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O presente ensaio tem como tema: Em busca de uma educação de qualidade: da mensuração à promoção.
Com ele pretende-se mostrar analisar a avaliação em seu aspecto tradicional em que a avaliação é
usada para fins de controle punitivo e social, passando a mostrar a mudança de paradigmas para fins
mediativos onde se promove o outro e, finalmente, propor uma nova abordagem avaliativa que
supera a visão classificatória e punitiva da avaliação como medida para a classificação dos
conhecimentos e da exclusão social.
A questão da avaliação pode ser colocada em vários níveis, tais como: internacional, nacional,
institucional, curricular e de sala de aulas.
A avaliação deve ser entendida em um contexto amplo quando serve em cada um dos níveis o seu
preceito.
A elaboração deste pequeno ensaio vai-se apoiar no método analítico-hermenêutico, que vai
consistir na análise e interpretação do material bibligráfico, o que é imprescindível para a natureza
do trabalho. Este método vai permitir a compreensão de vérios conceitos apresentados ao longo da
explanação.
1. Conceito de avaliação
Segundo Aparecida (2008), apud Kramer (2006) “avaliação vem do latim a+valere que significa
atribuir valor e mérito ao objecto de estudo, junção ao acto de avaliar ao acto de medir os
conhecimentos adquiridos pelo indivíduo”. Assim, a avaliação é considerada um instrumento
valioso e indispensável no sistema escolar, onde descreve se as aptidões, atitudes e conhecimentos
que os alunos possuem, de tal forma que é usada como paramento para visualizar os conhecimentos
adquiridos e as dificuldades do processo de ensino e aprendizagem.
A avaliação na concepção de Both (2007), vem está ligada ao processo, onde se direciona a
qualidade do desempenho sobre a quantidade de atividades propostas, tanto para o aluno quanto
para o professor, ficando em um processo comparativo. Contudo, para este autor, o foco principal é
a qualidade do ensino, indo além dos limites da verificação.
Segundo Demo:
Observou-se por meio dessa afirmação, que avaliar procura refletir, planejar e atingir objectivos,
tendo como propósito o entendimento que o acto avaliativo vincula-se ao processo educativo, social
e político.
Pela sua complexidade e antiguidade pode-se ver que ocupou e continuará a preocupar os vários
actores nele envolvidos.
2. Avaliação Educacional
Actualmente, um tema que está bastante em voga é a avaliação educacional, que consiste em
maneiras para auxiliar o professor no processo de aprendizagem. Em tal processo, o
desenvolvimento do aluno é tido como factor mais importante.
Nas décadas passadas, a avaliação educacional era vista como uma espécie de mesquinho, que
servia, em muitos casos, apenas para dar notas ao aluno, que seriam utilizadas para definição de
quem era aprovado ou de quem era reprovado. Aqueles com melhores notas eram vangloriados,
enquanto que aqueles com as menores notas eram ridicularizados.
Pode-se entender como mustireferencial no sentido de ser disputado por muitas disciplinas e
práticas sociais. Neste sentido, a avaliação pode ser também vista como polissémica em diferntes
momentos ou num mesmo momento histórico em função do conflito de interesses em que se move.
Por outro lado, transdisciplinar no sentido em que se apropria de uma combinação metodologias
logicamente articuladas na determinação do valor, mérito ou significância de outras disciplinas ou
áreas de actuação, assim como da própria avaliação, através de estudos de meta- avaliação.
Esta área da avaliação é polissémica, não só pela “pluralidade dos verbos que desiganam o acto de
avaliar” (julgar, verificar, determinar o nível de produção, opinar, situar, estimular, etc.) e pela
“multiplicidade dos termos que designamo objecto deste acto que pode incidir sobre os saberes,
saber-fazer, competências, produção, trabalhos...”, como analisa Hadji (1994:28), como também
analisa paradigmas teórico-metodológicos que possibilitam o afastamento da concepção dicotômica
entre factos e valores, inscrita no quadro teórico do positivismo e que tem como foco a eficiência e
a eficácia, abrindo espaço para o reposicionamento do julgamento de valor como elemento
essencial da avaliação.
3. Tipos de avaliação
Segundo Duarte (2007) apud Ribeiro (1993) e Vilarinho (1979), a avaliação que o professor efectua
enquadra-se em três tipos: avaliação diagnóstica, avaliação formativa e avaliação sumativa
(DUARTE, 2007: 37)
Assim, compreender os tipos e as diferentes concepções de avaliação é algo que se torna relevante
devido à complexidade do tema. Uma vez que, o acto de avaliar consiste em emitir valor sobre algo,
julgar assunto, objecto ou pessoa.
Desta forma, torna-se crucial conceituar os tipos de avaliação, assim como as formas de uso, para
que se possa compreender e reflectir sobre o seu conceito assim como sobre como avaliar na prática
pedagógica.
Geralmente, classifica-se a avaliação em três tipos, nomeadamente: avaliação diagnóstica, avaliação
formativa e avaliação somativa.
Finalmente, a avaliação somativa tem em vista a classificação do aluno no fim de uma unidade,
conjunto de unidades, classe, ciclo escolar, é considerada avaliação de produto de saída.
Cada um dos tipos de avaliação tem uma função específica que pode ser usada em diferentes
momentos do processo avaliativo. Suas funções dependem da forma de uso e dos objectivos que se
procuram atingir. Porém, para Duarte (2007), “Nesta classificação é preciso atentar o facto de que
os diferentes tipos de avaliação não podem ser vistos com como compartimentos estanques e que
não devem delimitar fronteiras entre cada um deles” (DUARTE, 2007: 37).
4. Funções da avaliação
Essas funções da avaliação estão intimamente relacionadas às funções primordiais da educação, que
são a integrativa e a diferenciada. Quando cumpre à educação sua função integrativa, busca tornar
as pessoas, semelhantes em ideias, valores, linguagem, ajustamento intelectual e social. Por sua vez,
na função diferenciada :
Cada aluno e aluna, criança e jovem, tem hoje sua genialidade, existência, vida e
inteligência reduzidas ao boletim bimestral, semestral, anual. Ao certificado que diz:
aprovado. Ao diploma que diz: graduado. Não importa suas qualidades, habilidades
e ideias. Importa a nota, o papel com os dizeres corretos: decorou, escreveu o que
alguém queria ler e passou de ano. Parabéns (PÚBLICO, SETEMBRO, 2015).
Segundo Duarte (2007), a avaliação, incialmente, foi concebida para contribuir para a melhoria da
aprendizagem, fornecer informações e dados sobre o currículo, não está cumprindo o seu papel e
acabou convertendo-se, actualmente, numa das grandes questões de debate dentro do sistema
educativo.
Ainda acrescenta Duarte, que no tocante às funções da avaliação, constata-se que as mais referidas
na literatura são as dizem respeito à melhoria dos processos da aprendizagem, à selecção,
classificação e responsabilização, à promoção da motivação dos sujeitos e ao desenvolvimento de
uma consciência mais precisa sobre os processos sociais e educacionais, bem como, à relação entre
a avaliação e o exercício da autoridade, sobretudo no contexto organizacional (cf. DUARTE, 2007:
36).
A prática avaliativa está intimamente liga ao contexto escolar e, mesmo nos tempos que correm, em
muitas escolas as suas formas de uso se fundam em concepções pedagógicas tradicionais. Do ponto
de vista tradicional a avaliação é um instrumento de controle, de medida, de comparação e de
classificação.
Outro factor commumente apontado que é utilizado pela escola é a instauração do medo. O medo é
uma variante decisiva para o controle disciplinar e social. Para implantar uma onda de medo usa-se
o instrumento castigo e esse vem por meio da ameaça, que é nesse caso, usado para controlar a
situação. Quando a prova é usada como meio de intimidação, aos educandos, esse instrumento
perde sua função no processo avaliativo e passa a ser um instrumento de controle social, punitivo e
disciplinador (cf.LUCKESI, 2011).
A escola muitas vezes é cruel quando todos baseiam suas atenções na promoção, ou na reprovação
do aluno. O sistem quer resultados quantitativos positivos, os pais querem a aprovação, os
professores na busca dos resultados ameaçm com a prova e os alunos pensam apenas na nota que
precisam para serem aprovados. A aprendizagem e processo avaliativo são colocados em segundo
plano, pois o que realmente interessa, nesse caso, é aprovar o maior número de alunos possível (cf.
LUCKESI, 2011).
Numa outra obra, Luckesi critica a actual prática de avaliação escolar que segundo ele é a
manifestação do autoritarismo. Para ele, essa prática adopta como função do acto de avaliar a
classificação, o que contraria a função diagnóstica da avaliação. Sendo assim, o juízo de valor que
facilitaria uma nova tomada de decisão, no decorrer do processo, dá à avaliação uma função estática
(idem, 1995: 69).
A avaliação, muitas vezes, tem sido usada mais como uma forma de mensuração e punição do que
como instrumento de auxílio na transformação da educação. Assim, a avaliação classificatória nega
a dinâmica do processo de conhecimento ao ter um fim em si mesma.
A avaliação classificatória é utilizada para constatar se o foi ensino foi transmitido, utilizando aqui
a avaliação como instrumento rígido, para verificar se o aluno memorizou o que foi ensinado. Por
outro lado, a avaliação punitiva é usada como controle social e hierquização. Nesse tipo, a avaliação
é instrumento para amedrontar, e em cujos erros são enfatizados, pois é uma avaliação direccionada
para punir.
Para acompanhar as mudanças que ocorrem no mundo actual, a avaliação também encontra-se
numa fase de mudança. Porém, a mudança pretendida passa necessariamente pelo compromisso da
avalição com o compromisso com a promoção da aprendizagem e melhoria da qualidade de ensino,
isto é, a cumplicidade que existe entre educar e avaliar, o compromisso que o professor deve ter,
como educador preocupado, emcontribuir permanentemente para a evolução dos seus alunos,
levando-os a “aprender a aprender”, combatendo o insucesso escolar (cf. DUARTE, 2007: 43).
Cipriano Luckesi assevera que existem duas práticas completamente diferentes, a saber: examinar e
avaliar. Para ele avaliar significa subsidiar a construção do melhor resultado possível e não pura e
simplesmente aprovar ou reprovar alguma coisa. Os exames engessam a aprendizagem; a avaliação
a constrói fluidamente. Trazendo para o contexto do texto os exames dizem respeito à avaliação
tradicional e a avaliação diz respeito à avaliação mediadora.
Esta ideia é retomada por Hoffmann, na busca da melhor qualidade, como diz:
Portanto, Hoffmann (2009) assevera que “a ação avaliativa mediadora se desenvolve em benefício
do aluno e dá-se fundamentalmente pela proximidade entre quem educa e quem é
educado”(ibidem).
Toda a intervenção docente cria, tanto no aluno como no professor, uma compreensão diferente,
para isso, é preciso que ambos façam uma reflexão sobre novas descobertas e reflictam sobre novos
passos.
Este desafio de mudança de prática pedagógica é sempre algo penoso, uma vez que exige mudança
de postura e, muitas vezes, de concepções pedagógicas arraigadas no nosso hábito.
Blbliografia
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