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Niterói
2020
1-
Quando analisamos o liberalismo e suas ideias no que se diz respeito a democracia
embora podemos notar ideias similares, é importante primeiro analisar o ponto de vista
separadamente de cada um dos principais autores.
Outro autor essencial de se discutir é John Stuart Mill, para ele o liberalismo despe-se
de seu ranço conservador, defensor do voto censitário e da cidadania restrita, para incorporar
em sua agenda todo um elenco de reformas que vão desde o voto universal até a emancipação
da mulher. A obra de Stuart Mill é um compromisso entre os pensamentos liberais e as ideias
democráticas do século XIX. O fundamento deste compromisso está no reconhecimento de
que a participação política não é, e não pode ser, encarada como um privilégio de pessoas.
Stuart Mill procura dotar o Estado liberal dos mecanismos capazes de institucionalizar esta
participação ampliada. A incorporação dos segmentos populares é, por Mill, a única via
possível para salvar a liberdade inglesa de ser capturada pelos interesses egoístas da próspera
classe média. O voto é uma forma de poder, que deve ser estendido aos trabalhadores. Mill
pretende levar à prática as discussões teóricas do novo liberalismo. As elites culturais vão
mediar o processo de inserção e participação, o voto deles deve valer mais que um, segundo o
autor, nessas questões de disputas e pressões (tomadas complexas de decisões). Diante de
impasses, as elites culturais deveriam decidir o impasse porque supostamente teriam maior
capacidade intelectual e de decisões mais imparciais. As concepções de Stuart Mill para a
sociedade e para o indivíduo têm como base o utilitarismo. Nessa concepção de pensamento,
fundado por James Mill e Jeremy Bentham, a realidade da economia de mercado constitui-se
num paradigma teórico para a contenção dos modelos de sociedade e indivíduos. Homem =
maximizador de prazer e minimizador de sofrimentos; sociedade: agregado de consciências
autocentradas e independentes, cada qual buscando realizar seus desejos e impulsos. O “bom
governo” será aquele capaz de garantir o maior volume de felicidade líquida para o maior
número de cidadãos. Para cada ação política será sempre possível aplicar este raciocínio para
avaliar a “utilidade” de seus resultados. Segundo Mill, o bem estar está assegurado como
critério último para a avaliação de qualquer governo e sociedades, logo não é o mais
importante. Aliás, um conceito básico para o utilitarismo. Mas para Mill, o homem é capaz de
desenvolver suas potencialidades, ou seja, faz parte de sua essência. Nesse sentido, o “bom
governo” será medido pelo “grau em que ele tende a aumentar a soma das boas qualidades
dos governados, coletiva e individualmente”. Funda-se aqui a utilidade da democracia e da
liberdade. O governo democrático é melhor porque nele encontramos as condições que
favorecem o desenvolvimento das capacidades de cada cidadão. Logo, para Mill, o “bom
governo” é aquele que pode aumentar as boas qualidades dos governados e não o medido em
felicidade líquida de fato, haja vista que isso é uma questão extremamente subjetiva. A
democracia demanda auto aperfeiçoamento e isso gera frutos coletivos e melhorias sociais.
Ao aperfeiçoar individualmente (logo caráter mais objetivo) só acontece no plano coletivo, ou
seja, inserido no sistema de indivíduos; enquanto que a melhoria social a longo prazo é mais
subjetiva. Mill não foca na questão transcendental da democracia mas ele não é utilitarista
propriamente dito como seu pai. Por fim, ao analisarmos ambos os autores e suas teorias em
seus devidos contextos históricos e sociais, é perceptível que ambos temem que a democracia
acabe se tornando uma tirania.
2-
Friederich Engels era filho de um industrial, dono de fábrica têxtil e detinha uma
enorme quantidade de dinheiro; viu de muito perto a exploração, a pobreza e as injustiças de
dentro da fábrica do pai dele e ao redor da sociedade alemã e europeia. Durante todas as
mudanças por expulsões de diversos países europeus, fixou-se na França e conheceu
efetivamente Karl Marx - já tinham se encontrado antes na Inglaterra quando Engels publicou
num jornal editado por Marx. A partir desse momento de encontro, tanto Marx quanto Engels
engajaram-se na análise da mazela social e na teorização da revolução, pois viam as revoltas e
os descontentamentos da sociedade europeia pipocando em diversos locais.
Em cada um dos períodos apresentados por ele, é possível identificar diferentes tipos
de relações familiares, começando nas famílias de casamento grupal e avançando ao fim desse
tipo de formação familiar. É interesssante, porém, observar que o surgimento da democracia
burguesa condicionou as conjunturas estatais e familiares a funcionarem a seu favor;
evidencia-se isso ao analisar a diferença entre o modelo familiar burguês e o modelo familiar
do proletariado.
O modelo familiar burguês funciona com a predominância de direitos do homem, visto
como o provedor da casa, enquanto a mulher mantém suas funções domésticas – cuidando da
casa e dos filhos. No entanto, as famílias do proletariado mantêm relações trabalhistas,
incluindo as mulheres e as crianças, o que gera desigualdades e um alto índice de mortalidade
infantil – tudo isso para manter o funcionamento das indústrias com alta produtividade,
enriquecendo cada vez mais as famílias burguesas e empobrecendo as famílias da classe
trabalhadora.
Tanto Engels quanto Marx criticam o sistema de economia burguês e a influência que
este exerce diretamente no Estado, alterando de forma quase que revolucionária nas relações
sociais e familiares. O materialismo está vinculado à burguesia, ainda que ela não o tenha
criado, pois foi com o acúmulo de bens que esta classe chegou ao topo e derrubou monarquias
e aristocracias, tomando o lugar que antes as pertencia. O problema desse sistema está
completamente voltado à exploração das classes subalternas, a qual gera anomalias em toda a
sociedade – fome, alto índice de mortalidade por essas classes não obterem acesso à saúde;
desigualdades; problemas sociais, como o aumento na criminalidade, dentre outros fatores
preocupantes. A expansão das democracias burguesas no mundo alavancaria a perpetuação do
legado deixado pelas monarquias, dessa vez, não somente explorando a mão de obra
escravizada vinda de outro continente, e sim de pessoas de seu póprio país – pessoas essas que
antes se mantinham no campo, mas agora tentavam encontrar uma melhora nas condições de
vida partindo para as cidades construídas pela própria classe burguesa.
Bibliografia:
MILL, John Stuart. A Liberdade; Utilitarismo. São Paulo: Martins Fontes, 2000.