RESUMO
ABSTRACT
The present study seeks a way to work the Milton Santos’s concepts by applying them
in the reality of sixth and seventh grade students of middle school Melgaço- PA. This way of
passing on the geographical knowledge from the concepts (space, place, landscape and
territory) that the academic community believe is essential to the understanding of the current
social reality. To that end, the applicability of concepts is given in the constructivist format,
resembling Freirean thinking, that is, starting from multiple inquiries until the system
conceptually proposed in this composition is realized.
1
Graduando do curso de Bacharel/Licenciatura em Geografia pela Universidade Federal do Pará, Bolsista no
grupo PET- Geografia UFPA;
² Graduando do curso de Bacharel/Licenciatura em Geografia pela Universidade Federal do Pará, Bolsista no
grupo PET- Geografia UFPA.
Keywords: Geography, concepts, education.
INTRODUÇÃO
Famoso e respeitado por propor no que ele chama de “um projeto ambicioso” de
renovação da geografia, Milton Santos colaborou com suas obras em novas concepções acerca
de conceitos básicos trabalhados na ciência geográfica. Questões relacionadas a espaço, lugar,
paisagem e território ganharam destaque em suas discussões e mostraram a preocupação do
autor em uma elaboração atualizada de seus conceitos frente a nova organização espacial e
mundial. Tendo em vista que essa concepção miltoniana é um saber que precisa ser vinculado
a uma forma concreta da realidade, viabilizamos essa discussão de maneira sistêmica, afim de
proporcionar as concepções que julga-se necessário no processo de ensino-aprendizagem,
relacionando ao campo analítico geográfico popular dos municípios de Breves, Melgaço e
Portel. Em um primeiro momento, propomos um debate onde buscamos observar a
compreensão dos alunos acerca dos conceitos a serem trabalhados. A partir disso, expomos as
contribuições teóricas propostas por Santos, afim de sustentar teoricamente o que foi repassado
pelos estudantes da localidade. Em seguida, aplicamos de forma lúdica, por meio de um jogo
de perguntas e respostas o que foi trabalhado na oficina (Alfabetização geográfica a partir dos
conceitos de Milton Santos: espaço, lugar, paisagem e território.), tendo como objetivo
primordial exercitar os conhecimentos que já foram expostos no momento anterior. Então por
meio dessa forma analítica, observa- se que o saber geográfico transcende os muros da escola,
aplicando uma forma integradora de ensino, assim como lembra muito bem Teixeira (1997)
sobre a importância da disseminação da educação integral e importância da leitura do seu meio,
por vez ressalta que
resta toda a obra de familiarizar a criança com os aspectos fundamentais
da civilização, habitua-la ao manejo de instrumentos mais
aperfeiçoados de cultura e dar-lhes segurança de inteligência e de crítica
para viver em um meio de mudança e transformação permanentes
(Teixeira, 1997, p.85).
A principal categoria trabalhada por Santos (2004), diz respeito ao “espaço geográfico”,
pois a partir dele pode-se perceber suas categorias internas (paisagem, configuração territorial,
divisão territorial do trabalho, rugosidades e formas-conteúdos) e seus recortes espaciais (lugar,
região, redes e escalas). Para a geografia, segundo o autor, interessa o espaço como sendo
humano e social, um conjunto de formas representativas de relações sociais do passado e do
presente e por uma estrutura representada por relações que estão acontecendo e manifestam-se
através de processos e funções (2004, p. 153). Um fato, fator e instancia social ao passo que ele
se apresenta como um conjunto de possibilidades, determinante e determinado (2004, p. 163)
sendo através da técnica e do trabalho o intermédio feito entre o homem e o espaço. Formado
por um conjunto indissociável, solidário e contraditório de sistemas de objetos e sistemas de
ações (2014, p. 61) e também de fixos e fluxos que nele interagem (2014, p. 58). Este conceito
foi contextualizado de forma substancial para o entendimento dos demais.
O próximo conceito trabalhado por autor compete a paisagem, este por sua vez sendo
como um resultado de adições e subtrações sucessivas, uma espécie de marca do trabalho e das
técnicas, formada de elementos naturais e artificiais (SANTOS, 2014).
Abrangendo a ênfase dada pelos estudantes sobre a divisão de áreas de comando das
múltiplas formas de organização territorial presente em Melgaço, surge então a indagação sobre
“o que é território?”. Fazendo um ensaio teórico presente nas obras de Santos, destacam que ao
falar de território, chama a atenção da junção entre a técnica e a organização política, econômica
e social no espaço transformando-o em espaço geográfico ou território usado. Reconhece-se o
território nessa concepção como um conjunto de frações funcionais diversas em diferentes
escalas operando através de fluxos resultados da ação humana ou herança espacial (SANTOS,
2014). Por sua vez, explanado a análise teórica sobre o questionamento em questão, obtivemos
respostas que assemelham- se ao conteúdo pragmático repassado aos alunos, pois ao repassar
esse viés conceitual, eles conseguiram de maneira eficaz contextualizar com sua realidade,
chegando a dizer que o conceito de “território” está diretamente ligado ao que eles denominam
de “o poder que cada fração do lugar exerce em determinado local” e quando “esses lugares
entram em atrito, surge então, o conflito”, que é o “choque” em poderes (territórios) distintos.
A ideia de que o espaço como um todo é formado de um campo de forças que o
caracterizam de formas diferenciadas entre si resultado da ação de diversos elementos que o
integra nos permite analisa-lo a partir de diversas escalas que compõem esse mosaico espacial.
O lugar, a menor escala dentre os conceitos trabalhados pelo autor nesse estudo, caracteriza-se
como pontos distintos que estão ligados a todos os demais por um nexo único através das forças
motrizes do modo de acumulação hegemonicamente universal (SANTOS, 2006), é a
convivência dialética entre a razão local e a razão global (2014, p. 339). É nele que há a
materialização entre a cooperação e o conflito da vida comum entre a sociedade existindo ali
muito mais que uma referência pragmática no mundo, mas também a existência e proximidade
dos indivíduos. A forma teórica implantada na concepção de “lugar”, trouxe à tona uma série
de indagações vinculadas ao “papel” de cada lugar no mundo, todavia com ênfase na cidade
local. Desta maneira, dentre do que foi proposto, mostra que este conceito é algo substancial
para o que eles vivenciam, pois segundo um aluno do sexto aluno, ele “sabia o que o lugar onde
ele morava representava na vida das outras pessoas do Estado”, e depois de explicar de maneira
lúdica o que este conceito representa, eles por sua vez conseguiram abrigar novas formas de
visão do seu redor, ou seja, do seu lugar vivencial, chegando a conclusão de que “cada lugar
tem um papel importante no espaço” e aquele não era distante desta concepção analítica.
Então evidencia-se como foi a assimilação dos alunos sobre tais temas: eles a partir de
suas vivencias construíram e observaram que estas formas conceituais presente no pensamento
de Milton Santos estão diretamente ligadas ao seu cotidiano. Porém, a forma utilizada para a
assimilação de tal substância metodológica correspondeu a expectativa, pois ao gerar
inquietação de: “o que é o espaço?”; o que seria paisagem?”; “o que é território” e por fim “qual
é o papel do meu lugar”, as dúvidas por parte dos alunos fizeram que relativizassem os
conceitos, atribuindo peculiaridades que só eles conheciam, por exemplo: “a forma do espaço
é a parte que vivemos e interagimos dentro da nossa casa, escola, rua e campo de futebol”; “o
território é onde as garotas de programa trabalham e as que ficam na rua”; “a paisagem é tudo
aquilo que eu vejo e sinto no meu dia, até os ‘tapas’ da mamãe” e por fim “o lugar onde eu
moro faz sim uma diferença no Estado” (texto informado por um dos alunos do Município de
Melgaço). É importante frisar que ao adentrar no município (Melgaço) com o pior IDH (Índice
de Desenvolvimento Humano) do Brasil, segundo o IBGE, observamos que a estatística
numérica não compete a realidade cotidiana e dissolução cultural eminentemente presente
naquela fração espacial. Superando todas as expectativas que foram levadas da “capital”,
vincula- se o saber popular e cientifico ponderando sistematicamente na realidade vivencial de
cada morador do município em questão, e em particular os alunos desta localidade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SANTOS, M. Por uma geografia nova. São Paulo: Edusp. 2004.