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Desastres sdocio-sanitdrio- ambientais do agronegécio CW SINC Uelon) agroecoldgicas no Brasil Wanderlei Antonio Pignati, Marcia Leopoldina M. Cora, Ls Henrique Da Costa Ledo LC I ee ee ea eur co) ores Em um momento de grande confusdo conjuntural e climati- ca, chega um livro que traz um olhar inabalavel sobre as con- dig6es politicas, a ganancia ea irracionalidade que sustentam © avango do agronegécio. Num momento de profunda desinfor- magao, surge esta andlise, infor- mada pelo conhecimento cien- tifico fundado nas experiéncias universitérias e comunitarias que nos convidam a resgatar aspec- tos essenciais da nossa vida: a nossa alimentagao, as nossas florestas, a terra, a Agua, anossa dignidade e satide, Em uma época de crescente in- dividualizagao e privatizagao de nossas vidas, brilha este exem- plo de ambigao coletiva, de com- partilhamento de conhecimento através das fronteiras e, assim, se desvendam as contra conflitos em uma regido distinta que tem significado econémico e ambiental global. Conexées importantes so ilu- minadas aqui: entre dano eco- légico e trabalho anélogo ao escravo; expansio insaciavel de commodities agricolas e proble- mas de satide; a apropriagao de terras e 0 empobrecimento; luta social ¢ novas possibilidades de produgdo de alimentos; oleitor e © mundo ao seu redor. Em um momento de incertezas pessoais, sociais e climéticas, chega um livro marcado pela dedicagao e consisténcia que é tipica dos colaboradores - mui- tos dos quais tive o privilégio de conhecer. Se quisermos construir um fu- turo digno dos sactificios feitos por tantos que nos precederam, muitas das ligdes, valores e pré- ticas que séo compartilhados neste importante livro devem ser levados nesta jornada, Brian Garvey Departamento do Trabalho, Emprego e Organizagao Universidade de Stratchelyde, Glasgow WANDERLEI ANTONIO PIGNATI MARCIA LEOPOLDINA MONTANARI CORREA LUIS HENRIQUE DA COSTA LEAO MARTA GISLENE PIGNATTI JORGE MESQUITA HUET MACHADO (ORGANIZADORES/AS) DESASTRES SOCIO-SANITARIO-AMBIENTAIS DO AGRONEGOCIO E RESISTENCIAS AGROECOLOGICAS NO BRASIL a edigho ‘QUTRAS EXPRESSOES S80 Paulo - 2021 Copyright © 2021 by Edicora Outras Expresses Conselho editorial: Gaudéncio Frigotto, Luiz Carlos Freitas, Maria Victéria de Mesquita Benevides, Paulo Ribeiro Cunha, Rafael Litvin Villas Béas, Ricardo Antunes, Walnice Nogueira Galvi. Produgio editorial: Lia Urbini Revisio: Cecilia da Silveira Luedemann ¢ Dul Projeto grafico e capa: Zap Design ia Pavan, etree moose a Se Voce ‘ow Pn se ini eran. ‘tee Conn Mae Glee Mort Siteato" Gaastgenies Sar Sea SRT RTP ER TE Teo OSH ator UFMT ‘Todos os direitos reservados. ‘Nenhuma parte deste livro pode ser utiizada cou reproduzida sem a autorizagio da editora. 1% edigao: dezembro de 2021 EDITORA EXPRESSAO POPULAR Rua Aboligio, 201 — Bela Vista CEP 01319-010 ~ Sio Paulo ~ SP Tel: (11) 3112-0941 / 3105-9500 livraria@expressaopopulat.com.br swewrwcexpressaopopular.com.br Ged.expressaopopular Geditoraexpressaopopular SUMARIO [APRESENTACAO, PARTE I- DE QUE SE TRATA A CAD) PRODUTIVA DO AGRONEGOCIO ‘Agroneg6cio e capital-imperialismo: expropriagdes, alienagio e os Aesafios & producio de conhecimento em satide coletiva.. Maelison Silva Neves e Wanderlei Anténio Pignati Impacios socioambientais da insergo do agronegécio no pantanal brasileiro: trilhando caminhos. Ondlia Carmem Rossetto, Giseli Dalla Nora e Rosana Manfrinate Processo de poluicio quimica rural e exposisio impositiva por agrotéxicas Lud Kramer de Oliveira, Lucimara Beserra ¢ Wanderlei Antonio Pignati Annova NR-31 ~ regulagio do trabalho rural: iberalismo de devastago. Leomar Daroncho Desoneragio tributéria dos agrotdxicas ¢ das commodities agricolas: impactos na economia piiblica, sade e meio ambiente Cleber Adriano Rodrigues Folgado ‘A cadeia produtiva do agronegécio, danos ambientais, acidentes de trabalho, agrotéxicos, doengas ¢ pandemias: um resumo, Wanderlei Antonio Pignati, Mariana Rosa Soares e Luis Henrique da Costa Leio PARTE TRANSGENICOS E CONTAMINAGAO POR AGROTOXICOS DE ALIMENTOS E COMMODITIES Pesquisas partcipativas eincegradas em sade, ambiente e ageotdxicos caminho teéico e relatos de priticas no Mato Grosso, Brasil. Wanderlei Antonio Pignat, Lucimara Beseera, Marea Gislene Pignatti Lu Kramer de Oliveira e Jackson Rogério Barbosa Agrotéxicos em alimentos ¢ commodities: exposigio impositva em territérios do agronegécio no Mato Grosso, Brasil Marcia Leopoldina Montanari Corréa, Wanderlei Antonio Pignati «Jackson Rogério Barbosa Contaminagio sistémica por agrot6xicos na chuva, gua, peixes « pecuirias em teritrios do agronegécio em Maco Gross “ Lucimara Beseera, Lud Kramer de Oliveira e Wanderlei Antonio Pignati ‘As lavouras transgénicas e uma cigncia cidadé para mostrat os riscos vida e os mitos do agronegécio Leonardo Melgarcjo eTODOLOGIA DE PESQUISAS PARTICIPATIVAS, on 79 BI 47 163 PARTE II - TRABALHO ESCRAVO, SUICIDIOS E AGRAVOS NA SAUDE EM TRABALHADORES(AS) E POPULACAO NAS REGIOES DO AGRONEGOCIO ‘Trabalho escavo, conflitossocioambientais ca epidemiologia popular no contexta do agronegécio mato-grossense 179 “Thomaz Ademar Nascimento Ribeiro, Mariana Verardi Bringhenti ¢ Luis Henvique da Costa Lefo Aspectos socioeconémicos, cultuais ¢ ambientas dos suictdios de trabalhadores(as) no agronegécio na Bacia do Rio Juruena, Mato Gr0ss0 .nsnsnns 195 Virginia Costa, Wanderlei Antonio Pignati, Maclison da Silva Neves Franco Antonio Neri de Souza e Lima e Luis Henrique da Costa Lego Imtoxicagées agudas por agrotéxicos relacionadas 20 trabalho: nas regides que mais produzem, maior é a ineidéncia no Mato Grosso, 209 Stephanie Sommerfeld de Lara, Wanderlei Antonio Pignati, Marta Gislene Pignatti Luis Henrique da Casta Leio ¢ Jorge Mesquita Huet Machado ‘Acidentes de trabalho no agronegécio: quanto mais se produz, maior &a incidéncia no Mato Gr0s50 n. nnn Nara Regina Fava, Amanda snenneDAD lncénio Pignari de agrotéxicos no Mato Grosso. 235 ‘Mariana Rosa Soares, Amanda Cristina de Souza Andrade, ‘Marta Gislene Pignatti e Wanderlei Antonio Pigaati ‘Cancer infantojuvenil: nas regi6es mais produtoras ¢ que mais usam agroréxicos, maior éa morbidade e mortalidade no Mato Grosso. 249 Mariana Rosa Soares, Amanda Cristina de Souza Andrade ‘Marta Gislene Pignacti e Wanderlei Anconio Fignati Doenga hematoldgica grave e possivel impacto da exposigéo 20s agcoréxicos: mortalidade por anemia apléstica em Mato Grosso - Brasil ousnsnnnn 263 Ria de Cissia Gomes Bezerra, Bétbara da Silva Nalin de Souza ‘Mariana Rosa Soares e Jorge Mesquita Huet Machado PARTE IV - VIGILANCIA DO DESENVOLVIMENTO, RESISTENCIAS POPULARES E LUTAS LEGISLATIVAS EM BUSCA DA TRANSIGAO. AGROECOLOGICA Contra o pacote do veneno: poiticas de agroccologia e redugio de agrotéxicos na defesa da vida, sn ssn Juliana Acosta Santorum, Amanda Vicia Leio, Naila Saskia Melo Andrade Karen Friedrich, Mutilo Mendonga Oliveira de Souza e Fernando Ferreira Carneiro 277 A agroecologia como pritica emancipatéria do territério: lucas dle resisténcia para a vansigioagroccolégica em Mato Grosso 21 Franciléia Paula de Castro e Lucingia Micanda de Freitas Rede de Cooperasio Solidaria de Mato Grosso (Recoops0) clemento de resilgncia no terrtério do agronegéciow.. 305 Nely Tocantins, Onélia Carmem Rossetto, Oscar Zalla Sampaio Neto Soléne Tricaud ¢ Josiel Figueiredo E preciso mudar o paradigma: o Rio Papagaio, dos indigenas de Maro Grosso, decide vive! Kantinuwy Myky, Maria Isabel Njasi Mvky. Njasyru Mpky. Kojayru Mky, ‘Njéwayruku Myky e Natalia Bianchi Filardo e Luciana Ferraz ‘Uma luz clandestina no erepisculo da terra contra a peleja do Agronegéci ‘Michéle Sato, Déborah Santos ¢ Ronaldo Senra Da vigilincia das doensas & vigilancia do desenvolvimento. Wanderlei Anténio Pignaci, Jorge Mesquita Huet Machado, Marcia Leopoldina Montanari Corréa, Marta Gislene Pignatei ¢ Luis Henrique da Costa Leto Sobre os/as organizadoresias. 323, 339 351 363 Intoxicagées agudas por agrotéxicos relacionadas ao trabalho: nas regides que mais produzem, maior é a in no Mato Grosso Stephanie Sommerfeld de Lara® Wanderlei Antonio Pignati” Marta Gislene Pignatti® Luis Henrique da Costa Leao? Jorge Mesquita Huet Machado!® InTropugio De acordo com os registros do Ministério da Satide (MS), por meio do Sistema de Informagio de Agravos e Notificagio (Sinan), que sio alimentados por fichas de notificagio, no perfodo de 2007 a 2016, foram notificados, em Mato Grosso, 2.162 3s, € destes, 39 foram a dbito, O grupo de casos de intoxicagio exégena por agrotdxi agrotéxicos agricolas gerou o maior ntimero de intoxicagSes registradas,totalizando 963 casos, seguido dos raticidas (560 casos), agrotéxicos domésticos (338 casos), veterindrios (244 casos) ¢ de Satide Piblica (57 casos). Das 2.162 intoxicagées, 858 (39%) estiveram relacionadas 20 trabalho, conforme a tabela 1. Em 1990, a Organizagéo Mundial da Saiide (OMS) estimou que para cada caso registrado de intoxicagio por agrotSxicos, outros 50 exam subnotificados, ou seja, um registro oficial em apenas 2% dos easos (OMS, 1990). Em municipios mato-grossenses, como Campos de Jilio, registra-se 5% do total dos casos (subnotificagéo de 20 casos), em Campo Novo do Parecis, cerca de 1,3% (subnotificagio de 77 casos), ¢ em outros locais, como Sapezal, nada se registra, ocorrendo a subnotificagio de 100% dos casos a0 longo de «rés anos observados, mesmo mediante a obrigatoriedade da notificagio compulséria semanal is autoridades de satide, realizado por profissionais de saiide dos servigos puiblicos ¢ privados (Brasil, 2011; 2014: Pignati et al, 2020). Desde 2005, séo © Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT) Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT). Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT). * Universidade Federal do Mato Grosso (UEMT), Fundagio Oswaldo Cruz (Fier) ‘monitoradas as intoxicag6es ocupacionais no pais, ea partir de 2011, independente do cardcer ocupacional, registram-se todos os tipos de intoxicagées exégenas (Brasil, 2011). ‘Tabela 1. Néimero absoluto e relative das intoxicagées agudas por grupo de agrotéxicos e relagio ocupacional no Mato Grosso, 2007 a 2016, ‘role | Doméaico | Saide btn | vesindrio | Raia ano : Teal oop Se foo Me [oon Me [oar Me joo Me [ree me fs efi sfi of: 7]? +s] aos fs oe |r wl2 1f2 7]1 | w aoe | nfs »f 4 1] 6 5 fo 3] % wo} xfs wl» 2} 4 fa | wo au fo «fs 3 f2 3s ]2 » fr ss] ow wz |~o mls »f2 6|2 sf2 of # mje w]|s 2] 4s 1/6 xfo ms] % wa fos vfs ufo of s als nif m as | on | 6 a] 1 2) 7 mts wl o we |s ol» sl[2 3/2 milo | 7m Subwal] 97 266 [70268 [38 [os oy [we sa | [aoe [07 793 [oor 33 [as 57 | 32 968 | 97% rot [908 ae 7 2a 360 2a Tegenda Osip=ocupaionah no ocup= Nie ovpaconl Tone Sinan MS Lan 208, ‘Observa-se que os grupos de agrotéxicos que ocasionam mais intoxicagdes aos tra- bathadores do Mato Grosso foram os agricolas, com 72% de ocorréncia ocupacional, ¢ de Satide Publica, com 67% (grafico 1), Grifico 1. Intoxicagio aguda segundo grupo de agrotéxicos percentual de casos ‘ocupacionais no Mato Grosso, 2007 a 2016. ‘0 400 Mo ° 5 " jo ocppaoeal mOciptcioa Fonte: Lars, 2018. ho | INTOXICAGOES AGUDAS FOR ACROTOXICOS ACLACIONADAS AO TRABALHO: NAS Ricides Que ais eaopusew, malon EA NeIbEncia NO MATS CKOSSO. A problematica da utilizagio de agrotéxicos néo se restringe & produsio agricola ou pecustia, apesar da maioria dos casos se concentrar neste setor, ocorre também em ambiente urbano, no combate a “pragas” domésticas, capina quimica, jardinagem e satide piiblica no controle de vetores (Carneiro, 2015), ‘Sio amplamente reconhecidos os danos ambientais € os prejutzos na saiide humana advindos da utilizagao de agrotéxicos e, no Mato Grosso, a imposigao pelo seu uso na agricultura deixou em alerta os moradores, que soffem com a contaminagao em matrizes ambientais— ar que respiramos, 4gua que bebemos, chuva, alimentos que ingerimos—e residuos de agrotéxicos contidos em luidos corporais humanos - leite materno, sangue € urina (Moreira et al, 20125 Belo et al, 2012; Palma, 2014; Oliveira, 2016; Beserra, 2017; Mostafalou ¢ Abdollahi, 2017; Montanari Corréa, Pignati e Pignatti, 2020) Os servigos de satide captam ¢ notificam as intoxicagses agudas por agrotéxicos, por serem visiveis, apresentando sinais e sintomas e ocorrerem em até 48 horas apés a exposicéo ao agente txico. Porém, os intoxicados cronicamente pela exposicéo continua aos agrotéxicos permanecem subnotificados devido & dificuldade em diag- nosticar (Opas, 1997). A propria classificagio toxicolégica dos agrotéxicos reflete essencialmente a toxicidade aguda ¢ nao indica os riscos de doengas de evolugao prolongada por exposicio crénica, como cancer, malformagio c ncuropatias (Faria, Bassa e Facchini, 2007) CARACTERISTICAS DOS TRABALHADORES INTOXICADOS POR AGROTOXICOS AGRICOLAS Dos 697 casos de intoxicagées ocupacionais por agrotéxicos agricolas no Mato Grosso, no periodo de 2007 a 2016, a maioria decorreu de circunstincia acidental (57%), predominando na faixa etéria de adulto jovem, de 20 a 39 anos (59%), do sexo masculino (9796), em que 57% ocorreu na zona rural, ¢ a maioria decorrente de expo: sigio por via respirat6ria (54%). A circunstineia “acidental” informada na ficha de notificagio de intoxicagio por agrotSxicos deve ser discutida e ampliada neste contexto, pois as casos ocorridos em, ambiente de trabalho no qual 0 uso do produto ¢ rotineiro, tornam-se circunstancia “habitual” pelo fato de que mesmo obedecendo s instrusées do fabricante, néo existe seguranga comprovada do uso de agrotéxicos, tornando um desfecho previsivel aos trabalhadores em contato com o produto. Nas lavouras de soja, milho, artoz, pastagem e algodio respectivamente, € que ocorreram os maiores indices de intoxicagéo por agrotéxicos agricolas ocupacionais, conforme demonstra 0 grafico 2, Somente a lavoura de soja foi responsivel por 31% dos casos ao longo dos dez anos. Grifico 2. Intoxicages agudas por agrotéxicos agricolas relacionadas 20 trabalho, segundo lavoura agricola, Mato Grosso, 2007 a 2016. Niimero de intoxicagaes ano Ipnoado| Jango Cmadeapeat Demis bers i 3 Fonte: Lara, 2018 Salienta-se que metade do PIB estadual é gerada pelo agronegécio (todos os stores), senclo 35% relativo & agropecutia, pois o Mato Grosso é um grande produtor de gros € bovinos no pais, © 94% de toda a area plantada de monocultivos do estado é soja, milho, algodio ¢ cana (Pignati et al, 2017; Mato Grosso, s/d; 2016; IBGE, 2017). Os resultados apontam para intoxicagSes por agrotéxicos agricolas em trabalhadores da zona rural, em lavouras de exportagio, que embora a incompletude dos registros seja clevada, foi perceptivel a participacio das commodities para a ocorréncia do envenena- mento. Dessa forma, as intoxicagées ocorridas nestas lavouras e pastagens refletem a economia moldando o processo satide-doenga do territério. A cadeia do agronegécio inicia-se pelo desmatamento, pela indiistria madeircira, posteriormente agricultura, pecudria, ocorrendo o transporte/armazenamento desses produtos ¢ a agroindiistria. Usiliza-se agrot6xicos na maioria das etapas, seja para desmatar, conservar a madeira, no controle de “pragas” de lavouras ¢ ectoparasitas na pecuitia, nos silos ¢ armazenadoras de graos (Pignati, 2007). Nao é por acaso a per- sisténcia do pesquisador para um modelo de “Vigilancia do Desenvolvimento”, pois os impactos no meio ambiente e na satide estio contidos em todas asetapas do agronegécio, ocorrendo mutilagées, intoxicagées, neoplasias, malformagées ou acidentes de trajeto em trabalhadores e populagio residente (Pignati, 2007) (© manuseio de embalagens varias de agrotéxicos agricolas ocasionou seis intoxi- cages agudas, enquanto o transporte de caixas com agrotéxicos ¢ égua de bebedouro contaminada pelo produto também foi a causa de intoxicagao entre trabalhadores. Ainda que o trabalhador utilize os Equipamentos de Protegio Individual (EPIs) @ de forma correta, a exposigéo dérmica aos agrotéxicos ocorre (Leme, 2014), assim 212 | INTOXICAGOES AGUDAS POR ACROTONICOS,AELACIONADAS AO TRABALHO: NAS Recides Que mals PsobuseM, MAINE A INCIBENCIA NO MATS cROSSO como em outros momentos, no manuscio de embalagens, nas roupas de trabalho, na inalagio da pulverizagio, no alimento e égua contaminada, que podem ocasionar a intoxicagio (Abreu e Alonzo, 2014). Se realmente existissem medidas seguras para prevenir intoxicagdes por agrotdxicos os casos néo estariam aumentando no decorrer dos anos (Lara, 2019), (O diagnéstico de confirmasso para as intoxicaydes ocupacionais se deu pelo clinico (47%) e clinico-cpidemiolégico (42%), em que 42% dos trabalhadores necessitaram de atendimento hospitalar, e 90% dos casos evoluiram para cura sem sequela. A situagéo no mercado de trabalho era de carteira assinada na maioria dos casos (5496), e 30% dos intoxicados constitufam de auténomos, informais ou temporitios. Mesmo assim, apenas em 9% dos casos foram emitidos & Comunicagao de Acidente do Trabalho (CAT). O baixo percentual da emissio da CAT Previdéncia Social levanta a hipétese da informalidade dos trabalhadores no mercado de trabalho, ou da negligéncia das em. presas com sua obrigagio. O campo de preenchimento da ficha Sinan “emitiu CAT” & considerado essencial pelo Ministério da Saiide, ainda assim, em 30% dos registros fo ignorado. Para o empregado, a CAT ¢ instrumento que assegura a assisténcia acidentéria junto ao INSS pelo recebimento de beneficios, como auxilio-doenga acidentério, ou uma aposentaria por invalidez. Quando nio emitida, o empregado fica impedido de gozar da estabilidade proviséria no emprego gerado por 12 meses apés retorno no trabalho, rndo podendo ser demitido sem justa causa nesse periodo e do recebimento do auxilio- -doenga acidentétio, Os acidentes devem ser comunicados no 1° dia dil seguinte a0 da ocorréncia ¢, em caso de morte do empregado, a empresa deve realizar imediatamente a comunicagao do acidente de trabalho (Brasil, 2020). Foram identificados quatro ébitos decorrentes da exposicio a agrotSxicos agricolas relacionados ao trabalho em Mato Grosso, no periodo de 2007 a 2016. Dois caracter zados como circunstincia “acidental”, nos municipios de Céceres e Cuiabé, ¢ 0s outros dois por suicidio, nos municipios de Tangaré da Serra e Primavera do Leste. A exposicao a0s inseticidas organofosforados em ambiente rural foi a causa de trés Sbitos, enquanto tum deles foi por agrotéxico herbicida. A evolugio de uma intoxicagio para dbito € gravissima, afirma Bochner (2015), que analisou 33 dbitos ocupacionais por exposigéo a agrotéxicos de 2008 a 2012 como tum evento sentinela, visando 0 desencadeamento de agdes preventivas. Estes casos no representam um evento isolado, por tras deles hé diversos trabalhadores exercendo as mesmas fungGes ¢ expostos aos riscos permanentes do contato com esses produtos téxicos. Foi constatado um maior niimero de dbitos em homens ¢ que exerciam ativi- dades relacionadas & agriculcura no estudo da autora. A partir do conhecimento dos ébitos decortentes de intoxicacéo ocupacional por agrotéxicos, Bochner (2015) sugere ‘que as autoridades busquem o local da exposigao e procedam com agées de vigilancia, incluindo averiguagio das condigbes de trabalho, verificagio do uso de equipamentos de protegio individual, suas troca iédicas, aplicagio de exames espeeificos de san- {gue para intoxicagées por agrotéxicos, iniciando com os trabalhadores que realizam as ‘mesmas atividades da vicima. Estes quatro dbitos no Mato Grosso devem ser tratados como evento sentinela ¢ demandam agées dos érgios competentes da Vigilancia em Saiide, do Ministério da Satide (MS), do Ministério do Trabalho ¢ Emprego (MTE) e Ministério Piblico do ‘Trabalho (MPT), inclusive dos municipios, para que os trabalhadores do setor da agri- cultura nio sejam vitimas do processo produtivo (Lara, 2019). Dentre as intoxicagées ocupacionais por agrotéxicos agricolas, contabilizou-se 26 ‘casos que ocorreram em individuos de até 18 anos no periodo do estudo. Primeita- mente suspeita-se da qualidade da informagao, que pode estar equivocada, mas nio se cexclui a hipétese de que tais criangas e adolescentes possam estar trabalhando no setor agricola, pois trata-se de uma atividade comumente exercida na zona rural, conforme aponta Sarcinelli (2003). A exposigio aos agrotéxicos agricolas pode trazer prejuizos no desenvolvimento fisico, emocional e cognitivo. Torna-se necessério investir paralelamente no proceso de educacio e satide, estabelecendo, conjuntamente com a comunidade e os trabalhadores rurais, as melhores estratégias de agio, com 0 objetivo de atingir a diminuigéo imediata da exposigéo, o uso controlado dessas substincias quimicas e a busca de téenicas alter- nativas, como a agroecologia (Sarcinelli, 2003). A desconstrusao da utilizagéo de agrotéxicos pelos trabalhadores rurais, pequenos produtores, seja da agricultura familiar, seja do campesinato, deve ser incentivada, pois nfo existe “uso seguro” destes produtos, eas normas da indiistria quimica que pautam esta questio em relagio & aquisicio, transporte, armazenamento, uso/lavagem de EPI, descarte de embalagens vazias, elaboradas para diminuir 0 risco, néo sto acessiveis para este puiblico, conforme ressaltam Abreu ¢ Alonzo (2014). Cabe aqui salientar que a utilizagao de agrotéxicos surge para o contexto do agronegécio, a partir da “revolugao verde”, com inovagées tecnolégicas de maquinérios c insumos quimicos para monocul- tivos agricolas, e equivocadamente, por incentivos de politicas piblicas, acabam fazendo parce da rotina dos pequenos agricultores rurais, MUNICiPIOS E © REGISTRO DE INTOXICAGAO POR AGROTOXICOS AGRICOLAS RELACIONADO AO TRABALHO De 2007 2 2016 no Mato Grosso, observou-se que o municipio de Sorriso ocupou 0 primeiro lugar no niimero de casos de intoxicasao por agrot6xicos agricolas relacionados 244 | INTOXICAGOES AGUDAS POR ACROTONICOS,AELACIONADAS AO TRABALHO: NAS Recides Que mals PsobuseM, MAINE A INCIBENCIA NO MATS cROSSO 20 trabalho, com 88 casos, concentrando 12% dos registros. Além disso, apresentou baixa completude da ficha Sinan, pois 52 notificagées néo continham indicagio da lavoura agricola na qual o agrotéxico estava sendo utilizado no momento da exposicio. Sorriso & 0 maior produtor de soja e milho do pais idera a produgao de soja em ambito mundial com mais de 600 mil hectares plantados desse monocultivo, sendo estimado uum consumo de 14,6 milhées de litros de agrotéxicos por ano, 0 maior do pais (Pignati etal, 2017; IBGE, 2017). © municipio de Primavera do Leste ocupou a segunda posicéo de intoxicagées em trabalhadores, com 61 casos, correspondendo a 9% do montante de registro, seguido de Nova Ubirata, com 51 intoxicados por agrotéxicos agricolas. Estes municipios esto entre os dez que mais utilizam agrotéxicos agricolas em monocultivos. Em Primavera do Leste existe a atuagio do Centro de Referéncia em Satide do Trabalhador (Cerest), que também estd localizado em Colider, Sinop (que registrou 4% de casos), Vérnea Grande e, por gestio estadual, em Cuiaba. Dessa forma, pressupée-se que nos locais com atuagio dos Cerests exista uma melhora na notificasio, pois 0s servigos estio of ganizados em rede de atengao a satide, promovendo vigilincia e agao direcionada aos trabalhadores e servigos de saiide. ‘Ao total, foram 83 municipios de Mato Grosso (59%) que registraram intoxicagao por agrotdxicos agricolas relacionados ao trabalho (1B), € metade destes municipios fariam parte do grupo de elevada produgio agricola, conforme a figura 1A, que ressalta a drea territorial maior que 50 mil hectares de monoculivos quimicamente dependentes, de agrotéxicos, estimados a partir da metodologia de Pignati etal. (2017). Tlustrou-se em tons escuros (figura 1C) 14 municipios que fazem parte da zona de clevada producéo agricola, e que, no entanto, nao registraram intoxicagéo por agrotéxico agricola relacionado ao trabalho ao longo dos dea anos de estudo, sendo eles: Queréncia, Ipiranga do Norte, Sio Félix do Araguaia, Nova Maringé, Porto dos Gatichos, Alto ‘Taquari, Bom Jesus do Araguaia, Itanhangé, Comodoro, Dom Aquino, Unido do Sul, Nobres, Alto Araguaia e Denise, elencados por ordem crescente de rea cultivada. ‘Ainda que haja 83 municipios notificantes de intoxicagées por agrotéxicos agricolas relacionadas ao trabalho, metade desses municipios apresentaram incompletude em mais de 50% dos registros nos campos da ficha de notificagio: “qual lavoura estava sendo aplicado 0 veneno” e em “qual circunstincia de exposigio/contaminagio” (ID). Diante da hipétese de que os municipios que tenham Cerests instalados exista maior notificagéo de intoxicagées ocupacionais por agrotéxicos agricolas, questiona-se os de- mais municipios com perfis de produgao agricola semelhantes sem tais registros. Sabe-se que nestes locais so produzidos os mesmos cultivos agricolas ¢ utilizados agrotéxicos semelhantes dos que tém gerado intoxicagées nos demais municipios. Ainda assim, 14 municipios (25%) se enquadraram no grupo de grande produtor agricola e que néo notificaram, a0 longo dos dez anos, ao menos um caso de intoxicagio ocupacional por agrotéxicos agricolas. Figura 1 A) Hectares plantados de 21 monocultivos agricolas em 2015, B) Registro de intoxicacéo ocupacional por agrotéxicos agricolas, ©) Muniefpios com clevada drea de monocultivos e presenca/auséncia de registro de intoxicagéo nestes; D) Percentual de registros incompletos de intoxicagio por agrotéxicos agricolas relacionados a0 trabalho por municipio de Mato Grosso, 2007-2016 Foe: Lara, 2018, Mediante o montante de produgao agricola ¢ consumo de agrotéxicos, questiona-se 2 representatividade dos casos registrados nos municipios da zona de clevada produgio agricola, que certamente sofrem subnotificagbes por diversos fatores, inclusive politicos e econdmicos (Onishi, 2014; Nasrala Neto er al, 2014) A auséncia de casos notificados reflete a necessidade de estabelecer a Vigilancia «em Satide nestes locais onde prevalece a cadeia do agronegécio, seja das populagées expostas aos agrotéxicos,seja da satide do trabalhador ¢ satide ambiental, visando uma 26 | INTOXICAGOES AGUDAS POR ACROTONICOS AELACIONADAS AO TRABALHO: NAS Recides Que mals PsobuseM, MAINE A INCIBENCIA NO MATS cROSSO A partir da estrucuragio da vigilancia, a notificagéo dos casos permit identificar a dimensio do problema, esta informagio deverd gerar ago, de modo que sejam tracadas estratégias a campo, conhecimento e monitoramento das farendas ¢ lavouras onde tem ocortido as intoxicagées, com a finalidade de evitar mais acidentes ¢ dbitos. Nos locais nos quais ocorre a notificagio das intoxicagées, deflagrara ago é0 foco. Se éna lavoura de soja que se intoxica mais trabalhadores, este evento deve ser extrapo- lado para outros municipios que tém semelhangas na produgio, para gerar vigilancia e agio. Devemos identificar as situages de risco, priorizando mécodos de vigilancia que contemplem agéo e transformagio. REFERENCIAS ABREU, P, H, B; ALONZO, H. G. A. Teabalbo rurale riscos & saide: uma revisio sobre o “uso seguro” de agrotéxicos no Brasil. Ciéne. & Satide Coletiva,¥. 19, n. 10, p.4.197-4.208, 2014, BELO, M, SS etal, Uso de agroxéxicos na produsio de soja da estado de Mato Grosso: um escudo preliminar de riscos ocupacionais ¢ ambientals. Rev. bras. sade ocup, v. 37, 2. 125, p. 78-88, 2012. BESERRA, L. Agrot6xicos, vulnerbilidades socioambientais e sade: uma avaliago participative em municipios da bacia do rio Juruena, Mato Grosso. 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