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DOI: 10.

5327/Z2176-947820180210

MUDANÇAS CLIMÁTICAS E O SETOR HIDROELÉTRICO


BRASILEIRO: UMA ANÁLISE COM BASE EM MODELOS DO IPCC-AR5
CLIMATE CHANGE AND BRAZILIAN HYDROPOWER SECTOR:
AN ANALYSIS BASED ON GLOBAL MODELS FROM IPCC-AR5

Cleiton da Silva Silveira RESUMO


Professor adjunto do Instituto de O objetivo deste trabalho foi analisar o impacto das mudanças climáticas nas
Engenharia e Desenvolvimento vazões dos postos do setor elétrico brasileiro utilizando seis modelos globais
Sustentável, Universidade da do Intergovernmental Panel on Climate Change — Fifth Assessment Report
Integração Internacional da (IPCC-AR5) para os cenários RCP4.5 e RCP8.5 no período de 2011 a 2098.
Lusofonia Afro-brasileira (UNILAB) – As  vazões de 21 postos representativos do Operador Nacional do Sistema
Redenção (CE), Brasil. (ONS) do Sistema Interligado Nacional (SIN) foram geradas por meio do
modelo hidrológico Soil Moisture Account Procedure (SMAP), enquanto as
Francisco de Assis vazões dos demais postos que compõem o SIN foram obtidas por regressões
Souza Filho lineares. Foram analisadas as anomalias das vazões médias anuais e a
Professor adjunto do Departamento tendência no período de 2011 a 2098. Os modelos do IPCC-AR5 mostraram
de Engenharia Hidráulica e que há maior possibilidade de redução nas vazões anuais na maior parte
Ambiental (DEHA), Universidade do Brasil, exceto para a Região Sul, onde os modelos mostram aumentos
Federal do Ceará (UFC) – superiores a 5% no período de 2040 a 2069.
Fortaleza (CE), Brasil. Palavras-chave: vazão; setor hidroelétrico brasileiro; mudanças climáticas.
Francisco das Chagas
Vasconcelos Júnior ABSTRACT
The objective of this study was to assess the climate change impacts on the
Pesquisador, Fundação Cearense de
annual streamflows of the brazilian hydropower sector by using six global
Meteorologia e Recursos Hídricos
models from Intergovernmental Panel on Climate Change — Fifth Assessment
(FUNCEME) – Fortaleza (CE), Brasil.
Report (IPCC-AR5) for RCP4.5 and RCP8.5 scenarios from 2011 and 2098.
Luiz Martins de Streamflow from 21 relevant National Electric System Operator (ONS)
Araújo Júnior stations from National Interconnected System (NIS) were generated through
the hydrological model Soil Moisture Account Procedure (SMAP), while the
Doutorando em Engenharia Civil,
streamflow from other stations that compose the NIS were obtained by linear
UFC – Fortaleza (CE), Brasil.
regression. Annual mean streamflow anomalies and trend were analyzed in
Samuellson Lopes Cabral the period from 2011 to 2098. The IPCC-AR5 models showed that there is
a greater possibility of reduction in annual streamflows in most of Brazil,
Tecnologista, Centro Nacional
except for the southern, where the models showed increases more than 5%
de Monitoramento e Alertas de
during 2040–2069.
Desastres Naturais (CEMADEN) –
São José dos Campos (SP), Brasil. Keywords: streamflow; hydropower sector; climate change.
Endereço para correspondência:
Cleiton da Silva Silveira –
Avenida da Abolição, 3 – Centro –
CEP 62790‑000 – Redenção (CE), Brasil –
E-mail: cleitonsilveira@unilab.edu.br
Recebido: 29/11/2016
Aceito: 30/11/2017

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Mudanças climáticas e o setor hidroelétrico brasileiro: uma análise com base em modelos do IPCC-AR5

INTRODUÇÃO
As mudanças climáticas podem produzir grandes im- dado o significativo impacto que essas variações po-
pactos sobre os recursos hídricos. É possível que o dem produzir na oferta de energia e, consequente-
aumento da temperatura média global observado nas mente, em toda a economia brasileira (ALVES et al.,
últimas décadas cause alterações no ciclo hidrológico, 2013). Diante disso, existe uma demanda pelo Estado
por meio de modificações dos padrões de precipitação e pelas empresas privadas por informações climáticas
e evapotranspiração capazes de impactar diretamen- para tomada de decisão a nível regional/local de médio
te a umidade do solo, a reserva subterrânea e a ge- e longo prazos. Informações de variabilidade e mudan-
ração do escoamento superficial (BATES et al., 2008). ças climáticas de qualidade podem tornar o planeja-
­Esses aspectos, associados ao aumento da demanda mento energético mais eficaz e minimizar os poten-
por água, estão projetados para as próximas décadas, ciais impactos acerca da disponibilidade desse recurso
principalmente em razão do crescimento populacio- (BANCO MUNDIAL, 2010).
nal e do aumento da riqueza; regionalmente, poderão
As mudanças e a variabilidade climáticas têm sido
exercer grande pressão nos hidrossistemas brasileiros.
alvo de discussões e pesquisas científicas em todo
O Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima o mundo, com vistas ao entendimento de sua ocor-
(IPCC) garante que mudanças climáticas impõem uma rência (IPCC, 2007a; 2007b; NOBRE, 2005; SILVEIRA
grande ameaça ao desenvolvimento sustentável, por et al.,2013a; 2013b; 2013c; SILVEIRA et al., 2012; SOU-
afetar de forma direta e indireta grande parte da po- ZA FILHO, 2003; MARENGO; SOARES, 2005; MARENGO;
pulação, sua saúde, os recursos hídricos, as infraestru- ­VALVERDE, 2007;ARNEEL, 2004; VAN VILET et al., 2012;
turas urbana e rural, as zonas costeiras, as florestas e VAN ­VILET et al., 2016). Os impactos no escoamento
a biodiversidade, bem como os setores econômicos — de água superficial e na recarga de água subterrânea
como agricultura, pesca, produção florestal, geração variam dependendo da região e do cenário climático
de energia, indústrias — e suas cadeias (CHIEW et al., considerado (IPCC, 2014), mas relacionam-se, princi-
2009). O IPCC aponta impactos de grande magnitude palmente, com as alterações projetadas para a precipi-
sobre a América do Sul, especialmente quanto a re- tação (IPCC, 2001; KROL et al., 2006).
cursos hídricos e setores econômicos relacionados,
Muitos estudos foram realizados com o objetivo de
impondo a necessidade de formular medidas de adap-
verificar o impacto da mudança do clima nos recursos
tação, com vistas a gerenciar riscos climáticos. Dessa
hídricos da América do Sul. Milly et al. (2005) afirmam
forma, torna-se fundamental a elaboração de subsídios
que há concordância nas projeções para a metade do
ao planejamento nacional de longo prazo que incorpo- século XXI, mostrando aumento de vazão sobre a Ba-
rem a mudança do clima. cia do Paraná-Prata e redução nas bacias do leste da
A matriz energética brasileira é basicamente constituí- Amazônia e do Nordeste do Brasil, baseados em mo-
da por energias consideradas limpas, principalmente delos do IPCC-AR4 (quarto relatório do Painel Intergo-
provenientes de hidroelétricas, extremamente depen- vernamental de Mudanças Climáticas) no cenário A1B.
dente do regime de vazões nos rios em que estão lo- Tomasella et al. (2009) acoplaram um modelo hidroló-
calizados os empreendimentos. Qualquer modificação gico para grandes bacias a um modelo regional climáti-
nos padrões do ciclo hidrológico pode representar im- co forçado com modelo global HadCM3 para o cenário
pactos significativos na geração de energia, tornando o A1B do IPCC-AR4. Esse modelo regional climático reve-
sistema mais vulnerável (PRADO JR. et al., 2016; SOITO; lou projeções de redução de 30% na vazão mensal so-
FREITAS, 2011). bre a Bacia do Rio Tocantins, indicando que maiores re-
duções podem ocorrer durante o período de estiagem.
A variação do escoamento nos rios é influenciada por Silveira et al. (2014) analisaram o impacto nas vazões
diversos fatores, entre os quais se destacam a precipi- nas bacias do sistema elétrico brasileiro com base em
tação ocorrida na bacia de contribuição e as mudanças projeções dos modelos globais do IPCC-AR4, forçando
no uso e na ocupação do solo. Portanto, a geração de modelos hidrológicos chuva-vazão para os cenários
hidroeletricidade no Brasil exige uma análise sobre o A1B, B2 e A2. Os resultados mostraram grande diver-
regime fluvial e seus padrões de variação temporal, gência nos valores das vazões anuais para o Nordeste

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do Brasil, especialmente na Bacia do Xingó, associada no Brasil acabam por funcionar como reservatórios
a reduções nas vazões no Setor Sudeste do país, em virtuais ao proporcionar segurança de abastecimento
torno de 5% em Furnas. quando os reservatórios estão vazios e ao aliviar a ne-
cessidade de estocar água para lidar com a incerteza
Van Vilet et al. (2012) e Van Vilet et al.(2016) mostram das afluências.
que sistemas hidrotérmicos são muito vulneráveis às mu-
danças climáticas, destacam a dependência daenergia As mudanças climáticas representam um desafio para
gerada por hidroelétricas em relação à disponibilidade de a gestão de recursos hídricos e energéticos do Brasil.
água e sinalizam que o aquecimento global pode afetar o Prado Jr. et al. (2016) reforçam que a política de cresci-
resfriamento da água das termoelétricas, diminuindo sua mento energético do país precisa ser revista em busca
eficiência. Os autores afiançam que é necessário um pla- de garantir a segurança energética a longo prazo pe-
nejamento energético com enfoque mais forte na adap- rante as mudanças climáticas e sugerem que esforços
tação do setor elétrico, além de mitigação de impactos, precisam ser concentrados em melhoria da eficiência
recomendando que ações sejam tomadas para prover a energética, além de investimentos em energia eólica e
segurança hídrica e energética nas próximas décadas. solar. Prado Jr.et al. (2016) destacam ainda que, para
garantir o crescimento econômico do país, é necessária
Sistemas energéticos como o brasileiro estão sujeitos a construção de alguns empreendimentos hidroelétri-
a impactos advindos da variabilidade e das mudanças cos, entretanto ressaltam que alguns, especialmente
no clima, tanto na produção de energia, em suas di- na Região Norte do país, precisam ser cancelados ou
versas formas, quanto no seu consumo — visto que o adiados, para evitar e/ou minimizar danos socioeconô-
planejamento e a geração eletroenergética do Sistema micos e ambientais na região.
Interligado Nacional (SIN) apresentam correlação com
os estoques de água existentes nos reservatórios das Diante disso, o objetivo deste trabalho foi analisar o
usinas hidrelétricas e das suas afluências. Sobretudo, impacto das mudanças climáticas nas vazões dos pos-
em períodos críticos, com reservatórios com baixos tos do setor elétrico brasileiro utilizando seis modelos
volumes, são acionadas termoelétricas de emergência do IPCC-AR5 para os cenários RCP4.5 e RCP8.5 no pe-
para suprir a demanda energética do país. As térmicas ríodo de 2011 a 2098.

METODOLOGIA
Esta seção mostra os cenários do IPCC-AR5 utilizados, nibilizada pelo Operador Nacional do Sistema (ONS).
além dos procedimentos para a obtenção das vazões Mais detalhes sobre o modelo SMAP podem ser en-
para os aproveitamentos hidroelétricos do SIN. contrados no subtópico “Modelo hidrológico”;
A metodologia de obtenção das vazões divide-se, basi- • A segunda etapa fundamenta-se na obtenção das pre-
camente, em cinco etapas: cipitações dos modelos globais do IPCC-AR5 para os
cenários Historical, RCP4.5 e RCP8.5 para 21 bacias de
• A primeira etapa consiste em escolher as bacias re- interesse, conforme a Figura 1, para posterior correção
presentativas que contemplam espacialmente a estatística para remoção de viés usando a função de
maior parte do SIN. Conforme esse critério, foram se- distribuição gama. Essa  correção utilizou como base
lecionadas 21 bacias, dispostas como a Figura 1. Em de dados de precipitação mensal o Climate Research
seguida, são selecionados os dados de estações do Unit (CRU) (NEW et al.,2002). Para período histórico,
Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) no pe- usou-se a série mensal de 1950 a 1999, enquanto para
ríodo de 1992 a 2007 (precipitação, insolação, tem- as projeções se utilizoua série de 2010 a 2098. Mais
peratura, umidade), para calibração dos parâmetros detalhes sobre os modelos globais empregados estão
do modelo hidrológico Soil Moisture ­Accounting Pro- no subtópico “Modelos do IPCC-AR5”;
cedure (SMAP) (LOPES et al., 1981). Para tanto, é uti-
lizado um procedimento de otimização objetivo com • A terceira etapa pauta-se em obter as evapotrans-
base no coeficiente de Nash-Sutcliffe, ao comparar a pirações potenciais por meio dos modelos globais
série de vazões obtidas pelo SMAP com a série dispo- do IPCC-AR5 para os cenários Historical, RCP4.5

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e RCP8.5, usando o método de Pennan-Motheih sões mensais a partir dos postos que possuem o
(­ALLEN et al., 1998). Para tanto, são usadas como SMAP calibrado.
dados de entrada as temperaturas máxima, mínima
e média dos modelos globais do IPCC-AR5; Para realizar esse procedimento, são utilizadas as séries
mensais de vazões naturalizadas disponibilizadas pelo ONS
• Na quarta etapa, obtêm-se as vazões usando mo- no período de 1931 a 2009. As séries de vazões do ONS
delo hidrológico SMAP (LOPES et al., 1981; SOUZA são divididas em dois grupos: um com 21 postos e outro
FILHO; PORTO, 2003) em 21 postos, tendo como com 167, sendo a vazão mensal dos 21 postos usada como
dados de entrada as evapotranspirações estima- preditora da vazão dos demais postos. Logo, obtêm-se os
das e as precipitações com viés removido; parâmetros da regressão dos 167 postos usando stepwise.
• A quinta etapa consiste em obter as vazões esti- Com as vazões dos modelos globais do IPCC-AR5 esti-
madas com base nos dados dos modelos globais madas pelo SMAP para as 21 bacias e com os parâme-
para os postos que não possuem o modelo hidro- tros gerados para os outros 167 postos, são estimadas
lógico calibrado.Para isso, são utilizadas regres- as vazões dos 188 postos que compõem o SIN.

10

-5

-10
La�tude

1 – Furnas
2 – Água Vermelha
-15 3 – Emborcação
4 – Nova Ponte
5 – Itumbiara
6 – São Simão
7 – Rosana
-20 8 – Itá
9 – Dona Francisca
10 –Santa Cecília
11 – Três Marias
12 – Sobradinho
-25 13 – Xingó
14 – Salto Caxias
15 – Nova Avanhandava
16 – Porto Primavera
17 – Itaipu
-30 18 –Serra da Mesa
19 – Lajeado
20 – Tucuruí
21 – Santo Antônio
-35
-75 -70 -65 -60 -55 -50 -45 -40 -35 -30

Longitude

Figura 1 – Aproveitamentos hidroelétricos do Sistema Interligado Nacional. Os postos numerados


representam aqueles que foram gerados a partir do uso do modelo hidrológico, enquanto os demais
representam os postos cujas vazões foram geradas por meio de regressões lineares. A estrela
representa o subsistema Norte; o quadrado, o Nordeste; o triângulo, o Sudeste; e o círculo, o Sul.

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O Sistema Interligado Nacional


O SIN responde pela produção e transmissão de energia Em razão das metodologias e dos critérios atualmente
elétrica do Brasil. É um sistema hidrotérmico de grande adotados na previsão de vazões, o ONS pode não utilizar
porte com predominância de usinas hidroelétricas. a disponibilidade de vazões mensais para alguns locais
de aproveitamento em operação. Para tanto, adota-se,
Esse sistema possui grande variabilidade espacial por
conta das diversas localizações dos postos no país, so- em geral, a realização de previsão de vazões para um
frendo influência de vários fenômenos meteorológicos subconjunto de aproveitamentos de cada bacia, deno-
e indicando comportamentos sazonais distintos para as minados de postos-base. No restante dos locais de apro-
bacias que compõem o sistema. A fim de aproveitar ao veitamento, as vazões são previstas por meio de regres-
máximo os recursos energéticos existentes do SIN e a sa- sões lineares mensais com base nos dados previstos nos
zonalidade hidrológica própria de cada região, o sistema postos-base para complementar as previsões de vazões
é dividido em quatro subsistemas: Setor Sudeste/Cen- para todo o SIN (ONS, 2012b). O ONS trabalha atualmen-
tro-Oeste, Setor Sul, Setor Norte e Setor Nordeste. Esses te com o total de 88 postos-base, representativo dos di-
subsistemas são interligados por uma extensa malha de versos regimes hidrográficos regionais encontrados em
transmissão que possibilita a transferência de exceden- território brasileiro.
tes energéticos e permite a otimização dos estoques ar-
mazenados nos reservatórios das usinas hidroelétricas. Neste trabalho foram utilizados 21 postos-base para a
calibração do modelo SMAP, enquanto as vazões dos de-
A Região Norte produz 8% da energia nacional em GWh e
mais postos foram obtidas por meio de regressões, con-
demanda 7%, a Região Nordeste produz 11% e demanda
forme Figura 1.
18%, a Região Sul produz 18% e demanda 16%, e a Região
Sudeste/Centro-Oeste produz 47% e demanda 61%. Até o fim de 2010 o SIN contava com 206 séries de va-
A previsão de vazões e a geração de cenários de afluên- zões naturais devidamente divididas em 185 pontos de
cias definidas em ONS (2009, 2012b) estabelecem os aproveitamento no sistema, sendo 161 postos naturais, 3
processos para a previsão de vazões mensais, semanais postos artificiais e 21 postos naturais/artificiais. Dos 185
e diárias e para a geração de cenários de afluências na- locais de aproveitamento, 169 são postos em operação
turais médias mensais utilizadas na elaboração do Pro- e 16 postos em expansão com horizonte de projeto até
grama Mensal da Operação Energética (PMO). 2015 (ONS, 2012a).

Modelos do IPCC-AR5
Os dados provenientes do IPCC são resultados de simu- elaboradoras de cada RCP. Assim, RCP-X implica um cená-
lações de modelos atmosféricos globais de centros de rio no qual a forçante radiativa de estabilização ou de pico
pesquisa que contribuem para a confecção do relatório ao final do século XXI corresponde a X W.m-2. Neste traba-
do IPCC-AR5 (Quadro 1). Os modelos possuem como lho foram usados os cenários RCP4.5 e RCP8.5 para análi-
forçantes as concentrações de gases de efeito estufa se das projeções do século XXI e três modelos globais do
durante o século XX e as estimativas de concentração IPCC-AR5, conforme Quadro 1.
no século XXI.
O cenário RCP4.5 pressupõe que a forçante radiativa
Como parte da fase preparatória para o desenvolvimento
estabilizará pouco depois de 2100, sem ultrapassar o
dos novos cenários para o AR5, foram criados os chama-
dos representative concentration pathways (RCPs), que nível de radiação a longo prazo, de 4,5 W/m2. Essa pro-
servem como entrada para modelagem climática e quími- jeção é consistente com a estabilização da demanda
ca atmosférica nos experimentos numéricos do Coupled energética mundial, programas de reflorestamento for-
Model Intercomparison Project Phase 5 (CMIP5). Os RCPs tes e políticas climáticas rigorosas. Além disso, sugere a
recebem seus nomes a partir dos níveis das forçantes ra- estabilização das emissões de metano associada a um
diativas, conforme relatado pelas equipes de modelagem leve aumento das emissões de dióxido de carbono (CO2)

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até 2040, até atingir o valor-alvo de 650 ppm de CO2, resultando em acentuadas emissões de CO2. Esse cená-
equivalente ao da segunda metade do século XXI. rio é considerado o mais pessimista para o século XXI em
termos de emissões de gases do efeito estufa, sendo con-
O cenário RCP8.5 sugere crescimento contínuo da popu- sistente com nenhuma mudança política para reduzir as
lação associada ao desenvolvimento tecnológico lento, emissões e forte dependência de combustíveis fósseis.

Modelo hidrológico
O modelo chuva-vazão SMAP (LOPES et al., 1981) é do (Rec) no reservatório subterrâneo (Rsub), em que é utilizado
tipo conceitual, determinístico e de estrutura concen- o conceito de capacidade de campo (Capc) para determiná-
trada. Pertence à grande família dos modelos hidroló- -la. Esse segundo reservatório também é linear e o nível de
gicos de cálculo de umidade do solo. Sua estrutura é água existente (Rsub) é deplecionado a uma taxa constante de
relativamente simples, cujos parâmetros são relaciona- recessão do escoamento de base (K), resultando em escoa-
dos com parâmetros físicos médios da bacia. mento de base (Eb). A soma do Es e Eb fornece a vazão no
ponto de controle da bacia.
O SMAP, em sua versão mensal, utiliza em seu esquema
conceitual dois reservatórios lineares, representando o solo O SMAP mensal possui quatro parâmetros: Capsat; pa-
(camada superior) e o aquífero. A cada evento de precipita- râmetro que controla o escoamento superficial (PES);
ção (P) é realizado um balanço de massa. Uma parcela de coeficiente de recarga, parâmetro relacionado com a
Pé transferida como escoamento superficial (Es). Esse cálcu- permeabilidade na zona não saturada do solo (Crec);
lo é feito por meio da equação do Soil Conservation Servi- e taxa de deplecionamento K do nível Rsub, que gera
ce (SCS) para escoamento superficial. A lâmina restante da o escoamento de base (Eb). Outras duas variáveis de
estado precisam ter seus valores inicializados: taxa de
precipitação subtraída do escoamento superficial (P - ES) so-
umidade do solo inicial (TUin),que determina o nível
fre perda por evaporação em nível de evaporação potencial
inicial do Rsolo; e valor do escoamento de base inicial
(Ep). Logo, a lâmina remanescente (P - Es - Ep) é adicionada a
(EBin), que define o valor inicial do Rsub.
um reservatório que representa a camada superior do solo.
Neste, a umidade é atualizada ao longo do tempo por meio A calibração foi efetuada para o período de setembro
das perdas por evapotranspiração real (Er), que dependem de 1997 a agosto de 2002, e a validação para setembro
do nível do reservatório (Rsolo) e da capacidade de saturação de 2002 a agosto de 2007.Os parâmetros obtidos po-
do solo (Capsat). Outra saída desse reservatório é a recarga dem ser vistos em Silveira et al. (2014).

Obtenção da evapotranspiração
Para o cálculo da evapotranspiração de referência (Ep),
900
é usado o método de Penman-Monteith (ALLEN et al., Ep = 0,408Δ(Rn – G) + γ T+273 u2 (es – ea)(1)
1998; SILVEIRA et al., 2014). Segundo esse método, a Ep
Δ + γ (1 + 0,34u2)
é dada conforme a Equação 1:

Quadro 1 – Modelos do IPCC-AR5 considerados.


Modelos Instituição ou agência; país
BCC-CSM1-1 Beijing Climate Center, China Meteorological Administration; China
BNU-ESM College of Global Change and Earth System Science, Beijing Normal University; China
CESM1-BGC Community Earth System Model Contributors; Estados Unidos
Commonwealth Scientific and Industrial Research Organization in collaboration
CSIRO-MK3-6-0
with Queensland Climate Change Centre of Excellence; Austrália
HadGEM2-ES Met Office Hadley Centre; Reino Unido
Atmosphere and Ocean Research Institute, National Institute for Environmental Studies,
MIROC5
and Japan Agency for Marine-Earth Science and Technology; Japão

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Em que: γ (kPa ºC-1) = constante psicrométrica.


Ep= evapotranspiração de referência (mm dia-1);
A velocidade do vento em 2 m de altura, a radiação
Rn= radiação líquida na superfície das culturas (MJ m2 dia-1);
líquida, a pressão de vapor real ou atual e as tempe-
G = fluxo de calor no solo (MJ m2 dia-1);
raturas máxima e mínima formam um conjunto de da-
T = média diária da temperatura do ar a 2 m de altura (ºC); dos básicos para a estimativa da Ep via Penman-Mon-
u2 = velocidade do vento a 2 m de altura (m s-1); teith. Entretanto, para a estimativa do método, foram
es = pressão da saturação de vapor (kPa); utilizadas simplificações físicas; os dados de entrada
ea = pressão de vapor atual (kPa); para esse método foram as temperaturas média, mí-
(es - ea) = déficit de saturação de vapor (kPa); nima e máxima, enquanto a velocidade do vento a 2
Δ = inclinação da curva da pressão de vapor versus m de altura foi considerada 2m/s. Mais detalhes po-
temperatura (kPa ºC-1); dem ser encontrados em Silveira et al (2014).

Modelo de regressões
A primeira etapa do modelo de regressão é a padroni- râmetros de cada posto que não possui o SMAP, con-
zação das séries mensais das vazões naturalizadas do siderando os demais postos como variáveis explana-
ONS, utilizando a Equação 2: tórias. A regressão linear é dada pela Equação 3:

qi,j,k – qi,j
Zi,j,k =
σi,j (2) zi,pj,k = Σ pk=21
pk=1 zi,pk,k . βi,pk(3)

Em que:
Z = vazão normalizada; Em que:
i =número de meses (variando de 1 a 12); pk = bacias cujas vazões são obtidas via SMAP. Portan-
k = número de anos (variando de 1931 a 2008); to, pk varia de 1 a 21;
j = número de postos utilizados (no total de 188); pj = postos que não possuem o SMAP calibrado. Logo,
qi,j,k = vazão naturalizada do posto j no mês i padroniza- pj varia de 1 a 167;
do no ano k; βi,pk = coeficientes das regressões.
qi,j = matriz que representa a média de todos os meses
e postos; Com os coeficientes — aferidos a partir das séries de va-
σi,j = matriz que representa o desvio padrão da série zões naturalizadas do ONS — e as vazões obtidas via SMAP
mensal de todos os postos. com dados dos modelos globais do IPCC-AR5, são obtidas
Após a padronização, é realizada a regressão linear as vazões para os cenários de mudança climática para os
das vazões naturalizadas do ONS e são obtidos os pa- demais postos utilizando os parâmetros de regressão.

Análise das projeções

Cálculo da anomalia média anual


Aanual = (pXXI – pxx) . 100(4)
u a
Para o cálculo da anomalia média anual foi conside-
paxx
rada a Equação 4, dada pela diferença entre a mé-
dia anual do cenário do século XXI e a média anual Em que:
do cenário histórico sobre a média anual do cená- PXXI
a
= média da vazão anual para o cenário do século XXI;
rio histórico: Pxx = média da vazão anual para o cenário histórico.
a

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Análise de tendência das precipitações anuais


Para analisar a tendência do século XXI, as séries de Em que:
vazões anuais dos cenários do século XXI foram padro- Z = vazão do cenário do século XXI padronizada;
nizadas com base nas características da série do cená- XjXXI =vazão anual dos cenários RCP4.5 e RCP8.5 para
rio histórico de 1950 a 1999. Essa padronização segue um ano j;
a Equação 5: Xxx = vazão anual média do cenário histórico na série de
1950 a 1999;
σxx = desvio padrão da série de vazões anuais do cená-
rio histórico.
Z = XXXI – Xxx(5)
J

σxx A metodologia de avaliação de tendência utilizada foi o


método clássico de Mann-Kendall-Sen.

RESULTADOS E DISCUSSÕES
Os impactos das mudanças climáticas não são uniforme- aumento superior a 25% no extremo Sul do país, aumen-
mente distribuídos no território brasileiro, porém apon- to de menor magnitude na Região Sudeste e anomalias
tam que, para os cenários RCP4.5 e RCP8.5, há maior pos- negativas, de módulo superior a 5%, nas regiões Norte e
sibilidade de aumento das vazões no Setor Sul do país ao Nordeste, enquanto o HadGEM2-ES indica anomalia posi-
longo do século XXI, conforme sugerem as Figuras 2 e 3. tiva no extremo Sul do país, de magnitude superior a 45%,
com grande divergência espacial nas demais regiões. Já
No subsistema norte existe uma leve dispersão espa- o modelo BCC-CSM1-1 apresenta normalidade na maior
cial entre a resposta das vazões dos postos aos cená- parte das regiões Sudeste e Norte, com reduções superio-
rios de mudanças climáticas. Os postos mais ao norte res no Nordeste, em módulo a 5%, e anomalias positivas
mostraram reduções de magnitude inferior aos postos maiores que 5% no Sul, no período de 2040 a 2069.
mais ao sul, próximos ao centro-oeste.
As Figuras 4 e 5 exibem as declividades da tendência dos mo-
Assim como no subsistema norte, o Setor Sudeste/­ delos globais para os cenários RCP4.5 e RCP8.5 para as va-
Centro‑Oeste apresenta leves divergências espaciais; as zões anuais do SIN, segundo o teste de ­Mann‑Kendall‑Sen,
anomalias indicam duas regiões que respondem diferente-
no período de 2011 a 2098. ­Analisando o conjunto de mo-
mente às mudanças climáticas: os aproveitamentos mais
delos que possuem tendência significativa, considerando
ao Centro-Oeste do país e a região litorânea do Sudeste bra-
todo o SIN, há clara evidência de que o aumento das emis-
sileiro. Isso é evidenciado para os modelos Commonwealth
sões dos gases deefeito estufa sugere maior impacto na
Scientific and Industrial Research Organisation - MK-3-6-0
geração de energia do setor elétrico, visto que, na maioria
(CSIRO-MK-3-6-0) e Beijing Normal University Earth System
Model (BNU-ESM), que apresentam anomalias negativas dos casos, o módulo da declividade é sempre maior para o
mais intensas na Região Centro-Oeste do Brasil. cenário RCP8.5, em detrimento do RCP4.5.

No Setor Nordeste a maioria dos modelos apresenta ano- Para a maioria dos postos do SIN não há tendência sig-
malias negativas para ambos os cenários, sendo o mó- nificativa, indicando que a mudança nos padrões mé-
dulo destas superiores para o cenário RCP8.5 — o mais dios pode estar associada à maior frequência de even-
pessimista, segundo o IPCC-AR5 —,sugerindo que essa tos extremos em todo o Brasil. Essa tendência é bem
região semiárida é extremamente sensível ao aumento pronunciada apenas para alguns modelos no extremo
das concentrações dos gases de efieito estufa no planeta. Sul do país, onde se sinaliza aumento nas vazões.

Os modelos BNU-ESM, CSIRO-MK-3-6-0 e Community O modelo CSIRO-MK-3-6-0 aponta tendência negativa


Earth System Model — Biogeochemical Elemental Cycling nos subsistemas nordeste, norte e parte do sudeste/
(CESM1-BGC) indicam reduções em todo o território bra- centro-oeste e ausência de tendência no Setor Sul para
sileiro, exceto no extremo Sul do país, para ambos os ce- ambos os cenários do IPCC-AR5. O modelo BNU-ESM
nários, porém mais evidente para o RCP8.5. O Model for sinaliza tendência negativa para os setores Norte e Su-
Interdisciplinary Research on Climate (MIROC5) sugere deste e ausência de tendência nas demais regiões.

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BCC-CSM1-1: RCP4.5 (2040 a 2069) BNU-ESM: RCP4.5 (2040 a 2069)


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35% ≤ q< 45% 35% ≤ q< 45%
25% ≤ q < 35% 25% ≤ q < 35%
-20 15% ≤ q < 25% -20 15% ≤ q < 25%
5% ≤ q < 15% 5% ≤ q < 15%
-25 -5% ≤ q < 5%
-15% ≤ q <-5% -25 -5% ≤ q < 5%
-15% ≤ q <-5%
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q < -45% q < -45%
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Longitude Longitude

CESM1-BGC: RCP4.5 (2040 a 2069) CSIRO-MK3-6-0: RCP4.5 (2040 a 2069)


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35% ≤ q< 45% 35% ≤ q< 45%
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15% ≤ q < 25% -20 25% ≤ q < 35%
15% ≤ q < 25%
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HadGEM2-ES: RCP4.5 (2040 a 2069) MIROC5: RCP4.5 (2040 a 2069)


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15% ≤ q < 25% -20 25% ≤ q < 35%
15% ≤ q < 25%
5% ≤ q < 15% 5% ≤ q < 15%
-25 -5% ≤ q < 5%
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-15% ≤ q <-5%
-25% ≤ q < -15% -25% ≤ q < -15%
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q < -45% q < -45%
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Longitude Longitude
Figura 2 – Anomalias de vazões anuais dos modelos globais do IPCC-AR5 para o período de 2040 a 2069 para o cenário RCP4.5.

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Mudanças climáticas e o setor hidroelétrico brasileiro: uma análise com base em modelos do IPCC-AR5

BCC-CSM1-1: RCP8.5 (2040 a 2069) BNU-ESM: RCP8.5 (2040 a 2069)


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25% ≤ q < 35% 25% ≤ q < 35%
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5% ≤ q < 15% 5% ≤ q < 15%
-25 -5% ≤ q < 5%
-15% ≤ q <-5% -25 -5% ≤ q < 5%
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CESM1-BGC: RCP8.5 (2040 a 2069) CSIRO-MK3-6-0: RCP8.5 (2040 a 2069)


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Longitude Longitude
Figura 3 – Anomalias de vazões anuais dos modelos globais do IPCC-AR5 para o período de 2040 a 2069 para o cenário RCP8.5.

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BCC-CSM1-1: RCP4.5 BNU-ESM: RCP4.5


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0,05 ≤ Δz<0 0,05 ≤ Δz<0
-25 Δz = 0 -25 Δz = 0
0 > Δz ≥ -0,05 0 > Δz ≥ -0,05
-30 -0,05 > Δz ≥-0,1 -30 -0,05 > Δz ≥-0,1
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-25 Δz = 0 -25 Δz = 0
0 > Δz ≥ -0,05 0 > Δz ≥ -0,05
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0,05 ≤ Δz<0 0,05 ≤ Δz<0
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0 > Δz ≥ -0,05 0 > Δz ≥ -0,05
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Longitude Longitude
Figura 4 – Tendência, segundo o método de Mann-Kendall-Sen, das vazões médias anuais
padronizadas para os modelos do IPCC-AR5 no período de 2011 a 2098 para o cenário RCP4.5.

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BCC-CSM1-1: RCP8.5 BNU-ESM: RCP8.5


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-20 0,1 ≤ Δz<0,05 -20 0,1 ≤ Δz<0,05
0,05 ≤ Δz<0 0,05 ≤ Δz<0
-25 Δz = 0 -25 Δz = 0
0 > Δz ≥ -0,05 0 > Δz ≥ -0,05
-30 -0,05 > Δz ≥-0,1 -30 -0,05 > Δz ≥-0,1
Δz < -0,1 Δz < -0,1
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Δz> 0,1 Δz> 0,1
-20 0,1 ≤ Δz<0,05 -20 0,1 ≤ Δz<0,05
0,05 ≤ Δz<0 0,05 ≤ Δz<0
-25 Δz = 0 -25 Δz = 0
0 > Δz ≥ -0,05 0 > Δz ≥ -0,05
-30 -0,05 > Δz ≥-0,1 -30 -0,05 > Δz ≥-0,1
Δz < -0,1 Δz < -0,1
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HadGEM2-ES: RCP8.5 MIROC5: RCP8.5
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Δz> 0,1 Δz> 0,1
-20 0,1 ≤ Δz<0,05 -20 0,1 ≤ Δz<0,05
0,05 ≤ Δz<0 0,05 ≤ Δz<0
-25 Δz = 0 -25 Δz = 0
0 > Δz ≥ -0,05 0 > Δz ≥ -0,05
-30 -0,05 > Δz ≥-0,1 -30 -0,05 > Δz ≥-0,1
Δz < -0,1 Δz < -0,1
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Longitude Longitude
Figura 5 – Tendência, segundo o método de Mann-Kendall-Sen, das vazões médias anuais
padronizadas para os modelos do IPCC-AR5 no período de 2011 a 2098 para o cenário RCP8.5.

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CONCLUSÕES
A análise proposta neste trabalho visou gerar informa- redução hídrica para a agricultura e a indústria, bem
ções acerca do impacto das mudanças climáticas sobre como o desabastecimento de cidades. Além disso, si-
as vazões do setor elétrico do Brasil. Essas informações nalizou que a expansão do setor elétrico brasileiro para
podem ser usadas pelos gestores na adoção de políti- o Setor Norte do país precisa considerar em seu pla-
cas energéticas e auxiliar medidas que minimizem os nejamento as mudanças climáticas como elemento de
impactos de tais cenários. possível redução da oferta da energia na região.

Os modelos do IPCC-AR5 avaliados aqui apontaram im- Os impactos das mudanças climáticas somados ao
pactos diferentes nas vazões de acordo com os subsis- crescimento da demanda energética do Brasil podem
temas do setor hidroelétrico: há maior possibilidade de levar a uma grande crise no setor energético brasileiro,
aumento na Região Sul do país, ao passo que na Região promovendo investimentos em energias não renová-
Norte há sinalização de redução. Na Região Nordeste veis em razão do risco de não atendimento dos usuá-
os modelos mostraram maior divergência, indicando rios com a atual matriz energética. Esse tipo de ação
incerteza em relação ao impacto da mudança do clima. pode aumentar o custo da geração de energia e criar
Na Região Sudeste/Centro-Oeste, apesar da divergên- um feedback positivo para a mudança climática, bem
cia, há maior possibilidade de redução nas vazões. como intensificar seus efeitos sobre todo o sistema cli-
mático e, consequentemente, sobre o país.
O aumento das vazões médias anuais no Setor Sul
do país e a redução no Setor Nordeste não se re- As mudanças climáticas representam um desafio para
fletem na tendência do teste de Mann-Kendall-Sen, a gestão de recursos hídricos à medida que geram um
sugerindo que as anomalias mostradas podem estar conjunto de alterações que afetam o ciclo hidrológico.
associadas àmaior ocorrência de extremos hidroló- Além dos impactos esperados no regime hidrológico, es-
gicos nas regiões. peram-se prováveis mudanças na demanda de diversos
setores/usuários. A elevação da temperatura e da eva-
Os resultados encontrados para o setor hidroelétri-
potranspiração poderá acarretar, entre outros efeitos, na
co norte concordam com os obtidos por Lucena et al.
maior necessidade de irrigação, refrigeração, consumo
(2009), que obtiveram a cenarização da matriz ener-
humano e dessedentação de animais em determinados
gética do país utilizando informações do IPCC-AR4 e
períodos e regiões. Essas constatações estão associadas
observaram aumento da vulnerabilidade das regiões
ao estado geral de aumento no consumo de energia, na
Norte e Nordeste do Brasil.
demanda hídrica da agricultura e do abastecimento hu-
A redução da disponibilidade hídrica nas regiões Norte mano nos centros urbanos. Portanto, as consequências
e Sudeste mostrada neste trabalho evidenciou impac- das mudanças climáticas podem alterar a confiabilida-
tos pelo acirramento de conflitos entre usos múltiplos, de dos sistemas de água brasileiro atuais e a gestão dos
uma possível desaceleração da economia por causa da usos e das infraestruturas de suprimento hídrico.

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RBCIAMB | n.47 | mar 2018 | 46-60

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