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Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais

Engenharia Civil

Notas de Aula
Cálculo 2

UNIDADE 1 - PARTE 1

Professor: André Rodrigues Monticeli

Varginha/MG
Notas de aula - Cálculo 2
Prof. André R. Monticeli

Sumário

1 Funções de várias variáveis 2


1.1 Conceito, grácos, curvas de nível . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.1.1 Denição: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.1.2 Gráco . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.1.3 Curvas de nível . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
1.2 Grácos, Superfícies de Nível. Superfícies quádricas e cilíndricas . . . . . . . . . . . . . 9
1.3 Limite e continuidade. Derivada Parcial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
1.3.1 Limite . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
1.3.2 Continuidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
1.3.3 Derivadas Parciais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
1.4 Derivadas de maior ordem. Plano tangente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
1.4.1 Derivadas de maior ordem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
1.4.2 Teorema das derivadas mistas - ou Teorema de Clairaut . . . . . . . . . . . . . 20
1.4.3 Planos Tangentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
1.5 Aproximação Linear. Diferenciabilidade. Regra da Cadeia . . . . . . . . . . . . . . . . 23
1.5.1 Aproximação Linear . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
1.5.2 Diferenciabilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
1.5.3 Regra da Cadeia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

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1 Funções de várias variáveis

1.1 Conceito, grácos, curvas de nível


Consideremos os seguintes enunciados:

(i) O volume (V) de um cilindro é dado por

V = πr2 h

ou seja, o volume é dado em função de duas variáveis, raio (r) e altura (h).

Assim, podemos escrever


V = V (r, h) = πr2 h

V : R2 → R
(r, h) 7→ V (r, h)

(ii) O circuito da Figura 1 abaixo tem 3 resistores. A corrente desse circuito é função das resistências
R1 , R2 e R3 .

Assim,
E
I(R1 , R2 , R3 ) =
R1 + R2 + R3

V : R3 → R
(R1 , R2 , R3 ) 7→ I

Figura 1:
Portanto, a corrente do circuito dado é uma função de três variáveis independentes.

1.1.1 Denição:
Seja D um conjunto do espaço n-dimensional (D ⊆ Rn ), isto é, os elementos de D são n-uplas
ordenadas (x1 , x2 , x3 , ..., xn ) de números reais. Se a cada ponto P do conjunto D associamos um único
elemento z ∈ R, temos uma função f : D ⊆ Rn → R. Esta função é chamada função de n-variáveis
reais. Denotamos

z = f (P ) ou z = f (x1 , x2 , ..., xn )
O conjunto D é denominado domínio da função z = f (P ).
Exemplo 1.1.1.
Para cada uma das seguintes funções, calcule f (3, 2) e encontre o domínio.
Resolução:

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1. f (x, y) = x+y+1
x−1

√ √
3+2+1 6
f (3, 2) = =
3−1 2
Determinando o domínio temos,
x+y+1≥0 ⇒ y ≥ −x − 1 e x − 1 6= 0 ⇒ x 6= 1
Logo,

D = {(x, y)|x + y + 1 ≥ 0 e x 6= 1}

A representação gráca do domínio está apresentada na Figura 2.

Figura 2:

2. f (x, y) = x. ln(y 2 − x)

f (3, 2) = 3. ln(22 − 3) = 3. ln1 = 0

Determinando o domínio temos,


y2 − x > 0 ⇒ x < y2

Logo,

D = (x, y) | x < y 2


A representação gráca do domínio está apresentada na Figura 3.

Figura 3:

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Exemplo 1.1.2.
Determine o domínio e a imagem da função
p
g(x, y) = 9 − x2 − y 2

Resolução:
Determinando o domínio da função temos,

9 − x2 − y 2 ≥ 0 =⇒ x2 + y 2 ≤ 9 ⇒ D = {(x, y)|x2 + y 2 ≤ 9}
Isto é, um disco com centro em (0, 0) e raio 3. Na Figura 4 temos o esboço deste domínio.

Figura 4:

Determinando a imagem de g(x, y) temos,


p
Im = {z | z = 9 − x2 − y 2 ; (x, y) ∈ D}
Como z ≥ 0, então

0≤z≤3
Portanto, a imagem da função g(x, y) é Im = {z | 0 ≤ z ≤ 3}.
Exemplo 1.1.3.
Descreva o domínio da função f (x, y) = y − x2 .
p

Resolução:
Determinando o domínio da função temos,

y − x2 ≥ 0 ⇒ y ≥ x2
Logo,

D = {(x, y) | y ≥ x2 }
Na Figura 5 temos a representação gráca deste domínio.

1.1.2 Gráco
Da mesma forma que no estudo das funções de uma variável, a noção de gráco desempenha um
papel importante no estudo das funções de várias variáveis. Isso ocorre, principalmente, para funções
de duas variáveis, cujo gráco, em geral, representa uma superfície no espaço tridimensional.
Denição:
Se f é uma função de duas variáveis com domínio D, então o gráco de f é o conjunto de todos os
pontos (x, y, z) ∈ R3 , tal que z = f (x, y) e (x, y) ∈ D.

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Figura 5:

Exemplo 1.1.4.
Esboce o gráco da função f (x, y) = 6 − 3x − 2y .
Resolução:
O gráco de f tem a equação

z = 6 − 3x − 2y ou 3x + 2y + z = 6

que representa um plano.


Para desenharmos o plano, primeiro achamos as intersecções com os eixos:

y=z=0 ⇒ x=2
y=x=0 ⇒ z=6
x=z=0 ⇒ y=3
Assim, na Figura 6 temos o gráco da função f .

Figura 6:

Observação: A função do tipo f (x, y) = ax + by + c é chamada Função Linear, cujo gráco é um


plano e tem a equação
z = ax + by + c ou ax + by − z + c = 0

Exemplo 1.1.5.
Esboce o gráco de g(x, y) = 9 − x2 − y 2 .
p

Resolução:
O gráco
p de g tem a equação
z= 9 − x2 − y 2 ou ainda z 2 = 9 − x2 − y 2 ou x2 + y 2 + z 2 = 9.

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Figura 7:

Que é a equação da esfera de centro na origem e raio 3. Mas, como z ≥ 0, o gráco de g será
somente a metade superior da esfera. Na Figura 7 temos o gráco da função g .

OBSERVAÇÃO: A equação do tipo x2 + y2 + z 2 = t2 é uma esfera com o centro na origem. Já


a equação do tipo (x − a)2 + (y − b)2 + (z − c)2 = r2 é uma esfera cujo centro está nas coordenadas
a, b, c.

Exemplo 1.1.6.
Esboce o gráco de h(x, y) = 4x2 + y 2 .
Resolução:
O gráco de h tem a equação z = 4x2 + y 2 , que é um paraboloide elíptico. Assim, seu gráco está
representado na Figura 8.

Figura 8:

ATIVIDADE 1.1.1.
Faça o esboço do gráco das seguintes funções, utilizando o geogebra.
1. z = (x2 + 3y 2 )e−x
2 −y 2

2. z = sen x + sen y

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1.1.3 Curvas de nível


As curvas de nível são sempre subconjuntos do domínio da função z = f (x, y) e, portanto, são
traçadas no plano xy . Cada curva de nível f (x, y) = k é a projeção, sore o plano xy da interseção do
gráco de f com o plano horizontal z = k

⇒ Exemplos ilustrativos no Geogebra.

Exemplo 1.1.7.
Um mapa de contorno para uma função f é mostrado na Figura 9. Use-o para estimar os valores
de f (1, 3) e f (4, 5).
Resolução:

Figura 9:

Portanto,
f (1, 3) ∼
= 70
f (4, 5) ∼
= 60
Exemplo 1.1.8.
Esboce as curvas de nível da função f (x, y) = 6 − 3x − 2y para valores k = −6, 0, 6, 12.
Resolução:
A equação das curvas de nível são
6 − 3x − 2y = k ou 3x + 2y + (k − 6) = 0

ou ainda
−3 (k − 6)
y= x−
2 2
Portanto, as curvas de nível são retas com inclinação 2 .
−3
Assim, as curvas de nível são:
−3
k = −6 ⇒ y=
x+6
2
−3
k=0 ⇒ y= x+3
2
−3
k=6 ⇒ y= x
2
−3
k = 12 ⇒ y = x−3
2
Na Figura 10 temos o esboço das curvas de nível.

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Figura 10:

Exemplo 1.1.9.
Esboce algumas curvas de nível da função z = 4 − x2 − y 2 .
p

Resolução:
A equação das curvas de nível são
p
4 − x2 − y 2 = k ou x2 + y 2 = 4 − k 2

Assim,

k=0 ⇒ x2 + y 2 = 4
1 15
k= ⇒ x2 + y 2 =
2 4
k=1 ⇒ x2 + y 2 = 3
k=0 ⇒ x2 + y 2 = 4
Portanto, na Figura 11 temos a representação gráca das curvas de nível.

Figura 11:

ATIVIDADE 1.1.2.
1) Seja F (x, y) = 1 +
p
4 − y2

a) Calcule F (3, 1). b) Determine e esboce o domínio de F . c) Determine a imagem de F .


√ √ √
2) Sejaf (x, y, z) = x + y + z + ln(4 − x2 − y 2 − z 2 ).
a) Calcule f (1, 1, 1). b) Determine o domínio de f .

3) Determine e√esboce o domínio da função:


a) f (x, y, z) = x + y b) f (x, y) = x2 − y 2 c) f (x, y, z) =
p p
1 − x2 − y 2 − z 2

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1.2 Grácos, Superfícies de Nível. Superfícies quádricas e cilíndricas


Como vimos, cada curva de nível f (x, y) = k é a projeção, sobre o plano xy da interseção do gráco
de f com o plano horizontal z = k.
Assim, para obtermos uma visualização do gráco de f , podemos traçar diversas curvas de nível e
imaginarmos cada uma dessas curvas deslocadas para a altura z = k correspondente.
Exemplo 1.2.1.
Considere a função z = x2 + y 2 . As curvas de nível são
p

p
x2 + y 2 = k ou x2 + y 2 = k 2
| {z }
circunf erencia centrada na origem

A representação gráca da curva de nível e o gráco da função estão representados na Figura 12.

Figura 12:

Exemplo 1.2.2.
Para a função z = x2 + y 2 . Assim, as curvas de nível são x2 + y 2 = k. Logo, a representação gráca
da curva de nível e o gráco da função estão representados na Figura 13.

Figura 13:

Observando os dois exemplos, pode-se vericar que as curvas de nível de ambas as funções são
circunferências de centro na origem. Assim, utilizando somente as curvas de nível, podemos ter dicul-
dade em esboçar o gráco da função corretamente. Outro recurso muito útil para visualizar a forma
do gráco consiste em determinar a interseção deste com os planos yz e xz .

Do Exemplo 1.2.1 temos:


p
z= x2 + y 2

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• x = 0 −→ z = y

• y = 0 −→ z = x

Ambas são retas. Portanto, o gráco é um cone.

Do Exemplo 1.2.2 temos:

z = x2 + y 2

• x = 0 −→ z = y 2

• y = 0 −→ z = x2

Ambas são parábolas. Portanto, o gráco é um paraboloide.


Exemplo 1.2.3.
Esboçar o gráco da função z = 4 − x2 − 4y 2
Resolução:
As curvas de nível são dadas por
x2 4−k
4 − x2 − 4y 2 = k ou + y2 =
|4 {z 4 }
elipse para k<4 com centro na origem

Logo, na Figura 14 temos as curvas de nível da função.

Figura 14:

A interseção do gráco de f com os planos são:


• x = 0 → z = 4 − 4y 2 → parábola de vértice (0, 4) e concavidade para baixo.

• y = 0 → z = 4 − x2 → parábola com concavidade para baixo.

Logo, na Figura 15 temos o esboço do gráco da função, que é um paraboloide elíptico.


ATIVIDADE 1.2.1.
Faça o esboço do gráco das seguintes funções utilizando as curvas de nível:

1. Paraboloide com concavidade voltada para baixo: z = 4 − (x2 + y 2 )


2. Cone: z 2 = x2 + y 2

3. Hemisfério da direita da esfera: y = 4 − x2 − z 2

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Figura 15:

Figura 16:

y2
4. Elipsoide: x2 + 4 + z2
2 =1

Exemplo 1.2.4.
Uma chapa de aço retangular é posicionada num sistema cartesiano, como na Figura 16. A tem-
peratura nos pontos da chapa é dada por T (x, y) = y 2 . Esboçar o gráco da função temperatura.
Resolução:
O domínio da função T (x, y) é o retângulo representado na Figura 16, dado por
D = {(x, y) | 0 ≤ x ≤ 6 e − 2 ≤ y ≤ 2}

Sua imagem é
Im(T ) = [0, 4]
As curvas de nível são √
y 2 = k ou y = ± k
Então,

• k=0→y=0

• k = 1 → y = ±1

• k=2→y=± 2

• k=3→y=± 3

• k = 0 → y = ±2

Na Figura 17 temos o esboço das curvas de nível.


As interseções com os planos são:

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Figura 17:

• x = 0 ⇒ z = y 2 (yz)

• y = 0 ⇒ z = 0 (xz)

Assim, na Figura 18 temos o esboço do gráco de T (x, y).

Figura 18:

Embora não possamos obter a visualização geométrica para o gráco de uma função de mais de
duas variáveis, podemos deni-lo:
Denição - Gráco:
Seja f uma função de n variáveis, f = f (x1 , x2 , ..., xn ). O seu gráco é o conjunto de pontos do
espaço Rn+1 dado por
graf (f ) = {(x1 , x2 , ..., xn , f (x1 , x2 , ..., xn )) |z(x1 , x2 , ..., xn ) ∈ D(f )}

Da mesma forma podemos generalizar a noção de curva de nível.


Denição - Curva de nível:
Se f é uma função de n variáveis, f = f (x1 , x2 , ..., xn ) e k é um número real, um conjunto de nível
de f , sk é o conjunto de todos os pontos (x1 , x2 , ..., xn ) ∈ D tais que f (x1 , x2 , ..., xn ) = k.
Em particular, quando f é uma função de 3 variáveis, temos as superfícies de nível. Neste caso,
podemos visualizá-lo no espaço tridimensional.
Exemplo 1.2.5.
Determinar as superfícies de nível da função w = x2 + y 2 + z 2 . Dar exemplos de três pontos
pertencentes ao gráco de w.
Resolução:
As superfícies de nível da função são dadas por
w = x2 + y 2 + z 2 = k

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Para k > 0, temos uma esfera centrada na origem de raio zsqrtk.


Para k = 0, temos um ponto na origem.
Para k < 0, a superfície é um conjunto vazio.
Os pontos pertencentes ao gráco podem ser:

(1, 2, 1, 6) (0, −1, 2, 5) (−2, −3, 1, 14)

ATIVIDADE 1.2.2.
Faça as seguintes atividades do livro de Cálculo, Volume 2 do Stewart, pág. 802 até 804:
Exercícios: 34, 35, 36, 51, 52, 59-64, 65-68.

1.3 Limite e continuidade. Derivada Parcial


1.3.1 Limite
Denição:
Seja f uma função de duas variáveis cujo domínio D contém pontos arbitrariamente próximos de
(a, b). Dizemos que o limite de f (x, y) quando (x, y) tende a (a, b) é L e escrevemos

lim f (x, y) = L
(x,y)7−→(a,b)

Se para todo número  > 0 houver um número correspondente de δ > 0 tal que
p
se (x, y) ∈ D e 0 < (x − a)2 + (y − b)2 < δ entao |f (x, y) − L| < 
Observe que |f (x, y) − L| corresponde à distância entre os números f (x, y) e L, e (x − a)2 + (y − b)2
p

é a distância entre o ponto (x, y) e o ponto (a, b). Assim, a denição diz que a distância entre f (x, y)
e L pode ser feita arbitrariamente pequena se tomarmos a distância de (x, y) a (a, b) pequena.

Figura 19:

Para as funções de uma variável, quando fazemos x tender a a, só existem duas direções possíveis
de aproximação: pela esquerda ou pela direita.
Já para as funções de duas variáveis, essa situação não é tão simples porque existem innitas
maneiras de (x, y) se aproximar de (a, b) por uma quantidade innita de direções e de qualquer maneira
que se queira.
A denição de limite diz que a distância entre f (x, y) e L pode ser pequena se tomarmos a distância
de (x, y) para (a, b) pequena. A denição se refere somente à distância entre (x, y) e (a, b). Ela não
se refere à direção da abordagem. Portanto, se o limite existe, f (x, y) deve se aproximar do mesmo
valor-limite, independentemente do modo como (x, y) se aproxima de (a, b). Assim, se acharmos dois
caminhos diferentes de aproximação ao longo dos quais f (x, y) tenha limites diferentes, então

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lim f (x, y) = @
(x,y)→(a,b)

Se f (x, y) → L1 quando (x, y) → (a, b) ao longo do caminho c1 e f (x, y) → L2 quando (x, y) → (a, b)
ao longo do caminho c2 , com L1 6= L2 , então
lim f (x, y) = @
(x,y)→(a,b)

Exemplo 1.3.1.
Mostre que
x2 − y 2
lim
(x,y)→(0,0) x2 + y 2

não existe.
Resolução:
x2 −y 2
Seja f (x, y) = x2 +y 2
. Primeiro vamos considerar (0, 0) ao longo do eixo x. Então, y = 0 e
f (x, 0) = x2
x2
= 1, ∀x 6= 0. Portanto,

f (x, y) → 1 ⇒ (x, y) → (0, 0) ao longo do eixo x


−y 2
Agora vamos aproximar ao longo do eixo y . Assim, x = 0. Logo, f (0, y) = y2
= −1, ∀y 6= 0.
Portanto,

f (x, y) → −1 ⇒ (x, y) → (0, 0) ao longo do eixo y


Como f tem dois limites diferentes ao longo de dois caminhos diferentes, então o limite não existe.
*Analisar o gráco pelo geogebra.
Exemplo 1.3.2.
Se
xy
f (x, y) =
x2 + y2
será que lim(x,y)→(0,0) f (x, y) existe?
Resolução:
Ao longo do eixo x temos:
y = 0, então f (x, 0) = x02 = 0, ∀x 6= 0. Logo,

f (x, y) → 0 ⇒ (x, y) → (0, 0) ao longo do eixo x


Ao longo do eixo y temos:
x = 0, então f (0, y) = y02 = 0, ∀y 6= 0. Logo,

f (x, y) → 0 ⇒ (x, y) → (0, 0) ao longo do eixo y


Apesar de termos valores iguais ao longo dos eixos, não podemos armar que o limite exista e seja
0. Vamos nos aproximar de (0, 0) ao longo de outra reta, por exemplo, y = x. Assim,

x2 1
f (x, x) = 2 2
= , ∀x 6= 0
x +x 2
Portanto,
1
f (x, y) → ⇒ (x, y) → (0, 0) ao longo da reta x = y
2
Como obtivemos valores diferentes para o limite ao longo de caminhos diferentes, podemos armar
que o limite não existe.

As propriedades do limite estudadas em Cálculo 1 podem ser estendidas para as funções de duas
variáveis. O teorema do confronto também vale.

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Exemplo 1.3.3.
Ache
3x2 y
lim
(x,y)→(0,0) x2 + y 2

se existir.
Resolução:
Ao longo da reta y = x temos,
3x2 y 3x2 x 3x3 3x
lim 2 2
= lim 2 2
= lim 2
= lim =0
(x,y)→(0,0) x + y (x,y)→(0,0) x + x (x,y)→(0,0) 2x (x,y)→(0,0) 2

Ao longo da parábola y = x2 temos,

3x2 y 3x2 x2 3x4 3x2


lim = lim = lim = lim =0
(x,y)→(0,0) x2 + y 2 (x,y)→(0,0) x2 + (x2 )2 (x,y)→(0,0) x2 (1 + x2 ) (x,y)→(0,0) 1 + x2

Portanto, começamos a suspeitar que o limite existe e é igual a 0.


Vamos usar a denição para comprovar esta suspeita.
Seja  ≥ 0. Queremos encontrar δ ≥ 0, tal que
3x2 y

p
se 0 < x2 + y 2 < δ, entao 2 2
− 0 < 
x +y
ou seja,
p 3x2 |y|
se 0 < x2 + y 2 < δ, entao 2 <
x + y2
Como x2 ≤ x2 + y 2 visto que y 2 ≥ 0, portanto,
x2
≤1
x2 + y 2
Assim,
3x2 |y| p p
2 ≤ 3 x2 + y 2
≤ 3|y| = 3 y
x2 + y 2
Desta forma, se escolhermos δ = 3 , teremos
3x2 y

≤ 3 x2 + y 2 < 3δ = 3.  = 
p p
se 0 < x2 + y 2 < δ, entao 2 − 0
x + y2 3
Portanto, pela denição temos
3x2 y
lim =0
(x,y)→(0,0) x2 + y 2

Teorema 1.
Se lim(x,y)→(a,b) f (x, y) = 0 e g(x, y) é uma função limitada em uma bola aberta de centro em (a, b),
então,

lim f (x, y).g(x, y) = 0


(x,y)→(a,b)

Exemplo 1.3.4.

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Mostre que
x2 y
lim =0
(x,y)→(0,0) x2 + y 2

Resolução:
Tomando
xy
f (x, y) = x e g(x, y) =
x2 + y2
temos lim(x,y)→(a,b) x = 0. Portanto, basta mostrarmos que g(x, y) é limitada. Para isto, vamos
reescrevê-la em coordenadas polares

x = r cos θ y = r sen θ
Logo,
xy r cos θ.r sen θ r2 cos θ sen θ
g(x, y) = = = = cos θ. sen θ
x2 + y 2 r2 cos2 θ + t2 sen2 θ r2 (cos2 θ + sen2 θ)
Como −1 ≤ cos θ. sen θ ≤ 1, temos que g(x, y) é limitada. Assim, pelo Teorema,
x2 y
lim =0
(x,y)→(0,0) x2 + y 2

Exemplo 1.3.5.
Calcular
x3 + x2 y − 2xy − 2x2 − 2x + 4
lim
(x,y)→(2,1) xy + x − 2y − 2

Resolução:
Substituindo diretamente temos uma indeterminação 0
0 que pode ser eliminada pela fatoração.
Assim,

x3 + x2 y − 2x − 2xy − 2x2 + 4 x(x2 + xy − 2) − 2(x2 + xy − 2)


lim = lim =
(x,y)→(2,1) xy + x − 2y − 2 (x,y)→(2,1) x(y + 1) − 2(y + 1)

(x − 2)(x2 + xy − 2) 22 + 2.1 − 2 4
= lim − = =2
(x,y)→(2,1) (x − 2)(y + 1) 1+1 2

1.3.2 Continuidade
Uma função f de duas variáveis é dita contínua em (a, b) se

lim f (x, y) = f (a, b)


(x,y)→(a,b)

Dizemos que f é contínua em D se f for contínua em todo ponto (a, b) de D.


O signicado intuitivo de continuidade é que, se o ponto (x, y) variar por uma pequena quantidade,
o valor de f (x, y) variará por uma pequena quantidade. Isso quer dizer que a superfície que corresponde
ao gráco de uma função contínua não tem buracos ou rupturas.
Exemplo 1.3.6.

16
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Onde a função
x2 − y 2
f (x, y) =
x2 + y 2
é contínua?
Resolução:
A função f é descontínua em (0, 0), pois ela não está denida neste ponto. Como f é uma função
racional, ela é contínua em todo o seu domínio, o que corresponde ao conjunto

D = {(x, y) | (x, y) 6= (0, 0)}

Exemplo 1.3.7.
Seja (
3x2 y
x2 +y 2
se (x, y) 6= (0, 0)
f (x, y) =
0 se (x, y) = (0, 0)
Sabemos que f é contínua para (x, y) 6= (0, 0), uma vez que ela é racional denida nesta região.
Também sabemos que
3x2 y
lim = 0 = f (0, 0)
(x,y)→(0,0) x2 + y 2

Portanto, f é contínua em (0, 0) e, consequentemente, f é contínua em R2 .


ATIVIDADE 1.3.1.
1) Determine o limite, se existir, ou mostre que o limite não exista.
a) lim(x,y)→(1,2) (5x3 − x2 y 2 ) b) lim(x,y)→(1,−1) e−xy cos(x + y)
c) lim(x,y)→(2,1) x4−xy
2 +3y 2
xy−y
d) lim(x,y)→(1,0) (x−1) 2 +y 2
x4 −y 4
e) lim(x,y)→(0,0) √ xy
2
f ) lim(x,y)→(0,0) x2 +y 2
x +y 2

2) Vericar se as funções dadas são contínuas nos pontos indicados:


3 −3xy 2 +2
a) f (x, y) = x 2xy 2 −1 , P (1, 2)
(
x2 −y 2
se (x, y) 6= (0, 0)
b) f (x, y) = x2 +y 2 P (0, 0)
0 se (x, y) = (0, 0)
3) Utilize coordenadas polares para determinar o limite: Lembre-se: se (r, θ) são coordenadas
polares do ponto (x, y), com r ≥ 0, observe que r → 0+ quando (x, y) → (0, 0). Obs: Limite quando
ca em função de θ não 3 +y 3
existe
a) lim(x,y)→(0,0) xx2 +y 2
2 2 3
b) lim(x,y)→(0,0) x x+y +x
2 +y 2

c) lim(x,y)→(0,0) sen(xy)
x2 +y 2
- aplique a regra de L'Hôpital.

1.3.3 Derivadas Parciais


Se (x0 , y0 ) for um ponto no domínio de uma função f (x, y), o plano vertical y = y0 cortará a
superfície z = f (x, y) na curva z = f (x, y0 ). Essa curva é o gráco da função z = f (x, y0 ) no plano
y = y0 . A coordenada horizontal nesse plano é x; a coordenada vertical é z . O valor de y se mantém
constante em y0 , portanto y não é uma variável.
A derivada parcial de f (x, y) em relação a x no ponto (x0 , y0 ) é denida como

∂f f (x0 + h, y0 ) − f (x0 , y0 )
= lim
∂x (x0 ,y0 ) h→0 h
Desde que o limite exista.

17
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De maneira similar, denimos a derivada parcial de f (x, y) em relação a y no ponto x0 , y0 ).



∂f f (x0 , y0 + h) − f (x0 , y0 )
= lim
∂y (x0 ,y0 ) h→0 h
Na Figura 20 temos a interpretação geométrica das derivadas parciais.

Figura 20:

O coeciente angular da curva z = f (x, y0 ) no ponto P (x0 , y0 , z0 ) no plano y = y0 é o valor da


derivada parcial de f em relação a x em (x0 , y0 ). A reta tangente à curva em p é a reta no plano
y = y0 que passa por P com esse coeciente angular. A derivada parcial ∂f ∂x em (x0 , y0 ) fornece a taxa
de variação de f em relação a x quando y é mantido xo no valor y0 .
∂y , onde x é mantido xo no valor x0 .
De forma análoga pode se denir a derivada parcial ∂f
Existem outras notações para as derivadas parciais:
Derivadas parciais em relação a x:
f ∂ ∂z
fx (x, y) = fx = = f (x, y) = = f1 = D1 f = Dx f
∂x ∂x ∂x
Derivadas parciais em relação a y :
f ∂ ∂z
fy (x, y) = fy = = f (x, y) = = f2 = D2 f = Dy f
∂y ∂y ∂y
Observe que agora temos duas retas tangentes associadas à superfície z = f (x, y) no ponto
P (x0 , y0 , z0 ). O plano que elas determinam é tangente à superfície? Iremos ver que é tangente para
funções diferenciáveis.

CÁLCULO DAS DEFIVADAS PARCIAIS


Exemplo 1.3.8.
Se f (x, y) = x3 + x2 y 3 − 2y 2 , encontre fx (2, 1) e fy (2, 1).
Resolução:
∂f ∂f
= 3x2 + 2xy 3 e = 3y 2 x2 − 4y
∂x ∂y
Assim temos,

fx (2, 1) = 3.22 + 2.2.13 = 16 e fy (2, 1) = 3.12 .22 − 4.1 = 8


Exemplo 1.3.9.
Encontre ∂f
∂y se f (x, y) = y. sen(xy).
Resolução:
∂f
= sen(xy) + y. cos(xy).x = sen(xy) + xy cos(xy)
∂y

18
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Exemplo 1.3.10.
Encontre fx e fy como funções se f (x, y) = 2y
y+cos x
Resolução:

∂f (−2y)(− sen x) 2y sen x


fx = = =
∂x (y + cos x)2 (y + cos x)2
∂f 2(y + cos x) − 2y(1) 2 cos x
fy = = =
∂y y + cos x)2 (y + cos x)2
Exemplo 1.3.11.
Vericar se a função z = ln(xy) + x + y satisfaz a equação
∂z ∂z
x −y =x−y
∂x ∂y

Resolução:
Calculando ∂z
∂x e ∂z
∂y temos:
∂z 1 1
= .y + 1 = + 1
∂x xy x
∂z 1 1
= .x + 1 = + 1
∂y xy y
Substituindo na equação temos:
   
1 1
x. +1 −y +1 =x−y
x y
1+x−1−y =x−y
x−y =x−y

Exemplo 1.3.12.
Seja z = 6 − x2 − y 2 . Encontrar a inclinação da reta tangente à curva c2 , resultante da interseção
de z = f (x, y) com x = 2, no ponto (2, 1, 1).
Resolução:
No plano x = 2, temos a curva x2 dada por

C2 = 6 − 2 2 − y 2 = 2 − y 2

A inclinação da reta tangente é dada por


∂f
= 22y
∂y

e aplicada no ponto (2, 1) temos β = −2.

FUNÇÕES DE MAIS DE DUAS VARIÁVEIS


Exemplo 1.3.13.
Se x, y e z forem variáveis independentes e, f (x, y, z) = x. sen(y + 3z), então,
∂f
= x. cos(y + 3z).3 = 3x cos(y + 3z)
∂z
Exemplo 1.3.14.

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Determine fx , fy , fz se f (x, y, z) = exy . ln z .


Resolução:
∂f
= exy .y. ln z
∂x
∂f
= exy .x. ln z
∂y
∂f 1 exy
= exy . =
∂z z z

1.4 Derivadas de maior ordem. Plano tangente


1.4.1 Derivadas de maior ordem
Se f é uma função de duas variáveis, suas derivadas parciais fx e fy são funções de duas variáveis,
de modo que podemos considerar novamente suas derivadas parciais, chamadas derivadas parciais
de segunda ordem.
∂2f ∂2z
 
∂ ∂f
(fx )x = fxx = = =
∂x ∂x ∂x2 ∂x2

∂2f ∂2z
 
∂ ∂f
(fx )y = fxy = = =
∂y ∂x ∂y∂x ∂y∂x

∂2f ∂2z
 
∂ ∂f
(fy )x = fyx = = =
∂x ∂y ∂x∂y ∂x∂y

∂2f ∂2z
 
∂ ∂f
(fy )y = fyy = = =
∂y ∂y ∂y 2 ∂y 2
Exemplo 1.4.1.
Determine as derivadas de segunda ordem de f (x, y) = x3 + x2 y 3 − 2y 2 .
Resolução:
As derivadas de primeira ordem são:
∂f ∂f
= 3x2 + 2xy 3 e = 3x2 y 2 − 4y
∂x ∂y
Portanto, as derivadas parciais de segunda ordem são:
∂2f ∂2f ∂2f ∂2f
= 6x + 2y 3 = 6xy 2 = 6xy 2 = 6x2 y − 4
∂x2 ∂y∂x ∂x∂y ∂y 2

1.4.2 Teorema das derivadas mistas - ou Teorema de Clairaut


Se f (x, y) e suas derivadas parciais fx , fy , fxy e fyx forem denidas por toda uma região aberta
contendo um ponto (a, b) e todas forem contínuas em (a, b), então
∂2f ∂2f
=
∂y∂x ∂x∂y
Exemplo 1.4.2.

20
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Encontre ∂2w
∂x∂y se w = xy + ey
y 2 +1
.
Resolução:
⇒ Se diferenciarmos em relação a x e depois a y temos:
∂w ∂2w
=y → =1
∂x ∂y∂x
⇒ Se diferenciarmos em relação a y e depois a x, conforme está pedindo o exercício, temos:
∂w ey (y 2 − 1) − 2yey ∂2w
=x+ → =1
∂y (y 2 + 1)2 ∂x∂y
Poderíamos diferenciar em qualquer ordem porque as condições do teoremas são satisfeitas.
Exemplo 1.4.3.
Encontre fyxyz se f (x, y, z) = 1 − 2xy 2 z + x2 y .
Resolução:
Devemos diferenciar primeiro em relação a y , depois a x, em seguida a y , e por último, em relação
a z.

fy = −4xyz + x2
fyx = −4yz + 2x
fyxy = −4z
fyxyz = −4

1.4.3 Planos Tangentes


Suponha que uma superfície S tenha a equação z = f (x, y), onde f tenha derivadas parciais
contínuas de primeira ordem, e seja P (x0 , y0 , z0 ) um ponto em S . Como já visto, consideremos C1 e
C2 as curvas obtidas pela intersecção dos planos verticais y = y0 e x = x0 com a superfície S . Então,
o ponto P ca em C1 e C2 . Sejam T1 e T2 as retas tangentes à curva C1 e C2 no ponto P . Então, o
plano tangente à superfície S no ponto P é denido como o plano que contém as retas tangentes T1 e
T2 .

Figura 21:

Suponha que f tenha derivadas parciais contínuas. Uma EQUAÇÃO DO PLANO TANGENTE à
superfície z = f (x, y) no ponto P (x0 , y0 , z0 ) é dada por

z − z0 = fx (x0 , y0 ).(x − x0 ) + fy (x0 , y0 ).(y − y0 )

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Exemplo 1.4.4.
Determine o plano tangente ao paraboloide elíptico z = 2x2 + y 2 no ponto (1, 1, 3).
Resolução:
Seja f (x, y) = 2x2 + y 2 . Então, suas derivadas parciais são:

fx (x, y) = 4x → fx (1, 1) = 4 e fy (x, y) = 2y → fy (1, 1) = 2


Então, a equação do plano tangente é:

z − 3 = fx (1, 1).(x − 1) + fy (1, 1).(y − 1)


z − 3 = 4.(x − 1) + (2.(y − 1)
z = 4x + 2y − 3

ATIVIDADE 1.4.1.
1) Se f (x, y) = 16 − 4x2 − y 2 , determine fx (1, 2) e fy (1, 2) e interprete esses números como taxa
de variação. Faça o esboço do gráco da função e destas derivadas, utilizando o GeoGebra.

2) Se f (x, y) = 4 − x2 − 4y 2 , determine fx (1, 0) e fy (1, 0) e interprete esses números como taxa


p

de variação. Faça o esboço do gráco da função e destas derivadas, utilizando o GeoGebra.

3) Determine as derivadas parciais de primeira ordem da função:

a)f (x, y) = y 5 − 3xy b)f (x, y) = x4 y 3 + 8x2 y c)f (x, t) = e−t . cos(πx)

d)f (x, t) = x. ln t e)z = (2x + 3y)10 f )z = (xy)
x
g)f (x, y) = (x+y) 2 h)f (x, y, z) = xz − 5x2 y 3 z 4 i)w = x. sen(y − z)

4) Determine todas as derivadas de segunda ordem:



a)f (x, y) = x3 y 5 + 2x4 y b)f (x, y) = sen2 (mx + ny) c)w = u2 + v 2
d)u = x4 y 3 − y 4 e)u = exy . sen y f )u = ln(x + 2y)

5) Determine as derivadas parciais indicadas:


a)f (x, y) = x4 y 2 − x3 y ; fxxx , fxyx b)f (x, y) = sen(2x + 5y) ; fyxy
2 3u
c)f (x, y, z) = exyz ; fxyz d)u = erθ sen θ ; ∂r∂ 2 ∂θ

6) Determine uma equação do plano tangente à superfície no ponto especicado. Em seguida, faça
o esboço do gráco da função e do plano tangente no GeoGebra.
a)z = 3y 2 − 2x2 + x P (2, −1, −3)
b)z = 3(x − 1)2 + 2(y + 3)2 + 7 P (2, −2, 12)

c)z = xy P (1, 1, 1)
d)z = x.exy P (2, 0, 2)
e)z = x. sen(x + y) P (−1, 1, 0)
f )z = ln(x − 2y) P (3, 1, 0)

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1.5 Aproximação Linear. Diferenciabilidade. Regra da Cadeia


1.5.1 Aproximação Linear
Um Plano Tangente ao gráco da funçaõ f (x, y) = 2x2 + y 2 no ponto (1, 1, 3) é z = 4x + 2y − 3.
Portanto, a função linear de duas variáveis
L(x, y) = 4x + 2y − 3
é denominada Aproximação Linear ou Aproximação pelo Plano Tangente de f em (1, 1).
Por exemplo, no ponto

L(1, 1; 0, 95) = 4.(1, 1) + 2.(0, 95) − 3 = 3, 3


O que é bastante próximo do valor obtido pela função

f (1, 1; 0, 95) = 2.(1, 1)2 + (0, 95)2 = 3, 3225


No entanto, se tomarmos um ponto longe de (1, 1), como (2, 3), não teremos uma boa aproximação

L(2, 3) = 1 ⇒ f (2, 3) = 17

1.5.2 Diferenciabilidade
Denição: Dizemos que a função f (x, y) é diferenciável no ponto (x0 , y0 ) se as derivadas parciais
∂f
∂x (x0 , y0 ) e ∂f
∂x (x0 , y0 ) existem e se
f (x, y) [f (x0 , y0 ) + fx (x0 , y0 ).(x − x0 ) + fy (x0 , y0 ).(y − y0 )]
lim
(x,y)→(x0 ,y0 ) |(x, y) − (x0 , y0 )|

onde |(x, y) − (x0 , y0 )| = (x − x0 )2 + (y − y0 )2 é a distância de (x, y) a (x0 , y0 ).


p

Observação: A denição diz que uma função diferenciável é aquela para a qual a aproximação
linear é uma boa aproximação quando (x, y) está próximo de (x0 , y0 ). Em outras palavras, o plano
tangente aproxima bem o gráco de f perto do ponto de tangência.
Teorema: Se as derivadas parciais fx e fy existirem perto de (x0 , y0 ) e forem contínuas em (x0 , y0 ),
então f é diferenciável em (x0 , y0 ).
Exemplo 1.5.1.
Mostre que f (x, y) = x.exy é diferenciável em (1, 0) e encontre sua linearização ali. Use a lineari-
zação para aproximar o valor de f (1, 1; −0, 1).
Resolução:
As derivadas parciais são:

fx (x, y) = exy + xyexy e fy (x, y) = x2 exy


fx (1, 0) = 1 e fy (1, 0) = 1
Tanto fx quanto fy são contínuas em (1, 0), portanto, f é diferenciável.
A linearização é dada por

L(x, y) = f (1, 0) + fx (1, 0).(x − 1) + fy (1, 0).(y − 0)


L(x, y) = 1 + 1.(x − 1) + 1.(y)
L(x, y) = x + y
Assim, a aproximação linear é
x.exy ∼
=x+y
Portanto,

f (1, 1; −0, 1) = 1, 1 + (−0, 1) = 1

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Exemplo 1.5.2.
Use a denição para provar que a função f (x, y) = x2 + y 2 é diferenciável em R2 .
Resolução:
As derivadas parciais de f são:

fx (x, y) = 2x e fy (x, y) = 2y
Assim, para mostrarmos que f é diferenciável em R2 , pela denição, temos que mostrar que
x2 + y 2 − x20 + y02 + 2x0 (x − x0 ) + 2y0 (y − y0 )
 
lim p =0
(x,y)→(x0 ,y0 ) (x − x0 )2 + (y − y0 )2
Logo,
x2 − x20 − 2x0 x + 2x20 + y 2 − y02 − 2y0 y + 2y02
lim p =0
(x,y)→(x0 ,y0 ) (x − x0 )2 + (y − y0 )2
(x2 − x0 )2 + (y − y0 )2 p
lim p = lim (x − x0 )2 + (y − y0 )2 = 0
(x,y)→(x0 ,y0 ) 2
(x − x0 ) + (y − y0 ) 2 (x,y)→(x0 ,y0 )

Logo, f é diferenciável em R2 .
Exemplo 1.5.3.
Vericar se as função são diferenciável em R2 a) f (x, y) = x2 +y 2 b) f (x, y) = 3xy 2 +4x2 y+2xy .
Resolução:
a) A função f tem as seguintes derivadas parciais:
∂f ∂f
= 2x e = 2y
∂x ∂y
Como as derivadas parciais são contínuas em R2 , conclui-se que f é diferenciável em R2 .

b) A função f é polinomial, logo possui derivadas parciais em todo R2 . As derivadas parciais são:
∂f ∂f
= 3y 2 + 8xy + 2y e = 6xy + 4x2 + 2x
∂x ∂y
Como as derivadas partiais são contínuas em R2 , conclui-se que f é diferenciável em R2 .
Exemplo 1.5.4.
Vericar a diferenciabilidade da função f (x, y) = x
x2 +y 2
.
Resolução:
A função f tem derivadas parciais em R2 − {(0, 0)}. As suas derivadas são:
∂f −x2 + y 2 ∂f −2xy
= 2 e = 2
∂x (x + y 2 )2 ∂y (x + y 2 )2
Como as derivadas são funções racionais cujo denominador se anula apenas em (0, 0), então são
contínuas em R2 − {(0, 0)}, logo, f é diferenciável em R2 − {(0, 0)}.

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1.5.3 Regra da Cadeia


CASO 1: Suponha que z = f (x, y) seja uma função diferenciável de x e y, onde x = g(t) e y = h(t)
são funções diferenciáveis de t. Então, z é uma função diferenciável de t e
df ∂f dx ∂f dy
= +
dt ∂x dt ∂y dt
Exemplo 1.5.5.
Se z = x2 y + 3xy 4 , onde x = sen(2t) e y = cos t, determine dz
dt quanto t = 0.
Resolução:
A regra da cadeia fornece
dz ∂z dx ∂z dy
= + =
dt ∂x dt ∂y dt

= (2xy + 3y 4 ).(2 cos(2t)) + (x2 + 12xy 3 ).(− sen t)


Quanto t = 0, temos:

x = sen 0 = 0 e y = cos 0 = 1
Assim,
dz
= (0 + 3).(2.1) + (0 + 0).(0) = 6
dt
Exemplo 1.5.6.
A pressão em P (em kilopascal), volume V (em litros) e temperatura T (em Kelvin) de um mol
de um gás ideal relacionam-se pela equação P.V = 0, 31T . Determine a taxa de variação da pressão
quando a temperatura é 300 K e está aumentando com a taxa de 0, 1 K/s e o volume é 100 L e está
aumentando com a taxa de 0, 2 L/s.
Resolução:
Se t representa o tempo decorrido, medido em segundos, então, em um dado instante temos:
dT dV
T = 300 V = 100 = 0, 1 = 0, 2
dt dt
Como
0, 31T
P.V = 0, 31T ⇒ P =
V
Queremos encontrar a taxa de variação da pressão, ou seja, dt .
dP
Assim,
dP ∂P dT ∂P dV
= + =
dt ∂T dt ∂V dt
0, 31 (−0, 31T )
= .0, 1 + .0, 2
V V2
Como T = 300 e V = 100 temos,
dP 0, 31 0, 31.300
= .0, 1 − .0, 2 = −0, 04155
dt 100 1002
Ou seja, a pressão está decrescendo com uma taxa de variação de 0, 042 kPa/s.

CASO 2: Suponha que z = f (x, y) seja uma função diferenciável de x e y , onde x = g(s, t) e
y = h(s, t), são funções diferenciáveis de s e t. Então,

∂z ∂z ∂x ∂z ∂y
= . + .
∂s ∂x ∂s ∂y ∂s

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∂z ∂z ∂x ∂z ∂y
= . + .
∂t ∂x ∂t ∂y ∂t
Exemplo 1.5.7.
Se z = ex . sen y , onde x = st2 e y = s2 t, determine ∂z
∂s e ∂t .
∂z

Resolução:
∂z ∂z ∂x ∂z ∂y
= . + . = (ex . sen y)(t2 ) + (ex . cos y).(2st) =
∂s ∂x ∂s ∂y ∂s
2 2
= t2 ex sen y + 2stex cos y = t2 est sen(s2 t) + 2stest cos(s2 t)

∂z ∂z ∂x ∂z ∂y
= . + . = (ex sen y)(2st) + (ex cos y)(s2 ) =
∂t ∂x ∂t ∂y ∂t
2 2
= 2stex sen y + s2 ex cos y = 2stest sen(s2 t) + s2 est cos(s2 t)
O Caso 2 da regra da cadeia contém três tipos de variáveis:
s e t ⇒ variveis independentes
x e y ⇒ variveis intermedirias
z ⇒ varivel dependente

VERSÃO GERAL: Suponha que u seja uma função diferenciável de n variáveis x1 , x2 , x3 , ..., xn ,
onde cada xj é uma função diferenciável de m variáveis t1 , t2 , t3 , ..., tm . Então, u é uma função de
t1 , t2 , t3 , ..., tm e

∂u ∂u ∂x1 ∂u ∂x2 ∂u ∂x3 ∂u ∂xn


= + + + ... +
∂ti ∂x1 ∂ti ∂x2 ∂ti ∂x3 ∂ti ∂xn ∂ti
para cada i = 1, 2, ..., m.
Exemplo 1.5.8.
Se u = x4 y + y 2 z 3 , onde x = rset , y = rs2 e−t e z = r2 s. Determine o valor de ∂s ,
∂u
quando r = 2,
s = 1 e t = 0.
Resolução:
∂u ∂u ∂x ∂u ∂y ∂u ∂z
= + + =
∂s ∂x ∂s ∂y ∂s ∂z ∂s

= (4x3 y).(ret ) + (x4 + 2yz 3 ).(2rse−t ) + (3y 2 z 2 ).(r2 sen t)


Como r = 2, s = 1 e t = 0, temos

x = rset = 2.1.e0 = 2 y = rs2 e−t = 2.11 .e0 = 2 z = r2 s sen t = 22 .1. sen 0 = 0

Portanto,
∂u
= (4.23 .2).(2.e0 ) + (24 + 2.2.0).(2.2.1.e0 ) + (22 . sen 0) = 128 + 64 + 0 = 192
∂s

ATIVIDADE 1.5.1.

26
Notas de aula - Cálculo 2
Prof. André R. Monticeli

1) Mostre porque a função é diferenciável no ponto dado. A seguir, encontre a linearização L9x, y)
da função naquele ponto.
a)f (x, y) = 1 + x. ln(xy − 5), (2, 3) 3y4,
b)f (x, y) = xp (1, 1)
x 4y
c)f (x, y) = x+y , (2, 1) d)f (x, y) = x + e , (3, 0)
e)f (x, y) = e −xy cos y, (π, 0)

2) Verique a aproximação linear em (0, 0).


y
p
a) 2x+3
4y+1 ≈ 3 + 2x − 12y b) y + cos2 x ≈ 1 + 2

3) Dado que f é uma função diferenciável, f (2, 5) = 6, fx (2, 5) = 1 e fy (2, 5) = −1, use uma
aproximação linear para estimar f (2, 2; 4, 9).

4) Determine a aproximação linear da função f (x, y) = 1 − xy cos(πx) em (1, 1) e use-a para


aproximar o número f (1, 02; 0, 97). Ilustre o gráco de f e do plano tangente, utilizando o GeoGebra.

5) Use a regra da cadeia para achar dt .


dz

x2 y 2 xy, x = sen t, y = et
a)z = p b)z = cos(x + 4y), x = 5t4 , y = 1t
d)z =−1 xy , x = et , y = 1 − e−t

c)z = 1 + x2 + y 2 , x = ln t, y = cos t

6) Se z = f (x, y), onde f é diferenciável e x = g(t), g(3) = 2, g 0 (3) = 5, fx (2, 7) = 6, y = h(t),


h(3) = 7, h0 (3) = −4 e fy (2, 7) = −8, determine dz
dt quando t = 3.

7) Utilize a regra da cadeia para determinar as derivadas parciais indicadas.

a) z = x2 + xy 3 , x = uv 2 + w3 , y = u + vew ; ∂z ∂z ∂z
∂u , ∂v , ∂w quando u = 2, v = 1 e w = 0.

b) u = r2 + s2 , r = y + x cos t, s = x + y sen t; ∂u ∂u ∂u
∂x , ∂y , ∂t quando x = 1, y = 2 e t = 0.

c) w = xy + yz + zx, x = r cos θ, y = r sen θ, z = rθ; ∂w ∂w


∂r , ∂θ quando r = 2 e θ = π2 .

d) P = u2 + v 2 + w2 , u = xey , v = yex , w = exy ; ∂P ∂P
∂x , ∂y quando x = 0 e y = 2.

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