despacho de adjudicação;
b) A divulgação do resultado no quadro de avisos da EC e noutros órgãos
de comunicação.
Contratação

Após a divulgação do resultado do concurso, a EC deverá notificar, no prazo de


cinco dias uteis contados da adjudicaçao, ao concorrente vencedor para que
apresente as certidões actualizadas que eventualmente tenham caducado durante o
concurso.

Após apresentação das certidões actualizadas, o concorrente vencedor é


convidado novamente, para no prazo mínimo de dez dias e no máximo de trinta
dias apresentar a garantia e para assinar o respectivo contrato.A UGEA deve
analisar a documentação, propondo à AC a adjudicação.

O contrato deve ser assinado de acordo com o modelo que constou do Documento
de Concurso. A assinatura do contrato em condições diferentes dá origem à
invalidade.

A assinatura do contrato deve ser feita pelo representante da Entidade Contratante


que tenha poderes legais para assumir obrigações em nome da Entidade

Dr. Samananga, Mário F.


Contratação Pública em Moçambique

Contratante, de acordo com as normas do órgão.

Depois de devidamente assinado, no prazo de cinco dias, o Contrato de


Adjudicação deve ser submetido ao Tribunal Administrativo, para efeitos de
fiscalização prévia

Supervisão e Fiscalização

Com a assinatura do contrato, a EC deve:


a) Designar a comissão, constituída por pelo menos dois membros, para
recepção do objecto contratual, no caso do fornecimento de bens e
prestação de serviços; e

b) a designação do fiscal responsável pela supervisão directa.


Recepção do Objecto Contratual

O objecto do contrato deve ser objecto de recepção pela EC, de acordo com o
seguinte:
a) Recepção de Empreitadas de Obras Públicas
i. provisoriamente, logo após a conclusão da obra, após a vistoria da EC
sob o testemunho do fiscal (Art. 47); e

ii. definitivamente, findo o prazo máximo de garantia de um ano, após a


nova vistoria de todos os trabalhos de empreitada (Art. 48).
b) Recepção de Bens e Serviços
Logo após a recepção dos bens e serviços e a verificação de que os mesmos estão
em conformidade com o contrato, no local de entrega ou da execução (Art. 50).

Guarda de Documentos

É responsabilidade da UGEA o arquivamento e guarda dos documentos, sob


supervisão da AC.

Todos os documentos originais e os actos decisórios devem ser devidamente


numerados e mantidos no respectivo processo administrativo para fins de
fiscalização dos órgãos responsáveis pela fiscalização (interna e externa).
(Art.11).

Desta forma, é imprória a circulação de documentos originais. Sempre que for


necessária, a circulação deve ser feita por cópia e nunca por originais.

De um modo geral, os procedimentos administrativos para o concurso geral


podem ser resumidos no seguinte fluxograma:
24 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

1 – PREPARAÇÃO
CONCURSO PÚBLICO (UGEA e AC)

1B – SOLICITAÇÃO DE 1 A – IDENTIFICAÇÃO
CONTRATAÇÃO DA NECESSIDADE E
(Interessado) JUSTIFICATIVAS
(Interessado ou UGEA)

1 D – AUTORIZAÇÃO 1 C – SOLICITAÇÃO DE 1 E – ELABORAÇÃO


DE ABERTURA DE ABERTURA DE DOS DOCUMENTOS DE
PROCESSO (AC) PROCESSO E FASE CONCURSO E ANÚNCIO
PREPARATÓRIA (UGEA)

1 F – SOLICITAÇÃO DE 1 G – AUTORIZAÇÃO DO
AUTORIZAÇÃO PARA
LANÇAMENTO DO LANÇAMENTO
CONCURSO

2B– COMUNICAÇÃO 2A– 1H–


À UFSA DIVULGAÇÃO DESIGNAÇÃO
DO JURI
(UGEA) DO ANÚNCIO

2 C - VENDA OU 2 D - RECEPÇÃO E
DISTRIBUIÇÃO DOS RESPOSTA AOS
DOCUMENTOS DE PEDIDOS DE
CONCURSO (UGEA) ESCLARECIMENTOS
(UGEA)

3 A – RECEPÇÃO DE PROPOSTAS
E DOS DOCUMENTOS DE
QUALIFICAÇÃO (UGEA)

3 B - ABERTURA DAS 4 - AVALIAÇÃO DAS 5 – SANEAMENTO


PROPOSTAS E DOS DOCUMENTOS PROPOSTAS E DOS (JURI)
DE QUALIFICAÇÃO (JURI) DOCUMENTOS DE
QUALIFICAÇÃO (JURI)

6 – CLASSIFICAÇÃO
(JURI)
4 A – PARECER TÉCNICO
DE ESPECIALISTA (JURI)

7 - RECOMENDAÇÃO DE
ADJUDICAÇÃO DO
CONTRATO (JURI)

8A– 8 B – COMUNICAÇÃO
DA DECISÃO AOS
DECISÃO (AC) CONCORRENTES E
Dr. Samananga, Mário F. DIVULGAÇÃO (UGEA)
Contratação Pública em Moçambique

CONCURSO PÚBLICO (Continuação)

9– 10 A – 10 B – 11 A – ACTO
RECLAMAÇÕES E ADJUDICAÇÃO DIVULGAÇÃO( DECLARATIVO PRÉVIO E
RECURSOS (UGEA e (AC) UGEA) ACTOS PRÉVIOS (UGEA-AC)
AC)

11 C –
11 D - ASSINATURA DO APRESENTAÇÃO DA
11 B – CONVOCAÇÃO DO VENCEDOR
CONTRATO (EC - GARANTIA DEFINITIVA
CONTRATADA) (CONTRATADA) (UGEA-AC)

12 A – NOMEAÇÃO DA 12 B – CONSIGNAÇÃO DA OBRA


FISCALIZAÇÃO INDEPENDENTE
11 E – REMESSA
AO TRIBUNAL OU
ADMINISTRATIVO OU
(UGEA) INÍCIO DA EXECUÇÃO
DESIGNAÇÃO DA COMISSÃO DE
RECEPÇÃO ( BENS- SERVIÇOS)
(CRBS/FI e CONTRATADA)

12 D - SUPERVISÃO E 12 C - FISCALIZAÇÃO
FISCALIZAÇÃO DIRECTA
DA OBRA (FI) (EC)
CRBS) (EC)

13 A - VISTORIA
(Supervisão e Fiscalização + EC)

13 B – RECEPÇÃO PROVISÓRIA
13 C – FACTURAÇÃO
(CRBS ou FI + CT + EC)
(CONTRATADA)

13 D – PAGAMENTO DA
FACTURA (EC )

13 E - RECEPÇÃO DEFINITIVA 13 F - PAGAMENTO FINAL E


APÓS CONCLUSÃO DA OBRA
DEVOLUÇÃO DA GARANTIA
OU FORNECIMENTO (APÓS DEFINITIVA
VISTORIA)
(EC)
CRBS ou FI + EC + CT) (EC)
26 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

3.6 Exercícios

(i) Quem pode participar de um concurso público?


(ii) Para que alguém possa concorrer no concurso é ou não
obrigatório comprar o caderno de encargos?
(iii) Os documentos do concurso são confidenciais ou acessíveis aos
concorrentes?
(iv) Em que lígua deverão ser escritos os documentos do concurso?
(v) Que espécie de relações pessoais impede determinada pessoa de
figurar como júri ou decisor do concurso?
(vi) Quais são os requisitos a obser para a qualificação nas
contratações públicas?
(vii) Quais os requisitos para o registo no Cadastro Único?
(viii) Será que os documentos exigidos a inscrição no cadastro único
servem para efeitos de renovação do mesmo?
(ix) Existirá uma obrigatoriedade de se publicar os resultados do
concurso?
(x) Existirá alguma possibilidade de se rever o preço de adjudicação
quando agravam os custos dos factores de produção por
desvalorização da moeda?
(xi) O Valor da obra objecto do concurso é ou não acessível ao
público?
(xii) Quantos e quais são os critérios de avaliação e decisão a tomar
em conta na análise das propostas dos concorrentes?
(xiii) É obrigatório que o documento do concurso indique
previamente os factores que serão considerados na avaliação?
(xiv) Enumere e faz o respectivo comentário de apenas duas (2) fases,
a sua escolha, do concurso público.

Dr. Samananga, Mário F.


Contratação Pública em Moçambique

Unidade 04: TRANSPARÊNCIA, ÉTICA E DIREITOS DE


RECURSO

4.1. Introdução

A Entidade Contratante e os Concorrentes devem observar os mais


elevados padrões de ética durante o procedimento de contratação e
execução das obras, fornecimento de bens e prestação de serviços, nos
termos da legislação em vigor.

No fim desta unidade deves ser capaz de:

 Conhecer a transparência e ética nos processos de Contratação


4.2 .Objectivos Publica

 O aluno esteja dotado de conhecimentos capazes de recorrer em


casos de actos ilícitos nos processos contratuais.

4.3 Transparância e Ética

A transparência e ética são consideradas princípios fundamentais que


orientam a implementação do Regulamento de Contratações Públicas.
Além disso, a aplicação do Regulamento é apoiada pela legislação anti-
corrupção e a legislação sobre o comportamento dos funcionários públicos
de Moçambique. Tanto os funcionários públicos como os concorrentes
poderão estar sujeitos a sanções por violações ao abrigo do RCP.

As violações sujeitas a sanções destacam-se:


 Corrupção – recepção de dinheiro em troca de algum benefício;
 Fraude – frustrar, fraudar, enganar alguém ou modificar algum
dado ou facto do procedimento com o intuito de beneficiar-se;
 Colusão – quando os concorrente unem-se para practicar preços
artificiais, superiores aos de mercado; e
 Coerção – algum tipo de ameaça ou utilização de força que
condicione ou reflita no resultado do procedimento.
28 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

4.4 Direito de Recurso

Se um concorrente julgar que um processo de aquisições não foi realizado


com imparcialidade, o Regulamento prevê o direito de recurso. Os
concorrentes poderão recorrer da classificação ou desclassificação de
concorrentes num dado concurso. Isto deve ser feito por escrito num prazo
de três dias a contar da data da notificação da classificação ou
desclassificação. Durante o período em que recursos podem ser
interpostos, todos os concorrentes têm o direito de livremente examinar as
propostas submetidas.

O Júri deve canalizar a reclamação bem como o seu parecer à entidade


contratante num prazo de três dias a contar da data da recepção do recurso.
Seguidamente, a entidade contratante toma uma decisão num prazo
máxima de três dias a contar da data de recepção do recurso. Enquanto um
recurso estiver pendente, o concurso fica suspenso.

Para o recurso ser recebido, o queixoso deve apresentar uma caução


equivalente a 0,25% do valor estimado da contratação, como fixado no
documento de concurso, até um valor máximo de 125.000 Mt. Se o recurso
for considerado procedente, restitui-se a garantia ao queixoso, e não o
sendo, o valor depositado reverte a favor da EC.

A decisão proferida pelo superior hierárquico é susceptível de recurso


contencioso. Nesta situação, o recurso formal deve ser interposto no
Tribunal Administrativo no prazo de dez dias a contar da data de
notificação da decisão sobre o resultado do recurso.

4.5 Exercícios
(i) Em caso de não concordar com determinado acto ou decisão do
concurso quais os meios disponíveis para recorrer e quais são os
órgãos competentes?

(ii) Em que circunstancias é que uma empresa pode passar para lista
negra e quem tem competência para decidir?

(iii) Quais são as sanções aplicadas aos infratores dos padrões de ética
durante procedimentos de contratações públicas?

(iv) Dê pelo menos dois (2) exemplos de violações com respectivos


comentários.

Dr. Samananga, Mário F.


Contratação Pública em Moçambique

Unidade 05: REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


Direcção Nacional do Património do Estado, Ministério das Finanças:
Regulamento de Contratação de Empreitada de Obras, Fornecimento
de Bens e Prestação de Serviços ao Estado (Decreto nº 15/2012, de
24 de Maio), 2010;

Direcção Nacional de Contabilidade Pública, Ministério das Finanças: Lei


das Finanças e Património das Autarquias Locais (Lei n°11/97 de 31
de Maio), 1997;

Ministério das Finanças: Sistema da Administração Financeira do


Estado (Lei n°9/2002 de 12 de Fevereiro), 2002;

Ministério da Planificação e Desenvolvimento: Manual de Planificação


Estratégica, Vol. 2, 2010; e

Ministério da Planificação e Desenvolvimento: Metodologia do Plano


Económico e Social, 2012.

Você também pode gostar