Você está na página 1de 13

1

INTRODUÇÃO ALIMENTAR: UM OLHAR IMPORTANTE PARA O


DESENVOLVIMENTO INFANTIL

Bruna Rodrigues Leão¹; Joyce Marinho da Silva¹; Lucas Aires de Brito¹; Taynara Florisbelo
Evangelista¹; Paula Cândido Nahas².

¹ Discente do Curso de Graduação em Nutrição – Centro Universitário UNA.


² Doutora, Nutricionista, Centro Universitário UNA, Catalão/Goiás, Brasil.

RESUMO
O presente trabalho trata-se de uma revisão narrativa da literatura, em que traz assuntos
relacionados a Introdução Alimentar Infantil, destacando o quanto uma boa e correta inserção
e apresentação dos alimentos é essencial no desenvolvimento do bebê. Em geral, o propósito
principal esteve baseado em demonstrar e evidenciar, através da pesquisa, leitura e análise de
materiais científicos, a importância de uma boa alimentação complementar juntamente com um
aleitamento materno exclusivo até o tempo correto. Além disso, ao longo da pesquisa, o método
Baby-Led Weaning (BLW) foi um dos assuntos que ganhou destaque por se tratar de algo novo,
que desperta receio por parte dos pais e cuidadores em relação à apresentação e oferecimento
dos alimentos, mas que vem ganhando espaço nesta fase de introdução alimentar por apresentar
vários benefícios. Por fim, o trabalho se preocupou em ressaltar o papel fundamental que os
pais e cuidadores têm neste momento tão importante para a educação alimentar e nutricional de
seus bebês e também proporcionou novos conhecimentos tanto para os autores quanto para a
sociedade.

Palavras-chave: Introdução Alimentar. Aleitamento Materno. Baby-Led Weaning. Bebê.


Cuidadores.
2

1. INTRODUÇÃO
A fase considerada mais importante da vida do ser humano, de acordo com o Guia
alimentar para crianças menores de dois anos proposto pelo Ministério da Saúde (2015a), seria
os primeiros anos de vida (em especial o primeiro e o segundo ano), pois são nestes períodos
que o indivíduo passa por uma fase mais acentuada e acelerada de crescimento, além de
desenvolver várias habilidades em relação à alimentação e o seu próprio autocontrole, que serão
levados consigo durante todo o seu processo de desenvolvimento até a vida adulta.
Com o nascimento do bebê, muitas dúvidas e inseguranças passam pela cabeça dos pais,
sendo as mais frequentes relacionadas à quando e como começar a introdução alimentar (IA)
dos seus filhos, sendo possível identificar por meio de um trabalho realizado por Diniz (2015),
que os erros nesta fase acontecem muitas vezes devido à falta de informações dos pais a respeito
das boas práticas alimentares.
Quando se trata de introdução alimentar, é de suma importância falar sobre o
aleitamento, pois a oferta exclusiva do leite materno até os 6 meses de idade do bebê é
extremamente essencial, visto que ele fornece os nutrientes necessários para o crescimento da
criança, ajuda no desenvolvimento das estruturas orais e no funcionamento adequado da
respiração, sucção, mastigação e deglutição, além de ser uma fonte de alimentação considerada
econômica (ROSA; DELGADO, 2017; ALMEIDA et al., 2020).
Após este período de 6 meses já é considerado seguro iniciar a oferta de alimentos como
forma de complemento ao leite, desde que o bebê já apresente sinais de prontidão indicando
estar preparado para a inserção de novos alimentos (MELO et al., 2021; OLIVEIRA D., 2018).
Em evidências destacadas por GARTNER et al. (2005), pode-se afirmar que não há
vantagens em se iniciar a introdução de alimentos antes dos 6 meses, podendo na verdade
proporcionar prejuízos à saúde da criança e acarretar problemas futuros.
Quanto a forma de introduzir os alimentos, vários métodos vêm ganhando destaque por
apresentar formas seguras e saudáveis de oferta ao bebê. Em 2008, a enfermeira Gill Rapley
desenvolveu uma nova abordagem conhecida como o método Baby-Led Weaning (BLW), que
significa “desmame guiado pelo bebê”. Esta técnica, que vem ficando bastante popular entre os
pais, trata-se da criança se alimentar sozinha desde o início, com o oferecimento de alimentos
em pedaços, proporcionando a independência e a exploração sensorial da mesma (GOMEZ et
al., 2018).
Desta forma, ao longo deste trabalho serão abordados vários assuntos relacionados à IA,
destacando o quanto uma boa e correta inserção e apresentação dos alimentos é importante para
o desenvolvimento das crianças. E com isso, poder aumentar o conhecimento dos autores
3

quanto a área de nutrição infantil (especificamente sobre a introdução alimentar e o aleitamento


materno), além de contribuir com dados, evidências e informações sobre o assunto,
proporcionando mais segurança para a sociedade, em especial aos pais e cuidadores.
Portanto, o trabalho conta com o objetivo de demonstrar, através da leitura e análise de
estudos e artigos já publicados, o quanto é importante seguir uma introdução alimentar correta
e permanecer com o aleitamento materno exclusivo até os 6 meses de vida. Apresentando o
BLW como um dos métodos de IA e ressaltando que seguindo um aleitamento materno no
tempo correto e uma oferta de alimentos de forma segura, é possível evitar vários problemas
futuros das crianças.
Desta forma, o estudo representa uma revisão narrativa da literatura, abordando a
importância de se ter uma introdução alimentar adequada e de manter-se o aleitamento materno
exclusivo por pelo menos os 6 primeiros meses de vida. A busca pelos materiais científicos foi
realizada no período de agosto à outubro de 2021, utilizando as seguintes bases de dados para
a pesquisa: Google Acadêmico, ScienceDirect, Scientific Eletrônic Library Online (SCIELO),
Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), National Library of
Medicine (PUBMED) e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). As palavras-chave utilizadas
durante a pesquisa foram: introdução alimentar, alimentação infantil, BLW e aleitamento
materno.

2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Aleitamento Materno
O leite materno é a primeira e principal fonte de nutrição dos recém-nascidos, até os seis
meses de vida ele é capaz de suprir todas as necessidades do bebê, provendo quantidades
suficientes de água, proteínas, gorduras, energia, vitaminas e minerais (Ministério da Saúde,
2015a). Em um artigo redigido por Hasselmann, Werneck e Silva (2008) é evidenciado que
crianças que se alimentam exclusivamente de leite materno no primeiro semestre de vida,
apresentam menor morbidade e mais benéficos à saúde (tanto da própria criança, quanto da
mãe). Além disso, dados publicados por Giugliani (1994) em um artigo de revisão no Jornal de
Pediatria revela que o aleitamento materno previne mais de 6 milhões de mortes em crianças
menores de 12 meses a cada ano.
As vantagens do aleitamento são inúmeras. Para o bebê o leite materno é importante na
prevenção de infecções gastrointestinais, respiratórias e urinárias, além de protegê-lo contra
alergias, ajudá-lo a ter uma melhor adaptação aos outros alimentos e futuramente preveni-lo de
4

desenvolver problemas como diabetes e linfomas. E para a mãe, o aleitamento auxilia a ter uma
involução uterina mais rápida (retorno do útero para o seu tamanho original) e na diminuição
da probabilidade do desenvolvimento de câncer de mama. Além disso, é considerado o método
mais barato e seguro de alimentação (LEVY; BÉRTOLO, 2008).

2.2 Introdução Alimentar


A Introdução Alimentar (IA), também conhecida como Alimentação Complementar, é
o processo gradual da oferta de alimentos como complemento ao leite materno, com refeições
balanceadas que visam alcançar as necessidades nutricionais do bebê. Antigamente, utilizava-
se o termo “Desmame”, porém o mesmo entrou em desuso por se tratar da suspensão imediata
da amamentação, portanto como é necessário manter o aleitamento junto com os alimentos
complementares até os 2 anos de idade, o termo foi substituído por Introdução Alimentar
(Ministério da Saúde - Glossário Temático: Alimentação e Nutrição, 2008).
É necessário estar sempre atento às formas de introdução alimentar, pois ao seguir um
meio incorreto, é bem provável que muitos malefícios venham suceder ao bebê. Um dos
métodos incorretos que vem ocorrendo muito nos últimos anos, devido as mudanças nos hábitos
alimentares do brasileiro, é a substituição de alimentos caseiros e in natura por alimentos
processados e ultraprocessados. Isso não é nada bom, pois esses alimentos possuem uma
densidade energética muito alta e uma grande quantidade de gordura, açúcar, sódio e aditivos,
que irão colaborar ainda mais para o aumento da obesidade infantil (GIESTA et al., 2019).
Segundo Oliveira C. e Fisberg (2003), essa obesidade em bebês e crianças teve um
crescimento considerável nas últimas décadas, tornando-se um fato preocupante, pois os fatores
advindos da obesidade, como a dislipidemia, hipertensão, diabetes melittus e doenças
cardiovasculares, são fatores de risco não só para adultos, mas também para as crianças.
Além disso, durante toda a IA é recomendável que a pessoa que irá preparar as refeições
para o bebê, saiba a importância de se utilizar o mínimo de sal possível, já que o consumo
antecipado e exagerado do mesmo está ligado ao desenvolvimento de hipertensão arterial e
consequentemente aumentando o risco de problemas cardiovasculares no futuro (Ministério da
Saúde, 2015).
O Manual de Orientação do Departamento de Nutrologia (Sociedade Brasileira de
Pediatria (SBP), 3ª edição, 2012) reforça sobre este assunto ao afirmar que a ingestão de sódio
em excesso está diretamente relacionada com a elevação da pressão arterial, sendo importante
ressaltar que a maioria dos alimentos utilizados nas preparações já contêm uma quantidade
significativa de sódio, não sendo necessário a adição de sal.
5

Outro ponto fundamental é a oferta de água frequentemente durante a alimentação


complementar. De acordo com as DRI’s (Dietary Reference Intakes), a recomendação de
ingestão é de 700ml por dia para bebês de 0 a 6 meses (caso ele faça uso de fórmula) e de 800ml
por dia para aqueles de 7 a 12 meses (levando em consideração todas as fontes de água, como
chás, sucos, frutas e vegetais ricos em água, etc.) (PADOVANI et al., 2006).

2.2.1 Sinais de Prontidão


No Caderno de Atenção Básica número 23, elaborado pelo Ministério da Saúde (2015b),
é informado que geralmente a introdução alimentar começa por volta do sexto mês de vida
porque é nesta fase que a criança começa a desenvolver algumas das habilidades importantes
para a deglutição, como por exemplo o reflexo lingual, a sustentação da cabeça, os sinais dos
primeiros dentes (facilitando a mastigação), o amadurecimento do paladar, o desaparecimento
do reflexo de protrusão (movimento de rejeição de tudo que é ofertado diferente do leite
materno), a maturação das funções gastrointestinal e renal e a capacidade de sentar-se sem apoio
(graças ao desenvolvimento do controle muscular da cabeça e do pescoço, fazendo com que
seja possível que o bebê mostre desinteresse ou saciedade ao afastar a cabeça ou se jogar para
trás e que se evite a asfixia por alimentos).
O mesmo também relata que esta definição de que a introdução de alimentos deve ser
iniciada aos seis meses, foi estabelecida levando em consideração as necessidades nutricionais
e a maturidade fisiológica e neuromuscular. Pois antes dessa idade a criança ainda não
desenvolveu a parte fisiológica necessária para receber novos alimentos, estando preparada
apenas para receber refeições líquidas (de preferência leite materno).
Além do mais, Melo (2021) e Oliveira D. (2018) reforçam sobre esta questão ao
mencionar alguns aspectos motores indicativos de que o bebê já está preparado para a
introdução de novos alimentos, como: conseguir sustentar o tronco e a coluna cervical, ser capaz
de ficar sentado sem apoio e apresentar apropriados movimentos da língua e da mandíbula para
a mastigação.
O Manual de Orientação do Departamento de Nutrologia (SBP, 3ª edição, 2012)
menciona que até o momento não existem evidências de que a introdução de outros alimentos
antes dos 6 meses de vida tenha alguma vantagem, muito pelo contrário, na verdade têm-se
relatos de que essa prática possa ser prejudicial.
Um desses prejuízos é revelado em uma revisão de literatura, escrita por Lima, A. et al.
(2020), em que alguns estudos mostraram que a introdução alimentar precoce pode resultar em
6

um aumento dos níveis de gordura corporal, associando esta atitude com o desenvolvimento da
obesidade infantil.

2.2.2 O Papel Importante dos Pais e Cuidadores


Os pais e cuidadores têm um papel primordial na educação alimentar de seus filhos,
sendo considerados os primeiros educadores alimentares. O período de mais importância são
os primeiros anos de vida, pois além de promover interação familiar ainda auxilia no
desenvolvimento do paladar e no aprendizado de novos sabores e consistências. Outra função
delegada a eles é a apresentação e exposição de novos alimentos em diversas formas e texturas
para que a criança se familiarize com eles e tome gosto pela alimentação (MENDONÇA, 2020).
O Guia Prático de Atualização do Departamento Científico de Nutrologia (SBP, 2017)
ressalta o quanto é importante que o bebê faça suas refeições à mesa junto com a família, para
que ele tenha os pais como exemplos de hábitos alimentares saudáveis. O Guia enfatiza bastante
o ato de os pais comerem junto com a criança ao invés de apenas dar de comer.

2.2.3 Pirâmide Alimentar


Uma ferramenta que pode ser utilizada pelos pais e cuidadores como auxílio no
momento da introdução e educação nutricional das crianças é a Pirâmide Alimentar, que
funciona como um instrumento ilustrativo de educação nutricional e como um guia alimentar
(Manual de Orientação do Departamento de Nutrologia, SBP, 3ª edição, 2012).
Philippi et al. (1999) adaptou a pirâmide defendida pelo United States Department of
Agriculture (USDA), criando um meio de apresentar e expor os alimentos, levando em
consideração a realidade da população brasileira, a disponibilidade dos alimentos e respeitando
os hábitos alimentares.
Baseado na adaptação de Philippi et al. (1999), foi elaborado outra Pirâmide Alimentar
com o intuito de apresentar mais uma proposta de demonstração dos níveis de consumo de
alguns grupos alimentares para crianças de 6 a 23 meses (Figura 1).
O Guia alimentar para crianças menores de 2 anos (Ministério da Saúde, 2005) explica
que os alimentos representados em cada nível da Pirâmide Alimentar (Figura 1) foram
selecionados pensando na classificação de macro e micronutrientes, portanto o nível 1 compõe
os carboidratos (cereais, pães e tubérculos), o nível 2 as vitaminas e minerais (verduras, legumes
e frutas), o nível 3 as proteínas (leites, queijos, iogurtes, carnes, ovos e leguminosas) e o nível
4 os lipídios e açúcares (óleos, gorduras, açúcares e doces).
7

Este guia também evidencia o quanto esta forma de ilustração ajuda os pais e cuidadores
na hora de oferecer os alimentos, pois aprendem a se atentar à proporção e à quantidade do
consumo de cada grupo alimentar (estando na base o nível 1, representando o que pode ser
consumido em maior quantidade e assim, seguindo gradativamente até o nível 4, que deve ser
consumido esporadicamente).

Figura 1. Pirâmide Alimentar Adaptada.


Fonte: Adaptado de: Philippi et al. (1999) e Guia alimentar para crianças menores de 2 anos,
Ministério da Saúde (2005).

2.3 Método BLW


O método Baby-Led Weaning (BLW) consiste na forma de Alimentação Complementar
conduzida pelo próprio bebê, onde ele se alimenta sozinho tendo controle da fome e da
saciedade, escolhendo a quantidade, como e o que vai comer e aprendendo a criar seu hábito
alimentar. Sendo assim, o bebê consegue interagir com diferentes formas, cores, sabores e
texturas e aprende algumas funções como morder, mastigar e engolir de forma espontânea e no
seu devido tempo (SCARPATTO; FORTE, 2018).
É muito importante que o bebê conheça os alimentos com as próprias mãos, para que
ele possa explorar as diferentes texturas e expandir seu sensório-motor, deixando-o evoluir aos
poucos de acordo com seu tempo de desenvolvimento e limites (Departamento Científico de
Nutrologia - SBP, 2017).
Gomez et al. (2018) apresenta em um artigo de revisão, alguns dos diversos benefícios
que o BLW apresenta, como: a prevenção da obesidade (devido à identificação da saciedade),
8

a melhora do desenvolvimento de habilidades motoras, o estímulo à interação com os alimentos


e o aprimoramento dos aspectos sensoriais.
Pode-se perceber que o BLW vem apresentando bastante eficácia no desenvolvimento
alimentar infantil, porém, vale reforçar que de acordo com o Departamento de Nutrologia da
SBP (2017), ainda não há evidências e trabalhos publicados suficientes para afirmar que este
método seja a única forma correta de introdução alimentar, podendo ser utilizado a forma que
o bebê e a família se adapte melhor.
Ramos, Medeiros e Neumann (2020), citam na Revista Multidisciplinar do Nordeste
Mineiro (Vol.1), que embora o método BLW apresente muitas vantagens, ele não deve ser
aderido para todos os bebês, pois para a aplicação e adaptação do mesmo é necessário um tempo
de evolução física que pode variar de 6 a 7 meses. Portanto, dependendo do bebê e de acordo
com sua evolução, pode-se alternar entre o método convencional (papinhas e purê) e o BLW
ou simplesmente manter apenas aquele que melhor se adequou (tanto ao bebê quanto aos
cuidadores).
O responsável por avaliar e decidir qual a melhor conduta para a criança é o
nutricionista, avaliando de forma individualizada e levando em consideração o ambiente
familiar, as necessidades nutricionais e as condições socioeconômicas. Se for decidido que o
BLW é o apropriado, os pais devem receber todas as orientações necessárias para que seja capaz
de oferecer alimentos variados, saudáveis e ricos em macro e micronutriente de acordo com as
necessidades do bebê (RAMOS; MEDEIROS; NEUMANN, 2020).

2.3 1 Medos e Queixas dos Pais e Cuidadores


Apesar de todos os benefícios da abordagem do BLW, ainda é difícil sustentar a ideia
de que esta estratégia seja mais eficiente que o método tradicional. Alguns dos principais medos
e queixas dos pais são em relação aos engasgos e risco de asfixia (por estar ofertando os
alimentos em grandes pedaços) e se a quantidade de comida está sendo o suficiente para o bebê
(principalmente em relação a ingestão calórica e o aporte de ferro) já que ele come e sacia de
forma independente (SCARPATTO; FORTE, 2018; ARANTES et al., 2017).
No entanto, Cameron, Heath e Taylor (2012) apresentam uma pesquisa em que mães e
cuidadoras que citaram ter ocorrido episódios de engasgo com seus bebês, disseram que logo
as crianças já conseguiram lidar sozinhas, expulsando o alimento por meio da tosse. Esta forma
de expelir o alimento pode ser confundida com engasgo, mas na verdade é apenas o “reflexo de
gag” ou “reflexo de vômito”, que faz com que o bebê volte à boca um alimento que foi mal
mastigado e depois acabe cuspindo ou mastigado novamente e engolido.
9

Segundo Almeida et al. (2020), existem diversas formas corretas, que transmitem
segurança na hora da IA, que levam em consideração as habilidades do bebê e tendem a
desenvolver benefícios motores, cognitivos e nutricionais. Uma dessas formas são os cortes dos
alimentos, que são feitos de acordo com suas pegas. A primeira fase de alimentação se refere à
pega da preensão palmar se refere ao fechamento da mão através de estímulos na palma ou nos
dedos e que, portanto, os alimentos devem ser cortados em pedaços médios, maiores que o
punho e em forma de palitos (Figura 2) para facilitar na hora de leva-lo até a boca. Depois é
desenvolvido a pega da preensão com pinça é quando o bebê já consegue segurar os alimentos
entre o polegar e o indicador, podendo cortá-los em tamanhos menores e em formato de cubos
(Figura 3). E por fim, a pega da preensão superior do indicador é quando se desenvolve a
habilidade de manusear os talheres). Sabendo disso é possível realizar uma introdução alimentar
segura e sem medos.

Figura 2. Exemplo de corte correto de legumes na fase da pega da preensão palmar.


Fonte: Autoria própria.

Figura 3. Exemplo de corte correto de legumes na fase da pega da preensão com pinça.
Fonte: Autoria própria.
10

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após todas as pesquisas e análises teóricas foi possível perceber e confirmar o quanto o
aleitamento materno único e exclusivo no primeiro semestre de vida do bebê possui papel
fundamental para o desenvolvimento do mesmo, trazendo várias vantagens para ele e para a
mãe, como por exemplo o alcance das necessidades nutricionais, o bom custo benefício, o
fortalecimento do sistema imunológico e a interação única entre mãe e filho.
Também foi visto que a introdução alimentar iniciada no tempo ideal e de forma correta
é totalmente eficaz e benéfica, já que auxilia no desenvolvimento da criança e evita problemas
futuros, como hipertensão, diabetes e obesidade. E que caso ela seja feita de forma precoce
pode causar malefícios à saúde do bebê, sendo importante ficar sempre atento aos sinais de
prontidão, a forma e a idade correta de se introduzir os alimentos.
Sabendo que existem vários métodos que podem ser adotados pelos pais e cuidadores
neste momento de introduzir a alimentação complementar e levando em consideração que a
adaptação pode variar de acordo com cada bebê, o BLW foi apresentado como uma técnica que
está se tornando bastante eficaz devido a forma de interação do bebê com o alimento, ao deixá-
lo conhecer texturas, cores, formatos e sabores diferentes.
Outro ponto que deve ser ressaltado é em relação às responsabilidades e cuidados que
os pais e/ou cuidadores tem na criação dos hábitos alimentares de seus bebês, visto que é papel
deles o oferecimento, a criatividade e a insistência para a apresentação dos alimentos. Levando
em consideração que os cortes, cores, texturas, refeições à mesa e exemplo deles tendem a
facilitar a aceitação por parte das crianças na hora de conhecer novos alimentos, fazendo com
que os pais sejam os principais educadores nesse primeiro contato entre bebê e alimento.
Sendo assim, o desenvolvimento do trabalho proporcionou para os autores vários novos
conhecimentos sobre o aleitamento materno, a IA e um de seus métodos, além de proporcionar
para a sociedade (em especial para os pais e cuidadores) informações e aprendizados sobre os
assuntos em questão.
11

4. REFERÊNCIAS

ALMEIDA, A. P. F. et al. Segurança alimentar e apresentação dos cortes dos alimentos


na abordagem de introdução alimentar baby led weaning. Revista Sítio Novo (Instituto
Federal de Tocantins), vol. 5, nº 1, p. 159-170. Palmas - TO, 2020.

ARANTES, A. L. A. et al. Método Baby-Led Weaning (BLW) no contexto da


alimentação complementar: uma revisão. Revista Paulista de Pediatria, vol. 36, nº 3, p. 353-
363. Juiz de Fora - MG, 2017.

CAMERON, S. L.; HEATH, A. L. M.; TAYLOR, R. W. Knowledge of, attitudes to and


experiences with, Baby-Led Weaning: a content analysis study. Jornal Acadêmico BMJ
Open, Healthcare professionals and mothers. Dunedin (NZ), 2012.

DINIZ, L. B. M. P. V. Educação dos pais durante o pré-natal sobre a alimentação infantil


e suas contribuições para a saúde da criança, estratégia saúde da família: equipe 1,
unidade básica de saúde jardim Nossa Senhora do Carmo, São Paulo (SP). São Paulo - SP,
2015.

GARTNER, L. M. et al. Breastfeeding and the Use of Human Milk. Pediatrics (Official
Journal of the American Academy of Pediatrics), Section on Breastfeeding, vol. 115, nº 2, p.
496-506. DuPage County - Illinois (EUA), 2005.

GIESTA, J. M. et al. Fatores associados à introdução precoce de alimentos


ultraprocessados na alimentação de crianças menores de dois anos. Revista Ciência &
Saúde Coletiva, vol. 24, nº 7, p. 2387-2397. Porto Alegre - RS, 2019.

GIUGLIANI, E. R. J. Amamentação: como e por que promover. Artigo de revisão, Jornal


de Pediatria (Sociedade Brasileira de Pediatria), vol. 70, nº 3, p. 138-151, Rio de Janeiro - RJ,
1994.

GOMEZ, M. S. et al. Baby-Led Weaning, panorama da nova abordagem sobre


introdução alimentar: revisão integrativa de literatura. Artigo de revisão, Revista Paulista de
Pediatria, vol. 38. Piracicaba - SP, 2018.

HASSELMANN, M. H.; WERNECK, G. L.; SILVA, C. V. C. Symptoms of postpartum


depression and early interruption of exclusive breastfeeding in the first two months of
life. Revista CSP (Cadernos de Saúde Pública), vol. 24, p. 341-352. Rio de Janeiro - RJ, 2008.

LEVY, L.; BÉRTOLO, H. Manual de aleitamento materno. Comité Português para a


UNICEF - Comissão Nacional Iniciativa Hospitais Amigos dos Bebês, Edição Revista.
Lisboa (PT), 2008.

LIMA, A. T. A. et al. Influência da introdução alimentar precoce para o desenvolvimento


da obesidade infantil: uma revisão de literatura. Revista Research, Society and
Development, vol. 9, nº 8. Ceará (BR), 2020.
MELO, N. K. L. et al. Aspectos influenciadores da introdução alimentar infantil. Revista
Distúrbios da Comunicação, vol. 33, nº 1, p. 14-24. São Paulo - SP, 2021.
12

MENDONÇA, M. B. D. M. Determinantes do comportamento alimentar infantil: o papel


dos pais, dos pares e dos media. Revisão Temática, Faculdade de Ciências da Nutrição e
Alimentação, Universidade do Porto. Porto (PT), 2020.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Dez passos para uma alimentação saudável - Guia alimentar
para crianças menores de dois anos: um guia para o profissional da saúde na atenção
básica. 2ª edição. Brasília - DF: MS, 2015a.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Glossário Temático: Alimentação e Nutrição. Normas e


Manuais Técnicos, série A, 1ª edição. Brasília - DF: MS, 2008.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Guia alimentar para crianças menores de 2 anos. Série A,


Normas e Manuais Técnicos, 1ª edição. Brasília - DF: MS, 2005.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Saúde da criança: aleitamento materno e alimentação


complementar. Cadernos de Atenção Básica, nº23, 2ª edição. Brasília - DF, 2015b.

OLIVEIRA, C. L.; FISBERG, Mauro. Obesidade na infância e adolescência: uma


verdadeira epidemia. Arquivos Brasileiros Endocrinologia e Metabologia, vol. 47, nº 2, p.
107-108. São Paulo - SP, 2003.

OLIVEIRA, D. S. Conhecimentos maternos sobre alimentação complementar de crianças


de 0 a 2 anos no município de Itabaiana - SE. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado
ao Departamento de Medicina de Lagarto da Universidade Federal de Sergipe. Lagarto - SE,
2018.

PADOVANI, R. M. et al. Dietary Reference Intakes: aplicabilidade das tabelas em


estudos nutricionais. Revista de Nutrição, vol. 19, nº 6, p. 741-760. Campinas - SP, 2006.

PHILIPPI, S. T. et al. Pirâmide alimentar adaptada: guia para escolha dos alimentos.
Revista de Nutrição, vol. 12, nº 1, p. 65-80. Campinas - SP, 1999.

RAMOS, K. L. G. C.; MEDEIROS, T. A.; NEUMANN, K. R. S. Impacto do método BLW


(Baby-Led Weaning) na alimentação complementar dos bebês: uma revisão integrativa.
Revista Multidisciplinar do Nordeste Mineiro, vol. 1. Teófilo Otoni - MG, 2020.

ROSA, J. B. S.; DELGADO S. E. Conhecimento de puérperas sobre amamentação e


introdução alimentar. Revista Brasileira em Promoção da Saúde, vol. 30, nº 4, p. 1-9.
Fortaleza - CE, 2017.

SCARPATTO, C. H.; FORTE, G. C. Introdução alimentar convencional versus


introdução alimentar com Baby-Led Weaning (BLW): revisão da literatura. Artigo de
Revisão, Revista Clinical & Biomedical Research, vol. 38, nº 3, p. 292-296. Porto Alegre -
RS, 2018.

SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. A alimentação complementar e o método


BLW (Baby-Led Weaning). Guia Prático de Atualização, Departamento Científico de
Nutrologia, nº 3. Rio de Janeiro - RJ, 2017.
13

SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. Alimentação do lactente ao adolescente,


alimentação na escola, alimentação saudável e vínculo mãe-filho, alimentação saudável e
prevenção de doenças e segurança alimentar. Manual de Orientação, Departamento de
Nutrologia, 3ª edição. Rio de Janeiro - RJ, 2012.

Você também pode gostar